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    Apresentação

    Em 1651, os restos da expedição de Antônio Raposo chegaram a Belém do Pará, segundo o padre Vi-

    eira: “Mais Pareciam desenterrados do que vivos”. Vieira se surpreendia que eles �zessem tão desmedi-

    dos esforços e sofressem tantas privações para capturar a mão de obra indígena e leva-los a São Pau-

    lo.

    Na época os paulistas �caram conhecidos aqui e lá na Europa como grandes sertanistas. Para muitos

    historiadores o “ciclo de caça ao índio” teria constituído apenas uma fase preliminar e mesmo de im-

    portância menor das atividades bandeirantes, na qual os paulistas teriam fornecido escravos índios

    para os engenhos de açúcar do nordeste.

    BLOG

    JOHN MANUEL MONTEIRO- NEGROS DA

    TERRA

    13 DE ABRIL DE 2014 | LEANDRO LUCAS FONTENELE CAVALCANTI | 2 COMENTÁRIOS

    História do Brasil

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    Negros da terra retoma a trilha de São Paulo seiscentista buscando redimensionar o contexto histórico

    do fenômeno bandeirante. O ponto de partida é a simples constatação de que as frequentes incursões

    ao interior, em vez de abastecerem um suposto mercado de índios no litoral, alimentavam uma cres-

    cente força de trabalho indígena no planalto, possibilitando a produção e o transporte de excedentes

    agrícolas; assim articulava a produção da chamada Serra Acima (SP) a outras partes da colônia e mes-

    mo ao circuito comercial do Atlântico Meridional.

    CAPITULO UM: A FORMAÇÃO DE SÃO PAULO INDIGENA NO SECULO XVI

    No natal de 1562 morria Martim Afonso Tibiriçá, chefe indígena tupiniquim, que na década de 1530

    consentirá na formação da aliança com os portugueses, certamente tendo em vista a vantagem que

    esta lhe proporcionava contra seus inimigos tradicionais.

    Os portugueses em suas relações com os índios tentaram impor diversas formas de organização do

    trabalho e, em contrapartida, defrontaram-se com atitudes inconstantes que oscilaram entre a cola-

    boração e a resistência. Todas tiveram impacto negativo sobre as sociedades indígenas contribuindo

    para seu declínio demográ�co.

    Os tupis

    Podemos destacar de forma sintética, alguns elementos da dinâmica dos povos tupis: o processo de

    fragmentação e reconstituição dos grupos locais, os papeis de liderança desempenhados pelos chefes

    e xamãs e, �nalmente, a importância fundamental do complexo guerreiro na a�rmação da identidade

    histórica destes grupos.

    A sociedade tupi permanecia extremamente fragmentada e seus relacionamentos muitas vezes resu-

    miam-se a guerras. Em segundo, grande parte do Brasil também era habitada por sociedades não tupi,

    representando dezenas de famílias linguísticas distintas.

    Para enfrentar este problema, os europeus do século XVI procuraram reduzir o vasto panorama etno-

    grá�co a duas categorias genéricas: os tupis e os tapuias. A parte tupi englobava basicamente as tri-

    bos litorâneas em contato direto com os portugueses e demais europeus desde o Maranhão ate santa

    Catarina, incluindo os Guaranis. Os grupos tupis exibiam certa uniformidade de costumes. O mesmo

    não se pode falar dos tapuias até porque os europeus poucos sabiam sobre os mesmos. Ao que pare-

    ce, a denominação representava pouco mais que a antítese da sociedade tupi, sendo, portanto, proje-

    tada em termos negativos. Eles desconheciam a agricultura e viviam como nômades da caça e da cole-

    ta.

    Para os tupis a aldeia representava a principal unidade de organização social. Sem duvida, diversas co-

    munidades podiam manter relações bastante estreitas e amaradas em redes de parentesco ou de ali-

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    ança. Na época da chegada dos europeus, o aldeamento che�ado por Tibiriçá era provavelmente o

    mais importante da região.

    As aldeias não constituíam povoados �xos, já que após alguns anos, os grupos tendiam a mudar-se pa-

    ra outro local. Diversos motivos podiam contribuir para o deslocamento de uma aldeia: o desgaste do

    solo, a diminuição das reservas de caça, a atração de um líder carismático, uma disputa interna entre

    facções ou a morte de um chefe. Independente da razão, a repetição da criação de novas unidades depovoamento constituía evento importante, envolvendo a reprodução das bases principais de organi-

    zação social indígena. Neste sentido é importante conhecer o papel fundamental desempenhado pelo

    chefe na composição original e na proliferação de cada aldeia, pois a identidade histórica e politica da

    mesma associavam-se de forma intrínseca ao líder da comunidade.

    Apesar de a principal fonte de autoridade do chefe provir de seu papel de liderança em situações béli-

    cas, suas responsabilidades eram também atinentes à organização da vida material e social. Apesar de

    sua responsabilidade e prestigio, o chefe permanecia igual a seus seguidores na execução das tarefas

    produtivas. De fato, a liderança politica raramente correspondia a qualquer privilegio econômico ou

    posição social diferenciada. Os primeiros jesuítas reconheciam que a fragmentação politica servia de

    obstáculo ao seu trabalho. A liderança no nível supra-aldeia aparecia raramente, sondo notada quan-

    do grupos distintos aliavam-se perante inimigos comuns.

    Caraíbas- exímios oradores que transitavam de aldeia em aldeia, deixando mensagem messiânica en-

    tre os índios. O discurso profético convencia aldeias inteiras a embarcarem em longas viagens em bus-

    ca de um paraíso terrestre, uma “terra sem mal”.

    Na região do planalto, os tupiniquins e seus inimigos- particularmente os tupinambás do litoral davam

    belo exemplo de guerras intestinas. O conito atingiu proporções gigantescas na Guerra dos Tamoios.

    Todos os relatos concordam que o motivo principal dos contínuos combates repousa na sede de vin-

    gança. “Essa gente tem arraigado no coração o sentimento de vingança”- Jean de Léry. A guerra indígena

    fornecia um laço essencial entre o passado e o futuro dos grupos locais. A captura de prisioneiros des-

    tinava-se a execução e antropofagia dos mesmos após cativeiro prolongado.

    O Regimento de Tomé de Sousa em 1548 admitia abertamente que o fracasso da maioria das capitani-

    as tinha raízes no cativeiro ilegítimo e violento praticado pelos colonos. Mas de modo velado, o Regi-

    mento reconhecia que o êxito da Colônia dependia da exploração e subordinação da mesma população indí-

     gena.

    Jesuítas

    Os jesuítas serviram aos interesses da Coroa como instrumento da politica de desenvolvimento da

    Colônia. Oferecendo um contraponto à dizimação deliberada praticada pela maioria dos colonos, os

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     jesuítas buscaram controlar e preservar os índios através de um processo de transformação que visa-

    va regimentar os aldeamentos. Os jesuítas acenavam com um método alternativo de conquista e assi-

    milação dos povos nativos. Mais adiante o projeto malogrou e teve grandes repercussões na formação

    de uma relação amarga e conituosa entre jesuítas e colonos.

    Em 1567, a agressiva campanha militar de Mem de Sá deu �m à guerra dos tamoios. O acordo de paz

    promovido pelos jesuítas Manoel da Nobrega e Jose de Anchieta só foi possível porque os tupinambásesperavam estabelecer uma aliança com os portugueses e combater os tradicionais inimigos tupini-

    quins.

    Nem todos os jesuítas se opunham ao cativeiro. Um exemplo desta ambivalência e o pensamento de Ma-

    noel da Nobrega que defendia a escravidão indígena e africana como meio necessário para o desen-

    volvimento da colônia. Ele sustentava a simples noção de que o Brasil só prosperaria a partir da domi-

    nação dos índios e, no caso dos grupos mais resistentes, seria necessária a execução de guerras justas

    para reduzir o inimigo ao cativeiro.

    Para Nobrega, apesar defender a liberdade da maioria dos índios , a escravidão silvícola devia ser permiti-

    da e mesmo desejada em certos casos. Até porque a oferta de cativos atraia novos colonos para o Bra-

    sil. Tais considerações contribuíram para a formulação da lei de 1570–que buscava regulamentar-

    mas não proibir o cativeiro indígena. Pelo estatuto os meios legítimos eram a guerra justa devida-

    mente autorizada pelo rei ou governador e o resgate de índios que enfrentavam a morte em rituais de

    canibalismo. Os demais seriam livres. Como o principio da guerra justa abria caminho para os abusos

    teve pouco efeito nas relações entre índios e colonos.

    Os jesuítas levavam os índios para os aldeamentos tentando protege-los. Sendo que estes aldeamen-

    tos só aceleravam o processo de desintegração das comunidades, pois criava agrupamentos instáveis

    com índios de sociedades distintas. No principio, os colonos demonstravam alguma simpatia ao proje-

    to de aldeamentos enquanto alternativa a escravidão, desde que este garantisse mão de obra abun-

    dante e barata. Os colonos contratariam o serviço dos índios aldeados. A Coroa proibiu os colonos de

    cultivarem as terras pertencentes aos aldeamentos.

    Colonos

    Desde cedo os colonos manifestaram interesse maior por cativar tupis ou guaranis, e isto por diversos

    motivos: a maior densidade demográ�ca, a facilidade de comunicação através de uma “língua geral” e

    a maior possiblidade de formar alianças. Logo aprenderam a alegar que sem os cativos não seria possí-

    vel manter a produção de gêneros, privando assim a Coroa de dízimos valiosos.

    O sertanismo

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    A penetração dos bandeirantes no sertão sempre girou em torno da necessidade crônica de mão de

    obra indígena para tocar os empreendimentos agrícolas dos paulistas. Até 1640, os paulistas supriam

    suas necessidades com grandes levas de cativos guaranis.

    Entre 1591 e 1601, D Francisco de Sousa, governador geral, dedicou-se com a�nco à busca de metais

    preciosos devidamente estimulados pela lenda tupiniquim de Itaberaba-açu. Os exploradores chega-

    ram a descobrir minas de ferro próximas à vila paulistana. Se o projeto de minas fracassou, o de cresci-mento da lavoura comercial foi estimulado e, por outro, o de apresamento da mão de obra indígena

    atingiu proporções nunca dantes veri�cadas.

    O escambo realizado com tribos indígenas do interior existia para servir aos interesses imediatos dos

    portugueses, frequentemente executado com a ideia cínica de que os amigos de hoje podem tornar-se

    os escravos de amanhã. A aguardente de cana servia pra amolecer e corromper a moral das tribos.

    O porto de Patos serviu de entreposto no circuito do cativo guarani. O tra�co marítimo de guaranis

    chegou a ser estimulado pelas autoridades regias em acordo com os colonos de S Vicente, Santos e

    Rio de Janeiro.

    A principio os paulistas mostravam preferencia por cativas mulheres e crianças. Isto reete a divisão

    sexual de trabalho presente em muitas sociedades indígenas onde mulheres e crianças executavam as

    funções ligadas ao plantio e a colheita. Os cativos adultos masculinos eram destinados ao transporte

    de cargas e a participação em expedições de apresamento.

    A destruição do Guairá

    Tanto os povoadores do Paraguai quanto os paulistas disputavam o acesso à mão de obra neste terri-

    tório que separava os extremos dos respectivos impérios ibéricos. Entretanto, nenhum dos dois lados

    mostrava-se interessado na ocupação efetiva do lugar, desejando apenas fazer cativos guarani e evi-

    tando contatos com outros grupos indígenas locais vistos como mais belicosos.

    Longe da rivalidade luso-espanhola os paulistas e paraguaios compartilhavam interesses comuns,

    reforçados pelas relações comerciais. Os paulistas forneciam artigos de origem europeia e escravos

    africanos em troca de escravos índios e prata.

    A relação harmoniosa à custa dos guaranis foi desestabilizada pelos jesuítas que ali chegaram a partir

    de 1609. Desde o inicio os religiosos cultivaram péssimas relações com ambos os lados e estes não vi-

    am com bons olhos a chegada de um novo concorrente na competição pela mão de obra guarani. No

    Paraguai isto ameaçava as atividades agrícolas, principalmente no cultivo, colheita e transporte do

    mate.

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    No começo os paulistas não entraram em conito direto com os jesuítas, pois havia mais indígenas vi-

    vendo livres que nas missões. Em 1628, à época da principal invasão do Guairá pelos paulistas estas mis-

     sões eram comunidades recém-formadas, precárias e isoladas e com poucas roças plantadas. Os ataques

    bandeirantes, as doenças, a fome, as rivalidades entre as tribos indígenas diferentes eram obstáculos

    à atuação missioneira jesuítica. O primeiro ataque dos bandeirantes foi conduzido por Antônio Rapo-

    so Tavares. Tal expedição rompeu de vez as relações e intercambio e aliança pela força e violência.

    Uma vez completamente destruídas a população guarani do Guairá, os paulista voltaram sua atenção

    novamente para os guaranis do sul. Passaram a atacar as missões de Tape e Uruguai ambas situadas

    no atual território do Rio Grande do Sul. Os chefes principais foram Raposo Tavares e Fernão Dias

    Pais.

    Por volta de 1640, diversos fatores convergiram para di�cultar a cativeiro guarani dos paulistas. Pri-

    meiro, os jesuítas, evidentemente contando com o apoio de poderosas forças nas colônias e nas me-

    trópoles, obtiveram por canais legais iniciaram a contraofensiva, levando problema das missões ao go-

    vernador do Brasil, a rei Felipe IV e, �nalmente, ao papa. Os jesuítas espanhóis convenceram o papa a pu-

    blicar uma breve que denunciava as atividades dos preadores paulistas e paraguaios.  A publicação da bre-

    ve em si não foi su�ciente pra coibir os paulistas.

    Os padres começaram a concentrar as reduções em locais mais inacessíveis, sobretudo, ao longo dos

    rios Paraguai e Uruguai; de outro as expedições de caça ao índio passaram a enfrentar distancias mai-

    ores, terrenos inóspitos e o desa�o de outros grupos indígenas como os Paiaguá. E, apesar, da proibi-

    ção da coroa espanhola, os padres passaram a preservar e treinar forças militares indígenas em al-

    guns casos com armas de fogo. Embora o mais comum fosse o uso de arcos e echas. A derrota paulis-ta mais fragorosa ocorreu em 1641 na resistência indígena de Mbororé. Os paulistas tiveram que ba-

    ter em retirada e foram aniquilados pela fome e doenças.

    As Grandes bandeiras

    O surto bandeirante de 1628-1641 foi o auge do apresamento dos guaranis. Que se relacionou muito

    mais ao desenvolvimento da economia do planalto paulista que à demanda de cativos no litoral açuca-

    reiro. Este argumento foi usado de modo distorcido pelos jesuítas em sua briga contra os paulistas. De

    fato, a venda de índios que não fossem tomados em guerras justas constituía um ato manifestadamen-

    te ilegal.

    A versão convencional da historiogra�a brasileira sustenta que as grandes expedições contra as redu-

    ções coincidiram com a crise aguda de mão de obra no Nordeste açucareiro, decorrente das invasões

    holandesas e da interrupção no tra�co de escravos africanos, em consequência da perda de Angola. O

    argumento é de�ciente no seu recorte cronológico, pois a invasão de Raposo Tavares saiu alguns anos

    antes da invasão de Pernambuco pelos holandeses e é bem anterior à tomada de Luanda. O que se

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    pode anotar é um aumento das expedições portuguesas em direção ao interior do Maranhão para

    capturar índios e leva-los ao trabalho nos engenhos de açúcar de Pernambuco e demais capitanias do

    Norte.

    A reorganização do apresamento

    A partir da década de 1640, as viagens rumo ao sertão passaram a ser de menor porte, mais frequen-tes e mais dispersas em termos geográ�cos. Algumas partiram em direção da região do Araguaia-To-

    cantins, conhecido como o sertão do Paraupava.

    A ambiciosa expedição de Raposo Tavares em 1648 se enquadra neste contexto. O que ele buscava

    era investigar a possibilidade de assaltar as missões do Itatim ao longo do Rio Paraguai. A “maior ban-

    deira” deve ter repercutido como um grande fracasso, sendo que Raposo Tavares regressou como um

    homem acabado, empobrecido e des�gurado.

    A maioria dos colonos só contava com modestos recursos e restringiam-se à procura de cativos nas

    regiões mais próximas a São Paulo. Na década de 1650, devido ao grande uxo crescente de cativos

    guaianá, o numero de cativos homens superou pela primeira vez o de mulheres. Os guainás eram caça-

    dor-coletores, não falavam o idioma tupi e resistiam mais a aprender as técnicas agrícolas as quais não

    estavam acostumados.

    Remédio para a pobreza?

    Ter em mente este comentário de um governador sobre os paulistas: “ Aquele cuja muita pobreza não lhepermita ter quem o sirva se sujeita a andar muitos anos pelo sertão em busca de quem o sirva do que servir a

    outrem um só dia”.

    As perspectivas de ascensão para os jovens colonos restringiam-se ao acerto de um dote vantajoso,

    ao recebimento de uma boa herança, ou, �nalmente à participação numa rentável expedição de apre-

    samento. As expedições representavam a maneira mais oportuna de constituir uma base produtiva de

    alguma envergadura.

    Na maioria das vezes, as armações (expedições) eram um empreendimento familiar. Os armadores

    que forneciam dinheiro, equipamentos e índios e assumiam todo o risco da viagem em troca da pers-

    pectiva de ganhar metade dos cativos eventualmente capturados. Quase sempre tais relações eram

    fundamentadas num contrato entre sertanistas e armadores.

    Às vezes a Ordem dos Carmelitas em SP servia de fonte �nanciadora com índios e provisões e até di-

    nheiro. Como buscavam índios em locais nunca antes explorados pelos brancos, a presença de índios

    nestas tornou-se cada vez mais essencial. Quando as expedições com destinos próximos tornaram-se

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    mais frequentes, alguns colonos estabeleceram roças no caminho, aos cuidados de índios de sua con�-

    ança. Esta inovação sinalizava a iminente crise que os colonos enfrentavam: distancias maiores retor-

    nos e lucros menores . Os custos e o tempo envolvidos agiam de forma a limitar seu tamanho e isto re-

    presentava menor poder de fogo contra os indígenas. Além do aumento da mortalidade dos bandei-

    rantes e dos aprisionados.

    Novos rumos

    Os colonos procuravam manter o uxo de cativos por meio de outras estratégias. Ora articulando-se

    aos interesses da Coroa em intensi�car a busca por metais preciosos, ora oferecendo serviços milita-

    res em defesa do patrimônio açucareiro e pecuário do nordeste.

    Os governadores, senhores do engenho e câmaras municipais varias vezes acenavam com sedutoras

    promessas de títulos honorí�cos, terra e até dinheiro, os paulistas eram mobilizados para servir como

    mercenários. Em 1658 atenderam a um chamado do governador Francisco Barreto para lutar contra

    índios na Bahia. Os índios aprisionados �cariam com os sertanistas.

     Abrindo caminho para o gado, mercenários paulistas foram chamados em 1677 , para combater os

    Anayos nas imediações do São Francisco. Três anos depois, enfrentaram os índios do Rio Grande do

    Norte diante da convocação do Governo-Geral. O bandeirante Domingos Jorge Velho, que destruiu o

    Quilombo dos Palmares, atuou nesta campanha que, mais uma vez em aliança com outros grupos indí-

    genas, exterminou a maior parte da população indígena das capitanias do Rio Grande do Norte, Ceara

    e Piaui. As campanhas do Norte mostram o lado destrutivo da politica indigenista portuguesa em zo-

    nas de franca expansão econômica.

    Sem poder levar seus cativos para São Paulo, a maioria dos soldados bandeirantes acabou por assen-

    tar-se nas sesmarias que receberam como recompensa por seus serviços nos vales do São Francisco e

    do Açu.

    A mais signi�cativa expedição particular movida pelos paulistas em busca de ouro foi a de Fernão Dias

    Pais. Embora a Coroa estivesse incentivando a busca de metais preciosos devido à crise �scal, curiosa-

    mente não desejava fazer despesas com tais expedições sertanistas que traziam bem mais índios de

    Minas Gerais que metais ou pedras valiosas. A expedição de Fernão Pais concretizou-se no uxo de

    cativos que enviou para São Paulo, o que explica o escasso número de índios no auge da corrida ao ou-

    ro.

    Assim, o circulo do processo de recrutamento da mão de obra indígena fechou-se no decorrer dos

    anos 1600. O século havia começado com a convergência entre interesses minerais e a busca de cati-

    vos e assim terminou. No �m do século o apresamento foi superado pela mineração.

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    Sec. 1600/1700:

    Inicio: busca de ouro e consequência advento do aprisionamento indígena

    Fim: descoberta do ouro e consequência �m do aprisionamento indígena.

    Possível expedição descobridora do ouro: Borba Gato

    O celeiro do Brasil

    A terra em si tinha pouco valor intrínseco no século XVII e quando chegava a ser negociada era por va-

    lor ín�mo. A abertura de novas frentes agrícolas dependia da expansão das modalidades de trabalho

    forçado. A partir de 1600, as modestas doações municipais de terras cederam lugar a vastas sesmari-

    as, como principal modo de distribuição do solo rural. O colono devia peticionar a autoridade máxima

    municipal que autorizava nos termos do pedido. O sesmeiro assumia o compromisso de executar ben-

    feitorias no terreno e pagar o dizimo eclesiástico sobre os frutos da terra. O prazo nem sempre era

    observado e muitas sesmarias �cavam inexploradas, já que muitos colonos adquiriam sesmarias com

    vistas à ocupação futura.

    O único item de valor signi�cativo era a roça de milho ou de mandioca. A vida útil da roça raramente

    excedia três anos, sendo então necessária abandoná-la a favor de novas faixas de terras virgens (ma-

    tos maninhos) ou de outro terreno, anteriormente abandonado, já recoberto por matos (capoeira).

    O surgimento de novos núcleos populacionais, cada vez mais distantes das primeiras vilas, acompa-nhava o desenvolvimento do apresamento como forma de suprir suas necessidades de trabalho. A

    fragmentação das unidades administrativas ganhou força em meados do século.

    A importância das vilas residia justamente nas instituições básicas que elas produziam: as mais rele-

    vantes foram a câmara municipal, o registro de notas e o juizado de órfãos. Estas, além das instituições

    eclesiásticas e particulares, desempenharam um papel fundamental na criação, garantia e transmissão

    dos direitos de propriedade, tanto dos bens imóveis como terra, como também a força de trabalho in-

    dígena.

    Os conselhos municipais comandavam a distribuição de terras bem como da mão de obra dos aldea-

    mentos, regulavam o comercio através do tabelamento de textos e cabia ao conselho investigar e pu-

    nir os acusados de delitos cíveis e criminais.

    O tabelionato de notas era de particular importância na garantia dos direitos e propriedade. Já o car-

    tório de órfãos era responsável pela partilha de bens de colonos falecidos. O juiz de órfãos tinha a ta-

    refa de garantir a observância estrita das leis de herança. O juizado ainda emprestava a juros o valor

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    dos bens dos órfãos, tornando-se uma das principais fontes de créditos para os colonos.

    Caminhos da agricultura paulista

    A Idade do Ouro na produção de trigo na região de São Paulo abrangeu os anos 1630-1680. Justa-

    mente o período em que a concentração de cativos atingiu sua maior proporção. A abundancia da mão

    de obra silvícola e a agricultura comercial foram a pedra fundamental de uma economia periférica ar-ticulada ao mercado do litoral brasileiro.

    Em momento algum do século XVII o trigo foi produzido para sustentar a população do local de feição

    cada vez mais indígena. A mandioca era o objeto de consumo dos paulistas, bem como o milho e o fei-

     jão. Sergio Buarque a chamou de: “Civilização do Milho”. O trigo destinava-se a população portugue-

    sa do litoral e as frotas portuguesas, sendo requisitado varias vezes pelo governo geral ao longo do

    século. Os créditos da farinha de trigo circulavam como moeda em dotes de casamento e até para pa-

    gar dividas de jogo.

    O maior mercado para o trigo paulista parece ter sido o do Rio de Janeiro, com sua crescente popula-

    ção branca de senhores de engenho, comerciantes e burocratas.

    Tapanhunos– escravos africanos

    O acesso ou posse de moinhos de trigo era um aspecto que separava pequenos dos grandes produto-

    res de trigo. Se na Europa da época a propriedade de um moinho de trigo não conferia muito status à

    pessoa do dono, na São Paulo seiscentista correspondia ao poder e prestigio de determinados indiví-duos e instituições religiosas.

    Os carregadores índios constituíam a modalidade mais barata de transporte, uma vez que eram mais

    rápidos e e�cientes, comiam menos e carregavam pesos consideráveis, proporcionando o mais baixo

    custo relativo ao valor das cargas.

    Índios administrados

    Desde os primórdios da colonização portuguesa, o desenvolvimento da escravidão indígena sofreu os

    seguintes obstáculos:

    A resistência dos índios do planalto1.

    A oposição persistente dos jesuítas2.

    A politica ambígua da Coroa quanto à questão indígena3.

    Ainda no século XVI, derrubou-se o primeiro deles, com a dizimação da população tupiniquim e o afas-

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    tamento dos Guainás e Guarulhos. A segunda muralha cairia na primeira metade do século XVII,

    quando os interesses escravistas acabaram prevalecendo sobre os dos jesuítas, culminando com a tu-

    multuada expulsão dos padres em 1640. Apenas o terceiro obstáculo nunca chegou a ser totalmente

    vencido pelos paulistas devido à inconsistência da própria Coroa nesta questão.

    Para os jesuítas, todos os índios trazidos à São Paulo deviam ser integrados aos aldeamentos, sendo

    posteriormente repartidos entre os colonos pra serviços periódicos. Os colonos defendiam a posse eadministração direta destes índios.

    A principio a Câmara municipal paulista �cou indecisa a respeito do destino dos índios trazidos do in-

    terior. Apenas a partir da década de 1590 esta postura mudou, quando o conselho resolveu adotar

    uma posição explicitamente pró-colono, colocando-se em oposição direta aos jesuítas. O alvará Régio

    de 1596 procurou mediar este conito, de�nindo o papel dos jesuítas. Ficou determinado que coubes-

    se aos padres domesticar os selvagens. Os índios poderiam servir por períodos de no máximo dois me-

    ses aos colonos e deviam ser remunerados. Ademais, ocorre a instalação do juiz dos índios.

    Um trecho da epistola de Domingos Jorge Velho escrita ao monarca português D. Pedro II declarou:

    “(…) e se depois de cativar os índios nos servimos deles para os nossas lavouras; nenhuma injustiça lhes faze-

    mos; pois tanto é para os sustentarmos a eles e a seus �lhos como a nos e aos nossos; e isto bem longe de cati-

    vá-los, antes se lhes faz um inestimável serviço em ensiná-los a saberem lavrar, plantar, colher e trabalhar pa-

    ra o seu sustento, coisa que antes que os brancos lho ensinem, eles não sabem fazer ”.

    Os colonos justi�cavam a posse ilegal dos índios alegando que prestavam um impagável serviço aDeus, ao rei e aos próprios índios ao transferir estes últimos do sertão para o povoado, e se a�rmava

     juridicamente no apelo ao “uso e costume”. Menores necessitados, �lhos: foi este o discurso paterna-

    lista dos colonos. Se os índios precisavam de um tutor, por que este papel não poderia ser exercido pe-

    los particulares?

    Colonos e jesuítas: a batalha decisiva

    Em nível local, os colonos opunham-se ao controle exercido pelos jesuítas sobre os quatro aldeamen-

    tos nas imediações da vila de São Paulo. Já na esfera Inter colonial, os paulistas passaram a enfrentar

    protestos e litígios dos jesuítas espanhóis decorrentes dos assaltos praticados contra as missões do

    Guairá.

    Tratava-se igualmente de um confronto entre os colonos mais prósperos dos bairros ocidentais de S

    Paulo e os jesuítas, que vinham acumulando um patrimônio e uma força de trabalho cada vez mais ex-

    pressiva.

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    1537– Bula do Vaticano dando liberdade aos índios

    1639– Breve que reforçava o efeito da Bula de 1537 proclamando a liberdade de todos os índios nas

    Américas.

    Os moradores das principais vilas da capitania de S Vicente se reuniram e determinaram a expulsão

    incondicional de todos os jesuítas e con�sco de suas propriedades e a transferência dos índios aldea-dos a administração publica das câmaras municipais.

    Os jesuítas foram readmitidos 13 anos depois nas seguintes condições: deveriam abdicar da breve de

    1639 ou qualquer outro instrumento da defesa da liberdade indígena, abandonar o litigio contra a ex-

    pulsão e desistir de qualquer indenização pelos danos sofridos. Ademais, deveriam negar assistência

    aos índios que fugissem de seus donos. Em contraponto mais conciliatório, os colonos se propuseram

    a ajudar na reconstrução do Colégio, o que de fato �zeram em 1671.

    Escravos ou administrados?

    Os paulistas davam o nome de administrados aos seus índios cativos, contudo, dispunham deles co-

    mo escravos, dando-os em dotes de casamento, e aos seus credores como pagamento de dívidas.

    Em 1696 é publicado um Alvará Régio, em total desacordo com a lei que 5 anos antes proclamara a li-

    berdade dos índios, esta reconhecia formalmente os direitos dos colonos à administração particular

    dos mesmos, assim consolidando outra forma de serviço obrigatório que não a escravidão.

    A valorização do índio “criolo” devia-se a expectativa dos colonos no que dizia respeito à longevidadee, sobretudo, produtividade. A distinção fundamental situava-se entre os índios nascidos no povoado

    (criolos) ou ladinos que eram plenamente adaptados ao trabalho e aqueles recém-introduzidos. Ao

    que parece, o valor dos criolos e ladinos permaneceu sempre 4 ou 5 vezes superior ao do neó�to.

    Também há indícios que os índios especializados comandavam valores mais altos.

    Mesmo em São Paulo, o domínio da língua geral ou qualquer outra língua indígena era considerado

    uma respeitável especialização, e a uência numa destas línguas limitava-se apenas aos maiores ser-

    tanistas. Até os últimos anos do século XVII o termo preferido em alusão aos índios era negro . No

    inicio do século XVIII, o termo carijó deixara de exprimir apenas uma tribo guarani para englobar todo

    e qualquer índio subordinado.

    Outros dois termos tidos hoje como sinônimos tinham conotação diferenciada na época: Mameluco e

    bastardo. Tanto um como o outro designavam a prole de pai branco e mãe indígena; no entanto, no ca-

    so dos mamelucos, os pais reconheciam publicamente a paternidade. Em consequência, os mamelucos

    gozavam da liberdade plena e aproximavam-se à identidade portuguesa, ao passo que os bastardos

    permaneciam vinculados ao segmento indígena da população, seguindo a condição materna.

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    A frequência de casamentos mistos- entre grupos étnicos distintos, entre índios dos aldeamentos e

    cativos, entre africanos e índios parece ter aumentado nos últimos anos do século XVII. A carta regia

    de 1696 também proibia expressamente o casamento entre índios administrados e índios de aldea-

    mentos, bem como entre administrados e escravos africanos.

    Pobreza rural

    O Donativo Real– um imposto era um imposto a ser levantado pelas câmaras municipais do Império

    Português. No Brasil, o numero de escravos e índios administrados de um individuo é que determina-

    va a quantia a ser paga. A partir da analise das listas de 1679-1682 con�rma que a sociedade paulista

    do “século dos bandeirantes”, longe de ser igualitária, foi marcada por profundas desigualdades na dis-

    tribuição da riqueza.

    Muitos paulistas, sobretudo aqueles que tinham poucos escravos, migravam para as Gerais, redun-

    dando num êxodo considerável da mão de obra local. Como agravante, ao �xar a atenção nas oportu-

    nidades econômicas proporcionadas pela abertura das minas, os paulistas praticamente suspenderam

    as suas atividades de apresamento, fundamentais para a reprodução da escravidão indígena.

    Alforrias

    Nos últimos anos do século XVII, os índios alforriados contribuíram para expansão de uma população

    de condição incerta, entre a escravidão e a liberdade. Com o declínio da agricultura comercial e o con-

    sequente empobrecimento de muitos colonos, os senhores pareciam mais dispostos a conceder car-

    tas de liberdade a seus índios.

    No alvorecer do século XVIII a crescente presença da justiça real portuguesa nas relações entre admi-

    nistrados e colonos acelerou o processo de desagregação da escravidão indígena. Isto se acentuou

    com a chegada do primeiro ouvidor permanente em São Paulo nos anos �nais dos seiscentos.

    Escravidão negra?

    Alguns escravos negros, claramente diferenciados dos índios como “ gente da guiné”, “peças da Angola”

    ou, mais frequentemente, “tapanhunos”- termo tupi designativo de escravo negro-, estiveram presen-

    tes na capitania desde os primórdios, porem eram parcela mínima da mão de obra global. Apenas a

    partir do ultimo quartel do século XVII e mais ainda a partir de 1700 é que escravos africanos começa-

    ram a chegar em grande escala. Tal transição se consumou apenas no �nal do século XVIII, quando a

    expansão açucareira revitalizaria a economia paulista.

    Enquanto mercadoria a ser fornecida para as minas, o comercio negreiro colaborou para a transfor-

    mação de São Paulo em entreposto comercial. Do outro, alguns escravos negros foram integrados às

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    grandes propriedades rurais da região.

    A abertura das minas repercutiu na organização agraria de São Paulo em pelo menos dois sentidos im-

    portantes. Primeiro devido ao custo proibitivo do transporte e a crescente escassez da mão de obra

    indígena, os principais produtores que continuaram no planalto reorientaram sua produção comerci-

    al, transformando as searas em pastos e montando alambiques. Segundo, a migração intensa de boa

    parte da força de trabalho indígena para as zonas auríferas e a concentração do restante nas unidadesmaiores con�nou a maioria dos colonos rurais a uma existência pauperizada e marginal. Para as famíli-

    as que �caram a Idade do Ouro signi�cou o aprofundamento da pobreza rural, processo que já estava

    em marcha desde a segunda metade do século anterior com o vertiginoso declínio da escravidão indí-

    gena.

    O agricultor paulista do século XVIII foi apenas uma sombra do grande senhor de escravos que domi-

    nava a paisagem rural do século precedente. O que restou após a rápida destruição de tantas terras e

    de tantos índios foi justamente um campesinato empobrecido.

    2 OPINIÕES SOBRE “JOHN MANUEL MONTEIRO- NEGROS DA TERRA”

    12 DE MAIO DE 2015 ÀS 11:27

    Salvou! Obrigada, muito bom mesmo!

    13 DE MAIO DE 2015 ÀS 20:12

    Excelente trabalho e análise do texto Negros da terra de John Manuel Monteiro. Tirei muitas dú-

    vidas a respeito da colonia portuguesa no Brasil e o emprego do escravo Indígena e Negros Afri-

    canos, no trabalho escravo e como se sucederam essas escravidões. Bem como o genocídio não

    somente pelas guerras como a transmissão de doenças infecto contagiosas pelos branos e negros,

    na comunidade indígena. Meus Parabéns!

    Deia Pereira

    Giovanni Nogueira Dias

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