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2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE LUANNA KATTARYNA PENHA DE ARAÚJO A PRÁTICA DA AUTOMEDICAÇÃO ENTRE ADOLESCENTES: Prevalência e fatores relacionados Recife 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA

E DO ADOLESCENTE

LUANNA KATTARYNA PENHA DE ARAÚJO

A PRÁTICA DA AUTOMEDICAÇÃO ENTRE

ADOLESCENTES:

Prevalência e fatores relacionados

Recife

2016

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LUANNA KATTARYNA PENHA DE ARAÚJO

A PRÁTICA DA AUTOMEDICAÇÃO ENTRE

ADOLESCENTES:

Prevalência e fatores relacionados

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, para obtenção do título de Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente Orientador: Paulo Sávio Angeiras de Góes Área de concentração: Abordagens Quantitativas em Saúde

Recife 2016

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LUANNA KATTARYNA PENHA DE ARAÚJO

A PRÁTICA DA AUTOMEDICAÇÃO ENTRE

ADOLESCENTES:

Prevalência e fatores relacionados

Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Saúde da Criança e do Adolescente do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para a obtenção do título de mestre.

Aprovada em 28/04/2016

BANCA EXAMINADORA

Profª. Drª. Cláudia Marina Tavares de Araújo (Examinador Interno)

Universidade Federal de Pernambuco – UFPE

Profª. Drª. Sílvia Regina Jamelli (Examinador Interno) Universidade

Federal de Pernambuco – UFPE

Profª. Drª. Leila Bastos Leal (Examinador Externo)

Universidade Federal de Pernambuco – UFPE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

REITOR

Prof. Dr. Anísio Brasileiro de Freitas Dourado

VICE-REITOR Prof. Dr. Florisbela de Arruda Câmara e Siqueira Campos

PRÓ-REITOR PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

Prof. Dr. Ernani Rodrigues Carvalho Neto

DIRETOR CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE Prof. Dr. Nicodemos Teles de Pontes Filho

VICE-DIRETORA

Profa. Dra. Vânia Pinheiro Ramos

COORDENADORA DA COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO DO CCS Profa. Dra. Jurema Freire Lisboa de Castro

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

COLEGIADO

CORPO DOCENTE PERMANENTE Profa. Dra. Luciane Soares de Lima (Coordenadora)

Profa. Dra. Claudia Marina Tavares de Araújo (Vice-Coordenadora) Prof. Dr. Alcides da Silva Diniz

Profa. Dra. Ana Bernarda Ludermir Profa. Dra. Andréa Lemos Bezerra de Oliveira

Prof. Dr. Décio Medeiros Peixoto Prof. Dr. Emanuel Savio Cavalcanti Sarinho

Profa. Dra. Estela Maria Leite Meirelles Monteiro Profa. Dra. Gisélia Alves Pontes da Silva

Profa Dra. Maria Gorete Lucena de Vasconcelos Profa. Dra. Marília de Carvalho Lima

Prof. Dr. Paulo Sávio Angeiras de Góes Prof. Dr. Pedro Israel Cabral de Lira

Profa. Dra. Sílvia Regina Jamelli Profa. Dra. Sílvia Wanick Sarinho

Profa. Dra. Sophie Helena Eickmann (Genivaldo Moura da Silva- Representante discente - Doutorado) (Davi Silva Carvalho Curi - Representante discente -Mestrado)

CORPO DOCENTE COLABORADOR Profa. Dra. Bianca Arruda Manchester de Queiroga

Profa. Dra. Cleide Maria Pontes Profa. Dra. Daniela Tavares Gontijo

Profa. Dra. Kátia Galeão Brandt Profa. Dra. Margarida Maria de Castro Antunes

Profa. Dra. Rosalie Barreto Belian

SECRETARIA Paulo Sergio Oliveira do Nascimento (Secretário)

Juliene Gomes Brasileiro Leandro Cabral da Costa

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela imensa perseverança que faz brotar em meu coração todos os dias.

A minha mãe “Ceça”, pela formação sólida e moral que me proporcionou, e por nunca

ter desistido, mesmo com todas as dificuldades, de me proporcionar uma educação de

qualidade, além do amor, dedicação e compreensão de todos os dias. À minhas irmãs

Chayenne e Maryana, pela força em todos os momentos, em especial a Maryana por não me

permitir fraquejar e ser meu melhor exemplo a seguir.

Ao meu companheiro Naidilson, que sempre me incentivou a fazer o que me deixasse

feliz.

Aos professores desta casa, além dos colegas de turma, que me proporcionaram um

crescimento sem precedentes em minha formação acadêmica e como ser humano.

E, por último, mas não menos importante, à “Túlio”, “Egípcia”, “Petisco”, “Paçoca” e

“Jujuba”, meus filhos de quatro patas, que me ensinam todos os dias que o amor de Deus se

manifesta nos pequenos gestos.

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"A cultura assusta muito; é uma coisa apavorante para os ditadores: um

povo que lê jamais será um povo escravo”. (Antônio Lobo Antunes)

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RESUMO

A adolescência é um período caracterizado por diversas mudanças no desenvolvimento biológico, psicológico e social. Durante este período são experimentadas vivências significativas que podem trazer uma série de riscos à saúde, o que inclui o uso de substâncias lícitas de maneira exagerada ou inadequada ou até mesmo o uso de substâncias ilícitas. Estudos voltados para a população adolescente demonstram que a automedicação nesta faixa etária é frequente, sendo necessário conhecer em que medida estes indivíduos estão sujeitos a esta prática. Nesse sentido, esta pesquisa teve como objetivo de avaliar a automedicação entre adolescentes em idade escolar correlacionando esta prática aos fatores psicossociais e socioeconômicos, tratando-se de uma pesquisa do tipo corte transversal que se encontra integrada ao “Levantamento das condições de saúde bucal e psicossocial dos escolares de 15 a 19 anos do Município de São Lourenço da Mata – PE”, sendo o estudo de origem um estudo de base para uma coorte com fonte de dados primários. A pesquisa foi realizada nas escolas públicas do município de São Lourenço da Mata – PE, município escolhido por ser alvo de investimentos econômicos consideráveis nos últimos anos, fato que pode ter influência na mudança de comportamento dos jovens da comunidade local. Foram incluídos os adolescentes de 15 a 19 anos, matriculados em escolas da rede pública de São Lourenço da Mata. Os resultados apontam que um grande percentual da população adolescente local pratica a automedicação (64,7%), sendo a indicação por pais, familiares e amigos. A prevalência da automedicação é maior entre o sexo feminino (p=0,001) e a maior parte dos jovens afirma que não se sente ou se sente parcialmente segura para utilizar as medicações sem o auxílio dos pais.

Descritores:Auto-medicação.Comportamento do Adolescente. Fatores de risco.

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ABSTRACT

Adolescence is a period characterized by several changes in the biological, psychological and social development. During this period significant experiences are experienced which can bring a number of health risks, including the use of legal substances exaggerated or improperly or even the use of illicit substances. Studies aimed at adolescents show that self-medication in this age group is often, being necessary to know to what extent these individuals are subjected to this practice. Thus, this study aimed to evaluate the self-medication among adolescents of school age correlating this practice to psychosocial and socioeconomic factors, in the case of a cross-sectional survey that is integrated into the "Survey of oral health status and psychosocial the school from 15 to 19 years in the city of São Lourenço da Mata - PE, "and the study of origin a baseline study for a cohort of primary data source. The survey was conducted in public schools in São Lourenço da Mata - PE, city chosen to be the target of considerable economic investments in recent years, which may have an influence on changing the behavior of young people in the local community. adolescents were included from 15 to 19 years enrolled in public schools in Sao Lourenco da Mata. The results show that a large percentage of the local teen population practice self-medication (64.7%), and the indication by parents, family and friends. The prevalence of self-medication is higher among females (p = 0.001) and most of the young people said that does not feel or feel partially safe to use medications without the help of parents.

Keywords: Self-medication. Adolescent Behaviors. Risk factors.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Distribuição dos adolescentes segundo dados sociodemográficos 38 Tabela 2 Distribuição dos adolescentes segundo dados sociodemográficos (cont.) 39 Tabela 3 Fatores que levam à prática da automedicação 40

Tabela 4 Fatores que auxiliam na escolha do produto farmacêutico 41

Tabela 5 Avaliação dos conhecimentos sobre os medicamentos 42

Tabela 6 Motivadores cotidianos para a prática da automedicação 42

Tabela 7 Dados sociodemográficos segundo a utilização de medicamentos sem prescrição médica

43

Tabela 8 Avaliação da idade de início da utilização de medicamentos sem indicação médica e apoio recebido pelos dos pais e familiares

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LISTA DE FIGURAS

Figura1 Classificação dos problemas relacionados aos medicamentos (PRM’s) 18 Figura 2 Mapa da Região metropolitana do Recife, a qual pertence São Lourenço

da Mata 32

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SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO .......................................................................................................... 13

2 REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................................... 15

2.1 O medicamento e sua representatividade social .............................................................. 15

2.2 Problemas relacionados ao uso de medicamentos ........................................................... 17

2.3 Automedicação: Fatores relacionados ............................................................................. 20

2.4 Automedicação durante a adolescência ........................................................................... 22

2.5 Motivações para a prática da automedicação entre adolescentes em idade escolar .......... 25

3MÉTODO ......................................................................................................................... 30

3.1 Considerações iniciais .................................................................................................... 30

3.2 Local de realização ......................................................................................................... 30

3.3 População do estudo ....................................................................................................... 31

3.4Técnica de amostragem e tamanho amostral .................................................................... 32

3.5Critérios de inclusão ........................................................................................................ 32

3.6Critérios de exclusão ....................................................................................................... 33

3.7Aspectos éticos ............................................................................................................... 33

3.8 Elenco de variáveis ........................................................................................................ 33

3.9 Coleta e tratamento dos dados ........................................................................................ 36

3.10Problemas metodológicos .............................................................................................. 36

4 RESULTADOS ............................................................................................................... 38

4.1 Dados sóciodemográficos (Descrição Amostral)............................................................. 38

4.2 Dados referentes à prática da automedicação .................................................................. 40

4.3 Associações.................................................................................................................... 43

5 DISCUSSÃO ................................................................................................................... 45

5.1 Dados sóciodemográficos ............................................................................................... 45

5.2 Dados referentes à prática da automedicação .................................................................. 47

5.3 Associações ................................................................................................................... 50

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 54

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 56

APÊNDICES ...................................................................................................................... 65

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QUESTIONÁRIOS ........................................................................................................... 65

TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............................................ 81

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ........................................ 84

PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA .................................................... 87

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1. APRESENTAÇÃO

O medicamento é um instrumento terapêutico aceito e utilizado mundialmente, sendo

reconhecido por sua significativa importância para as ações de saúde e ocupando, muitas

vezes, papel central na terapêutica. Entretanto, seu uso não é isento de riscos, podendo

também ser utilizado de forma abusiva, causando tantos males quanto aqueles causados por

diversas drogas de uso lícito ou ilícito, tais como dependência, síndrome de abstinência e

distúrbios comportamentais (PIZZOL et al., 2006).

Todavia, apesar de episódios negativos, a relativa “segurança” oferecida pelo produto

farmacêutico acaba estimulando uma procura imediata de saúde através da aquisição e

utilização de medicamentos, muito comum atualmente e que sugere, segundo Lefèvre (1987),

um obscurecimento dos determinantes sociais, comportamentais, culturais e psicológicos das

doenças.

No contexto de um sistema de saúde muitas vezes insatisfatório, a função simbólica do

medicamento pressupõe, portanto, que a enfermidade seja reduzida a um fenômeno orgânico,

que pode ser enfrentado por uma mercadoria vista como modo cientificamente válido de se

obter um valor altamente desejado: a saúde.

O resultado dessa busca de saúde de forma imediata apresenta, como consequência,

um aumento nos índices de efeitos negativos advindos do uso inadequado e/ou desnecessário

destas substâncias. Sendo importante ressaltar que fatores econômicos, políticos e culturais

têm contribuído para o crescimento e a difusão da utilização inadequada de medicamentos

tanto no Brasil quanto no mundo, tornando-a um problema de saúde pública (CORRÊA et al.,

2013).

Dentre os fatores que contribuem para o problema em questão, insere-se a

automedicação, conceito aplicável às diversas formas pelas quais o indivíduo ou seus

responsáveis decidem, sem avaliação médica, o medicamento e sua forma de utilização para

alívio sintomático e “cura” de seu problema de saúde (RIBEIRO, 2010).

A automedicação configura, portanto, a responsabilização do indivíduo pela melhoria

da sua saúde e aparece como problema a partir da generalização desta prática a todas as

situações de doença (RIBEIRO, 2010; PEREIRA et al., 2007).

Por ser uma prática bastante difundida, alguns estudos tentam elucidar suas causas e

consequências (RIBEIRO, 2010; PEREIRA et al., 2007; CORRÊA et al., 2013),

demonstrando que sua prevalência é alta, especialmente entre pessoas em idade adulta, sendo

uma prática mais cautelosa apenas entre a população idosa e crianças muito pequenas, nas

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quais o receio de reações indesejáveis é maior devido à fragilidade do indivíduo.

Dentro deste panorama, vem se configurando como objeto de preocupação a extensão

desse comportamento em adolescentes, como exemplificado pelo estudo realizado por Pereira

et al. (2007), desenvolvido nas cidades de Limeira e Piracicaba em São Paulo, avaliando que

a automedicação em crianças e adolescentes é real e frequente e apontando que o uso de

medicações pelos adolescentes nos 15 dias que antecederam seu estudo, foi de 56,6% entre os

entrevistados.

Outros fatores, porém, necessitam ainda ser avaliados quanto a influência que exercem

sobre a prática da automedicação entre adolescentes.Dentre esses, se destacam a influência

dos meios de comunicação e de fatores conhecidos como componentes do “estado afetivo

negativo”, que se refere ao estado de estresse e mudanças psicológicas que levam ao consumo

de substâncias em geral, abordado em estudos norte-americanos. Esses estudos, entretanto,

estão mais voltados para o que eles chamam de “automedicação” através do álcool e tabaco,

sendo necessário elucidar a influência sobre o consumo de medicamentos em geral

(REIMULLER et al., 2011; HERSH & HUSSONG, 2009; GOTTFREDSON & HUSSONG,

2011).

Sendo assim, a abordagem do tema entre esses adolescentes possibilita que, através de

suas vivências, expectativas e visão de mundo, se possa compreender melhor como se

expressam e buscam ajuda, com o objetivo de auxiliar e orientar, posteriormente, a criação de

medidas mais eficazes e o planejamento de ações educativo-preventivas voltadas para a saúde

deste grupo (PALAZZO et al., 2003).

É importante considerar que o conhecimento dos mecanismos de utilização de

medicamentos nesta faixa etária é também importante para que se possa identificar influências

negativas oferecidas pela falta de informação adequada e aspectos culturais, assim como,

verificar de que forma fatores socioeconômicos e de ordem afetiva podem estar intensificando

a automedicação.

Nesse sentido, os objetivos do presente estudo consistem em descrever a prevalência

da automedicação entre adolescentes em idade escolar no município de São Lourenço da

Mata- PE, correlacionando-a com fatores socioeconômicos e psicossociais desses indivíduos.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

A base teórica de suporte para a presente dissertação foi dividida em cinco pontos: o

medicamento e sua representatividade social; Problemas relacionados ao uso de

medicamentos; Automedicação: fatores associados; A automedicação durante a adolescência;

e, por último, as motivações para a prática da automedicação entre adolescentes em idade

escolar.

2.1O MEDICAMENTO E SUA REPRESENTATIVIDADE SOCIAL

A história da utilização de plantas e de substâncias de origem animal para fins

curativos data, de acordo com vários antropólogos, do Paleolítico ou idade da pedra lascada, o

primeiro dos três grandes períodos em que se subdivide a idade da pedra. Ao conjunto das

crenças e práticas relacionadas com a saúde utilizadas por estes povos é dada a denominação

de Medicina Primitiva, a qual se baseia do ponto de vista da terapêutica, em um fortíssimo

componente psicológico baseada em crenças e ritos mágicos, aliada ao emprego de plantas

medicinais (DIAS, 2005).

Observa-se, portanto, que desde os tempos mais longínquos, a utilização de formas

curativas ou paliativas (hoje representadas pelos medicamentos) entrelaça-se com a história da

humanidade, aliviando sintomas ou até mesmo promovendo a cura. Porém, foi a partir do

progresso tecnológico, intensificado, sobretudo a partir da segunda guerra mundial, que a

utilização deste recurso se tornou altamente difundida e lucrativa nas sociedades (BARROS,

2004).

A indústria farmacêutica passa a ganhar destaque, portanto, pelos amplos e crescentes

espaços que vem de longa data ocupando, segundo Barros (2008), um dos mais poderosos e

influentes ramos industriais, com a ambiguidade que a faz detentora do epíteto de benfeitora

da humanidade, na medida do sucesso de tantos produtos que podem aliviar o sofrimento e

curar doenças e,ao mesmo tempo, sendo incriminada pela ampliação do uso inadequado e dos

efeitos adversos dos fármacos, pelas práticas que adota ao erigir a lucratividade como móvel

maior de sua atividade,sobretudo ao institucionalizar estratégias de comercialização e

promoção intensificadoras da medicalização.

Findlay (2001) ratifica essa constatação, apontando que o investimento feito pela

indústria farmacêutica em propagandas tem influência direta no aumento das vendas,

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considerando-se um aumento de 47,8% nas vendas dos 50 medicamentos mais anunciados

nos Estados Unidos no ano 2000.

A partir da difusão da utilização de medicamentos na prática clínica, estes recursos

começam, portanto, a ser utilizados de forma tal que, em grande medida, passam a

corresponder menos aos propósitos sanitários que aos da crença desmedida e acrítica nos seus

poderes, prática que termina por reforçar uma verdadeira “cultura da pílula”, dominante na

sociedade moderna (BARROS, 2004).

Os medicamentos exerceriam, portanto, uma função simbólica sobre a população,

podendo ser vistos como um signo ou símbolo, composto de uma realidade material

(significante) que remete a um conceito (significado) que é a Saúde passando a tomar papel

proeminente dentro da consulta médica, além de fazer uma “economia”, poupando trabalho

político e pessoal necessário para a obtenção de saúde (LEFÈVRE, 1987).

Não demorou para que os medicamentos passassem a se constituir como o principal

meio de gestão terapêutica das opções médicas e, por consequência, à medida que aumenta o

consumo de cuidados médicos, aumenta-se correlativamente a sua utilização (LÒPES, 2007),

entrando em pauta o fenômeno conhecido como medicalização. Termo utilizado por Ilich em

1975,que o define como: “A invasão da medicina e seu aparato tecnológico a um número

crescente de pessoas e condições. ”

Barros (2004) aponta que o termo ‘medicalização’ é provavelmente a expressão mais

acabada para designar o fenômeno resultante das consequências da abordagem da saúde e da

doença oferecida pelo modelo biomédico de saúde.

Lòpes (2007), por sua vez, refere que, a partir da disseminação do processo de

medicalização, o medicamento deixa, progressivamente, de figurar nos imaginários culturais

como um “bem exotérico e raro”, para se tornar num “bem exotérico e comum”, o que resulta

na banalização de sua utilização.

Dessa forma, o uso indevido de medicamentos e a proliferação de reações adversas,

inerentes ao processo de banalização do uso dessas ferramentas terapêuticas, tornam-se,

portanto, desdobramentos negativos deste quadro, fazendo com que a automedicação e a

prescrição indevida assumem índices alarmantes (NASCIMENTO, 2005). Fato esse, apontado

por dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), que afirma que aproximadamente 50%

dos pacientes não utilizam os medicamentos corretamente e 75% dos antibióticos são

prescritos inadequadamente (WHO, 1999).

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2.2 PROBLEMAS RELACIONADOS AO USO DE MEDICAMENTOS

Apesar das manifestações pontuais de preocupação com a ineficácia e possíveis danos

causados por medicamentos, por muito tempo se sustentou a ideia de segurança em sua

utilização (KAWANO et al., 2006).

Apenas a partir do final do século XIX, foram formadas as primeiras comissões para

investigar os danos associados ao uso desses produtos. Inicialmente em função de inúmeros

relatos de morte súbita durante anestesias com clorofórmio e, posteriormente, casos de maior

proporção reforçaram a preocupação com a segurança dos medicamentos, especialmente o

caso de bebês nascidos com focomelia, em 1961 (KAWANO et al., 2006).

Porém, a instituição do termo: “Problema relacionado ao uso de medicamentos”

associada a uma classificação que fosse referência para os estudos de utilização de

medicamentos se deu apenas, no ano de 1998, em um evento realizado na Espanha, o

Consenso de Granada. A introdução desse conceito refletiu uma preocupação que passou a

figurar como peça principal nas publicações científicas, que questionavam, além da segurança

do produto acabado, a insegurança de sua utilização inadequada (SANTOS et al., 2004;

COMITÉ DE CONSENSO, 2007).

Este conceito já era utilizado há algum tempo, não sendo, portanto, de todo inovador.

Contudo, ainda não havia um desenvolvimento conceitual destes problemas (SANTOS et al.,

2004).

Sendo assim, publicado em 1999, o relatório do Consenso foi um marco importante

para todos os profissionais de saúde que, quer na área da investigação, quer na prática clínica,

trabalham em seguimento farmacoterapêutico. Visando propor uma ferramenta de trabalho a

todos os autores e investigadores que, na área do seguimento do tratamento farmacológico,

pretendam homologar os resultados dos seus trabalhos, o relatório fomentou discussões e

contribuições de diversos pesquisadores, resultando, por consequência em um segundo

Consenso, realizado em 2002 e, posteriormente, um terceiro (2007) (SANTOS et al., 2004;

COMITÉ DE CONSENSO, 2007).

É importante considerar que, as discussões que originaram tais definições continuam

atuais, visto que o uso de medicamentos nem sempre gera resultados positivos para a saúde

dos pacientes e que há várias ocasiões onde a farmacoterapia falha (fig. 1).

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Figura 1 – Classificação dos problemas relacionados com medicamentos.

Tais falhas podem ser expressas através de danos à saúde do paciente ou quando não

se consegue alcançar os objetivos terapêuticos buscados. Existe, portanto custos que derivam

dessas falhas, tanto no que se refere à saúde do paciente quanto aos recursos sanitários e

sociais, configurando um verdadeiro problema de saúde pública(COMITÉ DE CONSENSO,

2007).

Através da padronização do conceito de PRM, corroborado pela implantação de

políticas nacionais de medicamentos em alguns países, inclusive o Brasil, torna-se notável a

preocupação do setor saúde com o uso adequado dos medicamentos, com o propósito de

evitar possíveis eventos indesejáveis, toxicidade e até mesmo morte pelo uso incorreto ou

inadequado dessas alternativas terapêuticas. Leite et al. (2008) exemplificam essa

preocupação, em estudo que faz uma síntese dos artigos relacionados a utilização de

medicamentos no Brasil, referindo que o perfil da utilização dos medicamentos ou seu padrão

de consumo foi o objetivo mais comum entre os estudos analisados, representando 48,1% dos

objetivos presentes nos artigos analisados, o que reforça a intenção de conhecer como está

sendo estruturado este fenômeno na sociedade e em grupos específicos.

No entanto, as medidas adotadas para diminuir à utilização inadequada de

medicamentos contrastam com dados divulgados por sistemas de controle de intoxicações,

como é o caso do Sistema Nacional de Informações Toxicológicas- SINITOX que, em

boletim oficial relativo aos anos de 2010-2011 revela que os medicamentos são responsáveis

por 28,57% de todas as intoxicações registradas no período, reafirmando a necessidade de um

olhar mais apurado sobre o tema. Torna-se importante considerar também que, deste

percentual, 37,4% das intoxicações acontecem na faixa etária que compreende de 0-9 anos e

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15,1% na faixa etária que compreende dos 10-19 anos, o que justifica a necessidade de uma

abordagem mais eficaz sobre o tema entre crianças e adolescentes, assim como seus pais e

cuidadores (BRASIL, 2011).

Vale ressaltar que vários fatores têm contribuído para aumentar o uso inadequado de

medicamentos: o poder das indústrias que influencia médicos e usuários de medicamentos, a

multiplicação indiscriminada de similares, as propagandas enganosas, a apresentação de

pesquisas científicas duvidosas, a pouca atuação do farmacêutico em farmácias comerciais, a

indicação de medicamentos pelo balconista das farmácias, a possibilidade de compra de

muitos medicamentos sem receita médica, a defasagem de alguns médicos sobre os

medicamentos (muitos se atualizam com os propagandistas das indústrias), a precariedade do

sistema público de saúde e as prescrições indevidas (CÔRREA et al., 2013).

É também importante considerar que em uma sociedade, os hábitos de consumo de

medicamentos podem ser afetados positivamente pelas políticas nacionais quando promovem

a regulamentação do suprimento e a disponibilização racional de medicamentos essenciais,

pressupondo o acesso ao diagnóstico e prescrição por profissionais habilitados. Por outro

lado, o consumo pode ser influenciado negativamente pelo acesso sem barreiras e pela

promoção e publicidade de medicamentos, que muitas vezes estimulam a utilização

desnecessária e irracional. (NAVES et al., 2010)

Sendo assim, dentre estes fatores que contribuem para o aumento do uso inadequado

de medicamentos, a prática da automedicação tem grande relevância como contribuinte para o

uso irracional de medicamentos, configurando-se, na maioria das vezes, como um problema

relacionado ao uso dos medicamentos que diz respeito à necessidade do uso do produto

farmacêutico. Atualmente, existe uma preocupação diferenciada em relação a esta prática, o

que tem motivado diversos autores a escreverem sobre o tema, na tentativa de elucidar suas

motivações, como este uso inadequado se apresenta na população como um todo ou em

segmentos populacionais específicos e como lidar com o problema (KAWANO et al., 2006;

LÒPES, 2007; SÁ et. al., 2007; PEREIRA et al., 2007; CÔRREA et al., 2013).

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20

2.3 AUTOMEDICAÇÃO: FATORES ASSOCIADOS

Segundo o “Guidelines for theregulatoryassessmentof medicinal products for use in

self-medication”, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2000, o

autocuidado pode ser definido como o primeiro recurso da atenção primária pública em um

sistema de saúde. Essa prática consiste nas atividades de saúde e decisões relacionadas à

saúde, tomadas por indivíduos, famílias, amigos, colegas de trabalho, entre outros e inclui a

automedicação, o auto-tratamento não mediado por drogas e o suporte social das doenças.

A automedicação,referida no texto da OMS é uma prática muito comum, vivenciada

por civilizações de todos os tempos e consiste em um procedimento caracterizado pela

iniciativa do doente ou de seu responsável em obter ou produzir e utilizar um produto que

acredita que lhe trará benefícios no tratamento de doenças ou alívio dos sintomas. Como

visto, é considerada uma forma importante de cuidados pessoais e de resposta a sintomas (SÁ

et. al., 2007; PEREIRA et al., 2007).

Porém, mesmo que a automedicação faça parte do autocuidado é importante que seja

avaliado se é realizada de forma responsável. Isto significa afirmar que deve ser realizada no

contexto do Uso Racional de Medicamentos (URM), caracterizado pela Política Nacional de

Medicamentos (PNM), no que se refere à questão individual, como o“(...) consumo nas doses

indicadas, nos intervalos definidos e no período de tempo indicado de produtos eficazes,

seguros e de qualidade”(BRASIL, 2001).

É importante considerar que a automedicação irracional, aumenta o risco de

eventosadversos e de mascaramento de doenças, o que pode retardar o diagnóstico correto.

Diante disso, tratamentosmais complexos, invasivos, caros e com recuperaçãomais lenta

podem se tornar necessários (SCHMID et al., 2010).

Outros fatores que têm contribuído para que o processo de automedicação não ocorra

da maneira preconizada incluem a liberdade de aquisição de medicamentos de tarja vermelha

sem a prescrição médica, a dificuldade de acesso aos serviços de saúde e a falta de uma

efetiva farmacovigilância (BERTOLDI et al., 2010).

Quanto a facilidade de acesso aos medicamentos, Vilarinoet al. (2008) referem que a

necessidade da prescrição para a obtenção do medicamento representa limitação da liberdade

pessoal de busca imediata do alívio da sintomatologia, o que impede que o indivíduo faça

preponderar sua própria experiência e vontade, inibindo assim, o uso inadequado de

medicamentos. O desejo de consumo, segundo os autores, torna-se possível devido a fatores

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externos, como cultura, economia e aspectos legais que facilitam ou não impedem a posse e

dispensação de medicamentos sem a apresentação da receita médica.

Aqeel et al. (2014) apontam que a falta de regulamentação e aplicação das leis nos

países em desenvolvimento contribuem para o baixo controle sobre a venda de medicamentos,

estimulando práticas inadequadas de automedicação.

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2.4 A AUTOMEDICAÇÃO EM ADOLESCENTES

Por ser a adolescência um período caracterizado por diversas mudanças no

desenvolvimento biológico, psicológico e social (GOMES; CARAMASCHI, 2007), também é

um período do ciclo de vida marcado por grande vulnerabilidade, por representar a fase em

que o ser humano está crescendo e se desenvolvendo, merecendo atenção redobrada

(GUIMARÃES, 2003).

Durante este período, são experimentadas vivências significativas, que podem

contribuir tanto para a vulnerabilidade do indivíduo (que aceita opiniões alheias sem

condições de fazer uma análise crítica), quanto servir para a formação de um indivíduo

“seguro” (com capacidade de opinar com critérios). Nesta fase, os indivíduos costumam

experimentar vários comportamentos na busca de sua identidade e independência (SAITO,

2010).

Assim, devido à susceptibilidade da faixa etária, este período pode trazer uma série de

riscos à saúde, o que inclui o uso de substâncias lícitas de maneira exagerada ou inadequada

ou até mesmo, o uso de substâncias ilícitas. É no período compreendido entre a adolescência e

a fase jovem da idade adulta que ocorrem os maiores níveis de experimentação e problemas

relacionados ao uso de álcool e outras drogas (BRASIL, 2014).

Nesse sentido, Bertoldiet al. (2014) chamam a atenção para a importância de conhecer

as particularidades do uso de medicamentos entre esses indivíduos que estão começando a

adquirir independência e, consequentemente,sendo encorajados a ser mais independentes

quanto ao uso de medicações.

Shemeshet al. (2004), por sua vez, discutemo ganho gradual de independência em

relação ao uso de medicamentos e citam o processo complexo da transição da

responsabilidade pelas medicações, que costuma ocorrer durante a adolescência. Referem

também que o conhecimento sobre a idade de transição pode ser usado para prover a

criança/adolescenteatravés dodesenvolvimento de intervenções para pais e

crianças/adolescentes.

No entanto, Côrrea et al.(2013), enfatizam o escasso material relativo à saúde em

livros didáticos adotados para o ensino médio no Brasil, apontando que esse material

necessita ser adequado às novas legislações e acrescidos de conteúdo que aborde o Uso

Racional de Medicamento. Essa constataçãodemonstraa deficiente abordagem de saúde ainda

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oferecida nas escolas, que apresenta como consequência direta a formação de indivíduos com

baixo conhecimento sobre o autocuidado correto.

É importante considerar que a facilidade de acesso às medicações mantidas em

farmácias domiciliares tambémdiminui as barreiras de acesso a esses produtos, podendo

promover intoxicações por contaminação e perda da qualidade gerada pelo armazenamento

inadequado, assim como, casos em que crianças e adolescentes usam a medicação sem

propósito definido. Tourinho et al. (2008) avaliam esse problema e indicam a importância da

efetivação de programas regulares de prevenção de acidentes no lar e a obrigatoriedade legal

do usode embalagens de medicamentos com tampas de segurança.

Estes fatores têm motivado o desenvolvimento de estudos de utilização de

medicamentos que têm sido utilizados para elucidar o perfil e os fatores relacionados à

automedicação entre adolescentes e adultos jovens em países Europeus e Norte americanos, o

que aponta que a preocupação sobre o tema não é exclusiva de países em desenvolvimento.

N’GORAN et al. (2014), por exemplo, em estudo que avalia a associação entre o uso

de medicamentos sem prescrição e o estado geral de saúde em jovens do sexo masculino, na

Suíça, descrevem que, apenas 10,51% dos jovens analisados referiram utilizar medicamentos

sem prescrição médica. Por outro lado, seus resultados demonstram uma clara associação

entre a prática da automedicação e o estado geral de saúde. Os achados do estudo sugerem

que os jovens, quando se encontram em condições patológicas tendem a se automedicar.

Uma forma emergente de definição para o termo “automedicação” tem sido discutida

em alguns artigos norte-americanos, devendo também ser explorada (REIMULLER et al.,

2011; HERSH, HUSSONG, 2009; GOTTFREDSON, HUSSONG, 2011). Esses estudos

relacionam o fato de que adolescentes estão mais susceptíveis ao que eles denominam como

“estado afetivo negativo”, o que levaria ao uso de determinadas substâncias, dentre as quais,

são citadas prioritariamente o álcool e o tabaco. Neste caso, o “estado afetivo negativo”

estaria relacionado com fatores como estresse e apreensão perante as mudanças corporais e

comportamentais, o que geraria uma “hipótese positiva” em relação ao uso dessas substâncias.

Essa questão é abordada em boletim divulgado pela Organização Mundial da Saúde

em 2004,que faz uma reflexão sobre o uso de substâncias em geral, especialmente entre os

jovens, considerando que o abuso de drogas pode contribuir para a desintegração social,

estando claro também, que a privação social convida ao uso da substância para aliviar o

“estresse” emocional, perpetuando assim um círculo vicioso. O uso de estimulantes como

instrumento para aliviar o estresse é relatado na África, América Latina, Sudeste da Ásia e

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Europa Oriental. Depressão, ansiedade e tédio são apontados como potenciais “convites” ao

uso de substâncias como uma espécie de automedicação (WHO, 1997).

A influência de fatores como o apoio dos pais durante a transição para o ensino médio

e o efeito do suporte dos pais como fator de proteçãoe a socialização do indivíduo seriam

consequentemente apontados como fatores possivelmente influenciadores deste processo.

Porém, embora a teoria mencionada nos textos seja relacionada ao uso de substâncias em

geral, as pesquisas relacionadas a elafazem correlação apenas ao uso de álcool e tabaco. O que

deixa uma lacuna em relação ao nível de influência que estas variáveis apresentam sobre o

consumo de medicamentos sem prescrição médica (REIMULLER et al., 2011; HERSH,

HUSSONG, 2009; GOTTFREDSON, HUSSONG, 2011).

Desta forma, é importante considerar que, por se tratar de uma faixa etária susceptível

a alterações em vários aspectos, muitos fatores relacionados à prática ainda precisam ser

compreendidos, como, por exemplo, a testagem de aspectos relacionados ao papel dos pais e

familiares como influenciadores do processo de automedicação de forma positiva e/ou

negativa, transição do nível escolar, transferência de responsabilidades para os adolescentes e

convivência com os pares. Portanto, além de estimar a prevalência da prática da

automedicação entre adolescentes em idade escolar, faz-se necessário, ainda, esclarecer os

fatores limitantes do uso racional de medicamentos para este grupo.

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2.5 MOTIVAÇÕES PARA A PRÁTICA DA AUTOMEDICAÇÃO ENTRE

ADOLESCENTES EM IDADE ESCOLAR

A difusão da prática da automedicação torna-se especialmente preocupante quando

atinge faixas etárias entre a infância e adolescência. Essa preocupação justifica-se pela grande

deficiência de ensaios clínicos voltados para esse público, considerando que, em geral, a

seleção da amostra desses estudos envolve fortemente questões éticas, legais e econômicas

(STRAAND, et al., 1998). Dessa forma, a eficácia e a segurança da utilização de

medicamentos não é plenamente estabelecida para a faixa etária em questão.

Porém, apesar desta relativa insegurança, no que se refere à prevalência de utilização

de medicamentos entre estudantes do ensino médio (14-18 anos), Moraes et al.(2011)

estimaram que, no município de Maringá-PR, a utilização de medicamentos chega a 52,6%

entre os estudantes, considerando o período recordatório de 15 dias, sendo a prevalência

maior entre o sexo feminino (64,3%). Fatores como o armazenamento domiciliar de

medicamentos e acesso facilitado no ambiente escolar são apontados como influenciadores.

Fato importante a ser considerado, é relatado por Moraes et al. (2011), que apresentam

em seus achados que aproximadamente 80% dos adolescentes em idade escolar de Maringá-

PR não sabem o nome das medicações que foram utilizadas no período recordatório de 15

dias. Esse resultado, segundo os autores, aponta para o aumento do risco associado porque a

maioria dos adolescentes também se automedica.

Tal estudo demonstra também que aumento da idade, emprego, tabagismo e consumo

de medicamentos para problemas crônicos foram relacionados à ignorância de nomes de

medicação. Estes dados mostram que a maturidade aparentemente não está associada com

melhores cuidados de saúde. Assim, adolescentes vulneráveis socioeconomicamente, que

precisam trabalhar,teriam maior suscetibilidade a problemas de saúde que seus pares que não

trabalham, incluindo distúrbios do sono e exposição física e mental relacionada com o

trabalho, o que pode causar um uso de medicamentos mais frequente neste subgrupo

(MORAES et al., 2011).

Resultados como esses deixam claro a lacuna que se estabelece durante a fase de

transferência de responsabilidade, que passa dos pais para os filhos geralmente durante a

adolescência, como referido por Shemesh et al. (2004). Assim sendo, se a criança/adolescente

não tem a informação adequada a respeito das medicações e seus riscos, não deve se tornar

responsável por gerir sua própria saúde.

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Silva et al. (2011) apontam também que a maior fonte de indicação de medicamentos

ainda é representada pelos familiares (51,2% entre adolescentes em idade escolar em

Fortaleza- CE). Nesse caso, segundo os autores, outro problema vem à tona no sentido de que

essa prática precisa ser minimamente norteada pela utilização de fontes fidedignas e

relevantes, para que os riscos a que essas pessoas estão expostas sejam os mínimos.

Considerando os fatores expostos, a difusão dessa prática entre adolescentes

apresenta-se, por sua vez, como problema multicausal. Fato esse, justificado pelas

transformações que marcam a fase de transição para a idade adulta. Phelps et al., em 1992, já

vislumbravam questões de aceitação entre os pares, como questões relacionadas ao peso e ao

padrão de corpo como preponderantes para a disseminação da utilização inadequada de

medicamentos.

Tal estudo teve como objetivo, avaliar a prevalência ea estabilidade de vômito auto

induzido e a utilização de inibidores de apetite e laxantes durante um período de sete anos

entre mulheres em idade escolar e aponta que as questões relacionadas ao peso afetam as

mulheres desde o início da puberdade, sendo grandes influenciadores do consumo de

medicamentos e prática de vômito induzido, ressaltando a necessidade de acompanhamento

da saúde mental dessas adolescentes.

Essa avaliação tem relação direta com a crescente importância atribuída à aparência

corporal, uma das características da sociedade de consumo contemporânea. Assim, homens e

mulheres investem cada vez mais tempo, energia e recursos financeiros no consumo de bens e

serviços destinados à construção e manutenção do invólucro corporal, em que se inclui o

consumo das chamadas “drogas da imagem corporal” (IRIART et al., 2009; KANAYAMA et

al., 2001).

Torna-se, portanto, importante considerar que além dos medicamentos específicos

para tratamento da obesidade e excesso de peso, a exemplo dos inibidores de apetite, as

classes farmacológicas que apresentam como evento adverso a perda de peso também são

utilizadas, aumentando o risco a que esses adolescentes estão expostos. A fluoxetina, por

exemplo, por apresentar a redução de massa corpórea como evento adverso, é utilizada

inconveniente para tratamento da obesidade e emagrecimento de uma maneira geral

(PEIXOTO et al., 2008).

Carlini et al.(2009) ilustram este problema que envolve o acesso inadvertido a essas

substâncias, em avaliação das prescrições médicas atendidas em farmácias e drogarias no

município de Santo André (SP), apontando que, na imensa maioria das prescrições, a

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fluoxetina foi indicada para mulheres. Esse achado, segundo os autores, não encontra

justificativa médica ao se verificar que na população brasileira a prevalência de depressão,

principal indicação da fluoxetina, atinge a proporção de apenas duas mulheres para cada

homem; enquanto os dados do presente estudo mostram uma relação muito maior, de 6,8

mulheres para cada homem que recebeu prescrição de fluoxetina.

É imprescindível ter em conta quealternativas como mudança de hábitos nutricionais e

prática de atividade física regular possivelmente seriam mais eficazes que a terapia

medicamentosa para que a redução da massa corporal seja atingida. Resultado apontado por

Farias et al. (2015), revela que a prática de atividade física programada promove redução

significativa de gordura corporal em adolescentes pós-púberes em idade escolar, ratificando

essa constatação a medida que a grande maioria dos produtos utilizados para a perda de peso

apresentam “efeito rebote”, o que leva a um ganho exponencial de peso após suspensão do

medicamento.

Fatores relacionados à segurança da utilização de anorexígenos, a exemplo da

sibutramina são postos em xeque pela própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA), apontando que a utilização deve ser apenas como adjuvante no manejo da

obesidade exógena, pois são necessárias restrição calórica e modificação de comportamento.

A sibutramina, por sua vez, apresenta aumento da pressão arterial e frequência cardíaca como

efeitos colaterais (BRASIL, 2011).

Ainda com relação ao problema de aceitação pelos pares, que perpassa a transição para

a idade adulta, é importante considerar o uso de esteroides para a manutenção de corpos “de

acordo” com o padrão social. Estudo conduzido por Irving et al., realizado em 2002 já

apontava um grande aumento na utilização de esteroides anabolizantes nos Estados Unidos.

No Brasil, níveis relativamente altos de utilização dessas substâncias são

experimentados em Belém-PA, apresentando a prevalência de 31,6% entre estudantes e

professores de educação física atuantes em academias de ginástica (ABRAHIN et al. 2013).

Enfatiza-sea contribuição dos derivados da testosterona para a manutenção e

restauração da saúde de grupos que apresentam doenças como hipogonadismo, sarcopenia,

câncer de mama, entre outros. Por outro lado, são inegáveis os efeitos colaterais produzidos

quando estes são utilizados de forma inadequada e para indicações divergentes da

recomendação. Ginecomastia, aumento do aparecimento de acne, agressividade, redução no

tamanho do pênis, impotência (redução da espermatogênese), além do fechamento precoce

das epífises, resultando em diminuição do crescimento estão entre os efeitos colaterais

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descritos (ABRAHIN et al., 2013; TAHTAMOUNI et al., 2008; DARTORA et al., 2014;

IRIART et al., 2009)

O desejo de aumentar o rendimento para fins acadêmicos, através da utilização de

estimulantes têm figurado também como motivador para a automedicação. Os estimulantes,

popularmente prescritos para o tratamento de uma série de condições médicas, incluindo

narcolepsia, desordens de atenção e hiperatividade tem sido objeto de preocupação a despeito

do desvio para o uso não médico (KROUTIL et al., 2006).

Fatores relacionados ao despertar da sexualidade, assim como utilização de

medicamentos para diminuição de dores relacionadas ao período menstrual, também podem

ser predisponentes para a prática da automedicação.

Nesse sentido, Alves e Brandão (2009), em estudo qualitativo, observaram que os

jovens do sexo masculino entrevistados estão muito pouco voltados para à contracepção,

sendo a “confiança” e o contato prévio os principais balizadores da relação para a introdução

de certos cuidados. Já entre as mulheres, a prática da contracepção é mais internalizada no

cotidiano das relações depois da primeira relação sexual ou gravidez, não tendo sido

observado qualquer conhecimento prévio sobre o tema, nem a utilização de algum método na

primeira relação.

O’Connell et al. (2006), em estudo norte-americano envolvendo adolescentes do sexo

feminino, apontam em seus achados que, apesar de relatarem utilizar estratégias alternativas

de enfrentamento para a dismenorreia, 93% das participantes referiram a utilização de pelo

menos um medicamento para alívio da dor.

Fato importante diz respeito a heterogeneidade associada à utilização “não médica” de

medicamentos sujeitos à prescrição. Em estudo norte-americano, com amostra nacionalmente

representativa de adolescentes,constatou-se que cerca de 75% dos utilizadores de

estimulantes, calmantes e opiáceos referem mais de um motivo para a prática da

automedicação. Outro fator a ser considerado, diz respeito a forma de obtenção das

medicações, 40% dos participantes afirmaram obter a medicação através de receituários

anteriores, sendo assim, torna-se clara a importância da prescrição racional e monitoramento

contínuo desses adolescentes (MACCABE; CRANFORD, 2012).

Cabe ressaltar também, uma hipótese intitulada como ‘self-medication’, que tem sido

levantada para contextualizar a utilização de drogas ilícitas entre a população adolescente,

caracterizando o termo referido como um indicativo de que a utilização de drogas seria um

meio direto para minimizar e regular ‘estados de afeto negativo’ (KHATZIAN, 1997).

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Com base nessa tese, vários autores têm tentado elucidar a relação causal entre estes

aspectos afetivos negativos e o consumo de substâncias, em sua maioria ilícitas

(REIMULLER et al., 2011; HERSH, HUSSONG, 2009; GOTTFREDSON, HUSSONG,

2011; CARCELLER-MAICAS et al., 2014; HUSSONG, SHADUR, 2014).

Levando em consideração a definição de automedicação baseada no ‘estado afetivo

negativo’, infere-se que uso da droga é um padrão aprendido de comportamento motivado

pelo desejo de aliviar o humor negativo no momento (HUSSONG, SHADUR, 2014). Nesse

sentido, os autores apontam que, para alguns jovens, a automedicação se apresenta como uma

maneira de ‘auto regulação’ e referem que ter uma melhor compreensão de que os

adolescentes podem ser mais propensos a se envolver em automedicação ajudaria a identificar

alvos adequados para a prevenção desse comportamento.

Seria importante considerar que os fatores de risco apresentados nesses estudos

também parecem perpassar a questão de utilização de medicamentos (drogas lícitas) entre os

jovens à medida que, em suma, os autores citados afirmam que o uso de substâncias é

geralmente afetado pelo contexto de amizades e aceitação pelos pares, fatores possivelmente

influenciadores também da utilização de drogas para manutenção corporal ou estimulantes.

Nesse contexto, fumar, consumir álcool ou usar medicamentos são expressões

comportamentaismuito diferentes, segundo Andersen et al. (2006), mas têm duas coisas em

comum: envolvem substâncias que podem ser tóxicas, mas podem aliviar o stress e

representam comportamentos que podem ser conectados com uma forma adulta de vida.

Sendo assim, sugere-se a possibilidade de que os três comportamentos tenham algo em

comum, ou seja, que eles são influenciados por circunstâncias sociais.

Portanto, os autores sugerem que a utilização de medicamentos pelos adolescentes

podeestar relacionada a um conjunto de comportamentos de risco que necessita de mais

atenção e documentação. Para a equipe de cuidados de saúde, é importante estar ciente de

comportamentos de risco entre os jovens, porque eles podem indicar a necessidade de um

suporte individual, através do aconselhamento (ANDERSEN et al., 2006).

Dessa maneira, torna-se imprescindível conhecer como esses fatores se relacionam nos

diversos tipos de organização social, identificando assim, os comportamentos de risco mais

prevalentes, de forma que as intervenções possam ser melhor programadas com o objetivo de

garantir o empoderamento desses jovens para gerir sua própria saúde, assim como limitar as

chances de utilização irracional de medicamentos.

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3. MÉTODO

3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Os dados utilizados nesta pesquisa são oriundos do “Estudo das condições de saúde

bucal e psicossociais dos escolares de 15 a 19 anos do Município de São Lourenço da Mata –

PE”. Esse projeto foi desenvolvido em dois estágios, com o objetivo de se constituir em uma

linha base para uma coorte de adolescentes em um grande centro urbano da região

metropolitana do Recife.

Trata-se de um estudo transversal com fonte de dados primários para um estudo de

coorte, o que permitiu observar o objeto em foco na população pesquisada e verificar o efeito

desse em um período de tempo, sem intervir no seu curso. O estudo teve como objetivo

estimar a razão de prevalência de vários desfechos de saúde bucal nessa população.

No que diz respeito à coleta dos dados, foram realizadas duas rodadas, e para a

presente análise, que envolve a prática da automedicação, são utilizados os dados da segunda

rodada, realizada em 2015.

3.2 LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTUDO

O estudo foi desenvolvido na cidade de São Lourenço da Mata, região metropolitana

Pernambucana. Tal cidade foi selecionada por ter se constituído em um dos pólos de

desenvolvimento da região metropolitana, a partir da instalação do Complexo da Arena

Pernambuco e grandes investimentos imobiliários, os quais poderão repercutir nas condições

de vida da população.

De acordo com o Site Oficial da Prefeitura (SLM, 2013/50), o município de São

Lourenço da Mata está localizado na Região Metropolitana pernambucana, a 18 km do Recife

e é considerado um dos mais antigos do Brasil, apresentando 92% da população residente em

zona urbana (Figura 1).

Segundo o censo populacional realizado em 2011 pelo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística, sua população é estimada em 108.301.000 habitantes, distribuídos em

uma área de 264 km², gerando uma densidade demográficaacima dos 100.000 Habitantes por

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km². O Índice de Desenvolvimento Humano do município é em média 0,653, sendo o PIB per

capita de R$ 5.070,81 (IBGE, 2010).

Figura 2.Mapa da região metropolitana do Recife, à qual pertence São Lourenço da Mata. (Fonte:

SNIS – 2009. Site: www.tratabrasil.org.br)

De acordo com dado fornecido pela Secretaria de Educação do Município, estima-se

que a rede pública de educação conta com 49 instituições de ensino municipais (entre escolas

e creches) e oito escolas estaduais.

3.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO

Foram avaliados adolescentes entre 15 e 19 anos (nascidos entre os anos 1995 e 1999),

de ambos os sexos, matriculados em escolas da rede pública estadual e municipal da cidade de

São Lourenço da Mata - PE.

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3.4 TÉCNICA DE AMOSTRAGEM E TAMANHO AMOSTRAL

O estudo teve como objetivo estimar a razão de prevalência de vários desfechos de

saúde bucal para a população, tendo como referência para o cálculo amostral final a

prevalência de dor de origem dentária, estimada a partir de estudos loco-regionais em 10%

para esta população.

Para o cálculo amostral foi utilizada a fórmula de comparação de duas proporções,

relação de 1:1 nos grupos de comparação, com um poder de 80%, para detectar diferenças

quando uma com erro aleatório de 2,5% e Intervalo de Confiança de 95%. Foram utilizados o

programa de cálculo Epi Info 6, e a base bibliográfica Fleiss (1981).

Dessa forma, considerando a prevalência estimada para a prática de automedicação

entre adolescentes, apontada em estudo anterior como sendo de 65,1% (BERTOLDI, 2014),

admitiu-se que a amostra seria representativa também para estimativas relativas à prática da

automedicação.

A quantidade de alunos de cada escola que participou da amostra foi proporcional ao

número de alunos que a escola possuía na faixa etária do estudo, estabelecendo-se um

quociente de proporcionalidade. Os adolescentes foram sorteados a partir do primeiro nome

da lista, alternando-se um adolescente selecionado com um não selecionado, excluindo-se o

12º nome selecionado, resultando assim, na amostra inicial do estudo.

Foi realizado, por sua vez, um controle de qualidade dos dados, tendo os exames

clínicos e aplicação do questionário refeitos a cada dez participante e os resultados

demonstraram um grau aceitável para as análises de re-teste do questionário (r>0,8) e para os

exames clínicos, grau de concordância satisfatório (K=0,8-1,0) para os diferentes desfechos.

3.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Foram incluídos os adolescentes de 15 a 19 anos escolares em escolas da rede pública

(municipais e estaduais) de São Lourenço da Mata – PE.

Entende-se que esse público tem o mínimo de escolarização e maturidade necessárias

para responder ao questionário autoaplicável.

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3.6 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Foram excluídos aqueles adolescentes com dificuldades de compreensão para

responder o questionário.

3.7 ASPECTOS ÉTICOS

O projeto de pesquisa original foi conduzido de acordo com os princípios éticos, em

consonância com a Resolução n° 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde – CNS, após ser

aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco (CEP/

UFPE), número de registro 650.163. No que tange ao projeto referente à automedicação,

consta registro específico no mesmo comitê, sendo este favorável à sua realização (CAAE:

45873515.1.0000.5208).

Durante a realização da pesquisa, os participantes foram informados que as

informações obtidas por essa técnica seriam processadas e analisadas de forma integrada, e

que, após a análise final, os resultados seriam traduzidos em formato de dissertação, sem

personalizar e/ ou identificar nenhuma fonte individualmente.

Os pesquisadores assumiram a responsabilidade quanto ao uso apropriado dos dados,

apenas para estudo e publicação, resguardando os princípios de confidencialidade,

privacidade e proteção da imagem das pessoas envolvidas na pesquisa.

3.8 ELENCO DE VARIÁVEIS

O estudo original possui variáveis dependentes de condições de saúde bucal; porém

foram registrados de forma simultânea dados sobre condições sociodemográficas,

comportamentais e psicossociais, além das variáveis referentes à prática da automedicação,

utilizadas por sua vez, neste levantamento.

Para o presente estudo, a variável dependente é a automedicação, mensurada a partir

das dimensões: presença e ausência do uso de medicamentos que foram adquiridos e

consumidos sem prescrição médica.

As variáveis relativas à automedicação são apresentadas no quadro a seguir:

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VARIÁVEIS CATEGORIZAÇÃO Uso de medicamentos sem prescrição 1-Sim(Sub-amostra)

2-Não Principais queixas/motivações para a prática da auto-medicação

1-Gripes ou resfriados 2-Dores (Dor de cabeça, nas costas,reumatismo...) 3-Problemas para respirar (Asma, cansaço...) 4-Enxaqueca 5-Tosse 6-Perda de peso 7- Cansaço (Físico) 8-Problemas para dormir 9-Estresse 10-Vontade de vomitar/vômito 11- Prisão de Ventre 12- Problemas para fazer a digestão (Azia, diarréia, Inchaço, Gases...) 13-Problemas na pele (Espinhas, manchas, alergias de pele,...) 14- Infecções urinárias (dor, ardor ao urinar) 15- Diabetes, Hipertensão, entre outras doenças que precisam de acompanhamento prolongado

Orientação para a prática 1-Pais e/ou familiares 2- Amigos 3-Vizinhos 4-Atendente da farmácia 5-Farmacêutico 6-Reutiliza receitas anteriores 7-Utiliza remédios que sobraram de tratamentos antigos 8-Utiliza remédios comprados e guardados na sua casa por pais e/ou parentes (Farmácia caseira)

Fatores que levam à prática 1-É mais prático 2-Não tenho tempo de ir ao médico 3-É fácil comprar ou receber remédios sem a receita 4-A propaganda no rádio e na televisão me leva a tomar remédios 5-Não gosto da maneira como o médico me atende 6-Tenho dificuldade de conseguir uma consulta médica 7-Acredito que só os remédios já resolvem meu problema 8-Minhas pesquisas na internet já me

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dizem qual é o problema Conhecimento sobre medicamentos 1-São o fator mais importante para que eu

fique curado 2-Comportamentos como prática de exercícios físicos ou alimentação adequada podem ajudar os remédios a fazerem efeito 3-Remédios não podem fazer mal à saúde 4-Precisam ser usados com responsabilidade, pois podem fazer mal 5-Guardar os remédios de forma certa pode evitar que eles estraguem e façam mal 6-Remédios devem ser guardados em qualquer lugar e de qualquer jeito. 7-Posso jogá-los fora em qualquer lugar, pois eles não geram perigo 8-Jogar remédios fora do lugar adequado pode contaminar o ambiente e as pessoas

Idade de transição do cuidado com a saúde/Uso de medicamentos

1-Nunca utilizei medicamentos sem auxílio dos pais 2-11 ou 12 anos 3-13 ou 14 anos 4-15 ou 16 anos 5-17 ou 18 anos

Avaliação do apoio de pais e familiares para lidar com questões de saúde e uso dos medicamentos

1-Ótimo 2-Bom 3-Regular 4-Ruim 5-Péssimo

Auto-percepção do nível de responsabilidade para lidar com o uso de medicamentos

1-Totalmente 2-Parcialmente 3-Não estou preparado/Não me sinto responsável

Alterações de rotina e/ou psicológicas/Dificuldade de aceitação social que podem levar ao uso de medicamentos

1-Estresse 2-Desentendimentos com pais ou familiares 3-Desentendimentos com amigos e/ou namorado (a) 3-Muitas atividades para fazer na escola ou trabalho 4-Meus amigos me “zoam” ou não me aceitam muito bem 5-Nenhum destes fatores

Veiculação de informações sobre medicamentos nos meios de comunicação é suficiente?

1-Sim 2-Não 3-Não tenho acesso a informações sobre medicamentos.

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3.9 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS

A coleta de dados foi realizada nas escolas nos meses de setembro a dezembro de

2015, através de dados não clínicos constantes em um questionário autoaplicável, no qual se

verificou a presença ou não de automedicação e quais os fatores que se relacionam a essa

prática.

O questionário autoaplicável foi amplamente discutido em sua formulação pelos

pesquisadores, e testado em um pequeno grupo de adolescentes, posteriormente englobados

na amostra, com a finalidade de verificar fácil compreensão, corrigir distorções e

incongruências de informações.

A aplicação dos instrumentos foi realizada em ambientes das escolas que estiveram

disponíveis e reservados no momento da pesquisa, sendo a abordagem feita a grupos de

alunos, após prévia explicação dos objetivos e métodos do estudo e esclarecimento de todas as

dúvidas que surgiram no momento da pesquisa. Tais ambientes utilizados corresponderam à

sala de aula, auditório, biblioteca ou refeitórios.

Os dados foram analisados descritivamente através de frequências absolutas e

percentuais uni e bivariadas e inferencialmente através do teste Qui-quadrado de Pearson ou o

Exato de Fisher quando a condição para utilização do teste anterior não foi verificada.

A margem de erro utilizada nas decisões dos testes estatísticos foi de 5%. O programa

estatístico utilizado para a obtenção dos cálculos estatísticos foi o SPSS (Statistical Package

for the Social Sciences) na versão 21.

3.10 PROBLEMAS METODOLÓGICOS

Como na maioria das pesquisas, nesta também foram observadas algumas limitações

durante o seu planejamento e desenvolvimento.

O objeto de estudo é complexo e a causalidade é não linear, pois envolve variáveis

relacionadas aos pais, aos adolescentes, às famílias e ao contexto em que estes estão inseridos.

A comparabilidade entre os níveis socioeconômicos seria de grande valia, porém não

pôde ser realizada devido à amostra conter representantes apenas de alunos de escolas

públicas, não sendo contempladas escolas particulares do município, entretanto, tal fator

contribuiu para a homogeneidade da amostra.

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Outro limitador diz respeito à maneira como os dados foram obtidos: a partir das

respostas dos questionários, o que não necessariamente corresponde a como eles realmente

agem, fato que remete ao viés de memória. Por se tratar de um questionário longo, é possível

que nem todas as perguntas tenham sido lidas com a mesma atenção pelos sujeitos, diversas

medidas foram tomadas para minimizar esse problema, visando tornar a aplicação do

questionário mais atrativa para o público alvo.

Buscou-se recrutar todos os adolescentes selecionados para compor a amostra, porém,

alguns não compareceram à escola no dia da aplicação do questionário e/ou não quiseram

responder, o que limitou o tamanho da amostra. Tal problema não afetou o poder estatístico

visto que o cálculo amostral da pesquisa original foi feito para a prevalência estimada de 10%,

sendo a prevalência associada à automedicação estimada em 65,1%.

Algumas relações foram realizadas em relação à subamostra (indivíduos que

responderam positivamente para a prática da automedicação), sendo esta composta por 670

indivíduos. Para essas relações, as análises recorrentes visaram levantar pontos para novas

discussões a serem avaliadas em estudos subsequentes.

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4. RESULTADOS

4.1 DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS (DESCRIÇÃO AMOSTRAL)

A avaliação dos 1035 questionários válidos aplicados, apontaram a média da idade dos

alunos como sendo de 15,63 anos, com desvio padrão de 1,2 anos e mediana de 15,0 anos. As

tabelas 1 e 2 trazem a caracterização da amostra utilizada:

Tabela 1- Distribuição dos adolescentes escolares segundo dados sócio-demográficos. Variável n %

TOTAL 1035 100,0

• Idade 14 176 17,0 15 365 35,3 16 256 24,7 17 161 15,6 18 ou mais 77 7,4

• Sexo Masculino 473 45,7 Feminino 562 54,3

• Raça Branco 226 21,8 Negro 136 13,1 Pardo 593 57,3 Amarelo 34 3,3 Indígena 46 4,4

• Anos de estudo 1o ao 5o anos 726 70,1 6o ao 9o anos 309 29,9

• Ocorrência de reprovações na escola Sim 459 44,3 Não 576 55,7

• Trabalha? Sim 75 7,2 Não 960 92,8

(São Lourenço da Mata, 2015)

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Tabela 2- Distribuição dos adolescentes escolares segundo dados-sócio demográficos. (cont.) Variável n %

TOTAL 1035 100,0

• Quem trabalha na família? Meu pai apenas 410 39,6 Minha mãe apenas 226 21,8 Ambos trabalham (pai e mãe) 311 30,0 Nenhum trabalha 88 8,5

• Escolaridade da mãe 1º grau menor (1º a 4º series) 148 14,3 1º grau maior (5º a 8º series) 285 27,5 2º grau ou supletivo (1º a 3º series) 161 15,6 3º grau e ensino superior 198 19,1 Nunca foi a escola 13 1,3 Não sabe 230 22,2

• Situação da casa onde mora Própria 887 85,7 Alugada 117 11,3 Mora de favor 9 0,9

• Hábito do etilismo Sim 66 6,4 Não 969 93,6

• Prática de atividades de lazer Sim 340 32,9 Não 695 67,1

• Autoestima Baixa 276 26,7 Moderada 510 49,3 Alta 249 24,1

(São Lourenço da Mata, 2015)

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4.2 DADOS REFERENTES À PRÁTICA DA AUTOMEDICAÇÃO

Em relação à prática da automedicação, estimou-se que 64,7% (670 dos 1035

componentes da amostra) dos adolescentes avaliados usavam medicações sem prescrição de

profissional habilitado. É possível afirmar, com confiabilidade de 95% que o percentual de

adolescentes que pratica a automedicação na população da qual a amostra foi extraída varia de

61,8% a 67,6%.

As tabelas que seguem evidenciam os fatores relacionados à prática da automedicação

entre os adolescentes em idade escolar residentes em São Lourenço da Mata:

Tabela 3 – Fatores que levam à prática da automedicação

Fatores que o levam ao uso de medicação sem indicação em vez da procura por um médico n %

TOTAL 670 100,0

• Considera mais prático? Sim 468 69,9 Não 202 30,1

• Você acredita que apenas os medicamentos resolvem o problema?

Sim 153 22,8 Não 517 77,2

• Não ter tempo para procurar o serviço médico é decisivo para o uso de medicações sem indicação?

Sim 89 13,3 Não 581 86,7

• Dificuldade em conseguir marcar uma consulta médica é decisivo?

Sim 81 12,1 Não 589 87,9

• Tem facilidade em adquirir medicamentos sem receita médica é decisivo?

Sim 77 11,5 Não 593 88,5

• As pesquisas na internet substituem a consulta médica?

Sim 38 5,7 Não 632 94,3

• Não gostar de como os médicos atendem você é decisivo?

Sim 26 3,9 Não 644 96,1

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Tabela 4 – Fontes de indicação da medicação que será utilizada Fatores ou pessoas que auxiliam na escolha n % TOTAL 670 100,0

• Pais e/ou familiares

Sim 600 89,6 Não 70 10,4

• Farmacêutico Sim 111 16,6 Não 559 83,4

• Atendente da farmácia Sim 95 14,2 Não 575 85,8

• Vizinhos Sim 45 6,7 Não 625 93,3

• Amigos Sim 42 6,3 Não 628 93,7

• Reutiliza receitas médicas anteriores Sim 33 4,9 Não 637 95,1

• Reutiliza sobras de medicamentos de tratamentos anteriores

Sim 20 3,0 Não 650 97,0

(São Lourenço da Mata, 2015)

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Tabela 5 – Avaliação dos conhecimentos sobre os medicamentos O que sabe sobre os remédios? n % TOTAL 670 100,0

• São o fator mais importante para que eu fique curado

Sim 323 48,2 Não 347 51,8

• Precisam ser utilizados com responsabilidade, pois podem fazer mal a saúde Sim 338 50,4 Não 332 49,6

• Guardá-los de forma adequada pode evitar que estraguem e façam mal Sim 183 27,3 Não 487 72,7

• Jogá-los fora do lugar adequado pode contaminar o ambiente e as pessoas Sim 100 14,9 Não 570 85,1

• Prática de exercícios físicos e uma boa alimentação podem ajudar no resultado esperado do medicamento

Sim 78 11,6 Não 592 88,4

Tabela 6 – Motivadores cotidianos para a prática da automedicação Fatores que influenciam na decisão para tomar remédios n % TOTAL 670 100,0

• Estresse

Sim 112 16,7 Não 558 83,3

• Muitas atividades para fazer na escola ou trabalho Sim 50 7,5 Não 620 92,5

• Desentendimento com os pais ou familiares Sim 27 4,0 Não 643 96,0

• Desentendimento com amigos e/ou namorado Sim 21 3,1 Não 649 96,9

• Amigos o zoam ou não o aceitam muito bem Sim 8 1,2 Não 662 98,8

• Nenhum desses fatores Sim 503 75,1 Não 167 24,9

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a. ASSOCIAÇÕES

As tabelas seguintes evidenciam as associações entre a prática da automedicação e os

fatores associados:

Tabela 7 – Dados sócio demográficos segundo utilização de medicamentos sem prescrição médica Uso de medicação sem indicação Variável Sim Não Total Valor de p n % n % n % Grupo Total 670 64,7 365 35,3 1035 100,0

• Idade

14 110 62,5 66 37,5 176 100,0 p(1) = 0,168 15 247 67,7 118 32,3 365 100,0 16 159 62,1 97 37,9 256 100,0 17 111 68,9 50 31,1 161 100,0 18 ou mais 43 55,8 34 44,2 77 100,0

• Sexo Masculino 278 58,8 195 41,2 473 100,0 p(1) < 0,001* Feminino 392 69,8 170 30,2 562 100,0

• Ano em que está matriculado 1o ao 5o anos 463 63,8 263 36,2 726 100,0 p(1) = 0,322 6o ao 9o anos 207 67,0 102 33,0 309 100,0

• Ocorrência de reprovações na escola Sim 296 64,5 163 35,5 459 100,0 p(1) = 0,882 Não 374 64,9 202 35,1 576 100,0

• Trabalha? Sim 47 62,7 28 37,3 75 100,0 p(1) = 0,697 Não 623 64,9 337 35,1 960 100,0

• Hábito do etilismo

Sim 44 66,7 22 33,3 66 100,0 p(1) = 0,734 Não 626 64,6 343 35,4 969 100,0

• Prática de atividades de lazer

Sim 214 62,9 126 37,1 340 100,0 p(1) = 0,398 Não 456 65,6 239 34,4 695 100,0

• Autoestima

Baixa 177 64,1 99 35,9 276 100,0 p(1) = 0,933 Moderada 333 65,3 177 34,7 510 100,0 Alta 160 64,3 89 35,7 249 100,0

(*): Associação significativa ao nível de 5,0%. (1): Através do teste Qui-quadrado de Pearson.

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Tabela 8 – Avaliação da idade de início da utilização de medicamentos sem indicação médica e o

apoio recebido pelos pais e familiares. Avaliação do apoio recebido dos pais e familiares

Questão Ótimo Bom Regular Ruim/ Péssimo Grupo total Valor de p

n % n % n % n % n % Total 347 100,0 228 100,0 83 100,0 12 100,0 670 100,0

• Idade que começou a utilizar remédios

por conta própria sem a influência dos pais

Nunca utilizou medicamentos sem auxílio dos pais 139 40,1 66 28,9 21 25,3 3 25,0 229 34,2 p(1)< 0,001*

11 ou 12 anos 88 25,4 52 22,8 23 27,7 3 25,0 166 24,8 13 ou 14 anos 57 16,4 64 28,1 23 27,7 4 33,3 148 22,1 15 ou 16 anos 54 15,6 36 15,8 14 16,9 2 16,7 106 15,8 17 ou 18 anos 9 2,6 10 4,4 2 2,4 - - 21 3,1

• O quanto se considera responsável o suficiente para tomar decisões com relação ao uso de medicamentos?

Totalmente 114 32,9 32 14,0 13 16,0 2 16,7 161 24,0 p(1) < 0,001* Parcialmente 124 35,7 127 55,7 41 49,0 - - 292 43,6 Não está preparado ou não se sente responsável 109 31,4 69 30,3 29 35,0 10 83,3 217 32,4

(*): Associação significativa ao nível de 5,0%. (1): Através do teste Exato de Fisher.

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5. DISCUSSÃO

5.1 DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS

As tabelas1 e 2 trazem, em análise descritiva, a amostra utilizada, apresentando o

perfil desses alunos, sendo possível assim, fazer algumas inferências através dos dados

apresentados.

Inicialmente, a idade média desses jovens encontra-se por volta dos 15 anos de idade,

um dado interessante, se comparado ao ano que esses jovens ocupam dentro do perfil escolar.

Como apresentado na Tabela 1, em sua maioria (70,1%), esses jovens estão matriculados

entre o 1º e o 5º ano do ensino fundamental. Fato que ressalta incoerência no que diz respeito

às diretrizes do Ministério da Educação e Cultura (MEC), que recomenda que os alunos

finalizem o 9º ano do ensino fundamental aos 14 anos, sendo os 15, a idade de ingresso no

ensino de 2º grau (ensino médio) (BRASIL, 2009).

É importante confrontar tal achado com a quantidade de adolescentes que afirma não

ter reprovações no currículo escolar (55,7%) (Tab. 1). Esse achado impossibilita que o atraso

acadêmico dos alunos seja atribuído à presença excessiva de reprovações curriculares,

levantando as hipóteses de que o abandono e posterior retomada dos estudos ou ingresso

tardio no ensino básico podem ser as causas.

Quanto à presença desse jovem no mercado de trabalho, 92,8% (Tab 1.) dos analisados

afirma não trabalhar, configurando um ponto positivo, pois a necessidade de trabalhar poderia

trazer prejuízosao rendimento acadêmico desses alunos, levando até ao abandono escolar. O

fato de não trabalhar também tem influência diretana minimização dos fatores de risco para a

automedicação, levando em consideração que, para Moraes (2011), os adolescentes que

trabalham, teriam maior suscetibilidade a problemas de saúde que poderia causar uso de

medicamentos mais frequente.

Costa (2013), em análise de questões relacionadas ao ensino médio no Brasil, aponta,

a partir da análise de dados fornecidos pelo MEC relativos ao índice de distorção idade-série

no Brasil entre 2006-2010, uma taxa de 34,5% de alunos cuja série ocupada dentro do ensino

regular não condiz com a idade. Dessa forma, estavam matriculados na educação básica 8,6

milhões de jovens com idade apropriada para frequentar o ensino médio no Brasilem 2010. O

que demonstra que essa realidade é frequente no país como um todo e necessita de melhorias.

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A Tabela 2 apresenta ainda aspectos importantes relacionados à autoestima desses

jovens. Nota-se, em grande parte dos entrevistados uma autoestima moderada (49,3%), sendo

necessária uma atenção especial a esses casos e, especialmente àqueles que apresentam

autoestima baixa, fato que poderia contribuir para desestabilidades emocionais e sentimento

de não pertencimento ao grupo ao qual estão inseridos, podendo gerar, em última instância,

episódios depressivos, que poderiam levar à prática de comportamentos potencialmente

danosos à saúde como a prática do etilismo e tabagismo, assim como a prática da

automedicação.

Tais relações são abordadas por Hussong e Shadur (2014), que avaliam que o uso de

drogas lícitas ou ilícitas é um padrão aprendido de comportamento, motivado pelo desejo de

aliviar o humor negativo no momento. Sendo assim, outros fatores estariam relacionados a

esse processo, assim como a presença de relacionamentos conflituosos com os pais e

familiares, amigos e namorados.

Andersen et al. (2006) ressaltam que apesar de os hábitos relacionados ao uso de

álcool, tabaco e medicamentos serem formas diferentes de expressão comportamental, têm

aspectos em comum: o fato de advir da utilização de substâncias tóxicas com potencial para

aliviar o stress e de representarem comportamentos ligados à vida adulta. Sendo assim, é

possível que existam motivações comuns para esses comportamentos representadas pelas

circunstâncias sociais (ANDERSEN et al., 2006).

Nesse sentido, cabe observar os dados relativos ao hábito do uso de álcool, que, no

presente estudo apresenta baixo percentual (6,4%) (Tab. 2), diferentemente dos resultados

encontrados por MacCabe e Cranford (2012) e Andersen et al. (2006). Tal resultado pode ser

atribuído por sua vez, a uma certa inibição dos jovens para relatar o uso do álcool.

A ausência das práticas de lazer, por sua vez, pode figurar também como elemento

influenciador nesse processo, fato presente na população analisada, na qual, 67,1% dos

entrevistados afirmam não ter esse tipo de atividade.

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47

5.2 DADOS REFERENTES À PRÁTICA DA AUTOMEDICAÇÃO

Tendo em vista a prevalência obtida neste estudo (64,7%), e considerando o intervalo

de confiança que varia entre 61,8% a 67,6%, nota-se que o resultado apresentado é

semelhante ao de estudos voltados à prática da automedicação em adolescentes, sendo estes

realizados em ambiente escolar ou não.

É o caso de estudo realizado em Maringá (Paraná), com adolescentes que

frequentavam escolas públicas e privadas, que apresentou prevalência de 52,6% (sendo esta

mais elevada para o sexo feminino) (MORAES et al., 2011) e do estudo que estima a

prevalência da automedicação através de inquérito populacional nas cidades de Limeira e

Piracicaba (São Paulo), revelando prevalência de 56,6% (PEREIRAet al.,2007),

Bertoldi et al. (2014), por sua vez, abordando adolescentes com 18 anos de idade,

residentes na cidade de Pelotas, apontamque o uso de medicamentos sem prescrição de

profissional habilitado corresponde a 65,1% (com intervalo de confiança para 95%, variando

entre 62,8% e 67,4%), resultado bem próximo ao apresentado pelos adolescentes avaliados na

presente pesquisa.

Asoscilações nos resultados podem ter causa multifatorial, podendo ser atribuídas às

diferenças regionais encontradas entre as cidades avaliadas, que são culturalmente distintas,

assim como a variações nas faixas etárias e ambientes utilizados para a coleta. É também

importante considerar que os dois primeiros estudos adotaram para realização da pesquisa, um

período recordatório de 15 dias anteriores à entrevista, fato que pode ter limitado a quantidade

de referências à prática da automedicação em relação ao presente estudo, no qual não houve

limitação. Outro fator leva em consideração o tamanho amostral, visto que, à medida que se

aumenta a amostra, o erro aleatório diminui.

Estesresultados são motivos de grande preocupação quando se leva em consideração

que o uso de medicamentos sem a devida orientação, associado ao baixo conhecimento e

empoderamento desses jovens entre outros motivos constituem-se como fatores de risco para

o desenvolvimento de problemas com o uso de medicamentos.

Enfatiza-se, portanto, que os comportamentos de risco relacionados ao uso de

medicamentos podem configurar PRM’s, segundo a definição do terceiro consenso de

Granada (2007), sendo possível sua categorização como problema de segurança não

quantitativa (uso de medicamentos impróprios para o consumo) e/ou problema de

necessidade, no qual o indivíduo não usa um medicamento do qual necessita ou se utiliza

daquele que não necessita.

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Nesse contexto, é importante que seja realizada a análise e identificação dos fatores

motivadores e/ou comuns aos praticantes, para que possíveis causas possam ser identificadas,

levando a intervenções adequadas e oportunas pelos profissionais de saúde.

Diante desse raciocínio, a Tabela 3apresenta dados relativos aos fatores motivadores à

prática da automedicação(calculados para a sub amostra composta pelos 670 indivíduos que

afirmaram fazer uso de medicações sem prescrição de um profissional habilitado). A

avaliação destes dados permite identificar o fator mais fortemente relatado como motivo para

o uso de medicamentos sem prescrição(69,9%)o fato de “ser mais prático”,o que pode apontar

um baixo esclarecimento sobre os riscos desse comportamento além de uma resistência à

utilização dos serviços de saúde por motivos diversos.

Tal constatação é reforçada pelo resultado que aponta um percentual de 34,2% (Tab.

8) dos adolescentes que não utiliza medicamentos sem o auxílio dos pais, provavelmente por

não se sentir seguros e pelos fatores presentes na Tabela 5, que se referem ao conhecimento

sobre os medicamentos.Nesses resultados, observa-se que 85,1% dos adolescentes referem

que os medicamentos não são fonte de contaminação ambiental e de outros indivíduos, e que

88,4% dos jovens analisados não acredita que a prática de atividade física e/ou alimentação

adequada possa auxiliar no resultado esperado do medicamento.

No que diz respeito à resistência dos jovens para frequentar os serviços de saúde,

apenas 3,9% (Tab. 3) dos adolescentes referem não gostar da forma como são atendidos pelos

médicos. Naves et al. (2010) apresentam resultado contrário em seu estudo e evidenciamque a

má qualidade dos serviços de saúde e insatisfação com as informações prestadas pelos

profissionais tanto no serviço público quanto privado são os responsáveis pelo afastamento

dos jovens. Essa contradição se justifica pela natureza do estudo, pois sendo a pesquisa

desenvolvida por Naves et al. qualitativa, permitiria mais liberdade para que os adolescentes

pudessem expressar seus sentimentos.

Torna-se importante destacartambém a influência que pais e familiares apresentam

sobre a decisão de tomar o medicamento através da transmissão dos valores culturais a esses

jovens, podendo levar a opção de fazer uso, assim como sugestionara escolha do

medicamento para utilização.Tal constatação é ratificada, pelo resultado que aponta que

89,6% (Tab. 4) das fontes de indicaçãopartem dos grupos familiares.

Desta maneira, devido à idade analisada ser um período de transição para a idade

adulta, que traz, por sua vez, uma série de responsabilizações, inclusive no que diz respeito à

saúde, é possível relacionar esse comportamento a um prolongamento do cuidado mantido

pelos pais em relação aos jovens entrevistados, fato que pode apontar um sentimento de

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amadurecimento para lidar com as questões relacionadas à saúde ainda insuficiente. Resultado

semelhante é apresentado por Moraes et al. (2011), que referem que os adolescentes que

viviam com seus pais tinham maior prevalência de automedicação (associação

estatisticamente significante- p= 0,001).

No que diz respeito aos fatores do cotidiano que influenciam no estado afetivo (Tabela

6), podendo gerar a necessidade de usar medicamentos, 83,3% dos jovens afirma que não há

influência de estresse, não aceitação entre os pares ou relações conflituosas nessa decisão

(96%). Tais motivações, por sua vez, poderiam ser melhor elucidadas em estudos com

metodologia qualitativa, por esta geralmente disponibilizar maior liberdade de expressão

desses jovens.

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5.3 ASSOCIAÇÕES

No estudo empírico que embasa essa dissertação observa-se que a grande maioria dos

estudos voltados à prática de automedicação entre adolescentes apresenta maior percentual

para sujeitos do sexo feminino, com relevância estatística e percentuais variados.

Tal achado é referido também em revisão sistemática que se propõe a avaliar as

publicações de artigos com essa temática em vários países do mundo, apontando quea

prevalência da automedicação foi maior em adolescentes do sexo feminino na maioria dos

países. Porém, no que se refere às pesquisas avaliadas por esses revisores no Brasil e Quênia,

as práticas de auto-tratamento seriam maiores entre adolescentes do sexo masculino que

trabalhavam (SHEHNAZ et al., 2014).

No que diz respeito aos estudos realizados no Brasil avaliados na presente pesquisa,

evidencia-se que a tendência de aumento do número de praticantes do sexo feminino é visível

e quantificável, demonstrando resultados significativos (MORAES et al., 2011; BERTOLDI

et al., 2014; FILHO et al., 2002), o que corrobora com o resultado descrito na Tabela 7, que

representa resultado estatisticamente significante (p=0,001) para o aumento da prevalência de

praticantes da automedicação entre o sexo feminino.

Por outro lado, PEREIRA et al. (2007) não identificaram diferença significativa para

relações de gênero, tornando-se importante enfatizar que tal estudo avalia a prevalência de

automedicação na infância e adolescência, o que pode ter influenciado nos percentuais,

quando comparado ao presente estudo, que têm como objetivo avaliar a automedicação

apenas em adolescentes.

Baseado nesses resultados, torna-se de suma importância refletir sobre os fatores

determinantes para que essas jovens utilizem mais medicamentos sem prescrição médica que

os adolescentes do sexo masculino. Variações biológicas e sociais podem estar envolvidas

nesse processo, perpassando a compreensão do ser feminino como ainda em transição,

enfrentando ainda muitas mudanças no que diz respeito ao papel social que ocupa.Não menos

importante, por sua vez,é o fato de as mulheres cuidarem mais de sua saúde, fazendo visitas

ao médico mais periodicamente que os homens.

Nesse sentido, McCabe et al. (2011) apresentam emseus resultados que o sexo

feminino foi associado com maiores chances para a utilização de medicamentos para

“relaxar” e para “alívio da dor”, além de questões relacionadas a “perdade peso”.

O uso de medicações para o alívio da dor entre o sexo feminino também é citado em

outros estudos (SHEHNAZ et al., 2014; MORAES et al., 2011; ANDERSEN et al., 2006),

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evidenciando-se seu uso para alívio da dismenorreia e dores em geral associadas ao período

menstrual, como dores de cabeça e no corpo, características do sexo feminino.

Tal constatação pode sugerir, segundo MacCabe (2011) que as jovens em idade

escolar podem não estar sendo acompanhadas de maneira efetiva para algumas condições de

saúde e doença, tais como dor, o que poderia contribuir para taxas de prevalência mais

elevadas de automedicação.

Por sua vez, O’Connell et al. (2006) relatam em seu estudo que avalia os padrões de

auto tratamento para dismenorreia entre adolescentes, que as participantes relataram

morbidade substancial, havendo média mensal de pelo menos dois dias de dor intensa, sendo

que 12% relataram quatro ou mais dias de dor forte, sendo que 55% relataram náuseas,

enquanto outras 24% relataram vômitos e síncope em associação com dor. Mesmo que todas

relatassem uso de pelo menos uma alternativa não-farmacológica, a maioria utilizava vários

medicamentos, demonstrando que tais fatores influenciam substancialmente no resultado

encontrado.

Por outro lado, podem ser identificadas pressões sociais mais fortemente voltadas às

mulheres, no sentido da manutenção dos padrões corporais em voga, ou até mesmo da

necessidade de ocupar inúmeros papéis sociais, através do acúmulo das funções

historicamente estabelecidas, como o papel de cuidadora oficial da família, da casa, dos filhos

e idosos, com funções relativas à modernidade, como o fato de trabalhar externamente ou

configurar-se como única mantenedora em alguns lares, realidade não distante da identificada

no local de desenvolvimento do estudo.

Os aspectos citados são explorados por Moraes (2012), que afirma: “Os discursos cotidianos são um sintoma de que a sociedade ainda se pauta em

valores sexistas, porém tais discursos se manifestam de novas formas. Uma análise

dos textos que circulam atualmente na mídia mostra que o estereótipo da mulher

submissa foi substituído, em grande medida, pelo da mulher múltipla: que trabalha

fora, da casa, dos filhos e do marido e, ainda assim, deve encontrar tempo para

cuidar de si, fazer cursos de aperfeiçoamento, manter cabelos e unhas impecáveis,

praticar exercícios físicos, balancear a dieta, etc. Pode-se mesmo dizer que o grau de

exigência em relação à mulher tornou-se maior no conjunto de discursos dominantes

de nossa sociedade: se antes a “mulher perfeita” era a que cuidava bem do lar e da

família, hoje ela precisa se destacar profissionalmente sem descuidar das questões

anteriores e, ainda, ter um corpo de modelo. Como isso tudo é quase impossível (até

por razões fisiológicas, nem todas as mulheres poderão atingir o mesmo padrão de

beleza), prevalecendo a sensação de “incompletude”.

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Tais fatores, aliados à configuração da cidade analisada ser de uma região

metropolitana, onde se tem um ritmo de vida acelerado que predispõe a estresses cotidianos

ligados ao trânsito, agitação natural dos centros urbanos e as relações sociais transitórias e

impessoais poderiam gerar a somatização dos problemas exteriores ao lar, influenciando no

limiar da dor e consequentemente no uso de medicamentos.

Essas influências, apesar de não influenciar diretamente os seres ainda em formação

analisados nessa pesquisa, ainda em período colegial, de certo podem ter influência no

cotidiano familiar e no contexto em que vivem as mães e/ou cuidadoras, podendo criar um

ciclo cultural, transmitido transgeracionalmente que apresenta extrema importância no

processo de identificação dessas jovens levando ao desenvolvimento de comportamentos de

risco.

Nesse sentido, a Tabela 8 explora fatores relativos à idade de transição do cuidado

familiar para o autocuidado no que se refere ao uso de medicamentos, podendo se configurar

como um bom indicador do papel da família nesse processo. Identificando-se, portanto, um

percentual razoável (34,2%) de adolescentes que afirma não utilizar medicamentos por conta

própria, avaliando como bom, o apoio recebido pelos pais em questões relacionadas aos

medicamentos.

Uma análise importante deve ser feita no que se refere ao que esses adolescentes

consideram como um bom apoio familiar, pois este pode se referir à disponibilidade constante

do ente familiar em auxiliar a escolha e cuidar da saúde desse sujeito ou se configurar como

um cuidado que leva ao desenvolvimento das potencialidades desse adolescente favorecendo

o empoderamento do sujeito para que possa tomar suas próprias decisões acerca do que é

melhor para sua saúde. Dessa forma, se a primeira opção for considerada, pode-se entender

que esses jovens levarão para a idade adulta a dificuldade de gerir suas próprias condições de

saúde através de um autocuidado responsável.

Tal reflexão pode ser fortalecida quando se considera o resultado também apontado na

tabela 8, referente ao quão responsável esse sujeito se sente para utilizar os medicamentos por

conta própria, avaliando-se que um grande percentual desses adolescentes se sente apenas

parcialmente ou não se sente responsável para tal cuidado (p=0,001), o que corrobora a

identificação do problema relacionado anteriormente.

Vale ressaltar por sua vez, que o arcabouço literário que embasa essa pesquisa não

apresenta comparabilidade para essas afirmações, pois questões desse tipo não são exploradas

nos estudos de utilização de medicamentos voltados à automedicação entre adolescentes que

compuseram a presente análise, sendo necessária uma análise posterior, que busque desvendar

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o processo causal envolvido na responsabilização desses adolescentes e o reflexo deste na

vida adulta.

No entanto, Shemesh et al. (2004), em artigo relacionado à aderência medicamentosa

em pacientes adolescentes transplantados, vislumbram que a idade média de transição

encontrada por eles (12 anos) não seria adequada visto que o amadurecimento desses

adolescentes seria ainda insuficiente. Os autores ressaltam também a necessidade de um maior

acompanhamento e orientação por parte dos serviços de saúde visando o empoderamento do

jovem e o fortalecimento dos laços familiares para atravessar essa fase.

Essas constatações, por sua vez, coincidem com as geradas pela discussão dos dados

encontrados na cidade de São Lourenço da Mata, evidenciando a necessidade de munir os

jovens e seus familiares de informações adequadas para que o processo de autocuidado

aconteça de forma natural e responsável. Esse conhecimento, por sua vez, deve ser oriundo

tanto dos serviços de saúde como dos educacionais.

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5.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É inegável que os medicamentos devem ser reconhecidos como instrumentos de

significativa importância paraas ações de saúde. Porém, é necessário o entendimento de que a

sua utilização inadequada ou excessiva pode trazer danos individuais e coletivos. Nesse

contexto, a prática da automedicação tem papel fundamental no processo de utilização

inadequada.

Quando se considera a população adolescente, têm-se uma parcela da população em

fase de amadurecimento e sujeita a uma infinidade de comportamentos de risco que tendem a

continuar na vida adulta, consolidando e perpetuando fatores culturais que transformam em

conceitos muito próximos o autocuidado e o risco à saúde.

Muitos são os fatores envolvidos nessa relação, mas é de suma importância a

influência familiar no processo de transferência de valores e busca imediata da saúde por

meio de caminhos tortuosos. Sendo assim, evidencia-se através dos resultados avaliados que

família e ambiente escolar são eixos principais em qualquer programa de intervenção.

A questão de gênero, apontada por este e outros estudos como fator preponderante,

deve ser analisada com cuidado, sendo as ações desenvolvidas, direcionadas a conscientizar e

munir as jovens com o conhecimento necessário para gerir adequadamente a própria saúde, o

que encontra dificuldades pelo conteúdo referente à saúde e autocuidado altamente

insuficiente ministrado no ambiente escolar.

A identificação da idade de transição para a responsabilização pelo autocuidado, por

sua vez, torna-se essencial para a escolha do grupo que deve ser mais fortemente abordado

nos ambientes escolares, evidenciando-se os fatores relacionados ao risco e à identificação da

real necessidade, tornando-se o jovem um disseminador do conhecimento, influenciando

diretamente no ciclo vicioso cultural que culmina na perpetuação do comportamento

inadequado no que se refere à utilização de medicamentos.

Por fim, é importante evidenciar que os comportamentos relacionados à prática da

automedicação têm similaridade com outros comportamentos de risco à medida que os

medicamentos, assim como as drogas ilícitas têm potencial de amenizar estados afetivos

negativos e/ou depressivos e amenizar sintomas que não necessariamente derivam de

condições físicas, mas também psíquicas, devendo-se portanto, considerar a observação e

acompanhamento desses jovens por profissional da equipe multiprofissional como um fator

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inibitório desse processo.Por tratar de aspectos bastante subjetivos, provavelmente um estudo

qualitativo daria maior contribuição ao aprofundamento da análise.

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65

APÊNDICES

1. QUESTIONÁRIOS

Por favor, indentifique-se

01-Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

1_____

02-Idade:___________(nº anos) Data de Nascimento: ______/______/_______

2_____

03-Qual sua cor ou raça?

( ) Branca ( ) Preta ( ) Parda ( ) Amarela ( ) Indígena

3_____

04- Você estuda em que série/ano?

___________________________

4_____

05- Você já foi reprovado?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei/Não me lembro

5_____

06- Com quem você mora? Pode marcar mais de uma alternativa.

( ) Só com pai

( ) Só com mãe

( ) Com pai e mãe

6_____

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66

( ) Com os avós

( ) Com os tios

( )Outros

07- Contando com você, quantas pessoas moram na sua casa?

__________

7_____

08- Na sua casa, você é o:

( ) Primeiro filho

( ) Segundo filho

( ) Terceiro filho

( ) Quarto filho ou depois

( ) Não sei/ Não me lembro

8_____

09- Você tem irmão participante desse estudo?

( ) Sim ( se a questão é “sim”, vá para a questão 10)

( ) Não ( se a questão é “ não”, vá para a questão 11)

( ) Não sei/Não me lembro ( se a resposta foi esta, pule para a

questão 11)

9_____

10- Se a resposta da questão 09 foi sim, qual a ordem de nascimento dele?

( ) Primeiro filho

( ) Segundo filho

( ) Terceiro filho

( ) Quarto filho ou depois

10____

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67

( ) Não sei/ não me lembro

11- Há quanto tempo você mora no seu endereço?

( ) ___________( nº anos)

( ) Não sei/Não me lembro

11____

Por favor, responda agora sobre algumas atividades culturais que você gosta de fazer nas horas livres.

12- Como você ocupa o seu tempo livre?

( ) assiste televisão.

( ) conversa com amigos.

( ) navegar na internet

( ) lê (jornais, revistas e livros).

( ) ouve música.

( ) realiza atividades físicas e/ou esportivas

( ) participa de atividades sócio- recreativas no seu bairro ou cidade

( ) não faz nenhuma atividade.

( ) outros.

( ) não soube responder

12____

13- Participa de alguma atividade associativa?

( ) associação cultural ( canto, dança, teatro)

( ) associação grêmio escolar

( ) associação esportiva

( ) associação sindical

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68

( ) associação comunitária

( ) associação de caridade

( ) associação religiosa

( ) não faz parte de nenhuma associação

( ) outros

( ) não soube responder

11____

14- Pratica alguma atividade religiosa?

( ) Sim

( ) Não

( ) Não sei responder

14____

15- Você acha que a religião é importante na sua vida?

( ) Sim

( ) Não

( ) Não sei responder

15____

Agora, gostaria de saber sobre alguns hábitos seus

16- Alguma vez na vida você já fumou cigarro, mesmo uma ou duas tragadas?

( ) Sim ( Se a resposta for “ sim”, vá para a questão 17)

( ) Não ( Se a resposta for “não”, pule para a questão 18)

16____

17- Nos últimos 30 dias, em quantos dias você fumou cigarros?

( ) Nunca fumei

( ) Nenhum dia nos últimas trinta dias

( ) 1 ou 2 dias nos últimos 30 dias

17____

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69

( ) 3 a 5 dias nos últimos 30 dias

( ) 6 a 9 dias nos últimos 30 dias

( ) 10 a 19 dias nos últimos 30 dias

( ) 20 a 29 dias nos últimos 30 dias

( ) Todos os 30 dias nos últimos 30 dias

18- Alguma vez na vida você já experimentou bebida alcoólica?

( ) Sim ( Se a resposta foi “ sim”, vá para a questão 26)

( ) Não ( Se a resposta foi “ não”, pule para questão 27)

18____

19- Nos últimos 30 dias, em quantos dias você tomou pelo menos um copo ou uma dose de bebida alcoólica?

( ) Nenhum dia nos últimos 30 dias

( ) 1 ou 2 dias nos últimos 30 dias

( ) 3 a 5 dias nos últimos 30 dias

( ) 6 a 9 dias nos últimos 30 dias

( ) 10 a 19 dias nos últimos 30 dias

( ) 20 a 29 dias nos últimos 30 dias

( ) Todos os 30 dias nos últimos 30 dias

19____

Por favor, gostaria de saber sobre sua relação com o uso de medicamentos

20- Você toma remédios que não foram receitados por um médico ou dentista?

( ) Sim;

( ) Não

20____

21- Quais as principais queixas ou sintomas que te fazem tomar

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remédios que não foram recomendados por um médico ou dentista? (Pode marcar uma ou mais alternativas)

( ) Gripes ou resfriados

( )Dores (Dor de cabeça, nas costas,reumatismo...)

( )Problemas para respirar (Asma, cansaço...)

( )Enxaqueca

( )Tosse

( )Perda de peso

( )Cansaço (Físico)

( )Problemas para dormir

( )Estresse

( )Vontade de vomitar/vômito

( )Prisão de Ventre

( )Problemas para fazer a digestão (Azia, diarréia, Inchaço, Gases...)

( )Problemas na pele (Espinhas, manchas, alergias de pele,...)

( )Infecções urinárias (dor, ardor ao urinar)

( )Diabetes, Hipertensão, entre outras doenças que precisam de

acompanhamento prolongado

21____

22- Quem (ou o que) ajuda você a escolher o remédio que você vai tomar? (Pode marcar uma ou mais alternativas)

( ) Pais e/ou familiares

( )Amigos

( )Vizinhos

22____

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71

( )Atendente da farmácia

( )Farmacêutico

( )Reutiliza receitas anteriores

( )Utiliza remédios que sobraram de tratamentos antigos

( )Utiliza remédios comprados e guardados na sua casa por pais e/ou

parentes (Farmácia caseira)

23- Quais dos fatores relacionados abaixo levam você a apenas tomar remédios em vez de procurar um médico: (Pode marcar uma ou mais alternativas)

( ) É mais prático

( )Não tenho tempo de ir ao médico

( )É fácil comprar ou receber remédios sem a receita

( )A propaganda no rádio e na televisão me leva a tomar remédios

( )Não gosto da maneira como o médico me atende

( )Tenho dificuldade de conseguir uma consulta médica

( )Acredito que só os remédios já resolvem meu problema

( )Minhas pesquisas na internet já me dizem qual é o problema

23____

24- O que você sabe sobre remédios?(Pode marcar uma ou mais alternativas)

( ) São o fator mais importante para que eu fique curado

( )Comportamentos como prática de exercícios físicos ou alimentação

adequada podem ajudar os remédios a fazerem efeito

( )Remédios não podem fazer mal à saúde

24____

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72

( )Precisam ser usados com responsabilidade, pois podem fazer mal

( )Guardar os remédios de forma certa pode evitar que eles estraguem

e façam mal

( )Remédios devem ser guardados em qualquer lugar e de qualquer

jeito.

( )Posso jogá-los fora em qualquer lugar, pois eles não geram perigo

( )Jogar remédios fora do lugar adequado pode contaminar o

ambiente e as pessoas

25- Com que idade você começou a utilizar medicamentos por conta própria sem que seus pais influenciassem na escolha?

( ) Nunca utilizei medicamentos sem auxílio dos pais

( )11 ou 12 anos

( )13 ou 14 anos

( )15 ou 16 anos

( )17 ou 18 anos

25____

27- Como você avalia o apoio que recebe de seus pais e familiares para lidar com a utilização de remédios:

( ) Ótimo

( )Bom

( )Regular

( )Ruim

( )Péssimo

27____

28- O quanto você se considera responsável o suficiente para

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73

tomar decisões sobre as medicações que utiliza?

( ) Totalmente

( )Parcialmente

( )Não estou preparado ou não me sinto responsável

28____

29- Quais dos fatores relacionados abaixo influenciam para que você tome remédios? (Pode marcar uma ou mais alternativas)

( ) Estresse

( )Desentendimentos com pais ou familiares

( )Desentendimentos com amigos e/ou namorado (a)

( )Muitas atividades para fazer na escola ou trabalho

( )Meus amigos me “zoam” ou não me aceitam muito bem

( )Nenhum destes fatores

29____

30- Você acredita que as informações sobre remédios que são passadas pra você nas escolas, na internet, televisão, entre outros meios de comunicação, são suficientes para que você use medicamentos com responsabilidade?

( ) Sim

( )Não

( )Não recebo informações sobre medicamentos

30____

B) Por favor, gostaria que você respondesse algumas questões sobre como você se vê em relação a sua saúde e seu corpo

31- Você acha que manter a saúde do seu corpo e da sua

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74

mente é essencial?

( ) Sim

( ) Não

( ) Não ligo/Não me importo

31_______

32- Como você se vê em relação a seu corpo (físico) no geral?

( ) Satisfeito

( ) Insatisfeito

( ) Não ligo/ Não me importo

32_______

33- A aparência dos seus dentes e da gengiva é fundamental pra você?

( ) Sim

( ) Não

( ) Não faz nenhuma diferença

33______

34-Você acha que é importante ter os dentes e gengivas saudáveis na hora de arrumar emprego?

( ) Sim

( ) Não

( ) Não faz nenhuma diferença

34______

35- Você acha que é importante ter os dentes e gengivas saudáveis no seu convívio com amigos da escola ou fora dela?

( ) Sim

( ) Não

35______

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75

( ) Não faz nenhuma diferença

36-Você acha que um sorriso saudável vai ajudar na sua conquista amorosa (arrumar namorado/a)?

( ) Sim

( ) Não

( ) Não faz nenhuma diferença

36______

Por favor, gostaríamos que você respondesse algumas perguntas sobre como você se vê e se sente.

Discordo

Nem discordo

Nem concordo

Concordo

37-Sinto que

sou uma

pessoa de

valor como

outras

pessoas

( )

( )

( )

37_______

38- Eu sinto

vergonha do

jeito que eu

sou

( )

( )

( )

38_______

39- Às vezes

eu penso que

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76

não presto

pra nada

( ) ( ) ( ) 39_______

40- Sou

capaz de

fazer tudo tão

bem como as

pessoas

( )

( )

( )

40_______

41- Levando

tudo em

conta eu me

sinto um

fracasso

( )

( )

( )

41______

42- Às vezes

eu me sinto

inútil

( )

( )

( )

42_______

43- Eu acho

que tenho

muitas boas

qualidades

( )

( )

( )

43_______

44- Eu tenho

motivos para

me

orgulharna

vida

( )

( )

( )

44_______

45- De um

modo geral,

eu estou

satisfeito (a)

comigo

mesmo (a)

( )

( )

( )

45_______

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77

46- Eu tenho

uma atitude

positiva com

relação a mim

( )

( )

( )

46_______

C) As perguntas a seguir serão sobre os vários aspectos da sua vida e elas têm sete respostas possíveis. Marque com um circulo o número que expressa sua respostas, a sua maneira de pensar e sentir em relação à pergunta, sendo 1 ou 7 as respostas extremas.

47- Você tem a

sensação de que você

NÃO se interessa

realmente pelo que se

passa ao seu redor?

Muito raramente Muito frequentemente

ou nunca

1 2 3 4 5 6 7

47____

48- Já se aconteceu no

passado você ter ficado

surpreendido (a) pelo

comportamento de

pessoas que você

achava que conhecia

bem?

Nunca aconteceu Sempre aconteceu

1 2 3 4 5 6 7

48____

49- Já lhe aconteceu ter

ficado desapontado (a)

com pessoas em quem

você confiava?

Nunca aconteceu Sempre aconteceu

1 2 3 4 5 6 7

49____

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78

50- Até hoje a sua vida

tem sentido:

Sem nenhum objetivo Com objetivos claros

1 2 3 4 5 6 7

50____

51- Você tem sido a

impressão de que tem

sido tratado (a) com

injustiça?

Muito frequentemente Muito raramente

ou nunca

1 2 3 4 5 6 7

51____

52- Você tem a

sensação de que está

numa situação pouco

comum, e sem saber o

quê fazer?

Muito frequentemente Muito raramente

ou nunca

1 2 3 4 5 6 7

52____

53- Você tem ideias e

sentimentos muito

confusos?

Muito frequentemente Muito raramente

ou nunca

1 2 3 4 5 6 7

53____

54- Você costuma ter

sentimentos que

gostaria de não ter?

Muito frequentemente Muito raramente ou

nunca

54____

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79

1 2 3 4 5 6 7

55- Muitas pessoas

(mesmo às que tem

caráter forte) algumas

vezes sentem-se

fracassadas em certas

situações. Com que

frequência você já se

sentiu fracassado (a) no

passado?

Nunca Muito frequentemente

1 2 3 4 5 6 7

55____

56- Quando alguma

coisa acontece na sua

vida, você geralmente

acaba achando que:

Você deu maior Você avaliou ou menor importância ao corretamente a que aconteceu importância do do que deveria que aconteceu? ter dado?

1 2 3 4 5 6 7

56____

57- Com que frequência

você tem a impressão

de que existe pouco

sentido nas coisas que

Muito frequentemente Muito raramente

ou nunca

1 2 3 4 5 6 7

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80

você faz na sua vida

diária?

57____

58- Com que frequência

você tem sentimentos

que você não tem

certeza que pode

controlar?

Muito frequentemente Muito raramente

ou nunca

1 2 3 4 5 6 7

58____

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81

2. Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

(Para menores de 18 anos-Resolução 466/12)

Convidamos você, para participar como voluntário (a) da pesquisa: “A prática da

automedicação entre adolescentes em idade escolar: Perfil e Fatores relacionados”. Esta

pesquisa é da responsabilidade do (a) pesquisador (a) Luanna Kattaryna Penha de Araújo,

com endereço Universidade Federal de Pernambuco, Departamento de Pós-Graduação em

Saúde da criança e Adolescente - Av. Professor Moraes Rêgo, Prédio das Pós Graduações do

Centro de Ciências da Saúde- 1º andar, Cidade Universitária, Recife, 50670-420. Fone: 81

96907361 – e-mail: [email protected] e está sob a orientação de: Prof. Dr. Paulo Sávio

Angeiras de Goes, Telefone: 8191755763 - e-mail: [email protected].

Este Termo de Consentimento pode conter alguns tópicos que você não entenda. Caso haja

alguma dúvida, pergunte à pessoa a quem está lhe entrevistando, para que você esteja bem

esclarecido (a) sobre tudo que está respondendo. Após ser esclarecido (a) sobre as

informações a seguir, caso aceite fazer parte do estudo, rubrique as folhas e assine ao final

deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador

responsável. Em caso de recusa, você não será penalizado (a) de forma alguma. Também

garantimos que você tem o direito de retirar o consentimento da sua participação em qualquer

fase da pesquisa, sem qualquer penalidade.

1 - Você responderá um questionário com perguntas sobre sua identificação; seus hábitos de

alimentação e saúde; uso de cigarro e álcool; sobre os serviços médicos que usa; sobre o que

ele faz em algumas situações com os medicamentos; sobre situações em que ele utilizou

medicamentos; sobre o que ele pensa a respeito da vizinhança e dos políticos; sobre como ele

se vê e se sente; sobre sua satisfação/insatisfação com o corpo.

Ao final da pesquisa, a folha com a sua identificação será destacada do restante do

questionário, não ficando seus dados associados às suas respostas, não restando nada que

venha a comprometê-lo agora ou futuramente.

Quanto aos riscos e desconfortos, estes se referem a algum constrangimento mínimo que pode

ser gerado ao responder o questionário. Caso você venha a sentir algo dentro desses padrões,

comunicar imediatamente ao pesquisador para que sejam tomadas as devidas providências.

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82

Os benefícios indiretos esperados com o resultado desta pesquisa serão o conhecimento das

condições em que se pratica a automedicação e dos fatores a elas associados, nos adolescentes

escolares da cidade, o que poderá ajudar no planejamento das políticas de saúde e sociais do

município.

As informações desta pesquisa serão confidencias e serão divulgadas apenas em eventos ou

publicações científicas, não havendo identificação dos voluntários, a não ser entre os

responsáveis pelo estudo, sendo assegurado o sigilo sobre a participação do/a voluntário (a).

Os dados coletados nesta pesquisa (entrevistas) ficarão armazenados em (pastas de arquivo e

computador pessoal), sob a responsabilidade do pesquisador, no endereço acima informado,

pelo período de (mínimo 5 anos).

Você não pagará nada para participar desta pesquisa. Fica também garantida indenização em

casos de danos, comprovadamente decorrentes da participação do voluntário/a na pesquisa,

conforme decisão judicial ou extrajudicial.

Em caso de dúvidas relacionadas aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o

Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da UFPE no endereço: (Avenida da

Engenharia s/n – Prédio do CCS - 1º Andar, sala 4 - Cidade Universitária, Recife-PE, CEP:

50740-600 Tel.: (81) 2126.8588 – e-mail: [email protected]).

_______________________________

Assinatura do pesquisador (a)

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83

ASSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DO/A VOLUNTÁRIO

Eu, _____________________________________, CPF_________________, abaixo

assinado, após a leitura (ou a escuta da leitura) deste documento e de ter tido a oportunidade

de conversar e ter esclarecido as minhas dúvidas com o pesquisador responsável, concordo

em participar do estudo“A prática da automedicação entre adolescentes em idade escolar:

Perfil e Fatores relacionados”, como voluntário (a). Fui devidamente informado (a) e

esclarecido (a) pelo (a) pesquisador (a) sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos,

assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes da participação dele (a). Foi-me

garantido que posso retirar o meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a

qualquer penalidade.

Local Data: ____/____/____

___________________________

Assinatura do participante

Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a pesquisa e aceite do/a

voluntário/a em participar. 02 testemunhas (não ligadas à equipe de pesquisadores):

Nome: Assinatura:

Nome: Assinatura:

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3. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Para o maior de 18 anos e/ou o responsável pelo menor de 18 anos – Resolução 466/12)

Solicitamos a sua autorização para convidá-lo ou ao (a) seu/sua filho (a) (ou menor que está

sob sua responsabilidade) para participar, como voluntário (a), da pesquisa “A prática da

automedicação entre adolescentes em idade escolar: Perfil e Fatores relacionados”. Esta

pesquisa é da responsabilidade do (a) pesquisador (a) LuannaKattaryna Penha de Araújo,

endereço Universidade Federal de Pernambuco, Departamento de Pós-Graduação em Saúde

da Criança e Adolescente - Av. Professor Moraes Rêgo, Prédio das Pós Graduações do Centro

de Ciências da Saúde- 1º andar, Cidade Universitária, Recife, 50670-420. Fone: 81 96907361

– e-mail: [email protected] e está sob a orientação de: Prof. Dr. Paulo Sávio Angeiras

de Goes, Telefone: 8191755763 - e-mail: [email protected].

Este documento se chama Termo de Consentimentoe pode conter alguns tópicos que o/a

senhor/a não entenda. Caso haja alguma dúvida, pergunte à pessoa a quem está lhe

solicitando, para que o/a senhor/a esteja bem esclarecido (a) sobre tudo que será feito. Após

ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte ou que o (a)

menor faça parte do estudo, rubrique as folhas e assine ao final deste documento, que está em

duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa nem o

(a) Sr.(a) nem o/a voluntário/a que está sob sua responsabilidade serão penalizados (as) de

forma alguma. O (a) Senhor (a) tem o direito de retirar o consentimento da participação a

qualquer tempo, sem qualquer penalidade. Esta pesquisa tem por objetivo avaliar oauto-

usodemedicamentosentreadolescentesrecifenses em idade escolar

eosfatoresrelacionadosaestapráticaem adolescentes escolares da rede pública de São Lourenço

da Mata - PE. Para a realização deste trabalho serão utilizados os seguintes métodos:

1 - O adolescente responderá um questionário com perguntas sobre sua identificação; seus

hábitos de alimentação e saúde; uso de cigarro e álcool; sobre os serviços médicos que usa;

sobre o que ele faz em algumas situações com os medicamentos; sobre situações em que ele

utilizou medicamentos; sobre o que ele pensa a respeito da vizinhança e dos políticos; sobre

como ele se vê e se sente; sobre sua satisfação/insatisfação com o corpo.

Quanto aos riscos e desconfortos, estes se referem a algum constrangimento mínimo que pode

ser gerado ao responder o questionário. Caso o adolescente venha a sentir algo dentro desses

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padrões, comunicar imediatamente ao pesquisador para que sejam tomadas as devidas

providências.

Os benefícios indiretos esperados com o resultado desta pesquisa serão o conhecimento das

condições em que se pratica a automedicação e dos fatores a elas associados, nos adolescentes

escolares da cidade, o que poderá ajudar no planejamento das políticas de saúde e sociais do

município.

As informações desta pesquisa serão confidencias e serão divulgadas apenas em eventos ou

publicações científicas, não havendo identificação dos voluntários, a não ser entre os

responsáveis pelo estudo, sendo assegurado o sigilo sobre a participação do/a voluntário (a).

Os dados coletados nesta pesquisa (entrevistas) ficarão armazenados em (pastas de arquivo e

computador pessoal), sob a responsabilidade do pesquisador, no endereço acima informado,

pelo período de (mínimo 5 anos).

O (a) senhor (a) não pagará nada para ele/ela participar desta pesquisa. Fica também garantida

indenização em casos de danos, comprovadamente decorrentes da participação do

voluntário/a na pesquisa, conforme decisão judicial ou extrajudicial.

Em caso de dúvidas relacionadas aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o

Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da UFPE no endereço: (Avenida da

Engenharia s/n – Prédio do CCS - 1º Andar, sala 4 - Cidade Universitária, Recife-PE, CEP:

50740-600 Tel.: (81) 2126.8588 – e-mail: [email protected]).

___________________________________________

Assinatura do pesquisador (a)

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CONSENTIMENTO DO RESPONSÁVEL PARA A PARTICIPAÇÃO DO/A

VOLUNTÁRIO

Eu, _____________________________________, CPF_________________, abaixo

assinado, responsável por _______________________________, autorizo a sua participação

no estudo “A prática da automedicação entre adolescentes em idade escolar: Perfil e

Fatores relacionados”.como voluntário(a). Fui devidamente informado (a) e esclarecido (a)

pelo (a) pesquisador (a) sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os

possíveis riscos e benefícios decorrentes da participação dele (a). Foi-me garantido que posso

retirar o meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade

para mim ou para o (a) menor em questão.

Local Data: ____/____/____

___________________________

Responsável

Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a pesquisa e aceite do/a

voluntário/a em participar. 02 testemunhas (não ligadas à equipe de pesquisadores):

Nome: Assinatura:

Nome: Assinatura:

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4. PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

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