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Literacia Financeira
Literacia Financeira
Literacia Financeira dos estudantes da FEUP
Projeto FEUP 2016/2017
Curso: MIEGI
Equipa 1MIEGI04_2
Coordenação geral: Prof. Manuel
Firmino Torres, Prof.ª Sara Pinho
Ferreira
Coordenador do curso: Prof. Luís
Guimarães
Supervisor: Dulce Soares Lopes Monitor: Hermano Rodrigues Maia
Autores:
João Francisco Cunha Leal das Neves ([email protected])
José Pedro Tavares Pedro Bernardo ([email protected])
Luís Fernando Cosme Martins ([email protected])
Manuel Carlos Oliveira Rocha ([email protected])
Maria Leonor Teixeira Santos ([email protected])
Literacia Financeira
I
Resumo
Este relatório foi elaborado com o intuito de definir e explorar o conceito de literacia
financeira, com especial incidência nos estudantes da Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto (FEUP) (analisando o modo como os estudantes contactam com
áreas da economia e, com isso, tirar conclusões acerca do seu grau de literacia financeira
e as possíveis causas e consequências desta avaliação), bem como a influência do mesmo
na evolução das sociedades.
Literacia financeira é a medida do conhecimento de termos do domínio financeiro e
da capacidade de alguém tomar decisões e, consequentemente, agir perante um cenário
que requeira esse tipo de conhecimentos. (Remund, 2010). Então, através da
quantificação deste conceito em diferentes cenários, passou a ser possível classificar o
grau de informação/cultura financeira daqueles que são avaliados.
Neste sentido, foi feito um inquérito, dirigido aos alunos da FEUP, com o objetivo de
avaliar a literacia financeira dos inquiridos. Este, juntamente com a análise e interpretação
de outros dados relacionados com os conhecimentos financeiros da população
portuguesa, permitiu concluir que devem ser tomadas medidas no sentido de proporcionar
o incremento da literacia dos cidadãos em geral.
Palavras-chave: literacia financeira, conhecimento económico, gestão financeira,
decisão económica, nível de literacia
Literacia Financeira
II
Abstract
This report was prepared in order to define and explore the concept of financial
literacy, focusing on the students of FEUP (by analyzing how students contact with areas
of economy and, therefore, take conclusions about the degree of financial literacy and the
possible causes and consequences of this assessment) as well as the influence of it in the
evolution of societies.
Financial literacy is the measure of financial knowledge and one's ability to make
decisions and act upon a scenario that requires this kind of knowledge. (Remund, 2010).
So, by measuring this concept in different scenarios, it became possible to classify the
degree of information / financial culture of those who were assessed.
So, an inquiry was made, addressed to FEUP students, which allowed us to evaluate
the financial literacy of respondents and then conclusions were drawn about the results of
it.
An inquiry was made, addressed to students of FEUP, in order to assess the financial
literacy of respondents. This, together with the analysis and interpretation of other data
related to financial literacy of the Portuguese population, allowed to conclude that
measures should be taken in order to provide the increasing literacy of citizens.
Key words: financial literacy, economic knowledge, financial management, economic
decision, literacy level
Literacia Financeira
III
Agradecimentos
Gostaríamos de agradecer a todo o corpo docente da Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto responsável pela unidade curricular Projeto FEUP, por, ao longo
destas semanas, nos fornecer as ferramentas e conhecimentos necessários para a
elaboração de relatórios, posters e apresentações orais eficazes, o que será muito útil para
a nossa vida académica e profissional.
Em especial, gostávamos de agradecer ao nosso monitor Hermano Maia, pela sua
atenção, disponibilidade e ajuda em todo o processo de realização do trabalho.
Por último, agradecemos a todos os estudantes da FEUP que responderam ao nosso
inquérito, que se revelou um objeto de estudo essencial para a elaboração do nosso
trabalho.
Literacia Financeira
IV
Índice
1. Introdução....................................................................................................... 1
2. Definição e conceito de Literacia Financeira ................................................. 2
3. Importância da Literacia Financeira ............................................................... 4
3.1 Importância da literacia financeira na educação de crianças e jovens ........... 4
4. Literacia Financeira em Portugal e no mundo ............................................... 6
5. Metodologia ................................................................................................... 8
6. Resultados e análise ..................................................................................... 10
6.1. Identificação da amostra ....................................................................... 10
6.2. Comparação de parâmetros ................................................................... 15
7. Panorama da FEUP vs. Panorama Nacional ................................................ 19
8. Conclusão ..................................................................................................... 20
Referencias bibliográficas ...................................................................................... 21
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V
Índice de figuras
Figura 1 – Variação global do nível de literacia financeira ......................................... 7
Figura 2 - % de respostas correctas por pergunta. ..................................................... 12
Figura 3– Gráfico relativo à % de resposta à pergunta 3. .......................................... 13
Figura 4 – Gráfico relativo à % de resposta à pergunta 4 .......................................... 13
Figura 5– Gráfico relativo à % de resposta à pergunta 5. .......................................... 13
Figura 6– Gráfico relativo à % de resposta à pergunta 1. .......................................... 14
Figura 7– Gráfico relativo à % de resposta à pergunta 2. .......................................... 14
Figura 8– Gráfico relativo à % de resposta à pergunta “No inicio do mês costumo…”.,
dos inquiridos cuja fonte de rendimento é “bolsa” ......................................................... 16
Figura 9 - Gráfico relativo à % de resposta à pergunta “No inicio do mês costumo…”.,
dos inquiridos cuja fonte de rendimento é “mesada/semanada” .................................... 16
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VI
Índice de tabelas
Tabela 1 – Perguntas e respostas da 2ª parte do inquérito ........................................ 11
Tabela 2 – Comparação da % de respostas certas à 2ª parte do inquerito entre
estuadantes do 1º e 5º ano. .............................................................................................. 18
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1
1. Introdução
Este relatório, realizado no âmbito da unidade curricular Projeto FEUP, incide sobre o
conceito de “literacia financeira”, abrangendo, em primeiro lugar, os estudantes da
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e, posteriormente, a generalidade da
população portuguesa como termo comparativo. De modo a avaliar o grau de literacia
financeira, foi elaborado um inquérito, dirigido a estudantes dentro da faculdade, que
abordam, nomeadamente, conteúdos do campo económico-financeiro, partindo de
perguntas com um caráter geral para questões avaliadoras de conhecimentos.
Na atualidade, com a crise que o país enfrenta, torna-se evidente a importância deste
tema na vida de qualquer pessoa, uma vez que todas as decisões tomadas devem ter em
conta parâmetros económicos que as tornem favoráveis para as suas vidas. Isto é, todas
as ações são condicionadas por possíveis fatores limitativos referentes à gestão de
dinheiro/bens pessoais. Como tal, torna-se óbvio que quanto maior for o grau de literacia
financeira da generalidade da população mundial, mais uma sociedade pode evoluir no
contexto económico-financeiro mundial.
Numa primeira instância, será abordado o conceito e a importância da literacia
financeira, fazendo referência à condição portuguesa e mundial no que diz respeito a este
tópico. Posteriormente, proceder-se-á à exposição do inquérito realizado e à análise dos
resultados obtidos no mesmo. Por fim, tecer-se-ão algumas conclusões.
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2. Definição e conceito de Literacia Financeira
Não existe uma definição única e universal para literacia financeira. Não é fácil
considerar uma pessoa como financeiramente literata apenas pelo facto de possuir
conhecimentos acerca de uma determinada área financeira. O mesmo se passa se foi
considerado o oposto, ou seja, por exemplo, não se pode declarar um
indivíduo financeiramente iletrado só porque não é capaz de definir concretamente todos
os conceitos associados ao crédito de habitação. O indivíduo pode não ter necessidade,
na sua vida económica, de contactar com tais créditos.
Literacia financeira explora muito mais para além do conhecimento económico que
cada um tem. A literacia financeira envolve a capacidade para tomar decisões
económicas, a forma de agir perante as alterações económicas e a adaptação às novas
situações.
O grau de literacia financeira não é diretamente influenciado pela condição económica
de um indivíduo, mas sim, pode-se dizer que é influenciada por outros fatores,
nomeadamente:
O conhecimento financeiro revelado nas respostas a questões concretas sobre
o mercado financeiro;
A formação escolar, devido à sua influência positiva no desenvolvimento da
capacidade de gerir várias fontes de informação;
O acesso e escolha das fontes de informação utilizadas para a sua tomada de
decisão.
Claro está que a situação económica de um indivíduo influencia o acesso a certos
mecanismos que promovem o desenvolvimento da literacia. No entanto, não se pode
considerar que seja um fator impeditivo de um bom nível de conhecimento financeiro e
de eficientes tomadas de decisão que promovam uma boa gestão dos bens monetários de
cada um.
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Ainda que sejam múltiplas as definições de literacia financeira, é possível considerar
algumas que a explicam de uma maneira simples e concisa.
De acordo com Orton (2007), a literacia financeira consiste no conhecimento de
tópicos específicos relacionados com assuntos monetários, económicos ou financeiros, e
nas medidas que o indivíduo se sente capaz de tomar face aos mesmos. Está assim ligada
à habilidade de ler, analisar, gerir e comunicar sobre a condição financeira pessoal e à
forma como esta afeta o seu bem-estar material
Noutra perspetiva, a Australian Securities & Investments Commission - ASIC (2003)
define a literacia financeira como sendo a habilidade de efetuar julgamentos informados
e tomar decisões efetivas relacionadas com a gestão de dinheiro.
O Ministerial Council for Education, Early Childhood Development and Youth Affairs
- MCEECDYA (2011) sugere que literacia financeira é a aplicação de conhecimento,
compreensão, capacidades e valores em contextos financeiros e de consumo e as decisões
relacionadas que têm impacto no indivíduo, nos outros, na comunidade e no ambiente.
De acordo com estas definições, pode-se assim concluir que a literacia financeira é
mais do que um conhecimento acerca de um tema específico. Ser financeiramente literato
envolve também um conjunto de comportamentos e competências para fazer as decisões
financeiras mais corretas.
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3. Importância da Literacia Financeira
Na atualidade, torna-se cada vez mais evidente a importância de dominar assuntos de
teor financeiro, uma vez que, muito devido à crise vivida nos últimos anos, a grande
maioria das decisões tomadas por pessoas de diferentes faixas etárias e que se encontram
em diferentes situações passam por considerações nesse âmbito. Ora, toda a gente é
obrigada a poupar, abdicando de certos luxos em detrimento de um bem maior que possa
ser fulcral para a continuação de uma vida minimamente sustentável, isto é, todas as
decisões que são tomadas “carregam” consigo consideráveis custos de oportunidade.
É, portanto, recomendável, entre outras coisas, fazer a distinção entre o útil e o
necessário, sendo que decisões como esta, que parecem, à partida, deveras banais, são,
também, reveladoras do conhecimento do grau de literacia financeira das pessoas e da
consciência que as mesmas têm acerca do seu dinheiro e da gestão deste. Como tal, o
conceito de literacia financeira ganha relevo no quotidiano de qualquer indivíduo de uma
qualquer sociedade, quer a um nível mais particular - decisões tomadas que influenciam
o bem-estar do agregado familiar (despesas da casa, carro, alimentação, …) -, quer a um
nível generalizado - isto é, influenciando toda a economia de um país, bem como a sua
estabilidade (Jappelli, 2010).
3.1 Importância da literacia financeira na educação de crianças e jovens
A crise financeira e económica, iniciada nos idos de 2008, expôs todo um novo léxico.
Começaram, então, a fazer parte do quotidiano da população conceitos desconhecidos
como são exemplo o “défice orçamental”, a “dívida pública ou soberana”, as “taxas
diretoras”, etc. A familiarização com estes conceitos não significa que estes sejam
realmente entendidos e por isso é importante perceber esta nova realidade. (Alcarva,
2016).
Posto isto, é relevante a implementação de novas medidas que tenham em vista o
incremento da literacia financeira da população em geral, sendo que as camadas mais
jovens seriam um bom ponto de partida para a evolução no sentido de alcançar uma
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sociedade financeiramente mais instruída. É, portanto, necessário desenvolver
competências que permitam responder de forma responsável e sazonada em contextos de
tomada de decisão relacionados com finanças.
Nessa perspetiva, existe em Portugal o Plano Nacional de Formação Financeira
(PNFF) que se assume como um instrumento que reconhece a importância da inclusão e
formação financeira, apoiando a realização de iniciativas a nível nacional. (Plano
Nacional de Formação Financeira. "Missão e Objetivos". http://www.todoscontam.pt/pt-
pt/pnff/pnff/MIssao/Paginas/MissaoObjetivos.aspx . Acedido a 10 de outubro de 2016.)
Melhorar conhecimentos e atitudes financeiras, apoiar a inclusão financeira,
desenvolver hábitos de poupança, promover o recurso responsável ao crédito e criar
hábitos de precaução, sensibilizando para situações de risco que podem afetar o
rendimento, são metas mensuráveis pelo PNFF, (Alcarva, 2016). Para além disso, o PNFF
é ainda dotado de uma plataforma online, Todos Contam, com todo o tipo de materiais
de formação financeira, incluindo simuladores orçamentais. Ainda assim, para combater
a iliteracia financeira através da educação, é necessária uma gestão do ensino para que os
conceitos sejam adquiridos na faixa etária adequada.
Aparte o impulso que a educação financeira poderia ter no interesse financeiro da
população, é indispensável que os cidadãos se atentem autonomamente a questões
económicas de forma a procurar e a analisar a informação. É à vista disso que a literacia
financeira na educação dos jovens encontra o seu principal papel, ou seja, no sentido de
estimular comportamentos face à tomada de decisões financeiras, sendo estas claramente
conscientes.
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4. Literacia Financeira em Portugal e no mundo
Pode ser estabelecida uma relação, ainda que algo abstrata, entre o nível de literacia
financeira e a gestão sustentada de bens económicos, sendo que quanto mais elevado for
o primeiro mais beneficiada pode ser a economia de um país (isto num nível mais
generalizado, seguindo a mesma linha de pensamento do parágrafo anterior).
É possível tornar esta relação mais concreta, tendo em conta dados de uma
investigação realizada pela McGraw Hill Financial (2014) - ranking S&P Ratings
Services Global Financial Literacy Survey -, que conclui que há grandes diferenças no
que diz respeito à literacia financeira entre países economicamente mais desenvolvidos
(como o Canadá, a Alemanha, o Japão, …), nos quais, em média, 55% das pessoas são
financeiramente instruídas, e países em desenvolvimento (os chamados BRICS), nos quais
essa média desce até aos 28%. Há, porém, disparidades assinaláveis entre países do
mesmo grupo, o que, todavia, não impede de fazer a relação anteriormente referida –
quanto mais instruída for a população de um certo país, mais este pode evoluir
economicamente.
Reduzindo a amostra considerada, podem ser comparados os níveis de literacia
financeira entre países europeus. Ora, ainda segundo o estudo da McGraw Hill Financial
(2014), os países do norte da Europa tendem a ter níveis mais elevados de literacia
financeira, comparativamente com os países do sul europeu (onde se insere Portugal), que
apresentam valores muito mais reduzidos, o que pode explicar as grandes diferenças
económicas entre estes grupos de países. Neste contexto, destacam-se países como a
Dinamarca, Suécia e Noruega, cujo grau de literacia financeira chega aos 71%.
Estes dados são importantes, uma vez que, antes de serem analisados os dados
referentes aos estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, é
fundamental ter em conta a generalidade da população portuguesa, para que,
posteriormente, a amostra de estudantes possa ser comparada com os dados referentes a
todo o país.
Ora, como já foi visto, Portugal, face à Europa, não é dos países que apresenta níveis
de literacia financeira mais elevados. Considerando, novamente, a generalidade da
população mundial, denotam-se, também, diferenças – enquanto Portugal se aproxima
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dos 26%, os níveis de literacia financeira em todo o mundo atingem, em média, os 33%
(McGraw Hill Financial, 2014). 1
Como tal, fica a ideia de que a formação financeira em Portugal está aquém da de
outros países, pelo que é, eventualmente, fundamental apostar em melhorar essa área do
ensino, sendo esta, até, uma possível solução a longo prazo para o garante de um melhor
futuro da economia portuguesa. Isto é, para que o estado económico do país possa
melhorar, é de vital importância que as pessoas estejam bem informadas acerca desta área
do saber, de maneira a que possam reagir, de forma correta, a qualquer situação menos
favorável que implique este tipo de conhecimento para ser ultrapassada.
Figura 1 – Variação global do nível de literacia financeira
Nesse sentido, o estudo dos níveis de literacia financeira dos alunos da FEUP serve
para entender como é que, na atualidade, os conhecimentos financeiros são passados aos
universitários e como estes os entendem e aplicam numa situação real que exija uma
decisão da sua parte.
1 De referir que as percentagens assinaladas representam o número médio de adultos financeiramente
instruídos dentro dos respetivos países.
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5. Metodologia
O inquérito realizado teve como objetivo analisar o conhecimento a nível financeiro
da comunidade estudantil da FEUP. Deste modo, o estudo foi divido em duas partes:
1. Sete perguntas de escolha múltipla, para recolher os dados dos inquiridos e avaliar os
seus hábitos de gestão.
2. Oito perguntas de escolha múltipla que integravam uma resposta correta, para
averiguar a compreensão financeira dos estudantes, incluindo esta etapa conceitos
mais específicos do tema avaliado. Esta segunda fase teve como base do seu
fundamento um inquérito realizado pela Gallup para a Standard & Poor’s Ratings
Services, no contexto do Global Financial Literacy Survey (disponível em
https://www.spglobal.com/corporate-responsibility/global-financial-literacy-survey).
O questionário, corporizado na plataforma Google Forms, teve o objetivo de analisar a
população constituída pelos estudantes da FEUP inscritos no presente ano letivo, rondando
os 7500 alunos. Deste modo, foi enviado um e-mail a uma amostra de 17092* estudantes
dos 1º e 5º anos dos cursos Mestrado Integrado em Engenharia Civil, Mestrado Integrado
em Engenharia e Gestão Industrial, Mestrado Integrado em Engenharia Eletrotécnica e de
Computadores e Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica, e ainda aos alunos do 3º ano
do curso Mestrado Integrado em Engenharia e Gestão Industrial.
A amostra selecionada inclui os cursos mencionados anteriormente pelo facto de um
deles ser o curso dos autores do presente relatório, e pelos restantes serem os três cursos
com maior numerus clausus da FEUP.
2 Devido às limitações impostas pelo Manual do Projeto FEUP, o qual impede o envio de questionários
de forma generalizada, o questionário foi dirigido apenas a uma amostra da população da FEUP.
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O inquérito esteve disponível online durante 1 semana, obtendo uma taxa de resposta de
12,6%.
Apesar do método adotado não ser perfeito e não ter recebido tantas respostas como o
esperado, foi o estabelecido para permitir a máxima adesão dos inquiridos no menor período
de tempo, permitindo aos mesmos responder quando tivessem maior disponibilidade.
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6. Resultados e análise
6.1. Identificação da amostra
O inquérito obteve resposta de 215 alunos, 75 dos quais de Engenharia Mecânica, 39
de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, 29 de Engenharia Civil e 72 de
Engenharia e Gestão Industrial. Destes, 157 são alunos do 1º ano, 9 do 3º e 49 do 5º.
Neste inquérito foram incluídas várias perguntas de identificação da amostra, tais como:
Qual é a sua principal fonte de rendimentos?
Costuma discutir assuntos financeiros?
Está atento à situação económica do país?
…
Estas perguntas evidenciaram que a maior parte dos estudantes inquiridos tem como
principal fonte de rendimento uma mesada ou semanada (84,7%), sendo que apenas 5,2%
dos inquiridos possui um emprego part-time ou full-time. Para além disso, mais de metade
(55,3%) afirma discutir assuntos financeiros com alguma regularidade enquanto que 8,8%
confessa não o fazer. Já quando questionados sobre o seu interesse na situação económica
do país, destacam-se 2,8% ao admitirem não ter qualquer tipo de interesse nesse tema. É,
ainda, importante referir que 63,7% dos alunos que responderam ao inquérito não tem por
hábito elaborar, no início de cada mês, um orçamento para controlar os seus gastos e
rendimentos durante o que resta desse mês.
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Por outro lado, na segunda parte do inquérito, foram feitas as seguintes questões:
Tabela 1 – Perguntas e respostas da 2ª parte do inquérito
Pergunta Resposta correta
1. Qual a diferença entre "cartão de crédito"
e "cartão de débito"?
No cartão de crédito é possível ter saldo
negativo e no cartão de débito não
2. A diferença entre rendimento bruto
e rendimento líquido é:
O rendimento líquido corresponde ao valor
do salário depois de os impostos serem
descontados e o rendimento bruto é o salário
inicial sem qualquer tipo de cortes.
3. Qual a diferença entre PIB e PNB? No PNB são contabilizados os efeitos das
receitas e despesas de importações e
exportações.
4. Qual destes NÃO é um requisito necessário
para pedir um empréstimo?
Ter um fiador.
5. O que é a "TAEG"? É o custo total suportado pelo cliente quando
adquire um determinado crédito.
6. Suponha que tem algum dinheiro de parte.
É mais seguro colocar esse dinheiro num
negócio ou investimento, ou colocá-lo em vários
negócios ou investimentos?
Múltiplos negócios ou investimentos.
7. Suponha que nos próximos 10 anos os preços
das coisas duplicam. Se o seu rendimento
também duplicar, será capaz de comprar...
O mesmo do que consegue hoje.
8. Suponha que põe o dinheiro no banco por dois
anos e o banco concorda em adicionar 15% ao
ano ao valor da sua conta. Irá o banco
adicionar mais dinheiro à sua conta no segundo
ano do que o faz no primeiro, ou irá adicionar
o mesmo valor nos dois anos?
Adiciona mais dinheiro no segundo ano do
que no primeiro
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O gráfico que se segue (figura 2) representa a percentagem de respostas certas obtidas
para cada uma das perguntas da segunda parte do inquérito acima enunciada.
Resposta correctas por pergunta (%)
Figura 2 - % de respostas correctas por pergunta.
Este gráfico demonstra que as 3ª, 4ª e 5ª questões são as que tiveram menor
percentagem de inquiridos a acertar. Dado isto, conclui-se que assuntos e conceitos
teóricos com os quais os inquiridos não lidam no dia-a-dia são menos conhecidos na
comunidade.
Como sugerem os gráficos seguintes (figuras 3, 4 e 5), a percentagem de resposta a
cada uma das diferentes opções possíveis às questões 3, 4 e 5, foi muito semelhante. Esta
dispersão comprova que, como referido anteriormente, estes temas são mais suscetíveis
de gerar dúvidas por geralmente não fazerem parte do dia-a-dia de um estudante.
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Figura 3– Gráfico relativo à % de resposta à pergunta 3.
Figura 4 – Gráfico relativo à % de resposta à pergunta 4
Figura 5– Gráfico relativo à % de resposta à pergunta 5.
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Por outro lado, existem outras questões, como a 1ª e a 2ª, cuja percentagem de resposta
correta foi bastante unânime, como se pode observar nos gráficos seguintes.
Figura 6– Gráfico relativo à % de resposta à pergunta 1.
Figura 7– Gráfico relativo à % de resposta à pergunta 2.
Esta uniformidade pode ser explicada pelo facto de haver um maior contacto com o
tipo de realidades abordadas nestas questões. Por exemplo, a utilização de cartão de
crédito/débito é uma prática regular nos estudantes universitários. Para além disso,
conceitos como “rendimento líquido” e “rendimento bruto” são conceitos mais acessíveis
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e de maior facilidade de aprendizagem que, de alguma forma, têm uma maior abordagem
no contexto familiar.
6.2. Comparação de parâmetros
Fonte de rendimento e hábitos de gestão
5,2% dos inquiridos tem um emprego part-time ou full-time. Todos estes têm idade
superior a 20 anos. Quanto aos seus hábitos de gestão não se notou qualquer disparidade
entre a amostra total e esta parte da amostra, visto que destes, continua a haver uma
maioria que não faz qualquer tipo de orçamento no início do mês. Em relação ao interesse
e discussão de assuntos da situação económica do país, esta percentagem da amostra
mostrou-se, na totalidade, proativa neste parâmetro.
Quanto às pessoas que têm como principal fonte de rendimento uma bolsa (2,8%), a
análise é a mesma. Ou seja, não se pode concluir que as pessoas que têm uma bolsa ou
um emprego têm maior preocupação com o cumprimento dos seus gastos por mês em
relação às pessoas que têm uma mesada ou semanada, apesar destes últimos, como se
pode analisar nos gráficos seguintes (figuras 8 e 9), terem uma maior percentagem de
inquiridos que não tem por hábito realizar orçamentos. Para além disso, é importante
referir que, dos estudantes cuja fonte de rendimento é uma mesada/semana, existe uma
pequena percentagem que não está atenta nem discute assuntos económico-financeiros.
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Figura 8– Gráfico relativo à % de resposta à pergunta “No inicio do mês costumo…”., dos inquiridos
cuja fonte de rendimento é “bolsa”
Figura 9 - Gráfico relativo à % de resposta à pergunta “No inicio do mês costumo…”., dos inquiridos cuja
fonte de rendimento é “mesada/semanada”
Idade e interesse em assuntos financeiros
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Apenas 2,80% dos inquiridos respondeu que não tinha qualquer interesse na situação
económica do país e que não discutia assuntos financeiros. Para além disso, 43,92% dos
alunos com idade entre os 17 e os 19 anos costuma discutir assuntos financeiros e está
regularmente atento à situação económica do país. O mesmo se verifica com 60,53% dos
alunos com idade entre os 20 e os 22 anos e com 46,94% dos alunos com idade superior
a 22.
Estes resultados não são muito conclusivos. No entanto, permitem inferir que o
interesse em assuntos económico-financeiros tende a aumentar com a idade ainda que não
se note muita diferença, principalmente entre os inquiridos da faixa etária entre os 17 e
os 19 anos e os inquiridos maiores de 22 anos.
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Ano curricular e conhecimento financeiro
A tabela 2 apresenta uma comparação entre a percentagem de alunos dos 1º e 5º anos
que acertaram a cada uma das perguntas da segunda parte do inquérito. Através dos dados
da mesma, é possível concluir que existe uma proximidade entre a literacia financeira de
ambos os grupos. Como referido anteriormente, é de novo comprovado nesta tabela uma
descida na percentagem de respostas corretas nas 3ª, 4ª e 5ª questões, que se relacionam
com conceitos financeiros mais teóricos. Deste modo, não se pode concluir que haja uma
relação entre os conhecimentos financeiros dos estudantes e o seu ano curricular.
Tabela 2 – Comparação da % de respostas certas à 2ª parte do inquerito entre estuadantes do 1º e 5º
ano.
1º ano 5º ano
1ª
84,7%
85,7%
2ª 89,8% 98,0%
3ª 39,5% 49,0%
4ª 40,8% 24,5%
5ª 45,2% 49,0%
6ª 75,8% 91,8%
7ª 82,2% 77,6%
8ª 75,8% 81,6%
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7. Panorama da FEUP vs. Panorama Nacional
Como é evidente, não é possível estabelecer uma relação precisa entre a literacia
financeira dos estudantes da FEUP e dos portugueses em geral, avaliada no estudo já
citado da agência financeira Standard & Poor’s, no contexto do estudo “Standard &
Poor’s Ratings Services Global Financial Literacy Survey” (2015), que concluiu que
apenas 26% dos portugueses são financeiramente literados.
É, então, difícil estabelecer uma percentagem para a literacia financeira apresentada
pelos estudantes da FEUP, visto que há vários fatores a considerar. Mesmo que fosse
atribuído um valor, esse seria sempre dúbio, e poderia estar a falsear os resultados.
Isto deve-se a vários fatores, dos quais se destacam:
o facto a amostra considerada para a realização do inquérito ser pequena, uma
vez que não foi possível envia-lo através de e-mail dinâmico para a totalidade
dos alunos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto;
o facto das perguntas utilizadas no inquérito realizado pelos autores que
elaboraram o presente relatório não serem as mesmas do inquérito realizado
pela Standard & Poor’s para avaliar a literacia financeira em Portugal;
o facto dos conhecimentos e meios dos autores do relatório não serem
suficientes ou os mais adequados para avaliar os resultados obtidos;
etc.
Ainda assim, é possível destacar alguns tópicos relevantes: 5 das 8 perguntas
obtiveram uma taxa de respostas corretas superior a 75%, sendo que em 4 destas, essa
percentagem foi superior a 80%. Apesar de apenas aproximadamente 6% dos inquiridos
ter acertado em todas as perguntas, os resultados em geral consideram-se positivos, visto
que muitas das respostas incluíam apenas 1 ou 2 perguntas erradas (em 8 perguntas), o
que não deixa de ser um bom resultado, que demonstra literacia financeira por parte
daqueles que foram questionados.
Conclui-se, então, que a literacia financeira dos portugueses assume valores muito
aquém dos que são esperados e desejados num país desenvolvido, como é o caso de
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Portugal. Já no contexto da FEUP, os resultados obtidos, apesar de pouco significativos,
revelam que o panorama é mais favorável do que o nacional.
8. Conclusão
A literacia financeira é, sem dúvida, um assunto de extrema importância para toda a
sociedade, isto porque a sua influência vai desde a gestão de um orçamento familiar até à
própria economia de um país. Tal como demonstraram alguns estudos citados
anteriormente, o grau de literacia financeira de um determinado país está de certa forma
relacionado com o grau de riqueza e conforto financeiro que esse mesmo país apresenta.
Exemplos disso são países como a Dinamarca, Suécia e Noruega, que apresentam um
grau de literacia financeira que atinge os 71%, de acordo com a agência financeira
Standard & Poor’s Ratings Services, no contexto do estudo “Global Financial Literacy
Survey” (2015).
Apesar de, como já foi dito, não ser possível estabelecer uma comparação exata entre
a literacia financeira dos alunos da FEUP e do país em geral, torna-se evidente que a
educação é a chave para um maior conhecimento nesta área. Assim sendo, temáticas
relacionadas com a economia e finanças devem ser introduzidas ao longo do percurso
académico de um estudante, desde tenra idade, para que este seja capaz, em idade adulta,
de tomar decisões corretas do ponto de vista económico-financeiro que lhe permitam ter
uma vida financeiramente confortável.
Literacia Financeira
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Referencias bibliográficas
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https://www.dinheirovivo.pt/poupanca/literacia-financeira-portugal-abaixo-da-media-
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[3] SANTOS, Rui, MOUTINHO, Paulo – 19 de novembro de 2015, JORNAL DE
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