Linderberg & Life Edição 34
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Ao leitor,
Adolpho Lindenberg Filho e Flávio Buazar
são conselheiros e idealizadores da LDI
Adolpho Lindenberg Filho e Flávio Buazar
não poderia passar em branco.
Há 55 anos um homem decidiu se-
guir seu sonho e o que era sonho vi-
rou realidade. Não só para ele, mas
para muitas pessoas.
Nada se constroi sem compartilhar
e, no caso de Adolpho Lindenberg,
pode-se mesmo dizer que compar-
tilhou e está presente na vida de
todos aqueles que hoje moram ou
um dia passaram por um empreen-
dimento feito por ele.
Dos muitos moradores, parceiros, ami-
gos e clientes, alguns estão nas páginas
a seguir, prestigiando-nos com seus
depoimentos. São nossos convidados.
Adolpho Lindenberg, porém, não é
nosso convidado, mas sim o anfi-
trião desta celebração. Ele abre as
portas da sua casa e da revista.
Participa da sessão Personna, onde
mostra sua belíssima residência. É
entrevistado com exclusividade pela
renomada arquiteta Patrícia Anas-
tassiadis. Mais adiante, conver-
sa com o arquiteto João Mansur,
passa pela matéria de Tendências,
Capa e não para por aí.
Estamos comemorando 55 anos da
Construtora Adolpho Lindenberg e
preparamos esta edição especia-
líssima, desejosos de transmitir aos
nos sos leitores ao menos um pou-
quinho de todo o orgulho e satisfa-
ção que temos em também fazer
parte desta história.
Esperamos que ao virar a última das
páginas que vêm a seguir você tam-
bém tenha a convicção de que tudo
isso só é possível porque você faz
parte deste sonho.
Mar
ília R
osa
Editorial
Uma data assim,
55 anos
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A Elgin Cuisine e a Lindenbergse uniram para fazer de sua vida
o que ja fazem por sua casa.
acesse: www.elgin.com.br/unique
ou ligue: 11 3704-0968
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08ReleituraAs piscinas suspensas de São Paulo
32FilosofiaConcepções do Tempo
48DepoimentosViver Lindenberg
10EntrevistaUm construtor de ideias
20TendênciasNovas prioridades
34Capa55 Anos de história
70Filantropia InteligenteTudo pronto para o grande passo da filantropia
74ArquiteturaPoéticas urbanas (Paisagem)
Matéria55 anos de história
imagem capaneco stickel
neco stickel é designer, ilustrador
e perspectivista e possui uma
lista considerável de prêmios em concursos de
móveis, além do seu projeto de um
microplanador. Convidado para edição
comemorativa da L&L, ele ilustra a expansão da
construtora nesses últimos 55 anos na
cidade de são Paulo.
Sumário55 anos
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3462PersonnaUnião entre o eclético e o atemporal
50Personna Dr. AdolphoArquiteto de família
56ReconhecimentoMestres de obras primas
Nesta edição
Gianfranco Vanucci de Blade runner ao caos urbano atual
Patricia anastassiadis encontro de gerações em bate papo sobre arquitetura e vida
João Mansur recebe dr. adolpho Lindenberg
andrew ritchiediscorre sobre o tempo e a uma memória “involuntária”
angelo derenze analisa tendências mundiais na decoração
Opine sobre as reportagens publicadas na revista e sugira temas para as próximas edições. Envie sua mensagem para nossa redação: [email protected]
Fale com a Lindenberg & Life
é uma publicação da editoranovo Meio Ltda. para a
Construtora adolpho Lindenberg.
ano 8 • número 34 • 2010
A tiragem desta edição de 10.000exemplares é comprovada pela
Conselho editorial: Adolpho Lindenberg Filho, Flávio Buazar, Ricardo Jardim, Rosilene Fontes,
Renata Ikeda e Lili Tedde
Produção e redação: Novo Meio Comunicação Empresarial
editor: Claudio Milan (MTb 22834)
editora assistente: Perla Rossetti
Jornalismo:Larissa Andrade e Renata Vieira
Projeto gráfico e direção de arte: Sérgio Parise Jr.
designers: Ivan Ordonha e Jonas Viotto
Fotografia: Alberto Guimarães e Mari Vaccaro
revisão: Kika Freitas
Colaboração e agradecimentos:Fernando Mekitarian, Gisele Selim,
Carlos Magno, The Brands’ Company, FASS (Fotógrafos Associados) e
WN&P Comunicação
Publicidade:(011) 3041 5620
redação:Rua São Tomé, 119
11o / 12o andar Vila Olímpia 04551 080 São Paulo SP Brasil
(011) 3089 [email protected]
Os anúncios aqui publicados são de responsabilidade exclusiva dos anunciantes.
Filiada à
68Urbanas28 anos depois
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Releitura
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55 anos
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Reprodução:
Revista Manchete
(Edição Especial
25 de janeiro de 1970)
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um
um dos mais renomados arquitetos
brasileiros do último século, o Dr.
Adolpho Lindenberg é responsável
por construções de estilo neoclássi-
co no Paraguai, Chile, Nigéria e mais
de 500 edifícios no Brasil, entre eles
o Penthouse, no Morumbi, o luxuoso
hotel Tropical, em Manaus, e o Hotel
Casa Grande, no Guarujá.
Para entrevistá-lo nesta edição espe-
cial, convidamos a requisitada e talento-
Entrevista
c onstrutor de ideias
Aos 86 anos, sa arquiteta Patrícia Anastassiadis, que
igualmente desenvolveu projetos inter-
nacionais e já atuou em parceria com
o arquiteto. Num bate-papo descontra-
ído, na residência do Dr. Lindenberg,
nos Jardins, Patrícia teve como missão
revelar curiosidades sobre a vida desse
construtor de ideias e ideais.
Nascido na Rua Alagoas em 3 de junho
de 1924, ele morou por muitos anos
no bairro de Higienópolis. Entre andar
de bicicleta e aprontar suas travessuras
na casa da avó, dona Gabriela Ribeiro
dos Santos, o menino Adolpho assistiu
empreiteiros erguerem a Praça Charles
Miller e os primeiros prédios do cons-
trutor João Artacho Jurado e da Co-
mercial & Construtora, duas firmas que
disputavam a região nos idos da dé-
cada de 40. Mesmo assim, presenciar
a efervescência arquitetônica daquele
momento histórico não influenciou a
escolha profissional. “Foi quando tra-
balhei como engenheiro hidráulico na
55 anos
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Patricia Anastassiadis entrevista o arquiteto Adolpho Lindenberg que transformou uma herança de família na reintrodução do estilo neoclássico no país e numa grife de alto padrão
Light e comecei a fazer as reformas
em fazendas no interior de São Paulo é
que tomei gosto por construção.”
O pai, médico respeitado, não conse-
guiu dissuadi-lo da paixão pela arquite-
tura, mesmo depois de seis meses em
que teve a sua ajuda, na Santa Casa.
Depois de se graduar em Engenharia
Civil e Arquitetura pela Universidade Ma-
ckenzie, em 1949, Adolpho deu asas à
sua mente criativa e alma empreende-
dora. Em 1954 fundou a própria empre-
sa — a Construtora Adolpho Lindenberg
(CAL) e registrou, de vez, seu nome na
história da arquitetura brasileira.
No início da década de 60, os seus
clientes das casas transformaram-se
em clientes dos prédios em estilo ne-
oclássico. O primeiro deles, o edifício
Princesa Isabel, na Rua Piauí, permitiu
o reencontro com as calçadas de sua
infância. Uma das características que
mais o agradou na obra foi o acabamen-
to personalizado, inédito para a época.
Do primeiro casamento com Tereza, o
Dr. Adolpho tem quatro filhos. Há 13
anos ele está casado com Analuisa,
com quem divide a paixão por cinema,
teatro e viagens. Aliás, ele é um viajante
inveterado, daquele que se alegra em
poder visitar com conforto todo o país,
coisa que era impossível com a falta de
estrutura turística de 30 anos atrás.
À frente dos desenhos e projetos da
Lindenberg por toda a sua vida, ele
já deixou a rotina na construtora, mas
mantém a secretária Bernadete e acom-
panha seu filho e atual diretor da com-
panhia, Adolpho Lindenberg Filho.
Navegador pelas águas da intelectua-
lidade, já se dedicou à tradução de li-
vros favoráveis ao mercado livre, tendo
prefaciado até a obra de Friedrich von
Hayek, prêmio Nobel de economia de
1974. Autor do livro Os católicos e a
economia de mercado: oposição ou
colaboração? Considerações do bom
senso, da editora LTR, ele estudou a
valorização da propriedade privada e a
livre iniciativa para uma ordem socioe-
conômica próspera e livre.
Sonhos de um eterno pensador, que
construiu e deixará para as próximas
gerações um legado sem precedentes
na arquitetura contemporânea, nos va-
lores familiares e nos negócios.
Por Perla Rossetti Fotos Mari Vaccaro
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Patricia anastassiadis – Quan-
do recebi o convite, fiquei lisonje-
ada em saber que o entrevistaria,
que teríamos um bate-papo. a co-
meçar pela profissão, gostaria de
saber como se deu sua escolha
pela arquitetura e qual caminho
levou-o a essa área?
dr. adolPho lindenberg – Em
primeiro lugar, quero dizer que estou
muito satisfeito por ser entrevistado por
você. Já trabalhamos juntos e você está
trilhando uma carreira brilhante. É uma
honra podermos conversar um pouco.
Eu me formei em Engenharia na Univer-
sidade Mackenzie e comecei a trabalhar
na Light, onde fiquei três anos. Depois,
meu pai faleceu e a pequena herança
deixada eu usei para construir a primei-
ra casa para
v e n d e r .
Como
vinha de uma viagem a Minas Gerais,
voltei influenciado pela arquitetura colo-
nial. O estilo estava presente na deco-
ração por aqui, graças a um decorador
chamado Ciro Marques. Ele e eu fize-
mos uma dobradinha e começamos a
fazer uma casa já meio decorada, com
sala e pátio meio decorado para a pes-
soa ter uma ideia de como ficaria.
Patricia – em que década?
al – Anos 50...
Patricia – olha que moderno e
atual!
al – E teve muito boa aceitação. Aí,
coincidiu que comecei também a refor-
mar algumas fazendas no interior de São
Paulo e acabei por me apaixonar de vez
pelo estilo colonial e por essas constru-
ções que são muito típicas do Brasil, ao
contrário do colonial mineiro, que é uma
construção autócna, ao passo que o
colonial de Recife, Salvador e Rio de Ja-
neiro é português. Então foi um sucesso
e construí dezenas de casas. Lembro-
me de uma vez que tínhamos 60 casas
em construção. Era uma coisa maluca.
Patricia – Quantos anos o senhor
tinha na época?
al – Tinha 30 anos e durante os 10
anos seguintes, na década de 60, só fiz
casa, e na década de 70 partimos para
a construção de prédios.
Patricia – É quando o estilo ne-
oclássico se torna a linguagem
adolpho lindenberg?
al – Foi uma evolução do colonial, que
eu trabalhei nas casas. Já havia dois ar-
quitetos, o Alfredo Mathias e o francês
Jacques Pilon, que tinham começado a
fazer prédios nesse estilo.
Patricia – eu morei a vida inteira
em um prédio do alfredo Mathias,
o edifício Umuarama, em higienó-
polis, com paredes duplas e már-
more de carrara, da itália. era uma
coisa maravilhosa.
al – Aqueles prédios atrás do shopping
Iguatemi também são dele. Os dois já
eram conhecidos no estilo, aqui na cida-
de. Mathias e eu construímos em neo-
clássico e trabalhamos na mesma época
e, engraçado, eu não cheguei a co-
Entrevista
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nhecê-lo pessoalmente e São Paulo,
naquela época, era pequenininha, só
tinha um milhão de habitantes. O su-
cesso da construtora não foi tanto pelo
neoclássico, mas pelo acabamento
personalizado. Como eu tinha constru-
ído muitas casas, eu tinha percebido
que cada família prefere morar em um
tipo e que, sendo diferentes entre si,
não há uma unidade. Então, na cons-
trução da casa era muito fácil adaptar
ao estilo do proprietário, mas em um
prédio a tendência era fazer todas as
unidades iguais. E os engenheiros de-
testavam e queriam nos crucificar por-
que dava uma trabalheira....
Patricia – até hoje...
al – Assim, tínhamos de vencer essa
resistência, compreensível, e come-
çamos a oferecer os acabamentos
personalizados. E aí foi uma sensação
total. Cheguei a ponto de ter um pré-
dio de 25 andares com cinco arqui-
tetos trabalhando a personalização e
equipes separadas de pintores, eletri-
cistas, para poder ser executado tudo
ao mesmo tempo.
Patricia – os projetos sempre
foram de alto padrão ou naquele
per íodo
a proposta era diferente e eles
não eram considerados como
tal? todos os prédios adolpho
lindenberg são disputados pela
qualidade da construção e aca-
bamento. como trabalho na
área, vejo muitos cortes de cus-
tos. Por que se perdeu a qualida-
de nas construções?
al – Todo acabamento personaliza-
do é de luxo. Quando uma pessoa
compra o apartamento standard
na planta, como investimento, não
quer gastar, mas no de uso pes-
soal, coloca mármore e torneiras,
esquadrias, armários embutidos,
iluminação fantástica.
Patricia – Mas na própria
construção, o tamanho dos cai-
xilhos, o pé direito os custos
têm sido reduzidos.
al – Fizemos uma previsão sobre o
acabamento mais caro que afronta-
va a concorrência e oferecemos um
quarto grande de empregada de,
no mínimo, 6 m2. Então, isso enca-
recia a obra, mas dava o diferencial
e valia a pena.
Patricia – o senhor,
que já foi criticado
pela opção do
estilo neoclássico, quais arquite-
tos brasileiros admira?
al – Sou filho de médico e, depois
dessa classe, a mais dividida é a dos
arquitetos. A ciumeira é grande, en-
tão, tomo cuidado para falar deles,
mas faço questão de elogiar algumas
boas obras. Tenho uma admiração
grande por Marcos Tomanik, suas ca-
sas são uma maravilha. Em prédios,
tivemos muito contato com o Oscar
Niemeyer, em Brasília, onde também
construímos bastante. E o Pauliélio,
um excelente arquiteto, faz questão
de acompanhar a obra até o fim. Es-
tou muito satisfeito com o trabalho do
meu genro, o Sérgio Vandeursen. 13
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Patricia - Quando a gente pensa
no papel do arquiteto, senti, por
exemplo, em Portugal, uma defe-
rência grande pela profissão, que
aqui não é valorizada. como o se-
nhor se sente a respeito?
al – O arquiteto deveria exigir uma va-
lorização de seu projeto e até já sugeri
isso a vários deles. Por que não tornar
obrigatória a colocação de uma placa in-
formando que a obra é sua? Por que só
tem placa do engenheiro? Para um ar-
quiteto novo, é importante esse tipo de
registro. Mas acho que os profissionais
não procuram se valorizar como classe.
Patricia - e em relação a são Paulo,
o que o senhor mudaria na cidade?
al – Gostaria muito de resolver o problema
das favelas. Eu tentei duas vezes, mas não
encontrei vontade do poder público em
tocar os projetos. Lembro-me de que nos
tempos do presidente Geisel, eu cheguei
a fazer um projeto de soluções, inclusive
abrindo capital brasileiro, pois há grandes
empresas e fundos públicos nos Estados
Unidos e Europa que aplicam todo o capital
em residências para as classes C e D. Na
Europa, essas classes não são proprietá-
rias dos imóveis, que são alugados. Então,
o projeto foi jogado no lixo três dias depois
de ter sido apresentado. O presidente infor-
mou que o enviaria para a diretoria do BNH.
Eu disse: “‘Senhor presidente, eu sou con-
trário à política do BNH, que é nacionalista”.
Ele respondeu: “Você não acredita no es-
pírito patriótico do BNH”. Eu fiquei quieto e,
realmente, nunca mais soube do projeto.
Patricia - É uma vergonha. eu já
tentei fazer algumas ações meno-
res e o desinteresse é total. duran-
te um ano trabalhei para a prefei-
tura, de graça, em um projeto para
a revitalização da rua dos estu-
dantes, na baixada do glicério. lá
há um serviço bonito das pessoas
para a retirada das ruas de usuá-
rios de drogas e requalificação dos
moradores. Fiz o projeto, consegui
patrocínio para fachadas e recal-
çamento de vias e parcerias com
grandes empresas. Mas o Pcc me
ameaçou porque estávamos me-
xendo no ponto que era distribui-
ção de drogas. e você fica sem sa-
ber, então, por onde ajudar.
al - Um desinteresse total. Também
tentei uma solução para as cadeias
e o problema prisional no Brasil. Não
tive resposta nem muito obrigado. Re-
construímos a Capela do Pátio do Co-
légio e não cobramos um tostão, e não
fui convidado nem para a inauguração.
São dois exemplos, mas eu poderia
discorrer longamente sobre o tema.
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Entrevista
Gostaria muito de resolver o problema das favelas. Eu tentei duas vezes, mas não encontrei vontade do poder público em tocar os projetos.
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Patricia - e o lado pessoal?
Quantos filhos o senhor teve?
al – Tinha quatro filhos, três moças
e um rapaz. Uma delas faleceu há
dois anos. Eles são casados, e tenho
nove netos.
Patricia - algum é arquiteto?
al – Não, mas uma filha é casada
com um arquiteto, e a outra, com um
engenheiro.
Patricia - e quais são seus ho-
bbies?
al – Agora que me aposentei tenho um
grande hobby que é ler. Sou um leitor
inveterado, e leio de três a quatro livros,
ao mesmo tempo.
Patricia - tem alguma boa dica?
al – Gostei muito do Guia politicamen-
te incorreto da história do Brasil.
Patricia - e viagens?
al – É meu segundo hobby. Para es-
colher o lugar, minha esposa precisa
gostar do destino. E ela gosta de viajar
mais ainda do que eu. Depois, também
viajamos com amigos. Temos grupos
pequenos de amigos, vamos a poucos
lugares na cidade, mas sempre com os
bons e velhos amigos.
Patricia - o senhor tem paixão
também por carros?
al – Sim, eu gosto muito de correr
um pouco. Antes, ia muito para o Rio
de Janeiro de carro. Apesar de ser uma
viagem meio cansativa, eu gosto. Ago-
ra, quero fazer o percurso do Rodoanel,
está bonito lá?
Patricia - e teatro? Parece que o
senhor é um espectador assíduo.
al – Sim, gosto muito.
Patricia - o senhor frequenta
muitos restaurantes?
al – Sim, adoramos, inclusive porque a
quantidade de restaurantes que abrem
em São Paulo é fantástica. Gosto de
todas as culinárias, até grega, embora
tenha poucos restaurantes...
Patricia - É por isso que comida
grega é na grécia ou na casa da
minha avó (risos).
al – E você, sabe fazer?
não... assim, dá para arriscar, mas
lógico que ninguém bate a comida
da minha avó... não pode, se não
perde a graça e tem a questão da
tradição, os traços culturais que
passamos através da culinária.
Patricia - o senhor é um aprecia-
dor do universo das artes. como o
senhor vê a produção artística de
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hoje que influencia tanto o
estilo de vida e até a casa
das pessoas?
al – Depende do status eco-
nômico do país. Até há pouco
tempo, não tínhamos um pa-
drão de vida que permitisse
a compra de obras de arte.
Quando as pessoas iam para
a Europa podiam comprar.
Hoje as opções aumentaram
e é comum que a casa tenha
quadros e coleções importan-
tes. Eu consigo diferenciar obra
de arte da produção em arqui-
tetura, mas não entendo bem
algumas pinturas. Visitei um
colecionador de peças de arte
chinesa fantástica e percebi
que não vejo isso há 40 anos,
aqui no Brasil.
Patricia - acho que, hoje,
a arte contemporânea cho-
ca demais. Você vai à bie-
nal de arte de Veneza e se
assusta. Já não são mais
obras, são instalações...
Meu filho disse: “Mãe, isso
não é arte! isso eu faço!”.
era um pingo vermelho
na parede. Muitas vezes,
só quando você escuta a
história do artista enten-
de a obra. e, falando de
movimentos artísticos, o
senhor sentia no brasil a
influência vanguardista da
escola de design e arqui-
tetura alemã bauhaus, na
década de 50?
al – Sim, o apogeu foi a
construção de Brasília. Inclusi-
ve nós, que fizemos o primeiro
prédio da iniciativa privada lá, o
edifício JK. Ainda está na con-
fluência dos dois eixos e teve
projeto do Niemeyer. Nessa
época também fizemos o Ho-
tel Tropical, em Manaus, uma
construção que para mim tem
muito significado. Foi uma ex-
periência sociológica. Nunca
vi um atraso tão grande entre
a população, em 1960. Está-
vamos em plena obra quan-
do vimos uma onça preta. Os
operários, que eram de Brasí-
lia, ficaram apavorados e os de
Manaus fizeram um círculo ao
redor da onça, cantaram e a
mataram a pauladas. Foi uma
cena... Foi primitivo. E à noite
eles ainda fizeram churrasco...
Aquele dia eles não trabalha-
ram, dado o acontecimento.
Patricia - o perfil das fa-
mílias e o estilo de vida
eram diferentes, há 55 anos.
Quais desejos dos clientes,
quanto à arquitetura dos la-
res, chama mais a atenção
do senhor, atualmente?
al – Hoje o cliente é mais
exigente e é mais comum as
pessoas viajarem para a Euro-
pa. Naquela época, não havia
a influência internacional de
hoje, que tem a internet e re-
ferências mundiais. E quando
você atende um cliente, ele
chega com uma bagagem
bem maior.
Patricia - o senhor sem-
pre criou um laço de ami-
zade com seus colabo-
radores na construtora,
especialmente os mestres
de obra. como era a rela-
ção com eles?
al – Uma das características
que eu trouxe para a cons-
trutora, e que permanece até
hoje, é o relacionamento com
os mestres de obra, ao qual
ninguém dá muita importância,
mas eles são fundamentais. E
me orgulho de sempre ter tido
os melhores de São Paulo e de
pagar a mais para eles. Com
um bom mestre não temos re-
clamação de obras. Outro dia,
li que uma empresa tem 200
processos. Mas eu sempre
tive uma relação pessoal com
eles. Era padrinho, se fica-
vam doentes eu ia visitar... Um
deles é um caso curioso. Ele
era de Pernambuco, era meio
cangaceiro, muito severo, mas
excepcional. Ele tinha uma fi-
lha doente e eu arrumei um
hospital e médico para ela. En-
tão, ele passou a ter uma de-
dicação feudal a mim. O que
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Entrevista
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Entrevista
eu falava, ele dizia amém. Um
dia, em uma obra, um vizinho
reclamou à polícia e foi agres-
sivo conosco. Ele chegou a
mim e disse: “Doutor Adolpho,
estou aqui para qualquer coi-
sa”, e eu respondi: “Pois muito
bem, mas no momento não
estou precisando de reforma”.
E ele retrucou: “O senhor não
entendeu, é para qualquer
coisa mesmo”. Veja se pode!
Certa vez, fiquei doente, de
cama, e todos os dias ele
acordava a empregada às seis
da manhã para saber se eu ti-
nha passado bem a noite. Era
uma dedicação incrível! Tenho
outro mestre com o qual tra-
balhei mais de 60 anos.
Patricia - O senhor acom-
panhou o crescimento de
São Paulo nas últimas cin-
co décadas. Do que sente
saudades?
aL – Eu assisti a mudança de
São Paulo de um milhão de
habitantes para 10 milhões.
É uma mudança de ambien-
te total. Ter relacionamentos
pessoais fica difícil. Mas es-
ses são os inconvenientes da
cidade grande tão cantada e
decantada em filmes. Tanto é
que Nova York é uma cidade
fria para quem mora lá e todos
são estranhos entre si. Ao pas-
so que em cidades menores,
todos têm contato. Mesmo
o relacionamento em certas
empresas é assim. Vi o nasci-
mento do Secovi (Sindicato do
Mercado Imobiliário) no meu
escritório. Todas as empresas
de engenharia se davam muito
bem, hoje, não.
Patricia - Muitos empre-
sários são líderes que ins-
piram os colaboradores,
como o senhor. Quais são
os seus atributos pessoais
e profissionais que o torna-
ram um agregador?
aL – Eu gosto de conversar e
me interesso pelas pessoas.
Todos têm seus dramas e pro-
blemas. Já tive tantos em mi-
nha vida e, quanto mais se vive,
se vê que existem mais. Co-
nheci um homem casado com
uma mulher muito bonita, os
dois eram ricos e tinham filhas
lindas. Comentei com minha
mulher: “Eles têm tudo na vida”.
E no dia seguinte ele tentou se
suicidar. Essa foi a maior lição
de vida que tive, pois embora
o cenário fosse perfeito, de fato
o homem estava quebrado, era
só imagem. Tinha dado uma
grande festa, convidou todos
os banqueiros de São Paulo
para tentar adiar o pagamento
de suas dívidas. De modo que
é muito importante, na verdade,
os relacionamentos pessoais.
Patricia - De onde vem tan-
to jovialidade? Dá a receita?
aL – Da medicina ortomole-
cular. Você é muito criança,
não precisa. Tenho paixão
pela vida e gosto de produzir,
sempre. E de manter os rela-
cionamentos com funcionários
e familiares. Vejo que vivemos
numa época em que as famí-
lias estão desagregadas.
Patricia - E o senhor é
religioso?
aL – Sim, inclusive escrevi um
livro, A economia de mercado
em uma sociedade cristã em
que mostro que a característi-
ca principal da economia cris-
tã é o relacionamento familiar.
Na Idade Média ela deu ori-
gem ao feudalismo, que não é
uma estrutura jurídica, mas de
relacionamento das famílias,
os nobres e seus suseranos.
Então, sempre procurei criar
um ambiente familiar na cons-
trutora. Primeiro, com poucas
trocas de funcionários. Prova
disso é que temos alguns que
passaram a vida toda conos-
co. Segundo, temos um rela-
cionamento de amizade, que
não é só profissional. Fomos
a primeira empresa a ter clube
próprio, com time de futebol e
excursões. Eles são mais ami-
gos do que funcionários. A es-
sência da empresa.
... me interesso pelas pessoas.
Todos têm seus dramas e
problemas. Já tive tantos em minha vida...
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Novas prioridades
A Feira do Móvel de Milão apresentou uma conexão entre tecnologia, design moderno
e ideias simples que funcionam, além de renovar conceitos valorizados no passado
Vitra
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Arquitetura e design globalizados atendem as novas demandas sociais, culturais e compatibilizam diferentes estilos de vidaPor Larissa Andrade
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Atributos presentes ou buscados nas residên-
cias por pessoas que passam cada vez menos
tempo em casa e, exatamente por isso, espe-
ram que a vivência seja extremamente praze-
rosa e proporcione momentos de descanso e
descontração, sem abrir mão da conexão all
time com o mundo lá fora.
Mais do que nunca, engenheiros, arquitetos e
designers estão atentos às mudanças no per-
fil e na personalidade dos indivíduos para não
apenas satisfazer as suas necessidades, mas
também surpreendê-los. Especialmente em
grandes cidades, os moradores passam por
uma constante transformação que se reflete
nas residências, conforme explica Gianfranco
Vannucchi, do escritório Königsberger Vannuc-
chi Arquitetos Associados. “A gente percebe
nas grandes metrópoles, e em uma cidade
maluca como São Paulo, que começam a se
criar novas centralidades urbanas: morar, traba-
lhar, consumir e ter lazer num mesmo lugar, ou
perto uma coisa da outra. Isso é uma busca, é
uma ideia do bairro-dormitório, em que pegar o
carro para trabalhar vai cair em desuso.”
Driblar o trânsito com o objetivo de passar
mais tempo em casa tem mudado a maneira
como as pessoas pensam a forma de morar.
E a cidade vem lidando com esse desafio,
adotando novos padrões e formatos, em que
residências térreas passam a dar espaço a
edifícios para suprir o déficit habitacional e,
com isso, vão mudando a paisagem. “Vai ser
cada vez mais difícil morar em casas nas me-
trópoles. O terreno urbano está muito valori-
zado para conseguir colocar uma casa num
centro, tanto que elas estão sendo demoli-
das para dar lugar a edifícios. Para viver em
casas, as pessoas terão de morar cada vez
mais longe, como em Alphaville”, exemplifi-
ca Vannucchi. Assim como já acontece nos
Estados Unidos, onde as famílias costumam
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Percebe-se nas grandes metrópoles que começam a se criar novas centralidades urbanas: morar, trabalhar, consumir e ter lazer num mesmo lugar
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Tecnologia, sustentabilidade, conforto, família e individualidade.
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habitar os subúrbios, que oferecem mais espaço e
qualidade de vida, e os centros financeiros abrigam
principalmente jovens profissionais, já que os empre-
endimentos são menores e de preço elevado.
Modernidade
A escolha pelo apartamento, no entanto, não significa
abrir mão de conforto ou bom gosto. “Eu posso mo-
rar num lugar pequeno, mas morar bem, com design,
uma marca, um projeto forte. A classe média terá de
escolher entre um apartamento menor, mais próximo
do centro, ou maior e um pouco mais longe. Hoje já
há lançamentos nos Jardins com um ou dois dormitó-
rios, porque o metro quadrado está muito caro”, res-
salta. Essa também é a opinião do presidente da Casa
Cor, Angelo Derenze. “Na Casa Cor, procuramos ilus-
trar o mercado e temos, nesse ano, lofts como o do
investidor imobiliário, e do jovem executivo, por ser
uma tendência das pessoas nas grandes metrópoles,
um novo jeito de viver. Seja porque saíram da casa
dos pais, seja porque acabaram descasando, o loft é
um abrigo importante para quem mora sozinho, mas
quando se recebe os amigos tem um espaço agradá-
vel. É e um nicho importante também.”
Dados da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos
do Patrimônio) mostram que esse mercado está re-
almente aquecido na capital paulista, onde o número
total de lançamentos no primeiro quadrimestre do
ano foi de 18.789, o que representa um crescimento
de 198% em relação a 2006 e de 11% na compara-
ção com 2008. Os apartamentos de dois dormitórios
são a maioria (54%), mas são os de apenas um dor-
mitório que se destacam: o número de lançamentos
entre 2006 e 2008 saltou 785%, passando de 172
para 1.489 unidades.
Devido ao interesse crescente por apartamentos me-
nores – atraentes principalmente para a parcela soltei-
ra da população, que em São Paulo chega a 33%, se-
gundo levantamento do Instituto Ipsos/Marplan/EGM
–, são cada vez mais frequentes os lançamentos de
edifícios com apartamentos de metragens diferentes,
que permitem receber desde os solteiros convictos
até casais ou famílias maiores.
Para Angelo Derenze, o tamanho do apartamento
costuma mudar de acordo com os momentos da
vida. “As pessoas não querem ser iguais, elas que-
rem ter, no mesmo prédio, espaços diferentes e for-
matações diferentes. Essa tendência veio para ficar e
quem apostar nisso vai sair ganhando”, diz. Segundo
ele, a maneira de ver e usar a casa também mudou.
“O conforto definitivamente está mais valorizado dentro
Angelo Derenze, presidente da Casa Cor: lofts são um nicho de mercado, metragens mudam ao ritmo dos momentos da vida e sustentabilidade está na ordem do dia
Marcos Casado, da Green Building Brasil, explica como a sustentabilidade já é assimilada em prédios comerciais e quais são as economias possíveis
Lançamentos no primeiro quadrimestre do ano cresceram 198% em relação a 2006 e 11% na
comparação com 2008
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de casa porque as pesso-
as estão ficando mais em
casa por prazer. Ao mesmo
tempo em que elas saem
mais, elas ficam mais. E, quan-
do ficam, usam mais a casa do
que no passado, quando alguns
espaços eram utilizados apenas
para receber visitas. Aí o item con-
forto é bastante levado em conside-
ração porque quando você usa é que
você valoriza. Além de bonito, o sofá
deve ser confortável; o banheiro deve
ser agradável porque é onde começa-
mos o dia”, exemplifica Derenze.
Formatos
Vannucchi diz que a tendência de diferentes metra-
gens num mesmo edifício deve se solidificar. “Já exis-
te em um mesmo edifício de apartamentos com 50 m2
e outro com 150 m2. Isso já está acontecendo e com
o tempo a expectativa é de que tenham até diferen-
ças maiores de área.” Além disso, o arquiteto aponta
que devem surgir mais empreendimentos que reúnem
residência, lazer, trabalho e comércio num único lugar.
“A gente viu isso acontecer em Nova York há 30 anos,
no TrumpTower, onde foi construído um shopping no
pavimento térreo. No Brasil, a gente já sente essa
possibilidade de junções, principalmente em edifícios
comerciais, onde tem conjunto comercial de 40 até
570 m2 e você pode ir somando”, explica.
InconscIente coletIvo
Se conforto e praticidade tornaram-se palavras-cha-
ves para o estilo de vida atual, a decoração tem papel
fundamental nesse sentido e as feiras de decoração
mundiais, como o Salão Internacional do Móvel de
Milão e a Casa Cor São Paulo, corroboram tais con-
ceitos. Para o diretor da JB2 Arquitetura Construída,
André Bomfim, um dos destaques do salão italiano
foi a Eurocucina, uma programação paralela focada
no ambiente. “Vi a cozinha-gourmet como espaço
agregador, cada vez mais integrada. Antes era aque-
la coisa de casa grande e senzala, mas hoje o uso
da cozinha é familiar”, conta.
Bomfim diz que os pavilhões mais contemporâne-
os apresentaram produtos que unem os benefícios
proporcionados pela tecnologia a ideias simples que
funcionam, como o caso da Chairless, da Vitra, defi-
nida pela própria marca como o assento do nômade
moderno. “É um cinto que se coloca em volta das
pernas e foi desenvolvido com uma tribo do Paraguai,
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é como uma posição de ioga, você pode se sen-
tar bem confortável, comer, usar o laptop”, explica
Bomfim. Ele diz, ainda, que o impacto do intercâmbio
cultural pôde ser percebido, de maneira positiva, em
Milão. “O design é aquela coisa bem italiana, mas
hoje você tem uma casa aqui e uma na Itália e não
sabe onde está, porque houve uma globalização do
desenho. Na feira, você vê os irmãos Campana, es-
panhola Patricia Urquiola, designers japoneses. Mas
ainda que tenha globalização, estão evocando coisas
de raízes, como é o caso da própria Chairless, que
veio do Paraguai”. Bomfim cita também o estande
dos irmãos Campana, feito em fibra e que faz men-
ção aos “caras que dançam maracatu, e isso remete
ao lugar onde você nasceu”; e tapetes com impres-
sões tradicionais das peças persas.
Para o arquiteto Vannucchi, foi notável a volta do
preto e os trabalhos customizados. “É um design
que tem sempre um detalhe, um bordado ou um
couro manchado que traz algo diferente entre uma
peça e outra.”
atemporaIs
Se não lança tantas tendências quanto a moda, a deco-
ração, todavia, tem em comum com a indústria têxtil a
capacidade de inovar e se renovar, com base em tudo o
que era usado há décadas. Nesse aspecto, o continen-
te europeu é vanguardista, já que história e modernismo
andam de mãos dadas na arquitetura e no design e,
para provar isso, foi promovido o evento Hóspede Ines-
perado, em quatro Palazzos de Milão, cada um com um
estilo, como medieval, neoclássico, etc. “Você entrava
e era um jogo de sete erros. Eles decoravam a sala e
colocavam nela um objeto moderno e você tinha de
identificar qual era. Depois, você podia consultar o mapa
que mostrava onde essa peça estava. Então, tem essa
atemporalidade: o que é bom vai ficar.”
Vannucchi diz que não deve haver preocupação quando
se vive num apartamento cuja arquitetura é neoclássica
e a decoração, mais contemporânea. “Independente-
mente do que está fora do edifício, as decorações tran-
sadas mesmo misturam uma série de coisas. Não se
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Ambiente da arquiteta Débora Aguiar na Casa Cor traz sustentabilidade no piso de madeira de reaproveitamento e reforça a proposta de maior integração no espaço gourmet (à esquerda). Já Patrícia Anastassiadis apresentou o spa de luxo da Deca com um toque retrô
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deve seguir o mesmo estilo da fachada. A partir do
momento em que você abre a porta do seu apar-
tamento, é seu campo, sua vida. É uma tendência
misturar coisas da sua avó com objetos dos irmãos
Campana, que são supermodernos”, brinca.
ecológIco
A sustentabilidade já é uma realidade nas feiras
de móveis e decoração – e também nas novas
construções, sejam elas residenciais, sejam co-
merciais. Na Casa Cor 2010, o Prêmio de Sus-
tentabilidade foi concedido à arquiteta Fernanda
Marques, que apresentou um ambiente com
revestimento e mobiliário totalmente em madei-
ra reciclada, e iluminação à base de LEDs. Além
disso, Fernanda também aderiu aos pequenos
espaços, dessa vez com um conceito in e out,
em ambientes que se sobrepõem uns aos outros.
“Procurei atender a duas premissas e ser coeren-
te com a própria ideia da sustentabilidade, uma
vez que uma construção menor implica utilizar
menos recursos e consumo de energia”, explica.
Sua preocupação já toma os profissionais, dada
a proximidade do tema à vida e ao cotidiano das
pessoas. Angelo Derenze abriu o evento esse ano,
comentando um possível adiamento da mostra em
função do vulcão na Europa, que parou o mundo.
“Estávamos presos lá e não podíamos voltar. A na-
tureza nos pregou uma peça, esse ano”, ressalta.
Daí o fato de a sustentabilidade deixar de ser um
conceito idealizado para ser posta em prática.
Para Derenze, “os produtos sustentáveis já estão
com diferenciação de design e as pessoas não
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A concepção das plantas da Construtora Adolpho Lindenberg sempre foi atual, levando em conta o conforto, o convívio social e íntimo, privilegiando o contato entre as pessoas.Nos anos 70 e 80, época em que não havia tanta preocupação com segurança e as pessoas tinham mais tempo para o convívio familiar, a Lindenberg já oferecia salas amplas, divididas por grandes portas, em plantas clássicas: no centro, uma sala com dois ambientes e, de ambos os lados, uma porta de correr que dava para a sala de jantar. Do outro lado, mais uma porta de correr levava à biblioteca com lareira. Nessa época, a sala de jantar só era aberta na hora da refeição, sempre servida à francesa, em festas elegantes. Havia, na entrada, uma chapeleira e um espaçoso lavabo e, ainda, ambientes para louças, entre as salas de jantar e de almoço. E isto era o que havia de mais refinado no estilo de vida das pessoas que privilegiavam receber bem e dispunham de tempo para o convívio familiar. Para elas, era importante ter um carro confortável para levar todos nos passeios ou contar com um motorista particular.
Por essa visão clássica da Lindenberg, não no sentido antigo, mas no de conforto e da moradia como lugar de convívio humano, é possível transformar um imóvel de outra década em outro mais moderno, seguindo as tendências atuais. Basta retirar as portas da sala de jantar e da biblioteca e criar um único ambiente. Pois hoje, no lugar da biblioteca, está o home theater, o home office. E como sempre houve preocupação com a iluminação, a abertura de grandes janelas e porta-balcão integram o exterior aos ambientes. Nunca a CAL seguiu modismo com plantas chanfradas, mas sempre seguiu tendências, correspondendo às expectativas do morador, mantendo a elegância e o conforto. Fizemos o primeiro apartamento com sala duplex, nos anos 80. Construímos o primeiro flat de São Paulo. O Cal Center, precursor dos shoppings centers, foi construído em 1975 na Avenida Faria Lima – o primeiro shopping center só surgiu em 1979.Acompanhar o modo de vida urbano, suas
NA vANguArDAPor rosilene Fontes
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ção
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têm dúvida de que precisam colocar isso em pau-
ta, na vida. As pessoas estão se adequando a isso
e daqui a algum tempo não será um diferencial,
será uma commodity”, explica.
Na feira de Milão, o tema foi discutido exaustiva-
mente, tanto pelo que foi apresentado quanto pelo
vulcão. Em relação aos produtos, Bomfim conta
que os destaques ficaram por conta dos estandes
de iluminação, já que as pessoas passam mais
tempo em casa, à noite. Então, houve um foco no
uso adequado da energia. Esse, aliás, é um dos
pilares da sustentabilidade em empreendimentos,
conforme explica o gerente técnico da Green Buil-
ding Brasil, Marcos Casado. “Esse conceito da
sustentabilidade baseia-se em cinco grandes cri-
térios: site, ou seja, o entorno, onde esse edifício
será construído; impactos do canteiro no trânsito;
mudanças, em uma cidade cosmopolita, sem esquecer o ser humano que o habita, é o principal. Aqui não copiamos plantas do mercado, cada casa é um caso, cada planta nasce de um estudo apurado do terreno e do local onde está inserido. Por isso, as plantas são tão diferentes umas das outras. Podemos ter uma sala que, ao invés de se voltar para a rua, inclina-se para uma vista dos jardins, como o edifício Melo Alves. Na planta do Joaquim Macedo, a sala é aberta em arco para que quase todo o ambiente tenha uma boa insolação (leia-se brilho do sol) e uma vista magnífica. No edifício Le grand Art, na rua Caconde, a fachada principal está voltada para os fundos do terreno de onde se tem um bonito panorama de São Paulo. E a fachada para a rua também reflete a preocupação com a estética, com suas janelas em ângulo de 90 graus. Não importa mais o tamanho do apartamento, e sim o que ele oferece de conforto, qualidade e praticidade. Nos anos 90, a CAL foi a primeira a adotar a personalização, quando sentiu a mudança do perfil do comprador – o solteiro, o yuppie, a mulher
independente –, e as mudanças de estilo de vida. A cozinha, que antes era dedicada exclusivamente ao preparo de refeições, hoje está integrada ao ambiente social. Os terraços tornaram-se local de lazer e contemplação. Assim, são integrados às salas através de amplas portas de vidro. Terraços gourmets com churrasqueira, pia e cooktop, próximos à área social e até mesmo à cozinha, além da lareira e sala de estar. Nas garagens, a previsão do maior número de carros e a oferta de tamanhos confortáveis, já que hoje cada membro da família tem seu carro. E cada um tem a sua vida, mesmos aqueles de sobrenomes tradicionais. E atender tais demandas sempre foi um compromisso da Construtora Adolpho Lindenberg, que se antecipa às tendências de arquitetura e comportamento.
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Tendências
o uso racional da água; eficiência energética; qualidade am-
biental interna, o que significa o uso de materiais que não
tenham composto volátil, tudo o que faz mal à saúde das
pessoas; e materiais e tecnologias usadas na certificação.”
Em operação no Brasil desde 2007, a Green Building pro-
move a construção sustentável e, para isso, desenvolve di-
versas ações, como um programa educacional que busca
qualificar os profissionais do setor. De acordo com Casado,
a maioria dos edifícios verdes atualmente é comercial. “O
público comercial entende que paga um pouco mais, mas
depois há uma economia.” E os valores são significativos:
o custo da obra pode ser de 1 a 7% mais alto se seguir
os parâmetros de certificação, mas os custos operacionais
diminuem de 8 a 9%. No consumo de água, pode chegar a
50%, no de energia, a 35%.
Em residências, Casado afirma que as pessoas estão cada
vez mais conscientes em relação ao assunto. “As pesquisas
mostram que mais de 85% dos moradores já se preocupam
com a questão ambiental, sabem que isso vai afetar seu dia a
dia, mas isso ainda é pouco, pois apenas 9% fizeram alguma
coisa pra mudar. Em outro levantamento de uma construtora
de prédios residenciais, mais de 30% já começaram a per-
guntar quais são as preocupações ambientais na obra.”
Preocupação gradual e natural, afinal, é no lar que as pessoas
tornam possíveis certas manifestações humanas. E, se eco-
logia, sustentabilidade e o futuro entram na esfera dos pensa-
mentos individuais e coletivos, o lar é o primeiro a refleti-los.
Uma seara rica para a antropologia que reconhece a interfa-
ce com a arquitetura em teses essenciais, como as de Lévi-
Strauss, Pierre Verger, e das contemporâneas Fraya Frehse
e Eunice Durham, que ao lado de Ruth Cardoso analisaram
as estruturas do morar e do bem viver nos últimos cem anos.
Prova de que o assunto só evolui e, como tendência, aponta
para o futuro, já que está longe de conceitos superficiais.
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mais conhecidas das antologias literárias é aque-
la em que o protagonista de Em busca do tempo
perdido, de Marcel Proust (1871-1922), recorda-se
com surpreendente clareza, a partir da ingestão de
um pedaço de madeleine amolecido em um xíca-
ra de chá, de inúmeras memórias esquecidas de
sua infância. Como bem coloca o protagonista: “De
onde poderia ter vindo essa alegria poderosa? [...]
Que significaria? Onde apreendê-la? [...] É claro que
a verdade que busco não está nela (bebida), mas
em mim”. Os questionamentos do personagem es-
tão relacionados à questão da passagem do tempo
e da possibilidade de acesso a uma memória “invo-
luntária” que pudesse recuperar o nosso “tempo per-
dido” – as lembranças mais remotas que constituem
a nossa própria “história esquecida”. Mas como en-
tender todo esse complicado processo? Uma das
teorias mais interessantes a esse respeito foi formu-
lada pelo filósofo francês Henri Bergson (1859-1941)
– aliás, o próprio Proust foi bastante influenciado por
suas ideias –, e tem como elemento central o con-
ceito de “duração”, que pode ser resumidamente
entendido como a sucessão dos vários estados de
consciência de um indivíduo que se interpenetram
através da ação da memória – a maneira pela qual
o espírito apreende de forma imediata a “passagem
do tempo”. Dessa maneira, os estados de consciên-
cia são incorporados uns aos outros, e isso implica
não só a sua preservação, mas também a elimina-
ção de qualquer intervalo entre passado, presente e
futuro – o “tempo real” como um fluxo contínuo, sem
unidades separadas. A duração é um mecanismo
que tudo conserva, que se atualiza continuamente e
que possibilita o engajamento do indivíduo na criação
da sua própria história. A vivência do tempo já não
é mais a simples experiência da passagem passiva
e cronológica dos instantes, mas, ao contrário, um
ato da própria constituição individual. Sob o regime
de duração, cada instante abarca toda a história in-
dividual, resgatando, assim, todo o nosso “tempo
esquecido”.
Quando pensamos no tempo, a primeira ideia que
nos vem à mente são as datas que marcaram os mo-
mentos mais significativos da nossa existência. Sem
perceber, estamos fragmentando o tempo a partir de
um referencial próprio. Isso fica muito claro quando
pensamos na nossa história passada: elegemos al-
guns marcos para serem lembrados – e até mesmo
louvados –, mas nos esquecemos da maior parte da
nossa existência. Sem perceber, recortamos a nossa
própria vida de forma parcial e segundo algum critério
de conveniência. É claro que os marcos são impor-
tantes, mas o que não podemos é transformar uma
existência apenas numa coleção deles. E quando
imaginamos o nosso futuro – “como estarei daqui a
tantos anos”? –, será que não tendemos a cair num
processo semelhante, escolhendo novas datas, ob-
jetivos, promessas e até mesmo valores alheios, mas
nos esquecendo da integralidade do nosso próprio
ser? Por que não dar um “mergulho em nós mes-
mos” – na nossa própria “duração”– para descobrir
quem realmente somos e o que de fato nos importa
e, partindo desse “novo” referencial, vislumbrar um
futuro pleno em nós mesmos? Lembremo-nos do
significado da resposta do personagem de Proust,
ou seja, que a verdade que ele buscava não estava
em lugar nenhum, mas nele mesmo. É esse o teor
da resposta que também dou a mim mesmo quando
me questiono sobre a existência futura.
ConCepções do Tempo
Andrew Ritchie é especialista em finanças pelo IBMEC e graduado
em filosofia pela FFLCH – USP
Uma das passagens
Filosofia
... o conceito de “duração”,
que pode ser resumidamente entendido como
a sucessão dos vários estados de
consciência
55 anos
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Linha Satyrium
Capa
Históriade
55 anos
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Uma retrospectiva da trajetória de 55 anos da
construtora Adolpho Lindenberg, da
história do Brasil nesse período e uma análise do
futuro econômico, arquitetônico e imobiliário de
São Paulo
Por Perla Rossetti fotos reprodução
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1950
1954
A Miss Brasil Martha Rocha e Carmem Miranda, ícones da década de 50 em fotos de Jean Manzon, arquivo Fotógrafos Associados (FASS); ao lado, o presidente Juscelino Kubitschek que estimulou a indústria automotiva nacional
O engenheiro e arquiteto Dr. Adolpho Lindenberg dá início à construção de casas e recuperação de fazendas: um legado de décadas
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Capa
de Futebol, na Suíça. Nos Estados Uni-
dos, Audrey Hepburn filma a comédia
romântica Sabrina, antes do estrondoso
sucesso de Breakfast at Tiffany. No Brasil,
Manuel Bandeira publica Itinerário de Pa-
sárgada e De Poetas e de Poesia; Getúlio
Vargas suicida-se e Martha Rocha é eleita
Miss Brasil. Em São Paulo, o engenheiro
e arquiteto Adolpho Lindenberg constroi
casas em estilo colonial que dariam início
a uma construtora cujas obras neoclássi-
cas expandiram-se por quilômetros além-
mar e, 55 anos depois, seria responsável
por executar mais de 500 projetos para
mais de cinco mil clientes em todo o Bra-
sil, sobretudo nos melhores bairros da
cidade de São Paulo.
Por isso, a história da metrópole paulista
nesse período e o contexto socioeco-
nômico do Brasil foram o cenário em
que o Dr. Adolpho Lindenberg atuou
desde que “... recém-formado, abriu um
pequeno escritório de engenharia de
2,5m x 5m no centro de São Paulo para
transformá-lo, depois, numa das mais
celebradas construtoras do país”, como
relatou reportagem da revista Veja, em 9
de março de 1983, durante lançamento
do edifício residencial Campos Elíseos,
o mais luxuoso, até então.
Expansão
Enquanto o jornalista Assis Chateaubriand
criava o concurso Miss Brasil e o piloto
Chico Landi consagrava-se favorito nas
corridas pelo país com sua Ferrari 166,
em 1954 o Dr. Adolpho Lindenberg par-
tia das casas coloniais à recuperação de
fazendas no interior paulista e, depois, à
sociedade de um escritório de engenharia
que, mais tarde, seria consagrado como
a primeira construtora do Brasil a implantar
o conceito de personalização de plantas
e acabamentos, postos em prática bem
antes, nas simpáticas primeiras casas
com a sua assinatura. “Entre os nomes
que mais influenciaram a evolução da ar-
quitetura no país está o do Dr. Adolpho
Lindenberg. Ele dominou os empreen-
dimentos neoclássicos de alto padrão e
foi seguido por muita gente. Se não foi
o pioneiro, foi o que mais o divulgou em
São Paulo e seu nome era sinônimo de
qualidade”, afirma o coordenador do cur-
so de Negócios Imobiliários da Faculdade
Armando Álvares Penteado (FAAP), Prof.
Eduardo Coelho Pinto de Almeida.
O tempo corria e as tendências concreti-
zavam-se ao longo dos anos 50. Ao final
da década, surgia o bairro de Higienópo-
lis, onde a Lindenberg construiria muitos
de seus prédios.
O Brasil expandia-se ao ritmo do jargão
“50 anos em 5” do presidente Juscelino
Kubitschek, e passou de país rural a ur-
bano, já que antes mais de dois terços
da população brasileira vivia no campo.
A indústria automobilística instalou-se no
país e o desenvolvimento industrial se
dava através dos recursos energéticos
e naturais, com a criação do Banco Na-
1954, quinta ediçãoda Copa do Mundo
Rep
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1971
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37
cional de Desenvolvimento Econômico
(BNDE), da Companhia Siderúrgica Na-
cional (CSN) e do sistema Eletrobras.
Nesse contexto, São Paulo também
crescia exponencialmente e perpetua-
va sua herança econômica, social e ar-
quitetônica para as próximas gerações
com criações de caráter prospectivo
que revelavam as emergências daque-
le momento, como analisa o arquiteto,
urbanista e ex-professor das faculda-
des de arquitetura da USP e Macken-
zie, Decio Tozzi.
A segunda metade do século XX corres-
ponde à evolução da província de São
Paulo à metrópole contemporânea e seu
aspecto singular de desenvolvimento,
comum a poucas áreas no mundo. “O
fenômeno da superurbanização, com
95% da população urbanizada, carac-
terístico dos países da América Latina,
ocorreu nesse período, sob um quadro
de fortes desequilíbrios regionais, entre
cidade e campo e no interior das áreas
urbanas”, afirma Tozzi.
Em termos arquitetônicos, ele – que
teve quatro obras recentemente sele-
cionadas para integrar o acervo per-
manente do Museu Nacional de Arte
Moderna, no Centro Georges Pom-
pidou, em Paris – aponta os grandes
marcos da segunda metade do século
passado. “Obras que já apresentavam
a escala da arquitetura corresponden-
te da metrópole e da transformação
urbana visando uma nova visão espa-
cial. Sob o risco de esquecer alguns
exemplos, eu citaria o Conjunto Na-
cional, em que a cidade penetra em
seu interior e estabelece uma relação
biunívoca de arquitetura e avança com
uma solução para todo o eixo da Ave-
nida Paulista porque tem espaços in-
termediários entre as escalas gregária
e intimista, de uso individual. Outro
marco com as mesmas condições
é o Copan, de Oscar Niemeyer, em
belo conjunto com o edifício Itália, do
arquiteto Franz Heep, com as várias
escalas de funções.”
ImportâncIa
O crescimento econômico e a trans-
formação do espaço via expansão da
construção civil e arquitetônica, a partir
da década de 50, estão intimamente re-
lacionados, na visão do professor afilia-
do do Department of Land Economy da
Universidade de Cambridge e do De-
partamento de Economia da USP, Dani-
lo Igliori. “É um processo de duas mãos
que se retroalimenta. Por um lado, o
crescimento da cidade gera demandas
para novas construções e arquiteturas
específicas. Por outro, a existência de
uma capacidade imobiliária adequada
contribui para o bom funcionamento de
atividades econômicas e para a acomo-
dação de residentes.”
Na década de 60, a nação assiste à
inauguração de Brasília, a nova capital
da República, sonho do Presidente Jus-
celino Kubitschek, com grande parte dos
principais edifícios projetados pelo arqui-
teto Oscar Niemeyer, pioneiro na explo-
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1956
e 57
Primeiros prédios da CAL no bairro de Higienópolis. Brasília, de Kubitschek, é inagurada, em projeto primoroso de Oscar Niemyer e Lúcio Costa.
São Paulo moderna: Conjunto Nacional, de David Libeskind, e o Copan, de Oscar Niemeyer, são obras arquitetônicas de escala urbana e nova visão espacial
38
Capa
ração das possibilidades construtivas e
plásticas do concreto armado.
Ele já havia projetado em São Paulo o
edifício Copan, no centro velho da cida-
de. Inspirado no Rockefeller Center, de
Nova York, a obra, cujo desenho sinuoso
e o caráter moderno a tornariam um dos
símbolos da metrópole paulista, é a maior
estrutura de concreto armado do Brasil e
o maior edifício residencial da América
Latina, com 115 metros de altura e 35
andares (incluindo três comerciais).
Ali perto, no bairro de Higienópolis, o
construtor Adolpho Lindenberg tam-
bém erguia seu legado e estrearia seus
empreendimentos em estilo neoclássi-
co em edifício na Rua Piauí, revivendo
os conceitos estéticos da Antiguidade
Clássica. O coração dos Jardins, bairro
que anos antes recebia as casas da Cia
City, agora ganhava da Lindenberg seus
primeiros prédios, na tranquila e arbori-
zada Rua Cristovão Diniz.
Tempos de alegria, já 1962, quando
o Brasil consagrava-se bicampeão do
mundo na Copa de 1962, ganhando
da então pequena Argentina. O mun-
do assistia aos jovens hippies do fes-
tival de música Woodstock, nos Esta-
dos Unidos e, mais tarde, à Tropicália,
que propunha a mistura da cultura
brasileira a elementos estrangeiros,
criticando a ditadura. Enquanto isso,
na maioria dos lares, a introdução do
videoteipe tornava as telenovelas di-
árias, em 1963, contribuindo com o
registro das transformações tecnoló-
gicas, políticas, sociais e culturais que
marcavam a história.
E São Paulo festejava a recepção, pela
segunda vez, dos Jogos Pan-Ameri-
canos, enquanto nos rincões do país
a Reforma Agrária tornava-se tema de
debate político.
No cenário cultural, a TV levava aos
lares brasileiros, dois anos mais tarde,
em 1965, Elis Regina cantando Arras-
tão, de Edu Lobo e Vinicius de Moraes,
no primeiro Festival de Música Popular
Brasileira exibido pela TV Excelsior. Os
programas musicais ganhavam vida e
se tornavam marcos da música e da TV
brasileira. O Fino da Bossa destacava
cantores e compositores da recente
Bossa Nova, enquanto o Jovem Guar-
da satisfazia o público mais jovem, que
apreciava o rock e os ídolos de então.
Em 1967, o cantor Cauby Peixoto, um
dos primeiros a gravar rock no Brasil,
ainda nos anos 50, curva-se à Jovem
Guarda na canção O Caderninho num
compacto da Philips. No mesmo ano,
é promulgada nova Constituição, de-
pois modificada por Atos Institucionais
e que, inclusive, modificou a denomi-
nação da República para República
Federativa do Brasil.
O clima nacional se acirra – com o térmi-
no do governo de Juscelino Kubitschek,
os problemas econômicos agravaram-
se, com inflação de 25% ao ano. No
ano seguinte, ocorrem os acontecimen-
tos fatídicos de 1968: a revolução estu-
dantil na França e o A.I. 5 no Brasil.
Mas nem só de tristezas vive a história.
1960
Arquivo Novo Meio Arquivo Novo Meio Reproduções de arquivo AnfaveaReprodução do livro Oscar Niemeyer 360°, de
Luiz Claudio Lacerda e Rogério Randolph
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1968
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Edifício projetado por Lina Bo Bardi, o MASP é um dos marcos da cidade
O ano também marca a criação da maior
emissora de televisão do país, a Rede
Globo, e a inauguração do Museu de
Arte Moderna de São Paulo (MASP). Os
prédios da construtora Lindenberg estão
entre os melhores da cidade, lembrados
até mesmo em reportagem do jornalista
Cesar Giobbi, 20 anos mais tarde: “...
não há nada mais chic na cidade do que
se mudar para um recém-inaugurado
edifício neoclássico de Adolpho Linden-
berg ou encomendar ao próprio uma
casa neocolonial no Morumbi”.
No campo das artes, é criada a Embra-
filme, organismo estatal que financia,
coproduz e distribui filmes, dando con-
dições para que a produção nacional
se multiplique e o país chegue ao auge
do cinema comercial nos anos 80, pro-
duzindo até 100 filmes em um ano.
Viradas
Nesse contexto de grandes expecta-
tivas, o Brasil sagra-se campeão da
Copa do Mundo de 1970, e ganha o
direito de manter a taça Jules Rimet no
país, posteriormente roubada e derreti-
da pelos ladrões.
Mas no campo da construtora Adolpho
Lindenberg as partidas continuavam a
todo o vapor, sempre se mantendo fiel à
filosofia de qualidade e estilo, aliada às ne-
cessidades da vida moderna e, com isso,
conquistando cada vez mais seguidores.
“É tempo de construir”, dizia uma chama-
da na capa da revista Banas, para o se-
tor industrial e financeiro, em 28 de junho
de 1971, com o retrato do Dr. Adolpho
Lindenberg. Consolidada, a construtora
avançava por São Paulo, então tomada
por grandes construções e pelas inova-
ções dos prédios comerciais nas aveni-
das Paulista e Brigadeiro Faria Lima.
O período é tão profícuo que, em alguns
momentos, a construtora Lindenberg ad-
ministrava mais de 70 obras ao mesmo
tempo e mantinha cinco mil operários,
com um lançamento por semana. Entre os
importantes estavam o Golden Gate, de
estilo mediterrâneo e 850 m2 de área útil
– residência de empresários como José
Safra e José Ermírio de Moraes. O edifício
D. Luiz de Orleans e Bragança marcou a
criatividade do Dr. Adolpho Lindenberg,
que construiu piscinas individuais alternan-
do o lado, andar por andar. A construtora
também foi a primeira a trazer o conceito
de flats para São Paulo, na Alameda Jaú.
Versatilidade que pauta seus edifícios
comerciais em Brasília – já que a grife
construiu o primeiro prédio da iniciativa
privada no Distrito Federal. A construto-
ra atua também no Chile e no Paraguai
– e foi a primeira incorporadora a cons-
truir um prédio de apartamentos. Hou-
ve, ainda, projetos na Costa do Marfim
e na Nigéria. Participa de concorrência
e executa casas populares do BNH e
obras para a Petroquímica União, Ban-
co Mercantil de São Paulo, Finasa e Cia.
de Cimento Portland Itaú.
Enquanto os torcedores de futebol aco-
tovelavam-se para ver o milésimo gol do
rei Pelé, menino pobre que se consa-
Capa
40
1970 Elis Regina no auge na carreira lança disco
com Miele; Pelé é o astro e o Brasil ganha a Copa do Mundo. A construtora do Dr. Lindenberg administra até 70 obras ao mesmo tempo
Reprodução vídeo Águas de Março The
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No Brasil com o 12° parque industrial do mundo e mesmo sob forte inflação, a Lindenberg continuava a crescer. Os apartamentos da grife estão entre os mais valorizados do país
grou com a camisa do Santos, aquela
geração de brasileiros era a primeira a al-
cançar uma escolaridade média de oito
anos, de acordo com o Instituto de Pes-
quisa Econômica Aplicada (Ipea).
O país já possuía a oitava indústria auto-
mobilística, era o oitavo PIB e o 12º par-
que industrial do mundo – como aponta o
professor de economia da Universidade
São Judas, Geraldo José Soromenho no
livro Panorama da Economia Brasileira.
Na construtora do Dr. Adolpho Linden-
berg, os profissionais recuperaram os
resquícios dos alicerces da igreja do
Pátio do Colégio. Baseada em vasta
documentação fotográfica, a obra é re-
construída exatamente como os jesuí-
tas a fizeram, em 1553.
Sustentada por excelente desempe-
nho, a construtora tem fôlego para
esses e outros projetos, ao mesmo
tempo em que inúmeras empresas su-
cumbem aos problemas de um país em
que a dívida externa crescia, chegando
a 20%, o dobro do limite considerado
tolerável pelo sistema bancário inter-
nacional. Este cenário forçou o Brasil
a recorrer ao Fundo Monetário Interna-
cional (FMI) para pagar a dívida externa,
que já chegava a US$ 100 bilhões.
E, mesmo em 1983, quando a inflação
prevista para 78% saltou para 211%, e
o PIB caiu 3,5%, a construtora sobrevi-
via, forte, enfrentando a concorrência e
a crise imobiliária.
No ano seguinte começaram os comí-
cios em todo o país, exigindo eleições
“diretas já”. Em São Paulo, no mês de
abril, um milhão de pessoas gritava pelo
direito de votar. Mas ainda não seria
desta vez. Tancredo Neves é o candi-
dato escolhido para a democracia. Elei-
to indiretamente em 15 de janeiro de
1985, morre em 21 de abril, sem tomar
posse. Consternação geral na nação,
que tem de se contentar com um novo
presidente, José Sarney.
A política econômica do país continua
mal e a inflação derruba ministros com
o recorde histórico de 255,16%. O em-
presário paulista Dilson Funaro assume
o ministério da Fazenda e apresenta o
Plano Cruzado que, entre outros pontos,
previa o congelamento de todos os pre-
ços por um ano; a substituição do cru-
zeiro pelo cruzado, valendo um por mil;
o congelamento dos salários; a extinção
da correção monetária e a introdução do
Índice de Preços ao Consumidor. Em um
mês, os preços caíram de uma inflação
de 14% para deflação de 1,48%.
Em 1987, com o aumento de capital
da construtora com ações na Bolsa
de Valores, muitas obras importantes
no país são assumidas. Nessa época,
valorizava-se a disponibilidade de ga-
ragem nos prédios, e a Adolpho Lin-
denberg rapidamente assimilou o novo
interesse às suas construções.
Em 1988, os negócios iam tão bem que,
ao jornal O Estado de S. Paulo, o Dr. Lin-
denberg declara, em reportagem publica-
da em 20 de julho: “A crise fez com que
trocassem os 1.500 metros quadrados
da mansão pelos 800 do apartamento,
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Linha de produção Arakatu, divulgação Bosch Fotos: Arquivo CAL
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Moeda estável, globalização e expansão territorial da indústria constituem o novo paradigma nacional. Contexto favorável para a sucessão familiar na CAL, quando Adolpho Lindenberg Filho assume a diretoria administrativa
que hoje custa ao redor de um milhão de
dólares”. Isso porque os apartamentos
da grife já estavam entre os mais valori-
zados do país e muita gente lançava-se
no mercado imobiliário, beneficiando-se
da conjugação inflação alta e correção
monetária baixa, que tornava os imóveis
um investimento atraente.
desafios
A eleição direta para presidente final-
mente viria em 1989, com a consa-
gração do fenômeno político Fernando
Collor de Mello. Nos planos econômico
e político, o governo implanta o Plano
Brasil Novo, que visava a liberação fiscal
e financeira, com o intuito de estabilizar
a inflação.
Como todas as empresas de longa tra-
jetória, a construtora também toma um
susto com o confisco de capital pro-
movido pelo Plano Collor, logo após a
posse do presidente. Seu governo seria
tumultuado e, antes do final do mandato,
milhares de jovens, “os caras-pintadas”,
sairiam às ruas em protesto para pedir
a cassação do presidente, acusado de
montar um forte esquema de corrupção,
junto com o tesoureiro Paulo César Farias.
A mobilização da sociedade resultou na
renúncia de Collor.
Nesse meio tempo, foi com a compe-
tência empresarial de sempre e o olhar
atento às tendências de comporta-
mento da sociedade que a construtora
Adolpho Lindenberg enfrentou a situa-
ção. Com o advento da globalização,
a economia, os negócios e os projetos
arquitetônicos residenciais sofrem mu-
danças, mas a construtora mantém-se
na dianteira.
O mercado imobiliário reflete o movi-
mento das pessoas que estavam sain-
do do centro expandido da cidade e
mudando-se para áreas próximas aos
rios Pinheiros e Tietê, de acordo com o
Prof. Eduardo Coelho.
Fernando Henrique Cardoso, eleito pre-
sidente em 1995, privatiza as principais
rodovias, bancos e o sistema de telefo-
nia do país. Como resultado da priva-
tização das telecomunicações, o país
vive o boom da informática e da telefo-
nia celular.
Acompanhando o trabalho do pai des-
de a infância, Adolpho Filho assume a
direção administrativa do negócio, na
mesma década, em 1997, num dos
melhores exemplos de sucessão fami-
liar do empresariado brasileiro. A famí-
lia Lindenberg passa a atuar também
como incorporadora e muitos dos anti-
gos investidores voltam a aplicar capital
na empresa. No entanto, o modelo do
negócio, de personalização ao gosto
do cliente, permanece, já que é um dos
grandes ativos da companhia.
Desde 2004 a empresa atua em estrei-
ta parceria com a Lindencorp, incorpo-
radora que empresta a todos os seus
empreendimentos de alto padrão os
valores da grife Lindenberg. Frente à
realidade cada vez mais competitiva do
mercado imobiliário nacional, a soma de
Capa
42
1990
1997A exemplo de outras grandes
companhias, sujeitas à emergência do setor financeiro ao longo da década, competência empresarial é o diferencial da construtora para lidar com o Plano Collor e suas consequências no mercado da construção civil
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diferenciais, como solidez, lastro, capa-
cidade de inovação, qualidade e um re-
conhecido padrão de excelência fazem
desse encontro uma oportunidade de
diferenciação genuína.
Em abril de 2008, esta já muito bem
sucedida parceria é, finalmente, formali-
zada com a aquisição do controle acio-
nário da construtora por parte da LDI,
holding controladora da Lindencorp, en-
tre outras empresas.
Ancorada no histórico de sucesso de
cada uma das empresas que a com-
põe, a LDI é hoje uma full service real
estate developer, capaz de atuar nos
mais diversos segmentos do mercado
imobiliário: construção de empreen-
dimentos de alto padrão, através da
Adolpho Lindenberg; incorporações
residenciais e comerciais de médio a
altíssimo padrão, por meio da Linden-
corp; incorporação de produtos aces-
síveis, pela marca Mais Casa; lotea-
mentos, através da Cipasa; e centros
comerciais, por meio da REP.
A diversificação e complementarida-
de da atuação da empresa garantem
especial habilidade para o desenvolvi-
mento de empreendimentos imobiliários
combinados, que agregam de diferen-
tes maneiras as atividades de cada área
de negócios da holding.
InfluêncIas
Para o coordenador da pós-graduação
em Economia Urbana e Gestão Públi-
ca da PUC-SP, Prof. Dr. Ricardo Car-
los Gaspar, São Paulo sempre esteve
na frente em termos econômicos e de
transformações do país. “Embora a ci-
dade tenha sofrido com a crise dos anos
70 no mundo, e 80 no Brasil, levando
muitos a prognosticar que entraria em
decadência, como Detroit, que perdeu
toda a sua polaridade, São Paulo con-
centrou as mudanças, como a emer-
gência do setor financeiro, a economia
focada em serviços produtivos, informa-
cionais e assim por diante, e conseguiu
se reciclar, continuando como centro
financeiro e produtivo da nação.”
O início da transição para uma economia
baseada em serviços, com algum declí-
nio das atividades industriais; o surgi-
mento de centros de emprego múltiplos,
como a região da Faria Lima e Avenida
Luís Carlos Berrini; e o crescimento po-
pulacional na periferia são destacados
pelo Prof. Danilo Igliori como as princi-
pais evoluções econômicas e urbanas
da cidade nos últimos 50 anos.
Nesse sentido, a construção civil e ar-
quitetura refletem as determinações de
cada época e a economia condicionou
as demais atividades, segundo o Prof.
Gaspar. “O mais característico e positi-
vo é que esse movimento não se dava
exclusivamente em empreendimentos
de alto padrão. O auge da construção
civil é historicamente disseminado pela
cidade e abrange faixas mais expressi-
vas da população.”
Embora atualmente o centro da cidade
só desfrute de maneira residual da fase
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A empresa atua em parceria com a incorporadora Lindencorp20
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produtiva da construção civil, no início
dos anos 2000 atraiu a administração
pública. “O que é positivo, mas ainda é
pouco para recuperar a função de marco
de referência em termos de patrimônio
histórico e de habitação, já que é dotada
de infraestrutura urbana e isso levará a
uma preocupação ordenada e produti-
va para toda a cidade. Os projetos de
revalorização implantados pelo governo,
se não forem organizados, serão insufi-
cientes”, comenta o Prof. Gaspar.
Para o arquiteto e urbanista Tozzi, os in-
vestimentos públicos e particulares não
acompanharam, com a visão desejada,
o grau de desenvolvimento anômalo do
tecido urbano, que apresenta sérios
problemas de infraestrutura e, especial-
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2008 LDI adquire
controle acionário da construtora, completando a atuação da grife em outros segmentos
mente, ambientais. “A sucessão de pla-
nos diretores, propostos a cada gestão,
sem a necessária continuidade, não foi
capaz de prever a situação atual.”
Ele acredita que está na hora de re-
pensar os caminhos da cidade, en-
focando a nova realidade. “O grande
número, a superpopulação urbana
propondo um novo modelo de urba-
nismo mais condizente com a metró-
pole e seus aspectos de urbanização,
centralização, adensamento e vertica-
lização adequados a uma sociedade
pós-industrial e contemporânea. Ur-
gente se faz a união das forças pro-
dutivas, públicas e privadas, além da
participação da população no sentido
de reverter esse processo e propor
um novo urbanismo no redesenho da
cidade, visando o século XXI.”
futuro
Com a experiência de quem já passou
por muitos booms imobiliários que o
mercado suportou por ser a causa ou
por culpa das altas de preço do petró-
leo, entre outras razões, o Prof. Edu-
ardo Coelho mantém o otimismo. “A
multiplicidade arquitetônica da cidade
é uma excelente solução para gran-
des terrenos, que podem não absorver
imóveis residenciais em determinados
momentos, mas comerciais.”
Já o Prof. Gaspar vê dois cenários
possíveis para os próximos 50 anos.
“O primeiro seria continuar com as
tendências, pois vemos ações econô-
micas e recuperação do tema urbano,
refutado e refletido de maneira até mais
efetiva, mas há fatores estruturais que
impedem as mudanças, e isso impacta
a deterioração de algumas áreas da ci-
dade, com abandono e ocupação pelo
crime organizado, e assim por diante. E
a sociedade poderá ter ações que não
contrabalanceiem esse problema.”
Outra possibilidade, diz ele, “seria avan-
çar na identificação de oportunidades,
fazendo com que a proteção ao meio
ambiente, à política habitacional e gera-
ção de empregos criem oportunidades
à população, que já não cresce tanto.
Assim, a cidade que poderá ordenar
seu desenvolvimento urbano, com as
regiões do estado estabelecendo pla-
nos diretores em comum, de transpor-
te integrado e ocupação de solo que
permita, com menos recursos, atingir
qualidade de vida à altura do grande
espaço urbano que é São Paulo”.
Uma Metrópole Global, esse é o fu-
turo que o Prof. Danilo Igliori vê para
a cidade nas próximas décadas. “Te-
mos ótimas chances para consolidar
a trajetória de transição para uma eco-
nomia baseada em serviços especia-
lizados, atendendo demandas locais,
regionais, nacionais e internacionais.
Mas grandes desafios permanecem à
nossa frente. Em particular os relacio-
nados à sustentabilidade social e am-
biental. É fundamental uma interação
sistemática entre os setores público
e privado na discussão de soluções
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que sejam robustas tecnicamente e
levem em consideração o bem co-
mum. Não existem dúvidas de que o
setor da construção civil tem e terá
um papel importantíssimo nos desti-
nos de nossa cidade.”
Perspectiva favorável que, se depen-
der da Construtora Adolpho Linden-
berg, de sua história de 55 anos de
sucesso, e da chegada de novos e
competentes arquitetos, administra-
dores, mestre de obras e operários,
que reforçam o seu time, está fadada
a ser a melhor possível. Para o bem
da cidade de São Paulo, da economia
e da geração de empregos em todo o
país. Sem falar, é claro, do patrimônio
arquitetônico brasileiro.
47
Vanguarda, personalidade e qualidade, marcas indiscutíveis dos empreendimentos da grife Adolpho Lindenberg. Hotéis, prédios, hospitais, indústrias, escolas e vilas fazem parte da paisagem de Higienópolis, em São Paulo; da Lagoa Negra, na Amazônia; da Asa Norte, em Brasília; e Santiago, no Chile. HOTEL CASA GRANDE – Um dos melhores hotéis de luxo do litoral paulista, o Casa Grande, na Praia da Enseada, Guarujá, teve arquitetura inspirada nas melhores lembranças do mar, com amplos terraços e redes sob coqueiros.
HOTEL TROPICAL DE MANAUS – Cravado na floresta amazônica, na Praia da Ponta Negra, próximo ao rio Negro, o hotel tem aspecto de casa de fazenda e oásis, com minizoo, orquidário e piscina com ondas. CAMPOS ELYSEOS – O imponente edifício neoclássico de 1983, nos Jardins, surpreende pelas dimensões: são 3.400 m2 de área verde, mais
de 1.000 m2 de cada um dos 25 apartamentos, e 100 metros de pista do Health Club. A marca registrada Lindenberg, que é a personalização da planta interna, é total nessa obra em que banheiros, copas e cozinhas foram modelados ao gosto de cada morador.
PENTHOUSE – Uma escultura com 12 coberturas de 500 m2. Depois de complexos cálculos estruturais, o edifício no Morumbi ganhou as lajes-terraço em forma de leque, sem sobreposição, uma das grandes inovações da construtora.
VILLA AMERICA – A Belle Époque nos Jardins, com direito a canteiros, pérgulas e cobertura de cristal da piscina aquecida. O preciosismo chega aos muros, com peças forjadas artesanalmente. Biblioteca com lareira, adega refrigerada e quatro suítes o transformam em monumento de luxo e requinte.
ACL – O maior apartamento do Brasil expressa toda a excelência e exclusividade da grife Lindenberg.
Localizado ao lado de uma das grandes reservas da Mata Atlântica, em São Paulo, o projeto neoclássico dispõe de 1.223 m2 em cada um dos 12 apartamentos. São seis suítes com closet, sauna e terraço particular de 230m2.
GOLDEN GATE – Em estilo mediterrâneo romano, o prédio no Jardim Europa recebe em abundância a luz nas janelas, tem jardins individuais e um terreno de 4.000 m2.
CONHEçA ALGUNS EMPrEENDiMENtOS DA LiNDENBErG
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Dayse Gasparian, assessora de eventos
“Quando você compra uma joia de um grande designer, ela
continua sendo uma preciosidade com o passar do tempo.
Assim acontece com os apartamentos Lindenberg.”
Milton Meirelles, engenheiro civil e empresário.
“Meu pai reuniu-se com amigos e chamou o Sr. Adolpho para construir o edifício
Milton de Souza Meireles, o primeiro da Rua Cristóvão Diniz. Naquela época,
a construtora firmava-se como dona de um estilo neoclássico, os profissionais
eram verdadeiros artesãos e os prédios pareciam obras de arte.”
Sérgio Augusto Rabello, humorista e produtor teatral
“Comprei meu primeiro Lindenberg em 1988, no Jardim América, e
foi uma agradável experiência. De lá para cá tive a sorte de adquirir
sete imóveis da grife e foram ótimos investimentos.”
Chica Harley, presidente da Associação Américas Amigas, de combate ao câncer de mama
“Tenho uma satisfação imensa em morar num Lindenberg desde quando cheguei
de Pernambuco, em 1976. É um apartamento excepcionalmente bem construído,
sólido, num prédio de ótima localização, com uma vista linda dos Jardins. Por
essas salas iluminadas ainda vejo passar grandes momentos de minha vida!”
“Ainda não sou um morador Lindenberg, mas a confiabilidade
da marca, a seriedade no prazo de entrega e o acabamento
bem feito me causaram uma ótima impressão.”
Torquato Durazzo Filho, empresário
Carlos Alberto Fernandes, administrador de empresas
“Estou muito interessado em um apartamento da construtora, na Mooca. É uma
construção que consegue unir perfeitamente beleza, conforto e modernidade.”
Viver LINDENBERG
Depoimentos
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55 anos
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55 anos
Personna
Arquiteto de FAMÍLIA
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Charme e inspiração multicultural dão o tom de requinte e sofisticação no apartamento do construtor Adolpho Lindenberg. Por Perla Rossetti Fotos Mari Vaccaro
Arquiteto de FAMÍLIA
encanta os visitantes na sala de jantar por
sua riqueza de detalhes, talhados em cas-
cas de ovo e nunca retocados. Logo na
entrada, na parede, três bustos de Buda
esculpidos em pedra e trazidos da China
resistem ao tempo, destacados delicada-
mente por um foco de luz.
Entre o living e a sala de jantar, uma es-
crivaninha austríaca, porcelanas húngaras
compradas em Viena, castiçais e sopeiras
de prata cinquentenárias e obras dos artis-
tas Diego Riveira (do México) e do brasileiro
Clovis Graciano, lembram a cumplicidade
das amizades, o amor maternal que gera
heranças e as riquezas históricas.
E nesse clima de aspirações asiáticas,
europeias e multifuncionais, criado den-
tro de um prédio construído há três anos
nos Jardins, o casal Lindenberg reúne
lembranças de suas viagens, da vida em
Um delicado biombo vietnamita da década de 60
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Personna
família e dos antepassados de ambas as partes.
A esposa, Analuisa, é filha do diplomata Antônio
Roberto de Arruda Botelho, ministro em Viena e
embaixador de Sion, nome da Tailândia até mea-
dos de 1960, e de onde vieram muitas das peças
de arte da família.
E não é só isso. Suíça, Áustria e Venezuela, onde
Analuisa nasceu, estão presentes nos ambientes
do apartamento que ainda reserva espaço para os
brasões de família do Dr. Adolpho, dispostos no
hall de entrada. “Um deles é o primeiro Lindenberg
a chegar por aqui, em 1820. Ele fundou a Salinas
de Cabo Frio, quando o Brasil só importava sal”,
conta o construtor.
Escrivaninha no quarto do casal guarda imagens dos filhos de Analuisa e de sua devoção
Dr. Adolpho e a esposa Analuisa: toques pessoais no apartamento
da grife
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53MudAnçAs
Casados há 13 anos, o Dr.
Adolpho e Analuisa moravam
em um apartamento maior, de
350 m2, em Higienópolis. No
novo lar, nos Jardins, a planta
foi adaptada a fim de propor-
cionar mais conveniência às
suas necessidades atuais, já
que os dois filhos de Analuisa
se casaram, saíram de casa
e hoje os dois netinhos almo-
çam com ela todos os dias.
As reconfigurações da nova
morada ficaram a cargo do
próprio Dr. Adolpho, que
escolheu materiais e aca-
bamentos de todos os am-
bientes e planejou a ilumi-
nação junto ao projeto de
decoração, o que ele expli-
ca ser um cuidado essen-
cial em qualquer lar.
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TrAnsforMAçãoAnaluisa e o Dr. Adolpho adoram novidades e não gostam
de rotina, decoração sóbria ou sisuda. Assim, os ambientes
e mobiliários da casa são funcionais e bonitos.
A planta básica dos 220 m2 previa três quartos, mas o casal
optou em transformar um em home theater. A sacada e a
sala de estar têm o mesmo piso travertino romano e foram
integradas, garantindo uma iluminação privilegiada, com
amplas janelas e cortinas de lâminas revestidas em poliés-
ter branco, com proteção UV, em tom claro, que permite a
Personna
entrada suave da luz, unindo conforto térmico e acústico.
E a iluminação também é controlada por comandos de
fácil manuseio e ajustáveis às ocasiões, com seis po-
sições e intensidades. As lâmpadas dicroicas ficam no
limite da sanca de gesso do teto, nas salas de estar,
jantar e home theater.
Em outra parte do apartamento, uma área de lazer surgiu
para aproveitar um espaçoso terraço, que só existe no pri-
meiro andar do prédio.
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Assim, o Dr. Adolpho criou uma agradável varanda-terraço
para o café da manhã, leituras e até trabalho, quando se dedi-
ca às suas plantas arquitetônicas. A esposa Analuisa recebe
os netos no espaço repleto de peças descontraídas de deco-
ração, com motivos de pássaros que lembram um ambiente
de casa de fazenda ou praia, com espreguiçadeiras, esto-
fados, móveis em sisal e brinquedos. “É um canto isolado,
uma parte gostosa da casa e que eu adoro. Fico aqui direto,
parece até um jardim com vista para a piscina.”
A perspectiva ideal para Analuisa e o Dr. Adolpho, pessoas
que gostam da cidade e estão em constante busca por qua-
lidade de vida, diversão e referências, inerentes ao estilo ec-
lético e de classe do apartamento. Mais uma prova de que,
independentemente da fase da vida, arquitetura e tradições
que se carrega, todo lar é único e especial. E, estando sem-
pre em harmonia, estimula criações de requinte, bom gosto e
durabilidade, como as que marcaram a história de 55 anos da
Construtora Adolpho Lindenberg.
Acima, inspirações orientais, luminosidade e conforto na sala de estar multifuncional. Ao lado, cristais de várias partes do mundo e o terraço que se transformou no lugar mais descontraído da casa
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Protagonistas na história da Adolpho Lindenberg, profissionais que
construíram os empreendimentos da principal grife imobiliária do Brasil
relembram suas trajetórias e contam casos dos canteiros de obras
Milhares de brasileiros saíram das regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste entre as
décadas de 60 e 80 em busca de melho-
res condições de vida nas grandes capi-
tais do país – e enquanto alguns voltaram
às suas cidades de origem, outros adota-
ram as metrópoles como lar definitivo.
Atrás de estatísticas e nomes de mi-
grantes, como Eduardo, Manoel, José,
Raimundo e Francisco, escondem-se
momentos de superação, desafios e,
acima de tudo, vitórias. Em seus 55
anos, a Construtora Adolpho Lindenberg
fez parte de muitas dessas histórias de
conquistas por meio das experiências vi-
vidas por colaboradores que construíam,
simultaneamente, empreendimentos e
uma nova trajetória para as suas vidas.
Há mais de 20, 30 anos atuando nos can-
teiros de obra, esses personagens prin-
cipais da construção civil brasileira foram
convidados pela reportagem da Linden-
berg & Life para relembrar suas trajetó-
rias, relatar os desafios que enfrentaram e
contar os sonhos realizados. Assim como
a própria construtora, eles tiveram de ser
capazes de se adaptar às mudanças pro-
postas pelo mercado e pelo próprio rumo
de suas vidas, mas se acostumaram a se
sentir em casa entre os arranha-céus da
região da Avenida Paulista, especializando-
se em atender aos clientes mais exigentes
do setor de imóveis residenciais. Nos de-
poimentos a seguir, você vai conhecer um
pouco melhor alguns desses grandes bra-
sileiros – porque o que eles fazem, com
excelência, já é sabido há 55 anos.
MESTRES DE OBRAS PRIMAS
Reconhecimento
Mineiros, baianos, mato-grossenses,
paraibanos, maranhenses.
Por Larissa AndradeFotos Alberto Guimarães
55 anos
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DeDicação
No caminho entre São Raimundo No-
nato, cidade do interior do Piauí com 32
mil habitantes, e São Paulo, o Sr. Manoel
Joaquim de Souza ainda passou por Bra-
sília, mas percebeu depressa que as me-
lhores oportunidades estavam mesmo na
capital paulista. Logo que chegou, come-
çou a trabalhar em empresas que presta-
vam serviços para a Construtora Adolpho
Lindenberg. “Atuava como mão de obra
de carpintaria, alvenaria, acabamento. A
empreiteira em que trabalhava me indi-
cou para a Lindenberg, onde estou há
23 anos. Hoje, executo toda a parte de
canteiro de obra, desde a fundação até
o acabamento; entregamos o prédio na
chave”, conta o mestre de obra.
Antes de conquistar o atual e almejado
posto, Souza foi contramestre por cerca
de sete anos. “Para mim, realizar o sonho
de ser mestre de obra era o maior desa-
fio, e isso eu consegui com muito trabalho
e amigos que fiz aqui. Desde que recebi
essa oportunidade, sempre fui cuidadoso
com a preservação dos padrões Linden-
berg”, ressalta Souza. Qualidade é palavra-
chave nos empreendimentos da constru-
tora e um lema a ser seguido diariamente
por seus colaboradores. “Os imóveis de
alto padrão são feitos para clientes mais
exigentes, por isso procuramos fazer o
trabalho com muito mais cuidado e aten-
ção. Nós temos a obrigação de fazer
nosso serviço com qualidade e, por isso,
sempre há clientes que não compram um,
mas vários Lindenberg”, afirma.
A relação com companheiros de traba-
lho é um dos pontos mais valorizados
por Souza nas mais de duas décadas
de atuação na construtora. “Toda a mi-
nha vida foi dedicada à empresa, desde
o começo tivemos o suporte de uma
grande equipe, e isso gerou um vínculo
muito positivo. Tenho mais de 30 anos
de experiência, sendo 23 na Linden-
berg, mas ainda não penso em parar.
Na minha época, quem trabalhava com
empreiteiro já procurava saber como os
mestres agiam e eu aprendi muito com
aqueles mestres que já estavam na
construtora quando cheguei.”
Souza diz sempre ter tido liberdade e
abertura para esclarecer dúvidas com
engenheiros, arquitetos e até mesmo
para conversar com o Dr. Adolpho Lin-
denberg. E foi com dedicação e respon-
sabilidade que ele superou seu maior
desafio: ser escolhido o mestre de obra
da residência do Dr. Adolpho Linden-
berg Filho. “Foi uma casa que enrique-
ceu muito meu currículo, um imóvel de
altíssimo padrão! E, antes disso, cons-
truímos um edifício no qual a cobertura é
do Sr. Adolpho”, comemora.
Em todos esses anos, a construtora pas-
sou por algumas mudanças, como focar
os negócios apenas em edifícios, depois
de algum tempo construindo também re-
sidências térreas – Souza, inclusive, par-
ticipou da construção de dezenas delas.
Assim como a Lindenberg mudou, tam-
bém mudou a vida do senhor Manoel Jo-
aquim, que hoje é pai de cinco filhos adul-
tos, um deles prestador de serviços para
a Lindenberg. Uma prova de que, assim
como os mestres anteriores, ele também
está passando adiante os conhecimen-
tos adquiridos em mais de duas décadas
de dedicação e competência.
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FiDeliDaDe
São mais de 33 anos como colaborador
da Adolpho Lindenberg e, nem diante de
uma boa proposta, Eduardo Fortunato
Cândido pensou em mudar de emprego
– optou pelo ótimo ambiente e a convi-
vência saudável com os colegas de tra-
balho. “Afinal, a gente passa mais tempo
com esses amigos do que em casa com
a família”, brinca o mestre de obra.
Nascido na Paraíba, Cândido decidiu vir
para o Sudeste em busca de emprego e
acabou parando no Rio de Janeiro, onde
trabalhou na construção da Ponte Rio
– Niterói. Depois de algum tempo, veio
a São Paulo e começou a trabalhar na
Lindenberg, em 1977, como carpinteiro.
“Naquela época, eu já tinha experiência,
mas não tanto quanto a que obtive aqui.
Depois de seis anos como carpinteiro,
passei a encarregado de
carpinteiro e, então,
fui promovido a
mestre”, relembra ele, que credita a as-
censão profissional à sua dedicação.
“Deram-me oportunidades e eu as abra-
cei com força. Para mim, a Lindenberg
representa tudo o que tenho hoje.”
Entre diversas recordações que guarda
com carinho, Cândido cita as amizades
que fez, o aprendizado com os engenhei-
ros e a gestão do Dr. Adolpho Linden-
berg. “O Dr. Adolpho é uma pessoa que
sempre quis exclusivamente o melhor
em suas construções, é muito exigen-
te, gosta de criar, é uma pessoa muito
dedicada. Quando ele visitava as obras,
se visse que algo não estava bom, dava
ideias, procurava melhorar”, conta.
Cândido diz que as mudanças trazidas
pelo tempo proporcionaram ainda mais
benefícios para os colaboradores e,
apesar de já estar aposentado, ele faz
questão de continuar na ativa. “É ver-
dade que eu penso em parar, quero
descansar um pouco, mas enquanto
estiver em condições de trabalhar, eu
vou continuar”, garante, aos 57 anos.
O mestre de obra já esteve presente
na construção de mais de 20 edifícios,
seguindo permanentemente um padrão
de qualidade que busca a excelência.
“A construtora sempre construiu com o
mais alto padrão, o Dr. Adolpho exige e
o próprio cliente exige, então, nós, nos
canteiros, sempre fizemos o melhor.”
Hoje um paulistano, Eduardo Cândido
conta que é apenas um dos muitos mi-
grantes que adotaram – ou foram adota-
dos – pela maior cidade brasileira. Na obra
em que trabalha atualmente, são cerca de
40 colaboradores, todos de outras regi-
ões. Nesse intercâmbio entre migrantes
e metrópole, todos saem ganhando: no
caso de nosso personagem, ele deixou
sua marca em alguns dos edifícios mais
luxuosos da capital e São Paulo lhe pro-
porcionou criar quatro filhos – um deles,
para orgulho do mestre de obra, tornou-
se engenheiro civil e deve continuar trans-
formando a paisagem da cidade.
Reconhecimento
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Escalada
Para o mestre de obra Raimundo de Oliveira Moreira, os mo-
mentos mais marcantes de sua trajetória profissional são aque-
les em que assumiu cargos mais altos. E foi assim desde que
entrou na Construtora Adolpho Lindenberg, em janeiro de 1972.
“Eu já era pedreiro e cheguei aqui para exercer essa função. De-
pois, fui evoluindo gradativamente. Foi uma escola, de pedreiro
para pedreiro de acabamento, pedreiro especializado, encarre-
gado, e desde 1995 estou como mestre de obras”, diz Moreira,
ressaltando que esse reconhecimento por parte da construtora
funcionou como um motivador para alcançar melhores posi-
ções. “A gente se esforçava para isso. Então, marcaram-me
muito essas obras em que fui me qualificando.”
Nesse período, Moreira esteve ausente por três anos, quando de-
cidiu se aposentar. Surgiu, então, uma proposta de outra empresa
e ele foi, mas acabou voltando – desde então, já se passaram 11
anos. Em toda a sua história na empresa, ele participou de quase
20 obras e também teve a oportunidade de ter o acompanhamen-
to do Dr. Adolpho Lindenberg. Diz que, apesar dos 62 anos, não
pretende parar enquanto tiver forças e puder ficar. “Enquanto a
Lindenberg me quiser, eu fico.”
Em quase quatro décadas, a vida de Raimundo de Oliveira Moreira
passou por importantes transformações. “Quando entrei na Lin-
denberg, era casado, mas não tinha filhos – hoje, tenho três. Nasci
em Minas Gerais, de onde saí no dia 2 de janeiro de 1972, e no dia
6 já estava trabalhando na Lindenberg, minha primeira experiência
em cidade grande.” Questionado se valeu a pena tanto tempo de
dedicação, ele é categórico: “São 38 anos aqui, e isso é uma vida.
E passar a vida na Lindenberg tem sido muito bom”.
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Reconhecimento
administrador
“Comecei em 1978, acho que em 18 de maio. Num domingo, eu estava desempregado,
lendo o ‘Estadão’, e vi que precisavam de assistente administrativo, entrei na triagem, fui
selecionado e comecei a trabalhar.” Relembrando desta forma, em detalhes, seus primeiros
dias na Construtora Adolpho Lindenberg, nem parece que o administrador José Antonio Go-
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61mes está contando uma história que aconteceu há 32 anos.
Assim como muitos de seus colegas, Gomes também é um mi-
grante que percorreu um longo caminho até chegar aqui: nasceu
em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, e se mudou ainda criança
para Araçatuba, interior de São Paulo. “Quando eu tinha seis anos,
mudamos para Araçatuba, uma cidade com mais recursos. E hoje
praticamente toda a minha família mora lá, mas eu decidi vir para
São Paulo no início dos anos 70”, recorda.
Atuando na área administrativa desde 1973, ele entrou na cons-
trutora como assistente, depois tornou-se auxiliar administrativo
de obra, uma função que exige constantes mudanças de es-
critório – ou melhor, de construção. “Desempenho o trabalho
administrativo, como auxílio à contabilidade, financeiro, depar-
tamento de compras, RH e até mesmo a própria engenharia,
então, faço turnos em obras”, explica.
As permanentes mudanças de endereço proporcionam sempre
experiências novas a Gomes, e algumas são particularmente mar-
cantes para o profissional. Um dos locais inesquecíveis onde traba-
lhou foi o Edifício Vila América. “É um edifício de 28 andares, 1.152
metros, uma obra que teve um contingente grande de pessoas
e chegou a ter 350, 400 funcionários diários. Fiquei aproximada-
mente cinco anos nesse empreendimento, fazendo a parte admi-
nistrativa, também ligada ao RH. A obra começou em 1988 e se
estendeu até 1994”, recorda, novamente, com detalhes.
Com tantas qualidades, Gomes admite que não é raro receber
propostas de emprego, mas nunca teve interesse em mudar
de empresa. “Costumo brincar que, nesses anos todos, nunca
elaborei um currículo. A equipe, a própria empresa e o tempo
de atuação me mantêm aqui. Tenho muito orgulho de fazer
parte dessa história.”
Próximo de completar 35 anos de trabalho, José Antonio
Gomes diz que ainda não sabe se irá descansar ou con-
tinuar nos canteiros de obra, mas confessa que já se
sente realizado e extremamente orgulhoso por ter con-
seguido criar os filhos, trabalhando como funcionário
da Lindenberg. Se os próximos capítulos de sua
vida ainda são desconhecidos, os do passado ele
soube construir com sucesso. E guardar com cari-
nho e detalhes na memória.
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O arquiteto João Mansur recebe o Dr. Adolpho Lindenberg e revela detalhes sobre a decoração de sua casa e da reforma do segundo
apartamento, também criado pelo experiente construtor
União entre o eclético
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e o atemporal
Por Perla Rossetti Fotos Mari Vaccaro
55 anos
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e uma miscelânea cosmopolita”,
assim o renomado arquiteto João
Mansur define o visual de seu novo
apartamento Lindenberg, em refor-
ma, no edifício neoclássico Passos
de Santarém, nos Jardins. Situado
no sexto andar do mesmo prédio
em que mora há 30 anos, na Rua
Barão de Capanema, a nova unida-
de foi comprada em fevereiro des-
te ano. “Sou fã das construções de
alto padrão da grife, consagrada
pela qualidade e durabilidade.”
Já seu primeiro Lindenberg foi ad-
quirido pouco depois de ele che-
gar do Rio de Janeiro, na déca-
União entre o eclético“Um retroclássico com toques tecnológicos,
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da de 80. “Estava descendo a Rua
Peixoto Gomide, olhei para o lado e
disse ‘esse apartamento é meu’. Três
meses depois, era mesmo”, comen-
tou com o Dr. Adolpho Lindenberg,
durante a visita do construtor para
conhecer detalhes da reforma.
A Lindenberg & Life acompanhou o
encontro no qual eles conversaram
sobre as peculiaridades do projeto,
histórias da vizinhança, tendências e,
claro, a excelência das obras da Cons-
trutora Adolpho Lindenberg. “Adoro os
balaústres da sacada e a estrutura de
concreto é perfeita.”
Na ocasião, o arquiteto lembrou, ain-
da, a trajetória de seu pai, o indus-
trial carioca Jaime Mansur, de quem
herdou o tino para os negócios, e de
sua própria jornada quando chegou,
Arte sacra, reminiscências
de viagens e um casamento de mais de 30
anos fazem da decoração
de um dos apartamentos
de Mansur um lugar muito
particular
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jovem, a São Paulo. Em um mês,
Mansur já tinha em andamento proje-
tos em três casas, e um de seus pri-
meiros clientes voltou a ser atendido
por ele, recentemente.
SutilezaS
Passadas três décadas morando em
um penthouse da construtora, no 9º
andar, Mansur investiu em mais uma
unidade. “Fazia tempo que queria mais
um apartamento no prédio, mas nin-
guém vende um Lindenberg. Até que
apareceu um de 240 m2, no sexto an-
dar. Eu queria comprar o prédio todo e
fazer um duplex”, revela Mansur.
No apartamento onde vive com a mu-
lher Maria Cristina e o filho, há ele-
mentos que lembram o lar do próprio
Dr. Adolpho Lindenberg, como um
elegante biombo japonês do sécu-
lo XIX, comprado por Mansur duas
vezes – a primeira para presentear
o irmão e a segunda, em um leilão,
quando decidiu reaver o bem de fa- 65
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mília. A história tocou o Dr. Adolpho,
que mantém uma raridade oriental
parecida, uma peça de origem viet-
namita, produzida há mais de cinco
décadas, sem retoques e em perfeito
estado de conservação.
E as semelhanças entre os apartamen-
tos dos dois profissionais surpreende-
ram o construtor, que disse se sentir
em Paris, dada a atmosfera francesa
dos ambientes criados pela decoração
de Mansur, que também revela traços
de sua personalidade mística e intuitiva,
além do glamour das clássicas e tea-
trais casas do Grand Monde carioca.
Como criar espaços e experimentar
na decoração é o ofício mais prazero-
so que o arquiteto poderia sonhar, a
família também possui um apartamen-
to mais cosmopolita, para os finais de
semana, próximo à Avenida Conso-
lação, onde ele continua exercendo
sua criatividade e versatilidade.
Mas é o Lindenberg do 9º andar, com
seus 180 m2, que recebe toques es-
peciais e conta a história de um ca-
samento bem sucedido de 33 anos
através de belíssimas fotos, peças
de antiquários, espelhos, porcelanas
orientais e uma decoração neoclássi-
ca à altura da arquitetura que imortali-
zou a grife Lindenberg.
Nos ambientes, a ascendência liba-
nesa também é fortemente evocada
na mesa de jantar de design sofisti-
cado, próprio para as grandes recep-
ções e refeições típicas da tradição
secular de seu povo.
A cor é um apelo sensorial. Parte das
paredes das salas de estar e de jantar
foi espelhada para dar a sensação de
amplitude. Outras divisórias, incluindo
as do lavabo e do living, variam de tons,
entre vermelho e verde vivos; toques
clássicos em cadeiras francesas de an-
tiquário; mobiliário de madeira, como a
jandaia; porta-retratos de prata; lustres
e castiçais de cristal.
Tudo é claro, elegantemente iluminado
por cordoalha eletrificada, do bureau ita-
liano de design Cini & Nils.
E a arte sacra também tem vez na de-
coração do arquiteto, que confessa as
suas fortes raízes religiosas e se orgulha
de reunir um incrível acervo, com peças
como uma tela do século XVII, da vir-
gem Maria com Jesus.
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Os arquitetos Dr. Adolpho
Lindenberg e João Mansur visitam a obra no novo
apartamento
Personna
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Na mesa de centro da sala de estar, o
amor de Mansur pelas caixas de prata
se faz evidente, e suas esfinges ne-
gras protegem os batentes entre as
salas de estar e de jantar. Ambos am-
bientes intimistas e aconchegantes,
cuja sacada está separada por gran-
des portas de vidro.
Paris, Londres e Nova York, onde o ar-
quiteto mantém sociedade e projetos,
estão presentes em todos os cantos,
nas raridades, como o artesanato es-
panhol e as cortinas do império fran-
cês que ostentam sanefas de madeira
patinadas a ouro, do século XIX, dei-
xadas de herança pelo avô da esposa
de Mansur, o Professor Antônio Carlos
Pacheco e Silva, pai da psiquiatria pau-
lista. “Sou colecionador, compro peças
de arte e decoração desde os 15 anos
de idade. Hoje tenho um depósito com
tudo catalogado, inclusive minhas pe-
ças pessoais e as que vão para os
projetos de meus clientes”, comenta o
arquiteto sobre a sua alma de merca-
dor das artes e leilões.
Criação
No novo apartamento do sexto andar,
a reforma corre a todo o vapor e deve
terminar em julho. Mansur ainda não
decidiu se muda para lá ou deixa para
o filho de 30 anos. O projeto do novo
Lindenberg prevê algumas mudanças,
como a retirada dos arcos caracterís-
ticos da construtora, que dividem as
salas de estar e de jantar, para dar um
toque de modernidade.
Na sala de jantar, as paredes serão
vermelhas, e na de estar, verdes. “Ado-
ro mexer com cor, é uma coisa do ca-
rioca. Quando garoto, época em que
a cidade ainda era a capital federal, a
influência portuguesa e colorida esta-
va presente na arquitetura. Fiquei com
mais essa, entre tantas outras referên-
cias”, comenta o arquiteto.
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28 ANOS DEPOIS
Gianfranco Vannucchi é sócio-proprietário da Königsberger Vannuchi, especializada em arquitetura, urbanismo, planejamento e design e já ganhou prêmios na III Bienal Internacional de Arquitetura, em Buenos Aires, e no Instituto de Arquitetos do Brasil, entre outros
Novas “centralidades urbanas” estão acontecendo e
virão cada vez com mais força
Urbanas
Céu cinza escuro, chuva, buzinaço, tudo parado, miríades de he-
licópteros sobrevoando nossas
cabeças, sem teto cachimbando crack,
barraquinha vendendo yakissoba na rua,
assalto na esquina da periferia e no shopping
de luxo,telas de plasma cada vez maiores...
Só faltam os androides.
Quem assistiu Blade Runner, em 1982, não
imaginava que Ridley Scott tinha o poder
de descrever com tanta precisão o que
aconteceria com nossas metrópoles 28 anos
depois.
E agora?
Agora que os automóveis já não conseguem
circular teremos de morar, trabalhar, consumir
e nos divertir em espaços cada vez mais
próximos.
Novas “centralidades urbanas” estão
acontecendo e virão cada vez com mais
força, não existe mais “o centro”, mas muitos
novos centros.
Céu escuro, poluição, tecnologia, e-mails te
“acessando” em todo o canto?
Rebatemos com a fuga para o campo em
busca do tempo, do espaço e do silêncio da
mata e das fragrâncias naturais.
Para quem mora em apartamentos (cada vez
mais flexíveis para atender as novas tribos
urbanas), varandas, “pets”, paredes verdes,
hortas na área de serviço, madeira reciclada
espalhada nos interiores, tapetes indianos,
bicicletas, patins.
Quem quiser estar perto do lado bom da
“metrópolis”, cinemas, sushi, teatro, “tapas”,
vernissages, trufas brancas, baladas...vai
morar próximo de tudo isto, mas em espaços
menores, cada vez menores, mas com design
extremamente elaborado.
Tendência?
Menos ostentação e mais fruição.
55 anos
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Perspectiva ilustrada da fachada
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OBRASINICIADAS
ao se falar dos problemas sociais brasileiros, muita coisa mu-
dou. Levando em conta este período, houve enorme cresci-
mento no terceiro setor no Brasil, tornando-se este corres-
ponsável pela busca de soluções para os desafios existentes
nas mais diversas áreas sociais. Isto, porém, tomou corpo so-
bretudo nas últimas décadas, com o crescimento do número
de organizações sociais, o boom da responsabilidade social
corporativa, o aumento da participação da sociedade civil, o
investimento social privado e assim por diante.
Anteriormente, no entanto, não era assim. Entre as décadas
de 50 e 60, predominava a visão (e a prática) de que o Estado
era o único promotor de desenvolvimento, seja em termos
econômicos, seja sociais. Em
outros países, estávamos na épo-
ca do welfare state, e o Brasil buscava
formas adaptadas deste modelo dentro do
próprio contexto de um país subdesenvolvido, que em 1955
já ocupava o posto de 11ª maior economia do mundo.
As políticas públicas voltadas à solução de problemas sociais,
no período, desenvolviam-se de forma predominantemente
assistencialista e as contribuições do setor privado, por sua
vez, andavam na mesma direção, através de um modelo de
caridade que canalizava ínfimos recursos para a área social
e de modo ainda pouco efetivo. Havia, desde então, uma
De 1955 até os dias de hoje,
Muito foi feito nas últimas décadas pelas questões sociais brasileiras, porém, há ainda um enorme potencial inexplorado que pode ajudar a resolvê-las. Esse é o momento para o amadurecimento da cultura de filantropia no Brasil.
Tudo pronTo para o
70
Por Instituto Azzi Ilustração produção Novo Meio
Fotos stock.xchng
da filanTropia
FilantropiaInteligente55 anos
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71grande influência da tradição católica
na realização de tais contribuições, que
se baseavam unicamente em valores
como solidariedade e misericórdia.
Os anOs 90e O bOOm das OnGs
Com a redemocratização, houve grande
aumento da participação da sociedade
civil, em um processo que teve como
marco o fim da ditadura militar e a nova
constituição federal de 1988. Surgiram
novas formas de articulação entre o Es-
tado e entidades sociais, que de diver-
sos modos aliaram-se na cogestão de
políticas voltadas ao social, em busca
de soluções para os problemas que afli-
gem grande parte da população.
Seguindo tal fluxo, cresceu imensamen-
te o número de organizações sociais
privadas e sem fins lucrativos. Para se
ter uma ideia, de acordo com pesquisa
publicada em 2005 pelo Instituto Brasi-
leiro de Geografia e Estatística (IBGE),
em parceria com a Associação Brasilei-
ra de Organizações Não Governamen-
tais (Abong) e o Grupo de Institutos,
Fundações e Empresas (Gife), das 338
mil fundações privadas e associações
sem fins lucrativos então existentes no
Brasil, 67,8% foram criadas após 1990,
sendo que apenas a década de 90 foi
responsável por 41,5% do total (veja o
gráfico na página seguinte).
Além do crescimento, transformou-se
também o foco de atuação de tais en-
tidades e das contribuições privadas
voltadas a fins públicos. De ligados uni-
camente à área de assistência social –
em práticas pontuais de apoio a asilos,
abrigos, creches, e através da doação
de bens, alimentos, recursos etc. –,
passaram a atuar na defesa dos direitos
e interesses dos cidadãos, no âmbito
dos direitos humanos, na pressão por
melhores políticas públicas, no fortale-
cimento da educação, além da questão
do meio ambiente, que ganhou notorie-
dade a partir da realização da Eco 92.
Hoje temos novas áreas surgindo, liga-
das ao empreendedorismo, aos chama-
dos negócios sociais, mas há ainda te-
mas menos populares, como a questão
racial, a reintegração de ex-presidiários,
a inserção social e profissional de mora-
dores de rua e assim por diante.
a prOfissiOnalizaçãOdO setOr
Além da forte expansão e mudança
de foco, assistimos também ao início
de um processo de profissionalização
destas entidades, que acompanha uma
mudança na relação entre doadores e
beneficiários e, portanto, no modo de
se fazer filantropia. A doação, inicial-
mente caritativa, tomou ares de inves-
timento, e os recursos – na maioria das
vezes vindos de empresas, institutos e
fundações – passaram a ser alocados,
visando buscar resultados efetivos, exi-
gindo das entidades prestação de con-
tas e realizando o acompanhamento
das atividades desenvolvidas, ao invés
da antiga prática que se resumia à sim-
ples doação do dinheiro.
O fortalecimento da Responsabilidade
Social Corporativa – uma vez que as
empresas passaram a ser pressionadas
para alocar recursos e se envolver com
tais questões sociais – trouxe muito do
mundo e da linguagem empresarial para
as ONGs, na busca por um real e com-
provado impacto social. Isso se refletiu,
também, na utilização de instrumentais,
como o planejamento e a avaliação,
instrumentais estes que lentamente
vêm se inserindo no campo do terceiro
setor. Isso tudo, obviamente, não vem
ocorrendo sem conflitos, e não sem
que tenha se tornado um grande desa-
fio para tais organizações a gestão de
suas atividades e projetos.
No que diz respeito a esse processo,
uma das grandes questões a ser le-
vada em conta é o grau de formação
e profissionalização dos funcionários
e colaboradores do setor. Ainda que
este empregasse, em 2008, cerca de
1,8 milhão de brasileiros, há ainda uma
grande defasagem nesse sentido, pre-
dominando a prática do voluntariado.
De acordo com a pesquisa do IBGE
de 2005, cerca de 77% das institui-
ções ainda não possuíam funcionários
remunerados e o número de voluntá-
rios chegava a superar, em 13 vezes,
a quantidade de pessoas empregadas
em fundações privadas e associações
sem fins lucrativos.
Hoje, podemos dizer que o terceiro se-
tor corresponde a uma fatia de 5% do
PIB brasileiro, mas, ainda assim, está
longe de alcançar toda a sua potenciali-
dade como promotor de grandes trans-
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te desde o início da última década.
Diante deste cenário, é possível notar
que riqueza há, e que é preciso que
esta seja canalizada de forma a bus-
car soluções para as questões sociais,
soluções estas que não sejam apenas
paliativas, mas que efetivamente pro-
movam autonomia e gerem oportuni-
dades à população em situação de
vulnerabilidade social. Com isso, fica
potencializada a contribuição do setor
privado e sua responsabilidade dentro
deste contexto, paralelamente, é claro,
à responsabilidade governamental.
O terceiro setor, portanto, explodiu nes-
te último período, com crescente grau
de profissionalização, contando hoje
com organizações já bastante qualifica-
das para promover um trabalho efetivo e
transformador. Além disso, o Brasil vem
despontando como uma potência eco-
nômica, cercado de expectativas em
todo o mundo. Falta, porém, um passo
decisivo em um país que vê o número
e a qualidade de suas organizações so-
ciais crescerem, assim como também
crescem a renda média de sua popula-
ção e o número de milionários.
Junto com essas duas tendências, ve-
mos também que praticamente todo
o recurso enviado ao Brasil por fun-
dações internacionais que tornava o
país – junto com a América Latina – um
foco da filantropia mundial, agora está
sendo direcionado a outras regiões,
principalmente a África. Pesquisa rea-
lizada pelo Instituto Fonte, a partir de
uma amostra com 41 organizações
estrangeiras com atuação no Brasil,
revela que a redução no fluxo de recur-
sos de organizações estrangeiras para
o país pode chegar a 50% neste ano,
em comparação com 2009.
O mundo já percebeu que o Brasil é
capaz de solucionar seus próprios pro-
blemas. Contudo, parece que a per-
cepção da sociedade brasileira ainda
está um passo atrás. É preciso que se
crie uma cultura de filantropia e que
seja fortalecida sua prática, para que
possamos aumentar a quantidade e a
efetividade dos recursos direcionados
ao terceiro setor, visando qualificar ain-
da mais suas ações.
FilantropiaInteligente
33.408
64.388
140.261
89.166*
Font
e: IB
GE,
200
5 10.939
Número de Fundações Privadas e Associações sem fins lucrativosexistentes em 2005, divididas segundo o ano de fundação
*Em 2005, havia um total de 338.162 fundações privadas e associações sem fins lucrativos**A última faixa de dados compreende apenas 5 anos
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formações sociais. Seu crescimento é
notável e é certamente um dos fatores
que mais chamam a atenção no cenário
das últimas décadas, porém, diante da
enorme desigualdade social e da insufi-
ciência de políticas públicas, não há dú-
vida de que ainda há muito a ser feito.
prOblemas dO tamanhO dO brasil e um brasil dO tamanhO das sOluções
Em se tratando do Brasil, especifica-
mente, e segundo dados do Banco
Mundial, somos hoje a 8ª maior eco-
nomia do planeta e, ao mesmo tempo,
o 9º país mais desigual em termos de
distribuição de renda. De acordo com
o World Wealth Report da Capgemini e
Merrill Lynch Wealth Management, por
exemplo, existiam em 2008, no Bra-
sil, por volta de 131.000 high net
worth individuals (pessoas com
ativos financeiros acima de 1
milhão de dólares), número
este que vem crescen-
do substancialmen-
Até 1970 1971 a 1980 1981 a 1990 1991 a 2000 2001 a 2005**
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só me faz pensar no presente. Somos fruto de
mudanças, experiências e acontecimentos. E
para senti-los é preciso viver, principalmente a
ambiência, a paisagem em volta que está o tem-
po todo nos mostrando mudanças. O que é ser
contemporâneo?
É ser do nosso tempo. E como ter tal percepção
se, a cada momento, surgem coisas novas, e que
a nossa memória reconhece serem do passado?
A moda dos anos 80, a cadeira da avó na vitrine
de uma loja moderna, uma arquitetura neoclássica
ou modernista acaba de ser construída. O tempo
passa, as coisas mudam e a memória é viva, fica o
tempo todo nos apontando para o passado.
Ser contemporâneo hoje não se limita a ser ul-
tramoderno, não é jogar fora o que é antigo,
mas é viver em simbiose, em harmonia, é reju-
venescer o antigo, é conjugar o presente e criar
bases para um futuro melhor. É, acima de tudo,
não ter preconceitos.
Uma menina passa, vestindo uma bata dos anos
70, mas percebemos na cena algo que pertence
ao hoje. Pode ser uma atitude, um detalhe, um
sapato, seja o que for, é atual.
Uma cadeira Luiz XV com um tecido vanguardista
transforma-se em peça contemporânea. Uma cris-
taleira antiga ao lado de uma luminária de design
evoca uma atmosfera atual. Ser contemporâneo
é ser minimalista, mas não precisa ser minimalista
para ser contemporâneo. Pode ser íntimo, barroco,
clean, étnico, sem por isso deixar de ser atual.
A tendência é ter a atmosfera moderna, com
visão do futuro, mas sem virar as costas para o
passado, respeitando as diferentes culturas e
etnias. O futuro é o que esperamos de melhor
e, para tal, o presente tem de ser bem feito.
Muita coisa mudou na maneira de viver e, conse-
quentemente, na arquitetura. Se hoje construímos
o maior número de garagens para um apartamen-
to, ao mesmo tempo é contemporâneo aquele que
não tem carro, que anda de bicicleta, à procura de
qualidade de vida. Hoje não há regras. Então, con-
temporâneo é ser autêntico.
A arquitetura está se integrando com a natureza, em
espaços abertos e materiais naturais. E ser contem-
porâneo é, acima de tudo, respeitar a natureza.
Andar pelas ruas, observar a arquitetura e seus de-
talhes, olhar uma vitrine de moda, de decoração.
Olhar, contemplar, observar, resgatar da memória
suas experiências, encontrar o inesperado, se en-
cantar. Caminhar e habitar na paisagem urbana,
afirmar sua presença no mundo, isso é o encontro,
é algo contemporâneo.
Os espaços urbanos têm memória e afetos, e as
experiências de resgatá-los são diferentes para
cada um, mas é aí que se tornam interessantes as
diferentes maneiras de expressá-los. Seja através
de relações interpessoais, seja através da arte,
das mídias, da arquitetura.
Li uma frase interessante: “A paisagem vem a nós
de todas as direções, de todas as formas”.
Vejo o melhor para o futuro, se caminharmos.
Caminhar e respeitar cada paisagem, pois é
ambiência o que respiramos. Cabe a cada um
de nós caminhar e deixar rastros, deixar ideias
a cada passeio, encontro, renovar a cada mo-
mento e deixar um pouco de nós na paisagem.
Então, vejo que um futuro melhor é melhorar-
mos como seres humanos.
Poéticas urbanas (paisagem)
Rosilene Fontes é arquiteta da Construtora Adolpho Lindenberg
Pensar nesses 55 anos
Arquitetura
Os espaços urbanos têm
memória e afetos, e as experiências
de resgatá-lossão diferentes
para cada um
55 anos
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