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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA
LETÍCIA DO CARMO DUTRA DIAS
FLORA DA MATA DO KRAMBECK, JUIZ DE FORA, (MG):
BROMELIACEAE
JUIZ DE FORA-MG
2012
LETÍCIA DO CARMO DUTRA DIAS
FLORA DA MATA DO KRAMBECK, JUIZ DE FORA, (MG):
BROMELIACEAE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Departamento de Botânica da Universidade
Federal de Juiz de Fora, como requisito para a
obtenção do grau de bacharel em Ciências
Biológicas.
Orientadora: Profª Drª Ana Paula Gelli de Faria
JUIZ DE FORA-MG
2012
LETÍCIA DO CARMO DUTRA DIAS
FLORA DA MATA DO KRAMBECK, JUIZ DE FORA, (MG):
BROMELIACEAE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Botânica da
Universidade Federal de Juiz de Fora, como requisito para a obtenção do grau de
bacharel em Ciências Biológicas.
Orientadora: Profª Drª Ana Paula Gelli de Faria
Aprovado em 27 de junho de 2012.
COMISSÃO EXAMINADORA
________________________________________
Profª Drª Ana Paula Gelli de Faria
Universidade Federal de Juiz de Fora
Orientadora
________________________________________
Profª Drª Fátima Regina Gonçalves Salimena
Universidade Federal de Juiz de Fora
________________________________________
Prof. Dr Luiz Menini Neto
Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora
Dedico este trabalho à minha mãe Marcia.
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus por iluminar meus caminhos. A minha
amada mãe, que sempre acreditou em mim e fez tudo o que estava ao seu alcance para
que esse momento chegasse.
A toda a minha família e amigos de longa data que estiveram ao meu lado nessa
caminhada. Aos novos amigos, que fiz na faculdade, por terem tornado os dias na
universidade mais divertidos.
Ao Breno pela ótima companhia nas aulas, trabalhos de campo, congressos e por
todo amor que me dedica.
A todos os professores do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal
de Juiz de Fora que enriqueceram meus conhecimentos de biologia e colaboraram com
meu amadurecimento durante o curso. Aos funcionários do herbário e departamento de
botânica que sempre me ajudaram quando eu precisei.
Agradeço à Profª Fatinha, por ter me apresentado à Ana Paula e me ajudado a
ampliar os conhecimentos na área de botânica.
À Ana Paula Gelli de Faria por me apresentar às bromélias e por toda a
paciência e orientação.
À UFJF pelo financiamento do projeto.
Agradeço a todos que de alguma maneira contribuíram para que este dia
chegasse.
Obrigada!
“Se algo pode dar errado, com certeza dará!”
Lei de Murphy
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Área de estudo: Mata do Krambeck, Juiz de Fora (MG), Brasil. (A) principais
fragmentos florestais do município, com destaque para a localização da Mata do Krambeck
(Fonte: Google Earth). (B) delimitação de parte da Mata do Krambeck, onde o estudo foi
desenvolvido, em conectividade ao remanescente formando a Área de Proteção Ambiental
(Fonte: Fontes et al. 2008). (C) Destaque de parte da vegetação da área de estudo (Foto:
A.P.G.de Faria).......................................................................................................................14
Figura 2. (A) Ananas bracteatus, (B) Billbergia horrida, (C) detalhe da flor de B.
horrida, (D) B. zebrina, (E) Portea petropolitana, (F) detalhe da flor de P.
petropolitana, (G) detalhe da flor de Tillandsia geminiflora e (H) T. geminiflora.........21
Figura 3. (A) Tillandsia polystachia, (B) detalhe da flor de T. polystachia, (C) T.
recurvata, (D) detalhe da flor de T. stricta, (E) T. stricta, (F) T. tricholepis e (G)
Vriesea sp........................................................................................................................24
RESUMO
Bromeliaceae Juss. possui aproximadamente 3.172 espécies distribuídas em 58 gêneros,
sendo uma das famílias de monocotiledôneas mais representativas da flora neotropical.
Reconhecidas por sua importância ecológica, as chamadas “bromélias-tanque” agem
como espécies-chave para a manutenção da biodiversidade e da complexidade estrutural
de diversos ambientes. As bromélias também merecem destaque entre as principais
famílias tropicais que abrigam representantes ornamentais, sendo muitas vezes suas
espécies ilegalmente extraídas de seus ambientes naturais para venda. Considerando a
relevância do estado de Minas Gerais como detentor de grande diversidade de
Bromeliaceae e a problemática da perda dessa diversidade devido à fragmentação de
habitats, a área de estudo escolhida foi a Mata do Krambeck, um dos maiores e mais
importantes fragmentos urbanos de Floresta Atlântica, no município de Juiz de Fora,
região da Zona da Mata Mineira. O objetivo desse trabalho é contribuir para ampliar o
conhecimento da diversidade taxonômica e conservação da flora do município de Juiz
de Fora, através do levantamento das espécies de Bromeliaceae ocorrentes na Mata do
Krambeck. Foi registrado um total de 10 táxons na área de estudo, distribuídos em cinco
gêneros e abrangendo duas das três subfamílias reconhecidas para Bromeliaceae
(Bromelioideae e Tillandsioideae). O gênero com maior riqueza de espécies foi
Tillandsia (5 spp.), seguido por Billbergia (2 spp.), Portea (1 sp.), Ananas (1 sp.) e
Vriesea (1 sp.). São apresentados descrições, chave de identificação e fotografias das
espécies levantadas.
Palavras-chave: Bromelioideae, Floresta Atlântica, Levantamento Florístico,
Morfologia, Tillandsioideae.
ABSTRACT
Bromeliaceae Juss. presents approximately 3172 species distibuted into 58 genera, and
is considered one of the most representative families of monocots of the neotropical
flora. Recognized for their ecological importance, the so-called "tank bromeliads" act as
key species for maintaining biodiversity and structural complexity of many
environments. Bromeliads also deserve mention among the families of tropical flora
with ornamental representatives, and often their species are illegally collected from their
natural environments for sale. Considering the importance of the state of Minas Gerais
as having a great diversity of bromeliads and the problem of loss of this diversity due to
fragmentation of habitats, we have chosen the Mata do Krambeck as the study area, one
of the largest and most important urban fragments of Atlantic Forest, situated at the
municipality of Juiz de Fora, Zona da Mata Mineira The aim of this study is to expand
knowledge of the taxonomic diversity and conservation of the flora of the Juiz de Fora,
through a survey of Bromeliaceae species occurring in the Mata do Krambeck. A total
of ten taxa were registered in the study area, distributed in five genera and covering two
of the three subfamilies recognized for Bromeliaceae (Bromelioideae and
Tillandsioideae). The genus with the highest species richness was Tillandsia (5 spp.),
followed by Billbergia (2 spp.) Portea (1 sp.), Ananas (1 sp.) and Vriesea (1 sp.).
Descriptions, a key of identification and photographs are presented for the surveyed
species.
Keywords: Atlantic Forest, Bromelioideae, Floristic Survey, Morphology,
Tillandsioideae.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................10
1.1 Caracterização geral da família Bromeliaceae...............................................10
1.2 Diversidade e conservação da família Bromeliaceae no estado de Minas
gerais................................................................................................................................11
2. OBJETIVOS................................................................................................................13
3. MATERIAL E MÉTODOS.........................................................................................14
3.1. Área de estudo..............................................................................................14
3.2. Estudo Taxonômico......................................................................................15
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................16
4.1. Chave de identificação das espécies de Bromeliaceae da Mata do
Krambeck.........................................................................................................................17
4.2. Descrição das espécies de Bromeliaceae da Mata do Krambeck ................18
1 Ananas bracteatus.................................................................................18
2 Billbergia horrida.................................................................................18
3 Billbergia zebrina.................................................................................19
4 Portea petropolitana.............................................................................19
5 Tillandsia geminiflora...........................................................................20
6 Tillandsia polystachia...........................................................................21
7 Tillandsia recurvata..............................................................................22
8 Tillandsia stricta...................................................................................22
9 Tillandsia tricholepis............................................................................23
10 Vriesea sp............................................................................................23
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................25
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................26
10
1. INTRODUÇÃO
1.1 Caracterização geral da família Bromeliaceae
Bromeliaceae Juss. possui aproximadamente 3.172 espécies divididas em 58
gêneros (Luther 2008), sendo uma das famílias de monocotiledôneas mais
representativas da flora neotropical. Representantes da família, como o abacaxi (Ananas
comosus (L.) Merril) já eram conhecidos e cultivados pelos índios das Américas há
séculos. Bromeliaceae foi inicialmente reconhecida por Jussieu, em 1789, sob a
denominação “Bromeliae”, porém só recebeu status taxonômico de família em 1805
após ser descrita por Jaume Sant-Laire (Benzing, 1980).
A família Bromeliaceae é tradicionalmente dividida nas subfamílias
Pitcairnioideae, Tillandsioideae e Bromelioideae (Smith & Downs, 1974, 1977, 1979),
que podem ser diferenciadas basicamente pelos tipos de hábito, posição do ovário, tipos
de frutos e sementes.
A subfamília Pitcairnoideae é caracterizada pelo hábito terrícola, possuindo
raízes funcionais. As folhas são normalmente aculeadas, o ovário é súpero ou raramente
ínfero, os frutos são cápsulas deiscentes onde as sementes geralmente possuem
apêndices alados (Mez, 1891-1894; Smith & Downs, 1974).
Na subfamília Bromelioideae, a maioria das espécies é epífita e geralmente
formam rosetas com os tanques de armazenamento de água. As folhas são aculeadas, o
ovário é comumente ínfero e seus frutos são bagas com sementes nuas (Smith &
Downs, 1979).
Na subfamília Tillandsioideae a maioria dos membros possui hábito epifítico,
com diversas adaptações aos ambientes xéricos. Todos possuem folhas sem acúleos,
ovário súpero e seus frutos são cápsulas secas com sementes apresentando apêndices
plumosos (Smith & Downs, 1977).
Reconhecidas por sua importância ecológica, as chamadas “bromélias-tanque”
agem como espécies-chave para a manutenção da biodiversidade e da complexidade
estrutural de diversos ambientes (Gilbert, 1980; Benzing, 2000). Os reservatórios de
água e a matéria orgânica acumulada na base de suas folhas sustentam verdadeiros
microambientes, funcionando como abrigo, locais de procriação e fonte de alimento
para uma grande variedade de animais, protistas, fungos e procariontes, bem como sítios
11
de germinação de sementes de várias espécies vegetais (Dunn, 1937; Frank, 1983;
Hagler et al., 1993; Madeira et al., 1995).
As bromélias também merecem destaque entre as principais famílias tropicais
que abrigam representantes ornamentais, sendo muitas vezes suas espécies extraídas
ilegalmente de seus ambientes naturais para venda (Pereira et al., 2008). Tal fato, aliado
à crescente fragmentação de habitats naturais, vem contribuindo de forma significativa
para o declínio de muitas populações de bromélias em diversas regiões do Brasil.
1.2 Diversidade e conservação da família Bromeliaceae no estado de Minas
Gerais
O Brasil abrange climas desde o tropical até o temperado, propiciando um dos
ambientes mais diversos do mundo. Dentre os 17 países megadiversos, o Brasil é aquele
que possui a maior variedade biológica, abrigando entre 15 e 20% de toda a
biodiversidade mundial, além de possuir cerca de 30% das florestas tropicais, as mais
ricas em heterogeneidade (Santos & Câmara, 2002).
A Floresta Atlântica está entre as mais importantes florestas tropicais do mundo,
sendo considerada prioridade em termos de conservação devido à grande fragmentação
a que foi submetida ao longo dos anos. Acredita-se que esse bioma abrigue
aproximadamente 20.000 espécies de plantas, das quais 40% são endêmicas (Stehmann
et al., 2009).
A família Bromeliaceae Juss. possui grande diversidade no Brasil, que engloba
aproximadamente 73% de seus gêneros e 38% das espécies (Forzza et al., 2010). As
áreas de Floresta Atlântica que cobrem parte da costa leste do país e a porção leste e
sudeste do estado de Minas Gerais também são consideradas centros de diversidade e
endemismo para diversos táxons da família (Smith, 1934; Benzing, 2000). Segundo
Versieux & Wendt (2007), Minas Gerais possui mais gêneros de Bromeliaceae do que
qualquer outro estado brasileiro ou país da América do Sul e Central.
Apesar da expressiva diversidade de Bromeliaceae registrada para Minas Gerais,
diversas espécies encontram-se seriamente ameaçadas de extinção no estado. A
histórica ocupação do solo mineiro para o estabelecimento de áreas de cultivo,
pastagens, mineração, além do desenvolvimento urbano, provocou grande fragmentação
das áreas florestais. Versieux & Wendt (2007) ressaltaram que dentre os 283 táxons de
12
Bromeliaceae ocorrentes em Minas Gerais, mais da metade encontra-se enquadrada em
alguma categoria de ameaça.
Considerando a relevância do estado de Minas Gerais como hotspot de
diversidade de Bromeliaceae e a problemática da perda dessa diversidade devido à
fragmentação de habitats, a área de estudo escolhida foi a Mata do Krambeck,
localizada no município de Juiz de Fora, região da Zona da Mata mineira. O município
de Juiz de Fora possui área de 1.429,875 km2, dos quais 446.551 km2 são ocupados pela
malha urbana, sendo a estimativa de cobertura florestal pouco mais de 20% de sua área
total (Scolforo & Carvalho, 2006). Estudos fitofisionômicos indicam que a região está
inserida na formação de Floresta Estacional Semidecidual (Veloso, 1992), sendo
considerada prioritária para conservação da flora no estado por apresentar grande
importância biológica devido ao alto potencial de conectividade entre seus fragmentos
de florestas urbanas (Drummond et al., 2005).
Na região destacam-se alguns fragmentos florestais, como os localizados nas
Reservas Biológicas Municipais de Santa Cândida (113,3 ha) e do Poço d’Anta (277
ha), Parque Municipal da Lajinha (88 ha), Reserva Particular do Patrimônio Natural
Vale de Salvaterra (263, 3 ha), Morro do Imperador (78 ha) e a Mata do Krambeck (375
ha).
Poucos inventários florísticos (Freitas, 2006; Pifano et. al, 2007) foram
realizados no município e focaram a composição e a estrutura do componente arbóreo.
Em Minas Gerais, grande parte dos inventários florísticos de Bromeliaceae tem se
concentrado em áreas de campos rupestres e de altitude (Wanderley & Martinelli, 1987;
Wanderley & Forzza, 2003; Monteiro & Forzza, 2008; Coser et al., 2010; Guarçoni et
al., 2010), sendo o trabalho aqui proposto de grande importância para ampliar o
conhecimento taxonômico da família no domínio da Floresta Atlântica no estado.
13
2. OBJETIVOS
• Contribuir para o conhecimento da diversidade taxonômica e conservação da
flora do município de Juiz de Fora, Minas Gerais, através do levantamento das
espécies de Bromeliaceae ocorrentes na Mata do Krambeck;
• Prover informações sobre a morfologia e ecologia das espécies inventariadas,
contribuindo com dados para futuros estudos taxonômicos e sistemáticos na
família.
14
3. METODOLOGIA
3.1 Área de estudo:
Localizada na região central de Juiz de Fora, a Mata do Krambeck possui grande
importância ecológica e paisagística, com aproximadamente 370 hectares de floresta
contínua. O estudo foi realizado em um trecho da Mata do Krambeck (ca. 80 ha),
recentemente adquirido pela Universidade Federal de Juiz de Fora para a implantação
de um Jardim Botânico. A área possui quase sua totalidade coberta por vegetação nativa
em estágio médio a avançado de regeneração, com presença de diversas espécies
arbóreas de grande porte, epífitas, cipós e um sub-bosque bastante denso (Fontes et al.,
2008).
Figura 1. Área de estudo: Mata do Krambeck, Juiz de Fora (MG), Brasil. (A) principais fragmentos
florestais do município, com destaque para a localização da Mata do Krambeck (Fonte: Google Earth).
(B) delimitação de parte da Mata do Krambeck, onde o estudo foi desenvolvido, em conectividade ao
remanescente formando a Área de Proteção Ambiental (Fonte: Fontes et al. 2008). (C) Destaque de parte
da vegetação da área de estudo (Foto: A.P.G.de Faria).
15
De acordo com a classificação de Köppen (1948), a região possui clima do tipo
Cwa, com verões quentes e invernos secos, e estações secas e chuvosas bem definidas.
Este clima pode também ser definido, genericamente, como Tropical de Altitude, por
corresponder a um tipo tropical influenciado pelos fatores altimétricos, em vista do
relevo local apresentar altitudes médias entre 700 e 900 m, que contribuem para a
amenização da temperatura. Os índices pluviométricos anuais, obtidos pela Estação
Climatológica Principal da UFJF/ 5° DISME (nº 83692), nas últimas décadas, acusaram
médias próximas a 1.536 mm e a média térmica anual oscila em torno de 18,9ºC
(CESAMA, 2011).
3.2 Estudo taxonômico:
Para a coleta dos espécimes, foram realizadas excursões mensais à área de
estudo entre agosto de 2010 e agosto de 2011. As excursões foram conduzidas
procurando abranger as estações secas e chuvosas. As coletas foram realizadas através
de caminhadas aleatórias (Filgueiras et al., 1994), buscando cobrir a maior extensão
possível da área de estudo. Flores e/ou frutos foram fixadas em álcool 70% para
posterior análise morfológica em laboratório.
Os espécimes coletados foram fotografados e herborizados segundo técnicas
usuais em taxonomia vegetal (Fidalgo & Bononi, 1989) e depositados no Herbário
Leopoldo Krieger da Universidade Federal de Juiz de Fora (Herbário CESJ).
As identificações taxonômicas foram realizadas através de consultas à
bibliografia e comparação com exsicatas depositadas em herbário. As descrições
morfológicas e a chave para identificação foram confeccionadas para os táxons
coletados em estágio fértil (em flor e/ou fruto) e basearam-se nas exsicatas e estruturas
fixadas em álcool 70%, tendo sido complementadas com consulta a bibliografia de
referência (Smith & Downs, 1974, 1977, 1979; Reitz, 1983; Radford et al., 1986).
16
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi registrado um total de 10 espécies na área de estudo, distribuídos em cinco
gêneros e abrangendo as subfamílias Bromelioideae e Tillandsioideae. Os indivíduos
apresentam hábito epifítico ou terrestre (Tabela 1). Todos foram coletados em locais
antropizados.
O gênero com maior riqueza de espécies foi Tillandsia (5 spp.), seguido por
Billbergia (2 spp..), Portea (1 sp.), Ananas (1 sp.) e Vriesea (1 sp.).
Tabela 1. Lista dos táxons de Bromeliaceae registrados para a Mata do Krambeck, município de Juiz de
Fora, MG.
Táxon Subfamília* Hábito**
Ananas bracteatus (Lindl.) Schult. f. B T
Billbergia horrida Regel B E
Billbergia zebrina (Herbert) Lindl. B E
Portea petropolitana (Wawra) Mez B E
Tillandsia geminiflora Brongn. T E
Tillandsia polystachia (L.) L. T E
Tillandsia recurvata (L.) L. T E
Tillandsia stricta Sol. ex Sims T E
Tillandsia tricholepis Baker T E
Vriesea sp. T E
*Subfamília correspondente: B- Bromelioideae, T- Tillandsioideae.
**Preferência por substrato: E- epífita, T- terrestre.
Segundo Pifano et al. (2007), no Morro do Imperador, foram registradas cinco
espécies de Bromeliaceae Bromelia antiacantha Bertol., Pitcairnia flammea Lindl.,
Tillandsia gardneri Lindl., Ananas bracteatus e Portea petropolitana, sendo as duas
últimas também encontradas na Mata do Krambeck.
De acordo com Nogueira (2011), ocorrem na Reserva Biológica Municipal do
Poço D’Anta 10 espécies de Bromeliaceae: Aechmea ramosa Mart. ex Schult. &
Schult.f., A. bracteatus, Billbergia euphemiae E.Morren, B. horrida, B. zebrina, P.
petropolitana, Quesnelia indecora Mez, Tillandsia recurvata, T. stricta e T. usneoides
17
(L.) L., sendo quatro delas não encontradas na Mata do Krambeck (A. ramosa, B.
euphemiae, Q. indecora e T. usneoides).
Quando comparado aos dois fragmentos citados acima, podemos considerar que
há, na porção estudada da Mata do Krambeck, uma riqueza de espécies considerável.
Apesar de abranger uma área de amostragem menor (ca. de 80 ha), a mesma apresentou
o mesmo número de espécies encontrado na Reserva Biológica Municipal do Poço
D’Anta (277 ha) e uma riqueza maior que a registrada para o Morro do Imperador (78
ha).
A seguir é apresentada a chave para identificação das espécies levantadas e suas
respectivas descrições morfológicas.
4.1. Chave para identificação das espécies de Bromeliaceae da Mata do Krambeck,
município de Juiz de Fora, MG.
1. Lâmina foliar com margens aculeadas, fruto do tipo baga
2. Sépalas com ápice mucronado ............................... 4. Portea petropolitana
2’. Sépalas com ápice não mucronado
3. Roseta tubular, escapo pendente................ 3. Billbergia zebrina
3’. Roseta infundibuliforme, escapo ereto
4. Hábito epifítico, pétalas verdes......2. Billbergia horrida
4’.Hábito terrícola, pétalas lilases..... 1. Ananas bracteatus
1‘. Lâmina foliar com margens inteiras, fruto do tipo cápsula
5. Inflorescência composta
6. Flores com 1,8-1,9 cm de comprimento, pétalas rosa-escuras.................
........................................................................... 5. Tillandsia geminiflora
6’. Flores com 3,8 cm de comprimento, pétalas roxas.................................
.............................................................................6. Tillandsia polystachia
5’. Inflorescência simples
7. Brácteas do escapo ausentes ou muito reduzidas.....................................
................................................................................7. Tillandsia recurvata
7’. Brácteas do escapo presentes e conspícuas
8. Brácteas do escapo com máculas roxas................10. Vriesea sp.
8’. Brácteas do escapo sem máculas
18
9. Brácteas florais rosas, pétalas roxo-azuladas ..................
...............................................................8. Tillandsia stricta
9’. Brácteas florais verde-avermelhadas, pétalas verde-
amareladas......................................9. Tillandsia tricholepis
4.2. Descrição das espécies de Bromeliaceae da Mata do Krambeck, município de
Juiz de Fora, Minas Gerais.
1. Ananas bracteatus (Lindl.) Schult. f., Syst. Veg. 7(2): 1286. 1830. Fig. 2 (A).
Planta terrestre, 29,7 cm de altura quando florida. Roseta infundibuliforme. Folhas
com bainhas 4,4 x 3,2 cm, castanhas em ambas as faces; lâminas 148,1 x 3,3 cm,
lineares, planas, verdes, concolores, ápice acuminados, mucronados, margens aculeadas,
acúleos pretos 0,5 cm de comprimento. Escapo ereto, avermelhado, 28,5 cm de
comprimento, 0,7 cm de diâmetro. Brácteas do escapo 44,9 x 1,7 cm, avermelhadas.
Inflorescência 9.8 x 6,3 cm. Flores 2,3 cm de comprimento, sésseis. Brácteas florais
2,8 x 1,8 cm,. Sépalas róseas. Pétalas 2,2 x 0,6 cm, lilases, arredondadas; apêndices
petalíneos ausentes, calosidades longitudinais ausentes. Estames com filetes 1,2 cm
de comprimento; anteras 0,3 cm, exsertas, brancas. Ovário cilíndrico.
Material examinado: Brasil, Minas Gerais, Juiz de Fora, Mata do Krambeck,
VII/2011, Dias et al. 21 (CESJ).
Distribuição geográfica, fenologia e habitat: Ananas bracteatus ocorre no Paraguai,
Argentina e Brasil (Smith & Downs, 1979). No Brasil é encontrada nos domínios do
Cerrado e Floresta Atlântica nos estados de Pernambuco, Alagoas, Minas Gerais,
Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
(Forzza et al. 2010). Floresce no período de agosto a fevereiro (Versieux & Wendt,
2006). Na área de estudo possui hábito terrícola.
2. Billbergia horrida Regel, Ind. Sem. Hort. Petrop. 1856: 17. 1857. Fig. 2 (B,C).
19
Planta epífita, 44,3-57,1 cm de altura quando florida. Roseta infundibuliforme. Folhas
com bainhas 8,8–15,7 x 4,8-7,1 cm, largo-elípticas, roxas na face adaxial, cremes na
face abaxial; lâminas 14,7-29,3 x 3,6-3,7 cm, lineares, planas, verdes, concolores, face
abaxial com bandas transversais de tricomas brancos, ápice arredondado, cuspidado,
recurvado, margens aculeadas, acúleos pretos 0,1-0,4 cm de comprimento. Escapo
ereto, verde, 34,4-35,2 cm de comprimento, 0,2-0,4 cm de diâmetro. Brácteas do
escapo 8,5-10,4 x 1,7-2,3 cm, cremes. Inflorescência simples, 8,9-13,8 x 5,7-9,4 cm.
Flores 5-6,2 cm de comprimento, sésseis. Brácteas florais muito reduzidas, 4-1 X 1
mm, ausentes nas flores do ápice da inflorescência. Sépalas 1,7-1,9 x 0,3-0,6 cm,
levemente assimétricas, agudas, esverdeadas com ápice azul. Pétalas 3,8-4,6 x 0,3-0,8
cm, verdes, lineares, arredondadas; apêndices petalíneos cupuliformes, calosidades
longitudinais ausentes. Estames verdes com filetes 3,2-3,3 cm de comprimento;
anteras 0,8-0,9 cm, exsertas, amarelas. Ovário 0,5 cm de comprimento, cilíndrico,
verde.
Material examinado: Brasil, Minas Gerais, Juiz de Fora, Mata do Krambeck,
21/IX/2010, Dias et al. 03 (CESJ); idem, 22/X/2010, Dias et al. 04, 05, 06 (CESJ).
Distribuição geográfica, fenologia e habitat: Billbergia horrida é endêmica da
Floresta Atlântica dos estados da Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais (Forzza et al.
2010). Floresce entre setembro e outubro (Versieux & Wendt, 2006). Na área de estudo
possui hábito epífito.
3. Billbergia zebrina (Herbert) Lindl., Bot. Reg. 13: t. 1068. 1827. Fig. 2 (D).
Planta epífita, 52,4 cm de altura. Roseta tubular. Folhas com bainhas 17,5 x 7,9 cm,
lâminas verdes, 35,1 x 4,9 cm, com bandas transversais de tricomas brancos, acúleos
pretos 0,2 cm de comprimento. Escapo pendente, densamente coberto por tricomas
brancos, 36,8 cm de comprimento, 0,3 cm de diâmetro, Brácteas do escapo rosas,
13,9x3,3 cm. Inflorescência 15,9 x 7,8 cm, simples. Flores 8,1 cm. Brácteas florais
ausentes. Sépalas 1,2 x 07 cm, simétricas, arredondadas, densamente cobertas por
tricomas brancos. Pétalas 6,2 x 0,8 cm, amarelo-esverdeadas, lineares, arredondadas,
espiraladas; apêndices petalíneos espatulados com o ápice fimbriado, calosidades
20
longitudinais ausentes. Estames com filetes azuis, 3,8 cm de comprimento,
concrescidos na base das pétalas; anteras 1,9 cm, exsertas, azuis. Ovário 1,2 cm de
comprimento, azul escuro, te densamente coberto por tricomas brancos.
Material examinado: Brasil, Minas Gerais, Juiz de Fora, Mata do Krambeck, V/2011,
Dias et al. 20 (CESJ).
Distribuição geográfica, fenologia e habitat: Billbergia zebrina ocorre no Paraguai,
Uruguai, Argentina e Brasil (Smith & Downs, 1979). No Brasil é encontrada no
domínio da Floresta Atlântica nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro,
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Forzza et al. 2010). Floresce de setembro a
fevereiro (Versieux & Wendt, 2006). Na área de estudo possui hábito epífito.
4. Portea petropolitana (Wawra) Mez, Fl. Bras. 3(3): 296, pl. 64. 1892. Fig. 2 (E,F).
Planta epífita, 91,8-102,5 cm de altura quando florida. Roseta infundibuliforme.
Folhas com bainhas 15,4–20,5 x 6,6–10,3 cm, castanho-arroxeadas em ambas as faces,
lâminas 41,2–62,1 x 2,6–2,7 cm lanceoladas a estreito-triangulares, planas, verdes,
ápices acuminados, mucronados, margens aculeadas. Acúleos pretos 0,1–0,2 cm.
Escapo ereto, rosa, 45,6–51,8 cm de comprimento, 0,6–0,8 cm de diâmetro. Brácteas
do escapo 25,2–28,3 x 4,1–4,4, margens aculeadas próximo ao ápice Inflorescência
44,3–62,3 x 17,8–18,5, composta, paniculada, raque densamente coberta por tricomas
brancos. Flores 3,8-5,4 cm de comprimento, pediceladas. Brácteas florais 3,1 x 0,3
cm, linear-triangulares, rosas. Sépalas 1–1,9 x 0,6–0,8 cm, fortemente assimétricas,
roxo-rosadas, ápice agudo, mucronado. Pétalas 1,6–3,3 x 0,3–0,6 cm, roxo-azuladas,
espatuladas, ápice agudo; apêndices petalíneos espatulados, calosidades longitudinais
presentes, 1,6 cm de comprimento. Estames com filetes 1,7–2,7 cm de comprimento;
anteras 0,6–0,7 cm. Ovário 0,3–0,4 cm de comprimento, roxo-rosado, cilíndrico.
Material examinado: Brasil, Minas Gerais, Juiz de Fora, Mata do Krambeck,
21/VIII/2010, Dias et al. 02 (CESJ); idem, 22/X/2010, Dias et al. 07 (CESJ).
Distribuição geográfica, fenologia e habitat: Portea petropolitana é endêmica da
Floresta Atlântica dos estados da Bahia, Espirito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais
21
(Forzza et al. 2010). Floresce entre setembro e outubro (Versieux & Wendt, 2006). Na
área de estudo possui hábito terrícola e epífito.
5. Tillandsia geminiflora Brongn., Voy. Monde 186. 1829. Fig. 2 (G,H).
Planta epífita, 18,7 cm de altura. Roseta infundibuliforme. Folhas com bainhas 0,9 x 1
cm, verde-claras, cobertas por tricomas brancos; lâminas 11,1 x 0,3 cm linear-
triangulares, verde-claras, avermelhadas em direção ao ápice, agudas, margens inteiras.
Escapo ereto, 2,6 cm de comprimento, 0,1 cm de diâmetro. Brácteas do escapo 4,3 x
0,1, verdes com ápice avermelhado. Inflorescência 2,9 x 1,6, composta. Flores 1,8-1,9
cm, sésseis. Brácteas florais 1,1 x 0.6 cm, verde-avermelhadas, com ápices e margens
vermelhas, ovadas, agudas, carenadas. Sépalas 2,1 x 0,5 cm, simétricas, verde-
avermelhadas com margens vermelhas, agudas. Pétalas 1,8 x 0,3 cm, espatuladas,
acuminadas, rosa-escuras, apêndices petalíneos ausentes, calosidades longitudinais
ausentes. Estames com filetes 1,4 cm de comprimento; anteras 0,4 cm. Ovário verde,
0,3 cm de comprimento, cilíndrico.
Material examinado: Brasil, Minas Gerais, Juiz de Fora, Mata do Krambeck,
22/X/2010, Dias et al. 15 (CESJ).
Distribuição geográfica, fenologia e habitat: Tillandsia geminiflora ocorre na
Argentina e Brasil (Smith & Downs, 1977). No Brasil é encontrada nos domínios da
Caatinga, Cerrado e Floresta Atlântica nos estados da Paraíba, Pernambuco, Bahia,
Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo,
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Forzza et al. 2010). Seu pico de
florescimento é de julho a novembro, sua frutificação ocorre de maio a novembro
(Versieux & Wendt, 2006). Na área de estudo possui hábito epífito.
22
Figura 2. (A) Ananas bracteatus, (B) Billbergia horrida, (C) detalhe da flor de B. horrida, (D) B.
zebrina, (E) Portea petropolitana, (F) detalhe da flor de P. petropolitana, (G) detalhe da flor de
Tillandsia geminiflora e (H) T. geminiflora.
6. Tillandsia polystachia (L.) L., Sp. Pl. (ed. 2) 1: 410. 1762. Fig. 3 (A,B).
Planta epífita, 47,2-55,8 cm de altura. Roseta infundibuliforme. Folhas com bainhas
7,8–8,9 x 4,2–4,3 cm, castanhas na face adaxial; lâminas 37,3–40,2 x 1,6–1,7 cm,
linear-triangulares, planas, verdes, concolores, cobertas por tricomas acinzentados,
ápice agudo, margens inteiras. Escapo ereto, 27,9–30,2 cm de comprimento, 0,4 cm de
diâmetro. Brácteas do escapo 19,8–29,5 x 0,5–1,3, patentes, castanho-avermelhadas
até o meio, verdes em direção ao ápice. Inflorescência 15,1–25,9 x 3,6–8,2, composta,
bipinada, ramos com flores dísticas Flores 3,8 cm de comprimento, sésseis. Brácteas
florais 1,8-2,1 x 0,8-0,9 cm, agudas, carenadas, verdes com ápice avermelhados.
Sépalas 1,6-1,8– x 0,4–0,5 cm, agudas, carenadas, verdes com acúleos vermelhos,
simétricas. Pétalas 2,6–3,3 x 0,5–0,6 cm, espatuladas, agudas, roxo-escuras na base,
tornando-se lilases em direção ao ápice; apêndices petalíneos ausentes, calosidades
longitudinais ausentes. Estames com filetes lilases, 2–3,9 cm de comprimento,
23
concrescidos na metade de seu comprimento às pétalas; anteras 0,2–0,5 cm, pretas.
Ovário 0,1–0,2 cm de comprimento, verde.
Material examinado: Brasil, Minas Gerais, Juiz de Fora, Mata do Krambeck,
22/X/2010, Dias et al. 09, 10, 11 (CESJ). idem, X/2010, Tagliati et al. 08, 09 (CESJ).
Distribuição geográfica, fenologia e habitat: Tillandsia polystachia ocorre nos
Estados Unidos, Ilhas do Caribe e do México ao Brasil e Bolívia (Smith & Downs,
1977). No Brasil é encontrada nos domínios da Caatinga, Cerrado e Floresta Atlântica
nos estados da Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
Espírito Santo e Paraná (Forzza et al. 2010). Floresce de julho a dezembro com pico em
outubro, frutifica em abril (Versieux & Wendt, 2006). Na área de estudo possui hábito
epífito.
7. Tillandsia recurvata (L.) L., Sp. Pl. (ed. 2) 1: 410. 1762. Fig. 3 (C).
Planta epífita, 8,9-11,2 cm de altura. Roseta infundibuliforme. Folhas com bainhas
0,7–0,8 x 0,2 cm, verde-escuras, densamente cobertas por tricomas cinzas, lâminas 8,9–
9,5 x 0,1 cm lineares, verde-escuras densamente cobertas por tricomas cinzas, ápice
agudo, margens inteiras. Escapo ereto, verde-avermelhado, densamente cobertas por
tricomas cinzas, 4,8–7,5 cm de comprimento, 0,5 mm de diâmetro. Brácteas do escapo
linear-lanceoladas ou ausentes. Inflorescência 0,6–1,2 x 0,2–0,3, simples, com poucas
flores. Flores 0,9-1,1 cm, sésseis. Brácteas florais semelhantes às brácteas do escapo,
porém menores, igualando ou mais curtas que as sépalas, verde-avermelhadas,
densamente cobertas por tricomas cinzas. Sépalas 4-9 mm de comprimento, verde-
avermelhadas densamente recobertas por tricomas cinzas. Pétalas branco-arroxeadas;
apêndices petalíneos ausentes, calosidades longitudinais ausentes. Estames inseridos
na corola.
Material examinado: Brasil, Minas Gerais, Juiz de Fora, Mata do Krambeck,
09/I/2011, Dias et al. 16, 17 (CESJ). idem, X/2010, Tagliati et al. 11 (CESJ).
Distribuição geográfica, fenologia e habitat: Tillandsia recurvata ocorre desde os
Estados Unidos até a Argentina (Smith & Downs, 1977). No Brasil é encontrada nos
24
domínios da Caatinga, Cerrado e Floresta Atlântica nos estados do Ceará, Rio Grande
do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Sergipe, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
Espírito Santo, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná (Forzza et al.
2010). Floresce de setembro a março, frutifica ao longo do ano (Versieux & Wendt,
2006). Na área de estudo possui hábito epífito.
8. Tillandsia stricta Sol. ex Sims, Bot. Mag. 37: t. 1529. 1813. Fig. 3 (D,E).
Planta epífita, 12,9-14,5 cm de altura. Roseta infundibuliforme. Folhas com bainhas
1,2–1,4 x 0,4–0,6 cm, verde-escuras densamente cobertas por tricomas brancos,
lâminas 8,9–11,1 x 0,3–0,4 cm linear- triangulares, verde-escuras densamente cobertas
por tricomas brancos, ápice agudo, margens inteiras. Escapo ereto, 4,8–5,4 cm de
comprimento, 0,1 cm de diâmetro. Brácteas do escapo 4,1–5,2 x 0,4–0,6, rosa-claras
cobertas por tricomas brancos. Inflorescência 3,3–4,6 x 1,5–2,1, simples. Flores 1,5-
1,6 cm, sésseis. Brácteas florais 2,1-2,2 x 0,9-1 cm, rosa-claras, caudadas nas base da
inflorescência e acuminadas em direção ao ápice. Sépalas 0,9-1,1 x 0,3–0,4 cm, verde-
esbranquiçadas, agudas, carenadas, simétricas. Pétalas 1,5–1,8 x 0,2–0,3 cm, roxo-
azuladas, lineares, arredondadas; apêndices petalíneos ausentes calosidades
longitudinais ausentes. Estames com filetes brancos, 0,9–1 cm de comprimento
anteras 0,2–0,3 cm, branco-amareladas. Ovário 0,1–0,2 cm de comprimento, verde.
Material examinado: Brasil, Minas Gerais, Juiz de Fora, Mata do Krambeck,
22/X/2010, Dias et al. 12, 13, 14 (CESJ). idem, XI/2010, Tagliati et al. 10 (CESJ).
Distribuição geográfica, fenologia e habitat: Tillandsia stricta é encontrada na
Venezuela, Trinidad e Tobago, Guianas, Suriname, Paraguai, Uruguai, Argentina e
Brasil (Smith & Downs, 1977). No Brasil é encontrada nos domínios da Caatinga,
Cerrado e Floresta Atlântica nos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia,
Alagoas, Sergipe, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas
Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul (Forzza
et al., 2010). Floresce nos meses de julho a março com picos em setembro e fevereiro,
frutifica no período de abril a maio (Versieux & Wendt, 2006). Na área de estudo possui
hábito epífito.
25
9. Tillandsia tricholepis Baker, J. Bot., 16: 237. 1878. Fig. 3 (F).
Planta epífita, 6,5-9,4 cm de altura. Roseta infundibuliforme. Folhas com bainhas
0,2–0,4 x 0,1-0,2 cm, verde-claras densamente cobertas por tricomas brancos, lâminas
1,3–2 x 0,1 cm lineares, verde-claras, densamente cobertas por tricomas brancos,
agudas, margens inteiras. Escapo ereto, verde-claro, densamente coberto por tricomas
brancos, 3,1–4,7 cm de comprimento, 0,1 cm de diâmetro. Brácteas do escapo 4,1-5,2
x 0,4-0,6 cm, verde-claras, densamente cobertas por tricomas brancos. Inflorescência
3,3–4,6 x 1,5–2,1 cm, simples, com poucas flores. Flores 1,1-1,2 cm, sésseis. Brácteas
florais verde-avermelhadas, densamente cobertas por tricomas brancos, 6 mm de
comprimento. Sépalas verde-claras, densamente cobertas por tricomas brancos 6,5 mm
decomprimento, agudas. Pétalas verde-amareladas, lineares agudas, apêndices
petalíneos ausentes calosidades longitudinais ausentes. Estames inseridos na corola.
Material examinado: Brasil, Minas Gerais, Juiz de Fora, Mata do Krambeck,
09/I/2011, Dias et al. 18, 19 (CESJ).
Distribuição geográfica, fenologia e habitat: Tillandsia tricholepis é encontrada na
Bolívia, Paraguai, Argentina e Brasil (Smith & Downs, 1977). No Brasil é encontrada
nos domínios da Caatinga, Cerrado e Floresta Atlântica nos estados do Ceará, Paraíba,
Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul (Forzza et al.,
2010). Frutifica no período de junho a outubro (Versieux & Wendt, 2006). Na área de
estudo possui hábito epífito.
10. Vriesea sp. Fig. 3 (G).
Planta epífita, 42,4 cm de altura. Roseta infundibuliforme. Folhas com bainhas 7,3 x
5,9 cm, verde-claras, lâminas 28 x 3,2 cm lineares, verdes, margens inteiras. Escapo
ereto, verde, 29,5 cm de comprimento, 0,7 cm de diâmetro. Brácteas do escapo 3,5 x
2,2 cm, verdes com máculas roxas. Inflorescência 12,9 x 9,8 cm, simples, dística.
Brácteas florais verdes com máculas roxas. Flores passadas.
Material examinado: Brasil, Minas Gerais, Juiz de Fora, Mata do Krambeck,
VIII/2011, Dias et al. 22 (CESJ).
26
Figura 3. (A) Tillandsia polystachia, (B) detalhe da flor de T. polystachia, (C) T. recurvata, (D) detalhe
da flor de T. stricta, (E) T. stricta, (F) T. tricholepis e (G) Vriesea sp.
27
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo taxonômico da família Bromeliaceae na Mata do Krambeck, demonstra
que a mesma está representada na área de estudo por 10 espécies, sendo necessário uma
maior investigação do táxon Vriesea sp. para definição sobre sua identidade
taxonômica.
Este trabalho trouxe uma importante contribuição para o conhecimento da
diversidade da flora do município de Juiz de Fora. Os resultados oferecem uma amostra
da riqueza de espécies de Bromeliaceae encontradas na região, ampliando o
conhecimento taxonômico da família na Zona da Mata mineira e gerando dados úteis
que auxiliem na conservação de seus fragmentos florestais, os quais apresentam grande
importância biológica devido ao seu potencial de conectividade, sendo importantes na
criação e manutenção de corredores ecológicos.
28
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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