JANGADEIRO DO CORAL
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JANGADEIRO DO CORAL
prosa poética
Marco Llobus
REDE CATITU CULTURAL
"O paraíso é um corpo sagrado"
A jangada do poeta vai sair para o (a)mar. O que espera pescar o jangadeiro, além de ilusões? Ele almeja encher a rede de bons pescados amorosos. Para tanto, iscas de versos livres são lançadas no oceano avermelhado da paixão. O amor só é sereno na teoria. Na prática, é preciso acreditar sempre na pesca, mesmo com a incerteza da sua chegada. Em Jangadeiro do coral, a voz poética de Marco Llobus traz à baila fabulações de um pescador sentimental que, no fundo, é pescado pelos encantos da profundidade afetiva – lá onde o mar faz a curva, com a vontade de ser rio novamente.
Llobus chama de “movimento pendular” a vida que balança nas ondas do (a)mar. Entre “a possível ilusão” e “a deliciosa esperança”, o jangadeiro se mostra confiante na fé de que o mar está pra peixe. Procura-se uma musa. Alguém com um olhar que inspire uma ode à ternura. Alguém para aquecer o inverno.
Quem tem como trilha sonora o canto das sereias jamais padecerá de solidão. Na peleja do navegar, o poeta-jangadeiro não tem fome de conquista mas “sede da seda”. A seda aqui representa a pele da amada. Mão que agarra e mão que acaricia são duas facetas extremas das possibilidades de encontro inter-humano. O ato decisivo do poder está em agarrar. O oposto do agarrar é a carícia, pois é impossível acariciar pela força, já que a experiência se converteria de imediato num maltratar.
Para acariciar devemos contar com o outro, com a disposição de seu corpo, com suas reações e desejos. A carícia é uma mão revestida de paciência que toca sem ferir e solta para permitir a mobilidade do ser com quem entramos em contato. Mão compassada que tenta reproduzir em seus movimentos a dinâmica caprichosa da vida. Mão que renuncia a posse e que toca o coração do outro num suave galanteio. Carícia c o m p r e e n d i d a e n t ã o c o m o c r i a ç ã o compartilhada: “você me levou para sinfonia dos iguais”, revela o jangadeiro à sereia, maravilhado e não cabendo mais em si.
Segundo Luis Carlos Restrepo, em O direito à ternura (1998), “a carícia é um conjunto de cerimônias que encarnam o outro”. Cerimônias, que, no livro de Marco Llobus, se configuram como autênticos ritos de consagração do amor ou, melhor dizendo, de carnavalização da existência. “O paraíso é um corpo sagrado”, afirma o jangadeiro, em um de seus melhores pescados amorosos.
Marcos Fabrício Lopes da Silva
Jangadeiro Do Coralprosa poética
Marco Llobus
1ª EdiçãoVerão 2013
Belo Horizonte MGRede Catitu Cultural
Llobus, MarcoJANGADEIRO DO CORAL / Marco LlobusBelo Horizonte: Rede Catitu Cultural, 2013.116 p.
1. Poesia Brasileira.1. Poesia
ISBN 978-85-63464-15-6
Marco Llobus
JANGADEIRO DO CORAL
Ilustração - Capa - Pintura de Neuza Ladeira
1ª EdiçãoRede Catitu CulturalSérie: Azuís DigitaisRevisão: Clevane Pessoa e Priscila BorgesCoordenação: Clevane Pessoa e Marco Llobus
Projeto Gráfico: Marco Llobus
Todos os Direitos Reservados
Llobus, MarcoJANGADEIRO DO CORAL - poesiaBelo Horizonte: Rede Catitu Cultural, 2013.1ª Edição, 116 p.
1. Literatura Brasileira.1. Poesia
800 COD B869.1
ISBN 978-85-63464-15-6
Dedicado a uma dançarina ...
“A cada um segundo as suas obras”
(A) M A R Écapitulo 1
também, embalado pela obra musical de Ólafur Arnaldstrilha sonora - instrumental - que recomendo para esta viagem
numa paragem; entre os temposousei... e beijei,meu sonho e mesmo, neste movimento pendular
da possível ilusãooudeliciosa esperança, vi e vivi o trinar das asasde meu coração e mesmo,no instanteem que me furtaram a luz
já sabia
é você,
todo o meu paraíso
Jangadeiro Do Coral
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palavras náufragascativam o temerário,mas a distância entre uma palma e outraacenando-oentre ventos, rastelos de tempo,perfaz a borracha em movimento a palidez borrada - não suja - porémtemerária...
qual mar que se agitanuma pequena ressaca
de frio e solidãoque comove a velade uma embarcação... a carta, navegante de garrafa,apenas baila perdidaentre correntes,ansiando pela enseadaser abraçada...
sortilégiose graça
o braço, a portao porto, o corpoo cheiro... o tocarcarícias, despedidatalvez,
chegada
areias e ampulheta... esvaem ...
miragem?
uma marola.de minhas palavras náufragas
Jangadeiro Do Coral
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dois de copas
a palavra escarlateescapa do tinteiro...
é a cor leme
polvilhanuances,
duma dança
a valsa permeia passosde alegria e reencontro
roda pião, … baila rosa
a vida se fez num beijonada roubado
e que ascendeentre constelações
Jangadeiro Do Coral
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porque seu corpo almame povoa os pensamentose a cada movimentote vejona esquinano sofáno relancee me pegorodopiandote buscandote querendomesmo que... sei nãonão sei...
… mas não me afaga,e não é sombra.
nem mesmo me assombra,
me entorpecenuma viagemde querer seu cheiro;nessa vontade loucade me virar pelo avessoe me perder num trago de sua boca
a minha
e enfim, ... padecer... ah,meu doce delírio
donde tá ocê?
Jangadeiro Do Coral
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me perdoese a intensidadeinvade e sufoca
é seu silêncioque me machuca
me perdoese não me protejo
mas é você que me desarmae que me encanta
me perdoese me dói
essa dorque eu não quero que acabe
Jangadeiro Do Coral
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mesmo que todo esse sentimentomesmo sem todo consentimentome apossar...
valeu mar
valeu...
- cantarolava uma garrafa bêbada,
náufraga,
abandonada...
ao mar.
Jangadeiro Do Coral
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ao hastear a bandeira para a miragem que avistei
navegando versosque pesquei ...
e se encalheiafundeiou me perdi,
entre tantas outras almas...
é que não há comoresistir a este “in” canto
que me vale a vida inteira
Jangadeiro Do Coral
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não há culpa, florse é você quem busco
não há culpa mesmo que eu não consiga me protegere simplesmenteafogar
Jangadeiro Do Coral
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aquilo que cativame prendee me laça
é a saudadedaquilo que não vivi
Jangadeiro Do Coral
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não se assuste
tudo que façoé por ter você em mim
Jangadeiro Do Coral
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busqueie apaguei todas as pegadas
aproveitei a maré alta e dei fim à minha reentrada
recolhi as bandeiras,- aquelas que hasteei nesta pequena enseada.
com seu manto negroescondi todas as estrelas
- apenas aquelas... que sussurravam seu nome
- e as do mar?!minha doce sereia,lhe teceram um colar.
como pingente,meu coraçãofoi assim,
de presente
aproveitando essa deixarisquei dos mapas correntes, ventos... caminhos
este meu, seu segredo.
finjo calmariae aporto,
a esperança,é de te encontrar
Jangadeiro Do Coral
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se resguardo o seu cantoé porque seu olhar me clama,se silencio o mundoé que sei, do que você é capazse permeio o invisívelé porque perceboas feridas abertas de uma vida,e se me calo ao relentoe não faço mais alarde de meu bravo,
é que comecei a aprendera te escutar
ah sereiasôfrego, cá fico
e você só apareceem meus sonhos,e em meus medos
ainda assimmeu dia é feliz
Jangadeiro Do Coral
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sinto calafrios... quando estou pra lhe ver.
chego aos pés de pano,pra não lhe assustar
tem horaque acho,
que você me vê.
mas, quandoeu fico ali
admirado
sempretem a sua partida
Jangadeiro Do Coral
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hoje lhe espereie espereie espereiconfabulei entre tramasengendrei com o vazio
percebi que ele me conhecia,e eu não sabia
calei-mecopulei pensamentose mandinguei ritos
tentei resolver essa equaçãomas ela sempre bate na porta do infinito.
meu chão d'águaboia,
meus pés friosanunciam
é hora,
deixe a noite ir
Jangadeiro Do Coral
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senti o medo, o medo que há em seus olhos.não era medo da mortenão era medo de susto,era medo de ferida
e me doeu muito
Jangadeiro Do Coral
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o que posso fazer florse não; usar dessa malha de palavraspara transpassar estas armaduras.
… este pequeno sopro,sobre as feridas de seu coração,tem o intento de abrir uma janela
e de lhe buscar do mare de lhe trazer de volta
assim, como me professorou Exupéry:
o que cativano coraçãotem que ter asas
nada de gaiolas
apenas compreensão.
seu cheiro é meu cheiro
uma acolhida
Jangadeiro Do Coral
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ser encantado, “in” canta-me,um lampejo de seu sorrisome basta.
sou criado e homem
para todos os seus desejos
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a noite, não me deixa passar.
volto à jangadae vejo estrelas,e longe uma monção
zé's mariscos(qualquer um em questão)me fazem companhia
a marola, dessa baía é a ritmista,
desta minha solidão.
sonho, flor(e sem dormir)
e vejo-a
bailando
Jangadeiro Do Coral
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o dia vem,vejo o pequeno príncipe dançando e cantando:
- doses homeopáticas
doses homeopáticas
doses homeopáticas
Jangadeiro Do Coral
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indo a Fernão Capelo Gaivotavoltei-me,
distraidamenteeis, meu destino
ah meu deus...
ela chegou tão cedo
uma surpresa
frios calafriosdeságuam
num forte suspiro.
Fernão revoasua sombra,é arcoe flecha
e você exalava
Jangadeiro Do Coral
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o sal da vidanossas mães terra
a porta vem.
em dois mundos se encontram,nas quatro dimensões
lá e cá.
nossas flores primáriasum prenúncio?
bênçãos?a este sonho.
minha guarita.e sua paz.
o sol.e a sombra.
tão sagradoque novamente lhe peço
bença
Jangadeiro Do Coral
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cadenciava-se a chuvagotas pipocavam na areiauma, após uma...
o frio vinhae,
nadano mar
Jangadeiro Do Coral
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onde baila, flor?que segredos vê?que segredos sente?quando não sei de nósserá que lembras de mim?
Jangadeiro Do Coral
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minha doce miragemserei eu a miragem?de todo esse movimento?
será que já sou o fantasma?será que estou perdido entre os elos destes dois mundos?sem consciência do acontecido?
sinto o meu sanguesinto a letargia
(tem horas que acho que não respiro...)mas aí... você vem
e, em pensamentonuances e um canto,
meus calafrios.vejo me desprendendo do mundoalçando voossurfando sonhose deliciando cores
és miragem?
...não! não é!
é a minha impaciência,rogando
por sua beleza...
… ou, será a dor? meu medo?
de seu eterno silêncio
Jangadeiro Do Coral
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Jangadeiro Do Coral
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sereia, voltepor favor...preciso te ver pelo menos mais uma vez
antes de adentrar
o mar
e você veiotomou-mee era mais cedo
o dia em seu meioo sol escaldava,
a arrebentação ruflava
tanta luztanta vida
e você brincavafolguedos salteadorescom outra linda
e pequenasereia
só
era eu
- magnitudes -
Jangadeiro Do Coral
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(A) M A R (É)capitulo 2
o repuxo aos meus pés,e a areia molhada, graciosa, me suplicava:
- fica, fica...
às portas de minha perdição/decisão,a percepção da finitude em meu olhar
no horizonte, na minha vida,
e o mar...
- eu vou sereiaeu vou
o vento me saúda,e é novo, e é forte, e é tenso... e é fresco seu perfume
invade me
eu vousereia
eu vou
Jangadeiro Do Coral
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no batuqueda sétima onda, emerge Wandinha...
(a herdeira do comendador Quincas Berro D'água)
nua, bela e maliciosa(- ela também tá no mar??)
desfilosa, aproxima-see teu olhar feroz e silenciosotransborda … ceticismos(- não me assusto mais, flor.)
ela vem, de rosto e corpo… quase toca me
e à minha direita, sobre meu ombro olha além...e inspira me, profundamente,
vai à minha esquerdae o mesmo
uma gota desliza de seu queixocai, escorrendo pelo meu ombro, coração, costela...
arrepios tomam-me,
num relance, frente a frenteencerra seus olhos nos meus
o medo, a dúvida, e sua vastidão, veem propagam em meu peito
feito motor de popa descontrolado e em explosão.
então ela sorri
e mar adentracalada
e indiferente
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atônitoo mar balanceava marése o tempo voava(tudo corria),eu não via.
e Quincas dá o ar de sua graça;sua face em deleiterisonha, molequeé refletida na bainha da marola
entre areias de meus pés repuxados
diz coisas...termina em palavrão
(- a única parte que entendi)
assim como veio foi-se
Jangadeiro Do Coral
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e já era domingoe o vento espalhava segredos:
- ela vem,dizia ele
era preciso esperarsó um pouco
distraí a ansiedaderevivendo detalhes,de cada pequeno e furtivo encontroonde você me encantava.
medos... também,me visitaram
Jangadeiro Do Coral
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esperei,e cheguei a duvidar do vento.
clamei por você várias vezese lhe chamei e chamei e chamei
até que a agonia venceu e me precipitei ao mar
… foi quando ouvi, uma cantilena
dos Açores ...
o canto, tornou-se em esperança,e eu sabia,
você viria, você chegavavocê vinha
Jangadeiro Do Coral
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meu paraísoa porta,
meu coração
anjos e seres celestiais anunciavam
é ela, com seu colar de estrelas...
seu pingente, euse alegrava
a onda da primeira criaçãobanhou-me,e limpo
para você eu estava
e em sua tiara a mais linda das estrelase vinha, majestosae devagar flutuava
até que aconchegou-selado (a)lado
meu temposimplesmente
parou
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aportado no inominávelsuspenso entre taquicardias e alegrias
eu segurava as mãospés, ou qualquer outra coisa
que supostamente denunciaria, todo este meu misto
de aflição e paixão
Jangadeiro Do Coral
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e você sussurrou o primeiro canto
o paraíso deu em graças
e o mar repuxado
lhe ofertou coxastornozelose pés
a perfeição.
eu e ela aportados juntos
juntos...
e meu chão tremia
(então... há esperança)
Jangadeiro Do Coral
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quis tocá-la
tive medo, caso ousassetoda a realidade
evaporasse
Jangadeiro Do Coral
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aívocê cantou versos que bailaram valsas, catiras e outras e outros
a imensidão de passes,paz
coroaram sua belezaem todo este meu amor
Jangadeiro Do Coral
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durante uma estonteante pausavaguei em seu olhartinha que fazer algoentão
falei
(não sei, se consegui...)
Jangadeiro Do Coral
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queria lhe contar aventurasvivenciar contigo,
este pequeno espasmo de eternidade
seus olhos, nos meus olhos
sendo olhos de deusa... deus
os olhos de tudo, almirante
e nada distante
onde eu, (e ela)
via, sentiaqueria
por você
eu morreria
Jangadeiro Do Coral
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num falso acidenteafã do desejo,esbarrei a ponta de meu mindinho
em minha sededa sedade sua pele morna quente,(perfeita)
meu coração... encantado
extasiou-se
Jangadeiro Do Coral
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acordei,de pé
aos pés do mar,
onde tudo tinha sido.
compreendi algoque ainda não sei
(e chorei)
o mar calmo, me dizia:- se vão dois dias.
sabia,(não sei como?)
é precisooferendas
a ti
Jangadeiro Do Coral
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antes mesmo de pestanejar,o pequeno príncipe interveio
e, em cada uma de suas delicadas mãosuma rosa
a silenciosa, e a mais bela,(a direita) (a esquerda)
cativadas sem vaidadese livres de apego
(espinhos)
e assim, ele disse:
- leve-as.
Jangadeiro Do Coral
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na licença da sétima onda
lancei-me
ao mar
Jangadeiro Do Coral
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braçadas buscavam o mare durante este abraçoeu escutava a enseada, suplicando:
- fique, fique... fique.
(mas, e em meu coração, refletia: - não tenho mais aonde ...)
a arrebentação imantava meus braçostestava meu esforçoentão,
como agulha mergulhei
costurei as ondasentre as lâminas
do coral
e logo, o revoltoperdeu seu chão e o mar em sua imensidãoabriu a garganta e apenas,
ousei
Jangadeiro Do Coral
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após horas,o encharque e uma dor.e na pausa de um respiraravisto Fernão
sua seta apontava: - é lá...
no fim de tudo...
o céu caladocarregava-se de algodões,onde todos, desenhavamo seu rosto fugidio,que por ora brincava de se esconderentre formas alvas e rosáceasque delicadamente
bordavam-se
de cinza
pelo fundo
azul
Jangadeiro Do Coral
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então
o mar tragou o sol
e expeliu a lua
tão rápido
que eu apenas ia
Jangadeiro Do Coral
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Jangadeiro Do Coral
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o silêncio ponderavaentre pequenas marolas e minhas poucas braçadas.
num instante de distração.avisto, pela crescente, uma outra sereia
presa entre cordas e malhas,restos de alguma embarcação.
aflita e trêmulase debatia,
no auge de toda essa agoniaa sua libertação,
custou suas duas flores,à minha mão...
reforcei numa investidamas as rosas no mar se perdiam;
e foi quando um tritãode olhar de soldadoarmado e calado
pegou-as,
e as levou
nesta noite quando não me haviam mais forçasdeixe-me (a)boiar
e abrindo meu peito para manto negro, devolvi todas as pequenas estrelasao céu
todas elas, que sussurravam seu nome...
(uma oferenda perdida é uma oferenda ofertada)
e como anjosascenderam, cantando o seu nome
e este hino
me ninou
Jangadeiro Do Coral
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sonhei que você me visitavaum sonho de criança e você estava lá,sempre nas brincadeiras
sempre, em meus sorrisos.
as dores, a velha tapuiaeram apenas palco
de seu jardim de rosas
- lado de lá -
Jangadeiro Do Coral
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jubartes entoarama bossa de suas canções...
e o dia saudava,
a manhã nublada
e algodões, perambulavam por todo o céu
Jangadeiro Do Coral
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mesmo na presença das gigantese de todos algodões ao céu
uma ira repentina irradiou em meu peito.
mas, da bocarra de uma das baleias
mediou Jonas:
- paciência!
Jangadeiro Do Coral
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abraçado a um madeiro, (resquício “da alguma” embarcação)
avançava
hora, descansava um dos braços, noutra, apenas ia
(apenas ia)
durante as investidas adentroouvi n'águaem sua flor
a movimentação de uma sinfonia
o som urgia de todos os lugaresera de perto, era de longe
vinha como arrastão arfando em todos os espaços
melodiasreverberavam entre os nós
uma onda, de baixo tom soou
um presságio?
Jangadeiro Do Coral
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tubarões passavam e repassavam
ensaiavam velocidades
... mas não me viam
Jangadeiro Do Coral
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exausto,outra tarde chegatrazendo contigo Fernão,em revoadascirculares
algo vai acontecer,
... pressentia
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eis que surgi,a outra sereia, (a sereia libertada)
ela sorria, e brincava
ainda que ferida,cantou um sonho, um sonho dela.
logo, aproximou um tubarão;amistoso, instigando sorrisos.a
pequena libertadagargalhava com seus gracejos
a minha boca secado sal de uma solidão, sofreava.
e foi quando, ao ponto de fantasmaemerge da outra ponta do madeirosegurando uma garrafa,
o comendador Quincas Berro D'água
Jangadeiro Do Coral
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de chapéu tortopoemas amassados e molhados
sua trôpega face, declamava:
- arranhou a louça da sanidade?
então limpe com os seus caninosas pontas de suas garras...
e, gargalhavamovendo as mãos em garrasenquanto equilibrava poemas,uma garrafa no madeiro...
a sensação era que tudo lhe escapava
e aí,
choveu
Jangadeiro Do Coral
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a textura leve da chuvaamaciava o ardor da sede,
mas vazia e mal temperadaera minha boca desamada
após aplacar a secura (d'água)Quincas deu-me da garrafa;
a dose desceu,e as saudades (de você)ascenderam
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e no instante em que as melodias do martransbordavam; a chuvacetáceos,Quincas gargalhava,a pequena sereia libertada
encantada com o tubarão,
que por ora, também visitava a garrafa...
a alegria navegava.
apenas eu, o náufragoafundava
Jangadeiro Do Coral
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foi quando meu braço
tocado por sua pele seda alva roxinha,seu sabor
é que percebi,
minha felicidade, tem nome...
e era euem teus olhos
Jangadeiro Do Coral
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ela de adereço:
uma gargantilha,e de pingentes, uma flor ao lado do meu coração.
calada chegou
não suportei; ao mar eu já estava,então...
um beijo, lhe roubei
as estrelas riram.
Quincas me fuzilava com seu olhar,e mordiscava os lábios (zombeteiro...)
o tubarão e a sereia libertada,apenas se deliciavam, com a noite que chegava
e a chuva
chorou com delicadezaquando você apenas...
sorriu
Jangadeiro Do Coral
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a graça de um solacendeu em meu peito
queria lhe roubar ali mesmo,tirar do céu, todos os algodões
lhe fazer um acolchoadoe ninar sua noite
lhe contar históriase lhe encantar do meu jeito
tudo estava perfeito,personagens à voltaseu rosto fugidio e tímidocativava a minha esperança
e fervia o sangue de meu coração em brasa
Jangadeiro Do Coral
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lhe dei a mãolargando o madeiro,
você me levou para sinfoniados iguais
sereias embaladas e em ritmo,cetáceos e outros e outrasbrincavam, dançavam
um bloco de carnaval
você, a porta bandeiraagraciava a avenida mar
eu, maravilhadonão cabia em mim
Jangadeiro Do Coral
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retomado ao madeiroconduzido por sua pazbrinquei brincadeiras,de pelejas e enamorados;estampidos de falsos tapas,
convergências e gracejos
transformaram-se
num beijo.
ah... esperança ancorou
iluminada, a luase espremeu por uma brechae se pôs a nos espiar totalmente encantada
Jangadeiro Do Coral
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- oh, meus amores...
saudou-nos, um velho tritão em toda sua elegância de grão mestre
Jangadeiro Do Coral
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e no ardor desta madrugada;nestas águas em festa,me foi permitidovisitar o recanto dos encantados.
a primeira parada
a casa da outra sereia, a pequena libertada.o tubarão que a tudo acompanhavasorria e brincava.
eu aos olhosapenas namorava
seu silêncio seus movimentossua pele
o paraíso é um corpo sagrado
e nestas terrasde outrem
minha felicidade de pernase eu
apaixonado
Jangadeiro Do Coral
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findadas as foliasà hora do recanto;
deitei-me ao seu ladoe um beijo me foi dado
minha vidaem todas as suas existências
percebia pela primeira vez a sua razão.
velei seu sonocontrolei o meu
abraçado à sua pele e corponaveguei embalado em sua respiração
deliciei-me do prana... seu perfume cor
e vi um sonho que nem mesmo eu almejava
minha vida agora tem sentido
Jangadeiro Do Coral
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nas peripécias deste mundo encantadodeu-se graça,minha amada, no auge de sanaras feridas de sua irmã recém libertadalevou-nos, na primeira hora deste novo diaao seu castelo...
cores e balõesflutuavam
as rosas do pequeno príncipe
a tudo perfumavam
Jangadeiro Do Coral
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dali, ao castelo da rainhaonde conheci a linda d. roxinhamãe do amor de minha vida
perguntou-me sobre dotese atrevido não fugi do risco
ao finalo ar do velho mundo me chamava.
e tinha eu, visto os seus
o segredo mais próximode seu coração
Jangadeiro Do Coral
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entre as deixas, de uma despedidaao acariciar seu rosto
num doce momento
que só a você cabe ceder...
um beijome foi ofertado.
a felicidadede minh'alma,
será sempre você
Jangadeiro Do Coral
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acordo ao madeiro
encharcado e só...
o mar trazias suas tripulaçõese salgava as novas chagas...
o vento deste último sonhofustigou mortalmente
minha’lma
eà deriva,
novamente
estou
(miragem?)
Jangadeiro Do Coral
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não havia em mim mais nenhuma resistência
e a fome deste amorme consumia a cada segundo
os algodões, diversossem o seus jogos e brincadeirasse tornaram transeuntes
por hora, ou outra
entre as calcinações deste sol da solidão
neste mar de minha vidase fez em deserto de minha peregrinação
Jangadeiro Do Coral
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somente a dor me possuía,e como um vício, aplacava-me.
nem o sofrimento das feridas em minha peledoíam-me tanto, quanto a necessidadede estar contigo
numa noite, durante estes diasfui visitado por uma nova estrelafilha de pai vermelho e mãe preta
e ela (estrela) segurava aquele mesmo mindinho, e encantadasorria
pensei ser um presságiomas você não vinha
Jangadeiro Do Coral
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Jangadeiro Do Coral
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A M A R (É)capitulo 3
novamente a ira e o vermelho em meio peitoera eu urrando por meu desejoclamando por você meu destino.
mas...nem um sinal seunada no mare eu cá
pouco a poucoacabando
Jonas, ressurgedesta vez cavalgava o cetáceoe gritava:
- PACIÊNCIA, PACIÊNCIA, PACIÊNCIA
quis bater nele
depois, refleti:
- seria esse, o nome da baleia?
Jangadeiro Do Coral
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e pelo mar, me chega uma garrafa
nela, um recado seu...em sua escrita, as falas de Jonas
rs... paciência
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e neste dia sem corpreto e branco como Sebastião Salgado,eu náufrago...um retrato desolado,
poeticamente iluminado,
e uma carta de garrafaonde você iniciava,sorrindo
ah... paciênciamãe da sabedoria
eu estou... completamente apaixonado
Jangadeiro Do Coral
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e ainda
encantado pela letra com seu sorriso...
fiz prece ao vento,sussurrei seu nome
e você
veio
Jangadeiro Do Coral
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como pietá, retirou me do madeirorepousando-me, em seu colo
e no calor de sua pele,no pulsar de seu coraçãoapaziguou
minha aflição
disse-me histórias,
mas não me entregava a boca
se enredou comigonuma aventura de três ilhas
falou me de seu coração,
ocupado...
até que novamente(não suportei)lhe roubei
um beijo
Jangadeiro Do Coral
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lágrimas decantaram de seus olhos,e suplicando, disse:
- por favor, cuidado comigo.
Jangadeiro Do Coral
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senti,
a armadilhade uma só entrada.
não vi,
onde seriaa saída
Jangadeiro Do Coral
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novamente o madeiroe eu nos acordes:
da monotoniadas marolas
do suspiro,da ânsia...
de meu querer de suas mãosentrelaçando ...
as minhas
deusa, eu me entrego em suas mãos
***
Jangadeiro Do Coral
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navegando e abalroando-me no mar das dúvidas
pontiagudos e silenciosos icebergs
senti
sem ti
s em t i
s e m t i
s e m t i
s e m t i
s e m t i
s e m t i
Jangadeiro Do Coral
93
meu deus...não tenho mais como voltarnem sei mais aonde estounão conheço mais a lua
não consigo maisme entender com as estrelas
o sol, outrora velho amigo...
agora carrasco, golpeia-me dia após dia
relembrando a dor de minha pele sem a sua
***
Jangadeiro Do Coral
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um antúrionaveganteescapou das mãosda filha de Iemanjá
madrinha de minha lida,que sentida pela minha dormandou lhe ofertar
e dizia ela:
a frente é a vidao passado e velhos sentimentospor lá ficam.
e foi a sereia libertada
comovidaquem lhe entregou.
Jangadeiro Do Coral
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eunáufrago de muitos diasos quais eu já não contava
desesperava
com toda essa distância.
nada... teria retorno?
nem eu
e você, minha vida?
Jangadeiro Do Coral
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novamente prenúncios
ainda abalado e enfraquecidopela luta destes dias...
me fiz feliz
a ti esperava,e para todos no mar eu gritava
ela vem
como fissurarompi as doresas dúvidas, na esperançade adentrar finalmentecontigo,
por esse oceano
Jangadeiro Do Coral
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esquiva e ponderadavocê surgiu,
e apenas me observava.
a distância imposta entre seus olhos e os meuseram nós...
amarras de um mar que me puxava
e na piorra de cada marola
onde sedentotudo rodava em mil voltas
e você,
se afastava
Jangadeiro Do Coral
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atormentado, agarrado ao madeiro.
e com uma das mãosforçava meao seu encontro
mesmo assim,desviavae... nesta valsa dos desencontros
desesperado, lhe supliquei
- leve-me.
Jangadeiro Do Coral
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e neste redemoinhodas emoções,lhe disse loucurasas minhas loucuras
disse meus sonhosmeus sonhos
disse meu sonho
e, algo feriu-a
lágrimasnovamenteteceram de seus olhos
Jangadeiro Do Coral
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ainda desorientadaacolheu me
e em seus braços
sonhei, a maravilha de uma vida
Jangadeiro Do Coral
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acordei,
ao madeiro eu já estava.
uma poça de sangue me seguia,minhas feridas abertasmaculavam de vermelho
o azul do mar
Jangadeiro Do Coral
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passional, não me contivelarguei o madeiro e me lancei a ti
e com o resto de todas as forças que eu não tinhaembrenhei-me ao marmergulhando, nadando, lhe buscando
uma dor lancinante roubou-me o que restava de minha razão...
ao ver em seu futuroque eu não existia
avancei e avanceimas, você ia
eu lhe clamavae você...
apenas despedia
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Jangadeiro Do Coral
apenas despedia...
e mais distanteficava
condenado a distancia que você me infligia;
mesmo com a levezadas marolas comovidas
percebi
a dorque ainda viria
Jangadeiro Do Coral
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vagoe sem madeiro.
lhe procurandomeu par
o seu silêncio
o imposto do mar.
lembrei-me, por que um diaaos pés da enseada, chorei.
ao não acreditar naquilo que já sabia.
Jangadeiro Do Coral
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ferido, desolado e perdidoentre a tentação de me afogar e não me afogar,
querendo não entregar e me entregar...
ecoou,um sussurro
ao longe
a sua doce voz:
- por favor, viva...
***
Jangadeiro Do Coral
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fui retirado do coral
o rosto na águao dorso ao sol, e o sal já cristal (pó)adornava feridas,
da batata à nuca
estava quase lá...
foi um outro jangadeiro, que me encontrou.
dizia ele,não entender como poderia eunavegante de certa experiênciater quase morrido,na raseira daquele coral...
tão próximo àquela enseada.
também, como era possívelainda estar vivo, depois de tantos cortesde tanto sanguee de tantos dias...
disse-me ainda, que a mão segurava uma bela gargantilha
- pingentes, uma flor e um coração -
e a única coisa que lhe sussurreifoi seu nome:
- Juliana...
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107
fim~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Jangadeiro Do Coral
Posfácio
Até onde a essência da poesia pessoal funde-se à Poesia e ao “ser-estando” do poeta, que no gerúndio acontece? Que na metáfora aparece? Que na memória padece? Que na guerra do desejo não esmorece – não enquanto houver uma pequena labareda do primeiro fogaréu? Faz-se jangadeiro, sendo mineiro. A montanha conhecida pelo mar ignoto. Atravessa as barreiras do coral, vivo e em movimento. Mergulha a jangada feita de palavras.
Acompanho a trajetória desse poeta das Minas Gerais, os voos, as andanças, agora, o navegar. Feitura no coração, alma e cabeça, esse livro é esplêndido, das marolas às ondas gigantescas. Coragem pura.
Seus achados são sempre fruto da mente criativa, inquieta. Os nomes dos capítulos, o harpejo quando fala da maré, seus ciclos e acontecências amorosas em... (A)MAR(É). Nele, são as asas que cantam (... “o trinar das asas”...) porque elas fazem voar o coração onde tatalam, disparam, tateiam. O poema é todo missiva, mensagem (...”a carta, navegante de garrafa / baila perdida entre correntes”...). E a marola do gran finale, é feita de suas “palavras náufragas”.
O ritmo característico de sua estilística, vem do repentista que conheci ainda bem novo, não dos tradicionais, com versos metrificados, mas, inovador, em derrame de palavra viva, livres versos. Acompanhei seu crescer, para frente, para o alto, quando numa humildade inconteste, mandava-me seus versos recém paridos e eu só podia deslumbrar-me e aplaudir. Assim, vi ser construído seu primeiro livro (As Dores do Indaiá nas Memórias de Tapuia), quando cada tijolo-poema era enviado in box, pela Internet, para meu deleite de madrinha.
Hoje, o poeta Marco Llobus (os dois “LL”, imposição xamânica) é referência. Com respeito, velhos poetas e poetisas, tiram-lhe o chapéu. Os novos, então!
Se no poema cito anteriormente as palavras naufragavam no mar da amorosidade ,no subsequente (“Dois de Copas”), a palavra é escarlate e tem livres movimentos. Dança, permeia passos, roda-pião – enquanto um beijo “voa por entre constelações”. Beleza fluida de imagens renovadas.
Esse poema do ósculo avoador, mineiramente é concluído, “aonde tá ocê?”.
Llobus navega versos pescados por ele mesmo, sabe da possibilidade de encalhar, afundar, perde-se, entre tantas almas na febre amorosa, mas, contido, confidencia: “é que não há como resistir a este
“in” canto, e... que custe a minha vida inteira...”, e descobre então não haver culpa - mesmo que não queira proteger-se ou possa afogar-se.
Paixão navegável sem pudor de desnudar-se nem medo de singrar mares, apenas pelo esplendor de descobrir todos os corais. Mesmo se teve que “fingir calmaria” ao aportar – na esperança de reencontro.
Para não assustar a mulher-objeto dessa paixão – chega “com pés em pano”, para não assustá-la, nos zelos próprios de quem quer cuidar.
O confiteor dessa história de encantamento (“in” cantamento) é a jangada feita por ele mesmo, verbo ungido de palavras poéticas, e dá o tom e o ritmo de todo o livro. Uma “impaciência / rogando” pela beleza da flor eleita, sereia às vezes, que nem sempre vem, mas o porta vai.
Os elementos de suas bagagens aparecem, gaivotas e personagens, até Tritão - para acompanhar-lhe a navegação e ele segue, enquanto arde. Às vezes, vaga por dentro do olhar da amada, cujo cheiro ele próprio exala ( ...“e seu cheiro exalou-me.”), ou deixa que o seu próprio, impregne a pele dela, a ele. Erótico levíssimo.
E o sentido da vida transporta-o ao velar do sono da pessoa en/cantadora, a vida passando a ter aquela razão, o sentido. Todo ser humano tem de passar pelo processo de uma entrega plena traga ou não espinhos e mazelas, pois o alumbramento da experiência passional é sempre ponte para outros amores – se não for este mesmo impressor, pois fatos invisíveis ficarão marcados na pela da alma e nesse caso, nos dedos e na voz do poeta. Para amar, é preciso ter amado. De um tudo, a todos, e alguém particularmente.
À deriva, o poeta-dor sublima-se e então, das espumas e dos corais, nasce esse belo livro! Às vezes, com inSOLação, delira, sente-se num labirinto onde não encontra a saída. Pânico e falta-de-ar. Mas dos sonhos e dos pesadelos, todos acordam. E ouvem acordes d'anjos, que então, revelam a chave de todos os mistérios, a resposta a todas as propostas da Esfinge. Por isso, não será devorado - antes, fornece semeadura, nesse, alimento ao leitor mais - que impactuado. Se grato.
Alvissaras, Marco Llobus
Por Clevane Pessoa de Araújo LopesBelo Horizonte, 2013
Agradecimentos,
Pela constituição desta obra:
Clevane Pessoa, Jacqueline Aisenman, Marcos Fabrício, Neuza Ladeira e Priscila Borges.
Agradecimentos,
Por vivenciar essa história:
Andre Varogh, Cecilia Ribeiro, Gibran Muller, Grace Alves, Jaqueline Luana, Júlio Jaider, Marilene Rodrigues, Priscila Borges, Ricardo Evangelista, Sueli Silva, Thiago Araújo, Wilton Vinicius e Deus.
MAR ADENTRO
A poesia é das formas de literatura a
mais comovente. Nela, as linhas
dançam ao som dos sentimentos e
avançam fazendo aflorar em nós tudo
que há de profundo.
E o movimento das palavras tem o
ritmo do mar, que por si só é um dos
movimentos mais poéticos que na vida
se possa encontrar: o vai e vem das
ondas, mansas ou bravias, que beijam
ou açoitam areia e pedras. Movimento
que embala o poeta e com ele se
aventura em histórias a serem contadas.
O Jangadeiro do Coral é aquela viagem
poética onde tudo, ao ler, se vive.
Poesia pura ou pura poesia? As
palavras são poesia que se sente,
emoção destilada a cada página em
versos que penetram a alma e marcam o
coração com a delicadeza que só os
poetas têm:
preciso te ver
pelo menos mais uma vez
antes de adentrar
o mar
Com Marco Llobus entramos,
navegamos, seguimos sua trilha de
letras, penetrando cada canto da beleza
poética. Nos esgueiramos num mundo
novo, nos irmanamos aos personagens.
E depois, saciados, voltamos à terra
firme mais sensíveis. Porque a ternura e
a força de suas palavras não nos deixa
impunes. Somos também personagens
do seu mar, imenso mar de poesia, no
qual é impossível deixar de mergulhar.
Jacqueline Aisenman
JAN
GA
DE
IRO
DO
CO
RA
LM
arco Llobus
... Paixão navegável sem pudor de desnudar-se nem medo de singrar mares, apenas pelo esplendor de descobrir todos os corais. Mesmo se teve que “fingir calmaria” ao aportar – na esperança de reencontro.
Para não assustar a mulher-objeto dessa paixão – chega “com pés em pano”, para não assustá-la, nos zelos próprios de quem quer cuidar.
O confiteor dessa história de encantamento (“in” cantamento) é a jangada feita por ele mesmo, verbo ungido de palavras poéticas, e dá o tom e o ritmo de todo o livro. Uma “impaciência / rogando” pela beleza da flor eleita, sereia às vezes, que nem sempre vem, mas o porta vai.
Os elementos de suas bagagens aparecem, gaivotas e personagens, até Tritão - para acompanhar-lhe a navegação e ele segue, enquanto arde. Às vezes, vaga por dentro do olhar da amada, cujo cheiro ele próprio exala ( ...“e seu cheiro exalou-me.”), ou deixa que o seu próprio, impregne a pele dela, a ele. Erótico levíssimo.
E o sentido da vida transporta-o ao velar do sono da pessoa en/cantadora, a vida passando a ter aquela razão, o sentido. Todo ser humano tem de passar pelo processo de uma entrega plena traga ou não espinhos e mazelas, pois o alumbramento da experiência passional é sempre ponte para outros amores – se não for este mesmo impressor, pois fatos invisíveis ficarão marcados na pela da alma e nesse caso, nos dedos e na voz do poeta. Para amar, é preciso ter amado. De u m t u d o , a t o d o s , e a l g u é m particularmente. ...
Clevane Pessoa de Araújo Lopes
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