Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

28
SETÚBAL JORNAL MUNICIPAL. janeiro | fevereiro | março 2014.ano 14.n.º51 pág. 8 Município intensifica relações internacionais págs. 4 e 5 À descoberta do ambiente pág. 22 Semente de bem-estar Alojamento especial Hortas levam campo à cidade Exercício testa resposta a sismo págs. 10 e 11 págs. 14 e 15 Operação recupera património Autarquia avança com obras na Casa das Quatro Cabeças Cheira bem na praça Expoente do Sado Concelho é o 13.º mais atrativo do País pág. 24 págs. 6 e 7

description

Edição de janeiro, fevereiro e março de 2014 do Jornal Municipal de Setúbal

Transcript of Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

Page 1: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

SETÚBALJORNAL MUNICIPAL.janeiro | fevereiro | março 2014.ano 14.n.º 51

pág. 8Município intensifica relações internacionais

págs. 4 e 5

À descoberta do ambiente

pág. 22

Semente de bem-estarAlojamento especialHortas levam campo à cidadeExercício testa resposta a sismo

págs. 10 e 11 págs. 14 e 15

Operação recupera patrimónioAutarquia avança com obras na Casa das Quatro Cabeças

Cheira bem na praça

Expoente do Sado

Concelho é o 13.º mais atrativo do País

pág. 24

págs. 6 e 7

Page 2: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

2SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

Setúbal - Jornal Municipal

Propriedade:

Câmara Municipal de Setúbal

Diretora: Maria das Dores Meira,

Presidente da CMS

Edição: DICI/Divisão de Comunicação

e Imagem

Coordenação Geral: Sérgio Mateus

Coordenação de Redação: João Monteiro

Redação: Hugo Martins, Marco Silva,

Susana Manteigas

Fotografia: Mário Peneque, José Luís Costa

Paginação: Humberto Ferreira

Impressão: Daniel & Lino, Lda.

Redação: DICI - Câmara Municipal

de Setúbal, Paços do Concelho,

Praça de Bocage, 2901-866 Setúbal

Telefone: 265 541 500

E-mail: [email protected]

Tiragem: 15.000 exemplares

Distribuição Gratuita

Depósito Legal N.º 183262/02

Sugestões e informações dirigidas a este jornalpodem ser enviadas ao cuidado da redaçãopara o endereço indicado nesta ficha técnica.

informações úteis

sumário

edit

oria

l

CâMARA MUNICIPAL

Paços do ConcelhoPraça de Bocage265 541 500 | 808 200 717 (linha azul)Gabinete da Presidê[email protected] de Administração Gerale Finanças | [email protected] da Participação Cidadã[email protected]

Edifício do Banco de PortugalRua do Regimento de Infantaria 11, n.º 7265 545 180Departamento de Cultura, Educação,Desporto, Juventude e Inclusão SocialDepartamento de Recursos Humanos

Edifício SadoRua Acácio Barradas, 27-29265 537 000Departamento de Ambiente e Atividades Econó[email protected] de Obras [email protected] de Urbanismo

Gabinete de Apoio ao ConsumidorMercado do Livramento, 1.º andar265 545 390

Gabinete de Apoio ao EmpresárioAv. Belo Horizonte– Escarpas de Santos Nicolau265 545 [email protected]

SEI – Setúbal, Etnias e ImigraçãoRua Amílcar Cabral, 4-6265 545 177 | Fax: 265 545 [email protected]

Gabinete da JuventudeCasa da CulturaRua Detrás da Guarda, 28265 236 [email protected]

TURISMO

Casa da Baía de SetúbalCentro de Promoção TurísticaAv. Luísa Todi, 468265 545 010 | 915 174 442

Posto Municipal de Turismo - AzeitãoPraça da República, 47212 180 729

Loja municipal “Coisas de Setúbal”Praça de Bocage – Paços do [email protected]

ESPAçOS CULTURAIS

Biblioteca Pública MunicipalServiços CentraisAv. Luísa Todi, 188265 537 240

Polo da Bela VistaRua do Moinho, 5265 751 003

Polo Gâmbia, Pontes e Alto da GuerraEstrada Nacional 10, Pontes265 706 833

Polo de S. JuliãoPct. Ilha da Madeira (à Av. de Angola)265 552 210

Polo Sebastião da GamaRua de Lisboa, 11, V. Nogueira Azeitão212 188 398

Fórum Municipal Luísa TodiAv. Luísa Todi, 61-67265 522 127

Casa da CulturaRua Detrás da Guarda, 28265 236 168

Museu de Setúbal/Convento de JesusExposição de longa duraçãoAvenida Luísa Todi, 119265 537 890

Museu do Trabalho Michel GiacomettiLg. Defensores da República265 537 880

Casa BocageArquivo Fotográfico Américo RibeiroRua Edmond Bartissol, 12265 229 255

Museu Sebastião da GamaRua de Lisboa, 11Vila Nogueira de Azeitão212 188 399

Casa do Corpo SantoMuseu do BarrocoRua do Corpo Santo, 7265 534 402

Cinema Charlot – Auditório MunicipalRua Dr. António Manuel Gamito265 522 446

EqUIPAMENTOSDESPORTIVOS

Complexo Piscinas das ManteigadasVia Cabeço da Bolota265 729 600

Piscina Municipal das PalmeirasAv. Independência das Colónias265 542 590

Piscina Municipal de AzeitãoRua Dr. Agostinho Machado Faria212 199 540

Complexo Municipal de AtletismoEstrada Vale da Rosa265 793 980

Pavilhão Municipal das ManteigadasVia Cabeço da Bolota265 739 890

Pavilhão João dos SantosRua Batalha do Viso265 573 212

UTILIDADE PÚBLICA

Loja do CidadãoAv. Bento Gonçalves, 30 – D265 550 200Balcão CMS: 265 550 228/29/30

Piquete de água 265 529 800Piquete de gás 800 273 030Eletricidade 800 505 505

URGêNCIAS

SOS 112Intoxicações217 950 143SOS Criança808 242 400Linha Saúde 24808 242 424Hospital S. Bernardo265 549 000Hospital Ortopédico do Outão265 543 900Companhia Bombeiros Sapadores265 522 122Linha Verde CBSS800 212 216Bombeiros Voluntários de Setúbal265 538 090Proteção Civil265 739 330Proteção à Floresta117Capitania do Porto de Setúbal265 548 270Comissão Proteção Criançase Jovens de Setúbal265 550 600PSP265 522 018GNR265 522 022

SETÚBALJORNAL MUNICIPAL.janeiro | fevereiro | março 2014.ano 14.n.º 51

pág. 8

Município intensifica relações internacionais

págs. 4 e 5

À descoberta do ambiente

pág. 22

Semente de bem-estar

Alojamento especialHortas levam campo à cidade

Exercício testa resposta a sismo

págs. 10 e 11

págs. 14 e 15

Operação recupera património

Autarquia avança com obras na Casa das Quatro Cabeças

Cheira bem na praça

Expoente do Sado

Concelho é o 13.º mais

atrativo do País

pág. 24

págs. 6 e 7

4 PRIMEIRO PLANO A recuperação e reconversão da Casa das quatro Cabeças é um dos principais projetos de Setúbal para 2014. A Autarquia decidiu inverter o processo de degradação do imóvel de interesse municipal.6 LOCAL O 13.º município português mais atrativo em termos de investimento, turismo e qualidade de vida é, segundo um estudo inédito, Setúbal. Um concelho que se afirma como capital da Margem Norte do Sado.10 ESPECIAL Um exercício de dois dias sem precedentes em Portugal testou a capacidade de resposta a um sismo, em particular o acantonamento de desalojados. O Setlog 2014 cumpriu com nota máxima.12 SEGURANÇA A ligação do Centro Municipal de Operações de Socorro à rede SIRESP foi apresentada nos 228 anos dos Sapadores. Os Voluntários preparam um Centro Internacional de Gestão de Emergência.13 TURISMO Aulas de cozinha ao vivo com pratos de polvo e de choco animaram os mercados municipais e ajudaram a esclarecer dúvidas. O choco esteve ainda em evidência em novo festival gastronómico.14 PLANO CENTRAL As Hortas Urbanas de Setúbal, a funcionar há menos de um ano nos viveiros das Amoreiras, já dão resultados visíveis. As produções ajudam em tempo de crise e servem para ocupar o tempo.16 CULTURA O Concurso de Fado Amador apanhou de surpresa o vencedor, um sintrense de 24 anos. O Fórum Luísa Todi continua a dar espetáculo e a Casa da Cultura recebe artistas como o ilustrador José Ruy.19 AMBIENTE O investimento municipal na defesa e proteção da Arrábida é um forte aliado do processo de candidatura da serra a património mundial da humanidade. A cidade está também atenta à higiene urbana.20 FREGUESIA Uma intervenção está a requalificar o Bairro Humberto Delgado, em S. Sebastião, enquanto um arranjo vai beneficiar a quinta da Serralheira, no Alto da Guerra. Azeitão tem uma deusa do vinho.21 DESPORTO Os Jogos de Sado estão de volta, com a 12.ª edição, que conta com diversas novidades, com uma descida do rio em canoagem e ténis em cadeira de rodas. A tocha da Peace Run passou por Setúbal.22 EDUCAÇÃO Três hectares da Escola Secundária D. Manuel Martins são um bosque com um percurso interpretativo para crianças do pré-escolar e 1.º ciclo. Os mais pequenos estiveram animados no Carnaval.23 ACADEMIA O primeiro BlackBerry Tech Center português, espaço aberto à criatividade, funciona na Escola Superior de Tecnologia. Um aluno do mesmo estabelecimento criou uma trotineta elétrica inovadora.24 RETRATOS Um pequeno jardim de ervas aromáticas perfuma o Mercado do Livramento. A banca de Adriana Ganhão tem os temperos para a mais exigente das cozinhas e as plantas que ajudam a curar maleitas.25 INICIATIVA A Universidade Sénior de Setúbal, com sede nova no Parque do Bonfim, contribui para novos focos de interesse de quem tem a experiência da idade. Ao todo são 320 alunos, com idades dos 50 aos 90 anos.26 MEMÓRIA Setúbal já foi um dos mais importantes centros de produção e exportação de sal de toda a Europa. E é a terra onde nasceu Oceana Zarco, uma ciclista que é um exemplo de emancipação feminina.28 PLANO SEGUINTE O programa m@rço.28 tem no Concurso de Bandas de Garagem e na Meia Maratona Fotográfica os principais eventos. Os 40 anos da Revolução dos Cravos são celebrados com muita atividade.

Page 3: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

3SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

edit

oria

lEm março de 2013 escrevi nesta página, pouco depois de ter sido conhecida uma deliberação da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) que reconhecia, a pedido da Câmara Municipal, a falta de rigor de um “estudo” da revista Proteste sobre a qualidade de vida nas cidades portuguesas e no qual Setúbal surgia em último lugar numa duvidosa classificação que resultava apenas de pouco mais de 150 inquéritos, que era frequente perguntarem-me se éramos ou não a terceira cidade do País.Na reflexão que então fiz, concluía que era “difícil saber qual o critério utilizado para atribuir esta, ou outra, posição a Setúbal, se partirmos do pressuposto que Lisboa e o Porto são a primeira e segunda classificadas”. Seria o critério da população? O do contributo para a economia nacional?Continuo a ter a mesma opinião, ainda que, muito recentemente, como damos conta nas páginas deste Jornal Municipal, um estudo realizado por uma consultora independente com base em indicadores estatísticos oficiais e consolidados ter classificado Setúbal, num ranking de atratividade urbana, em primeiro lugar entre os municípios da Península de Setúbal, em quinto lugar no contexto da Área Metropolitana de Lisboa, apenas atrás de Lisboa, Oeiras, Cascais e Sintra, e em 13.º a nível nacional.Ainda que assuma, com toda a clareza, que o nosso objetivo é continuar a subir nestas e noutras classificações como resultado do constante trabalho de modernização de Setúbal, continuarei a responder a quem me colocar a questão sobre qual a nossa posição nas classificações de importância das cidades portuguesas que somos, sem qualquer margem para dúvidas e sob todos os pontos de vista, uma das mais importantes cidades de Portugal. Julgo que, sobre isto, nenhum setubalense terá dúvidas, porque a importância das cidades não se mede apenas em rankings e classificações em que muitas realidades são esquecidas e ocultadas...

A Região de Lisboa só será mais forte e competitiva quando for igualmente mais coesa. O reforço do desenvolvimento da Península de Setúbal é, por isso, essencial para um melhor posicionamento da Área Metropolitana de Lisboa (AML) no quadro das áreas metropolitanas europeias.

Pela nossa parte temos plena consciência do papel e da importância que o concelho de Setúbal tem no reforço do desenvolvimento da Península de Setúbal.Por várias razões...:- Por ser o polo urbano mais autónomo e menos dependente das relações pendulares diárias com a cidade de Lisboa.- Por ser a cidade charneira de articulação da AML com o Litoral Alentejano.- Pelo enorme potencial ambiental e paisagístico da Serra da Arrábida e do Estuário do Sado, que nos confere enormes capacidades turísticas.

- Por ser uma importante cidade portuária cujo porto tem vindo a desenvolver um papel crescente no contexto dos portos nacionais.- Por acolher na Península da Mitrena um conjunto de importantes atividades económicas, algumas delas responsáveis pelos bons resultados das nossas exportações.Por todas estas razões queremos aprofundar, de forma articulada com a estratégia de desenvolvimento regional e com a participação ativa dos diversos agentes económicos e sociais, uma estratégia de desenvolvimento baseada no compromisso entre a vitalidade económica de alguns setores de atividade e a necessidade de aprofundamento da dinâmica cultural e turística, da coesão social e da qualidade de vida.Neste contexto, consideramos centrais alguns objetivos e áreas de atuação que, sendo importantes para o concelho, são também decisivos para o desenvolvimento da região.Desde logo o desenvolvimento da estratégia para o Estuário do Sado e para a Frente Ribeirinha de Setúbal dando continuidade ao excelente trabalho de articulação com a administração portuária. Aqui, dois objetivos que têm clara importância regional.Em primeiro lugar, a instalação de uma plataforma intermodal, ferroviária, rodoviária e fluvial, que intensifique a articulação da Área Metropolitana de Lisboa com o Litoral Alentejano.Depois, o desenvolvimento de atividades náuticas desportivas, de turismo e lazer com a instalação de uma marina, para a qual estão a ser elaborados estudos para encontrar a melhor localização e a viabilidade técnica e económica.O complemento evidente destes dois projetos prende-se com a continuação do processo de reabilitação urbana na frente ribeirinha, com o duplo objetivo de melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes e de atrair atividades económicas, designadamente turísticas, para este território.Outro grande objetivo reside na aposta de tornar Setúbal um território mais competitivo e internacionalizado, pretendendo a Câmara Municipal retomar a proposta do Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa de criação do Parque de Ciência e Tecnologia de Setúbal.Portugal, e a Região de Lisboa em particular, precisam da Península de Setúbal mais desenvolvida, mais competitiva e socialmente mais coesa.O concelho de Setúbal tem, neste processo, responsabilidades acrescidas, não só por ser um inquestionável polo urbano regional, mas também por ser um território charneira e de articulação com uma região mais alargada e polarizada por Lisboa.Portugal e a Região de Lisboa precisam de uma Capital da Margem Norte do Sado que simbolize a força e as capacidades de toda a península mais do que uma imensa margem sul desconhecida que está ali ao lado, mas que é uma eterna desconhecida. Precisam de uma Margem Norte do Sado que jamais será um deserto.

A importância das cidades não se mede aos palmos...

Portugal e a Região de Lisboa precisam de uma Capital

da Margem Norte do Sado que simbolize a força e as

capacidades de toda a península

Presidente da Câmara Municipal de Setúbal

Page 4: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

4SETÚBALjaneiro|fevereiro|março144SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

prim

eiro

plan

o‘quatro

Cabeças’ renasce

no TroinoVida nova para a Casa das Quatro Cabeças. A reabilitação do imóvel

histórico, localizado no Troino, avança em breve, naquele que é um dos grandes investimentos municipais para este ano. Reabilitar para

arrendar é o espírito que fomenta esta operação, integrada na estratégia de revitalização urbana em curso nos centros históricos de Setúbal e Azeitão

uatro figuras esculpidas em pedra espreitam à passagem pela Rua Fran Paxeco. Resistiram ao passar dos anos, à evolução urbana, numa casa deixada ao esquecimento, em que permanecem vestígios da his-tória de Setúbal. E vão continuar, numa nova realidade.A Câmara Municipal prepara-se para dar uma nova vida à Casa das quatro Cabeças, um edifício situa-do no Bairro do Troino, classificado desde 1977 como Imóvel de Inte-resse Municipal. Depois de recupe-rado, este património renasce com um uso habitacional, em regime de arrendamento. O projeto dá continuidade ao tra-balho de reabilitação urbana que a Autarquia tem vindo a desenvolver, nos últimos anos, nas áreas histó-

ricas da cidade. Da beneficiação do espaço público à revitalização de edifícios antigos, com novas fun-ções urbanas, são já várias as ações concretizadas.A Casa da Cultura, criada a partir da recuperação do imóvel no qual funcionou o antigo Círculo Cultural de Setúbal, é um dos exemplos de maior sucesso na revitalização do centro histórico, a par da Casa do Corpo Santo. O Convento de Jesus, com obras em curso, é um dos pon-tos-chave da estratégia municipal.Na área nascente do Troino, depois de complexas operações de reabili-tação urbana executadas no espaço público, incluindo a Praça Teófilo Braga, é a vez de a Casa da quatro Cabeças ser intervencionada entre 2014 e 2015.

A revitalização da Casa das quatro Cabeças, realizada no âmbito de uma estratégia delineada pela Autarquia para a recuperação de edifícios loca-lizados nos centros históricos de Setúbal e Azeitão, é um dos exemplos positivos daquilo que pode ser feito nestas zonas.Através do ARU – Área de Reabilitação Urbana, um programa especial que estimula o potencial de renovação das zonas mais antigas do con-celho, os proprietários de imóveis a necessitar de requalificação podem beneficiar de um conjunto de condições especiais para a execução de obras.A atribuição de benefícios fiscais, sobretudo associados a reduções de impostos e taxas municipais, bem como apoio administrativo são van-

Apoio à reabilitação

qO projeto liderado pela Câmara Municipal surge após a apresenta-ção de uma candidatura ao “Reabi-litar para Arrendar”, programa pro-movido pelo IHRU – Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana que impulsiona, com condições es-peciais, a recuperação de imóveis antigos.Neste contexto, a Autarquia apro-vou, no início de fevereiro, em reunião pública, a contratação de um empréstimo, a conceder pelo IHRU, num montante máximo de 221 mil e 923 euros, até 50 por cen-to do investimento total, a amorti-zar em vinte prestações constantes anuais.Antes do avanço das obras, o Muni-cípio promoveu um estudo geológi-co e geotécnico na Casa das quatro

tagens para quem decida recuperar edifícios nas áreas de reabilitação delimitadas, que, no concelho, são estimadas em mais de um quilómetro quadrado.Esta política de reabilitação urbana, resultante da constatação da degra-dação das condições de habitabilidade e salubridade, da estética e se-gurança dos edifícios no interior das cidades, fomenta a celeridade das iniciativas de reabilitação e promove o investimento de particulares.A aposta na consolidação, reabilitação e valorização da malha urbana existente é uma das prioridades da Autarquia, que, nos últimos anos, tem concretizado uma série de investimentos âncora que impulsionaram a regeneração urbana do centro histórico de Setúbal.

Page 5: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

5SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

Cabeças, conduzido por uma equipa especializada, com operações de perfuração mecânica para recolha de amostras do solo.Esta ação, uma imposição legal e uma medida fundamental para a elaboração do projeto de execução para a reabilitação do imóvel, per-mitiu, nomeadamente, fazer uma avaliação estrutural mais pormeno-rizada no edifício e detetar eventu-ais problemas de caráter geológico existentes na zona.

Proteção patrimonial

O imóvel de três pisos, situado no coração piscatório da antiga vila de Setúbal, faz a esquina da Rua Fran Paxeco com a Travessa do Car-mo. De planta quadrangular e com cunhais bem marcados em cantaria, é um exemplo da construção urbana citadina durante a Idade Moderna.A Casa das quatro Cabeças, utilizada durante largos anos como habitação em forma de arrendamento, nunca teve qualquer tipo de intervenções de manutenção pelos proprietários, situação que conduziu a um severo estado de degradação do imóvel.Com a integridade estrutural com-prometida e em face da inexistência de condições de habitabilidade, a Câmara Municipal decidiu reque-rer, com caráter de urgência, a de-claração de utilidade pública da ex-propriação do imóvel e a respetiva posse administrativa, processo em fase de conclusão.

Muito modificado ao longo dos sé-culos, o edifício mantém as carac-terísticas essenciais das diferentes épocas de construção, nomeada-mente a feição geral dos séculos XVII e XVIII. Os vãos harmonicamente abertos nos alçados são outra das particularidades relevantes.Destaque também para os testemu-nhos considerados manuelinos ao nível do piso térreo, constituídos por elementos arquitetónicos inte-grados no cunhal e no lintel da porta da fachada sul, mais precisamente os quatro bustos esculpidos, um de-les representando um monarca.

Rostos do mistério

A narrativa por trás da Casa das quatro Cabeças é incerta. Ao lon-go dos tempos são várias as teses contadas a propósito do edifício. As versões deixam em aberto o misté-rio do imóvel situado na antiga Rua Direita do Troino.A história mais conhecida entre a população refere-se a um atentado fracassado à vida de D. João II, su-postamente representado numa das cabeças esculpidas nas paredes do edifício, enquanto as restantes cor-respondem aos conspiradores. O episódio ali ocorrido ter-se-á passado em agosto de 1484, duran-te a procissão de Corpo de Deus, quando o rei, avisado do conluio e sabendo que o conspirador se es-condia naquela casa, com o número 44, conseguiu escapar de um tiro.

É esta a história associada às inscri-ções em latim ali visíveis, nas quais se pode ler “Se Deus está connos-co, quem poderá ser contra nós”, no lintel – pedra colocada sobre a ombreira da porta –, e “espero em Deus”, torneando a cabeça de maio-res dimensões que figura na esqui-na do prédio. Vários historiadores apontam ou-tros caminhos. No século XIX, o historiador local Almeida Carvalho

afastou a hipótese de atentado ao colocar a data de construção do edi-fício posterior ao terramoto de 1755, uma vez que a zona do Troino ficou devastada aquando da catástrofe na-tural.Também Manuel Maria Portela, contemporâneo do historiador, desfez a tradição referindo em jor-nais da época que tal episódio teria efetivamente acontecido, mas em Lisboa, tendo como protagonista

outro monarca, D. João IV, e, mais tarde, no século XVII. A própria arquitetura do edifício lança mais incertezas sobre a ver-dadeira história. Numa nota histó-rico-artística publicada no sítio do antigo Instituto de Gestão do Patri-mónio Arquitetónico e Arqueoló-gico é também avançada a hipótese de reaproveitamento de materiais de uma construção setubalense de finais do século XV.

Page 6: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

6SETÚBALjaneiro|fevereiro|março146SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

loca

l

Setúbal aparece no 13.º lugar num estudo inédito, “Portugal City Brand Ranking”, que avaliou e classificou a eficácia dos 308 municípios portu-gueses de acordo com a atratividade nas áreas do investimento, turismo e qualidade de vida.Num Top 25 Nacional, Lisboa apa-rece no primeiro posto e Castelo Branco na 25.ª posição.Posicionado no 13.ª lugar entre os municípios portugueses, Setúbal coloca-se no 14.º posto no que res-peita à área dos negócios, no 24.º a visitar e em 13.º para viver.quanto à análise regional, Setúbal encontra-se em quinto lugar en-tre os 18 municípios de “Lisboa”, ficando em terceiro nos Negócios (Investimento), em sétimo no Vi-sitar (Turismo) e em quinto para Viver (Talento). O ranking do espaço correspon-dente à Área Metropolitana de

Os 25 anos da ordenação episcopal de D. Gilberto Cana-varro dos Reis, bispo diocesano de Setúbal, foram ce-lebrados a 12 de fevereiro, numa eucaristia especial na Igreja Catedral de Santa Maria da Graça, com a presença de bispos de todo o País.Na cerimónia, o bispo de Setúbal, ao destacar a impor-tância de a Igreja ir ao encontro de toda a sociedade, re-alçou que a Diocese de Setúbal, tal como todas as outras, não pode estar fechada sobre ela mesma e deve procurar novos métodos de evangelização centra-dos nas pessoas.Na alocução, D. Gilberto agradeceu a presença da assembleia naquele mo-mento especial, gratidão alargada à presidente da Câmara Municipal, Ma-ria das Dores Meira, que

Um serviço de acompanhamento e de apoio personalizado para consu-midores endividados é dinamizado, gratuitamente, nas instalações do Ninho de Novas Iniciativas Em-presariais, localizado no primeiro andar do Mercado do Livramento, com a próxima sessão no dia 21 de abril.Depois de outros encontros já rea-lizados entre janeiro e março, mu-nícipes e funcionários da Autarquia podem ver esclarecidas questões sobre matérias de gestão de orça-mento familiar e do crédito pesso-al, numa última sessão deste ciclo, a realizar entre as 15h00 e as 17h00.O serviço tem origem num protoco-lo de cooperação celebrado entre a Câmara Municipal e o GEOC – Ga-binete de Orientação ao Endivida-mento dos Consumidores, insti-tuição que resulta de uma parceria entre a Direção-Geral do Consumi-dor e o Instituto Superior de Eco-nomia e Gestão.Integrado na Rede de Apoio ao Con-sumidor Endividado, o serviço pro-cura informar os utentes sobre os direitos e deveres em caso de risco de incumprimento e apoiá-los na análise de propostas apresentadas por instituições de crédito. Através do protocolo celebrado pela Autarquia e o GOEC, os consumi-dores são acompanhados durante as negociações das propostas de crédito e recebem aconselhamento na avaliação da capacidade de endi-vidamento que possuem.Os interessados devem fazer a mar-cação de atendimento até quatro dias úteis antes da sessão junto do Gabinete de Apoio ao Consumidor da Autarquia pelo telefone 265 545 393/0 ou através do endereço de correio [email protected].

Dívidasdispõemde apoioespecial

Bispo celebra jubileu

Município entreos mais atrativos

Um estudo publicado no final de fevereiro

coloca Setúbal na 13.ª posição a nível nacional

entre os municípios mais atrativos. A análise

classificou a eficácia dos concelhos

portugueses de acordo com vários critérios

também esteve no evento. Um dos momentos altos da cerimónia foi a leitura, pelo núncio apostólico em Por-tugal, de uma mensagem enviada pelo Papa Francisco, que congratulou D. Gilberto Canavarro dos Reis pelo jubileu episcopal e elogiou o vasto trabalho dinamizado pelo bispo de Setúbal.D. Gilberto Délio Gonçalves Canavarro dos Reis nas-ceu a 27 de maio de 1940, em Barbadães de Baixo, Vila

Real. Foi ordenado padre em 1963 e bispo em 1989, numa nomeação feita pelo Papa João Paulo II.Lidera a diocese de Setú-bal há mais de 15 anos, à qual chegou a 21 de junho de 1998 para substituir D. Manuel Martins, bispo emérito de Setúbal, que também marcou presen-ça na cerimónia.

Lisboa, a região que obtém melhor desempenho a nível nacional, é liderado por Lisboa, seguindo-se Oeiras, Cascais, Sintra e Setúbal. Em último está o concelho da Moita.O “Portugal City Brand Ranking”, realizado pela primeira vez pela Bloom Consulting, empresa de consultoria que analisa anualmente mais de 220 países em todo o mun-do, pretende mapear e compreen-der a procura de cada investidor, turista e cidadão tendo em linha de conta a atratividade de determina-do município português.O estudo, elaborado com base nos dados estatísticos sobre a econo-mia, o turismo e a demografia, re-colhidos junto do Instituto Nacional de Estatística, da Associação Nacio-nal de Municípios Portugueses e do portal Pordata, permite, com base no desempenho e eficácia da estra-tégia na captação de investidores,

turistas e novos residentes, avaliar a “marca” (“branding”) de cada município. A metodologia do “Bloom Consul-ting Portugal City Brand Ranking” assenta em seis dimensões, embo-ra o estudo agora publicado incida apenas em três – Negócios (Inves-timento), Visitar (Turismo) e Viver (Talento) –, aqueles que se apro-ximam mais da realidade dos 308 municípios portugueses.A medição do desempenho socio-económico dos municípios por-tugueses é feita através de cálculos percentuais nas dimensões Negó-cios (Investimento), Visitar (Turis-mo) e Viver (Talento), tendo como principais indicadores o número de empresas, dormidas e população.Outros indicadores dentro dos três objetivos são os rácios de empre-sas e de dormidas por habitante e o número de habitantes por centros

de saúde e de estabelecimentos de ensino superior por cada 10 mil ha-bitantes.A metodologia da Bloom Consul-ting vai mais longe em termos de objetivos essenciais. Além do fator atrativo nas áreas Negócios, Visi-tar e Viver, indica três dimensões consideradas determinantes para a gestão estratégica de cada muni-cípio. São elas o aumento de orgulho, o aperfeiçoamento da diplomacia pública e o crescimento das ex-portações, não apresentadas neste ranking porque, indica o estudo, não é possível medi-las de forma tangível.A empresa destaca que este é o pri-meiro estudo do género realizado em Portugal baseado exclusiva-mente em critérios objetivos, ou seja, através de dados estatísticos concretos.

O “Ouvir a População, Construir o Futuro”, projeto da Câmara Mu-nicipal que envolve e aproxima os munícipes da gestão autárquica, regressa em abril, numa segunda edição.Executivo, corpo técnico da edili-dade e população local juntam-se num novo périplo pelo concelho, para visitas, reuniões de trabalho e atendimentos personalizados, com o novo ciclo a iniciar-se em S. Sebastião, freguesia visitada entre 28 de abril e 30 de maio.Ouvir as populações, partilhar di-ficuldades e encontrar soluções é

‘Ouvir a População’ de volta ao terreno

o lema do projeto, que ouve os an-seios de cidadãos, autarcas locais, comerciantes, dirigentes associa-tivos e escolares e responsáveis de instituições.A metodologia, adotada no âmbito da filosofia de Município Partici-pado, transversal a todo o traba-lho desenvolvido pela Autarquia, apura com precisão o que pode ser feito em prol do aumento da qua-lidade de vida.O levantamento dos problemas detetados é apresentado, poste-riormente, em encontros públi-cos em cada uma das freguesias.

Page 7: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

7SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

Novas produções artísticas embelezam o es-paço público da cidade. Há máquinas estili-zadas, um graffiti nostálgico, murais pinta-dos e até um golfinho criado a partir de lixo. É o “Arte em Toda Parte”, dinamizado no âm-bito da obra de construção do Alegro Setúbal.O projeto, a decorrer desde o ano passado, é promovido pela Immochan, empresa imo-biliária do grupo Auchan, com o apoio da Autarquia, e tem como principal finalidade sensibilizar a população para a importância da preservação ambiental.Começou em outubro, com a iniciativa “Art

Arte encanta em toda a partein Progress”, na qual street artists portugueses pintaram um conjunto de painéis de tapume que envolve a área de intervenção do futuro centro comercial.Seguiu-se o “Projeto.02”. A partir de duas to-neladas de detritos recolhidos em duas ações de voluntariado para limpeza costeira nasceu “Bisnau”, uma escultura de um golfinho criada por um coletivo de artistas.A obra escultórica, com cinco metros, em ex-posição no Parque Urbano de Albarquel, é composta por 50 quilos de materiais recicla-dos. Foi criada por João Parrinha, Luis de Dios

Setúbal aponta novos desafiosSetúbal deve

afirmar-se como a capital

da Margem Norte do Sado. A estratégia foi

defendida na primeira sessão

de um ciclo de conferências

temáticas. Novos desafios para o

desenvolvimento regional foram

apontados no encontro

mais autónomo e menos dependente das relações pendulares com Lisboa”, constituindo-se como “cidade charneira de articulação da AML com o Litoral Alentejano”.O potencial de riqueza associado à Serra da Arrábida, ao rio Sado e à baía, assim como o porto da cidade e o facto de Setúbal acolher na Península da Mitrena um relevante polo de atividade económica e industrial foram outros argumentos realçados.

Afirmação sustentada

No âmbito da estratégia de afirmação regio-nal, André Martins, ao frisar que a Autarquia tem apostado no desenvolvimento do Estu-ário do Sado e na frente ribeirinha, indicou dois projetos a desenvolver, concretamen-te uma plataforma intermodal, ferroviária, rodoviária e fluvial, e o incremento das ati-vidades náuticas através da criação de uma marina.Enquanto o primeiro projeto permitirá “in-tensificar a articulação da AML com o Litoral Alentejano e o Sul do País”, o segundo, para o qual “estão a ser feitos estudos para encontrar a melhor localização e viabilidade técnica e econó-mica”, deverá focar-se na náutica desportiva, de turismo e de lazer.Tudo para que Setúbal se torne “num território mais competitivo e internacionalizado”, objeti-vo para o qual a Câmara Municipal pretende retomar a proposta do Plano Regional de Or-denamento do Território da Área Metropoli-tana de Lisboa de criação do Parque de Ciên-cia e Tecnologia de Setúbal.A conferência incluiu vários painéis temá-ticos que abordaram questões relacionadas com reindustrialização, atividade portuária, requalificação ribeirinha, aposta na diferen-ciação, turismo local no quadro da região de Lisboa e economia social e políticas de soli-dariedade.

e Xandi Kreuzeder, dos “Skeleton Sea”. O “Arte em Toda a Parte” continuou no início deste ano com o “Art in Motion”, no qual um conjunto de designers portugueses transformou em arte pública três betoneiras.“You are about to be Hypnotinzed!!”, de André Beato, “Watermelon by According to Panda”, de Cátia Tomé, e “Rabonaboca”, de João Dan-tas, são os títulos das intervenções artísticas realizadas nas viaturas.Mais recentemente, uma obra tridimensional de street art, pintada na técnica de graffiti, de grandes dimensões, foi reproduzida no Au-

ditório José Afonso, um trabalho a cargo do artista Sérgio Odeith.O mural, com 20 metros de altura, pintado na empena sul do auditório, localizado no Largo José Afonso, tem por base numa imagem an-tiga do Arquivo Fotográfico Municipal Amé-rico Ribeiro que retrata um menino vende-dor de pássaros.O “Arte em Toda a Parte” tem a finalidade de, durante mais de um ano, apoiar a reali-zação de intervenções artísticas no concelho. Trabalhos produzidos são, posteriormente, integrados na arquitetura do Alegro Setúbal.

“Novos Desafios de Desenvolvimento para a Península de Setúbal” deu o mote ao primeiro encontro do Ciclo de Conferência Semmais, realizado a 7 de março, com a participação de personalidades de diferentes quadrantes so-ciais e económicos da região e do País.A afirmação de Setúbal como a capital da Mar-gem Norte do Sado foi defendida pelo vice-presidente da Autarquia, André Martins, na sessão de abertura da conferência, promo-vida pelo jornal Semmais em parceria com o Município, dinamizada no Fórum Municipal Luísa Todi.“Não se trata de uma simples ideia bairrista, de afirmação da superioridade de Setúbal sobre os restantes concelhos da península, mas sim da afirmação da forte identidade de toda a região,

com vida própria, com cultura forte, com econo-mia vigorosa e com vontade de se afirmar ainda mais.”André Martins sublinhou que a estratégia de desenvolvimento deve passar por um afas-tamento do conceito associado à expressão “margem sul” do Tejo, de uma região depen-dente de Lisboa, para se assumir, antes, com uma identidade própria e como parceira da capital do País.Crítico de uma Área Metropolitana de Lisboa (AML) que “progride a duas velocidades”, o autarca indicou que a realidade atual espelha uma AML “com o mais elevado nível de vida” do País, enquanto a Península de Setúbal “tem o PIB per capita que corresponde a apenas 70 por cento da média nacional”.

O protagonismo a assumir na afirmação da identidade sadina decorre, na ótica de André Martins, do facto de Setúbal “ser o polo urbano

Page 8: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

8SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

A colaboração mútua e a partilha de experiên-cias em projetos de diferentes quadrantes so-ciais e económicos servem de base de trabalho para um acordo de cooperação celebrado, a 14 de fevereiro, entre os municípios de Setúbal e Almendralejo.“Nos últimos anos, não apenas na região da Ex-tremadura, mas como em toda a Espanha, tem persistido uma mentalidade errada, que ignora as potencialidades de um país tão próximo como Portugal. Julgo que isso está para mudar”, su-blinhou o presidente do município espanhol,

O embaixador da Índia em Portugal, Jitendra Nath Misra, foi recebido, a 25 de fevereiro, pela presidente da Câmara Muni-cipal, Maria das Dores Meira, num encontro em que se abor-daram as relações entre a Índia e Portugal.A receção consistiu na apresentação oficial do diplomata, a desempenhar o cargo desde janeiro.No encontro com Maria das Dores Meira, o Município de Setúbal foi convidado a integrar as comemorações do Dia Nacional da Índia em 2015 e debateram-se as relações entre ambos os países, nomeadamente ao nível cultural, empresa-rial e de negócios, como a exportação do vinho local. A promoção das raízes culturais indianas, como a dança clás-sica tradicional, a gastronomia e o cinema, esteve também na agenda da visita.Novo encontro entre o diplomata e a autarca setubalense ficou agendado para maio.

A Câmara Municipal aprovou, a 5 de fevereiro, a adesão do concelho à Europa Nostra, rede promotora de campanhas de salvaguarda do património cultural e natural europeu.A adesão, a convite da Europa Nostra, deve-se à recuperação do Convento de Jesus, processo para o qual a instituição deu um contributo decisivo ao ter inscrito o edifício numa lis-ta restrita de sete monumentos em risco, o que encetou um procedimento de definição de um plano financeiro interna-cional de apoio à recuperação integral do imóvel.A candidatura do convento à lista de monumentos em risco, apresentada pela Associação Portuguesa das Casas Antigas, com o envolvimento da Câmara Municipal de Setúbal, ficou em primeiro lugar por unanimidade dos membros do pai-nel consultivo constituído para o efeito, com representantes da Europa Nostra, do Banco Europeu de Investimentos e do Conselho da Europa.

Uma comitiva da Câmara Municipal visitou, no início de fevereiro, a cidade francesa de Pau, com o objetivo de pro-mover a troca de experiências nas áreas de desporto, cultura e turismo.A iniciativa, na qual participou a presidente da Câmara Mu-nicipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, realizou-se no âmbito de um protocolo de geminação existente entre o Mu-nicípio sadino e aquela cidade do Sul de França, situada a cem quilómetros do oceano e a 50 dos Pirenéus. Visitas a diferentes equipamentos públicos e a locais reabili-tados na zona histórica de Pau, intervenções que permitiram melhorar a imagem urbana, à semelhança da linha estratégi-ca definida para Setúbal, foram pontos de passagem da comi-tiva, a qual contou, além de técnicos, com a participação do vereador da Cultura, Educação, Desporto, Juventude e Inclu-são Social, Pedro Pina.Outro dos objetivos da deslocação sadina consistiu na revi-talização da geminação existente com Pau, celebrada a 15 de setembro de 1991.

Embaixadorda Índia recebido

Geminação dinâmica

Adesão estratégica à Europa Nostra

Municípios ‘cavam’ cooperaçãoSetúbal e Almendralejo

são regiões próximas e com paralelismos em

Portugal e Espanha que podem ser explorados.

Os municípios repararam nas afinidades

e celebraram um acordo de cooperação. O setor

vinícola, com os vinhos moscatel e cava em

destaque, é o elo mais forte. Mas esta é uma

relação que se quer alargada

José García Lobato, na assinatura do acordo, realizada em Setúbal, nos Paços do Concelho.A cooperação entre os municípios português e espanhol tem como ponto de partida a troca de experiências e o incremento das relações comerciais no setor do enoturismo, mas am-bos os territórios desejam que o trabalho em parceria seja rapidamente alargado a outros setores, não apenas comerciais, como tam-bém sociais.“A proximidade e o afeto tudo unem. Nos dois concelhos há a preocupação e a vontade de resol-

ver problemas e esta é a chave, a de ajuda mútua, para que este acordo tenha potencial para ser um êxito e perdurar durante vários anos”, salientou a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira.O concelho sadino e Almendralejo têm forte presença no setor de produção vinícola, com o moscatel e o cava, vinho espumante, a serem produtos diferenciadores no mercado.José García Lobato sublinhou que, além da cooperação direta no setor, o porto de Setúbal pode assumir um papel relevante na exporta-

ção de produtos espanhóis, nomeadamente dos vinhos extremenhos, para mercados em expansão, como Angola e Moçambique.Ambos os autarcas trocaram ainda ideias e experiências relacionadas com projetos de âmbito social.Maria das Dores Meira destacou estratégias com êxito local como a proximidade do Mu-nicípio a mecenas e políticas de participação cidadã. A título de exemplo nomeou os pro-gramas “Setúbal Mais Bonita” e “Ouvir a Po-pulação, Construir o Futuro”.

Page 9: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

9SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

loca

l

Nova fase em Vale de CãesUma nova fase de uma empreitada de grandes dimensões que a Câmara Mu-nicipal de Setúbal lançou na urbani-zação de Vale de Cães, localizada em Brejos de Azeitão, está em curso. As in-tervenções, centradas nesta fase na Rua Sociedade Musical de Brejo Clérigo, in-cluem a criação de redes de saneamento básico e de abastecimento de água, bem como a definição de novas zonas de cir-culação pedonal, com vista a requalifi-car toda a área. A empreitada de bene-ficiação geral de Vale de Cães representa um investimento superior a um milhão de euros para a construção de diversas infraestruturas.

Vanicelos prolonga passeioO prolongamento de um passeio em cer-ca de 60 metros melhora as condições de circulação pedonal nas imediações de uma instituição de solidariedade, na zona de Vanicelos. A obra liderada pela Câmara Municipal, num investimento de perto de 10 mil euros, realizada por empreitada, inclui a execução de um conjunto de arranjos urbanísticos numa área descaracterizada, a criação de uma pequena rede de drenagem de águas pluviais e a construção de uma ligação pedonal entre este novo acesso e a Rua Conde Ferreira. A colocação de mobiliá-rio e a plantação de árvores são opções em estudo pela Autarquia.

Praias do Sado otimiza redeA otimização do sistema de abasteci-mento de água na Rua do Carteiro, nas Praias do Sado, é alcançada através de uma empreitada que visa a reabilita-ção de uma parte daquela rede. A in-tervenção, um investimento global de 17.017,26 euros liderado pela Câmara Municipal, inclui a substituição de uma conduta, numa extensão com cerca de 130 metros, a mudança de oito ramais, bem como a passagem dos contadores de água para o exterior das habitações. A obra soluciona as dificuldades de abas-tecimento e melhora o serviço prestado, medida concretizada pelo aumento do caudal de água.

Poda conserva arvoredo

Rotunda facilita trânsito

O sistema de circulação automóvel no cruzamento

dos Quatro Caminhos é reforçado com a introdução

de uma rotunda. A medida, implementada

a título provisório, enquadra-se no âmbito da

profunda transformação urbana associada à obra

de construção do Alegro Setúbal

A melhoria da fluidez do trânsito automóvel é a principal vantagem alcançada com a intro-dução de uma rotunda provisória no cruza-mento dos quatro Caminhos, equipamento rodoviário instalado desde o final de janeiro naquela área de entrada de Setúbal.A medida surge no âmbito da profunda trans-formação urbana em execução na entrada norte da cidade, impulsionada pelo novo Ale-gro Setúbal, que inclui a criação de uma ampla rotunda no final da A12.A implantação dessa infraestrutura rodoviária, na ligação com as avenidas Antero de quental, Pedro Álvares Cabral e Álvaro Cunhal, gera al-guns constrangimentos à circulação automó-vel na zona, o que justifica uma reformulação provisória do trânsito na área envolvente.

Uma das soluções adotadas minimizadoras do impacte da obra e de apoio a um maior esco-amento do trânsito é a circulação no cruza-mento dos quatro Caminhos, servido pelas avenidas Pedro Álvares Cabral e do Alentejo e pela Rua António José Batista, por meio de uma rotunda.No local foram executadas algumas operações que visam tornar mais cómoda e segura a cir-culação, como trabalhos de pavimentação, a introdução de elementos fixos de definição da rotunda e a instalação de sinalética.A Autarquia pretende ainda realizar um con-junto de ações de reabilitação das redes de sa-neamento e abastecimento existentes na zona.O projeto Alegro Setúbal, um investimento global da ordem dos 110 milhões de euros,

com uma área bruta de construção de 137 mil metros quadrados, promovido pela Immo-chan, empresa imobiliária do Grupo Auchan, prevê um redimensionamento do sistema viário na área.Além da melhoria e do embelezamento da principal entrada rodoviária na cidade com a implantação da mencionada rotunda no final da A12, a reformulação envolve o reperfila-mento integral da Rua Nova Sintra e da Ave-nida Antero de quental, para a qual está ainda programada a construção de um viaduto de acesso ao Alegro Setúbal, com quatro vias de circulação.Estas vias ficam dotadas de características mais urbanas, com novos passeios, ciclovias, espaços verdes e locais para estacionamento.

Um conjunto de árvores de grande porte da cidade é alvo, desde o início de fevereiro, de vários trabalhos de manu-tenção e conservação que visam o arejamento das copas das árvores e a melhoria das condições de segurança na circu-lação na via pública.As operações, integradas no plano anual de gestão do arvo-redo do município, são realizadas por uma empresa espe-cializada, que executa podas sanitárias, com incidência na remoção de troncos secos, e de manutenção, direcionadas sobretudo para a redução de copas.A intervenção, a decorrer previsivelmente até ao final de março, materializa um investimento municipal superior a 40 mil euros. As ações da equipa, concretizadas em vários locais da cidade, são apoiadas por meios mecânicos exten-síveis e feitas, quando necessário, com recurso à técnica de escalada. A madeira proveniente destas ações é recolhida pela em-presa para tratamento adequado, enquanto os ramos mais pequenos são triturados imediatamente após o corte.

A criação de redes de saneamento e de abastecimento de água é uma das ações de beneficiação urbana a decorrer em Azeitão, intervenções lideradas pela Câmara Municipal que incluem a reabilitação de arruamentos.Na Jardia, em três ruas daquela área residencial, decorrem operações que visam a melhoria das redes de drenagem de águas residuais domésticas e de abastecimento de água, ações com conclusão prevista para breve.A empreitada, um investimento de 26.826,13 euros, inclui o prolongamento das infraestruturas de saneamento nas ruas do Areal e Casal Verde, bem como na Rua dos Aventurosos, local no qual é também executado o reforço da rede de abas-tecimento de água.A ligação da Rua Cesário Verde até à Rua do Choilo, com o prolongamento e beneficiação deste arruamento localizado na zona habitacional das Galeotas, é outra das intervenções a decorrer em Azeitão.A obra, um investimento de 58.813,77 euros com conclusão prevista para abril, inclui a criação de passeios e lancis, a colocação de sinalização horizontal e vertical e a pavimen-tação do arruamento.

Intervenções beneficiam Azeitão

Page 10: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

10SETÚBALjaneiro|fevereiro|março1410SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

espe

cial

“No play, no play, no play”, ouve-se do rádio transmissor do voluntário da Cruz Vermelha Portuguesa que acompanha o grupo de “desaloja-dos” Alfa, no percurso de orienta-ção pelo centro histórico de Setúbal, depois de pedirem auxílio junto da Câmara Municipal.Passam 48 horas do sismo de 6.4 na escala de Richter, com epicentro na Ribeira de Coina, que provocou es-tragos em 688 edifícios, sobretudo no centro da cidade, 3709 desaloja-dos e 821 feridos.“No play, no play, no play”, repetem--se as palavras que indicam não se tratar de uma simulação, mas de algo que está realmente a acontecer. “Se fosse simulação, diziam exercício, exercício, exercício”, explica Mauro, voluntário da Cruz Vermelha.Pouco passa das três da tarde de sá-bado, dia 8 de março, e a tempera-tura sobe aos 20 graus. O exercício Setlog 2014 começou uma hora an-tes para os cerca de 150 voluntários, entre alunos, famílias e amigos, mas para a Comissão Municipal de Proteção Civil o exercício já está em marcha desde essa manhã com a ativação do Plano Municipal de Emergência, com o posto de co-mando localizado na Escola Secun-dária 2,3 Lima de Freitas, para onde são encaminhados os desalojados.Ainda o percurso do grupo Alfa vai a meio, tendo começado na Praça de Bocage, onde foi explicado o fun-cionamento do posto SOS 6 ligado diretamente ao Centro Municipal de Operações de Socorro (CMOS),

Treino ajuda a salvar vidasForam 24 horas a sobreviver num

cenário de catástrofe. O sismo pôs em perigo famílias inteiras,

desalojadas e feridas. Mais do que um contingente preparado

e treinado de meios de segurança, é preciso educar a população. O Setlog 2014 serviu para isso

mesmo. Testar o dispositivo de emergência e ensinar jovens e adultos que se voluntariaram

neste exercício a salvar vidas

Heróis de

verdade

um dos muitos pontos de encontro e informação em caso de sismo ou tsunami espalhados pela zona his-tórica, já os oito alunos dos 7.º e 8.º anos da EB 2,3 da Bela Vista apre-sentam os primeiros sinais de falta de computadores, consolas e por aí fora, embora a fase inicial do itine-rário fosse pela zona ribeirinha.Avenida Luísa Todi, Doca dos Pes-cadores e Jardim da Beira Mar são alguns locais de passagem no início desta “aventura” para os alunos Su-sana, Érica, Carina, Rita, Vanessa, Igor, Ivan e Diogo, acompanhados pelo professor de Educação Visual Paulo Pisco e, a completar o grupo Alfa, os escuteiros Sofia e Marco, que, de mapa na mão, verificam o caminho a seguir.

Prontos a socorrer

Pouco depois da Ladeira de São Se-bastião e de uma miragem para o Sado, avista-se um aglomerado jun-to da igreja paroquial. É tempo para uma breve paragem, não só para descansar, mas para uma pequena formação sobre primeiros socorros.

Sem mais demoras, o Alfa junta -se ao outro grupo de “desalojados”, já sentados em meia-lua. Os ele-mentos da Cruz Vermelha explicam o que uma mala deve conter para

responder a várias situações de socorrismo, como traumatismos provocados, por exemplo, por uma queda, e demonstram como se faz a mobilização cervical. Igor é o volun-

tário “escolhido” para a colocação da coleira cervical, para regozijo dos colegas, que desatam a fotografar com “ameaças” de postarem no Fa-cebook. A gargalhada é geral, mas Igor posa para a fotografia.Hora de se porem ao caminho. Ainda há muito pela frente. Às cinco da tar-de, outra paragem em frente do Con-vento de Jesus. É Mauro, o voluntário da Cruz Vermelha, que explica o que fazer quando se encontra alguém imóvel que pode estar a dormir ou ter tido, por exemplo, um AVC. “São pequenas avaliações que podem salvar vidas”, alerta, referindo-se ao ba-timento cardíaco e à pulsação, em contagens de um minuto, com o in-dicador, nunca com o polegar.Uma última formação, sobre deso-bstrução das vias aéreas, está guar-

“Os verdadeiros heróis são os civis.” A certeza é de Ulisses, subchefe do Grupo de Resgate e Salvamento da CBSS, que explicou, numa das sessões de escla-recimento do Setlog 2014, como qualquer pessoa pode intervir em cenário de catástrofe.Pôr-se a salvo e salvar os outros requer alguma preparação e conhecimento. Por isso se fazem exercícios como o Setlog 2014 e outros, incidindo sobretu-do junto da população escolar.Mais do que ter uma mala de primeiros socorros, lanternas, rádios transístor – porque a comunicação social tem um papel fundamental na informação e no alerta às populações – e enlatados, é necessário saber como cada um se deve proteger em cenário, por exemplo, de sismo. Colocar-se ao lado e não

debaixo de uma mesa, proteger-se nas ombreiras das portas em paredes--mestras, não sair imediatamente para a rua, não utilizar elevadores e, principalmente, não entrar em pânico são algumas medidas a ter em conta. “As forças de segurança locais são as primeiras a sair”, mas para junto das respetivas famílias. O bombeiro sapador Ulisses, acompanhado da filha, esclareceu que, nestas situações, não se deve ficar à espera de salvamento e, muito menos, “fazer turismo de catástrofe, porque é feio ver o sofrimento dos outros”.Estando-se a salvo, deve-se, sim, ajudar quem está encarcerado, seja o vi-zinho ou o desconhecido. Por fim, um outro conselho: nunca, mas nunca, sair descalço (no play, no play, no play).

“Este exercício faz parte de um processo desenvolvido ao longo dos anos. Hoje, corresponde ao ponto alto da capacidade de resposta”Vereador da Proteção Civil, Carlos Rabaçal

Page 11: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

11SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

Treino ajuda a salvar vidas

O Setlog 2014 teve a participação da Cruz Vermelha, do Corpo Nacional de Escutas, da Associação de Escoteiros de Portugal, da Cáritas Diocesana, das Misericórdias de Setúbal e Azeitão, do Centro Regional de Setúbal da Segurança Social, da PSP, das juntas de freguesia, dos bombeiros Sapadores e Voluntários e de toda a estrutura da Câmara Municipal.

Os intervenientes

dada para a parte final do percurso. Aquela em que a subida pelas ín-gremes ruas da Anunciada e do Viso parecem ganhar um grau de dificul-dade máximo depois de três horas de caminhada. Finalmente, os desalojados Alfa avistam os portões da Escola Lima de Freitas, ansiando por pousar ma-las e mochilas e matar a curiosidade do local onde vão dormir.

As comparações entre esta e a es-cola que frequentam na Bela Vista são inevitáveis. “Parece um hospital”, atiram uns. “Não tem cor nenhuma”, dizem outros, ainda do lado de fora do portão.Está na hora de descansar um pouco antes do jantar, no acantonamen-to montado no Pavilhão Municipal João dos Santos, não sem antes de uma fotografia de grupo para mais tarde recordar os quilómetros cal-correados e também a boa disposi-ção em cenário de catástrofe.Enquanto uns se esticam nas ca-mas de campanha, outros jogam às cartas. Há ainda quem tenha fô-lego para cantar e tocar viola. Não há muito tempo livre até ao jantar, marcado para as sete e meia, no re-feitório da escola.

Visivelmente cansados, voluntários e elementos que acompanham este primeiro dia ainda resistem para assistir ao programa preparado para a noite. Antes da ceia e do fogo de conselho – momento de animação por elementos do Corpo Nacional de Escutas – há sessões de escla-recimento temáticas, após o jan-tar, como “À Descoberta da Terra: Sismos e Vulcões”, “Desfibrilhação Automática Externa”, “Intervenção Civil em Cenários de Catástrofe” e “Plano Especial de Risco Sísmico na AML”.

Resgate de vítimas

Ao toque da alvorada às seis da ma-nhã, preguiçosamente, um, depois outro e outro, toda a gente está de

“Nestas atividades, pormenores fazem a diferença para salvar vidas”Coordenador do Serviço Municipal da Proteção Civil e Bombeiros José Luís Bucho

“O público-alvo da Proteção Civil tem sido sempre as escolas e os alunos. Assim, estamos a educar os pais”Comandante da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal, Paulo Lamego

pé, pronta para o pequeno-almoço. É com saudades do quarto, da cama, do conforto que os jovens do gru-po Alfa expressam a experiência de uma noite fora de casa, de tal forma que Susana desabafa preferir ser acordada pela mãe para ir à escola.Não é tempo para lamúrias porque há ainda muito caminho para trilhar na Serra da Arrábida, pela Estrada Romana do Viso, embrenhados por

alguma desorientação, fustigados pelos chuviscos e cansaço.Por volta das onze, a chegada ao Au-ditório José Afonso, adivinhando o fim do exercício, renova o alento.Sofia, 19 anos, do Agrupamento 1117 – Escuteiros Marítimos de Setúbal, ainda tem forças para subir os 35 metros da escadaria do auditório, o equivalente a dez andares, para de seguida descer em rappel, numa demonstração da equipa de resgate da Companhia de Bombeiros Sapa-dores de Setúbal.Outros voluntários dão o corpo e a coragem para exemplificar o resga-te numa maca, em slide, de vítimas politraumatizadas. Sãos e salvos, todos os participantes do Setlog 2014 não saem vencidos desta aven-tura.

Page 12: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

12SETÚBALjaneiro|fevereiro|março1412SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

segu

ran

çaA ligação do Centro Municipal de Operações de Socorro, a funcionar no quartel da Companhia de Bom-beiros Sapadores de Setúbal, à rede SIRESP – Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal foi apresentada a 21 de fevereiro, nas comemorações dos 228 anos da instituição.A entrada de novos elementos da Cruz Vermelha para a equipa da-quela central e a disponibilização de 25 equipamentos de comunica-ção com tecnologia que permite a utilização em atmosferas explosi-vas foram outras inovações asse-guradas em matéria de proteção e segurança.“Esta modernização é um fator de enorme importância na melhoria das condições em que prestamos socorro às nossas populações, com mais agentes de proteção civil e melhores meios”, frisou a presidente da Câmara Mu-nicipal, Maria da Dores Meira, na visita às instalações ampliadas.O forte investimento da Autarquia nesta área não é apenas financeiro. Aposta também na qualificação dos recursos humanos e na transfor-mação da CBSS numa referência nacional em matéria de proteção civil e formação.Nesta estratégia municipal en-

Máquinas militares desbravam, ao longo de quase 30 quilómetros, caminhos e tri-lhos no Parque Natural da Arrábida, uma operação sem precedentes, com conclusão prevista para o final de maio, enquadrada numa estratégia de prevenção de incêndios florestais.Trabalhos de desmatação manual e mecâ-nica, de alargamento de plataformas e de execução de valetas, passagens hidráulicas e recarga e compactação de caminhos e tri-lhos são as principais intervenções asse-guradas por operacionais do Regimento de Engenharia n.º 1 do Exército.Numa visita à Arrábida, no início de feve-reiro, membros do Executivo e a presidente da Junta de Freguesia de Azeitão tiveram oportunidade de observar ações em de-

Prevenção defende Arrábida

Sapadores reforçam capacidadeOperacionalidade fortalecida aos 228 anos. Um investimento municipal dota a Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal de novos recursos de resposta a situações de emergência. Na central de operações, um novo sistema de comunicação integrado reforça as ações em matéria de proteção e segurança

quadra-se a aquisição de novos e modernos equipamentos, meios que reforçam as capacidades ope-racionais dos Bombeiros Sapado-res, alcançada por meio de uma

candidatura a fundos comunitários no valor global de 2,5 milhões de euros.Além dos equipamentos que já estão ao serviço, a Companhia de

Bombeiros Sapadores de Setúbal fica dotada de uma nova viatura au-toescada de 45 metros, de uma via-tura de desencarceramento pesa-do, de contentores multiusos e de

um veículo de combate a incêndios industriais e portuários.O Município vai ainda proceder, este ano, à beneficiação do quartel dos Sapadores, ação que engloba a instalação de novos portões, a me-lhoria dos balneários e do parque de estacionamento e a proteção solar do interior do edifício, bem como arranjos exteriores.Pelo 228.º aniversário, a autarca saudou os Sapadores “pelo saber que demonstram, dia a dia, em honrar o já longo passado da companhia, por continuarem a assegurar o futuro des-te corpo de bombeiros profissionais” e por fazerem desta “uma das mais qualificadas e prestigiadas do País”.Na cerimónia foram condecorados operacionais pelos 10, 15 e 20 anos de serviço prestado e dado a co-nhecer um novo campo para trei-no, que está a ser criado no quartel, para a dinamização de exercícios em que são simulados cenários la-birínticos, com altas temperaturas e pouca visibilidade.As comemorações do 228.º ani-versário da instituição incluíram ainda uma cerimónia de hastear da bandeira e uma romagem ao Cemi-tério de Nossa Senhora da Piedade para deposição de uma coroa de flores no talhão dos bombeiros.

O anteprojeto do Centro Internacional de Gestão de Emergência, infraestru-tura inovadora em Portugal, a instalar em Setúbal, para formação na área da proteção civil, foi apresentado a 27 janeiro, num encontro realizado no Fórum Municipal Luísa Todi.O CIGE, a instalar na zona industrial da Mitrena, deverá ocupar uma área com 2,5 hectares, trantando-se de um projeto da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Setúbal (AHBVS) numa parceria com a Autarquia e a Sapec Parques Industriais.“Será único no País pela quantidade de simuladores” que albergará, reforçou o presidente da AHBVS, José Luís Bucho.O centro está vocacionado para dar formação teórica e prática na área da pro-teção civil a profissionais do setor, como bombeiros, mas também a empre-sas, com especial atenção às de natureza industrial, a instituições públicas e a tripulantes de navios.Ainda sem um valor de investimento determinado, as próximas etapas na criação do CIGE passam por acabar o projeto de maneira a que o mesmo pos-sa ser apresentado a uma candidatura de fundos comunitários no âmbito do qREN – quadro de Referência Estratégico Nacional.“É uma mais-valia para Portugal e para a Autarquia, detentora de um corpo de bombeiros profissional com elevadas necessidades de formação permanente”, su-blinhou a presidente da Câmara, Maria das Dores Meira, sobre o CIGE, com capacidade para a formação simultânea de uma centena de pessoas.Neste âmbito, os Bombeiros Voluntários de Setúbal e a Associação para o De-senvolvimento do Conhecimento e Inovação assinaram, a 3 de março, em Lis-boa, um protocolo de cooperação para a realização de ações no futuro CIGE.O acordo, de natureza científica e tecnológica, tem como finalidade principal o desenvolvimento de iniciativas que potenciem as capacidades do equipa-mento, apresentado no dia em que se comemorou 130 anos da primeira in-tervenção dos Bombeiros Voluntários de Setúbal.

Centro forma em proteção

senvolvimento naquele território natural e conhecer procedimentos técnicos adotados em matéria de prevenção. Nesta intervenção, realizada no âmbito de um protocolo de colaboração entre a Autar-quia e aquela unidade militar do Exército português, estão envolvidos, em perma-nência, nove militares e oito máquinas de engenharia. Além das zonas de circulação, uma área com 70 mil metros quadrados foi desmatada.Esta operação é um dos exemplos do senti-do de responsabilidade pró-ativa assumida pela Câmara Municipal na defesa e prote-ção da Arrábida, ao substituir vários orga-nismos do Estado nesta matéria, embora esteja limitada na gestão daquele território natural.

Page 13: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

13SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

turi

smo

Oferta promovida em EspanhaA Câmara Municipal de Setúbal promoveu em Espanha atividades e recursos de vocação turís-tica do concelho ao participar na 9.ª FIO – Feira Internacional de Turismo Ornitológico - Extre-madura, o maior certame do género no Sul da Europa. No certame, realizado no Parque Nacio-nal de Monfragüe, província de Cáceres, entre 28 de fevereiro e 2 de março, mostrou-se oferta turística nos segmentos da gastronomia e vinho, turismo da natureza e eventos culturais. A 6.ª edição da ObservaNatura foi um dos destaques apresentados pela Autarquia na feira, com a par-ticipação de mais de 10 mil pessoas.

Os pratos de choco voltaram a ser reis na cozinha de mais de meia centena de restaurantes de Setúbal, envolvidos num festival gastronó-mico dedicado ao famoso cefaló-pode.O Festival do Choco, integrado num conjunto de eventos de promoção gastronómica e divulgação dos pro-dutos regionais, realizado entre 22 de fevereiro e 9 de março, apresen-tou várias propostas de confeção.Os 57 restaurantes envolvidos nesta quinzena gastronómica, organizada pela Câmara Municipal de Setúbal, apresentaram ementas especiais

Mercado de produtos regionaisProdutos regionais e peças artesanais são atrati-vos do “Mercadinho do Moinho”, que se realiza no último domingo de cada mês, das 10h00 às 18h00, no Moinho de Maré da Mourisca. queijo e enchidos, mel, compotas, licores e empadas e bolos encontram-se disponíveis. O artesanato está também no evento, com peças decorativas. O certame, de entrada gratuita, é uma organi-zação da Autarquia, Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, Junta de Freguesia do Sado e Reserva Natural do Estuário do Sado, com o apoio da Junta de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra.

Bolo-rei servido com músicaO Dia de Reis foi celebrado na Casa da Baía, a 6 de janeiro, por uma centena de visitantes, iniciativa que incluiu gastronomia e música. Num ambien-te de convívio, a tarde festiva começou com uma atuação da Classic Art Piano Academy, que inter-pretou temas natalícios. Seguiu-se uma mostra e degustação de bolos-reis confecionados com produtos locais por alunos da Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal, iguaria acompanhada de moscatel. A iniciativa foi organizada pela Câmara Municipal de Setúbal, com os apoios de Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal, Turismo de Por-tugal e Makro.

O encanto do choconas quais o choco foi servido de di-ferentes formas, do tradicional ao mais elaborado.No último dia do certame, na Casa da Baía, decorreu a sessão de co-zinha ao vivo “Sabores de Choco”, dinamizada pela chef Fernanda Amaro.O Festival do Choco, organizado com o apoio das empresas Lalle-mand e Makro, é um dos eventos gastronómicos dinamizados pela Autarquia ao longo do ano com o objetivo de promover os produtos regionais e de apoiar a dinamização da restauração local.

Aula de cozinha ao vivoTrês mercados, três aulas de cozinha ao vivo. O choco e o polvo pescados na costa portuguesa serviram para mostrar à população receitas originais. O público teve a oportunidade de interagir com mestres da culinária para esclarecer dúvidas

Várias formas de confeção de receitas de choco e de polvo foram apresentadas em aulas gastronómicas abertas à população, dinamizadas, em março, nos mercado mu-nicipais 2 de Abril, da Conceição e do Li-vramento. Pastel de choco e poejo com arroz de toma-te malandro e barco folhado de escabeche de polvo foram as propostas apresentadas na iniciativa “O melhor do nosso mar” realizada, a 6 de março, no Mercado do Livramento.“O objetivo é envolver as pessoas na gastrono-mia, despertar o interesse culinário e transmi-tir alguns conselhos nas formas de preparação e confeção dos alimentos”, sublinhou Vasco Alves, chef da Escola de Hotelaria e Turis-mo de Setúbal, acompanhado de alunos que frequentam o último semestre letivo.O pastel de choco e poejo foi o primeiro a

ser apresentado. Passo a passo, o chef foi demonstrando as diferentes etapas da re-ceita. Destacou, logo no início, que a meto-dologia não é muito diferente da confeção de um típico pastel de bacalhau. A inovação está na “utilização de ingredientes diferentes”, afirmou.A adição de pão ralado ou de claras de ovo para se obter uma boa pasta foi uma das di-cas reveladas aos “novos alunos” que mar-caram presença no mercado, assim como o molde dos pastéis, que deve ser feito atra-vés de uma rotação forte e concisa das co-lheres.A utilização de poejo na receita foi igual-mente explicada. “É uma erva aromática bastante intensa que confere um sabor muito agradável”, sublinhou Vasco Alves, para de-pois transmitir cuidados a ter na fritura dos pastéis, nomeadamente a temperatura do

óleo. Ao desafiar o público a questioná-lo sobre dúvidas gastronómicas, ouviram--se sobretudo perguntas relacionadas com a melhor forma de cozinhar o choco e o polvo.Na cozedura, esclareceu o chef, deve evitar--se a água e dar primazia ao vapor. “A utili-zar, só um pouco de água do mar fervida.”Seguiu-se o barco folhado de escabeche de polvo. Esta entrada, cujos ingredientes base assentam na massa folhada e no pol-vo cozido, tem no escabeche o principal destaque. “É um molho típico e forte, muito avinagrado”, frisou, à medida que o público era desafiado a degustar a receita.A iniciativa de âmbito nacional “O melhor do nosso mar” é desenvolvida pela Doca-pesca e em Setúbal contou com as parcerias da Câmara Municipal e do Turismo de Por-tugal – Escolas.

Page 14: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

14SETÚBALjaneiro|fevereiro|março1414SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

plan

oce

ntr

al

ncantada com a nova experiência, Eduarda Mateus fala com alegria da horta urbana que a Câmara Mu-nicipal de Setúbal lhe atribuiu nos viveiros das Amoreiras. “Parece que quando chegamos aqui as dores vão--se”, explica, por intermédio de um simpático sorriso.O vizinho hortelão Pedro Palhano percebe a graça da analogia, mas não evita uma coçadela no topo da cabeça e uma torcida dos lábios em sinal de reticências. “Olhe que comigo é mais ao contrário, dona Eduarda…”Na verdade, é assim com todos. Uma horta cobra muita dedicação e algum esforço físico, principal-mente quando se prepara o terreno. A recompensa vem com os legumes a crescer e a ganhar vida. A colhei-ta, mais tarde servida à mesa, re-presenta o trabalho que havia sido plantado e que se assume como o milagroso efeito placebo a que dona Eduarda se refere.Para a maioria dos hortelões que conversaram com o Jornal Munici-pal o projeto das Hortas Urbanas de Setúbal é, antes de qualquer outra coisa, um passatempo. Uma forma

Horta com vista sobre a cidadeSão hortas, mas são urbanas. A Câmara Municipal aproveitou espaço livre e disponibilizou-o

para que munícipes semeassem legumes. Nos terrenos férteis dos viveiros das Amoreiras nasceram as Hortas Urbanas de Setúbal.

Muitos percebem pouco de agricultura, mas a entreajuda resolve os problemas.

Tudo biológico, tudo saudável, tudo ao sabor da Natureza

são dos que entraram depois. “Foi logo no início disto, em agosto. É como se estivéssemos desde o primeiro dia e tem sido muito divertido desde então”, colhe dona Eduarda.

Cabaz saudável

O cultivo divide-se em duas cam-panhas principais. Uma de prima-vera/verão, outra de outono/inver-no, cada qual com características específicas.Na primeira é dada prioridade a hortícolas como alface, curgete, to-mate, feijão, pimento e couve, em particular a portuguesa. Na segunda as plantações centram-se funda-mentalmente nas nabiças, couve, alface, morangos, tomate, ervilhas e favas. “E os brócolos, que são tão bons, tão bons!”, acrescenta Eduarda Mateus.O vizinho Pedro é mais comedido nos elogios ao sabor dos produtos que colhe. “Não posso dizer que note grande diferença em relação aos le-gumes que compramos nos mercados. Pelo menos em relação ao sabor. Mas sem dúvida que os que cultivamos são de longe mais saudáveis. A agricultura

Ede descontração, em contacto com a natureza, numa estreita relação com a generosidade da terra.

Cultivar com respeito

A Câmara Municipal inaugurou as Hortas Urbanas de Setúbal em julho de 2013, localizadas em terrenos contíguos aos viveiros da Autar-quia, no Bairro das Amoreiras.Na fronteira entre a selva de pedra da cidade e a paisagem bucólica pintada pela Arrá-bida, estas hortas comunitárias foram criadas com o obje-tivo de promover e incentivar as ativi-dades de horticul-tura em modo bio-lógico.Com este proje-to são fomentadas formas ancestrais de trabalho do solo e o uso da partilha sustentável da água, sempre em respeito pelas características e sazonalidade das plantas.Em complemento, na seleção dos hortelões foram beneficiados os

candidatos com situações socio-económicas mais desfavorecidas, em particular desempregados ou com menor capitação financeira por agregado familiar. No total foram distribuídas 72 par-celas com 30 metros quadrados cada, a que se juntam outras duas parcelas desenhadas especifica-mente para pessoas com mobilida-de reduzida.A procura rapidamente suplantou a oferta e, em julho, todas as hortas

tinham donos com idades compreen-didas entre os 20 e os 75 anos. Poucos meses depois regis-taram-se algumas desistências.Pedro Calhelha, que atualmente faz a ponte entre serviços camarários e horte-

lões, fornecendo -lhes apoio técni-co sempre que solicitado, sente que “algumas pessoas acabaram surpre-endidas pela atenção que uma horta exige”.Saíram uns, entraram outros. Eduar da Mateus e o marido, José,

O êxito do projeto, com menos de um ano, faz a

Autarquia pensar na possibilidade

de levá-lo a outros locais da cidade

Page 15: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

15SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

Horta com vista sobre a cidade

usando da boa disposição que im-pera nesta comunidade, mete-se com o colega septuagenário. “Hoje ainda não o vi a rezar em cima da hor-ta”, semeia a pequena provocação, explicando ao grupo que Manuel Silva parece estar a orar enquanto cata as larvas das hortaliças.Natural de Torres Vedras, onde cresceu no meio do campo, Manuel Silva está à vontade com os desafios que a horta de que é responsável lhe lança. “Isto é fácil. Até porque o terre-no é pequenito. Nem dá para aquecer. Basta fazer um bocadinho todos os dias para depois levar sacas cheias para casa”, esclarece o descontraído hortelão.

Memória de enxada ajuda

Manuel Silva tem uma pequena vantagem em relação à maioria dos colegas. “Em miúdo ajudava o meu pai nas coisas do campo. Se não fosse cavar, levava com a enxada nas costas para não ter de pensar duas vezes da próxima que me mandasse fazer uma tarefa”, recorda.Já Eduarda e José Mateus apenas conviveram em crianças com as

hortas de família, mas sem grande proximidade com este tipo de tra-balho.Pedro Palhano, 43 anos, cresceu na cidade e, embora tenha igualmente algumas afinidades ao campo, está à descoberta deste novo mundo. “Mais difícil é a gestão do tempo. Só posso vir uma hora por dia, dedicada muitas vezes à rega, em vez de fazer al-gum arranjo que precise”, explica.Mas Pedro, que encara o projeto com uma postura pedagógica de “tentativa e erro”, recorda-se da pri-meira vez que levou uma “salada” para casa. “Foi com alegria que pus os primeiros legumes em cima da mesa. E convém lembrar que os excedentes da-mos a vizinhos e amigos.”Cada horta e cada hortelão dá uma história diferente. Eduarda e José Mateus, por exemplo, vão todos os dias à respetiva parcela. “Moramos do outro lado da rua”, explica José, 65 anos. “Faça chuva ou faça sol, dá sempre para dar um pulo aqui e ver como vão as coisas.”Manuel Silva também aparece com regularidade, mas o mesmo não acontece com Pedro Palhano, que evita os dias de chuva, ou António

Madeiras, colega do lado oposto do terreno, que dedica uma a duas horas por dia “a não ser que o tempo esteja desgraçado”.António, se a expressão houvesse, seria “agricultor de água doce”, pois tinha apenas “alguns conhecimentos de miúdo da aldeia”, em Abrantes.De resto, amigos hortelões e inter-net dão a ajuda necessária para que a horta esteja o mais viçosa possível.A horta urbana está em nome da nora, mas é António Madeiras o único a trabalhar nela. “Reformado, há mais tempo livre. Além disso, este é o meu ginásio. É impossível não ficar em forma com este passatempo”, re-flete, acrescentando ainda que “a família perdoa alguma inexperiência do que vai para a mesa”, garantindo de seguida que “o sabor não tem com-paração” com o que é vendido.Raros são os casos em que os mais novos ajudam nas tarefas das hor-tas. Mesmo assim, os netos de António Madeiras já viram o avô a arrancar umas cenouras. “Ficaram maravilhados. Sabiam que vinham da terra ou ‘algo parecido’, mas mostrar-lhes como é realmente acabou por ser uma experiência de vida para eles.”

Embora a produção da horta não seja suficiente para largar de vez as compras nos supermercados ajuda nas contas da casa. “Esta foi uma excelente ideia da Câmara. Deviam arranjar mais espaços destes, pois há ainda muitas pessoas a querer vir para aqui”, sentencia António Madeiras.A ampliação do espaço é algo que a Autarquia tem neste momento em projeto para o terreno dos vivei-ros das Amoreiras e encontra-se em fase de estudo a aplicação deste conceito noutras zonas da cidade, como na Alameda das Palmeiras.Cada titular paga atualmente 7,50 euros mensais para usar a parcela. O valor, simbólico, funciona como compensação parcial dos encargos relacionados com o funcionamen-to das hortas e do fornecimento de água.Além de apoio técnico e de ser dada prioridade na inscrição em cursos de agricultura biológica e na parti-cipação de campanhas de educação ambiental, a mensalidade inclui igualmente acesso ao adubo orgâ-nico resultante das zonas de com-postagem espalhadas pelo terreno das Hortas Urbanas de Setúbal.

biológica tem essa vantagem, afinal é o seu grande propósito”, analisa.Esta forma de agricultura caracteri-za-se precisamente pela produção de alimentos de elevada qualidade, leia-se, muito saudáveis, ao mes-mo tempo que promove práticas sustentáveis de impacte positivo no ecossistema.Os pesticidas estão completamen-te proibidos, tal como os adubos químicos de síntese e o recurso a organismos geneticamente modi-ficados.Há uma lista de produtos e técnicas aceites como mecanismos de defe-sa das culturas. Por isso, os serviços técnicos dos viveiros municipais auxiliam os hortelões, facultando informações úteis sobre algumas “doenças” que podem aparecer nas hortas e os métodos mais eficazes e ecologicamente inofensivos de as combater.Tal não invalida que utilizadores como Manuel Silva se dediquem a limpar as culturas com recurso a uma boa dose de paciência. “As minhocas são catadas à mão, uma a uma”, explica.Por isso, um vizinho hortelão,

O terreno atual está dividido em 72 parcelas, cada uma com 30 metros quadrados

Há duas parcelas pensadas para pessoas com mobilidade reduzida. Estão sobrelevadas, tendo sido construídas em canteiros “gigantes”, em tijolo, para que pessoas em cadeira de rodas ou com dificuldades de locomoção não tenham de se baixar

Os hortelões têm entre 20 e 75 anos

A maioria dos utilizadores desloca-se às hortas ao fim de semana. Em média, há 40 hortelões aos sábados, da parte da tarde

A água fornecida pelos serviços municipais provém de um furo artesiano feito especificamente para servir os viveiros das Amoreiras e o projeto das hortas urbanas

Praticamente todos os hortelões cultivam através de transplantação, por ser mais rápido e os custos baixos. Uma minoria, em geral com mais conhecimentos técnicos, semeia as colheitas

A Câmara Municipal empresta materiais e providencia espaço de arrumos. Alguns hortelões preferem guardar os utensílios em buracos escavados nas próprias hortas

Na seleção dos candidatos foram considerados os casos de situações socioeconómicas mais desfavorecidas. Além disso, não podiam possuir mais nenhum tipo de exploração agrícola e tinham de ser maiores e residentes no concelho

Factos no terrenoAs Hortas Urbanas de Setúbal foram inauguradas a 4 de julho de 2013 e apresentam dados curiosos.

Page 16: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

16SETÚBALjaneiro|fevereiro|março1416SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

cult

ura

O sintrense André Gomes conquis-tou os dois prémios em disputa no VI Concurso de Fado Amador de Setúbal, atribuídos pelo júri e pelo público, mas ficou surpreendido por vencer a competição.O êxito obtido pode ser o empurrão que faltava para enveredar em de-finitivo por uma carreira no fado, apesar de também gostar de outros géneros, como o hip-hop, e de ser músico numa banda filarmónica.O fadista amador preocupa-se agora com um dos prémios que ganhou. “Ainda não tenho bem a no-ção do que significa atuar na Feira de Sant’Iago. Nunca cantei para tanta gente junta. Ainda falta algum tempo,

MEMÓRIA. As comemorações dos 261 anos da cantora lírica setubalense Luísa Todi, a 9 de janeiro, conferiram “valor e significado” à identidade cultural de Setúbal e lembraram como é “importante que as gerações mais novas perpetuem a memória das grandes personalidades culturais da cidade”, assinalou o vereador da Cultura, Pedro Pina, em cerimónia evocativa. A homenagem à diva sadina incluiu ainda um concerto pelo Coral Luísa Todi.

O escritor José Eduardo Agualusa revelou em Setúbal, a 10 de janeiro, numa conversa com leitores, na Casa da Cultura, que o livro “A Vida no Céu” teve origem numa frase que lhe surgiu num sonho.“O livro começa com ‘depois que o mun-do acabou fomos todos para o céu’. Sonhei essa frase inicial e todo o livro se constrói a partir dela”, adiantou o autor angolano no encontro, do ciclo “Muito Cá de Casa”.Este romance, ponto de partida da sessão literária, promovida pela DDLX em parceria com a Câmara Municipal de Setúbal, é “uma pará-bola ecológica”, uma “reflexão sobre o

O mestre da guitarra portuguesa António Chainho, além de um concerto, esteve em Setúbal a 31 de janeiro para uma masterclass em que revelou, com ponta de humor, o trajeto artístico de meio século de carreira.No encontro, na Casa da Cultura, o músico adiantou que fez um percurso atí-pico para um guitarrista de fado, ao passar por poucas casas de Lisboa. Co-meçou na “Severa” e seguiu-se o restaurante “Folclore”, vocacionado para o turismo, que “era muito melhor” porque “ganhava mais e principalmente por-que saía à meia-noite”, ao contrário das habituais três ou quatro da manhã.Amália, que tinha “uma voz que dava para tudo”, e Carlos Paredes, “um génio que não devia ter feito mais nada na vida além de tocar guitarra e representar Portugal e esta arte no estrangeiro”, foram recordados por António Chainho.O mestre, marcado por alguns momentos no início da carreira em que guitarristas que admirava se negaram a dar-lhe qualquer tipo de apoio, atitu-de, de resto, habitual na época, sentiu necessi-dade de abrir escolas de ensino de guitarra por-tuguesa, tendo sido o primeiro a fazê-lo no País.Foi uma conversa descontraída com admi-radores, de cerca de uma hora, na qual marcaram presença o vereador da Cultura, Pedro Pina, e o diretor do Fórum Luísa Todi, João Pereira Bastos.Poucas horas depois, An-tónio Chainho subia ao palco do Fórum para um concerto em que partici-pou o músico Rão Kyao e as fadistas Marta Dias, Inês Pereira e Ana Vieira.

Sonho antes da obraplaneta”, escrito para os dois filhos, de 16 e 9 anos, que “foram dando su-gestões”.A obra, sobre a transferência da vida humana para o céu, em cida-des flutuantes, devido a um desastre ambiental que tornou impossível a existência na Terra, obrigou o autor a um exercício complexo.“Tentei colocar-me no lugar destas pes-soas e pensar no que me faria falta no céu. O mais divertido foi construir todo esse mundo imaginário”, confiden-ciou. “Este livro funcionou como um es-paço de recreio, depois de outros, como ‘Teoria Geral do Esquecimento’ e ‘Bar-roco Tropical’, mais sombrios, diria.”

Aula de mestre da guitarra

Glória inesperada no fadoTem 24 anos e arrecadou

os dois galardões a concurso numa prova para fadistas

amadores. Pode ser o estímulo para optar pelo fado em

detrimento de outros géneros musicais ou de uma carreira

como instrumentista

mas já sinto uma responsabilidade enorme pela confiança que me é depo-sitada”, referiu, após a consagração na final, realizada a 22 de fevereiro, na Sociedade Musical Capricho Se-tubalense.André Gomes, 24 anos, recebeu ainda um fim de semana para duas pessoas no Hotel do Sado e um pré-mio pecuniário. Tudo isto a dobrar, uma vez que arrecadou tanto o pré-mio do júri, como o do público.A setubalense de 16 anos Joana Lança ganhou a vaga restante no cartaz da Feira de Sant’Iago, por tido ficado em segundo lugar nas notas atribuídas pelo júri da prova, composto por João Pereira Bastos,

presidente, Joana Amendoeira e Carlos Jorge Espanhol.Raul Fernandes, 34 anos, da Costa de Caparica, ficou na terceira posi-ção e, tal como Joana Lança, ganhou um prémio pecuniário.A final, com os fadistas acompa-nhados por Custódio Magalhães, na guitarra portuguesa, e Vítor Pereira, na viola de fado, conta ainda com as participações de Marília Pais, Fran-cisco Valentim e Maria de Jesus Fer-reirinha.O vereador da Cultura da Câmara Municipal, Pedro Pina, sublinhou na entrega dos prémios que o Con-curso de Fado Amador de Setúbal “é mais um exemplo, entre muitos

possíveis, daquilo que é a estratégia delinea da para uma cidade virada para a cultura”.Para o autarca, a aposta no desen-volvimento cultural passa também por fortes parcerias entre a Autar-quia e outros agentes do concelho, nomeadamente do movimento associativo, realçando a estreita relação estabelecida com a Capri-cho Setubalense na organização do concurso.O presidente daquela coletividade sadina, Nuno Marques, salientou que, entre as duas semifinais e a final, passaram pela Capricho Setu-balense cerca de 600 pessoas.A gala final contou ainda com a

atuação especial da fadista Joana Amendoeira, que realçou a impor-tância deste evento, ao “projetar no-vos intérpretes de fado”.O Concurso de Fado Amador contou com os apoios da empresa Gasvari, da Junta de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra, da Rádio Amália e da Fundação Buehler-Brockhaus.Hans-Peter Brockhaus, de natura-lidade alemã e há vários anos a viver em Setúbal, realçou que o fado “me-rece todo o apoio, não apenas como divertimento, mas como uma arte maravilhosa que é, com todo o méri-to, património imaterial da humani-dade”.

Page 17: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

17SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

Operetas, lirismo, músicas do mundo e temas exclusivamente portugueses. O Fórum Municipal Luísa Todi começou 2014 a todo o ritmo e a variedade de espetáculos sucede-se numa catadupa de gran-des artistas a passar pelo palco da principal sala cultural do concelho.Logo no segundo dia do ano, duas centenas de intérpretes do Coro do Teatro Nacional de São Carlos e da Orquestra Sinfónica Portuguesa apresentaram a versão semicénica da opereta “Candide”, da autoria de Leonard Bernstein.

Fórum clássico e modernoJaneiro trouxe uma opereta. Em fevereiro ouviu-se música lírica, em contraste com temas portugueses modernos e românticos. No mês de março vários artistas de renome celebraram datas especiais na carreira e no País. O Fórum Luísa Todi dá música. E da boa

O espetáculo, dirigido por João Paulo Santos, esgotou por completo o Fórum Luísa Todi.Num registo mais erudito, seguiu--se, em fevereiro, a Gala Luísa Todi – Jovens Clássicos, naquele que foi o primeiro concerto do proje-to setubalense Luísa Todi – Jovens Clássicos, destinado à promoção de cantores líricos em início de car-reira.A gala contou com a participação da Orquestra Metropolitana de Lisboa, conduzida pelo maestro Jean-Sé-bastien Bérau, e das solistas Cris-

tiana Oliveira, soprano, e Tamila Kharambura, violinista.Mas o Fórum Luísa Todi também vive de ritmos modernos.Camané passou por Setúbal para apresentar o espetáculo “O Melhor | 1995-2013”. Bastaram duas sema-nas para que a bilheteira esgotasse e uma hora e meia para que o público vibrasse em noite de inverno com o melhor do fadista.Ainda em janeiro, José Perdigão e Sons Ibéricos homenagearam poe-tas, músicos e compositores de Es-panha, Brasil e Portugal, num con-certo com a participação especial de José Cid.O Fórum Luísa Todi faz agora tam-bém parte da história da carreira de Toy, onde o cantor deu dois concer-tos especiais retrospetivos, gravan-do pela primeira vez espetáculos ao vivo para posterior lançamento de um DVD.Em Dia dos Namorados, João Pedro Pais trouxe “Improviso” a Setúbal.Perante casa cheia, o cantor e com-positor recuperou muitos dos prin-cipais sucessos da carreira.Também com sala esgotada, padrão habitual nos espetáculos do Fórum Luísa Todi, Sara Tavares festejou com o público setubalense, a 8 de março, Dia Internacional da Mu-lher, duas décadas dedicadas intei-ramente à música.Dias antes, os históricos UHF foram “Filhos da Flor de Abril”, quando apresentaram, ao som do rock, um concerto especial da banda para as-sinalar os 40 anos da Revolução dos Cravos.O espetáculo, que incluiu momen-tos de homenagem a José Afonso, serviu ainda de lançamento ao fes-tival Rock no Sado, previsto para agosto, no Parque Sant’Iago.

Page 18: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

18SETÚBALjaneiro|fevereiro|março1418SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

cult

ura

O fotógrafo amador Álvaro Dias apresentou na Casa da Cultura “Percursos”, exposição que, entre 11 de janeiro e 4 de fevereiro, reve-lou imagens da sociedade setuba-lense nos anos 40.Numa organização da Câmara Mu-nicipal e da DDLX, a iniciativa surge a partir do livro “Em Terras de Rio Feito Mar”, uma edição da Universidade Popular de Setúbal que reúne, entre outras temáticas, imagens de bairros de lata, da pes-ca através da arte do cerco, de bar-

Arte contemporâneaObras de artistas da coleção de arte contem-porânea do Museu de Setúbal/Convento de Jesus estiveram patentes na Galeria Munici-pal do Onze. “Além do Óbvio” mostrou, entre fevereiro e março, criações de Adão Rodri-gues, António Alberto Osório de Castro, Car-los Eirão, Carlos Lança, Cláudia Hora, Laura Cesana, Luís Badosa, Manuel Vilarinho, Ma-tos Cardoso, Moita Macedo, Paulo Rego, Sér-gio Costa, Sofia Arez e Tomás Mateus.

Enterro com alegriaO tradicional Enterro do Bacalhau marcou o fim das festividades carnavalescas. Um di-vertido cortejo no dia 5 de março, à noite, pelo Bairro Santos Nicolau, entre as sedes do Grupo Desportivo “Os Amarelos” e do Nú-cleo dos Amigos do Bairro Santos Nicolau, organizadores da iniciativa, foi encabeçado por elementos “solenes” do clero e levou vá-rias dezenas de populares a despedirem-se com alegria do Carnaval de 2014.

Memórias da guerra“A Memória da Grande Guerra (1914-1918): exposição bibliográfica e documental”, que assinalou os 100 anos do conflito, esteve pa-tente entre 1 e 28 de fevereiro na Biblioteca Pública Municipal. Testemunhos portugue-ses na imprensa e noutros documentos his-tóricos preencheram a mostra, apresentada por João Reis Ribeiro e organizada em parce-ria entre a Câmara Municipal e a Associação Cultural Sebastião da Gama.

Alfaiataria intemporal“O alfaiate através dos tempos” é o título de uma exposição, patente entre 3 de março e 6 de abril, na Casa da Baía, focada na alfaiataria do século XX. A mostra, de pintura e recria-ção, revelou o trabalho do antigo alfaiate e artista plástico Victor Gaspar e incluiu várias visitas guiadas. O projeto cultural, desen-volvido no âmbito do envelhecimento ativo, assinalou igualmente os 80.º aniversário do autor.

O concelho à vista dos anos 40

‘Peregrinação’ passa por SetúbalUm dos maiores

ilustradores portugueses expôs em Setúbal as

pranchas de uma das maiores referências

da história da banda desenhada de Portugal.

A Casa da Cultura recebeu José Ruy

e “Fernão Mendes Pinto e a sua Peregrinação”.

Uma oportunidade rara para ver e ouvir a

história do País contada em quadradinhos

cos vistos de terra e de miúdos que esperavam a “rânchea”, como eram conhecidos os restos de comida dos homens do mar.Na inauguração da mostra do fotó-grafo de 90 anos estiveram presen-tes o vereador Manuel Pisco, bem como Francisco Lobo, ex-presi-dente da Câmara Municipal, e Re-gina Marques, antiga vereadora da Autarquia, presidente da Univer-sidade Popular e responsável pelo prefácio do livro que apresenta as fotos de Álvaro Dias.

José Ruy, artista que se tornou uma referência na história do desenho e da ilustração portuguesa, passou pela Casa da Cultura em fevereiro para apresentar a exposição “Fer-não Mendes Pinto e a sua Peregri-nação”.

tas das memórias da longa carreira, iniciada em 1947 e desde sempre ligada à ilustração.“Primeiro era contra o digital e por isso mesmo continuei a insistir. Se não po-demos vencer o inimigo, juntamo-nos a ele”, confessou José Ruy na mas-terclass realizada após a inaugura-ção da exposição.Atualmente com 83 anos, o ilus-trador abraçou a evolução das dife-rentes técnicas de desenho digital contemporâneas, motivo pelo qual, destacou, acabou por se render a programas como o Photoshop.A exposição, organizada pela Câ-mara Municipal de Setúbal em parceria com o atelier DDLX, as-sinalou também os quatro séculos da obra do cronista português Fer-nando Mendes Pinto.Esta efeméride levou José Ruy a preparar uma quarta edição da banda desenhada, brevemente disponível numa versão que será acompanhada por um DVD.Neste trabalho, a epopeia portu-guesa é contada através dos de-senhos do ilustrador e da banda sonora criada a partir do álbum de 1982 “Por Este Rio Acima”, do mú-sico Fausto.

A mostra, patente entre 8 de feve-reiro e 11 de março, consistiu na exibição de várias pranchas da ver-são em BD de “Peregrinação” cria-da por José Ruy na década de 50.Além da exposição, a iniciativa in-cluiu outros trabalhos do autor, as-

sim como objetos ligados à história da litografia em Portugal.José Ruy marcou presença não ape-nas na inauguração da mostra, mas em masterclasses realizadas na Casa da Cultura, em encontros com o público nos quais partilhou mui-

Page 19: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

19SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

Investimentos defendem património da ArrábidaA partilha de responsabilidades é a chave do sucesso para a defesa da Arrábida. A estratégia ficou patente num seminário dedicado à prevenção e preservação daquele património natural. Setúbal dá o exemplo com um conjunto de investimentos centrados na proteção de um bem que é de todos e alerta para mais empenho do Estado

amb

ien

te

“Setúbal em bom ambiente”. A campanha de sensibilização está em marcha e apela aos munícipes que adotem práticas ambientais sustentáveis, com o objetivo de melhorar a imagem urbana da cidade e o consequente incremento da qualidade de vida.A sensibilização para a recolha dos dejetos caninos na via pública, com particular inci-dência nos espaços verdes, onde o risco de contacto humano é maior, nomeadamente com crianças, é um dos enfoques da iniciativa promovida pela Câmara Municipal.Numa abordagem educativa junto das popu-lações, foi enviado para todos os proprietá-rios que cumpriram a legislação ao registar os canídeos na junta de freguesia de residência um documento com informação sobre os cui-dados básicos a ter ao passear o cão.A higiene e a saúde do animal dentro e fora de casa, entre outros aspetos para a segurança de todos, são tópicos destacados no folheto “Cuide do seu Cão para o bem-estar da Popu-lação”, que alerta, ainda, para as coimas exis-tentes pelo incumprimento da lei, que variam entre os 50 e os 1000 euros.

A Praia da Figueirinha é candidata, pelo sexto ano consecutivo, ao galardão Bandeira Azul. A prestigiada distinção, que atesta a qualidade de excelência de uma zona com uso balnear, é atribuída pela Associação Bandeira Azul da Europa.Este galardão tem como objetivo elevar o grau de consciencialização dos cidadãos em geral e dos decisores em particular para a necessida-de de se proteger o ambiente marinho e cos-teiro e incentivar a realização de ações condu-centes à resolução de problemas existentes.“Poluição dos Oceanos” é o tema de 2014 da Bandeira Azul, distinção atribuída median-te avaliação de 32 critérios, 28 dos quais de cumprimento obrigatório, repartidos pelos grupos “Informação e Educação Ambiental”, “qualidade da Água”, “Gestão Ambiental e Equipamentos” e “Segurança e Serviços”.A Bandeira Azul começou a ser implementa-da à escala europeia em 1987, por iniciativa da Fundação para a Educação Ambiental, com o apoio da Comissão Europeia.

Figueirinha em tons de azul

Campanha apelaa boas práticas

“Parque Natural da Arrábida – da Prevenção à Preservação”. A temática focou atenções num seminário promovido no final de feve-reiro, com destaque para os investimentos municipais na defesa e proteção da cordi-lheira candidata a Património Mundial Misto da Humanidade.A Arrábida é, “sem qualquer dúvida, um patri-mónio que importa preservar em permanência, sem hesitações, sem falhas, sem estrangula-mentos, sejam eles de que natureza for”, subli-nhou a presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, na abertura do encontro, reali-zado no Fórum Municipal Luísa Todi.A autarca, ao realçar o empenho intermuni-cipal “em fazer da Arrábida um património de todos”, com ações direcionadas para a pre-servação e prevenção de riscos, frisou que os Municípios assumem, “muitas vezes, respon-sabilidades formais que são do Estado central e dos proprietários”.A postura da Administração Central “con-trasta com uma muito maior pró-atividade na permanente fiscalização administrativa da atividade das autarquias”, afirmou, enquanto alertou que “também é neces-sária uma maior pró-atividade na reso-lução de problemas e na disponibilização de meios” para a defesa e proteção da Arrábida.A realização de um protocolo de cola-boração com o Exército, através do Re-gimento de Engenharia n.º 1 da Pon-tinha, para a reabilitação de caminhos e o controlo da densidade florestal no

Parque Natural da Arrábida foi um dos inves-timentos destacados pela edil.A dinamização de iniciativas de sensibili-zação junto da comunidade escolar, o fun-cionamento do Gabinete Técnico Florestal Intermunicipal e a elaboração de planos in-termunicipais de defesa da floresta contra incêndios e de planos operacionais munici-pais foram outras medidas enunciadas.A proteção daquele território é feita tam-bém com “o financiamento e a manutenção de corporações de bombeiros profissionais e volun-tários com elevado grau de operacionalidade”, destacou a autarca, para lamentar a “limita-da possibilidade de intervir mais ativamente na gestão” da Arrábida.

Responsabilidade partilhada

A procura de soluções e medidas para prote-ger o “precioso património da Arrábida”, feita com recurso a parcerias, regista efeitos mui-to positivos, referiu Maria das Dores Meira.

“Um dos indicadores é a reduzida área ardida no Parque Natural da Arrábida nos últimos anos.”A diminuição da área ardida no Parque Natu-ral da Arrábida no ano passado, que se ficou pelos 1,29 hectares (noutros anos existem valores que ascendem às quatro dezenas de hectares) e o registo de apenas 14 ocorrên-cias, as quais, em grande parte, se trataram de falso alarme, foram alguns dos números apresentados.O seminário, que incluiu, no final, uma vi-sita de campo ao Parque Natural da Arrábi-da, continuou com uma série intervenções temáticas que deixaram patente o trabalho dinamizado por um conjunto de entidades e instituições com responsabilidades naquele território.O Plano Intermunicipal de Defesa da Flores-ta, instrumento direcionado para a gestão e planeamento de ações de defesa e prevenção de incêndios, atualmente em revisão, foi um dos assuntos em destaque no seminário rea-

lizado a 28 de fevereiro.O balanço das intervenções dinami-zadas pelos militares do Regimento de Engenharia n.º 1 da Pontinha na defesa da floresta contra incêndios foi também apresentado no encontro.O seminário foi organizado pelas câ-maras municipais de Setúbal, Palmela e Sesimbra, pelo ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Flores-tas e pelo Gabinete Técnico Florestal Intermunicipal da Arrábida.

Page 20: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

20SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

freg

ues

ia

Um arranjo urbanístico a criar num dos prin-cipais acessos à urbanização quinta da Serra-lheira, obra que inclui a criação de uma ro-tunda, é uma das intervenções que a Junta de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra prevê executar em breve.A obra, um investimento de cerca de 5 mil eu-ros, a concretizar com o apoio da Autarquia, visa a beneficiação de uma área daquela zona habitacional do Alto da Guerra, dotando-a de novas condições de utilização para as popula-ções.A intervenção, com a duração prevista de dois meses, inclui a construção de zonas de circu-lação pedonal e a definição de pequenas áreas com vegetação, bem como a criação de uma

A atratividade do Azeitão Bacalhôa Parque é reforçada com uma peça de arte de grandes dimensões alusiva à atividade vinícola. A es-cultura está instalada desde o início de março numa área central daquele espaço de lazer de Vila Nogueira.“Deusa do Vinho”, da autoria do artista Pedro Marques, foi adquirida pela Junta de Fregue-sia de Azeitão, com o apoio de mecenas da re-gião, num investimento global da ordem dos 4 mil euros que melhora a imagem daquele espaço muito utilizado pelas populações.A peça, construída em ferro, com a figura de uma mulher envolta em parras de videira, é “alusiva a um dos principais símbolos de Azei-tão”, assinala a presidente da Junta de Fre-guesia de Azeitão, Celestina Neves.A obra escultórica, com cerca de dois metros

Arranjo beneficia quinta da Serralheira

rotunda, com o intuito de facilitar o acesso à quinta da Serralheira.“A melhoria da imagem e da mobilidade urbana são os principais objetivos desta obra”, salienta o presidente da Junta de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra, José Belchior. Além da criação de “condições mais condignas de usufruto naquela urbanização”, a operação permite a beneficiação do acesso automóvel à quinta da Serralheira, realça José Belchior.Na urbanização quinta da Serralheira, a junta de freguesia instalou recentemente um equi-pamento para a divulgação de informações para os munícipes. Estruturas semelhantes foram colocadas nas urbanizações Vale Ana Gomes e quinta da Amizade.

Deusa alinda parque em Azeitão

de altura, está instalada numa zona perto do quiosque existente naquele local. A base de suporte para a escultura foi construída por uma equipa da Junta de Freguesia de Azeitão, responsável, igualmente, pela preparação do terreno.“Esta peça vem embelezar ainda mais o Azei-tão Bacalhôa Parque”, realça Celestina Neves, aludindo a uma série de outras intervenções já concretizadas naquele espaço de lazer e de recreio, como um anfiteatro para pequenos espetáculos e um circuito de manutenção.Além da intrínseca relação com Azeitão, a escultura “Deusa do Vinho” integra um ou-tro simbolismo, a vertente feminina. A peça foi inaugurada a 8 de março, numa cerimónia englobada nas celebrações do Dia Internacio-nal da Mulher.

Bairro Humberto Delgadoreforça qualidade urbana

O Bairro Humberto Delgado viu reforçadas as condições de vivência urbana com um conjunto de intervenções que permitiu, entre outras,

criar passeios em falta. Há também novos muros de contenção que impedem o deslizamento de terras para a via pública e o

entupimento de sumidouros. A requalificação prossegue

Mais de mil metros quadrados de pavimentos pedonais foram insta-lados no Bairro Humberto Delgado no âmbito de uma intervenção, ainda com trabalhos no terreno, executada pela Junta de Freguesia de S. Sebastião, com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal.As operações, realizadas em vários locais daquele bairro edificado no início da década de 70, sobretudo nas imediações de imóveis, mate-rializam uma resposta direta às necessidades das populações daquele território que há largos anos aguardavam condições condignas de cir-culação pedonal.“Nesta intervenção conseguimos eliminar um conjunto de situações que afetavam o quotidiano dos munícipes. Agora, os moradores saem de casa e já não circulam por áreas descaracterizadas e lamacentas”, realça o pre-sidente da Junta de Freguesia de S. Sebastião, Nuno Costa. As requalificações no Bairro Humberto Delgado, em execução há cer-ca de um ano e meio, englobam um conjunto de outras ações de me-lhoria urbana, como a colocação de corrimões, a definição de bolsas de estacionamento, a criação de muros e o nivelamento de caixas de visita de águas residuais e pluviais.Nas traseiras da Rua Fialho de Almeida, além das operações de pavi-mentação em torno de edifícios, está a ser criado, numa extensão com cerca de 20 metros, um muro de contenção de terras, com uma peque-na área verde, bem como um acesso pedonal.Com o novo muro de contenção, “evita-se o aluimento de terras para a via pública e o entupimento do sistema de drenagem de águas pluviais”, sublinha Nuno Costa, para adiantar que outras situações a resolver naquele bairro, já identificadas, são concretizadas em breve.“Esta é a pequena grande obra de proximidade. São estas intervenções para as quais as juntas de freguesia estão talhadas”, refere o presidente da Junta de S. Sebastião sobre as obras no Bairro Humberto Delgado, um investimento global que ultrapassa os 25 mil euros.

Page 21: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

21SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

des

port

o

Atividades abertas à participação popular e provas de competição ofi-cial marcam o calendário desporti-vo dos “12.os Jogos do Sado”, ecletis-mo que ficou patente na cerimónia de abertura, realizada a 2 de feverei-ro no Fórum Municipal Luísa Todi.No habitual ambiente de confra-ternização de atletas, dirigentes, clubes e associações participantes nos Jogos do Sado, organizados pela Câmara Municipal de Setúbal, com o apoio da Águas do Sado, o projeto arrancou com a exibição de algumas das perto de duas dezenas de moda-lidades que integram o calendário de 2014, iniciado em fevereiro.Perante um Fórum praticamen-te lotado, a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, ao declarar oficial-mente abertos os “12.os Jogos do Sado”, salientou a importância da dinamização deste evento desporti-vo para a região. “Este projeto desportivo assume um papel fundamental na dinâmica e nos objetivos do movimento associativo”, vincou, para afirmar que os Jogos do Sado, “além de um instrumento de afirmação do potencial do concelho, são uma das principais referências de atividade desportiva de Setúbal e Azei-tão”.Uma apresentação pela Academia de Dança Contemporânea de Setú-bal deu início à cerimónia de aber-tura, na qual as centenas de pessoas presentes assistiram a um vídeo de promoção das principais atividades agendadas.

A tocha flamejante da Peace Run passou, a 22 de fevereiro, por Setúbal, numa etapa desta corrida de estafetas internacional que cruza fronteiras a promover valores como a paz, a amizade e a harmonia.A equipa de 15 atletas internacionais juntou-se a outros desportistas locais para concretizar uma etapa do percurso, com 4,7 quilómetros, com origem em Palmela. De mão em mão, a tocha passou por alguns dos corredores que se uniram a esta iniciativa da Associação Peace Run. À chegada à Praça de Bocage, a primeira para-gem da corrida, a equipa de atletas foi recebida pela presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, com a autarca, num momen-to de confraternização, a elogiar a importância do evento internacional, iniciado este ano em Portugal, na promoção de valores nobres.O período de descanso dos atletas serviu de

Corrida apela à paz mundial

Aquilo que são os Jogos do Sado deste ano foi mostrado na cerimónia de abertura. Setúbal ficou a conhecer o que reserva a 12.ª edição de um programa marcado pela profusão de atividades para ver ou praticar. Até outubro há 33 eventos de 17 modalidades distintas. É só escolher

Atividades náuticas, com natação, remo, vela, canoagem e uma feira dedicada à pesca, pedestrianismo e cicloturismo integram o calendário desportivo dos “12.os Jogos do Sado”, bem como modalidades de desporto adaptado, atletismo, patinagem artística e hóquei em patins.Nesta edição destaca-se a realização da IV Feira de Pesca de Setúbal, entre 24 e 27 de abril, da Regata de Vela de Cruzeiro, a 17 e 18 de maio, da Setúbal Bay 10 Km World Cup, a 28 de junho, da III Regata de Banheiras e Insólitos, 14 de setembro, do IV Setúbal Bike Tour, 5 de outubro, e do II Duatlo Jogos do Sado, a fechar, a 18 de outubro, assim como muitas iniciativas direcionadas para a comunidade escolarComo novidades, há uma Descida do Rio Sado, em canoagem, a 19 de julho, e um Torneio Internacional de Ténis em Cadeira de Rodas, de 25 a 28 de setembro, além do regresso, em moldes mais ambiciosos, da Travessia do Sado a Nado, a 21 de setembro.

Edição com novidades

pretexto para uma demonstração de dança pelos utentes do projeto municipal “Despor-tivamente em (Re)Forma”, à qual se juntaram populares. Os atletas da Peace Run seguiram depois em direção à frente ribeirinha para, de barco, continuarem a corrida por Troia.A Peace Run, iniciada em Lisboa, passou por diversas localidades da Estremadura, do Alen-tejo e do Algarve. Em Setúbal, contou com os apoios da Câmara Municipal e da Associação de Atletismo Lebres do Sado.Depois de Portugal, a Peace Run prossegue por mais 46 países europeus, como Espanha, França, Itália, Croácia, Eslovénia, Reino Uni-do, Áustria, Polónia, Alemanha, Suécia, Fin-lândia e Roménia, ao longo de mais de 24 mil quilómetros.A Peace Run, fundada em 1987 por Sri Chin-moy, envolveu até ao momento mais de 10 mi-lhões de pessoas em 150 países.

Jogos abertos à população

Os jogos são também feitos de moda. Num desfile organizado por Ana Sobrinho, o público ficou a co-nhecer as indumentárias utilizadas pelos atletas nas 17 modalidades que integram o projeto desporti-vo, nesta edição com um total de 33 eventos programados até outubro.A autarca, ao frisar que “os Jogos do Sado materializam um importante fator de desenvolvimento desportivo no concelho”, afirmou que este projeto se assume, “desde o primeiro momen-to, como um vetor de conciliação entre o gosto pela prática física e o saudável espírito desportivo”.Maria das Dores Meira sublinhou que o “sucesso alcançado” ao longo de 11 edições “ultrapassa, em muito, a simples responsabilidade da Autar-quia”, uma vez que a organização assenta “num modelo participativo” capaz de unir o Município e um

conjunto de parceiros, como asso-ciações, escolas e clubes.Em ritmo elevado, o espetáculo de abertura da 12.ª edição dos Jogos do Sado continuou com uma demons-tração da modalidade de zumba pelo ginásio ProAventuras e uma exibição de dança jazz pelo Vitória Futebol Clube.Um “Ensemble de Violetas e Vio-loncelos” do Conservatório Regio-

nal de Setúbal proporcionou um momento de maior descontração na cerimónia, a que se seguiu uma de-monstração de capoeira, pelo grupo “Água de Beber”, e novamente dan-ça, pelo grupo “Salsa Setúbal”.Antes da apresentação dos par-ceiros, agraciados com pequenas lembranças do Município, e da de-claração de abertura dos “12.os Jogos do Sado”, pela presidente da Autar-

quia, houve tempo para a exibição de uma classe de “Cama Elástica” do Vitória Futebol Clube. “Este projeto não se concretiza apenas pelo conjunto de eventos organizados pela Autarquia para os seus muníci-pes, mas sim com os seus munícipes representados pelas suas associações”, destacou Maria das Dores Meira, para reforçar que os Jogos do Sado “vão além da promoção de hábitos de vida saudáveis”.Mais do que “proporcionar importan-tes e significativos momentos de lazer”, este projeto, “em especial nas suas mais recentes edições, tem associado a organização dos eventos às poten-cialidades dos recursos ambientais do concelho”, com iniciativas em vários espaços.“O vasto calendário de eventos conti-nua a comprovar as múltiplas funções deste projeto”, enquadrado “nos cam-pos da educação, cultura, economia, turismo e, globalmente, na qualifica-ção dos hábitos de vida dos muníci-pes”, reforçou Maria das Dores Mei-ra, ao lançar o repto: “Vamos fazer desporto!”

Page 22: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

22SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

edu

caçã

o

O Centro de Interpretação Ambiental das Manteigadas nasceu do espírito de iniciati-va de professores da Escola Secundária Dom Manuel Martins, que decidiram aproveitar um bosque nas instalações escolares para criar um percurso interpretativo.O CIAM, principalmente orientado para crianças do pré-escolar e do 1.º ciclo de es-tabelecimentos de ensino do concelho de Setúbal, funciona num terreno com uma área de três hectares e características de bosque mediterrâneo, onde se encontram várias es-pécies nativas e exóticas.A biodiversidade do bosque é o ponto de par-tida para a realização de um vasto leque de ati-vidades de cariz ambiental.Além das mais-valias naturais proporciona-das pelo espaço, a organização do Centro de Interpretação Ambiental das Manteigadas foi acrescentando valências, como um charco, um lago, uma horta e um pomar.Em paralelo, foi criado um percurso que re-vela melhor a biodiversidade presente no ter-reno, adquiriu-se sinalética e equipamentos e celebrou-se uma parceria com a associação

Câmara apoia escolas

Ambiente de aprendizagemNa Escola Dom Manuel

Martins funciona um local premiado na vertente

de educação ambiental. O espaço tem muito para

ensinar num bosque mediterrâneo com uma área

que se estende por três hectares

ambientalista quercus para a formação de monitores.O êxito com o projeto implementado já valeu ao CIAM o prémio Brigadas Verdes, do pro-grama Eco-Escolas, em 2010, que distinguiu a criatividade e a inovação no âmbito da edu-cação ambiental, enquanto, em 2011, o centro foi selecionado para a segunda fase do Prémio Ilídio Pinho e recebeu uma menção honrosa num concurso nacional de valorização do en-sino das ciências.Ao longo do percurso existem postos de in-terpretação ambiental, onde os alunos par-

ticipantes podem realizar atividades de con-tacto com a natureza.Além destes postos de interpretação, os gru-pos podem realizar diferentes atividades, como observação do lago e vida subaquática ali existente e medição da profundidade e da temperatura da água.A sementeira na horta, aprender a fazer a compostagem, estabelecer contacto com cheiros e texturas da mata, observação de in-setos à lupa e determinar a idade de uma ár-vore através da medição são outras atividades desenvolvidas no CIAM.

O centro permite ainda que as crianças parti-cipantes comparem ritmo de crescimento de árvores diferentes, observem plantas carní-voras, cheirem ervas aromáticas, pratiquem jogos didáticos, observem árvores com bi-nóculos e conheçam os ciclos do azeite e da cortiça.Visitas ao Centro de Interpretação Ambiental das Manteigadas podem ser agendadas atra-vés do número 265 771 422 ou do endereço [email protected]. O CIAM também está presente na internet, em concreto no sítio http://ciamsetubal.webnode.pt.

A Câmara Municipal aprovou no dia 19 de fe-vereiro a atribuição de apoios financeiros aos agrupamentos verticais de escolas do conce-lho, num montante global superior a 30 mil euros, destinado a subsidiar diversas ações educativas.Um dos apoios financeiros, uma verba de 19 mil e 520 euros, referente ao primeiro tri-mestre do ano letivo 2013-2014, destina-se a custos com despesas de funcionamento, aqui-sição de material de desgaste e realização de atividades de ação educativa para os alunos do 1.º ciclo do ensino básico.O subsídio, que abrange um total de 4880 crianças, é repartido pelos agrupamentos ver-ticais de escolas, cabendo 2948 euros ao de

Cerca de mil crianças de jardins de infância e escolas do 1.º ciclo de Setúbal desfilaram mascaradas na manhã do dia 28 de fevereiro entre a Praça de Bocage e o coreto da Avenida Luísa Todi.A iniciativa, promovida pela Câmara Muni-cipal e a ACOES – Associação do Carnaval e Outros Eventos de Setúbal, incluiu um pe-queno concurso de máscaras, que premiou os brócolos, nabos, pimentos, cenouras, couves e todos os outros “legumes” que desfilaram pelo jardim de infância “O Sonho”, numa pa-rada intitulada “A Horta do Sonho”.O desfile “Legolândia e as Abelhinhas”, do in-fantário “Bonfim”, arrecadou o segundo lugar do pequeno concurso, que distinguiu ainda,

Carnaval de palmo e meio

Azeitão, 3632 ao Barbosa du Bocage, 3196 ao Sebastião da Gama, 1464 ao Lima de Freitas, 4768 ao Luísa Todi e 3512 euros ao Ordem de Sant’Iago.A Autarquia decidiu ainda atribuir um apoio financeiro de 11 mil euros aos agrupamentos para fazer face a despesas de funcionamento, reparações e manutenção dos serviços de re-prografia, correspondentes ao período com-preendido entre setembro e dezembro de 2013.Os agrupamentos Barbosa du Bocage e Luí-sa Todi recebem 3000 euros, enquanto aos de Azeitão, Sebastião da Gama e Ordem de Sant’Iago são concedidos 1500 euros. Ao agru-pamento de Lima de Freitas é atribuído o sub-sídio de 500 euros.

JANEIRAS. Alunos do Externato Diocesano Sebastião da Gama cantaram as Janeiras, a 13 de janeiro, na Câmara Municipal. As crianças, entre os 6 e os 10 anos, deixaram votos de bom ano através da interpretação de quatro cânticos natalícios. A comitiva foi recebida pelo vice-presidente André Martins.

com a terceira posição, a participação do in-fantário “O Girassol”, com o título “O meu mundo é o teu mundo”, dedicada à educação ambiental.Os premiados receberam entradas gratuitas no espetáculo “Um Presente Especial”, que o Grupo de Animação e Teatro Espelho Mágico apresenta no Fórum Municipal Luísa Todi em sessões para escolas.Neste carnaval infantil participaram ainda a Academia de Música e Belas -Artes Luísa Todi, o infantário “O Côco”, o jardim de infância “Bichinhos de Conta”, a Liga dos Amigos da Terceira Idade, o Colégio Sant’Ana, o Centro de Atividades Ocupacionais da APPACDM de Setúbal e os BelaBatuke.

Page 23: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

23SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

Trotineta otimiza mobilidade

acad

emia

O aproveitamento de energia e a melhoria do con-trolo do veículo para tornar a experiência de mo-bilidade urbana mais agradável são novidades num protótipo de trotineta elétrica desenvolvido por um aluno de mestrado da Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Setúbal.O estudo do fluxo energético gerado pelos vários componentes do veículo e a possibilidade de otimi-zação dessa energia deram o mote ao desafio abraça-do por Nelson Andorinha, no âmbito dos habituais projetos de colaboração entre o estabelecimento de ensino e as empresas.Da teoria à prática, o trabalho de investigação de um ano culminou na criação de um protótipo de trotine-ta elétrica. A introdução de um sistema híbrido, com baterias e supercondensadores, que permite o apro-veitamento da energia cinética gerada nas travagens, é a grande inovação alcançada.“Conseguiu-se recuperar energia gerada pela travagem regenerativa da trotineta e transferi-la novamente para o motor. Contudo, para saber com precisão o aumento da autonomia conseguido, é necessário realizar ensaios em condução real”, explica Nelson Andorinha.A utilização de supercondensadores no protótipo, de-vido à capacidade destes de fornecer e receber potên-cias elevadas em curtos períodos de tempo, permite efetuar arranques e travagens rápidas e de forma mais eficiente do que nas trotinetas elétricas comuns.

A criatividade não tem limites no BlackBerry Tech Center. No novo centro tecnológico da Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Setúbal, pioneira neste proje-to, qualquer boa ideia pode ser transformada numa excelente oportunidade de negócio.No laboratório, aberto a estudantes, docentes e a outros interessados na área das aplicações móveis, há um novo mundo a descobrir. Além da possibilidade de experimentar equipa-mentos com tecnologia de ponta, o espaço está dotado de um conjunto de recursos para teste à inovação.“É um programa académico destinado a unir a comunidade de programadores da região e tam-bém de outros locais, uma vez que este é o primei-ro, e até agora único, centro no País”, explica Renata Coutinho, bolseira de investigação e “embaixadora” da BlackBerry em Portugal.Um dos principais objetivos deste projeto, a funcionar desde meados de dezembro do ano passado, é despertar a capacidade empreen-dedora da comunidade em geral e, sobretudo, dos estudantes, com a criação de oportunida-des para o desenvolvimento de novas aplica-ções.O desafio para a conceção de novas aplicações para telemóveis, tablets e outros dispositivos da BlackBerry, um mercado em larga expan-são, já foi abraçado por mais de uma centena de alunos, que, individualmente ou em equi-pa, tentam cruzar a fronteira da inovação.“Além de despertar o espírito empreendedor, incentiva-se a inovação numa atmosfera de coworking”, destaca Renata Coutinho, ao adiantar as vantagens da criação do projeto em Setúbal. “Existem vários cursos ligados à in-

Laboratório aberto à inovação

A Escola Superior de Tecnologia de Setúbal acolhe o primeiro BlackBerry Tech Center de Portugal, um laboratório de portas abertas à criatividade. No mesmo estabelecimento de ensino, um aluno de mestrado desenvolveu um protótipo de uma trotineta elétrica com recursos mais eficientes na mobilidade urbana

formática e ao desenvolvimento de software que facilitam a dinamização do centro.” O vice-presidente do Instituto Politécnico de Setúbal, João Vinagre, ao reforçar a apos-ta académica do projeto, frisa que este pode ser conciliado com várias áreas curriculares. Neste momento, e porque ainda é uma novi-dade, está em fase de integração nos cursos da escola.“É um desafio de grande pertinência, até porque os alunos são o principal motor”, salienta João Vinagre. “Sabemos onde começamos, mas até onde podemos ir com o projeto é uma surpresa”, reforça.O BlackBerry Tech Center de Setúbal, único no País, é o quarto centro tecnológico desta

marca a funcionar na Europa, depois de Ma-drid, em Espanha, Milão, na Itália, e Bochum, Alemanha.A possibilidade de trabalho com equipamen-tos versão “beta”, não disponíveis no circuito comercial e utilizados exclusivamente para a investigação, é um dos atrativos do laborató-rio, espaço no qual os investigadores podem desenvolver pesquisas com re-curso a equipamentos pró-prios.O contacto com a tec-nologia de ponta da BlackBerry, uma das van-tagens realçadas por Renata Coutinho, constitui um fator de motivação

extra para os investigadores desenvolverem novas aplicações, que podem, igualmente, ser experimentadas com recurso a software de simulação. “A meta é conseguir criar algo com utilidade e que possa ser posto em prática”, esclarece, para adiantar que, entre as várias ideias já apre-sentadas, está a ser desenvolvida por alunos uma aplicação na área da saúde.No centro tecnológico são ainda dinamizadas sessões periódicas formativas de programa-ção com o intuito de dotar os investigadores de mais ferramentas técnicas que podem ser aplicadas neste campo, bem como maratonas de exploração coletiva da criatividade.“Hackathon” foi a primeira iniciativa realiza-da, logo após a inauguração do espaço, numa maratona com cerca de três dezenas de parti-cipantes, que pôs à prova a capacidade criati-va de várias equipas que, em apenas dez ho-ras, tiveram de desenvolver aplicações para dispositivos BlackBerryO sucesso da atividade e o número de inte-ressados em participar na experiência moti-varam o agendamento de uma nova iniciativa, que deverá ser rea-lizada durante o primeiro semes-tre deste ano.

Esta opção introduzida no protótipo de trotineta elétrica possibilita, igualmente, um considerável aumento do tempo de vida útil das baterias, bem como a redução das travagens mecânicas, soluções que otimizam a experiência de condução do utiliza-dor em meio urbano.Outro dos aspetos melhorados na investigação foi o comportamento e controlo do motor do pequeno veículo. Com a introdução de um “microcontrolador, que mede várias variáveis”, consegue-se uma condu-ção mais flexível e com maior qualidade, com acele-rações progressivas, adianta.Este projeto, com coordenação dos docentes Sér-gio Sousa e Vítor Antunes, um pequeno contributo para solucionar os problemas de mobilidade urba-na, valeu a Nelson Andorinha o prémio de mérito do Instituto Politécnico de Setúbal no ano letivo 2011/2012.Apesar dos aspetos positivos, a ambição é maior. “Queremos outros resultados práticos, com dados con-cretos, que possam ser fornecidos à empresa [Zac] para que estas inovações sejam, de facto, uma solução válida a implementar”, sublinha Sérgio Sousa.O professor acredita que o projeto de protótipo de trotineta elétrica, ainda com muita estrada para percorrer, “vai ter continuidade, com toda a certeza, e possivelmente com uma equipa mais abrangente e mul-tidisciplinar”.

Page 24: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

24SETÚBALjaneiro|fevereiro|março1424SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

retr

ato

s

O olfato desperta ao se chegar à banca de Adriana Ganhão, no Mer-cado do Livramento. Sente-se uma mistura harmoniosa de cheiros, uns suaves, outros mais intensos. Emanam de diferentes ervas aro-máticas, expostas entre outros pro-dutos hortofrutícolas. Ali, apetece comprar de tudo.A rotina de Adriana começa ainda de madrugada. Na pequena carri-pana azul, companheira de longa data, faz-se à estrada, em direção à serra. Procura o que faz falta para a venda, colhendo herbáceas da épo-ca, apenas em zonas permitidas, sa-lienta. Por vezes, o percurso é feito ao final do dia.Há mais de 15 anos que está na ativi-dade. Já conhece os melhores locais da serra e as técnicas para encon-trar e apanhar as ervas aromáticas. “Tive de estudar. As características, os locais mais propícios para as achar, a forma de as colher e, numa outra fase, de as secar”, adianta a comerciante. Nem sempre foi fácil. Os primeiros anos da atividade foram de desco-berta, com vários dias de trabalho desperdiçados. “Lembro-me de num verão ter desperdiçado uma saca intei-ra de orégãos. Um dos galhos não ficou devidamente seco. Ganhou humidade e apodreceu tudo.”

Aromas com paixão

No ‘jardim’ de Adriana Ganhão

há ervas aromáticas para todos os gostos. Frescas, perfumam a

típica gastronomia portuguesa. Secas, para

infusões, ajudam nos males do quotidiano.

Ela sabe os nomes e as características de cada uma, a forma de colher

e de preparar. Aposta nos hortofrutícolas do

pequeno produtor, com pouca quantidade e

muita qualidade

Num pedaço de cartão, escrito à mão, dá a conhecer as variedades aromáticas disponíveis. Poejo, ci-dreira, malva, madressilva e hipe-ricão são algumas das ervas secas que vende, a pouco mais de um euro e meio, em pequenos recipientes reaproveitados e preparados de forma artesanal.Os espargos selvagens são, por esta altura, uma das iguarias mais pro-curadas. “Tenho de os apanhar sem o orvalho da noite. Caso contrário, ficam negros e intragáveis”, explica Adriana, que também vende plan-tas em vaso, como framboesa, hor-telã, arruda e alecrim.Em cestos de verga, espalhados ao longo da banca, há tomate chucha mini, aipo, cebolo e cenouras, pro-dutos hortofrutícolas frescos que arranja em pequenos produtores da região. A quantidade nunca é mui-ta, até porque a principal aposta é a qualidade.“Gostava de ter uma pequena horta e cultivar os meus próprios produtos. Eu até tenho um terreno, de herança de família. Mas é em Coimbra, de onde sou natural”, adianta, ao afirmar que ainda tem esperança de um dia poder vir a concretizar esse sonho.A alfarroba, o endro e o funcho, artigos para uma culinária mais es-

pecífica, também marcam presença na panóplia de produtos disponí-veis, assim como malaguetas para fazer molho de picante, ovos casei-ros, abóboras e as típicas ervas aro-máticas utilizadas na gastronomia, como a salsa e os coentros. Trigo para gatos, para ajudar o processo digestivo dos bichos, também pode ser adquirido. Para os mais audazes e aventureiros na tarefa agrícola, há sementes e her-báceas para plantar em pequenas hortas de jardim ou de varanda.

Conversa à venda

qualquer transação feita na banca de Adriana é acompanhada de dois dedos de conversa. questões sobre a frescura dos produtos são raras, até porque os fregueses regulares já sabem ao que vão. Outros apare-cem à descoberta, para saber mais daquele mundo rural.Mesmo que não comprem nada, a comerciante não deixa de ajudar os curiosos. Seja sobre as caracte-rísticas de determinada erva aro-mática ou as possíveis formas de utilização das mesmas, qualquer pergunta feita nunca fica sem res-posta. Mesmo que não saiba.“Tenho sempre um sorriso pronto.

Detesto o egoísmo e a mesquinhez das pessoas”, salienta Adriana Ga-nhão, que, mesmo quando não tem algum produto procurado pelos clientes, não se inibe de indicar um outro local no mercado no qual esteja disponível.As conversas sobre gastronomia surgem, igualmente, com alguma regularidade. A comerciante par-tilha conselhos culinários com os fregueses, indicando formas de confeção de determinado alimen-to. Às vezes, é surpreendida e tam-bém aprende algumas coisas.“Os espargos selvagens ficam bem com ovos. Salteados, depois de gre-lhados, numa salada, também ficam ótimos”, exemplifica. Já os chás, para as variadas maleitas, também são alvo explicações mais demo-radas.

Da rua ao mercado

Adriana Ganhão, 42 anos, come-çou na atividade como vendedo-ra ambulante, no espaço público. Antes disso, trabalhou no mata-douro de Setúbal. Foi convidada a negociar uma saída amigável, até porque a empresa ia fechar portas. Teve sorte.Circunstâncias da vida, que pre-

fere não recordar, levaram-na a abraçar o ofício que já era pratica-do pela mãe e a mudar radicalmen-te de vida. “Foi o que apareceu na altura. Não me arrependo, até por-que gosto muito do que faço”, revela Adriana, a viver em Setúbal desde os 3 anos.Juntas, mãe e filha, vendiam nas imediações do Livramento, no fi-nal da Rua Oriental do Mercado. “Às vezes sinto falta desses tempos. Era um ambiente diferente, ao ar li-vre”, confessa, saudosista.Contudo, reconhece que agora tem melhores condições de trabalho. Na altura, só tinha pinhão torrado e ervas aromáticas, que apregoava. “Há orégãos, há louro, olha os chás!”, entoava, vezes sem conta, à passa-gem de transeuntes, uma arte que ainda hoje não esqueceu.Por vezes tinha de recolher a mer-cadoria, quando aparecia a autori-dade. Mas nunca foi multada.A chegada ao Mercado do Livra-mento foi há apenas cinco anos, pouco tempo antes das obras de reabilitação e modernização exe-cutadas naquele espaço de comér-cio tradicional da cidade. Ali teve oportunidade de expandir o negó-cio, com mais variedade de produ-tos. É feliz no que faz.

Page 25: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

25SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

rostoEstória que dá gosto

inic

iati

va

Aos 91 anos, Virgínia Palma Rodrigues é a aluna mais velha e também a que está desde o começo da Universidade Sénior de Setúbal.Ao longo destes dez anos aprendeu história, inglês, francês e muitas outras disciplinas mas que o tempo se foi encarregando de fazer esquecer. “Tudo o que é história gosto”, conta Virgínia, modista de profissão.Por essa razão, durante sete anos, a disciplina fez parte da “carga horária”, enquanto as línguas estrangeiras escolheu “para recordar”, uma vez que não lidou “com ninguém que falasse inglês e francês”.Ocupar o tempo e conviver, depois de enviuvar, há 27 anos, foram as razões que levaram Virgínia a ingressar na Uniseti. Continua a fazer a “lida da casa”, tendo como companhia a gata Marta, os seus trabalhos em renda e, dois dias por semana, conduz o automóvel até ao Bonfim para as aulas com o coral da universidade.E com 90 anos cheios de vida ainda canta no coral do corpo de voluntariado do Hospital de São Bernardo. Haja saúde para continuar ativa.

O início está marcado para as 15h00. Ainda faltam dez minutos mas a sala polivalente da Biblioteca Municipal já está repleta de, maio-ritariamente, mulheres para assis-tirem a uma palestra sobre o desen-volvimento económico de Setúbal entre os séculos XVI e XVIII.O encontro, um entre muitos, é or-

Universo da idadeOs alunos fazem da

Uniseti de Setúbal uma universidade

cheia de vida, saúde e aprendizagem. A

Universidade Sénior não tem idosos, tem pessoas que têm em comum a situação

de reforma, mas que se diferenciam

pelas competências adquiridas ao longo

da vida

Em novembro de 2013, a Uniseti de Setúbal as-sinalou o 10.º aniversário, anos suficientes para consolidar os objetivos iniciais e apostar em no-vas metas no panorama das ofertas letivas e não letivas.Dois meses antes, a antecipar-se ao apagar das velas, a 15 de setembro, no Dia de Bocage e da Ci-dade, foi formalizada a cedência de um edifício camarário no Parque do Bonfim, através de um protocolo celebrado entre as duas partes.Com a concentração da universidade num único edifício, anteriormente distribuída por três espa-ços, e depois dos trabalhos de melhoramento das instalações, cresceu a oferta curricular e desen-volveram-se novos projetos. “Sem ruturas, com tranquilidade, assegurámos que a dinâmica criada não apenas não fosse quebrada, como recrudescesse”, refere o diretor pedagógico da Uniseti, Arlindo Mota.

Presente de aniversário

ganizado pela Universidade Sénior de Setúbal e tem como convidada a professora e investigadora Lau-rinda Abreu. Não é preciso esperar muito mais para começar a sessão. Tudo está pronto minutos antes. A sala lotada e a imagem projetada na tela onde se pode ler o tema do encontro, que integra o ciclo de pa-

lestras que, desde há dois anos, a Uniseti de Setúbal, através do pro-jeto Centro de Iniciativas Manuel de Medeiros, promove junto dos alunos.Nesta universidade, que funciona desde 2013 num espaço do Parque do Bonfim, não se prepara alu-nos para o mercado de trabalho, até porque a situação de reforma é condição de ingresso. O que se aprende é à escolha de cada um, in-dependentemente das habilitações literárias, consoante os interesses individuais. Após dez anos letivos, são agora 320 os alunos, com idades entre os 50 e os 90 anos, mais mulheres do que homens, que pretendem desenvol-ver capacidades, investir em novas aprendizagens, (re)descobrir inte-resses e, de igual forma importante, conviver socialmente. Desfaça-se a ideia de que as univer-sidades seniores são feitas de e para

idosos. Mais do que uma ginástica à atividade intelectual são, acima de tudo, espaços lúdicos, de convívio e de ensinamentos.

Oferta diversificada

As disciplinas lecionadas são di-versificadas e direcionadas para diferentes níveis de aprendizagem, como acontece com a informática e as línguas inglesa e alemã. A iniciação ao grego e ao latim fa-zem parte do plano curricular, que dispõe de disciplinas como “Filo-sofia Medieval”, “Lendas e Mitos”, “Mitos e Símbolos” e “História das Religiões”. Mas também “História Geral”, “Portugal do Liberalismo à República” e “Conhecer Setúbal”.Não só de outras culturas e socie-dades se apela ao conhecimento dos que, há muito, têm a sabedoria da vida. Nesta universidade, cuja filosofia vai muito além do ensino

cooperativo, oferece-se saberes nas áreas ligadas às artes, da plástica à escrita, à saúde e bem-estar e ao direito e cidadania.O leque é diversificado, tanto mais que as aulas de tricot, bordados, ar-tesanato e até renda de bilros reú-nem quem também quer combater a solidão e desenvolver as relações interpessoais.Se o trabalho desenvolvido den-tro das portas da universidade é objetivo primário, aquele que se desenrola fora delas reveste-se de momentos importantes, quer na vertente lúdica, como sessões de cinema, quer nas atividades que envolvem uma perspetiva académi-ca, como são os casos das visitas de estudo e a exposições, das palestras e das aulas abertas.Os projetos não param de brotar em pleno Parque do Bonfim, onde a Uniseti de Setúbal não para de crescer.

Page 26: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

26SETÚBALjaneiro|fevereiro|março1426SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

Na atual situação de crise económi-ca que Portugal atravessa talvez seja bom lembrar que Setúbal foi um dos mais importantes centros sali-neiros, não só do País como da Eu-ropa, entre os séculos XVI e XVIII.Numa altura em que uma outra crise económica tomava conta dos países europeus, a vila de Setúbal contra-riou todas as tendências ao apostar na atividade salineira, da extração à comercialização, sobretudo para fins de conservação. O sal de Setúbal, com excelentes condições para a produtividade, abasteceu uma rede de países, do Norte da Europa ao Litoral brasi-leiro.A extração e o comércio de sal das marinhas do Estuário do Sado de-ram mesmo o grande impulso para o crescimento da urbe motivada por migrações de trabalhadores, mão-de-obra necessária para esta atividade económica em expansão desde 1525, destacando-se da prin-cipal área comercial até então, a ex-portação de peixe. Pinho Leal, em “Portugal Antigo e Moderno”, de 1880, menciona que o sal de Setúbal era “considerado o melhor do mundo” e que a exporta-ção, “em quantidades espantosas”, se assumia no início do século XVII como uma importante fonte de re-ceita para o tesouro público nacio-nal.Num seminário internacional sobre o sal português, realizado em 2005,

O império do salSetúbal entrou na Idade Moderna como o mais importante centro salineiro da Europa. A vila cresceu ao compasso do desenvolvimento da produção e exportação do sal. Um negócio rentável que enchia os cofres do reino

no Porto, Laurinda Abreu, profes-sora auxiliar do Departamento de História da Universidade de Évora, expôs alguns dos números que re-velam a ascensão do setor na vila portuária. Se em 1558 estavam re-gistadas sete embarcações carrega-das de sal, na década seguinte eram 60 os barcos que partiam anual-mente do porto de Setúbal. O cres-cimento não se esgota aqui. Ainda no século XVI, o número atingiu os 145 barcos. Embora a exportação de sal tenha decaído ligeiramente no início do período filipino, voltou a afirmar--se rapidamente. No final do século XVII, estavam estimados, anual-mente, 150 barcos carregados de sal.Muitos episódios da História de Portugal, do século XV do XVII, de-

senrolaram-se em Setúbal, da ra-tificação do Tratado de Tordesilhas às cortes de D. João II e D. Manuel I, dando força ao investimento sa-lineiro.O negócio do sal sofre, no entanto, com a pressão tributária de Caste-la e a concorrência estrangeira no setor. A industrialização, a inven-ção das conservas em azeite e, mais tarde, a conservação a frio foram alguns dos fatores que contribuí-ram para o declínio da salicultura em Setúbal e um pouco por todo o País.

Mão-de-obra migratória

De pequeno burgo piscatório da Idade Média, a vila de Setúbal en-trava com toda a pujança económica na Idade Moderna, fator decisivo

SAL. Gravura de marinhas de sal, da Coleção Cunha Bento, in “História e Cronologia de Setúbal 1248-1926”, de Albérico Afonso Costa

Mais cristalino, limpo e, frequentemente, consi-derado mais puro, o sal setubalense e de Alcácer destacou-se de outros grandes centros de produção portugueses, como Aveiro, Figueira da Foz, Lisboa e Algarve.O segredo para a tão afamada qualidade deste mi-neral, composto por Cloreto de Sódio, Cloreto de Magnésio, Cloreto de Potássio, Sulfato de Magnésio e Brometo de Potássio, estava na flora do estuário.O fundo das salinas – ou marinhas – de Setúbal ti-nham a particularidade de produzir um tapete ve-getal, também conhecido por feltro ou tecido, con-

Puro e cristalino

para a expansão urbanística e mu-dança social.Numa espécie de levantamento de habitantes do reino de Portugal, a pedido de D. João III, estimou-se que, em 1527, Setúbal teria 1220 fogos e uma população aproxima-da de seis mil habitantes. A partir daí, com a exploração do sal em ascensão, o número de habitantes calculados em 1734 era de 13 mil e o de fogos duplicara. Um aumento populacional assinalável sobretudo entre 1580 e 1640, da ordem dos 139 por cento. Este crescimento demográfico está em absoluto associado à expansão da produção e do comércio do sal. Agosto era o mês da safra e com ele chegavam trabalhadores assalaria-dos, acantonados na periferia da vila.

Estas vagas migratórias surgiam, grande parte, da maior concorrente produtora de sal portuguesa, a zona de Aveiro, sendo que Setúbal não possuía mão-de-obra suficiente para o rápido desenvolvimento da atividade.Numa análise aos ritmos da popu-lação e do comércio do sal, a in-vestigadora Laurinda Abreu refere o “crescimento sustentado a partir de meados de Quinhentos, que se prolon-ga durante as três primeiras décadas do governo filipino, para começar a quebrar por volta de 1630”.

Desigualdade social

Durante séculos, o sal foi moeda de troca, o que terá dado origem ao termo “salário”. Enquanto crescia a população, na grande maioria as-salariada, destacava-se uma mino-ria considerável de abastados que comprava ou usurpava as marinhas do Estuário do Sado, dominando o monopólio do comércio do sal, cujos preços eram regulados pela coroa. À medida que enriquecia, esta elite apoderava-se das áreas mais nobres da vila, construindo residências, por exemplo, nas ime-diações da atual Praça de Bocage.Por outro lado, duas novas fregue-sias, a da Anunciada e a de São Se-bastião, onde se fixaram muitos dos trabalhadores vindos de Aveiro, iam sendo construídas na periferia rural.

sistente e compacto, com dois a dez milímetros de espessura, constituído por uma alga, única nos estuá rios do Sado e do Tejo, que limpa as impurezas em suspensão na água.O tráfego marítimo-fluvial gerado pela salicultura setubalense resultou, ainda, na adaptação de embar-cações específicas para o transporte do sal. No Sado, começaram então a navegar Iates de Setúbal, Galeões do Sal e Laitaus, barcos destinados ao comércio do “ouro branco” e cujas silhuetas, com inspirações em embarcações holandesas, pintaram durante séculos o cenário do estuário.

História

Page 27: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

27SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

Estória

Pessoam

emó

ria

hojeontem

Exatamente setenta anos afastam estas duas fotografias, tiradas na Rua

Arronches Junqueiro, na Baixa da cidade, uma no final de fevereiro de 1944, a outra no início de março de 2014, respetivamente por Américo

Ribeiro e por Mário Peneque. As imagens mostram que, não obstante a passagem

do tempo, a cidade mantém muito do que é característico e que ajuda a formar a

identidade cultural de Setúbal. A começar pela calçada portuguesa, acabando no

casario.

REPARO Na edição anterior do Jornal Municipal, a rubrica Ontem & Hoje saiu com um lapso prontamente detetado pelos leitores. Na comparação entre duas imagens do edifício do Banco de Portugal, indicámos que havia uma diferença de “sessenta décadas”. Obviamente, deveríamos ter escrito sessenta anos, ou seis décadas.

Farpas por Bocage

Mulher ao pedalDepois de aprender a dar as primeiras pedala-das no trajeto casa-escola, a ciclista Oceana Zarco entrou, aos 10 anos, para o Vitória Futebol Clube. Rapariguinha de feição, cabelo cortado à rapaz e de calções, aos 12 passeava-se por Setúbal numa bici-cleta de modelo masculino ao lado dos rapazes que com ela treinavam.Oceana Rosa de Sousa Zarco, nascida em Setúbal em 1911, foi uma das primeiras mulheres ciclistas em Portugal e uma das mais importantes despor-tistas dos anos 20, num tempo em que o papel fe-minino estava talhado sobretudo para os deveres para com a família.Foi em contracorrente que iniciou a carreira de ci-clista federada, em 1925, representando sempre o clube sadino até desistir do ciclismo, em 1929, por razões financeiras.Durante esses quatro anos, ganhou várias provas, como a III Volta a Lisboa e a I Volta ao Porto, ambas em 1926, e a I Volta a Setúbal, em 1929, deixando para lugares secundários os seus adversários mas-culinos.

GLÓRIA. Capa da revista “Eco dos Sports”, de 5 de dezembro de 1926, dedicada

a Oceana Zarco, na altura com apenas 15 anos

A ciclista serviu de inspiração a muitas mulheres que, na época, lutavam pela igualdade de direitos e deveres e abriu caminho a novos projetos e ati-tudes.Ultrapassada a etapa de ciclista, Oceana dedicou--se à enfermagem, profissão que exerceu ao lon-go de trinta anos. A vida familiar foi ficando para trás, deixando o casamento para depois dos 50 anos, porque o Estado Novo não permitia que as enfermeiras casassem.Morreu em janeiro de 2008, quase a completar 97 anos. A 11 de setembro do ano seguinte foi descerrada uma placa, no Cemitério de Nossa Se-nhora da Piedade, junto da sua sepultura, onde se lê “Homenagem de todos os setubalenses à Gló-ria do Ciclismo Feminino Português, orgulho do Desporto Setubalense. Paz Eterna à Sua Alma.”

Descrita pelas palavras de Ramalho Ortigão nas crónicas de costumes “As Farpas”, a inauguração da es-tátua de Bocage, programada para dali a um mês, em dezembro de 1871, constituiu um ato de peni-tência de Setúbal por deixar o poeta morrer pobre, sem glória e sem se-pultura na terra onde nasceu.“A cidade de Setúbal, não tendo dado jamais durante a vida do poeta nem um passo nem um ceitil para o livrar ou da perseguição política e religiosa que se lhe fez, ou da penúria que o consumiu, não querendo mesmo sa-ber dos restos mortais do vate, que se não sabe onde repousam, parece-nos que fez bem petrificando em mármore para própria lição o seu arrependi-mento e o seu remorso”, lê-se no tex-to escrito por Ortigão. A ideia de erguer o monumen-to surgiu no Rio de Janeiro, a 15 de setembro de 1865, durante as comemorações do centenário do nascimento do poeta sadino. Os promotores foram os irmãos José Feliciano de Castilho Barreto e No-ronha e António Feliciano de Cas-

tilho, que recolheram fundos junto da comunidade brasileira.A estátua, do escultor Pedro Car-los dos Reis, assente numa colu-na coríntia sobre quatro degraus oitavados, foi inaugurada a 21 de dezembro de 1871, com a presença do ministro do Reino, de repre-sentantes das academias e da im-prensa, bem como do escritor Eça de queirós e do Marquês de Ávila e de Bolama, entre outros.Ramalho Ortigão tece largos elo-gios a Bocage, que “tinha mais dig-nidade do que a maior parte dos seus companheiros e confrades nas letras” e que pertenceu a uma “sociedade empoçada e pútrida”. Ortigão pormenoriza as injúrias cometidas em vida a Bocage, o abandono do poeta no cárcere do Limoeiro e a apreensão dos ma-nuscritos de Elmano Sadino. “Em tal meio social o talento não tinha onde fincar o pé. Bocage serviu a ci-vilização derrocando como pôde o seu velho mundo carunchoso, tabaquento e inepto. Honra lhe seja! Ninguém no seu lugar teria feito mais.”

Page 28: Jornal Municipal - Jan|Fev|Mar'14

28SETÚBALjaneiro|fevereiro|março1428SETÚBALjaneiro|fevereiro|março14

plan

o

segu

inte

Enquanto o m@rço.28 decorre em velocidade de cruzeiro com um vas-to número de iniciativas no conce-lho, o final de março e os próximos meses reservam ainda mais ativi-dades que colocam em destaque o Mês da Juventude promovido pela Câmara Municipal.Com um programa comemorativo cheio de iniciativas, está reservada para os últimos dias de março, mais precisamente a 29, a final do 10.º Concurso de Bandas de Garagem de Setúbal.A competição musical, com elimi-natórias em todos os fins de se-mana do mês, termina com uma grande final na Sociedade Musical Capricho Setubalense, parceira da Autarquia na organização do evento.O primeiro lugar atua a Feira de Sant’Iago e no Festival Rock no Sado, além de gravar um single, oferta da EP Produções – Rock no Sado, e receber um cheque de mil euros.O concurso, que recebeu este ano um total de 56 inscritos na fase de pré-seleção, entrega 700 euros ao segundo lugar, 500 ao terceiro, 200

O Japão visita Setúbal através de uma megaexposição de arte con-temporânea nipónica, patente em vários locais da cidade entre 18 de maio e 30 de junho.A “Arte Atual do Japão – Exposição”, inaugurada no Dia Internacional dos Museus, conta com 225 obras de várias expressões artísticas de criadores japoneses da atualidade.A mostra passa pelo Museu do Tra-balho Michel Giacometti, pelas galerias municipais do Onze e do Banco de Portugal e nas casas da Cultura e d’Avenida.A iniciativa, com caráter itineran-te internacional desde 1973, altura em que se realizou a primeira edi-ção, já passou por países como Es-

O programa das comemorações dos 40 anos do 25 de Abril, que se assinala ao longo do ano numa par-ceria entre Câmara Municipal de Setúbal, juntas de freguesia e mo-vimento associativo, é festejado, nomeadamente, com um concerto de A Naifa.O espetáculo, marcado para o dia 25 de abril, às 21h30, no Fórum Municipal Luísa Todi, tem como título “As Canções d’A Naifa”.O grupo sobe ao palco com nove versões de outras tantas canções criadas e interpretadas por outros artistas.Ao longo de dez anos do projeto,

Revolução de gume afinado

Setúbal expõe o sol nascente

A Naifa foi apresentando versões próprias desses temas nos concer-tos ao vivo. Chegam agora a Setú-bal para apresentar, como músicas novas, temas que são antigos.O reportório inclui “Sentidos Pê-sames”, dos GNR, “Subida aos Céus”, de Três Tristes Tigres, “Bolero do Coronel Sensível que fez amor em Monsanto”, de Vito-rino, “Alfama”, de Mler Ife Dada, “A Tourada”, de Fernando Tordo, “Libertação”, de Amália Rodri-gues, “Imenso”, de Paulo Bragança, “Desfolhada Portuguesa”, de Si-mone de Oliveira, e “Inquietação”, de José Mário Branco.

tados Unidos, Canadá, Chile, Cuba, México, China, Espanha, Bélgica, França, Alemanha, Holanda, Itália e Suíça.Além de mais de duas centenas de obras de arte em exposição, a mos-tra inclui várias formas de expres-são artística moderna, muitas delas inspiradas em técnicas tradicio-nais, como pintura a óleo, caligrafia e origami.Em paralelo com a exposição, de-correm outras iniciativas criadas com o objetivo de promover a par-tilha cultural com a população se-tubalense, nomeadamente através de workshops de caligrafia japone-sa, reconhecida como uma expres-são artística.

Juventude conhece vencedores

Um mês inteiro dedicado à juventude. O m@rço.28 soma um conjunto diversificado

de atividades, com destaque especial para o Concurso de Bandas

de Garagem de Setúbal e a Meia Maratona

Fotográfica

ao quarto e 100 euros ao quinto.A Banda do Público é premiada com uma atuação na Feira de Sant’Iago, prémio atribuído, igualmente, à Melhor Banda do Concelho, que ganha ainda a oportunidade de gra-vação de quatro temas numa pro-dutora e um cheque de 500 euros.Também no âmbito do programa m@rço.28, conhecem-se no dia 3 de maio, numa cerimónia agen-dada para a Casa da Cultura, os vencedores da 11.ª Meia Marato-na Fotográfica de Setúbal, na qual participou um total de 43 fotógra-fos amadores.Durante a prova, realizada a 1 de março, os participantes procura-ram captar as melhores imagens que refletissem o tema “Reabilita-ção Urbana”.A Meia Maratona, de âmbito nacio-nal e aberta a aficionados da foto-grafia digital e analógica, incluiu 12 subtemas que constituíram de-safios adicionais para os partici-pantes.Os melhores trabalhos apresenta-dos no âmbito da prova, organizada pela Câmara Municipal, integram uma exposição itinerante.