IX Semana de Letras da UFC Letras e Perspectivas: Ensino, Pesquisa e Extensão

A VOZ DO VIAJANTE EM SE UM VIAJANTE NUMA NOITE DE INVERNO

Autor Principal:Jessica Souza Ferreira¹Co-autores:Geórgia Gardênia Brito Cavalcante¹Glaísa Cardoso Rocha¹Orientador:Profa. Dra. Odalice de Castro Silva

Jessica Souza Ferreira, Geórgia Gardênia Brito Cavalcante e Glaisa Cardoso Rocha são alunas do Curso de Letras da Universidade Federaldo Ceará e participam do Grupo de Estudos Espaços de Leitura: Cânones e Bibliotecas e orientado pela Profa. Dra. Odalice de Castro Silva.

Introdução

• A História da Literatura durante o século XXproporcionou aos leitores descobertas muitopeculiares no gênero romance. Deste modo,Italo Calvino destaca-se em sua obra Se umviajante numa noite de inverno ao apresentaro narrador seduzindo o leitor a ler cada vezmais, e melhor, a identificar elementos nasnarrativas diversas, o modo de escrever.

Objetivos

Fazer conhecer a obra;

Demonstrar a construção metalingüística naobra Se um viajante numa noite de inverno, deItalo Calvino.

Metodologia

• A metodologia utilizada é a investigaçãoliterária através de Samira Chalhub em Ametalinguagem, Walter Benjamin, em A obrade arte na era da sua reprodutividade e HansRobert Iauss, com A história da literaturacomo provocação à teoria literária, parafundamentar nossa proposição.

ResultadosCalvino em sua obra, Se um viajante numa

noite de inverno (1979), toma propósitos derenovar a arte literária por meio de sua narrativaque reflete, ensina, questiona e joga com leitor.Assim, a importância do estudo de WalterBenjamin (após Revolução Industrial) apresentaa obra de arte como dotada de legítimo desígniode ser questionada, não somente como meracontemplação, e constituída de proximidade aoseu leitor com uma identidade.

Seguindo esse desígnio temos a importantepresença de Hans Robert Iauss completando essaperspectiva de pensamento com a primeira teseproposta que diz:

“A obra literária não é um objeto que exista por si só,oferecendo a cada observador em cada época um mesmoaspecto. Não se trata de um monumento a revelarmonologicamente seu Ser atemporal. Ela é, antes, como umapartitura voltada para a ressonância sempre renovada daleitura, libertando o texto das matérias das palavras econferindo-lhe existencial atual.” (A história da literatura como provocação à teorialiterária, p.25)

“A história da literatura é um processo de recepção e produçãoestética que se realiza na atualização dos textos literários porparte do leitor que os recebe, do escritor, que se faznovamente produtor, e do crítico, que sobre eles reflete.” (Ahistória da literatura como provocação à teoria literária, p.25)

Desta forma, Se um viajante numa noite deinverno apresenta caracteristicamente ametalinguagem conotativa, destacada porSamira Chalhub como: “no âmbito do objetoartístico, opera também para chegar a umprocesso de definição”.(p.41)

Ou seja,

“O que a metalinguagem indica é a perda daaura, uma vez que dessacraliza o mito dacriação, colocando a nu o processo deprodução da obra”. (p.42)

Assim, em trechos como os seguintes constatamos oque vem sendo explicitado:

“Você vai começar a ler o novo romance de Italo Calvino, Seum viajante numa noite de inverno. Relaxe. Concentre-se.Afaste todos os outros pensamentos. Deixe que o mundo asua volta se dissolva no indefinido. É melhor fechar a porta:do outro lado há sempre um televisor ligado.” (p.11)

“No quarto, tranqüilo, você abre o livro na primeira página –não, na última, antes você quer saber a extensão dele. Não,por sorte não é muito longo. Hoje em dia, escrever romanceslongos é um contra-senso: a dimensão do tempo foiestilhaçada, não conseguimos viver nem pensar senão emfragmentos de tempo que se afastam, seguindo cada qual suaprópria trajetória e logo desapararem. A continuidade dotempo só pode ser reencontrada nos romances da época emque o tempo, conquanto não parece imóvel, ainda não seestilhaçava. Um período de cerca de cem anos.” (p.16)

“Fique atento: essa certamente é uma estratégiapara envolvê-lo pouco a pouco no enredo, paracapturá-lo sem que você perceba – uma cilada. Outalvez o autor ainda esteja indeciso, como de restovocê, leitor, ainda não está seguro do que lhe dariamais prazer na leitura (...)”. (p.20)

“Aqui, o romance transcreve fragmentos deconversa que parecem servir apenas pararepresentar a vida cotidiana de uma cidade deprovíncia.” (p.25)

“As páginas que estou escrevendo deveriamtambém elas evocar a fria luminosidade de umagaleria de espelhos onde um número limitado defiguras se refrata, reverte-se, multiplica-se.” (p.167)

Conclusão

Por fim, citando Samira Chalhub podemosapreender que o romance Se um viajantenuma noite de inverno: “constrói-secontemplando ativamente a sua construção”.Assim, a obra revela sua atitude moderna einovadora através da metalinguagem, “efeito econseqüência das transformações operadaspela Revolução Industrial”.