Jornal Dez 26/6

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O FUTEBOL PARA LER COM TODA A MAGIA DO DEZ “POKER DE ASES” Nº10

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O FUTEBOL PARA LER COM TODA A MAGIA DO DEZ

“POKER DE ASES”

Nº10

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“Nada contra as relações sexuais antes dos jogos, desde que elas

fiquem por cima”Carlos Salvador Bilardo, treinador

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Chegamos ao número dez. A posição com que todos sonharam e que apesar disso tem vindo a desaparecer lentamente do futebol mundial. Nesta edição fazemos uma breve análise sobre as razões a que levaram essa “morte anunciada”.Comentamos também os quartos de final do Euro 2012 e lançamos os dados para ver o que se passa nas meias finais. Quem estará na final de Kiev? Portugal terá hipoteses contra a fúria espanhola?Além disso contamos com reportagens sobre as redes sociais dos jogadores de futebol, El Shaarawy, estatísticas sobre os penaltis e muito mais.

“A DÉCIMA QUESTÃO”

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Carlos Maciel

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EURO 2012

Texto: Pedro VinagreiroFotos: Getty Images

“ ANDREA PANENKA”

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Um jogo com dois dos médios mais representativos da última década, só podia ser um grande jogo de futebol. Andrea Pirlo e Steven Gerrard reencontravam-se mais uma vez, depois de duas finais quase consecutivas do máximo torneio de clubes do velho continente. O destino fez questão de distribuir os galardões de forma justa: uma em 2005 para Gerrard e outra em 2007 para Andrea. Apesar de Gerrard ter desmentido que seria um duelo entre os dois na conferência de imprensa pré-jogo, todos sabíamos que não seria assim.

Os onzes mantiveram-se. Um 4-3-1-2 com Montolivo a “10” era um estímulo para ver como se movimentariam os italianos. A decisão de Prandelli era transcendente, porque o perfil de ambas as equipas parecia dizer outra coisa. Por um lado, a presença de dois extremos bem abertos, garantia espaço para Pirlo convencido que Montolivo jogaria nas costas do duplo pivot inglês. Por outro lado, a presença de Wellbeck apontava que a Inglaterra apostaria pelo jogo directo. Haveria muitas oportunidades.

O arranque do jogo foi o previsto. A posse de bola foi italiana, que procurava criar jogo através de Pirlo e um Montolivo bastante activo. De Rossi e Marchisio, adiantaram a linha de pressão e apareciam bastante na área inglesa. De Rossi atirou uma bola ao poste na primeira oportunidade que apareceu vindo de trás.A Inglaterra procurava equilibrar as linhas e aguentar o domínio azzuri, procurando quase sempre o lado direito. Gerrard procurava as subidas de Glen Johnson, que gerou bastantes situações de perigo na área de Buffon, que fez uma grande defesa, plena de reflexos felinos, ao mesmo Johnson.

O primeiro tempo resumiu-se a isto: Inglaterra atacava pela direita e Itália pela esquerda, aproveitando as subidas de Balzaretti que conseguiu travar as subidas de Glen. O principal benificiado foi Cassano, que recebia bolas pela esquerda procurando o interior. Rematou várias vezes desta forma.

Terminava a primeira parte e apesar do domínio italiano, que podia ter concretizado pelo menos um par de vezes, o nulo no marcador mantinha-se. Hodgson era consciente que não podia roubar a posse de bola á selecção de Prandelli e através do trabalho de formiga de Parker, ajudado por Milner (que jogava de interior direito, mas com mais vocação defensiva) e Gerrard como lançador de contra-ataques, a Inglaterra chegou com algum perigo, mesmo sem ter a bola.

Mal começa o segundo tempo, o seleccionador inglês reagiu com duas interessantes substituições: o rapidissimo Walcott, para obrigar Balzaretti a subir menos e Carroll por Welbeck, cuja mobilidade não estava a fazer efeito. Com Carroll tinha mais hipóteses a jogar em contra-ataque e mais poderio no jogo aéreo, sobretudo em algum lance de bola parada.Prandelli mexeu depois. Apostou por um jogo mais conservador do que na primeira parte. Tirou Cassano e entrou Diamanti. O jogador do Bologna é menos criativo que Il Talentino, mas é um excelente “atirador” de bolas paradas e para remates de fora da área. A entrada de Nocerino por um esgotado De Rossi, garantia protecção para Pirlo. Teve uma ocasião para marcar ao terminar o jogo.

A segunda parte foi de menor intensidade, com o passar do tempo, o medo de perder foi-se apoderando das

Texto: Pedro VinagreiroFotos: Getty Images

“ ANDREA PANENKA”

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duas equipas. Abate, foi o jogador que criava mais perigo do lado azzuri. É um lateral que compensa a falta de técnica e de tirar bons cruzamentos com a força. Estes factores condenavam o jogo ao prolongamento, apesar de uma boa chance de Rooney ao terminar os noventa minutos.

O prolongamento foi totalmente italiano. Hodgson tirou Parker e fez entrar Henderson, que pouco trouxe ao jogo. Não sabe dominar o meio campo e não sabe distribuir jogo com critério. Apesar dos ingleses terem mais capacidade física para tomar conta do jogo, renunciaram totalmente. Mantiveram-se atrás, procurando resolver o jogo nos penaltis. A Itália através de Pirlo ia comandando as operações, tanto distribuía para Maggio como para Diamanti nos flancos. Dominio avassalador dos homens de Prandelli.

Apesar de muitos considerarem os penaltis uma lotaria (ver reportagem mais á frente) este jogo foi o exemplo contrário disso. Há bons e maus marcadores e melhores ou piores guarda redes para os defender. Apesar de Montolivo ter falhado o segundo, apareceu o momento chave do jogo: Pirlo decide imitar Anton Panenka, quando a Itália estava em desvantagem no marcador. Um momento para recordar. Young atira á trave, depois de uma estranha corrida. Buffon defende outro a Ashley Cole e dedica-o ao desesperado Montolivo e Diamanti carimba o passaporte para as semi finais, com todo o mérito e justiça.

Nota para Balotelli que nota-se que não joga na posição que deveria. Prandelli usa-o como ponta de lança e Super Mario não sabe posicionar-se e ganhar vantagem na pequena área.

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O golo impossível é sempre uma hipotese com a Itália; se Pirlo e Cassano estão bem, os azzuri criam muitas ocasiões de perigo e

o golo acaba por ser algo que vai aparecer. Muita atenção a esta selecção que pode criar problemas á Maanschaft.

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EURO 2012

Texto: Nuno PereiraFotos: Getty Images

“ O POBRE E O NOBRE”

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Um resultado de números dobrados traduziu na perfeição aquilo que foi um jogo de contrastes. Em Gdansk, na Polónia, o segundo jogo dos quartos-de-final do Euro 2012, que opunha a Alemanha à Grécia e que acabou com a vitória da Mannschaft (4-2) era, na verdade, um embate político encoberto. Por muito que o tenham desmentido responsáveis e jogadores de ambas as equipas, a presença de Angela Merkel nas bancadas pela primeira vez desde que começou o Campeonato da Europa, era a prova evidente de que se assistia a muito mais do que um simples jogo de futebol.

Indisfarçável era também a vontade política dos gregos em retaliar em pleno relvado a apertadíssima repressão económica que têm vindo a sofrer da ‘troika’ e da Alemanha na figura da sua chanceler. Pois bem, a verdade é que a crise não tirou os adeptos gregos do estádio que se apresentaram em grande número para ver a sua equipa ser incapaz de subjugar uma poderosa Alemanha, no parlamento e no relvado.

Sem o seu principal municiador de ataque, Giorgos Karagunis, a Grécia era avaliada com menos uma estrela no ‘rating’ para este jogo. Há muito sem líderes no ‘parthenon’, nem foi de estranhar que os gregos se tenham dado bem sem o seu capitão no relvado.

No decorrer do jogo, aquilo que mais faltou à formação de Fernando Santos nem foi capacidade de concretização. Foi antes… organização defensiva. Não que a sua equipa não tenha tentado, mas foi tudo em vão. Com onze democratas em campo, convencidos a defender pela campanha eleitoral de técnico luso, o confronto com os cadetes da casa alemã, equipa mais

jovem do Europeu, até estava a correr bem quando corria a meia-hora de jogo.

A jogar com Marco Reus, André Schürrle e Miroslav Klose no lugar de Thomas Müller, Lukas Podolski e Mario Gomez, os bárbaros encaravam dificuldades para furar a resistência grega, que defendia-se bem ao modo espartano. Mas para grandes problemas, grandes soluções. Neste caso de um pequeno jogador: Philipp Lahm, capitão germânico, voltou a aparecer no papel de bombardeiro deixando a marca dos seus torpedos neste torneio. Faltavam cinco minutos para o intervalo quando Lahm, num movimento que lhe é característico, flectiu para o meio, viu a oportunidade e disparou para a baliza, mandando pelos ares a defensiva grega “feita de granito”, segundo dizia Joachim Löw, treinador germânico, no lançamento da partida.

Mudou tudo este golo. Com a pedra feita em estilhaços seria de prever que arriscasse mais a Grécia e que, com isso, ficasse facilitado o trabalho da bem apetrechada armada alemã. Pura ilusão. Os pobres gregos, com lanças de paus, lá se continuavam a defender dos canhões de prata alemães. E os helénicos foram mantendo esta postura até aos 55’, altura em que, apanhando desprevenida a formação alemã que acendia a mecha de mais um ataque, os gregos conseguiram flanquear a linha defensiva da ‘Mannschaft’ e desferir um golpe profundo que rasgou a cota de malha aos germânicos.

Dimitris Salpingidis conduziu o contra-ataque pela direita e assistiu Giorgios Samaras que conseguiu antecipar-se a Jérôme Boateng para restabelecer a igualdade, ante a resistência de Manuel Neuer que quase conseguiu

Texto: Nuno PereiraFotos: Getty Images

“ O POBRE E O NOBRE”

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evitar o inevitável.

Resiliente, esta Grécia parecia manter a capacidade de regressar do mundo dos mortos, para Merkel ver. Porém, novo golpe de teatro na partida. Quando se esperava uma atitude mais aguerrida dos helénicos eis que a resposta alemã foi demasiado forte. O início da tragédia grega começou seis minutos depois com mais um míssil, este agora a sair do pé de Sami Khedira após cruzamento de Boateng. Perante material bélico desta categoria era difícil aos gregos, mais parcos também em soluções e ideias, estar à altura das circunstâncias.

O desaire helénico continuou oito minutos (68’) volvidos na cabeça de Klose que contou com preciosa colaboração do guardião grego. É que o problema da defensiva helénica (já aqui falado) começou na baliza onde estava o suplente Michalis Sifakis que foi incapaz de fazer esquecer o habitual titular Kostas Chalkias, fisicamente incapacitado desde o

jogo com a República Checa, o segundo da fase de grupos.

Num livre lateral enviado por Mesut Özil, o agora dono da baliza helénica mediu mal o tempo de salto e permitiu a Klose antecipar-se-lhe para o 3-1. Estava ampliada a vantagem assim como o currículo deste notável goleador que soma mais um golo dos muitos que já marcou em fases finais de competições internacionais.

Passavam mais seis minutos após este episódio (74’) e o carrossel alemão parecia imparável com os seus artistas à solta a darem largas à criatividade. Foi então a vez de Reus fazer o gosto ao pé, justificando (também ele) a chamada ao 11, com um ‘volley’ na passada.

A tendência da partida apontava para uma expressiva goleada mas, uma vez mais, a narrativa tem um desenlace inesperado. Boateng, ele que esteve muito em jogo nos bons e maus momentos da sua equipa, volta a

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estar ligado a outro tento grego por ter jogado a bola com a mão na sua área.

Em clara bancarrota no marcador, a Grécia não enjeitou este pacote de ajuda desportiva providenciada por uma Alemanha que a defender teve as mãos-largas para com os helénicos. Encarregado de converter o materializar o castigo máximo em golo, Salpingidis, o hércules grego, apontou um golo que frivolamente remava contra a maré do mar do norte.

Caía assim o pano do encontro e do marcador e saía reforçada a ‘Mannschaft’ na caminhada rumo à final. No fim de contas, deu-se ao luxo de poupar jogadores ante a miséria grega, com um plantel curto ao qual se acrescem

lesões e a suspensões.

A opulência de uns é a penúria de outros. Tem muito futebol e muita qualidade esta Alemanha que demonstra que mais do que uma equipa, tem um grupo. São donos e senhores da bola, uma equipa de linhagem nobre que assume o estatuto de candidato ante uma empobrecida Grécia, de parcos recursos humanos e futebolísticos, que conseguiu neste Europeu tudo o que lhe foi humanamente possível.

É este o resumo de um jogo de contrastes. Uma equipa cinzenta e outra de cores vivas. Uma foi pobre, outra foi nobre. Fazendo uso do seu poder, foi assim que os alemães expulsaram os gregos da Zona Euro.

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EURO 2012

Texto: José LopesFotos: Getty Images

“ ENTRE OS MELHORES”

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O desfile da seleção nacional neste europeu mostra sobretudo, personalidade,

espirito de equipa e rigor tático. Felizmente, o aparecimento da qualidade técnica de jogadores chave, tem se sumado a esta embarcação que desde a passada quinta-feira se encontra em porto seguro. A viagem até este Top 4 europeu, tem sido dificil, e se analisarmos com cuidado, reparamos que o nível de dificuldade tem diminuído de jogo para jogo. Será devido a um crescimento na qualidade de jogo Luso?, ou será que os adversários têm sido mais fracos de jogo para jogo?Esta resposta poderá ser dada já no jogo de amanhã, isto porque, teoricamente a Espanha está ao nível da nossa primeira adversária, Alemanha. Se Portugal realmente cresceu durante este europeu, terá então todas as possibilidades de eliminar este colosso do futebol atual e confirmar um salto importante na qualidade do seu jogo.

Analisando Portugal 1-0 Rep. Checa

Portugal dominou durante 80 minutos uma seleção notóriamente inferior nos três terços do campo. A seleção nacional foi mais consistente, mais madura e sobretudo mais equipa durante a maior parte do jogo. A Rép. Checa entrou melhor, com mais atitude e vontade de marcar, acabando mesmo por criar algumas situações complicadas para a defesa portuguesa. A partir dos 10 minutos de jogo a história muda, Portugal assume o comando e mostra a sua personalidade, dominando a partida e a posse de bola (65%) até ao final do jogo. Numa segunda parte fantástica da seleção nacional, os Lusos conseguiram profundizar o seu jogo, aparecendo sobretudo um Nani mais solto e com mais ideias. A

equipa de Paulo Bento chegou várias vezes à baliza checa mas apenas aos 79 minutos, num lance de desiquilibrio pelo lado direito, João Moutinho cruza para area e Cristiano Ronaldo resolve com um cabeceamento exemplar.

Será que Portugal cresceu durante este europeu?

Portugal entrou com o seu habitual 4-1-2-3, desdobrado num 4-3-3 ofensivo. Paulo Bento, estruturou a equipa com o mesmo desenho e entrou com o seu onze de gala. Rui Patricío, Fábio Coentrão, Bruno Alves, Pepe, João Pereira, Miguel Veloso, Raul Meireles, Moutinho e na frente, Ronaldo, Postiga e Nani. Sem qualquer novidade no onze ou até mesmo mudança tática, Portugal mostrou ser um equipa consistente, lutadora e dominadora. Contudo, falta mais eficácia no último passe e mais velocidade na transição defesa ataque. A nível psicológico, a equipa mostrou mais confiança, mais vontade de arriscar no 1 para 1 e atitude, especialmente em momentos de pressão. Portugal durante este europeu tem ganho força e criatividade ofensiva, o que se traduz em golos, 6 em 4 jogos. O grande responsável por este aumento de potencia ofensiva é sem dúvida Cristiano Ronaldo, o atacante português é já o recordista de numero de bolas no ferro em fases finais, e está a apenas 3 golos de bater o recorde de Platini, como melhor marcador de sempre.De todos os modos nem tudo foram rosas a nivel ofensivo e Paulo Bento terá que rever o papel do ponta-de-lança, é importante que seja capaz de aguentar a pressão dos defesas e consiga soltar a bola se possível para as alas, só assim Moutinho ou Meireles terão tempo para subir no terreno e criar desequilíbrios no último

Texto: José LopesFotos: Getty Images

“ ENTRE OS MELHORES”

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terço. Postiga com nota negativa neste jogo, e Hugo Almeida, foram incapazes de jogar de costas para a baliza, talvez Nélson Oliveira seja o jogador com melhores caracteristicas para aguentar a bola nos pés. A nível defensivo, a nossa seleção não foi testada como se esperava num jogo de quartos de final. Contudo, seria importante melhorar as dobras dos centrais que mesmo sem muito trabalho, tiveram algumas dificuldades, principalmente quando Baros descaía para o lado esquerdo da defesa portuguesa. Exceptuando isso, nota bastante positiva para o setor defensivo, especialmente Pepe, que tem sido juntamente com Hummels o melhor defesa central do torneio. Nos cruzamentos ao segundo poste, deu para ver algumas melhorías, principalmente nas saídas de Rui Patricio que felizmente tem vindo a ganhar confiança de jogo para jogo.O trio de meio campo, esteve com bastante trabalho principalmente na primeira parte, os checos bastante agressivos e pressionantes, foram cortando linhas de passe e reduzindo espaços, o que deixa Portugal sem possibilidades de desequilibrar no 1 para 1. Os mais prejudicados foram Nani e Raul Meireles, uma primeira parte fraca dos jogadores da premier league, incapazes de carimbar a sua qualidade e importância nesta equipa desenhada por Paulo Bento. Ao contrário destes, João Moutinho, tem

mostrado especialmente a Carlos Queirós, que a sua ausência no último mundial, foi uma autentica injustiça e diria mesmo, estupidez.Quanto às substituições, a entrada de Hugo Almeida é aceitável, numa troca por troca, só Paulo Bento sabe quem está em melhores condições para jogar. A entrada de Custódio para o lugar de Nani, é compreensível, com o objetivo de travar o avanço do meio campo checo, dando mais frescura ao português e libertando Miguel Veloso para tarefas mais ofensivas. O que não se entende é a entrada de Rolando, Portugal não estava a ser pressionado, não necessitava mudar o estilo de jogo para um 3-5-2 recuado, e com tudo isto, arriscava-se a ir para o prolongamento sem mais substituições e com uma equipa bastante defensiva.Conclusão, Portugal consegue um “satisfaz bastante”, contra uma equipa que inicialmente prometia, mas que durante o jogo mostrou que se encontra em processo de renovação e que lhe falta alguma madurez sobretudo a nível ofensivo, talvez também pela ausência forçada de Rosicky. Vitória mais que merecida, com nota alta para Moutinho e nota excelente para Cristiano Ronaldo. O madeirense, já leva 3 golos e é juntamente com Gomez, Dzagoev e Mandzukic o melhor marcador da prova, para além disso, conta juntamente com Ozil, Iniesta e Pirlo com a segunda nomeação como melhor jogador do jogo.

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EURO 2012

Texto: Francisco BaiãoFotos: Getty Images

“ FILÓSOFOS DO ESFORÇO”

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Quando no passado 19 de junho, em Kiev, a França perdia com a Suécia (por 2-0) e, em virtude

do triunfo de Inglaterra (frente à Ucrânia), caía para a segunda posição do grupo, ficava agendado, para 23 de junho, em Donetsk, o encontro mais aguardado dos quartos-de-final do Euro2012 entre Espanha e França que, para Portugal, tinha um “aditivo” especial pois deste confronto de “gigantes” sairia o adversário que separa a selecção lusa da final de Kiev.De um lado estava “só” o actual campeão europeu e mundial (a Espanha) que, numa sequência cada vez mais impressionante, não perde um jogo oficial desde a estreia do Mundial 2010, onde a selecção espanhola se sagrou campeã mundial, por 1-0 frente à Suíça, somando 17 jogos seguidos sem perder (6 triunfos consecutivos nesse mesmo mundial, seguidos de 8 triunfos no caminho rumo ao Euro2012 e mais 3 jogos sem perder neste Euro - empate frente a Itália e triunfos perante Irlanda e Croácia) e, do outro lado, a “besta negra” de “nuestros hermanos”, a França, que, nos seis jogos anteriormente disputados, nunca tinha caído perante a Espanha (desde 1984, vitória francesa na final do Euro1984, que os franceses se constituem como um obstáculo intransponível para os espanhóis). Para além disso, a França é a última equipa que afastou os espanhóis de uma grande competição – oitavos-de-final do Mundial de 2006 – e os números apresentados por ambos os conjuntos impunham respeito: a Espanha apenas perdera um dos últimos 38 jogos oficiais – tendo vencido 36 deles – enquanto a França vinha de uma série de 23 jogos sem perder, série quebrada na derrota frente à Suécia.Foi nestas bases que se iniciou a partida, com a Espanha, novamente sem ponta-de-lança (Fàbregas voltou

a ser o jogador mais adiantado, deixando Torres de fora) com destaque para o fato de, do lado dos espanhóis, estarem 5 jogadores do Barcelona e 4 do Real Madrid no onze inicial, onde apenas Jordi Alba (Valencia) e David Silva (Manchester City) não faziam parte dos plantéis dos dois colossos espanhóis. Do lado francês, o principal destaque ia para a ausência de Nasri (no banco, entrou aos 64’) e para o castigado Mexès.E se o equilíbrio poderia ser aquilo que se esperaria da partida, a Espanha fez questão, desde cedo, de esclarecer que a sua superioridade era evidente e que quereria resolver o jogo o quanto antes, impondo-se com o seu jogo de constantes movimentações, passes, desmarcações num autêntico rodopio de jogadores que, com alguma facilidade, e devido à precisão de passe da equipa castelhana, ultrapassava o meio-campo adversário, deixando o adversário sem bola e, logo, sem grandes possibilidades de criar perigo para a baliza de Casillas.Foi desta forma que, logo aos 6’, a selecção de Del Bosque reclamou uma grande penalidade por derrube de Clichy a Fàbregas. E não foi preciso esperar muito mais para que, aos 19’, Xabi Alonso, em dia que comemorava a 100ª internacionalização com a camisola da “Roja”, cabeceava, servido por Jordi Alba, para o fundo das redes de Lloris, culminando mais uma grande jogada do ataque espanhol. E, se com 0-0, já se adivinham, pelo rumo dos acontecimentos, grandes dificuldades para os franceses, tudo se complicou ainda mais com o golo espanhol pois, em vantagem, a jogar com o relógio e sempre apoiados por uma segurança de passe impressionante, a equipa castelhana ia dominando a seu belo prazer sem que o meio-campo francês se conseguisse impor.Só depois da meia-hora, e de

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“ FILÓSOFOS DO ESFORÇO”

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bola parada, Casillas foi obrigado a uma intervenção digna de registo quando, aos 32’, na sequência de um livre batido por Cabaye, o guarda-redes do Real Madrid teve de defender para canto e, aos 37’, após boa iniciativa de Ribéry, foi Sergio Ramos que, no coração da área, evitou maior perigo para as suas redes. Muito pouco para uma equipa que já se encontrava a perder e que conhecia bem a forma como o adversário iria lidar com a sua vantagem.A segunda parte começava, sem alterações de parte-a-parte, mas com a França a parecer querer dar outra imagem para além da passividade que deixou transparecer no primeiro tempo. E a verdade é que, os dez primeiros minutos da etapa complementar até faziam antever uma reacção gaulesa mas foi pura ilusão pois, a selecção espanhola, puxando, novamente, dos seus argumentos e valendo-se da sua experiência, voltou a controlar as operações e à ameaça de Debuchy (cabeceamento por cima do alvo aos 60’) respondeu a Espanha com um passe teleguiado de Xavi a deixar Fàbregas na cara de Lloris, com o guardião francês a ganhar o duelo e a impedir o 2-0 que, certamente,

mataria o jogo.Seguiram-se as alterações de um e outro lado (Menez e Nasri entraram para os lugares de Debuchy e Malouda na França, enquanto na Espanha David Silva e Fàbregas davam os seus lugares a Pedro e Torres) mas, mais uma vez, é a Espanha a sair beneficiada com a situação com Pedro e Torres a criarem perigo logo aos 69’. Respondeu a França por Ribéry (boa defesa de Casillas), mas esse lance, aos 70’, seria mesmo o último digno de registo para a França pois, deste momento em diante, só deu Espanha que, já em período de descontos, num lance em que Pedro consegue ganhar uma grande penalidade num duelo com Réveillère, Xabi Alonso fechava as contas, fazendo o 2-0 final que confirmava o reencontro de Portugal com Espanha.A partida chegava, assim ao fim, não correspondendo totalmente às expectativas criadas em torno dela e a Espanha tem agora pelo caminho a última equipa que a derrotou numa fase final de um Europeu, precisamente a selecção portuguesa que, no Euro2004, derrotou a “Armada Espanhola” com um golo de Nuno Gomes, deixando os espanhóis fora da competição.

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REPORTAGEM

“ UMA MORTE ANUNCIADA”Texto: Carlos MacielFotos: Getty Images

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“ UMA MORTE ANUNCIADA”Angel Kappa dizia que “o futuro do futebol está no passado” e a prova disso que está neste Euro 2012. O futebol vai-se adaptando a modas e sobretudo ás características dos jogadores, cada vez mais físicos e técnicos. O 4-2-3-1 é o esquema que impera nesta edição do Euro, usam-no a Alemanha, Polónia, Holanda, França e por vezes Portugal. Esta versão táctica apareceu no final dos anos 80, em grande medida por culpa de Diego Maradona e da Argentina de 86. Todas as equipas tinham um homem de referencia, o centro do jogo. O resto de jogadores estavam ao serviço e mercê desse homem a que em Itália chamam de trequartista ou vulgo ‘10’. Grandes jogadores como Francescoli, Laudrup, Platini, Baggio, Rivaldo, Zidane, Rui Costa etc. emergiram durante os anos 80 e princípios da década de 90.O perfil desse jogador é fácil de traçar: habilidoso, tecnico, imaginativo e com um talento superior aos demais. Também com certa tendência ao caos, á desordem e á irregularidade. Todos partilham uma personalidade algo conflituosa e um escasso gosto por “meter a perna”, ou seja pouco rigor defensivo. Factor chave, quanto a mim, para a sua extinção.Durante os anos 90 o futebol foi evoluindo, tornando-se mais físico e obrigando á presença dum duplo pivot defensivo. Poucas equipas recorrem a um homem solto, com liberdade de movimentos entre linhas e com pouca presença defensiva. Exige-se mais rigor táctico e físico, ou seja vão descaindo para as alas.Exemplo disso é Rivaldo no Barcelona, que consegue um número bastante alto de golos, jogando muitas vezes como extremo ou como ponta de lança. Zinedine Zidane também. No Real Madrid joga encostado na esquerda com tendência a “cair” no meio, deixando espaço para as subidas de Roberto Carlos. Ambos foram Bola de Ouro e conquistaram vários títulos colectivos.Um exemplo mais tardio e talvez o ultimo ‘10’ da história, foi Ronaldinho que atingiu o seu pico de forma jogando como extremo no Barcelona. Outros exemplos são Riquelme no Villareal, Guti um génio inconformado a mudar a sua posição e com problemas de personalidade tal como Robinho.Deco é outro exemplo de um 10 que se foi adaptando ao futebol moderno e alterou o seu perfil, sobretudo na sua passagem pelo Barcelona. Kaka, Totti, Pirlo ou Seedorf juntam-se á larga lista.

Texto: Carlos MacielFotos: Getty Images

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REPORTAGEM

Assim chegamos aos últimos anos da década de 2000. Ao médio ofensivo já não chega que marque uns quantos golos e dê uma dúzia de assistências. Exige-se muitos mais. Tem que participar em todos os movimentos da equipa. Os jogadores de perfil de 10, foram-se encaixando nos sistemas como extremos de perfil alterado (canhotos a jogar na direita por exemplo), médios centro ou falsos avançados. Em Portugal temos vários exemplos disso como Aimar, James, Matias Fernandez, Lima etc. Jogadores habilidosos condenados a jogar nas alas ou a esperar no banco. Idem para jogadores estrangeiros como Iniesta, Ribery, Ozil, Robben, Sneijder, Modric...Cada um com as sua características soube

adaptar-se com maior ou menor sucesso e a posição ‘10’ foi morrendo lentamente ou melhor foi evoluindo. Já não vemos jogadores perdidos no meio campo adversário á procura duma jogada para se activarem. Agora baixam para procurar jogo e iniciar as jogadas por conta própria, partindo de varias posições. A pressão de Iniesta ou o trabalho defensivo de Ozil são dois exemplos das duas melhores equipas do mundo.Nessas equipas é impossível deixar de fora a Cristiano Ronaldo e Leo Messi. O duelo que travam por bater records, faz com que o futebol evolua. Em Barcelona, Guardiola adaptou a táctica da equipa ás virtudes do astro argentino. No Real Madrid é notório

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ver como Benzema e Higuain abrem espaços para as entradas mortíferas de Cristiano. São jogadores que aparecem em qualquer lugar do campo e que chegam á área como flechas.Outro caso que pode alterar a história do futebol é Neymar. Tem talento, sabe driblar, procura jogo atrás e tem cifras goleadoras

impressionantes aos 20 anos. No entanto as duvidas aparecem quanto á sua adaptação ao futebol europeu, físico e cabeça. Neymar pode muito bem provocar um terramoto no futebol europeu.O futebol não está estagnado. Os deuses da bola não o permitem.

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REPORTAGEM

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“Esta cidade tem duas grandes equipas: o Liverpool e os suplentes do Liverpool”

Bill Shankly. ex-treinador

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FUTEBOL E REDES SOCIAIS

Muita discussão tem havido sobre a interacção dos jogadores de futebol profissionais com os fãs através das

redes sociais. Com efeito, com o advento desta era em que a comunicação pela Inter-net é acessível de qualquer smartphone, o mundo do futebol tem vindo a adaptar-se a esta nova realidade com alguma cautela. As-sim, Facebook e Twitter têm sido os meios preferenciais para os profissionais de futebol interagirem com os que os querem “seguir”.

Naturalmente, a situação tem tanto de posi-tivo como de negativo em termos da infor-mação que passa para os adeptos, fãs, sim-ples curiosos e imprensa em geral. E já nem estamos a falar de situações da vida pesso-al – arrufos, novas namoradas, etc; a parte mais sensível será a informação classificada de “a manter no balneário” pelo próprio clu-be a que pertencem e que poderão, inadver-

tidamente ou não, colocar disponível online (mesmo que seja apenas por uns segundos).

O Facebook, rede social de eleição da maior parte dos utilizadores de internet mundiais, aparece como rede preferencial para colocar os profissionais de futebol em contacto com os fãs: concursos, vida pessoal (o anúncio oficial do namoro de Piquet e Shakira surgiu no Facebook), anúncios de participação em campanhas publicitárias, apoio (mais ou me-nos descarado) a marcas e produtos... Tudo tem sido motivo para actualizar o perfil. Um mero “like” separa o utilizador de um contac-to mais próximo com o jogador e de receber as actualizações de estado do mesmo na sua própria Cronologia.

E se com o Facebook as coisas são mais ou menos pacíficas, sendo a maior parte das páginas administradas por gestores de ima-

INTERNACIONAL

Textos: Tiago SoaresFotos: Getty Images

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“Aqui o mais tonto faz relógios de madeira. E funcionam.”

Luis Aragonés, treinador

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gem / redes sociais do próprio jogador ou até do clube a que está vinculado, no caso do Twitter a situação tornou-se mais complicada de gerir.

O Twitter, pela própria natureza da rede social, tem efeitos muito mais imedia-tos e a reacção de uma Timeline é muito mais rápida e massificada do que no Fa-cebook. Nota-se, para além disso, que os futebolistas têm acesso privilegiado ao Twitter e utilizam-no directamente do próprio telemóvel – pois, muitas vezes, a comunicação não é pensada nem es-truturada, sendo vista mais como algo pessoal e como um canal aberto para o próprio jogador.

A questão complica-se em situações de insatisfação do jogador em relação a treinadores, clube, eventuais atitudes menos sérias / racistas e desabafos - in-clusivamente, sabe-se que alguns clubes têm já um manual de boa utilização para redes sociais. Neste Euro 2012, algumas selecções impediram os jogadores de colocar comentários online, de forma a preservar a concentração dos mesmo e, claro, manter a informação estanque.A imprensa fez várias vezes menção, du-rante a época passou, de declarações de Juan Manuel Iturbe (jogador do FC Porto), que colocou vários comentários pouco satisfeitos com a sua condição de suplente na equipa portuguesa. Es-ses “tweets”, que foram depois alvo de perguntas ao treinador Vítor Pereira em conferências de imprensa, colocaram quer jogador, quer treinador, quer clube em momentos delicados – pois, como sabemos, hoje em dia a comunicação é tudo. Este é apenas um caso de vários que têm sido noticiados e que reflectem a falta de cuidado na escolha das pala-vras e declarações que um profissional tem no Twitter.

Lá fora, o futebol ingês é pródigo em jo-gadas menos claras no Twitter. Exemplo

clássico é o bad boy Joey Barton, que utiliza o Twitter como se fossem duas chuteiras e faz entradas duríssimas a tudo o que não lhe agrada: Newcastle, Alan Shearer, Gary Lineker (entre ou-tros) já foram alvo de várias “entradas por trás” do jogador inglês. Também em Inglaterra têm ficado famosos escân-dalos de jogadores despedidos por de-clarações via Twitter. Numa divisão in-ferior inglesa, Lee Smith (do Worchester City FC) foi suspenso e posteriormente despedido pelo seu clube após uma de-claração racista no Twitter e Lee Stee-le, do Oxford City, foi despedido após um “tweet” homofóbico. Por outro lado, vários jogadores têm sido também atin-gidos por comentários racistas (Fabrice Muamba, do Bolton, e Micah Richards, do City, são bons exemplos).Fenómenos interessantes são os perfis falsos de futebolistas que vão surgindo na web. O caso mais notado em Portugal tem sido o de Hulk – o avançado do FC Porto já disse várias vezes que não tem Twitter nem Facebook e são por vezes atribuídas ao jogador declarações que, simplesmente, não existem. No Face-book são várias as fan-pages que se co-lam à imagem de determinado jogador, não sendo oficiais, e no Twitter há vá-rios perfis falsos (incluindo até do antigo jornalista Gabriel Alves que, não sendo jogador, faz parte do nosso imaginário futebolístico).

Por fim, menção aos perfis de Twitter das companheiras / mulheres / WAG’s dos jogadores. Se há duas épocas atrás, aqui em Porugal, a noiva de Sálvio (anti-go atleta do Benfica) fazia furor no Twit-ter, nesta semana foi relatado um peque-no arrufo entre Bar Rafaeli e Irina Shayk através da mesma rede social por cau-sa do... Penteado de Cristiano Ronaldo. Então não é que a israelita não gostou no penteado do goleador, sugeriu que o gel devia ser abolido e a russa defendeu o seu namorado?

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OPINIÃO

Portugal terá pela frente a favorita Espa-nha, uma equipa madura com um estilo de jogo bem conhecido, que se baseia

sobretudo na posse de bola. A sua grande caracteristica a nível ofensivo, é a criação rápida de linhas de passe e constante mo-vimentação dos seus jogadores procurando os espaços vazios. Os laterais têm um papel importante na equipa, subindo com regula-ridade e aparecendo nas costas da defesa aproveitando os espaços criados pelas dia-gonais dos seus alas.Portugal terá que ser capaz de destruir a teia montada pelo fortissimo meio campo de “nuestros hermanos”. Com solidariedade nas dobras e sobretudo rapidez e atitude, os lu-sos serão obrigados a reduzir os espaços en-trelinhas e cuidar as costas dos laterais.

Esta seleção portuguesa já mostrou contra a Alemanha, um elevado potencial defensivo, o que garante a Paulo Bento confiança, ou se quisermos utilizar a sua expressão favo-rita, tranquilidade. O problema estará a ní-vel ofensivo, a transição defesa ataque é o grande desafio para este jogo, prevendo-se bastante trabalho para Moutinho e Meireles. Os médios portugueses, com excelentes atri-butos Box-to-Box (capacidade de jogar nas duas áreas de jogo), serão a chave para esta partida. Com a obrigação de recuar ajudando na destruição de linhas de passe e reduzindo ao máximo os espaços no meio campo, é--lhes igualmente pedido que conetem o jogo defensivo com o jogo ofensivo da seleção nacional.Certo é, que Espanha tentará anular o ata-

A FÚRIA ESPANHOLATexto: José Lopes / Fotos: Getty Images

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[email protected]

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que português pressionando a primeira linha, para responder a isso, Paulo Bento necessi-tará de um ponta-de-lança capaz de segurar o jogo e ganhar tempo para que Moutinho ou Meireles recuperem as suas posições ofensi-vas. Neste setor, Paulo Bento será obrigado a mexer no onze, com a ausência forçada de Postiga, só o técnico português sabe quem estará em melhores condições para entrar de ínicio.Cristiano Ronaldo, será um problema para Espanha se a transição defesa ataque fun-cionar, e se Portugal for capaz de jogar no ultimo terço do campo. No último jogo oficial entre ambos, precisamente no Mundial 2010, a Espanha conseguiu anular a presença do 7 português, obrigando a seleção nacional a elaborar passes em profundidade facilmente controlados pela rápida defesa espanhola. É certo que o estilo de jogo mudou com Pau-lo Bento, esta equipa tem mais capacidade de posse de bola, ao contrário da equipa de Queirós, que perdia capacidade de passe com Pepe a médio defensivo. Portugal está melhor que no Mundial passado, a troca de João Pereira por Ricardo Costa, de Ricardo Carvalho por Miguel Veloso, recuando Pepe para central, de Tiago por Moutinho e Nani por Simão, dão outra frescura a esta sele-ção, mais velocidade e atitude na transição de bola e mais poder de transporte de jogo.Quanto ao aspeto tático de ambas as equi-pas, não haverá surpresas, jogarão com o seu estilo de jogo habitual, por certo bastan-te maduro e personalizado. As únicas dúvi-das residem no 11 inicial, precisamente no tão discutido número 9. O mais provável será que Del Bosque mantenha Fabregas, e que Paulo Bento confíe em Hugo Almeida para entrar de inicio.

Paulo Bento, conta com todo o plantel dis-ponível, à exceção do lesionado Postiga. Os

jogadores que estavam em risco de suspen-são, Fábio Coentrão, Cristiano Ronaldo, Raul Meireles, João Pereira, Hélder Postiga, Mi-guel Veloso e Nani conseguiram “limpar” os seus amarelos, ou seja, mesmo que um des-tes jogadores veja o amarelo, poderá dispu-tar a final de Kiev.

A nível de favoritismo, já aqui foi dito que Espanha leva vantagem, mas é bom dar uma vista de olhos às estatísticas. Em 7 jogos ofi-ciais disputados entre estas duas seleções, 2 resultaram num empate, 4 em vitórias da Espanha e apenas 1 em vitória para Portu-ga. A vitória portuguesa foi precisamente no único campeonato europeu em que Portugal chegou à final, o de 2004, com golo de Nuno Gomes no estádio de Alvalade.

Não fazia sentido terminar esta previsão sem antes falar no último jogo entre ambas as equipas, apesar de amigável, é um bom pre-ságio para a seleção nacional, os 4 a 0 no estádio da luz deixam boas indicações para a seleção nacional e mostram o caminho certo para eliminar esta favorita espanha. Relativo a esse jogo, talvez a ausência de Carlos Mar-tins seja a única grande nota, o português esteve bastante bem na conexão defesa ata-que, aparecendo varias vezes na zona de fi-nalização. Esperemos então, que especial-mente Moutinho, continue com o seu elevado nível de qualidade e continue a brilhar neste europeu, fazendo esquecer o tal numero 10 que tanto falta nos faz.

Estão assim lançados os dados, Portugal po-derá provar neste jogo que cresceu durante este Europeu, e que se encontra preparado para derrubar a favorita Espanha seguindo o seu imaculado caminho para mais uma final europeia.

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“Se gostasse de homens, o Paulo Futre seria o meu namorado”

Jesus Gil y Gil

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EURO 2012

“A MARCA DOS ONZE METROS”Texto: Carlos Maciel

Fotos: AP

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“A MARCA DOS ONZE METROS”Texto: Carlos Maciel

Fotos: AP

No Domingo decidiu-se mais um jogo através das grandes penalidades e mais uma vez a Inglaterra foi eliminada na marca dos onze metros. Á margem de questões de estilos e avaliações tácticas das equipas, muitos consideram a marcação de penaltis uma “lotaria”. No entanto, um estudo de Nick Harris - considerado o melhor jornalista desportivo pela Sports Journalism Association - indaga para além da sorte neste tipo de lançamentos.As conclusões são:

• Entre 1976 e 2010 decidiram-se 35 jogos nos penaltis em fases finaisdeEuroseMundiais.Efectuaram-se343 tentativas,dasquais se marcaram 258 golos (75.22% de efectividade).

• Oautordoestudonaoencontragrandesvariaçõesdeeficáciaentre os marcadores destros (75.72%) e canhotos (73.13%). Contudo, encontra umabaixa da eficácia dos esquerdinos naúltima década e meia. Nas 19 marcações entre 1976 e 1998, 21% remataram com o pé esquerdo, dos quais 83% resultaram em golo. Por outro lado, nas 16 marcações realizadas desde 1998 só 17.6% dos jogadores optou pelo pé esquerdo, e a taxa de sucesso baixou para os 58%.

• Posicionalmente, os jogadores mais adiantados oferecem mais garantias: 85 de cada 100 remates realizados por avançados acabam em golo. Defesas (70.79%) e médios (70.67%) compartemníveisdeeficáciasemelhantes.

• Preferencia pela juventude ou experiência: os jogadores mais novos (de 18-24 anos, 79%) os mais veteranos (mais de 31 anos, 82%) acertam mais do que aqueles no ponto mais alto da carreira (25-30 anos, 71.5%).

• A pressão também se nota: de uma taxa de 80% de tiros certeiros nas primeiras tentativas, reduz-se para um 63% na quarta tentativa.

• Porpaíses:omaiseficazéaantigaChecoslováquiaquemarcoutodasastentativas(20).Portugalficaem2ºlugarcom9de12tiros certeiros.

• Nográficoabaixopode-severquaisosquadrantesmaiseficazesdabaliza.Omaiseficazpareceseroangulosuperiordireitocom91%, enquanto os remates elevados ao centro parecem ser os mais fáceis de defender (54%). Os canhotos dominam os 4 angulos e os destros preferem remates colocados ao centro.

O retrato-robot do lançador seria este:

• Destro• Jovem ou veterano• Avançado• Primeira tentativa• Checo, português, alemão ou qualquer nacionalidade excepto

inglesa.

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OPINIÃO

Esta pergunta deve ter sido feita por Cris-tiano Ronaldo várias vezes desde que chegou ao Real Madrid. Se a resposta é

“Parece sumo de maçã”, indicará que o joga-dor seguiu bem a pauta de hidratação marca-da pelos médicos do clube.

Durante o Congresso Nacional de Hidrologia de Madrid, celebrado em Novembro, o Dr. Luis Serratosa (médico do Real Madrid), ex-plicou o plano de hidratação que seguem os jogadores para preservar o seu rendimento tanto nos treinos como nos jogos.A hidratação é um factor importante no ren-dimento desportivo. No futebol, um despor-to de longa duração, a importância acresce. Durante os treinos, obviamente, adquire uma grande importância, especialmente se está calor ou/e humidade.

A perda de líquidos por suor durante os trei-nos é de uma média de litros. É uma perda enorme que se deve remediar, já que basta um desportista perder um 2% do seu peso corporal através de desidratação, para que afecte a sua capacidade aeróbica, técnica e movimentos como saltos, sprints, remates etc. Aumenta também o risco de lesões.

Além de afectar as funções motoras, os efei-tos da desidratação fazem-se sentir na acti-vidade mental, tendo influência no rendimen-to cognitivo: concentração, decisões, campo de visão…

Em desportos colectivos como o futebol, a falta de fluidez mental tem graves conse-quências se temos em conta que os jogado-res tem que tomar decisões em milésimas de

“DOUTOR, A MINHA URINA TEM BOA COR?”Texto: Loles Vives

Fotos: AP

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segundo, como rematar ou a quem passar a bola.

Desta forma, os responsáveis médicos dos clubes elaboram um plano de hidratação até ao mais mínimo detalhe. Por exemplo em via-gens de autocarro ou de avião, os jogadores tem sempre disponível bebidas, já que com o ar condicionado o risco de desidratação au-menta.

Embora haja um plano geral, cada jogador tem um individual baseado nas suas carac-terísticas como o nível de suor e perda de líquidos, já que isso varia consoante a mor-fologia, peso, adaptação e genética de cada pessoa.

Cada jogador tem também a sua própria gar-rafa, para medir exactamente a ingestão de líquidos e também para evitar contágios.A cor da urina e o controlo do peso são os in-dicadores dos médicos para avaliar o estado de hidratação dos jogadores.Antes e depois dos treinos, cada jogador vê a cor da sua urina e pesa-se. É uma rotina diária.Se a urina não é escura e tem uma cor ama-relo claro ou de cor de sumo de maçã é um indicativo que o jogador está bem hidrata-do e que durante o treino, meio litro de água bastará para manter os níveis.Se a cor da urina for escura indicará que

existe uma certa desidratação e os serviços médicos do clube farão um plano específico de ingestão de líquidos para elevar os níveis de hidratação.

Depois dos treinos, os jogadores voltam a pesar-se e o grau de hidratação deduz-se calculando o peso perdido tendo em conta a quantidade do liquido ingerido e o volume eliminado pela urina. Com base nesses fac-tores, os médicos dão ao jogador a quantida-de de liquido para re-hidratar-se e manter-se saudável.

Para conseguir uma re-hidratação rápida, co-mer algo salgado como amendoins, batatas fritas é bastante útil, já que o sódio ajuda a reter os líquidos.A escolha entre água ou uma bebida energé-tica que tenha hidratos de carbono ou elec-trólitos depende da duração e da intensidade do treino. Quando o treino se prolonga por 1 hora ou 45 minutos bastante intensos, os jogadores costumam escolher bebidas ener-géticas que tinham 6 a 8 gramas de hidratos de carbono por 100 ml.

A água é mais efectiva em sessões curtas ou quando a intensidade não é muito elevada. No entanto, a escolha de bebidas energéti-cas é feita porque são mais apeticiveis que a água e motivam os jogadores a que bebam adequadamente.

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HISTÓRICO

Texto: Ricardo SacramentoFotos: Maisfutebol

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Texto: Ricardo SacramentoFotos: Maisfutebol

Filho de argelinos, da região de Cabília, Zinedine Yazid Zidane, nasceu no bairro de “La Castellane” na cidade de Marselha, França, no dia 23 de Junho de 1972. Cedo demonstrou habilidade para o futebol e iniciou a carreira num clube próximo do seu bairro, o US Saint-Herri, seguindo mais tarde para o Septèmes-les-Vallons. Com 15 anos é convocado para participar num estágio do CREPS (Centro Regional de Educação Popular e Desporto) da região de Aix-en-Provence, os olheiros do Cannesficamencantadosecontratam-no imediatamente. Em Fevereiro de 1991 marcou o primeiro golo na Primeira Divisão, curiosamente contra o Nantes. A estreia nas competições europeias foi em Portugal, numa derrota contra o Salgueiros na primeira mão da primeira eliminatória da Taça UEFA 1991/92. No fim dessa época o Cannes desce dedivisão e Zidane parte para Bordéus. No Parc Leiscure Zizou torna-se juntamente com Dugarry e Lizarazu o motor da equipa bordalesa. Uma bela carreiraeuropeiaterminanafinalàsmãosdo Bayern München, onde pontificavauma estrela maior do futebol francês e um dos seus ídolos de infância: Jean-Pierre Papin. Estreia-se na selecção, também no Parc Leiscure, defrontando a República Checa. Entra aos 63 minutos quando a equipa perde por 0-2, marca dois golos que garantem o empate aos bleus.Após o Euro-96 muda-se para a Juventus. Surgem os primeiros títulos da carreira. Campeão de Itália (1997 e 1998), vencedor da Taça Intercontinental (1996) e Supertaça Europeia (1996). Na selecção, torna-se a estrela e líder da selecção francesa que em 1998 a jogar em casa tem legítimas ambições de vitória. Zidane, não obstante uma

expulsão contra os sauditas, realiza um grande campeonato do mundo e conduz a França ao primeiro título mundial, apontando dois dos três golos franceses nafinal.consideradopormuitoscomoumdos maiores jogadores de toda a história do futebol mundial Zizou trava a bola por tu e a mesma parecia que colava ao pé deste verdadeiro 10.Pelo desempenho nesse ano é eleito melhor jogador do mundo pela FIFA e voltaria a vencer o prémio em 2000 e 2003. No Euro 2000 voltou a ser decisivo na forma como conduziu os franceses à finaleaoseusegundotítuloeuropeu. Em 2001 o Real Madrid pagou setenta e sete milhões de euros pela sua contratação, um recorde que só seria batido aquando da contratação de Cristiano Ronaldo em 2009 pelo mesmo Real de Madrid. Na capital espanhola, Zizou conheceu o sucesso logo no ano de estreia, conquistando a sua primeira (e única) Taça dos Campeões. No ano seguinte conquista o campeonato espanhol juntamente com os seus companheiros galácticos: Beckham, Figo e Ronaldo. Após o fracasso do mundial de 2002 e do Euro 2004. No mundial de 2006 a França voltaria aos grandes momentos muito por obra de Zidane. Autor do único golo na meia-final contra Portugal, Zidane,aponta o caminho da segunda final dasua carreira. No jogo decisivo, Zizou abre o marcador com uma grande penalidade, mas na segunda parte do prolongamento, cabeceou Materazzi em resposta aos insultos deste. Recebe ordem de expulsão e passa ao lado da Taça do Mundo enquanto caminha para os balneários.É esta imagem que acompanha para sempre o último jogo de um dos melhores jogadores do mundo.

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EL SHAARAWY

O tempo não para, tudo evolui e o futebol não é excepção, felizmente surgem sempre grandes talentos para garantir que isso aconteça e Stephan El Shaarawy é um deles.Filho de pai Egípcio e mãe Italiana, nasceu em Savona, mas começou a jogar nas camadas jovens do Génova com 13 anos, onde se estreou pela equipa principal apenas com 16 anos tornando-se o quarto jogador mais jovem a jogar na série A. Em 2010, para uma maior rodagem e para ganhar experiência e competitividade foi emprestado ao Padova da Série B, que ajudou a disputar os play off de acesso à série A com 9 golos. Presença habitual em todos os escalões da selecção Italiana,sub-16, sub 17, onde disputou um Europeu e um Mundial, sub 18, sub 19 e actualmente nos sub 21 onde se estreou com apenas 18 anos, devido às suas vistosas e empolgantes exibições no Milão AC, para onde se transferiu na época de 2011/2012 e onde fez 2 assistências e marcou 4 golos nos poucos minutos jogados.

Este jovem de 19 anos, joga a avançado centro sempre com a baliza adversária na retina, não é um típico avançado Italiano forte e de referência no ataque mas sim um avançado móvel, ágil, rápido e dotado de um bom recorte técnico apurado tanto na recepção da bola como na altura do passe, que com a sua velocidade de execução se torna muito difícil de travar sem recorrer à falta. Procura sempre jogo mais atrás e fora da área para poder tabelar com os colegas e para arrastar os defesas consigo de maneira a abrir linhas de passe e de remate, muito bom tacticamente e com um instinto ambicioso de golo notavel.Apesar dos poucos minutos, decidiu em conjunto com o seu treinador permanecer no Milão AC e aproveitou muito bem as oportunidades, sendo um dos impulsionadores para o ressurgir do Milão quando piores resultados apresentava, tornando-se uma das jovens promessas do futebol Italiano, El Shaarawy um miúdo maravilha do hoje para o amanhã.

Texto: Pedro MartinsFotos: google.com

MIÚDO MARAVILHA

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“Sinto uma azia enorme, motivada, por certo, por indigestão

desportiva”Jorge Coroado

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EDITORIALCoordenação: Carlos Maciel e Ricardo Sacramento

Editor Chefe: João Sacramento

Direcção de arte e maquetização:Carlos Maciel

Redação: Tiago Soares, João Sacramento, Tiago Jordão, Pedro Martins, Bruno Gonçalves, Ricardo Sacramento, Nelson Souso, Car-los Maciel, Nuno Pereira, Francisco Baião, José Lopes, Pedro Vinagreiro

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