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ISSN 1679-2645
Federação daS INdúStrIaS do eStado da BahIa SIStema FIeB aNo XVIII Nº 223 NoV/deZ 2012
Bahia
Levantamento realizado pela CNI revela os
principais gargalos e investimentos prioritários
Logística impacta custo
Nordeste
2 Bahia Indústria
Soluções para redução de custosCompetitividade é a palavra-chave em uma economia globalizada, em
que a concorrência, não somente externa, como também interna, po-
de ser determinante para assegurar a viabilidade econômica de uma
região, estado, município, ou de uma indústria. Para atingir competi-
tividade entram em jogo diversos fatores, um deles é a logística, res-
ponsável por encarecer os custos da produção no Nordeste.
Para dimensionar estes custos, mas também contribuir para apon-
tar soluções, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizou o
estudo Nordeste Competitivo, que aponta a necessidade de R$ 28 bi-
lhões em investimentos para viabilizar 83 projetos prioritários nos no-
ve estados da região. O objetivo é não apenas facilitar o escoamento
de cargas entre os estados e regiões do país, mas também reduzir os
custos dos produtos destinados à exportação.
O estudo também reforça uma verdade histórica: a concentração do
transporte de cargas em um único modal, o rodoviário, em detrimento
do transporte ferroviário, hidroviário e da cabotagem. Apenas para
ilustrar esta realidade, na Bahia, o modal rodoviário concentra em
90% o volume de carga transportada, com o agravante de que o esta-
do também é rota de passagem para as demais regiões do país. Diante
disso, algumas das suas principais rodovias estão com 95% da sua
capacidade de utilização comprometida pelo transporte de cargas,
como é o caso do trecho de Vitória da Conquista a Feira de Santana.
Se nenhum novo investimento em infraestrutura logística for feito até
2020, esta utilização chegará a 251%, por exemplo.
Além do comprometimento da capacidade de transporte, o cus-
to logístico também se manterá elevado caso não sejam efetivados
investimentos como na implantação da Ferrovia Oeste-Leste (FIOL),
que ligará o oeste da Bahia ao Porto de Ilhéus, também a ser cons-
truído. O custo para levar granel sólido agrícola do Oeste Baiano
(Barreiras) até Rotterdam, atualmente, chega a R$ 123 por tonela-
da, utilizando a BR-242 até o porto de Aratu. No entanto, se a FIOL
for viabilizada, este custo logístico cairia para R$ 114 por tonelada,
saindo pelo porto Sul em Ilhéus, gerando redução de 7,3% no custo
logístico total de transportes.
A situação da Bahia neste cenário é destacada na reportagem de
capa desta edição, que traz também um diagnóstico da situação da
Região Metropolitana de Salvador, que também requer investimentos
conjuntos para solucionar um outro gargalo: a mobilidade urbana,
problema que tem reflexos também sobre a produtividade da RMS.
editoriaL
Algumas das principais rodovias do estado estão com 95% da sua capacidade comprometida pelo transporte de cargas
A opção pelo modal rodoviário é
responsável pela elevação dos
custos de transporte no Nordeste
4 Bahia Indústria
SindicatoS filiadoS à fiEBSindicato da indúStria do açúcar e do Álcool no eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria de Fiação
e tecelagem no eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria do taBaco no eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria do curtimento de couroS e PeleS no eStado da Bahia,[email protected] / Sindicato da
indúStria do VeStuÁrio de SalVador, lauro de FreitaS, SimõeS Filho, candeiaS, camaçari, diaS d’ÁVila e Santo amaro, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS grÁFicaS do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria de extração de
ÓleoS VegetaiS e animaiS e de ProdutoS de cacau e BalaS no eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria da
cerVeja e de BeBidaS em geral no eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS do PaPel, celuloSe, PaPelão,
PaSta de madeira Para PaPel e arteFatoS de PaPel e PaPelão no eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato daS indúS-
triaS do trigo, milho, mandioca e de maSSaS alimentíciaS e de BiScoitoS no eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato
da indúStria de mineração de calcÁrio, cal e geSSo do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria da conS-
trução do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria de calçadoS, SeuS comPonenteS e arteFatoS
no eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS metalúrgicaS, mecânicaS e de material elétrico do
eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS de cerâmica e olaria do eStado da Bahia, [email protected] /
Sindicato daS indúStriaS de SaBõeS, detergenteS e ProdutoS de limPeza em geral e VelaS do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS de SerrariaS, carPintariaS, tanoariaS e marcenariaS de SalVador, SimõeS Filho, lauro
de FreitaS, camaçari, diaS d’ÁVila, Sto. antônio de jeSuS, Feira de Santana e Valença, [email protected] / Sindicato daS
indúStriaS de FiBraS VegetaiS no eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria de PaniFicação e conFeitaria
da cidade do SalVador, [email protected] / Sindicato da indúStria de ProdutoS QuímicoS, PetroQuímicoS e reSinaS Sintéti-
caS do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria de material PlÁStico do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria de ProdutoS de cimento no eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da
indúStria de mineração de Pedra Britada do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS de ProdutoS Quími-
coS Para FinS induStriaiS e de ProdutoS FarmacêuticoS do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria de
mÁrmoreS, granitoS e SimilareS do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria alimentar de congeladoS,
SorVeteS, SucoS, concentradoS e lioFilizadoS do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria de carneS
e deriVadoS do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria do VeStuÁrio da região de Feira de Santana, [email protected] / Sindicato da indúStria do moBiliÁrio do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato da indúStria
de reFrigeração, aQuecimento e tratamento de ar do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS de
conStrução ciVil de itaBuna e ilhéuS, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS de caFé do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS de laticínioS e ProdutoS deriVadoS do eStado da Bahia, [email protected] / Sindica-
to daS indúStriaS de aParelhoS elétricoS, eletrônicoS, comPutadoreS, inFormÁtica e SimilareS doS municíPioS de ilhéuS e
itaBuna, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS de conStrução de SiStemaS de telecomunicaçõeS do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS metalúrgicaS, mecânicaS e de material elétrico de Feira de Santana,
[email protected] / Sindicato daS indúStriaS de reParação de VeículoS e aceSSÓrioS do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato nacional da indúStria de comPonenteS Para VeículoS automotoreS, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS de FiBraS VegetaiS no eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS de
coSméticoS e de PerFumaria do eStado da Bahia, [email protected] / Sindicato daS indúStriaS de arteFatoS de PlÁSticoS,
BorrachaS, têxteiS, ProdutoS médicoS hoSPitalareS, [email protected]
fiEBPresideNte José de Freitas Mascarenhas. 1º Vice-
PresideNte: Victor Fernando Ollero Ventin. Vice-
PresideNtes Carlos Gilberto Cavalcante Farias;
Emmanuel Silva Maluf; Reinaldo Dantas Sampaio;
Vicente Mário Visco Mattos. diretores titulAres Alberto Cânovas Ruiz; Antonio Ricardo Alvarez Al-
ban; André Régis Andrade; Carlos Henrique Jorge
Gantois; Claudio Murilo Micheli Xavier; Eduardo Ca-
tharino Gordilho; Josair Santos Bastos; Leovegildo
Oliveira De Souza; Luiz Antonio de Oliveira; Manuel
Ventin Ventin; Maria Eunice de Souza Habibe; Re-
ginaldo Rossi; Sérgio Pedreira de Oliveira Souza;
Wilson Galvão Andrade. diretores suPleNtes Adal-
berto de Souza Coelho; Alexi Pelagio Gonçalves
Portela Júnior; Carlos Alberto Matos Vieira Lima;
Juan José Rosário Lorenzo; Marcos Galindo Pereira
Lopes; Mário Augusto Rocha Pithon; Noêmia Pinto
de Almeida Daltro; Paulo José Cintra Santos; Ricar-
do de Agostini Lagoeiro
conSElhoScoNselho de ecoNomiA e deseNVolVimeNto iN-
dustriAl Antônio Sérgio Alípio; coNselho de
AssuNtos FiscAis e tributários Cláudio Murilo
Micheli Xavier; coNselho de comércio exterior Reinaldo Dantas Sampaio; coNselho dA micro
e PequeNA emPresA iNdustriAl Carlos Henrique
Jorge Gantois; coNselho de iNFrAestruturA Marcos Galindo Pereira Lopes; coNselho de meio
AmbieNte Irundi Sampaio Edelweiss; comitê de
Petróleo e Gás Eduardo Rappel; coNselho de
iNoVAção e tecNoloGiA José Luís Gonçalves de
Almeida; coNselho de resPoNsAbilidAde sociAl
emPresAriAl Marconi Andraos Oliveira; coNse-
lho de relAções trAbAlhistAs Homero Ruben
Rocha Arandas; comitê de Portos Reinaldo Dan-
tas Sampaio
Editada pela Superintendência
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do Sistema Fieb
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sistema fieb nas mídias sociais
Faculdade SENAI
Cimatec é uma
das instituições
mais bem
avaliadas do país
CimateC é nota4 do meC
Bahia Moda
Design discutiu a
profissionalização
e a valorização da
moda local
moda Com estilo baiano
A edição 2012 dos Jogos Regionais do
SESI reuniu na Bahia 700 atletas
industriários da Bahia, Sergipe,
Pernambuco, Alagoas e Paraíba, na
unidade do SESI Simões Filho
atletas da indústria nos Jogos regionais do sesi
Mapeamento da Superintendência
de Desenvolvimento Industrial da FIEB
faz um diagnóstico das empresas
exportadoras baianas e de seu potencial
para o mercado externo
diretrizes para ampliar as exportações baianas
Estudo revela que
o Nordeste
necessita de
importantes
investimentos
para solucionar
seus gargalos
logísticos
Custo da produção
sumário nov/dez 2012
28
modal rodoviário
apresenta sinais
de colapso
Foto: joão Alvarez
29
16
6 24
6 Bahia Indústria
Potencial baiano para exportaçãoFIEB lança estudo sobre comércio exterior na Bahia, mapeando as principais dificuldades enfrentadas pelos empresários
por carolina mendonça Foto João alvarez
Um diagnóstico da situação
das empresas exportado-
ras baianas e potenciais
exportadoras, os entraves
ao comércio com outros países e
as propostas para a criação de um
ambiente mais propício aos que
desejam alcançar mercados no
exterior compõem o conteúdo do
Estudo das Indústrias Exporta-
doras e Potenciais Exportadoras
da Bahia, lançado no dia 15 de
outubro, durante a realização da
mesa-redonda “Caminhos para a
Internacionalização da Indústria
Baiana”. O evento foi a segunda
edição do projeto, promovido pela
Federação das Indústrias do Es-
tado da Bahia (FIEB), em parceria
com a Rede Bandeirantes na Bahia.
A iniciativa tem por intuito promo-
ver o debate da conjuntura econô-
mica nacional e internacional e o
seu impacto nos diferentes setores
industriais do Estado da Bahia.
Produzida pela Superinten-
dência de Desenvolvimento
Industrial da FIEB, com apoio
do Sebrae e da Apex-Brasil, a
pesquisa é um instrumento de
análise do comércio exterior no
estado. Com o objetivo de apoiar
a atividade, o trabalho traça um
perfil das empresas exportadoras
e mapeia os principais obstáculos
enfrentados por quem quer levar
seu produto para fora do país.
Foram entrevistadas 186 em-
presas industriais exportadoras
identificadas no cadastro do Guia
Industrial do Estado da Bahia/
FIEB e na relação do MDIC/Se-
cex (dados referentes a 2011). Já a
amostra de potenciais exportado-
ras foi de 276 empresas, seleciona-
das a partir do Guia ou pela par-
ticipação no Projeto de Extensão
Industrial Exportadora (Peiex) da
Apex-Brasil, realizado na Bahia
pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL).
Alguns dos resultados chamam
a atenção, entre eles os relativos ao
setor de transportes. Identificou-
-se que o principal meio utilizado
pelas empresas baianas da fábri-
ca ao porto/estação aduaneira é
o rodoviário, representando 88%
dos modais utilizados. O uso do
modal ferroviário é praticamente
inexistente (0,5%). Em relação ao
embarque dos produtos, a maior
parte das empresas (70%) o faz via
portos e aeroportos do estado.
Além da taxa de câmbio, que é
um fator conjuntural, os principais
obstáculos à exportação aponta-
dos foram os custos e a burocracia.
"As queixas se repetem: excesso de
tributos e procedimentos burocrá-
ticos, altos custos de transporte e
logística, além da falta de infraes-
trutura”, afirma o superintenden-
te de Desenvolvimento Industrial
da FIEB, João Marcelo Alves. Os
empresários consultados sugerem
ações para aumentar a competiti-
vidade, como a simplificação dos
procedimentos aduaneiros e a ope-
ração contínua e ininterrupta das
aduanas nos principais pontos de
saída do país.
PotencialMesmo num cenário conside-
rado difícil para quem deseja ex-
portar, a pesquisa mostra que há
motivos para acreditar na ativida-
de. Aproximadamente 25% delas
têm excedente de 16% a 30% da
produção para vender para outros
países. Outras razões são a diver-
sificação de mercados e os preços
atraentes.
De acordo com o analista da
Apex-Brasil, Luiz Augusto Rocha,
superando a carência de infor-
mações, os empresários podem
descobrir mercados não-conven-
cionais em expansão que podem
absorver produtos brasileiros e
baianos, como China, Oriente Mé-
dio, África, Bangladesh e Vietnã.
“Faltam conhecimentos básicos
para chegar a mercados externos.
Este é um dos fatores que pesam
contra o processo de internaciona-
lização”, disse Rocha.
Bahia Indústria 7
Giannetti aponta a
baixa produtividade
como principal entrave
bi - o brasil consegue ter um bom desempenho nas
exportações de seus produtos?
eG – O Brasil ainda representa apenas 1,4% da pau-
ta do comércio exterior, é uma participação pífia. E
o principal fator é a nossa baixa produtividade. Isso
afeta nossa possibilidade de vender para o resto do
mundo e nos torna vulneráveis às importações, que
concorrem aqui com preços desleais. Para piorar,
nossos principais parceiros comerciais, a Zona do Eu-
ro, os EUA e a Argentina, estão reduzindo sua deman-
da por produtos de todo o mundo. Particularmente,
as exportações brasileiras para a Argentina já caíram
cerca de 40% desde 2009 para cá. A boa notícia é que
há muito espaço para conquistar. No caso das peque-
nas e médias empresas, o caminho é investir na cria-
tividade, na inovação e em um processo de associa-
ção em grupo que fortaleça o caminho até o exterior.
bi - o que é preciso fazer para avançar nesta área?
eG – Acredito que o patamar do câmbio já chegou a
um nível razoável. O que precisam ser feitas são as re-
formas que aumentariam a competitividade brasileira,
principalmente as de à infraestrutura e de tributação.
Há uma agenda sobre a qual trabalhar: a insegurança
jurídica, que afasta investidores; a excessiva oneração
da folha de pagamento; a burocracia. Precisamos au-
mentar a eficiência da atividade econômica no país,
melhorar nossa condição de produtor doméstico não
só para exportar, mas para garantir a predominância
de produtos nacionais no mercado interno.
bi – como o sr. avalia as medidas do governo federal?
eG – Há uma curva de aprendizado no governo Dilma.
Parece que o governo acordou para a necessidade de
se reduzir o custo de produção horizontalmente, para
todos os segmentos. Neste caso, considero um gran-
de retrocesso o regime automotivo, que tem um viés
protecionista disfarçado de incentivo à inovação. [bi]
“Precisamos aumentar a eficiência da atividade econômica”Convidado da mesa-redonda realizada na FIEB,
o economista Eduardo Giannetti fala sobre a
participação do Brasil nas exportações mundiais
8 Bahia Indústria
Um dos três centros de tecno-
logia do país escolhidos pa-
ra participar da experiência-
-piloto da Empresa Brasileira de
Pesquisa e Inovação Industrial
(Embrapii), o SENAI Cimatec con-
tabiliza nove projetos (entre auto-
rizados e em andamento) e come-
mora a perspectiva da realização
de muitos outros, já que a unidade
tem sido procurada por empresas
de todo o Brasil. “Temos recebido
semanalmente a visita de repre-
sentantes de várias empresas inte-
ressadas, algumas delas líderes de
mercado em seus segmentos, para
desenvolver pesquisas e produtos
com nossas equipes”, afirmou o
consultor do Núcleo Estratégico
do SENAI, Silmar Nunes.
O contrato mais recente, assi-
nado no final de outubro, é com a
Daxoil Refino S/A. A parceria vai
viabilizar o desenvolvimento de
um dispositivo de transporte mul-
Inovação na indústriaSENAI-BA fecha o ano com nove contratos da Embrapii, projeto piloto de pesquisa de novas tecnologias para a indústria
timodal de gás natural pelas áreas
tecnológicas de Materiais, Desen-
volvimento de produtos Industriais
e Automação do Cimatec. Com
investimento de R$ 1.175.625,00 –
divididos entre a empresa proces-
sadora de petróleo e derivados e a
FINEP, com recursos financeiros, e
o SENAI-BA, que entra com o capi-
tal humano e suas instalações –, o
projeto deve resultar num primeiro
protótipo, que deve ser testado no
segundo semestre de 2013.
O dispositivo, um cilindro feito
de compósito de resina poliéster
com fibra de vidro, permitirá o
transporte de gás natural por meio
de adsorção em carvão ativado,
aplicado em situações em que a
vazão do poço explorado não justi-
fica a implantação de um gasoduto.
Se os resultados forem positivos,
como se espera, o produto vai re-
presentar redução de custos e de
poluição para o meio ambiente.
representantes
da dexoil
durante a
assinatura de
contrato
perBras
»Desenvolvimento de um blowout
preventer BOP automatizado
cambuci s.a. – penalty
»Desenvolvimento de um novo
processo de manufatura de câmara
de ar para bolas esportivas
general motors do Brasil
»Pesquisa de tensões residuais e
análise dimensional/deformação
em chapas automotivas
estampadas quando submetidas a
soldagem a ponto por resistência e
a temperatura do processo de
pintura
»Pesquisa e análise quantitativa
dos fenômenos de superfície em
chapas metálicas
storeid desenvolvimento
de tecnologias
»Pesquisa e desenvolvimento
sistema de automação
storeid desenvolvimento de
tecnologias e Valid soluções e
serviços de segurança em meios
de pagamento e identificação
»Pesquisa e desenvolvimento de
um novo produto e sistema de
automação inteligente para
aplicação na gestão
pollux automation
»Desenvolvimento de processo
automatizado para linha de tijolos
refratários
daxoil
»Dispositivo de transporte
descontínuo multimodal de gás
natural adsorvido
projetos em andamento
circuito
Bahia Indústria 9
impacto do novo marco nos portos baianos iAnunciado pela presidente
Dilma, no início de dezembro
último, com a finalidade de
induzir investimentos, o
Pograma de Investimento em
Logística Portuária traz impactos
importantes para o setor na
Bahia. No caso do Porto de
Salvador, por exemplo, contratos
anteriores à Lei dos Portos (de
1993) serão licitados. Além disso,
o novo marco regulatório
permitirá mais agilidade ao
processo de concessão de um
novo terminal de contêineres,
aproveitando o espaço disponível
na área norte do porto. Alguns
investidores já manifestaram
interesse.
impacto do novo marco nos portos baianos iiEm relação ao Porto de Aratu,
cujos terminais estão com
capacidade saturada desde
meados da década de 1990, com
equipamentos e infraestrutura
deficientes, o novo marco
regulatório trará importantes
impactos. Contratos de terminais
anteriores à Lei dos Portos
também serão licitados. Podem
ocorrer ainda mudanças para
empresas do Polo Industrial de
Camaçari que operam carga
própria no porto e têm contratos
vencidos.
por Cleber borges
rodovias vão transportar menos cargasMais de metade da produção industrial e do
agronegócio no Brasil é transportada por
rodovias, em geral mal conservadas, o que
encarece o frete e, por conseguinte, o preço final
dos produtos. Segundo dados do Ministério dos
Transportes, em 2005, o modal rodoviário foi
utilizado para transportar 58% das cargas; em
2012, passou a 52%. Por ferrovias, foram 25%, em
2005; e 30%, em 2012. E por modal aquaviário,
permaneceu, no período, estagnado em 13%.
Previsão do ministério aponta um decréscimo
contínuo do modal rodoviário, de modo que, em
2015, ele representará apenas 30% do volume de
carga a ser transportado. A ferrovia passará a
36%, mas o destaque caberá às aquavias, que
deverão transportar 28%, mais que dobrando o
volume de carga em relação a 2012.
otimismo do empresário diminuiDezembro fechou com diminuição
do otimismo dos industriais
brasileiros, de acordo com
pesquisa feita pela CNI. O Índice
de Confiança do Empresário
Industrial (Icei), que varia de 0 a
100, oscilou e 58,3 pontos
percentuais em outubro para 57,4
em dezembro. A lenta
recuperação da economia
mundial e o fim das encomendas
de fim de ano deram o tom da
pesquisa. O ICEI ficou estável na
indústria da construção e na
indústria extrativa. Na indústria
de transformação, o índice caiu
em 19 dos 28 setores pesquisados.
Os empresários também estão
menos otimistas em relação ao
futuro. O indicador de
expectativas para os próximos
seis meses recuou de 62 pontos
para 61,1 pontos.
“se os indivíduos deFinem as situações Como reais, elas são reais em suas ConsequênCias.”W. i. thomas (1863-1947), sociólogo americano, no teorema segundo o qual a interpretação de uma situação causa a ação, gerando o chamado “efeito Pigmalião.”
10 Bahia Indústria
FOTOS HAROLDO ABRANTES/COPERPHOTO/SISTEMA FIEB
Visitantes
da Fenagro
conhecem
stand do
sindipacel/Abaf
sindileite pede prorrogação da isenção do icms
Por conta da seca que atinge
260 dos 417 municípios baianos,
a estimativa de queda da produ-
ção de leite do estado para 2012
deve fechar em 30%, segundo
cálculos do Sindicato das Indús-
trias de Laticínios e Produtos
Derivados do Leite do Estado da
Bahia (Sindileite). Para amenizar
os danos causados pela estia-
gem, a entidade pediu, no dia 30
de novembro, a prorrogação da
isenção do ICMS até dezembro
de 2013.
De acordo com o presidente do
sindicato, Paulo Cintra Santos, o
governo se mostrou sensível ao
pleito por entender que a recu-
peração da cadeia vai demorar
por estar associada ao retorno da
normalidade pluviométrica. A
falta de água no semiárido dimi-
nuiu os rebanhos e obrigou os la-
ticínios a comprar leite de outros
estados. A situação é mais grave
para as micro e pequenas empre-
sas, que não têm como importar
o produto. De acordo com o Sin-
dileite, até outubro, 12 empresas
fecharam as portas, gerando o
corte de 100 empregos diretos e
cerca de 500 indiretos.
Sindpacel apresenta manejo de florestas na Fenagro
sindicatos
sindratar-bA comemora 15 anos de fundação
No dia 30 de novembro, o Sindicato da Indústria
de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar do
Estado da Bahia (Sindratar-BA) comemorou 15 anos
de sua fundação com a presença dos empresários do
segmento, profissionais e organizações parceiras.
Na oportunidade, foram homenageados todos os ex-
-presidentes do Sindratar-BA. De acordo com o atual
presidente da entidade, Raimundo Dunezeu, esta foi
uma maneira de reconhecer o importante trabalho
que realizaram em prol da entidade.
O Sindicato das Indústrias do Papel, Papelão e Celulose do Estado da
Bahia (Sindpacel), em parceria com a Associação Baiana das Empresas
de Base Florestal (Abaf), marcou presença na Fenagro, que aconteceu
de 28.11 a 2.12, no Parque de Exposições de Salvador. As duas entidades
tiveram um espaço na área de 200m² destinada às cadeias produtivas,
onde os stands foram construídos em eucalipto, bem como o parque de
diversões e as áreas das secretarias de governo. A Fenagro recebeu mais
de 200 mil visitantes, entre os quais 15 mil alunos de escolas públicas
e privadas, que conheceram as diversas cadeias produtivas em visitas
assistidas. Os professores e monitores de cada turma receberam uma
cartilha educativa e folder do Sindpacel/Abaf.
Bahia Indústria 11
qualidade de
impressão
foi discutida
em seminário
desfile
apresentou
as tendências
da moda da
indústria de
vestuário
sindicer avalia a produtividade na indústria cerâmica
Empresas da indústria cerâmica de várias regiões
do estado participaram do encontro promovido pelo
Sindicato das Indústrias de Cerâmica para Constru-
ção e Olaria do Estado da Bahia (Sindicer), Sistema
FIEB e Sebrae, dia 20 de novembro, no Hotel Marina
Riverside, em Lauro de Freitas.
As discussões giraram em torno das formas de me-
lhorar resultados na indústria cerâmica. O presidente
do Sindicer, Jamilton Nunes, destacou a importância
do evento pela oportunidade de congregar os cera-
mistas e conscientizá-los para a importância de unir
esforços para assegurar o desenvolvimento do seg-
mento. O assessor-técnico da Associação Nacional da
Indústria Cerâmica (Anicer), Edvaldo Maia, apontou
a implantação de um sistema de gestão da qualida-
de como fundamental para a melhoria dos processos
produtivos.
indústria gráfica debate gestão e novas tecnologias
Gestão e novas tecnologias voltadas para a área
gráfica foram debatidos durante o XI Seminário da
Indústria Gráfica, realizado pelo SENAI-BA, em par-
ceria com o Sindicato das Indústrias Gráficas do Esta-
do da Bahia (Sigeb). O presidente do sindicato, Josair
Bastos, fez a abertura do evento, realizado nos dias
28 e 29 de novembro, no SENAI Dendezeiros, em Sal-
vador. O seminário reuniu renomados profissionais
do mercado gráfico brasileiro, como o engenheiro
gráfico e consultor de empresas, Thomaz Caspary, o
supervisor de produto de pré-impressão e impressão
digital da Heidelberg do Brasil, Márcio Ribeiro, e o
economista Silvio Araujo Netto, consultor da CNI pa-
ra a Indústria Gráfica, que falou sobre os segredos de
sucesso dos empresários gráficos.
Feira ganha centro de designEm parceria com o Sindicato da Indústria do Vestuário de Feira de San-
tana e Região (Sindvest), foi inaugurado, no dia 12 de dezembro, no SENAI
de Feira de Santana, o Centro de Design, que vai oferecer os serviços de
impressão de risco, digitalização e desenvolvimento de modelagem, gra-
duação e design estratégico. O objetivo é aumentar a competitividade da
indústria de confecção da região. O evento contou com palestras sobre
Modelagem 3D e as tendências do inverno de 2013, além de desfile e co-
quetel. Na ocasião, foram coletadas as doações de material de vestuário,
feitas pelos empresários, que serão entregues a entidades assistenciais.
encontro discute melhoria dos produtos da cadeia da construção
A necessidade de modernização e inovação
nas técnicas de produção e a melhoria da qualida-
de dos produtos foi um dos temas discutidos du-
rante o Encontro Nacional Empresarial da Cadeia
Produtiva da Indústria da Construção, realizado
no dia 22 de novembro, no auditório da Federação
das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB). Com o
objetivo de melhoria da qualidade dos produtos
da cadeia, foi lançado durante o encontro o Selo
de Qualidade Sinprocim-BA (SQS).
O presidente do Sinprocim-BA, Carlos Gantois,
observou que é preciso difundir os produtos de
cimento, racionalizando processos e garantindo
produtividade, sem perder de vista o desempe-
nho e a qualidade. O evento contou com a parti-
cipação do secretário de Infraestrutura do Estado
e vice-governador, Otto Alencar, e do presidente
executivo do Sindicato Nacional das Indústrias
de Produtos de Cimento (Sinaprocim), Rober-
to Petrini. O presidente da FIEB, José de Freitas
Mascarenhas, anunciou durante o evento que o
SENAI já está autorizado a implantar nas Facul-
dades SENAI curso de engenharia civil voltado
para as necessidades da indústria.
REGINALDO PEREIRA/COPERPHOTO/SISTEMA FIEB
12 Bahia Indústria
Até 2015, o setor de mine-
ração da Bahia deve mo-
vimentar R$ 7,5 bilhões
ao ano, com investimen-
tos privados de R$ 18,8 bilhões
anunciados. Em 2012, o setor deve
fechar o ano com uma movimen-
tação de R$ 2,5 bilhões, segundo
estimativa da Secretaria da In-
dústria, Comércio e Mineração do
Estado da Bahia (SICM). Os dados
foram anunciados durante o IX Se-
minário Nacional de Arranjos Pro-
dutivos Locais de Base Mineral, na
Federação das Indústrias do Esta-
do da Bahia (FIEB).
Na cerimônia de abertura, o
então superintendente da indús-
tria e Mineração da SICM, Albert
Hartmann, ressaltou que, essa
alavancagem será possível com
a realização de projetos de infra-
estrutura, a exemplo da constru-
ção da Ferrovia Oeste–Leste e do
Porto Sul. Além disso, foram des-
tacadas as ações do governo pa-
ra o setor, com destaque para os
projetos de fomento da produção
de mármore, cerâmica vermelha,
gemas e joias.
Com o objetivo de estimular a
integração das entidades repre-
sentativas de diversos setores de
atividades econômicas de base
mineral, o seminário discutiu
ideias para ajudar os APLs a se
inserirem de forma competitiva
no mercado globalizado. “As so-
luções que estaremos discutindo
para o futuro devem contemplar
ideias inovadoras para a transfor-
mação da nossa realidade”, pon-
tuou o vice-presidente da FIEB,
Reinaldo Sampaio.
E essa transformação precisa
ocorrer logo. Segundo o diretor do
departamento das Indústrias In-
tensivas em Mão de Obra e Recur-
sos Naturais da Secretaria do De-
um setor em crescimento
por marta erhardt Foto João alvarez
MinerAçãoEstimativas apontam que o setor deve receber, até 2015, investimentos de R$ 187 bilhões da iniciativa privada
senvolvimento da Produção do Ministério de Desen-
volvimento, Indústria e Comércio Exterior, Marcos
Otávio Prates, o setor de construção civil deve crescer
1% acima do PIB brasileiro em 2012 e a cadeia produ-
tiva precisa estar preparada para atender à crescente
demanda.
entravesA dificuldade de acesso das micro e pequenas em-
presas (MPEs) às políticas de inovação e a recursos
foram apontadas, pelos empresários do setor, como
um dos principais entraves para o desenvolvimento
dos APLs de base mineral.
No módulo Visão Empresarial
das Políticas Públicas de Apoio aos
APLs de Base Mineral, Reinaldo
Sampaio, também diretor-presi-
dente da Associação Brasileira da
Indústria das Rochas Ornamentais
(Abirochas), criticou a ausência
de políticas de inovação para as
MPEs. “É preciso compreender o
universo das micro e pequenas em-
presas para que se possa elaborar
políticas públicas de inovação pa-
ra as empresas do setor”, defendeu.
Bahia Indústria 13
Já o presidente do Sindicato da
Indústria da Cerâmica Vermelha
(Sindicer) e vice-presidente da
Associação Nacional da Indústria
Cerâmica (Anicer), Jamilton Nu-
nes, apontou como empecilhos a
falta de integração das ações de-
senvolvidas pelos órgãos públicos
e instituições privadas parceiras
e a morosidade na execução das
ações e burocracia excessiva por
parte dos órgãos públicos.
Como sugestão para melhoria
deste cenário, ele propôs a criação
de ações de fortalecimento e pro-
moção das governanças compro-
metidas com resultados; a oferta
de linhas de crédito com juros
especiais, propícias às pequenas
empresas, além da criação de cur-
sos de qualificação técnica em ce-
râmica e a inserção de matérias na
grade curricular de cursos técni-
cos em edificação e mineração. O
seminário aconteceu entre os dias
8 e 11 de outubro.
A capacidade produtiva do setor
de mármore Bege Bahia cresceu
40% em 5 anos. O crescimento
ocorreu depois da implantação do
APL Bege Bahia, que contribuiu,
ainda, para o incremento de R$ 1,5
milhão dos negócios gerados pelo
setor. Os dados foram apresenta-
dos durante o módulo “Práticas de
governança em APLs”, que inte-
grou a programação do seminário.
O exemplo do APL Bege Bahia
foi uma das experiências exitosas
de governança de APLs de base
mineral apresentadas durante o
evento. De acordo com o presi-
dente do Sindicato das Indústrias
de Mármores, Granitos e Similares
da Bahia (Simagran-BA), Marcos
Regis Andrade, o crescimento da
capacidade produtiva foi possível
com a inovação tecnológica e a
mudança de atitude por parte do
empresariado. As nove empresas
que integram o Polo das Regiões
Metropolitanas de Salvador e Fei-
ra de Santana, que antes atuavam
apenas com beneficiamento, pas-
saram a atuar em toda a cadeia
produtiva, com distribuição, lo-
gística e consultoria.
Constituído em 2007, o APL
adota atualmente, no Polo das
Regiões Metropolitanas de Salva-
dor e Feira de Santana, o modelo
de gestão participativa induzida.
“Nós ouvimos as necessidades
dos empresários e apresentamos
novas demandas do arranjo pro-
dutivo, fomentamos novas situ-
ações”, explica o presidente do
Simagran-BA. [bi]
Bege Bahia apresenta experiência de governança
cadeia
produtiva do
bege bahia
registrou
crescimento de
40% em 5 anos
14 Bahia Indústria
Considerada estratégica para assegurar a mo-
dernização industrial e da própria indústria de
tecnologia da informação local, a Federação das
Indústrias do Estado da Bahia promoveu, no dia 23
de novembro, o seminário O Cenário de TI na Bahia:
Perspectivas e Oportunidades. Nos discursos, pales-
tras e debates, uma certeza: o setor necessita de uma
sinergia de ações para fomentar iniciativas que con-
tribuam para seu desenvolvimento na Bahia.
A indústria eletrônica movimentou US$ 96 bilhões
em 2011 em todo o Brasil e os serviços relacionados à
TI apresentaram crescimento de 61% nos últimos três
anos, segundo dados da Brasscom (Associação Bra-
sileira das Empresas de Tecnologia da Informação e
Comunicação). Esses números apontam a importân-
cia da área, fundamental para dar suporte à competi-
tividade e modernização da indústria local.
“O desenvolvimento da TI é decisivo para a compe-
titividade e o crescimento do país, pois ela participa
do desempenho de todos os setores da vida moderna
e seu maior uso traz ganhos reais para toda a econo-
mia”, defendeu o presidente da FIEB.
Articulação pelo avanço da TIFIEB mobiliza empresários e governo para discutir destinos da tecnologia da informação e seus desafios na Bahia
A indústria
eletrônica
movimenta
us$ 96 bilhões
no brasil
em 2011
Ele ressaltou, também, que a Bahia não conseguiu
avançar consideravelmente no desenvolvimento da
TI, mas reconheceu ações importantes neste senti-
do, como a inauguração do Parque Tecnológico, em
setembro deste ano. “O que diagnosticamos é que
temos ações isoladas. Creio que se agirmos em con-
junto teremos sinergia e ousadia para avançar. Essa
união vai apontar o que precisamos fazer em pesqui-
sa, capacitação de pessoal e programas de financia-
mento”, pontuou Mascarenhas.
A articulação entre governo, academia e empresas
para a melhoria do setor também foi defendida pelo
presidente da Associação para Promoção da Excelên-
cia do Software Brasileiro (Softex), Rubén Delgado,
que apontou como principais necessidades a cria-
ção de um planejamento estratégico para a área na
Bahia, a capacitação de mão de obra de acordo com
as necessidades das empresas locais e o incentivo à
elaboração de projetos de pesquisa.
Entre as ações para a melhoria do setor no estado,
foi apresentada a criação da Associação das Indús-
trias de Eletroeletrônicos, Telecomunicações e In-
formática do Polo de Ilhéus (Assipi), constituída em
abril deste ano.
No que diz respeito à capacitação de mão de obra
para a área, o diretor Regional do SENAI-BA, Leone
Peter, apresentou as ações da instituição, a exem-
plo dos cursos técnicos, de qualificação, graduação
e pós-graduação, além de outras iniciativas, como o
Programa de Aprendizado Jovem (Proaj), realizado
em parceria com a Secretaria de Ciência, Tecnologia
e Inovação (Secti), com o objetivo de capacitar alunos
do ensino médio da rede pública em Tecnologia da
Informação e Comunicação (TIC).
Os projetos do governo estadual para a expansão
do setor foram apresentados pelo secretário da Tec-
nologia, Paulo Câmera, incluindo a inauguração do
Parque Tecnológico. [bi]
Bahia Indústria 15
Baianos destacam-se em premiação nacionalNo Prêmio IEL Nacional de 2012, três empresas da Bahia se destacaram pelo incentivo a ideias inovadoras desenvolvidas por seus estagiários
A Bahia destacou-se no Prêmio IEL de Estágio
2012, com três empresas contempladas na pre-
miação, realizada na sede da Confederação Na-
cional da Indústria (CNI), em Brasília, no dia 16 de
outubro. As empresas Lacerta Ambiental e Petrobras
foram vencedoras das categorias Micro e Pequenas
Empresas e Grande Empresa, respectivamente. Já a
Portugal Telecom Inovação Brasil ficou com o segun-
do lugar na categoria Média Empresa.
O vencedor na categoria Micro e Pequena Empre-
sa, Cecil Pergentino Fazolato, de 25 anos, fez estágio
na Lacerta Ambiental, empresa de análises biológi-
cas, instalada em Salvador. Ele desenvolveu uma
técnica de análise que serve para o monitoramento
ambiental e avaliação da qualidade da água para or-
ganismos vivos, como peixes e camarões.
“Um teste semelhante custa em média R$ 1.200
e leva 45 dias para ficar pronto. Ele conseguiu de-
senvolver um teste no laboratório que custa de R$
10 e a resposta sai em 12 horas. Resposta muito mais
imediata e um ganho de custo”, contou o diretor de
Projetos da Lacerta Ambiental, Henrique Browne,
que também recebeu um troféu pelo incentivo dado
ao desenvolvimento de Cecil no estágio. “Sou muito
grato ao suporte que a empresa me deu para conse-
guir fazer o projeto e continuar a desenvolver conhe-
cimento, fazendo pesquisa na minha área”, afirmou o
estudante de biologia, hoje contratado pela empresa.
Já Tiago Cabral Santos Pestana, de 24 anos, de
Salvador, fez estágio na Petrobras e atualmente mo-
ra na Alemanha, onde faz mestrado em Engenharia
Mecânica. O estudante, que desenvolveu a primeira
versão de um simulador que visa otimizar a produção
de poços de petróleo, foi orientado pelo engenheiro
de petróleo Manuel de Almeida Barreto Filho.
“Mediante um programa estruturado, estamos
dando oportunidade, incentivando e contribuindo
para a formação de centenas de jovens que estão an-
siosos para se capacitar e se lançar no mercado de
trabalho. Ao mesmo tempo, aproveitamos a motiva-
ção, a iniciativa e a criatividade demonstradas por
estes jovens, para produzir conhecimento, aprimorar
práticas e antecipar etapas”, avalia Barreto Filho.
Outro baiano, Raphael Augusto de Souza, da Por-
tugal Telecom Inovação Brasil, ficou com o segundo
lugar na categoria Média Empresa. “O programa de
estágio da Portugal Telecom é uma importante fonte
de contratação de novos pesquisadores, funcionando
como uma porta de entrada de novos conhecimentos,
competências e inovação, e a atribuição destes prê-
mios pelo IEL vem reconhecer nossa atitude e traba-
lho diferencial com os estagiários e com os projetos
que eles desenvolvem na empresa”, destaca o diretor
do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Softwa-
re da Portugal Telecom, Fernando Alves.
O Prêmio IEL de Estágio identifica e divulga as me-
lhores práticas de estágio no país. [bi]
solenidade
ocorreu na
sede da cNi,
em brasília
CNI DIVuLGAçãO
16 Bahia Indústria
ogística. Na equação do desempenho eco-
nômico, esta é uma das variáveis mais sig-
nificativas quando se trata de aferir com-
petitividade. Neste contexto, o Nordeste
brasileiro, em razão de um processo histó-
rico de falta de investimentos, vem apre-
sentando gargalos infraestruturais que
elevam os custos da produção na região, altamente
concentrada no modal rodoviário, que é mais oneroso.
No sentido de contribuir para propor soluções pa-
ra minimizar os efeitos destes gargalos, a Confede-
ração Nacional da Indústria (CNI) realizou o estudo
Nordeste Competitivo, que aponta a necessidade de
R$ 25,8 bilhões em investimentos na infraestrutura
logística. Os recursos seriam necessários para reali-
zar 83 projetos listados no levantamento como prio-
ritários, a serem implementados até 2020, sob pena
de a região assistir ao travamento do escoamento da
produção dos seus nove estados para o mercado in-
terno e para exportação.
Embora o levantamento tenha levado em conta o
cenário da região como um todo, sem se concentrar
ao estudo de cada estado individualmente, Olivier
Girard, diretor da Macrologística, consultoria que
executou o Nordeste Competitivo, faz algumas consi-
derações sobre a situação da Bahia.
Na avaliação dele, o que se vê é um estado com um
grande potencial de crescimento, tanto de produção
nos setores do agronegócio, quanto extrativista e in-
dustrial. Mas a concentração da matriz de transporte
no modal rodoviário, que representa 90% do trans-
porte de cargas no estado, além do subaproveitamen-
to dos modais hidroviário e ferroviário, eleva os cus-
tos logísticos de transporte na Bahia.
Girard aponta a utilização da hidrovia do São
Francisco e a implantação da Ferrovia Oeste Les-
te (Fiol) como soluções para amenizar o excesso de
carga transportadas nas rodovias baianas, a exem-
plo da BR-242. Mas o maior problema do estado, na
avaliação do consultor, são as dimensões territoriais
que exigem investimentos muito altos, elevando os
custos de transporte. “Trazer produção do oeste do es-
tado por via ferroviária é um investimento muito alto
e ainda não há volume de carga para baixar os custos.
por Patrícia moreiraFotos João alvarez
Estudo da CNI aponta a necessidade de investimentos de R$ 25,8 bilhões em 83 projetos prioritários para reduzir o custo da produção no Nordeste
o transporte
rodoviário
concentra a
movimentação
de cargas no
Nordeste
infrAestrUtUrA e CoMPetitividAde
Bahia Indústria 17
18 Bahia Indústria
por carolina mendonça
se, de um lado, para alcançar competitividade o
Brasil precisa de investimentos na macroinfra-
estrutura, é no âmbito das cidades, especifica-
mente das metrópoles, que a falta de investimentos
está afetando a vida das pessoas e comprometendo o
desempenho dos diversos setores produtivos, inclu-
sive, da indústria. O principal fator, neste caso, é o
comprometimento do tempo de deslocamento do tra-
balhador de casa para o trabalho.
Pensar as cidades que integram a Região Metropo-
litana de Salvador como um sistema integrado foi a
proposta defendida pelos especialistas convidados
do seminário da Agenda Bahia 2012, sobre “Infraes-
trutura - Metrópole Baiana”. O seminário aconteceu
na sede da Federação das Indústrias do Estado da
Bahia (FIEB), no dia 31 de outubro, realizado pelo jor-
nal Correio e pela rádio CBN.
Responsável pela palestra de abertura, o presiden-
te da Federação das Indústrias do Estado da Bahia,
José Mascarenhas, sintetizou a proposta fazendo
uma crítica à atual forma de administrar: “Deve-se
pensar as cidades como um todo. Os governos não es-
tão omissos, os gestores têm buscado soluções, mas
estas são pontuais e isoladas”, disse.
Mascarenhas apresentou dados que mostram a
situação caótica em que a capital baiana e seu entor-
no se encontram. Apontado como um dos locais com
qualidade de vida mais baixa entre 21 cidades pes-
quisadas pela Proteste este ano, Salvador teve a pior
pontuação no quesito mobilidade urbana. De acordo
com o estudo, aproximadamente 61% dos soteropoli-
Repensar e integrar a RMSEspecialistas em arquitetura e urbanismo defendem planejamento para as 13 cidades que compõem a RMS a fim de amenizar gargalos
Logo, é preciso um volume maior de movimentação e
isso só vai viabilizar o modal se ele também escoar a
produção das minas de Caetité”, destaca Girard.
O coordenador do estudo também aponta a cabo-
tagem como um potencial de transporte pouco ex-
plorado ao longo do litoral do Nordeste e que poderia
contribuir para reduzir os custos produtivos. Mas a
Bahia também carece de investimentos nos portos:
“O terminal de contêineres de Salvador já está satu-
rado; o Porto de Aratu tem grande potencial, mas é
pouco explorado, e o de Ilhéus é pouco representati-
vo, é preciso fazer investimento em um novo porto”,
destaca Olivier Girard.
PrioridadesAs ferrovias e os portos são os modais que mais
precisam de investimentos na região. Juntas, as du-
as malhas vão demandar 90% dos R$ 25,8 bilhões de
recursos para atender aos projetos de logística priori-
tários. Outros 9% devem ser investidos nas rodovias
e 1% nas hidrovias.
Os investimentos teriam retorno em pouco mais
de quatro anos com a economia de gastos logísticos.
Atualmente, o Nordeste despende em torno de R$
30,2 bilhões com transportes, incluindo gastos com
frete interno, pedágios, transbordo e terminais, tari-
fas portuárias e frete marítimo. Entretanto, no longo
prazo, a infraestrutura da região demanda investi-
mentos mais robustos. Seriam necessários R$ 71 bi-
lhões para contemplar os 196 projetos.
Com a realização do Nordeste Competitivo, o setor
produtivo quer contribuir com um volume maior de
investimentos. Atualmente, 15,7% dos projetos que
estão em estudo ou em andamento na região Nordes-
te contam com a participação da iniciativa privada.
A conclusão é que aumentar esse volume é neces-
sário para alavancar a competitividade da indústria
nacional. "A infraestrutura não está colaborando
como poderia, e deveria, para aumentar a competi-
tividade do nosso país. A infraestrutura é um meio
de elevação da eficiência da indústria", explica o
presidente da Federação das Indústrias do Estado da
Bahia (FIEB), José de Freitas Mascarenhas, que coor-
dena o Conselho de Infraestrutura da CNI.
Uma simulação do crescimento da produção até
2020 mostra que, se nenhum investimento for feito
nos próximos oito anos, nove rodovias estarão sendo
utilizadas acima de suas capacidades, entre elas os
trechos das BR-116 e a BR-242 que cortam a Bahia.
Bahia Indústria 19
o presidente
da Fieb
defende que é
preciso definir
prioridades no
longo prazo
tanos levam até mais de duas horas, diariamente, em
seu percurso para o trabalho.
O problema é a consequência mais evidente de
muitos anos sem um planejamento global para a in-
fraestrutura da cidade, que envolve serviços de trans-
porte, fornecimento de energia, água e esgoto, coleta
de lixo, entre outros. “É preciso reunir os prefeitos
com arquitetos e urbanistas para definir prioridades
de longo prazo”, defendeu o presidente da FIEB.
O economista e diretor-geral do Instituto de Pes-
quisas Sociais, Fernando Pedrão, lembrou que o esta-
do já teve planos diretores pioneiros elaborados pela
Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado
da Bahia (Conder), órgão que, em sua opinião, preci-
sa ter o seu papel resgatado pelo governo. “A Bahia já
contou com bons projetos de planejamento e equipes
competentes; é preciso reativar esta função da Con-
der”, acredita.
Por conta do impacto que gera na vida de sotero-
politanos e dos habitantes da RMS como um todo,
o tema mobilidade e a questão do caos no trânsito
ganhou destaque no debate. Como solução para o
problema, os representantes do governo estadual – o
vice-governador e secretário de Infraestrutura (Sein-
fra), Otto Alencar, e o secretário de Planejamento,
José Sérgio Gabrielli – defenderam a realização de
grandes obras viárias, como os viadutos e a amplia-
ção de pistas.
Já a professora de Arquitetura e Urbanismo da Uni-
versidade Federal da Bahia (Ufba), Ana Fernandes,
se posicionou a favor da ampliação e melhoria dos
espaços públicos, em detrimento dos interesses de
alguns segmentos empresariais. “Como fazer política
pública sem privilegiar os setores automobilístico e
da construção? É preciso pensar prioritariamente nas
pessoas que utilizam a cidade, atuando por meio de
consórcios municipais. Uma cidade não se faz só de
objetos, de conjuntos de concreto”, criticou.
20 Bahia Indústria
» maNueL HerceUrbanista espanhol, um dos autores do projeto de reurbanização de Barcelona
propostas e soLuçõesEspecialistas convidados da Agenda Bahia apontam caminhos para melhorar a infraestrutura das cidades da RMS com foco na integração
» carLos LeiteArquiteto e urbanista, sócio do escritório Stuchi & Leite
» aNa FerNaNdesProfessora de arquitetura e urbanismo da UFBA
» sérgio magaLHãesUrbanista, ex-secretário de Habitação do Rio de Janeiro
“o povo tem uma inteligência objetiva; ele sabe o que é melhor e precisa ser ouvido e participar das decisões”
“o problema não são os carros em si, mas os espaços que os engenheiros projetam para os carros circularem”
“o patrimônio não pode ficar congelado no tempo e as praias têm que voltar a ser utilizadas”
Um dos responsáveis pelo projeto de reurbanização de Barcelona no fim dos anos 1990, ele acredita que as intervenções na cidade devem ser pautadas por investimentos privados adequados a um projeto municipal. O especialista criticou a falta de espaço para os pedestres em Salvador e fez sugestões para a capital baiana, entre elas, a construção de calçadões em algumas áreas, como no trecho Iguatemi-Rio Vermelho, melhoria dos acessos às praias, reocupação da área do Comércio com novas tecnologias e interligação da Arena Fonte Nova com o Centro Histórico. Herce enfatizou que é contra o aumento de vias como solução para o trânsito da cidade. O investimento deve ser concentrado no transporte coletivo.
Na opinião dele, Salvador não precisa crescer um metro quadrado sequer para atender à demanda dos seus habitantes”, garante. Na avaliação do urbanista, a população brasileira já demonstrou capacidade de encontrar soluções interessantes para os problemas das cidades e, portanto, deve ser incluída nas ações de intervenção urbana. Ele também defende o adensamento eficiente das cidades e a ocupação de áreas pouco exploradas, mesclando habitação e comércio. Ele chamou a atenção, porém, para os passivos ambiental e social resultantes da ausência do Estado na maior parte do território das cidades.
“a maior parte das intervenções beneficiam este ou aquele grupo empresarial e todos pagamos o preço”
Decisão política em favor da população é o que é preciso para mudar a infraestrutura das cidades. A avaliação dela é que as pessoas acabam se isolando em suas áreas e, fechadas em seus muros, cada vez mais amedrontadas, buscando soluções individuais para os problemas da segurança, de estacionamento e de trânsito. Ela criticou o que chamou de "padronização de projetos urbanísticos", que sufocam a cultura e as soluções criadas por cada população.
O arquiteto defende que é preciso dar um freio na expansão. Em vez de construir pontes, ruas, avenidas, bairros, a solução que tem se mostrado mais inteligente e viável é o adensamento vertical com qualidade de vida. Os exemplos de sucesso no processo de “reinvenção” urbana – Bogotá, na Colômbia; Portland, nos EUA, e Barcelona, na Espanha – passam por medidas que privilegiam o espaço dos pedestres, a recuperação dos centros históricos e a ocupação mista (residencial e comercial) de áreas pouco habitadas. Ele defende que o modelo de expansão praticado até o fim dos anos 2000 está caduco, pois aposta em grandes obras que acabam excluindo a população, e uma cidade tem que ser boa para as pessoas.
Bahia Indústria 21
KIPP School: um pacto pela excelência no ensinoFundador de programa americano que vem transformando a vida escolar de estudantes de baixa renda apresenta a experiência em seminário do SESI
o sucesso na educação é, na
opinião de Michael Fein-
berg, um dos fundadores
do programa americano Knowled-
ge Is Power Program (programa
conhecimento é o poder, na tra-
dução do inglês), ou KIPP School,
uma questão conceitual. A convic-
ção é que tudo é uma questão de
mentalidade. Neste caso especí-
fico, de encarar a experiência do
sucesso na educação como algo re-
compensador e assim conduzir os
alunos a encararem a experiência
de estudar como uma conquista.
Se à primeira vista os objetivos
de Feinberg parecem ser intangí-
veis, a realidade é que, na práti-
ca, ele se concretiza para 39 mil
estudantes americanos das 125
KIPP Schools espalhadas por 20
estados americanos e Distrito de
Columbia. Com um programa que
envolve professores qualificados e
motivados, alunos e a comunida-
de, o KIPP School está conseguin-
do elevar os índices de aproveita-
mento escolar de estudantes de
baixa renda das escolas públicas
dos Estados Unidos.
Para apresentar a experiência,
o Serviço Social da Indústria (SE-
SI), em parceria com o Instituto
Fernando Braudel, convidou o
professor Michael Feinberg, um
dos fundadores da KIPP School,
para participar do I Seminário de
Práticas de Excelência em Educa-
ção, no auditório da Escola Djalma
Pessoa, do SESI Piatã.
O superintendente do SESI,
Wagner Fernandes, destacou a
importância de se partilhar esta
experiência, que vem conseguin-
do um índice de aprovação de 94%
dos estudantes envolvidos na pro-
posta. O americano naturalizado
brasileiro Norman Gall, do Insti-
tuto Fernando Braudel, deu seu
testemunho: “Vimos uma mobili-
zação de talentos, um amor pelo
trabalho e pelos estudos, que nos
surpreendeu.” Para Gall, a expe-
riência serve de referência para o
Brasil. “Todo mundo faz o que po-
de, mas é preciso uma visão mais
estratégica do problema.
O trabalho que vem transfor-
mando a realidade de estudan-
tes de baixa renda americanos é
baseado na ampliação do tempo
diário de estudo – os estudantes
têm a jornada ampliada até as 17
horas – e em uma forte cultura de
liderança, somada a uma liberdade
de inovação na proposta de ensino
atribuída aos professores, além de
foco na obtenção de resultados pa-
ra monitorar e preservar os níveis
de sucesso obtidos. “O KIPP não é
uma mágica, mas uma experiência
a ser vivenciada”, acrescenta. [bi]
Feinberg
apresenta o
modelo de
competência
de liderança da
KiPP school
22 Bahia Indústria
marconi
Andraos na
abertura do
seminário
na Bahia, metade das pe-
quenas e médias empresas
desenvolvem alguma ação,
ainda que, pontual, na área de res-
ponsabilidade social, o que revela
a necessidade de avanços neste
campo. A conclusão é da II Pesqui-
sa FIEB de Responsabilidade So-
cial Empresarial nas Indústrias do
Estado da Bahia, divulgada duran-
te o Seminário Gestão Sustentável,
que aconteceu no dia 29 de novem-
bro, no auditório da FIEB.
O levantamento mostra que
54,7% das pequenas empresas e
52,9% das médias empresas pes-
quisadas desenvolvem ações pon-
tuais de responsabilidade social.
Além disso, o foco de investimento
está em programas voltados para
a qualidade de vida e desenvolvi-
mento dos empregados, com mé-
dia de 39,2% entre as empresas de
pequeno porte e 47,1% nas médias
um desafio para as pequenas empresasMetade das pequenas e médias empresas engajam-se em programas de responsabilidade social na Bahia
indústrias baianas cadastradas
no Guia Industrial responderam
ao questionário no período de no-
vembro de 2010 a maio de 2011.
A coordenadora de Respon-
sabilidade Social Corporativa da
Gerência de Desenvolvimento Sus-
tentável da FIEB, Luciana Abud,
que coordenou a pesquisa, desta-
cou a dificuldade de se fazer uma
análise comparativa entre o estu-
do atual e o realizado em 2005, por
conta da diferença do perfil das
empresas participantes.
Em 2005, a pesquisa contou
com a participação de 163 empre-
sas, sendo que 46% deste total era
de pequenas empresas, 37% de
médias e 17% de grandes. Já em
2010, entre as 200 empresas pes-
quisadas, 74% eram de pequeno
porte, 17% de médio e 9% de gran-
de porte. Além disso, houve uma
mudança da localização geográ-
fica. Enquanto em 2005 70% das
empresas pesquisadas estavam
localizadas em Salvador e Região
Metropolitana, em 2010, 75% do
total estava no interior do estado.
A coordenadora do estudo des-
taca que, em relação à forma de
gerenciamento da responsabilida-
de social nas empresas, o percen-
tual das que já contam com uma
política sobre o assunto explici-
tada saltou de 50% em 2005, para
77,8% em 2010 entre as grandes
empresas. [bi]
empresas. Já entre as grandes ins-
tituições, 88,9% atuam com pro-
gramas que consideram todas as
partes interessadas.
“Nossa ação principal é conti-
nuar nesse esforço de sensibiliza-
ção. Nós entendemos as dificul-
dades diárias operacionais das
micro e pequenas empresas, mas
precisamos trabalhar ainda mais
para disseminar a cultura da res-
ponsabilidade social, lembrando
que isso afeta a sustentabilidade
delas no mercado”, destacou o
coordenador do Conselho da Res-
ponsabilidade Social Empresarial
(Cores) da FIEB, Marconi Andraos
de Oliveira.
Um dos principais objetivos da
pesquisa, elaborada pelo SESI-BA,
foi identificar a situação atual das
práticas de RSE na indústria da
Bahia e as principais tendências
para os próximos anos. Duzentas
Os conselhos da Micro e Pequena
Empresa (Compem) e de Relações
Trabalhistas (CRT), coordena-
dos, respectivamente, por Carlos
Gantois e Homero Arandas, con-
vidaram o deputado federal Júlio
Delgado (PSB-MG), autor da pro-
posta que institui o Programa de
Inclusão Social do Trabalhador
Informal (Simples Trabalhista)
para as Microempresas e Empre-
sas de Pequeno Porte, para parti-
cipar da reunião conjunta, no dia
26 de novembro, na sede da Fede-
ração das Indústrias do Estado da
Bahia (FIEB).
Na ocasião, representantes dos
sindicatos da indústria, juristas,
advogados e magistrados fizeram
Bahia Indústria 23
conselhos
A ISO 26000 – Diretrizes sobre Responsabilidade
Social foi lançada em 8 de dezembro de 2010, na
Suíça. De acordo com a norma, “a responsabili-
dade social se expressa pelo desejo e pelo pro-
pósito das organizações em incorporarem con-
siderações socioambientais em seus processos
decisórios e a responsabilizar-se pelos impactos
de suas decisões e atividades”.
O presidente do Sindicato da Indústria de
Papel e Celulose da Bahia (Sindpacel), Jorge Ca-
jazeira, é o presidente mundial da ISO 26000, à
frente de um comitê que congrega 200 pessoas
de 110 países. Ele comemora os resultados. Desde
que foi criada, a norma teve 20 mil cópias impres-
sas, em 34 idiomas. O Brasil é o terceiro país em
cópias vendidas da ISO, com 3 mil exemplares.
Entre as empresas que já estão adotando a IS0
26000 estão Suzano, Petrobras e Serasa.
Autor do Simples Trabalhista apresenta proposta na FIEB
Além do conhecimento técnico, o
profissional de engenharia precisa
agregar competências nas áreas de
ciências humanas, como gestão,
psicologia e comunicação, da mes-
ma forma que as instituições de
ensino precisam investir mais em
cursos de extensão, especialmente
em áreas como a engenharia naval.
Esta é a principal conclusão
do seminário Formação de Enge-
nheiros para a próxima década: a
visão do setor industrial da Bahia,
realizado no dia 5 de dezembro, no
auditório da Federação das Indús-
trias do Estado da Bahia (FIEB),
durante o qual se discutiu o perfil
profissional que as empresas baia-
nas buscam no mercado.
Promovido pelo Fórum de Ino-
comentários e proposições sobre
o projeto. Na avaliação do deputa-
do, esta foi uma das reuniões mais
qualificadas que já participou e
prometeu levar em conta as suges-
tões apresentadas.
Para o coordenador do Com-
pem, Carlos Gantois, o projeto de
lei, se bem engendrado, estimula
a formação de empregos formais e,
com isso, uma relação mais equâ-
nime das relações trabalhistas,
beneficiando empresários e traba-
lhadores. Homero Arandas consi-
dera que a proposta representa um
grande avanço na equidade das
relações trabalhistas ao colocar na
formalidade e dar a estas pessoas
direitos que elas não tinham.
conselho de inovação e tecnologia participou de painel sobre o peril do engenheiro
vação da Bahia, o evento contou
com a participação de representan-
tes de indústrias das áreas petro-
química, metal-mecânica, minera-
ção, energia e construção civil, que
participaram de painéis temáticos.
Todos apontaram a urgente neces-
sidade de ampliação do número
de egressos na área de engenharia
para atender às demandas do mer-
cado e a dificuldade na contratação
e retenção de profissionais no esta-
do. O painel que discutiu o perfil do
engenheiro do Complexo Petroquí-
mico contou com a participação de
José Luis Gonçalves Almeida, coor-
denador do Conselho de Inovação
e Tecnologia da FIEB (Citec), e dos
conselheiros Roberto Fiamenghi e
Mauro Guimarães.
júlio delgado durante reunião dos conselhos
criada em 2010, a iso 26000 já soma mais de 20 mil cópias vendidas
24 Bahia Indústria
Cerca de 700 atletas indus-
triários das delegações da
Bahia, Sergipe, Pernam-
buco, Alagoas e Paraíba
tiveram um encontro na Bahia, no
SESI Simões Filho, de 15 a 18 de no-
vembro, para participar da edição
2012 dos Jogos do SESI Regional II.
Competindo em 10 diferentes mo-
dalidades, os atletas fizeram valer
os valores do esporte, em uma com-
petição marcada pela integração.
No balanço final, a Bahia, que
participou com 130 trabalhadores
atletas, representantes de 27 em-
presas, foi destaque no vôlei de
praia masculino, com a conquista
da medalha de ouro pela equipe
da Cargill. O ouro também ficou
com a Bahia no tênis masculino
45+, conquistado pelo atleta Paulo
Souza, da Embasa; no tênis femi-
nino 45+, com Angela Mondini, da
Coelba; e no tênis 35+ feminino,
conquistado por Renia Borges, da
RM de Borges. A Bahia destacou-
-se ainda no tênis de mesa mascu-
lino, com o ouro conquistado por
Edjailson Arruda, da Xerox.
A Bahia conquistou medalhas
de prata no futsal, com a conquista da equipe da
Ibar/BA; no tênis masculino 35+, com Marco Anto-
nio, da Yazaki-BA; no tênis masculino 16+, com João
Carlos, que defendeu a Delfi, e também no tênis de
mesa, com a conquista de Simone Santos, da Gertec.
No xadrez pensado, a Bahia também foi prata com
Jaime de Castilho Pinto, da Petrobras. A Bahia par-
ticipou dos jogos com 130 trabalhadores atletas da
Bahia, representantes de 27 empresas.
Os atletas também conquistaram para a Bahia me-
dalhas de bronze no futebol de campo, com a M. Dias
Branco; no futsal feminino, com
a conquista das Azaleia; no vôlei
masculino, com os Correios, e no
xadrez rápido, com Vicente Maia,
da Braskem. A Coelba também foi
destaque na classificação geral en-
tre as empresas, ficando com o se-
gundo lugar na natação feminina e
em terceiro no masculino.
» mais informações, no portal www.
fieb.org.br/jogosdosesi
Bahia Indústria 25
superação e iNtegraçãoRepresentantes de cinco estados participaram da edição 2012 dos Jogos do SESI Regionais II
por Patrícia moreira Fotos João alvarez
campeonato
contemplou
diversas
modalidades
esportivas
26 Bahia Indústria
iNdicadores Números da Indústria
indústria baiana tem lenta recuperaçãoEnquanto a produção da Bahia cresceu 1,4%, em termos anualizados até outubro, no Brasil ocorreu queda de 2,9%
em outubro de 2012, a taxa
anualizada da produção
física da indústria de trans-
formação da Bahia aumen-
tou 1,4%, após ter registrado alta
de 1% em setembro. Esse desem-
penho revela trajetória de lenta re-
cuperação da atividade produtiva
industrial, na contramão do que
ocorre com o Brasil, onde a indús-
tria de transformação registrou
queda de 2,9%, de acordo com
avaliação da Superintendência de
Desenvolvimento Industrial, da
FIEB.
No ranking dos 13 estados nos
quais o IBGE pesquisa a produção
industrial, seis apresentaram de-
sempenho positivo: Bahia, Goiás,
Pernambuco, Paraná, Minas Ge-
rais e Pará. Os outros sete estados
registraram resultados negativos
e foram: Espírito Santo, Rio de Ja-
neiro, Amazonas, São Paulo, San-
ta Catarina, Rio Grande do Sul e
Ceará.
Na Bahia, dos oito segmentos
industriais pesquisados pelo IB-
GE, três apresentaram desempe-
nho negativo: Metalurgia Básica
(queda de 11,2%), Veículos Auto-
motores (-9,1%) e Refino de Petró-
leo e Produção de Álcool (-5,2%).
Por outro lado, apresentaram re-
sultados positivos os segmentos:
Borracha e Plástico (10%), Produ-
tos Químicos/Petroquímicos (9%),
Alimentos e Bebidas (3,8%), Mine-
rais não-Metálicos (2,6%) e Celulo-
se e Papel (0,9%).
aUtoMotivo cresce 62%No comparativo de outubro de
2012 com igual mês do ano ante-
rior, a produção física da indústria
de transformação baiana apresen-
tou crescimento de 0,7%, contra
um aumento de 2,2% na média
Brasil, de acordo com o IBGE. Seis
dos oito segmentos do setor pes-
quisados registraram aumento
da atividade: Veículos Automoto-
res (com 62,2%, influenciado em
grande parte pela baixa base de
comparação, uma vez que em ou-
tubro de 2011 o segmento havia re-
cuado 43,1%); Borracha e Plástico
(18,4%, devido ao incremento na
produção de garrafões, garrafas
e frascos de plástico); Metalurgia
Básica (9,3%); Celulose e Papel
(9,1%, por conta da expansão na
produção de celulose); Minerais
não-Metálicos (5,5%); e Alimentos
e Bebidas (4%).
Por outro lado, verificou-se que-
da na produção em Produtos Quí-
GO PE PR BA MG
BR CE RS SC SP AM RJ ES
PA
6,7
2,0 1,5 1,4 1,2
-2,9-3,2 -3,2
-3,8 -4,4
-6,2 -6,5
-8,9
1,0
Fonte: IBGE; elaboração FIEB/SDI
*Taxa de crescimento (%)
acumulada em 12 meses
(Nov 11 - Out 12 / Nov 10 - Out 11
em %*
BRASIL – PRODUÇÃO FÍSICA DAINDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO
Nota: Exclusive a indústria extrativa mineral (CNAE 10, 11, 13 e 14)
Bahia Indústria 27
micos/Petroquímicos (-6,6%, in-
fluenciado pelo recuo da produção
de adubos e fertilizantes, etileno
não-saturado e polietileno linear);
e Refino de Petróleo e Produção de
Álcool (4,2%, em função da redu-
ção da produção de óleo diesel e
outros óleos combustíveis).
Levando em conta o resultado
acumulado nos dez primeiros me-
ses de 2012, em comparação com
igual período de 2011, verifica-se
um crescimento de 2,5% na in-
dústria de transformação baiana.
Tal desempenho foi determinado
pelos seguintes resultados: Borra-
cha e Plástico (alta de 10,7%, com
maior fabricação de garrafões,
garrafas e frascos de plástico);
Produtos Químicos/Petroquími-
cos (8,6%, ainda refletindo a bai-
xa base de comparação, por conta
das paralisações causadas pelo
apagão de energia ocorrido em fe-
produção física por estado: indústria de transformação
Fonte IBGe; elaboração Fieb/SdI
estAdos VARIAçãO (%)
out12/ jAN-out 12/ NoV11-out12/ out11 jAN-out 11 NoV10-out11
são Paulo 3,1 -4,4 -4,4
minas gerais 11,1 1,4 1,2
rio de Janeiro -2,7 -7,5 -6,5
paraná -5,4 -1,3 1,5
rio grande do sul -6,3 -3,6 -3,2
bahia 0,7 2,5 1,4
santa Catarina 1,2 -2,9 -3,8
amazonas -11,5 -7,6 -6,2
espírito santo -3,0 -9,6 -8,9
pará 2,5 1,6 1,0
goiás 17,1 5,2 6,7
pernambuco -5,7 1,9 2,0
Ceará -5,0 -2,4 -3,2
brasil 2,2 -3,0 -2,9
vereiro do ano passado, com forte
impacto na produção de etileno
não-saturado, polietileno de alta e
baixa densidade, sulfato de amô-
nio e poliestileno linear); Minerais
não Metálicos (3,8%); Alimentos
e Bebidas (2,6%, com a maior fa-
bricação de cervejas, farinhas e
“pellets” da extração do óleo de
soja, óleo de soja bruto, farinha de
trigo, manteiga, gordura e óleo de
cacau) e Celulose e Papel (1,9%).
Contrariamente, registrou-se
decréscimo nos setores de Meta-
lurgia Básica (-12,4%), decorrente
de período de ajustes na sua linha
produtiva e Refino de Petróleo e
Produção de Álcool (-0,7%).
De modo geral permanece a
tendência negativa dos segmen-
tos produtores de commodities,
influenciados pela conjuntura in-
ternacional adversa com a crise
da Europa e a desaceleração dos
BRICs, que seguem apresentando
resultados inferiores aos de seg-
mentos mais voltados ao atendi-
mento do mercado interno e pro-
dutores de bens finais.
Ressalte-se que a indústria de
transformação baiana segue apre-
sentando resultado positivo no
acumulado de 2012, devido à base
de comparação deprimida de 2011,
relacionada aos efeitos da inter-
rupção por vários dias do forne-
cimento de energia elétrica, o que
comprometeu parte da produção
de empresas localizadas no Polo
Industrial de Camaçari. [bi]
28 Bahia Indústria
Olhar para dentroBahia Moda Design reúne representantes da indústria do vestuário para reafirmar identidade dos produtos baianos
A necessidade de profissio-
nalizar ainda mais a cadeia
produtiva da Moda na Bahia
valorizando as referências locais
foi consenso entre os promotores
do Bahia Moda Design (BMD), re-
alizado na Casa do Comércio entre
12 e 13 de novembro. Promovido
pelo Senac e o Sindvest (Sindicato
Industrial do Vestuário) de Salva-
dor e Feira de Santana, o evento
deu visibilidade aos talentos baia-
nos e produtos feitos no estado.
“A Bahia precisa pensar no
mercado nacional, buscando re-
ferências na sua própria cultura,
sam nos ajudar”, pontuou. Para a
presidente do Sindivest de Feira,
Ane Rose Lula, o evento mostrou
a importância do apoio dos sindi-
catos industriais. “É uma ação que
exige muitos investimentos e que
não se consegue fazer sozinho, é
preciso juntar forças, e o resultado
é este: muito cuidado e profissio-
nalismo”, disse. Ela garantiu que
o BMD terá nova edição em 2013 e
que o grau de exigência de quali-
dade deve aumentar.
A presidente do Sindivest de
Salvador, Maria Eunice Habibe,
reforçou que a possibilidade de
participar do evento é apenas uma
das vantagens para as empresas
que se associam ao sindicato.
“Temos convênios com cursos de
moda e de inglês, descontos nos
cursos de qualificação do SENAI,
parcerias com o SESI para promo-
ção da qualidade de vida do traba-
lhador, assessoria jurídica online
e defesa de interesses por meio do
Sistema FIEB”, explicou. Em rela-
ção ao próprio BMD, Maria Eunice
contou que o Sindvest pretende
utilizar o editorial de moda para
fazer uma publicação impressa.
“O evento será desdobrado em ou-
tras ações”, assegurou. [bi]
que é tão rica”, reiterou a coordenadora do SENAI
Moda Design (RJ), Valéria Delgado, que falou sobre
a importância do Design para o desenvolvimento da
indústria. Neste sentido, a edição 2012 do BMD teve,
na união das instituições parceiras, um diferencial
de atuação. “É a primeira vez que vejo a participação
direta dos sindicatos num evento de moda, acho es-
sencial apoiar as iniciativas de estilistas, artesãos,
costureiros e empresários”, disse o idealizador do
evento, Claudio Silveira.
A estilista e proprietária da Ousa Brasil, de Feira
de Santana, Kel Alves, elogiou o novo formato do
evento e acredita que o entrosamento entre empre-
sários e as instituições apoiadoras precisa aumen-
tar. “Nós temos que apresentar projetos e expressar
nossas necessidades para que essas instituições pos-
Bahia Indústria 29
Gestão eficiente e responsável é premiadaA 15ª edição do Prêmio SESI Qualidade no Trabalho contou com 29 indústrias inscritas, concorrendo em 40 diferentes categorias
Promovido pelo Serviço Social
da Indústria com o objetivo
de reconhecer a adoção de
práticas socialmente responsá-
veis de gestão, a 15ª edição do Prê-
mio SESI Qualidade no Trabalho
(PSQT) premiou 11 empresas in-
dustriais, em solenidade realizada
no dia 29.11, no Teatro do SESI Rio
Vermelho. A premiação, que visa
incentivar as empresas a agrega-
rem benefícios sociais, ambientais
e econômicos ao seu negócio, teve
um total de 29 indústrias inscritas,
que concorreram com 40 boas prá-
ticas empresariais.
Entre as micro e pequenas em-
presas, foram premiadas a Livete-
ch da Bahia Indústria e Comércio
Ltda., de Ilhéus, fabricante de
produtos de informática, eletrôni-
cos e ópticos; a Indeba Indústria
e Comércio Ltda, de Salvador, fa-
bricante de sabões, detergentes e
produtos de limpeza, perfumaria,
cosméticos e higiene pessoal; e a
IPS de R. Lorenzo, fabricante de
produtos eletrônicos, ópticos e de
informática de Salvador.
Na categoria médio porte foram
premiadas duas empresas: a Cro-
mex S.A., fabricante de produtos
de borracha e de material plástico
de Simões Filho e a IBPC Pré-mol-
dados de Concreto S/A. As duas
grandes empresas premiadas fo-
ram a Braskem e a Paranapanema.
Na mesma categoria, a Tenace En-
genharia recebeu menção honrosa.
O Programa de Educação do
Trabalhador, que permitiu a er-
radicação do analfabetismo nos
quadros da Companhia de En-
genharia Ambiental da Bahia –
Cerb, venceu na categoria Educa-
ção e Desenvolvimento. Já na área
de Gestão de Pessoas, os prémios
foram para a Eternit S/A e para a
Gerdau.
O superintendente do SESI,
Wagner Fernandes, parabenizou
as empresas que participaram
da premiação, ressaltando que
o grande benefício do PSQT é de
criar um movimento em busca de
boas práticas nas mais diversas
áreas. Ele destacou que a Bahia
ocupa o 9º lugar entre as 1.500
práticas inscritas na premiação,
que é nacional, observando que a
posição é significativa. Ele obser-
vou ainda que 50% das empresas
que concorreram ao prêmio este
ano se inscreveram pela primeira
vez, o que revela o crescimento da
adesão. [bi]
representantes
das 11
empresas
premiadas da
edição 2012 do
Psqt
RO
BER
TO A
BREu
/CO
PER
PHO
TO/S
ISTE
MA F
IEB
30 Bahia Indústria
inés sagrario realizou o estudo design nas cidades da copa
megaeventos esportivos abrem oportunidades na área de designO impacto econômico dos megaeventos esportivos
programados para 2012, 2014 e 2016 no Brasil é calculado
em R$ 86 bilhões, de acordo com o estudo Design nas
Cidades da Copa 2014: Oportunidades de Negócios,
apresentado no dia 27 de novembro, na sede da Federação
das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB). A estimativa faz
parte do levantamento que mapeia as oportunidades de
atuação para a área de design e aponta os setores de
construção civil e infraestrutura, mídia, tecnologia da
informação, turismo e segurança como os que concentram
a maior parte dos investimentos. O estudo, encomendado
pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC), foi apresentado em evento promovido
pelo Centro Internacional de Negócios (CIN), da
Superintendência de Desenvolvimento Industrial da FIEB.
painel
basf apresenta política de comprasA política de compras da
Basf foi apresentada aos
empresários baianos durante
o Café Empresarial Basf, no
Hotel Fiesta, realizado no dia
28 de novembro. O evento,
que contou com o apoio do
IEL-BA, foi organizado a
partir da demanda das
empresas locais interessadas
em fornecer produtos e
serviços para o Polo Acrílico,
que tem previsão de iniciar
as atividades na cidade de
Camaçari em 2014. O projeto
tem investimentos da ordem
de US$ 750 milhões e deve
gerar cerca de 230 empregos
diretos e 600 indiretos. O
superintendente do Instituto
Euvaldo Lodi na Bahia
(IEL-Bahia), Armando Neto,
desejou sucesso aos
fornecedores locais e
apresentou o Programa de
Qualificação de
Fornecedores (PQF).
circuito sesi 10k reuniu 2.617 atletasCom a participação de 2.617 atletas, profissionais e amadores, que cumpriram as provas de 5 e 10
Km, Salvador sediou uma das etapas regionais do Circuito SESI 10K, promovido pelo SESI, em
parceria com a Federação Baiana de Atletismo. O SESI disponibilizou mil vagas gratuitas para
os trabalhadores da indústria. Na prova masculina dos 10 k, o vencedor foi o atleta José Marcio
Leão da Silva, que fez o percurso da Avenida Oceânica em 30 minutos. No feminino, a grande
vencedora foi a atleta Marily dos Santos, que cumpriu o percurso de 10 quilômetros em 35:59
minutos. Entre os industriários, Sueli Colucci, que trabalha na MFX do Brasil Equipamentos de
Petróleo Ltda e Jackson de Souza Bispo, da Arm Telecomunicações e Serviços de Engenharia
Ltda, ficaram em primeiro lugar na prova dos 10k e se habilitaram para disputar a São Silvestre.
A prova teve largada no Farol da barra e percorreu 10 km da Avenida oceânica
Bahia Indústria 31
toque musical na festa literária Mais de 100 meninos e meninas do Núcleo de Prática
Orquestral do SESI Bahia foram responsáveis pelo show de
abertura da 2ª Festa Literária Internacional de Cachoeira
(Flica), que aconteceu dia 17 de outubro na cidade histórica do
Recôncavo. Durante 40 minutos, a orquestra dos estudantes do
SESI Itapagipe, que forma o novo núcleo do Neojibá, encantou
a plateia. A Flica é uma realização da PutzGrilo e IContent
(Rede Bahia), com apoio do SESI Bahia, dentre outros, e reuniu
escritores brasileiros, como Xico Sá, Marcia Tiburi, Capinam e
Tabajara Ruas, e do exterior, como o angolano José Eduardo
Agualusa e a americana Mary Ann Mahony. Além da
orquestra, o SESI participou do evento com a Varanda do SESI
e performances de poetas industriários. Além disso, fez uma
doação à prefeitura de Cachoeira de mil exemplares do
conjunto de biografias de Jorge Amado e Zélia Gattai, editadas
pela CNI e pelo Departamento Nacional do SESI.
Programa de ecoeficiência do iel-bA reduz consumo de energiaUma economia mensal de 10% de energia, que equivale a 20 mil KWh/mês, foi o resultado
obtido pela Civil Mineração, mineradora baiana do Grupo Civil, depois da adesão ao Programa
Indústria Ecoeficiente. O programa é uma iniciativa do Instituto Euvaldo Lodi (IEL-BA), que
conta com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), da Confederação
Nacional da Indústria (CNI), do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae-BA), da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração do Estado da Bahia (Sicm) e da
Petrobras. A Civil Mineração aderiu ao programa em outubro de 2011 e foi a primeira concluir a
etapa inicial, voltada para o atendimento em gestão da ecoeficiência, atestada por
representantes do IEL e do BID. Entre os benefícios de ordem econômico-financeira apontados
pelo sócio da Civil Mineração, Rafael Valente, estão a redução dos custos operacionais e o
melhor funcionamento das instalações elétricas. Setenta empresas baianas já aderiram ao
programa, voltado para micro, pequenas e médias empresas integrantes das cadeias da
construção civil, petroquímica e automotiva.
orquestra juvenil do sesi fez a abertura da Flica
Faculdade seNAi cimatec Os resultados do Índice
Geral de Cursos (IGC) de
2011, divulgados pelo
Ministério da Educação em
dezembro, revelam que a
Faculdade SENAI Cimatec
está entre as mais bem
avaliadas no Brasil. A
instituição recebeu conceito
4 no IGC, o maior do
Norte-Nordeste dentre todas
as Instituições de Ensino
Superior. Outras quatro
faculdades e três
universidades do estado
receberam a mesma
pontuação. Todas elas estão
entre as 217 que obtiveram 4
ou 5 (a nota máxima) no IGC
em todo o país, cerca de
10% das que passaram pela
análise do MEC.O Índice,
utilizado para atestar a
qualidade das IES, é uma
média ponderada que leva
em conta as notas de
reconhecimento de cursos
de graduação, o
desempenho dos alunos da
instituição no Exame
Nacional de Desempenho de
Estudantes (Enade) e as
notas de avaliação dos
programas de pós-
graduação stricto sensu
(mestrados e doutorados).
As faixas de conceito vão de
SC (sem conceito) até o
conceito 5. Entre as
instituições que receberam
o conceito 4 estão:
Universidade Federal da
Bahia (UFBA); Universidade
Federal do Recôncavo
(UFRC) e Universidade
Estadual de Santa Cruz.
Prêmio Fapesb Os estudantes e projetos
do SENAI foram destaque
no Prêmio Fapesb Ideias
Inovadoras 2012. Ao todo,
125 projetos foram
submetidos ao Concurso
Ideias Inovadoras, dos
quais 35 passaram para a
fase de defesa oral.
Destes, 11 foram
premiados com cheques
no valor de R$ 15 mil, R$
10 mil e R$ 5 mil para o
primeiro, segundo e
terceiro lugares
respectivamente.
Além do prêmio em
dinheiro, os primeiros
colocados de cada
categoria receberam um
vale-consultoria da
Vilage Marcas e Patentes
para redigir o pedido de
sua patente junto ao
Instituto Nacional de
Propriedade Industrial
– INPI. O SENAI ficou
entre os 10 melhores nas
categorias graduando e
pesquisador.
32 Bahia Indústria
A necessidade de mais inves-
timentos para exploração da
Bacia do Recôncavo e uma
nova regulamentação para explo-
ração do gás estão entre as provi-
dências para assegurar a explo-
ração dos reservatórios não con-
vencionais existentes na Bahia.
O tema foi tratado no seminário,
realizado no dia 3 de dezembro,
em Salvador, que teve como tema
Oportunidades para o shale gas e
shale oil nas Bacias do Recôncavo
e Tucano Sul, na Bahia, durante
o qual se discutiu ainda as pers-
pectivas econômicas, os aspectos
regulatórios e os impactos am-
bientais da exploração de gás em
reservatórios não convencionais.
A diretora geral da ANP, Magda
Chambriard, destacou o potencial
Potencial inexplorado para investimentosBahia tem pela frente desafios regulatórios e de logística para exploração dos reservatórios de gás não convencionais
da Bacia do Recôncavo e concluiu:
“a região, que hoje não produz um
terço do que já produziu, ainda
tem espaço para a exploração con-
vencional e não convencional de
petróleo e gás”, afirmou.
O diretor do IBP, Maurício
Figueiredo, chamou a atenção
para a necessidade de se rever a
regulamentação sobre gás e para
a necessidade de se investir em
infraestrutura de transporte e em
equipamentos para realizar o fra-
turamento do solo. O secretário
estadual de Planejamento, José
Sérgio Gabrielli, lembrou que este
tipo de exploração requer tecno-
logias específicas e muita atenção
aos impactos ambientais, pois a
quebra das rochas para a extra-
ção do material gera resíduos e
demanda grandes quantidades
de água.
Para o coordenador do Comitê
de Petróleo e Gás da FIEB, Eduar-
do Rappel, enquanto o governo
não regulamentar a atividade, nin-
guém poderá explorar ou produzir
o gás não convencional, a não ser
as poucas empresas que já têm con-
cessões para isso. “Se não houver
uma movimentação do governo, a
exploração não vai deslanchar em
quantidade, por isso a importância
deste seminário”, afirmou.
No entanto, aponta Rappel, a
Bahia pode sair na frente por ter a
bacia sedimentar mais conhecida
do Brasil e porque já existem áre-
as concedidas para a exploração
convencional, mas ainda de forma
limitada. “O momento é oportuno
para mobilizar e pedir ao governo
que dê as regras do jogo, pois a ini-
ciativa privada tem interesse, as
empresas de serviços têm tecno-
logia, estão todos esperando para
entrar em campo em produzir”,
afirmou.
O evento foi uma iniciativa do
Comitê de Petróleo e Gás da Fe-
deração das Indústrias do Estado
da Bahia (FIEB) e teve o apoio do
Ministério de Minas e Energia,
Agência Nacional (ANP) e Institu-
to Brasileiro (IBP) de Petróleo, Gás
e Biocombustíveis, além da Secre-
taria de Planejamento do Estado
da Bahia. [bi]
eduardo rappel
alerta para a
necessidade de
regulamentar a
exploração
Bahia Indústria 33
ideias
por ricardo teixeira
Frequentemente ouvimos nas dis-
cussões empresariais que a gover-
nança corporativa é algo exclusivo
às organizações de grande porte
ou de capital aberto. Durante es-
ses debates, busco contribuir com
aspectos importantes e relevantes
sobre os benefícios da implanta-
ção da governança em empresas
familiares. Tenho participado de
diversos projetos e gostaria de
compartilhar dois casos reais.
O primeiro deles é o de uma
empresa emergente, cujo fatura-
mento não ultrapassa R$ 60 mi-
lhões ao ano e que teve um desen-
tendimento entre dois sócios. Um
deles resolveu deixar a sociedade.
Feitas as contas, estabeleceu-se o
valor de suas cotas e acertou-se o
pagamento. Logo após a saída, o
que fez o ex-sócio? Montou uma
empresa concorrente, recrutou
uma parte importante dos profis-
sionais de sua antiga corporação
– pagando mais, já que estava ca-
pitalizado – e avançou sobre a sua
carteira de clientes. O sócio que
permaneceu na empresa original
foi prejudicado, pois além de ter
sido desfalcado no quadro pro-
fissional, se descapitalizou para
comprar a parte do sócio retiran-
te, ficando com pouca margem de
manobra para uma reação estru-
turada no mercado.
Na outra situação, uma empre-
sa com faturamento de R$ 50 mi-
lhões e que possuía dois irmãos
como sócios passou por uma fata-
lidade. Um deles faleceu precoce-
mente. A esposa do sócio falecido,
herdeira das suas cotas, entrou no
Sociedade para a vida toda e com governança
negócio. Até então tinha uma boa
relação com seu cunhado. Porém,
bastaram alguns meses para a re-
lação azedar. Com o clima criado,
a viúva decidiu sair do dia a dia
do negócio e colocou o irmão pa-
ra tocar os interesses na empresa.
Detalhe: o irmão não possuía ex-
periência alguma no segmento de
atuação da empresa, mas já assu-
miu um cargo de direção e passou
a opinar em assuntos dos quais
não tinha a mínima noção. A cor-
poração começou a ter queda de
desempenho e a sociedade foi des-
feita de forma litigiosa, causando
um prejuízo para ambas as partes.
Você deve estar se perguntan-
do: onde entra a governança cor-
porativa nos dois exemplos? Den-
tre os diversos instrumentos de
governança disponíveis, o acordo
de sócios poderia ter evitado am-
bas as situações. O acordo, que
pertence à categoria dos contratos
como modalidade de negócio jurí-
dico, se perfaz pela manifestação
de vontade dos sócios, que se ajus-
tam, compondo e regulamentando
os interesses de cada parte, para
obter o equilíbrio da sociedade.
Ele é pactuado pelos sócios num
momento de estabilidade, em que
não há discórdias.
O acordo de sócios busca tratar
de temas que não constam normal-
mente nos contratos sociais. Nele
são tratados temas não sujeitos à
lei. Os tópicos citados nas situa-
ções acima como causadores de
conflitos e prejuízos são comuns
nos acordos de sócios. Em relação
ao primeiro exemplo, geralmente,
se estabelece que o sócio retiran-
te, uma vez indenizado pela sua
ricardo teixeira é sócio da deloitte, responsável pelo atendimento às empresas emergentes no
Brasil
independentemente do porte da empresa, grau de complexidade ou tempo de existência, fique certo de que a governança corporativa é um tema que o empresário sempre deve ter em mente
“participação, deve passar por um
período de quarentena (cláusula
de não competição), não podendo
abrir um novo negócio no mesmo
segmento, abordar clientes ou
contratar funcionários da sua an-
tiga empresa, entre outros.
Na segunda situação é comum
o acordo prever que, em caso de
falecimento, o herdeiro será inde-
nizado pelas suas cotas, mas não
poderá participar da gestão, a não
ser que possua as qualificações
necessárias (as quais são detalha-
das no acordo de sócios) e que seja
aceito na gestão pelos sócios re-
manescentes; contratos pré-nup-
ciais (entre eles, separação total
de bens para herdeiros), testamen-
tos, contratos de convivência e
cláusulas de incomunicabilidade,
impenhorabilidade, inalienabi-
lidade e/ou usufruto; restrições
no uso das cotas dos sócios (por
exemplo, proibição quanto a dar
em garantia), entre outros.
Independentemente do porte
da empresa, fique certo de que a
governança corporativa é um te-
ma que o empresário sempre deve
ter em mente, visando proteger a
si, seus sócios e a perenidade do
negócio.
livros
leitura&entretenimento
reconstituição biográficaSteven Naifeh e Gregory White Smith
apresentam nesta reconstituição
biográfica uma visão erudita e apaixonada
sobre o artista holandês. Os autores
esmiúçam o conturbado relacionamento
com os pais, a amizade com o irmão Theo,
a relação intensa com a religião, a errância
entre diversas cidades, a vida sexual
desregrada, o fracasso em vender suas
obras e sugerem uma explicação
surpreendente para o suposto suicídio,
amparados em ampla documentação.
laura Vince: entre o tempo e o espaçoA artista visual paulista Laura Vinci questiona o tempo e a
relação do espectador em sua obra No Ar, modificando o
espaço onde se instala. Além de No Ar, que dá nome à
exposição, a instalação inédita Diurna foi produzida
especialmente para a Capela do MAM-BA, na qual o texto e
a passagem da luz falam poeticamente sobre a ação do
tempo. Através das janelas do espaço, que permanecem
sempre abertas, o público poderá acompanhar os desenhos
de luz refletidos, enquanto leem o texto gravado na parede,
que descreve a situação espacial da capela em relação ao
movimento do sol.
Ação do estado e petróleoAs recentes descobertas de petróleo na
camada pré-sal levaram a mudanças
importantes na legislação no Brasil. Os
autores analisam estas mudanças de
orientação na ação do Estado diante das
atividades de exploração e produção de
petróleo e gás, com impactos sobre toda a
economia brasileira. É uma leitura que
vem contribuir para o debate sobre o
modelo mais adequado de
desenvolvimento da indústria petrolífera
no Brasil.
Van Gogh - A Vida Steven Naifeh e Gregory White SmithCia das Letrasr$ 79,50
reforma e contrarreforma do setor Petrolífero brasileiroFabio Giambiagi e Luiz Paulo Vellozo Lucaselsevier/Campus r$ 79,90
IRIS SCuCCATO/DIVuLGAçãO
ROSA DE LuCCA /DIVuLGAçãO
um Passarinho me contou... O espetáculo Um Passarinho me Contou...Histórias para
Ouvir, Cantar e Encantar tem a narrativa inspirada em
contos populares brasileiros e revela a jornada de uma
menininha em busca de seu periquito que fugiu da gaiola.
Ao deparar-se com as histórias contadas por diferentes
personagens, ela reflete sobre a importância da liberdade.
A montagem é uma realização da companhia Teatro Griô,
que se inspira na arte dos contadores de história de matriz
africana, artistas populares e palhaços. O elenco conta
com os artistas Alcides Valente, Alice Carvalho, Clara
Morais e Ivana Luckesi.
Não perca Teatro do SESI, sáb. e dom., às 16 horas, até 27.01, R$ 20 e R$ 10 (meia). Gratuito para industriários e dependentes. (71) 3616-7060
Não perca Capela do MAM-BA, terça a sexta, das 13h às 19h, sáb., dom. e feriados, das 14h às 19h, até 17. 3, gratuito. (71) 3117-6141
exposição
teatro
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