Leitura e Interpretação de Mapas e Gráficos – uma ... · 1- INTRODUÇÃO O atual período,...
Transcript of Leitura e Interpretação de Mapas e Gráficos – uma ... · 1- INTRODUÇÃO O atual período,...
Leitura e Interpretação de Mapas e Gráficos – uma estratégia
na prática cartográfica1
Aparecida de Fátima Alves Silva2
Resumo: As Representações Gráficas, especialmente mapas e gráficos, são elementos importantes na aplicação de conteúdos geográficos, porém, por vezes constituem-se em entraves à aprendizagem devido às dificuldades que os educandos enfrentam em manipular estes instrumentos. O presente artigo tem como objetivo apresentar estratégias de trabalho em Representações Gráficas visando melhor entendimento e assimilação deste tipo de linguagem. Esta pesquisa teve como público-alvo educandos da 7ª série do Ensino Fundamental. O estudo baseou-se numa análise exploratória, caracterizado como de natureza qualitativa. O encaminhamento metodológico contou com diversas etapas, iniciando com a sondagem do nível de aprendizagem dos alunos a partir de uma avaliação diagnóstica. Posteriormente foram trabalhados conteúdos pertinentes à compreensão desta forma de comunicação, finalizando com a leitura e interpretação de mapas e gráficos. Nos resultados alcançados com este trabalho, destaca-se as significativas experiências adquiridas no processo ensino-aprendizagem destes conteúdos geográficos.
Palavras-chave: Representações Gráficas. Estratégias Aplicadas. Ensino-aprendizagem. Conteúdos Geográficos.
Abstract: The Graphic Representations, specially maps and graphics, are important elements in the application of geographic contents, but sometimes they become impediments for the learning because of the difficulties that the students face when they work with these instruments. This research had as a target public, student from 7th grade from the Ensino Fundamental. The study had an exploratory analysis as its support, which had a quality characteristic. The methodological guideline had several stages, starting by the diagnostic survey of the students learning level. Later, we worked with the contents for comprehension of this type of communication, ending with the reading and interpretation of maps and graphics. In the results achieved with this work, the meaningful experiences acquired in the teaching- learning process of these geographic contents are detached.
Key-words: Graphic Representations. Applied Strategies. Teaching-learning. Geographic Contents.
1 Artigo apresentado como trabalho final do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional do Governo do Estado do Paraná – processo de formação continuada, realizado em 2007/2008) sob orientação do Prof. Dr. Sérgio Luiz Thomaz (DGE/UEM).
2 Licenciada em Geografia pela UEM (Universidade Estadual de Maringá), Pós-graduada em Geografia Humana do Estado do Paraná pela UEM, e em Educação Especial pela Faculdade Maringá. Professora de Geografia do Ensino Fundamental e Médio na EJA (Educação de Jovens e Adultos) e no Ensino Regular da Rede Estadual do Paraná.
1
1- INTRODUÇÃO
O atual período, denominado técnico-científico, é caracterizado
por um conjunto de novas tecnologias e dados que perpassam os
continentes, trazendo muitas transformações na sociedade. Diante da
quantidade imensurável de informações que são apresentadas
diariamente, em diferentes linguagens (escrita, falada, cartografada e
gráfica), a Geografia destaca-se como uma ciência primordial para
ajudar a desvendar os atuais acontecimentos, bem como interpretar
essas linguagens, favorecendo o entendimento da organização do
espaço geográfico.
As Representações Gráficas há muito tempo são usadas pela
disciplina geográfica, mas nem sempre proporcionam resultados
satisfatórios. Isso é decorrente, entre diversas razões, do uso de
metodologias inadequadas para o ensino-aprendizagem. Às vezes, os
mapas são usados para pintura ou até mesmo como meras ilustrações
de um texto, deixando de ser um material pedagógico. No caso dos
gráficos, são pouco explorados por serem vistos como um material de
difícil compreensão pelos alunos.
Esses fatos demonstram certas características tradicionais desta
ciência como trata as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná para o
ensino da disciplina: "Não havia, no trabalho metodológico cartográfico,
a preocupação de explicar o ordenamento territorial da sociedade”
(2006, p. 48).
Esta linguagem é um meio de comunicação relevante para
diversas áreas e deve ser trabalhada na escola, conforme afirma
ALMEIDA
“É função da escola preparar o aluno para compreender a organização espacial da sociedade, o que exige o conhecimento de técnicas e instrumentos necessários à representação gráfica desta organização" (2003, p.17).
2
Sendo assim, o fazer pedagógico deste tema deve ser
significativo, para que os alunos compreendam como nossa sociedade
está espacialmente representada e organizada e como isso pode
influenciar no seu dia-a-dia.
O público alvo desse trabalho são alunos do Ensino Fundamental,
mais especificamente da 7ª série, mesmo considerando que eles já
estudaram esses conteúdos anteriormente, alguns demonstram
defasagens na assimilação dos mesmos. Portanto, é objetivo desta
proposta apresentar princípios desta ferramenta, correlacioná-la ao
espaço vivido e sugerir estratégias para que a aprendizagem ocorra de
forma concreta, isto é, que ela seja aplicada pelo educador e assimilada
pelo educando da melhor forma possível.
O material selecionado para o desenvolvimento do trabalho em
questão foi organizado a partir da relação da Geografia com a
Cartografia, visto que uma refere-se aos conteúdos espaciais e a outra
aos instrumentos usados para melhor representação do espaço. Na sala
de aula, foram desenvolvidos temas referentes à concepção espacial,
ressaltando como se dá a apropriação destas noções e alguns princípios
das Representações Gráficas. Depois foram realizadas diversas
estratégias (atividades orais e escritas, maquetes, mapas) para o
entendimento do tema proposto.
O referencial teórico-metodológico desta pesquisa, foi baseado em
autores como: Jacques Bertin, Almeida & Passini, Castrogiovanni,
Martinelli, entre outros. Destacando que eles relacionam muitos
aspectos das técnicas cartográficas como ferramenta para a Geografia,
mas ressaltam que o interesse primordial do seu uso deve ser o
desenvolvimento dos conhecimentos geográficos.
3
2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 - Geografia e sua relação com a Cartografia
O contexto mundial que ora se apresenta é caracterizado por uma
intensa gama de tecnologias que tem provocado transformações na
economia, na política e na educação. Essas mudanças trazem novas
formas de ver e sentir o espaço geográfico, influenciando o ensino da
Geografia na escola, uma vez que esta disciplina tem a preocupação de
fornecer ao aluno subsídios para que ele possa “entender” o mundo e
fazer uma leitura crítica ou mais atenta desta “reorganização espacial e
social”. Segundo CAVALCANTI
A geografia defronta-se, assim, com a tarefa de entender o espaço geográfico num contexto bastante complexo. O avanço das técnicas, a maior e mais acelerada circulação de mercadorias, homens e idéias distanciam os homens do tempo da natureza e provocam certo encolhimento do espaço de relações entre eles [...] (2005, p.16).
Diante do exposto, cabe ao professor preparar os alunos para
“descobrir-se” como cidadão no mundo globalizado. A Geografia é uma
ciência que utiliza mapas e gráficos para o estudo do espaço, assim,
quanto melhor este espaço for representado, melhor será entendido. De
acordo com PASSINI
O ensino da Geografia e o de Cartografia são indissociáveis e complementares: a primeira é conteúdo e a outra é forma. Não há possibilidade de se estudar o espaço sem representá-lo, assim como não podemos representar um espaço vazio de informações (2007, p.148).
Portanto, proporcionar ao educando a compreensão do Espaço
Geográfico, através das Representações Gráficas, relacionando-a aos
conteúdos, é necessário, para que ela não seja vista como um recurso
4
técnico ou vazio sem fins práticos e científicos. KATUTA esclarece
melhor esta questão ao fazer o seguinte apontamento:
[...] é necessário salientar que a cartografia escolar deve estar amalgamada de tal forma aos objetivos pedagógicos do ensino da geografia, caso contrário, pode se tornar um mero apêndice na referida disciplina, ao contrário do que muitos afirmam, entendo que a cartografia é imprescindível ao ensino da geografia por tratar-se de uma linguagem que permite apreender, expressar e comunicar a espacialidade dos fenômenos a fim de que se possam realizar e estabelecer raciocínios geográficos (2007, p. 135, grifo nosso).
Considerando o Espaço Geográfico como objeto de estudo da
Geografia, é interessante destacar alguns pontos relevantes na
aplicação desta linguagem. Seu papel não é de ilustrar uma aula, não se
deve usar o gráfico pelo gráfico ou o mapa como passatempo para os
alunos. Ela deve ser um recurso de mediação para o melhor
entendimento dos conteúdos geográficos e, conseqüentemente, para a
aquisição destes conhecimentos, conforme contemplam as Diretrizes
Curriculares
Propõe-se que os mapas e seus conteúdos sejam lidos pelos estudantes como textos passíveis de interpretação, problematização e análise crítica. Que jamais sejam meros instrumentos de localização dos eventos e acidentes geográficos [...] (2006, p. 48).
O principal objeto da Cartografia é o mapa, sendo um instrumento
de localização e representação precioso na Geografia, na medida em
que traduz fatos abstratos em algo concreto. Segundo ALMEIDA E
PASSINI
O mapa é uma representação codificada de um determinado espaço real. Podemos até chamá-lo de um modelo de comunicação, que se vale de um sistema semiótico complexo. A informação é transmitida por meio de uma linguagem cartográfica, que se utiliza de três elementos básicos: sistema de signo, redução e projeção (2004, p. 15).
5
A Geografia sempre teve a Cartografia ao seu lado para
representar o espaço. Todavia, a partir dos anos 70, ocorreu um
distanciamento entre o ensino da Geografia e essa ciência em razão do
surgimento da Geografia Crítica. Neste momento ela baseava-se nas
práticas marxistas e valorizava fortemente a sociedade em detrimento
do espaço, fazendo com que a Cartografia caísse em descrédito. Os
geógrafos alegavam que o seu uso era feito de forma mecanicista,
associando-a, a prática da Geografia Tradicional, que estava sendo
questionada neste período.
Ao final da década de 80, em razão de mudanças nas orientações
teórico-metodológicas de algumas ciências e de diversas pesquisas, a
sua importância como linguagem cartográfica foi retomada, valorizando
sua aplicação no ensino da Geografia. No entanto, a discussão precisa
continuar, para que seja eficiente, indo além das técnicas e dos
conhecimentos de códigos que lhes são próprios. Devem-se criar
significados da realidade que está sendo cartografada e relacionar os
conteúdos geográficos com aqueles representados espacialmente.
Para aplicação metodológica das Representações Gráficas pode-se
dividi-las em duas categorias: cartográfica (mapas, plantas e globo) e
gráfica (histograma, pirâmide e setorial). Elas comunicam imagens
destinadas à percepção visual, tendo como base uma imagem plana.
Segundo MARTINELLI (1998) os mapas e gráficos possuem princípios
para sua construção, como as variáveis visuais, as propriedades
perceptivas e as dimensões X,Y e Z. Essa metodologia auxilia a
responder algumas perguntas - Onde? O quê? Em que ordem?
Quando? - além de proporcionar uma leitura mais elaborada dos
aspectos da Geografia.
Mas em que momento usar uma categoria ou outra? Quando o
mapa ou o gráfico é mais interessante? Para responder à pergunta
‘ONDE?’ Pode-se elaborar ou consultar um mapa, pois ele apresenta as
duas dimensões do plano, fornecida pelas coordenadas geográficas no
cruzamento das duas variáveis (X,Y), proporcionando a localização de
6
qualquer ponto na Terra. No caso do gráfico, este responde às questões
‘Como? Em que Ordem? Quando?’. Ele apresenta os elementos do eixo
X e Y, e no seu cruzamento podem servir para compor a terceira
informação (Z), assim, permite uma resposta imediata de informações.
Portanto, a escolha dos instrumentos dependerá do fenômeno a
ser representado e do seu objetivo. No entanto, conforme o caso, pode-
se usar os dois recursos, pois, enquanto o mapa permite a localização, o
gráfico oferece a informação quantitativa. Enfim, essa linguagem pode
ser aplicada de diversas maneiras, permitindo ao usuário um produto
(mapa, gráfico ou carta) com riqueza de informações e dados.
2.2 – Concepção espacial e sua representação
Qual é o espaço percebido pela criança? Como ela percebe este
espaço? Como ocorre a representação deste espaço? Que importância
tem para a Geografia?
Estes questionamentos e outros tópicos referentes à concepção
de espaço são importantes para o aluno, tendo em vista sua relevância
para a compreensão dos elementos geográficos. Segundo LE SANN
Esta é a primeira noção caracteristicamente Geográfica. Varia do espaço local ao sideral, em função da escala. O espaço é percebido por meio da observação, seguida pelo seu registro, num primeiro momento sobre a forma de desenho, num segundo momento, por uma representação, ou seja, um desenho fiel à realidade (2007, p. 113).
Para adquirir noções espaciais e fazer a relação com a Geografia,
várias fases devem ser consideradas. No início, o espaço é muito
limitado, pois a criança precisa descobrir o corpo, só depois percebe o
espaço exterior e assim vai ampliando sua percepção. Para que ocorra a
conscientização do espaço ocupado pelo próprio corpo, há dois
processos essenciais: o esquema corporal, período em que a criança é
muito egocêntrica e vê tudo a partir de si, e a lateralidade, quando a
7
criança adquire o domínio de um dos lados para se orientar
espacialmente. Segundo ALMEIDA & PASSINI, “Desde os primeiros
meses de vida do ser humano delineiam-se as impressões e percepções
referentes ao domínio espacial, as quais se desenvolvem através de sua
interação com o meio” (2004, p.11).
A evolução das formas de percepção do espaço passa por três
dimensões principais: o espaço vivido, o espaço percebido e o espaço
concebido. Primeiramente a criança entra em contato com o espaço em
que vive, recorrendo aos movimentos diversos: anda, salta, corre e
começa a diferenciar as distâncias entre objetos e sua relação. Ela usa
seu corpo como referencial para explorar as relações espaciais, nota as
diferenças entre perto/longe, em cima /embaixo. Nesta fase ela é capaz
de descobrir o espaço da sala de aula ou da rua onde vive.
A segunda dimensão refere-se ao espaço percebido, quando a
criança já consegue conhecê-lo, sem ter que experimentar como no
estágio anterior. A obtenção do domínio espacial, seguindo os conceitos
acima/abaixo, na frente/atrás, conduz a criança a identificar alguns
termos como dos pontos cardeais e entender a organização de espaços
mais amplos como do bairro, do município até do continente.
Dessa forma, o domínio do espaço vivido prepara a criança para o
entendimento do espaço percebido, que pode ser apresentado sob a
forma de uma paisagem ou de um documento impresso, como por
exemplo o mapa. Pode-se considerar que é nesse momento que começa
o entendimento da Geografia propriamente dita.
Quando ele já domina o espaço percebido, torna-se apto à última
dimensão, que é do espaço concebido ou das formas. Os objetos já não
são percebidos somente por sua concretude, mas pelas representações
entre eles e seu conteúdo. Essa fase extrapola o nível geográfico e está
mais próxima do domínio matemático.
Segundo Piaget, a construção do espaço processa-se através de
etapas, caracterizadas em estágios e sub estágios (PAGANELLI, 2007).
Sua elaboração inicia no nível concreto e, progressivamente, passa para
8
o nível mais abstrato. Ocorre através de relações topológicas, projetivas
e euclidianas.
No período pré-operatório ou do espaço representativo (2 anos) é
possível trabalhar as relações significante/significado, pois a criança já
desenvolveu a função simbólica. Nesta fase, já se torna capaz de agir,
não somente sobre os objetos reais e concretos no seu tempo
perceptivo, como também sobre fatos simbolizados ou mentalmente
representados, o que auxiliará na compreensão da legenda para a
leitura gráfica.
No estágio das operações concretas (7/8 anos) o desenvolvimento
de algumas estruturas mentais leva à compreensão da proximidade e
da ordem, auxiliando ao entendimento das relações espaciais
topológicas (espaço vivido), que são auxiliares para a compreensão de
limites e fronteiras, assim como da organização do espaço e na leitura
de mapas. Nesse momento, é necessário que a criança tenha algum
domínio dos conceitos geográficos.
No entanto, a localização geográfica constrói-se à medida que o sujeito se torna capaz de estabelecer relações de vizinhança (o que está ao lado), separação (fronteira), ordem (o que vem antes e depois), envolvimento (o espaço está em torno) e continuidade (a que o recorte do espaço a área considerada corresponde) entre os elementos a serem localizados (ALMEIDA & PASSINI, 2004, p. 33).
No estágio intermediário a criança consegue libertar-se do seu
egocentrismo espacial, coordenar pontos de vistas, conservar formas,
descentralizar espaços e construir as relações espaciais projetivas
(espaço percebido), passando a ter possibilidades de ler e compreender
projeções cartográficas e entender a orientação geográfica. O espaço
não precisa ser mais experimentado fisicamente. A criança observa-o,
mas ainda tem dificuldade de representá-lo no mapa, pois essa ação
exige um grau de abstração que ela ainda não possui. As atividades
propostas devem desenvolver conceitos e noções, ao invés de
conteúdos sistematizados.
9
O estágio das coordenações operatórias (11/12 anos) é a fase em
que os sistemas podem ser pensados simultaneamente, caracterizando
as operações formais. Ao construir as noções de proporcionalidade,
horizontalidade, verticalidade, a criança pode elaborar as relações
espaciais euclidianas (espaço concebido), sendo passíveis de
entendimento os conceitos de escala, e coordenada geográfica, abrindo
possibilidades para ler mapas murais e o Atlas. É possível à criança,
neste momento, estabelecer relações espaciais entre os elementos
através de sua representação. Isto é, mostra-se capaz de imaginar uma
área sem tê-la conhecido.
O Quadro 1 mostra a ligação entre os estágios de
desenvolvimento, as relações espaciais e os elementos cartográficos.
Quadro 1 - Operações Mentais Preparatórias Para Leitura
Eficiente de Mapas
PERÍODOS DE
DESENVOLVIMENTO
OPERAÇÕES
MENTAIS
RELAÇÕES
CONSTRUÍDAS
ELEMENTOS
CARTOGRÁFICOS
Estágio
Intermediário
do
Operatório
Formal
Proporcionalidade
Horizontalidade
Verticalidade
Relações
euclidianas/
projetivas
Escalas
Coordenadas
Geográficas
Conservação da forma
Coordenação de
pontos de vista
Descentralização
espacial
Orientação do corpo
Relações
espaciais
projetivas
Projeções
cartográficas
Orientação
geográfica
Operatório
Inclusão/exclusão
Interioridade/
exterioridade
Proximidade - Ordem
Vizinhança
Relações
espaciais
topológicas
Limites/fronteiras
Pré-operatório Função simbólica Relação
significante/
significado
Símbolos/legenda
Fonte: PASSINI, Elza, 1994, In Guia de Recursos Didáticos – Geografia. p. 16
10
Portanto, os conceitos geográficos, a noção de espaço e a
aplicação dos princípios gráficos serão mais eficazes se forem
consideradas as fases de evolução da criança no seu desenvolvimento
como um todo: cognitivo (idade), motor (físico) e intelectual
(aprendizado).
2.3 - Princípios das Representações Gráficas
As Representações Gráficas são significativas para entender
textos, idéias e dados de forma eficaz e sintetizada. Assim, elas devem
comunicar as informações instantaneamente, através de imagens
visuais de forma monossêmica, isto é, sem ambigüidade, permitindo
uma única leitura.
A representação gráfica, segundo Bertin [...] não deve ser tratada como polissêmica, pois, de acordo com as bases da semiologia Gráfica, a Cartografia é considerada uma linguagem universal, não convencional, e portanto monossêmica (QUEIROZ, 2007, p.141).
A linguagem gráfica possui alguns princípios, sendo tratados
primeiramente pela Semiótica, conforme trata SIMIELLI
Ciência geral de todas as linguagens, mas especialmente dos signos [...]. O signo é algo que representa o seu próprio objeto. O signo possui dois aspectos: o significante e o significado. O significante constitui-se no aspecto concreto (matéria) do signo. Ele é audível e/ ou legível. O significado é o aspecto imaterial, conceitual do signo. O plano do significante é o da expressão e o plano do significado é o do conteúdo. Esses aspectos levam à significação que seria o produto final da relação entre os dois (2007, p. 78).
Para que o aluno se aproprie dessa simbologia gráfica e faça
leituras em diversos níveis, o professor deve considerar as dificuldades
na aquisição destes conteúdos, ajudando-os a assimilar com atividades
11
concretas, partindo da representação de sua realidade, desenvolvendo
o raciocínio lógico-espacial.
Nesse processo gráfico, alguns pontos devem ser destacados: a
função simbólica, o conhecimento da utilização do símbolo e vivenciar
ou abstrair o espaço representado. Elas podem ser organizadas em três
momentos, conforme sugere ALMEIDA & PASSINI (2004, p. 23-24).
Tarefas operatórias – Para a construção da pré-aprendizagem,
destacando as atividades de orientação, a observação dos pontos de
referência e localização.
Atividades de codificação do cotidiano – Para o exercício da função
simbólica do mapeamento (significante – significado e criação de
significantes) a fim de elaborar e ler a legenda.
Leitura propriamente dita – Decodificar os signos para melhor
compreensão da legenda e de todos os símbolos do mapa.
Para a aprendizagem, os educandos devem primeiro construir o
mapa, se familiarizar com a simbologia aplicada, tornarem-se
mapeadores e depois leitores de mapas ou de qualquer instrumento
usado na Geografia. “Portanto, para que o aluno consiga dar o
significado aos significantes deve viver o papel de codificador, antes de
ser decodificador” (ALMEIDA & PASSINI, 2004, p. 22).
A Neográfica3 é outro aspecto importante, pois se refere ao
tratamento da informação através da organização lógica dos dados e do
uso conveniente das variáveis visuais, proporcionando o melhor uso da
imagem e assegurando um efeito visual satisfatório.
Neográfica é o tratamento gráfico da informação com objetivo de construir uma imagem. Bertin diz que para conseguir uma imagem que “fale” é preciso que haja interação entre o produtor e o leitor com o gráfico. O
3 Neográfica Este termo foi sugerido por Jayme A. Cardoso para La Graphique, disciplina criada por Jacques Bertin a partir da semiologia gráfica. Jacques Bertin foi o primeiro a lançar bases de uma estrutura gráfica, oferecendo teoria e instrumentos que mudaram a construção de gráficos e de dados a partir da linguagem (www.floresta.ufpr.br/pos-graduacao/neografica/ julho/2007).
12
produtor deve procurar uma comunicação visual eficaz permutando as linhas e colunas N vezes (PASSINI, 2007, p. 175).
A Neográfica possui algumas leis fundamentais, que são aplicadas
principalmente para os gráficos, mas que também são relevantes para a
elaboração de mapas. Segundo BERTIN “A semelhança, a ordem e
proporcionalidade são os três significados da Neográfica. Estes
significados são transcritos por variáveis visuais tendo a mesma
propriedade significativa” (1986, p. 177).
2.3.1 - Tempos de Percepção Visual
Eles são apresentados em dois momentos: no primeiro aparece a
identificação externa que tem o objetivo de responder sobre qual tema
está sendo tratado, e no segundo a identificação interna que deve
responder quais relações existem entre os elementos gráficos. Toda
construção gráfica apresenta esses dados, mas analisar isoladamente
não serve de ferramenta de decisão ou de entendimento.
2.3.2 - Níveis de Informação
Eles ocorrem em diversas circunstâncias sendo caracterizados
como elementar, intermediário e global.
O Nível elementar é quando a informação surge a partir da
relação de um dado em X e em Y, considerando um elemento específico
não exigindo nenhum processamento mental mais elaborado. No Nível
intermediário se faz relações com mais de um dado, considerando um
subconjunto ou os dois extremos. No Nível global, a imagem deve
mostrar relações de conjunto, aparecem agrupamentos significativos
entre os dados. Existem diferentes níveis de processamento, visando
possibilitar visões sintéticas, mostrando características ou tendências
específicas ou gerais.
13
As cartas, segundo Bertin, podem ser chamadas de “cartas para
ver” e “cartas para ler”. Elas devem responder visualmente
(significação da imagem) de forma instantânea. Ao ler uma carta o
usuário deve fazer dois tipos de pergunta. A primeira: ‘O que há em
tal lugar?’ Esta pergunta é relativa aos pontos geográficos expressos
em “X”. A outra: ‘Onde está essa característica?’ Refere-se ao
conjunto de caracteres expressos em Y (lugar). Nesse sentido, “cartas
para ver” devem responder instantaneamente aos dois tipos de
perguntas, a percepção visual deve ser instantânea. As “cartas para ler”
são aquelas que só respondem à primeira pergunta e dificultam a
comparação entre as outras cartas (SIMIELLI, 2007, 81).
2.3.3 - Gráfico - Forma x Conteúdo
Dentro da Neográfica, podemos destacar as relações existentes
entre forma e conteúdo de gráficos, pois eles devem estabelecer
comparações, ordenações e, principalmente, proporcionar a análise de
problemas e propostas de soluções. Sempre que uma tabela é
elaborada, o produtor gráfico (profissional da área, professor ou aluno)
deverá usar a melhor forma de representar no gráfico a relação
existente entre os componentes de igualdade/diferença, ordem e
proporcionalidade.
Os tipos de gráficos mais utilizados são de barras, linhas e
setorial. Para usá-los é necessário considerar a sua forma, pois ela deve
expressar melhor determinada relação e não pode estar desvinculada
de seu conteúdo (MARTINELLI, 1998, p. 22).
Sendo assim, um gráfico de barras permite melhor visualização da
informação diferenciando-a, e permitindo comparar quantidades
variadas de fenômenos sem continuidade. O gráfico de linha, por sua
vez, poderá mostrar melhor a evolução de um aspecto relacionando
com quantidade e tempo em um fenômeno com continuidade, enquanto
o gráfico setorial é usado para trabalhar quantidades proporcionalmente
14
diferentes. Enfatizando que há certa dificuldade em alguns casos para
representar essas duas propriedades, forma X conteúdo, ou seja,
escolher qual deles é indicado para obter um melhor resultado da
informação. Assim, o produtor gráfico deve pensar nos objetivos da
construção do gráfico, no público que vai usar e respeitar os
fundamentos da linguagem gráfica para que ele seja útil na aplicação
desejada.
2.3.4 - O Uso da Cor nas Representações Gráficas
Na confecção dos produtos gráficos é importante o uso adequado
da cor, pois ela tem um grande poder na comunicação visual, dando
ênfase ao que se quer representar. Deve-se considerar o espectro de
cor que traz de um lado cores quentes e de outras cores frias. Os
critérios como a gradação das cores facilitará a percepção do conteúdo
que se deseja transmitir graficamente.
O mapa do relevo em cores hipsométricas representa o relevo por uma seqüência crescente de cores entre curvas de nível selecionadas, o que dá instantaneamente a idéia do volume e da plasticidade do relevo. A seqüência ordenada das faixas de altitudes, que vão das mais baixas às mais altas é representada por uma seqüência ordenada de cores, que vão das mais claras às mais escuras. Para as profundidades dos oceanos, adota-se uma seqüência de tons de azul. São as cores batimétricas (MARTINELLI, 2007, Informação pessoal).
Sendo assim, para o melhor entendimento das representações, é
necessário conhecer os princípios da Semiologia Gráfica e
conseqüentemente da Neográfica.
15
3- METODOLOGIA
Atualmente os mapas e gráficos são bastante utilizados na mídia e
nos meios de comunicação, tanto falados quanto escritos, como ainda
nos livros didáticos, mas nem sempre conseguem transmitir a
informação de forma clara e apresentar o conteúdo de forma objetiva.
Isso ocorre por se tratar de um processo muito complexo, implicando na
decodificação de símbolos e elaboração de significados a partir das
representações e de seus códigos.
Outros problemas como a falta de objetividade na relação entre o
documento (mapa ou gráfico) e seus conteúdos, ocasionados pela forma
técnica de produção, pouca familiaridade com os códigos e despreparo
do usuário para a leitura desta linguagem, são algumas das razões para
que ocorra o uso inadequado dessas representações. Assim, muitas
vezes elas são meras ilustrações no texto, sem atender ao objetivo
primordial dessa ferramenta, que é de facilitar a compreensão da
informação para o leitor.
Para que se tenha um entendimento da linguagem gráfica, é
necessário adquirir condições mínimas de alfabetização ou leiturização
cartográfica, conforme trata SOUZA & KATUTA (2000), o que deveria
ocorrer nos bancos escolares. Esses requisitos não são fáceis de se
obter, pois, embora a alfabetização da escrita ocorra nas séries iniciais,
este tipo de alfabetização (leitura e a escrita da linguagem gráfica), não
é contemplado nesta etapa inicial. Quando se pretende trabalhar nas
séries seguintes, muitas vezes, ocorrem de forma precária,
considerando que muitos professores não estão devidamente
preparados para alfabetizar cartograficamente os seus educandos.
De forma geral, alguns pontos devem ser destacados para que os
educandos adquiram boas condições de interpretação gráfica ,
devendo-se:
• partir da prática para a teoria, isto é, mapear e codificar o seu
espaço;
• decodificar a legenda do espaço representado;
16
• conhecer e dominar algumas habilidades corporais
(direita/esquerda);
• adquirir noções, conceitos, categorias de análise da linguagem
gráfica.
Além dessas observações, é necessário possuir informações
diversas do contexto local e global para que seja possível ler, relacionar
e interpretar esse recurso visual que é pleno de significados, situando-
se no teu espaço estabelecendo relações com o mundo. Segundo
ALMEIDA & PASSINI (2004), referenciadas pelas teorias de Piaget, todo
conhecimento deve ser construído pela criança através de suas ações
em interação com o meio e o conhecimento pode ser anteriormente
organizado na mente, proporcionando assim, acomodações dos
conhecimentos percebidos que passam a ser assimilados por ela.
Para que o indivíduo utilize essa linguagem, é necessário que ele
conheça e respeite as regras e os métodos cartográficos. De acordo
com CASTROGIOVANNI (2003, p. 36) o aluno deve construir as seguintes
noções cartogeográficas
• Proporcionalidade: sendo a relação que se estabelece entre o real
e a representação no papel (escala).
• Projeção: é o processo escolhido para transpor o real para o plano
bidimensional.
• Relação significado x significante dos signos cartográficos: é a
legenda propriamente dita.
• Orientação e localização: é o que permite clareza na situação dos
fenômenos.
• Ponto de referência para a localização: é o referencial do espaço
representado.
• Limites e fronteiras: são os “vizinhos” e a área que um
determinado espaço ocupa.
Como exposto anteriormente, essa linguagem apresenta uma
metodologia própria e exige condições prévias para seu entendimento.
Para LE SANN (2007), baseada em Piaget, os alunos desse ciclo próximo
17
ao que selecionamos para a aplicação de nosso trabalho (7ª e 8ª séries),
têm condições psíquico-motoras para fazer a leitura gráfica, mas muitos
deles, por algum motivo, não adquiriram habilidades suficientes,
encontrando dificuldades nas representações espaciais. Isso foi
verificado no questionário aplicado aos educandos na etapa inicial do
projeto, em que se perceberam defasagens na aprendizagem deste
conteúdo.
Portanto, se o trabalho de construção gráfica não foi realizado
plenamente e satisfatoriamente nas séries iniciais da vida escolar,
devem-se propor, em momentos oportunos e de formas diferenciadas,
condições para que o educando adquira tais habilidades. Dessa forma,
deve-se planejar e executar procedimentos para resgatar conteúdos
defasados, retomando conceitos essenciais, desenvolvendo atividades
práticas como confecção de maquetes e croquis, bem como elaborar
roteiros de trabalho.
Diante do exposto, a proposta de atividades relacionadas a seguir,
foi elaborada e aplicada em sala, buscando atender ou sanar algumas
das dificuldades existentes no processo ensino-aprendizagem desta
linguagem.
3.1 - Desenvolvimento Metodológico da Proposta
Estas estratégias de implementação foram fundamentadas nos
referenciais bibliográficos apresentados nesta pesquisa, e
principalmente nos objetivos propostos no trabalho, a fim de que nossos
educandos apropriem-se, da melhor forma possível, destes
conhecimentos e os relacionem com os conteúdos geográficos.
OBJETIVOS:
Geral:
• Entender os aspectos geográficos a partir das representações gráficas.
18
Específicos:
• Aprender a orientar-se e representar o espaço;
• Adquirir noções da linguagem gráfica;
• Entender a importância dos instrumentos gráficos e sua aplicação;
• Fazer a leitura de gráficos relacionados com os dados de uma
tabela;
• Diferenciar tipos de gráficos e mapas e entender seus elementos
(título, legenda, projeção e escala);
• Analisar e interpretar gráficos e mapas;
Esta proposta foi realizada em 3 etapas, com o intuito de
desenvolvê-la da melhor forma possível para atender os objetivos
traçados.
PRIMEIRA ETAPA: Diagnóstico da aprendizagem dos alunos e retomada
de conteúdos.
• Sondagem do nível de aprendizagem dos alunos das 7ª séries
quanto aos conteúdos referentes às representações gráficas.
• Delineamento ou ajustes das etapas de ação da proposta tendo
em vista as dificuldades apresentadas pelos alunos.
• Retomada dos conteúdos defasados, através de algumas
atividades tais como:
>Confecção e exploração de maquetes da sala de aula
enfocando localização, orientação e coordenadas geográficas.
>Elaboração do mapa do bairro (leitura do espaço vivido)
trabalhando tipos de escalas, legenda e projeções
(interpretação do espaço percebido).
>Análise das dimensões de espaços – município, estado, país,
continentes e localização dos oceanos.
19
SEGUNDA ETAPA: Aplicação das estratégias em sala.
• 1º momento: Pesquisas em livros, jornais e internet informações
do crescimento da população do seu Município, Estado e do Brasil.
• 2º momento: Demonstração por meio de gráficos a evolução da
população nas escalas municipal, estadual e federal, respeitando
os elementos do gráfico tais como: título, cabeçalho e fonte.
• 3º momento: Leitura dos gráficos relacionando com a realidade
da em que o educando está inserido.
• 4º momento: Reconhecimento dos diversos tipos de mapas
através do uso do Atlas geográfico bem como a utilização do
globo terrestre para verificação dos hemisférios e das
coordenadas, geográficas (latitude e longitude).
• 5º momento: Localização dos limites e fronteiras do Paraná,
relacionando com os aspectos econômicos e sociais da população.
• 6º momento: Leitura do mapa das Mesorregiões do Paraná,
destacando as regiões com maior e menor densidade
demográfica, confeccionando legenda para sua representação
gráfica.
• 7º momento: Elaboração de um portfólio contendo as atividades
realizadas durante o projeto.
• 8º momento: Produção de texto a partir da leitura e interpretação
do mapa demográfico do Brasil, correlacionando com os
conteúdos trabalhados, seguindo um roteiro.
Esta etapa teve como objetivo primordial relacionar os conteúdos
geográficos com as representações gráficas. Foi abordado os
20
conteúdos referentes à Dimensão Cultural e Demográfica,
enfocando principalmente a distribuição da população no espaço
paranaense e brasileiro.
TERCEIRA ETAPA: Avaliação da aprendizagem considerando os
seguintes aspectos:
• Análise pertinente das informações nos gráficos e mapas;
• Evolução na apreensão dos conteúdos apresentados;
• Elaboração e entrega de um portfólio, com as atividades
realizadas;
• Produção de um texto com a análise e interpretação do mapa
do .Brasil . destacando a linguagem gráfica.
3.2 - Apresentação e análise dos resultados
Essa proposta teve início a partir da sondagem dos conhecimentos
que os alunos tinham das séries anteriores. Nesta etapa, foi possível
perceber que alguns apresentaram dificuldades na aquisição de certos
conteúdos como localização, orientação e noções gráficas. Tal
constatação auxiliou no direcionamento do nosso trabalho, uma vez que
apontou para a necessidade de dar mais atenção a estes tópicos, a fim
de que superassem as lacunas que traziam na aprendizagem.
Após esta etapa desenvolveu-se um trabalho de retomada de
conteúdos, iniciando com o tema Orientação. Assim foi desenvolvido
este conteúdo em sala e feito atividades no pátio da escola sobre o
tema, destacando a laterização (direita-esquerda) e frente e atrás. Em
seguida, foi elaborada a rosa-dos-ventos, primeiramente com os
educandos e depois no caderno, juntamente com outros
encaminhamentos para melhor fixação deste item e também de
localização.
21
A fase referente à confecção de maquetes e plantas, merece
destaque, pois observou a dimensão bidimensional e tridimensional do
material produzido e possibilitou a exploração das coordenadas
geográficas e da linguagem gráfica. Na etapa seguinte foram realizadas
pesquisas, tabulação e correlação de dados, a partir das informações
obtidas. Houve também a confecção de gráficos e legenda, leitura e
analise de mapas e o registro das atividades no caderno, bem como
outras formas diferenciadas de estudos pertinentes aos conteúdos.
No término da aplicação das estratégias, foi possível verificar que
houve progresso, por parte dos educandos, pois demonstraram
compreensão e assimilação dos conteúdos apresentados, visto que, na
última parte dos encaminhamentos, a atividade culminava com a leitura
e interpretação do mapa do Brasil. O material usado trazia informações
sobre a densidade demográfica, através de vários instrumentos como
gráficos, tabelas e o mapa propriamente dito. Os educandos produziram
um texto, tendo como referencial um roteiro, onde destacaram a
distribuição da população no território brasileiro, as áreas mais
concentradas, as causas e conseqüências do aumento populacional e
compararam os dados da tabela e dos gráficos entre si.
Diante de todo o trabalho realizado, vários pontos podem ser
destacados, entre eles o interesse da maioria e desinteresse da minoria
dos educandos, pelo tema, visto o empenho de solucionar as dúvidas.
Outros aspectos relevantes foram observados como o envolvimento e
capricho nas atividades, a atenção e a seriedade no trabalho. Quanto à
apropriação dos conteúdos ou a aprendizagem da linguagem gráfica, a
maioria demonstrou entendimento e assimilação dos temas
trabalhados, pois foram capazes de fazer a relação desta linguagem
com os conteúdos geográficos nas atividades propostas.
22
4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a realização de todas as etapas desta Proposta de
Implementação, pode-se notar que sua aplicação foi válida e
significativa. Observou-se também que o material elaborado foi muito
pertinente, pois utilizou diversos caminhos estratégicos para o
desenvolvimento do trabalho pedagógico de forma eficaz. Esta
aplicação procurou sanar algumas das dificuldades verificadas no início
da Proposta, bem como possibilitou entender diversos aspectos desta
forma de linguagem e representação, viabilizando melhor sua
aplicação.
Tendo em vista que a Proposta foi realizada passo-a-passo,
respeitando o nível de compreensão de nossos educandos, foi possível
perceber avanços na apropriação e uso dessa ferramenta, bem como a
assimilação dos conteúdos geográficos. Portanto, pode-se considerar
que esse trabalho proporcionou uma experiência riquíssima, referente à
pesquisa, elaboração e a aplicação das representações gráficas,
possibilitando melhorias do trabalho em sala de aula. Para finalizar
destaca-se que esse material está em construção, ficando assim o
desafio de continuar a reflexão sobre esse tema, aprimorando-o e
adaptando-o para ser aplicado de acordo com cada realidade.
5- REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Rosângela Doin de. Do Desenho ao Mapa: iniciação cartográfica na escola. 2 ed. – São Paulo: Contexto, 2003. 115 p.
_______, Rosângela Doin de; PASSINI; Elza Yasuko. O Espaço Geográfico: ensino e representação. 15ª ed. São Paulo: Contexto, 2004. 90 p.
23
BERTIN, J. 1986. A neográfica e o tratamento gráfico da informação. Curitiba: Editora da Universidade Federal do Paraná. 273 p.
CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos. O Misterioso Mundo que os Mapas Escondem. In: Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. Porto Alegre: UFRGS/Associação dos Geógrafos Brasileiros, 2003. p. 31-47
CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, Escola e Construção de Conhecimentos. 8ª ed. Campinas: Papirus, 2005. 192 p.
KATUTA, Ângela Massumi. Os Alunos e seus mapas: repassando a cartografia para escolares no contexto do ensino de geografia. In: LIMA, Maria das Graças, LOPES e Claudivan N. Sanches (org.). Geografia e Ensino: Conhecimento Científico e Sociedade. Maringá; Massoni, 2007. p.133-148
LE SANN, Janine G. Metodologia Para Introduzir a Geografia no Ensino Fundamental. In: ALMEIDA Rosângela Doin. Cartografia Escolar. São Paulo: Contexto, 2007. p. 95-118
MARTINELLI, Marcelo. Gráficos e Mapas: Construa-os Você Mesmo. São Paulo: Moderna, 1998. 120 p.
PAGANELLI, Tomoko Iyda. Para Construção do Espaço Geográfico na Criança In: ALMEIDA Rosângela Doin. Cartografia Escolar São Paulo: Contexto, 2007. p. 43-70 PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. DIRETRIZES CURRICULARES DE GEOGRAFIA PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA. Curitiba, 2006. 54 p.
PASSINI, Elza Yasuko. Os Gráficos em Livros Didáticos de Geografia de 5ª Série: seu significado para alunos e professores. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996. 280 p.
________, Elza Yasuko in: GUELLI, Neuza Sanchez; ORENSZTEJN Miriam. Guia e Recursos Didáticos - Geografia. 2 ed. São Paulo: Moderna, 2005. p.16
24
_________,Elza Yasuko. Prática de ensino de geografia e estágio supervisionado. São Paulo: Contexto, 2007. p. 143-155
_________,Elza Yasuko. Aprendizagem Significativa de Gráficos no Ensino de Geografia. In: ALMEIDA Rosângela Doin. Cartografia Escolar. São Paulo: Contexto, 2007. p. 173-192
QUEIROZ, Deise Regina Elias. Cartografia Temática – Evolução e Caminhos de Pesquisa. In: Boletim de Geografia. Nº 2 5 (1) Maringá: Massoni, 2007. p. 137-150
SIMELLI, Maria Elena Ramos. O Mapa Como Meio de Comunicação e a Alfabetização Cartográfica. In: ALMEIDA, Rosângela Doin. Cartografia Escolar. São Paulo: Contexto, 2007. p. 71-93
SOUZA,José Gilberto; KATUTA, Ângela Massumi. Geografia e conhecimentos cartográficos - A Cartografia no Movimento de Renovação da Geografia Brasileira e a Importância do Uso de Mapas. São Paulo: UNESP, 2000. 146 p.
BERTIN, Jacques. A Neográfica,http://www.floresta.ufpr.br/pos-graduacao/neografica. Acessado na Internet em julho/2007.
25