Joana de Cusa

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Transição manual dos Slides Música: Pastorale-Rolf Lovland Pesquisa e Formatação Joana de Cusa quinta-feira, 24 de fevere iro de 2022 04:26:38 HELIO CRUZ

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Transição manual dos SlidesMúsica: Pastorale-Rolf Lovland

Pesquisa e Formatação

Joana de Cusa

2 de maio de 202314:53:32

HELIOCRUZ

Vamos lembrar da experiência e do exemplo de Joana de Cusa, personagem que viveu na época de Jesus.O Evangelista Lucas a ela se refere em duas oportunidades, em seus apontamentos. A primeira, no capítulo 8:1-3: "E andavam com ele os doze, e algumas mulheres que tinham sido livradas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios, e Joana, mulher de Cusa, procurador de Herodes, e Susana". A segunda, no capítulo 24, onde a identifica como uma das mulheres que, vindo da Galiléia, tendo observado que o Seu corpo, ao ser descido da cruz, fora simplesmente envolvido num lençol e depositado no sepulcro aberto na rocha, cedido por José de Arimatéia, preparou aromas e bálsamos e, no primeiro dia da semana, foi ao sepulcro.

Joana era uma mulher de muitas posses, que tinha a seus serviços inúmeras criadas, que a serviam com zelo. Desfrutava de privilegiado nível social na cidade. Mas vivia momentos muito difíceis em sua vida, embora cercada pela atenção e pelo carinho do filho e das próprias servas, por tudo que ela representava em suas vidas. Porém, tinha uma dificuldade muito grande na sua convivência com o marido, Cusa. Cusa era intendente de Herodes em Cafarnaum. Em perene contato com os representantes do Império, repartia as suas preferências religiosas, ora com os interesses da comunidade judaica, ora com os deuses romanos, o que lhe permitia viver em tranquilidade fácil e rendosa.

Ora Cusa cultuava o Deus único dos hebreus, para poder com isso agradar as autoridades do Sinédrio, e ora idolatrava os deuses pagãos, para se aproximar das autoridades do Império Romano. E, aí, quando chegava em casa descontava. Compensava todas as frustrações vividas em sociedade. E, obviamente, nós sabemos, que isso na convivência do lar causa uma instabilidade emocional muito grande. E foi exatamente numa dessas ocasiões que Joana foi convidada, por uma serva, para conhecer as pregações de Jesus, no lago Genesaré. Atraída pela fala eloquente do Rabi da Galiléia, passou a ouvir as pregações do lago. Denotando a nobreza de caráter, vestia-se de forma simples, a fim de não atrair a atenção do povo para si. Desejava beber da água viva de que o Cristo falava.

Trazia no coração uma infinidade de dissabores. Possuidora de verdadeira fé, tentava expor ao marido a sua nova crença, em vão; pois ele não tolerava a doutrina de Jesus. Tendo a alma torturada, amargurada, pelos tantos dissabores domésticos, já não sabia mais o que fazer para tornar o seu lar num lugar mais ameno, para que pudesse imperar aqueles ensinamentos que o Mestre ensinava às margens do lago de Genesaré. Por isso, certa vez, procurou o Messias, para lhe falar das suas lutas e desgostos no lar. Jesus a ouviu longamente e depois ponderou: "Joana, só há um Deus, que é o Nosso Pai, e só existe uma fé para as nossas relações com o Seu amor. Todos os Templos da Terra são de pedra; eu venho, em nome de Deus, abrir o templo da fé viva no coração dos homens". Há uma razão muito própria para que Deus a tenha colocado ao lado do seu marido.

Por fim, Jesus lhe recomenda que volte ao lar e ame o seu companheiro, despedindo-a com um "Vai, filha! Sê fiel!" Uma inflexão de tal carinho, que ela jamais haveria de esquecer. Voltando para casa, o lar já estava mais ameno para o convívio, embora, obviamente, não mudara nada. O marido continuava sendo o homem irascível de sempre, com a mesma dificuldade de convívio. Mas, agora, Joana olhava para o esposo não como aquele ser de difícil convivência. Joana olhava agora para Cusa como se ele fosse o filho imaturo, que Deus colocou em seu caminho, para que ela pudesse promover-lhe a educação. Assim, a convivência passou a ser mais fácil, pois, o Mestre falava que, com Ele, o fardo seria mais suave e mais leve o seu jugo. Transformou todas as suas dores num hino de triunfo silencioso em cada dia. Procurou esquecer as características inferiores do marido, enaltecendo o que ele possuía de bom.

Um filho veio lhe enriquecer os dias e os anos passaram. Perseguições políticas e reveses se abateram, finalmente, sobre o ex-intendente Cusa. Perdendo seu prestígio, envolvendo-se em dívidas insolváveis e, amargurado, enfermou gravemente. Numa noite de sombras, ele voltou ao plano espiritual. Joana que tudo suportara até então, viu-se a braços com as dificuldades mais cruéis. Ela, que possuíra a seu comando tantas servas, necessitou procurar trabalho para se manter e ao filhinho, embora as observações acres de amigas. Fiel a Jesus, recordava que Ele também havia trabalhado, modelando a madeira, na modesta carpintaria. Ele, o Divino Mestre. Desta forma, se dedicou aos filhos de outras mães e afazeres domésticos em casa alheia, provendo as suas e as necessidades do filho.

Mesmo assim, seguia as palestras do Mestre no lago de Genesaré e em todos os lugares próximos a Cafarnaum, em que o meigo Rabi se dispunha a pregar, e a atender a tantas necessidades dos que a Ele acorriam. Joana de Cusa era vista entre aquelas mulheres que atendiam às necessidades daqueles que vinham de terras longínquas, a procura de Jesus. Colocava o seu trabalho à disposição daqueles irmãos necessitados. Joana foi uma das mulheres que intercederam pelo Cristo, junto a Claudia, esposa de Pilatos, quando de sua crucificação. A História nos mostra que os romanos iniciaram uma grande perseguição aos cristãos. E em determinada ocasião, Joana e seu filho foram presos em Cafarnaum e, a bordo de uma galera romana, ela demandaria à capital do Império.

Presos, no dia 27 de agosto de 68, nas proximidades das águas termais de Caracala, no Monte Aventino, Joana, junto a outros 500 cristãos, foi levada ao poste do martírio. Fiéis do Cristo, amarrados, cobertos de alcatrão, eram usados como tochas humanas. De cabelos nevados, ela ouve as queixas de um homem novo, amarrado ao poste próximo. É seu filho que exclama, entre lágrimas: "Repudia a Jesus, minha mãe! Não vês que nos perdemos? Abjura! Por mim, que sou teu filho!“ As lágrimas acodem aos olhos daquela mulher. Pela sua mente, passam rapidamente as cenas de sua juventude, os primeiros anos do casamento, os dissabores, as alegrias da maternidade, as lutas, a viuvez, as necessidades mais duras. Lembra de Maria, mãe de Jesus, que assistira, por horas, o suplício do seu amado filho.

E pede ao filho que se cale, conclamando-o à fidelidade a Deus. As labaredas lhe lambem o corpo e ela abafa, no peito, os gemidos. A massa de povo grita, desvairada. Um dos verdugos se aproxima dela e lhe pergunta, irônico: "O teu Cristo soube apenas ensinar-te a morrer?" A resposta, corajosa, se deu num murmúrio: "Não apenas a morrer, mas também a vos amar e perdoar!“ E sentindo uma mão suave a lhe tocar os ombros, escutou a voz inconfundível do Divino Pastor: "Joana, tem bom ânimo! Eu aqui estou!“ Logo em seguida, as labaredas consomem o seu corpo envelhecido, libertando-a para a companhia do seu Mestre, a quem tão bem soube servir e com quem aprendeu a sublimar o amor. Triunfante, ela transpôs o pórtico da morte para adentrar na verdadeira vida.

Já se passaram mais de dois mil anos, e é obvio que já não é pedido a nós sacrifício dessa monta. Hoje nos é pedido o sacrifício para que possamos manter a fé em Jesus e que possamos manter a conduta reta que Ele nos ensinou, sedimentada na Sua Lei de amor. É difícil? É! Porque temos muita dificuldade, em virtude da violência no mundo. Mas nada comparável às dificuldades daqueles primeiros cristãos, que se entregaram incondicionalmente, para poderem mostrar a fidelidade aos ensinamentos do meigo Rabi da Galiléia. Pela força desses cristãos, a mensagem do Cristo pode transcender os tempos e chegar viva hoje entre nós, com muito mais força do que antes.

Que com ela possamos aprender; que com ela possamos crescer; e vivenciando-a possamos conquistar o nosso lugar naquele reino que Jesus nos anunciara, o Reino de Deus, o Reino de amor; o Reino que, para conquistar um espaço, não há necessidade dos títulos terrenos; não se precisa da fortuna amoedada do mundo. Precisamos apenas vivenciar no coração a Lei de amor.

Muita Paz!Mau Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br

Com estudos comentados de O Livro dos Espíritos e de O Evangelho Segundo o Espiritismo.