Jornal Ago2009

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O ARCO JORNAL é o veículo informativo daASSOCIACÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS – ARCO Av. 7 de Setembro, 1159Caixa Postal 145 CEP 96400-901 – Bagé (RS) Telefone: 53 3242.8422Fax: 53 3242.9522e-mail: [email protected] page: www.arcoovinos.com.br

DIRETORIA EXECUTIVAPresidente: Paulo Afonso Schwab1º Vice-presidente: Suetônio Villar Campos 2º Vice-presidente: Arnaldo Dos Santos Vieira Filho1º Secretário: Wilson Belloc Barbosa2º Secretário: Antônio Gilberto da Costa 1º Tesoureiro: Paulo Sérgio Soares2º Tesoureiro: Teófilo Pereira Garcia de GarciaCONSELHO FISCALTitularesCarlos Alberto TeixeiraRuy Armando GessingerLeonardo Rohrsetzer de LeonSuplentesEmanoel da Silva BiscardeJoel Rodrigues Bitar da CunhaFabrício Wollmann Willke

SUPERINTENDÊNCIA DO R.G.O.SuperintendenteFrancisco José Perelló MedeirosSuperintendente SubstitutoEdemundo Ferreira Gressler

CONSELHO DELIBERATIVO TÉCNICOPresidente: Fabrício Wollmann Willke

SUPERVISOR ADMINISTRATIVOPaulo Sérgio Soares

GERENTE ADMINISTRATIVOBismar Augusto Azevedo Soares

ARCO JORNALCoordenação GeralAgropress Agência de ComunicaçãoEdiçãoEduardo Fehn Teixeira e Horst Knak - Agência Ciranda Jornalista responsável Nelson Moreira - Reg. Prof. 5566/03DiagramaçãoNicolau BalaszowFotografiaBanco de Imagens ARCO e DivulgaçãoDepartamento ComercialGianna Corrêa [email protected]: 51 3231.6210 / 51 8116.9782A ARCO não se responsabiliza por opiniões emitidas em artigos assinados. Reprodução autorizada, desde que citada a fonte.Colaborações, sugestões, informações, críti-cas: [email protected]

Editorial

Paulo Schwab - Presidente da ARCO

No início do mês de julho uma notícia mereceu destaque na imprensa

especializada no agronegócio. Diretores-responsáveis pelas Or-ganizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Oepas) e pesqui-sadores da Embrapa, liderados pela unidade de Caprinos e Ovinos, reuniram-se para tro-car experiências e informações em prol do desenvolvimento de tecnologias para um dos segmentos mais importantes do Nordeste brasileiro; a ovinocultura. Segundo esta notícia a reunião serviria para que houvesse a interação, detalha-mento e mapeamento das competências das Oepas e da Em-brapa e construírem uma agenda de projetos prioritários e ações de transferência de tecnologia focadas para o Nor-deste visando otimizar recursos, tempo e ter mais agilidade na obtenção e aplicação dos resultados.

E porque este fato merece destaque? Porque promove a união de instituições de pesquisas para a troca de experiên-cias acumuladas durante muitos anos de trabalho. Já dis-semos em outra oportunidade que já era hora deste setor se unir, junto a todos os outros operadores do setor, para fazer um levantamento de tudo o que já foi pesquisado e experi-mentado em prol do desenvolvimento da ovinocultura. E de posse do resultado deste levantamento, ver aquelas que po-dem ser postas em prática imediatamente e as que precisam de mais tempo, mas que com certeza, trarão importantes benefícios para o agronegócio da ovinocultura.

Destacamos com isto a importância que os pesquisado-res têm no desenvolvimento de novas tecnologias. E cha-mamos a atenção também para o fato de que muitas destas

pesquisas não chegam ao conhecimento dos produtores porque na maioria dos estados, a estrutura de extensão rural – que são os divulgadores da aplicação destas tecno-logias – estão desmontadas, quebrando com o processo de difusão das mesmas, no campo.

Temos no Brasil um número bastante expressivo de or-ganismos que estão a todo o momento, realizando pesqui-sas. O processo de formação de mestres e doutores leva à elaboração e execução de projetos de pesquisas cujos resultados nem sempre se tornam públicos para a maioria dos produtores envolvidos na atividade. E, muitas vezes, elas podem ser feitas sobre temas próximos com resultados semelhantes, e por questões de distância geográficas, não há trocas de informações entre os pesquisadores para estu-darem formas de levarem ao campo os resultados deste tra-balho. E não é difícil imaginar que este fato deve acontecer em várias partes do País.

Por isto acreditamos que esta iniciativa é extremamente positiva e deve servir de modelo para a formação de outras redes, porque quanto mais troca houver entre as institui-ções de pesquisas com o objetivo de encontrarem pontos em comum em seus trabalhos, melhor poderão ser os resul-tados alcançados e, por conseqüência, melhores serão as tecnologias desenvolvidas. Ao final de todo este processo, mais ganhos poderão ter aqueles produtores que aplicarem em suas propriedades, estas tecnologias. E, numa visão macro, todos sairemos ganhando porque conseguimos que os elos de uma cadeia, se unissem e trouxessem efetivos resultados para a ovinocultura. Portanto, que se formem mais redes de entidades de pesquisas! Bem vindo sejam, e parabéns por esta inovadora idéia!

Unir para crescer

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3Carne

Fotos: DivulgaçãoO Grupo Marfrig é um dos maiores fornecedores de carne congelada de

cordeiro no mercado nacional, a partir de importações do Uruguai, Chile, Argentina e Nova Zelân-dia, em um volume que chega a 5 mil toneladas por ano. Em 2008, o grupo abateu cerca de 320 mil animais a partir de suas unidades na América do Sul, volume que em 2009. Com a idéia de mudar um pouco este cenário, e investir numa produção nacional, o frigo-rífico inaugurou em abril, sua 1° Unidade de Abates de Cordeiros em Promissão (SP), interior pau-lista, com capacidade inicial para abate e processamento de 1.000 animais/dia.

Segundo o diretor de marketing da empresa, Sergio Mobaier, com a empresa atuando no segmento de cordeiros no Brasil, passa também a fornecer o produto resfriado, produ-zido no País. “O interesse por carne ovina está crescendo e sentimos isto via procura pelos supermerca-dos e outros estabelecimentos que atendemos. Talvez não cresça mais porque ainda não se conseguiu uma padronização de carcaça. Algo que faz parte dos nossos objetivos”, as-sinala.

Para o criador de ovinos e co-ordenador do Projeto Cordeiros do Marfrig, Fernando Gottardi, o pro-cesso de padronização passa pelo uso de uma genética que proporcio-ne uma seleção com este objetivo. “Estamos trazendo para o Brasil raças como a Highlander, que trans-mitem aos seus descendentes exce-lentes características na produção de carne”, completa Gottardi.

O coordenador explica que o projeto vai envolver criadores de vários estados, interessados em participarem deste programa que o Marfrig está iniciando. Ele diz

Marfrig desenvolve programa de produção de cordeirosProjeto pretende conquistar criadores para um sistema de integração

que os que se inscreverem terão incentivos financeiros na hora da compra do produto, assistência técnica no campo entre outras ações de suporte. Usar a genéti-ca indicada pelo projeto é uma condição do contrato. “São raças

compostas que já comprovaram sua eficiência de produtividade no campo e, com certeza, trarão os resultados que esperamos”, afir-ma.

Como criador ele diz acredi-tar muito nas perspectivas para

o setor, uma vez que cresce o interesse por consumo da carne ovina. Entretanto comenta que o momento está exigindo mudan-ça de comportamento dentro da porteira. Para ele é preciso que o produtor se preocupe mais com a produtividade, que passe a uti-lizar animais comprovadamente melhoradores, nos rebanhos ge-rais para “aprimorar os resultados de produção de carne por hectare nas fazendas”. O programa tem a meta de conseguir 4 milhões de ventres em produção em todo o país. Marcos Molina, presidente do Grupo Marfrig, ressalta que a ovinocultura é uma atividade em potencial com grandes perspecti-vas e possibilidades de expansão,

uma vez que a oferta da carne de cordeiros no Brasil não atende nem mesmo a ainda baixa de-manda atual. “Inicialmente, nossa estratégia prevê acionar de forma equivalente o mercado de food service e grandes redes varejistas, destinando 50% da produção para cada segmento”, informa Molina. Ele complementa dizendo que são dezesseis tipos de cortes es-peciais, todos oferecidos em em-balagens práticas, o que facilita o preparo. Entre os principais cortes estão: paleta com osso, paleta sem osso, pernil, seis tipos diferentes de costela (ex: oito tiras, costela ripa) e frenched rack (equivalente à ponta do contrafilé com osso bo-vino), entre outros. •

SérgioMobaier,diretorde marketingdo Marfrig

Supermercadistas, consumidores finais e canais de food service são os mercados que o Marfrig busca conquistar para a carne ovina, informa o diretor de varejo, Antonio Sobrinho de Almeida Souza, mais conheci-do como Toninho. Utilizando sua rede de consultores de vendas da carne bovina, vem trabalhando para mostrar este novo produto com a marca Bassi. O retorno obtido com este movimento e que não é resultado so-mente por causa da ação do frigorífico, de-monstra que há interesse em disponibilizar aos consumidores esta carne. Um dos gran-des conhecedores do mercado de carne por-que foi confinador de gado, Silvio Lazza-rini, possui hoje dois restaurantes em São Paulo, o Varanda e o Magistrale. Para eles, compra cerca de 300 kg de carne de cordei-ro por mês de cortes como paleta, pernil e carré. Segundo Silvio o consumo tem cres-cido nos seus restaurantes e ele acredita que se houvesse mais divulgação sobre a carne ovina, o interesse iria aumentar sem dúvida alguma. “Eu vejo potencial tanto em restau-rantes da alta gastronomia quanto os mais

Varejo tem forte interesse na carne ovina

populares. Só é preciso descobrir o que cada um quer consumir, qual o corte se deve des-tinar para cada mercado”, assinala.

José Antonio Schiabel Jr, é gerente de compras da rede de supermercados Lava-pés, de Mogi Mirim, interior de São Paulo. Conforme diz são seis lojas na cidade e em todas tem colocado carne ovina. Em média 800 a mil quilos mês de pernil ou T-Bone para um público que quer fazer churrasco ou em panela, ensopado. Schiabel diz que o consumo é forte e que se houver um traba-lho de marketing, promovendo degustações, colocações de receitas, vai haver aumento de demanda. Já o Chef Magrini Gerson, do restaurante Gran Felicita Buffet, diz que consome cerca de 150 kg de carne ovina

por mês. Para ele é preciso que seja melhor trabalhado junto aos restaurantes a parte de divulgação. Promover as qualidades da carne, as formas de cortes possíveis que se-gundo ele podem chegar a 28 tipos, e ainda a busca por uma padronização de carcaça. “As vezes fica difícil produzir um prato se em cada animal o tamanho é diferente”, sa-lienta. Outro item que ele ressalta é encon-trar formas de reduzir o custo do produto aos restaurantes e food services, pois assim, conseguem reduzir o preço ao consumidor final. “É uma carne saborosa com grande potencial de mercado. É preciso trabalhar o marketing, assim com o pessoal da suino-cultura está fazendo, por exemplo”, finaliza Magrini. •

Toninho, do Marfrig José Antônio, do Lavapés Chef Magrini Gerson

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4Mercado

Após o período do renas-cimento, os pós de arroz e de talco tornaram-se

a grande sensação para manter a pele jovem e com a extrema pa-lidez que compunha o protótipo de beleza da época. Óleos extraí-dos da lã dos ovinos (lanolina) da Ática, a sudoeste da Grécia, eram muito utilizados para suavizar o rosto das damas. Mas, antes mes-mo deste período já se ouvia falar deste produto, que é uma cera natu-ral extraída da lã dos ovinos, após a sua tosa e que apresenta proprie-dades biológicas exclusivas para o cuidado da pele. “O óleo de lãs, igualmente referido como ‘graxa

Lã gera vários tipos de negóciosA carne tão saborosa que faz parte dos cardápios

mais requintados e o confortável pelego usado na mon-taria ou para os dias frios. Essas são as qualidades mais conhecidas e que vêm de imediato à mente das pessoas quando se falam de ovinos. A lista de produtos derivados a partir deste animal, no entanto, é bem maior e quando são pesquisadas suas aplicações se encontra um vasto campo na indústria. É possível se deparar com o uso farmacêutico da lanolina, por exemplo, ou então desco-brir que aquele chapéu de feltro, guardado no armário, o tapete e a pantufa são de lã pura. Neste momento é possível visualizar a importância deste animal para a vida das pessoas e para a economia. Mas será que o produtor rural está ciente disto e está buscando aumen-tar o seu lucro? O uso do cordeiro é muito maior do que se imagina.

lãs’ e de ‘gordura lãs’, cria como uma substância original, similar à cera, segregada das glândulas especiais na pele destes animais”, explica a farmacêutica Alessandra Schirmer. Esta substância migra à lã e oferece a proteção natural ao animal contra o tempo áspero e às circunstâncias climáticas. A lano-lina é um produto natural obtido a partir da cera de lã bruta gerada pelos beneficiadores têxteis como um subproduto. Durante o benefi-ciamento, a lã é lavada com uma mistura de sabões e detergentes. Normalmente, pode-se obter entre 10 e 15% de gordura de lã neste tipo de processo.

A lanolina é utilizada nas áreas farmacêutica, cosmética e indus-trial devido aos inúmeros benefí-cios que oferece, e está presente em cremes, pomadas, ungüentos, batons, sabonetes, xampus, con-dicionadores, protetores solares e produtos de maquiagem e ama-ciantes de roupas. Como suavi-zante, seu principal diferencial é, sem dúvida, a capacidade de absorver água. Outras proprie-dades que agregam valor a esta

matéria-prima são: a penetração nas camadas mais externas da pele e seus efeitos comprovados na hidratação. Também vem sen-do indicado com sucesso em as-saduras de bebês, cicatrização de pequenas cirurgias, escaras, feri-das em diabéticos, entre outros. “É importante destacar que as propriedades farmacológicas da lanolina trazem benefícios para as mães em seu período de amamen-tação. A indicação médica para o uso do produto, em casos de fis-suras ou rachaduras dos mamilos, vem representando um alívio para a lactante”, orienta a Alessandra. Conforme a farmacêutica da área de Pesquisa e Desenvolvimento, Andréa Dantas, muitos ácidos graxos e derivados têm sua origem nas gorduras animais. “Outros in-sumos como ácido hialurônico, alantoína, algumas vitaminas, co-lágeno, elastina, glicerina e quera-tina também podem ser obtidos a partir de fonte animal”, informa a pesquisadora.

Lã é leiAinda que seja comum usar o

termo lã para qualquer fio, a legis-lação (Resolução nº 6 de 19/12/05, do Conmetro), diz que lã é apenas o fio oriundo de ovinos. Ciente disso, a Cooperativa de Lã Tejupá Ltda., situada na cidade gaúcha de São Gabriel, é outro exemplo de

que com organização o setor pode se desenvolver ainda mais. Ela re-aliza a comercialização de lãs com abrangência de 80 municípios, in-clusive fora do estado, possuindo um quadro próximo de 5 mil as-sociados. Segundo informa o seu presidente, Carlos Cleber Dias Leal, no período de safra 2006/07 a Cooperativa comercializou 2 milhões de quilos, o que represen-ta 25% do que todo o estado pro-duz, sendo a maior quantidade de quilos negociados em uma única safra, em toda a sua história. Cabe ressaltar que 90% da lã produzida no Brasil é exportada.

Pós beneficiamento A lã é lavada e pen-

teada e, após a sua clas-sificação, está pronta para ser repassada para as empresas. Começa, então, uma nova etapa nos negócios deste fio nobre. O resultado são chapéus, ponchos, co-bertores, feltros indus-triais, entre outros. E o melhor exemplo disso é a empresa Pralana Indústria e Comércio Ltda., localizada na cidade paulista de Li-meira e que recente-mente foi premiada

com o selo de ISO TCHÊ, que atesta a qualidade de seus produ-tos e a identifica com a cultura gaúcha. “Temos os pés fincados no sul, pois a nossa principal matéria prima, que é a lã, é ori-ginária do Rio Grande do Sul”, conta Ângelo Siracusa, diretor da empresa. A empresa produz elementos filtrantes, feltros em mantas, feltros em rolos e ar-tefatos em feltro. Um de seus principais produtos são os dis-cos de polimento, feitos com a utilização dos melhores fios e que são utilizados em diversos ramos da indústria metalúrgica para polimento de metais não ferrosos, ferro, alumínio, aço, vidros, espelhos, cristais, már-mores, granitos e cerâmicas, com grande desempenho e du-rabilidade. Mas, o que torna a Pralana conhecida no mercado é a confecção de seus chapéus, presentes em todas as feiras do Brasil e exterior. •

Fotos: Divulgação

Carlos Leal, presidente da Tejupá

A lã é produto exclusivamente oriundo de ovinos

A lanolina tem inúmeras aplicações na área farmacéutica

Foto: Luiz Ávila

Chapéu: um dos principais produtos da Pralana

Nicolau Balaszow

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5Carne

Vista como uma possibili-dade de obter ganhos mais rápidos tanto de peso quanto

financeiro, esta técnica pode ser uti-lizada como um recurso dentro do processo de produção de cordeiros, na propriedade. Para falar deste as-sunto, entrevistamos a Zootecnista Ana Carolina Prado Zara, consultora técnica de um grupo de ovinoculto-res paulistas.

ARCO Jornal - Qual a vanta-gem de se fazer confinamento com ovinos?

Ana Carolina Prado Zara - A grosso modo, em um sistema de produção intensivo, o confinamen-to, deve ser considerado como parte final ou de terminação no processo produtivo do cordeiro. A aceleração no acabamento promove um retorno mais rápido do investimento aplica-do dentro de um empreendimento que visa à produção de carne ovina, e, consequentemente, exige uma agilidade na reposição dos animais, o que justificaria seu lucro líquido reduzido. Pelo seu imenso potencial de desenvolvimento, o cordeiro, re-quer uma intensificação no sistema, do contrário, deixa de aproveitar esta importante característica que ele tem.

Com um regime de alimentação intensiva, composta de ração e forra-gens que promovem um crescimento mais rápido do animal, é possível abater os cordeiros (com creep-fe-eding e confinamento) com 90 dias enquanto que se o mantivermos so-mente a pasto, ele irá demorar bem mais! O confinamento aceleraria a venda e a reposição.Mas é importan-te ressaltar que só haverá vantagem na utilização desta técnica se o sis-tema de produção for visto como um todo, pois o confinamento é apenas uma parte do processo, podendo ou não ser suprimido.

ARCO Jornal – Qual a relação entre benefício e custos?

Ana Carolina - Por ser uma parte do sistema, o confinamento compõe um custo que pode fazer a relação benefício: custo positivo ou não. A agilidade, portanto, do sistema com-preendendo a alimentação comple-mentar deve ser grande.

É preciso ressaltar que a termina-ção, que nada mais é do que a de-posição de gordura na carcaça é, de fato, cara. Calcula-se que a gordura necessite de oito vezes mais energia do que o músculo (NRC, 1985), o que faz com que o maior crescimen-to seja feito até a desmama (cresci-mento muscular) e que o confina-mento, que compreende a deposição de gordura, deva ser feito em pouco tempo para que seu benefício/custo seja bom.

ARCO Jornal – Qual a alimen-tação básica de um confinamento?

Ana Carolina - Como todo ru-minante sua dieta é composta de forragem (volumoso) e ração (con-centrado). O balanceamento da ali-mentação do cordeiro deve ser feito por um zootecnista responsável que consiga entender a fase que o mesmo se encontra e conheça sua fisiologia. O fator principal para sua nutrição depende muito do seu peso corporal, porém a realidade desse peso não é, em geral, identificada por sua idade, isso dependerá do sistema. Ou seja, pode-se ter cordeiros de 23kg com dois ou cinco meses. Para o ovino, essa diferença é gritante, nutricio-nalmente e fisiologicamente falando. A partir daí devem ser analisados os alimentos que serão fornecidos, pois tanto forragens como rações diferen-ciam-se por sua relação carboidrato: proteína, e é exatamente a fisiologia do animal que determinará uma boa composição.

Muitos técnicos fazem a dieta do cordeiro durante o confinamen-to com 100% de concentrado. Essa dieta deve ser formulada, principal-mente, por um zootecnista respon-sável, pois a fisiologia do animal de acordo com sua idade, muitas vezes não suporta essa condição causando distúrbios metabólicos como acido-se e laminite, além do desperdício de ração pelo mau aproveitamento do animal, excretando-as nas fezes. Desse modo, a combinação forra-gem + ração é perfeita, e é a ração a parte a ser controlada, pois o for-necimento à vontade desse alimento também gerará distúrbios.

ARCO Jornal – Podem ser uti-lizados subprodutos na composi-

ção alimentar?Ana Carolina - Sim, como um

ruminante, o cordeiro come e se desenvolve bem com a utilização de subprodutos na ração de confina-mento. Baratear o preço do alimento para cordeiros ainda na fase de alei-tamento não é aconselhado por sua alta taxa de fibra e que o cordeiro, ainda muito novo e não transfor-mado em ruminante, não consegue aproveitar.

Deve-se lembrar o fato de que por serem subprodutos devem ser adicionados para diminuir o preço do quilo da ração, e não usados como alimentos principais. A combinação de aminoácidos dos produtos como milho, farelo de soja, farelo de trigo, farelo de algodão, dentre outros, são muitíssimo ricos, mas podem e de-vem ser complementados com sub-produtos.

ARCO Jornal - Quantos ani-mais podem ser colocados em con-finamento e a partir de que idade?

Ana Carolina - Normalmente calcula-se 0,5m² por cordeiro. É pre-ciso entender que quanto mais velho o animal maior é sua conversão ali-mentar. Entende-se por conversão alimentar a relação da quantidade alimento ingerido dividido pelo seu ganho de peso. Quanto mais velho o animal menos peso ele ganha e mais ele come, assim, a relação é inver-samente proporcional o que a torna desvantajosa. Dessa forma, quanto mais jovem e mais pesado o animal melhor a época de colocá-lo no con-

finamento considerando sua desma-ma feita normalmente aos 60 dias.

ARCO Jornal - Existem regiões propícias para se implantar um confinamento?

Ana Carolina - Não, o que existe de fator limitante ao confinamento é o preço pago pelo quilo do peso vivo ou de carcaça, limitando ao sis-tema um manejo mais intensificado. Por exemplo, atualmente, pelo valor pago aos produtores do Rio Grande do Sul, não é compensatório colocá-los em confinamento. Acredito que um valor próximo a R$ 4,00 começa a valer a pena.

ARCO Jornal - Quanto tempo pode ficar em confinamento?

Ana Carolina - O tempo de con-finamento dependerá de seu peso à desmama. Quanto maior o animal mais harmoniosa é sua ingestão na relação carboidrato:proteína, o que fará com que sua permanência no confinamento seja menor.

O desmame de um animal com baixo peso implica em uma recria do mesmo em confinamento. Pode-se dizer que dentro de um sistema intensivo e considerando uma boa genética de animais para corte, na raça lanada ou no cruzamento in-dustrial, o cordeiro ganhe de 300 a 400 gramas por dia. Já o animal desmamado mais leve, por sua baixa capacidade de ingestão, ganhará no máximo 250g/dia. Essa diferença de ganho é de mais de ½ kg por semana. Desse modo, cordeiros mais pesados normalmente passam 30 dias confi-

nados e cordeiros mais leves, no mí-nimo, um mês e meio, considerando um mesmo tempo de desmama aos 60 dias.

ARCO Jornal - Como fica o controle sanitário com tantos ani-mais em um só lugar?

Ana Carolina - A estrutura, quan-do projetada para facilitar o manejo, a limpeza se torna mais fácil. De qualquer forma, alguns utilizam a cama (palha de arroz, maravalha, etc.) para diminuir a umidade do ambiente, a mesma dura por apro-ximadamente 15 dias. Na supressão da cama é indicado que se utilize estrutura sem piso cimentado onde o chão batido drena a urina dos cordei-ros. Aconselha-se que a limpeza seja feita, no caso do chão batido, duas vezes por semana e no caso do piso cimentado diariamente. Naturalmen-te que essa limpeza também depen-derá da lotação do galpão, podendo aumentar a freqüência.

No período de confinamento po-de-se fazer aplicações de cal virgem ou até mesmo de vassoura de fogo para secar e esterilizar o ambiente, prevenindo doenças comumente en-contradas em animais em ambiente fechado. No esvaziamento do con-finamento, dependendo de sua lota-ção, pode-se aplicar também amônia quaternária.

ARCO Jornal - Como se pre-para a estrutura para tal, galpões? Qual o investimento?

Ana Carolina - Uma construção para confinamento deve ter sempre como perspectiva o rebanho futuro, de maneira que o crescimento do plantel não inviabilize a estrutura que em sua maioria é bastante cara. Alguns pontos como facilidade do manejo devem ser priorizados. A en-trada de máquinas para limpeza da estrutura assim como a posição dos cochos podendo ser melhor aprovei-tado para ambos os lados aumentan-do o número de cordeiro/metro do cocho, a melhora da ventilação, a disponibilidade de água, etc. são de suma importância antes mesmo de pensar em seu custo. Isso porque, a estrutura pode ser feita desde alvena-ria até canos de PVC, mais uma vez o que importa é sua funcionalidade.•

Confinamento: tecnologia que precisa de planejamento

Ana Carolina Prado Zara, consultora técnica em São Paulo

Foto: Divulgação

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6Reportagem

Horst Knak

A região do oeste catarinen-se produz três milhões de litros de leite bovino

por dia, sendo conhecida como a maior bacia leiteira de Santa Cata-rina. Esta nova atividade é, portan-to, uma ampliação dos horizontes comerciais, com a perspectiva de produção de alimentos alternati-vos. Até pouco tempo, a criação de ovinos tinha dois objetivos únicos: exploração de lã e, especialmente, o aproveitamento da carne para churrasco. Com a expansão do mercado leiteiro ovino, a criação artesanal da ovelha passou a ser resgatada na região.

Nos últimos seis anos, a ati-vidade da ovinocultura de leite ganhou impulso graças também ao apoio do governo estadual. “O governador Luiz Henrique consi-derou a atividade interessante para pequenos produtores do oeste cata-rinense, abriu as possibilidades de importação de matrizes e carnei-ros, determinou a criação de uma estação de pesquisas (a Epagri, em Lajes, na região serrana) e apoiou visitas de integração ao Chile, Nova Zelândia, Uruguai, entre ou-tros centros criadores de ovinos”, enumera o pesquisador da Epagri em Lages, SC, e técnico da ARCO, Volney Silveira de Avila. “Vimos que no Chile a indústria controla

Santa Catarina: ordenhando lucrosAinda que em escala reduzida, a ovinocultura de

Santa Catarina está vivendo um novo momento, com o ingresso de raças com aptidão leiteira e o investimen-to de uma empresa de lacticínios em novos produtos, como o queijo pecorino – típico da Itália. Duas raças leiteiras – com destaque para a Lacaune - dividem espa-ço em pequenas propriedades voltadas para a produção de leite. A vocação para este setor está enraizada entre os pecuaristas da região, que criam gado bovino de leite há muitas décadas.

a produção e o Uruguai trabalha com queijos artesanais, seguindo sua vocação, e a Nova Zelândia privilegia os grandes rebanhos, graças às extensões de seus cam-pos. Aqui teria que ser diferente”, resume Volney.

O sistema atual, confirma o téc-nico em Agropecuária e coordena-dor do programa de leite ovino da Cedrense, Clóvis Lenzi, envolve a compra de toda a produção de leite ovino da região para a elaboração de queijos, na unidade da empre-sa no município de Anchieta. E o queijo escolhido é o Pecorino, ori-ginário da Itália, uma escolha que passou pelo presidente da Cedren-se, Acari Menestrina, durante via-gens à Europa. É uma alternativa de renda que mantém o produtor no campo e permite a formatação de uma nova atividade agroin-dustrial. O objetivo da Cedrense é a substituição da importação de queijos finos (a empresa produz mais de 60 tipos comercializados especialmente na Região Sul), des-tinados a um mercado consumidor de 27 milhões de brasileiros.

A formação dos rebanhos tam-bém conta com apoio da Cedrense e empresários do oeste de Santa Catarina, interessados na ativi-dade, que passaram a adquirir re-produtores e matrizes das raças Lacaune e Milchschaf oriundas do Rio Grande do Sul e do Uruguai. Além de raças puras, também o

cruzamento absorvente de carnei-ros especializados para leite em cruzamento com fêmeas de raças especializadas para carne (Texel, Ile de France, Hampshire) e mistas como a Bergamácia.

Uma das iniciativas mais mar-cantes foi a importação, no final de 2008, de 100 matrizes e 20 reprodutores Milchschaf do Uru-guai, com o objetivo de incorporar genética leiteira via cruzamentos absorventes. O Milchschaf (ove-lha de leite, na tradução literal) é uma raça alemã vocacionada para a produção leiteira. “O objetivo comum de produtores, da indústria (no caso a Cedrense), do governo e dos técnicos é trabalhar com cruza-mentos absorventes para a criação de um rebanho leiteiro no estado”, diz Volney de Avila. Além do Mil-chschaf, o Lacaune já possui um cabanhas difusoras de genética na região.

A Cedrense contou com a ex-periência de queijeiros franceses e italianos, como Luciano Magnio-ni, para fabricação de um produto diferenciado. Foi a solução para introduzir no mercado a experiên-cia no fabrico de queijos de leite ovino, atividade totalmente desco-nhecida no Estado. Consolidando

a formação do núcleo leiteiro, foi formada em São Miguel do Oeste a Associação Catarinense de Pro-dutores de Leite Ovino, para orga-nizar cursos, fomentar e divulgar a atividade.

Somada a gestação de 150 dias ao período de lactação de outros

150 dias, é possível obter 300 kg de leite/lactação/ano. Com a sin-cronização dos cios, obtêm-se três partos a cada dois anos, com ga-nhos tremendos. O preço do leite está fixado em R$ 2,00/litro, qua-tro vezes mais que o leite de vaca. O borrego macho de descarte está pronto para o abate em quatro me-ses. Com estas duas fontes de ren-da, o produtor ganha uma nova e rentável atividade, sem a necessi-dade de grandes alterações na lo-gística e na atividade agropecuária como um todo. Na verdade, estará

agregando valor à atividade rural.Os criadores Paulo Gregianin

e Erico Tormen decidiram apos-tar alto. Em sua Cabanha Chape-có, em Linha Tormen, Erico Tor-men formou um rebanho baseado no melhoramento genético. Em 2008, adquiriu 30 animais Lacau-ne, de forte aptidão leiteira. São animais com produção de 2,5 e 3,5 litros por dia em uma lactação que dura entre 120 e 150 dias. Se-gundo Tormen, até 2010 a meta é de 750 animais em lactação em três lotes e obter com isso uma produção de 500 litros de leite ovino ao dia, com perspectiva de faturamento de R$ 1.000,00/dia. De cada 5,5 litros de leite de ove-lhas é possível produzir um quilo de queijo, proporção que se eleva para 10 litros/kg de queijo no caso de vacas. Outra vantagem é que a alimentação de uma vaca serve para atender entre 8 e 10 ovelhas. A Cabanha Chapecó instalou um sistema de ordenha automática com equipamento italiano, único em Santa Catarina, com investi-mento estimado em R$ 300 mil, impulsionado Pela alta valorização dos animais. “Um macho chega custar entre R$ 7 mil e R$ 10 mil, e

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Fotos: Divulgação

Volney de Avila

Rebanho ovino no oeste catarinense está crescendo graças aos investimentos no leite

Rebanho leiteiro de Erico Tormen, em Chapecó Todo o leite é utilizado na produção de queijo fino Produção diária das ovelhas supera os 2,5 litros

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O leite de ovelha apresenta 5,60 % de proteí-na, representando 58% a mais do que os 3,25 do leite de vaca. Esse elevado teor de sólidos pro-porciona um ótimo rendimento na elaboração de queijos. Além disso, as proteínas do leite são consideradas proteínas de alto valor biológico (PAVB), ou seja, possuem aminoácidos essenciais e devem ser fornecidas através da alimentação. As formas protéicas encontradas no soro de leite são facilmente digestíveis, e o Leite de Ovelha é mais rico nestas proteínas que o leite de vaca ou de cabra, tornando-se de mais fácil digestão. Contêm várias destas substâncias essenciais, que são: Vitamina A, B1, B2, B12, Biotina e Vitamina C, esta com um teor de 150% a mais que a Biotina.

O mesmo leite apresenta quantidades maiores de gordura, no entanto, os glóbulos são menores. Contém 75% mais cálcio do que o lei-te de vaca, acrescido de minerais como potássio, manganês, sódio, cobre, zinco e fósforo. O teor elevado de cálcio contribui significativamente na prevenção de doenças, com destaque para a os-

uma fêmea, até R$ 1.500”, explica Tormen. Por meio de cruzamentos, Gregianin e Tormen estão obten-do cordeiros precoces, específicos para a exploração da carne. Juntos, os dois agropecuaristas têm um rebanho de mil ovelhas, das quais 550 são matrizes de diversas raças, incluindo as famosas Texel e Ile de France.

O técnico da Cedrense, Clóvis Lenzi, esclarece que o projeto é aberto a produtores do Oeste Ca-tarinense. “Queremos formar uma verdadeira cadeia produtiva, ad-quirindo leite ovino nos mesmos moldes do leite bovino”, simplifi-ca. Na verdade, todo produtor de leite convencional possui conhe-cimentos de ordenha, já investiu em equipamentos de resfriamento e conservação do produto e precisa ser educado apenas para a criação da ovelha leiteira. Sendo igual-

Características do leite ovinoteoporose.

Os queijos mais conhecidos são o Pecorino – produzido na Itália, o Roquefort, da mesma região francesa, e o Feta, um queijo suave de origem gre-ga com no mínimo 70% de leite de ovelha e o res-tante de leite de cabra.

Características do Queijo PecorinoPecorino é o nome genérico que se dá aos queijos feitos exclusivamente com queijo de

ovelha. De origem italiana, tem carac-terísticas específicas dependendo da

região e da forma como é produzido (os diferentes tamanhos dos grânu-los, o tempo de maturação, o tipo de leite empregado e as misturas

de leite). Trata-se de um queijo com boa capacidade de conservação. Há

o pecorino fresco, o semicurado, o doce e o pepato (com adicão de pimenta).

À medida que o queijo fica mais curado, é usado para ralar. As variações mais famosas são o Pe-corino Romano, o Sardo e o Toscano. O queijo Pe-corino Cedrense possui casca densa e granulosa e seu interior é cremoso. O sabor salgado e picante se acentua à medida que é curado. •

mente animais dóceis como a vaca de leite, as ovelhas das raças Milchschaf e Lacau-ne vão facilitar muito este processo.

Para atingir mais rapidamente as metas para viabilização de uma linha regular de coleta de leite ovino, a Cedrense – em parce-

ria com o Senar, Sebrae e governo estadual (via estação de pesquisas da Epagri e linhas de crédito pra aquisição de matrizes e reprodu-tores leiteiros) contribuiu com o treinamento para uso da tecnologia de sincronização de cio, produção de alimentos, estabelecimento de piquetes racionais, administração rural, controle de qualidade do lei-te. “Tudo ficou mais fácil devido à experiência anterior dos criadores, descendentes de alemães, italianos e poloneses, que na verdade tem o leite no sangue”, destaca Clóvis Lenzi.

O sistema de coleta funciona de forma semelhante ao do leite bovi-no. O produtor realiza a ordenha utilizando teteiras e ordenhadeiras normalmente importadas – hoje não há equipamentos de ordenha nacionais para pequenos animais -, faz o resfriamento e aguarda pela

coleta, que é realizada a cada 48 horas. Até 40 animais, ainda é possível fazer a ordenha ma-nual, mas segundo Clóvis Lenzi todos os produtores integrados à Cedrense possuem ordenha me-

cânica.Atualmente, o leite é coletado

junto a 20 famílias produtoras nos municípios, entre outros, de Guarujá do Sul, São José do Ce-dro, São Miguel do Oeste, Cha-

pecó e Anchieta, sede da planta processadora de leite da Cedren-se. A carne dos cordeiros, desma-mados aos três dias e engordados até os 120 dias, é processada no frigorífico de Chapecó. •

Cordeiros cruza para abate

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8Especial

A progressão do rebanho é forte, e só não é mais vi-sível devido à enorme ex-

tensão deste estado eminentemen-te agropecuário – leia-se pecuária de corte e soja. Em novembro de 2004, o Estado tinha 275 mil animais; em novembro de 2005, o rebanho já era de 624 mil cabe-ças, no final de 2008, era estimado em mais de 1 milhão de cabeças. Hoje, a criação de ovinos é desen-volvida comercialmente em 23 municípios, calcula o presidente da Ovinomat, que conta com 380

associados.Apoiada pelo Sebrae e espe-

cialmente pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), a Ovinomat tem promovido cursos, leilões, exposições e julgamen-tos de animais como incentivo à atividade e o fomento de novos criadores. “Queremos implantar uma ovinocultura com bases em-presariais, aproveitando o clima, pastagens de braquiária, os sub-produtos da soja e as benesses do nosso clima”, resume o consultor em associativismo e cooperati-vismo do Senar, Carlos Tabareli (Carlão).

Também superintendente es-tadual do Senar, Antônio Carlos Carvalho de Souza destaca que o grande objetivo deste programa

é organizar os produtores e mos-trar que a criação de ovinos pode correr paralelamente à pecuária de corte. Nos assentamentos mais recentes, os ovinos vem ganhan-do força. “Um pequeno produtor com 25 hectares não vai sobre-viver criando Nelore ou fazendo lavouras de soja. Sua alternativa na pecuária é o ovino de corte”, destaca.

A técnica da ARCO no Mato Grosso, Eloísa Maria Alves El Hage, observa que há espaço para pequenos, médios e grandes cria-dores. A raça Santa Inês já conta com 30 anos de seleção e muitos criadores já participam de expo-sições fora do Estado. Durante a Expopec, em abril, e na Exposi-ção Agropecuária de Cuiabá, em Julho, os ovinos dobraram o nú-mero de boxes. Os animais PO de alta linhagem foram negociados entre R$ 3 mil e 5 mil, mostrando boa liquidez nos pregões.

Se na criação de animais pu-ros – especialmente Santa Inês e Dorper – já existe um roteiro per-manente de exposições e leilões, ainda falta organizar a cadeia produtiva. “A criação somente vai deslanchar quando a indústria estiver implantada em pontos es-tratégicos do Estado, o que ainda não acontece”, constata a técnica

da ARCO.Atualmente, existem duas uni-

dades de abate estabelecidas: a Es-tância Celeiro, em Rondonópolis, e a Abravel, em Cuiabá. “Temos outros três projetos em estudos avançados: a Cooperativa Alta Floresta, em plena Amazônia; em Canarana, na divisa com Tocan-

tins, outro projeto vai viabilizar a ovinocultura no vale do Araguaia. Além disso, em Pontes e Lacerda, já foi lançada a pedra fundamental de um frigorífico”, detalha o pre-sidente da Ovinomat.

Compromissos

O fornecimento de matrizes e a assinatura de contratos de com-promisso de compra representa-

ram o start do Frigorífico Estân-cia Celeiro, informa a diretora comercial e zootecnista Cristiane Rabaioli. “Durante um período - e ainda hoje, para criadores selecio-nados – fornecemos matrizes em comodato, recebendo cordeiros em pagamento”, revela. Ainda assim, há carência de produção para esta planta com capacidade de abate de 1.200 cordeiros/mês. Atualmente, 10% das proprieda-des fornecedoras de cordeiros re-cebem as matrizes, sempre orien-tados por médicos veterinários do frigorífico. Entretanto, revela Cristiane, ainda há muito amado-rismo e o trabalho de assistência técnica e difusão de tecnologia nos próximos anos será grande.

O Frigorífico Estância Celeiro possui o SISE 091 – Serviço de Inspeção Estadual, o que possi-bilita a comercialização de todos os produtos para o estado do Mato Grosso, e inspecionado quanto as condições higiênico-sanitárias pelo INDEA – Instituto de Defe-sa Agropecuária, o que dá garan-tia ao consumidor de que todos os produtos da Estância Celeiro são inspecionados e seguem as mais rigorosas normas higiênico-sanitárias. A unidade iniciou seus abates em 2007, por iniciativa do criador de ovinos Marco Tulio Duarte Soares, para dar vazão à produção de cordeiros de sua pro-priedade em Pedra Preta/MT, que anteriormente atendia, sob siste-ma de disk entrega, a um grupo de amigos e alguns restaurantes de Rondonópolis/MT.

No início de 2008 pode-se constatar que o empreendimento foi bem sucedido. A carne de cor-deiro teve uma aceitação inespera-da na região sul do Mato Grosso,

e a demanda de vendas já era tão grande que a produção da fazen-da não conseguia mais atendê-la. A partir daí, o Frigorífico Estân-cia Celeiro passou a desenvolver ações de fomento ao pequeno produtor e incentivo à agricultura familiar sob o Sistema de Integra-ção.

Em agosto de 2008, durante a Exposul – Feira Agropecuária de Rondonópolis foi assinado um protocolo de intenções entre o Governo do Estado, SENAR, SE-BRAE, Banco do Brasil e o Fri-gorífico Estância Celeiro, como empresa âncora responsável pelo fomento da ovinocultura no es-tado de Mato Grosso. Cada vez mais, a Estância Celeiro dispõe de recursos tecnológicos e conheci-mento especializado, seriedade e ética, para incentivar a produção de ovinos, respeitando sempre o produtor e o meio ambiente.

Após o abate, as carcaças pas-

sam aproximadamente 12 horas em processo de refrigeração, e em seguida são separados nos cortes definitivos. Após esse processo passam pelo controle de qualida-de, que verifica as características visuais do produto sendo então embalados a vácuo para serem disponibilizados para venda.

São 14 tipos de cortes, que provém do abate de cordeiro (até 7 meses de idade), o que confere ao produto a qualidade excepcio-nal em termos de características organolépticas (cor, maciez e sa-bor), garantindo ao consumidor um produto nobre.

Redução do ICMS

Antônio Carlos Carvalho de Souza explica que o governo esta-dual está fazendo sua parte, redu-zindo a base de cálculo do ICMS

Mato Grosso abre espaço e pasto para os ovinos

Por Horst Knak

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Com enormes espaços e muito pasto, o estado do Mato Grosso está rapidamente montando um dos maio-res rebanhos ovinos do País. Em cinco anos, projeta o presidente da Associação dos Criadores de Ovinos de Mato Grosso (Ovinomat), Antônio Carlos Carvalho de Souza, o rebanho ovino poderá superar as 5 milhões de cabeças. Na verdade, estas estimativas baseiam-se nas ações que a entidade, o Senar, Sebrae e dois frigoríficos realizam por todo o Estado.

Fotos: Divulgação

Carlos Tabareli convence produtores a formar núcleos da Ovinomat

Antônio Carvalho de Souza

Eloisa Alves El Hage

Cristiane Rabaioli

Núcleo de criadores de Ipiranga do Norte, no imenso estado do MT

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9da carne ovina produzida e co-mercializada no Estado em 100%. Sem impostos para onerá-los, os frigoríficos tem forte estímulo para fomentar a produção de car-ne no Estado. “O produtor precisa criar a ovelha para vender e não para dar de presente a parentes e amigos”, enfatiza.

Mas para isso, é preciso difun-dir técnicas básicas de criação a produtores rurais que fizeram sua vida na agricultura ou na pecuá-ria de corte. “Temos dificuldade de mão-de-obra, já que podemos comparar a ovinocultura à pecuá-ria de leite, que exige maior mane-jo sanitário e alimentar”, explica o presidente da Ovinomat.

O criador Osvaldo Câmera, médico veterinário, diretor de tecnologia da Ovinomat, cria 280 animais em uma área de sete hectares e optou por um nicho de mercado de alta tecnologia: é o primeiro em Mato Grosso a fa-zer transferência de embriões de ovinos e trabalha com genética e inseminação artificial.

Ele cria ovinos desde 2000 e começou com animais sem regis-tro e sem raça definida até chegar ao atual plantel composto por animais de ponta. “Como eu não podia aumentar o volume, porque

minha propriedade é pequena, re-solvi investir em tecnologia”, re-lata, acrescentando que a criação de ovinos é a atividade indicada tanto para agregar valor à grande propriedade de pecuária bovina, quanto para viabilizar pequenas e médias propriedades. Os criado-res são unânimes ao ressaltar que é preciso buscar informações para que o negócio tenha êxito.

Em suas palestras pelo interior mato-grossense, Carlão está bus-cando a implantação da ovinocul-tura com bases empresariais, utili-zando subprodutos da lavoura de soja, silagem de braquiária e ou-tras gramíneas, como milho e mi-lheto. “Animais de raças de carne que ficam 30 dias em confinamen-to consumindo silagem terão uma carne muito macia e saborosa. Já comprovei isso e me tornei divul-gador desta maravilha que é a car-ne ovina”, exulta Carlão.

Núcleos municipais

A produção em escala exige co-nhecimento técnico e leva à padro-nização das carcaças e qualidade da carne, destaca o consultor do Senar. E para ele a melhor solução é criar núcleos municipais de cria-dores (ou restritos a pequenas regi-

ões), de forma a criar um vínculo forte com a Associação Estadual - no caso a Ovinomat. “Já temos 26 núcleos no Mato Grosso e que-remos montar outros 40 nos próxi-mos anos”, entusiasma-se Carlão.

O processo é simples: a parte burocrática – redação de estatutos, fundação, realização de assem-bléias e outras questões formais – são realizadas por Carlão. “Basta que os produtores queiram, que fazemos tudo. Os núcleos funcio-nam como local de encontro e em muitos casos, como no município de Gaúcha do Norte, o Sindicato Rural cedeu uma sala para sediar o núcleo de criadores do municí-pio”, exemplifica Carlos Tabare-

li. Outra alternativa interessante é que o núcleo de criadores tem muito mais condições para pleite-ar recursos de financiamento e im-plantação de projetos regionais.

Os núcleos recebem a documen-tação pronta, os veterinários do Se-nar dão os cursos básicos de criação, com apoio da Câmara Setorial de Ovinos e Caprinos do Estado. Ali-ás, foi integrando esta câmara que Carlão conheceu Antônio Carlos e deu o start na montagem dos núcle-os, há pouco mais de três anos.

Como se vê, é um processo relativamente rápido, ainda que sujeito a chuvas e trovoadas. Um destes obstáculos é a falta de ener-gia elétrica. O Programa Luz para Todos, do Governo Federal, po-rém, está avançando rapidamente, trazendo para a civilização muitos produtores, inclusive de grande

porte. Nos assentamentos da Re-forma Agrária, como em Campo Verde, o interesse pelos ovinos foi grande e promete frutificar rapi-damente, testemunha Carlão.

Na fatia dos grandes produto-res está o pulo do gato do setor, acredita a técnica da ARCO, Eloísa Alves El Hage. Num estado com as dimensões do Mato Grosso, ter 500 a 1.000 ovelhas é algo fácil e rápido: basta o produtor querer.

Eloísa também percebe grande interesse acadêmico pela ovinocultu-ra. Afinal duas ex-alunas da Univer-sidade de Cuiabá (Unic) são agora técnicas da ARCO. Na Universidade Federal do Mato Grosso (Ufmt), a fazenda experimental realiza traba-lhos acadêmicos com nutrição. Já a Escola Agrotécnica Federal tem um projeto sobre cruzamento, visando à produção de carne ovina. •

Carcaças da Cabanha Celeiro: fornecedores de cordeiros recebem matrizes selecionadas em programa de troca

Fotos: Divulgação

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10Notícias da ARCO

A aquisição de 73 matrizes da raça Corriedale e o apoio financeiro para a construção de um aprisco e de mangueiras para o manejo do rebanho foi a contribuição dada pela Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos, ARCO, à Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), para a concretização do projeto denominado Centro de Pesquisa e Produção de Ovinos. Instalado na unidade de Viamão, próximo a Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, o Centro vai ocupar, inicialmente, 18 hectares e foi inaugurado no dia 16 de junho, pela Governadora Yeda Crusius.

Segundo a pesquisadora da Fepagro Zélia Castilhos, “por meio da pesquisa e ensino, o centro será um polo de conhecimento e desenvolvimento aonde os alunos poderão praticar e os produtores terão acesso a tecnologias de produção”. Para o presidente da ARCO, Paulo Schwab, a iniciativa da Fepagro vem ao encontro das necessidades do setor que carece de técnicos que conheçam a ovinocultura. “O campo está precisando de assistência técnica”, ressalta Schwab. Para ele o Centro deve suprir esta lacuna com a possibilidade de realizar cursos e treinamentos. •

A Superintendência do SRGO da ARCO vai realizar nos dias 23, 24 e 25 de setembro, no Pará, o quarto e último encontro de Inspetores Técnicos da enti-dade, dentro do programa de treinamen-to regional, destes profissionais.

O evento vai reunir técnicos do nor-te e nordeste brasileiro nas cidades de Belém e Castanhal. “Com este encon-tro, fechamos o ciclo de reciclagem com todos os técnicos da ARCO no Brasil e nos preparamos para o encontro nacio-nal, que deve acontecer em 2010”, as-sinala o presidente da entidade, Paulo Schwab. •

Da aquisição de equipamentos para montar uma linha de abate até a importação de genética para melhoramento do rebanho. Investimento em pesquisas que possam resultar em novas tecnologias, processos inovadores. Tudo isto e muito mais pode conseguir apoio financeiro através da Fi-nanciadora de Estudos e Projetos, FINEP, também conhecida como Agência Brasilei-ra de Inovação, órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. A FINEP é um or-ganismo que visa à promoção e o financia-mento da inovação e da pesquisa científica e tecnológica em empresas, universidades, institutos tecnológicos, centros de pesquisa

Notícias do SRGOA Superintendência do Serviço de Registros Genealógicos da ARCO, esteve em

audiência no Ministério da Agricultura, no mês de julho, em Brasília, na Coorde-nação Geral do Sistema de Produção Integrada para tratar dos seguintes assun-tos:

• Apresentação formal de solicitação da homologação da Soinga como raça no SRGO;

• Apresentação de estudos dos ovinos naturalmente coloridos;• Exigência de genotipagem dos doadores de material genético importado;• Comércio de embriões e sêmen congelados, doação e transferência de

material genético;• Criação do BANCO DE SÊMEN CONDOMINADO;• Possibilidade de registro de clones (Transferência Nuclear, TN)• Banco de Ovócitos, fracionamento de doses de sêmen;• Autorização para a abertura do Flock Book de registro da raça Eastern

Friesian. •

ARCO apoia criação do Centro de Pesquisa e Produção de Ovinos

Encontro de Técnicos FINEP tem recursos para bons projetose outras instituições públicas ou privadas, mobilizando recursos financeiros e inte-grando instrumentos para o desenvolvimen-to econômico e social do País.

Segundo o Coordenador da área de Pla-nejamento do Departamento de Estudos, Planos e Programas Integradores, Murilo Guimarães, a FINEP possui uma série de programas com capacidade de financiar todo o sistema de C,T&I, combinando re-cursos reembolsáveis e não-reembolsáveis, assim como outros instrumentos, o que pro-porciona à instituição grande poder de in-dução de atividades de inovação, essenciais para o aumento da competitividade do setor empresarial. “Para ter um exemplo, apoia-mos inúmeros projetos da Empresa Brasi-leira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e de universidades, que foram essenciais para o desenvolvimento tecnológico do sistema agropecuário brasileiro, tornando-o um dos mais competitivos do mundo”, assinala Murilo.

O analista de projetos, Mauro Machado da Costa, que trabalha junto com Murilo, diz que a FINEP concede financiamentos reem-bolsáveis e não-reembolsáveis. O apoio da instituição abrange todas as etapas e dimen-sões do ciclo de desenvolvimento científi-co e tecnológico: pesquisa básica, pesquisa aplicada, inovações e desenvolvimento de produtos, serviços e processos. “Vale lem-

brar que a FINEP financia apenas as etapas anteriores à produção, não apoiando inves-timentos para expansão da produção”, res-salta Mauro.

Ele explica que os financiamentos reem-bolsáveis são realizados com recursos pró-prios ou provenientes de repasses de outras fontes, e seguem regras de juros no parce-lamento, de acordo com o estabelecido pelo Governo Federal. As empresas e outras or-ganizações interessadas em obter crédito podem apresentar suas propostas à FINEP a qualquer tempo. O primeiro passo é en-caminhar uma consulta prévia e, caso esta seja enquadrada, a FINEP receberá a Soli-citação de Financiamento. Já os financia-mentos não-reembolsáveis são feitos com recursos do FNDCT, atualmente formado preponderantemente pelos Fundos Setoriais de C,T&I. Eles são destinados a instituições sem fins lucrativos, em programas e áreas determinadas pelos comitês gestores dos Fundos. “Acredito que nossos programas podem de alguma forma, alavancar vários negócios ou pesquisas dentro do setor de ovinocultura, e cito como exemplo o Gru-po Marfrig, que recorreu à FINEP para ter recursos que lhe permitisse, por exemplo, montar uma introduzir no Brasil a genética da raça Highlander e também, montar uma nova sala de desossa para ovinos, em sua unidade de Promissão”, finaliza Mauro. •

Foto: Divulgação

GovernadoraYeda CrusiusinauguraCentrode Pesquisae Produçãode Ovinos

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11Sanidade

Tudo começou há mais de dois anos, quando 70 machos da raça Merino

Australiano, filhos de reproduto-res uruguaios com OPG negativo, foram submetidos a exames, per-mitindo a seleção de 23 animais resistentes à verminose. Foi então que o veterinário Alexandre Guer-ra, da Estância São Marcos, de Rosário do Sul, na região da Fron-teira Oeste do Rio Grande do Sul, distante 62 quilômetros da divisa com o Uruguai, iniciou o efetivo controle da verminose nos ovinos da propriedade através da identi-ficação de exemplares genetica-mente resistentes aos parasitas.

A técnica de controle da doen-ça, denominada Ovos por Grama (OPG), espelha-se no modelo di-fundido no Uruguai pelo Instituto Nacional de Investigação Agrope-cuária, INIA. Países como Aus-trália e a Nova Zelândia, também

Alguns sabem, mas para muitos é uma curiosidade: a ovelha (ovinocultura) é a única espécie da cadeia produtiva da pecuária que não é atingida pela estiagem. “Quando tem seca, a ovelha engorda”, enfatiza o veterinário Alexandre Guerra.

Segundo ele, a ovelha é originária de lugares áridos, Na Aus-trália, por exemplo, onde a ovinocultura é extremamente desen-volvida, o índice pluviométrico é de cerca de 500 milímetros ao ano. Já no Brasil, essa média cresce bastante, ficando entre 1.500 a 2.000 milímetros anuais de chuvas. •

A seleção genética para controle da verminosedesenvolvem programas similares de seleção de ovinos resistentes especialmente às parasitoses gas-trointestinais, como no caso da lombriga vermelha, no popular.

Segundo Arnol Fernandes Guerra, pai de Alexandre Guer-ra e proprietário da Estância São Marcos, a propriedade já acompa-nha, com êxito, a terceira geração de reprodutores da raça Merino Australiano submetidos à técnica de controle da verminose. Deta-lhadamente, o Alexandre explica que o primeiro passo ocorre após o desmame dos cordeiros, quando é feita a coleta de fezes para iden-tificação, em laboratório, da quan-tidade de ovos dos parasitas por grama. “Essa prática é repetida outras três vezes, o que possibili-ta elaborar uma média individual dos animais, visando apontar os portadores do gene que indicará o alto grau de resistência ou não ao verme”, revela o técnico.

“Os cordeiros com grau in-termediário de infestação são

dosados normalmente, enquanto que os mais sensíveis são des-cartados por meio de castração”, sendo destinados ao abate, dentro do Programa Carne de Cordeiro de Qualidade da ARCO. Outros 70 machos, nascidos no ano pas-

sado, são empregados na experi-ência. Guerra diz ainda que além da redução no custo da dosagem com vermífugos, há também sig-nificativos avanços, tanto no apri-moramento da seleção genética do rebanho, quanto nas áreas de manejo e de sanidade, sem falar na redução de custos com a mão de obra. “Há ainda significativa redução de resíduos tóxicos na carne, pela diminuição do uso de anti-helmínticos (vermífugos) nos animais”, aponta.

Conforme Alexandre Guer-ra, em sua comercialização deste ano, a Estância São Marcos já vai proporcionar ao mercado compra-

dor, além de animais com o exame OPG, também reprodutores com análise de área de olho de lombo de bife, através de ultrassonogra-fia. “Esse exame desmistifica a ap-tidão 80% laneira da raça Merino Australiano, mostrando que a raça também é excelente produtora de carne de alta qualidade”, afirma o veternário.

Ele aponta que no concurso de carcaças ovinas, realizado du-rante a 30ª Expofeira de Ovinos de Verão de São Gabriel, no RS, em 2008, a diferença entre o ren-dimento de carcaças dos animais Merino de seu estabelecimento, na comparação com exemplares da raça Corriedale, foi de apenas meio por cento. O Corriedale teve rendimento de 47,19% ao passo que o Merino foi de 46,36%. •

De propriedade do tradicional ovinocultor Arnol Fernandes Guerra, que toca a produção juntamente com os filhos, o médico veterinário Alexandre Guerra e o zootecnista Olímpio Guerra, a Estância São Marcos (contatos pelo fone: 55.9982.5208) trabalha com um plantel selecionado de 1.800 ovinos da raça Me-rino Australiano, produzindo carne de alta qualidade e rendimento de carcaça e lã com micragem média de 21 microns de diâmetro do fio. •

Estiagem ajuda a ovelha

Merino AustralianoCarcaça Merino

tem alto rendimento

Arnol com o amigo Eli

Fotos: Divulgação

Eduardo Fehn Teixeira

Nas laterais,o zootecnista

Olímpio Guerra e o veterinário

Alexandre Guerra,

com a turma do INIA

Olímpio Guerra registra

no sistemaas informações

dos animais

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