Leitura dos dados da pesquisa cnbb setor setembro de 2011

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Reencantar-se pela juventude... “Vi um movimento entre os ossos, que começaram a se aproximar um do outro” (Ez 37,7) SITUAÇÃO DA EVANGELIZAÇÃO DA JUVENTUDE NO RIO GRANDE DO SUL EM FINS DE 2011 - Análise de dados - 1.PROLEGÔMENOS O que se vai ler não é só bonito nem só feio. É como a realidade: bonita e feia. Os comentários que surgirem, embora sinceros e fundamentados, talvez nem sempre sejam oportunos. O Evangelho não ensina que a importunidade também pode ser necessária? Se não houver, em nós, mesmo como Igreja, transparência, não iremos longe. À juventude não agradam certas falsidades. Vão expressos, aqui, o reconhecimento a todos/as que permitiram essa leitura: Dioceses, Coordenadores de Pastoral, Agentes que responderam e, evidente, encarregados/as do Setor Juventude da CNBB do Sul 3. Não deixamos de lamentar os/as que não responderam. Temos que começar falando de “Setor Juventude”. Não se tem clareza sobre a história deste “Setor Juventude” da CNBB, e isso não é bom. Parece que não se tem consciência ou não se quer aceitar que o Setor, a nível nacional, marca presença na Igreja do Brasil há vários anos, desde a época depois da extinção da Ação Católica, especialmente da Ação Católica Especializada. Também na Igreja do Rio Grande do Sul, algo semelhante aconteceu. O Padre Quirino Weber S.J. partilhava, na Assembléia do Sul 3, em junho de 2010, a sua experiência de primeiro assessor deste Setor nos anos de 1

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Reencantar-se pela juventude...“Vi um movimento entre os ossos, que começaram a se aproximar um do outro” (Ez 37,7)

SITUAÇÃO DA EVANGELIZAÇÃO DA JUVENTUDE NO RIO GRANDE DO SUL EM FINS DE 2011

- Análise de dados -

1. PROLEGÔMENOS

O que se vai ler não é só bonito nem só feio. É como a realidade: bonita e feia. Os comentários que surgirem, embora sinceros e fundamentados, talvez nem sempre sejam oportunos. O Evangelho não ensina que a importunidade também pode ser necessária? Se não houver, em nós, mesmo como Igreja, transparência, não iremos longe. À juventude não agradam certas falsidades.

Vão expressos, aqui, o reconhecimento a todos/as que permitiram essa leitura: Dioceses, Coordenadores de Pastoral, Agentes que responderam e, evidente, encarregados/as do Setor Juventude da CNBB do Sul 3. Não deixamos de lamentar os/as que não responderam.

Temos que começar falando de “Setor Juventude”. Não se tem clareza sobre a história deste “Setor Juventude” da CNBB, e isso não é bom. Parece que não se tem consciência ou não se quer aceitar que o Setor, a nível nacional, marca presença na Igreja do Brasil há vários anos, desde a época depois da extinção da Ação Católica, especialmente da Ação Católica Especializada. Também na Igreja do Rio Grande do Sul, algo semelhante aconteceu. O Padre Quirino Weber S.J. partilhava, na Assembléia do Sul 3, em junho de 2010, a sua experiência de primeiro assessor deste Setor nos anos de 1970 a 1976. Faltava ele recordar os Congressos bonitos que se realizaram, naquele tempo, com os jovens católicos articulados, apesar de os tempos serem de forte repressão política. Pode-se dizer que este Setor se tornou Coordenação Regional de Jovens (no Sul 3) em setembro de 1981, em Santa Maria.

Nem todos, na Igreja, concordavam com estas iniciativas do “Setor”. Basta recordar que, em nível nacional, foram aparecendo (na mesma época) várias outras experiências, sendo as mais fortes o EMAÚS, de Mons. Calazans (SP), e o TLC (Treinamento de Liderança Cristã), do P.Haroldo Rahm S.J., que se espalhou, também, em várias dioceses do Sul 3. No Sul 3 surgiram, também, “movimentos”

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semelhantes nos anos de 1974, além do EMAÚS, o CLJ, o EJC, o Cenáculo de Maria etc.1

Contudo, o assunto “Setor Juventude” voltou à baila com intensidade, como algo aparentemente novo, por ocasião da aprovação do Documento 85, da CNBB – Evangelização da Juventude, Desafios e Perspectivas Pastorais, em 2007 (nº 193 a 202). O desejo era um trabalho mais “integrado”, mais “amplo” das diferentes experiências de evangelização da juventude, especialmente pelos “problemas” que eram vistos na forma como as Pastorais de Juventude (de modo especial) estariam caminhando, esquecendo-se – por vezes - de vários esforços destas Pastorais em procurar “caminhar junto” com outras experiências. Prova concreta são e foram os “Encontros de Congregações e Movimentos” em nível nacional e, também, em nível de Sul 3, promovidos pelo IPJ de Porto Alegre.

A “introdução” do Setor no Documento 85 foi tão significativa que, muitas vezes, se esqueceu o todo para dar toda a atenção para alguns parágrafos. Não se tratava de algo “novo”, mas de uma “forma” como era trabalhado o Setor. Uma figura histórica (assessor) que viveu isso na carne foi o P. Gisley Azevedo, assassinado em situação não bem explicada, em Brazlândia (DF). Outro fato que não se reflete o suficiente é a explicação de como o Documento 85, da CNBB, foi aprovado na conjuntura que o episcopado nacional vivia com relação ao tema. Acontece que, no entretempo da elaboração do Documento, morreu, em acidente de carro (não sobrando nada nem do bispo nem do carro), o bispo referencial da CNBB, na evangelização da juventude, defensor acérrimo do documento 85: D. José Mauro Bastos. A morte dele, simplesmente, é e foi uma prova que quem manda na Igreja é o Espírito Santo. Por que afirmamos isso? É que algo que não parecia mais válido é aprovado por quase unanimidade... Outro dado eclesial: quem estuda em profundidade o Documento 85, reconhece que o que os pastores aí escrevem já tinha sido escrito, ao longo dos anos, em muitas publicações, através do Setor Juventude, especialmente com a ajuda das Pastorais da Juventude, não só no Brasil, mas em toda a América Latina.

2. A BUSCA DE CAMINHOS DE INTEGRAÇÃO: UMA SOLUÇÃO A “TOQUE DE CAIXA?”

Essa mesma busca de uma maior “integração” das experiências de evangelização da juventude também se encarnou nas preocupações da Igreja do Sul 3 nos últimos anos, começando-se a sonhar com uma evangelização juvenil que se encontrasse mais, que dialogasse mais e que trabalhasse junto, ao menos nalguns momentos. Até surgiu a idéia de constituir um “Setor” em nível regional, não só nas dioceses. Em maio de 2007 chegou-se a convocar, para isso, uma agente de pastoral que, junto com o sub-Secretário da CNBB, fizesse esse serviço.

1 É preciso recordar, ainda, a experiência “Nazaré”, de Pelotas; e “o movimento dos 72 Discípulos”, de Cruz Alta. Todas estas experiências foram fundadas por bispos ou sacerdotes que se tornaram bispos. Para a recente Coordenação Regional de Jovens, oficial da CNBB, estas experiências sempre foram “bolsões conflitantes”. Pode-se dizer, até, “bolsões raivosos”.

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De maio a agosto de 2010, este “serviço” pôs-se na rua, com a disposição de “escutar”, carregando no alforje a implantação do Setor nas dioceses. O “assunto” ficou mais complexo quando – por pronunciamento e por uma carta do Conselho Superior do IPJ (situado em Canoas) - datada em 18 de junho de 2010, Conselho formado por Provinciais de diversas Congregações, resolveu que, em janeiro de 2011, o IPJ – por 30 anos prestando um serviço à Igreja do Sul 3 no campo da evangelização da juventude - seria “redirecionado” por falta de incisividade e de significatividade, em parceria com o Setor Juventude da CNBB Sul 32. A “escuta” programada tomou, com isso, um aspecto novo e delicado.

2.1 “Escuta” realizada

Foram realizados e vivenciados, com muita gana e amor, 28 diversos “momentos” neste processo de escuta feito pelos encarregados de pensar a construção do Setor Juventude nas dioceses e no Regional Sul 3. Podem ser destacados:

a) 13 encontros com “pessoas”, isoladas, mais e menos comprometidas com a evangelização da juventude, através de algumas experiências ou, então, pelo papel que exercem no campo da “educação”, em geral;

b) 02 grupos comprometidos em iniciativas significativas no campo da formação de lideranças na perspectiva dos que são conhecidos como “grupos de base”;

c) encontros com responsáveis de 4 movimentos que trabalham com jovens;d) 03 encontros com lideranças da Pastoral Juvenil das Comunidades e da

Pastoral Estudantil. Num desses encontros estavam presentes representantes de quase todas as 18 dioceses do Sul 3;

e) 02 encontros com “Instituições” dedicadas ao trabalho com a juventude de diversas formas e 01 encontro com agentes encarregados da Pastoral do Regional Sul 3, reunidos em Assembléia;

f) 01 encontro com responsáveis de movimentos juvenis de uma diocese, junto com seu bispo.

Por ocasião da carta-convite para um encontro do dia 28 de agosto de 2010 houve, ainda, sete outras reações, em geral de apoio ao evento, em forma de email. As “respostas” vinham, especialmente, de três bispos, dois coordenadores diocesanos de pastoral, três Provinciais e outros. Os emails, em geral, respondiam de forma positiva ou propositiva, mas um deles (de um bispo) dizia: evidentemente encaminhei o teu email (...) mas preciso dizer que para a organização de uma juventude da Igreja, na vivência cristã, isto não vai ajudar em nada, porque vocês estão misturando tudo, até ONG´s, os restos de PJ´s ao lado de movimentos que trabalham há 36 anos, sem interrupção, com centenas de grupos, com grande experiência, segundo as diretrizes da CNBB e as conclusões de Aparecida. Penso que uma Assembléia destas vai desviar do caminho. Para nós não interessa ter boas ONG´s, queremos jovens na Igreja, nas missas, cantando e participando com alegria, especialmente da Missão Continental. Outro email dizia: Com toda sinceridade, não

2 Nestes mesmos tempos, por motivos semelhantes, fechavam-se Institutos semelhantes ao Instituto de Pastoral da Juventude de Porto Alegre, em Santiago (Chile) e no Uruguai.

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sei o que vocês querem com o Setor Juventude regional. Acho tudo confuso, sem clareza na proposta, ao menos na conversa estão demonstrando isso.

2.2 Discursos que apareceram

Fora estas reações “particulares”, ao pé da letra. Pelas anotações conseguidas, podem distinguir-se vários discursos:

1. O discurso da informação. As pessoas falam o que fazem. Assim faz a PJR, o CLJ (em uma das versões), a Trilha Cidadã, o Setor do Vicariato de Gravataí.

2. O discurso da preocupação, especialmente por parte dos jovens das Pastorais de Juventude. Dizem que não se sentem amados na igreja, falam dos cortes dos liberados e da questão financeira, tendo que dividir a ajuda financeira com o Setor. Dizem ter medo de perder a identidade. Na coordenação regional da PJ há preocupação com a formação, com uma rede assessores e com a militância. Expressam-se sobre o que o IPJ representava (pesquisa, formação e assessoria), sobre os bens adquiridos pelo IPJ (biblioteca, banco de dados etc.). Afirmam que o Setor deve ser um serviço atento às bases, não uma estrutura de comando, mas de serviço: um serviço fiel ao doc. 85, isto é, uma articulação no espírito deste documento e que a juventude participe dele. Fala-se da existência de uma estrutura para que os jovens possam se articular. Na formação, referem-se de modo especial ao CAJO e ao Curso de Animadores.

3. O discurso da afirmação. Volta à baila a importância do Curso de Animadores, o reforço ao acompanhamento, chamado de “a grande demanda”, a manutenção do CAJO. Precisa-se de um serviço de articulação.

4. O discurso dos cuidados. Fica evidente que quem mais está sofrendo com a novidade que se apresenta são as Pastorais de Juventude porque os “movimentos” têm outros recursos. Como se dizia na Assembléia da Igreja do Sul 3, solicita-se um carinho especial com as pastorais da juventude por parte dos bispos e padres (...) intimamente ligadas à Igreja. Não podem ser deixados de lado cursos de formação conforme o IPJ assegurava. Fala-se da importância de ter um grupo de assessoria que possa ser presença nas dioceses, da articulação de um conselho, de uma coordenação regional de jovens, de uma assembléia estadual. Dizia um jovem representante de diocese que o que preocupa é que os grupos de base das pastorais de juventude, ligada intimamente à vida da igreja e das comunidades, precisam ser olhados com carinho e atenção.

5. O discurso das sugestões. Destacam-se, ainda, várias falas proferidas na Assembléia da Igreja do Sul 3. Dizia D. Sinésio Bohn que sonhava que este período de transição e mudanças permita melhorar a nossa atuação enquanto Igreja. Faz-se necessária ter uma equipe que pense a sustentação do trabalho; dê suporte para os interdiocesanos, pense um conselho, visualize uma sustentação econômica, disponha de uma equipe de assessoria. Na mesma linha foram discursos de outras dioceses. Não se pode perder o espírito de uma pastoral orgânica, também de juventude. Além da formação, é preciso que o Setor seja um centro de referência para a juventude, que tenha uma equipe de articulação, que haja espaço comum para assessores trocarem suas experiências. Deve ficar claro que modelo de Igreja e que modelo de jovens que se quer construir. Enfim, que cenário de Igreja se quer para nortear esse trabalho com a juventude.

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6. O discurso da auto-suficiência. Mesmo que seja um discurso um tanto particularizado, ele marca presença. Um discurso que, aliás, as pastorais estão acostumadas a ouvir... Nós temos a solução: joga tudo fora e todos assumam nossa cartilha que contempla as diretrizes da Igreja (...); a teologia da libertação já está superada; não façam como outros que distribuem camisinhas nos encontros e que estão em grupos e não participam de missa etc.

Segundo esta sondagem fica claro que se quer uma evangelização de juventude que, em sua variedade, seja capaz de fazer uma caminhada orgânica, de Igreja, com proposta, mas acima das diferenças. Fica claro que se trata menos de um “Setor” e mais de um “Serviço de Articulação e Animação” onde todos sejam contemplados e respeitados, assumindo, todos,uma proposta eclesial de evangelização da juventude. Neste momento o documento 85, da CNBB, Evangelização da Juventude – Desafios e Perspectivas Pastorais, sem ser vítima de uma leitura superficial, é uma necessidade para todos.

Fica evidente, também, que a “escuta” efetuada foi uma bênção, mas não respondeu ao desafio. Caiu-se na conta de que não se partiu da realidade nem das experiências existentes. A Igreja do Sul 3 precisa ter centros de estudo e investigação da “sua” juventude. Isso é válido para todas as experiências: sente-se falta de dados mais científicos não só da realidade juvenil, mas até do próprio trabalho no campo da evangelização das juventudes, não só para ser “mais amplo”, mas que vise, igualmente, a eficiência. Se o primeiro é abrangente demais, o segundo é uma necessidade, isto é, o levantamento científico e realista das experiências existentes, com seus responsáveis, suas estruturas de apoio em nível de adultos e jovens e, também, de sua localização. A “escuta” tem que tomar o aspecto científico, sob o ponto de vista da ciência e da pastoral. Há aspectos fundamentais que não se discutem, que não são explicitados ou que são ignorados. Isso vale para todas as experiências. Não basta o entusiasmo por uma experiência; exige-se fundamentação, especialmente pedagógica e teológica. Isso se deu até maio de 2010.

3. PESQUISA

3.1 Primeiros dados

Em maio de 2011 um grupo convidado pelo Setor Juventude do Sul 3 decidiu realizar uma pesquisa mais sistemática sobre a situação da evangelização da juventude no Sul 3. Aprovou-se, por isso, um projeto apresentado e, depois de algumas contribuições, aprovou-se, igualmente, o questionário a ser aplicado em todas as dioceses e vicariatos, considerando as “foranias” ou as áreas pastorais e não as paróquias. (Veja anexos.)

A análise que apresentamos se baseia: 1) em 7 questionários de 4 vicariatos; 2) em 12 questionários de 12 foranias das 4 dioceses do Inter-Norte; 3) em 19 questionários

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de 19 “foranias” ou áreas pastorais de 3 dioceses do Inter-Leste; 4) em 9 questionários de 9 “foranias” ou áreas pastorais de 2 dioceses do Inter-Sul; 5) em 26 questionários de 26 “foranias ou áreas pastorais de 4 dioceses do Inter-Centro. Temos, portanto, 73 questionários correspondentes a “foranias” ou “áreas pastorais” de 4 vicariatos e 13 dioceses. Não vieram respostas das dioceses de Pelotas, Novo Hamburgo, Cachoeira do Sul, Santa Maria e Montenegro, a diocese mais nova do Regional. Podemos dizer que nos faltariam as respostas de cerca de 22 foranias. A representatividade de 76% das foranias, contudo, é significativa. Um pormenor que pode ser importante é que as respostas recebidas tem nome e endereço, seja de leigos/as seja de padres. Comparando as respostas de leigos/as e padres, o quadro é o seguinte:

Dioc/Vic Leigos/as PadresInter-Sul 22,2% 77,7%Inter-Leste 26,6% 73,3%Inter-Centro 37,0%3 62,9%Inter-Norte 18,1% 81,8%Vicariatos 28,5% 71,4%Média 26,4% 73,4%

Acrescentamos esse quadro porque contrasta com as percentagens de assessores/as que realmente trabalham com os grupos de jovens. Pode-se dizer que as respostas não são interesseiras. Segundo um cadastramento de assessores/as de jovens realizado, em 2011, grande percentagem dos/as assessores de evangelização da juventude (não só da Pastoral da Juventude), em todo o Brasil, e também no Sul 3, na grande maioria, é de leigos/as. Segundo este cadastramento, abrangendo os 17 Regionais da CNBB, entre os 711 que se cadastraram, 73,4% são leigos. Do Sul 3 cadastraram-se 71 agentes, sendo 70,4% de leigos/as.

Chama a atenção que as respostas ao questionário da diocese de Cruz Alta são 100% de leigos/as (de um dos movimentos da diocese); as de Frederico Westphalen são 100% de padres. Em todo o caso, no geral, 27,3% são respostas de leigos/as e 69,8% são de padres. Algumas dioceses enviaram, além disso, suas agendas diocesanas ou seus “guias” diocesanos e se pode ver, p.ex. que a diocese de Bagé tem coordenação da Pastoral da Juventude com seu padre referencial, sendo o serviço de animação vocacional e evangelização da juventude uma das prioridades; que a diocese de Vacaria fala do referencial do Setor Juventude; que a diocese de Santa Cruz do Sul tem o “Centro da Juventude e dos Adolescentes” com seu assessor e jovem liberado; que, em Santo Ângelo, no dia 17 de julho de 2011, o Setor Juventude realizou um encontro com 80 jovens representando 10 experiências de juventude, entre elas a Juventude Marista, a Juventude Verzeriana e a Pastoral da Juventude; que na diocese de Passo Fundo, entre as nove Pastorais consta a Pastoral da Juventude, mas além disso, existe o Movimento Onda, o Curso de Liderança Juvenil, o Cursilho Jovem e a Juventude da Renovação Carismática Católica; que a diocese de Montenegro tem

3 Destaca-se, de modo especial, a diocese de Cruz Alta.

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o Setor Juventude com um referencial para o Curso de Liderança Juvenil e um referencial para o que eles chamam de “grupos de base”.

Um outro quadro da proveniência das respostas mostra que o Inter-Centro é o que mais mandou respostas.

Dioceses Respostas %Bagé 4 Inter-Sul = 12,3%

Rio Grande 5Osório 2 Inter-Leste = 23,2%

Porto Alegre 10Caxias do Sul 5Santo Ângelo 7 Inter-Centro = 34,2%

Cruz Alta 5Santa Cruz do Sul 11

Uruguaiana 3Erexim 3 Inter-Norte = 17,8%

Fred. Westphalen 6Passo Fundo 3

Vacaria 1Gravataí 3 Vicariatos = 10,9%Canoas 2Guaíba 3

3.2 Levantamento das experiências de evangelização da Juventude

Faremos nossa análise segundo os quatro Inter-Diocesanos (inter-Sul, inter-Leste, inter-Norte e inter-Centro) e os Vicariatos. A primeira questão referia-se ao número de grupos de jovens. Perguntava-se:

As experiências de evangelização da juventude existentes na sua área pastoral são: 4.1 CLJ; 4.2 EMAÚS; 4.3. GRUPOS DA PASTORAL DA JUVENTUDE (grupos de base); 4.4 RCC; 4.5 Grupos de jovens não articulados (sem relação com alguma experiência em nível mais amplo); 4.6 PJE; 4.7 PJR; 4.8 CURSILHO JOVEM; 4.9 CENÁCULO DE MARIA; 4.10 Outra experiência; 4.11 Outra experiência; 4.12 Grupos de jovens de igreja, sem nome, mas que se reúnem com certa freqüência; 4.13 Grupos de estudantes (de colégios de religiosos/as ou não)? 4.14 Outras experiências de grupos de jovens. Vejamos os dados:

3.2.1 Dados do Inter-Sul

Diocese 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 4.10 4.11 4.12 4.13 4.14 TotalBagé 2 10 16 - - - - - - 3 - - 1 34 66R.Grande - 4 4 2 11 - - - - 6 - 1 5 - 33Total 2 14 20 2 11 - - - - 9 - 1 6 34 99

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Leitura: Este quadro mostra que a diocese de Bagé tem 02 grupos de CLJ; 10 grupos de Emaús; 16 grupos da PJ (de base); 3 grupos de outra experiência; 01 grupo de estudantes; 34 grupos de outras experiências e 5 Congregações que trabalham com educação. Um total de 66 grupos. No ano 2.000 a diocese tinha 39 grupos de jovens, sendo 94,8% das Pastorais de Juventude; hoje significam 24,2%. Significativo o número de “outros grupos”.

Segundo as respostas, a diocese de Rio Grande tem 33 grupos de jovens. Segundo uma pesquisa realizada no ano 2.000, Rio Grande tinha 72 grupos de jovens, sendo 65,0% das Pastorais de Juventude; hoje significam 12,1%. Significativo, também, o número dos grupos não articulados.

As duas dioceses do inter-Sul contam, pois, com 99 grupos. O que chama a atenção é que 34,3% dos grupos desse Inter-Sul não têm “identificação” e o que os grupos de base (da Pastoral da Juventude) significam 22,2% (24,2% em Bagé e 12,1% em Rio Grande).

3.2.2 Dados do Inter-Leste

Diocese 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 4.10 4.11 4.12 4.13 4.14 TotalCaxias - 2 22 8 2 - - - 2 2 1 2 1 - 42P.Alegre 33 2 25 2 5 2 2 5 2 8 - 86Osório 3 6 7 1 7 3 8 - 35Total 33 7 47 16 14 2 1 2 7 11 12 10 1 - 163

Leitura: Considerando que estamos diante de dados vindos de 19 foranias ou áreas pastorais, com 163 grupos, a média de grupo, por forania, é de 8,5 grupos. Trata-se de uma região “metropolitana”, com duas cidades de população significativa: Porto Alegre e Caxias do Sul. Com os dados da Diocese de Novo Hamburgo e Montenegro, o quadro, provavelmente, mudaria.

Resumidamente, há, no Inter-Leste, 33 grupos de CLJ, 07 grupos de Emaús, 43 grupos da Pastoral da Juventude (grupos de base), 16 grupos de RCC, 14 grupos sem articulação, 02 grupos de PJE, 01 grupo de PJR, 2 grupos de Cursilho Jovem, 07 grupos do Cenáculo de Maria, 11 outras experiências, 12 outros grupos e 01 grupo de colégio. Não é preciso ser grande analista para nos dar conta que estamos diante de um “Inter” que é desafiador. Basta olhar o número de grupos destas dioceses em 2000, e agora. A diocese de Osório tinha, então, 104 grupos de jovens. Hoje, 35. Porto Alegre é um caso à parte. Ela foi desmembrada de modo violento. “Perdeu” a atual diocese de Montenegro, o vicariato de Canoas, o vicariato de Gravataí, o vicariato de Guaíba e o Vicariato de Camaquã. Compreende-se que uma diocese que tinha (em 2000) 377 grupos de jovens, agora conta com 86.

3.2.3 Dados dos Vicariatos

Há vicariatos que tem bispos, e outros não. Demos uma olhada nas respostas:

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Vicariato 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 4.10 4.11 4.12 4.13 4.14 TotalCanoas 11 - 4 1 4 3 - - 1 5 - - 3 - 29Guaíba 5 - 1 2 1 - - - - 3 - - - - 124

Gravataí 12 - 12 4 2 4 - - 7 7 2 3 - - 79Total 28 17 7 7 7 - - 8 15 2 3 3 - 120

Esse o quadro. É preciso ter presente, para entender os dados, o questionário que foi aplicado (Anexo). Um dado que pode chamar a atenção é o dos grupos sem nome ou sem articulação (= 10). Outro dado: é a primeira vez que os grupos do CLJ superam os grupos das Pastorais da Juventude (28 a 24). Evidente que faltam os dados da diocese de Montenegro para, talvez, fazermos uma comparação com a situação do ano 2000. Os dados “frios”, contudo, são estes. Parece que o Vicariato mais “vivo” e mais articulado, é o de Gravataí.

3.2.4 Dados do Inter-Norte

O Inter-Norte tem uma história bonita na perspectiva da evangelização da juventude. Chegou a vez de olhá-lo nos dados que oferece, atualmente.

Diocese 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 4.10 4.11 4.12 4.13 4.14 TotalVacaria 14 - 7 - - - 7 8 - - - - - - 36Fr.West 15 5 4 2 9 - - - - 1 - - - - 36Erexim - - 40 1 2 - - 8 - 2 3 1 5 - 62P.Fundo 5 - 9 - 6 2 - 2 1 - 4 1 3 - 31Total 34 5 60 4 17 2 7 18 1 1 7 2 8 - 165

No ano 2000, o Inter-Norte contava com 787 grupos de jovens. A diferença é clamorosa. O que houve? Enganos de números? As Pastorais de Juventude ainda são a experiência que tem mais grupos, destacando-se Erexim. O CLJ seria a segunda “força” (60 x 34). Destacam-se, também, o Cursilho Jovem e os grupos não-articulados, principalmente na diocese de Frederico Westphalen. O que se verifica, pelo resgate das visitas dos encarregados do Setor Juventude do Regional, é que há boa vontade , e alguma confusão. Na Diocese de Frederico, p.ex. não existe uma Comissão de Juventude, mas existe o “Setor Laicato” onde constam o CLJ, o Emaús e a RCC, mas existe também o Setor Juventude com um acento na Equipe Diocesana de Pastoral dos Adolescentes e uma Equipe Diocesana da Pastoral da Juventude. Em Erexim destacou-se, na conversa, o giro diocesano da Pastoral da Juventude.

Os dados concretos em questão de grupos de jovens são estes. Um “Inter” que há 11 anos contava com 787 grupos, hoje conta com 165.

3.2.5 Dados do Inter-Centro

Não responderam as dioceses de Cachoeira do Sul e, de alguma forma (como veremos), Santa Maria. Vamos aos dados.

4 Inserimos os dados da Área Pastoral de Camaquã, no Vicariato de Guaíba.

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Diocese 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 4.10 4.11 4.12 4.13 4.14 TotalUruguaiana - - 5 7 - - - 5 - 6 3 32 - 6 63S. C. do Sul - - 34 9 16 3 3 - - 7 - 11 2 7 92Cruz Alta 2 20 1 10 37 - 4 - - 74S. Ângelo - 13 18 1 1 8 - 2 - 3 - - 3 20 69S. Maria - - - - - - - - - - - - - - -Total 2 13 77 18 27 11 3 7 - 53 3 47 5 13 298

As respostas do Inter-Centro, como dos outros “Inters”, são sérias, mas chamam a atenção alguns aspectos: a) a aparente “pressa” ou ligeirice nalgumas respostas. Valem como exemplo algumas respostas da diocese de Cruz Alta; b) a impressão que se tem é que, mais do que ir atrás dos dados da realidade, o que importa é que a implantação do “Setor” já está encaminhada. A diocese de Santo Ângelo, p.ex. anexa a organização do Setor, incluindo os grupos de crismandos/as e 15 experiências, formando um total de 43 grupos (destacando-se os grupos de Emaús e Pastoral da Juventude) quando, pelo preenchimento dos questionários, os grupos são 69. Os dados da realidade não parecem importantes; c) mais estranha é a resposta da diocese de Santa Maria que, em vez de responder ao questionário enviado pelo Setor Juventude da CNBB do Sul 3, devolve uma folha com a programação da 1ª jornada diocesana da juventude, realizada em 17 de abril de 2011, e a solicitação de que os Coordenadores Diocesanos repassassem uma carta de D. Eduardo Pinheiro e do P. Carlos Sávio Ribeiro, do Setor Juventude da CNBB de Brasília, não fazendo menção nenhuma à solicitação da CNBB regional; d) não há explicação por que a diocese de Cachoeira do Sul não respondeu; e) chama a atenção que na diocese de Uruguaiana haja 32 grupos de jovens, sem nome, mas que se reúnem com certa freqüência e que, na diocese de Santo Ângelo, com 69 grupos, haja 20 outras experiências de grupo. Seria reflexo da “ligeirice” das respostas, não pesando uma informação mais “realista” (científica)? e) Por outro lado, constata-se que a diocese de Santo Ângelo, relacionada com o levantamento de 2.000, registra um “déficit” de 167 grupos; a diocese de Uruguaiana, um “superávit” de 22 grupos; a diocese de Santa Cruz do Sul um “déficit” de 207 grupos e a diocese de Cruz Alta com um “déficit” de 117 grupos.

3.2.6 Visão Geral

Na perspectiva de grupos de jovens na Igreja do Rio Grande do Sul, o quadro que se oferece é o seguinte:

Experiência Inter Sul Inter Leste Vicariatos Inter Norte Inter Centro TotalCLJ 2 33 28 34 2 99

Emaús 14 7 - 5 13 39PJ 20 47 17 60 77 221

RCC 2 16 7 4 18 47N Art. 11 14 7 17 27 76

PJE - 2 7 2 11 22PJR - 1 - 7 3 11

CJovem - 2 - 18 7 27CMaria - 1 8 1 - 10Outra 9 11 15 1 53 89

Outra 2 - 12 2 7 3 24

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Dispersos 1 10 3 2 47 63GColégios 6 1 3 8 5 23Outras 3 34 - - - 13 47

Total 99 156 97 166 279 797

Esses são os dados “duros”. Considerando as não-respostas, podemos dizer que existem, no Sul 3, em final de setembro de 2011 cerca de 1.100 grupos de jovens. O que importa acentuar, ainda, é que as respostas são sérias, com nome, telefone, email da grande maioria dos informantes. Não estamos brincando com dados. Não se pode deixar de dizer, também, que pode ser percebida certa “truculência”, autoritarismo, falta de transparência, descrédito em partir da realidade e da não-necessidade de buscar novas medidas. Não deixa de ressoar a frase dita por uma autoridade: preciso lhe dizer que para a organização de uma juventude da Igreja, na vivência cristã, isto não vai ajudar em nada, porque vocês estão misturando tudo, até ONG´s, os restos de PJ´s ao lado de movimentos que trabalham há 36 anos, sem interrupção, com centenas de grupos, com grande experiência, segundo as diretrizes da CNBB e as conclusões de Aparecida.Em todo o caso, é uma pena que dioceses como Pelotas, Novo Hamburgo, Santa Maria e Cachoeira do Sul não tenham respondido. Na certa, não por falta de interesse das juventudes. Há agressividades, há rejeições, muito mais vindas de “cima” do que de “baixo”, em vários cantos de nosso Regional, de alguma forma, e por razões diversas, em todos os “Inters”.

3.2.7 Presenças evangelizadoras

A pesquisa levantava duas outras questões: uma, perguntava sobre as Congregações Religiosas que trabalham com educação na sua diocese ou área (A); a outra, se há, na diocese (área), alguma instituição especificamente dedicada à evangelização da juventude (B). Tratava-se de ver a existência de “estruturas de apoio” para o serviço com a juventude. Perguntas aparentemente “laterais” tomam, no entanto, feições importantes de serem percebidas.

Mesmo que o “levantamento” não seja completo, é sintomático. No Inter-Norte, p. ex. encontramos as Irmãs de São José (Vacaria), os Maristas e as Franciscanas (Erexim), as Irmãs Notre Dame e as Salvatorianas (P.Fundo), as Filhas do Amor Divino e os Oblatos (Palmeira). Quando as respostas falam de “instituições” especialmente dedicadas à evangelização, o que aparece, estranhamente, é a Pastoral da Juventude (Marau e Casca) e os Tios que acompanham os movimentos (P.Fundo). As respostas fazem surgir algumas perguntas:

1) por que não se fala dos capuchinhos (especialmente Marau) nem dos franciscanos (Três Passos)? Na diocese de Frederico não funcionou, por alguns anos, “escolas” para os jovens da roça, como p.ex. em Braga?

2) o conceito “instituição” é tão inclaro, misturando-se PJ e tios de movimentos e não se fala de tantos assessores e assessoras, de anos e anos? Mesmo que a pergunta não o fizesse, não valeria a pena ter um olhar histórico? Nenhuma memória, p. ex., em Passo Fundo, de uma obra histórica como a ESCAJUR?

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No Inter-Centro trabalham, na educação, as Filhas do Coração de Jesus (em cinco lugares), os Lassalistas (Cerro Largo), os Maristas (em quatro lugares), as Salesianas, as Irmãs de S.Catarina, as Ir. Scalabrinianas, as Ir. Div. Providência (em dois lugares), e as Ir.Franciscanas da Imaculada (L. SantaCruz). As instituições citadas que trabalham especificamente com jovens são, novamente, um tanto estranhas: o Setor Juventude (Cerro Largo, Santo Ângelo), o Movimento dos 72 Peregrinos e o Secretariado de Emaús (Cruz Alta e Tuparendi, e a PJ (Candelária). Um pormenor que, talvez, seja importante constar é que, deste Inter, das 27 respostas 37% são respostas de leigos, 62% são de padres, ao passo que, da diocese de Cruz Alta as respostas são 100% de leigos e da diocese de Santo Ângelo 42% de leigos e 57% de padres. Perguntas que podem ser feitas:

1) O que significaram, ao menos por um tempo, instituições como o Seminário de Arroio do Meio, a Casa Jesus Maria e José (em Rio Pardo), o Movimento em Busca da Paz (Santa Cruz), o significado do TAPA, um curso que marcou a história durante longos anos a diocese de Santo Ângelo, bem como as históricas Escolas de Juventude da mesma diocese de e de, praticamente, todas as dioceses deste Inter?

2) Se se fala do Setor Juventude ou do Secretariado do Emaús, como instituições, porque não se fala da coordenação histórica da Pastoral da Juventude de dioceses como Santo Ângelo, Santa Cruz do Sul, Santa Maria e, até, Cachoeira do Sul, com liberados/as, com coordenações diocesanas ativas, assembléias, eventos massivos de jovens, uma pastoral da juventude até com com sede, etc.?

Indo para o Inter-Leste, as Congregações que são citadas são os Guanelianos (C.Canoa), os Maristas (duas vezes), as Scalabrinianas, as Filhas do S.Coração de Jesus (duas vezes), as Irmãs de S.José de Murialdo, as Murialdinas, os Lassalistas, as Pastorinhas, as Ir. de S.José de Chambéry e as Irmãs do Coração de Maria. As instituições, especificamente dedicadas à juventude são, novamente, o Setor Juventude (Caxias, Partenon e Passo da Areia), a Paróquia Estudantil (Rubem Berta) e os Pobres Servos.

Poder-se-ia perguntar como não aparecem mais Congregações como os Maristas (com a Casa da Juventude, em Vila Nova) e, talvez, os jesuítas que sediaram, por 30 anos, no Bairro Três Figueiras, o Instituto de Pastoral da Juventude (conhecido e utilizado por agentes de todo o Regional – para não dizer mais) e nenhuma referência à Casa da Juventude, dos Padres Josefinos, em Caxias do Sul? Ou se desconhece ou se quer ignorar ou a memória histórica, não fazendo parte do dia-a-dia dos respondentes? Não estamos diante de uma questão secundária.

No Inter-Sul, as Congregações citadas são as Imãs Scalabrinianas, as Ir. de S. José, os Franciscanos, os Salesianos (duas vezes), os Maristas, as Irmãs de S. Catarina , as Irmãs Teresianas, as Irmãs do Horto, e as Franciscanas de Penitência e Caridade Cristã (Bagé). A única “instituição” que aparece é o Setor Juventude... Vale a mesma pergunta feita anteriormente: se se cita o Setor, por que não as históricas Coordenações Diocesanas de Juventude de todas as duas dioceses, inclusive com liberados escolhidos pelos jovens e assumidos pelas dioceses?

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Nos Vicariatos as Congregações citadas são as Ir. S. José, as Franciscanas, as Irmãs da Divina Providência (Alvorada), as Irmãs Bernardinas, as Irmãs do Coração de Maria, (Guaíba), as Irmãs Franciscanas de Penitência e Caridade (Niterói), a Rede Santa Paulina, os Lassalistas (Sapucaia). Quanto às instituições, dedicadas à evangelização da juventude, poder-se-ia recordar a permanência do IPJ em Niterói (Canoas), as Casas dos Lassalistas, a Casa das Filhas do Coração de Jesus ( em Esteio) e, por que não, o Seminário Santo Inácio, em Salvador do Sul, e o Seminário São José, em Gravataí.

Talvez os comentários não sejam sempre os mais atinentes, mas o que se deseja, realmente, é mostrar como a ausência da memória histórica é uma marca que não é nada positiva. A memória histórica parece não fazer parte do dia-a-dia dos agentes.

3.2.8 Atividades

Havia, no questionário, ainda duas perguntas sobre as atividades desenvolvidas com os jovens. Vejamos, primeiramente, as que perguntavam: a) além das atividades comuns (reuniões, assembléias...) que atividades os grupos desenvolvem; b) há alguma atividade (que não seja a Crisma), na diocese ou na área pastoral, que envolva as diferentes experiências ou tipos de grupos de jovens? Quais?

Procurando a maior fidelidade às respostas, vemos que o Inter-Norte fala que refletem e rezam, que participam na catequese, na liturgia, nas romarias, em eventos culturais, nos conselhos comunitários, em campanhas do agasalho, nas missões populares, na Semana Santa nas comunidades, nas visitas que se fazem a obras, asilos e hospitais, no envolvimento em atividades ligadas ao meio ambiente, na realização do giro diocesano (Erexim), no intercâmbio de grupos, nos teatro e campanhas de conscientização (droga, meio ambiente), e na realização de missões jovens nas escolas.

O Inter-Centro fala do Encontro “Despertar”, dos Encontros de reflexão, dos Retiros, da Jornada Diocesana da Juventude do Movimento dos 72 Peregrinos, da participação na festa dos padroeiros, na coleta de alimentos, na Missa Jovem, do estudo da palavra, da Catequese, da Liturgia, do Encontro do Setor Jovem (!), dos Tapetes feitos nas Festa do Corpo de Deus, das Visitas a asilos, dos campeonatos de futebol, do Pro-jovem sócio-político, das formações (para a cultura da paz e meio ambiente), das Oficinas de reforço escolar, dos Encontros com estudantes nas escolas e das promoções para a sustentação do grupo.

O Inter-Leste fala de tardes de integração, de Confraternizações, de Visita a asilos, de panfletagem em shoppings, de trabalhos sociais, de Cursos de 3 dias, de Recolhimentos, de Catequese e Crisma, das reuniões do EJC (todas as segundas feiras, reuniões de coordenadores), do lazer, de Retiros, do Teatro, da ajuda às pessoas carentes, das Vigílias, da realização do DNJ, de Dias de espiritualidade e de “Cristoteca”.

O inter-Sul fala da Romaria Diocesana da Juventude, do Projeto “Semeando” – Formação Continuada para a Juventude, da Pastoral da Juventude, da AJS, do Encontrão Paroquial da

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Juventude, da Formação nos Municípios de Mostardas e Tavares, da Pré-Missão e, também, da acolhida ao jovem migrante, também universitários.

Dos Vicariatos vieram poucas respostas, mas as que vieram falam de Assistência Social, Esporte, Retiro p/ Crisma, Retiro aberto, Palestras de de Batismo, Gincanas e do Momento Jovem do Vicariato (em vez de DNJ).

Perguntou-se, também, se há alguma atividade (que não seja a Crisma) na diocese ou na área pastoral, que envolva as diferentes experiências ou tipos de grupos de jovens? As respostas, no seu todo, foram: Romaria Vocacional, Momento Jovem do Vicariato, Projeto Semeando – Formação Continuada para a Juventude, PJ e CEBI Jovem, Formação com todos os grupos e DNJ, Encontro Geral com Jovens com oficinas, Retiros de área, Onda, Cenáculo, encontros preparados pelo Setor Juventude, Pastoral Vocacional, e Coroinhas (Santa Cruz do Sul), Encontrão Diocesano de Jovens, Giro Diocesano e Gincanas para adolescentes.

Comentários :

1. Olhar este “mapa” exige muito respeito e discrição. Se se acredita numa “pastoral de processos” é ali, nestas atividades “diárias”, “pequenas”, sem muita repercussão que se dá o crescimento das pessoas e dos grupos. Claro que há eventos mais massivos, mas não são eles que comandam a caminhada.

2. Assim como é atrevimento chamar a atenção para novidades como o “giro jovem” (Erexim), “missão jovem nas escolas” (em várias foranias), “oficinas de reforço escolar”, “cristoteca”, “Projeto Semeando” – Formação Permanente para a Juventude, etc. é um pouco estranho ter que ler que são “atividades” a Jornada Diocesana da Juventude do Movimento dos 72 Peregrinos (e não da diocese como um todo) o encontro do Setor Jovem (existe há quanto tempo?), do Momento Jovem do Vicariato (substituindo o DNJ num dos Vicariatos). Não deixa de ser estranho, contudo, não poder ler nada das Escolas de Juventude, do trabalho das Coordenações Diocesanas de Juventude, do serviço dos liberados que existiram e ainda existem etc.

3. Claro que se faz muita coisa, inclusive atendendo as diferentes dimensões da formação integral, mas quem fala da “Semana da Cidadania”, da “Semana do Estudante” – atividades reconhecidas nacionalmente pela CNBB? Seria preciso provar a presença significativa da juventude nas Romarias da Terra, nas Romarias do Trabalhador, nos Encontros Diocesanos de CEB´s? Por que não se fala disso? Infelizmente, parece que os próprios encarregados “pastorais” das dioceses não sabem onde andam os jovens de sua diocese porque também eles não estão presentes em eventos significativos: assembléias, escolas, acampamentos, romarias...

3.2.9 Ofertas (de formação e atividades) das áreas ou dioceses

Perguntava-se: Que atividades (mais e menos significativas) a área pastoral ou a diocese oferece aos diferentes tipos de experiências? Citavam-se 5. O quadro que resultou é o seguinte:

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Atividades Inter-Norte Inter-Centro Inter-Leste Inter-Sul Vicariatos TotalRetiros 10 12 15 7 7 51 = 69,8%Formação 10 17 15 8 6 56 = 76,7%E.Juventude 5 3 11 - 2 21 = 28,7%DNJ 8 13 11 9 6 48 = 65,7%E.mais amplos 8 12 11 6 4 41 = 56,1%

Embora todos os dados sejam significativos, é necessário comentar o item das Escolas da Juventude. As “Escolas da Juventude” são e foram uma experiência de formação em três ou mais etapas que, historicamente, funcionaram em muitas dioceses do Sul 3, inclusive em quatro dioceses que não responderam ao questionário. Era uma das razões porque nossa análise falava de silêncios “truculentos”. Mesmo que não sejam 21 as foranias que oferecem ou ofereceram “Escolas da Juventude”, 21 delas se valeram delas. Não se fala disso por que?

3.2.10 Investir em quê?

Perguntava-se: O que você considera mais importante, por parte da Igreja, na evangelização da juventude na diocese ou área pastoral? (entre as 7 propostas escolha duas). Falava-se de (1) formação, (2) ajuda financeira, (3) preparo de agentes, (4) ajuda aos jovens a se organizarem, (5) deixar como está, (6) liberar adultos e jovens, (7) cada experiência deve ver isso5. Eis o resultado:

Assunto I.Centro I. Leste I.Norte I.Sul Vicariatos Total1. 8 10 9 5 5 372. 3 3 1 63. 15 10 9 1 3 384. 18 8 6 12 4 485. 1 16. 5 1 2 8 2 227. 1 1

As respostas não deixam de impressionar porque parecem, estranhamente, os gritos que se ouve, lidando com os grupos de jovens. Ficam evidentes as três importâncias, mas a que mais deveria chamar a atenção é apoiar e ajudar os próprios jovens a se organizarem. O documento 85 da CNBB afirma que uma boa organização é uma verdadeira escola de educação na fé; além disso, a organização é o único instrumento concreto para a formação de protagonistas, de pessoas empoderadas e com autonomia, termos que parecem assustar a atual conjuntura eclesiástica. A organização não pode ser para os/as jovens, mas de jovens, acompanhados e não “controlados” nem monitorados por adultos/as.

3.2.11 O Setor

5A pergunta era: O que você considera como mais importante, por parte da Igreja, na evangelização da juventude na diocese ou na área pastoral?: 11.1 investir na formação; 11.2 investir com mais ajuda financeira; 11.3 preparar e apoiar agentes que tenham vocação para este serviço; 11.4 apoiar e ajudar os próprios jovens a se organizarem; 11.5 deixar como está; 11.6 liberar (dar condições) para adultos e jovens para o serviço da evangelização da juventude; 11.7 cada experiência deve resolver isso.

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Havia duas perguntas sobre o Setor. a) Se o “Setor Juventude” estiver organizado na sua diocese, como ele está organizado? Se “sim”, descreva-o em poucas palavras. b) Para que o Setor Juventude (na diocese) funcione é importante: que haja um responsável nomeado; que haja um responsável jovem eleito pelos jovens e reconhecido pela igreja; que haja um grupo representativo fixo de jovens, junto com um(a) adulto(a); que haja um grupo representativo das experiências, com tempo determinado, indicado pelas experiências.

A. Inter- Norte: A diocese de Erexim diz não ter Setor, e na conversa com o clero e outros responsáveis, não deixou entrever algo nesse sentido, mas expressava-se a preocupação com a melhoria da a evangelização da juventude. Na diocese de Frederico, vive-se o processo de organização do Setor. Insistem na organização da Pastoral do Adolescente. Realizaram um encontro para estudar o documento 85 e o Setor. No dia 30 de outubro realizar-se-ia uma Jornada da Juventude. A diocese de Passo Fundo foge da pergunta. A diocese de Vacaria informa que há uma coordenação formada por dois jovens de cada grupo existente, um grupo de assessores e dois representantes da Catequese Crismal.

B. Nos Vicariatos o discurso de Guaíba diz que está-se organizando. Os outros vicariatos não se pronunciam.

C. No Inter-Sul, em Rio Grande diz-se que isso é coisa para o “centro”, mas outro fala que tem reuniões periódicas com os coordenadores de cada movimento, também com a Pastoral da Juventude. Importante a Jornada Diocesana da Juventude. Bagé diz, simplesmente, que não há Setor.

D. No Inter-Leste, a começar por Osório, percebe-se bastante desintegração.Mas realizaram-se vários encontros, discutindo a evangelização e também o Setor, com o bispo presente e tudo o mais. Interesse. Porto Alegre concorda com a necessidade do Setor. Caxias se resume em dizer que o Setor existe e que o DNJ é realização do Setor.

E. No Inter-Centro, S.Cruz do Sul quase não comenta o assunto, mas dizem que está em fase de construção e articulação.O mesmo diz a diocese de Uruguaiana. Aparentemente, mais entusiasmada é Santo Ângelo. Reuniões bimensais com 11 experiências. Cruz Alta até fala de coordenação.

B. As respostas para a segunda questão foram as seguintes (veja-se a pergunta):

1. que haja um responsável nomeado: 27 = 31,3%; 2. que haja um responsável jovem eleito pelos jovens e reconhecido pela igreja: 20 = 23,2%; 3. que haja um grupo representativo fixo de jovens, junto com um(a) adulto(a): 23 = 26,7%;4. que haja um grupo representativo das experiências, com tempo determinado, indicado pelas experiências: 16 = 18,6%.

Qualquer leitura destas respostas é um atrevimento. Pode-se perguntar, contudo: o que significaria que haja um responsável nomeado, a resposta mais intensa? Estar-se-ia longe da verdade se se dissesse que se espera uma solução de cima? E por que seria tão importante um responsável nomeado? A segunda resposta mais forte diz que haja um grupo representativo fixo de jovens, junto com um(a) adulto(a). Resposta democrática, dentro da pedagogia da presença do/a assessor/a? Parece ser uma atitude eclesiástica bastante comum. A terceira resposta, em quantidade, é aparentemente a mais “juvenil”, mas a concentração se dá, novamente, não no coletivo, mas numa pessoa. A quarta resposta, o

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que poderia dizer ou deixar a entender? Seria demais se se dissesse que não se confia nas experiências? São, contudo divagações, mas retrata o espírito reinante nas respostas.

3.2.12 Curiosidades

Perguntava-se: Para se ter uma informação sobre as diversas experiências existentes de evangelização da juventude (não citando o doc. 85 da CNBB, quais seriam as três obras (livros, subsídio...) das experiências, mais significativas a serem consideradas?

a) A questão era simples. Poder-se-ia esperar 219 sugestões de livros e subsídios, mesmo que alguns repetidos. O que temos, contudo, são apenas 23 títulos, nove repetidos; b) todos os títulos que sentiram o faro, de fato, da evangelização da juventude através das diversas experiências existentes, são poucos. Mais: só a Associação Juvenil Salesiana traz quatro vezes o Itinerário da AJS. Nada de outro movimento. Obras, diretamente da Pastoral da Juventude, aparecem onze; c) Obras oficiais da Igreja Latino-Americana citadas são Medellin, Puebla, Santo Domingo (não se cita Aparecida), Civilização do Amor (aparece duas vezes), o Marco Referencial da PJ/RS (aparece 05 vezes). Aparecem, igualmente, o Marco Referencial da PJE bem como o Marco Referencial da PJ (2 vezes); d) Revistas citadas são o Jornal Mundo Jovem ( 3 vezes),a Revista Missão Jovem (2 vezes) e a Revista Rainha (2 vezes); e) autores de livros que tratam diretamente sobre evangelização da juventude e que são citados são Jorge Boran, Hilário Dick, J. Batista Libânio e Dom Dadeus; f) Obras didáticas que aparecem são Grupos de jovens e vocacionais e Na trilha do grupo de jovens.

Apesar de que o que aí vai ter seu valor e seu peso, não se pode negar uma pobreza inesperada. O mais dramático, contudo, é que das 73 foranias, 40 não enviaram nenhuma sugestão, isto é, 54,7% não citaram uma só obra ou subsídio. Estamos frente a uma ignorância que assusta. A desculpa poderia ser que os respondentes não trabalham com evangelização da juventude? Outro sintoma que é preciso recordar é o silêncio quase total dos movimentos com relação à bibliografia mínima. Ou só a Bíblia basta ou se guardam os segredos só para os iniciados. Isso facilita o objetivo que um trabalho mais conjunto que o Setor sonha?

Perguntava-se, igualmente: Você recomendaria pessoas adultas para acompanhar/assessorar (em sua área pastoral) grupos de jovens? Estamos, novamente, diante de outro dado sintomático: 44 foranias não deram nenhum nome. Das 13 Dioceses e 4 Vicariatos deram nomes: Caxias: Ruth Stumm, Padre Sérgio, Ir. Priscila Pasinato; Cruz Alta: Frei Júlio Cezar Ribeiro; Santa Cruz: Mara Rejane, Padre Ronaldo M da Silva, Ir. Vinicius Tenedin, Angela Oliveira, José Queiroz, Maria Elusa da Silva; Santo Angelo: Lucas S. de Oliveira, Cristian Daniel Vogel, Fernando Nonnemacher; Bagé: Everton Machado Correa, Ir. Lilian Dal Santo, Frei Wilson Zanatta, Ederson Coitinho e Erexim: Eliane Jacinto, Verônica Copini, P. Lucas Golfetto.

Conclusões?

1. Dizíamos, no começo de nosso estudo, que ele seria não só bonito nem só feio, mas que seria como a realidade: bonito e feio. Cremos ser uma verdade. Chegando à conclusão dos dados que nos foram oferecidos, em primeiro lugar, temos que agradecer o que as respostas conseguiram dizer. Pena que nem todas as dioceses responderam; teria dado uma visão mais

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completa, apesar de a percentagem do recebido ser suficiente para dizer que estamos ante dados com os quais não se pode brincar. Confessamos que os maiores “sustos” vieram de onde não esperávamos... Citaríamos a ausência da memória histórica, a pobreza do conhecimento bibliográfico, a falta de estudo sobre juventude, os silêncios de informes, a falta de transparência, a paulada daquilo que chamamos de “curiosidades”.

2. Prosseguimos crendo que, no trabalho com a juventude, é fundamental saber perceber o que está emergindo. Aqui procuramos perceber não tanto o emergir, mas o “ver” como está a evangelização da juventude na Igreja do Sul 3. O questionário enviado às foranias através das dioceses, sob a supervisão dos encarregados do Setor da Juventude do Sul 3, procurou cumprir sua missão com muita dedicação e esforço. Se faltaram respostas, sempre há desculpas, mesmo que elas não sejam proferidas. Assim como há delicadezas, há truculências; assim como há vontade de ajudar, há também o gosto estranho de estragar a festa; assim como há abertura, vontade de caminhar juntos, há evidentes faltas de transparência, autoritarismos, fechamentos – talvez descrença em vez de encantamento.

3. Com relação à evangelização da juventude a Igreja do Sul 3, além de outros aspectos, a Igreja não está em paz. As respostas revelaram o que já denominamos de “bolsões raivosos”. Estes “bolsões” significam agressões, omissões, vontade de esconder dados, falta de transparência, truculências com lideranças (jovens e adultos), autoritarismo e outros gestos. Muito mais questão de adultos (inclusive de autoridades) do que de jovens. Muitas vezes um discurso de pura rejeição. Até rejeição de querer saber, realmente, a diferença. Ausência de vontade de diálogo. Falta de estudo. São “bolsões” onde o próprio estudo ou aceitação do “documento 85” não repercute. Não repercute porque, no fundo, reconhece que – para ser como Igreja – deveria caminhar diferente, ter outra pedagogia, ter outras crenças, ter outro olhar para a juventude. Diz-se que se faz o que lá vai afirmado, mas sabem que não é verdade. Parece, até, por vezes, que alguns pastores aprovaram o que não queriam ter aprovado... Não passa na cabeça de adultos (padres e hierarquias) que o Espírito Santo também trabalha na juventude.

4. Os “bolsões raivosos” têm dificuldade de se encontrar com os “bolsões críticos”. Os “bolsões críticos” se encarnam numa juventude que procura aprender a vivenciar o poder que mora nelas, o empoderamento, a autonomia e, por isso, é critica, não aceita de cabeça baixa, não é submissa, erra no relacionamento, se revolta, abre a boca mas, por outro lado, procura ler, articular-se, sente falta de apoio, sente-se não acolhida etc. Por um lado, são lideranças muito jovens, na maioria ainda na adolescência, mas por outro lado, também, os “bolsões críticos” são formados por adultos, descaradamente rejeitados porque sabem discutir “evangelização da juventude”, “juventude”, “pedagogia”, escrevem, são transparentes, não se deixam “amedrontar”, sabem que estão em outro cenário de Igreja, sabem que um tempo foram hegemonia e nem sempre puderam valer-se disso da melhor forma, mas também percebe que a hegemonia que, atualmente, está vicejando é profundamente autoritária, centralizadora, carregada de economias interessadas. Estes “bolsões” revoltam-se com a manipulação, com o desprezo à Teologia da Libertação, com a criminalização das pastorais sociais, com a valorização dos eventos e não dos processos, com a falta de profecia, com o esquecimento do pobre etc. As críticas recebidas não são de “argumento”, são de “autoridade”. Enfim, o ambiente é de um conflito profundo.

5. Falar de “Setor da Juventude”, neste contexto, tanto em nível regional como diocesano, é muito complicado. Parece que, tanto em nível nacional como em regional, o “Setor” quer ser introduzido a “toque de caixa”, de cima para baixo, sem levar em consideração a realidade, sem respeitar o que há etc. O quadro da realidade dos grupos de jovens que a pesquisa

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revelou, vai incomodar muito (e corre o risco de ser puramente desacreditado). Nem se chega a perguntar se, neste contexto, se o setor é a solução. Ter que admitir que a hegemonia, em grupos, ainda está no “outro lado”, do lado dos quais não se gosta porque ainda acreditam em fé comprometida com a realidade, em fé que se traduz em romarias não só padroeiras, mas de problemas do povo, etc. Dar-se conta que o problema não é o “setor”, como tal, mas a forma como se leva o Setor, não é fácil. Dar-se conta que a maneira como o próprio Setor está sendo experienciado não tem quase nada a ver com a proposta do Documento 85, exige muita humildade. Quem vai reconhecer que o estudo da juventude é realmente uma lacuna no clero, nos adultos, nos movimentos e nas próprias pastorai? Que fundamentos poderá ter, assim, qualquer Setor da Juventude? A pergunta que fica engasgada em todos os dados que vimos refere-se, enfim, ao encanto com a juventude.

6. A falta de encanto relaciona-se, também, à falta de memória: em nosso caso, da memória da própria caminhada da Igreja, do Sul 3, já feito com a juventude. Caminhada linda. Por isso a questão que fizemos, na leitura, de chamar certa atenção ao que acontecia no ano 2000, ao aparente esquecimento de algo muito concreto que foram e são as, por exemplo, as Escolas de Juventude, o que foi, durante 30 anos, uma obra da Igreja do Sul 3, como foi o Instituto de Pastoral da Juventude, com tudo que significou em formação, assessoria e pesquisa. São exemplos que precisam ser recordados porque não se pode negar que há um “trator” com vontade de enterrar tudo isso. Não se trata de olhar simplesmente para trás, mas de aprender do passado. O que parece estar ameaçando é a vontade de enterrar uma memória que não se deixa enterrar. Pode-se silenciar, mas não matar. E isso se relaciona com maus tratos à experiência que saiu e sai das entranhas mais profundas da Igreja comunidade, sem a intermediação de “fundadores”, mas que é simplesmente a vontade doida de ser comunitário, coletivo, participativo, autônomo, organizado (e não comandado), acompanhado (e não controlado), cuidado (e não vigiado).

7. Caminhos de solução que brotam no meio desta pesquisa encontramos – os parece - quando se perguntava O que você considera como mais importante, por parte da Igreja, na evangelização da juventude na diocese ou na área pastoral)? 1) investir na formação; 2) investir com mais ajuda financeira; 3) preparar e apoiar agentes que tenham vocação para este serviço; 4) apoiar e ajudar os próprios jovens a se organizarem; 5) deixar como está; 6) liberar (dar condições) para adultos e jovens para o serviço da evangelização da juventude; 7) cada experiência deve resolver isso. As respostas são profundamente significativas. Todos se lembram que a afirmação mais forte, contudo, é apoiar e ajudar os próprios jovens a se organizarem. A Igreja do Sul, no serviço da evangelização da juventude, precisa viver uma grande reconciliação. Os “bolsões raivosos” precisam ser exterminados. O problema não são os jovens; o problema é o todo, provocado por adultos e “autoridades” sejam elas pastorais, teológicas ou ideológicas. O desafio é a falta de estudo sobre juventude e evangelização; a falta de curiosidade científica sobre juventude; a falta de interesse. A juventude deixou de ser uma “causa”: não há investimento, não há tempo, não há acolhida. Parece, até, que se perdeu, na Igreja, em suas diversas expressões, a paciência de ser mãe e educadora. O perigo é querer refugiar-se no investimento na adolescência.

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ANEXO 1: PROJETO DE PESQUISA:

EVANGELIZAÇÃO DA JUVENTUDE NO RIO GRANDE DO SUL – CNBB SUL 3

OBJETIVOSOs objetivos da pesquisa são:

a) Mapear (2011) as principais experiências da evangelização da juventude nas 18 dioceses da Igreja Católica do Rio Grande do Sul com uma rápida descrição delas, suas atividades e sua significação numérica;

b) Perceber as ânsias da realidade eclesial com relação ao anúncio da Boa Nova para a realidade juvenil;

c) Descrever instituições que se destacaram e destacam no campo da evangelização da juventude;

d) Oferecer elementos de reflexão para a implantação de um serviço que responda mais aos anseios da Juventude.

METODOLOGIAA metodologia a ser usada traduzir-se-á:

a) Num levantamento sintético da realidade juvenil no Rio Grande do Sul bem como da história da evangelização junto aos jovens neste Regional, levando em conta a realidade de cada área pastoral (forania...). Os “vicariatos” serão considerados como “dioceses”. A sede da diocese ou “vicariato” são considerados, também, como áreas pastorais;

b) A aplicação e a leitura de um questionário a ser aplicado em todas as dioceses, no seu todo bem como em todas as áreas pastorais (foranias) das 18 dioceses e “vicariatos”.

c) Recolhimento de documentos significativos das dioceses com relação ao trabalho com a juventude, considerando as diferentes experiências. Servirão para a leitura dos dados;

d) A aplicação dos questionários será encaminhada em cada diocese (vicariato) pelo Coordenador de Pastoral em combinação com responsáveis da CNBB Regional, tendo-se em conta agentes informados sobre a evangelização da juventude.

RECURSOSOs recursos materiais (questionários, viagens, publicação) bem como os recursos humanos a serem usados deverão provir da CNBB. O levantamento é da responsabilidade do Setor Jovem do Sul 3, auxiliado pelo Observatório Juvenil do Vale – UNISINOS, entidade que ficará encarregada de acompanhar a aplicação do questionário adotado e realizar a leitura dos dados conseguidos.

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ANEXO 2: QUESTIONÁRIO

I. IDENTIFICAÇÃO

1. Diocese (Vicariato):_________________________________________

2. Área Pastoral:_____________________________________________

3. Nome e endereço de quem responderam (telefone e email):

Nome: ________________________________________________________Telefone: _______________________________Email: __________________________________

II. INFORMES:

4. As experiências de evangelização da juventude existentes na sua área pastoral são:4.1 CLJ ( ) sim; ( ) não. Se “sim”, quantos grupos na área? R.:___________________

4.2 EMAÚS ( ) sim; ( ) não. Se “sim” quantos grupos na área? R.:____________

4.3. GRUPOS DA PASTORAL DA JUVENTUDE (grupos de base) ( ) sim; ( ) não. Se “sim”, quantos grupos na área? R.: _______________________

4.4 RCC ( ) sim; ( ) não. Se “sim”, quantos grupos na área? R:______________

4.5 Grupos de jovens não articulados (sem relação com alguma experiência em nível mais amplo) ( ) sim; ( ) não. Se “sim”, quantos grupos? R.:____________ _____

4.6 PJE. ( ) sim; ( ) não. Se “sim”, quantos grupos? R.:___________ ______

4.7 PJR ( ) sim; ( ) não. Se “sim” quantos grupos? R.: _______

4.8 CURSILHO JOVEM. ( ) sim; ( ) não. Se “sim”, quantos? R.: ____________

4.9 CENÁCULO DE MARIA. ( ) sim; ( ) não. Se “sim”, quantos? R.: __________

4.10 Outra experiência . Se “sim”, qual o seu nome? __________________________Quantos grupos? R.:______

4.11 Outra experiência. Se “sim”, qual o seu nome? ___________________________Quantos grupos? R.: _______

4.12 Grupos de jovens de igreja, sem nome, mas que se reúnem com certa freqüência: ( ) sim; ( ) não. Se “sim”, quantos grupos? R.: ______

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4.13 Grupos de estudantes (de colégios de religiosos/as ou não)? ( ) sim; ( ) não. Se “sim”, quantos grupos? R.: _______________

4.14 Outras experiências de grupos de jovens?4.14.1 Se “sim”, qual é o nome delas? R.: ____________4.14.2 Estas experiências, no seu todo, tem quantos grupos? R.: _________________

4.15 Quais as Congregações Religiosas que trabalham com educação na sua diocese? 4.15.1 _________________________________________________________________

4.15.2 ________________________________________________________________

III. ATIVIDADES

5. Além das atividades comuns (reuniões, assembléias...) que atividades estes grupos desenvolvem? (Faça rápida descrição) R.:__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6. Que atividades ( mais ou menos significativas) a área pastoral ou a diocese oferece aos diferentes tipos de experiências? 6.1 Retiros? ( ) sim; ( ) não;6.2 Dias de formação (encontros de final de semana)? ( ) sim; ( ) não;6.3 Escola da Juventude? ( ) sim; ( ) não;6.4 Participação no Dia Nacional da Juventude? ( ) sim; ( ) não;6.5 Participação em eventos mais amplos da experiência? ( ) sim; ( ) não;

7. Há, na diocese, ou na área pastoral, alguma instituição dedicada especificamente à evangelização da Juventude? ( ) sim; ( ) não. Se “sim”, qual o seu nome? _______________________________________________________________

8. Há alguma atividade (que não seja a Crisma), na diocese ou na área pastoral, que envolva as diferentes experiências ou tipos de grupos de jovens? ( ) sim; ( ) não. Se “sim”, que tipo de atividade? R.: ________________________________________________________________

9. Há, na diocese ou na área pastoral, algum agente pastoral (padre, irmã, leigo/a) encarregado/a, de modo especial, pela evangelização da juventude no seu todo? ( ) sim; ( ) não. Se “sim”, qual o seu nome e endereço? R.: Nome:_________________________________________________________

Endereço (fone e email): _________________________________________________

10. Se o “Setor Juventude” estiver organizado na sua diocese, como ele está organizado? Se “sim”, descreva-o em poucas palavras.

R. _____________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

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11. O que você considera como mais importante, por parte da Igreja, na evangelização da juventude na diocese ou na área pastoral? (entre as propostas, escolha duas):

( ) 11.1 investir na formação; ( ) 11.2 investir com mais ajuda financeira;( ) 11.3 preparar e apoiar agentes que tenham vocação para este serviço;( ) 11.4 apoiar e ajudar os próprios jovens a se organizarem;( ) 11.5 deixar como está;( ) 11.6 liberar (dar condições) para adultos e jovens para o serviço da evangelização da juventude;( ) 11.7 cada experiência deve resolver isso.

12. Para que o Setor Juventude (na diocese) funcione é importante:( ) 12.1 que haja um responsável nomeado;( ) 12.2 que haja um responsável jovem eleito pelos jovens e reconhecido pela igreja;( ) 12.3 que haja um grupo representativo fixo de jovens, junto com um(a) adulto(a);( ) 12.4 que haja um grupo representativo das experiências, com tempo determinado, indicado pelas experiências.

13. Para se ter uma informação boa sobre as diversas experiências existentes de evangelização da juventude (não citando o documento 85 da CNBB – Evangelização da Juventude – desafios e perspectivas pastorais), quais seriam três obras (livros, subsídio...), das experiências, mais significativas a serem consideradas?

13.1 ________________________________________________________________

13.2

14. Você recomendaria pessoas adultas para acompanhar/assessorar (em sua área pastoral) grupos de jovens?

Nome: _________________________________________________________E-mail: _________________________________________Telefone: ______________________________________

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