IVAN GRILO . EU QUERO VER - casatriangulo.com · Estudo para Censura, 2015 / print on cotton paper,...

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IVAN GRILO . EU QUERO VER

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IVAN GRILO . EU QUERO VER

vista da exposição / primeiro andarexhibition view / first floor

vista da exposição / primeiro andarexhibition view / first floor

vista da exposição / primeiro andarexhibition view / first floor

vista da exposição / segundo andarexhibition view / second floor

Espelho d’água da Casa de Vidro [ou Cachoeira para Xangô], 2015 / gravação em acrílicos, impressão em papel algodão / 110 x 74 cmEspelho d’água da Casa de Vidro [ou Cachoeira para Xangô], 2015 / engraving on plexiglass, print on cotton paper / 110 x 74 cm

Estudo para Censura, 2015 / impressão em papel algodão, interferência sobre vidro / 100 x 70 cmEstudo para Censura, 2015 / print on cotton paper, etched glass / 100 x 70 cm

A arte dos pobres assusta os generais, 2015 / placa em bronze / 30 x 45 cmA arte dos pobres assusta os generais, 2015 / bronze plate / 30 x 45 cm

Onde estão os homens? (depois de Rugendas), 2015 / impressão em papel algodão / 65 x 40 cmOnde estão os homens? (depois de Rugendas), 2015 / print on cotton paper / 65 x 40 cm

Estudo para Movimentos Circulares #4, 2015 impressão em papel algodão, gravação em acrílico, madeira30 x 40 cm Estudo para Movimentos Circulares #4, 2015 print on cotton paper, engraving on plexiglass, wood30 x 40 cm

Estudo para Movimentos Circulares #1impressão em papel algodão, gravação em acrílico, madeira100 x 100 cmEstudo para Movimentos Circulares #1print on cotton paper, engraving on plexiglass, wood100 x 100 cm

Estudo para Movimentos Circulares #5, 2015 / impressão em papel algodão, gravação em acrílico, madeira / 70 x 50 cmEstudo para Movimentos Circulares #5, 2015 / print on cotton paper, engraving on plexiglass, wood / 70 x 50 cm

Estudo para Movimentos Circulares #2, 2015escada em ferrodimensões variáveisEstudo para Movimentos Circulares #2, 2015iron stairwayvariable dimensions

Segundo estudo para rodapé, 2015 / placa em bronze / 130 x 7 cmSegundo estudo para rodapé, 2015 / bronze plate / 130 x 7 cm

Avant-garde na Bahia, 2015 / recorte em livro, acrílico, madeira, suporte em alumínio / 35 x 28 x 5 cmAvant-garde na Bahia, 2015 / cut-out book, plexiglass, wood, aluminium support / 35 x 28 x 5 cm

Os Heróis da Liberdade #2 – Zumbi dos Palmares, 2015 / fotolitos e alfinetes / 100 x 70 cmOs Heróis da Liberdade #2 – Zumbi dos Palmares, 2015 / photolytic and pins / 100 x 70 cm

Estudo para Movimentos Circulares #3, 2015impressão em papel algodão, gravação em acrílico, madeira115 x 80 cmEstudo para Movimentos Circulares #3, 2015print on cotton paper, engraving on plexiglass, wood115 x 80 cm

Girar girar girar é a sensação de quem desce correndo a monumental escada de Lina Bo Bardi do Solar do Unhão, em Salvador. Edifício construído no século XVI e hoje sede do Museu de Arte Moderna da Bahia. No grande salão vazio reina esta “escultura” de subir e descer feita em madeira e construída apenas no encaixe de uma peça a outra, como na técnica de construção antiquíssima dos velhos carros de bois.

Obra prima da arquitetura que não se resume a uma escada de deslocamento vertical, portanto. A escada é experiência única que deixa atordoado quem experimenta sua subida ou descida. Mas não é uma escada qualquer, de fato. É uma entidade espiritual em simbiose com a história do lugar. Uma escada “carregada”, portanto.

A arquiteta girou a Bahia enquanto ali viveu. Foi para o espaço e girou e girou e criou o que parecia ser uma escada que tem algo de indefinido para quem a observa reinando no meio do espaço. Bem no centro do Solar do Unhão. Posição simbólica como o centro do mundo espira-lado, que gira gira gira. Uma escada em transe. Como uma dança onde se rodopia e se encontra na força da espiral ascendente ou descendente que movimenta na natureza com sua força gra-vitacional. Nos levando para cima ou para baixo.

A exposição Eu Quero Ver, de Ivan Grilo, nasce de duas pesquisas que caminharam paralelas durante os últimos anos; dando sequência à pesquisa iniciada no ano passado, quando o artista esteve na Bahia, motivado por um projeto idealizado de Mario de Andrade, de 1937, a Missão Folclórica organizada pelo Departamento de Cultura da Cidade de São Paulo. Na outra pesquisa, Ivan Grilo retoma os estudos sobre a obra da arquiteta italiana Lina Bo Bardi, que iniciou quando da sua participação na I FotoBienal do Museu de Arte de São Paulo, de 2013. Para essa exposição, Grilo se baseia em conhecimentos ancestrais africanos transmitidos através das gerações pela oralidade, captados principalmente durante sua visita a Salvador e ao Recôn-cavo Baiano; da mesma forma como utilizou o conhecimento acadêmico ocidental, pesquisando

IVAN GRILOEU QUERO VER

em acervos como do Instituto Bardi (Casa de Vidro) e do Museu de Arte de São Paulo, focando principalmente no período em que Lina viveu na região nordeste do país.

Acrescentaria ainda neste “melaço”, a história do que não se pôde ver na exposição Civilização do Nordeste, que foi censurada em 1965. Pronta, a mostra apresentada em 1963 no Solar do Unhão, seria aberta na Galeria de Arte Moderna de Roma dois anos mais tarde. Na ocasião foi considerada, com o uso dessa palavra “miserável” pelo embaixador à época. Uma mostra que tratava da cultura popular e do artesanato do povo brasileiro. Não se viu. “Civilização”, como escreveu Lina sobre esta mostra que organizou, “é o aspecto prático da cultura, é a vida dos homens em todos os seus instantes.” 1

Grilo trabalha com os arquivos fotográficos. Usa a fotografia descompromissada de ser do-cumental. Ele a liberta do objetivo de documentar mas, ainda sim, não deixa de criar um novo documento ao construir novas realidades com suas veladuras sobre as imagens quando deixa ver e não ver. Age no tempo, interrompendo a história da imagem e das coisas, de maneira que permite um recomeço, uma segunda trajetória.

O título da exposição tem certo embasamento no jogo de camadas/visibilidades persistente nos seus trabalhos, mas também tem inspiração na canção de 1974 do Jorge Ben, que diz “Eu quero ver quando Zumbi chegar, o que vai acontecer”. Dessa forma, a exposição também faz referência [e reverência] a ícones da história brasileira como Zumbi dos Palmares e Antônio Conselheiro. Ver sempre. Mais ainda aquelas exposições com a arte dos pobres e seus heróis, que tanto as-susta os generais.

Ricardo ResendeCurador

Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, Rio de Janeiro

1 Lina por Escrito: Textos escolhidos de Lina Bo Bardi / Organizado por Silvana Rubino e Marina Grimover; introdução Silvana Rubino. São Paulo: Cosac Naify, 2009, p. 116.

Turning, spinning, twirling – that’s the feeling one gets while running down the monumental stair-case designed by Lina Bo Bardi at the Solar do Unhão, in Salvador. Built in the 16th century, today the building is home to the Museu de Arte Moderna da Bahia. In the middle of a large empty room, this “sculpture” that visitors go up and down is held together entirely by mortise and tenon joints among the various wooden pieces, using an age-old construction technique formerly used in ox carts.

It is, therefore, an architectural masterpiece that is much more than a mere staircase joining two floors of the museum. The staircase provides a unique experience that amazes the visitors. It is, in fact, a spiritual entity that bears a symbiotic relation with the history of that place. As such, it is an intensely “charged” staircase.

The architect made Bahia whirl when she lived there. She went to that place and spun and twirled and created what looks like a staircase that has something undefined for whoever looks at it ruling the center of that space. Right at the center of the Solar do Unhão. A symbolic position like the spiraled center of the world, which turns, spins and twirls. A staircase in trance. Like a dance where one spins about and finds oneself in the power of the ascending or descending spiral that moves in the midst of the surrounding nature, with its gravitational force. Taking us up and down.

The exhibition Eu Quero Ver [I Want to See], by Ivan Grilo, springs from two researches carried out in parallel in recent years. One is an investigation begun last year, when the artist was in Bahia, motivated by a project conceived by Mario de Andrade, in 1937 – the Missão Folclórica [Folklore Mission] organized by the São Paulo City Department of Culture. In the other investigation, Ivan Grilo resumes his studies into the work of Italian architect Lina Bo Bardi, which he began on the occasion of his participation at the I FotoBienal of the Museu de Arte de São Paulo, in 2013.

For this exhibition, Grilo bases his work on ancestral African knowledge transmitted orally down through the generations, captured mainly during his visit to Salvador and the Recôncavo Baiano

IVAN GRILOI WANT TO SEE

region, while also resorting to Western academic knowledge, researching in archives such as that of the Instituto Bardi (Casa de Vidro) and of the Museu de Arte de São Paulo, focusing primarily on the period during which Lina lived in the nation’s Northeast.

This “pudding” also includes a history of what could not be seen at the exhibition Civilização do Nordeste [Civilization of the Northeast], whose second edition was censored in 1965. Therefore, its initial edition in 1963 at the Solar do Unhão, was followed by the opening of its second edition in Italy, at the Galleria d’Arte Moderna di Roma two years later. On that occasion it was deemed “miserable” by the ambassador at that time. A show featuring Brazilian popular culture and handi-craft – the novelty was just too much for that time. “Civilization,” as Lina wrote about that show she organized, “is the practical aspect of culture, it is the life of the people at all of their instants”. 1

Grilo works with photographic archives. He uses photography without any commitment to be documental. He frees it from the aim of documenting, yet nevertheless creates a new document, constructing new realities by painting over the images as he allows things to be seen, and not seen. He operates in time, interrupting the history of the image and of things, in a way that allows for a re-beginning, a second course.

The title of the exhibition is based in a certain way on the game of layers/visibilities that persist in his works, but is also inspired by the 1974 song by Jorge Ben, which states, “Eu quero ver quando Zumbi chegar, o que vai acontecer” [I want to see when Zumbi arrives, what is going to happen]. The exhibition therefore also refers to [and reveres] icons of Brazilian history like Zumbi dos Pal-mares and Antônio Conselheiro. To always see. Even more, to see those exhibitions with the art of the common folk and their heroes, which so terribly frighten the generals.

Ricardo ResendeCurator

Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, Rio de Janeiro

1 Lina por Escrito: Textos escolhidos de Lina Bo Bardi. Silvana Rubino and Marina Grimover (eds.), introduction by Silvana Rubino. São Paulo: Cosac Naify, 2009, p. 116.

EDUCAÇÃO [EDUCATION]2004 - 2007Bacharelado e Licenciatura em Artes Visuais, PUC-Campinas, Campinas, Brasil

EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS [SOLO EXHIBITIONS]2015Eu Quero Ver, Casa Triângulo, São Paulo, Brasil2014Quando cai o céu, Centro Cultural São Paulo – CCSP, São Paulo, Brasil2013Estudo para medir forças, Projeto Cofre – Casa França Brasil, Rio de Janeiro, Brasil Sentimo-nos Cegos, Galeria Luciana Caravello, Rio de Janeiro, Brasil QuaseAcervo, Museu da República – Palácio do Catete, Rio de Janeiro, BrasilNem todo fato é narrável, Zipper Galeria, São Paulo, Brasil2012Isso é tudo de que preciso me lembrar, SESC Campinas, Brasil2011Ninguém, Paço das Artes, São Paulo, BrasilPerder o amor, Galeria Vertente, Campinas, BrasilSujeito Oculto, Galeria Homero Massena, Vitória, BrasilA pausa do retrato, Usina do Gasômetro Galeria Lunara, Porto Alegre, Brasil2009Irreversível, Centro Cultural Adamastor, Guarulhos, Brasil

EXPOSIÇÕES COLETIVAS [GROUP EXHIBITIONS]2014I Bienal do Barro, Espaço Cultural Tancredo Neves, Caruaru, BrasilPororoca, a Amazônia no Mar, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, BrasilNovas Aquisições 2013 2014 - Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM, Rio de Janeiro, Brasil Vertigo, SIM Galeria, Curitiba, BrasilPrimeiro estudo: sobre amor, Galeria Luciana Caravello, Rio de Janeiro, Brasil2013Bienal Internacional de Fotografia – FotoBienalMasp, MASP, São Paulo, Brasil20122nd Ural Biennial of Contemporary Art, Ural Federal University, Yekaterinburg, Rússia.Novas Aquisições 2010 2012 – Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM, Rio de Janeiro, Brasil

11a Bienal do Recôncavo, Centro Cultural Dannemann, São Félix, Bahia, BrasilSituações Brasília - Prêmio de Arte Contemporânea do Distrito Federal, Museu Nacional, Brasília, Brasil63o Salão de Abril, Galeria Antônio Bandeira, Fortaleza, Brasil2011Arte Pará, Museu Histórico do Estado do Pará, Belém, Brasil16a Bienal de Cerveira, Vila Nova de Cerveira, PortugalNovíssimos, Galeria IBEU, Rio de Janeiro, Brasil14a Semana de Fotografia – MARP, Museu de Arte de Ribeirão Preto, SP201035o SARP – Salão de Arte de Ribeirão Preto, MARP – Museu de Arte de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, Brasil200814o Salão Unama de Pequenos Formatos, Galeria Graça Landeira UNAMA, Belém, Brasil7o Salão Nacional de Arte de Jataí, Museu de Arte Contemporânea, Jataí, Brasil8o Salão de Artes Visuais de Guarulhos, Centro Cultural Adamastor, Guarulhos, Brasil200739o Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba, Pinacoteca Municipal, Piracicaba, Brasil Festival de Vídeo Acadêmico Lisboa, Universidade Autónoma de Lisboa, Lisboa, Portugal

PRÊMIOS [AWARDS]2014Indicado – PIPA 2014 - Prêmio Investidor Profissional de Arte2013Edital PROAC Artes Visuais – Governo do Estado de São Paulo2012Prêmio Funarte Marc Ferrez de FotografiaIndicado – PIPA 2012 - Prêmio Investidor Profissional de Arte2008Prêmio Aquisição – 14o Salão Unama de Pequenos Formatos, Belém/PA Premiação do Júri – 8o Salão de Artes Visuais de Guarulhos/SPResidencias [residences]2012/2013Transitante: entre álbuns e arquivos (Triangle Network), Arquivo Municipal Fotográfico de Lisboa, Lisboa, Portugal

IVAN GRILO NASCEU EM [BORN IN] ITATIBA, BRASIL, 1986 VIVE E TRABALHA EM [LIVES AND WORKS IN] ITATIBA, BRASIL

COLEÇÕES PÚBLICAS [PUBLIC COLLECTIONS]MAM SP – Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil MASP - Museu de Arte de São Paulo, São Paulo, BrasilMAR – Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil MAM RJ – Coleção Gilberto Chateaubriand, Rio de Janeiro, Brasil Fundação Bienal de Cerveira, PortugalGaleria Graça Landeira UNAMA, Belém, Brasil Galeria Homero Massena, Vitória, Brasil