LEITURA: TEORIA E MÉTODO NA PRODUÇÃO DO DISCURSO … · Discurso de linha francesa, inicialmente...

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EDIÇÃO Nº 17 JANEIRO DE 2016 ARTIGO RECEBIDO ATÉ 30/11/2015 ARTIGO APROVADO ATÉ 30/12/2015 LEITURA: TEORIA E MÉTODO NA PRODUÇÃO DO DISCURSO CIENTÍFICO Maria Lucia Loureiro Paulista 1 PG-UEMS/NEAD Eu não corro o risco só porque eu escrevo, eu corro também quando leio porque ler é reescrever. Paulo Freire A leitura tem-me servido de ponto de apoio para compreender o discurso e os movimentos da interpretação. Eni P. Orlandi As dificuldades tinham começado com a confusão entre, parafuso, rosca e porca. Todos sabem, entretanto, que o sistema de base genérico-textual da tecnologia elementar implica, como princípio estrutural, que as roscas e as porcas se casam. Michel Pêcheux RESUMO: Este artigo tem o objetivo de mostrar a importância da leitura como método na construção e produção de sentidos do discurso científico. As considerações que aqui faremos, dará ênfase a vertente da Análise do Discurso de linha francesa, inicialmente inaugurada por Michel Pêcheux e introduzida no Brasil por Eni Orlandi instalando um novo tempo na questão de como ler e de como desenhar os sentidos da leitura nas condições produção e na compreensão crítica da interação entre leitor e texto como ferramenta da produção do discurso (texto). Palavras chave: Análise do discurso; Condições de produção; Leitura; Método. ABSTRACT: This article aims to show the importance of reading as a method in the construction and production of meanings of scientific discourse. The considerations here will do, will emphasize the aspect of the analysis of the French Discourse initially inaugurated by Pêcheux and introduced in Brazil by Eni Orlandi installing a new time on the question of how to read and how to draw the reading sense of the conditions of production and critical understanding of the interaction between reader and text as speech production tool (text). Keywords: Discourse analysis; Conditions of production. Reading. Method. 1 Orientanda (Mestrado em Letras) do Professor Dr. Marlon Leal Rodrigues Docente UEMS/CG. E-mail: [email protected]

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LEITURA: TEORIA E MÉTODO NA PRODUÇÃO DO DISCURSO CIENTÍFICO

Maria Lucia Loureiro Paulista1

PG-UEMS/NEAD

Eu não corro o risco só porque eu escrevo, eu corro também quando

leio porque ler é reescrever.

Paulo Freire

A leitura tem-me servido de ponto de apoio para compreender o

discurso e os movimentos da interpretação.

Eni P. Orlandi

As dificuldades tinham começado com a confusão entre, parafuso,

rosca e porca. Todos sabem, entretanto, que o sistema de base

genérico-textual da tecnologia elementar implica, como princípio

estrutural, que as roscas e as porcas se casam.

Michel Pêcheux

RESUMO: Este artigo tem o objetivo de mostrar a importância da leitura como método na construção e produção

de sentidos do discurso científico. As considerações que aqui faremos, dará ênfase a vertente da Análise do

Discurso de linha francesa, inicialmente inaugurada por Michel Pêcheux e introduzida no Brasil por Eni Orlandi

instalando um novo tempo na questão de como ler e de como desenhar os sentidos da leitura nas condições

produção e na compreensão crítica da interação entre leitor e texto como ferramenta da produção do discurso

(texto).

Palavras – chave: Análise do discurso; Condições de produção; Leitura; Método.

ABSTRACT: This article aims to show the importance of reading as a method in the construction and production

of meanings of scientific discourse. The considerations here will do, will emphasize the aspect of the analysis of

the French Discourse initially inaugurated by Pêcheux and introduced in Brazil by Eni Orlandi installing a new

time on the question of how to read and how to draw the reading sense of the conditions of production and critical

understanding of the interaction between reader and text as speech production tool (text).

Keywords: Discourse analysis; Conditions of production. Reading. Method.

1 Orientanda (Mestrado em Letras) do Professor Dr. Marlon Leal Rodrigues – Docente UEMS/CG. E-mail:

[email protected]

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LEITURA A ARTE DE REFLETIR OS ENTREMEIOS

A leitura é uma fonte inesgotável de conhecimento e prazer sem sombra de dúvidas para quem

cultiva esse hábito. Uma companheira fiel em todas as fases da vida. Uma ferramenta de compreensão

do mundo que amplia os horizontes e alarga a visão, que nos faz viajar por um mundo totalmente

desconhecido de grandes e imensuráveis descobertas e de acúmulos de novas experiências. É um elo de

transmissão de cultura e valores, um lugar de troca do homem e as futuras gerações, papel fundamental

de formação para todas as pessoas. Pela leitura nos tornamos usuários competentes da língua e efetivos

participantes da cidadania. Como diria Aristóteles, com a leitura podemos entramos em catarse, como

também, ampliar nossa condição humana.

Conforme Benjamin (1986), a leitura durante muito tempo fora a única forma de transmissão

de conhecimento antes mesmo da era da eletricidade, e para o autor a capacidade de conhecer símbolos

alfabéticos e como o hábito de fazê-lo, está intimamente relacionado à história do mundo como o

conhecemos.

Segundo relatos históricos e arqueológicos foi na Babilônia onde tudo começou com o

surgimento de inscrições do que viria a ser a consumação do nascimento de uma prática que viria a ser

revolucionária - a leitura. Após o seu período de oralidade, houve a invenção da leitura silenciosa na

Grécia Antiga e revelavam o contexto social da época contada através de contos do folclore oral na

França, por Robert Darton, as condições precárias que viviam os aldeões e camponeses em meados do

século XVII e XVIII. No Brasil a leitura tem um começo com descrições sobre as paisagens e os povos

nativos, seguidos pelo projeto educativo dos Jesuítas na catequização dos índios. E hoje, a leitura de

destaca com os mais variados processos de circulação, especialmente com a mídia eletrônica.2

Pedro Demo (2006), fala da importância da leitura na vida das pessoas e na escola de modo

especial que determina a compreensão, o questionamento e cria um ser social crítico e autor de muitas

outras leituras. Para ele, “os processos de leitura mediados, a arte de argumentação e da contra

argumentação, a matemática para leitura da realidade, o desafio da alfabetização e o casamento entre a

tecnologia e a educação entre outros”, são caminhos decisivos para a formação da cidadania.

2 KILIAN, Carina; CARDOSO, Rosane Maria. Práticas de leitura literária: Os casos de França e Brasil. Disponível em:

http://www.unifra.br/eventos/sepe2012/Trabalhos/5338.pdf.

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A leitura é habilidade essencial no ensino superior, suporte incomensuravelmente necessário

para docentes, alunos e pesquisadores desenvolver sua base teórica e agregar novos conhecimentos

através de pesquisas críticas, de trabalhos criativos, com resultados no desenvolvimento da capacidade

cognitiva, na fruição do intercâmbio de ideias e abertura para a reflexão de temas relevantes para o

mundo acadêmico e a sociedade em geral. Também nos mostra as mudanças na realidade social,

econômica, política, cultural do mundo do saber e da produção científica (MAIA, 2008).

A produção do discurso científico que inclui a leitura do mundo e das palavras necessariamente

necessita de certo rigor que vai além da disciplina intelectual e da criatividade no empenho de formar e

pesquisar, é a necessidade primordial de se fazer o uso da metodologia que é fundamental para o sucesso

e cumprimento do objetivo proposto (FREIRE, 1984)3.

AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO SEGUNDO MICHEL PÊCHEUX

A análise de discurso surgiu em meados dos anos 60 na França. A noção de leitura sofre uma

suspensão através de Michel Pêcheux , e dá-se um deslocamento na rede de filiação de sentidos como

uma nova disciplina e uma forma de associar uma reflexão dos textos em relação à história. Segundo

Possenti (2009), Michel Pêcheux teria proposto um projeto da teoria não subjetiva da leitura por várias

razões:

[...] já se sabia que uma língua não funciona como um código que fornece a quem a

conhece todas as “informações” que veicula (na verdade, já se sabia também que nem

sempre se trata de informações); sabia-se que não se pode transpor o que se conhece da

língua (enquanto sistema gramatical) para o texto – e, como foi ficando cada vez mais

claro, leem-se textos/discursos, e não frases/exemplos de gramática; sabia-se que cada

campo propõe problemas de interpretação diversos (não é a mesma coisa ler história e

ler literatura, literatura e filosofia, filosofia e psicologia, psicologia e manuais de

instrução etc.) (POSSENTI, 2009)

Para Pêcheux o importante era garantir uma teoria da leitura, pois era uma época em que se

multiplicavam as perguntas e muitas vezes suas respostas compatíveis eram pouco formuladas. Se a

língua prestigiada pela linguística não poderia ser sua garantia, então a tarefa da leitura era enfatizar a

3 Fazer Universidade: Uma proposta metodológica de Cipriano Carlos Luckesi [et.al].

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compreensão do texto pelo sujeito que lê o texto “político”, ”social”, pois a leitura não é a leitura de um

texto enquanto texto, mas enquanto discurso e de suas condições de produção.

Segundo Possenti (2009, pp. 10-19), a “AD, doravante Análise de Discurso, nasceu como

resposta à questão de como ler”. Certamente nem todas as questões foram abordadas pela AD, mas a

familiaridade com as abordagens discursivas que foram formuladas facilitou muito a assimilação de

certas proposições. Entre elas a afirmação que há duas vertentes da AD que situa a questão da leitura: a

primeira vertente dedica-se à investigação do dispositivo social de circulação dos textos sem a

preocupação direta com a questão dos sentidos. Fala dos espaços (onde são vendidos, dos tipos de texto,

dos tipos de autores), ou seja, a circulação dos discursos, e do controle que a sociedade tem em relação

a esses discursos. A segunda vertente é a que privilegia propriamente o sentido, a preocupação é com a

significação dos discursos e sua relação com o exterior.

Ler, descrever e interpretar

Pêcheux propôs uma reflexão sobre a linguagem conforme depreende o percurso da AD, e essa

forma aceita o desconforto de não se ajeitar nas evidências e tem a arte de pensar nos entremeios. Para

o autor, a confusão gerada entre o parafuso, rosca e porca se comparava com a configuração dos

problemas teóricos e de procedimentos que se colocam para a disciplina, o da relação entre a análise

como descrição e a análise como interpretação.

A Análise de Discurso – quer se a considere como um dispositivo de análise ou como a

instauração de novos gestos de leitura – se apresenta como efeito como uma forma de

conhecimento que se faz no entremeio e que leva em conta o confronto a contradição

entre sua teoria e sua prática de análise. (PÊCHEUX, 2015, p. 8).

Pêcheux (2015), interroga o real próprio às disciplinas de interpretação, entendendo que o real

da língua tem vários sentidos que necessitam para serem evocados, que não reduz a ordem das, “coisas

a saber”, porque existem vários tipos de saberes que produzem efeitos. Novas práticas de leituras

desencadeadas por um novo movimento intelectual chamado estruturalismo, desenvolveu um ponto de

vista antipositivista que leva em conta o tempo do real que constrói um entrecruzamento da linguagem

com a história que traz o surgimento de novas praticas de leituras aplicadas aos movimentos textuais que

tem como princípio, o das leituras de grandes textos como “O Capital”, a multiplicação das “relações

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entre o que é dito aqui (em tal lugar), e o dito assim e não de outro jeito”, uma interpretação. Diante

disso Pêcheux formula três maneiras de leitura para explicar cada detalhe de Ler, Descrever e Interpretar.

A primeira exigência consiste em dar primazia aos gestos de descrição que reconhece o real

específico da língua, dado pelos linguistas como condição de existência das materialidades discursivas.

Na descrição a pesquisa linguística que constrói procedimentos capazes de abordar claramente

elementos linguísticos presentes na ordem do simbólico, como também presentes nos mais variados

sentidos do discurso atravessados por uma divisão de dois espaços discursivos: o da manipulação de

significados estabilizados por uma higiene pedagógica do pensamento; e o das transformações do sentido

do texto indefinido pelas interpretações; e ainda entre estes dois espaços existem uma zona intermediaria

de processos discursivos que oscilam em torno dela:

Já nesta região intermediária, as propriedades lógicas dos objetos deixam de funcionar:

os objetos têm e não têm esta ou aquela propriedade, os acontecimentos têm e não têm

lugar, segundo as construções discursivas nas quais se encontram inscritos os

enunciados que sustentam esses objetos e acontecimentos.” (PÊCHEUX, 2015, p. 51).

A segunda exigência aborda que todos os objetos estão expostos aos acontecimentos, ou de um

arranjo discursivo estrutural que mostra o fato da língua estar intrinsecamente exposta ao equívoco. Ou

seja, que o enunciado pode se deslocar discursivamente para compor outro discurso. Como todo

enunciado é linguisticamente discutível oferece lugar à interpretação que gera o espaço para a AD

trabalhar a possibilidade de interpretar as filiações históricas que se organizam em memórias suas

relações sociais e em redes de significantes para mostrar “as coisas a dizer” as quais são inscritas nos

indivíduos, mas não os tornam “maquinas de aprender”.

A terceira exigência argumenta da questão final da discursividade como estrutura4 ou

acontecimento5 e tende funcionar como “transcendental histórico, grade de leitura ou memória

antecipadora do discurso em questão”. Para que no lugar de antecipação sobre interpretação a concepção

41. Disposição, ordem e relações das pares de um conjunto. 2. Organização das partes de um sistema que o caracteriza

permanentemente (LAROUSSE, 2004). Um conjunto de dados linguísticos possui uma estrutura (está estruturado) se, a partir

de uma característica definida, se puder constituir um sistema ordenado de regras que descrevam conjuntamente os elementos

e suas relações até um grau determinado de complexidade: a língua pode ser estruturada sob o ângulo de diversos critérios

independentes uns dos outros (mudança histórica, sentido, sintaxe, etc). (DUBOIS et al, 2006). 5 Ponto em que um enunciado rompe com a estrutura vigente, instaurando um novo processo discursivo. O acontecimento

inaugura uma nova forma de dizer, estabelecendo um marco inicial de onde uma nova rede de dizeres possíveis irá emergir

(Glossário de termos do discurso. Disponível em: <http://www.discurso.ufrgs.br/glossario.html>.).

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estrutural da discursividade não apague o “acontecimento”. A interpretação do discurso depende de

uma reprodução filiada sócio-historicamente na medida em que constituem seus efeitos de sentidos, e

deslocamentos em seus espaços onde ocorre à identificação plena e bem sucedida das montagens

discursivas que deliberam momentos de interpretação.

AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO SEGUNDO ENI ORLANDI

Conhecer as condições necessárias para esse desenvolvimento é uma tarefa para a descoberta

de um novo mundo. O processo de produção da leitura é determinado, ou busca determinar, sua produção

de sentidos, ou seja, suas significações atribuídas pelo leitor:

[...] sobre alguns componentes das condições de produção da leitura: os sujeitos (autor

e leitor), a ideologia, os diferentes tipos de discursos, a distinção entre leitura

parafrástica (que procura repetir o que o autor disse) e a polissêmica (que atribui

múltiplos sentidos ao texto), [...] e levar em conta as histórias de leitura do texto e as

histórias de leituras do leitor. (ORLANDI, 2001, p. 38).

Segundo Orlandi (2001) as condições de produção do discurso estão relacionadas à memória

do sujeito, e enquanto falamos da história do texto, da história das leituras do leitor, dizemos que leitura

tem memória, que por sua vez tem sua historicidade, seus valores, suas crenças, sua formação gerando

em cada ato de ler a construção de um novo sentido, novas significações. Ou seja, a AD determina como

o sujeito vai ler o texto e compreender os sujeitos e as situações.

[...] a essa afirmação de que toda leitura tem sua história. [...] é o que todo leitor tem sua

história de leitura. O conjunto de leituras feitas configura, em parte, a

compreensibilidade de cada leitor específico. Leituras já feitas configuram – a

compreensão do texto de um dado leitor. [...] coloca também a história do leitor, tanto

a sedimentação de sentidos como a intertextualidade, como fatores constitutivos da sua

produção. Resumindo, que as leituras já feitas de um texto e as leituras já feitas por um

leitor compõem a historia de leitura e seu aspecto previsível. (ORLANDI, 2001, p. 43).

Orlandi (2001, p.8) relaciona alguns importantes fatores que assumem importantes fatos para a

reflexão da leitura; como pensar a produção de leitura trabalhada e não ensinada; como a leitura faz parte

da produção de sentidos; de como o sujeito-leitor tem suas especificidades e história; como tanto os

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sujeitos quanto os sentidos são determinados historicamente e ideologicamente; como são múltiplos e

variados os modos de leitura; e de como forma particular, a noção da nossa vida intelectual está

intimamente relacionada aos modos e efeitos de leitura de cada época e segmento social.

O inteligível, o interpretável e o compreensível

A base para entender o processo de leitura na perspectiva discursiva tem objetivos externos e

internos. O objetivo externo visa problematizar, enquanto que o interno se esmera em aprender o

domínio do funcionamento da compreensão que procura explicar os processos de significação do texto.

E não é só quem escreve que produz sentidos. Quem lê também produz sentidos, quando na ação da

produção de sentidos o modo de relação em que a leitura está, compreende entre o dito e o compreendido.

A leitura leva em conta determinados contextos sócio-históricos que formadas em suas condições de

produção gera o processo de interpretação.

Inscritos na leitura podemos destacar os tipos de sujeitos que enunciam: sujeito-leitor e o

sujeito- autor que ambos são atravessados pelo efeito - texto. Temos então ai um efeito de sentidos entre

locutores (cf. Pêcheux, 1975). Para Eni a interpretação são os sentidos construídos através da sua

historicidade com elementos importantes para os processos de significação os quais são as noções de

interdiscurso6, de memória7, e de formação discursiva8.

ANÁLISE DE DISCURSO E SUAS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO NA LEITURA

Para AD “não e suficiente conhecer a língua para ler um texto”, pois o texto permite varias

leituras, a intenção é que leva em conta sua relação com a história, à psicanálise e suas condições de

6 *Conjunto e formações discursivas e se inscreve no nível da constituição do discurso, na medida em que trabalha com a re

– significação do sujeito sobre o que já foi dito, o repetível, determinando os deslocamentos promovidos pelo sujeito nas

fronteiras de uma formação discursiva. O interdiscurso determina materialmente o efeito de encadeamento e articulação de

tal modo que aprece como o puro “já-dito”. 7 *Possibilidades de dizeres que se atualizam no momento da enunciação, como efeito de um esquecimento correspondente

a um processo de deslocamento da memória como virtualidade de significações. [...] processo histórico resultante de uma

disputa de interpretações e acontecimentos presentes ou já ocorridos [...]palavras de uma voz anônima que se produz no

interdiscurso, apropriando – se da memória que se manifestará de diferentes formas em discursos distintos. 8 *Manifestação, no discurso de uma determinada formação ideológica em uma situação de enunciação específica. A FD é a

matriz de sentidos que regula o que o sujeito pode e deve dizer e, o que não pode e não deve ser dito (COURTINE, 1994),

funcionando entre lugar de articulação entre língua e discurso. *(Glossário de termos do discurso. Disponível em:

<http://www.discurso.ufrgs.br/glossario.html>.).

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produção de sentidos mostram suas estratégias e suas interpretações (POSSENTI, 2009, pp. 10-15).

Segundo Orlandi (2011 p. 179) a AD, é vista como forma de conhecimento da linguagem que

procura constituir sua metodologia e suas técnicas, mas ”há princípios teóricos e metodológicos muito

bem assentados”, como as condições de produção na constituição da linguagem.

Elementos das condições de produção inscritos nos processos de leitura são estabelecidos a

partir da capacidade de cada leitor, de como é sua experiência de linguagem, sua capacidade de análise

linguística, sua competência gramatical e dos seus níveis de interação com os mais diferentes tipos de

discursos (textos). Considerar as condições de produção da leitura é trabalhar com a incompletude do

texto.9 (ORLANDI, 2011, pp. 200-201).

Configura a primeira condição da linguagem de que nem os sujeitos, nem os discursos, nem os

sentidos estão prontos e acabados.

Para a AD, a leitura é uma prática imprescindível na produção do discurso científico, a

capacidade de relacionar de textos, de combinar elementos linguísticos como a leitura polissêmica e a

leitura parafrástica, entre outros, são elementos necessários para que toda informação assimilada seja

transformada em conhecimento.

Os diferentes níveis de sujeitos determinam o grau de relação que chamamos de leitura

parafrástica, que é caracterizada pelo reconhecimento (reprodução) do sentido dado pelo autor,

enquanto que a leitura polissêmica é definida pela atribuição de múltiplos sentidos dados ao texto.

Ambas constituem um movimento continuo entre a repetição e a diferença.

Conforme Orlandi (2011), as condições de produção têm o sujeito e a situação como

fundamentais para o desenvolvimento dos discursos. A memória discursiva, outra condição de produção

da leitura, sustenta cada palavra como já-dita, pois as palavras não são nossas, já foram ditas em algum

lugar por alguém. Quando lemos aliamos cada leitura com uma memória discursiva na produção de um

novo discurso “o já- dito”.

Existem alguns aspectos produzidos para as condições de produção da leitura, enfatizando que

a leitura é seletiva e que existem vários modos de leitura como a relação do texto com o autor e mostra

sua relevância; a relação com outros textos desenha uma leitura comparativa; a leitura responde a

questões com referências de outros textos; e ainda como é apresentada a relação do texto com o leitor,

9 Uma espécie de indeterminação, diferente do texto acabado, que tem começo, meio e fim. O texto é incompleto porque o

discurso se instala na intersubjetividade e é constituído na relação com a situação e com os interlocutores. (ORLANDI, 2011,

p. 195).

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que é a peça chave na representação do processo de leitura. Estratégias que unificam o processo de leitura

e mostra a importância dos dois sujeitos na representação do texto: o autor e o leitor. (ORLANDI, 2001

p. 184).

A relação do texto com a exterioridade promove sua interpretação, portanto gera a busca de

significados. “A leitura, portanto, não é uma questão de tudo ou nada, é uma questão de natureza, de

condições, de modos de relação, de trabalho, de produção de sentidos, em uma palavra: de historicidade”.

“A leitura é produzida em condições determinadas, ou seja, em um contexto sócio-histórico que deve

ser levado em conta.” (ORLANDI, 2011, p. 86).

Os processos de leitura são desenvolvidos a partir da construção de um aparato teórico-

metodológico atribuído à própria noção de leitura. Dentro da polissemia, podemos apresentar a ideia de

interpretação e compreensão na perceptiva discursiva que fará uma reflexão sobre o assunto.

(ORLANDI, 2001, p. 9).

A AD veio então como forma de mostrar o que estava escondido nas entrelinhas do discurso.

NA RELAÇÃO DISCURSO-TEXTO

Na relação discurso-texto quando trabalhamos a leitura na Análise de Discurso, Orlandi fala do

processo e ensino aprendizagem gerado através do que chama memória discursiva, ou interdiscurso.

Dito de outro modo, os gestos de leitura é que traz a reflexão os sentidos elaborados pelo inconsciente e

pela ideologia, pois, o interdiscurso é um conjunto de “dizeres já ditos e esquecidos” que se relacionam

com a memória discursiva. Segundo a autora, a Análise do Discurso procura compreender o sujeito e

sua interpretação, que se dá através do cruzamento da língua com a história. Esse mecanismo propõe a

reflexão que Orlandi vai chamar de “as historias do sujeito-leitor e as histórias de leitura”.

O mesmo leitor não lê o mesmo texto da mesma maneira em diferentes momentos e em

condições distintas de produção de leitura, e o mesmo texto é lido de maneiras diferentes

em diferentes épocas, por diferentes leitores. E isso que entendemos quando afirmamos

que há uma história de leitura do texto e há uma história de leitura dos leitores.

(ORLANDI, 2012 p. 62).

A LEITURA COMO MÉTODO E TEORIA

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Uma teoria é uma fonte de pesquisas que precisa de um suporte técnico (método) para o seu

desenvolvimento, neste caso nosso método e teoria utilizados é o da leitura como condição de produção

para elaboração do discurso (texto) científico.

Na sua primeira publicação “Analise automática do discurso”, em 1969, Pêcheux fala de seu

objetivo profissional principal, de abrir uma fissura teórica no campo das ciências sociais. Como estava

no apogeu do estruturalismo, importavam os aspectos que supunham uma atitude não reducionista no

que se refere à linguagem. O que Pêcheux objetivava desenvolver na AAD era fornecer as ciências

sociais um instrumento cientifico necessário para uma abertura teórica no campo do discurso. Para ele a

ciência além de ter um caráter pré- científico, ainda necessitava de instrumentos considerados da história

da ciência e das técnicas cientificas. O que ele visava era transformar a prática das ciências sociais numa

prática verdadeiramente científica. E foi apresentada por duas proposições: a primeira diz respeito às

condições nas quais uma ciência estabelece seu objeto; a segunda refere-se ao processo de “reprodução

metódica” desse objeto e conclui dizendo que as ciências colocam questões, de seus instrumentos

teóricos ajustados através da interpretação (GADET & HAK (orgs.)1997).

A questão do método nos estudos da linguagem é questão fundamental. E bem como disse

Saussure, “o método que define o objeto”. A definição de uma metodologia esta automaticamente

atrelada a uma teoria com um conjunto de definições que vão determinar a forma de análise. (ORLANDI,

2001, p. 15).

A busca do método na ciência sempre procura uma aproximação com a lógica, entende que o

ser humano é um tem capacidade de raciocínio, e é por meio da ciência, que inventa, descobre e estuda

um determinado problema quer seja para explicá-lo, quer seja para estudá-lo. Objetiva não apenas a

elaboração do projeto, como também levar:

o aluno a comunicar-se de forma correta, inteligível, demonstrando um pensamento

estruturado, plausível e convincente, através de regras que facilitam e estimulam a

pratica da leitura, da análise e interpretação dos textos e consequentemente a formação

de juízo de valor, de crítica ou apreciação com argumentação plausível e coerente.

(MAIA, 2008).

Conforme Severino (2000, p.18), metodologia é definida como instrumento operacional, sejam

eles técnicos ou lógicos, e servem para o aprimoramento da ciência, das artes, ou da filosofia, “objetos”

do ensino universitário. A teoria e o método buscam realizar o objetivo da pesquisa. A leitura como

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busca na teoria e método da produção científica se faz indispensável. A metodologia vai indicar as etapas

e instruções no desenvolvimento do trabalho até a elaboração da escrita final do trabalho. Visando ao

desenvolvimento do pensamento crítico reflexivo da comunidade acadêmica em geral, a leitura é uma

ferramenta muito importante para organização e sucesso do trabalho acadêmico. Ainda segundo

Rodrigues e Souza10:

[...] o mundo acadêmico tem por objetivo, entre outros de desenvolver certos

ensinamentos, capacitação e conhecimentos humanos, descrever novos fatos, propor

formas de entendê-los e ainda conceber metodologias adequadas tendo em conta que os

interesses da academia e os da comunidade “acadêmica” (grifo nosso) sejam a partir de

uma relação produtiva e duradoura.

A análise do discurso é uma ferramenta que traz técnicas e processos para elaboração e

produção de conhecimento científico através da dinâmica da leitura. Vistas em condições sócio-

históricas que devam ser levadas em conta, a leitura é um processo que envolve mecanismos de muita

relevância para a AD.

Considerações finais

A leitura se faz presente nos espaços discursivos como nas escolas e nas universidades: lugares

de produção de conhecimento, que encontram problemas e contradições que precisam ser superadas,

para um melhor aproveitamento da retenção do saber. É fundamentalmente uma prática social, não

simplesmente uma leitura do mundo ou, uma decodificação de palavras. É um ato simples, mas com

toda relevância na construção de sentidos e compreensão do mundo real, na sociedade, na escola, na

academia.

Um dos objetivos da leitura é a produção da escrita, entendia como atribuição de sentidos

significa da oralidade para a escrita atribuindo a construção de um aparato teórico metodológico de

compreensão e interpretação para uma reflexão.

Compreender como o objeto simbólico, aqui denominado “leitura”, produz sentidos e de como

ele faz sentidos por e para os sujeitos é tarefa fundamental da Análise do Discurso, que por sua vez dá

suporte para o desenvolvimento e reflexão necessárias da compreensão e modo de como os processos

10 RODRIGUES & SOUZA. Procedimentos teóricos e científicos para o estudo linguístico de Línguas Indígenas.

Disponível em: <http://www.uems.br/na/linguisticaelinguagem/EDICOES/10/sumario.htm>.

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de leitura são produzidos, ou em que condições de produção do enunciado e do discurso são

determinadas, assim a AD desenvolve na leitura a ideia de interpretação e de compreensão nos processos

de instauração de sentidos no seu contexto histórico-social.

Cagliari (2005), diz que ler o processo de descoberta busca do saber científico uma atividade

profundamente individual, de assimilação de conhecimentos, de interiorização, de reflexão e

interpretação, de decifração da leitura de mundo, da fusão de significados e significantes.

Orlandiano11, podemos afirmar que a leitura como método e teoria na produção do discurso

científico, objetiva demonstrar a “reorganização no trabalho intelectual e a propensão de novas divisões

de trabalho social da leitura”. O processo das diferentes formações discursivas trabalha a interpretação.

Ou seja, “a respeito da interpretação e do discurso científico a questão esta entre a palavra científica e o

discurso sobre a coisa”. Conhecermos os mecanismos da AD nos proporciona ao mesmo tempo em que

somos influenciados pela linguagem, o uso da atribuição de sentidos ao processo de significação inserido

pela história através de suas condições de produção. Vale lembrar que o conhecimento uma vez

produzido sempre será inacabado, incompleto, um lugar de falha, de incompletude que é também um

lugar do possível, da transformação. A leitura como aparato teórico metodológico, atribui sentidos nas

mais variadas condições de produção, inscreve um leitor virtual no texto, desenha formações imaginárias

para o leitor imaginário e provoca a ideia de interpretação e compreensão no leitor real. Construindo

nosso universo discursivo, histórico, social, ideológico, científico...

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11 Parafraseando Eni Pucinelli Orlandi.

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