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Rio de Janeiro, julho de 2007 Ano XIV – Nº 109 ISSN 1676-3220 R$ 7,90 A MAIOR MÍDIA DA COMUNIDADE ÍTALO-BRASILEIRA Gabrielli: legado toscano no comando da Petrobras www.comunitaitaliana.com Itália no Pan? Referência na organização de eventos esportivos, o país oferece tecnologia de ponta em detalhes que fazem a diferença

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Rio de Janeiro, julho de 2007 Ano XIV – Nº 109

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Gabrielli: legado toscano no comando da Petrobras

www.comunitaitaliana.com

Itália no Pan?

Referência na organização de eventos esportivos, o país oferece tecnologia de

ponta em detalhes que fazem a diferença

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EditorialNamoro promissor ........................................................................08

Cose NostreEmpresários repudiam ação do embaixador Michele Valensise e enviam manifesto ao governo italiano ..............09

ArticoloL’italiano cerca un leader politico ...................................................13

PoliticaDocumento di partnership strategica tra Brasile e UE favorisce negoziati in aree come energia e conservazione dell’ambiente .........16

EconomiaFenit a San Paolo si è svolta con la predominanza di stand cinesi in mezzo a rappresentazioni straniere .........................26

SaúdeA síndrome da classe econômica afeta a circulação sanguínea de quem faz longas viagens de avião ....................................30

AttualitàUna sottoscrizione è creata dai discendenti di italiani per dare un basta alle lunghe file per la acquisizione della cittadinanza italiana ............34

Coluna MilãoGianni Versace é lembrado na capital lombarda e será nome de rua milanesa ..........................................51

52 54Atualidade O tempo não páraNo ano de seu centenário, Oscar Niemeyer comemora execução de projeto em Ravello

Tecnologia Passado à tonaPesquisadores criam programa de simulação que permite a visualização da Roma Antiga

Storia L´Eroe dei Due MondiItalia e Brasile commemorano il bicentenario della nascita di Giuseppe Garibaldi

Turismo Vale do CaféFazendas centenárias de oriundi, no Rio, promovem viagem de volta ao período cafeeiro

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CAPA PAN 2007Italianos e descendentes marcam presença desde os preparativos para o evento até a prática dos esportes

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entretenimento com cultura e informaçãoeditorial

FUNDADA EM MARÇO DE 1994

Julio Vanni

COSE NOSTRE

Apresentado em Turim, no último dia 4, a nova versão do Fiat 500, um resgate nostálgico do design do modelo cinqüen-

tenário, aliado à tecnologia de ponta. Houve realização de festas por toda a Itália, mas o principal pólo de comemorações foi Tu-rim, onde o presidente da Fiat, Luca Cordero di Montezemolo, e o primeiro-ministro Romano Prodi, promoveram o lançamento ofi-cial, na pista de Lingotto. O velho 500 nunca deixou de fazer parte do imaginário das famílias italianas. A fábrica Tychy, na Polônia, vai produzi 120 mil unidades por ano. Já há 25 mil encomendas antecipadas do novo Fiat 500. O preço deve ficar entre € 10 mil e 11 mil, na versão básica do Cinquecento.

Esse namoro entre a Petrobras e a Eni – assim definido o relacionamento por José Gabrielli, presidente da empre-

sa brasileira de combustíveis – tem futuro promissor. Essa união pode promover um sal-to revolucionário de tecnologia no setor energético – tão afinada está no que se refere à emergência de uma solução menos desastrosa para o meio ambiente diante da demanda inevitável do mundo por combustível. Figura como bom presságio o fato de estar no co-mando das negociações, pelo lado brasileiro, um oriundo. O espírito empreendedor e au-daz do presidente Gabrielli resulta, segundo o próprio, do legado toscano em seu sangue tão “brasileiramente” miscigenado.

Sem dúvida, a aliança reflete o interesse mútuo no estabelecimento de uma política capaz da viabilização econômica de garantias para a sobrevida do planeta – por meio da produção de energia renovável e a conseqüente redução da emissão de gases poluentes. Essa preocupação inspirou, justamente, a realização em julho, no Rio de Janeiro, de um importante seminário sobre o tema, em meio a um encontro de todas as Câmaras de Co-mércio Italianas das Américas do Sul e Central.

Eis assim, tão evidente, apenas um – embora um dos mais relevantes – entre tantos in-dícios concretos do nível progressivo da cumplicidade na relação Brasil-Itália. Mas o calor desse namoro se expande para muito além do campo dos infla-máveis. E mais velozmente se aquece o relacionamento com a elevação do status brasileiro ao nível de parceiro estratégico da União Européia, antes de tudo o reconhecimento do potencial econômico do país em franco desenvolvimento. Os líderes euro-peus decidiram, enfim, tratar o Brasil de forma diferenciada.

Claro que foram determinantes a estabilidade da econo-mia brasileira e o volume de trocas comerciais entre o país e o bloco mais ao Norte. Só no ano passado, esse intercâmbio comercial chegou a gerar quase € 43,9 bilhões. E a tendência, desde 2003, é de gradativa evolução dessa cifra, assim como do valor de recursos investidos no Brasil pelos países da UE, algo estimado em € 80 bilhões para 2007.

Reconhecida a legitimidade dos esforços mútuos de natu-reza meramente capitalista, há outra vocação nessa parceria es-tratégica de ordem muito mais urgente. Por exemplo, a inclusão do Brasil nas discussões para a definição de estratégias e de ações de combate à fome e à miséria em escala mundial, assim como para o planejamento de uma política de segurança pública internacional, de preven-ção e combate à violência e à corrupção decorrentes da atuação das máfias multinacionais, das quadrilhas do crime organizado, especialmente no que se refere ao tráfico de drogas. Tais questões aparecem, no momento, apenas em segundo plano, entre tantos pontos do docu-mento assinado, recentemente, pelos presidentes brasileiro e da Comissão Européia.

Se faz óbvia, no entanto, a consciência de que se trata de um relacionamento com-plexo, por desigual, no que se refere ao perfil sócio-econômico de cada parte. No caso do namoro Brasil-Itália, ainda há que se promover o pragmatismo na solução de problemas básicos, como o das centenas de milhares de descendentes de imigrantes na fila dos con-sulados italianos, em espera interminável pela conclusão de processos envolvendo pedi-dos de cidadania. Também os empresários oriundi vêm pedindo mais apoio da Embaixada da Itália no seu esforço de empreendedorismo no país.

Queixas à parte, a hora é de comemoração. Trinta milhões de ítalo-brasileiros inte-gram a torcida pela vitória dos competidores nacionais nos Jogos Pan-americanos 2007, muitos deles com sobrenome de imigrantes. Não bastasse o clima de euforia coletiva, o evento esportivo não deixou a dever em qualidade a qualquer outro, de nível internacio-nal, tanto em organização, como em estrutura. E, para esse sucesso, o PAN contou com a participação de empresas com sede na Itália, uma referência internacional nessa área. A atleta em pirueta na foto da capa desta edição, por sinal, a brasileira Juliana Veloso, só sentiu segurança para competir depois que a italiana Mondo providenciou um piso anti-derrapante para a plataforma e o trampolim destinados aos saltos ornamentais. Vale voltar a dizer: esse namoro tem futuro! Boa leitura!

DIRETOR-PREsIDENTE / EDITOR:Pietro Domenico Petraglia

(RJ23820JP)

DIRETOR: Julio Cezar Vanni

VICE-DIRETOR EXECUTIVO: Adroaldo Garani

PUbLICAÇãO MENsAL E PRODUÇãO:Editora Comunità Ltda.

TIRAGEM: 30.000 exemplares

EsTA EDIÇãO FOI CONCLUíDA EM:20/07/2007 às 12:30h

DIsTRIbUIÇãO: brasil e Itália

REDAÇãO E ADMINIsTRAÇãO:Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói,

Centro, RJ CEP: 24030-050Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2719-1468

E-MAIL: [email protected]

EDITORA ADJUNTA: Paula Máiran

sUbEDIÇãO: Rosangela [email protected]

REDAÇãO: Aline buaes; Ana Paula Torres; bruna Cenço; Fábio Lino; Guilherme Aquino; Nayra Garofle; Rosangela

Comunale; sílvia souza

REVIsãO / TRADUÇãO: Cristiana Cocco

PROJETO GRáFICO E DIAGRAMAÇãO:Alberto Carvalho

CAPA: Andréa Moraes/ Marcos AlexandreAgência O Globo

COLAbORADOREs: braz Maiolino; Pietro Polizzo; Venceslao soligo; Marco Lucchesi; Domenico De Masi; Franco Urani; Fernanda Maranesi; Giuseppe Fusco; beatriz Rassele; Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de

Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta

CORREsPONDENTEs: Guilherme Aquino (Milão); Ana Paula Torres (Roma);

Fábio Lino (brasília)

PUbLICIDADE:Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-0181

[email protected]

REPREsENTANTEs: Rio de Janeiro - João Ricardo Matta

Tel: (21) [email protected]

brasília - Cláudia TherezaC3 Comunicação & Marketing

Tel: (61) 3347-5981 / (61) [email protected]

ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos

e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo

assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista.

La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori e sprimono, nella massima libertà, personali

opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione.

IssN 1676-3220

Filiato all’Associazione

stampa Italiana in brasile

Pietro Petraglia Editor

Que beleza!O Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, e o Coliseu, em Roma

estão entre as sete Maravilhas do Mundo Moderno. Dentre os vencedores, cidadãos do mundo inteiro também escolheram a muralha da China, o Taj Mahal na índia, a cidade de Petra, na Jordânia, as ruínas incas de Machu Picchu, no Peru, e a antiga cidade maia de Chichen-Itza, no México.

Diva aos 80Eterna cigana Esmeralda, ao

lado do galã Anthony Quinn, na versão hollywoodiana de O corcunda de Notre Dame de 1956, Gina Lollobrigida completou 80 anos, no dia 4 de julho. Após longa carreira de sucesso como atriz, a diva do cinema se dedica há tempos à fotografia e à escul-tura, mas pensa em escrever uma autobiografia. Ela nasceu em su-biano, perto de Roma e é gradua-da em belas Artes. Em 1947, ga-nhou o terceiro lugar no concurso Miss Itália.

Clooney se alia a italianosO ator norte-americano Geor-

ge Clooney, dono de uma ca-sa em Laglio, às margens do lago Como, assinou petição que tem por objetivo bloquear futuros em-preendimentos na cidade. O astro se aliou a vizinhos para protestar contra planos de construção de estacionamentos e de uma ponte flutuante. Esta, por sinal, passa-ria perto da casa de Clooney. As obras atenderiam ao projeto do prefeito local de tornar a cidade mais acessível a turistas.

ManifestoO ito empresários de brasília encaminharam uma carta ao Mi-

nistro das Relações Exteriores da Itália, Massimo D’Alema, reclamando da ação do embaixador Michele Valensise. Encabeça-do pelo empresário Antonello Monardo, eles acusam o embaixador de atrapalhar os negócios, de não promover a integração e fazer perseguição. Entretanto, a embaixada afirma que recebeu dezenas de e-mails em solidariedade a Michele Valensise.

Niccolo AmmanitiO escritor Niccolò Ammaniti sagrou-se vencedor da 61ª

edição do Prêmio strega - principal reconhecimento, na Itália, de talentos no campo da literatura. O novo romance de Ammaniti, Come Dio comanda, garantiu 144 do total de 356 votos concedidos pelo júri. O autor conquistou projeção inter-nacional após o lançamento de Não tenho medo (“Io non ho Paura”), em 2001.

Eni dispensa paletóEm nome do combate ao

aquecimento global, os funcionários da prin-cipal companhia do setor energético da Itália, a Eni, não trabalham mais vesti-dos com paletó e gravata. A justificativa, segundo a empresa, é a grande quan-tidade de energia elétrica desperdiçada com o uso do sistema de ar condicionado. Nos escritórios de Milão, a Eni estima economizar nos meses de verão 217 mil Kw, o equivalente a uma redu-ção de 9% no consumo ha-bitual de energia pela em-presa.

Só para mulheresRiccione, no norte da

Itália, abriu uma praia exclusiva para mulheres. Homens estão proibidos de freqüentar o lugar conheci-do como praia “cor-de-rosa”. Toda a infra-estrutura foi concebida de modo a pro-mover o bem-estar e o con-forto do sexo feminino. No bar e no restaurante, nutri-cionistas elaboram cardá-pios e coquetéis que não prejudicam as dietas. E há cursos de cozinha e aulas de ginástica, além de serviços de cabeleireiros, esteticis-tas, manicures e maquiado-res à disposição.

Em nome do sacrifícioTalvez poucos saibam mas, desde 2003, no dia 8 de agos-

to, é lembrado o sacrifício do trabalho italiano no mun-do. A data foi instituída pelo governo italiano. Justa ho-menagem aos milhões de italianos que, até por motivos de sobrevivência, deixaram a terra natal em condições desastro-sas para uma viagem sem retorno pautada pela esperança de uma vida melhor.

Triciclo híbridoRoberto Colannino, presidente da Piaggio, vem desenvolvendo um

projeto inovador de um triciclo com motor híbrido a ser fabricado no brasil. A idéia é “melhorar o problema do trânsito urbano das cida-des, que sofrem com a poluição e a falta de espaço”. O produto é desen-volvido em colaboração com a Universidade de Pisa.

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As formAs frágeis – técnicAs mistAs: a exposição apresenta uma sele-ção de obras, sobre papel, que ilustram pesquisa de Melchiorre Napolitano sobre o panorama da abstração, sem as inquietações do experimentalismo. Até 10 de agosto. Local: Instituto Italiano de Cultura de são Paulo (IIC-sP) - Rua Frei Caneca, 1071, na ca-pital. De segunda a sexta-feira, das 10h às 20h. Informações: (11) 3285-6933.iX encontro de cAntoriA itAliAnA e i encontro de coros: com jantar,

baile e apresentações, o even-to é organizado pelo Grupo de Cantoria Italiana stella D´Italia, com apoio da Prefeitura Muni-cipal de Garibaldi, da secreta-ria de Turismo e da Câmara Mu-nicipal de Vereadores da cidade gaúcha. Data: 18/08/2007. Lo-cal: salão santo Antônio, bair-ro Champanhe, em Garibaldi, Rio Grande do sul. Informações: (54) 3462-1799.Vozes de mulheres: peça teatral com a atriz Marilena bibas, a percursionista Cacá Martinelli,

a violinista Frida Maurine e di-reção de Ivan Tanteri. O texto reúne trechos de depoimentos, cartas de mulheres e fragmen-tos de textos de autores brasi-leiros e estrangeiros, narrando os sentimentos das mães que vêem os seus filhos tragados pela loucura dos conflitos polí-ticos e sociais. Até 8 de agosto. Local: Teatro do Leblon - sala Tônia Carrero - Rua Conde ber-nadote, 26. Terças e quintas-feiras às 21h. Informações: (21) 2274-3536.

Vencedores – eXposição de Artes plásticAs: enquanto acontece o PAN 2007, os escultores Deise Mazziotti e saramago, e os pin-tores badia, baruzzi, bernardii, Camões, Marina Costa, shyrley Cabral e Thereza Toscano apre-sentam suas obras em homena-gem aos esportes. Até o dia 30 de julho. Local: Hotel InterCon-tinental, são Conrado, Rio de Ja-neiro. Avenida Prefeito Mendes de Morais, 22. Das 10h às 22h. Informações www.mundointerior.com.br ou (21) 3322-4376.

na estante

agenda cultural

opinião serviço

frases

“Fino a quando gli italiani non si renderanno conto della forza della terza cultura che si è creata nei nostri paesi,

non ci vedranno mai come un patrimonio da consolidare, ma sempre

come un problema”,

Marisa Bafile, deputada italo-venezuelana, impegnata nella

conscientizzazione degli italiani sul potere della cultura creata

dai cittadini residenti all’estero nei paesi in cui risiedono.

Em abril levei minha mãe à Itália porque era o sonho dela co-nhecer o Vaticano. Aproveitamos e viajamos por vários lugares

e um deles foi Veneza. Iniciamos nosso passeio com “vaporetto”, que percorre os canais para chegar na Praça de são Marcos, onde visitamos vários monumentos. Não poderíamos deixar de fazer um passeio de gôndola. Registramos cada momento, inclusive esta fo-to com o canal ao fundo. Fica aqui, este breve relato recheado de lembranças fartas desse lugar maravilhoso!

Lucimar Cardozo — Vila Velha, ES

click do leitor

cartas

Mande sua foto comentada para esta coluna pelo e-mail: [email protected]

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“Além de todo o conteúdo da revista, posso dizer que adoro a seção de frases. É uma forma de estar informada sobre o que

as principais personalidades andam falando por aí. A entrevista com silvério bonfiglioli, da Magneti Marelli, foi ótima. De conteúdo atual, todos os assuntos abordados foram pertinentes”

FranCESCa roMano,Rio de Janeiro, RJ — por e-mail

“Sono un satrianese che ama il brasile e ‘consegue falar e com-preender o brasileiro’. Ho avuto modo di leggere l’articolo

su satriano di Lucania e per questo ringrazio per l’attenzione che avete voluto dare al nostro “morro”. Comunque “obrigado e não esquece da gente”.

roCCo CaVaLLo, por e-mail

Vida Líquida. O livro de Zygmunt bauman volta ao tema da fluidez da existência contemporânea. Por conta disso, com base no que é des-cartável e efêmero, a obra mostra um resumo dos efeitos que a atual estrutura social e econômica gera na vida, seja no amor, nos relacio-namentos profissionais e afetivos, na segurança pessoal e coletiva, no consumo material e espiritual, no conforto humano e no próprio sentido da existência. Jorge Zahar Editor, 212 págs.; R$ 36,00.

ERRATA: Diferentemente do que foi publicado na última edição, O Tempo Anda a seu Favor, de Helion Povoa, Andréa Araújo e Lucia Seixas, trata sobre os avanços da ciência e como estes podem aumentar a qualidade de vida, até na terceira idade, com mais saúde e beleza, trazendo novidades em pesquisas e teorias sobre a lon-gevidade humana. Editora Objetiva, 172 págs.; R$ 24,90.

Trabalho ou emprego? Dividido em quatro capítulos, esse estu-do de Noêmia Lazzareschi trata das diferenças entre trabalho e emprego, além de possibilitar ao leitor o conhecimento sobre as mudanças ocorridas no mer-cado de trabalho a partir do sé-culo 20 e as exigências que o mercado impõe na hora de con-tratar um funcionário. Paulus, 96 págs.; R$10.

enqueteO Vaticano divulgou que a Igreja Católica é a única

querida por Cristo. Você concorda?

Não - 61.5%

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 10 e 13 de julho.

Sim - 38.5%

“Ho avuto proposte per lavorare negli Stati Uniti, ma ci devo ancora pensare. Sarebbe una nuova esperienza, che è

motivante non solo per i soldi, ma per vedere se qualcuno

riesce a far decollare il calcio di là”,

Fabio Capello, tecnico italiano sostituito dal tedesco Bernd

Schuster al comando del Real Madrid.

“Foi um péssimo ano, mas assim é a vida. O maior erro foi pensar demais

em meus problemas. Espero trabalhar e sair dessa situação”,

adriano, jogador brasileiro da Inter de Milão, que espera marcar cerca de

20 gols em sua próxima temporada na equipe italiana.

“Eu acho que o Brasil é um país sui generis. O único país em que os brasileiros falam mal do Brasil lá fora. Você não vê um suíço falar mal da Suíça, você não vê um italiano falar

mal da Itália, mas os brasileiros adoram falar mal”,

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Corcovado, ao pedir que os brasileiros votassem no Cristo Redentor para se tornar

uma das sete maravilhas do mundo.

83.3% - É uma forma de discriminação para com

os homens.

16.7% - É um meio de proteger a integridade

da mulher.

Itália cria praia exclusiva para mulheres. Você acha que:

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com

entre os dias 26 e 29 de junho.

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opinione opinione

Ezio MaranEsi

L´italiano cerca un leader politico

Diogene italico

Rep

rodu

ção

Le oscillazioni del prezzo in-ternazionale del petrolio, il consumo mondiale in co-stante ascesa, la carenza

di consistenti e rapide alterna-tive energetiche, i giganteschi interessi dei produttori con gli inevitabili risvolti politici, han-no inciso profondamente sulle vicende internazionali degli ul-timi anni.

Il prezzo del barile di petro-lio, prescindendo dalle nevrosi degli anni ’70 successivamente rientrate ma solo considerando l’ultimo ventennio, era intorno ai $20 fino al 1998 quando era sce-so addirittura a $12. Poi, a se-guito dell’invasione statunitense dell’Iraq, il prezzo è rimbalzato a $35 per poi progressivamen-te aumentare, sempre con forti oscillazioni, aggirandosi attual-mente sui $60/70.

Fattori di destabilizzazione dei prezzi sono: l’immenso fab-bisogno UsA per metà importato con rapido esaurimento dei giaci-menti nazionali, il boom asiatico capeggiato da Cina ed India, la politica di tensione tra l’occiden-te ed il mondo musulmano finora detentore delle maggiori riserve mondiali. Inoltre, in quasi tutti i paesi e soprattutto in Europa, l’alto prezzo del petrolio porta assurdamente a benefici eleva-tissimi alle loro critiche finanze pubbliche, in quanto l’incidenza fiscale sulla vendita dei carbu-ranti ed altri derivati è dell’or-dine del 70%. Quindi se, per as-surdo, il petrolio dovesse venire in breve sostituito da nuove fon-ti energetiche sicuramente assai più care e che dovrebbero essere all’inizio sovvenzionate, gli stati andrebbero rapidamente in ban-carotta.

Parallelamente agli studi sul-le fonti energetiche alternative stimolate dai crescenti allarmi ambientali ed effettuati con ri-sorse limitate, vengono applica-ti investimenti ben maggiori al-la ricerca di nuovi giacimenti di petrolio da parte delle potenti multinazionali del settore e dei governi di paesi leader mondiali, quali UsA, Russia e Cina.

Il problema è complesso e moltissimi casi potrebbero venire citati. Mi limiterò quindi a dare qualche notizia su un’operazione in corso, di cui si sente poco par-lare, ma che è economicamente di grande rilevanza.

Ad inizio 2003, gli stati Uniti ed alcuni loro alleati attaccarono l’Iraq adducendo pretesti comun-que mai comprovati di esistenza di armi segrete e alimentazione del terrorismo mondiale. Il pre-sumibile principale obiettivo del Governo UsA, peraltro mai am-messo, era di mettere le mani sui ricchissimi e poco sfruttati gia-cimenti di petrolio di quel pae-se, per sottrarsi a possibili ricatti dei paesi arabi ed anche con la speranza di fare dell’Iraq un pa-ese democratico ed amico, di fa-vorirne il progresso economico,

di portarlo nella loro orbita con auspicabili influenze positive an-che sugli stati circostanti.

Il disastro dell’operazione Iraq è noto a tutti (solo Dio sa come ne verranno fuori gli UsA) e gli effetti sono stati ingenti in-vestimenti per sostenere quella che avrebbe dovuto essere una guerra lampo, crescente impo-polarità, aumento del terrorismo, cospicue perdite umane, forti au-menti del prezzo del petrolio.

Peraltro gli UsA, inguaia-ti in Iraq, non hanno rinuncia-to al programma fondamentale

per la loro economia di ottene-re all’estero una solida base per le forniture di petrolio essenzia-li per la loro economia ed hanno trovato la soluzione nel confinan-te Canada, nella parte settentrio-nale dello stato di Alberta, si-tuato nel centro-ovest del paese, dove da tempo si sa che esistono vastissimi giacimenti di bitume, ricoperti da foreste di conifere. L’estrazione del petrolio dal bi-tume è un processo complesso e caro, consistente nell’asportazio-ne della foresta, poi dello stra-to arabile del terreno, estrazione del bitume e trasporto con gi-ganteschi autocarri agli impianti di separazione del petrolio, con smaltimento dei voluminosi re-sidui di lavorazione nelle acque circostanti. Un altro sistema pure applicato è di estrarre in loco il bitume sciogliendolo con enormi trivelle che iniettano vapore.

I danni all’ambiente per il di-sboscamento, deposito di resi-dui, consumo ed inquinamento delle acque sono certamente as-sai più elevati rispetto all’estra-zione tradizionale del petrolio ed il costo tocca i $ 23 al barile.

Fattori determinanti sono i seguenti: i giacimenti di Alberta sono ben più ricchi di quanto si pensasse e vengono ora valutati in 2,5 trilioni di barili di petro-lio, dei quali oltre 170 miliardi economicamente recuperabili, quindi tra i maggiori mondiali; il Canada è un paese amico che non frappone alcuna difficoltà all’operazione, prevedendo per i produttori sgravi e incentivi fi-scali con pagamento di royal-ties di appena l’1%; il 75% del petrolio estratto ha destinazione con i confinanti UsA.

Questa rischiosa operazione bitume che si sta sviluppando è stata iniziata alla grande da tut-te le principali multinazionali petrolifere (ad eccezione di bP e AGIP) nel 2003, non appena il prezzo del barile petrolio ha toccato i $ 35 e si è visto che la guerra in Iraq diventava proble-matica. Insomma, il paradosso è che il fiasco in Iraq ha fatto sì che gli UsA trovassero la loro sicurezza energetica nella por-ta accanto del Canadà, potendo forse questa circostanza favori-re soluzioni di pace nel medio oriente asiatico la cui importan-za economica diminuirebbe al-quanto.

Grecia antica. Diogene, nu-do, coperto da una bot-te, munito di lanterna, cercava un uomo onesto

nelle vie di Atene.Italia di oggi. L’italiano cer-

ca un leader politico. Non ha la lanterna, ha il voto, ma non lo usa come vorrebbe, perché non c’è tra i candidati l’uomo che cerca. Ma ne conosce perfetta-mente il profilo.

Il politico che cerca è gio-vane, ha una storia fatta di studio, di lavoro, di onestà e di integrità morale. Ha una forte leadership naturale, rafforzata dalla sua storia. Ha carisma. Ha il coraggio di dire agli italiani che la situazione è grave e che essi devono, tutti insieme, ini-ziare un lungo cammino, pieno di sacrifici, per pagare il debi-to sociale, il debito pubblico, gli errori, gli egoismi corpora-tivi, le scelte sbagliate, il las-sismo, la tolleranza, i troppi compromessi, eredità dei no-stri governi passati. È diffici-le dire queste cose a un popo-lo che già soffre, ma il nostro uomo sa di poterle dire perché la gente ha fiducia in lui. Non è attaccato alla poltrona e non

ha timore di perderla. Dice con parole semplici cose che tutti possono capire; sa che la gen-te lo ascolta, lo capisce e lo vota perché è l’uomo che può cambiare una Italia che ha bi-sogno di essere cambiata. Non accetta il ricatto politico delle ali estreme. È deciso e autore-vole. Ha il coraggio di affron-tare il problema dell’assurdo costo della pubblica ammini-strazione: chiude le provincie e migliaia di enti pubblici inutili, riduce il numero dei parlamen-tari, riduce i loro incredibili be-nefici. Ha il coraggio di affron-tare il problema dell’efficienza dell’esecutivo, del legislativo e del giudiziario, misurandosi con le forze sindacali più ot-tuse. Ha il coraggio di impe-gnarsi per ridurre gli sprechi e l’assurdo costo della politica e dei politici: se avete letto “La Casta”, di s. Rizzo e G. stella, Rizzoli 2006, lettura che av-vilisce e disgusta chi paga le tasse, vi rendete conto quanto coraggio sia necessario per af-frontare questa gigantesca pio-vra. Affronta lo spinoso pro-blema delle pensioni, sapendo che dovrà prendere decisioni gravi e impopolari. Risolve se la TAV, la base NATO di Vicen-za, le centrali nucleari s’hanno da fare oppure no, e una volta presa la decisione l’argomento è chiuso. Non accetta l’inerzia di bassolino che inonda Napoli di rifiuti: risolve. Non accetta che la salerno-Reggio Calabria continui per decenni ad esse-re un cantiere. Non accetta le influenze mafiose, l’evasione fiscale, il degrado ambientale, l’analfabetismo informatico, il lavoro nero. Non accetta che l’Italia, che fu grande, che può essere grande, continui nel suo declino sociale, economico e, inevitabile conseguenza, mo-rale e culturale. Questo politi-co non è un duce; non potrem-mo ritornare su certi cammini.

Quest’uomo (uomo o donna che sia, s’intende) deve esistere; quella grande parte di Italia che ha buonsenso e sani prin-cipi deve aver partorito figli di questa fibra.

L’intellighenzia definisce qua-lunquiste, in chiave dispregia-tiva, tali opinioni, ispirate a semplici criteri di buonsenso certamente condivisi dal-la maggioranza silenzio-sa che poco ama e prati-ca la politica. E liquida la questione in modo sbri-gativo definendo antipo-litica questo desiderio di risveglio delle co-scienze. Esercitare la politica è vitale nel cammino di un paese democratico. Fare di essa un mestiere lu-crativo significa però accettare compromes-si per tenersi la pol-trona, il potere e le opportunità che esso offre, costi quel che costi alla colletti-vità.

La politica, intesa nel giusto senso, è valuta-zione di ciò che il popolo vuole, è scelta, è de-cisione, con un progetto chia-ro di progres-so, nel senso più ampio del termine e nell’unico interesse degli italiani. Il no-stro uomo valuterà, sceglierà e decide-rà, dopo aver spiega-to alla gente che la nostra terra ha due cammini possibili: svegliarsi, reagire, essere protagonista di una rivoluzione culturale che supe-ri il conservatori-smo delle destre

“Non ha la lanterna, ha il

voto, ma non lo usa come

vorrebbe, perché non c’è tra i

candidati l’uomo che cerca. Ma

ne conosce perfettamente

il profilo”

e delle sinistre, con l’obbietti-vo di diventare un grande pa-ese moderno, oppure continua-re il triste spettacolo che oggi è sotto gli occhi di tutti, ove la politica si limita a cercare di tappare alcuni buchi, e neppu-re vi riesce. È il cammino sicuro verso un amaro declino.

Franco Urani

Un’operazione in corso, di cui si sente poco parlare, ma che è economicamente di grande rilevanza

Dall’Iraq al Canada

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marco lucchesi / artigoopinione

Fabio Porta

Quando turisti e stereotipi viaggiano insieme...

Vacanze italiane Diário de um Tradutor

Edi

toria

de

arte

4.11.2006

Horas a fio com a língua persa. Madrugadas insones. Ampliando com

ferocidade o vocabulário.

Valho-me de velhos alfarrábios. Dentre as gramáticas, cito apenas a de

Chodzko – comprada há mais de vinte anos, edição de 1852. O Assimil,

com suas visadas e limitações. A persian grammar, de Elwell-suton. E o

dicionário de Abbas e Manuchehr Aryanpur-Kashani.

11.11.2006

Afinidades lexicais do farsi com o árabe e o turco ajudam a lançar pontes em terras distantes.

12.11.2006

Persigo etimologias. E procuro desarabizar a minha pronúncia do persa. Há momentos de

desespero nos primeiros estágios de aprendizado de uma língua. Um sentimento de solidão e

incomunicabilidade. As consonâncias demoram a chegar. Cada palavra sendo uma ilha irredutível.

23.11.2006

O desafio da língua persa consiste em aglutinar e encompridar.

Uma gramática forte, cuja dificuldade não se parece nem de perto com o quase impossível do turco, que é das línguas mais

rochosas com as quais me deparei.

Mas como é bela a língua turca – sem as restrições dos puristas do öz türkçe. Gosto das tremas curtas – para as distinguir

das longas, praticadas pelo húngaro, com a qual relativamente se aparenta – e tento imaginar a passagem da China para

a Anatólia, partindo das longas caravanas de suas palavras, como a dar prova das amplas fronteiras na noite em que se

perde a história dessa língua.

30.11.2006

O persa assusta um pouco menos. Trabalhadas as desinências, absorvido o seu canto, acento e ad canto, a música de sua

dicção libérrima e suave começa a se desenhar em minha língua tão imperfeita.

2.12.2006

Chodzko, sobre a possibilidade do farsi para formar portmanteau words (palavras-cabide): a etimologia persa se espraia em

múltiplas direções.

3.12.2006

Da riqueza do turco é preciso dizer contra alguns membros da Academia Turca: que as três camadas que o compõem (persa,

árabe e turca propriamente dita) perfazem uma trama fascinante...

Palavras escuras, noturnas, espessas, como as turcas, vestidas de u ou de ü.

Palavras de seda e brocardos, rutilantes, como as persas, com seus erres e emes finais.

Palavras de pedra e lâmina como as de origem árabe, e suas formas duras, sublimes, essenciais.

14.01.2007

A herança árabe em nossa língua aplaina muitas vezes o original persa, quando inçado

de elementos direta ou indiretamente tomados do Alcorão.

15.01.2007

Nado nas águas de três línguas abissais: o turco, o árabe e o persa.

Na confluência desses mares, a poesia de R€m€ cria uma língua porosa, dúctil, cheia de vigor e profundeza.

Faz tempo que não vemos teu jardim,

com teu narciso bêbado de orvalho.

Dos homens em segredo te defendes.

Faz tempo que não vemos teu semblante.

12.04.2007

são Jerônimo, rogai por mim.

Diário da tradução dos poemas do Rumi, na comemoração de seus oitocentos anos de nascimento. Fragmento do

livro inédito O canto da unidade, que organizei com Faustino Teixeira

e Leonardo Boff.Gli italiani vanno in vacan-za; tutti, o quasi, ad ago-sto. Anche se ogni anno sono sempre di più quelli

che non possono permettersi un lungo periodo di ferie, le vacan-ze estive continuano a rappresen-tare per l’Italia un altro di quei tanti ‘tratti peculiari’ che distin-gue ancora oggi e, nonostante la globalizzazione dei costumi e dei modi di vita, l’italiano dal tedesco o dal francese, dal canadese o dal giapponese… Provate a fissare un appuntamento di lavoro in Italia ad agosto, o a programmare a fine luglio un’attività di carattere pro-fessionale: vi osserveranno come se foste dei matti, e gentilmente vi diranno “se ne parla a settem-bre”… sí, anche il brasile ha le sue lunghe vacanze estive, la sua lunga serie di ‘feriados’, anche qui si suole dire che “l’anno inizia do-po il carnevale”, ma nulla si com-para al “chiuso per ferie” dell’ago-sto italiano e nessuna data è più sacra per i vacanzieri di tutto il mondo del ‘ferragosto’ italiano, data fatidica (il 15 agosto) quan-do l’Italia si ferma.

Gli italiani, dicevamo, vanno in vacanza. sempre più all’este-ro, per non perdere le buone abi-tudini di un popolo di navigatori e viaggiatori da sempre, e – non a caso – protagonista di migra-zioni memorabili.

Il brasile negli ultimi anni è entrato a far parte del ristretto numero di mete preferite del tu-

rista italiano, anche se ancora ben al di sotto di altri Paesi e, soprattutto, del suo enorme po-tenziale di attrazione turistica.

Le responsabilità di questo ritardo sono probabilmente do-vute ad una storica mancanza di programmazione e incisività del-le politiche promozionali pubbli-che brasiliane in questa direzione, come anche a serie carenze infra-strutturali e a non secondari pro-blemi legati alla sicurezza, in par-ticolare nelle grandi metropoli.

sono però convinto, e non si tratta soltanto di un’impressio-ne personale, che il vero grande responsabile per il mancato ‘bo-om’ turistico del brasile in Ita-lia e nel mondo sia ancora e, no-nostante tutto, lo stereotipo e il pregiudizio culturale con il qua-le questo Paese viene descritto all’estero, a partire dall’immagi-ne che del brasile danno i grandi organi di informazione.

Non faccio più caso, dopo ol-tre dieci anni di vita da queste parti, all’italiano che sbarca a Guarulhos o al Galeão e che – do-po qualche giorno di brasile – dice innocentemente: “È molto diverso da quello che mi aspettavo”.

Primo tra tutti la qualità del ‘capitale umano’ brasiliano, in testa agli item di apprezzamento del Paese espressi dalla stragran-de maggioranza dei turisti; ma anche la gastronomia, piacevol-mente sorprendente per ricchez-za e sapore; senza parlare della

stessa ricchezza storico-culturale oltre che naturalistico-ambienta-le di quello che in realtà è un ve-ro e proprio continente.

Ma, strano ma vero, sono anche queste dimensioni a sorprendere.

Mi sono ritrovato tra le ma-ni qualche settimana fa una pub-blicazione ufficiale del Ministero del Lavoro italiano, nella quale venivano presentati i progetti a favore degli italiani all’este-ro: anche la mappa dell’America Latina era distorta, con un bra-sile proporzionalmente poco più grande dell’Argentina, più picco-lo dell’Egitto… sembrano bana-lità, ma non lo sono. Questo tipo di gaffe dimostra quantomeno la pressappochezza e la superficia-lità con la quale spesso ci si re-laziona a certi fenomeni, e – in primo luogo – alle politiche per gli italiani all’estero.

Quanti italiani sanno che i brasiliani sono quasi 190 milio-ni, dei quali almeno trenta han-no nelle loro vene il sangue di un antenato nato nella nostra peni-sola? sicuramente pochi. Provate a fare un test, chiedendo ad un giovane italiano quali sono i tre o quattro Paesi dove si concentra il maggior numero di oriundi; vi risponderà, nell’ordine: Argenti-na, stati Uniti, Australia e Cana-da, passando eventualmente per un riferimento dovuto, ma più scontato, a svizzera e Germania.

Cosa c’entrano adesso le ferie di agosto con la presenza degli

italiani all’estero, i programmi del governo italiano con le va-canze sotto l’ombrellone di 60 milioni di italiani?

Il nesso potrà anche non es-sere immediato ma c’è, e il discor-so potrebbe essere esteso ad altri piani, a quello dei rapporti com-merciali ed economici ad esempio, ma anche agli scambi culturali ed accademici, e potremmo andare avanti in molte direzioni.

Alla base di tutto, infatti, esiste il pericoloso virus del pre-giudizio, dello stereotipo o cli-ché, tutte malattie che per an-ni hanno colpito proprio l’Italia, che solo il recente periodo di in-tegrazione europea ha emancipa-to dalla facile ed offensiva im-magine di Paese ‘del mandolino e degli spaghetti’.

E’ per questo che proprio noi, italiani all’estero, dovremmo stare attenti alla riproposizione e all’ap-plicazione di immagini stereotipa-te e culturalmente viziate verso i Paesi di nostra emigrazione, nella difesa di un principio ideale valido per noi italiani, ma a maggior ra-gione per tutti i popoli del mondo.

Chissà che tanti dei nostri problemi non derivino proprio da questo ‘vizio d’origine’.

Per questi motivi l’informa-zione è importante, a partire da quella “di ritorno”, indirizzata cioè verso gli italiani d’Italia, no-stri fratelli d’oltreoceano, troppo spesso disinformati o – peggio – male informati.

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politica

L’Unione Europea ha appe-na eletto il brasile come partner strategico. Firma-ta in un documento dai

due presidenti del brasile, Luiz Inácio Lula da silva, e della Com-missione Europea, José Manuel Durão barroso, questa partner-ship innalza il paese ad uno sta-tus privilegiato nelle sue relazioni con il blocco dell’Emisfero Nord. si rafforza, nel campo economi-co, una tendenza già esistente di progressi a passi larghi del com-mercio bilaterale e della politica. La nuova alleanza rappresenta un qualcosa di non meno importan-te: il riconoscimento del brasile come protagonista sullo scenario mondiale, ora membro di un club abbastanza circoscritto, accanto agli stati Uniti, Canadà, Giappo-ne, Russia, India e Cina.

Nell’ambito della politica, però, il dialogo è solo agli inizi.

Posizione privilegiata

Dichiarazione di partnership strategica tra Brasile e Unione Europea favorisce negoziati in diverse aree, come energia e conservazione dell’ambiente

Fábio Lino

Un’azione d’insieme di combatti-mento alla povertà, grazie ad un meccanismo triangolare Unione Europea-brasile-Africa potrebbe essere il primo risultato che si in-travede nel contesto politico di questa alleanza. Lo studio di fon-ti alternative di energia dovrà an-che coinvolgere, ora più che mai, lo sforzo comune di cooperazione per il rafforzamento del multila-teralismo e per la lotta contro gli effetti del riscaldamento globale.

— brasile e Unione Europea possono ora iniziare a mettere in pratica un bisogno che ho messo in risalto nel Vertice G8 (gruppo delle sette nazioni più poten-

ti del mondo più la Russia). Le grandi questioni globali, come il commercio, i cambiamenti clima-tici e la sicurezza energetica, non possono essere discussi in piccoli gruppi limitati, che non conside-rino la posizione dei grandi paesi in via di sviluppo. se vogliamo veramente costruire un mondo migliore, dobbiamo stimolare il dialogo e la cooperazione tra il sud e il Nord sui principali temi dell’agenda globale — ha affer-mato il presidente Lula.

Tra le circostanze che hanno portato l’Unione Europea alla de-cisione di offrire un trattamento distinto al brasile c’è l’attuale

condizione di stabilità della ma-ggiore economia sudamericana. secondo la Commissione Euro-pea, il paese emerge come il principale partner commercia-le del blocco in America Lati-na. L’intescambio commerciale, in questo caso, ha totalizzato € 43,9 miliardi (quasi Us$ 60 mi-liardi) l’anno scorso. Gli scambi commerciali stanno aumentando dall’inizio del governo Lula, nel 2003. Inoltre, il brasile è destino di investimenti stranieri dei pae-si della UE per un valore stimato di € 80 miliardi per il 2007.

Gli investimenti europei in brasile superano già i valori con-cessi a Russia, India e Cina insie-me. Lula ha approfittato la visita a Lisbona per mettere in luce le possibilità di investimenti che si aprono in brasile con il Progra-ma de Aceleração do Crescimen-to (PAC), inaugurato in gennaio.

Lula ha garantito che l’economia nazionale, con la meta di cres-cita del 5% per l’anno prossimo, ha trovato la sua strada per una crescita sostenibile. secondo lui, il cambio continuerà ad essere fluttuante.

— La partnership strategica tra il brasile e l’Unione Europea getta le basi su di una solida re-altà economica. Abbiamo supe-rato, nel 2006, la somma di 50 miliardi di dollari di commerci bilaterali, una crescita del 13% rispetto all’anno anteriore e del 60% rispetto al 2003. Gli scambi con l’Unione Europea rappresen-tano il 22% del nostro commercio estero. La scorta di investimenti diretti europei in brasile è di Us$ 150 miliardi. Il brasile offre tutte le condizioni per attrarre nuove leve di imprenditori europei. Il PAC, che ho lanciato nello scorso gennaio, presenta una radiogra-fia di opportunità, soprattutto nel settore di infrastrutture — dichiara il presidente Lula, che ha firmato la partnership strate-gica lo scorso giorno 5.

Ma l’ambasicatore dell’Unione Europea in brasile, João Pache-co, richiama l’attenzione su al-tri aspetti delle relazioni con il paese, che rendono importante l’effettivazione di una partner-ship. secondo lui, rapporti più vicini si giustificherebbero non soltanto dovuto ai legami stori-ci e culturali, o ai valori comu-

ni e istituzioni multilaterali, ma anche dovuto alla capacità ma-ggiore, grazie a questa unione, di promuovere un contributo de-cisivo per le attenzioni date al-le molte sfide globali. Come, ad esempio, le alterazioni climati-che, la povertà, i diritti umani.

— Esiste un enorme poten-ziale per sfruttare i nostri rap-porti con il brasile a livelli mul-tilaterali, regionali e bilaterali. Questa partnership strategica ci permetterà di sviluppare ancor più la nostra cooperazione nei settori-chiave, come l’energia, l’ambiente, i cambiamenti cli-matici, i trasporti marittimi e lo sviluppo regionale, a breve e me-dia scadenza; e di stabilire nuo-ve relazioni durevoli tra i nostri

Il senatore Heráclito Fortes (a sinistra), crede nella partnership con la UE, che ha portato il presidente Lula (nella foto con i principali leader europei) a Lisbona

popoli, per esempio, grazie a in-terscambi nell’educazione uni-versitaria, o alla promozione di partnership nella ricerca e svilu-ppo — afferma Pacheco.

Presidente della Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do senado, nel biennio 2007-2009, il senatore Heráclito Fortes corrobora questa visione:

— Abbiamo sempre avuto, nell’Unione Europea, un partner speciale, non soltanto dovuto al commercio bilaterale, ma an-che grazie ai legami di amicizia che hanno reso questo rapporto più stretto. Abbiamo visto che il Vertice, recentemente realizzato, brasile-Unione Europea è stato dominato da argomenti di natura commerciale, soprattutto nel ten-

tativo di riprendere il Doha Round dell’OMC, ma c’è una gamma in-terminabile di temi nella nostra agenda. Tra cui uno che passerà ad avere sempre più importanza, che è quello dei biocombustibili.

Lo status di partner privile-giato concesso al brasile può fa-cilitare le relazioni a vari livelli, come la creazione di un’area di libero commercio con il Merco-sud, secondo il senatore. Ma ha esternato una riserva:

— Credo che dobbiamo ave-re un atteggiamento pragmatico, stando attenti affinché non si ri-manga dipendenti di un unico par-tner e, in questo senso, far diveni-re più forte e diversificato questo rapporto dev’essere una priorità della politica estera brasiliana.

Partnership strategicaNel documento firmato vie-ne definita l’analisi di stra-tegie comuni per affron-tare le sfide mondiali, tra cui la pace, i diritti umani, l’esclusione sociale, le mi-nacce all’ambiente e lo svi-luppo sostenibile.

Negoziati UE-MercosudIl documento firmato a Lisbo-na riafferma l’impegno di am-bedue le parti di concludere il processo di avvicinamento. La possibilità di un accordo di associazione tra i blocchi è rimasta più distante dovuto all’allontanamento tra le posi-zioni del brasile e dell’Europa nei negoziati commerciali.

Cambiamenti climaticiPosizioni comuni tra il pa-ese e il blocco economico favoriscono numerose ini-ziative d’insieme, come le azioni proposte nel Proto-collo di Kyoto e anche pro-getti concreti, in particolare nell’area dei biocombustibi-li ed altre fonti energetiche rinnovabili.

Sicurezza Globalebrasile e Unione Europea mettono in enfasi la coope-razione contro il traffico di droghe e armi, il lavaggio di denaro e l’immigrazione ille-gale, oltre all’impegno nella lotta contro il terrorismo e la proliferazione di armi nucle-ari, chimiche e biologiche.

Risultati:

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politica

Un accordo preparato qua-si in segreto, destinato a portare le relazioni tra brasile e Unione Europea

dal livello puramente economi-co a quello politico, è alla base del viaggio di Luiz Inácio Lula Da silva a Lisbona e poi a bruxelles questo mese.

Un testo di 65 pagine nel-la versione in francese, frutto d’incontri tra alti funzionari del governo brasiliano e della Com-missione, fissa due priorità e i relativi stanziamenti di bilan-cio, 61 milioni di euro, di cui il 70% destinato a stimolare gli scambi, contatti e trasferi-mento di know how, e il restan-te 30% per sostenere i progetti di protezione dell’ambiente, ma soprattutto definisce la motiva-

Competitività con gli USA?

L´accordo fra Brasile e UE può non piacere a Bush che segue una politica monolaterale

DaniELE MEngacci

zione soggiacente di carattere politico.

La sostanza politica dell’ac-cordo è dichiarata a pag. 8, se-condo paragrafo, del documen-to: “Il brasile condivide la stessa opinione dell´Unione Europea su numerosi grandi impegni plane-tari. Ambedue stimano che lo sviluppo durevole è più facilmen-te raggiunto in un mondo mul-tipolare e che l’integrazione re-gionale è il mezzo migliore per garantire pace e prosperità. Con-dividono anche la stessa opinio-ne su altre questioni di interesse multilaterale, come la lotta alla povertà, le mutazioni climatiche, la pace e la sicurezza”.

Assieme alla decisione della UE di incrementare i consumi di etanolo per ridurre le emissioni

di ossido di carbonio e soprattut-to per ridurre la petro dipenden-za favorendo le importazioni di alcol dai paesi in via di sviluppo, l’accordo politico è un importan-te riconoscimento del ruolo che il brasile ha raggiunto sulla sce-na internazionale.

I contenuti possono non pia-cere all’Amministrazione bush, che segue una politica monolate-rale e preferisce accordi bilate-rali agli organismi regio-nali, quindi un’ombra ricade sul signifi-cato geopolitico dell’accordo.

si tratta di un mero rico-noscimento del succes-so brasilia-no oppure vi soggiace una certa compe-titività politica della UE con gli UsA ?

È un accordo destinato a mantenere agganciato il brasi-le al quadro politico occidenta-le e rafforzarne la posizione nel sub continente latino americano a scapito dei vivaci populismi di un Chavez o di un Morales?

L’importanza assunta dal bra-sile passa sicuramente per la questione energetica, l’occiden-te ha finalmente capito che lo sviluppo di fonti alternative, co-me etanolo e biodiesel, non so-lo possono inquinare meno, ma soprattutto renderlo meno di-pendente dal petrolio e dai rischi della petropolitica di una Opec o di un Venezuela, e questa neces-sità mette tutti d’accordo, ameri-cani, europei e brasiliani.

L’Italia ha da subito approva-to l’alleanza strategica tra bra-sile e UE, secondo una notizia Ansa del 31 di Maggio, il nostro Ministero degli Affari Esteri, per bocca di Donato Di santo, ha di-chiarato di approvare quello che chiama “messaggio della Comu-nità Europea”, probabilmente un riferimento al documento dell’ac-cordo, in base ai rinnovati e in-tensificati rapporti dell’Italia con l’America Meridionale.

Il Ministro D’Alema, subito dopo la conclusione dell’incon-tro di bruxelles sui temi energe-tici, ha dichiarato che l’Italia è all’avanguardia nel campo della produzione di etanolo poiché, fin dall’inizio dell’anno, ha prepara-to assieme al Presidente Lula un accordo tra la nostra ENI e la ge-mella brasiliana Petrobras, desti-nato alla produzione di biocom-bustibili in Africa [Mozambico], destinati al mercato europeo, fa-cendo così di ENI il primo e mag-gior distributore di questo tipo di energia.

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intervista

ComunitàItaliana – O se-nhor conhece a história de sua família?José Sérgio Gabrielli –

Minha família é de Lucca, na Toscana. Meu bisavô veio de borgamozzano, direto para a bahia, em 1860 e poucos. Tra-balhou na agricultura, meu avô também, mas este depois virou comerciante de fumo, de cera de ouricuri (planta da família das palmeiras) e de madeira. Na dé-cada de 50, ele acreditou na in-dustrialização e foi avalista na criação de uma empresa indus-trial de um amigo, que não teve sucesso, e teve que utilizar as poupanças dele para pagar a dí-vida. Viveu momentos muito di-fíceis. Meu pai é de origem bra-sileira e portuguesa, o meu avô paterno de uma região produto-ra de mina, na Chapada Diaman-tina, de onde foi expulso pelos grandes proprietários de terras da região. Eu tenho bisavô e bi-savó índios, e bisavó negra. sou uma mistura de italianos, portu-gueses, índios e negros. O Aze-vedo é do meu pai, que morreu há 20 anos. Fiquei mais conhe-cido como Gabrielli, nome da família de minha mãe. Gabrielli é o nome mais, digamos, dife-rente na sociedade e acaba do-minando. Durante os anos 70, eu até relutei em ter o Gabrielli e, nos documentos oficiais, eu faço questão de colocar o Aze-vedo. A família Gabrielli tem al-guns ramos de origem até que não são muito identificados, mas há duas grandes famílias Gabrielli na bahia. CI – E como é a sua relação com a cultura de seus antepassados? O senhor já esteve na Itália?Gabrielli – Não falo italiano, mas leio. Já estive em Lucca, há dois anos, e achei a Tosca-na uma região belíssima. Lucca, particularmente, é uma cidade extremamente interessante. Fui para conhecer a região da mi-nha família. Minha mãe man-teve correspondência com as primas dela de lá até a década de 50. Desde então, perdemos o contato com a família italia-na. Não encontrei ninguém por lá. Durante a guerra muitas car-tas foram trocadas com a famí-lia, meu avô teve algumas irmãs aqui, e outros parentes conti-nuaram lá na Itália. Minha mãe

tem guardados os passaportes, as cartas de tios, avós... Mas na minha geração se perderam os contatos.CI – O que o senhor mantém de lembranças dessa vivência com seu avô? Gabrielli – Meu avô gostava muito de polenta e ficava revol-tado quando se misturava ma-carrão com farinha. Mantivemos uma série de hábitos alimen-tares bem italianos. Na minha infância eu fui criado também com macarrone. Meu avô era uma figura muito impressionan-te, porque era uma figura mui-to empreendedora, muito forte, um líder familiar. Ele era uma pessoa com pouca educação for-mal, analfabeto, mas com clari-vidência e sabedoria, uma capa-cidade de percepção das coisas muito grande. E com uma gran-de preocupação, interesse, era um homem que seguia muito a política. Política fazia parte do dia-a-dia da família. Acho que ele nunca foi candidato a nada, não tenho certeza disso. Talvez no interior. Ele morava numa ci-dade chamada são Félix da Ca-choeira, cidade histórica baia-na. Depois veio para salvador e acompanhava muito as questões políticas no estado.CI – O senhor segue alguma re-ligião?Gabrielli – Eu sou nascido em salvador, em 1949, na primeira metade do século passado. sou um velhinho (risos). Não tenho religião, minha família não tem formação religiosa. Minha mãe não casou no religioso, não bati-zou os filhos. Meu avô era cató-lico como todo italiano e minha avô protestante rígida. Essa di-vergência religiosa entre minha avô e meu avô resultou na au-sência de formação religiosa. Mi-nha avó, que era brasileira mes-mo, era muito dominante. Em 1915, ela foi ser professora no interior de MInas Gerais. Levou sete dias numa tropa de burro. sempre trabalhou a vida toda, então era uma mulher muito fir-me. Foi educada pelos quakers. Era o casamento de uma quaker (protestante presbiteriana) com um italiano.CI – E sobre sua formação acadê-mica, o que o senhor estudou?Gabrielli – Estudei a minha vida inteira em escola pública, nun-

ca, em escola particular. Me for-mei em Economia, em 1971, fiz mestrado na mesma área. Tra-balhei em projetos, consultoria, empresa siderúrgica, fumo, bor-racha, fiz trabalhos para hospi-tais, granjas industriais, fábrica de motores. Trabalhei em vários tipos de projetos. Depois fui ser jornalista. Por três anos vivi de jornalismo. Fui de tudo dentro de uma redação: repórter, copi-desque, editor local e interna-cional, até freelancer. Também fui câmera de televisão, demiti-do pelo Exército brasileiro, que não permitiu que eu continuas-se como jornalista na época do governo militar. [Desse período, é conhecido um episódio ocorrido na redação da Tribuna da Bahia, quando numa noite, o coronel Luís Artur de Carvalho, superin-tendente da Polícia Federal ao avistar Gabrielli, gritou: “Seu Ga-brielli, como vai a AP?” E ele res-pondeu: “Mandando muitas notí-cias, coronel”, numa referência à agência Associated Press, e não à Ação Popular, movimento contrá-rio à ditadura.]CI – De que forma o regime mi-litar afetou a sua vida? Ficaram marcas?Gabrielli – Durante o governo militar, eu fui militante estu-dantil, eleito vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) cinco dias antes do AI-5. Preso várias vezes, fui condena-do pela Lei de segurança Nacio-nal, cumpri pena por seis meses na bahia, apanhei na cadeia. Não fui torturado, mas apanhei, e, perseguido depois de sair da cadeia, posto para fora de vá-rios empregos. Aí, saí do brasil. Passei cinco anos nos Estados Unidos, sem voltar ao brasil, de 1974 a 1979. Depois voltei pa-ra o exterior de novo em 1984 e em 2000. Morei seis anos nos Es-tados Unidos e um ano em Lon-dres. Terminei o meu doutorado em 1987, em Economia, na Uni-versidade de boston. sou profes-sor titular de Macroeconomia na Universidade Federal da bahia (UFbA), licenciado para ser pre-sidente da Petrobras.CI – Mas antes o senhor tam-bém enveredou pela carreira política. Como foi essa experi-ência? Gabrielli – sempre fui uma pes-soa muito antenada com as

questões políticas, o movimen-to popular, o movimento social. Além de ter sido do movimen-to estudantil, também fui pre-sidente do Instituto dos Eco-nomistas, vice-presidente da Associação Nacional dos sindi-calistas, dirigente do PT e um dos fundadores do PT. Em 1982, fui candidato a deputado fede-ral, em 1986, a vice-prefeito de salvador e, em 1990, a governa-dor da bahia. Aí parei! Não que-ro mais nada disso, não! Acho que no meu papel (atual), na área técnica, eu contribuo mais do que na área eleitoral.CI – José Sérgio Gabrielli por Jo-sé Sérgio Gabrielli.

Um Zé alguém

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, de 57 anos, ou Zé Sérgio, para os íntimos, já fez de tudo, e muito, na vida. A militância estudantil custou-lhe cadeia e espancamento na ditadura. Da luta sindical, ensaiou evoluir para a carreira política, mas, desta, hoje ele foge como o diabo da cruz. Foi como jornalista, no entanto, que, perseguido e sob censura, perdeu o emprego, forçado, então, a retomar a primeira profissão, de economista. Concluído o doutorado nos Estados Unidos, voltou ao Brasil e virou homem de negócios, até que, há dois anos, assumiu o comando da Petrobras – cujo lucro, no ano passado, foi de R$ 25,9 bilhões – com elevação de 33% no valor de mercado da empresa, estimado em R$ 230 bilhões. Tal desempenho desfez de vez a resistência inicial a Gabrielli na petrolífera, um pouco por conta do mito da preguiça baiana, outro tanto por sua formação esquerdista. Ponto para o nordestino com sangue italiano, português, negro e indígena nas veias. Em entrevista exclusiva à Comunità, Gabrielli diz a quantas anda o namoro com a Eni em torno dos biocombustíveis e defende a posição brasileira na crise boliviana. Ele revela que aprendeu com o avô oriundo de Lucca, na Toscana, que tão importante quanto ser um empreendedor é cultivar valores sociais e familiares. E foi o avô que o ensinou ainda a jamais misturar macarrão com farinha.

“Sou mais conhecido como

Gabrielli do que como Azevedo.

Gabrielli é o nome mais,

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Gabrielli – As pessoas me conhe-cem como Zé sérgio, então eu continuo como Zé sérgio, mas também sou conhecido como Ga-brielli e assino José sérgio de Azevedo. No meu trabalho, tive algumas vitórias importantes ao vir para a Petrobras. A primeira delas, conquistar o respeito, a admiração e a aceitação dos pe-troleiros. Isso é uma coisa difí-cil para quem vem de fora, mas eu acho que consegui isso e é uma grande vitória. A segunda, conseguir mostrar para o merca-do financeiro que um economis-ta baiano pode ser diretor finan-ceiro da Petrobras. Porque houve muita desconfiança com a minha presença, ainda mais sendo liga-do ao PT. E a terceira, dizer que, como presidente, a Petrobras se afirma cada vez mais como em-presa de energia, internacionali-zada, respeitada, admirada e re-forçando as suas características básicas de compromisso com o país, de empenho na produtivi-dade e no desenvolvimento tec-nológico.CI – Qual seria a pior crise ou aquela que o senhor considera ter melhor superado durante o seu tempo de presidência?Gabrielli – Estou há dois anos e alguns meses na Petrobras. Aqui você pode se queixar de tudo, menos de monotonia. Crise é uma coisa que todo dia tem. Eu acho que cada crise é dife-rente. Temos problemas que se referem à necessidade de colo-car em operação sistemas muito complexos, que envolvem uma série de discussões mais inter-nas. Você tem resolução de pro-blemas de longo prazo nas rela-ções de trabalho, como no caso do Petros (plano de previdência complementar), você tem pro-blemas relacionados à expansão internacional num momento de tensão, como no caso da bolí-via. Você tem situações de re-direcionamento de importância distinta para setores da ativida-de, como no caso do gás e da energia elétrica. Então, crises são sempre presentes na ativi-dade.CI – Muito se falou sobre a paci-ência que o senhor teve, e tem, ao lidar com o presidente bo-liviano Evo Morales, e o senhor chegou a dizer que “tinha gente querendo ver sangue na dispu-

ta”. Hoje qual a avaliação que o senhor faz desse conflito?Gabrielli – Nós temos o seguin-te: uma situação de um contra-to de exploração e de produção na bolívia, que permite que a gente produza gás, lá, em con-dições rentáveis, se o contrato é mantido. Nós vendemos a nos-sa refinaria na bolívia, que com-pramos por Us$ 102 milhões, ti-vemos Us$ 139 milhões de lucro e a vendemos por Us$ 112 mi-lhões. Portanto, não perdemos nada. Temos um contrato de for-necimento de gás da bolívia pa-ra o brasil que tem validade até 2019 e que nunca foi questio-nado. Portanto, apesar das tur-bulências e das questões, o re-sultado de tudo é um resultado positivo, não temos porque di-zer que o resultado seja nega-tivo para a Petrobras. Não po-demos nos queixar e dizer que a situação na bolívia deu prejuízo para a Petrobras, numa visão a longo prazo. Até porque a pa-ciência, a negociação, o endu-recimento e o relaxamento das posições fazem parte das nego-ciações. Eu acho que o resultado foi positivo.CI – O senhor acredita que exis-ta uma cobrança para que o Bra-sil, e o governo Lula, seja líder na América Latina? Isso poderia, de alguma forma, prejudicar a Pe-trobras? Gabrielli – Há uma certa situa-ção, digamos, talvez até de des-conhecimento, mas eu acho que, mais do que desconhecimento, há uma vontade (por parte de quem pressiona) de ser grande e de se impor sobre o pequeno. A situação objetiva é que a bolí-via é importante para o mercado de gás brasileiro, particularmen-te para o mercado de são Paulo.

E nós somos extremamente im-portantes para a bolívia. Então, essas duas situações permitem que a gente acredite que uma solução racional vai sair e ser equilibrada entre as duas partes. Eu acreditava, de fato, que era possível ter essa solução e não adiantava tentar ser verborrági-co ou ameaçar. Isso não resol-veria o problema. Melhor ter a resolução do problema. O comér-cio exterior brasileiro aumentou enormemente em relação a Amé-rica Latina, que hoje representa para as exportações brasileiras mais do que os Estados Unidos em termos de percentuais. Isso é resultado de uma política ado-tada pelo governo de aprofundar as relações com a América La-tina. Algo extremamente posi-tivo. Por outro lado, do ponto de vista cultural, a aproximação com os vizinhos é muito impor-tante. Ter uma boa relação com os vizinhos é muito importante. A bolívia é o país que tem mais fronteiras com o brasil. Temos milhares de brasileiros na bolí-

via e há milhares de bolivianos aqui. Não dá para desconhecer essa realidade.CI – As relações entre Brasil e Itália têm se intensificado eco-nômica e politicamente, e nes-te mês um entendimento tornou o Brasil um parceiro estratégi-co da União Européia. Como o senhor avalia essa aproxima-ção? A Petrobras também assi-nou acordo com a Ente Naziona-le Idrocarburi (Eni). O que há de concreto nessa relação?Gabrielli – Eu acho que as re-lações brasil-Itália estarem se intensificando pode ser positivo para os dois países, pois há mui-ta complementariedade entre as suas atividades. Além disso, nós acabamos de assinar com a Eni um memorando de entendimen-to para atuar e analisar oportu-nidades em diferentes áreas, na área de biocombustíveis, de de-senvolvimento tecnológico e de cooperação, no brasil e fora do brasil. Temos vários pontos de contato com a Eni em diferen-tes países do mundo. Portanto,

entrevista

“As relações Brasil-Itália estarem se intensificando é

positivo para os dois países, pois há muita

complementariedade entre as atividades

(das nações)”

eu acho que uma aproximação entre Petrobras e Eni também é uma aproximação positiva, tanto para o desenvolvimen-to na área profunda como para as atividades da Eni em relação ao refino, como para um desen-volvimento na área de biocom-bustíveis. No momento, traba-lhamos com possibilidades de atuação na áfrica, no brasil e na Itália. Não temos como fa-lar em investimento ainda. Es-tamos em fase de namoro e nos conhecendo. Nossas três áreas de interesse comum são a coo-peração tecnológica, as tecno-logias de refino e os biocombus-tíveis (etanol e biodisel).CI – E em relação ao etanol, o que a Petrobras tem preparado?Gabrielli – Nesse momento, mais a curto prazo, nosso principal e mais desenvolvido contato se refere a modelos de negociação com o Japão. Temos hoje uma empresa constituída naquele país e estamos desenvolvendo com os japoneses estudos para intensifi-car a logística e para desenvolver a produção voltada para o merca-do japonês. Já exportamos para a Nigéria e para a Venezuela. E te-mos hoje, em fase mais embrio-nária, a discussão de várias pos-sibilidades na área de etanol com vários países. Mas não tem nada concreto ainda.CI – Atualmente, preservação do meio ambiente, energia re-novável e mudanças climáticas estão na pauta de discussões das grandes empresas. Como se dá essa preocupação na Pe-trobras? O senhor pode citar exemplos de ações que efeti-vem o comprometimento da empresa?Gabrielli – Temos uma longa tradição no que se refere a es-sa questão, uma vez que somos um parceiro importante em to-do o programa de álcool brasi-leiro. O brasil tem uma enorme contribuição para o mundo. Vo-cê tem mais de 40% do mercado de gasolina brasileiro fornecido pelo etanol. Em termos equiva-lentes, você está tirando de cir-culação um valor substantivo de gasolina, que tem um compo-nente CO2 maior do que o eta-nol. Então, você tem uma ajuda importante na emissão evitável de CO2. Além disso, nós temos intensificado nos processos in-

ternos da Petrobras uma maior eficiência energética na redução de emissões, nos processos in-dustriais nossos. Por exemplo, utilizando técnicas mais eficien-tes como o seqüestro de CO2, no uso de energia elétrica e na ge-ração elétrica. são processos in-ternos que permitem uma redu-ção nas emissões de CO2. Você sabe que uma plataforma gera bastante energia elétrica. A efi-ciência na geração é uma con-tribuição importante, pois gasta menos gás, menos óleo. CI – E justamente nesse momen-to o Conselho Nacional de Polí-tica Energética (CNPE) dá o aval para a construção de Angra 3. Que avaliação que o senhor faz dessa decisão?Gabrielli – sou favorável à uti-lização da energia nuclear. No longo prazo brasileiro, nós te-mos que diversificar as fontes de matriz energética. A energia nu-clear não emite CO2 para gerar energia elétrica. Ela exige um manejo mais adequado do resí-duo e da operação para evitar acidentes. Mas ela é, sem dúvida alguma, uma energia limpa pa-ra o futuro. Porém, exige maior controle. O que não compromete o petróleo. Dadas as condições e reservas do petróleo hoje, é um produto que vai durar muitos anos e o problema dele não será por falta, mas sim pelo apareci-mento de alternativas economi-camente mais viáveis. Nada hoje é tão eficiente para o transporte e mobilidade quanto o petróleo. Já para a geração elétrica, ho-je, a perspectiva de crescimento futuro é o carvão, mais poluen-te do que o petróleo e mais no-

civo ao aquecimento global que o petróleo. Aí, no futuro é que eu acho que teremos mais ener-gia nuclear substituindo a ener-gia do carvão, e vai ter mais efi-ciência no uso da energia, para necessitar menos de carvão, gás e petróleo. CI – Com uma história tão mar-cada pelo engajamento em mo-vimentos esquerdistas e estu-dantis, como se vê no papel de dirigente de uma grande em-presa?Gabrielli – Eu me sinto muito confortável dirigindo uma gran-de empresa que tem como ca-racterística fundamental o com-promisso com o povo brasileiro. Ela é a empresa do povo bra-sileiro, uma característica pre-sente nos múltiplos interesses pelos quais ela trabalha. E ela é uma empresa que tem a res-ponsabilidade social e ambien-tal como um dos pilares fun-damentais da sua estratégia. Do ponto de vista das relações capital e trabalho, a Petrobras

defende e pratica um processo de negociação permanente. E a empresa é fundamental para a constituição da nacionalidade e cultura brasileiras. É admirada e respeitada pelo povo brasileiro. Então, me sinto absolutamente tranqüilo aqui.CI – O que tira o senhor do sério?Gabrielli – O que me tira do sé-rio? Descobrir que estão ten-tando me enganar. Eu fico bem irritado com isso, quando eu per-cebo. Por que é difícil perceber. Então, me engane, mas não me deixe perceber. Já dizia um pro-fessor meu: vocês podem tentar colar, na bahia chama-se pescar (risos), à vontade, mas não me deixem ver.CI – E como é a sua rotina fora da Petrobras? Gabrielli – E tem vida fora da Pe-trobras? Eu chego aqui às 8h30 e saio daqui às 23h. Eu tenho dois filhos que eu adoro e uma mulher de quem eu gosto muito. Gosta-ria muito de poder me dedicar mais a eles.

“No momento, trabalhamos com possibilidades de atuação na África,

no Brasil e na Itália. Estamos em fase de namoro e nos

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economia

Rio de Janeiro sarà sede di incontro di camere italiane sulle energie rinnovabili

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Un dibattito infiammabileL’imminente minaccia del

riscaldamento globa-le accellera l’avvicina-mento tra paesi, seduti

agli stessi tavoli di discussione, malgrado le differenze dei profi-li economici. Per ciò che riguar-da i carburanti, il mondo corre contro il tempo alla ricerca di fonti di energia meno aggressi-ve per l’ambiente. Non è un ca-so che l’Italia – quasi totalmen-te dipendente dai carburanti di origine fossile [petrolio] – si avvicini sempre di più al brasi-le, riconosciuto per i suoi pro-gressi nell’area delle fonti rin-novabili. Un segnale di ciò è la scelta di Rio come sede, il 19 e 20 di questo mese, dell’incontro Energie rinnovabili – l’America del sud come punto di partenza, realizzato durante una riunione di tutte le camere di commercio italiane presenti nel Mercosud, nell’America del sud e in Ameri-ca Centrale.

secondo il presidente del-la Câmara ítalo-brasileira de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro, Raffaele Di Luca, i rap-presentanti delle camere si riu-niscono circa due volte all’anno per esporre progetti e discutere problemi di interesse comune.

— Il brasile parteciperà con rappresentanti di quattro came-re, così come l’Argentina. Il Ci-le, ad esempio, parteciperà co-me osservatore invitato – rivela Di Luca, dando un’idea dell’im-portanza dei paesi del Mercosud nell’incontro.

Il brasile è già stato ri-conosciuto come riferimento mondiale nel settore energeti-co rinnovabile. In Minas Gerais, particolarmente, si concentrano le principali conquiste nell’area, secondo la segretaria generale della Câmara ítalo-brasileira di Minas Gerais, Mariella Maritano.

— Credo sia un settore di grande rilievo per il momento in

cui viviamo, dovuto al proble-ma del riscaldamento globale. In questo momento, molti pae-si di rivolgono al brasile dovu-to alla sua capacità di produzio-ne di carburanti rinnovabili, un grande contributo per la lotta ai problemi di degrado dell’ambien-te. È importante ricordare che il brasile ha cominciato a pensare a questa soluzione quando pochi ci investivano sopra, con l’alcol prodotto dalla canna da zucche-ro. Ora siamo ancora più avan-

ti, con nuove soluzioni, come il biodiesel – dice Mariella.

Neanche tanto tempo fa, nel dicembre 2006, il biodiesel ha cominciato ad attrarre l’interes-se degli italiani. A salvador, ba-hia, un seminario internazionale, il “bionergy World Americas”, ha destato gli interessi di specialisti in produzione di energia da fonti rinnovabili. E, secondo il rappre-sentante del Ministero dell’Am-biente italiano e dell’Istituto Italiano per il Commercio Estero (ICE), Diego Tomassini, questo interesse diventa maggiore giu-stamente dovuto al fatto che il paese europeo dipende dai car-buranti fossili e anche perché non possiede aree agricole per la produzione di carburanti ecologi-ci, come l’etanolo e il biodiesel.

La segretaria generale af-ferma inoltre che l’incontro po-trà servire specialmente come uno strumento di aggiornamen-to delle camere sulle attività di ogni area, permettendo un inter-scambio maggiore tra le istitu-zioni, come l’aumento di azioni di collaborazione mutua.

— Identificheremo quali so-no le difficoltà esistenti e le sfi-de per la realizzazione di azioni future. È la prima volta che par-tecipo a questa riunione di area da quando sono stata incaricata come segretaria generale, l’anno scorso. Vorrei, nell’incontro, pre-sentare le attuali attività della Camera Italiana di Minas Gerais, oltre a cercare di capire meglio come lavorano le altre camere e, da questo, scambiare esperienze – spiega la segretaria generale.

secondo il senatore Edoardo Pollastri, presidente dell’ Associa-zione delle Camere di Commercio Italiane all’Estero (Assocamere-stero), il tema delle discussioni non potrebbe essere diverso, visto che, attualmente, le energie rin-novabili sono di particolare inte-resse commerciale per i paesi del Mercosud. Il senatore spera che la riunione promuova una maggior integrazione tra le camere.

— La riunione servirà per fare un’analisi delle relazioni economi-che tra l’Italia e i paesi dell’area per la preparazione di proposte di progetti che possano promuove-re miglioramenti negli interscam-bi con l’Italia — dice il senatore, partecipante dell’incontro, accan-to al vice ministro degli Affari Esteri italiano, Milos budin.

“In questo momento,

molti paesi si rivolgono al

Brasile dovuto alla sua capacità

di produzione di carburanti rinnovabili, un grande contributo

alla lotta dei problemi

di degrado dell’ambiente”

Mariella Maritano, segretaria generale della CâMara Ítalo-Brasileira

de Minas gerais

economia

Due eventi, un seminario e una tavola rotonda, due luoghi, Rio de Janeiro e brasilia, due istituti, la

Fondazione Getulio Vargas (FGV) e il Centro brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), due vi-sioni contrapposte dei rapporti geopolitici tra Italia e brasile. Il tutto per produrre un quaderno speciale della rivista Limes, inti-tolato “brasile, la stella del sud” e per sostenere la tesi che questo paese sta diventando una delle nuove potenze mondiali.

In 236 pagine Luciano Carac-ciolo e i suoi collaboratori esa-minano non solo gli aspetti geo-politici di questa tesi, ma anche quelli culturali, come quelli sulla musica brasiliana.

In verità il quaderno di Limes poco affronta la sostanza dei rap-porti Italia-brasile e si sofferma piuttosto sul rinnovato rapporto di reciproca convenienza tra bra-sile e stati Uniti, un legame di color verde.

Le biotecnologie in campo energetico, e nell’immediato la produzione e consumo di etano-lo, sono la ragione principale di questo rapporto, che non è altro che la ripetizione di un’antica geopolitica brasiliana, riassunta

nell’adagio “ciò che va bene per l’America va bene per il brasile”.

La novità risiede nella situa-zione geopolitica dell’America Latina, con il sorgere di medie potenze economiche come il Ve-nezuela, che usano le loro riserve di petrolio e gas per svolgere una petropolitica di contrasto verso gli UsA. Poi c’è anche il presunto rinnovamento del sistema politi-co economico vigente, da sosti-tuire con quello che Hugo Chavez chiama di socialismo del XXI se-colo, in realtà una riproposizione del vecchio pensiero statizzante comune a tutte le politiche di origine marxista-leninista con in più una forte dose di populismo, che ormai tende apertamente al-la dittatura.

Il brasile, che si era chia-ramente proposto come leader dei paesi limitrofi sulla scena internazionale, è ora perplesso dall’atteggiamento preso dal Ve-nezuela, capofila di un piccolo schieramento che comprende bo-livia, Cuba ed Ecuador, che con-testa la sua proposta.

Timoroso di soffrire ulteriori danni, dopo la non assunzione di un seggio permanente nel Con-siglio di sicurezza dell’ONU, ma cosciente di possedere la tec-

nologia più avanzata al mondo nella produzione di alcol come combustibile e di avere una gran disponibilità di terra coltivabile a canna da zucchero, ecco che tesse relazioni diplomatiche se-grete con gli UsA fin dal 2004, con l’intento poi dichiarato aper-tamente di costituire assieme al gigante capitalistico il più gran-de polo di produzione e consumo di etanolo.

Due le finalità palesi: svin-colare la matrice energetica dei due paesi dalla petro-dipendenza e fare dell’etanolo una commo-ditie internazionale affidata alle quotazioni di borsa e alla specu-lazione finanziaria.

Il comico beppe Grillo, anni fa, usava un tormentone che di-ceva “Te lo dò io, il brasile”, che può essere usato per definire il contenuto del quaderno speciale di Limes, un’esposizione ampia e ben documentata, ma dove po-co si dice sugli interessi italiani in relazione alla traiettoria intra-presa da quel paese.

si accennava a due visioni del rapporto tra brasile e Italia. Or-bene, secondo il presidente della FGV è impossibile per un italiano comprendere la realtà brasiliana, è la vecchia visione di un paese

sub continentale, di grandezza e diversità naturale tali da ren-derlo indipendente dal contesto globale.

A questo pensiero si con-trappone quello del presidente del Cebri, ambasciatore bota-fogo Gonçalves che, risponden-do ad alcune domande poste da Comunità, ritiene invece che non vi sono ostacoli e anzi l’Ita-lia può offrire ancora oggi mo-delli da seguire e adattare, e ciò perché il brasile è ormai un pa-ese maturo e cosciente delle sue possibilità di maggior afferma-zione sulla scena internazionale.

botafogo, a un’altra doman-da che chiedeva cosa può inse-gnare il brasile all’Italia, ha sot-tolineato la capacità brasiliana di integrazione etnica e razziale, chiamata qui di “mixigenação”, ovvero il “melting pot” america-no, esperienza da mutuare per le nostre politiche dell’immigra-zione.

Poco spazio è dedicato a illu-strare i rapporti geopolitici Ita-lia-brasile: un testo di Donato Di santo di carattere generale, uno dell’ambasciatore brasiliano in Italia, Gabriel bahadian, specu-lare al primo, uno sugli immigra-ti italiani a san Paolo dell’amba-sciatore Incisa di Camerana.

Vi è perfino un breve capitolo dell’ambasciatore d’Italia a bra-silia, Michele Valensise, dal tito-lo “brasile, istruzioni per l’uso”, con interessanti quanto allar-manti considerazioni sul modo di fare brasiliano. In particolare il testo celebra il famoso “jeiti-nho”, in altre parole il nostrano “arte di arrangiarsi”, come meto-do ideale perfino nelle trattative diplomatiche. Peccato che il tal “jeitinho” per i brasiliani sia so-prattutto capacità di aggirare gli ostacoli posti dalle situazioni o dalle leggi, ovvero di ricorrere al-la corruzione spicciola o su scala industriale per ottenere ciò che si vuole, sfuggire alla burocrazia soffocante, ecc.

Poco dunque si è discusso dei rapporti tra Italia e brasile e la stessa rivista è uscita prematura-mente poiché di questi rapporti, e soprattutto dell’ascesa interna-zionale del brasile, se ne è ripar-lato all’inizio di luglio nell’ambi-to della presidenza portoghese dell’Unione Europea, sulla base del primo accordo di cooperazio-ne politica tra UE e brasile.

“Te lo dò io, il Brasile”

Un tormentone per sostenere la tesi che il Brasile diventa una nuova potenza mondiale secondo la rivista Limes

DaniELE MEngacci

economia

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economia

Gli occhi a mandorla han-no brillato dappertutto nell’ultima edizione della Feira Internacional da In-

dústria Têxtil (Fenit), a san Pao-lo. La schiacciante predominanza di stand cinesi in mezzo a rappre-sentazioni straniere all’evento ha avuto un effetto minaccioso tra i concorrenti degli altri paesi. Im-prenditori europei, per esempio, hanno manifestato preoccupazio-ne di fronte ad una concorrenza che viene considerata sleale, con l’offerta asiatica di un’enorme quantità di prodotti a basso prez-zo. C’è chi teme che quest’inva-sione minacci perfino il prestigio della Fenit, oggigiorno conside-rata una delle maggiori fiere del settore in America Latina.

È rimasta frustrata l’aspetta-tiva iniziale degli imprenditori stranieri di un maggior equilibrio nelle origini dei 90 espositori in-ternazionali. In pratica, l’evento ha però riflettuto un fenomeno che si dissemina a ritmo inces-sante in tutto il mondo. C’erano praticamente lo stesso numero di

Affari dalla Cina

La Fenit 2007, a San Paolo, attrae imprenditori del paese asiatico in tale quantità da spaventare i proprietari delle marche italiane

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stand cinesi (89) e brasiliani (90). soltanto due in-diani e un italiano hanno installato punti di rap-presentazione delle loro marche alla fiera.

La forte competizione per questa sfre-nata espansione del mercato cinese – ag-gravata ancor più tanto in brasile, quanto in Europa, dall’industria di falsificazione di abbigliamento firmato – è stata inter-pretata in maniera generale come un segnale di rischio per la salute dell’in-dustria tessile.

— Le grandi marche soffrono danni, ma riescono a mantenersi. In Italia, circa il 90% delle imprese so-no micro o piccole, con 15 impiegati in media e, per loro, la competizio-ne è un serio problema. Grazie al-la manodopera a basso costo e agli incentivi fiscali e produt-tivi, la Cina ottiene prodot-ti più economici. Malgrado l’inferiore qualità, gran par-te della popolazione pre-ferisce comprare i prodotti cinesi, il che annienta l’in-dustria italiana — rivela Cristiano Gavarini, dell’El-ba, rappresentante brasi-liana delle marche italia-ne alla Fenit.

Un’ec-c e z i o n e alla rego-la italiana, dovuto alla sua industria di grande rilievo, l’imprenditore Gian-ni bernini, proprietario della sandra b di accessori come botto-ni e fermagli, comunque non rima-ne disattento e si mantiene sempre scrupoloso di fronte al pericolo ci-nese. Ha esposto prodotti della sua marca all’evento e, abituato a vi-

sitare fiere internazionali, ha ammesso di essersi spaventa-to quando ha visto la quanti-tà di cinesi alla Fenit.

— bisogna stare atten-ti perché l’eccesso di im-prese cinesi di solito toglie prestigio all’evento. Qual-che anno fa c’era un’im-portante fiera di tessuti in Germania. Ogni edizione

che passava, aumentava il numero di espositori orienta-

li, i cui prodotti sono di qua-lità inferiore. Dopo un po’, l’evento ha perso tutta la sua importanza, la sua reputazio-ne — avvisa il proprietario

della sandra b, che ha co-

minciato a vendere per il brasile soltanto due mesi fa.

secondo il direttore della Fe-nit, Ricardo Matrone, la parteci-pazione delle imprese cinesi per-mette una facile spiegazione:

— Non è nient’altro che una fo-tografia del momento che il settore attraversa e, in un certo modo, del-la stessa politica cambiale vigente. Tutto il mondo sta affrontando la partecipazione cinese in vari seg-menti e non poteva essere diverso in brasile, dovuto alla grande im-portanza che il nostro paese svolge nel mercato globale, sempre alla ri-cerca di opportunità di affari.

Anche se non ha investito nel-le installazioni di stand durante la Fenit, l’industria tessile italiana ha ugualmente dimostrato l’intenzio-ne di investire di più nel mercato brasiliano. Nei tavoli di affari del-la fiera, 11 imprese italiane hanno

mandato rappresentanti a san Paolo. Tra di esse, la fabbrica

di abbigliamento femmi-nile Luxuria. Esistente da soli 3 anni, la marca esporta già in 15 paesi.

secondo la proprietaria della marca, Antonella bal-lestazzi, la Luxuria un anno fa si è stabilita con successo in Argentina, ed ha rivelato il suo grande interesse nel ripe-

tere questo risultato in brasile. Durante la Fenit ha mantenuto contatti con tre imprese d’im-portazione con questo fine.

— Al ritorno in Italia, spe-ro di perlomeno concludere una partnership. se non ci riesco,

ritorno l’anno prossimo — si pianifica.

ballestazzi è anche la designer dell’impresa e, per aumentare la ri-

cezione della marca, comincia già a fare studi per adeguare i prodot-ti allo stile di vita brasiliano.

— In Italia di solito non usia-mo il lungo per le feste. Andiamo ai matrimoni in jeans e camicia. Per questo bisogna fare delle mo-difiche nel catalogo e includere dei prodotti — analizza.

Nonostante il successo all’este-ro, la Luxuria è una piccola impre-sa, con soltanto 12 impiegati, così come la maggior parte delle im-prese partecipanti ai tavoli di af-fari. Da questo deriva l’economia di costi con la contrattazione di rappresentanti in brasile, il che evita lo spostamento di personale proprio, com’è il caso, ad esempio, delle imprese Tecnowear, boanero e RGM. Non potendo venire di per-sona, le tre hanno contrattato la ditta di rappresentazione Elba per presentare i loro cataloghi e pro-dotti ad importatori brasiliani. se-condo uno dei proprietari dell’Elba, Cristiano Gavarini, imprenditori le-gati alle marche presenti alla fiera

appena cominciano a conoscere il mercato brasiliano.

— Il mio ruolo è quello di portare cataloghi, fare contatti e scambiare telefoni. Non facendo parte dell’impresa, per esempio, non posso parlare di prezzi. Quan-do arrivo in Italia, passo i contatti che ho fatto e, da là, sono fatti i negoziati finali — spiega Gavarini.

La differenza della quotazione tra real e euro, fattore che rincara i prodotti europei, non preoccupa molto l’imprenditore, che scom-mette sulla qualità della merce per ribaltare il problema:

— È logico che qui non ven-derò magliette, che già avete e che l’industria cinese vende mol-to e a buon prezzo. se non posso competere sul prezzo, devo por-tare prodotti di migliore qualità. L’Italia presenta tessuti di avan-zata tecnologia, completi dal ta-glio migliore, ed è questo che de-ve essere portato qua.

Una scommessa simile viene fatta dal proprietario della sandra b, industria di accessori di abbi-gliamento che, in 40 anni di espe-rienza, ha raggiunto una produzio-ne mensile di un milione di pezzi, esportando per 60 paesi. L’ingresso dell’impresa nel mercato brasiliano fa parte del piano di espansione, alla ricerca di affari ogni anno con un nuovo paese. Ma lui ci tiene a differenziare la sua strategia dai voraci concorrenti cinesi. Il se-greto, secondo lui, è: “prodotti di qualità ad un prezzo giusto”. Antonella Balestazzi, proprietaria e designer della Luxuria

In alto, Cristiano Gavarini, uno dei proprietari dell’Elba. A destra, parte del campionario di prodotti

della Sandra B

AmericA del sud

72,55%

AsiA

3,92%

europA

11,76%

AfricA

0,98%

AmericA del centro

2,94% AmericA del nord

7,84%

Visitatori stranieri per continente

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atualidade

A partir do ano que vem, não somente médicos e enfermeiros terão mais oportunidades de empre-

go na Itália. Também recém-for-mados na área de Ciências Exatas vão poder concorrer a vagas de trabalho do outro lado do Atlân-tico. Com a redução nos níveis de desemprego no mercado interno italiano, o país europeu abre ain-da mais as portas para estrangei-ros. Isso ocorre após um recen-te aumento na porcentagem de imigrantes legalizados no país. Estes já representam 5% da po-pulação, segundo dados oficiais referentes ao ano passado. Com base nesse quadro, a agência de empregos Obiettivo Lavoro deve iniciar a seleção de profissionais recém-formados em Engenharia e Informática.

A agência, segundo o seu presidente, Alessandro Ramazza, tem por meta garantir a chan-ce de experiência profissional no exterior para recém-forma-dos brasileiros, com segurança e dentro das normas da legisla-ção trabalhista italiana. A em-presa opera no brasil há quase dois anos, com projetos de es-pecialização temporária para jo-vens profissionais em seu país sede. Ainda neste ano, por meio de um desses projetos, deve em-barcar para a Itália uma primei-ra turma de 40 enfermeiros bra-sileiros, com idades entre 21 e 30 anos. Eles foram selecionados pelo Projeto brasil-Itália, parce-ria entre a Obiettivo Lavoro e o Centro Integrado Empresa Escola (CIEE), para atuar em clínicas e hospitais italianos.

Mãos à obra, brasileiros!

O mercado de trabalho italiano, que já havia criado oportunidades para médicos e enfermeiros, agora vai convocar engenheiros e profissionais de Informática brasileiros

aLinE bUaEs

No seminário A Conjuntura do trabalho na Itália e no Brasil – ní-veis crescentes de competitivida-de internacional, promovido pe-la Obiettivo e pelo CIEE em são Paulo, discutiu-se, em junho, es-se modelo transnacional de in-serção no mercado profissional. Ramazza apresentou então da-dos referentes aos 10 anos de atividades da agência, período em que mais de 430 mil pessoas foram empregadas na Itália, sen-do 90 mil de origem estrangeira, provenientes de mais de 134 di-ferentes países. A maior parte re-tornou ao país de origem, depois de concluir o programa de apren-dizado profissional temporário.

Para o presidente da Obietti-vo, o que importa é a inserção no mercado de trabalho até mes-mo para aqueles que se sentem já excluídos dele, vislumbrando algo que ele próprio definiu co-mo “una società a colore”. Além de jovens recém-formados, o pro-grama da agência tambérm abre oportunidades para mulheres com mais de 40 anos e para ho-mens com mais de 60, também estrangeiros.

— Discutimos ações para promover um trabalho justo e seguro _ afirma Ramazza, refe-rindo-se ao esforço da empresa no sentido de um “desenvolvi-mento solidário” do mercado de trabalho.

Para o presidente da Acade-mia Internacional de Direito e Economia, o professor Ney Pra-do, também conselheiro do CIEE, a Itália se tornou uma referên-cia na busca de soluções para o aumento dos índices de empre-

gabilidade, por conta da própria experiência no país de superação de adversidades, ao longo de uma história marcada por muitas mu-danças no sistema de governo.

— Estamos falando de um país de primeiro mundo que saiu de um modelo fascista-interven-cionista para um modelo demo-crático, aberto e individualista — explica Prado.

Do seminário, participou também o vice-ministro italia-no para Relações Exteriores, Do-nato Di santo, responsável por assuntos relacionados à Améri-ca do sul. Ele manifestou a sua adesão ao modelo de trabalho da Obiettivo Lavoro. segundo o vice-ministro, este trabalho se-gue na direção certa, “visando a integração, o respeito e o com-bate ao trabalho informal”, no contexto de um projeto maior, que tem por objetivo aumentar a colaboração entre a Itália e os países latino-americanos.

— Queremos retomar um pro-jeto de colaboração com os paí-ses da América do sul, em espe-

cial o brasil — garante Di santo, afirmando ainda que o relaciona-mento com o brasil está entre as prioridades de governo do pre-mier Romano Prodi.

Nesse ambiente favorável, nasceram, inclusive, de acordo com Di santo, a Comissão Mista de Economia entre os dois paí-ses e um acordo de cooperação mútua, firmado durante visita de Prodi ao brasil, em março último. Também participante dos deba-tes em são Paulo, o embaixador da Itália no brasil, Michele Va-lensise, revelou a visão que tem do “enorme e ainda não esgota-do potencial do brasil para par-cerias e inovações com a Itália”. O intercâmbio comercial entre os dois países, gerador hoje de cer-ca de Us$ 6,5 bilhões anuais, po-de crescer muito, na opinião de Valensise.

Amigo pessoal de Di santo, o ministro brasileiro Luiz soares Dulci lembrou, durante o seminá-rio, que sempre foram boas as re-lações entre os governos do bra-sil e da Itália.

— Com esse projeto da Obiet-tivo, vejo que demos um novo passo nas relações entre os dois países — conclui Dulci.

serViço: ObbietivO LavOrO rJ – teL: 21.2232-6652

[email protected]

SP – teL: [email protected]

Fiera di San VitoLa 10ª edizione della Fiera di san Vito, fe-

steggiata nel tradizionale quartiere del brás, a san Paolo, ha riunito più di 150mila persone durante i sei fine settimana in cui è stata realiz-zata. Il numero di visitatori è 50% superiore a ciò che ci si aspettava per quest’anno. La media è di circa 12mila persone al giorno passate per l’even-to che rende omaggio al santo. secondo gli orga-nizzatori, dal 26 maggio al 1° luglio sono stati serviti al pubblico 35mila piatti di pasta, 16mi-la focazzelle e 30 mila dolci. solo di spaghetti, ne sono stati mangiati tremila chili. Considera-to protettore degli artisti, delle malattie nervose, dei giovani e dei tossicodipendenti, san Vito è morto giovane, a 15 anni, martirizzato per aver difeso la fede cattolica. Figlio di un nobile dell’Impero Romano del III secolo, il giovane si rifiutò di arruolarsi nell’esercito, perché si diceva soldato di Cristo. Gli vengono attribuiti vari miracoli, alcuni ancora in vita. A san Paolo, la devozione è stata portata da un gruppo di immigranti venuti da Polignano a Mare, in Puglia. La cappella in suo onore è stata costruita nel 1912, nel quartiere brás. Durante la festa, le mamme hanno approfittato l’evento per rendere nota la cucina pugliese e così raccogliere soldi per progetti assistenziali della parrocchia. secondo il diacono Alfredo Me-letti, quest’anno la novità è stata la creazione di uno spazio culturale, fatto in partnership con il memoriale dell’immigrazione.

— In questo spazio, abbiamo potuto riscattare un po’ della storia del quartiere, costruito con gli aiuti della comunità di Polignano a Mare, e divulgare le nostre radici, che conserviamo con molto affetto — commenta. (B.C.)

È festa!La XVI Festa dell’Immigrante

Italiano a santa Teresa (Es) ha riunito circa 20mila persone dal 16 al 24 giugno. La messa in italiano, il giro ciclistico, le canzoni italia-ne, i concerti con gruppi regiona-li e una torta per commemorare i 132 anni dall’arrivo dei primi ita-liani nel comune.

secondo Francisco Carlos Gonçal-ves, presidente del Circolo Trentino della città, la polenta con il ragù di carne o fritta con salsicce e for-maggi, gli agnolini e la tradizionale pasta sono state le cose che hanno avuto più successo alla festa.

- Abbiamo investito R$ 180mi-la alla festa e un momento impor-tante è stata la “Carretella del Vin”, in cui vengono illustrati i costumi e le tradizioni dell’immigrante, che è culminata nella distribuzione di vino, salsicce, polenta, formaggi e che ha permesso la partecipazione del pubbico presente all’evento.

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Espaço pequeno entre as poltronas do avião prejudica a saúde de viajantes e pode provocar a Síndrome da Classe Econômica

O perigo de ficar “nas nuvens”Viajar de avião pode ser

mais perigoso para a saú-de do que parece. Não bastasse ter de lidar com

o jet lag — alteração nos ritmos fisiológicos em função dos dife-rentes fusos horários — passa-geiros de vôos de longa duração enfrentam risco mais grave: o da trombose venosa profunda, mais conhecida como síndrome da Classe Econômica.

O espaço exíguo entre uma poltrona e outra é apontado co-mo a principal causa do proble-ma. A permanência numa mes-ma posição por muitas horas, em poltronas estreitas, sem es-paço ao menos para esticar as pernas e elevar os pés, provo-ca má circulação nos membros inferiores, formando coágulos nas veias profundas das pernas. Quando a pessoa se levanta, fragmentos de sangue coagula-do podem se desprender, deslo-cando-se pelo corpo com mui-ta pressão e causando lesão em algum órgão.

A relação direta entre a trombose venosa profunda e as viagens aéreas tem comprova-ção científica. De acordo com o presidente da sociedade bra-sileira de Angiologia e Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro, o angiologista Rossi Murilo, uma pesquisa relatou a ocorrência de 56 casos de embolia pulmo-nar grave entre 135 milhões de passageiros, de 145 países, ob-servados após o desembarque no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, França.

— Na gênese desses fenôme-nos, estaria envolvida a diminui-ção da velocidade da circulação do sangue, causada pela posição pendente dos pés de quem via-ja entre poltronas apertadas. A trombose venosa, nessas circuns-tâncias, ocorreria com maior fre-qüência em vôos longos — afir-ma o médico.

A má circulação não é o úni-co fator envolvido. A pressuri-zação da cabine corresponde às condições atmosféricas de uma

altitude de cerca de 1.700 me-tros, acima do nível do mar. Nes-sas circunstâncias, segundo o angiologista, o extravasamento de líquidos para o espaço inter-celular, composto por diversas substâncias em meio aquoso, ocorre de forma mais fácil, o que propicia o edema.

— Além disso, ainda tem o ar da cabine, de baixa umidade, o que estimula a perda de líqui-dos pelo organismo, favorecendo a desidratação, e, conseqüente-mente, tornando maior a concen-tração de hemoglobina no san-gue — diz Rossi.

Cientistas dinamarqueses da Organização Mundial de saúde (OMs) estudaram a coagulação do sangue em 71 voluntários que haviam permanecido por oito ho-ras em diferentes atividades — viajando de avião, numa poltro-na de cinema ou, simplesmente, sentados. A pesquisa, publicada pela revista científica The Lan-cet, comprovou que a pressão do ar e o baixo nível de oxigênio

atuavam como fatores determi-nantes da ocorrência da síndro-me da Classe Econômica.

Para o agente de viagens Fa-bio Massimo Alfieri, os passagei-ros sofrem de diversas formas em viagens longas. Por isso, pela ex-periência adquirida em mais de 30 anos de trabalho, ele nunca esquece de recomendar aos seus clientes a ingestão freqüente de líquidos.

— Deve-se beber muito, mas muito líquido mesmo, evitando, porém, qualquer tipo de álcool (que desidrata) ou de refeição gordurosa. segundo os tripulan-tes, ir ao banheiro várias vezes também ajuda a evitar, por exem-plo, a consolidação de cálculos nos rins. — conta o agente.

O presidente do Consiglio Generale degli Italiani all’Estero (CGIE), Claudio Pieroni, sofre de diabetes. Devido à doença, o ítalo-brasileiro segue algumas recomendações de seus médicos todas as vezes que precisa en-frentar viagens longas.

— Uso uma meia elástica que aperta as pernas, compri-mindo as veias, fazendo o san-gue fluir. Também me levanto e procuro caminhar pelo avião pa-ra melhorar a circulação — ex-plica Pieroni.

Responsável pelo setor de Check-up do Viajante do Institu-to Fleury de Medicina e saúde, de são Paulo, o médico Jessé Al-ves confirma a recomendação do

Quando estamos em pé, o

sangue circula normalmente nas artérias

inferiores

A circulação é bloqueada se o espaço entre os assentos não for suficiente ou se a pessoa permanecer sentada por muito tempo. Durante as viagens de longa duração, é necessário levantar e caminhar por alguns minutos de hora em hora

Parte do sangue que retorna das pernas ao coração permanece bloqueada na área. Se este bloqueio se prolonga por muito tempo pode se formar um coágulo, que é um fragmento de sangue solidificado que obstrui os vasos sangüíneos

Quando a pressão na articulação cessa, o coágulo é liberado e circula nos vasos sangüíneos e se alcança o coração e os pulmões pode provocar a morte

uso da meia elástica nos casos de risco.

— Usar roupas confortáveis e que não apertem, especial-mente na região dos joelhos e pernas, também é uma boa dica — informa.

O médico também explica co-mo é possível amenizar os efei-tos da transição brusca de um fu-so horário para outro:

— A melhor forma de reduzir os sintomas do jet lag é expor-se à luz solar, assim que chegar ao destino final, ajustando-se aos novos horários de refeições e ao sono o quanto antes. Em algumas situações, há, no entanto, neces-sidade de medicações, que devem ser prescritas por um médico.

Mas não há razão para tornar a hipótese de um vôo transcon-tinental em motivo de pânico. basta seguir as recomendações médicas para garantir a preven-ção da síndrome da Classe Eco-nômica, especialmente nos casos de pacientes crônicos de doen-ças de circulação ou cardíacas, com varizes, sangue espesso ou quadro de obesidade. O melhor a fazer, de acordo com os especia-listas, para quem não quiser cor-rer o risco de se descobrir vítima de uma dessas doenças em pleno vôo, é tomar a precaução de rea-lizar um check-up completo antes da sonhada viagem, seja em fé-rias ou a negócios.

“Uso uma meia elástica que

aperta as pernas e comprime as veias fazendo o sangue fluir.

Também levanto e procuro

caminhar pelo avião para

poder ajudar na melhora da

circulação” Claudio Pieroni (Cgie)

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Ana Paula Torres

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Descoberta italianaUma molécula produzida pelo corpo huma-

no, a “interleuchina-12”, auxilia na pre-venção de alergias alimentares. A descoberta foi feita pelo italiano Cláudio Nicoletti, forma-do em Ciências biológicas, em siena, na Tos-cana, e que, hoje, lidera o setor de Imunologia do Institute of Food Research (IFR) em Norwi-ch, na Inglaterra. segundo o pesquisador, os ratos que sofriam do mal não apresentavam essa molécula. O estudo foi publicado no Jour-nal of Allergy and Clinical Immunology.

Para inibir resfriadosO extrato da equinácea, planta da América

do Norte da qual já se sabia que auxiliava na redução de sintomas da gripe e de outras infecções respiratórias, é mais eficaz do que se imaginava. Também pode prevenir as in-fecções. Estudo realizado pela Escola de Far-mácia da Universidade de Connecticut (EUA) mostrou que os consumidores do extrato têm 58% menos chance de pegar uma gri-

pe. Consumida junto com vitamina C, a planta chega a reduzir em 86% os casos de gripe.

Vagem na luta contra o tempoFamosa por estar associada à dieta medi-

terrânea, a vagem é um alimento rico em fibras, proteínas e vitaminas como A, b1, b2 e C, além de sais minerais como cálcio, fósforo, ferro, potássio e sódio. Isso quer dizer que ela não só garante a capacidade de uma boa vi-são e a saúde da pele, como ainda estimula as funções intestinais. De acordo com estudos da Universidade Federal de Pernambuco (UFP), a vagem, como as hortaliças em geral, age tam-bém como antioxidante, inibindo a ação dos radicais livres sobre as células e combatendo processos infecciosos. Originária das Américas, a planta foi levada para a Europa e a ásia após a chegada dos colonizadores europeus.

Papel principalDe coadjuvante histórico no preparo

de pratos típicos da cozinha italia-na, o manjericão assume papel de prota-gonista na prevenção e no tratamento de várias doenças. segundo a revista Ervas & plantas que curam, da Editora Escala, a planta tem poder diurético, aumenta o apetite, melhora a circulação sangüínea, ajuda na digestão e na eliminação de ga-ses, além de favorecer o aumento da pro-dução do leite materno, embora não seja recomendável o seu consumo durante a gestação. Também combate a insônia, a dor de cabeça e a febre, assim como af-tas, resfriados, gripes, sinusite e faringi-te. Ms a erva não deve ir ao fogo se for utilizada como medicamento.

Peixe contra o câncerA ingestão de atum e de salmão dimi-

nui as possibilidades de se contrair as formas mais agressivas do câncer de prós-tata, de acordo com o Instituto Peterson, na Grã-bretanha. Esses peixes são ricos em gorduras saudáveis como o ácido gra-xo ômega 3, que também ajuda a inibir o crescimento das células degenerativas cau-sadoras do mal. Estudos mostram que a fal-ta do consumo regular desses alimentos chega a triplicar a chance de o homem vir a apresentar o problema. O tumor de prós-tata está em segundo lugar entre os tipos de câncer que mais atingem os homens no brasil, abaixo apenas do câncer de pele.

Guaraná, um novo aliadoConhecido como ótimo estimulante,

o guaraná também pode ser útil no tratamento do câncer. segundo pesqui-sa da Universidade de são Paulo (UsP), a experiência do uso do guaraná em camundongos doentes já comprovou o efeito de redução em 55% no processo de desenvolvimento do câncer. O con-sumo da semente da fruta também au-xilia no combate à enxaqueca, funciona como estimulante e ainda previne dis-túrbios circulatórios, além de evitar o envelhecimento precoce. Pessoas cardí-acas, com úlcera e vítimas de hiperten-são só devem consumi-lo, no entanto, sob supervisão médica.

SaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSal

Framboesa: saúde em coresEla pode ser branca, amarela, rosa, roxa

ou até mesmo preta. As nuances são muitas. Mas o número de benefícios trazidos pelo consumo da framboesa parece ser ainda maior. De acordo com o livro A cura e a saúde pelos alimentos, de Ernst schneider, a fruta é rica em fibras, favorece o controle do coles-terol e uma melhor digestão, bem como auxi-lia na desintoxicação do organismo. E mais:

formada por uma série de pequenos go-mos, a framboesa ainda combate os

radicais livres que aceleram o envelhecimento. Além dis-

so, possui alto teor de manganês e de vi-

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Paweł Zawistowski

Gino PaoliO cantor e compositor Gino Paoli fará

uma apresentação de seu mais re-cente trabalho: “Milestones. Un incontro in jazz”, álbum realizado em parceria com grandes nomes do mundo do jazz italiano.

O evento acontece ao ar livre no Au-ditorium Parco della Musica, dia 29 de ju-lho, às 21h. Endereço: Viale De Coubertin, próximo ao estádio Flaminio. O ingresso custa e 20. Mais informações e compra online pelo site www.auditorium.com

Os turistas da capital e da provín-cia de Roma acabam de ganhar o “Roma & Più Pass”. seu lança-

mento acontece depois do grande suces-so do “Roma Pass”, em vigor há um ano na capital. Trata-se de um cartão turístico-cultural que facilita a viagem pelo terri-tório romano. O cartão custa 25 euros e tem validade de três dias, permitindo que o seu portador ingresse gratuitamente em dois museus ou sítios arqueológicos, além do ingresso com preço reduzido em outros pontos turísticos. A iniciativa é válida pa-ra todos os monumentos, museus e áreas arqueológicas de competência municipal e nacional, situados na área urbana e na província. Participam no total os 121 mu-nicípios da província de Roma com itinerá-rios ricos de arte e história.

O cartão também garante acesso gratuito a toda a rede de transporte público da provín-cia e da capital. Outro benefício oferecido pelo “Roma & Più Pass” é a possibilidade de viajar grátis no trem que liga o aeroporto de Fiumici-no à estação Termini de Roma. Descontos em mostras, espetáculos de teatro, dança, ópera, dentre outros, também estão incluídos.

O “Roma & Più Pass” pode ser compra-do diretamente na entrada dos museus, nos pontos de informações turísticas, na estação Termini, em hotéis, agências de viagem, bi-lheterias Atac, bancas de jornais e revistas, casas lotéricas e no site www.romapass.it. No ato da compra, o turista receberá um kit com informações em italiano e inglês, que contém dados sobre transporte público, mapa, lista de museus, áreas arqueológicas e uma pro-gramação dos eventos em cartaz.

Mais acessível

Melhor que a torre Eiffel?Nada mais sugestivo do que percorrer o

centro de Roma a bordo de um bonde da década de 20, totalmente restaurado e dota-do de todo conforto. O tour começa na praça de Porta Maggiore às 21h. Durante o percur-so, cantores líricos interpretam algumas das mais famosas óperas e, para completar, um jantar é oferecido no Parco del Celio, com vista panorâmica do Coliseu e Fori Imperia-li. Custo total, incluindo o jantar: e 80 eu-ros. Duração: 3 horas. Informações e reservas pelo e-mail [email protected] ou pelo celular 0039-339-6334700.

A Roma de Achille PinelliAcDe 28 de junho a 16 de setembro, o Museu

de Palazzo braschi dedica uma mostra ao ar-tista Achille Pinelli, um dos expoentes do mundo artístico romano do século XVIII. Estão expostas 70 obras em aquarela que documentam aspectos da Cidade Eterna que desapareceram no tempo ou se modificaram radicalmente. Endereço: Via di san Pantaleo, na Praça Navona. Aberto todos os dias das 9h às 19h. Ingresso: e 6,50 euros.

Romeu e JulietaDe 8 a 14 de agosto, será represen-

tada na encantadora atmosfera das Termas de Caracalla, a ópera “Romeo e Giulietta suite Pagliacci”. Trata-se de um drama lírico em dois atos com tex-to e música de Ruggero Leoncavallo. Os preços dos bilhetes variam de e 25 a e 110. Mais detalhes pelo site http://www.operaroma.it/tickets.htm

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attualità

La coda non cammina!Carenza di personale nei consolati lascia circa 500mila brasiliani ad aspettare

persino 10 anni per ottenere il riconoscimento della cittadinanza italiana

Di fronte alla lentezza cro-nica del processo burocra-tico per il riconoscimento della cittadinanza italiana

in brasile, figli, nipoti e altri di-scendenti di immigranti hanno de-ciso di dare un basta alle lunghe file imposte dalle autorità che, in alcuni casi, sono di 10 anni. La strategia: una sottoscrizione.

— La soluzione non può più essere rimandata. Con la sotto-scrizione vogliamo dimostrare il nostro disaccordo al governo ita-liano — dichiara il presidente del Comitato degli Italiani all’Estero (Comites) di Rio Grande do sul, Adriano bonaspetti, a nome dei circa 500mila brasiliani che for-mano le code per la tanto sogna-ta cittadinanza italiana.

La sottoscrizione – che co-mincia a circolare ora – non rap-presenta l’unica maniera di riven-

dicare i propri diritti. bonaspetti cerca anche di conquistare come alleati i patronati, a cui ha invia-to una circolare chiedendo l’ap-poggio nei negoziati con il gover-no italiano e con il parlamento. L’obiettivo è quello di rendere possibili provvidenze concrete per rendere più agile il processo di analisi delle richieste.

— Considerando il tempo su-periore ai 10 anni che gli italo-brasiliani stanno aspettando per qualcosa che è loro di diritto, può essere difficile capire il perché di tanta attesa — ammette il presi-dente del Consiglio Generale de-gli Italiani all’Estero (CGIE) di san Paolo, Claudio Pieroni.

In contrasto alle numerose ri-chieste in brasile di discendenti che sollecitano il riconoscimen-to, il console Generale di Rio de Janeiro, Ernesto Massimo bellelli, ammette che il personale non è sufficiente.

— In brasile, il numero di personale dei consolati è lo stes-so di altri luoghi nel mondo. Però qui abbiamo una domanda molto superiore di richieste di riconosci-mento, il che non succede, nor-malmente, negli altri paesi. Per questo abbiamo queste attese — analizza bellelli.

Il senatore Edoardo Pollastri, eletto dagli italiani che vivono all’estero, concorda:

— Il personale si occupa non soltanto di queste attività, ma di una serie di altri servizi per chi è già cittadino italiano. In un re-cente convegno in America Lati-na, il direttore generale dell’Im-migrazione del Ministero degli Affari Esteri, ambasciatore bene-detti, ha detto che la rete con-solare dell’America Latina dispo-ne di 300 impiegati, di fronte a più di un milione di iscritti nel registro, cioè un impiegato per ogni 3,5 mila cittadini italiani, a cui debbono essere sommati i discendenti che richiedono la cit-tadinanza.

Non bastasse l’attesa nelle fi-le, abbiamo un’altro ostacolo in vista, che può minacciare il so-gno dei discendenti di immigran-ti: una proposta di cambiamento della legislazione per limitare al-la terza generazione il diritto al riconoscimento della cittadinan-za italiana. Nel caso sia appro-vata, la nuova regola può essere applicata ai processi già in an-damento.

Nella coda da due anni, il musicista Guto Goffi, del grup-po barão Vermelho, considera in-giusta questa proposta di limiti. Il suo processo affronta già una complicazione: nei documenti del suo bisnonno il nome era stato re-gistrato con un errore quando si è naturalizzato brasiliano.

— sarebbe pessimo perdere questo diritto di diventare citta-dino italiano, perché ho dentro di me il sogno di, un giorno, vivere in Italia e investire nel paese dei miei avi — rivela il rocker.

Ma tutto può migliorareIn visita in brasile, il vice mini-stro degli Affari Esteri dell’Italia, Franco Danieli, ha assunto su di sé l’impegno di dare forza alla re-te consolare in America del sud e in brasile in special modo. Ci sono misure già approvate, co-me l’aumento del 50% nel qua-dro di personale dei consolati, la contrattazione di centrali tele-foniche per call-center e l’infor-matizzazione degli archivi e dei servizi.

— Per ora non abbiamo nien-te di concreto; sono progetti — chiarisce, comunque, il conso-le bellelli, sulle prospettive di cambiamenti.

Intanto, negli Stati Uniti...Oltre ai tanti problemi, c’è an-che un nuovo ostacolo per chi ha già ottenuto il documento come cittadino italiano. Durante il suo viaggio in brasile, il vice ministro Franco Danieli ha detto che “gli stati Uniti studiano mo-di di impedire l’ingresso di cit-tadini italiani i cui passaporti siano stati rilasciati in America del sud”.

— Immagino che gli stati Uni-ti temano, in questo modo, che le persone dell’America Latina si ap-profittino della legge americana, perché essa non esige dai citta-dini italiani il visto d’ingresso nel paese. Ossia, in questo modo mol-ti, dall’America Latina, possono ri-chiedere la cittadinanza [italiana] per entrare là liberamente — de-duce il senatore Pollastri, per ciò che concerne le possibili ragioni per l’imposizione di difficoltà da parte degli americani.

La consorte del console ge-nerale degli stati Uniti a Rio de Janeiro, Elisabeth Lee, ha affer-mato che “argomenti di questa natura non vengono trattati dal consolato, ma dal Department of Homeland security” che, fino alla chiusura di questa edizione, non ha risposto alle sollecitazioni di chiarimenti su questo tema.

nayra garoFLE

atualidade

A cadeia rendeu-se à cadên-cia do samba. Ao menos na penitenciária de san Vittore, em Milão, mesmo

sendo mais do que meia hora. Is-so aconteceu durante o espetácu-lo intitulado sing sing, no qual se revezaram, em palco armado intra-muros, 13 bandas latino-americanas, no fim de junho. O grupo de percussão brasileiro Mi-toka samba – a despeito do quase anonimato no país natal – caiu no agrado da maioria dos 1.250 presos que puderam ouvir, entre outros, sambas de Gonzaguinha. Melodias e letras não foram esco-lhidos por acaso: o evento teve o propósito de mexer com os senti-mentos dos apenados, com men-sagens de otimismo.

Pouco mais de 200 dos conde-nados puderam assistir ao show bem de perto, em frente ao pal-co. Outros tiveram de se resignar em acompanhar o espetáculo do alto, pelas grades de celas com vista para o pátio, montado no campinho de futebol do presídio. Enquanto isso, para os demais, havia apresentações simultâneas

de outras bandas em três espaços dentro das galerias.

— É uma experiência mui-to forte. Eu nunca tinha entrado aqui não. só tinha passado em frente à porta — revela Karl dos santos, líder do Mitoka samba, antes de se apresentar.

O sambista teve que ultrapas-sar 13 grades e portões de ferro para chegar ao palco. Cada um com o seu vigilante e suas chaves. Tudo monitorado com câmeras de televisão em circuito interno. To-dos os visitantes - entre convida-dos especiais, jornalistas creden-ciados e artistas - foram obrigados a deixar os celulares na recepção e a passar por uma rigorosa revista com aparelhos de raio X.

De acordo com a direção do presídio, um dos objetivos do evento é promover a integração, principalmente entre os presidiá-rios estrangeiros.

— A música agrada e agrada a todos. Na edição deste ano, te-mos bandas étnicas para tentar chegar aos nossos “hóspedes” de outros países. Este é um modo importante de integração e que

conseguimos realizar com a aju-da da Província de Milão — ex-plica a diretora de san Vittore, Gloria Manzelli.

Questões geográficas ditaram o ritmo do evento, inclusive nos crité-rios de escolha das bandas partici-pantes. Foram 13 no total, incluin-do uma do Magreb. Em san Vittore, há presos dos cinco continentes. Os brasileiros são a minoria, menos de 10% do total. A maioria, presa por causa de tráfico de drogas.

Entre os duzentos “convidados” do show do Mitoka não havia ape-

nas brasileiros, mas muitos latino-americanos, que entendiam as le-tras e mostravam alguma ginga nos pés. Alguns até ensaiaram passos de capoeira, para preocupação do guardas. Ao som da banda de rock Francobranco, os presos puderam, aplaudir um dos seus carcereiros, o guitarrista Franco Carnavale, o uni-forme habitual substituído pela in-dumentária de roqueiro.

No contraponto, também par-ticipou do sing sing um grupo criado dentro de san Vittore, o Vip sound , que “atacou” de rap, com Abuso de Poder, espécie de hino entre os condenados.

— somos a voz do cárcere, can-tamos a desilusão e a esperança. Me perguntaram se eu sabia tocar algum instrumento. Eu disse que não, então comecei a cantar. Faze-mos isso com o coração e não para atrair a atenção. Nós apenas somos a expressão de quem está preso aqui. Estou muito feliz de ter esta oportunidade de mostrar, não um talento, porque não o temos, mas aquilo que somos capazes de fazer, mesmo estando trancados aqui — revela um dos integrantes da ban-da, Pedro Gondogo, nascido em santo Domingo, com nacionalidade americana e cumprindo três anos de prisão por tráfico de drogas.

O mal estar sofrido pelo jovem cantor simone Cristicchi, ao pisar dentro de san Vittore, abriu um bu-raco na programação, mas ele foi substituído por uma nova apresen-tação do Mitoka samba, que impro-visou canções de reggae jamaicano com arranjos de samba. A batucada em homenagem ao mestre do ritmo bob Marley pegou o público de sur-presa e contagiou o ambiente com alegria e nostalgia. Das celas, os presos aplaudiam e acenavam pa-ra aqueles que, do campinho de fu-tebol, foram ao presídio transmitir alegria e esperança.

Presidiários se encantam com a cadência do samba, em show ao vivo, em Milão

gUiLhErME aqUinoCorrespondente • Milão

Batuque na cadeia

Entre os detentos, muitos latino-americanos mostravam ginga no pés

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atualidade

Quando o homem e a natureza se integram

Arquiteto do mundo

O terreno debruçado sobre a costa Amalfitana traz as pegadas dos operá-rios e as marcas das ro-

das dos caminhões e das lagar-tas dos tratores. Depois de sete anos de batalhas e recursos ju-diciais, por parte de associações ambientais, o auditório projeta-do pelo arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer começa a sair do papel. No lugar do espaço cultural, es-tava prevista, originalmente, a construção de um estacionamen-to de carros.

— Vencemos a nossa batalha e, agora, Ravello poderá contar com atividades culturais durante os 365 dias do ano e não apenas nos meses de verão com o Festi-val — diz o presidente da Funda-ção Ravello, Domenico De Masi, o defensor “número um” da obra de Niemeyer.

O canteiro de obras foi aber-to no começo deste ano, por coincidência, o mesmo em que o arquiteto comemora o seu cen-tenário. Ele, que nunca colocou os pés em Ravello, criou um pro-

Depois de sete anos de luta judicial, começam as obras para o auditório de Ravello, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, na costa Amalfitana

Governo italiano celebra Oscar Niemeyer no centenário do mestre e o artista credita ao prédio da editora Mondadori, na Itália, o título de sua obra mais importante na Europa

jeto adequado, perfeitamente, ao cenário cinematográfico de uma das paisagens mais belas da Itália.

— Foram centenas de víde-os e milhares de fotos levados a Niemeyer. Muitos grandes arqui-tetos criaram obras maravilhosas sem terem visitado pessoalmente o local — destaca Domenico De Masi, que classificou como uma aberração a hipótese de um esta-cionamento no lugar.

O futuro auditório vai estar a cem metros da famosa Villa

Rufolo, onde acontece o Festi-val de Ravello. Pode-se chegar à Villa por um portão de grades ou atravessar o túnel todo decorado com cartazes dos primeiros even-tos - de uma série iniciada no úl-timo dia 29 e com fim previsto para o dia 8 de setembro. No período, Ravello se transforma numa das principais capitais da cultura mundial. são 800 artis-tas, como Carol Rama, Yoko Ono e a brasileira Luzia simons, dis-tribuídos em 76 eventos de cine-ma, teatro, arte, dança e músi-ca. Eles vão incrementar o verão na Costa Amalfitana, em pontos como a Villa Cimbrione, a Piazza san Giovanni e o Duomo. Entre os cartazes, destaca-se um, com o rosto do arquiteto Niemeyer, homenageado pelo Festival. No lugar dos sons das britadeiras e das escavadeiras, utilizadas na preparação do terreno destinado ao auditório, surgem os acordes da orquestra sinfônica do teatro Regio di Parma.

O concerto pareceu embalar o sonho do projeto de Niemeyer. O palco projetado sobre os jar-dins da Villa Rufolo, no alto de um desfiladeiro rumo ao mar, é obra de engenharia artística. Dentro de uma das salas com ja-nelas voltadas para os jardins, uma exposição apresentou os primeiros desenhos do arquite-to. Quando pronto, o teatro terá capacidade para 500 pessoas, a platéia perfeitamente encaixada no terreno em declive. A obra contemporânea, concebida com a delicadeza e o cuidado extre-mo de não interferir na paisagem local, deverá se tornar, no en-tanto, uma referência. Um foyer projetado sobre o vazio deu o toque “rufoloniano” ao auditó-rio, templo da música suspenso entre o céu e o mar.

gUiLhErME aqUinoCorrespondente • Milão

Ele chega devagar, ergue su-avemente a cabeça e com o olhar cumprimenta os pre-sentes na sala projetada

para unir funcionalidade e bem estar. A dificuldade na locomo-ção não faz supor a rapidez com que seus pensamentos se concre-tizam no papel. Oscar Niemeyer está em seu escritório, onde a simplicidade ambiente valoriza a paisagem da vasta janela aberta para o mar de Copacabana, Zo-na sul do Rio. A percepção do peso de seus 99 anos vem à to-na quando ele repousa numa ca-deira, para conceder entrevista a uma equipe de TV italiana. O depoimento vai ser transmitido durante a festa pelos 100 anos da tradicional Editora Mondado-ri, em 26 de julho. Também nes-ta data haverá o lançamento do livro Oscar Niemeyer - Il Palazzo Mondadori, no qual o arquiteto - cujo centenário coincide com o da editora - discorre sobre os meandros da construção daquela que ele considera a sua principal obra na Europa.

Pouco depois da entrevista, Oscar Ribeiro de Almeida de Nie-meyer soares ou, simplesmente, Oscar Niemeyer, recebeu, ali mes-mo em seu escritório, o título de Grande Oficial da Ordem de Ossi. A honraria é oferecida pelo go-verno italiano a estrangeiros que obtêm destaque na Itália, caso do arquiteto famoso pela silhueta sempre sinuosa de suas obras.

Ciceroneando a comitiva ita-liana - da qual faziam parte o

cônsul da Itália no Rio, Massimo bellelli, e a consulesa Matilde, além do governador do estado sérgio Cabral - o embaixador da Itália no brasil, Michele Valensi-se destacou como se sentia dian-te do criador de brasília.

— brasília é a cidade conce-bida para o homem ser feliz. Ape-sar de ser fã do Rio de Janeiro de vistas deslumbrantes, sinto-me orgulhoso por estar diante do homem que projetou a cidade onde trabalho e vivo. Ao repre-sentar o presidente Giorgio Napo-litano quero enfatizar o carinho, a simpatia e a admiração do po-vo italiano por Niemeyer, pessoa de atributos artísticos e humanos incomparáveis — afirma Valensi-se, sobre o arquiteto latino-ame-ricano mais estudado na Itália.

Falando mansamente e em voz baixa, o carioca Niemeyer ainda se lembra do momento em que recebeu o convite para pro-jetar o prédio da Mondadori.

— É a obra na Europa de que mais me orgulho em toda a Eu-ropa. O Giorgio, dono da editora, era um homem inteligente e es-

perto. Ele viu a sede do Itama-raty e me chamou para projetar o prédio da editora. As colunas da Mondadori são como uma sé-rie musical. Eu fui variando o es-paçamento. Empenhei-me muito naquele trabalho e não sei se fiz outra obra com igual espírito — conta o arquiteto, revelando ain-da que as sensações de surpresa e até mesmo de espanto das pesso-as diante da obra o fazem preferi-la em relação às dezenas de tra-balhos de sua autoria construídos por todo o mundo.

Niemeyer ainda se recorda de que, depois do primeiro almo-ço que teve com o dirigente da empresa, na Itália, ele e Giorgio Mondadori jogaram futebol, uma paixão em comum. O mestre do modernismo guarda em sua his-tória ainda mais intimidade com a Itália: o seu primeiro casamen-to o uniu a uma filha de imigran-tes oriundos da região de Pádua.

Como sempre ocorre nessas ocasiões, o militante comunista

Niemeyer aproveitou as atenções voltadas para ele, durante a sua condecoração, para discorrer, sen-tado na mesma cadeirinha de ma-deira, sobre a situação política no brasil. Manifestou as suas esperan-ças por mudanças significativas no sistema educacional e econômico, renovadas pela eleição de um pre-sidente da classe operária. Na opi-nião dele, o brasil tem sido uma referência na resolução de proble-mas comuns à América Latina.

se não perde o senso políti-co, Niemeyer também não nega a origem da chama que mantém acesa a sua jovialidade:

— O mundo vive em função do inesperado e o capitalismo facilita a existência de mazelas na sociedade. O negócio é ter uma mulher do lado e seja o que Deus quiser. Faço 50 anos todos os dias, mas não quero festa. ser útil e saber viver a vida é o mais importante. Agora, se tivesse que fazer um desenho faria o de uma mulher bonita — graceja.

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“É a obra (o prédio da

Mondadori) de que mais me

orgulho em toda a Europa”

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Ladeado por Valensise e Cabral, Niemeyer é homenageado pela Itália

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Giordano Iapalucci

FiRENzE

Sarà presente al Forte belvedere di Firenze dal 4 al 31 agosto 2007, la mostra di uno dei personaggi più

amati del fumetto italiano, Corto Maltese, in occasione dei 40 anni dalla sua nascita. L’esposizione, organizzata nell’ambito di “ForteDavvero” celebra la penna di Hugo Pratt con le sue tavole a china e acquerelli

che vogliono dare al visitatore l’idea di un personaggio complesso fatto di accosta-menti tra citazioni letterarie e divertimen-to, tra documentazione storica e passaggi ironici e pieni di fantasia. saranno presen-ti anche proiezioni di video che animeran-no così il percorso espositivo. Dalle 17.00 alle 24.00. Ingresso gratuito.

Letteratura disegnata di Hugo Pratt

New York City BalletIl 30 luglio presso il parco di Palazzo

Pitti sarà possibile ammirare la com-pagnia di balletto “New York City ballet”, che dal 1934 calca i palcoscenici del mondo. Le opere rappresentate (“Apol-lo”, “Tchaikowsky pas de Deux”, “Dia-monds”, “Junk Duet” e “Who Cares?”) saranno un omaggio a George balanchi-ne che insieme a Lincoln Kirstein fondò lo storico corpo di ballo. Giardino di bo-boli ore 21.15. Prezzi:30, 35 e 42 euro. Prenotazioni e acquisto biglietti presso www.festivalopera.it

Barocco FiorentinoResterà aperta tutta l’estate la mostra

sulla “Teatralità nel barocco Fiorenti-no” che vede esposti 17 capolavori, della collezione Luzzetti, della pittura fiorenti-na del diciassettesimo secolo. Nell’esposi-zione sarà possibile ammirare, tra le tante, opere degli artisti del calibro di Cristofano Allori, Cesare Dandini, Lorenzo Lippi e san-ti di Tito e di Mario balassi in cui emerge la teatralità in gesti concitati, costumi sfar-zosi e adornati in un incedere teatrale in cui non manca una dose di introspezione psicologica e l’attenzione verso la natura. Museo Archeologico e d’Arte della Marem-ma a Grosseto. 10/13-17/20. 5 euro.

MomixSarà presente, per il circuito “Operafesti-

val 2007” una delle compagnie di danza più originali e creative che da ormai vent’an-ni offrono coreografie uniche e che fanno dei danzatori veri e propri illusionisti della sce-na: si tratta di Momix. Il balletto, sotto la colonna sonora del film di Martin scorsese “L’ultima tentazione di Cristo”, riprenderà rit-mi e andature medio-orientali miste a suoni sintetizzati, il tutto unito ad una coreografia ascetico-intimista. La musica di Peter Gabriel si sposa poi con le scene dello statuniten-se Moses Pendleton. Lunedì 23 e martedì 24 luglio presso il Giardino di boboli. Ingresso: dai 30 ai 42 euro. www.festivalopera.it

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Greg WyattPer il programma estivo fiorentino “Fi.Esta

2007” verrà presentata la mostra “burn-ham Wood” di Greg Wyatt, scultore nordame-ricano che dal 1974 durante una sua visita in Italia ha deciso di accostarsi nelle sue opere ai grandi maestri del rinascimento italiano e alla tecnica della fusione del bronzo. Espo-sizione divisa in due parti in cui si fondono lo stile classico e quello neorealista america-no: la prima presso il Consiglio della Regio-ne Toscana in Via Cavour, 2 (15.00-19.00) e la seconda al Forte belvedere (17.00-01.00) da dove è possibile ammirare anche un bello scorcio cittadino tra il verde collinare. Fino al 31 agosto. Ingresso libero.

notizie

Nuovo portale per la FarnesinaUn “salto di qualità” sotto il profilo della “trasparenza dell’in-

formazione” e, al tempo stesso, una “grandissima sfida che investe la qualità e la tempestività” di quanti lavorano al mini-stero degli Esteri. Così Massimo D’Alema, al battesimo del nuo-vo portale della Farnesina (www.esteri.it) che - insieme agli ol-tre 300 siti delle Ambasciate, Consolati ed Istituti di Cultura, e ai vari siti collegati (da ‘Dove siamo nel mondo’ al ‘Portale della cooperazione’) - vuole avvicinare il ministero e la politica estera ai cittadini favorendo la fruizione dei servizi forniti dal network “Mainet’, attraverso una navigazione semplice ed intuitiva.

Scambio e collaborazioneAl fine di stabilire una cooperazione tra brasile e Italia,

nell’ambito delle politiche attive per il lavoro e per la forma-zione professionale dei giovani, ha visitato questo mese Italia La-voro il ministro del Lavoro brasiliano, Carlos Lupi, che si è riunito con l’amministratore delegato Natale Forlani, e con il responsabi-le del progetto “Occupazione e sviluppo della Comunità degli ita-liani all’estero”, Federico Lazzarini. Presenti anche il responsabile dell’ITAL-UIL brasile, Fabio Porta, il capo di gabinetto del ministro del Lavoro brasiliano, Marcelo Panella, ed il presidente dell’Unione Italiani nel Mondo, Plinio sarti.

Il ministro ha sottolineato l’importanza di questo incontro che gli ha consentito una migliore conoscenza della metodologia d’in-tervento di Italia Lavoro per l’assistenza tecnica ai servizi per il la-voro, valorizzando le storiche relazioni tra Italia e brasile.

In questo clima di scambio e collaborazione, ha visitato la se-de di Italia-Lavoro anche Renato Ludwig de souza, direttore del Dipartimento delle Politiche del Lavoro e Impiego per i Giova-ni del Ministero del Lavoro e Impiego (MTE). Nella sua visita ha presentato l’azione del Programma Nazionale a favore del Primo Impiego (PNPE) per la qualificazione sociale e professionale dei giovani con bassa scolarità, insieme alle esperienze e ai risultati positivi ottenuti con i Consórcios sociais da Juventude (Consorzi sociali della Gioventù), con il Projeto Juventude Cidadã (Proget-to Gioventù Cittadina) e Empreendedorismo Juvenil (Imprendi-toria Giovanile).

In brasile, Lupi partecipa attivamente agli incontri con la co-munità italo-brasiliana. Perciò un mese prima, aveva già ricevuto il titolo di giornalaio onorario del Consolato Generale d’Italia a Rio de Janeiro, avendo già appartenuto alla categoria e, inoltre, essendo discendente di italiani.

— Dedico questo omaggio a mio nonno, che era italiano e che ha cominciato la sua vita qui con molto lavoro, fede e spe-ranza. Quando ho iniziato come giornalaio, ho sempre creduto all’entusiasmo dimostrato dalle mie origini. sono orgoglioso di avere sangue italiano — rivela Lupi. (r.C.)

Il ministro Carlos Lupi fra il console Massimo Bellelli ed ilpresidente dell’Unione Italiani nel Mondo in Brasile, Plinio Sarti

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“O simulador vai ser atualizado

a cada nova descoberta

arqueológica e servir de base para estudos

sobre a vida em Roma no passado

distante”

história

Percorrer as ruas de Roma e entrar numa das casas, sem pedir licença, só para observar detalhes na de-

coração de cada cômodo, a lou-ça na cozinha, o brinquedo no quarto de criança, o afresco na parede da sala de estar. Entrar em um mercado e verificar a va-riedade de alimentos e de outros produtos de consumo doméstico em exposição. Num bordel, ob-servar o ambiente preparado para a realização de fantasias, as mais secretas. Não, ainda não existe uma máquina do tempo, pelo me-nos tal como esta aparece, volta e meia, nas histórias em quadri-nhos, nos livros e no cinema de ficção. Mas um programa de re-construção digital já torna possí-vel o turismo histórico virtual na cidade eterna, de modo a conhe-cê-la exatamente como se mos-trava no pleno apogeu do Impé-rio Romano, no ano 320 d.C.

Arqueólogos, arquitetos e es-pecialistas em informática dedi-

caram dez anos de suas vidas ao projeto Roma Renascida. Tanto trabalho permitiu a criação de um programa capaz de reproduzir com fidelidade as características versão antiga da cidade, na épo-ca em que nela havia 1 milhão de habitantes. A equipe reuniu especialistas de universidades da Virgínia e da Califórnia, nos Es-tados Unidos, assim como de ins-titutos de pesquisa da Itália, da Alemanha e da Grã-bretanha.

Na imagem tridimensional, aparece inteiro, reconstituído em toda a sua imponência, o Coliseu. A simulação também oferece uma visão perfeita do desenho origi-nal da sede do senado, símbolo do poder romano, revelado em de-talhes como a altura monumental de suas colunas. O programa exi-be ainda a basílica construída por ordem do imperador Maxentius, e muito mais. Cerca de 30 prédios foram recuperados em meio digi-tal até agora, e elas surgem, em sua localização original, no mapa

recortado por ruas e demais equi-pamentos urbanos de 1687 anos atrás, além de características to-pográficas, ainda sem as Paredes Aurelianas. Não só a fachada pode ser visitada, como também o interior, com os adereços que compunham os ambientes.

— Tudo surgiu quando vi pela primeira vez, em 1974, o grande Plastico di Roma Antica, em ex-posição no Museu da Civilização Romana. Meu pensamento inicial era usarmos tecnologia de vídeo para capturar o modelo de Roma na idade de Constantino e colo-car esse material disponível mais abertamente. Com a chegada da tecnologia de modelagem virtual nos anos 90, foi possível criar um novo modelo digital da Roma An-tiga, não diretamente oriundo do Plastico, mas por meio da captura de suas características, corrigin-do os seus erros e faltas – ex-plica o líder do projeto, bernard Frischerdiz Frischer, que é chefe do Institute for Advanced Tecnolo-

gy in the Humanities da University of Virgina, nos Estados Unidos.

As informações e imagens utilizadas para a reconstrução de Roma foram obtidas por meio de mapas antigos e de catálogos que detalhavam os prédios de aparta-mentos, as residências particula-

res, as hospedarias, os armazéns, as padarias e até os bordéis.

O simulador vai passar por atualização a cada nova desco-berta arqueológica. E o resultado do cruzamento dos dados forne-ce um cenário que pode servir de base para estudos sobre a vida na Roma Antiga.

— Este é o primeiro passo na criação de uma máquina do tempo virtual, à qual nossos fi-lhos e netos vão poder recorrer para estudar a história de Roma, assim como a de muitas outras grandes cidades do mundo — afirma Frischer.

segundo o pesquisador, até agora, estudantes e estudiosos de Roma Antiga contavam com recursos bem mais limitados, que permitiam uma visão da cidade parecida com planos 2D, seções e elevações.

— É como tentar compreen-der a sintonia de beethoven len-do partituras musicais. Melhor do que nada, mas isso não se com-

para a poder ouvir a composição numa apresentação da Filarmôni-ca de berlim! O modelo promove o ensino servindo de instrumen-to científico para novos experi-mentos e descobertas. Uma vez tendo o modelo do Coliseu, po-demos, por exemplo, determinar, com exatidão, quantos expecta-dores a construção suportava e quanto tempo levavam para che-gar da entrada do estádio até os seus lugares — diz.

Ele lamenta que o projeto não tenha sido concebido como um programa urbano de larga escala. Ele acredita que, nesse caso, te-ria sido possível alcançar o mesmo resultado na metade do tempo.

— Enfrentamos o fato de que os fundos destinados a esse projeto não foram constantes. Ti-vemos que juntar vários presentes e doações que, dessa forma, permi-

tiram a construção do modelo pe-daço por pedaço, um modo lento e ineficiente de proceder, mas, na falta de uma grande doação, isso representou a única maneira prá-tica de fazer o projeto acontecer. Os fundos que chegavam não eram suficientes para contratar mais do que cinco colaboradores em tempo integral. Na maior parte do tempo, só tínhamos duas ou três pessoas trabalhando no projeto. E, quan-do começamos, a tecnologia era nova, cara e não a dominávamos. Com o tempo passando, os preços foram caindo e novos hardwares e softwares apareceram — lembra Frischer.

Por enquanto, estão disponí-veis apenas imagens estáticas em 2D e vídeos sobre o programa no site www.romereborn.virginia.edu. Mas já está prevista a realização de um evento, na Universidade de Virgínia, para o lançamento ofi-cial do modelo de interatividade até o final do ano que vem.

— Nos próximos 12, 18 meses nós planejamos publicar o mode-lo interativo na internet. Isso vai requerer pesquisas inovadoras e estamos felizes por anunciar que recebemos dois anos de patrocí-nio — festeja Frischer.

Quando o programa estiver disponível, em seu pleno fun-cionamento, o usuário vai poder explorar os caminhos e preciosi-dades arquitetônicas da Roma An-tiga à vontade. Com um clique no “d”, vai se abrir uma janela com informações e reprodução de do-cumentos arqueológicos referen-tes à obra em exibição na tela.

— Esse aspecto me parece extremamente importante: trans-parência de dados é o que faz do

nosso modelo um trabalho cien-tífico e, não, pura fantasia. Um dia esperamos que o usuário pos-sa estar capacitado para traçar a evolução da cidade desde os primeiros povoados na Idade do bronze até o século 6 d.C — pro-fetiza o líder do projeto.

Second LifeO futuro da Roma Renascida pode envolver a sua integração ao já consagrado universo virtual Se-cond Life. Há negociações com a companhia Linden Labs, na Califórnia, para que o simulador possa estar disponível no site da empresa. Tudo com um ambiente virtual e tridimensional que simu-la aspectos da vida real, inclusive do relacionamento humano.

— A Linden Labs tem sido muito útil ao nos permitir o con-tato com os experientes criado-res de suas plataformas. Enten-di que a Linden Labs não deverá estar, tão cedo, interessada em desenvolver aplicações tais co-mo o Roma Renascida para o Se-cond Life. Mas estamos seguindo suas sugestões e já pegamos, há pouco, um conteúdo maior sobre como devemos proceder para que o nosso modelo possa ser passa-do para o Second Life — ressalta bernard Frischerdiz Frischer.

Caso o programa evolua nes-se sentido, a simulação pode vir a incluir até mesmo personagens, segundo o pesquisador. O proje-to comercial poderia envolver a criação de toda uma população, com milhares de figuras, algumas delas baseadas em esqueletos e em outras descobertas arqueoló-gicas realizadas em Roma, e mes-mo em toda a Itália.

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De volta para o futuroPesquisadores criam programa de simulação no computador que reproduz imagens de como seria a Roma antiga no presente

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Exterior da Basílica Maxentius, a sudoeste do Fórum Romano

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PAN ‘al sugo’A presença é sutil, mas a participação italiana na preparação dos Jogos Pan-americanos 2007

agregou tecnologia de precisão e estruturas de primeiro mundo às competições

síLvia soUza

Nem sempre óbvia, e na maioria dos casos até bastante sutil, a participação italiana nos Jogos Pan-americanos 2007, no Rio de Janeiro, não se limitou à torcida ardorosa de mais de 30 milhões de ítalo-brasileiros ou às dezenas de oriundi entre os competidores brasileiros. Referência mundial na

organização de eventos esportivos de grande porte, a Itália contribuiu, em diversas frentes, para o sucesso dos Jogos, com tecnologia de ponta, em produtos e equipamentos com qualidade de primeiro mundo.

A marca da qualidade italiana pode ser conferida em detalhes capazes de fazer diferença na estrutura do evento. Caso da academia de ginástica instalada na Vila do PAN, na Barra da Tijuca,

para o treinamento dos atletas. Também a grama do campo oficial de hóquei, no Complexo de Deodoro, na Zona Oeste, foi importada da bota, assim

como o piso das plataformas de salto ornamental do Parque Aquático Maria Lenk, em Jacarepaguá. A própria festa de abertura dos Jogos contou com um toque italiano. Na apresentação de dança, em meio

à maioria de brasileiros, havia bailarinos do Projeto Luar, ONG nacional

com representação no país europeu.

Ginástica high tech Dispostos nos 600 metros qua-drados do espaço destinado ao treinamento físico diário das equipes hospedadas na Vila do PAN, 100 equipamentos importa-dos da Itália já têm destino cer-to depois desta 15ª edição dos Jogos. Alguns dos atletas que puderam agora experimentar os aparelhos, vão estar entre aque-les que, no ano que vem, vão voltar a utilizá-los na prática de exercícios durante as Olimpíadas da China, em Pequim. A sofisti-cação transparece em detalhes como, por exemplo, os monitores de televisão acoplados às máqui-nas aeróbicas.

— A capacidade da Techno-gym de prover 100% de solução para academias determinou a es-colha de nossa empresa pelo Co-mitê Organizador do PAN no Rio (CO-Rio). Temos como fornecer a estrutura, os aparelhos e a assis-tência técnica — explica o repre-sentante da empresa no brasil, Gustavo Máximo.

segundo ele, os carros-che-fe da estrutura são o Kinesis e o Cardio Wave, pela primeira vez em ação no PAN. O primeiro des-tes tem conceito revolucionário: promove o treinamento global – tornando possível a movimenta-ção de todo o corpo, de forma natural e harmônica, em mais de 250 posições, e ainda reprodu-zindo movimentações de espor-tes, como o tênis, a vela, o judô e a natação, entre outros.

Em 120 dias, a Technogym instalou a academia do PAN. A empresa está no alto do pódio nessa área específica do merca-do. No ano passado, montou o parque de equipamentos de gi-nástica dos Jogos de Inverno de

Turim. E havia feito o mesmo nas Olimpíadas de Atenas, em 2000, e de sidney, há três anos. A empresa es-tima que a sua participa-ção nos Jogos represente um crescimento de 30%

em seus negócios na Amé-rica Latina.— No brasil mantemos já

grandes parcerias com empresas e com clubes de futebol. A Pe-trobras e a Ipiranga equiparam as suas academias institucionais com produtos Technogym. Fla-mengo, Fluminense, Corinthians, Palmeiras e Atlético-PR são al-guns dos times que treinam em

nossos aparelhos. Os hotéis Co-pacabana Palace e Hyatt também são consumidores de nossos ser-viços, bem como as seleções bra-sileiras de vôlei e de futebol, em partidas no brasil e no exterior. sempre que tem uma viagem, so-mos sondados para montar aca-demias nos hotéis em que as se-leções se hospedam — informa Gustavo, sem modéstia.

Chama acesa Não por acaso, o vice-presidente da Technogym, o italiano Pier-luigi Alessandri mereceu a honra de ser o único estrangeiro que participou do revezamento da tocha do PAN. Ele, que também conduziu a tocha das Olimpía-das de Turim, no ano passado, veio a búzios, balneário na Re-gião dos Lagos, cumprir a sua parte no trajeto da chama-sím-bolo dos Jogos.

Alessandri não veio ao bra-sil exclusivamente para carregar a tocha. Ele pretendia também travar contatos de negócios com expoentes da área econômica e esportiva do país, na Petrobras, no Comitê Olímpico brasileiro e na A!bodytech, a maior rede de academias do brasil, já parceira da Technogym.

Outros motivos inspiraram a emoção de santo Marzullo, de 68 anos, por ter sido um dos três mil condutores da tocha, num trecho de 400 metros na Praia de são Francisco, em Nite-rói. Naturalizado brasileiro, mas nascido em Paola, na Calábria, sul da Itália, ele iniciou a car-reira como judoca no brasil, aos 18 anos.

— Cheguei ao brasil aos 14 anos de idade. Meus pais me mandaram para estudar e ficar na casa de um tio jornaleiro, em Niterói. Ingressei na vida espor-tiva numa idade que muitos já consideram avançada — lembra Marzullo, que, no país de ado-ção, serviu à Marinha, mas che-gou a se dedicar exclusivamente ao judô.

O percurso feito por Marzullo com a tocha, mais tarde levada à pira solar no Maracanã, vai fi-car na memória do atleta, que participou, como judoca, de um Pan-americano na Venezuela, em 1974.

— O esporte só pode trazer evolução social, física e moral. Quando eu teria a oportunidade

de participar de um evento tão importante? É uma emoção di-ferente para mim, que também integrei a seleção brasileira e já formei centenas de alunos — comenta o professor, dono de uma academia da luta marcial em Niterói.

Com alma (e preparo) italianos Depois de horas dedicadas à produção do visual – pentea-do, maquiagem e figurino – e de uma espera interminável, as jo-vens tinham consciência que o momento de glória duraria pou-cos segundos. Nada que pudes-se afetar o ânimo das bailarinas Grazielle, Deborah, Nathalia e Marina. Alunas do Projeto Luar, ONG brasileira com sede na Itá-lia, elas agarraram com unhas e dentes a chance de se apre-sentar na cerimônia de abertura dos Jogos.

As meninas interpretaram elementos marítimos em coreo-grafia que inundou de encanta-mento o Maracanã. Para viver es-sa breve, mas intensa emoção, as meninas não se importaram em abrir mão do lazer, e consumi-ram tardes e fins de semana em exaustiva rotina de ensaios, du-rante dois meses. A oportunida-de de integrar o corpo de dança do evento resultou de um convi-te feito à ONG pelos organizado-res da festa de abertura.

Arte, línguas, esportes e ci-dadania são algumas das ativi-dades desenvolvidas pelo Proje-to Luar nas zonas Oeste e Norte do Rio, e na baixada Fluminen-se. sem qualquer auxílio extra de ajuda de custo, as meninas que se apresentaram na festa do PAN – alunas de dança no nú-cleo da ONG no bairro da Penha – tiveram de orquestrar o seu

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Santo Marzullo caminha com a tocha pan-americana (no alto, à esquerda). Sônia e Stefano posam com o mascote dos Jogos ao fundo, enquanto

Nathalia, Grazielle, Marina e Deborah bailam

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tempo para participar dos en-saios, sem deixar de dar atenção à escola e ao convívio em famí-lia. Que o diga Deborah silva, de 17, que, em outra ocasião, teve que vencer a resistência inicial dos pais para realizar o sonho de viajar para a Itália, em pro-grama de intercâmbio de alunos brasileiros e italianos promovido pela ONG.

— De início, meus pais não queriam que eu fosse, mas depois caíram em si e perceberam que a oportunidade era única. Passei por várias cidades e, entre elas, Milão. Eu me apeguei muito às pessoas e àquela manifestação cultural. Os italianos sabem re-ceber muito bem — destaca a jovem, apaixonada por dança, acrescentando: — É algo que se eu deixar de fazer, minha vida vai perder graça.

Para Grazielle Coelho, de 15, difícil é conciliar a boa forma com a degustação “sem culpa” da típica comida italiana.

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— Estou há oito anos no pro-jeto e a maior dificuldade de li-dar com meu lado italiano se dá no cuidado com a alimentação: amo tudo que é voltado para a massa — conta ela, que tem avó italiana.

Também netas de italiano, as irmãs Nathalia e Marina Mora-es, de 16 e 15, são fãs da orga-nização e das evoluções sociais do país do avô e sonham com o dia em que vão poder conhecer a Itália. As meninas se deslumbra-ram com a chance de apresentar o seu talento para cerca de 90 mil pessoas no PAN.

— Não tem dinheiro que pa-gue o que sentimos quando che-gou a confirmação de que par-ticiparíamos mesmo da festa. Oportunidades assim são pra guardar na memória. Nossa mãe vai até cumprir plantão extra pa-ra folgar no dia do ensaio geral — diz Nathalia.

Italianos voluntários da ONG de passagem pelo Rio, a peda-

goga sonia Círio e o sociólogo stefano Dona bem que tentaram acompanhar o ritmo dos ensaios. Mas, por falta de horários com-patíveis com seus outros com-promissos na cidade, acabaram deixando de se apresentar na abertura oficial dos Jogos.

— Essa mesma equipe de coreógrafos do PAN já partici-pou de seis apresentações em abertura de eventos. Eu mesma participei da dança na abertu-ra das Olimpíadas de Inverno de Turim, no ano passado — re-vela sonia, que se dedica, des-de setembro do ano passado, ao trabalho social no Projeto Lu-ar, entidade que, em 17 anos de existência, formou mais de 1.400 alunos.

No Rio até o final de agosto, os italianos se contentaram en-tão em reforçar a torcida por suas pupilas, cuja performance acom-panharam pela televisão.

Grama importada Mais antigo esporte de taco e bo-la de que se tem notícia, o hó-quei atualmente é jogado sobre patins e até sobre gelo. Pouco popular no brasil, os poucos afi-cionados pelo esporte na pátria das chuteiras esperam que o PAN represente uma oportunidade de atrair mais praticantes, assim co-mo incentivos para tornar a mo-dalidade mais competitiva. Nes-ta edição dos Jogos, só haverá disputas de hóquei sobre grama. E o piso sintético, instalado no

Os oriundi:Corre sangue italiano nas veias dos competidores brasileiros nas mais diversas modalidades em disputa nos Jogos do PAN. Vale a pena ficar de olho nos nomes de alguns atletas oriundi que a Comunità selecionou: Atletismo: Carlos Ficagna (nos 3 mil metros com obstáculos), Ivan scolfaro (Decatlo) e Jo-sé Alessandro bagio (nos 20 mil metros em marcha). Ciclismo:

Ana Flávia sgobin (bMX) e Lu-ciano Pagliarini, Rafael Andria-to, Otavio bulgarelli (todos na estrada) e Tayane Mantovane-li (pista). Esgrima: Deise Falci e Lívia Lanzoni. Handebol: De-onise Fachinello, Leonardo Te-zzelli bortolini, Jardel Pizzinatto e Alexandre Morelli. Hóquei so-bre Grama: Ana Luisa bernacchi, Helena betolaza, Liz Meneghello, Mariana bonifacino, Alexandre

belloni e Thiago Zenari. Judô: Danielle Zangrando. Luta Greco-Romana: Renato Migliaccio. Ma-ratona Aquática: Marcelo Roma-nelli. Natação: Fabiola Molina, Flávia Delaroli, Lilian Cerroni, Cé-sar Cielo, Eduardo Deboni e Lu-cas salatta. Nado Sincronizado: Lara Puglia. Pólo Aquático: Ce-cília, Manuela e Marina Canetti, Fernanda Lissoni, bruno Nolasco, Daniel Mameri, Lucas Vitta e Lu-

ís Maurício Capelache. Remo: Ca-roline beloni, Fabiana beltrame, Kissia Cataldo, Luciana Granato, Anderson Nocetti e Leandro To-zzo. Saltos Ornamentais: Hugo Parisi. Squash: Mariana Pontalti e Thaisa serafini. Taekwondo: Natalia Falavigna. Tênis: Flávio saretta. Tiro com arco: Marcos Antonio bortoloto. Tiro Esporti-vo – prato (skeet): Daniela Car-raro e Wilson Zocolote.

Os números do Pan:(Fonte: Diário do Rio de Janeiro/Co-Rio)

34 esportes 5.602 atletas 2.252 medalhas de ouro, prata e bronze 51 cidades brasileiras receberam a tocha, transportada por 3 mil pessoas durante 50 dias 15 mil voluntários 28,5 mil trabalhadores temporários e permanentes empregados 15 locais de competição 29 instalações de competição, 15 de treinamento e 17 não-esportivas 98 lanchonetes, três choperias e quatro áreas VIP 110 mil refeições por dia, entre café da manhã, almoço, jantar e lanches, no restaurante da Vila Pan-americana, com capacidade para 2.250 pessoas e mais de 400 pratos diferentes por semana 55 lojas oficiais, duas lojas, uma megastore (mais de 500 produtos licenciados) e uma loja virtual 5 mil computadores 600 câmeras de monitoramento 420

mil metros quadrados de área na Vila Olímpica, com 17 edifícios e 1.480 apartamentos de um a quatro quartos, com 7.952 camas 271.080 rolos de papel higiênico, 271.080 sabonetes, 1.610.280 copos descartáveis, 1.514 purificadores de água, 107.392 sacos de lixo e 7.453 lixeiras 1.400 testes anti-doping.

que vem a ser o primeiro cam-po oficial do esporte do país, no Complexo Esportivo de Deodoro, é legítimo produto italiano.

A grama foi encomendada a Limonta sport, empresa es-pecializada na produção de pi-sos para instalações esportivas e homologada pela Federação Internacional de Hóquei sobre Grama (FIH). De acordo com Márcio Veiga, diretor técnico da Recoma, a distribuidora exclusi-va da Limonta sport no brasil, o novo Centro de Hóquei em Deo-doro conta com dois campos so-ciais para a prática do esporte, numa área total de 13 mil me-tros quadrados.

— A Limonta sport é um dos maiores fabricantes europeus de grama esportiva, com campos aprovados pela Federação Inter-nacional de Hóquei — afirma Veiga.

O hóquei bem que se parece com o futebol: as partidas são divididas em dois tempos de 35 minutos e disputadas por dois ti-mes de 11 jogadores. Vence quem mais acertar, com tacos, as bolas

dentro de um gol. Caso uma par-tida decisiva termine empatada, há uma prorrogação de dois tem-pos de sete minutos e meio cada. se o empate persistir, a decisão ocorre na cobrança de pênalti. O jogo também se assemelha ao fu-tebol no sistema de pontuação: três pontos para vitória e um pa-ra o empate.

segundo a secretaria Espe-cial para os Jogos Pan-America-nos (sepan), o Complexo Espor-tivo de Deodoro, localizado em área militar, recebeu um inves-timento de R$ 119,8 milhões do governo federal, para a constru-ção de quatro centros esporti-vos permanentes, entre estes o Centro de Hóquei sobre Grama. De acordo com a sepan, a ges-tão dos jogos PAN e Parapan-americanos Rio 2007 foi feita de modo a deixar um legado perma-nente. No complexo, atletas de alto rendimento vão passar a ter centros de excelência para trei-nar e competir, sem precisar sair do país. Além disso, entre outras iniciativas, estuda-se a criação de Núcleos de Esporte de base,

onde crianças e jovens vão praticar esportes.

Uma, duas piruetas... saltar de alturas de 3 a 10 metros e desafiar a gravida-de em múltiplos movimen-tos, alguns livres, outros obrigatórios. Realizar tudo isso e ainda mergulhar com suavidade e elegância. Uma derrapada imprevista e lá se vão, por água abaixo, precio-sos décimos ou centésimos de pontos, ameaçando o sonho de subir ao topo do pódio.

Desconfiada, ainda durante os treinos, da falta de aderên-cia no carpete de seu trampo-lim e de sua plataforma de sal-tos, no Parque Aquático Maria Lenk, a saltadora Juliana Velo-so decidiu, às vésperas do PAN, reivindicar a troca do piso, por ela considerado “inadequado e escorregadio”. A iniciativa da atleta provocou polêmica – co-legas de modalidade julgaram a exigência desnecessária. Mas a Confederação brasileira de Des-portos Aquáticos (CbDA) aten-deu prontamente à queixa e a empresa italiana Mondo subs-tituiu o forro original por um mais áspero. Depois de duas trocas, Juliana, enfim, sentiu-se segura para saltar.

O antiderrapante das plata-formas e trampolins se asseme-lha ao que costuma ser utilizado em competições de atletismo. A Mondo é referência em qualidade desse tipo de piso, já contratada para fornecê-lo em outras com-petições internacionais.

— Não queremos que haja uma vítima de reclamação. Essa queixa não era dos outros atle-tas, somente dela. Mas nosso in-teresse é fazer a coisa correta. Mandei buscar o melhor. Acabou

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a polêmica. Agora, espero que Juliana e outros saltadores da seleção se preocupem apenas com a competição — declara o presidente da CbDA Coaracy Nu-nes, pouco antes do início dos Jogos.

Prata na plataforma e bron-ze no trampolim de 3 metros, em santo Domingo, Juliana não se calou perante as críticas:

— Esse piso tem uma ade-rência quando molha. Testamos, e é bom. Todo mundo dizia que apenas eu estava reclamando, mas todos aprovaram esse. Eu tinha um plano b se ficasse o escorregadio. Faria um salto pa-rada e não correndo. Foi crítica construtiva, visando segurança e o melhor.

Gramado do hóquei foi trazido pela italiana Limonta Sport. Juliana Veloso (ao lado) pediu piso antiderrapante da Mondo

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Mande sua história com material fotográfico para: [email protected]

il lettore racconta

Reconhecer a voz do meu bisa-vô era fácil. A dificuldade com o plural do idioma anfitrião lhe fazia pronunciar o s ao final de cada palavra, como quem decidisse que, pelo sim e pelo não, todas as palavras se tornariam plurais, como era plural a sua vida.

No convés do vapor que saiu de Gênova em 1908, o menino de 9 anos ignorava a empreitada dos pais, em busca de prosperidade. Para ele, o melhor era fugir do frio, ainda que, entre as serras ca-pixabas, a umidade lhe fizesse de-sistir do banho no inverno. Na maturidade, deliciava-se ao repou-sar os pés nus no parapeito da ja-nela para tomar os primeiros raios de sol da manhã.

O brilho dos seus olhos era com-partilhado pelo amigo Victorino, companheiro de travessia. A ami-zade, iniciada no vapor, seria lon-geva. Mal cabiam em si diante da expectativa de chegar ao “outro lado do mar”. Vinham cantarolando uma canção que aprenderam ou que in-ventaram, tornando o trajeto me-nos tedioso.

Albino Rizzi, sua mulher Maria e seus filhos Luigi, Ferruco, Artur e Ricardo desembarcaram no Rio de Janeiro ao final de 1908, de onde seguiram por terra até Tombos em Minas, para mais tarde se estabe-lecerem no sul do Espírito Santo.

Aos 90, meu bisavô já não contava suas histórias com a mesma disposi-ção. A memória amiúde lhe falta-va, a vitalidade se esvaia. A festa para homenagear-lhe os feitos da vida não lhe despertava arremedo de entusiasmo.

Quando Ferrucco foi internado aos 93 viu de perto, pela primeira vez, o leito de um hospital. A turba de familiares se revezava a acom-panhar-lhe a luta num quarto que, a despeito das cores frias, até lem-brava a cozinha da minha avó, ta-manho o burburinho. Ele não esmo-recia. Parecia protelar a partida. Aquela recusa começava a preocupar, afinal, o frágil corpo jazia preso a bisnagas de soro e sem esboçar rea-ção aos medicamentos. O padre já lhe havia concedido a extrema unção. Foi então que um dos primos se lem-brou das suas histórias e de Victorino, àquela altura seu compadre. A canção que ambos entoaram no vapor, 84 anos antes, motivara um pacto. Nenhum dos dois morreria sem que a canta-rolassem juntos uma última vez.

A família mobilizou-se para bus-car o velho Victorino. No leito do meu bisavô, ele começou a cantar a melodia, seus lábios trêmulos. Fer-ruco mansamente saía do seu tor-por para juntar-se ao amigo num dueto suave. Ah, se soubéssemos a letra da cantiga... nos juntaría-mos a eles. Mas nos limitamos a ouvir apreensivos, até que era pos-sível ouvir apenas uma voz. Victo-rino seguiu cantando, olhos fixos no meu bisavô, acompanhado por nossos olhares pálidos e quase incrédulos. Meu bisavô havia partido, como um menino, fiel ao trato que fizera na infância.

Rio de Janeiro (RJ)Solange Riva Mezzabarba,

40 anos

Quatro horas da tarde, hora da janta. A noite na ca-sa dos meus avós começava ainda sob os raios do sol.

A mesa de madeira rústica lade-ada por bancos igualmente toscos recebia as panelas fartas e fume-gantes recém-saídas dos buracos de um enorme fogão à lenha, geren-ciado magistralmente pela minha avó materna.

No alpendre da casa sem luz elétrica, de onde era possível ver ao longe a cachoeira do Roncador e o verde molhado dos pastos vizinhos, eu e meus primos ouvíamos atentos as histórias do meu bisavô Ferruco, pai da minha avó, o último dos oriun-di vivo na família. Ele mistura-va verdade, ficção e licença poéti-ca, nomes reais como o de sua mãe Maria com personagens como o Sr. Macaco e a Dona Coelha.

Éramos interrompidos. “Mag-nare!” , bradava minha avó em um italiano que eu nunca soube se era um resquício do dialeto milanês, ou a norma culta adaptada pelos imigrantes tão intrépidos quanto iletrados, o “mangiare” pronunciado em sua forma mais despojada.

A pasta e a polenta, o macar-rão e o angu ganharam receitas da roça e passaram a dividir espa-ço com o arroz, o frango refoga-do coberto de cebolas (às vezes com quiabo), o tutu, o torresmo e a couve à mineira.

Ouvia-se então uma polifonia que misturava as histórias do meu bisavô às negociações do meu avô, às pre-ocupações domésticas da minha avó, às novidades dos meus pais e tios, à algazarra das crianças...

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gUiLhErME aqUinoCorrespondente • Milão

Das vielas cariocas aos canais de Veneza

Cenário recorrente de gra-vação de filmes e nove-las – em função da paz consolidada na comuni-

dade, livre do domínio armado de traficantes, desde o início des-ta década - o Morro do Pereirão, em Laranjeiras, Zona sul do Rio, tornou-se, ele próprio, obra ar-tística. No lugar do Cristo Reden-tor, do Pão de Açúcar e da baía de Guanabara, o que se passou a ver em torno, no entanto, foi uma paisagem recortada por his-tóricos canais, com suas idílicas gôndolas. Em forma de maquete, a favela conquistou espaço no-bre nos jardins da bienal de Ar-tes de Veneza, bem em frente ao pavilhão dos Estados Unidos. A multicolorida representação em miniatura, nem tão miúda assim com os seus 13 mil tijolos e 80 quilos em elementos, acabou

roubando a cena no mais impor-tante evento internacional de ar-te contemporânea.

Dez artistas cariocas se transferiram para Veneza com a missão de montar o mosaico de casas de tijolos, exposto na bie-nal de 13 de maio a 10 de junho. Moradores até hoje do Pereirão, os irmãos Nelcilan souza de Oli-veira, de 24 anos, e Maycon, de 17, orientaram todo o processo de criação. Nada foi esquecido: escola, creche, hospital, lancho-nete, campo de futebol, casas, motel, quadras de baile funk, bocas-de fumo, postes de luz, vielas, escadarias, biroscas e um batalhão da Polícia Militar. Até mesmo um Caveirão, apelido do tanque blindado utilizado pe-la polícia em incursões a fave-las, podia ser visto ali, embora a violência não seja mais uma re-ferência do lugar, ocupado pela polícia em caráter permanente, assim como por um mutirão de ações sociais, desde 2000.

Os jovens artistas do Pereirão nunca imaginaram que a princi-pal brincadeira dos tempos de criança, iniciada em 1998, no to-po do morro, poderia chegar tão longe. Neste meio tempo, a re-produção da favela virou um pro-jeto social, com direito a uma TV comunitária, a TV Morrinho.

A realidade da favela, com seu estilo de arquitetura surreal, encantou os visitantes na bienal.

— Fiquei impressionada com as informações sérias, difíceis e, até mesmo, violentas, expostas com clareza, simplicidade e sin-ceridade — conta a socióloga Giuliana Costa.

Os artistas espelharam nu-ma miniatura a vida dos mora-dores, aventuras e desventuras, por meio da inclusão de perso-nagens como policiais, operários e traficantes, embora estes não detenham mais o poder armado sobre o território. Em cada canti-nho da instalação, o espectador pode imaginar uma história re-lacionada com aquele microcos-mos, inspirando-se, por exemplo, na mobília distribuída pelo inte-rior das casas, com suas camas e armários, com detalhes, como uma minúscula árvore de Natal. bonecos de Lego, dão vida aos espaços privados e públicos.

A maquete alcançou projeção internacional graças ao curador da mostra de Veneza, o crítico americano Robert storr. Ele sou-be desse projeto — batizado co-mo Morrinho — por meio da fotó-grafa Paula Trope, do Rio, uma das brasileiras escolhidas para par-ticipar da 52ª edição da bienal, expondo, justamente, retratos do Morrinho, de seus criadores e dos habitantes reais do Pereirão, que posaram para a fotógrafa, feito meninos em terra de gigantes.

storr visitou a favela sem avisar a ninguém e se apaixonou ao ver de perto o projeto original.

Erguida ao ar livre, a pou-cos metros do pavilhão brasilei-ro, não por acaso, a instalação se tornou um ponto de atração para adultos e crianças, todos empe-nhados em tentar compreender o intrigante labirinto de casas, ru-as, becos, vielas, e as histórias de seus personagens.

O curador Jacopo Crivelli Vis-conti levou ainda à bienal as obras de artistas como José Da-masceno, Ângela Detanico e Ra-fael Lain, assim como a gaúcha Elaine Tedesco, Waltercio Caldas, e Iran do Espírito santo. Os ar-tistas brasileiros estavam entre os representantes de 76 países, dos cinco continentes, que participa-ram dessa última edição da bienal de Veneza. No centro das aten-ções, estava, porém, a obra dos irmãos Nelcilan e Maycon. Con-creta tradução da realidade vio-lenta e miserável em que os jo-vens cresceram, mas viram mudar mesmo aos poucos, para melhor, no decorrer dos nove anos de suas vidas dedicados à criação da ma-quete do Pereirão.

Bienal de Artes na cidade italiana revela obras de dez artistas brasileiros. Destes, dois são jovens moradores de uma favela no Rio

arte

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arte

Painel da discórdiaO artista Antonio Veronese cria polêmica ao se indignar com a decisão da Câmara Federal

de por uma obra de sua autoria na sala de jantar do presidente Chinaglia

Fábio Lino E PaULa Máiran

Homens, mulheres e crian-ças de expressão faméli-ca enfeitam a parede da sala de jantar da residên-

cia oficial, em brasília, do presi-dente da Câmara dos Deputados, o parlamentar Arlindo Chinaglia. Trata-se de Tensão no Campo (A Marcha), painel tornado em pi-vô de caloroso bate-boca entre dois oriundi, ambos militantes históricos de esquerda. Antonio Veronese, autor da obra, reagiu com indignação à notícia de que a sua pintura estava na casa de Chinaglia. Por dez anos, a pintu-ra esteve exposta a público bem maior – os cerca de 15 mil visi-tantes diários da sede da Câma-ra, no Palácio do Congresso Na-cional, em brasília.

Doada por Veronese à Câmara em 1996, Tensão no Campo mu-dou de endereço sem consulta prévia ao autor. Para a Casa, a

transferência não passou de um procedimento de rotina. O ar-tista plástico não se conforma. Ele acusa a Câmara de ter des-virtuado o propósito da cessão do painel, uma homenagem ao Movimento dos sem-Terra (MsT) destinada, na concepção do ar-tista, ao grande público.

— O painel tornou-se, no termo de doação, um bem públi-co, do qual não deveria usufruir, privadamente, o senhor Arlindo Chinaglia, justamente ele que de-ve ser o primeiro a dar exemplo do bom uso da ‘res publica’ (coisa pública). O presidente Lula conhe-ceu o Tensão no Campo na bienal do Livro de 1996, em são Paulo, e na ocasião ele o chamou de sím-bolo do MsT. O painel, feito com motivação política, ganhou ali uma função, um valor simbólico. se o pessoal da Câmara não en-tendeu isso, preciso enfatizar essa

questão: o Tensão no Campo não é como um tapete persa doado ao Congresso, que pode ser posto não importa onde — reclama Ve-ronese, petista em fase de eviden-te desencanto com o partido.

Chinaglia não tem manifes-tado interesse algum em atender ao pleito do artista, mas, dian-te do ataque verbal, demonstrou não querer briga.

— Essa imagem espectral traduz o sentimento que promo-ve as lutas por conquistas so-ciais. Pelas manhãs, ao sair da residência oficial, onde vivo em razão do cargo que ocupo, vou para o Congresso Nacional para mais um dia de trabalho com o espírito alertado para a atenção que deve merecer de todos nós o compromisso com os direitos e a inclusão social — revela o pre-sidente da Câmara acrescentando que a obra já estava exposta na

casa antes de ele ter se instalado no local.

Quem decidiu, de fato, levar o painel para a residência oficial foi o deputado federal Aldo Re-belo [PCdob-sP] , quando de sua gestão na presidência da Câmara. A sala de jantar é lugar de reuni-ões do presidente com lideranças políticas e líderes estrangeiros.

— Não foi um desrespeito ao artista. Esse belo quadro está em um local valorizado, onde é fotografado. A residência oficial é uma extensão do gabinete do presidente da Câmara — ressal-ta Aldo Rebelo, que optou pela troca de lugar do painel tempos depois do fechamento da galeria do Museu da Câmara, onde hoje funciona a TV Câmara.

Veronese não se resigna com tais elogios e explicações:

— Eu não doei o painel ao Poder Público, mas ao MsT, que re-

solveu instalá-lo no Congresso. Lá assinei um documento formal para que ficasse no Congresso. Mas es-sa pintura é do MsT. Doar ao poder público é sempre uma furada. Ou-tro trabalho meu, o Famine, está há 13 anos na Missão brasileira às Nações Unidas em Nova York pa-ra ser instalado na FAO em Roma e nem satisfação eles me dão. Eu nem sei mais onde está o Famine, se em Nova York ou em Roma. É uma esculhambação.

Informado sobre a polêmica envolvendo o MsT, o presidente do movimento, João Pedro sté-dile, procurou sair pela tangente. Disse que nunca tomou conheci-mento de que a obra pertencesse originalmente aos sem-Terra.

— sempre soube que o autor doou a pintura para a Câmara dos Deputados. Por isso, nunca nos metemos. E a Câmara sempre teve total autonomia para fazer o que bem entendesse com o quadro — afirma o presidente do MsT.

A declaração de stédile fez ferver ainda mais o sangue de Veronese, brasileiro com cidada-nia italiana, atualmente vivendo na França.

— O stédile deve estar com Alzheimer. Eu instalei o painel no Congresso acompanhado de 350 militantes dos sem-terra, o José Rainha chegou comigo no Con-gresso, estavam lá 15 lideranças do movimento. Já dei mais de 50 entrevistas tratando o painel como obra feita devido a minha paixão pelo MsT —retruca, pro-vocante, o criador de Tensão no Campo.

Arte no “porão”A Câmara dos Deputados não tem ao menos noção do tama-nho de seu acervo. Mas 90% das obras recebidas em doação já estão documentadas e algu-mas delas passam por processo de restauração para que possam voltar à exposição pública. Pelo menos 300 destas peças devem, em breve, entrar em exibição, ainda que apenas no ambiente virtual. Mas depois do fecha-

mento da galeria de exposição permanente, a maioria dos bens é mantida distante dos olhos da população.

Enquanto não se cria uma nova galeria, o Museu da Câmara decidiu investir na organização da sua reserva técnica, catalo-gando, restaurando obras e capa-citando servidores para a gestão dos bens. No momento, é feito um rodízio de obras em exposi-ção temporária pelas salas e cor-redores da Câmara, na sede e nos seus três anexos. Tomie Ohtake, Carybé e Di Cavalcanti são alguns dos artistas plásticos com obras em exposição, atualmente, nas salas e corredores da Câmara dos Deputados. Próximo ao Plenário, há ainda um painel de Athos bul-cão, vizinho de escultura de Al-fredo Ceschiatti.

A Câmara não é a única institui-ção pública a ter problemas de fal-ta de espaço para a exposição per-manente de seu acervo. A Funarte também carece de uma galeria.

— Não tenho lugar para ex-por grande parte do nosso acervo. são obras doadas ou resultantes de concursos. Doamos muitas pe-ças para o museu do Pará para que mais gente pudesse ter aces-so a elas — explica o presidente da Funarte, Celso Frateschi.

Ele ainda faz um alerta aos artistas com intenção de doar su-as obras ao poder público:

— É preciso especificar nos próprios termos da doação em que condições a obra está sendo cedida. Essa é a única maneira de o artista garantir o cumprimento de exigên-cias como, por exemplo, o destino e a função do bem doado.

Veronese: obra na sala de jantar de Chinaglia revolta o artista

À esquerda, Tensão no Campo. Acima, Just in Kids,

também de Veronese, como Famini, em exposição na sede

da ONU em Roma

“Recebo, muito contrariado, a informação que o painel Ten-são no Campo foi transferido para a residência oficial de

Arlindo Chinaglia, tendo deixado, sem minha consulta ou anuên-cia, o prestigioso espaço que ocupava no Museu da Câmara Fede-ral, no Congresso Nacional.

Ao se auto-instituir gestor do painel, fiando-se nos eventuais direitos que a doação à Câmara Federal lhe concedam, o senhor Chinaglia tenta cassar de mim o direito de, como autor, estabelecer destino e função do painel que, antes de vender, preferi doar à sede do Poder Legislativo. sei dos riscos que corre uma pintura quando começa a circular sem os devidos cuidados de profissionais especia-lizados nessa função. somam-se a esses outros riscos, como quando fiz um painel para o programa de betinho na TVE-RIO, e que de lá desapareceu, misteriosamente, sem deixar vestígio, há dez anos.

se, de alguma forma a exposição do Tensão no Campo apro-veita ao PT ou ao MsT, não consigo entender que seja preferível que ele esteja encerrado dentro de uma residência oficial no Lago sul, do que exposto num sítio de grande significância e conflu-ência de público, como é o Congresso Nacional.”

antonio Veronese - artista plástico

“Tensão no Campo – A Marcha”, retrata, na minha opinião, uma realidade incômoda na visão equivocada dos que se

negam a enxergar a realidade. suas figuras, construídas em formas arredondadas, contrastam com a rudeza dos personagens reais. As cores, finamente lavradas na tela, e obtidas a partir do vermelho-terra, dão à obra uma obviedade ao mesmo tempo em que cria uma atmosfera utópica, dando ao conjunto um sentido ambíguo. Essa característica de algumas obras geniais é que nos estimula à refle-xão, deixando ao universo de cada observador a tarefa de resgatar a emoção que a provocou. Além disso, na composição da temática abordada encontramos ícones e símbolos que contextualizam o fa-to em si. são seres adultos acompanhados de crianças, em aparen-te desarmonia. são ferramentas do campo estilizadas, lembrando ou explicitando movimentos campesinos. são barrigas exageradas, como na gravidez, nas doenças tropicais ou no prenúncio do novo a redimir tantas injustiças. Tudo concorre para um lugar comum: os muitos “brasis” dessa Terra intempestiva.“

arlindo Chinaglia - presidente da Câmara dos Deputados

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Guilherme Aquino

milãOcomportamento

O Alfa Romeo Br promove reuniões mensais entre os membros

Rio de Janeiro, 40 graus, ao meio-dia. Condições perfeitas para uma cami-nhada ou para aproveitar

uma praia, certo? Pois não foi essa a opção feita por cerca de 15 membros do grupo Alfa Ro-meo br. Eles se reúnem todo mês no entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas para trocar experiências sobre a famosa marca italiana de carros. Tudo isso porque a fabri-cação brasileira foi encerrada há pouco mais de 20 anos.

A iniciativa já acontece desde 2002 quando o fundador, o “alfis-ta”— como eles mesmos se de-nominam — e gerente comercial Renato Cunha, de 35 anos, teve a idéia de criar, no site www.al-faromeobr.com.br, uma lista de discussão pela internet. De acor-do com ele, cerca de 1,4 mil pes-soas já passaram pelo grupo.

— Hoje, essa discussão na internet continua a ser o princi-pal ponto de relacionamento das pessoas de todo o brasil. Nela, discutimos os eventos, as pesso-

as se ajudam em questões técni-cas, falam sobre o futuro da mar-ca e do grupo e, principalmente, fazem amizades — define.

Para Renato, um dos motivos para tanta repercussão deve-se ao fato de que, geralmente, os donos envolvem-se emocional-mente com o carro. Além disso, em decorrência da interrupção na fabricação em terras brasileiras, ele acabou se tornando “rarida-de” nas ruas. Ele admite que não trocaria sua Alfa Romeo, nem mesmo por um carro mais novo.

— Você não chuta seu ca-chorro mais velho e fiel para a rua a fim de dar espaço para um cão mais novo, não é? Alfista troca a Alfa mais velha por uma mais no-va por dois motivos: falta de ga-ragem e ultimato da esposa. se-não ficaria com as duas — diz.

Paralelamente, os encontros acontecem em são Paulo, no Pa-raná, no Rio Grande do sul e no Distrito Federal. Participante as-síduo das reuniões que aconte-cem no Rio de Janeiro, o repórter

fotográfico Henrique Huber, de 35, é um dos admiradores da mar-ca italiana desde a adolescência. Até hoje, ele lembra da época em que teve o primeiro contato com uma Alfa Romeo.

— Quando eu era adolescen-te, fazia questão de parar em frente à casa de um vizinho meu que tinha um carro desses. O de-sign, o vidro e a trava elétrica, além da embreagem hidráulica, me fascinavam — recorda.

Anos depois, por conta disso, ele realizou seu sonho: trocou o

velho carro pelo do vizinho, 17 anos mais novo. E as lembranças de Henrique não param por aí:

— Na primeira vez que levei minha noiva para passear no car-ro, ele enguiçou. Depois fiquei sabendo que a máquina requer uma atenção pra lá de especial. Até mesmo porque não é mais fa-bricada no brasil.

Fatos pitorescos, aliás, é o que há de sobra na história dos donos de Alfa Romeo. O comer-ciante Luiz Amauri da silveira, de 46, como todo brasileiro que se preze, encontrou logo um “jeitinho” de faturar um dinhei-ro extra e, ao mesmo tempo, ter o prazer de dirigir um veículo da marca. Resultado: incrementou seu carro, fabricado em 1996, com a instalação de vídeo ga-me, aparelho de DVD, teto so-lar e, de quebra, ainda, tapete vermelho.

— Para ganhar um dinheiri-nho a mais, nas horas vagas, re-solvi trabalhar como motorista de noivas e debutantes. É mui-to bonito. Os noivos podem até brindar com champanhe a bordo da minha Alfa, saindo pelo teto solar — orgulha-se Luiz, que co-bra R$ 400 reais pelos serviços.

O webmaster do grupo, o analista de sistemas David Ci-priano, de 34, confessa que, an-tes de ser um “alfista”, pensou muito, mas não resistiu à ten-tação de comprar a sua primeira máquina, em 2002.

— Havia um certo medo em relação à manutenção e à reven-da. Mas, quando comprei, desco-bri logo o grupo pela net. Assim, comecei a entender como funcio-nava tudo e soube das dicas so-bre preservação. É como dizem: o maior problema do carro é o dono anterior. se ele não cuidou bem da máquina, o futuro proprietá-rio poderá ter problemas — ad-verte.

Ela arranca suspiros

Paixão pela marca Alfa Romeo arrebata e une fãs brasileiros

rosangELa coMUnaLE

A vez dos gordinhosA cidade da moda está tomada por uma le-

gião de gordinhos. Praças e jardins do centro servem de cenário para a exposição de cerca de 150 quadros e esculturas do colombia-no Fernando bottero - apaixonado por persona-gens de forma física contrastante com o padrão estético vigente. Peças do artista também po-dem ser vistas na galeria do Palazzo Reale. En-tre cerca de 40 obras contemporâneas, há mais de uma retratando prisioneiros submetidos a maus tratos na prisão militar americana de Abu Ghraib, no Iraque. Havia 35 anos que bottero não expunha em Milão, onde agora exibe, entre tantas obras, seis esculturas em bronze.

Rua fashionDesenhos do estilista Gianni Versace,

mito da moda italiana, estão espa-lhados pelas ruas da cidade e vão conti-nuar nas calçadas e esquinas por todo o verão. E os pedestres param para admi-rar as criações concebidas, originalmente, para passarelas e espetáculos teatrais tão amados pelo falecido estilista siciliano. Há mais homenagens ao estilista aconte-cendo. Por exemplo, o espetáculo sobre a sua vida no Teatro La scala, com coreogra-fia de Maurice bejart. No entanto, se este não dura mais do que duas horas, tem ca-ráter de perenidade uma outra celebração: Milão vai dar o seu nome à uma rua.

A fotografia de Che Guevara conti-nua a fazer história mundo afora. Por isso, uma gigantesca expo-

sição foi montada, na Triennale bovisa, para explicar como um dos maiores sím-bolos revolucionários dos tempos moder-nos acabou se transformando num pro-duto de consumo do mundo imperialis-ta. A imagem registrada, por acaso, pe-lo fotógrafo cubano Korda, durante uma parada militar em Havana, acabou sendo

publicada por um editor italiano. De lá para cá, principalmente depois de 1968, ela se tornou uma bandeira de ideais da juventude e acabou sendo explorada co-mercialmente, sem controle algum. A sua figura aparece em cartazes, camisas, is-queiros, caixas de fósforo, embalagens de bebidas, dentre outros lugares. Como já foi dito, Guevara ficou mesmo mais para Lennon do que para Lênin. A mostra fica em cartaz até setembro.

“El Che”

De vento em popaA Copa América se foi sem deixar sauda-

des. O barco italiano Luna Rossa chegou perto da final mas acabou cedendo lugar pa-ra os “kiwi” da Nova Zelândia. O resultado se sabe: o barco suíço Alinghi ganhou a compe-tição e manteve o histórico troféu dos ma-res nos Alpes. A campanha italiana com três barcos de até e 100 milhões foi por água abaixo, mas as embarcações, com tecnologia avançada e fruto de milhares de cálculos ma-temáticos de hidro e aerodinâmica, são obras de arte. Por isso, vale a pena exibi-las. No caso, em praça pública, em plena san babi-la. Ao lado de um chafariz, está exposto, por exemplo, o barco Mascalzone Latino.

Praia secaO verão chegou e junto com ele o calor.

A situação piora quando se está numa planície e ainda distante do mar. Nada pode parecer mais simpático aos milaneses, en-tão, do que a praia artificial, com areia e tu-do, instalada por administradores no Parque sempione, atrás do Castelo sforzesco. Tem chuveiros para amenizar o calor, campo de esporte e parquinho. Mas questões logísti-cas excluíram um lago artificial do projeto original. Resta aos calorentos refrescar-se nas piscinas de um dos muitos centros es-portivos públicos da cidade. Um deles, na Via Ponzo, em Città studi, tem quase 80 metros de comprimento e 30 de largura.

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storia

síLvia soUza E aLinE bUaEs

Aveva ottenuto la licenza di capitano e avrebbe po-tuto semplicemente aver seguito la strada del pa-

dre, marinaio genovese. se, da questi, aveva ereditato il san-gue di avventuriero, nacque il quattro luglio del 1807 già con un’anima rivoluzionaria. Figlio di Nizza, allora parte del Re-gno di sardegna [che compren-deva la Sardegna e il Piemonte], Giuseppe Garibaldi si impegnò fin da giovane nei problemi che sorpassavano i limiti territoriali della sua nazione. Visse e morì lottando contro la tirannia, di-ventando ‘l’Eroe dei Due Mondi’ per l’aver difeso, nel sud Ame-rica e in Europa, i suoi ideali di libertà.

Un eroe di due mondi

Il bicentenario della nascita di Giuseppe Garibaldi ci fa ricordare, nelle commemorazioni, la fama e le imprese del rivoluzionario

Passati 200 anni dalla sua nascita e 125 dalla sua morte, Garibaldi rimane un punto di ri-ferimento per i popoli con cui condivise il suo coraggio. In bra-sile e in Italia, eventi che com-memorano il suo nome cercano di fare onore, grazie a feste, semi-nari e alla concessione postuma di menzioni onorose, alla gran-diosità transatlantica di questo guerrigliero della libertà.

Garibaldi non si tirò mai indie-tro nei combattimenti. Nell’Unità d’Italia e nell’Insurrezione di Ge-nova difese con il proprio sangue i suoi obiettivi. Anche nella Far-roupilha, a Rio Grande do sul, e nella Guerra Grande, in Uruguai, lui era là, solidale con le cause in cui credeva.

— Rendiamo omaggio non soltanto ad un personaggio del passato storico, ma ad un’espres-sione dell’idealismo ancora viva della democrazia italiana — affer-ma il presidente della Repubblica Italiana, Giorgio Napolitano, nel-la cerimonia di restituzione del busto di Garibaldi al luogo più solenne della sala del senato ita-liano, a Palazzo Madama.

Napolitano ha inoltre abbelli-to con fiori il monumento che ri-corda il guerrigliero al Gianicolo. Da qui, uno dei sette colli roma-ni, Anita, brasiliana di cui Gari-baldi si innamorò e con cui visse una storia d’amore, fuggì con il figlio Menotti su di un braccio, impugnando una pistola nell’al-tra mano.

Nel sud del brasile, la cit-tà che porta il nome dell’idea-lista italiano ha fatto di tutto per rendergli omaggio: da marzo si svolge il calendario di com-memorazioni. Là si è avuto, ad esempio, il lancio di uno spu-mante con bollo commemora-tivo del suo bicentenario, ol-tre a presentazioni di teatro e concerti. La Festa Nacional da Champanha, la tradizionale Fe-nachamp, evento che è tenu-to tutti gli anni tra settembre e ottobre, avrà anch’essa Gari-baldi come tema nell’edizione 2007.

Militante nel nome e nelle azioniL’eredità di Garibaldi non

si è persa nel tempo. Lo spirito rivoluzionario del bisnon-no orienta la vita di Annita Ga-ribaldi Jallet, figlia di Ricciotti, secondo figlio di Garibaldi con Anita, nato a Montevidéu nel 1847 e morto a Roma nel 1924. Ma la militanza politica del dis-cendente dell’eroe non coinvol-ge scontri bellici. Lei e il resto della famiglia, in Italia, lavora-no per il progresso del processo di unificazione europea.

La presenza di Annita ha ar-ricchito di emozione e di nuove informazioni su Garibaldi una delle più grandi feste in suo onore, presso l’Assembléia Le-gislativa do Rio Grande do sul, a Porto Alegre. Annita era già stata dichiarata cittadina Ga-ribaldense nel 1982 e stavolta è il suo terzo ritorno da allora alla terra amata da suo bisnon-no. Tornando in Europa, la più anziana rimanente dei Garibal-di porterà via con sé una pre-ziosità, concessale dal governo gaucho: il certificato di nascita dello zio Domingos Menotti Ga-ribaldi (1840-1903), primoge-nito di Anita e Giuseppe Gari-baldi, nato in brasile.

— Quando vengo, mi sen-to sempre come se stessi a casa mia. Questo documento non era mai esistito dovuto alle condi-zioni precarie in cui mia bis-nonna Anita aveva dato alla lu-ce, in mezzo ai combattimenti nell’interno di Rio Grande do sul, nella città di Mostardas. Il non avere questo documento ha provocato molti inconvenien-ti durante la vita di Menotti in Italia — spiega Annita, che ha ricordato un’iniziativa simile del governo di santa Catarina, che ha provveduto al certificato di nascita di Anita Garibaldi.

scienziata politica, presi-dente del Movimento Europeo Italiano, organizzazione a fa-vore dell’integrazione europea, crede che commemorazioni co-me quelle dedicate al suo bis-nonno “servano per stimolare nuove ricerche” e, nel suo caso, ricerche nell’ambito familiare.

— La mia famiglia ha sco-perto recentemente che il nome di battesimo di Giuseppe Gari-baldi era Joseph Marie Garibal-

La Cooperativa Vinicola Ga-ribaldi ha creato il Giuseppe Garibaldi Chardonnay brut, di cui sono state prodotte tremi-la bottiglie. Quelle di numero 1, 200, 1807 e 2007, tra le altre, hanno partecipato ad un’asta che ha raggiunto la cifra di R$ 6.500, somma donata all’Asso-ciação de Pais e Amigos dos Ex-cepcionais (APAE) di Garibaldi e alla Liga Feminina de Combate ao Câncer.

— Una commissione [di bra-siliani e italiani] si riunisce fin dalla fine del 2006 per pianificare i festeggiamenti. sono dieci per-sone al coordinamento dei lavori e molte altre che aiutano. L’Ita-

lia ha contribuito specialmente il 10 luglio, quando le istituzioni Fundação Giuseppe Di Vittore e sandro Pertini hanno sponsoriz-zato e assistito l’organizzazione di questo grande incontro a Ga-ribaldi — spiega il sindaco del comune, Antonio Cettolin.

La venuta in brasile della scienziata politica Annita Gari-baldi Jallet, pronipote del rivo-luzionario, ha coronato questo mese i festeggiamenti in sua memoria. Ha partecipato, a Por-to Alegre, a Rio Grande do sul, all’Encontro Internacional de Ce-lebração do bicentenário de Giu-seppe Garibaldi, tenendo una conferenza sull’importanza delle azioni del bisnonno.

storici brasiliani, come la gaucha Núncia santoro de Con-stantino, della Pontifícia Univer-sidade Católica di Rio Grande do sul (PUC-Rs), e italiani, come Luigi Mascilli Migliorini, dell’Uni-versità di Napoli, hanno potuto scambiarsi esperienze nell’in-contro, durante il quale è stato lanciato il libro Os Caminhos de Garibaldi na América, opera col-lettiva con saggi di nove specia-listi italiani e brasiliani.

Un altro evento a Garibaldi è stata l’inaugurazione di una mostra permanente che riunisce 23 riproduzioni di stampe italia-ne che narrano la partecipazione dell’eroe italiano alla guerra per l’Unità d’Italia. secondo il presi-dente della Câmara de Vereadores di Garibaldi, e direttore esecuti-vo dell’Associação de Pequenas e Médias Empresas del comune, Paulo salvi, ai nostri tempi, il recupero dello spirito di Garibal-di in tutto il Paese diventa una necessità:

— Quello che ci orgoglia di più è che l’Eroe dei Due Mondi professava una filosofia di de-mocrazia e libertà. Garibalda cercava sempre di essere a fian-co del popolo e contro la tiran-nia del potere. Tant’è vero che si rifiutava di partecipare quan-do le guerre non erano la lot-ta del popolo. Capisco che il mondo e il brasile devono ispi-rarsi a questo eroe — segnala salvi, riferendosi alla perenni-tà dei problemi che esistevano già all’epoca dell’eroe e che lui combatteva, come la centraliz-zazione del potere del governo centrale e ingenti imposte tri-butarie applicate.

dy, dovuto all’influenza francese nell’allora città italiana di Nizza. Nel 2006, sono state scoperte le origini della famiglia di Garibal-di, che risalgono al 1610 e che portano ad un’altra intensa sto-ria d’amore. Angelo Garibaldi, giovane legnaiolo, abitante di un paesino sulle montagne della Liguria, Nè, si innamora di una giovane della cittadina litoranea Chiavari, e cambia di professione dopo il matrimonio: diventa cos-truttore di barche. Con il cambio di professione, avviene un’ascesa sociale della famiglia, il che fa sì che Giuseppe, nipote di Angelo, nasca nel bel mezzo della cultura marinaresca — racconta Annita.

Educato grazie a lezioni pri-vate, Garibaldi, secondo la pro-nipote, diventa un giovane mol-to colto, interessato alla storia e avido di conoscere altri mari.

— Garibaldi ha contribuito in molto alla storia di Rio Grande do sul. Per esempio, subito dopo il suo ritorno in Italia comincia il flusso migratorio di persone verso il brasile, specialmente Rio Grande do sul. Molti degli immi-granti che hanno lasciato l’Italia sono venuti in brasile dovuto al fatto che Garibaldi era passato di qui, creando così una certo lega-me tra Italia e brasile. Percepis-co che, in questa regione della serra, c’è tutto questo sviluppo che è un qualcosa di prettamen-te italiano, una cosa che Giuse-ppe Garibaldi voleva, sviluppo e libertà dei popoli, visto che odiava chi opprimeva le perso-ne — conclude Annita, riferen-dosi all’impatto in terre gauche dei valori umanisti di colui che è diventato il principale eroe di Rio Grande do sul.

Annita Garibaldi Jallet, scienziata politica e pronipote del

rivoluzionario Giuseppe Garibaldi

“Intendo che in questa regione della Serra c’è

tutto questo sviluppo che è proprio del

pensiero italiano, sviluppo e libertà

dei popoli” annita gariBaldi Jallet,

sCienziata PolitiCa e ProniPote di giusePPe gariBaldi “Ciò che ci

riempie di orgoglio è che l’eroe dei due

mondi professava una filosofia di democrazia e

libertà, cercava sempre di stare

al fianco del popolo e contro

la tirannia del potere”

Paulo salvi, Presidente della CâMara de vereadores

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turismo

nayra garoFLE

Como nos tempos da nonna

O Vale do Café, no Sul fluminense, oferece uma verdadeira viagem ao túnel do tempo, com histórias do Brasil cafeeiro e heranças dos imigrantes italianos que contribuíram para a economia da região

Sentir o aroma do típico café brasileiro, saborear uma comidinha bem ca-seira e ainda ser servido

por funcionários em traje de épo-ca, numa fazenda, exatamente como se fazia no período cafeei-ro do brasil. Pois isso tudo acon-tece às margens da Via Dutra, no Rio de Janeiro, no Vale do Café. Das cerca de 150 fazendas exis-tentes na região, 26 estão pre-

servadas, os casarões e senzalas abertos à visitação. O passeio permite ao turista experimentar o cotidiano de brasileiros e imi-grantes, a maioria de italianos, que viveram ali no século 19.

Em 1990, proprietários de fa-zendas centenárias, cientes do valor histórico e cultural do seu patrimônio, decidiram fundar o Instituto de Preservação e De-senvolvimento do Vale do Para-

íba (Preservale), que instituiu o turismo de patrimônio e peda-gógico. Fundadora do instituto, Evelyn Pascoli foi a primeira rea-lizar saraus de época, na sua fa-zenda, a Ponte Alta, em barra do Piraí. Até hoje, os funcionários da fazenda se caracterizam co-mo barões e baronesas para, em 40 minutos, encenar histórias do barão de Mambucaba e reviver, no espaço onde antes funciona-

va uma senzala com 400 escravos, fatos curiosos ocorridos no Vale do Café.

— A Evelyn deu início a tudo isso. Hoje, recebemos es-tudantes, em excur-sões escolares, para que aprendam história ao vi-vo — conta Roberto Frei-tas, o barão, durante os sa-raus e, no restante do tempo, administrador da pousada, com nove quartos de hóspe-des, que funciona na Ponte Alta.

Ainda em barra do Piraí, a história do Ciclo de Café é preservada na santa Ma-ria, hoje hotel-fazenda Ar-voredo. As senzalas foram transformadas em quartos, sem perder, no entanto, a rusticidade de outrora. O terreiro de café, em fren-te à casa grande, recebeu um gramado verde, onde é oferecido o chá imperial, com receitas da época, pelo barão de Mambuca-

ba, antigo proprietário tanto da santa Maria como da Ponte Alta.

— Minha irmã fez um estu-do e descobriu a existência desse chá imperial na época do barão. Conseguimos as receitas origi-nais e resolvemos apresentar o chá para os visitantes — diz Au-gusto Pascoli, de 47 anos, des-cendente do poeta italiano Gio-vanni Pascoli, e dono do hotel fazenda Arvoredo desde 1982.

No fim do século 19, a Pon-te Alta, edificada pelo barão de Mambucaba, foi hipotecada pelo banco do brasil e perdida pela família de origem nobre, mergu-lhada em dívidas. A fazenda se reergueu na virada do século pe-las mãos do conde Modesto Le-al, comerciante. Ele encontrou a terra tão maltratada quanto os escravos que o barão não pou-pava. Com a derrocada do café e a migração do seu cultivo para terras paulistas, a lavoura virou pasto para gado leiteiro. Mas, nos anos 50, a Ponte Alta tor-nou-se cenário político, quando a neta do conde, Isabel Modesto Leal, hospedou o presidente da República, Getúlio Vargas, amigo da herdeira.

se a roda d’água não girava mais para o café, a roda da vida não parou de se movimentar e, em 1960, a fazenda foi vendida para Nellie Pascoli. Pioneira no ramo da mineração, a descenden-te italiana resgatou a memória da fazenda, ao restaurar a arqui-tetura secular. solteira, após sua morte, seus sobrinhos Evelyn, Ricardo, Ana Heloísa e Augusto herdaram as suas propriedades.

Não se produz mais café na maioria das fazendas do Vale. Mas, às margens da Estrada barra do Piraí, eis que surge o cafezal da Taquara, produtivo até os dias de hoje. Construída entre 1820 e 1830, a sede pertence a João Car-los Tadeu botelho Pereira streva, de 62, filho da quinta geração do primeiro dono da fazenda, o co-mendador João Pereira da silva.

streva herdou a Taquara da família materna, mas é pelo lado

paterno que tem suas raízes na sicília. Por conta disso, os seus três filhos obtiveram a cidadania italiana e um deles, o universi-tário Marcelo, de 34, assumiu a responsabilidade de desenvolver o turismo histórico na fazenda. Ele conduz os visitantes por ca-da cômodo, enquanto narra a história de sua família e dos seus cafezais.

— Recebemos os visitantes em qualquer dia. A renda do tu-rismo ajuda bastante a manter a fazenda — conta João Carlos.

Na fazenda são João da Pros-peridade, em Ipiabas, distrito de barra do Piraí, o café deu lugar ao eucalipto. Mas os seus pro-prietários não fogem ao ofício de promover a viagem de volta ao tempo antigo. Em visitas com hora marcada, a recepção é feita com trajes da época, e o turista pode explorar cada recanto, ad-

mirar detalhes como o piso em madeira original do século 18.

A viagem ao passado pros-segue pela Estrada RJ-145. A 32 quilômetros de barra do Pi-raí, Valença também guarda vi-va a memória do período cafeei-ro. Com 66 mil habitantes, clima ameno, rios e muitas cachoeiras, em meio a algumas construções recentes, a cidade conserva o ca-sario, igrejas e parques de mais de um século.

A sete quilômetros e meio do Centro, está localizada a fazenda Pau D’Alho, da família Pentagna desde 1897. Vito Pentagna dei-xou o sul da Itália 37 anos antes, rumo ao brasil, onde se tornou mascate bem sucedido. só de-pois da abolição da escravatura, comprou as fazendas Pau D’Alho, santa Rosa e Paraíso.

Em 1914, os Pentagna esta-beleceram a fábrica de tecidos santa Rosa. Na Pau d’Alho, foi construída uma usina hidrelétri-ca para sustentar a energia nas fazendas e na fábrica da família. O jeans confeccionado pela san-ta Rosa era exportado até para a Europa. Quando Vito morreu em 1914, deixou, para os sete filhos esse patrimônio. Hoje, a Pau D’Alho, por exemplo, está nas mãos do herdeiro Humberto Vito Rebecco Pentagna.

— Nos voltamos atualmente para a produção de leite e pa-ra o turismo rural. Recebemos muitos alunos do Ensino Médio aqui — explica o atual proprie-tário.

“Recebemos os visitantes em

qualquer dia. A renda do turismo ajuda bastante a

manter a fazenda”João Carlos streva,

ProPrietário da Fazenda taquara

O corredor das senzalas, a casa grande da atual fazenda Arvoredo, o gramado da Pau D’Alho e as palmeiras imperiais da Ponte Alta: características

marcantes de uma história do Vale do Café. Na outra página, a fazenda Taquara

Humberto Pentagna e João Carlos Streva: proprietários das fazendas Pau D’Alho e Taquara, respectivamente

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Sapori d’Italianayra garoFLE

Rio de Janeiro – O restaurante é italiano, mas os pratos levam a assinatura dos proprietários cearenses. Nada que comprometa, muito pelo contrário, a fidelidade ao sabor mediterrâneo, pai-xão de Antônio salustiano, de Cândido e Manoel Alves e de Val-

mir Pereira, os sócios do D’Amici, no Leme. A dois quarteirões da praia, o lugar é a realização de um sonho que parecia impossível. No início da vida, eles chegaram a passar fome em terras nordestinas.

— Jamais poderia imaginar que um dia me tornaria um sommelier e ainda autor de pratos como o Espalla d’Angello — admite Valmir, de 51 anos, premiado em diversos concursos, como especialista na apreciação de vinhos, e orgulhoso pelo talento também revelado no preparo de re-ceitas como a sugerida nesta edição, a Paleta de cordeiro.

As poucas palavras em italiano que Valmir pronuncia foram aprendidas nas viagens que fez ao exterior. Por exemplo, formou-se, na Itália, como sommelier. O curso foi financiado por um cliente amigo. Já a experiência na cozinha foi adquirida ao longo de 35 anos de trabalho em restaurantes.

— só na Itália, estive três vezes — conta o chef do D’Amici, que, ainda menino, no sertão cearense, não raras vezes, teve apenas farinha para comer, amassada pelas mãos da mãe, nos dias de sorte, com feijão e arroz.

A idéia de ter um restaurante italiano surgiu quando Valmir era garçom ainda. Ele e os amigos se reuniam toda semana para com-partilhar o sonho em comum.

— Nos tornamos cada vez mais próximos. Até que decidi-mos: era hora de ter o nosso pró-prio negócio. Entraríamos com o trabalho, mas quem entraria com o dinheiro? Um cliente, que admi-rava nossos esforços, entrou com o capital e ainda hoje é nosso só-cio — explica Valmir, descartan-do a sorte como razão do sucesso, resultado, segundo ele, de muito trabalho.

Italianos costumam ficar impressionados com a qualidade dos pra-tos do D’Amicci. Produtos frescos e importados, como o queijo parmesão italiano e as trufas em conserva, justificam isso, segundo Valmir.

Penne com camarões, cogumelos frescos e pimenta; Ravioli de vitela com molho de funghi porcini seco; ou Tagliatelli com lagosta ao molho de tomate compõem o cardápio. Mas a Paleta de cordeiro é preferência consagrada entre os pedidos.

— Na hora de servir, retiro o osso da paleta. Com o suco que sai de dentro do osso, preparo um molho com alecrim fresco e hortelã, consu-

Talento nordestinoQuatro amigos se apaixonam pela gastronomia italiana, tornam-se proprietários de restaurante na Zona Sul carioca

ServiçO: reStaurante bucatini – rua abíLiO SOareS, 904 –ParaíSO, SãO PauLO – teLefOne: (11) 38875769

Paleta de cordeiro

Ingredientes:1 paleta de cordeiro mamão (cordeiro de até 12 meses); vinho branco; cebola; cenoura; louro; salsinha; alho poró; pimenta em grão; alecrim fresco; hortelã; batatas.

Modo de preparo:Deixe a paleta de molho nos temperos: vinho, cebola, cenoura, lou-ro, salsinha, alho poró e pimenta em grão, de um dia para o outro. Em um forno com temperatura de 300º, asse a paleta por três horas coberta por um papel alumínio. Depois, retire o papel e coloque a paleta de volta ao forno para dourar, por alguns minutos.

Sugestão do Chef:Retire o osso da paleta. Com o caldo que sai da paleta, faça um molho com alecrim e hortelã e refogue na panela. Corte a paleta em fatias. Despeje o molho por cima. Para acompanhar, batatas co-radas com alecrim por cima. sirva.

Rendimento: uma porção

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Valmir e sua famosa paleta de cordeiro mido ao gosto do cliente. sugiro batatas coradas com alecrim por cima

e, para acompanhar, um vinho tinto argentino chamado “Clos de los siete” — indica o sommelier e chef.

A característica artesanal e a gama de possibilidades criativas da gastronomia italiana conquistaram o quarteto. Hoje, o D’Amici se tornou ponto de encontro de empresários, socialites e políticos. Entre os fiéis amantes da Paleta está o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que, eventualmente, ocupa um dos 72 lugares às mesas do D’Amici.

Para se hospedar e visitar:

Barra do PiraíHotel Fazenda Arvoredo(24) 2447-2001Pousada Fazenda Ponte Alta(24) 2443-5159Fazenda Taquara(24) 2443-1221Fazenda São João da Prosperidade(24) 2442-3194

ValençaHotel Palmeira Imperial(24) 2453-1995Fazenda Pau d’Alho(24) 2453-3033Fazenda Santo Antônio do Paiol(24) 2458-4720

Rio das FloresFazenda Santo Antônio(24) 2488-2148Fazenda Campos Elíseos(24) 2488-2014

Onde comer:Valença Grill(24) 2453-4643

Guia de turismoWanda Maria Pinto(24) 2452-5874 / 8131-0557

O Vale do Café oferece festas durante todo o ano. Para obter a programação, basta acessar o site http://www.valedocafe.com.br/eventos.htm.

turismo

Também em Valença e aberta à visitação, fica a fazenda san-to Antônio do Paiol, em terras de uma sesmaria concedida, em 1814, por provisão, a João soa-res Pinho. Em 1969, o local pas-sou a abrigar a Congregação da Pequena Obra da Divina Provi-dência. Este foi um recurso para que a família Esteves garantisse

a manutenção da propriedade e de seus pertences.

— A senhora Francisca Olym-pia Alves de Queiroz Esteves nos doou a fazenda como forma de preservar tudo isso e somos gratos a ela — afirma o frei Geraldo Ma-gela, responsável pela administra-ção da fazenda. A congregação foi fundada por são Luís Orione, que nasceu em Pontecurone, na Itália, e esteve quatro vezes no brasil.

Em 1990, arrendada pelo em-presário carioca Rogério Vianna, a santo Antônio do Paiol pas-sou por uma reforma. Foram re-cuperados a sede, o mobiliário e o acervo documental. Em 2000, a fazenda voltou a ser da Con-gregação que, por meio do Pre-servale, decidiu manter o turis-mo cultural na fazenda, atividade iniciada por Vianna.

Engana-se quem pensa que a viagem através de quase dois sé-culos se encerra em Valença. Mais 17 quilômetros de estrada, em di-reção a Minas Gerais, se alcança a minúscula Rio das Flores, com seus 500 quilômetros quadrados

e não mais do que sete mil ha-bitantes, mas rica de valor his-tórico. Na Igreja Matriz de santa Tereza D’ávila, o Pai da Aviação, santos Dumont, foi batizado.

Em Rio das Flores, a fazen-da Campos Elíseos data de 1851. O primeiro dono, Peregrino José da América Pinheiro a chamava, inicialmente, de bom Jardim. Em três décadas, a Campos Elíseos tornou-se uma das maiores pro-dutoras de café da região, com o cultivo de 182 mil pés. Coube à filha do fazendeiro, Maria Pe-regrina, casada com Manoel Viei-ra da Cunha, o barão da Alian-ça, cuidar da Campos Elíseos. Em 1900, a fazenda deixou de pertencer à família, até que em

a repórter nayra Garofle viajou a convite do Hotel-Fazenda arvoredo e do Hotel Palmeira Imperial

1960, um descendente direto do barão, Marcos Vieira da Cunha, recuperou a propriedade.

Cunha trabalhou na recupera-ção arquitetônica e histórica não só de Campos Elíseos, como de santo Antônio e Guarita. Houve, após a sua morte, novo período de decadência e mudança sucessi-va de donos. Em 2000, a venezia-na Luciana Jappelli de Pol, de 81, no brasil desde 1950, comprou Campos Elíseos e decidiu compar-tilhar com visitantes o prazer do pernoite em seu casarão de estilo colonial, de portas e janelas gi-gantescas. Luciana produz mel, própolis, cachaça, doce de café e a compota de laranja em seu refú-gio do tempo. E ainda cria gado, cabras, ovelhas e ainda cães, das raças golden retriever e pug.

— Tive experiência ruim em são Paulo. Uma fazenda foi in-vadida pelo movimento dos sem-terra e jurei nunca mais me aven-turar, mas não resisti a Campos Elíseos — lembra Luciana, que fez questão de decorar a casa grande, vazia quando a comprou, com legítima mobília italiana, assim como toda a louçaria, mó-veis e quadros.

O chá imperial oferecido pelo “barão de Mambucaba” e

funcionários da Santo Antônio vestidos a caráter

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Claudia Monteiro de Castro

la gENTE, il pOSTO

Cristo degli AbissiO nosso Cristo Redentor, no Rio de

Janeiro, pode ser o mais famoso do mundo, mas os italianos têm um

similar mais inusitado: o Cristo degli Abissi. Fica debaixo d’água, na baía de san Frut-tuoso, entre Camogli e Portofino. Trata-se de uma escultura em bronze, colocada a 17 metros de profundidade, no fundo do mar. Realizada pelo escultor genovês Guido Gal-letti, é um Cristo que olha para o alto, com braços abertos. Existente desde agosto de 1954, foi Duilio Marcante, fundador do Cen-tro de Mergulhadores de Nervi, quem teve a idéia de dedicar um monumento àqueles que perderam a vida no mar. A década de 50 compreendeu os anos pioneiros do mergu-lho. Muitas empresas contratavam mergu-lhadores para recuperar as naves afundadas durante a guerra e muitos deles perderam a vida durante este trabalho.

O entusiamo para a realização da escul-tura foi geral. Muitas pessoas participaram oferecendo vários objetos de bronze para fundição: hélices de submarinos da Marinha

Militar americana, medalhas de viúvas de guerra, medalhas olímpicas e moedas.

Para apreciar a escultura em todo seu es-plendor, o ideal é mergulhar, com equipa-mento adequado ou, para quem tem fôlego, em apnéia. Mas os menos esportivos também podem ver a estátua da superfície, pegando um dos pequenos barquinhos que partem da baía de san Fruttuoso e levam até as proxi-midades da escultura. Com uma lente espe-

cial que se coloca na superfície, dá para ver o Cristo nos dias em que as águas estão lím-pidas e com boa visibilidade, principalmente nos meses de verão. Também é possível ver uma cópia do Cristo degli Abissi dentro da abadia de san Fruttuoso, do século 10.

Em 2003, a estátua do Cristo foi retirada de sua base, restaurada e recolocada em seu lugar em julho de 2004, com direito à fes-ta e muito mais. Comemorações não faltam. Todo ano, no último sábado de julho, tem uma procissão no local. Quando a tarde cai, um mergulhador leva uma coroa de flores e a coloca sobre a estátua. Uma festa mágica e solene. Quem tem a sorte de estar na região nessa época, não deve perder.

Como chegar: Existem duas opções de traje-to para quem quer ir a San Fruttuoso. Uma é de barco, que parte de Camogli ou de Ra-pallo, passando por Santa Margherita Ligure e Portofino. Outra é a pé, de Camogli ou Por-tofino, por trilhas bem sinalizadas, mas so-mente para quem está realmente em forma.

A mania do celular se difundiu pelo mundo inteiro, mas em ne-nhum lugar como na Itália. Para os italianos, o celular é como um bichinho de estimação ou um cigarro: faz companhia na

alegria e na tristeza. Uma típica cena num trem. O veículo está prestes a partir. Ele pega

o telefone, disca para ela e diz: “Amor, estou no trem”. Vinte minutos depois: “Amor o trem está entrando no túnel, a linha vai cair”. Meia hora depois: “Amor, o trem vai chegar atrasado”. E dez minutos antes de chegar: “Amor, o trem está chegando”. Mesmo se ninguém vai bus-car na estação, é necessário fazer o relatório de viagem. Outra carac-terística dos italianos: são generosos, e adoram dividir a conversa deles com os outros passageiros. Assim, o trem inteiro sabe que Giovanna começou a sair com Carlo, que Paolo é um cornudo e que Giulia acaba de ter gêmeos. Não precisa nem ler jornal na Itália, é só fi-car de ouvidos bem abertos. E origliare, ou seja, escutar conversa dos outros, nunca foi pecado.

No restaurante, a situação é ainda mais divertida. Quando duas pessoas jantam juntas e uma atende o celular, a outra não resiste: pega o seu celular, verifica as mensagens e manda outras, só para passar o tempo.

Dá para saber muito sobre a personalidade de uma pessoa pelo uso que faz do celular. Tem os duros, que estão sempre com o telefone sem crédito. Tem os pães-duros que, quando ligam para os outros, deixam tocar somente uma vez. Deste modo, o outro deve retornar a ligação e, assim, se faz uma bela economia. Tem os cavalheiros que, quando ligam para uma mulher, se oferecem para retornar a ligação imediata-mente. Assim o sexo frágil não tem que pagar. Há cavalheiros extre-mos que, apaixonados, colocam crédito no telefone da amada.

E a música dos celulares? As ruas italianas vivem animadas por diversos tipos de suonerie, que compõem uma verdadeira sinfonia:

a ária de uma ópera, música clássica, jazz sincopado, melodia pop. E ago-ra está na moda o toque animalesco, com sons de cães, galinhas e gatos. Onde será que vão parar?

Além das conversações telefôni-cas, o que italiano adora mesmo são os torpedos. Os relacionamentos co-meçam com o celular, quando os apai-xonados começam a trocar inúmeros torpedos. Dos românticos aos mais quentes. E terminam quando um dos dois, inevitavelmente, acaba desco-brindo um torpedo suspeito (de uma outra ou de um outro) ao bisbilhotar o telefone do outro.

O celular

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