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Isaías parte 2
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Parte II
2
Isaías
Parte 2
Silvio Dutra
DEZ/2015
3
A474 Alves, Silvio Dutra Isaías./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2015. 428p.; 14,8x21cm 1. Teologia. 2. Comentário Bíblico. 3. Profecia. 4. Justificação. 5. Redenção. 6. Jesus. I. Título.
CDD 230.224
4
Sumário
Isaías 39................ 5
Isaías 40................ 8
Isaías 41................ 20
Isaías 42................ 25
Isaías 43................ 34
Isaías 44................ 42
Isaías 45................ 49
Isaías 46................ 60
Isaías 47................ 64
Isaías 48................ 69
Isaías 49................ 76
Isaías 50................ 84
Isaías 51................ 90
Isaías 52................ 98
Isaías 53................ 103
Isaías 54................ 110
Isaías 55................ 116
Isaías 56................ 123
Isaías 57................ 127
Isaías 58................ 133
Isaías 59................ 142
Isaías 60................ 154
Isaías 61................ 165
Isaías 62................ 174
Isaías 63................ 182
Isaías 64................ 192
Isaías 65................ 200
Isaías 66................ 211
5
Isaías 39
Nos dias de Ezequias, Babilônia se encontrava
debaixo do poder da Assíria (II Rs 17.24), mas o
rei de Babilônia sabendo que Ezequias se encontrava enfermo, enviou-lhe uma
embaixada portando cartas e um presente (v. 12),
e Ezequias mostrou a eles tudo o que havia em Jerusalém, sem saber que aquilo serviria para
despertar a cobiça deles no futuro em face das
grandes riquezas que eles viram sobretudo no
palácio real.
E o Senhor disse a Ezequias através do profeta
Isaías o que os babilônios viriam a fazer em Judá,
não somente saqueando os tesouros que Ezequias havia juntado, como também levariam
cativos os seus descendentes para Babilônia.
Não podemos pesar os motivos de Ezequias e
com que tom ele disse a Isaías que boas eram
aquelas palavras que o Senhor pronunciara
através dele, porque todo este mal não ocorreria em seus dias. Entretanto, não podemos afirmar
que houve qualquer ironia nelas em face da
piedade do rei e a honra que ele devotava ao
Senhor e ao seu profeta. Elas podem sim, ter expressado o seu alívio quando soube que
aquele grande mal não ocorreria enquanto ele
estivesse vivendo.
“1 Naquele tempo enviou Merodaque-Baladã,
filho de Baladã, rei de Babilônia, cartas e um
presente a Ezequias; porque tinha ouvido dizer
6
que havia estado doente e que já tinha
convalescido.
2 E Ezequias se alegrou com eles, e lhes mostrou
a casa do seu tesouro, a prata, e o ouro, e as
especiarias, e os melhores unguentos, e toda a sua casa de armas, e tudo quanto se achava nos
seus tesouros; coisa nenhuma houve, nem em
sua casa, nem em todo o seu domínio, que
Ezequias lhes não mostrasse.
3 Então o profeta Isaías veio ao rei Ezequias, e lhe perguntou: Que foi que aqueles homens
disseram, e donde vieram ter contigo?
Respondeu Ezequias: Duma terra remota
vieram ter comigo, de Babilônia.
4 Ele ainda perguntou: Que foi que viram em tua casa? Respondeu Ezequias: Viram tudo quanto
há em minha casa; coisa nenhuma há nos meus
tesouros que eu deixasse de lhes mostrar.
5 Então disse Isaías a Ezequias: Ouve a palavra do
Senhor dos exércitos:
6 Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa, juntamente com o que
entesouraram teus pais até o dia de hoje, será
levado para Babilônia; não ficará coisa alguma,
disse o Senhor.
7 E dos teus filhos, que de ti procederem, e que tu gerares, alguns serão levados cativos, para
que sejam eunucos no palácio do rei de
Babilônia.
7
8 Então disse Ezequias a Isaías: Tua é a palavra
do Senhor que disseste. Disse mais: Porque
haverá paz e verdade em meus dias.”
8
Isaías 40
O Cuidado e a Ação Paternal de Deus
Devemos lembrar que as palavras proferidas
em Isaías 40 são espírito e são vida, e devem ser discernidas, portanto, quanto ao seu significado
espiritual.
Como Deus olha para o coração, então é no
coração que está concentrado o seu interesse na
revelação que nos fez em sua Palavra, e de um
modo muito especial, neste 40º capítulo de Isaías, que aponta em sua quase totalidade para
aquilo que é divino, celestial, espiritual e eterno.
Portanto, não é na aparência exterior que
devemos fixar nossa atenção e nem no
significado histórico e geográfico desta passagem de Isaías.
Esta profecia deve ser, portanto, apreciada em seu conjunto, porque está se referindo à
condição abençoada daqueles que estão
associados e unidos em espírito ao Messias, e quão triste é a condição daqueles que não
conhecem ao Senhor e que continuam
apegados aos seus ídolos.
Há graça, perdão, força e poder à disposição
daqueles que esperam no Senhor, porque é Ele
próprio a força e a vida deles.
Isto é um poder real que procede sobrenaturalmente do Senhor e invade o nosso
espírito, trazendo-lhe firmeza, paz, segurança,
esperança, alegria, e tudo o mais que se
9
expressa no senso que temos do total controle
de Deus sobre as nossas almas, fazendo com que
nos sintamos completamente seguros nele,
independentemente das circunstâncias adversas ou favoráveis que estivermos
experimentando.
Este senso de total segurança e paz que é comunicado por Deus ao nosso espírito pode ser
visto em várias experiências relatadas no texto
bíblico por diversos servos do Senhor, como
Davi, por exemplo, nos Salmos; Eliseu e Elias, no cumprimento de seus ministérios proféticos; na
vida do apóstolo Paulo e em muitos outros.
Não é algo que seja propriamente nosso ou que possa ser produzido por nosso simples desejo ou
esforços, mas nos vem diretamente do céu, por
pura graça, mediante a simples fé, a qual, a
propósito é também concedida e fortalecida pelo próprio Deus em nós.
Nós o percebemos, sentimos, experimentamos,
mas não podemos expressá-lo por simples palavras.
Nem sempre somos achados nesta condição tão
abençoada, e parece que Deus a reserva para determinadas estações de nossas vidas para que
saibamos que não está em nós produzir aquilo
que somente Ele pode operar.
Somente Deus é o eterno, e tudo mais passará
como a glória da flor da erva.
Ainda que as palavras desta profecia de Isaías sejam aplicáveis aos piedosos de Judá que
seriam consolados depois de todas as correções
que haviam recebido de Deus, por causa dos
10
seus pecados, no entanto, não se pode restringir
a promessa de consolo, que soa logo no primeiro
versículo deste capítulo a eles, senão a todos os
que viessem a crer em Cristo.
Afinal, seria somente em Cristo que o pecado e
a iniquidade não somente de Jerusalém, mas de
pessoas de todos os povos e nações da terra
poderiam ser expiados (v.2).
Dos judeus é dito que haviam já recebido em dobro da mão do Senhor por todos os seus
pecados, porque se encontravam nos dias do
Velho Testamento, que eram ainda os dias do
próprio profeta Isaías, debaixo de uma Aliança, chamada de Aliança da Lei na qual estavam
previstas não somente promessas de bênçãos
em caso de obediência a Deus e aos seus
mandamentos, como também ameaças de juízos e de maldições específicas, segundo
constava na referida aliança.
Portanto, o Senhor não poderia deixar de
cumprir o que havia prometido fazer, inclusive de que a nação de Israel seria espalhada por
todas as nações da terra e levada em cativeiro
caso não se arrependessem de suas más obras, e
não se emendassem em face dos outros castigos que Deus lhes traria em caso de desobediência.
Então, esta profecia de Isaías 40 aponta para dias
futuros, os dias do evangelho, em que o Senhor
tornaria acessível aos judeus uma Nova Aliança, com a promessa de expiar a culpa e o pecado
deles pela graça, e de não mais levar em conta os
seus pecados para efeito de condenação eterna;
11
porque derramaria o Espírito Santo para ser o
Consolador do seu povo.
O Espírito seria dado porque a iniquidade seria
expiada por Aquele (Jesus) que seria anunciado
pela voz de alguém que clamaria no deserto
(João Batista) convocando o povo ao arrependimento, para que o caminho do
Messias fosse aberto para que Ele se
manifestasse aos corações.
Assim toda depressão de alma seria removida
(vales aterrados), e toda altivez e confusão de
espírito seriam também removidas (terrenos acidentados e escabrosos que seriam
nivelados).
A profecia não está falando de lugares
geográficos mas do coração do homem que
seria transformado por Aquele que seria
anunciado por João Batista (v.3,4).
A glória do Senhor seria revelada na pessoa de
Cristo, e toda a carne o veria, porque o Senhor o havia dito.
A sua Palavra é fiel e verdadeira e permanece
para sempre.
Isto seria feito porque Ele o quis e não por
nenhuma bondade, justiça ou mérito pessoal que exista no seu povo.
A salvação é por causa da promessa de Deus, e não pelas coisas que fizemos ou por nossos
merecimentos.
Então, foi ordenado ao profeta que clamasse, e
ele respondeu perguntando acerca do que
deveria clamar?
12
A resposta divina foi a Palavra do evangelho,
conforme já lhe havia sido dito, quando foi
chamado para o seu ofício profético.
A palavra do evangelho que deveria clamar lhe
foi dita como sendo a relativa ao que está
registrado nos versos 6 a 11.
Antes de tudo, na pregação da mensagem do
evangelho deve ser proclamada a inutilidade da
carne para o propósito eterno de Deus, porque a glória da carne é passageira e nada tem a ver
com o que é espiritual. Porque a carne para nada
aproveita, e somente o espírito vivifica. A carne
só pode gerar carne e nada do que é relativo ao espírito. E Deus é puramente espírito (v. 6 a 8 a).
Mas a vida do espírito seria produzida pela
Palavra do evangelho, que subsiste eternamente (v. 8 b).
É pela Palavra do evangelho que somos gerados novas criaturas. É pela Palavra que vem a fé que
salva. É pela Palavra que somos santificados.
Deus está se mostrando gracioso e completamente longânimo nesta nova
dispensação, por isso aquele que anuncia estas
promessas é um anunciador de boas novas
(significado literal da palavra evangelho) para o povo que habitará em Sião (v. 9a).
Esta Palavra deve ser anunciada bem alto e sem
temor, porque Deus daria Espírito de coragem ao povo da Nova Aliança.
O centro da mensagem não são coisas mas uma Pessoa, o próprio Senhor Jesus Cristo, que pela
fé no seu nome, e por invocá-lo, somos salvos (v.
9b).
13
O evangelho não é, portanto, falar acerca de
Cristo, mas Cristo falando através de nós no
poder do Espírito Santo.
Porque não se pode manifestar, não se pode revelar a sua pessoa divina a outros, a não ser
pelo poder e testemunho do Espírito.
Não é uma apresentação de ideias, mas a
apresentação de uma Pessoa, que só pode ser conhecida em espírito.
Os que recebessem o dom da fé para crerem em
Cristo experimentariam o seu poder e
receberiam o seu galardão, conforme a fé deles,
porque a recompensa é para aqueles que exercem uma fé viva em seu nome (v. 10).
Cristo fará com que o fraco fique forte, mas com
o cuidado de um pastor terno que apascentará o
seu rebanho cuidando dos que são fracos em seus próprios braços, e levando em seu colo os
que são novos na fé e que ainda estão sendo
alimentados com o leite genuíno que lhes dará
crescimento espiritual. E fará isto não com impaciência ou arrogância, mas com mansidão
(v. 11).
Tendo feito uma apresentação resumida do
evangelho até o verso 11, a partir do 12 o Senhor vai apresentar argumentos porque esta palavra
que havia proferido era fidedigna e de inteira
aceitação, e poderosa para realizar tudo o que
Ele havia prometido.
Certamente porque era grande o
endurecimento em Judá, e a tristeza por tudo o
que haviam sofrido.
14
Como poderiam crer agora que depois de tudo
que haviam passado poderiam ainda esperar
que Deus pudesse estar interessado no bem
deles?
O Senhor então iria falar da sua própria
majestade, grandeza, força, amor, fidelidade e poder para realizar impossíveis, e que não era
portanto razoável a desconfiança de Judá em
relação a Ele, quanto a que tivesse esquecido
completamente deles e da promessa que havia feito aos patriarcas, de fazer de Israel um reino
sacerdotal.
Então, em face de todos os argumentos que
apresentaria a partir do verso 12, acerca da
nulidade dos reinos das nações perante Ele, e do seu grande poder divino, arrazoa com Israel
com as palavras do verso 27:
“Por que dizes, ó Jacó, e falas, ó Israel: O meu caminho está escondido ao Senhor, e o meu
juízo passa despercebido ao meu Deus?”
Não podemos nunca esquecer que Deus não é
nenhuma criatura, Ele não foi criado por ninguém. Ele é o único Criador, digno portanto
de toda honra, glória, louvor e obediência.
Ele nos fez de tal modo que cresçamos em
liberdade perante Ele, pelas escolhas acertadas
que fizermos, e pelo nosso crescimento, que é realizado com o seu permanente auxílio. Pois
não nos criou para nos deixar entregues à nossa
própria sorte.
15
Ele é um Pai amoroso e paciente, que nos guiará
pelo conhecimento do caminho do amor, da
verdade e da justiça, nos tornando cada vez mais
semelhantes a Ele próprio.
Estes que são assim conduzidos por Ele e que se
deixam voluntariamente serem ensinados de
boa vontade, são mais valiosos para ele do que todos os reinos do mundo, que considera como
um mero pingo de água que cai de um balde.
Devemos então ter todo o cuidado de não errarmos quanto ao grande alvo da sua vontade,
porque somos cercados sempre de muitas
tentações neste mundo, de nos apegarmos à
criatura e não ao Criador.
Deus é tão grandioso e perfeitamente sábio e
onisciente que não necessita tomar conselho
com ninguém.
Ele é tão autossuficiente em si mesmo que não
necessita criar nada para que possa se sentir
completo.
De maneira que se diz nos versos 16 e 17:
“16 Nem todo o Líbano basta para o fogo, nem os seus animais bastam para um holocausto.
17 Todas as nações são como nada perante ele;
são por ele reputadas menos do que nada, e
como coisa vã.”
Não é portanto em ritos religiosos que se
encontra o seu grande objetivo na nossa criação.
Muito menos nas grandes conquistas
tecnológicas e científicas que alcançamos com
nossa sabedoria terrena e natural.
16
No entanto, trouxe todas as coisas à existência,
porque foi do seu desejo se ocupar em
aperfeiçoar seres tão inábeis e miseráveis como
nós, espiritualmente falando, para exibir quão grande é a sua bondade, amor, longanimidade e
paciência.
De forma que nunca se cansará em ter que
trabalhar no menor e mais incapaz dos seus
santos, até que os conduza à perfeição em
Cristo.
Isto porque, diferentemente de nós, imperfeitos
e limitados que somos, Ele nunca se cansa e não
se fatiga. E é todo o seu prazer trocar a nossa força natural que para pouco ou nada serve para
cumprir os seus propósitos espirituais relativos
a nós, pela invencível e inextinguível força da
sua graça que tem disponibilizado para o seu povo na pessoa de Cristo.
De maneira que quando somos fracos, por
reconhecer nossa fraqueza, é que podemos ser fortalecidos com o poder espiritual da
manifestação da sua própria presença em nós.
Isaías 40.1 Consolai, consolai o meu povo, diz o
vosso Deus.
Isaías 40.2 Falai benignamente a Jerusalém, e
bradai-lhe que já a sua malícia é acabada, que a
sua iniquidade está expiada e que já recebeu em dobro da mão do Senhor, por todos os seus
pecados.
Isaías 40.3 Eis a voz do que clama: Preparai no
deserto o caminho do Senhor; endireitai no
ermo uma estrada para o nosso Deus.
17
Isaías 40.4 Todo vale será levantado, e será
abatido todo monte e todo outeiro; e o terreno
acidentado será nivelado, e o que é escabroso,
aplanado.
Isaías 40.5 A glória do Senhor se revelará; e toda
a carne juntamente a verá; pois a boca do Senhor o disse.
Isaías 40.6 Uma voz diz: Clama. Respondi eu: Que hei de clamar? Toda a carne é erva, e toda a sua
beleza como a flor do campo.
Isaías 40.7 Seca-se a erva, e murcha a flor,
soprando nelas o hálito do Senhor. Na verdade o
povo é erva.
Isaías 40.8 Seca-se a erva, e murcha a flor; mas a
palavra de nosso Deus subsiste eternamente.
Isaías 40.9 Tu, anunciador de boas-novas a Sião,
sobe a um monte alto. Tu, anunciador de boas-
novas a Jerusalém, levanta a tua voz fortemente;
levanta-a, não temas, e dize às cidades de Judá: Eis aqui está o vosso Deus.
Isaías 40.10 Eis que o Senhor Deus virá com poder, e o seu braço dominará por ele; eis que o
seu galardão está com ele, e a sua recompensa
diante dele.
Isaías 40.11 Como pastor ele apascentará o seu
rebanho; entre os seus braços recolherá os
cordeirinhos, e os levará no seu regaço; as que amamentam, ele as guiará mansamente.
Isaías 40.12 Quem mediu com o seu punho as águas, e tomou a medida dos céus aos palmos, e
recolheu numa medida o pó da terra e pesou os
montes com pesos e os outeiros em balanças,
18
Isaías 40.13 Quem guiou o Espírito do Senhor,
ou, como seu conselheiro o ensinou?
Isaías 40.14 Com quem tomou ele conselho,
para que lhe desse entendimento, e quem lhe mostrou a vereda do juízo? quem lhe ensinou
conhecimento, e lhe mostrou o caminho de
entendimento?
Isaías 40.15 Eis que as nações são consideradas
por ele como a gota dum balde, e como o pó miúdo das balanças; eis que ele levanta as ilhas
como a uma coisa pequeníssima.
Isaías 40.16 Nem todo o Líbano basta para o fogo,
nem os seus animais bastam para um
holocausto.
Isaías 40.17 Todas as nações são como nada perante ele; são por ele reputadas menos do que
nada, e como coisa vã.
Isaías 40.18 A quem, pois, podeis assemelhar a
Deus? ou que figura podeis comparar a ele?
Isaías 40.19 Quanto ao ídolo, o artífice o funde, e o ourives o cobre de ouro, e forja cadeias de
prata para ele.
Isaías 40.20 O empobrecido, que não pode
oferecer tanto, escolhe madeira que não
apodrece; procura para si um artífice perito, para gravar uma imagem que não se pode
mover.
Isaías 40.21 Porventura não sabeis? porventura
não ouvis? ou desde o princípio não se vos
notificou isso mesmo? ou não tendes entendido desde a fundação da terra?
Isaías 40.22 E ele o que está assentado sobre o
círculo da terra, cujos moradores são para ele
19
como gafanhotos; é ele o que estende os céus
como cortina, e o desenrola como tenda para
nela habitar.
Isaías 40.23 E ele o que reduz a nada os príncipes, e torna em coisa vã os juízes da terra.
Isaías 40.24 Na verdade, mal se tem plantado,
mal se tem semeado e mal se tem arraigado na
terra o seu tronco, quando ele sopra sobre eles,
e secam-se, e a tempestade os leva como à pragana.
Isaías 40.25 A quem, pois, me comparareis, para
que eu lhe seja semelhante? diz o Santo.
Isaías 40.26 Levantai ao alto os vossos olhos, e
vede: quem criou estas coisas? Foi aquele que
faz sair o exército delas segundo o seu número; ele as chama a todas pelos seus nomes; por ser
ele grande em força, e forte em poder, nenhuma
faltará.
Isaías 40.27 Por que dizes, ó Jacó, e falas, ó Israel: O meu caminho está escondido ao Senhor, e o
meu juízo passa despercebido ao meu Deus?
Isaías 40.28 Não sabes, não ouviste que o eterno
Deus, o Senhor, o Criador dos confins da terra,
não se cansa nem se fatiga? E inescrutável o seu entendimento.
Isaías 40.29 Ele dá força ao cansado, e aumenta
as forças ao que não tem nenhum vigor.
Isaías 40.30 Os jovens se cansarão e se fatigarão,
e os mancebos cairão,
Isaías 40.31 mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças; subirão com asas
como águias; correrão, e não se cansarão;
andarão, e não se fatigarão.
20
Isaías 41
Tantas são as repreensões e juízos que lemos
no livro do profeta Isaías que a muitos pode
parecer que eles são uma repetição pleonástica que poderia ser evitada.
No entanto, não devemos esquecer que estas profecias foram dadas ao profeta num período
aproximado de 50 anos, e revelam que não
houve nenhuma mudança significativa em Judá
quanto ao arrependimento a que eram convocados, e poucos se converteram de fato de
coração às reformas religiosas empreendidas
pelos reis Uzias, Jotão e Ezequias.
Então, aos que pensavam que Deus havia
suspendido o juízo, por causa do tempo
decorrido, e as coisas pareciam correr como sempre haviam corrido antes, o profeta se
apresentava com novas ameaças e repreensões
contra a infidelidade deles ao Senhor, conforme
podemos ver neste capítulo.
Não se deve pensar que esta profecia foi
recebida logo em seguida às promessas consoladoras do capítulo anterior, nem mesmo
se pode afirmar que estão apresentadas em
ordem cronológica, e é quase certo que tenham
sido produzidas separadas por um longo período de tempo.
O homem que vem do Oriente (leste) é certamente Ciro, o rei medo, que dominaria
junto com os persas muitos reis da terra, e o
Senhor está afirmando que seria por Ele que
21
Ciro seria levantado, e sabemos que ele foi
designado para libertar Judá do cativeiro de 70
anos em Babilônia.
A predição do livramento por Ciro foi feita nesta
profecia, antes da relativa ao cativeiro por
Nabucodonosor de Babilônia que ainda ocorreria, e que é citada no verso 25 para
punição da idolatria de Judá. Em Habacuque e
em outros profetas também é citada a vinda dos
babilônios como o poder que descia do norte para dominar Judá que ficava ao sul de
Babilônia.
Então, não haveria apenas cativeiro, mas também libertação, e para afirmar a sua glória,
e para que soubessem que é Deus justo, que
visitaria a iniquidade de Judá, mas que também
daria a devida retribuição à nação opressora (Babilônia), o Senhor afirmou que estava
anunciando isto com bastante antecedência,
antes que acontecesse (v. 26).
Por isso Judá poderia ter como certas as
promessas de proteção divina que foram
pronunciadas nos versos 8 a 20, especialmente
para que soubesse que a sua ida para o cativeiro não significava que estavam sendo rejeitados
por Deus, mas sendo submetidos à sua correção.
Ele cuidaria dos pobres e necessitados e na volta deles para a sua própria terra, depois do
cativeiro, de desolada que ficara, transformaria
a terra de Israel que ficaria árida, de novo num pomar.
22
“1 Calai-vos diante de mim, ó ilhas; e renovem os
povos as forças; cheguem-se, e então falem;
cheguemo-nos juntos a juízo.
2 Quem suscitou do Oriente aquele cujos passos a vitória acompanha? Quem faz que as nações se
lhe submetam e que ele domine sobre reis? Ele
os entrega à sua espada como o pó, e ao seu arco
como palha arrebatada pelo vento.
3 Ele os persegue, e passa adiante em segurança,
até por uma vereda em que com os seus pés
nunca tinha trilhado.
4 Quem operou e fez isto, chamando as gerações desde o princípio? Eu, o Senhor, que sou o
primeiro, e que com os últimos sou o mesmo.
5 As ilhas o viram, e temeram; os confins da
terra tremeram; aproximaram-se, e vieram.
6 um ao outro ajudou, e ao seu companheiro disse: Esforça-te.
7 Assim o artífice animou ao ourives, e o que
alisa com o martelo ao que bate na bigorna,
dizendo da coisa soldada: Boa é. Então com pregos a segurou, para que não viesse a mover-
se.
8 Mas tu, ó Israel, servo meu, tu Jacó, a quem
escolhi, descendência de Abraão,
9 tomei desde os confins da terra, e te chamei
desde os seus cantos, e te disse: Tu és o meu
servo, a ti te escolhi e não te rejeitei;
10 não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te
fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra
da minha justiça.
23
11 Eis que envergonhados e confundidos serão
todos os que se irritam contra ti; tornar-se-ão
em nada; e os que contenderem contigo
perecerão.
12 Quanto aos que pelejam contigo, buscá-los-
ás, mas não os acharás; e os que guerreiam
contigo tornar-se-ão em nada e perecerão.
13 Porque eu, o Senhor teu Deus, te seguro pela tua mão direita, e te digo: Não temas; eu te
ajudarei.
14 Não temas, ó bichinho de Jacó, nem vós,
vermezinho de Israel; eu te ajudo, diz o Senhor, e o teu redentor é o Santo de Israel.
15 Eis que farei de ti um trilho novo, que tem
dentes agudos; os montes trilharás e os moerás,
e os outeiros tornarás como a palha.
16 Tu os padejarás e o vento os levará, e o redemoinho os espalhará; e tu te alegrarás no
Senhor e te gloriarás no Santo de Israel.
17 Os pobres e necessitados buscam água, e não
há, e a sua língua se seca de sede; mas eu o Senhor os ouvirei, eu o Deus de Israel não os
desampararei.
18 Abrirei rios nos altos desnudados, e fontes no
meio dos vales; tornarei o deserto num lago d'água, e a terra seca em mananciais.
19 Plantarei no deserto o cedro, a acácia, a
murta, e a oliveira; e porei no ermo juntamente
a faia, o olmeiro e o buxo;
20 para que todos vejam, e saibam, e
considerem, e juntamente entendam que a mão
do Senhor fez isso, e o Santo de Israel o criou.
24
21 Apresentai a vossa demanda, diz o Senhor;
trazei as vossas firmes razões, diz o Rei de Jacó.
22 Tragam-nas, e assim nos anunciem o que há
de acontecer; anunciai-nos as coisas passadas,
quais são, para que as consideremos, e saibamos o fim delas; ou mostrai-nos coisas vindouras.
23 Anunciai-nos as coisas que ainda hão de vir,
para que saibamos que sois deuses; fazei bem,
ou fazei mal, para que nos assombremos, e
fiquemos atemorizados.
24 Eis que vindes do nada, e a vossa obra do que nada é; abominação é quem vos escolhe.
25 Do norte suscitei a um que já é chegado; do
nascente do sol a um que invoca o meu nome; e
virá sobre os magistrados como sobre o lodo, e como o oleiro pisa o barro.
26 Quem anunciou isso desde o princípio, para
que o possamos saber? ou dantes, para que
digamos: Ele é justo? Mas não há quem anuncie,
nem tampouco quem manifeste, nem tampouco quem ouça as vossas palavras.
27 Eu sou o que primeiro direi a Sião: Ei-los, ei-
los; e a Jerusalém darei um mensageiro que traz
boas-novas.
28 E quando eu olho, não há ninguém; nem
mesmo entre eles há conselheiro que possa responder palavra, quando eu lhes perguntar.
29 Eis que todos são vaidade. As suas obras não
são coisa alguma; as suas imagens de fundição
são vento e coisa vã.”
25
Isaías 42
O Rei Servo
O rei Ciro será citado no capítulo 44 de Isaías
como o servo do Senhor que ele chamou para
libertar o seu povo. Mas nem de longe Ciro pode ser comparado com o servo que é nomeado no
início deste 42º capítulo, como sendo aquele que
trará justiça às nações (Nosso Senhor Jesus
Cristo).
Ciro operaria um livramento temporal mas Cristo opera um livramento eterno.
Ciro livraria o cativeiro físico, mas Cristo liberta
o espírito dos grilhões do pecado.
Por isso o Pai diz que colocou o seu Espírito
sobre o seu Filho (ungiu), porque Ele faria a sua obra na terra libertando os cativos do diabo, no
poder do Espírito Santo.
Se Israel foi entregue aos opressores pelo
Senhor, como se vê nos versos finais deste 42º
capítulo é porque recusaram o governo terno, amoroso e justo de Deus, que seria revelado na
terra, na pessoa de seu Filho.
O Filho revelaria o amor do Pai, e os homens
ficariam indesculpáveis perante Deus, por
darem honra às suas imagens de escultura.
Primeiro, porque o Rei que domina sobre os povos é chamado de servo e não de tirano.
Ele foi escolhido pelo Pai para fazer a sua obra na
terra (v. 1).
26
Seria com ternura e mansidão que Cristo
deveria estabelecer o seu reino (v. 2, 3).
Ele implantaria o seu reino em silêncio, sem
barulho ruidoso, porque não bradará para que
se submetam a Ele.
O Espírito Santo trabalhará silenciosamente nos corações para produzir o convencimento do
pecado, da justiça e do juízo, para conduzir os
pecadores ao Salvador, que é manso e humilde
de coração.
Quando passa a exercer domínio no coração, que voluntariamente se entrega a Ele, não o faz
clamando dizendo: Cristo está lá, ou Cristo está
aqui, porque fala mansamente ao coração que se
converte.
Não se apresentaria em nenhuma parte da terra
com pompa e alarido, conforme costumam fazer os príncipes deste mundo em suas
aparições públicas.
Ninguém sairia adiante dele tocando trombetas
para alertar as pessoas sobre a presença do Rei
dos reis a este mundo, porque seria achado na forma de servo, e não de Rei que era e é, e
sempre será.
Ele não lutaria contra a oposição que
levantassem contra Ele porque suportaria a
contradição dos pecadores com paciência, porque o seu reino não é deste mundo. É
espiritual e no coração.
Seu alvo não é subjugar a vontade e corpo, mas
conquistar o coração.
27
Então suas armas não são carnais ou terrenas,
mas espirituais, para destruir as fortalezas do
pecado e de Satanás.
Ele seria paciente até mesmo para com os maus,
quando os quebrantasse em seu orgulho, como
canas quebradas ou pavios fumegantes, para
serem tornados humildes.
Com estes que são fracos, Ele seria terno, para
curá-los de suas chagas, para serem restaurados
e emitirem a sua luz, não mais como pavios fumegantes, mas como chamas acesas pelo
poder do Espírito.
Jesus é muito paciente, portanto, com todos aqueles que possuem a verdadeira graça, ainda
que em pequena proporção.
Ele consumaria completamente a obra que Lhe foi designada pelo Pai e não desistiria dela, de
forma que jamais falharia em sua missão (v. 4)
de trazer a sua justiça à terra, para que com ela
muitos pudessem ser justificados.
Ele é a salvação que Deus estaria dando, não
somente a Israel, mas a todos os gentios,
inclusive aos que habitavam nas ilhas distantes.
Este encargo não seria colocado como
responsabilidade sobre os ombros de algum
homem ou grupo de homens, porque Deus disse
que Ele mesmo faria isto, quer dizer, Ele tomaria sobre os seus ombros a responsabilidade de
espalhar o evangelho em toda a terra, de modo
que todos os que estiverem empenhados numa obra verdadeira do evangelho é porque teriam
sido chamados e capacitados e enviados por Ele,
para usá-los como seus simples instrumentos,
28
operados pelo poder de Cristo e do Espírito
Santo.
Então, importa que tudo seja feito na, e pela
Igreja, pelo Filho, para que toda a glória seja
exclusivamente de Deus.
Por isso é Jesus quem é a própria aliança com o
povo de Israel e com os gentios, e a luz que dá
vida é dele, e a que houver em nós, seus servos, é apenas um reflexo desta sua luz (v. 6).
Pedro afirmou e não mentiu quando disse que não foi por seu próprio poder ou piedade, que o
coxo de nascença havia sido curado
perfeitamente no templo, mas que fora Jesus
quem o curara.
Assim, é Ele também quem dá vista aos cegos,
que tira da prisão os presos, e do cárcere os que estão em trevas (v. 7).
Deste modo, a nenhum homem, a nenhuma imagem de escultura pode ser atribuída a
operação de qualquer milagre ou maravilha,
porque o Senhor tem afirmado que não dará a sua glória e louvor a outrem (v. 8).
Como é Ele mesmo que faz as suas obras, então
toda a glória é dele, e nunca nossa, e de nenhum falso deus.
Para os que creem que o espírito do homem é formado espontaneamente nele, juntamente
com o seu corpo, no ato da concepção, Deus
nega isto declarando diretamente que é Ele que dá não somente o fôlego de vida aos homens,
como é também quem coloca o espírito no
homem que é formado no ventre (v. 5).
29
O Senhor poderia deixar que as coisas
acontecessem sem dar qualquer aviso prévio ao
seu povo, mas diz que o faz para que seja
glorificado, não somente quanto à sua onisciência, mas para que entendamos que Ele
governa não apenas as nossas vidas, como a
própria história da humanidade (v. 9).
Então, se ordena aos que foram alcançados pelo
evangelho que cantem ao Senhor um cântico novo, e o seu louvor desde a extremidade da
terra, e até mesmo os que navegam pelo mar, e
os habitantes de todas as ilhas, porque o
evangelho estava destinado a todos eles.
As vozes anunciando a grande salvação do Senhor deveriam ser alçadas em todas as partes
do mundo, quer no deserto, nas cidades e nas
aldeias, até mesmo os que habitam em
penhascos e nos cumes dos montes, porque o evangelho está sendo também destinado a eles
(v. 11).
Glórias devem ser dadas ao Senhor, e o seu
louvor anunciado nas ilhas, porque Ele
derramaria o seu Espírito lhes trazendo salvação
e avivamentos (v. 12).
Mas, contra os seus inimigos, contra os inimigos do evangelho, os inimigos destas boas
novas de salvação, o Senhor se levantaria como
um valente contra eles (v. 13).
Depois de encerrada a dispensação da graça,
que podemos chamar de período de silêncio do juízo de condenação de Deus, porque Cristo não
veio condenar neste período, mas salvar, o
Senhor ergueria sua voz no final deste longo
30
período da dispensação do evangelho, no qual
estendeu a sua graça e misericórdia a todos,
pela sua muita longanimidade, que o levou a
esperar por um longo tempo para exercer o seu juízo de toda a carne (v. 14).
Por isso Paulo afirma em Rom 9 que Deus
suportou os vasos de ira com grande longanimidade.
Então trará assolações sobre a terra no final do
período da graça, quando Jesus vier em sua segunda vinda, assolações estas que são
descritas no verso 15, mas para os ignorantes
(cegos) da sua vontade que se converterem a
Ele, usará de misericórdia e os guiará por veredas que não conheciam, tornando as trevas
em luz perante eles, aplanando os caminhos
escabrosos. E o Senhor prometeu não
desampará-los (v. 16).
Mas, os idólatras que fazem de suas imagens de
escultura os seus deuses, seriam afastados para
trás e cobertos de vergonha (v. 17).
Os surdos são conclamados a ouvirem estas
coisas, e os cegos a olharem, para que possam
enxergar. A referência é a surdos e a cegos espirituais. Mas Israel, seu servo, insistia em
não ser curado da sua surdez e cegueira (v. 18 a
21) e não conseguiriam enxergar mesmo
quando fossem roubados e pilhados, e quando tivessem que se esconder em cavernas, porque
seriam entregues por presa (v. 22 a 25).
Isaías 42.1 Eis aqui o meu servo, a quem
sustenho; o meu escolhido, em quem se
31
compraz a minha alma; pus o meu espírito sobre
ele. ele trará justiça às nações.
Isaías 42.2 Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz na rua.
Isaías 42.3 A cana trilhada, não a quebrará, nem
apagará o pavio que fumega; em verdade trará a justiça;
Isaías 42.4 não faltará nem será quebrantado,
até que ponha na terra a justiça; e as ilhas
aguardarão a sua lei.
Isaías 42.5 Assim diz Deus, o Senhor, que criou
os céus e os desenrolou, e estendeu a terra e o
que dela procede; que dá a respiração ao povo que nela está, e o espírito aos que andam nela.
Isaías 42.6 Eu o Senhor te chamei em justiça;
tomei-te pela mão, e te guardei; e te dei por
pacto ao povo, e para luz das nações;
Isaías 42.7 para abrir os olhos dos cegos, para
tirar da prisão os presos, e do cárcere os que
jazem em trevas.
Isaías 42.8 Eu sou o Senhor; este é o meu nome;
a minha glória, pois, a outrem não a darei, nem
o meu louvor às imagens esculpidas.
Isaías 42.9 Eis que as primeiras coisas já se
realizaram, e novas coisas eu vos anuncio; antes
que venham à luz, vo-las faço ouvir.
Isaías 42.10 Cantai ao Senhor um cântico novo, e
o seu louvor desde a extremidade da terra, vós,
os que navegais pelo mar, e tudo quanto há nele,
vós ilhas, e os vossos habitantes.
Isaías 42.11 Alcem a voz o deserto e as suas
cidades, com as aldeias que Quedar habita;
32
exultem os que habitam nos penhascos, e
clamem do cume dos montes.
Isaías 42.12 Deem glória ao Senhor, e anunciem
nas ilhas o seu louvor.
Isaías 42.13 O Senhor sai como um valente, como homem de guerra desperta o zelo; clamará, e
fará grande ruído, e mostrar-se-á valente contra
os seus inimigos.
Isaías 42.14 Por muito tempo me calei; estive em
silêncio, e me contive; mas agora darei gritos como a que está de parto, arfando e arquejando.
Isaías 42.15 Os montes e outeiros tornarei em
deserto, e toda a sua erva farei secar; e tornarei
os rios em ilhas, e secarei as lagoas.
Isaías 42.16 E guiarei os cegos por um caminho que não conhecem; fá-los- ei caminhar por
veredas que não têm conhecido; tornarei as
trevas em luz perante eles, e aplanados os
caminhos escabrosos. Estas coisas lhes farei; e não os desampararei.
Isaías 42.17 Tornados para trás e cobertos de
vergonha serão os que confiam em imagens
esculpidas, que dizem às imagens de fundição:
Vós sois nossos deuses.
Isaías 42.18 Surdos, ouvi; e vós, cegos, olhai, para que possais ver.
Isaías 42.19 Quem é cego, senão o meu servo, ou
surdo como o meu mensageiro, que envio? e
quem é cego como o meu dedicado, e cego como
o servo do Senhor?
Isaías 42.20 Tu vês muitas coisas, mas não as
guardas; ainda que ele tenha os ouvidos abertos,
nada ouve.
33
Isaías 42.21 Foi do agrado do Senhor, por amor
da sua justiça, engrandecer a lei e torná-la
gloriosa.
Isaías 42.22 Mas este é um povo roubado e
saqueado; todos estão enlaçados em cavernas, e
escondidos nas casas dos cárceres; são postos
por presa, e ninguém há que os livre; por despojo, e ninguém diz: Restitui.
Isaías 42.23 Quem há entre vós que a isso dará ouvidos? que atenderá e ouvirá doravante?
Isaías 42.24 Quem entregou Jacó por despojo, e
Israel aos roubadores? porventura não foi o Senhor, aquele contra quem pecamos, e em
cujos caminhos eles não queriam andar, e cuja
lei não queriam observar?
Isaías 42.25 Pelo que o Senhor derramou sobre
Israel a indignação da sua ira, e a violência da
guerra; isso lhe ateou fogo ao redor; contudo ele
não o percebeu; e o queimou; contudo ele não se compenetrou disso.
34
Isaías 43
Promessas de Restauração
O capítulo de Isaías 42 foi encerrado com as
seguintes palavras:
“24 Quem entregou Jacó por despojo, e Israel
aos roubadores? porventura não foi o Senhor, aquele contra quem pecamos, e em cujos
caminhos eles não queriam andar, e cuja lei não
queriam observar?
25 Pelo que o Senhor derramou sobre Israel a
indignação da sua ira, e a violência da guerra; isso lhe ateou fogo ao redor; contudo ele não o
percebeu; e o queimou; contudo ele não se
compenetrou disso.”
O israelita que lesse estas palavras nos dias de Isaías poderia concluir: “É o fim”. “Agora fomos
rejeitados para sempre pelo Senhor”.
Todavia, veja como é iniciado o 43º capítulo:
“1 Mas agora, assim diz o Senhor que te criou, ó
Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas,
porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.
2 Quando passares pelas águas, eu serei contigo;
quando pelos rios, eles não te submergirão;
quando passares pelo fogo, não te queimarás,
nem a chama arderá em ti.
3 Porque eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de
Israel, o teu Salvador; por teu resgate dei o Egito,
e em teu lugar a Etiópia e Seba.
35
4 Visto que foste precioso aos meus olhos, e és
digno de honra e eu te amo, portanto darei
homens por ti, e es povos pela tua vida.
5 Não temas, pois, porque eu sou contigo; trarei
a tua descendência desde o Oriente, e te
ajuntarei desde o Ocidente.
6 Direi ao Norte: Dá; e ao Sul: Não retenhas;
trazei meus filhos de longe, e minhas filhas das extremidades da terra;
7 a todo aquele que é chamado pelo meu nome,
e que criei para minha glória, e que formei e fiz.”
Há alguma contradição?
Deus desistiu de julgar Israel?
Não. Porque no final deste mesmo capítulo é reafirmado o seguinte:
“28 Pelo que profanei os príncipes do santuário; e entreguei Jacó ao anátema, e Israel ao
opróbrio”.
O juízo viria com certeza, mas isto não significava que Deus havia rejeitado
definitivamente Israel.
De igual modo, quando um cristão é corrigido
por Deus quando cai, não significa que cai para
uma queda que o conduzirá a uma condenação
final, ou que Deus o tenha rejeitado como filho.
Onde abundou o pecado superabundou a graça.
Onde há trevas mais brilham a misericórdia e a
bondade de Deus.
Não que Ele aprove o pecado, porque vemos em
toda a Bíblia as suas grandes repreensões e
juízos por causa do pecado.
Mas, ao mesmo tempo, vemos que Ele não
desistirá dos homens até que faça vingar a causa
36
da justiça do evangelho, pela qual tem
justificado pecadores em toda a terra.
Este é o ponto de equilíbrio e de sabedoria, para
entendermos o caráter de Deus.
Ele odeia o pecado, mas está usando de
misericórdia na presente dispensação, esperando que pessoas se arrependam do
pecado e se convertam a Ele pela fé em Jesus,
para que possam sair das trevas para a luz, e da
morte para a vida.
Afinal é o Deus vivo, que é pela vida e não pela morte.
Não foi Ele o autor da morte, sendo esta,
consequência do pecado.
Ou seja, o seu propósito não é morte, mas vida.
Não é Deus de mortos mas de vivos.
Vivificados pelo Espírito. Nascidos para uma
nova vida espiritual por meio de Cristo, que é
espírito vivificante. O pão vivo que desceu do céu para que tenhamos a vida eterna abundante
divina.
Os idólatras são chamados, portanto, a deixarem
os seus ídolos e a se voltarem para Deus porque é grandioso em perdoar.
Uma nação idólatra iria para o cativeiro, mas
Deus está dizendo que não desistiu deles,
porque usaria de misericórdia para com aqueles
que se voltassem para Ele.
É assim que devemos pregar o evangelho porque o caráter do evangelho reflete o caráter
do próprio Deus.
Não há outro modo aprovado para fazê-lo senão
usando da mesma longanimidade e
37
misericórdia que Deus tem para com todos os
pecadores nesta dispensação da graça, que
durará até que Cristo volte.
Há mais de dois mil anos que estão sendo praticadas na terra, desde a inauguração da
dispensação da graça, horríveis blasfêmias,
idolatrias, impurezas e toda sorte de
abominações, mas Deus ainda não se cansou de ser longânimo e misericordioso, e tal como Ele,
os seus servos não devem se cansar também,
porque o tempo da misericórdia será fechado
somente no juízo final, depois do milênio.
Deus demonstrou que não havia se cansado de
Israel mas foi Israel que se cansou de Deus.
“Contudo tu não me invocaste a mim, ó Jacó;
mas te cansaste de mim, ó Israel.” (v. 22).
Deus não se cansa de ouvir nossas orações, mas nós podemos nos cansar com facilidade de
orarmos a Ele, então é preciso muita vigilância e
diligência para não cairmos no mesmo erro dos
israelitas, que haviam se cansado de Deus, e por isso iriam para o cativeiro.
O Senhor tem suportado as muitas
transgressões dos seus eleitos até que eles
venham a se converter, e não seria de se esperar que permanecessem nelas depois de
convertidos, em face da longanimidade da qual
foram objeto.
Contudo, via de regra, em razão da fraqueza do pecado, que opera na carne, sempre será dado
ao Senhor muito menos da fidelidade que lhe
deveríamos dar.
38
Então o evangelho é a dispensação da
longanimidade, senão nenhuma carne restaria
sobre a terra. Nem mesmo entre os santos de
Deus.
É importante sabermos que Ele não nos rejeitará, se não O rejeitarmos.
Enquanto clamarmos a Ele por socorro e
livramento dos nossos pecados, sempre haverá
esperança, porque Ele tem prometido nunca
nos deixar e nunca nos desamparar, e não lançará fora a nenhum que tenha vindo a Ele
para lhe entregar o seu coração.
Nem mesmo ao endurecido Israel Deus tem
afirmado que não rejeitará, quanto mais àqueles
que foram feitos seus filhos por meio da fé em Jesus.
“1 Pergunto, pois: Acaso rejeitou Deus ao seu
povo? De modo nenhum; por que eu também
sou israelita, da descendência de Abraão, da
tribo de Benjamim.
2 Deus não rejeitou ao seu povo que antes conheceu.” (Rom 11.1,2b).
Isaías 43.1 Mas agora, assim diz o Senhor que te
criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não
temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu
nome, tu és meu.
Isaías 43.2 Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando pelos rios, eles não te
submergirão; quando passares pelo fogo, não te
queimarás, nem a chama arderá em ti.
39
Isaías 43.3 Porque eu sou o Senhor teu Deus, o
Santo de Israel, o teu Salvador; por teu resgate
dei o Egito, e em teu lugar a Etiópia e Seba.
Isaías 43.4 Visto que foste precioso aos meus olhos, e és digno de honra e eu te amo, portanto
darei homens por ti, e es povos pela tua vida.
Isaías 43.5 Não temas, pois, porque eu sou
contigo; trarei a tua descendência desde o Oriente, e te ajuntarei desde o Ocidente.
Isaías 43.6 Direi ao Norte: Dá; e ao Sul: Não
retenhas; trazei meus filhos de longe, e minhas
filhas das extremidades da terra;
Isaías 43.7 a todo aquele que é chamado pelo
meu nome, e que criei para minha glória, e que
formei e fiz.
Isaías 43.8 Fazei sair o povo que é cego e tem
olhos; e os surdos que têm ouvidos.
Isaías 43.9 Todas as nações se congreguem, e os
povos se reúnam; quem dentre eles pode
anunciar isso, e mostrar-nos coisas já passadas?
apresentem as suas testemunhas, para que se justifiquem; e para que se ouça, e se diga:
Verdade é.
Isaías 43.10 Vós sois as minhas testemunhas, do
Senhor, e o meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais e entendais que eu sou o
mesmo; antes de mim Deus nenhum se formou,
e depois de mim nenhum haverá.
Isaías 43.11 Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há salvador.
Isaías 43.12 Eu anunciei, e eu salvei, e eu o
mostrei; e deus estranho não houve entre vós;
40
portanto vós sois as minhas testemunhas, diz o
Senhor.
Isaías 43.13 Eu sou Deus; também de hoje em
diante, eu o sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; operando eu, quem
impedirá?
Isaías 43.14 Assim diz o Senhor, vosso Redentor,
o Santo de Israel: Por amor de vós enviarei a Babilônia, e a todos os fugitivos farei embarcar
até os caldeus, nos navios com que se
vangloriavam.
Isaías 43.15 Eu sou o Senhor, vosso Santo, o Criador de Israel, vosso Rei.
Isaías 43.16 Assim diz o Senhor, o que preparou
no mar um caminho, e nas águas impetuosas
uma vereda;
Isaías 43.17 o que faz sair o carro e o cavalo, o exército e a força; eles juntamente se deitam, e
jamais se levantarão; estão extintos, apagados
como uma torcida.
Isaías 43.18 Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas.
Isaías 43.19 Eis que faço uma coisa nova; agora
está saindo à luz; porventura não a percebeis?
eis que porei um caminho no deserto, e rios no ermo.
Isaías 43.20 Os animais do campo me honrarão,
os chacais e os avestruzes; porque porei águas
no deserto, e rios no ermo, para dar de beber ao meu povo, ao meu escolhido,
Isaías 43.21 esse povo que formei para mim, para
que publicasse o meu louvor.
41
Isaías 43.22 Contudo tu não me invocaste a mim,
ó Jacó; mas te cansaste de mim, ó Israel.
Isaías 43.23 Não me trouxeste o gado miúdo dos teus holocaustos, nem me honraste com os teus
sacrifícios; não te fiz servir com ofertas, nem te
fatiguei com incenso.
Isaías 43.24 Não me compraste por dinheiro
cana aromática, nem com a gordura dos teus
sacrifícios me satisfizeste; mas me deste trabalho com os teus pecados, e me cansaste
com as tuas iniquidades.
Isaías 43.25 Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus
pecados não me lembro.
Isaías 43.26 Procura lembrar-me; entremos juntos em juizo; apresenta as tuas razães, para
que te possas justificar!
Isaías 43.27 Teu primeiro pai pecou, e os teus intérpretes prevaricaram contra mim.
Isaías 43.28 Pelo que profanei os príncipes do
santuário; e entreguei Jacó ao anátema, e Israel ao opróbrio.
42
Isaías 44
Ao ter rejeitado a Jesus, Israel tem vivido em
grande ingratidão, que não pode ser medida,
porque eles vivem pela deliberação de Deus, justamente por causa da esperança da salvação
que lhes está sendo oferecida em Cristo, e que
dará cumprimento à vocação deles, ainda que num remanescente fiel, por causa do qual todo
Israel ainda existe, senão de há muito teriam
sido riscados da face da terra, como Babilônia,
Assíria e tantas outras nações da terra.
E principalmente eles, porque em nenhum
outro povo Deus depositou qualquer esperança
nos dias do Velho Testamento, senão somente neles. A nenhum outro povo Deus escolheu no
passado para entrar em aliança com Ele. E o que
fez Israel? Voltou as costas para Deus,
transgrediu a aliança e rejeitou Aquele que lhes foi dado para poderem ser nação e reino
sacerdotal.
Então, é meramente por causa da eleição da
graça, que Israel tem permanecido na terra, e há
de permanecer até que Cristo volte para a
remoção do seu endurecimento.
Eles se endureceram e Deus permitiu este
endurecimento para estender a sua salvação aos gentios, uma vez que foi rejeitada pelos judeus.
A verdade relativa aos motivos da não rejeição de Israel, que acabamos de comentar, é
declarada expressamente nos versos 1 a 8 deste
capítulo.
43
Não era, portanto, por nenhuma coisa boa que
viu em Israel que Deus não os havia rejeitado,
mas por causa da aliança que prometera fazer
com eles em Cristo, derramando o Espírito Santo sobre a descendência de Jacó.
Por isso, o nome de Jacó é declarado no primeiro verso, antes de se dizer o nome do povo, que era
conhecido pelo novo nome que Deus lhe dera,
para que soubessem que não era pela nação,
mas pela promessa feita aos patriarcas que não desistiria de ser o Deus da descendência deles.
Israel não existia como nação, mas foi um povo
formado pelo próprio Deus (v.2) e, portanto, o ajudaria, e eles não deveriam temer, porque
sempre teria os seus eleitos entre eles, apesar da
dura rejeição que sofria por parte da maioria
daquela nação.
E a razão de Israel ser mantido como nação é que
Deus prometeu derramar o Espírito Santo sobre
a posteridade deles (v. 3). E sabemos que não se pode receber a habitação do Espírito sem que se
tenha a Cristo. Então somente os judeus que se
convertessem a Cristo seriam batizados com o
Espírito Santo. De modo que diriam que eram do Senhor (v. 5), porque quem não tem o Espírito
Santo não é de Cristo.
E o Senhor deles é identificado: o Rei de Israel, o seu Redentor. O Senhor dos exércitos. O
primeiro e o último. Títulos geralmente usados
para se referir a Jesus Cristo (v. 6).
Não há salvação fora de Cristo. Ninguém pode
dizer que é filho de Deus se não tiver a Cristo,
44
porque o Pai determinou ser honrado pela
honra que é dada ao Filho.
Como poderiam então ter esperança de salvação em Israel, aqueles que rejeitassem a
Cristo, para colocarem sua confiança em
imagens de escultura, como se descreve nos
demais versículos deste capítulo?
Mas, mesmo estes idolatras dentre os judeus
são convocados pelo Senhor a se arrependerem
(v, 21, 22), porque provaria que haveria esperança para eles, depois de tê-los livrado do
cativeiro, tornaria a trazê-los para a sua própria
terra, através do rei Ciro dos medos, a quem
daria a missão de reconstruir o templo e a cidade de Jerusalém (v. 28).
Isaías 44.1 Agora, pois, ouve, ó Jacó, servo meu, ó Israel, a quem escolhi.
Isaías 44.2 Assim diz o Senhor que te criou e te
formou desde o ventre, e que te ajudará: Não temas, ó Jacó, servo meu, e tu, Jesurum, a quem
escolhi.
Isaías 44.3 Porque derramarei água sobre o
sedento, e correntes sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua
posteridade, e a minha bênção sobre a tua
descendência;
Isaías 44.4 e brotarão como a erva, como
salgueiros junto às correntes de águas.
Isaías 44.5 Este dirá: Eu sou do Senhor; e aquele se chamará do nome de Jacó; e aquele outro
escreverá na própria mão: Eu sou do Senhor; e
por sobrenome tomará o nome de Israel.
45
Isaías 44.6 Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu
Redentor, o Senhor dos exércitos: Eu sou o
primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não
há Deus.
Isaías 44.7 Quem há como eu? Que o proclame e
o exponha perante mim! Quem tem anunciado desde os tempos antigos as coisas vindouras?
Que nos anuncie as que ainda hão de vir.
Isaías 44.8 Não vos assombreis, nem temais; porventura não vo-lo declarei há muito tempo, e
não vo-lo anunciei? Vós sois as minhas
testemunhas! Acaso há outro Deus além de
mim? Não, não há Rocha; não conheço nenhuma.
Isaías 44.9 Todos os artífices de imagens
esculpidas são nada; e as suas coisas mais desejáveis são de nenhum préstimo; e suas
próprias testemunhas nada veem nem
entendem, para que eles sejam confundidos.
Isaías 44.10 Quem forma um deus, e funde uma
imagem de escultura, que é de nenhum
préstimo?
Isaías 44.11 Eis que todos os seus seguidores
ficarão confundidos; e os artífices são apenas
homens; ajuntem-se todos, e se apresentem; assombrar-se-ão, e serão juntamente
confundidos.
Isaías 44.12 O ferreiro faz o machado, e trabalha nas brasas, e o forja com martelos, e o forja com
o seu forte braço; ademais ele tem fome, e a sua
força falta; não bebe água, e desfalece.
Isaías 44.13 O carpinteiro estende a régua sobre
um pau, e com lápis esboça um deus; dá-lhe
46
forma com o cepilho; torna a esboçá-lo com o
compasso; finalmente dá-lhe forma à
semelhança dum homem, segundo a beleza
dum homem, para habitar numa casa.
Isaías 44.14 Um homem corta para si cedros, ou
toma um cipreste, ou um carvalho; assim escolhe dentre as árvores do bosque; planta
uma faia, e a chuva a faz crescer.
Isaías 44.15 Então ela serve ao homem para queimar: da madeira toma uma parte e com isso
se aquenta; acende um fogo e assa o pão;
também faz um deus e se prostra diante dele;
fabrica uma imagem de escultura, e se ajoelha diante dela.
Isaías 44.16 Ele queima a metade no fogo, e com
isso prepara a carne para comer; faz um assado, e dele se farta; também se aquenta, e diz: Ah! já
me aquentei, já vi o fogo.
Isaías 44.17 Então do resto faz para si um deus,
uma imagem de escultura; ajoelha-se diante
dela, prostra-se, e lhe dirige a sua súplica
dizendo: Livra-me porquanto tu és o meu deus.
Isaías 44.18 Nada sabem, nem entendem;
porque se lhe untaram os olhos, para que não
vejam, e o coração, para que não entendam.
Isaías 44.19 E nenhum deles reflete; e não têm
conhecimento nem entendimento para dizer:
Metade queimei no fogo, e assei pão sobre as suas brasas; fiz um assado e dele comi; e faria eu
do resto uma abominação? ajoelhar-me-ei ao
que saiu duma árvore?
Isaías 44.20 Apascenta-se de cinza. O seu
coração enganado o desviou, de maneira que
47
não pode livrar a sua alma, nem dizer:
Porventura não há uma mentira na minha mão
direita?
Isaías 44.21 Lembra-te destas coisas, ó Jacó, sim,
tu ó Israel; porque tu és meu servo! Eu te formei,
meu servo és tu; ó Israel não te esquecerei de ti.
Isaías 44.22 Apagai as tuas transgressões como a
névoa, e os teus pecados como a nuvem; torna-te para mim, porque eu te remi.
Isaías 44.23 Cantai alegres, vós, ó céus, porque o Senhor fez isso; exultai vós, as partes mais baixas
da terra; vós, montes, retumbai com júbilo;
também vós, bosques, e todas as árvores em vós;
porque o Senhor remiu a Jacó, e se glorificará em Israel.
Isaías 44.24 Assim diz o Senhor, teu Redentor, e
que te formou desde o ventre: Eu sou o Senhor que faço todas as coisas, que sozinho estendi os
céus, e espraiei a terra (quem estava comigo?);
Isaías 44.25 que desfaço os sinais dos profetas
falsos, e torno loucos os adivinhos, que faço
voltar para trás os sábios, e converto em loucura
a sua ciência;
Isaías 44.26 sou eu que confirmo a palavra do
meu servo, e cumpro o conselho dos meus mensageiros; que digo de Jerusalém: Ela será
habitada; e das cidades de Judá: Elas serão
edificadas, e eu levantarei as suas ruínas;
Isaías 44.27 que digo ao abismo: Seca-te, eu
secarei os teus rios;
Isaías 44.28 que digo de Ciro: Ele é meu pastor, e
cumprira tudo o que me apraz; de modo que ele
48
também diga de Jerusalém: Ela será edificada, e
o fundamento do templo será lançado.
49
Isaías 45
Em Isaías 44.28 o rei dos medos, Ciro, foi
chamado de pastor do Senhor, e no início do 45º
capítulo ele é nomeado de ungido, porque no original hebraico a palavra usada é messias.
Ele sequer havia nascido quando Isaías
profetizou cerca de 737 a.C., convocando-o por
nome, para a tarefa que Ciro realizaria em 537
a.C., portanto, cerca de 200 anos depois desta profecia.
Ele é chamado de messias porque teria a missão
de libertar o povo de Israel do cativeiro em
Babilônia, e faria isto em relação aos judeus como um pastor faz em relação ao seu rebanho,
porque teria que lhes construir casas no seu
retorno a Jerusalém, e restaurar a religião deles,
pela reconstrução do templo e ativação dos serviços que deveriam ser realizados nele.
Assim, ele serviu de tipo de Cristo, para o
trabalho que lhe foi designado pelo Pai para ser
o Pastor e o Ungido do verdadeiro Israel, que é
composto por todos os seus santos.
Ciro é também designado como um tipo do Messias porque ele livraria e reconduziria Israel
a seu lugar, depois de ter subjugado os reis da
terra, especialmente Belsazar, neto de Nabucodonozor, que se encontrava no trono de
Babilônia, no seu terceiro ano de reinado,
quando Ciro lhe subjugou.
50
De igual modo Cristo dará o reino ao Pai depois
de ter subjugado os reis e poderosos da terra em
sua segunda vinda.
A missão de Ciro declarada no primeiro verso
era a de abater as nações dominadoras e abrir as
portas aos cativos da Assíria e de Babilônia, decretando o retorno deles para as suas
respectivas nações.
É dito que o Senhor o tomaria pela mão direita para fazer este trabalho e para abrir portas que
não mais se fechariam.
Isto serviria de tipo para o trabalho de Cristo de tirar os cativos da prisão, para onde não mais
retornariam, porque faria uma obra de salvação
e de livramento perfeitos, de forma que não
poderiam mais retornar ao cativeiro do pecado.
É importante destacar que Ciro serviu também
de tipo para o Messias, e por isso é chamado aqui de messias, porque os judeus seriam libertados
por ele, mas permaneceriam debaixo da sua
autoridade, assim como todas as demais nações
subjugadas.
De igual modo os cristãos são livrados por Cristo
para estarem debaixo da sua autoridade, onde
encontram segurança e paz contra todos os seus inimigos, para poderem adorar livremente o
seu Deus.
No verso 2 o Senhor diz que iria adiante de Ciro para tornar planos os lugares escabrosos e
quebrar as portas de bronze, e despedaçar os
ferrolhos de ferro.
De igual modo, tudo que Jesus fez em seu
ministério terreno foi debaixo da unção e poder
51
do Espírito Santo, e sempre disse que era o Pai
que fazia as obras por meio dele, e que tudo que
fazia, era somente aquilo que era da vontade do
Pai.
O modo de trabalhar para Deus tem em Cristo o
seu exemplo máximo e perfeito, para seguirmos
os seus passos, quando chamados para sermos
seus servos e ministros.
Ele deve fazer o seu trabalho através de nós, e
não devemos ser nós que faremos o nosso
trabalho para Ele, porque é um trabalho que
somente Ele pode fazer, que é de tornar planos lugares escabrosos (corações), e quebrar portas
de bronze e despedaçar ferrolhos de ferro (as
fortes cadeias do pecado e do diabo).
No verso 3 é dito que Deus daria a Ciro os
tesouros das trevas e as riquezas encobertas, para que soubesse que Ele é o Senhor, o Deus de
Israel que o chamava pelo nome de Ciro.
Deus falou o nome de alguém antes de ter
nascido, assim como fizera em relação ao rei Josias e a tantos outros que são mencionados na
Bíblia, revelando com isso o seu grande poder.
No caso de Ciro lhe daria as riquezas das nações
dominadoras que foram obtidas por meios tenebrosos, pela pilhagem, roubo e despojo.
Deus o conduziria a retomar a posse destas
riquezas para que Ciro se tornasse poderoso
sobre a terra para realizar o trabalho que Deus lhe designara para ser feito, por amor de Israel,
porque o seu maior objetivo era libertar o seu
povo.
52
Nosso Senhor Jesus Cristo virá com grande
glória e poder para subjugar as nações por amor
dos santos, e para lhes dar a posse da terra como
herança eterna.
O Messias é Deus e conhecido por Deus. Na
verdade somente Deus pode conhecer
perfeitamente a Deus, porque é infinito. Por isso Jesus diz que ninguém conhece o Pai senão o
Filho.
No entanto, de Ciro, Deus declara nos versos 4 e 5, que ainda que o chamasse por nome, ele não
O conhecia, porque de fato, apesar de tudo o que
faria para Deus, Ciro era um rei ímpio, por cujo
relato da história podemos inferir que não se converteu ao Senhor.
Por isso a profecia afirma que o que seria feito
por meio de Ciro não seria por amor a ele, mas de Jacó e de Israel, servo e escolhido de Deus.
A obra do Messias através da Igreja dá
testemunho que não há outro Deus verdadeiro além do Deus da Bíblia, que realizou todas estas
coisas, e que as anunciou, muito antes que elas
acontecessem.
Ao dizer que forma a luz e cria as trevas, e faz a
paz e cria o mal, no verso 7, Deus não está
afirmando que é o autor do pecado. As trevas e o
mal aqui referidos são relativos aos seus juízos sobre a terra, assim como o de estar usando Ciro
para subjugar as nações.
Ao profeta estavam sendo reveladas as profundidades da riqueza do conhecimento e da
sabedoria de Deus quanto ao modo como
planejou a criação de todas as coisas, e o modo
53
como agiria em relação à coroa da sua criação, a
saber, o homem.
Haveria salvação e justiça na terra para os
homens, as quais proviriam das alturas
celestiais (v. 8), que cairiam sobre a terra como a chuva, com o derramar da graça e do Espírito
Santo.
Mas, nem todos seriam alcançados e
beneficiados pela luz e paz divinas citadas no
verso 7; porque muitos resistem vir para a luz de
Jesus.
O Senhor é o Criador de tudo que tem existência, e se porventura muitos têm
escolhido antes o mal do que o bem, tanto entre
os homens quanto os anjos, não é porque Deus
os inspirou a isto, mas sabia em sua onisciência que isto ocorreria ao ter criado os seres morais,
lhes dando a liberdade de escolherem o bem ou
o mal, a bênção ou a maldição.
Os que escolhem o mal são amaldiçoados. Mas
os que escolhem o bem são abençoados. E não há verdadeiro e duradouro bem fora de Deus, e
da nossa união com Ele.
Então, ninguém tem o direito de contender com
o Criador, ou seja, de reclamar pela condição em
que for encontrado, quando estiver debaixo do
seu juízo contra o pecado, porque como Criador tem o direito de fazer o que quiser com o que
Lhe pertence.
Nos versos 13 até o 25 é proferida a obra de
justificação feita por Deus por meio do Messias.
54
Esta justificação seria pela graça, e não por
nenhuma obra ou dom dos próprios homens
que eles oferecessem a Deus (v. 13).
Seria reconhecido inclusive pelos grandes da terra que o Deus invisível é somente com Jesus
e com a sua Igreja, e que é um Deus Salvador (v.
14, 15).
Os idólatras ficariam confundidos e cairiam juntos em ignomínia com os fabricantes de
ídolos, mas o verdadeiro Israel de Deus, seus
eleitos, seriam salvos pelo Senhor com uma
salvação ETERNA, de maneira que jamais seriam confundidos e envergonhados, por toda
a eternidade.
Eles saberiam que somente o Senhor é Deus e
não haveria nenhuma confusão, nenhuma
dúvida neles quanto à existência e pessoa do único Deus verdadeiro.
E sendo justificados por Ele, não teriam mais
vergonha por causa do pecado, porque seriam
perdoados e o pecado seria destruído em suas vidas por este Deus poderoso e gracioso (v. 16,
17).
Deus salvará o seu povo porque não criou a terra
para o caos, mas para ser habitada em justiça. De modo que os santos terão a posse eterna da terra
(v. 18).
Deus não pode ser achado no caos, e por isso não
será encontrado em lugares tenebrosos, envolvido pelas trevas, pois é luz que as dissipa;
mas fala em justiça e proclama o que é reto,
porque é perfeitamente justo e santo (v. 19).
55
Ele será achado, portanto, pelos que indagam
pela causa da justiça divina, e pela verdade da
sua Palavra, e nunca nas trevas da ignorância da
falsa sabedoria terrena, nas coisas que são afirmadas acerca da divindade.
Os que escaparam da opressão das nações são
convocados a se congregarem e a se achegarem
juntos a Deus, e que indagassem mutuamente se desde a antiguidade alguém havia anunciado
estas coisas antes que elas acontecessem, assim
como Ele o fizera (v. 20).
A única conclusão lógica a que podemos chegar depois de examinar as Escrituras comparando
com a história da Igreja, é a de que realmente
não há outro Senhor e nenhum Deus justo e
Salvador além do Pai, do Filho e do Espírito Santo (v. 21).
O modo de se obter esta salvação eterna,
prometida por Deus desde a antiguidade, é
citado no verso 22:
“22 Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os confins da terra; porque eu sou Deus, e não há
outro.”.
É simplesmente olhando para Jesus com os
olhos da fé que somos salvos, porque, como o Senhor declarou antes nesta profecia de Isaías,
a salvação seria inteiramente pela graça.
Deus jurou que salvaria conforme a palavra da
justiça que saiu da sua boca, e com a qual somos justificados, conforme vimos, somente pela
graça, mediante a fé, e por isso afirmou que
diante dele todo joelho se dobraria e toda língua
56
confessaria que somente nele há justiça e força
(v. 21 a 24).
Todos os que se opusessem a Ele seriam
envergonhados (v. 24 b).
Mas daqueles que O amam é dito no verso 25:
“Mas no Senhor será justificada e se gloriará
toda a descendência de Israel.”
Mais uma vez é afirmado que a salvação será por meio da justificação, e que todo o verdadeiro
Israel de Deus, a saber, seus eleitos, todos
seriam justificados e se gloriariam no Senhor,
sem faltar um único deles.
“1 Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a
quem tomo pela mão direita, para abater nações
diante de sua face, e descingir os lombos dos reis; para abrir diante dele as portas, e as portas
não se fecharão;
2 eu irei adiante de ti, e tornarei planos os
lugares escabrosos; quebrarei as portas de bronze, e despedaçarei os ferrolhos de ferro.
3 Dar-te-ei os tesouros das trevas, e as riquezas
encobertas, para que saibas que eu sou o
Senhor, o Deus de Israel, que te chamo pelo teu nome.
4 Por amor de meu servo Jacó, e de Israel, meu
escolhido, eu te chamo pelo teu nome; ponho-te
o teu sobrenome, ainda que não me conheças.
5 Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim
não há Deus; eu te cinjo, ainda que tu não me
conheças.
57
6 Para que se saiba desde o nascente do sol, e
desde o poente, que fora de mim não há outro;
eu sou o Senhor, e não há outro.
7 Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e
crio o mal; eu sou o Senhor, que faço todas estas
coisas.
8 Destilai vós, céus, dessas alturas a justiça, e
chovam-na as nuvens; abra-se a terra, e produza
a salvação e ao mesmo tempo faça nascer a
justiça; eu, o Senhor, as criei:
9 Ai daquele que contende com o seu Criador! o
caco entre outros cacos de barro! Porventura
dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou dirá
a tua obra: Não tens mãos?
10 Ai daquele que diz ao pai: Que é o que geras?
e à mulher: Que dás tu à luz?
11 Assim diz o Senhor, o Santo de Israel, aquele
que o formou: Perguntai-me as coisas futuras;
demandai-me acerca de meus filhos, e acerca da
obra das minhas mãos.
12 Eu é que fiz a terra, e nela criei o homem; as
minhas mãos estenderam os céus, e a todo o seu
exército dei as minhas ordens.
13 Eu o despertei em justiça, e todos os seus
caminhos endireitarei; ele edificará a minha
cidade, e libertará os meus cativos, não por
preço nem por presentes, diz o Senhor dos exércitos.
14 Assim diz o Senhor: A riqueza do Egito, e as
mercadorias da Etiópia, e os sabeus, homens de alta estatura, passarão para ti, e serão teus; irão
atrás de ti; em grilhões virão; e, prostrando-se
diante de ti, far-te-ão as suas súplicas, dizendo:
58
Deus está contigo somente; e não há nenhum
outro Deus.
15 Verdadeiramente tu és um Deus que te
ocultas, ó Deus de Israel, o Salvador.
16 Envergonhar-se-ão, e também se
confundirão todos; cairão juntos em ignomínia os que fabricam ídolos.
17 Mas Israel será salvo pelo Senhor, com uma salvação eterna; pelo que não sereis jamais
envergonhados nem confundidos em toda a
eternidade.
18 Porque assim diz o Senhor, que criou os céus,
o Deus que formou a terra, que a fez e a estabeleceu, não a criando para ser um caos,
mas para ser habitada: Eu sou o Senhor e não há
outro.
19 Não falei em segredo, nalgum lugar
tenebroso da terra; não disse à descendência de Jacó: Buscai-me no caos; eu, o Senhor, falo a
justiça, e proclamo o que é reto.
20 Congregai-vos, e vinde; chegai-vos juntos, os
que escapastes das nações; nada sabem os que
conduzem em procissão as suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus
que não pode salvar.
21 Anunciai e apresentai as razões: tomai
conselho todos juntos. Quem mostrou isso
desde a antiguidade? quem de há muito o anunciou? Porventura não sou eu, o Senhor?
Pois não há outro Deus senão eu; Deus justo e
Salvador não há além de mim.
59
22 Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os
confins da terra; porque eu sou Deus, e não há
outro.
23 Por mim mesmo jurei; já saiu da minha boca
a palavra de justiça, e não tornará atrás. Diante
de mim se dobrará todo joelho, e jurará toda
língua.
24 De mim se dirá: Tão somente no senhor há
justiça e força. A ele virão, envergonhados,
todos os que se irritarem contra ele.
25 Mas no Senhor será justificada e se gloriará toda a descendência de Israel.”
60
Isaías 46
Deus nos Carrega no Colo
Como no capítulo precedente, Deus continua
falando neste 46º capítulo de Isaías, acerca da
salvação eterna que estava oferecendo pela graça a Israel, conforme vemos especialmente
no seu último verso:
“Faço chegar a minha justiça; e ela não está
longe, e a minha salvação não tardará; mas estabelecerei a salvação em Sião, e em Israel a
minha glória.” (v. 13).
E o convite à salvação é feito aos que são duros de coração e que estão longe da justiça (v.12).
Não é para justos e sadios na fé.
Mas para pecadores, que é a condição de todo
homem perante Deus.
Quanto a esta salvação pela graça, que é
mediante a justiça de Cristo que nos é atribuída
na justificação, Deus disse que a levaria
completamente a termo, porque Judá sairia do cativeiro em Babilônia, sendo livrados por Ciro,
ao qual Ele chama neste capítulo de ave de
rapina (v. 11), que vem do Oriente (Média), e
assim o seu conselho eterno subsistiria e seria feita toda a sua vontade divina (v. 10), porque
esta salvação foi planejada desde antes da
fundação do mundo.
Por causa do que seria feito por Ciro é dito que
Bel (Babilônia) seria encurvada e os seus ídolos
seriam colocados sobre animais de carga, para
61
serem levados para fora de Babilônia, e seriam
um peso para estes animais assim como eram
para os babilônios, e não somente não puderam
lhes livrar, como também os conduziram àquela ruína.
Então, assim como os animais se encurvariam
com o peso daqueles ídolos que estariam
carregando, de igual modo Babilônia seria encurvada. E os seus próprios deuses (ídolos)
iriam para o cativeiro (v. 1, 2).
Mas, quanto a Israel, em vez de ser uma carga
para eles, Deus lhes vinha carregando no seu colo, desde que lhes havia formado no ventre, e
até a sua velhice continuaria sendo o mesmo
para eles, porque os levaria, carregaria e
livraria, porque era um pai para o seu povo (v. 3, 4).
A quem então poderia se comparar a Deus? Com
os ídolos? Com estes que são uma carga para os
homens, em vez de carrregá-los, para acharem alívio e paz?
Que não podem responder e livrar alguém da
sua tribulação? (v. 7)
Os transgressores de Israel foram, portanto,
convocados por Deus a considerarem esta verdade e trazê-la sempre à memória (v. 8).
A recordarem sempre as coisas passadas desde
a antiguidade, trazendo à memória os grandes
feitos do Senhor em relação a Israel, e certamente isto se referia ao que fizera com eles
desde os patriarcas até os seus dias; para que
reconhecessem que não há outro Deus, senão
62
somente Ele, e que não há ninguém que possa
ser comparado com Ele (v. 9).
Isaías 46.1 Bel se encurva, Nebo se abaixa; os
seus ídolos são postos sobre os animais, sobre as bestas; essas cargas que costumáveis levar são
pesadas para as bestas já cansadas.
Isaías 46.2 Eles juntamente se abaixam e se
encurvam; não podem salvar a carga, mas eles
mesmos vão para o cativeiro.
Isaías 46.3 Ouvi-me, ó casa de Jacó, e todo o resto da casa de Israel, vós que por mim tendes sido
carregados desde o ventre, que tendes sido
levados desde a madre.
Isaías 46.4 Até a vossa velhice eu sou o mesmo,
e ainda até as cãs eu vos carregarei; eu vos criei, e vos levarei; sim, eu vos carregarei e vos
livrarei.
Isaías 46.5 A quem me assemelhareis, e com
quem me igualareis e me comparareis, para que sejamos semelhantes?
Isaías 46.6 Os que prodigalizam o ouro da bolsa,
e pesam a prata nas balanças, assalariam o
ourives, e ele faz um deus; e diante dele se
prostram e adora,
Isaías 46.7 Eles o tomam sobre os ombros, o levam, e o colocam no seu lugar, e ali
permanece; do seu lugar não se pode mover; e,
se recorrem a ele, resposta nenhuma dá, nem
livra alguém da sua tribulação.
Isaías 46.8 Lembrai-vos, disto, e considerai; trazei-o à memória, ó transgressores.
Isaías 46.9 Lembrai-vos das coisas passadas
desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há
63
outro; eu sou Deus, e não há outro semelhante a
mim;
Isaías 46.10 que anuncio o fim desde o princípio,
e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho
subsistirá, e farei toda a minha vontade;
Isaías 46.11 chamando do oriente uma ave de
rapina, e dum país remoto o homem do meu
conselho; sim, eu o disse, e eu o cumprirei; formei esse propósito, e também o executarei.
Isaías 46.12 Ouvi-me, ó duros de coração, os que
estais longe da justiça.
Isaías 46.13 Faço chegar a minha justiça; e ela
não está longe, e a minha salvação não tardará;
mas estabelecerei a salvação em Sião, e em Israel a minha glória.
64
Isaías 47
A soberba e a crueldade de Babilônia são
condenadas por Deus neste capítulo.
Os inimigos de Israel seriam abatidos depois
de cumprido o tempo que foi determinado e
permitido por Ele para que assolassem o seu
povo.
De igual modo, Cristo por fim se levantará no
tempo do fim contra os inimigos e opressores da Igreja, para lhes dar a devida retribuição pelas
suas más obras.
Pelo seu muito poder e grandes feitiçarias, especialmente pelas adivinhações de seus
magos e astrólogos, Babilônia pensava que
permaneceria absoluta para sempre, como
reino dominante sobre toda a terra, e que nunca ficaria viúva e privada de nenhum de seus filhos,
mas o Senhor mandou lhe dizer que ambas as
coisas viriam sobre ela num momento, no mesmo dia, tanto a perda de filhos quanto a
viuvez (v.9), porque Ciro entraria na cidade
repentinamente enquanto o rei Belsazar
banqueteava com grande luxúria com os seus príncipes, usando os utensílios sagrados que
haviam saqueado do templo de Deus em
Jerusalém.
Foi para este rei que o profeta Daniel decifrou o
que Deus escreveu sobrenaturalmente na
parede indicando a sua destruição.
Eles haviam desprezado os judeus que se
encontravam cativos em Babilônia, não usando
65
de misericórdia para com eles, e até mesmo
sobre os velhos haviam feito muito pesado o seu
jugo (v. 6).
Pelo que o Senhor lhes daria a devida
retribuição.
É importante dizer que isto tudo foi profetizado
por Isaías muito antes de os próprios judeus
serem levados para o cativeiro em Babilônia, o
que ocorreria somente a partir de 605 a.C., sendo a maior leva de cativos sido efetuada em
587 a.C., e sabemos que Isaías profetizou em
torno de 700 a. C.
Deus demonstra portanto que sabe todas as
coisas futuras como se fossem presentes.
Eles excederiam na medida do juízo que Deus
lhes havia ordenado, conforme revelou ao
profeta, e erraram tanto quanto o rei Jeú e
outros reis de Israel haviam feito no passado, em relação aos juízos sobre os maus reis que
lhes haviam sucedido no trono.
Por isso devemos usar de toda longanimidade e doutrina quando corrigimos nossos filhos, ou as
ovelhas do rebanho de Cristo, sendo cautelosos
para não excedermos na medida da correção, de
forma que nós mesmos, que temos o dever de corrigir, não fiquemos também sujeitos aos
mesmos juízos de Deus.
Ferir o injusto de forma desmedida nos torna tanto ou mais injustos do que ele; e o Senhor o
verá e o retribuirá.
É preciso vigiar também em relação à soberba
do coração, Por causa da muita abundância de
bens, tal como sucedeu com Babilônia, porque
66
isto produz uma falsa segurança, que cega, e que
impede que o coração faça uma justa avaliação
de que há muita instabilidade na falsa
segurança que é proporcionada pelas riquezas, porque ainda que andemos na justiça, o dia da
calamidade poderá vir bater à nossa porta,
mesmo que não seja em razão de algum juízo de Deus contra nós, tal como foi o caso de
Babilônia, mas em razão de ser este mundo um
lugar de aflições e tribulações.
Há na própria Igreja muitos que estão cegos
quanto a isto, pensando que a bênção de Deus
para suas vidas consiste na quantidade de bens
que eles possuem.
No verso 7, o Senhor afirma que Babilônia não
havia considerado em seu coração estas coisas,
e nem se lembraram do fim delas, e por isso permaneceram cegos quanto ao fato de que toda
impiedade será visitada, e que as riquezas não
podem livrar no dia da calamidade.
“1 Desce, e assenta-te no pó, ó virgem filha de Babilônia; assenta-te no chão sem trono, ó filha
dos caldeus, porque nunca mais serás chamada
a mimosa nem a delicada.
2 Toma a mó, e mói a farinha; remove o teu véu,
suspende a cauda da tua vestidura, descobre as
pernas e passa os rios.
3 A tua nudez será descoberta, e ver-se-á o teu
opróbrio; tomarei vingança, e não pouparei a
homem algum.
4 Quanto ao nosso Redentor, o Senhor dos
exércitos é o seu nome, o Santo de Israel.
67
5 Assenta-te calada, e entra nas trevas, ó filha
dos caldeus; porque não serás chamada mais a
senhora de reinos.
6 Muito me agastei contra o meu povo, profanei
a minha herança, e os entreguei na tua mão; não
usaste de misericórdia para com eles, e até sobre os velhos fizeste muito pesado o teu jugo.
7 E disseste: Eu serei senhora para sempre; de
sorte que até agora não tomaste a sério estas coisas, nem te lembraste do fim delas.
8 Agora pois ouve isto, tu que és dada a prazeres,
que habitas descuidada, que dizes no teu coração: Eu sou, e fora de mim não há outra; não
ficarei viúva, nem conhecerei a perda de filhos.
9 Mas ambas estas coisas virão sobre ti num
momento, no mesmo dia, perda de filhos e
viuvez; em toda a sua plenitude virão sobre ti,
apesar da multidão das tuas feitiçarias, e da grande abundância dos teus encantamentos.
10 Porque confiaste na tua maldade e disseste:
Ninguém me vê; a tua sabedoria e o teu conhecimento, essas coisas te perverteram; e
disseste no teu coração: Eu sou, e fora de mim
não há outra.
11 Pelo que sobre ti virá o mal de que por
encantamentos não saberás livrar-te; e tal
destruição cairá sobre ti, que não a poderás
afastar; e virá sobre ti de repente tão tempestuosa desolação, que não a poderás
conhecer.
12 Deixa-te estar com os teus encantamentos, e
com a multidão das tuas feitiçarias em que te
hás fatigado desde a tua mocidade, a ver se
68
podes tirar proveito, ou se porventura podes
inspirar terror.
13 Cansaste-te na multidão dos teus conselhos;
levantem-se pois agora e te salvem os
astrólogos, que contemplam os astros, e os que nas luas novas prognosticam o que há de vir
sobre ti.
14 Eis que são como restolho; o logo os
queimará; não poderão livrar-se do poder das
chamas; pois não é um braseiro com que se aquentar, nem fogo para se sentar junto dele.
15 Assim serão para contigo aqueles com quem te hás fatigado, os que tiveram negócios contigo
desde a tua mocidade; andarão vagueando, cada
um pelo seu caminho; não haverá quem te salve.”
69
Isaías 48
Deus estava predizendo todas estas coisas com
bastante antecedência para que quando
chegasse o dia da libertação com Ciro, os judeus
se animassem a retornarem a Judá.
Daí o seu comando que lemos no verso 20:
“Saí de Babilônia, fugi de entre os caldeus. E anunciai com voz de júbilo, fazei ouvir isto, e
levai-o até o fim da terra; dizei: O Senhor remiu
a seu servo Jacó;”.
Eles deveriam lembrar que não há paz para os
que são ímpios, porque o Senhor não dará paz senão somente aos justos (v. 22). Então deveriam
se converter a Ele e retornar a Judá quando o
libertador viesse.
De igual modo, nesta dispensação da graça, os
homens devem deixar a impiedade e se voltarem para Deus, porque o libertador deles,
Cristo, já se manifestou.
A mesma razão que se aplicava a Israel em seus
dias, também se aplica a nós, na forma como é
apresentada nos versos 16 e 17:
“16 Chegai-vos a mim, ouvi isto: Não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em
que aquilo se fez, eu estava ali; e agora o Senhor
Deus me enviou juntamente com o seu Espírito.
17 Assim diz o Senhor, o teu Redentor, o Santo de Israel: Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te ensina
o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves
andar.”
70
Nesta profecia o Senhor tanto prometeu
castigar Babilônia, como também repreendeu
Israel pelo seu endurecimento e rebelião contra
a sua vontade, e declarou o motivo porque havia poupado Israel e ainda o pouparia, como
podemos ler nos versos 9 a 11.
Primeiro, por causa do amor pelo seu grande
nome, que deve ser santificado, e por isso
retardou a sua ira, senão Israel teria sido
exterminado (v. 9).
Não é pelo mesmo motivo que Ele poupa os
crentes da Igreja de Cristo, dos quais disse que
teriam a sua libertação e eles próprios comprados sem preço? Isto porque Cristo pagou
o preço total por nós e não deixou nada para que
pagássemos, porque na verdade nada tínhamos
para pagar a nossa dívida de pecados.
Jesus nos comprou para o Pai com o seu sangue.
Somente Ele poderia pagar o preço exigido para
tão grande salvação.
Em segundo lugar, Israel não foi exterminado
quando foi levado para o cativeiro, porque o
propósito do Senhor não era o de destruí-lo, mas corrigi-lo, purificá-lo na fornalha da aflição (v.
10).
Deus usa o mesmo procedimento com os crentes da Igreja. Esta verdade que se aplicou a
Israel no passado também se aplica à Igreja no
presente. Ela está sendo purificada pelo fogo da provação, porque é pela tribulação que se
aprende a perseverança, a experiência e a
esperança.
71
Por fim, Deus declarou no verso 11 que não
destruiu Israel por amor dele próprio, porque
não permitiria que o seu nome fosse profanado
e nem que a sua glória fosse dada a outrem.
Não é por nenhum mérito ou bem pessoal que
haja em nós que o Senhor nos poupa, mas por causa da nossa fé na justiça de Cristo, pela qual
Lhe fomos tornados aceitáveis.
Israel não teria em que se gloriar senão somente no Senhor, quando fossem libertados. Porque
não seria pelo seu próprio poder que eles
poderiam se libertar, porque foi necessário que
se lhes provesse um libertador, Ciro, e de igual modo, nenhum crente tem que se gloriar em si
mesmo e nos feitos pela libertação que lhe
trouxe paz com Deus, senão somente naquele
que foi dado como libertador a eles, a saber, Cristo.
Se fosse deixado a nós mesmos provermos a
nossa libertação, ficaríamos perdidos para sempre, porque há necessidade que o Pai seja
revelado a nós pelo Filho. Precisamos do
trabalho de convencimento do nosso pecado
pelo Espírito Santo. Necessitamos ser quebrados no nosso endurecimento natural, e
da remoção do pecado, que nos assedia tão de
perto, habitando em nossa própria natureza.
Assim, as palavras dirigidas aos judeus nos dias
de Isaías se aplicam a todos nós, para que lhes
dando crédito, nos arrependamos e nos tornemos para Deus, para que o nosso coração
de pedra seja trocado pelo coração de carne, que
somente Ele pode nos dar.
72
“Porque eu sabia que és obstinado, que a tua
cerviz é um nervo de ferro, e a tua testa de
bronze.” (v. 4).
Ninguém é salvo, portanto, porque era alguém melhor do que os judeus, que se converteriam
ao Senhor, quando saíssem de Babilônia, dos
quais o Senhor declara que a cerviz deles era um
nervo de ferro, e a testa de bronze.
Nenhum de nós merecia a graça pela qual somos salvos.
Em nenhum de nós habitava algum bem ou
justiça que nos tornasse agradáveis a Deus.
Deste modo, somos salvos por pura graça e
misericórdia, quando Ele realiza o trabalho de
salvação em nossas vidas.
Tudo é realizado pelo Espírito Santo no que se
refere ao nosso novo nascimento e santificação.
Jesus ensinou isto claramente, especialmente
quando esteve com Nicodemos.
O próprio Isaías afirma na segunda parte do verso 16, que havia sido enviado junto com o
Espírito Santo. Ou seja, não foi Ele quem
produziu as profecias do seu livro, mas o Espírito
Santo, que estava com ele.
O mesmo se dá com a Igreja de Cristo, porque todo aquele que for enviado por Deus, para
alguma obra, terá o Espírito Santo com ele, para
que não o próprio enviado, mas o Espírito faça a
obra de Deus por nós.
“1 Ouvi isto, casa de Jacó, que vos chamais do
nome de Israel, e saístes dos lombos de Judá,
que jurais pelo nome do Senhor, e fazeis
73
menção do Deus de Israel, mas não em verdade
nem em justiça.
2 E até da santa cidade tomam o nome, e se
firmam sobre o Deus de Israel; o Senhor dos exércitos é o seu nome.
3 Desde a antiguidade anunciei as coisas que
haviam de ser; da minha boca é que saíram, e eu
as fiz ouvir; de repente as pus por obra, e elas
aconteceram.
4 Porque eu sabia que és obstinado, que a tua cerviz é um nervo de ferro, e a tua testa de
bronze.
5 Há muito tas anunciei, e as manifestei antes
que acontecessem, para que não dissesses: O
meu ídolo fez estas coisas, ou a minha imagem de escultura, ou a minha imagem de fundição as
ordenou.
6 Já o tens ouvido; olha bem para tudo isto;
porventura não o anunciarás? Desde agora te mostro coisas novas e ocultas, que não sabias.
7 São criadas agora, e não de há muito, e antes
deste dia não as ouviste, para que não digas: Eis
que já eu as sabia.
8 Tu nem as ouviste, nem as conheceste, nem
tampouco há muito foi aberto o teu ouvido; porque eu sabia que procedeste muito
perfidamente, e que eras chamado transgressor
desde o ventre.
9 Por amor do meu nome retardo a minha ira, e
por causa do meu louvor me contenho para contigo, para que eu não te extermine.
10 Eis que te purifiquei, mas não como a prata;
provei-te na fornalha da aflição,
74
11 Por amor de mim, por amor de mim o faço;
porque como seria profanado o meu nome? A
minha glória não a darei a outrem,
12 Escuta-me, ó Jacó, e tu, ó Israel, a quem chamei; eu sou o mesmo, eu o primeiro, eu
também o último.
13 Também a minha mão fundou a terra, e a
minha destra estendeu os céus; quando eu os
chamo, eles aparecem juntos.
14 Ajuntai-vos todos vós, e ouvi: Quem, dentre eles, tem anunciado estas coisas? Aquele a
quem o Senhor amou executará a sua vontade
contra Babilônia, e o seu braço será contra os
caldeus.
15 Eu, eu o tenho dito; também já o chamei; eu o trouxe, e o seu caminho será próspero.
16 Chegai-vos a mim, ouvi isto: Não falei em
segredo desde o princípio; desde o tempo em
que aquilo se fez, eu estava ali; e agora o Senhor Deus me enviou juntamente com o seu Espírito.
17 Assim diz o Senhor, o teu Redentor, o Santo de
Israel: Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te ensina
o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves
andar.
18 Ah! se tivesses dado ouvidos aos meus mandamentos! então seria a tua paz como um
rio, e a tua justiça como as ondas do mar;
19 também a tua descendência teria sido como a
areia, e os que procedem das tuas entranhas
como os seus grãos; o seu nome nunca seria cortado nem destruído de diante de mim.
20 Saí de Babilônia, fugi de entre os caldeus. E
anunciai com voz de júbilo, fazei ouvir isto, e
75
levai-o até o fim da terra; dizei: O Senhor remiu
a seu servo Jacó;
21 e não tinham sede, quando os levava pelos
desertos; fez-lhes correr água da rocha; fendeu
a rocha, e as águas jorraram.
22 Não há paz para os ímpios, diz o Senhor.”
76
Isaías 49
Grandiosas Promessas Sobre o Messias
Em todo o capítulo 49 de Isaías, o próprio
Messias fala através do profeta, dirigindo-se às
ilhas e aos povos de longe, ou seja, aos gentios (v. 1).
Ele faz menção ao seu nascimento de uma
mulher, e que se faria menção ao seu nome
desde que estivesse nas entranhas de sua mãe. Quando foi concebido pelo poder do Espírito no
ventre de Maria foi feito menção ao nome que
deveria lhe ser dado, pelo arcanjo Gabriel a Maria, e também o mesmo Gabriel falou com
José.
Muitos falaram do Salvador que havia sido dado
a Israel naquela família pobre de Nazaré. Lembremos da visita que Maria fez a Isabel
quando ainda grávida, e da glorificação do nome
de Jesus naquela ocasião.
Deus o Pai não somente providenciou para que Deus Filho recebesse um corpo como o nosso,
mas sem pecado, no ventre de Maria, como
também fez da sua boca qual espada afiada, e o
guardou na sua mão qual uma flecha polida, para que penetrasse os coração que estavam
endurecidos pelo pecado, com a sua Palavra e
poder (v. 2).
O Pai o chamou de servo, de Israel, por meio de
quem seria glorificado. O Filho glorificou o Pai,
e ouviu a voz do Pai desde o céu quando estava
77
na terra dizendo que lhe havia glorificado e que
ainda o glorificaria (v. 3).
Mas pelas muitas oposições e resistências que
teria em seu ministério terreno, como que
suspirando por causa disto, o Senhor declarou
que tinha trabalhado em vão, gastando as suas forças, mas estava convicto de que o seu
galardão estava perante o Pai.
Ele faria então a obra que Lhe foi designada a fazer, não para agradar a homens, senão ao Pai,
e para a sua exclusiva glória (v. 4).
Jesus declara qual foi o propósito da sua encarnação: trazer de volta Jacó para o Pai,
reunir Israel a Ele. Ele faria este trabalho na
força do Pai, e o Pai o glorificaria pelo seu
trabalho (v. 5).
Mas, somente trazer Jacó de volta e reunir Israel
era pouco para o seu serviço, de modo que o Pai lhe deu também para ser luz para as nações e
para ser a sua salvação até a extremidade da
terra (v. 6). Ou seja, Ele não viria apenas para a
salvação de Israel, mas também em todas as nações dos povos gentios.
O Pai disse do Filho que Ele seria desprezado
pelos homens, e um aborrecimento para as nações e que seria servo dos tiranos (v. 7).
A profecia teve total cumprimento porque Jesus
realmente foi rejeitado e desprezado, e despertou muito ódio contra Si, porque
condenou as obras das trevas e disse somente a
verdade.
Além disso, enquanto na carne, se sujeitou aos
governantes tiranos como Herodes e o rei de
78
Roma, lhes pagando tributo, e se sujeitando,
especialmente na sua condenação injusta às
autoridades de Israel e a Pôncio Pilatos.
Foi neste sentido que foi servo dos tiranos, portanto, e não fazendo a vontade dos tiranos,
para o agrado deles.
Mas, no mesmo verso 7 se afirma que reis e
príncipes o adorariam, e isto sucedeu desde o seu nascimento com a visita dos magos, e com a
conversão de muitos poderosos da terra, que
ainda se converteriam a Ele depois que
concluísse a sua obra na terra e subisse ao céu, para ser glorificado e derramar o Espírito Santo.
O Pai também disse acerca do Filho, que lhe
ouviria no tempo aceitável, que é o da
dispensação da graça, porque Jesus está à sua
direita como nosso Advogado e Sumo Sacerdote, intercedendo por nós, e o Pai tem
ouvido as suas petições em favor do seu povo.
Isto porque o Pai Lhe ajudou e Lhe guardou para
cumprir o seu ministério como homem na terra, pois Ele próprio fora dado para ser o
Mediador da Nova Aliança que seria feita no seu
sangue.
De forma que, principalmente, as herdades assoladas da terra pelo Anticristo, possam ser
restauradas por Ele para serem dadas como
herança ao povo de Deus (v. 8).
Ele libertaria os presos e traria para a luz todos os que estavam nas trevas da ignorância de Deus
e da sua vontade. E os apascentaria em pastos
verdejantes (v. 9).
79
Estes que fossem salvos por Ele nunca mais
teriam sede, assim como Jesus havia dito à
mulher Samaritana, porque lhes daria como
bebida a água viva do Espírito.
E nenhuma aflição fria como a tempestade, e
nenhuma tribulação ardente como o sol, lhes
afligiria, porque se compadeceria deles, e os conduziria mansamente aos mananciais das
águas do Espírito.
De fato Jesus governa com mansidão, e diz que os mansos são também bem-aventurados,
porque é dele que aprenderão tal mansidão, que
é fruto do Espírito, ou seja, algo que é produzido
por Ele, e não por nós (v. 10).
Os montes das adversidades seriam feitos um
caminho para os que viessem a Cristo, de todas
as partes da terra, porque a fé cresce na adversidade, de forma que se anda melhor no
caminho de Deus quando a fé é aperfeiçoada
pelos montes da adversidade, porque sendo
vencidos pela fé nele, nos ensinam que o modo de caminhar neste mundo é por fé e não por
vista, e nem pelo nosso próprio poder e
capacidade, porque o Senhor tem prometido
trabalhar para todo o que nele espera (v. 11, 12).
Isto seria motivo de louvor nos céus e na terra,
porque o Senhor consola o seu povo e se
compadece dos seus aflitos. (v. 13).
Assim, não tem prometido nos livrar dos
problemas e tribulações, mas nos livrar em
meio a eles.
Mesmo assim, com tão grandiosas promessas, o
povo do Senhor ainda tem muita incredulidade
80
e murmuração contra Ele, sem entender o
propósito das tribulações, e não consegue
portanto, muitas vezes, ver a sua própria mão
divina nelas e por isso diz:
“Mas Sião diz: O Senhor me desamparou, o meu
Senhor se esqueceu de mim.” (v. 14).
Mas, qual é a resposta do Messias?
Ela se encontra nos versos 15 a 26 onde além de
afirmar que jamais se esquecerá do seu povo (v.
15,16), e que ampliaria muito a Igreja, mesmo com toda a forte oposição que ela sofreria, e que
os opressores da Igreja seriam julgados no
tempo próprio, e que todos os que estão
marcados para a salvação e que estivessem presos pelo valente (o diabo) seriam libertados,
porque o Senhor mesmo contenderia com o
valente e o subjugaria (v. 24,25).
Quando estas coisas estivessem ocorrendo
todos saberiam quem era este que as estava
falando através de Isaías, a saber: O Senhor, o
Salvador do seu povo. O Redentor e o Poderoso de Jacó (v. 26).
Isaías 49.1 Ouvi-me, ilhas, e escutai vós, povos de longe: O Senhor chamou-me desde o ventre,
desde as entranhas de minha mãe fez menção
do meu nome
Isaías 49.2 e fez a minha boca qual espada aguda;
na sombra da sua mão me escondeu; fez-me
qual uma flecha polida, e me encobriu na sua
aljava;
Isaías 49.3 e me disse: Tu és meu servo; és Israel,
por quem hei de ser glorificado.
81
Isaías 49.4 Mas eu disse: Debalde tenho
trabalhado, inútil e vãmente gastei as minhas
forças; todavia o meu direito está perante o
Senhor, e o meu galardão perante o meu Deus.
Isaías 49.5 E agora diz o Senhor, que me formou
desde o ventre para ser o seu servo, para tornar
a trazer-lhe Jacó, e para reunir Israel a ele (pois
aos olhos do Senhor sou glorificado, e o meu Deus se fez a minha força).
Isaías 49.6 Sim, diz ele: Pouco é que sejas o meu
servo, para restaurares as tribos de Jacó, e
tornares a trazer os preservados de Israel; também te porei para luz das nações, para seres
a minha salvação até a extremidade da terra.
Isaías 49.7 Assim diz o Senhor, o Redentor de
Israel, e o seu Santo, ao que é desprezado dos
homens, ao que é aborrecido das nações, ao servo dos tiranos: Os reis o verão e se levantarão,
como também os príncipes, e eles te adorarão,
por amor do Senhor, que é fiel, e do Santo de Israel, que te escolheu.
Isaías 49.8 Assim diz o Senhor: No tempo
aceitável te ouvi, e no dia da salvação te ajudei; e
te guardarei, e te darei por pacto do povo, para
restaurares a terra, e lhe dares em herança as herdades assoladas;
Isaías 49.9 para dizeres aos presos: Saí; e aos que
estão em trevas: Aparecei; eles pastarão nos
caminhos, e em todos os altos desnudados haverá o seu pasto.
Isaías 49.10 Nunca terão fome nem sede; não os
afligirá nem a calma nem o sol; porque o que se
82
compadece deles os guiará, e os conduzirá
mansamente aos mananciais das águas.
Isaías 49.11 Farei de todos os meus montes um
caminho; e as minhas estradas serão exaltadas.
Isaías 49.12 Eis que estes virão de longe, e eis que
aqueles do Norte e do Ocidente, e aqueles outros
da terra de Sinim.
Isaías 49.13 Cantai, ó céus, e exulta, ó terra, e vós, montes, estalai de júbilo, porque o Senhor
consolou o seu povo, e se compadeceu dos seus
aflitos.
Isaías 49.14 Mas Sião diz: O Senhor me desamparou, o meu Senhor se esqueceu de
mim.
Isaías 49.15 pode uma mulher esquecer-se de
seu filho de peito, de maneira que não se
compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse, eu, todavia, não me
esquecerei de ti.
Isaías 49.16 Eis que nas palmas das minhas mãos
eu te gravei; os teus muros estão continuamente diante de mim.
Isaías 49.17 Os teus filhos pressurosamente
virão; mas os teus destruidores e os teus
assoladores sairão do meio de ti.
Isaías 49.18 Levanta os teus olhos ao redor, e
olha; todos estes que se ajuntam vêm ter
contigo. Vivo eu, diz o Senhor, que de todos estes
te vestirás, como dum ornamento, e te cingirás deles como a noiva.
Isaías 49.19 Pois quanto aos teus desertos, e
lugares desolados, e à tua terra destruída, serás
83
agora estreita demais para os moradores, e os
que te devoravam se afastarão para longe de ti.
Isaías 49.20 Os filhos de que foste privada ainda dirão aos teus ouvidos: Muito estreito é para
mim este lugar; dá-me espaço em que eu habite.
Isaías 49.21 Então no teu coração dirás: Quem me gerou estes, visto que eu era desfilhada e
solitária, exilada e errante? quem, pois, me
criou estes? Fui deixada sozinha; estes onde
estavam?
Isaías 49.22 Assim diz o Senhor Deus: Eis que
levantarei a minha mão para as nações, e ante os
povos arvorarei a minha bandeira; então eles
trarão os teus filhos nos braços, e as tuas filhas serão levadas sobre os ombros.
Isaías 49.23 Reis serão os teus aios, e as suas
rainhas as tuas amas; diante de ti se inclinarão com o rosto em terra e lamberão o pó dos teus
pés; e saberás que eu sou o Senhor, e que os que
por mim esperam não serão confundidos.
Isaías 49.24 Acaso tirar-se-ia a presa ao valente?
ou serão libertados os cativos de um tirano?
Isaías 49.25 Mas assim diz o Senhor: Certamente
os cativos serão tirados ao valente, e a presa do tirano será libertada; porque eu contenderei
com os que contendem contigo, e os teus filhos
eu salvarei.
Isaías 49.26 E sustentarei os teus opressores
com a sua propria carne, e com o seu proprio
sangue se embriagarão, como com mosto; e
toda a carne saberá que eu sou o Senhor, o teu Salvador e o teu Redentor, o Poderoso de Jacó.
84
Isaías 50
Deus Nunca Esquecerá de seus Filhos
O Messias continua falando através de Isaías no
50º capítulo do seu livro, e agora afirma que não
era procedente a reclamação de Israel de que
havia sido esquecido por Ele.
Ele não lhes havia dado nenhuma carta de divórcio para que fizessem tal afirmação.
E também não lhes apresentou nenhum
documento de débito pelo qual se comprovasse
que lhes havia vendido para um outro, em troca de dinheiro.
Se algo lhes havia repudiado ou vendido, havia
sido a própria maldade deles, mas não o fato de
terem sido abandonados pelo Senhor (v. 1).
Foram eles que Lhe haviam rejeitado e não Ele a
eles.
Até hoje ocorre o mesmo.
São os homens que apostatam de Deus e que Lhe viram as costas e não o Senhor a Eles.
São sempre os homens que tomam esta
iniciativa, e nunca o Senhor.
Porque seria contraditório para o ministério de quem veio buscar e salvar quem havia se
perdido, e para tornar amigos de Deus, aqueles
que eram seus inimigos.
Tão verdadeiro é o argumento que Jesus apresentou para responder a ingratidão de
Israel, que Ele o reforçou no verso 2 com outras
perguntas na forma de arrazoamento para nos
85
convencer da verdade que somos sempre nós
que o deixamos primeiro, quando
interrompemos a nossa comunhão com Ele, por
causa dos nossos pecados, ou por motivo de não desejarmos confessar nossas faltas e voltarmos
para Ele, para obedecermos à sua vontade.
Mesmo quando o Senhor fala pelo Espírito,
diretamente, ou pela boca dos seus ministros,
convocando as pessoas a se reconciliarem com
Deus, não raro, o seu clamor não é atendido.
De quem é então a culpa pelo afastamento? Do
Senhor?
Ele continua argumentando no verso 2 que tem
prazer em salvar e que seu braço nunca se recolherá para que não possa remir.
Nunca lhe faltará poder para livrar do mal.
Então a consequência de falta de atendimento à
convocação à reconciliação, o resultado é principalmente morte espiritual, que é a
condição de espírito resultante da falta de
comunhão com Deus, e por isso o Senhor afirma no final do verso 2 e no verso 3 o seguinte:
“Eis que com a minha repreensão faço secar o
mar, e torno os rios em deserto; cheiram mal os seus peixes, pois não há água, e morrem de sede:
3 Eu visto os céus de negridão, e lhes ponho
pano de saco por sua cobertura.”.
Os que buscam o Senhor Jesus sempre
receberão dele palavras boas para instrução e para edificação e consolação porque não fala por
Si mesmo, mas pelo Pai (v. 4); e demonstrou isto
fartamente em seu ministério terreno.
86
O Pai Lhe sustentou na angústia, especialmente
nos momentos que acompanharam a sua morte,
de modo que não recuou, ao contrário, se
ofereceu voluntariamente para ser ferido em suas costas com as chibatadas que recebeu dos
soldados romanos, e para que sua barba fosse
arrancada e não se envergonhou e não deixou de contemplar corajosamente os rostos
daqueles que lhe cuspiam na face (v. 6).
O Pai lhe amparou naquela hora difícil e por isso não se sentiu confundido, e pôde assim fazer o
seu rosto como uma rocha inabalável, porque
sabia que não seria envergonhado, antes
glorificado e engrandecido pela sua aflição e morte (v. 7).
Não foram os homens os seu juízes naquela
hora, porque a sua morte foi injusta da parte dos homens, mas justa aos olhos de Deus, não
propriamente por ter cometido alguma
transgressão, ou por ter algum pecado, mas
porque carregou os nossos pecados sobre Si, e era a ofensa dos nossos pecados que estava
sendo visitada pelo juízo de Deus naquela hora
de terrível angústia e dor, que o Senhor
suportou por nós e em nosso lugar.
Foi o Pai que fez com que Ele fosse feito pecado
por nós, para que pudéssemos ser feitos justiça
para Deus.
Quem quiser contestar esta justiça divina deve
se apresentar ao próprio Cristo para que juntos sejam julgados por Deus.
Afinal foi justo o que o Pai fez por nós pelo Filho?
87
O Filho afirma que Ele foi justificado pelo Pai em
tudo o que fez (v. 8).
Quem é então o homem para contender com Deus e para contestar tal obra, se apresentado
como adversário de Cristo?
Se é o Pai que justifica o Filho, então aqueles que foram alvo da obra do Filho em suas vidas,
convertendo-se a Ele, são também justificados
por Deus.
Assim quem intentará acusação contra eles?
Quem os condenará?
Os que ousarem fazer isto perecerão e
envelhecerão como um vestido e serão consumidos pela traça do pecado, que destrói
oculta, silenciosa e progressivamente (v. 9).
Então, aqueles que temem a Deus devem ouvir a voz do Messias.
Os que andam em trevas e que não têm luz
devem simplesmente confiar no nome de Jesus e se firmarem, não em suas próprias
convicções, mas no seu Deus (v. 10).
Agora, aqueles que não atenderem tal
convocação e continuarem se cingindo com o fogo do inferno, permanecerão andando em tais
labaredas de tormento e serão atormentados
para sempre pelo Senhor na morte espiritual
eterna (v. 11).
Porque o evangelho, é aroma de vida para a vida
nos que se salvam, e cheiro de morte para a
morte nos que se perdem, conforme dizer do apóstolo Paulo.
88
Isaías 50.1 Assim diz o Senhor: Onde está a carta
de divórcio de vossa mãe, pela qual eu a
repudiei? ou quem é o meu credor, a quem eu
vos tenha vendido? Eis que por vossas maldades fostes vendidos, e por vossas transgressões foi
repudiada vossa mãe.
Isaías 50.2 Por que razão, quando eu vim,
ninguém apareceu? quando chamei, não houve
quem respondesse? Acaso tanto se encolheu a minha mão, que já não possa remir? ou não
tenho poder para livrar? Eis que com a minha
repreensão faço secar o mar, e torno os rios em
deserto; cheiram mal os seus peixes, pois não há água, e morrem de sede:
Isaías 50.3 Eu visto os céus de negridão, e lhes
ponho cilício por sua cobertura.
Isaías 50.4 O Senhor Deus me deu a língua dos
instruídos para que eu saiba sustentar com uma
palavra o que está cansado; ele desperta-me
todas as manhãs; desperta-me o ouvido para que eu ouça como discípulo.
Isaías 50.5 O Senhor Deus abriu-me os ouvidos,
e eu não fui rebelde, nem me retirei para trás.
Isaías 50.6 Ofereci as minhas costas aos que me
feriam, e as minhas faces aos que me
arrancavam a barba; não escondi o meu rosto
dos que me afrontavam e me cuspiam.
Isaías 50.7 Pois o Senhor Deus me ajuda; portanto não me sinto confundido; por isso pus
o meu rosto como um seixo, e sei que não serei
envergonhado.
89
Isaías 50.8 Perto está o que me justifica; quem
contenderá comigo? apresentemo-nos juntos;
quem é meu adversário? chegue-se para mim.
Isaías 50.9 Eis que o Senhor Deus me ajuda;
quem há que me condene? Eis que todos eles se envelhecerão como um vestido, e a traça os
comerá.
Isaías 50.10 Quem há entre vós que tema ao
Senhor? ouça ele a voz do seu servo. Aquele que
anda em trevas, e não tem luz, confie no nome do Senhor, e firme-se sobre o seu Deus.
Isaías 50.11 Eia! todos vós, que acendeis fogo, e vos cingis com tições acesos; andai entre as
labaredas do vosso fogo, e entre os tições que
ateastes! Isto vos sobrevirá da minha mão, e em tormentos jazereis.
90
Isaías 51
A Promessa da Justiça do Evangelho
Tal como Abraão, o povo de Deus foi tirado de
uma rocha de perdição da qual faziam parte, e de um profundo abismo de pecado que teve que ser
cavado profundamente para serem retirados de
lá.
Então, a profecia de Isaías 51 começa com uma
chamada para o povo de Deus à recordação de
qual era a sua condição anterior, antes de serem chamados por Ele.
Há uma buraco na rocha de onde fomos tirados,
e há uma caverna que ficou no abismo do qual
fomos cavados.
Isto nos torna humildes e nos faz recordar qual
seria a nossa condição se Jesus não tivesse nos
resgatado das rochas e profundezas deste mundo de pecado.
Portanto, a convocação para que Israel olhasse
para Abraão e Sara, nesta passagem particular
das Escrituras, não era naquela hora, para que
mirassem o exemplo de obediência deles, mas da misericórdia e graça do Senhor por tê-los
tirado de uma terra idólatra para formar a partir
deles um povo que andasse na verdade.
Assim como Paulo nos pede para olharmos para
o seu exemplo, por ter sido recebido por Deus, apesar de ter sido perseguidor da Igreja, não
para que contemplássemos a sua obediência e
piedade, mas para sermos encorajados a crer
91
que há no Senhor realmente uma infinita
longanimidade para salvar o principal dos
pecadores, como Paulo se classificou por ter
perseguido a igreja, antes da sua conversão.
Então, não somente Israel, como todos os gentios, podiam ter como certo e líquido que
Deus cumpriria o que havia prometido quanto a
salvar por sua exclusiva graça e misericórdia
àqueles que se aproximassem dele pela fé em Cristo.
Que Ele consolaria os que estivessem em Sião (a
posição espiritual de quem está unido a Cristo),
e todos os lugares assolados e o deserto seria
feito como o jardim do Éden (palavra hebraica para paraíso, que é o terceiro céu).
Por isso Jesus prometeu ao ladrão que foi crucificado ao seu lado, e que confiou nele, que
estaria ainda com Ele naquele mesmo dia no
paraíso.
Esta bem-aventurança é alcançada a partir deste
mundo, quando cremos em Cristo, e por isso gera alegria, regozijo, ação de graças e louvor,
por parte daqueles que a conquistam (v. 3b).
O povo do Senhor, particularmente Israel, que
se encontrava endurecido, é conclamado a
atender ao convite da salvação, porque a lei da
Nova Aliança não revogaria a Lei do Velho Testamento, mas alteraria a lei do sacerdócio,
porque seria instituído um novo sacerdócio, não
mais segundo a ordem de Arão, mas segundo a de Melquisedeque, cujo sumo sacerdote é
Cristo, e os sacerdotes, todos os que nele creem.
E isto seria luz para os povos (v. 4).
92
A justiça do evangelho foi prometida desde
Abraão, e estava sendo detalhada por meio de
Isaías, mas somente se manifestaria quando
viesse o Messias (o Ungido – Cristo).
Mas esta justiça que traz a salvação estava
próxima e o domínio do Messias se estenderia
pelo mundo dos gentios, até mesmo em suas ilhas, e eles aguardariam esta salvação
prometida (v. 5).
Esta salvação durará para sempre, por toda a eternidade para aqueles que a obtivessem,
porque a justiça com a qual seriam justificados
não pode ser revogada, e ainda que passem os
céus e a terra, no entanto, esta salvação durará para sempre (v. 6).
Somente este versículo de Isaías põe por terra
toda afirmação de que alguém salvo e remido pelo sangue de Cristo pode vir a perder a sua
salvação. Afirmar isto, é portanto desmentir a
Deus que afirma que ela durará para sempre.
Os que conhecem a justiça de Cristo, ou seja, os
que são justificados e que fazem parte do
verdadeiro Israel de Deus, e que têm a lei de
Deus escrita em seus corações, são encorajados no verso 7 a não temerem o opróbrio dos
homens, porque por causa do seu amor a Cristo
e ao evangelho, seriam rejeitados, desprezados
e perseguidos por muitos.
Assim são chamados no mesmo verso, a não
ficarem turbados com as suas injúrias contra
eles.
Estes opositores dos cristãos são na verdade
opositores de Cristo e da verdade do evangelho.
93
Por isso Jesus disse que quem rejeita a seus
discípulos está rejeitando a Ele próprio, porque
são apenas seus embaixadores a seu serviço, e a
mensagem que pregam não é da invenção deles, mas a revelação que receberam do céu,
conforme está registrada na Palavra, para que
seja pregada e ensinada.
Então, dos que se opõem ao evangelho é dito que
a traça os roerá como a um vestido, e o bicho os
comerá como a lã, isto é, eles serão destruídos pelo juízo de Deus no tempo oportuno.
Mas, os que foram salvos podem estar
sossegados porque a salvação que receberam do Senhor durará para sempre e para todas as
gerações, porque a justiça de Cristo, com a qual
somos justificados também será eterna (v. 8).
Assim como Deus havia agido com sinais e
prodígios nos dias de Moisés, de Josué, de Elias,
e outros, subjugando os seus inimigos, de igual
modo agiria na dispensação da graça, fazendo sinais e maravilhas através da Igreja e a
consequência disto seria alegria e júbilo (v. 9 a
11).
Não se deve negar a Cristo ou deixar de se
atender ao seu convite à salvação, por temor dos
homens, porque Ele nos consola, e não é mortal
como é o homem, e é o Criador de todas as coisas (v. 12, 13).
Quando Judá estivesse no exílio deveria manter a esperança do livramento, porque Deus
prometeu fazê-lo não apenas para trazê-los de
volta a Israel, mas para dar aos que cressem
94
nele, a salvação eterna que é por meio e por
causa de Cristo.
E estes que são livrados do cativeiro do espírito jamais tornarão para qualquer tipo de cativeiro,
e no fim haverão de prevalecer sobre todos os
seus opressores (v. 14 a 23).
Isaías 51.1 Ouvi-me vós, os que seguis a justiça, os
que buscais ao Senhor; olhai para a rocha donde
fostes cortados, e para a caverna do poço donde fostes cavados.
Isaías 51.2 Olhai para Abraão, vosso pai, e para
Sara, que vos deu à luz; porque ainda quando ele era um só, eu o chamei, e o abençoei e o
multipliquei.
Isaías 51.3 Porque o Senhor consolará a Sião; consolará a todos os seus lugares assolados, e
fará o seu deserto como o Edem e a sua solidão
como o jardim do Senhor; gozo e alegria se
acharão nela, ação de graças, e voz de cântico.
Isaías 51.4 Atendei-me, povo meu, e nação
minha, inclinai os ouvidos para mim; porque de
mim sairá a lei, e estabelecerei a minha justiça
como luz dos povos.
Isaías 51.5 Perto está a minha justiça, vem saindo
a minha salvação, e os meus braços governarão
os povos; as ilhas me aguardam, e no meu braço esperam.
Isaías 51.6 Levantai os vossos olhos para os céus
e olhai para a terra em baixo; porque os céus desaparecerão como a fumaça, e a terra se
envelhecerá como um vestido; e os seus
moradores morrerão semelhantemente; a
95
minha salvação, porém, durará para sempre, e a
minha justiça não será abolida.
Isaías 51.7 Ouvi-me, vós que conheceis a justiça,
vós, povo, em cujo coração está a minha lei; não
temais o opróbrio dos homens, nem vos turbeis
pelas suas injúrias.
Isaías 51.8 Pois a traça os roerá como a um
vestido, e o bicho os comerá como à lã; a minha justiça, porém, durará para sempre, e a minha
salvação para todas as gerações.
Isaías 51.9 Desperta, desperta, veste-te de força,
ó braço do Senhor; desperta como nos dias da
antiguidade, como nas gerações antigas.
Porventura não és tu aquele que cortou em pedaços a Raabe, e traspassou ao dragão,
Isaías 51.10 Não és tu aquele que secou o mar, as águas do grande abismo? o que fez do fundo do
mar um caminho, para que por ele passassem os
remidos?
Isaías 51.11 Assim voltarão os resgatados do
Senhor, e virão com júbilo a Sião; e haverá perpétua alegria sobre as suas cabeças; gozo e
alegria alcançarão, a tristeza e o gemido fugirão.
Isaías 51.12 Eu, eu sou aquele que vos consola; quem, pois, és tu, para teres medo dum homem,
que é mortal, ou do filho do homem que se
tornará como feno;
Isaías 51.13 e te esqueces de Senhor, o teu
Criador, que estendeu os céus, e fundou a terra, e temes continuamente o dia todo por causa do
furor do opressor, quando se prepara para
destruir? Onde está o furor do opressor?
96
Isaías 51.14 O exilado cativo depressa será solto,
e não morrerá para ir à sepultura, nem lhe
faltará o pão.
Isaías 51.15 Pois eu sou o Senhor teu Deus, que agita o mar, de modo que bramem as suas ondas.
O Senhor dos exércitos é o seu nome.
Isaías 51.16 E pus as minhas palavras na tua boca,
e te cubro com a sombra da minha mão; para
plantar os céus, e para fundar a terra, e para dizer a Sião: Tu és o meu povo.
Isaías 51.17 Desperta, desperta, levanta-te, ó
Jerusalém, que bebeste da mão do Senhor o
cálice do seu furor; que bebeste da taça do
atordoamento, e a esgotaste.
Isaías 51.18 De todos os filhos que ela teve, nenhum há que a guie; e de todos os filhos que
criou, nenhum há que a tome pela mão.
Isaías 51.19 Estas duas coisas te aconteceram;
quem terá compaixão de ti? a assolação e a ruína, a fome e a espada; quem te consolará?
Isaías 51.20 Os teus filhos já desmaiaram, jazem
nas esquinas de todas as ruas, como o antílope
tomado na rede; cheios estão do furor do
Senhor, e da repreensão do teu Deus.
Isaías 51.21 Pelo que agora ouve isto, ó aflita, e embriagada, mas não de vinho.
Isaías 51.22 Assim diz o Senhor Deus e o teu
Deus, que pleiteia a causa do seu povo: Eis que
eu tiro da tua mão a taça de atordoamento e o
cálice do meu furor; nunca mais dele beberás;
Isaías 51.23 mas pô-lo-ei nas mãos dos que te
afligem, os quais te diziam: Abaixa-te, para que
passemos sobre ti; e tu puseste as tuas costas
97
como o chão, e como a rua para os que
passavam.
98
Isaías 52
A Proteção de Deus para o seu Povo
Enquanto Israel estava no cativeiro o nome de
Deus era blasfemado todos os dias pelos inimigos do seu povo, porque davam glória aos
seus deuses por terem triunfado, segundo o seu
parecer, sobre o povo de Israel (Is 52.5).
Mas o Senhor declara neste 52º capítulo de
Isaías, que não havia vendido Israel por preço, a
nenhum povo inimigo e a nenhum falso deus.
Eles haviam sido vendidos sim, mas Deus não recebera nenhum preço ou recompensa pelo
fato de Israel ter sido vendido, porque saiu de
debaixo do seu domínio, em sua própria terra,
para estar debaixo do domínio de Babilônia.
Como não haviam sido vendidos por nada,
também por nada seriam resgatados. Ou seja, Deus não exigiria nada em troca para poder
reaver a sua propriedade, a saber, o povo de
Israel (v. 6). Ele os resgataria então do cativeiro com o seu braço forte.
O mesmo ocorre com todos os que são salvos por Cristo na dispensação da graça. Eles foram
comprados por Cristo para Deus, não com
dinheiro, mas com o seu precioso sangue.
Nada lhes foi cobrado, e ninguém pagou e nem
poderia pagar a Deus qualquer coisa para que fosse comprado para Ele. Porque somente
aceitaria o preço de resgate que foi pago por
Jesus.
99
Os salvos seriam comprados para habitarem
para sempre em Jerusalém, não mais
juntamente com qualquer incircunciso de
coração.
Porque a Nova Jerusalém será habitada somente
pelos santos do Senhor (v. 1).
A atitude dos que têm alcançado tais promessas
é a de despertarem do sono, e vigiarem, e de se
vestirem da força da graça do Senhor, e
vestirem as suas vestes formosas da justiça de Cristo.
Devem se sacudir do pó, se levantar e descansar
na liberdade que alcançaram no Senhor, se
soltando das ataduras dos jugos de servidão que estavam em seus pescoços (v. 1, 2).
O Senhor mesmo se manifestaria em Sião, em
pessoa, habitando entre os homens, e o seu povo o reconheceria (v. 6).
Boas novas de salvação (o evangelho) passariam
a ser proclamadas desde então, e se diz que são muito formosos os pés de quem anuncia as boas
novas e que proclama a paz de Cristo e as suas
bênçãos e salvação, e que diz a Sião que Ele é
Deus e Rei (v. 7).
Os atalaias (cristãos) devem estar reunidos e
levantarem a sua voz em exultação ao Senhor,
porque contemplam com os olhos do espírito o
retorno do Senhor a Sião.
A glória do Senhor havia se retirado do templo
quando os judeus foram levados para o cativeiro
de Babilônia.
Mas, a glória de Deus estava vindo
pessoalmente ao seu povo na pessoa de Jesus
100
Cristo, então isto deveria ser celebrado com
clamores e cânticos de júbilo por todos os seus
servos, porque Jesus remiria o seu povo e
também a Jerusalém (v. 8, 9).
A profecia deste 52º capítulo tanto se destinava a encorajar a Judá a sair do cativeiro em
Babilônia quando Ciro os libertasse, como
também à Igreja, para não permanecer amando
o mundo, desde que Cristo se manifestou libertando-a do cativeiro do pecado.
Afinal, o Senhor desnudou o seu santo braço à
vista de todas as nações; e todos os confins da
terra verão a salvação do nosso Deus (v. 10, 11).
Judá deveria se lembrar desta profecia quando
saísse de Babilônia, para que não saíssem
apressada e apavoradamente, pelo temor de haver uma possibilidade de serem aprisionados
de novo, porque seria o braço do Senhor que os
libertaria, e Jesus iria adiante deles, e Deus Pai
os protegeria pela retaguarda (v. 12).
Os cristãos não devem temer Satanás e fugirem por temor dele, depois de terem sido salvos por
Cristo, porque estão debaixo da mesma
proteção de Deus.
Esta grande salvação seria realizada por Cristo,
que tomaria a forma de servo, como se afirma no
livro de Isaías e em Filipenses, apesar de ser prudente, exaltado, elevado e mui sublime (v.
13). No entanto, na sua glória, por ocasião da sua
segunda vinda, estaria com o seu rosto muito diferente da aparência comum dos seres
humanos, e muitos ficarão pasmados com a sua
aparência e espantará muitas nações, e por sua
101
causa, reis ficarão calados e verão com os
próprios olhos o que não tinham ouvido e que
lhes não havia sido anunciado, porque seus
ouvidos estavam surdos para ouvirem a verdade, e seus olhos espirituais cegos para a
enxergarem, mas agora entenderão aquilo não
tinham ouvido, porque Cristo virá em aparência visível com poder e grande glória para julgar o
mundo (v. 14, 15).
Isaías 52.1 Desperta, desperta, veste-te da tua
fortaleza, Sião; veste-te dos teus vestidos formosos, ó Jerusalém, cidade santa; porque
nunca mais entrará em ti nem incircunciso nem
imundo.
Isaías 52.2 Sacode-te do pó; levanta-te, e assenta-
te, ó Jerusalém; solta-te das ataduras de teu pescoço, ó cativa filha de Sião.
Isaías 52.3 Porque assim diz o Senhor: Por nada fostes vendidos; e sem dinheiro sereis
resgatados.
Isaías 52.4 Pois assim diz o Senhor Deus: O meu
povo desceu no princípio ao Egito, para
peregrinar lá, e a Assíria sem razão o oprimiu.
Isaías 52.5 E agora, que acho eu aqui? diz o
Senhor, pois que o meu povo foi tomado sem
nenhuma razão, os seus dominadores dão uivos sobre ele, diz o Senhor; e o meu nome é
blasfemado incessantemente o dia todo!
Isaías 52.6 Portanto o meu povo saberá o meu
nome; portanto saberá naquele dia que sou eu o
que falo; eis-me aqui.
102
Isaías 52.7 Quão formosos sobre os montes são
os pés do que anuncia as boas-novas, que
proclama a paz, que anuncia coisas boas, que
proclama a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!
Isaías 52.8 Eis a voz dos teus atalaias! eles
levantam a voz, juntamente exultam; porque de
perto contemplam a volta do Senhor a Sião.
Isaías 52.9 Clamai cantando, exultai juntamente, desertos de Jerusalém; porque o Senhor
consolou o seu povo, remiu a Jerusalém.
Isaías 52.10 O Senhor desnudou o seu santo
braço à vista de todas as nações; e todos os
confins da terra verão a salvação do nosso Deus.
Isaías 52.11 Retirai-vos, retirai-vos, saí daí, não toqueis coisa imunda; saí do meio dela,
purificai-vos, os que levais os vasos do Senhor.
Isaías 52.12 Pois não saireis apressadamente,
nem ireis em fuga; porque o Senhor irá diante de vós, e o Deus de Israel será a vossa
retaguarda.
Isaías 52.13 Eis que o meu servo procederá com
prudência; será exaltado, e elevado, e mui
sublime.
Isaías 52.14 Como pasmaram muitos à vista dele (pois o seu aspecto estava tão desfigurado que
não era o de um homem, e a sua figura não era a
dos filhos dos homens),
Isaías 52.15 assim ele espantará muitas nações;
por causa dele reis taparão a boca; pois verão aquilo que não se lhes havia anunciado, e
entenderão aquilo que não tinham ouvido.
103
Isaías 53
Profecia de Isaías Sobre a Morte e Obra de Jesus
Nós vemos em Isaías 53 que apesar da
excelência da pessoa do Messias Ele não
realizaria o seu ministério terreno de modo a
obter fama mundana, e reconhecimento
natural e carnal das pessoas, bem como o seu aplauso.
Ele veio dar testemunho da verdade ao mundo
mergulhado nas trevas do pecado, e amarrado aos grilhões de Satanás.
Não seria portanto popular e agradável aos que amam o mundo.
Por isso se diz em Is 53.1:
“Quem deu crédito à nossa pregação? e a quem
se manifestou o braço do Senhor?”
É dito no verso 2 que a razão disto é que Jesus “foi
crescendo como renovo perante ele, e como raiz
que sai duma terra seca; não tinha formosura nem beleza; e quando olhávamos para ele,
nenhuma beleza víamos, para que o
desejássemos.”.
Isto não significa que era de aparência feia e
repulsiva, mas que não era alguém que usava os
recursos que o mundo costuma usar para enganar e alcançar os corações dos homens,
conforme costuma fazer a maioria daqueles que
são idolatrados e admirados pelo mundo.
Por isso se diz no verso 3 que Jesus “Era
desprezado, e rejeitado dos homens; homem de
104
dores, e experimentado nos sofrimentos; e,
como um de quem os homens escondiam o
rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso
algum.”.
Agora é dito a partir do verso 4 qual era o
objetivo e comportamento de Cristo que fizeram com que angariasse tal reputação.
Ele veio a este mundo para morrer por nós numa rude cruz de madeira.
Deus revelou ao profeta Isaías, o fato, a sua causa e consequência.
O fato: Cristo carregou sobre si as nossas
enfermidades e as nossas dores, e fizera isto sofrendo em nosso lugar, sendo afligido,
oprimido e ferido pelo desígnio do Pai, porque
isto estava ajustado desde antes da fundação do
mundo, a saber, que Ele deveria morrer para poder nos remir dos nossos pecados (v. 4),
A causa: “ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas
iniquidades;” (v. 5a).
Não foi por algum pecado nele, que sofreu
aquilo tudo, mas por causa das nossas próprias
transgressões e iniquidades.
A consequência: “o castigo que nos traz a paz
estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos
sarados.” (v. 5b).
Somos reconciliados com Deus, ao crermos em
Cristo, porque temos paz com o Pai, por meio dele, por causa de termos sido justificados pela
sua morte e ressurreição, pela graça, mediante
a fé.
105
A guerra com Deus acabou para os que são de
Cristo.
Eles foram resgatados da maldição da Lei e da
ira de Deus contra o pecado, porque Jesus sofreu
o castigo que lhes era destinado ficando no seu lugar, como culpado, no tribunal de Deus.
Assim, para aqueles que andavam desgarrados como ovelhas, se desviando cada um pelo seu
próprio caminho, sem poderem andar no
caminho de Deus, para que pudessem ser achados, estes que se encontravam perdidos,
Deus fez cair sobre Cristo a iniquidade de todos
eles (v. 6).
E o fizera permitindo que Jesus fosse oprimido e
afligido nas mãos dos pecadores, no entanto, Ele
não abriu a sua boca para se defender, não porque não fosse justo que o fizesse, porque
afinal não tinha qualquer culpa, mas Ele
voluntariamente, tal como ovelha que
permanece perante seus tosquiadores, nada disse em sua defesa porque sabia que importava
se entregar para que pudéssemos ser livrados da
condenação eterna que pairava sobre nós (v. 7).
No entanto, poucos sabiam deste mistério, e até
o próprio Pedro havia tentado, por inspiração de Satanás, dissuadi-lo de não morrer em
Jerusalém, por causa do afeto que sentia por Ele.
Mas foi repreendido porque Ele viera a este
mundo exatamente para o propósito de se
oferecer como sacrifício por nós, porque é o único Cordeiro que sendo sacrificado, poderia
remover o pecado e a culpa do povo de Deus para
sempre.
106
Então seria por meio de opressão e por um juízo
errado dos homens que Ele seria morto, mas,
como Isaías pergunta: “quem dentre os da sua
geração considerou que ele fora cortado da terra dos viventes, ferido por causa da
transgressão do meu povo?” (v. 8); Deus mataria
a morte com aquela morte do seu Filho na cruz. Este era o objetivo de ambos, e deveria ser
cumprido, conforme havia sido ajustado na
Trindade, desde antes dos tempos eternos.
Então, diferentemente daquilo que os judeus
costumavam pensar, o Messias morreria,
apesar de ser perfeito Deus e perfeito homem, portanto, não por qualquer imperfeição nele,
mas por causa da imperfeição daqueles que
seriam salvos por aquela morte.
Ele seria sepultado do mesmo modo como são
sepultados os ímpios, porque foi considerado um malfeitor pelos que o julgaram.
Mas estaria com o rico na sua morte, porque foi o rico José de Arimateia que lhe deparou o lugar
onde fora sepultado.
No entanto, isto não significava que fosse um
malfeitor, porque o profeta afirma que isto
sucedeu “embora nunca tivesse cometido injustiça, nem houvesse engano na sua boca.” (v.
9).
Ele não tinha pecado algum, mas foi da vontade
do Pai esmagar o Filho, fazendo-o enfermar
(enfraquecer e ser ferido) porque importava que fosse dado como oferta pelo pecado, porque
ressuscitaria, porque é dito que veria a sua
posteridade, ou seja, os que descenderiam dele
107
como filhos de Deus, e os seus dias seriam
prolongados porque importa que a vontade do
Pai prosperasse em suas mãos, a saber, é Ele que
recebeu do Pai a responsabilidade de conduzir o seu povo (v. 10).
Assim, Ele não seria retido pela morte, porque é
dito que veria o fruto do trabalho da sua alma, e que ficaria satisfeito com o seu resultado,
porque justificaria a muitos com a sua justiça,
porque carregou as iniquidades deles sobre si (v.
11).
Pelo seu trabalho o Pai lhe daria um galardão,
honra e glória inigualáveis, por causa da sua
morte, não fazendo caso de ser contado como se fosse um transgressor, não o sendo, entretanto,
foi por causa disto que pôde tomar sobre si o
pecado de muitos, veja que não se diz de todos,
porque tomou os pecados daqueles que nele creem, de maneira que se tivesse tomado de
todos, os ímpios não poderiam ser condenados
no juízo final.
Então é por estes transgressores que se
arrependerão e que se arrependem de seus
pecados, que Ele intercede, conforme podemos
ver em sua oração sacerdotal em João 17 (v 12).
Isaías 53.1 Quem deu crédito à nossa pregação? e a quem se manifestou o braço do Senhor?
Isaías 53.2 Pois foi crescendo como renovo
perante ele, e como raiz que sai duma terra seca; não tinha formosura nem beleza; e quando
olhávamos para ele, nenhuma beleza víamos,
para que o desejássemos.
108
Isaías 53.3 Era desprezado, e rejeitado dos
homens; homem de dores, e experimentado nos
sofrimentos; e, como um de quem os homens
escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.
Isaías 53.4 Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as
nossas dores; e nós o reputávamos por aflito,
ferido de Deus, e oprimido.
Isaías 53.5 Mas ele foi ferido por causa das
nossas transgressões, e esmagado por causa das
nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz
estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
Isaías 53.6 Todos nós andávamos desgarrados
como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a
iniquidade de todos nós.
Isaías 53.7 Ele foi oprimido e afligido, mas não
abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao
matadouro, e como a ovelha que é muda perante
os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca.
Isaías 53.8 Pela opressão e pelo juízo foi
arrebatado; e quem dentre os da sua geração
considerou que ele fora cortado da terra dos viventes, ferido por causa da transgressão do
meu povo?
Isaías 53.9 E deram-lhe a sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte, embora
nunca tivesse cometido injustiça, nem
houvesse engano na sua boca.
Isaías 53.10 Todavia, foi da vontade do Senhor
esmagá-lo, fazendo-o enfermar; quando ele se
109
puser como oferta pelo pecado, verá a sua
posteridade, prolongará os seus dias, e a
vontade do Senhor prosperará nas suas mãos.
Isaías 53.11 Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu
conhecimento o meu servo justo justificará a
muitos, e as iniquidades deles levará sobre si.
Isaías 53.12 Pelo que lhe darei o seu quinhão com
os grandes, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma até a
morte, e foi contado com os transgressores; mas
ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu.
110
Isaías 54
Predições de Isaías Quanto à Formação da Igreja
Como foi predita no capítulo 53 de Isaías a
morte de Cristo, então no 54º é declarada a
formação, extensão, glória e alegria da Igreja.
Porque Jesus morreu para fundar a sua Igreja,
sobre o firme fundamento que é Ele próprio.
A Igreja é o fruto da sua morte. É parte da recompensa de Cristo pela sua morte.
Afinal foi com aquela morte que Ele comprou pessoas de todas as nações, povos, tribos e
línguas para Deus.
Se a Igreja, em linguagem espiritual e profética,
era uma mulher, então não era casada e era
estéril.
Mas, em Cristo ela terá um marido
extraordinariamente fecundo que lhe dará muitos filhos (v. 1).
Deus havia se casado com Israel na Antiga Aliança, mas deste casamento obteve poucos
filhos, a saber, pessoas que O conhecessem de
fato.
Mas do casamento do novo Israel, a Igreja, com
Cristo, numa Nova Aliança, Deus se proveria de
muitos filhos, não somente em Israel, mas em todas as nações da terra.
Então a Igreja é chamada a cantar alegremente
por causa do excelente acréscimo de filhos ao
seu reino, que Deus obteria através desta esposa
111
auxiliadora de Cristo, no seu trabalho de prover
o Pai de muitos filhos.
Dos seus humildes começos, desde o Pentecostes em Jerusalém, com o derramar
inicial do Espírito Santo, a família de Deus
aumentaria extraordinariamente, de modo que é ordenado que o lugar da tenda (habitação),
fosse ampliado, porque seria imensa a sua
posteridade em todas as nações, ou seja, o
número de filhos de Deus aumentaria muito em toda a terra, com o passar dos anos (v. 2,3).
O verso 4 de Isaías 54 tem muitas aplicações,
mas se aplica de modo muito especial aos períodos da história da Igreja, em que ela
passasse por decadências, de forma a ser
encorajada a dar continuação à obra
missionária, porque a promessa de Deus é a de que ela nunca será envergonhada no seu
trabalho para Ele, e não poderá permanecer
debaixo de permanente afronta, e quando a obra
prosperar em suas mãos deve esquecer do opróbrio da vergonha dos dias anteriores e da
viuvez, quando andou sem que tivesse ao
Senhor como seu marido (v. 4).
No entanto, Deus nunca deixou ou deixará de
ser o marido da Igreja, porque o laço que Lhe
une a ela é de caráter matrimonial, a saber,
indissolúvel (v. 6).
Jesus se casou com uma noiva pobre e sem dotes
e capacitações. Ele se casou com uma mulher (cristãos antes da conversão) desamparada e
triste de espírito, como se fora uma mulher que
havia sido repudiada (v. 6).
112
Se Deus esconder o seu rosto daqueles que são
verdadeiramente seus filhos, por causa do
andar desordenado deles, Ele o fará por um
momento, mas tem prometido se compadecer deles com benignidade eterna (v. 7, 8)
Porque assim como Ele havia prometido a Noé que não mais destruiria a terra com as águas de
um dilúvio, também jurou que não traria mais a
nenhum de seus filhos debaixo da sua ira, para
efeito de condenação eterna e nem para uma repreensão eterna (v. 9), porque os aceitou
inteiramente por causa da obra perfeita que
Cristo consumou em favor da sua redenção,
quando morreu na cruz.
Montanhas serão removidas, mas não a
benignidade do Senhor, de sobre a Igreja,
conforme tem prometido nos versos 9 e 10, porque a Nova Aliança que fez com o seu povo
por meio de Cristo, tem um caráter eterno,
diferente da aliança que havia feito através da
mediação de Moisés, que era transitória.
Isto porque esta não é uma aliança de obras, mas
de misericórdia, de graça, que leva Deus a se
compadecer de todos os seus filhos, por causa de Cristo (v. 10 b).
Então as promessas, para o porvir relativo à
Igreja, são gloriosas, conforme se lê nos versos 11 a 17, de forma que as portas do inferno e
nenhum intento maligno poderá prevalecer
contra ela, porque é o Senhor quem a sustém e é a sua Rocha, por causa da obra perfeita de
justificação que Ele obteve para os seus servos
(v. 17).
113
Isaías 54.1 Canta, alegremente, ó estéril, que não
deste à luz; exulta de prazer com alegre canto, e
exclama, tu que não tiveste dores de parto;
porque mais são os filhos da desolada, do que os filhos da casada, diz o Senhor.
Isaías 54.2 Amplia o lugar da tua tenda, e estendam-se as cortinas das tuas habitações;
não o impeças; alonga as tuas cordas, e firma
bem as tuas estacas.
Isaías 54.3 Porque trasbordarás para a direita e
para a esquerda; e a tua posteridade possuirá as
nações e fará que sejam habitadas as cidades assoladas.
Isaías 54.4 Não temas, porque não serás envergonhada; e não te envergonhes, porque
não sofrerás afrontas; antes te esquecerás da
vergonha da tua mocidade, e não te lembrarás mais do opróbrio da tua viuvez.
Isaías 54.5 Pois o teu Criador é o teu marido; o Senhor dos exércitos é o seu nome; e o Santo de
Israel é o teu Redentor, que é chamado o Deus
de toda a terra.
Isaías 54.6 Porque o Senhor te chamou como a
mulher desamparada e triste de espírito; como a
mulher da mocidade, que fora repudiada, diz o teu Deus:
Isaías 54.7 Por um breve momento te deixei, mas com grande compaixão te recolherei;
Isaías 54.8 num ímpeto de indignação escondi de ti por um momento o meu rosto; mas com
benignidade eterna me compadecerei de ti, diz
o Senhor, o teu Redentor.
114
Isaías 54.9 Porque isso será para mim como as
águas de Noé; como jurei que as águas de Noé
não inundariam mais a terra, assim também
jurei que não me irarei mais contra ti, nem te repreenderei.
Isaías 54.10 Pois as montanhas se retirarão, e os
outeiros serão removidos; porém a minha benignidade não se apartará de ti, nem será
removido ao pacto da minha paz, diz o Senhor,
que se compadece de ti.
Isaías 54.11 e aflita arrojada com a tormenta e
desconsolada eis que eu assentarei as tuas
pedras com antimônio, e lançarei os teus
alicerces com safiras.
Isaías 54.12 Farei os teus baluartes de rubis, e as
tuas portas de carbúnculos, e toda a tua muralha
de pedras preciosas.
Isaías 54.13 E todos os teus filhos serão
ensinados do Senhor; e a paz de teus filhos será
abundante.
Isaías 54.14 Com justiça serás estabelecida;
estarás longe da opressão, porque já não
temerás; e também do terror, porque a ti não
chegará.
Isaías 54.15 Eis que embora se levantem
contendas, isso não será por mim; todos os que
contenderem contigo, por causa de ti cairão.
Isaías 54.16 Eis que eu criei o ferreiro, que
assopra o fogo de brasas, e que produz a
ferramenta para a sua obra; também criei o
assolador, para destruir.
Isaías 54.17 Não prosperará nenhuma arma
forjada contra ti; e toda língua que se levantar
115
contra ti em juízo, tu a condenarás; esta é a
herança dos servos do Senhor, e a sua
justificação que de mim procede, diz o Senhor.
116
Isaías 55
O Bem Mais Precioso Por Cuja Aquisição Não se Paga
Em Isaías 55 vemos que o evangelho é para os
que têm fome e sede de justiça.
A mesa do banquete está pronta e tudo o que de
nós se exige é apetite. É tudo de graça.
Por isso, o convite da salvação é dirigido a todos os que têm sede para que venham às águas da
salvação, e que poderão adquirir (comprar) o
vinho espiritual da alegria, e o leite racional que
nos alimenta que é a graça de Cristo, que acompanha o evangelho, para sermos
alimentados por ela, sem dinheiro e sem preço
(v. 1).
Diz-se, portanto, que todo esforço e gasto de
dinheiro para obter a salvação é vão, porque a salvação verdadeira que Deus está operando
pelo Filho, é completamente gratuita.
A boa comida espiritual, e o tutano divino são
achados somente na mesa de Cristo, e não nas
mãos dos que fazem da religião ocasião de comércio (v. 2).
A mensagem do evangelho deve ser ouvida
atentamente, pela voz dos ungidos do Senhor,
através dos quais Cristo fala, para que pessoas se convertam a Ele, para entrarem na aliança
eterna, que Ele havia prometido como sendo
firmes beneficências a Davi (v. 3).
117
Estas firmes beneficências a Davi são citadas
também em passagens do Novo Testamento,
como em At 13.34.
“Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei
uma aliança perpétua, dando-vos as fiéis
misericórdias prometidas a Davi.” (Is 55.3).
É maravilhoso saber que as últimas palavras que Davi falou pelo Espírito, apontaram para esta
aliança segura e eterna.
Deus fez uma aliança conosco em Jesus Cristo, e
nós aprendemos das suas palavras pela boca de Davi que é uma aliança perpétua.
Perpétua em si mesma e na forma do seu
caráter, manutenção, continuação e
confirmação. Deus diz também pela boca de Davi que é bem ordenada e segura (v. 5).
Esta aliança está bem ordenada por Deus em
todas as coisas que dizem respeito a ela.
Esta ordenação perfeita trabalhará em meio às
imperfeições dos cristãos e os aperfeiçoará progressivamente, para a glória de Deus, de
modo que se a obra não for completada na terra,
ele o será no céu.
E para isso a aliança possui um Mediador e um Consolador para promover a santidade e o
conforto dos cristãos.
Está ordenado também QUE TODA
TRANSGRESSÃO NA ALIANÇA NÃO LANÇARÁ FORA A QUALQUER DOS ALIANÇADOS.
Por isso Jesus afirma que na lançará fora de
modo nenhum, a qualquer que vier a Ele.
118
Assim, a segurança da salvação não é colocada
nas mãos dos cristãos, mas nas mãos do
Mediador.
E se diz que a aliança é segura porque está assim
bem ordenada por Deus.
Ela foi planejada de tal modo a poder conduzir
pecadores ao céu.
Ela está tão bem estruturada que qualquer um deles pode ter a certeza de que estará sendo
aperfeiçoado na terra e a conclusão desta obra
de aperfeiçoamento será concluída no céu.
E uma das razões para que o aperfeiçoamento
não seja concluído na terra, é para que se saiba
que a aliança é de fato para pecadores, e não para quem se considera perfeitamente justo,
embora todos os aliançados sejam chamados
agora a se empenharem na prática da justiça.
As misericórdias prometidas aos aliançados é
segura, e operarão de acordo com as condições
estabelecidas em relação à necessidade de
arrependimento e fé.
A aplicação particular destas misericórdias para
santificar os cristãos é segura.
É segura porque é suficiente.
Nada mais do que isto nos salvará, porque a base da salvação repousa na fidelidade de Deus em
cumprir a promessa que Ele fez à casa de Davi, a
todo aquele que for encontrado nela, por causa
da sua fé no descendente, no Filho de Davi que é Cristo.
É somente disto que a nossa salvação depende.
Muitos podem pensar que quando se conclama,
na profecia de Isaías, ao ímpio a deixar o seu
119
caminho e o homem maligno os seus
pensamentos para se voltar para o Senhor, para
achar misericórdia e perdão, porque se diz que
Deus é rico em perdoar, que isto não se aplique às pessoas perversas.
No entanto, é um convite a todas as pessoas
porque não há quem não peque, e Cristo veio
salvar e justificar ímpios (Rom 4.5), de forma que aquele que se julgar justo e bom a seus
próprios olhos jamais poderá ser salvo por
Cristo, porque Ele salva aqueles que se
reconhecem pecadores.
Para esclarecer este ponto, para que ninguém
fizesse uma avaliação errada relativa à sua real
condição diante de Deus, Ele declarou que os
seus pensamentos não são os nossos pensamentos, nem os nossos caminhos os seus
caminhos (v. 8).
Se nos compararmos com outras pessoas é
possível que nos achemos bons e justos.
Mas se contemplarmos os que estão no céu, especialmente ao próprio Deus em sua perfeita
santidade e glória, nós veremos quão
imperfeitos somos.
E clamaremos tal como Isaías fizera no capítulo sexto, quando viu a santidade e glória com que
os serafins louvavam ao Senhor no seu trono de
glória.
Por isso se ordena que olhemos para Cristo para que sejamos salvos, porque somente quando
contemplamos a majestade da sua santidade, é
que podemos enxergar qual é o nosso real
120
quadro de miséria e de necessidade que temos
de sermos salvos por Ele.
Então esta salvação não será achada em nós mesmos. Porque ela nos vem inteiramente
destes caminhos e pensamentos elevados de
Deus que procedem do céu e não da terra.
É do alto que a graça e o Espírito são
derramados, e por isso somos conclamados a
olhar para o alto, para Cristo, para o tesouro do
céu e não para o que é terreno, quando o assunto se refere à nossa salvação.
Esta salvação vem do alto, mas a Palavra que
salva foi revelada por Cristo na terra, e está não apenas na Bíblia, mas junto da nossa boca e
coração, para que façamos a confissão da fé no
seu nome e senhorio, para que sejamos salvos.
Deus pôs esta autoridade para nos salvar na sua
Palavra. A palavra do evangelho é a semente que
contém a vida eterna.
De maneira que todo o que crê na Palavra da
verdade será salvo, porque esta Palavra gerará
em seu coração a fé pela qual Deus o salvará. Por
isso Ele afirma o que se lê em Is 55.10,11.
Estes que crerem no evangelho e forem salvos
sairiam dando testemunho por todas as partes
com a alegria e a paz com que seriam guiados
pelo Espírito Santo, e por onde passarem anunciando as boas novas, a maldição será
transformada em bênção porque se diz que em
vez de espinheiros e sarças, cresceriam a faia e a murta que são plantas ornamentais. E isto
seria para o Senhor um nome e um sinal eterno
que nunca se apagará (v. 12, 13).
121
Isaías 55.1 Ó vós, todos os que tendes sede, vinde
às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde,
comprai, e comei; sim, vinde e comprai, sem
dinheiro e sem preço, vinho e leite.
Isaías 55.2 Por que gastais o dinheiro naquilo que
não é pão! e o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? ouvi-me atentamente,
e comei o que é bom, e deleitai-vos com a
gordura.
Isaías 55.3 Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a
mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque
convosco farei um pacto perpétuo, dando-vos as firmes beneficências prometidas a Davi.
Isaías 55.4 Eis que eu o dei como testemunha aos povos, como príncipe e governador dos povos.
Isaías 55.5 Eis que chamarás a uma nação que
não conheces, e uma nação que nunca te conheceu a ti correrá, por amor do Senhor teu
Deus, e do Santo de Israel; porque ele te
glorificou.
Isaías 55.6 Buscai ao Senhor enquanto se pode
achar, invocai-o enquanto está perto.
Isaías 55.7 Deixe o ímpio o seu caminho, e o
homem maligno os seus pensamentos; volte-se
ao Senhor, que se compadecerá dele; e para o nosso Deus, porque é generoso em perdoar.
Isaías 55.8 Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos
caminhos os meus caminhos, diz o Senhor.
Isaías 55.9 Porque, assim como o céu é mais alto
do que a terra, assim são os meus caminhos
mais altos do que os vossos caminhos, e os meus
122
pensamentos mais altos do que os vossos
pensamentos.
Isaías 55.10 Porque, assim como a chuva e a neve
descem dos céus e para lá não tornam, mas
regam a terra, e a fazem produzir e brotar, para
que dê semente ao semeador, e pão ao que come,
Isaías 55.11 assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia,
antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo
para que a enviei.
Isaías 55.12 Pois com alegria saireis, e em paz
sereis guiados; os montes e os outeiros
romperão em cânticos diante de vós, e todas as
árvores de campo baterão palmas.
Isaías 55.13 Em lugar do espinheiro crescerá a
faia, e em lugar da sarça crescerá a murta; o que será para o Senhor por nome, por sinal eterno,
que nunca se apagará.
123
Isaías 56
À vista de tão grandiosas promessas, os
judeus deveriam emendar o seu caminhar
perante o Senhor e guardarem os seus
mandamentos, especialmente as prescrições relativas ao sábado, que era um dia separado
para Deus ser adorado por todos os israelitas.
Os judeus voltariam à sua própria terra depois
que fossem libertados de Babilônia por Ciro, e o
culto do templo seria restaurado, e até que o Messias viesse inaugurar a Nova Aliança,
prometida nos capítulos anteriores, eles
deveriam ser fiéis aos termos da Antiga Aliança,
que ainda se encontrava em vigor naqueles dias, como prova da sua confiança nas boas
promessas que Deus havia feito não somente
em relação a Israel, como também em relação
aos gentios.
Por isso, lemos nos versos 1 a 3 referências tanto ao procedimento que deveria existir nos
israelitas tanto quanto nos gentios que se
unissem a eles na sua devoção ao Senhor.
Em Cristo a barreira de separação entre judeus
e gentios cairia, porque seria formado nele um só rebanho e um só povo para Deus. Então no
seu retorno a Jerusalém, depois do cativeiro,
ambos deveriam colocar em prática tal viver em convivência pacífica no culto prestado a Deus,
antecipando assim os dias que seriam vividos na
dispensação da graça, sob o governo de Cristo.
124
Este capítulo tem também o propósito de
esclarecer que o fato de estar sob a graça não
significaria que o povo de Deus não teria mais
nenhum mandamento para cumprir. Ao contrário, Cristo tem lei para o seu povo. E o
modo de viver para Deus é guardando os seus
mandamentos.
A lei não seria revogada. Mas os crentes não
estariam mais debaixo da maldição da lei. E
também não seriam justificados pela lei, mas pela graça. Isto não significa que era pela lei que
alguém era justificado na Antiga Aliança,
porque Deus sempre salvou pela graça,
mediante a fé, conforme exemplificado na pessoa de Abraão, muito antes de ter dado a Lei
a Moisés.
Barreiras de separação impostas no regime da lei cairiam, mas não a lei propriamente dita.
A aliança antiga seria revogada mas não a lei.
Deus usaria de infinita longanimidade na
dispensação da graça, mas isto não significa que
estava dando abertura para que abusássemos de tal longanimidade.
Ele adiaria o juízo condenatório, mas isto não
significava que não viria o dia do juízo e da condenação, depois de fechado o período da
graça.
Então, este capítulo é um alerta para não se pensar que estar debaixo da graça e não da lei,
significa ter liberdade para pecar e continuar
sendo agradável a Deus.
Tanto é um alerta para estas coisas referidas que
na parte final do capítulo (versos 10 a 12) há uma
125
forte repreensão contra os maus pastores, que
não apascentam as ovelhas no caminho do
Senhor, senão por interesse pessoal e para fins
perversos.
“1 Assim diz o Senhor: Mantende a retidão, e fazei justiça; porque a minha salvação está
prestes a vir, e a minha justiça a manifestar-se.
2 Bem-aventurado o homem que fizer isto, e o
filho do homem que lançar mão disto: que se abstém de profanar o sábado, e guarda a sua
mão de cometer o mal.
3 E não fale o estrangeiro, que se houver unido ao Senhor, dizendo: Certamente o Senhor me
separará do seu povo; nem tampouco diga o
eunuco: Eis que eu sou uma árvore seca.
4 Pois assim diz o Senhor a respeito dos eunucos
que guardam os meus sábados, e escolhem as
coisas que me agradam, e abraçam o meu pacto:
5 Dar-lhes-ei na minha casa e dentro dos meus muros um memorial e um nome melhor do que
o de filhos e filhas; um nome eterno darei a cada
um deles, que nunca se apagará.
6 E aos estrangeiros, que se unirem ao Senhor,
para o servirem, e para amarem o nome do
Senhor, sendo deste modo servos seus, todos os
que guardarem o sábado, não o profanando, e os que abraçarem o meu pacto,
7 sim, a esses os levarei ao meu santo monte, e
os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos
no meu altar; porque a minha casa será
chamada casa de oração para todos os povos.
126
8 Assim diz o Senhor Deus, que ajunta os
dispersos de Israel: Ainda outros ajuntarei a ele,
além dos que já se lhe ajuntaram.
9 Vós, todos os animais do campo, todos os animais do bosque, vinde comer.
10 Todos os seus atalaias são cegos, nada sabem;
todos são cães mudos, não podem ladrar;
deitados, sonham e gostam de dormir.
11 E estes cães são gulosos, nunca se podem
fartar; e eles são pastores que nada compreendem; todos eles se tornam para o seu
caminho, cada um para a sua ganância, todos
sem exceção.
12 Vinde, dizem, trarei vinho, e nos encheremos
de bebida forte; e o dia de amanhã será como hoje, ou ainda mais festivo.”
127
Isaías 57
Neste capítulo o Senhor faz duras repreensões
contra a impiedade, a falsidade, a luxúria, e
principalmente contra a idolatria.
Os que vivem na prática da impiedade se
gloriam na sua longevidade na terra, e consideram que não vale a pena viver na prática
da justiça, porque não são poucos os justos, que
morrem até mesmo em tenra idade.
Mas Deus declara nos versos 1 e 2 que ainda que
ninguém entenda porque perecem tanto o justo
quanto o misericordioso, contudo, isto é bênção para eles, porque são livrados da calamidade e
entram na paz e descansam todos os que andam
na retidão.
Então há recompensa em viver retamente.
Esta recompensa é grande, porque por ela se ganha a própria alma.
Por isso o Senhor repreende e ameaça severamente os escarnecedores a partir do
verso 3 até a parte “a” do verso 13.
Ele os chama de filhos da agoureira e de
linhagem do adúltero e da prostituta (v. 3),
porque a seus olhos são semelhantes a eles.
Com base em que estes que têm grandes traves
em seu olhos escarnecem dos justos e lhes
infamam com suas línguas?
Como podem aqueles que são falsos julgarem os
que são justos? (v. 4)
Como Deus poderia estar contente com estas
suas práticas, às quais acrescentavam uma
128
grosseira idolatria, a ponto de oferecerem seus
próprios filhos em sacrifício nos vales, debaixo
das fendas dos penhascos?
Deus está portanto em ordem de batalha contra
aqueles que ridicularizam a sua palavra na boca
dos seus justos.
O terrível quadro de iniquidade que é aqui
descrito não pode ser limitado aos dias de Israel
no Velho Testamento, porque a iniquidade se tem multiplicado em nossos dias, e o motivo que
Deus alegou para isto está afirmado no verso 11:
“Mas de quem tiveste receio ou medo, para que mentisses, e não te lembrasses de mim, nem te
importasses? Não é porventura porque eu me
calei, e isso há muito tempo, e não me temes?”
O silêncio de Deus diante da perversão que é
praticada por muitos na terra, pode lhes soar
como uma forma de permissão ou incentivo
para continuarem em suas práticas. Mas eles esquecem que Deus nos deu a sua Palavra para
que vejamos o que Ele nos fala através dela para
que tenhamos o temor que lhe é devido.
No entanto, como tem usado de completa
longanimidade na dispensação da graça,
conforme prometera, muitos interpretam que o
silêncio de Deus e a falta de juízos imediatos sobre os seus pecados, signifique até mesmo
que não há Deus. Que não há juízo. Que não há o
que temer. Que Deus não está olhando as suas más obras. Afinal, já são passados mais de dois
mil anos debaixo de tal longanimidade por
causa da obra de Jesus Cristo.
129
Mas, este capítulo de Isaías, como muitas outras
passagens da Bíblia, toca a trombeta de alerta
para que ninguém interprete a longanimidade
de Deus como uma forma de permissão ou incentivo para se permanecer na prática do
pecado, porque Ele dará a cada um conforme as
suas obras no Tribunal de Cristo, depois da sua segunda vinda, depois de fechado o período da
graça.
Então, a partir do verso 13, o Senhor declara que somente aqueles que nele confiam são os que
possuirão a terra, e herdarão o seu santo monte.
Os tropeços serão removidos do caminho do seu povo (v. 14).
Estes que não levam em consideração os seus
pecados, não serão ajudados por Deus, porque Ele tem prometido habitar somente com os que
são contritos e humildes de espírito, e vivificará
os seus espíritos e corações, habitando neles (v.
15).
Ele sarará, guiará e consolará os pecadores, mas
somente aqueles que choram por causa do pecado (v. 18).
Isto foi confirmado por Jesus em seu ministério
terreno quando disse que bem-aventurados são os que choram.
Deus dará a sua paz a estes, e os sarará (v. 19),
mas para os ímpios não dará nenhuma paz, porque são como o mar agitado, que não pode se
aquietar e cujas águas lançam de si lama e lodo
(v. 20, 21).
Eles nunca param para esperarem em Deus, e
não o buscam, e assim não poderão ser
130
ajudados, e ficando sem a paz de Deus, a qual é
fruto da nossa reconciliação com Ele, por meio
da fé em Jesus Cristo, eles nada podem esperar
senão uma justa condenação eterna.
“1 Perece o justo, e não há quem se importe com
isso; os homens compassivos são arrebatados, e
não há ninguém que entenda. Pois o justo é arrebatado da calamidade,
2 entra em paz; descansam nas suas camas todos
os que andam na retidão.
3 Mas chegai-vos aqui, vós os filhos da agoureira, linhagem do adúltero e da prostituta.
4 De quem fazeis escárnio? Contra quem
escancarais a boca, e deitais para fora a língua?
Porventura não sois vós filhos da transgressão,
estirpe da falsidade,
5 que vos inflamais junto aos terebintos, debaixo
de toda árvore verde, e sacrificais os filhos nos
vales, debaixo das fendas dos penhascos?
6 Por entre as pedras lisas do vale está o teu quinhão; estas, estas são a tua sorte; também a
estas derramaste a tua libação e lhes ofereceste
uma oblação. Contentar-me-ia com estas
coisas?
7 sobre um monte alto e levantado puseste a tua
cama; e lá subiste para oferecer sacrifícios.
8 Detrás das portas e dos umbrais colocaste o
teu memorial; pois te descobriste a outro que não a mim, e subiste, e alargaste a tua cama; e
fizeste para ti um pacto com eles; amaste a sua
cama, onde quer que a viste.
131
9 E foste ao rei com óleo, e multiplicaste os teus
perfumes, e enviaste os teus embaixadores para
longe, e te abateste até o Seol.
10 Na tua comprida viagem te cansaste; contudo
não disseste: Não há esperança; achaste com
que renovar as tuas forças; por isso não enfraqueceste.
11 Mas de quem tiveste receio ou medo, para que mentisses, e não te lembrasses de mim, nem te
importasses? Não é porventura porque eu me
calei, e isso há muito tempo, e não me temes?
12 Eu publicarei essa justiça tua; e quanto às tuas
obras, elas não te aproveitarão.
13 Quando clamares, livrem-te os ídolos que
ajuntaste; mas o vento a todos levará, e um
assopro os arrebatará; mas o que confia em mim
possuirá a terra, e herdarão o meu santo monte.
14 E dir-se-á: Aplanai, aplanai, preparai e
caminho, tirai os tropeços do caminho do meu povo.
15 Porque assim diz o Alto e o Excelso, que habita na eternidade e cujo nome é santo: Num alto e
santo lugar habito, e também com o contrito e
humilde de espírito, para vivificar o espírito dos
humildes, e para vivificar o coração dos contritos.
16 Pois eu não contenderei para sempre, nem continuamente ficarei irado; porque de mim
procede o espírito, bem como o fôlego da vida
que eu criei.
17 Por causa da iniquidade da sua avareza me
indignei e o feri; escondi-me, e indignei-me;
132
mas, rebelando-se, ele seguiu o caminho do seu
coração.
18 Tenho visto os seus caminhos, mas eu o sararei; também o guiarei, e tornarei a dar-lhe
consolação, a saber aos que dele choram.
19 Eu crio o fruto dos lábios; paz, paz, para o que
está longe, e para o que está perto diz o Senhor; e eu o sararei.
20 Mas os ímpios são como o mar agitado; pois
não pode estar quieto, e as suas águas lançam de si lama e lodo.
21 Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.”
133
Isaías 58
Mera Religiosidade Externa Não Resolve
Em Isaías 58, o pecado e a falsa religiosidade são
denunciados com uma chamada ao
arrependimento, e é feita a adição de promessas
consoladoras para aqueles que se convertessem a Deus.
Especialmente o conjunto de profecias deste
58º capítulo até o capítulo final do livro de Isaías (66), consiste na preparação da chegada do
reino do Messias até a sua glorificação final.
Assim o protesto contra o pecado e falsa religiosidade denunciados neste capítulo,
apesar de ser também aplicável à Igreja, teve por
alvo principalmente a casa de Jacó, a saber, o
povo de Israel na antiga dispensação, de maneira que o profeta é convocado a tocar a
trombeta de alerta e anunciar ao povo do Senhor
que ele se encontrava em pecado, e que a
religiosidade deles era falsa.
Importava que se arrependessem porque era o
povo da aliança, através do qual o Messias se
manifestaria ao mundo, para dar cumprimento ao propósito eterno de Deus, de formar através
dele um povo santo, a saber a Igreja.
O Deus de Israel não muda e o seu propósito para aqueles que chama a estarem aliançados
com Ele é o mesmo, seja para Israel na antiga
aliança, seja para a Igreja de Cristo na nova.
134
O povo do Senhor deve ser um povo santo, e este
capítulo de Isaías, não deixa nenhuma dúvida
quanto a isto.
O Messias veio para o povo de Israel. Foi a eles
que Ele foi enviado. O evangelho deveria ser
pregado primeiro aos judeus; porque o propósito de Deus de ter um povo santo seria
consolidado com a redenção e os dons do
Messias para a santificação do seu povo.
A função do profeta na antiga dispensação
quanto a protestar contra o pecado e a falsa
religiosidade do povo do Senhor, continua
sendo a mesma para os pregadores do evangelho na Igreja. Eles devem tocar a
trombeta para alertá-la quanto à necessidade de
um viver verdadeiramente santo, para o inteiro
agrado do Senhor.
O pregador não pode lisonjear o povo do Senhor,
mas denunciar o seu pecado.
O povo do Senhor é um povo privilegiado, um
povo honorável, um povo glorioso, mas nunca
deve ser lisonjeado.
Ainda que estejam reformados em muitas
coisas, entretanto as suas transgressões devem
ser repreendidas e abandonadas, ainda que sejam poucas, porque Deus assim o exige.
Ele não pode estar contente vendo que o seu
povo está sendo vencido por qualquer tipo de pecado.
A santidade deve ser positiva, expressada num viver em boas obras aprovadas pelo Senhor.
Especialmente na demonstração de um amor
verdadeiro e prático ao próximo.
135
Nos versos 2 e 3 nós vemos que Deus declara que
o seu povo estava com uma falsa convicção de
lhe estar agradando, porque afinal jejuavam, e O
buscavam todos os dias, e julgavam que guardavam todos os seus mandamentos, e que
andavam nos seus caminhos, e com isto
pensavam que viviam de modo justo perante Ele.
No entanto, lhes apontou no final do verso 3 qual
era o grande motivo de esconder a sua face
deles, a saber, tudo o que faziam era para os próprios interesses deles.
Estavam buscando o Senhor para alcançarem a
realização dos seus desejos, como todas as pessoas pagãs das demais nações faziam em
relação à adoração dos seus falsos deuses.
A motivação estava errada, e por consequência, o modo deles adorarem e servirem ao Senhor
também estava errado.
Não era para o agrado do Senhor que eles O buscavam. Não era para serem aperfeiçoados
em santidade para servirem-no melhor e ao
próximo que eles o faziam, senão para
atenderem aos seus próprios interesses egoístas e mesquinhos.
As obras da carne permaneciam em realce na
vida dos israelitas, apesar de toda a religiosidade deles.
As iras, contenções, violência e todas as demais
obras da carne (v. 4) permaneciam lhes dominando, porque quando buscamos fazer a
nossa própria vontade quem prevalece é a
carne, e não o Espírito.
136
Mas, eles jejuavam pensando que com isto
estavam agradando ao Senhor.
Entretanto, não se vence a carne com práticas
ascéticas.
O que eles faziam era ascetismo e não jejum.
Jejum não é simplesmente deixar de comer (v.
5).
Um jejum verdadeiro despertará
automaticamente o amor prático ao próximo, em ações desenvolvidas para abençoá-lo,
porque o amor divino é despertado naquele que
dele se aproxima verdadeiramente, e que busca
fazer sinceramente a sua vontade (v. 6 e 7).
E é este viver verdadeiro em amor que traz a
bênção do Senhor e a sua recompensa à nossa
vida, porque este é o modo dele manifestar o seu
agrado com o nosso modo correto de viver (v. 8 a 14).
Este capítulo de Isaías é um alerta poderoso para
nos convencer que é muito fácil viver de
maneira hipócrita diante de Deus com uma falsa religiosidade, enquanto estamos convencidos
não pelo Espírito, mas pelas nossas próprias
convicções de que estamos vivendo de modo
agradável a Deus, quando na verdade estamos errando completamente o alvo.
Sabendo desta nossa facilidade para errar o alvo,
o Senhor nos alerta na sua palavra a avaliarmos
o nosso caminhar pelas nossas motivações, pelos resultados de nossas ações, ou seja, se
para nosso interesse, ou se para a sua exclusiva
glória.
137
O Senhor mesmo acrescentará as suas bênçãos
espirituais ao nosso viver, de maneira que
tenhamos a convicção de que Lhe temos
agradado de fato.
Ele fará que os nossos frutos espirituais sejam
achados até na nossa descendência e nas
gerações posteriores.
E por isso seremos conhecidos como
reparadores de brechas e restauradores de
veredas.
As gerações posteriores reedificarão ruínas
porque trabalharão sobre o fundamento que
lhes deixamos (v. 12).
E o Senhor fará isto para honrar o nosso trabalho
diligente feito por amor a Ele e para a sua glória;
porque Ele tem prometido honrar os que Lhe honram.
Por isso os puritanos históricos ingleses dos
séculos XVI a XVIII, depois de tantos séculos
têm recebido a honra que lhes é devida nesta nossa geração, porque têm inspirado muitas
vidas a edificarem sobre o fundamento que eles
nos deixaram por terem pregado e vivido a
verdade.
Devemos servir ao Senhor em humildade,
reconhecendo que Ele faz sozinho o seu
trabalho nos usando apenas como seus instrumentos, porque somos servos inúteis que
não podem produzir por si mesmos a vida
espiritual e todas as operações sobrenaturais
que somente Ele pode realizar.
Sem Ele nada podemos fazer, em relação às
realidades celestiais, espirituais e divinas.
138
Neste 58º capítulo de Isaías Deus nos revela que
nós devemos deixar de praticar o mal, e
aprender a fazer o bem.
Porque assim agindo prometeu que traria as
bênçãos citadas em Is 58.8-12:
- um verdadeiro viver na luz; cura das nossas transgressões; ter a glória do Senhor nos
protegendo e abençoando por causa da nossa
prática da justiça (v. 8);
- ter as orações e clamores respondidos por
Deus, com a sua própria presença, por termos deixado de ser prepotentes e arrogantes e por
ter deixado o falar pecaminoso (v.9);
- dissipação de todas as trevas da nossa vida por
estarmos atentos às necessidades do nosso
próximo (v. 10);
- ser guiado continuamente pelo Senhor e ser
provido por Ele até mesmo em lugares áridos, recebendo dele força e vigor de tal maneira que
a nossa vida será como um jardim regado e um
manancial que nunca secará (v. 11);
- ser habilitado a viver a verdade de tal maneira
que o nosso testemunho virá a ser um fundamento para as gerações futuras,
especialmente para que possam reformar a
Igreja tirando-a do erro, para que possa trilhar
no caminho da verdade, formando um fundamento forte e seguro sobre o qual o povo
de Deus possa edificar as suas vidas (v. 12);
Isto é muito mais do que simplesmente pregar e
ensinar a doutrina correta.
139
É muito mais do que teologia, ou melhor
dizendo, é a teologia verdadeira que é muito
fácil de ser esquecida de ser praticada.
Isto não tem nada a ver com o ensino de técnicas psicológicas, ou de qualquer fundamento
científico aplicado como fórmula para uma vida
bem sucedida.
Isto é a verdade da Palavra de Deus apontando
como um grande farol qual é o caminho para um verdadeiro viver vitorioso.
É por praticar as coisas afirmadas neste 58º
capítulo de Isaías, e por atender à repreensão
que é dirigida por Deus contra o pecado, que a
Igreja de Cristo pode contar com o seu favor.
Não basta, portanto, chorar pelos nossos fracassos, não basta orar pedindo a Deus que
faça prosperar o nosso trabalho, é preciso viver
efetivamente de modo justo e verdadeiro diante
dele, e tudo o mais será consequência disto.
Não é sendo um mero religioso que se alcança o
favor de Deus, mas vivendo de maneira justa e
santa, na prática da verdadeira piedade, que é
sobretudo amor prático e real a Deus e ao nosso próximo.
Por isso se diz que não devemos buscar apenas o
reino de Deus, mas também a justiça do reino.
Isaías 58.1 Clama em alta voz, não te detenhas,
levanta a tua voz como a trombeta e anuncia ao
meu povo a sua transgressão, e à casa de Jacó os seus pecados.
Isaías 58.2 Todavia me procuram cada dia,
tomam prazer em saber os meus caminhos;
140
como se fossem um povo que praticasse a
justiça e não tivesse abandonado a ordenança do
seu Deus, pedem-me juízos retos, têm prazer em
se chegar a Deus!,
Isaías 58.3 Por que temos nós jejuado, dizem
eles, e tu não atentas para isso? por que temos
afligido as nossas almas, e tu não o sabes? Eis
que no dia em que jejuais, prosseguis nas vossas empresas, e exigis que se façam todos os vossos
trabalhos.
Isaías 58.4 Eis que para contendas e rixas jejuais,
e para ferirdes com punho iníquo! Jejuando vós assim como hoje, a vossa voz não se fara ouvir no
alto.
Isaías 58.5 Seria esse o jejum que eu escolhi? o
dia em que o homem aflija a sua alma? Consiste
porventura, em inclinar o homem a cabeça como junco e em estender debaixo de si saco e
cinza? chamarias tu a isso jejum e dia aceitável
ao Senhor?
Isaías 58.6 Acaso não é este o jejum que escolhi? que soltes as ligaduras da impiedade, que
desfaças as ataduras do jugo? e que deixes ir
livres os oprimidos, e despedaces todo jugo?
Isaías 58.7 Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em
casa os pobres desamparados? que vendo o nu,
o cubras, e não te escondas da tua carne?
Isaías 58.8 Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará. e a tua
justiça irá adiante de ti; e a glória do Senhor será
a tua retaguarda.
141
Isaías 58.9 Então clamarás, e o Senhor te
responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se
tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo,
e o falar iniquamente;
Isaías 58.10 e se abrires a tua alma ao faminto, e fartares o aflito; então a tua luz nascerá nas
trevas, e a tua escuridão será como o meio dia.
Isaías 58.11 O Senhor te guiará continuamente, e
te fartará até em lugares áridos, e fortificará os
teus ossos; serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas nunca falham.
Isaías 58.12 E os que de ti procederem edificarão
as ruínas antigas; e tu levantarás os
fundamentos de muitas gerações; e serás chamado reparador da brecha, e restaurador de
veredas para morar.
Isaías 58.13 Se desviares do sábado o teu pé, e
deixares de prosseguir nas tuas empresas no
meu santo dia; se ao sábado chamares deleitoso, ao santo dia do Senhor, digno de honra; se o
honrares, não seguindo os teus caminhos, nem
te ocupando nas tuas empresas, nem falando
palavras vãs;
Isaías 58.14 então te deleitarás no Senhor, e eu te farei cavalgar sobre as alturas da terra, e te
sustentarei com a herança de teu pai Jacó;
porque a boca do Senhor o disse.
142
Isaías 59
A Face Oculta do Pecado
O capítulo 59 de Isaías deveria ser meditado por
todos aqueles que têm uma definição simples
conceitual relativa ao pecado, por influência da chamada teologia liberal, que surgiu em fins
do século XIX e que se consolidou no século XX,
que tem desviado a muitos da verdade das
Escrituras.
A teologia liberal prega e ensina a falsa noção de
que o pecado é um problema para o mundo sem
Cristo mas não para os cristãos.
Com isto, a Igreja perdeu o poder, porque o
pecado tem prevalecido em grande número de
cristãos, os quais descansam neste falso ensino
de que tudo está bem com eles simplesmente porque confessaram a Jesus como o Salvador
deles, um dia.
Entretanto, poucos destes se colocam de fato
debaixo do senhorio de Jesus, poucos o conhecem como Senhor de suas vidas, tal como
ocorria na Igreja Primitiva, de modo que isto era
o segredo do poder de Deus que se manifestava
neles e entre eles.
A condição do homem é de escravidão ao
pecado e por isso lhe é dada a promessa de um
Redentor, mas não um Redentor que deixará de continuar trabalhando para destruir
completamente o pecado nas vidas daqueles aos
quais tem redimido.
143
O homem precisa de um Redentor porque não é
por sua própria capacidade e meios que pode
vencer o pecado.
Por isso, o pecado que é denunciado neste
capítulo 59 de Isaías, não é apenas o pecado dos
ímpios, mas o pecado de toda a humanidade,
inclusive dos cristãos.
O que Deus quer nos mostrar aqui é que toda e
qualquer transgressão faz separação entre Ele e
nós.
Quanto lhe desagrada um viver pecaminoso!
No capítulo anterior (58) nós vemos que a mera
religiosidade (falsa) não pode enganar a Deus e trazer a nós o seu favor, antes agrava as suas
correções.
Ele exige vidas verdadeiramente santas que
mortifiquem toda forma de pecado.
Foi para este propósito que Ele nos proveu de
um Redentor.
É um Redentor que nos separa das nossas
transgressões (Rom 11.26; Is 59.20).
Em Romanos se afirma que o Redentor nos
desviará das nossas transgressões, e no texto do verso 20 deste capítulo de Isaías, no qual o texto
de Romanos se baseia, é dito que o Redentor virá
àqueles que se desviarem das transgressões.
Na verdade ambas as coisas ocorrem
simultaneamente, porque Cristo não pode
desviar das transgressões quem não procure se
desviar delas.
Deus julga o pecado onde quer que ele seja
encontrado.
144
Falta de paz e alegria espiritual e divina são
formas de Deus julgar o pecado.
Ele nos priva de suas bênçãos espirituais.
Ele nos deixa à mercê das circunstâncias da vida.
As trevas prevalecem e não a luz.
E tantas outras coisas que nos roubam a paz de
mente e o deleite pelo viver nos alcançam
quando vivemos em pecado.
Isto está declarado de modo bastante enfático nos versos 9 a 11 deste capítulo 59 de Isaías:
“9 Pelo que a justiça está longe de nós, e a
retidão não nos alcança; esperamos pela luz, e
eis que só há trevas; pelo resplendor, mas
andamos em escuridão.
10 Apalpamos as paredes como cegos; sim, como os que não têm olhos andamos apalpando;
tropeçamos ao meio-dia como no crepúsculo, e
entre os vivos somos como mortos.
11 Todos nós bramamos como ursos, e andamos
gemendo como pombas; esperamos a justiça, e ela não aparece; a salvação, e ela está longe de
nós.”.
A salvação referida no final deste verso 11 não é
propriamente a salvação da alma pela fé em Cristo, mas a falta de livramentos,
especialmente das opressões e tentações do
Inimigo. Em suma, uma vida sem poder para
vencer e prevalecer no meio das circunstâncias difíceis.
“1 Eis que a mão do Senhor não está encolhida,
para que não possa salvar; nem surdo o seu
ouvido, para que não possa ouvir;
145
2 mas as vossas iniquidades fazem separação
entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados
esconderam o seu rosto de vós, de modo que não
vos ouça.” (Is 59.1,2).
Eis aqui declarada a verdade relativa a Deus e a
nós. Não que Ele não queira salvar e abençoar,
mas os nossos pecados impedem suas bênçãos;
que nossas orações sejam ouvidas, e fazem com que Ele desvie o seu rosto de nós.
É preciso se converter dos pecados para uma
vida de verdadeira santidade e de obediência à
vontade do Senhor, não apenas no pensamento, mas na vida prática, sobretudo no amor,
misericórdia e justiça, que se exige de nós no
relacionamento com o nosso próximo.
Não podemos esquecer que este capítulo de
Isaías é uma continuação da resposta dada por Deus àqueles que estavam protestando que
estavam jejuando e orando, e Ele, no entanto,
não estava respondendo aos seus jejuns e orações.
Deus sempre quer salvar e abençoar, e tem
provado isto com o fato de nos ter dado um
Redentor, mas não pode haver vida vitoriosa,
onde não haja empenho para se vencer o pecado.
O ouvido do Senhor não está cansado de ouvir
orações e nunca se cansará de ouvi-las (v. 1), mas
Ele, que é santo, não pode ouvir as orações dos que vivem na iniquidade.
Não é Deus que se cansa de ouvir orações, nós é
que nos cansamos de orar.
146
Não são os seus ouvidos que têm desprazer em
nos ouvir. Nós é que não temos prazer em ouvi-
lO, e especialmente aquilo que Ele nos diz na sua
Palavra.
E é este o motivo de não sermos ouvidos e
atendidos por Ele quando pensamos que estamos orando, quando na verdade estamos
exigindo que Ele faça aquilo que é da nossa
própria vontade.
A teologia que afirma que por causa da
misericórdia de Deus todos podem estar
confiantes de serem ouvidos e atendidos em
suas orações independentemente de viverem no pecado, é uma falsa teologia, porque faz uma
afirmação que é contrária à verdade revelada na
Palavra.
Por isso, para que não fosse anulada ou vencida
por qualquer teologia liberal, a verdade relativa
ao pecado do seu próprio povo é apresentada
pelo Senhor ao profeta com uma descrição gráfica bastante impressiva nos versos 3 a 8.
São denunciadas:
- a violência e a iniquidade das mãos; e a mentira
e a perversidade pronunciada pela boca (v.3):
- o mal que é abrigado no interior do coração
produz atos de iniquidade e injustiça, e
indiferença pela justiça; e por outro lado
confiança no que é vão (v. 4);
- o trabalho e atividade deles estão voltados para
a concepção do mal (ovos de basiliscos e teias de aranhas). O fruto das suas ações é alimento que
produz morte e não vida, e quem atacar ainda
que inadvertidamente o mal que eles concebem
147
em seus corações, em vez de exterminá-lo, fará
com que ele se reproduza (víbora que sai do ovo).
(v.5).
- o produto das ações deles não servem para
cobrir os seus pecados, porque suas obras são
obras de iniquidade e de violência (v. 6).
- são inclinados apressadamente para o mal, e
por isso derramam sangue inocente, e pensam somente em iniquidade, de maneira que há
desolação e destruição no caminho deles (v. 7);
- por isso não podem conhecer o caminho da paz
e da justiça, porque caminham por veredas
tortas (v. 8).
Deus afirma também expressamente no final do
verso 8 que aqueles que andam por caminhos
tortuosos não podem conhecer a paz, isto é,
viver e experimentar a paz sobrenatural do Senhor em toda e qualquer circunstância,
porque Ele a reterá deles.
Quem vive no pecado não pode, portanto,
esperar experimentar a paz do Senhor, porque
esta é dada por Ele somente àqueles que não
vivem na prática do pecado.
À luz de toda esta odiosidade do pecado que
habita na natureza terrena de todas as pessoas, Deus declara através do profeta que somente Ele
é a esperança do seu povo.
Que a salvação é provida por Ele próprio, uma
vez que o pecado contaminou tão
profundamente toda a humanidade.
Ele se proverá de santos através do Redentor,
pelo seu próprio poder e méritos.
148
Este trabalho de purificação deste perverso
coração pecaminoso é um trabalho que
somente o Espírito Santo pode realizar.
O homem não está habilitado para realizar tal trabalho pela sua própria incapacidade e
fraqueza decorrente do pecado que nele opera.
Por isso quando nos sentimos como mortos
entre os vivos, por estarem as graças espirituais morrendo na nosso viver, e quando percebemos
trevas em nós e ao nosso redor e não a luz de
Jesus, quando nos sentimos incapazes e
inabilitados para viver de modo justo e santo; quando andamos como cegos das verdades da
Palavra de Deus e por isso tropeçamos (v. 9, 10).
Quando andamos gemendo como gemem as
pombas, e esperamos pela justiça e ela não
aparece, e por livramento, e sentimos que ele está longe de nós (v. 11), a causa disto sempre
será a multiplicação das nossas transgressões
diante de Deus, ainda que as conheçamos, porque apesar de conhecê-las Deus não nos
dará o poder para vencê-las por causa da falta da
nossa consagração a Ele para fazer a sua
vontade.
Nós nos sentiremos acusados pelas nossas iniquidades, mas não poderemos vencê-las
enquanto não nos dispusermos a um verdadeiro
arrependimento (v.12).
Quando a verdade deixa de ser praticada a iniquidade se multiplica.
Quando o Senhor e a sua Palavra são negados
por deixarmos de segui-lo, o nosso falar será
149
opressivo e rebelde, e o nosso coração
conceberá palavras de falsidade (v. 13).
Quando isto acontece o direito e a justiça que
são segundo a verdade desaparecem, e a retidão
não pode entrar em nossas vidas, em nossas
famílias, em nossas igrejas, na nossa sociedade (v. 14).
Veja que não se diz no final do verso 14 que a equidade, isto é, a igualdade de todos perante
Deus, será difícil de entrar em nosso meio, mas
que ela não poderá entrar.
Isto porque o orgulho, a violência, a prepotência
prevalecerão mesmo naqueles que sejam
muitos religiosos.
Eles usarão a própria religião e espiritualidade
para se sentirem superiores aos seus irmãos.
Deus não pode de modo algum se agradar disto,
porque quando a verdade desfalece, aqueles que
procurarem viver de modo justo e santo, se desviando do mal, serão atacados pelos que
estão sendo vencidos pelo mal (v. 15).
Quando todo o povo de Deus se encontra em tal
condição quem poderá entre eles ser um
intercessor efetivo para que este estado de
coisas seja modificado?
E se houvesse alguém, por quanto tempo esta
pessoa poderia prevalecer diante de Deus com a sua intercessão em favor de tão agravado estado
de pecado?
Ninguém poderia fazê-lo pelo seu próprio poder
e força. Esta é a grande verdade, e por isso o
Senhor age por sua exclusiva misericórdia para
150
trazer a salvação ao seu povo, deste estado
miserável de derrota ao pecado (v. 16).
Não somente o Senhor se veste com a couraça
da justiça e do capacete da salvação para lutar contra o mal para salvar os que se
arrependerem de seus pecados, como também
das vestes de guerra da vingança, com o manto
do seu zelo, para dar a cada um conforme as suas obras, para tomar vingança contra os seus
inimigos que não se arrependem dos seus
pecados (v. 17,18).
Quando o Senhor julga os pecadores
impenitentes os lançando com o seu grande poder no tormento eterno, isto traz grande
temor e glória ao seu nome (v. 19), mas aos que
se desviam das suas transgressões, pelo
arrependimento, em vez de vingança contra o pecado, Ele envia na sua bondade e misericórdia
um Redentor e faz um pacto com estes e com os
seus descendentes, de não retirar deles o seu
Espírito, e nem estas palavras verdadeiras, que colocou na boca do profeta, porque tem feito a
promessa de mantê-las nas bocas destes que se
arrependem e também na boca dos seus
descendentes, isto é, daqueles que se converterão através do testemunho deles (v.
20,21).
Observe que o Espírito e a Palavra vão juntos, e é
por eles que a Igreja é mantida. Porque a palavra nas bocas dos pastores não nos alcançará a
menos que venha com a unção e o trabalho do
Espírito.
151
O Espírito faz o seu trabalho em justa
cooperação com a Palavra de Deus, e é neste
fundamento que a Igreja é edificada.
A couraça da justiça da armadura que usamos
não é nossa mas do Senhor Jesus.
O capacete da salvação que usamos na pregação
não é nosso, mas do Senhor.
Assim todos os itens da armadura que Paulo afirma em Efésios pertencem a Deus (Ef 6.13).
Isaías 59.1 Eis que a mão do Senhor não está
encolhida, para que não possa salvar; nem surdo
o seu ouvido, para que não possa ouvir;
Isaías 59.2 mas as vossas iniquidades fazem
separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos
pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça.
Isaías 59.3 Porque as vossas mãos estão contaminadas de sangue, e os vossos dedos de
iniquidade; os vossos lábios falam a mentira, a
vossa língua pronuncia perversidade.
Isaías 59.4 Ninguém há que invoque a justiça
com retidão, nem há quem pleiteie com
verdade; confiam na vaidade, e falam mentiras;
concebem o mal, e dão à luz a iniquidade.
Isaías 59.5 Chocam ovos de basiliscos, e tecem
teias de aranha; o que comer dos ovos deles,
morrerá; e do ovo que for pisado sairá uma víbora.
Isaías 59.6 As suas teias não prestam para vestidos; nem se poderão cobrir com o que
fazem; as suas obras são obras de iniquidade, e
atos de violência há nas suas mãos.
152
Isaías 59.7 Os seus pés correm para o mal, e se
apressam para derramarem o sangue inocente;
os seus pensamentos são pensamentos de
iniquidade; a desolação e a destruição acham-se nas suas estradas.
Isaías 59.8 O caminho da paz eles não o conhecem, nem há justiça nos seus passos;
fizeram para si veredas tortas; todo aquele que
anda por elas não tem conhecimento da paz.
Isaías 59.9 Pelo que a justiça está longe de nós, e
a retidão não nos alcança; esperamos pela luz, e
eis que só há trevas; pelo resplendor, mas
andamos em escuridão.
Isaías 59.10 Apalpamos as paredes como cegos;
sim, como os que não têm olhos andamos
apalpando; tropeçamos ao meio-dia como no crepúsculo, e entre os vivos somos como
mortos.
Isaías 59.11 Todos nós bramamos como ursos, e
andamos gemendo como pombas; esperamos a
justiça, e ela não aparece; a salvação, e ela está
longe de nós.
Isaías 59.12 Porque as nossas transgressões se
multiplicaram perante ti, e os nossos pecados
testificam contra nós; pois as nossas transgressões estão conosco, e conhecemos as
nossas iniquidades.
Isaías 59.13 transgredimos, e negamos o Senhor, e nos desviamos de seguir após o nosso Deus;
falamos a opressão e a rebelião, concebemos e
proferimos do coração palavras de falsidade.
Isaías 59.14 Pelo que o direito se tornou atrás, e a
justiça se pôs longe; porque a verdade anda
153
tropeçando pelas ruas, e a equidade não pode
entrar.
Isaías 59.15 Sim, a verdade desfalece; e quem se
desvia do mal arrisca-se a ser despojado; e o
Senhor o viu, e desagradou-lhe o não haver
justiça.
Isaías 59.16 E viu que ninguém havia, e
maravilhou-se de que não houvesse um
intercessor; pelo que o seu próprio braço lhe trouxe a salvação, e a sua própria justiça o
susteve;
Isaías 59.17 vestiu-se de justiça, como de uma couraça, e pôs na cabeça o capacete da salvação;
e por vestidura pôs sobre si vestes de vingança,
e cobriu-se de zelo, como de um manto.
Isaías 59.18 Conforme forem as obras deles,
assim será a sua retribuição, furor aos seus
adversários, e recompensa aos seus inimigos; às ilhas dará ele a sua recompensa.
Isaías 59.19 Então temerão o nome do Senhor
desde o poente, e a sua glória desde o nascente do sol; porque ele virá tal uma corrente
impetuosa, que o assopro do Senhor impele.
Isaías 59.20 E virá um Redentor a Sião e aos que em Jacó se desviarem da transgressão, diz o
Senhor.
Isaías 59.21 Quanto a mim, este é o meu pacto com eles, diz o Senhor: o meu Espírito, que está
sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua
boca, não se desviarão da tua boca, nem da boca dos teus filhos, nem da boca dos filhos dos teus
filhos, diz o Senhor, desde agora e para todo o
sempre.
154
Isaías 60
A Glória Futura Prometida para a Igreja
Deus está formando gradualmente um povo
glorioso, exclusivamente seu, zeloso de boas obras, em meio a este mundo tenebroso.
A condição terrível do pecado, apresentada nos capítulos 58 e 59 de Isaías, não poderá impedir a
plena realização da manifestação da luz e glória
de Deus no monte Sião, que tem sido objeto de
disputas através dos séculos, sendo Jerusalém pisoteada por povos pagãos para perplexidade,
especialmente, dos judeus piedosos, aos quais
Deus havia prometido fazer de Jerusalém um objeto de glória para eles na terra.
Enquanto o Messias não se manifestar com a Igreja triunfante em sua volta, no monte Sião,
parecerá a muitos que a promessa de Deus
caducou, mas como Ele é fiel em cumprir a sua
Palavra ela terá cabal cumprimento a seu tempo.
“e não lhe deis a ele descanso até que estabeleça
Jerusalém e a ponha por objeto de louvor na
terra.” (Is 62.7).
“E olhei, e eis o Cordeiro em pé sobre o Monte
Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil,
que traziam na fronte escrito o nome dele e o nome de seu Pai.” (Apo 14.1).
Foi principalmente com esta perspectiva da
glória futura da Igreja na nova Jerusalém que
este capítulo foi escrito.
155
Os cristãos são chamados a olharem para o
grande objetivo final do seu trabalho, e não para
as suas presentes condições neste mundo
sujeito ao pecado.
Mas, a grande luz e glória que seriam
manifestadas ao povo do Senhor com a chegada
do Redentor prometido no capítulo 59 de Isaías
é prometida na abertura e continuidade deste 60º capítulo, que agora comentaremos.
Nosso Senhor Jesus Cristo viria numa primeira
vinda a Israel, cerca de setecentos anos depois
da profecia que foi dada a Isaías, para começar a buscar o seu povo em todas as partes do mundo,
e se manifestará com eles no monte Sião na
plenitude da sua luz e glória por ocasião da sua
segunda vinda.
Não são feitas promessas de riquezas terrenas das nações para a Igreja antes que Cristo venha,
porque Deus em sua grande sabedoria sabe que
o pecado ainda opera na carne dos cristãos, e o amor ao dinheiro num mundo de pecado como
o nosso é a raiz de todos os males.
Muitos se desviaram da fé ao longo da história
da Igreja por causa das riquezas terrenas.
As Igrejas de Sardes e de Laodiceia se desviaram da sua firmeza exatamente por causa da
abundância de bens materiais que eles
possuíam.
E, geralmente, a mesma história se repete quando se coloca neste mundo, ainda sujeito ao
pecado, os bens terrenos como alvo da vida
cristã.
156
Mas, na perfeição da glória com Cristo no
milênio, estes bens serão mero adorno para o
seu santuário e reino, e já não existirá mais o
pecado da cobiça nos corações.
Então se fala deles na profecia de Isaías como
uma promessa de Deus para a futura glória da
Igreja.
Foi somente depois da vinda do Senhor a este
mundo que a luz do evangelho brilhou nos
nossos corações.
Todos estavam em ignorância quanto a quem se
referiam as promessas da vinda de um Redentor
que traria consigo a graça e a verdade.
Foi somente depois que Ele se manifestou que
até mesmo estes capítulos finais do livro de
Isaías passaram a ter pleno significado para nós
quanto ao Redentor e quanto ao seu trabalho de redenção, para nos libertar dos nossos pecados.
A luz que dissipou as trevas da ignorância
quanto ao plano de Deus para o seu povo possibilitou que a Igreja fosse formada pela
operação do Espírito Santo.
Uma era a glória que Deus manifestava em
Israel nos dias da Antiga Aliança, e uma outra muito maior é a que Ele tem manifestado
através de Cristo na Igreja, nesta chamada
dispensação da graça.
Não somente pelo modo como tem
transformado os pecadores, mas sobretudo pela
manifestação do seu grande poder através da
Igreja.
Somente a luz do evangelho pode dissipar as
trevas do pecado que está no mundo, de
157
maneira que a palavra de ordem do Senhor é
que a Igreja se levante e resplandeça com a luz
que lhe foi dada com a chegada de Cristo, e que
trouxe a ela a glória do Senhor (v. 1).
A necessidade de que a Igreja se levante dando
testemunho da luz da verdade do evangelho, é
que as trevas continuarão cobrindo a terra e a escuridão os povos, mas sobre os eleitos a luz do
Senhor virá surgindo e a sua glória se verá sobre
eles (v.2).
Estes eleitos estão em todas as nações, e daí a
necessidade de o evangelho ser pregado em
todas as nações, porque nestas nações até
mesmo muitos dos seus governantes caminharão para a luz de Cristo que está na
Igreja.
Os cristãos fiéis são a luz do mundo. E pelo testemunho deles de caminharem na luz,
muitos, em todas as nações se converterão
também à luz (v. 3).
Os homens e mulheres que caminharem para a
luz são chamados por Deus de seus filhos e filhas
que serão criados ao lado daqueles que já se
encontravam no Senhor (v. 4).
Estas muitas conversões serão motivo de
grande alegria para a Igreja, e o coração se
estremecerá diante do grande poder do Senhor para salvar, e se alegrará com isto, porque é dito
que a abundância do mar será para a Igreja, e as
riquezas das nações virão a ela (v. 5).
A principal riqueza das nações são os que se
convertem a Cristo, porque as nações que não
têm o evangelho estão em extrema tristeza,
158
escuridão e pobreza espiritual. Quão miseráveis
são aos olhos de Deus as nações que não têm o
verdadeiro evangelho de Cristo.
Entretanto, a promessa desta profecia também se cumpre na mercadorias e riquezas materiais
que são trazidas à Igreja não para o propósito de
comércio, mas quando ela deixar o seu estado
presente de odiada e perseguida pelas nações, para ser honrada por elas quando lhes
trouxerem suas riquezas, quando estiver em
glória com Cristo em Jerusalém.
Antes, no Velho Testamento, somente os israelitas subiam ao templo de Jerusalém para a
adoração ao Senhor, mas no milênio todas as
nações virão a esta cidade para honrarem o
Grande Rei e à Igreja que estará com Ele reinando em glória (Zac 14.16).
Mas, mesmo no presente, a promessa da
provisão divina para atender as necessidades
dos que estão empenhados em servir ao evangelho está também aqui embutida (v. 6 a 17).
Entretanto, a Igreja que se levanta e resplandece
com o testemunho da verdade é rica e enriquece
a muitos, como também é ainda mais enriquecida com as almas que o Senhor junta a
ela.
Nunca, em tempo algum, o Judaísmo, sob a
antiga aliança conseguiria fazer convertidos em todas as nações como passou a acontecer com o
evangelho, que começou a ser pregado a partir
de Jerusalém.
159
Esta glória estava reservada à Igreja, para a
glorificação do nome de Cristo, que é o seu
Senhor.
É o castiçal da Igreja a luz através da qual o
testemunho do evangelho ilumina o mundo.
Até mesmo muitos dos que eram inimigos de Deus e do evangelho e que se opunham à Igreja
de Cristo e que oprimiram e perseguiram os
cristãos, viriam a se render a Cristo, pelo bom
testemunho dos seus servos (v. 14).
Devemos servir ao Senhor com o que temos.
Devemos glorificá-lo com os nossos bens.
Por isso é dito que as riquezas que são trazidas à Igreja têm o propósito de publicar os louvores
do Senhor, e para que Ele possa glorificar a casa
da sua glória (v. 6, 7).
Os bens que são consagrados ao Senhor e que
são usados especialmente para socorrer os
necessitados do seu povo trazem grande glória
ao nome de Deus porque desta forma tem provido, através da Igreja uma casa para estes
seus filhos que não teriam outra forma de serem
sustentados.
A submissão ao evangelho de Cristo impõe esta necessidade de servirmos ao Senhor e aos
santos com os nossos bens materiais.
Porque com isto damos provas de maneira prática do quanto reconhecemos que Jesus é de
fato o Senhor, o Dono de tudo que somos e
possuímos.
Que coisa maravilhosa e agradável a Deus é
reconhecermos que nada do que temos é
propriamente nosso, mas que pertence ao
160
Senhor, e que por isso deve ser disposto e usado
conforme a sua santa vontade.
Quão grande glória é ser provido pelas cousas
santas que foram consagradas ao Senhor!
Que grande honra é poder ser provido pela sua mesa!
Diante de tanta luz e bondade as conversões se
multiplicam, e os que se convertem são descritos por Deus através do profeta como
nuvens e como pombas que vêm voando em
grande multidão para as janelas da Igreja (v.8).
A citação às portas da Igreja que estarão sempre
abertas (v.11) significa que todos os que vierem
para a Igreja serão bem vindos, e que Cristo está de braços abertos para recebê-los, e que não
lançará fora, de modo algum, a qualquer que
vier a Ele.
Para o cumprimento da sua vontade em relação
à Igreja Deus fará até mesmo que ela seja
ajudada por aqueles que não lhe pertencem (v.
10, 12, 14).
As ameaças de julgamento e destruição das
nações que se recusarem a ajudar a Igreja é uma
referência àqueles que resistem ao evangelho de Cristo, e que serão julgados por Ele por
ocasião da sua segunda vinda (II Tes 1.8).
Para que não se confunda a glória que é referida à Igreja com qualquer tipo de glória terrena até
que Cristo volte e reúna os redimidos de todas
as épocas no monte Sião, é afirmado o estado de desprezo (v. 14), de abandono pelo mundo (v. 15)
da verdadeira Igreja no presente século, porque
não é na suntuosidade de muitas mega igrejas
161
de diversas denominações que a glória do
Senhor reside.
Jesus disse que a Igreja seria perseguida e
odiada pelo mundo. Então a glória aqui referida
neste capítulo de Isaías não é uma glória terrena
decorrente do prestígio da verdadeira Igreja entre aqueles que são do mundo.
Esta glória está especialmente relacionada ao
seu futuro na Nova Jerusalém em seu estado eterno, quando não necessitará mais da luz do
sol e da lua para ser iluminada, porque o Senhor
mesmo será a sua luz perpétua (v. 19,20).
Deus afirma expressamente que todos os que
fazem parte da Igreja são obra das suas mãos e
que foram plantados por Ele para a sua própria
glória (v. 21).
Todos aqueles que viveram em pobreza nos dias
da Igreja padecente, serão enriquecidos e serão achados em glória na Igreja triunfante depois da
volta do Senhor.
Em vez de bronze em suas casas eles terão ouro, em vez de ferro prata, e em vez de madeira
bronze, e em vez de pedra, ferro; e serão
governados por oficiais pacíficos e justos (v. 17).
Deus fez também a promessa de que a Igreja
apesar de ter sido pequena e humilde no seu
começo, viria a ser numerosa e gloriosa no fim
(v. 22).
A Igreja Cristã nos dias de Jesus era composta
por apenas cerca de 120 discípulos, e já no Pentecostes teve um acréscimo de três mil
convertidos. E logo depois este número subiu a
cerca de cinco mil, e hoje é composta por uma
162
multidão inumerável tanto no céu quanto na
terra, e será mais ainda até que Cristo volte.
O Senhor o disse e o Senhor o tem feito para a glória do seu próprio nome (v. 21).
Isaías 60.1 Levanta-te, resplandece, porque é chegada a tua luz, e é nascida sobre ti a glória do
Senhor.
Isaías 60.2 Pois eis que as trevas cobrirão a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor
virá surgindo, e a sua glória se verá sobre ti.
Isaías 60.3 E nações caminharão para a tua luz, e
reis para o resplendor da tua aurora.
Isaías 60.4 Levanta em redor os teus olhos, e vê;
todos estes se ajuntam, e vêm ter contigo; teus
filhos vêm de longe, e tuas filhas se criarão a teu lado.
Isaías 60.5 Então o verás, e estarás radiante, e o
teu coração estremecerá e se alegrará; porque a abundância do mar se tornará a ti, e as riquezas
das nações a ti virão.
Isaías 60.6 A multidão de camelos te cobrirá, os
dromedários de Midiã e Efá; todos os de Sabá, virão; trarão ouro e incenso, e publicarão os
louvores do Senhor.
Isaías 60.7 Todos os rebanhos de Quedar se congregarão em ti, os carneiros de Nebaoite te
servirão; com aceitação subirão ao meu altar, e
eu glorificarei a casa da minha glória.
Isaías 60.8 Quem são estes que vêm voando
como nuvens e como pombas para as suas
janelas?
163
Isaías 60.9 Certamente as ilhas me aguardarão,
e vêm primeiro os navios de Társis, para
trazerem teus filhos de longe, e com eles a sua
prata e o seu ouro, para o nome do Senhor teu Deus, e para o Santo de Israel, porquanto ele te
glorificou.
Isaías 60.10 E estrangeiros edificarão os teus
muros, e os seus reis te servirão; porque na
minha ira te feri, mas na minha benignidade tive
misericórdia de ti.
Isaías 60.11 As tuas portas estarão abertas de
contínuo; nem de dia nem de noite se fecharão; para que te sejam trazidas as riquezas das
nações, e conduzidos com elas os seus reis.
Isaías 60.12 Porque a nação e o reino que não te
servirem perecerão; sim, essas nações serão de
todo assoladas.
Isaías 60.13 A glória do Líbano virá a ti; a faia, o
olmeiro, e o buxo conjuntamente, para ornarem o lugar do meu santuário; e farei glorioso o lugar
em que assentam os meus pés.
Isaías 60.14 Também virão a ti, inclinando-se, os
filhos dos que te oprimiram; e prostrar-se-ão
junto às plantas dos teus pés todos os que te
desprezaram; e chamar-te-ão a cidade do Senhor, a Sião do Santo de Israel.
Isaías 60.15 Ao invés de seres abandonada e odiada como eras, de sorte que ninguém por ti
passava, far-te-ei uma excelência perpétua, uma
alegria de geração em geração.
Isaías 60.16 E mamarás o leite das nações, e te
alimentarás ao peito dos reis; assim saberás que
164
eu sou o Senhor, o teu Salvador, e o teu
Redentor, o Poderoso de Jacó.
Isaías 60.17 Por bronze trarei ouro, por ferro
trarei prata, por madeira bronze, e por pedras ferro; farei pacíficos os teus oficiais e justos os
teus exatores.
Isaías 60.18 Não se ouvirá mais de violência na
tua terra, de desolação ou destruição nos teus termos; mas aos teus muros chamarás Salvação,
e às tuas portas Louvor.
Isaías 60.19 Não te servirá mais o sol para luz do
dia, nem com o seu resplendor a lua te alumiará;
mas o Senhor será a tua luz perpétua, e o teu Deus a tua glória.
Isaías 60.20 Nunca mais se porá o teu sol, nem a
tua lua minguará; porque o Senhor será a tua luz
perpétua, e acabados serão os dias do teu luto.
Isaías 60.21 E todos os do teu povo serão justos; para sempre herdarão a terra; serão renovos por
mim plantados, obra das minhas mãos, para que
eu seja glorificado.
Isaías 60.22 O mais pequeno virá a ser mil, e o mínimo uma nação forte; eu, o Senhor,
apressarei isso a seu tempo.
165
Isaías 61
Cristo o Noivo e Cabeça da Igreja
No capítulo 60 de Isaías nós vemos a descrição
da glória e da honra que são dadas por Deus
àqueles que são chamados por Ele para fazerem parte da sua Igreja.
E no 61º capítulo, que estaremos agora
comentando, é descrito quem são estes que são
redimidos pelo Senhor, o que eles devem fazer para Ele; e qual é a missão do Messias em
relação ao mundo. Na condição de Senhor de
tudo e de todos Ele anunciará tanto salvação quanto juízo eternos.
Aos mansos e contritos de coração Ele salvará,
curando-os e libertando-os da prisão, mas aos
que resistem ao evangelho Ele anunciará o dia do Juízo de Deus no qual Ele visitará a iniquidade
de todos os seus inimigos, ou seja, os que se
opõem ao amor, à justiça e à verdade.
Ao ler este texto das Escrituras na Sinagoga de Nazaré Jesus afirmou que elas estavam tendo o
cumprimento nele, isto é, elas passaram a ser
cumpridas quando Ele se manifestou dando
início ao seu mistério, o qual teria prosseguimento através da Igreja.
Como este ministério de Cristo e da Igreja é
ministério do espírito (II Cor 3) então importava que fosse ungido pelo Espírito Santo para o
exercício do seu ministério, tanto quanto os
cristãos devem sê-lo para a realização dos
166
ministérios deles, que é a extensão do próprio
ministério de Cristo.
No entanto, o Espírito havia ungido a Jesus sem medida porque Ele é a cabeça da Igreja e o seu
Senhor.
Ele tem também batizado a sua Igreja no Espírito, mas a honra da realização do
ministério dos seus servos pertence a Ele,
porque é Ele quem batiza no Espírito e distribui
os dons ao seu corpo como Lhe apraz.
Além disso é Ele próprio que faz todo o trabalho
através da Igreja.
Os dons e capacitações que operam nos cristãos não são propriamente deles, mas de Cristo.
Eles são chamados de luz do mundo não que a
luz seja propriamente deles, mas de Cristo, que neles está.
Assim, tudo o que os cristãos possuem é oriundo
da união deles com Cristo, a quem pertencem
de fato todas as graças e que é a fonte de todos os poderes espirituais e sobrenaturais que operam
na Igreja. Se eles não permanecerem em Cristo,
não poderão, portanto, fazer coisa alguma
porque tudo o que têm não procede deles próprios, mas do Senhor.
Isto é assim porque aprouve ao Pai que residisse
no Filho toda a plenitude, de maneira que Ele receba toda a glória pelo trabalho que realiza na
Igreja e através dela.
O Pai ungiu o Filho com o Espírito, não por medida, e lhe preparou um corpo (a Igreja) para
ser formada por aqueles que são mansos e que
choram neste mundo de pecado.
167
Estes mansos são aqueles que são submissos à
vontade de Deus e que se entristecem e
lamentam pelos seus pecados.
É particularmente apropriada a menção ao fato de que estes que são salvos são submissos
(mansos), isto é, eles se submetem de fato à
vontade de Deus.
Dizemos que é particularmente apropriada tal afirmação das Escrituras porque muitos
pretextam que estão buscando uma vida de
poder do Espírito Santo, de uma obra que realce
o poder do Espírito, porque na verdade eles não pretendem se submeter a ninguém, e muito
menos aos mandamentos do Senhor em sua
Palavra.
Assim, é falsa a noção que têm do que seja uma
vida segundo o poder do Espírito, porque o Ungido, o Messias, é manso e humilde de
coração. E é deste modo que importa que sejam
todos os ungidos de Deus.
É preciso ter unção e poder do Espírito, mas isto não deve ser entendido como muitos pensam
erroneamente, que isto significa
independência, rebelião e não se submeter a
ninguém.
Na obediência há segurança, mas na rebelião há
muito mais do que insegurança, como também
a certeza de que seremos submetidos à correção
e disciplina de Deus, se formos de fato seus filhos.
Por isso, é aos mansos e humildes que o Messias
proclama liberdade da servidão ao pecado, e a
168
abertura da prisão a eles, porque estavam
presos à vontade do diabo (v.1).
É a estes que o Messias prega que há um ano
aceitável do Senhor, isto é, a dispensação da graça na qual Ele está sendo misericordioso
para com os que são mansos e que choram, lhes
trazendo a salvação, de maneira que os
consolará de suas tristezas (v. 2), e estando na Igreja devem se alegrar sempre no Senhor
porque Ele é o Noivo que sempre estará com
eles, e assim, em vez de pranto, terão motivo de
alegria, por causa da unção do Espírito, que é o óleo de alegria que está neles, e como seus
espíritos foram vivificados por Cristo, eles
louvarão a Deus em vez de terem espírito
angustiado, e Deus os plantará como árvores de justiça para que Ele seja glorificado neles (v. 3).
Como o Senhor derramará o seu Espírito na sua
Igreja de tal maneira que Ele venha a ser
glorificado, será através dela e dos avivamentos do Espírito que Ele edificará o testemunho que
tenha sido arruinado em alguma época da
história da Igreja.
A Igreja será capacitada pelo Espírito Santo a
levantar as desolações do passado, as regiões assoladas e as desolações de muitas gerações
porque o testemunho da Igreja sempre será
revigorado pelo Senhor segundo o
cumprimento desta promessa, conforme tem de fato ocorrido ao longo da sua história (v. 4).
“Naquele dia tornarei a levantar o tabernáculo
de Davi, que está caído, e repararei as suas
169
brechas, e tornarei a levantar as suas ruínas, e as
reedificarei como nos dias antigos;” (Am 9.11).
Tiago reconheceu no Concílio de Jerusalém que estas palavras de Amós se referiam ao trabalho
de evangelização do mundo, conforme se vê em
At 15.16,17.
Aquele primeiro grande avivamento do
Pentecoste em Jerusalém havia convertido
muitos gentios, e houve outro derramar do
Espírito na casa de Cornélio quando Pedro lá esteve, o qual deu ensejo a esta citação de Tiago
no Concílio de Jerusalém.
E Deus ainda está reedificando o tabernáculo (habitação, casa) de Davi que estava caído,
levantando-o de suas ruínas, pela conversão de
pessoas com a pregação do evangelho em todo
o mundo.
Deus prometeu fazer uma aliança eterna com a
casa de Davi, e o cumprimento desta aliança se
refere à formação da Igreja.
É importante lembrar que no texto de Is 58.12
Deus fez a promessa de que aqueles que se
convertessem a Ele seriam conhecidos como “reparador de brechas, e restaurador de veredas
para morar” e também que deles procederiam
aqueles que edificariam os lugares que foram
assolados na Antiguidade, e que por eles os fundamentos seriam levantados de geração em
geração.
Está fora de qualquer dúvida que esta promessa se cumpre na Igreja, que nasceu daqueles
primeiros israelitas que buscaram ao Senhor e
se converteram com a pregação do evangelho
170
por nosso Senhor Jesus Cristo. Todos os cristãos,
podemos dizer, são descendentes daquele
primeiro grupo fiel do qual faziam parte os
apóstolos.
Cristo foi ungido para pregar boas novas, isto é,
o evangelho, porque o significado da palavra
evangelho é exatamente boas novas.
De igual forma os cristãos devem ser ungidos
para também pregarem o evangelho, porque a
profecia afirma que eles serão conhecidos como sacerdotes do Senhor e ministros do nosso
Deus (v. 6).
Especialmente estes que forem chamados para serem ministros do evangelho viverão do
evangelho, porque lhes será trazida as riquezas
das nações, e em vez de vergonha, terão dupla
honra, porque em vez de opróbrio se alegrarão na porção que o Senhor lhes dará, por terem
duplos honorários, e eles terão perpétua alegria
(v. 7).
A chamada para o ministério da Palavra é uma
elevada honra, maior do que a dos sacerdotes do
Antigo Testamento, que deviam viver das
ofertas trazidas ao tabernáculo e ao templo.
Deus mesmo garante por promessa a provisão
dos seus ministros e Ele o fará fielmente porque
tem prometido lhes dar a recompensa pelo trabalho deles de anunciar as boas novas, e a
garantia desta fidelidade está no fato de que
Deus ama o juízo, aborrece o roubo e toda
injustiça (v. 8).
E agora não somente aos ministros, mas a todos
os cristãos que são sacerdotes para o Senhor
171
lhes é dirigida a promessa de que a posteridade
deles será conhecida entre as nações e os seus
descendentes no meio dos povos, e todos
quantos os virem os reconhecerão como descendência bendita do Senhor (v. 9).
Isto tem sido cumprido cabalmente porque os
que têm se destacado no evangelho pela sua fidelidade em servir ao Senhor têm tido os seus
nomes registrados nos anais da Igreja cristã, e
suas vidas têm sido inspiração para a fidelidade
de muitos que têm se levantado depois deles.
A alegria de Cristo se confunde com a alegria da
Igreja por causa da obra da salvação e do plano
estabelecido por Deus desde antes da fundação do mundo de formar um povo santo para que o
seu filho fosse a cabeça deste povo.
Quando Cristo se manifestasse ao mundo Deus
faria brotar a justiça e o louvor perante todas as nações.
O cântico de alegria da Igreja é por ter sido
vestida com as vestes de salvação e o manto de justiça de Cristo.
O noivo (Cristo) está alegre e também a sua
noiva (a Igreja) (v. 10, 11).
Isaías 61.1 O Espírito do Senhor Deus está sobre
mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos mansos; enviou-me a restaurar
os contritos de coração, a proclamar liberdade
aos cativos, e a abertura de prisão aos presos;
Isaías 61.2 a apregoar o ano aceitável do Senhor
e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar
todos os tristes;
172
Isaías 61.3 a ordenar acerca dos que choram em
Sião que se lhes dê uma grinalda em vez de
cinzas, óleo de gozo em vez de pranto, vestidos
de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantação do
Senhor, para que ele seja glorificado.
Isaías 61.4 E eles edificarão as antigas ruínas,
levantarão as desolações de outrora, e
restaurarão as cidades assoladas, as desolações
de muitas gerações.
Isaías 61.5 E haverá estrangeiros, que
apascentarão os vossos rebanhos; e estranhos
serão os vossos lavradores e os vossos vinheiros.
Isaías 61.6 Mas vós sereis chamados sacerdotes
do Senhor, e vos chamarão ministros de nosso
Deus; comereis as riquezas das nações, e na sua glória vos gloriareis.
Isaías 61.7 Em lugar da vossa vergonha, haveis de ter dupla honra; e em lugar de opróbrio
exultareis na vossa porção; por isso na sua terra
possuirão o dobro, e terão perpétua alegria.
Isaías 61.8 Pois eu, o Senhor, amo o juízo,
aborreço o roubo e toda injustiça; fielmente lhes
darei sua recompensa, e farei com eles um
pacto eterno.
Isaías 61.9 E a sua posteridade será conhecida
entre as nações, e os seus descendentes no meio
dos povos; todos quantos os virem os reconhecerão como descendência bendita do
Senhor.
Isaías 61.10 Regozijar-me-ei muito no Senhor, a
minha alma se alegrará no meu Deus, porque
me vestiu de vestes de salvação, cobriu-me com
173
o manto de justiça, como noivo que se adorna
com uma grinalda, e como noiva que se enfeita
com as suas joias.
Isaías 61.11 Porque, como a terra produz os seus
renovos, e como o horto faz brotar o que nele se
semeia, assim o Senhor Deus fará brotar a justiça e o louvor perante todas as nações.
174
Isaías 62
Orar Para que Venha O Reino de Glória
A perspectiva da profecia de Isaías 62, relativa
à Igreja, aponta para a sua glória futura com o
Senhor em Jerusalém. As promessas apontam para Jerusalém porque a nova Jerusalém será a
morada eterna dos santos.
Tanto os santos do Antigo Testamento quanto
os do Novo serão reunidos por Cristo num só corpo, porque importa que haja um só rebanho
e um só Pastor.
O templo de Salomão viria ainda a ser destruído depois dos dias de Isaías e os judeus seriam
levados em cativeiro para Babilônia.
Mas, mesmo depois que Jesus se manifestasse
em Israel, o templo que havia sido reconstruído pelos judeus quando retornaram de Babilônia,
também seria destruído e Jerusalém seria
assolada pelos romanos em 70. d.C.
Estas profecias tiveram, portanto, também o alvo de manter acesa a esperança dos judeus
quanto a que ainda haveria uma glória futura
para Jerusalém a par de todas as destruições que
ela vinha sofrendo ao longo dos séculos.
Mas, esta glória futura de Jerusalém somente
poderá ser concretizada por causa do trabalho
de redenção do Messias, não somente em favor
de Israel, mas de todos os povos.
Jesus voltará depois de o evangelho ter sido
pregado pela Igreja em todo o mundo.
175
O triunfo final de Cristo com os santos deve ser
manifestado em Sião conforme está profetizado
em várias porções das Escrituras.
A Igreja deve trabalhar para que este dia venha
e o Senhor possa receber toda a glória que Lhe é
devida por todas as nações que se reunirão em Jerusalém.
Importa que isto suceda, e para tanto a Igreja
deve orar para que seja revestida de poder espiritual para realizar a obra de evangelização
do mundo.
Assim, a oração de Isaías 62.1 não é apenas a oração do profeta Isaías, mas a oração de Cristo
e de toda a Igreja para que Jerusalém seja
estabelecida como objeto de louvor em toda a
terra.
"Por amor de Sião não me calarei, e por amor de
Jerusalém não descansarei, até que saia a sua justiça como um resplendor, e a sua salvação
como uma tocha acesa." (v.1).
"e Jerusalém, sobre os teus muros pus atalaias, que não se calarão nem de dia, nem de noite; ó
vós, os que fazeis lembrar ao Senhor, não
descanseis, e não lhe deis a ele descanso até que
estabeleça Jerusalém e a ponha por objeto de louvor na terra." (v. 6,7).
Deus se agrada do clamor santo do seu povo que
Lhe é dirigido continuamente aos ouvidos para que Ele manifeste a sua glória em todo o mundo.
Nenhum cristão deve esmorecer em suas orações, de maneira que prevaleça com Deus
para o cumprimento das suas misericórdias
prometidas à Igreja.
176
Por isso, especialmente os ministros do
evangelho não devem se ocupar de coisas que
lhes possa desviar do ministério da oração e da
Palavra.
Os ministros não devem estar calados, mas
devem fazer a vontade de Deus conhecida para o seu povo, para que todos clamem a Ele para
apressar a vinda do seu reino de glória.
O reino de graça já está manifestado entre nós, mas esta graça tem o seu clímax no reino de
glória ainda por vir. Por isso oramos no Pai
nosso: "Venha o teu reino".
O clamor, a oração, a pregação da Igreja é pela
causa de Sião, e não por nenhum interesse
particular, porque o Senhor tem prometido
cuidar de todos aqueles que buscam os interesses do seu reino.
A oração é para que a salvação queime como uma tocha acesa, isto é, que haja o fogo do
Espírito na Igreja na pregação do evangelho, se
espalhando por todo o mundo, tal como fogo
numa floresta.
Importa que os eleitos sejam salvos e reunidos
num só rebanho, para que o Senhor venha.
De perseguida, odiada e desprezada a Igreja
passará a ser buscada e honrada por todas as
nações da terra, quando o Salvador vier a Sião
para governar a partir de Jerusalém todos os povos, juntamente com os seus santos no
período do milênio.
A igreja de perseguida e despojada passará a ser
suprida pelas nações da terra, e nunca lhe
faltará a provisão e honra que lhes serão dadas
177
no seu estado triunfante, depois que Jesus voltar
para distribuir os galardões aos seus servos.
A própria cidade de Jerusalém, de desprezada, passará a ser a principal cidade de todo o mundo
porque lá estará o trono do Senhor, e aqueles
que nela habitarem a terão por objeto de louvor
porque ali estarão aqueles que serão os seus habitantes eternos e que oraram para que ela
fosse colocada finalmente como objeto de
louvor em toda a terra.
Ela será a noiva ataviada porque é nela que os
filhos de Deus habitarão juntamente com o
noivo.
Sendo a noiva (por ser a morada dos cristãos que são o corpo de Cristo) é dito que a cidade será
desposada, não porque Cristo se casará com a
cidade propriamente dita, mas com os seus
santos habitantes.
"E vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que descia
do céu da parte de Deus, adereçada como uma
noiva ataviada para o seu noivo." (Apo 21.2).
Quão grande admiração a Igreja despertará a
todas as nações quando estiver assim glorificada
com Cristo!
Ela será verdadeiramente admirável com o
brilho da sua justiça e salvação, com todos os
filhos de Deus aperfeiçoados, e sem qualquer
infidelidade ou escândalo em testemunho contra qualquer um deles.
A Igreja receberá um novo nome por causa
desta sua nova dignidade.
O Senhor chamará a sua Igreja de Minha Delícia,
Desposada, Procurada e ela será uma coroa de
178
adorno na mão do Senhor, e um diadema real na
mão do seu Deus.
Um Rei deve ter um povo e um reino, e a Igreja será este povo e o reino sobre o qual o Senhor
dominará em amor para sempre.
Jerusalém nesta profecia de Isaias sendo designada como a morada dos santos,
representa a causa de Sião e uma cidade
espiritual invisível que deve ser guardada pela
constante vigilância da Igreja.
Daí ser dito pelo Senhor no verso 6 que Ele
colocou atalaias sobre os seus muros, que não se
calarão nem de dia, nem de noite.
Esta é uma clara referência ao dever da Igreja de
vigiar e de orar incessantemente até que o
Senhor volte e estabeleça o seu reino de glória.
Os atalaias devem tocar a trombeta do
evangelho, e o ato de fazer este trabalho sobre os
muros de Jerusalém significa que a paz da Igreja
deve ser preservada dos ataques de Satanás, do pecado e do mundo contra ela, através da oração
incessante.
A pura e verdadeira adoração ao Senhor para
dentro dos muros da Igreja deve ser preservada através da vigilância e oração dos seus servos, e
através da proclamação da verdade.
A precisão da profecia de Isaías em relação à Igreja se comprova no fato de não haver apenas
promessas de bênçãos para ela, como também a
afirmação das provações, aflições, e perdas que
a Igreja sofrerá até que Cristo volte.
A Igreja tem sido duramente perseguida e
odiada ao longo de toda a sua história, e
179
milhares de cristãos foram martirizados, muitos
outros foram despojados de seus bens por não
terem negado o nome de Cristo.
Já no princípio todos os cristãos foram expulsos de Jerusalém, com exceção dos apóstolos (Atos
8.1).
Não é nosso propósito descrever aqui em
detalhes todas as perseguições e despojamentos sofridos pela Igreja ao longo de toda a sua
história, mas isto está declarado na profecia de
Isaías, porque Deus diz que esta Igreja
padecente virá a ser um dia uma Igreja triunfante depois da volta do Senhor, e a partir
de então ela nunca mais será perseguida e
despojada, ao contrário, ela desfrutará das
riquezas das nações (v. 8, 9).
Os resquícios da destruição de Jerusalém pelos exércitos coligados ao Anticristo, e das
assolações despejadas por Deus em sua ira
contra o pecado do mundo descritas no livro de Apocalipse por ocasião da segunda vinda do
Senhor, serão removidos, para que o Senhor
possa começar a governar o mundo a partir de
Jerusalém durante o milênio.
"Passai, passai pelas portas; preparai o caminho ao povo; aplanai, aplanai a estrada, limpai-a das
pedras; arvorai a bandeira aos povos." (v. 10).
Isaías 62.1 Por amor de Sião não me calarei, e por amor de Jerusalém não descansarei, até que saia
a sua justiça como um resplendor, e a sua
salvação como uma tocha acesa.
180
Isaías 62.2 E as nações verão a tua justiça, e todos
os reis a tua glória; e chamar-te-ão por um nome
novo, que a boca do Senhor designará.
Isaías 62.3 Também serás uma coroa de adorno
na mão do Senhor, e um diadema real na mão do
teu Deus.
Isaías 62.4 Nunca mais te chamarão:
Desamparada, nem a tua terra se denominará Desolada; mas chamar-te-ão Hefzibá, e à tua
terra Beulá; porque o Senhor se agrada de ti; e a
tua terra se casará.
Isaías 62.5 Pois como o mancebo se casa com a
donzela, assim teus filhos se casarão contigo; e,
como o noivo se alegra da noiva, assim se alegrará de ti o teu Deus
Isaías 62.6 e Jerusalém, sobre os teus muros pus
atalaias, que não se calarão nem de dia, nem de noite; ó vós, os que fazeis lembrar ao Senhor,
não descanseis,
Isaías 62.7 e não lhe deis a ele descanso até que
estabeleça Jerusalém e a ponha por objeto de
louvor na terra.
Isaías 62.8 Jurou o Senhor pela sua mão direita,
e pelo braço da sua força: Nunca mais darei de
comer o teu trigo aos teus inimigos, nem os estrangeiros beberão o teu mosto, em que
trabalhaste.
Isaías 62.9 Mas os que o ajuntarem o comerão, e
louvarão ao Senhor; e os que o colherem o
beberão nos átrios do meu santuário.
Isaías 62.10 Passai, passai pelas portas; preparai
o caminho ao povo; aplanai, aplanai a estrada,
181
limpai-a das pedras; arvorai a bandeira aos
povos.
Isaías 62.11 Eis que o Senhor proclamou até as extremidades da terra: Dizei à filha de Sião: Eis
que vem o teu Salvador; eis que com ele vem o
seu galardão, e a sua recompensa diante dele.
Isaías 62.12 E chamar-lhes-ão: Povo santo,
remidos do Senhor; e tu serás chamada
Procurada, cidade não desamparada.
182
Isaías 63
Este capítulo é introduzido com a descrição da
vitória de Cristo sobre os inimigos do seu povo,
da sua Igreja, estando aí incluídos os santos que
viveram antes do Pentecostes em Jerusalém.
Eles haviam oprimido o seu povo; haviam
colocado muitos tropeços e tentações diante
dos santos para desviá-los da fidelidade deles a
Deus, e lhes haviam causado muitas tristezas e sofrimentos.
Mas agora era chegado o dia do acerto de contas
com eles, para que não somente os santos
fossem vingados, mas para que também a justiça, santidade e poder gloriosos do Senhor
fossem manifestados e vindicados neles.
Por isso o conjunto dos inimigos assolados por Cristo em sua ira foram intitulados debaixo do
nome de Edom, por ser o povo descendente de
Esaú, e que se levantara na terra como inimigo
de Israel. Israel representa todo o povo de Deus de todas as épocas, e Edom, de igual modo os
seus inimigos que O desprezam, e contra os
quais Deus está aborrecido, tal como havia se
aborrecido de Esaú no passado.
A citação particular a Bozra subtende a cidade
de Edom que era a pior inimiga de Israel, e assim
é feito menção ao seu nome na profecia, não somente de Isaías, como também em outras
passagens da Bíblia, para representar a soma de
todos os inimigos de Deus e do seu povo:
183
“Pois por mim mesmo jurei, diz o Senhor, que
Bozra servirá de objeto de espanto, de opróbrio,
de ruína, e de maldição; e todas as suas cidades
se tornarão em desolações perpétuas.” (Jer 49.13).
O texto dos versos 1 a 6 deste capítulo de Isaías
são paralelos a Apocalipse 19.11-15 que descreve
a vitória de Cristo sobre o Anticristo e os
exércitos coligados a ele, na batalha do Armagedon.
Assim, o propósito de Deus através do profeta foi
principalmente o de consolar o seu povo quanto
aos sofrimentos deles neste mundo, e de
demonstrar o quanto Ele fora benigno até mesmo para com os pecados deles, porque
estariam sujeitos à mesma destruição que
alcançou os seus inimigos se não fosse o seu
grande amor e misericórdia para com o seu povo, a começar das infidelidades
demonstradas por Israel no antigo pacto.
Haverá um grande juízo no qual será
manifestada a ira de Deus sobre os ímpios, mas
Deus não somente livrou o seu povo desta ira
futura, como também nunca o abandonou por causa do seu grande amor para com Israel (a
verdadeira Igreja de todas as épocas da história
da humanidade).
“16 e diziam aos montes e aos rochedos: Caí
sobre nós, e escondei-nos da face daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do
Cordeiro;
17 porque é vindo o grande dia da ira deles; e
quem poderá subsistir?” (Apo 6.16,17).
184
A partir do verso 7 até o 14 deste capítulo de
Isaías, o profeta faz uma revisão em nome da
Igreja, com um reconhecimento grato dos
procedimentos de Deus para com a sua Igreja desde os dias da antiguidade.
A bondade, a benignidade e a misericórdia de
Deus para com o seu povo são celebradas e
louvadas (v. 7) porque apesar de tê-lo escolhido
para ser um povo santo que não procedesse com falsidade, de modo que se fez o Salvador deles (v.
8), e de ter se angustiado em toda a angústia do
seu povo, tendo enviado o anjo da sua presença
para salvá-los de suas angústias sob o opressor e sob as circunstâncias difíceis da vida; tendo-lhes
remido e os tomado para Si carregando-os todos
os dias da antiguidade (v.9), no entanto, em face
de tanta bondade e misericórdia, ainda assim se rebelaram contra Ele e entristeceram o Espírito
Santo, pelo que o Senhor teve que agir como um
inimigo pelejando contra eles (v. 10), por ter
lembrado da aliança que fizera com os patriarcas no passado, particularmente de
Moisés e do seu povo que indagavam pela sua
presença quando se retirava deles (v. 11 a 13). Em
face do arrependimento deles o Espírito do Senhor lhes deu descanso e guiou o seu povo
para a glória do nome do Senhor (v. 14).
Esta descrição do profeta pode ser aplicada á
Igreja de todas as épocas do Cristianismo,
porque por mais que qualquer Igreja local seja fiel ao Senhor, sempre haverá momentos de
baixa quanto à sua fidelidade na caminhada
espiritual. E sempre será pela exclusiva bondade
185
e misericórdia do Senhor que ela será
restaurada. É por causa do seu grande amor e
misericórdia para com o seu povo que não
somos consumidos. Porque Ele sabe que somos pó, e sujeitos ainda a uma natureza terrena que
necessita ser mortificada completamente para
que possamos ser plenamente perfeitos, e isto somente será possível quando Ele voltar para
arrebatar a sua Igreja.
Por isso é nosso dever como aparece neste texto de Isaías, tributarmos sempre louvor e gratidão
à bondade, benignidade e misericórdia de Deus
para conosco, porque somos pecadores, e é em
razão exclusivamente da misericórdia que Ele teve para conosco escolhendo-nos por esta
mesma misericórdia, e se fazendo Ele próprio o
nosso Salvador, porque de outro modo não
poderíamos ser salvos da ira futura que Ele manifestará sobre todos aqueles que não foram
alvos da sua grande misericórdia, e que por isso
são chamados na Palavra por vasos de ira, por
terem rejeitado a bondade que ofereceu gratuitamente aos pecadores.
Mas, o povo de Deus é designado por vasos de misericórdia porque é nos crentes que Deus
exibe o quanto Ele é misericordioso porque não
somente os livrou da sua ira vindoura, como
vemos nos primeiros versos deste capítulo de Isaías, e em muitas passagens bíblicas, como
também tem sido perdoador das transgressões
deles.
A casa de Israel na profecia é uma designação
relativa ao povo de Deus de todas as épocas, e a
186
Igreja está portanto incluída nesta promessa,
como se vê por exemplo em Jer 31.31-33, quando
foi feita a promessa da Nova Aliança. A
verdadeira casa de Israel, o verdadeiro Israel de Deus é composto por todos aqueles que tiveram
suas vestes lavadas no sangue de Jesus.
Em face de tanta bondade e misericórdia nos é
ordenado que não entristeçamos o Espírito Santo. O quanto Deus fica desagradado com isto
foi fartamente demonstrado na história de
Israel, e o apóstolo Paulo nos chama a
contemplar o que aconteceu com eles nos dias de Moisés quando saíram do Egito e cobiçaram
as coisas más, e murmuraram, fazendo com que
o Senhor pelejasse contra o seu próprio povo (I
Cor 10.1-14).
O fechamento da profecia neste capítulo de Isaías (verso 15 a 19) é uma oração feita pelo
profeta ante o atual quadro de miséria espiritual
de Israel nos seus dias, e esta oração é modelar para toda Igreja que se encontra em ruína
espiritual, como estará a Igreja de Laodiceia
citada em Apocalipse nestes últimos dias.
“15 Atenta lá dos céus e vê, lá da tua santa e
gloriosa habitação; onde estão o teu zelo e as tuas obras poderosas? A ternura do teu coração
e as tuas misericórdias para comigo
estancaram.
16 Mas tu és nosso Pai, ainda que Abraão não nos conhece, e Israel não nos reconhece; tu, ó
Senhor, és nosso Pai; nosso Redentor desde a
antiguidade é o teu nome.
187
17 Por que, ó Senhor, nos fazes errar dos teus
caminhos? Por que endureces o nosso coração,
para te não temermos? Faze voltar, por amor dos
teus servos, as tribos da tua herança.
18 Só por um pouco de tempo o teu santo povo a
possuiu; os nossos adversários pisaram o teu santuário.
19 Somos feitos como aqueles sobre quem tu
nunca dominaste, e como os que nunca se chamaram pelo teu nome.” .
Se o Senhor não nos vender colírio para que
vejamos e entendamos as coisas espirituais e celestiais; se não nos vender ouro refinado para
que sejamos ricos da sua graça; se não nos der
vestes brancas para cobrir a nossa nudez diante
dele devido ao pecado, nós não podemos triunfar sobre o pecado fazendo morrer a nossa
natureza terrena.
Somente o Senhor mesmo pode nos capacitar à
vida celestial, espiritual e divina que devemos
viver. Somente Ele pode fazer com que
tenhamos o nosso tesouro no céu e não na terra, de modo que o nosso coração e pensamentos
estejam nas coisas celestiais e não nas que são
da terra.
Por isso o profeta ora pedindo que Deus remova
o endurecimento do seu povo.
Quando entramos num viver dominado pela carne automaticamente entramos também
num vazio espiritual de uma vida sem a
presença de Deus.
O profeta expressa o clamor do povo
lamentando a falta do zelo e das obras poderosas
188
de Deus. Eles sentiam como que a ternura do
coração e as misericórdias do Senhor tivessem
estancado, isto é, cessado (v. 15).
Mas, em todo verdadeiro crente, mesmo
entregue a estes sentimentos de derrota e de
ausência de Deus, existe e permanece a convicção de que somente Deus é Pai e conhece
perfeitamente o seu povo, porque é o Redentor
dele desde a antiguidade (v. 16). Abraão é
chamado de Pai dos crentes, mas Ele não conhece a quase totalidade deles,
especialmente a todos os que viveram depois
dele, mas o Senhor conhece a todos os seus
filhos.
Sem Ele estamos mortos. Sem Cristo, fora da
videira, somos ramos que secam e morrem.
Dependemos inteiramente de estar verdadeiramente em comunhão com Ele para
que tenhamos vida, porque Ele é o caminho, a
verdade e a vida.
Por isso não podemos acertar com o caminho de
Deus, não permanecendo em Cristo que é o
caminho. Orar como fez o profeta para que Deus
não nos faça errar o caminho, é portanto o mesmo que pedir que Ele nos mantenha ligados
a Cristo. Se o Senhor não amolecer o nosso
coração ele ficará no seu estado natural de
endurecimento. E um coração endurecido não tem o temor de Deus.
Daí o profeta ter orado para que o Senhor fizesse voltar por amor dos seus servos as tribos da sua
herança; porque reconhecia que foi somente
por um pouco de tempo que Israel havia
189
acertado o seu caminhar com o seu Deus, e no
seu presente estado de endurecimento não
poderia esperar senão que os seus adversários
pisassem no santuário de Deus, e o próprio povo de Israel foi feito como aqueles sobre os quais o
Senhor nunca havia dominado e como aqueles
que nunca foram chamados pelo seu santo nome (v. 17 a 19).
Não é deste mesmo modo que ficam todos
aqueles que andam contrariamente à vontade
do Senhor na Igreja de Cristo? Eles não se tornam parecidos com aqueles que são do
mundo? Eles deveriam fazer esta mesma oração
do profeta pedindo que o Senhor por seu amor e
misericórdia lhes restaurasse para andarem em todos os seus caminhos, temendo o seu grande
nome, com um coração amolecido pela sua
graça.
“1 Quem é este, que vem de Edom, de Bozra, com
vestiduras tintas de escarlate? este que é glorioso no seu traje, que marcha na plenitude
da sua força? Sou eu, que falo em justiça,
poderoso para salvar.
2 Por que está vermelha a tua vestidura, e as tuas
vestes como as daquele que pisa no lagar?
3 Eu sozinho pisei no lagar, e dos povos ninguém houve comigo; eu os pisei na minha ira, e os
esmaguei no meu furor, e o seu sangue salpicou
as minhas vestes, e manchei toda a minha
vestidura.
4 Porque o dia da vingança estava no meu
coração, e o ano dos meus remidos é chegado.
190
5 Olhei, mas não havia quem me ajudasse; e
admirei-me de não haver quem me sustivesse;
pelo que o meu próprio braço me trouxe a
vitória; e o meu furor é que me susteve.
6 Pisei os povos na minha ira, e os embriaguei no meu furor; e derramei sobre a terra o seu
sangue.
7 Celebrarei as benignidades do Senhor, e os
louvores do Senhor, consoante tudo o que o
Senhor nos tem concedido, e a grande bondade para com a casa de Israel, bondade que ele lhes
tem concedido segundo as suas misericórdias, e
segundo a multidão das suas benignidades.
8 Porque dizia: Certamente eles são meu povo,
filhos que não procederão com falsidade; assim ele se fez o seu Salvador.
9 Em toda a angústia deles foi ele angustiado, e o anjo da sua presença os salvou; no seu amor, e
na sua compaixão ele os remiu; e os tomou, e os
carregou todos os dias da antiguidade.
10 Eles, porém, se rebelaram, e contristaram o
seu santo Espírito; pelo que se lhes tornou em inimigo, e ele mesmo pelejou contra eles.
11 Todavia se lembrou dos dias da antiguidade,
de Moisés, e do seu povo, dizendo: Onde está
aquele que os fez subir do mar com os pastores
do seu rebanho? Onde está o que pôs no meio deles o seu santo Espírito?
12 Aquele que fez o seu braço glorioso andar à
mão direita de Moisés? que fendeu as águas
diante deles, para fazer para si um nome eterno?
191
13 Aquele que os guiou pelos abismos, como a
um cavalo no deserto, de modo que nunca
tropeçaram?
14 Como ao gado que desce ao vale, o Espírito do
Senhor lhes deu descanso; assim guiaste o teu povo, para te fazeres um nome glorioso.
15 Atenta lá dos céus e vê, lá da tua santa e
gloriosa habitação; onde estão o teu zelo e as
tuas obras poderosas? A ternura do teu coração
e as tuas misericórdias para comigo estancaram.
16 Mas tu és nosso Pai, ainda que Abraão não nos conhece, e Israel não nos reconhece; tu, ó
Senhor, és nosso Pai; nosso Redentor desde a
antiguidade é o teu nome.
17 Por que, ó Senhor, nos fazes errar dos teus
caminhos? Por que endureces o nosso coração, para te não temermos? Faze voltar, por amor dos
teus servos, as tribos da tua herança.
18 Só por um pouco de tempo o teu santo povo a
possuiu; os nossos adversários pisaram o teu
santuário.
19 Somos feitos como aqueles sobre quem tu nunca dominaste, e como os que nunca se
chamaram pelo teu nome.”.
192
Isaías 64
Nós devemos lembrar que não somente o livro
do profeta Isaías, como todos os livros da Bíblia
foram escritos originalmente sem serem
divididos em capítulos e versículos. Desta
forma, não há uma quebra na mensagem de um capítulo para outro. E faríamos bem em lembrar
disso toda vez que estudarmos a Palavra.
O início deste capítulo é portanto uma continuação da mensagem do capítulo anterior
e assim sucessivamente; e isto se dá com todo o
texto bíblico, mesmo que haja uma mudança de
assunto, o que não é o caso com as profecias do livro de Isaías que estamos analisando.
Convém lembrar que o livro do profeta Isaías é
considerado como sendo o evangelho segundo
Isaías, especialmente a partir do capítulo 40 até o último capítulo, assim como a epístola aos
Romanos é chamada de o evangelho segundo
Paulo.
É realmente maravilhoso observar que a
essência do mistério do evangelho que foi
manifestado por Jesus Cristo se encontra no
livro de Isaías, especialmente no que se refere ao modo como Deus se relaciona com o seu povo
nas bases da graça, da verdade e da misericórdia
e do juízo revelados no evangelho.
Mas, como dizíamos, este capítulo é iniciado
com uma continuação da oração contida nos
versos finais do capítulo anterior (63).
193
É um clamor por avivamento. A condição de
fracasso, de miséria espiritual foi reconhecida.
A ausência do poder do Senhor na Igreja foi
lamentado, e agora o coração ora desde as suas profundezas por um avivamento para que tal
estado de coisas na Igreja possa ser superado.
“1 Oh! se fendesses os céus, e descesses, e os
montes tremessem à tua presença,
2 como quando o fogo incendeia os gravetos, e o fogo faz ferver a água, para fazeres notório o teu
nome aos teus adversários, de sorte que à tua
presença tremam as nações!
3 Quando fazias coisas terríveis, que não
esperávamos, descias, e os montes tremiam à
tua presença.”
Este é o clamor por um verdadeiro avivamento.
É clamor pela manifestação da própria presença
de Deus em toda a sua glória e poder. Para que
todos temam e tremam diante do seu grande nome. Para que as nações deem glória à sua
majestade e tremam diante da sua grandeza e
poder. É um clamor por amor à própria glória de
Deus, isto é, para que Ele seja glorificado. Este é o desejo de todo servo fiel do Senhor, ele amará
ver o Senhor sendo exaltado e glorificado, e por
isso diz: “Oh! se fendesses os céus, e descesses,
e os montes tremessem à tua presença,” (v. 1).
O profeta lamentou a ruína e destruição de
Jerusalém que ainda não havia ocorrido nos seus dias, e que se daria sob os babilônios mais
de cem anos depois de Isaías ter assim
profetizado.
194
A profecia apontaria aos judeus qual foi a causa
da ruína deles, ao mesmo tempo que lhes
incitaria a orarem para que o Senhor lhes
restaurasse.
De igual modo tem servido para alertar a Igreja quanto à necessidade de orar por avivamento
para que os crentes vivam realmente em
santidade diante do Senhor e para que lhe
acrescente novos convertidos.
A afirmação e indagação que são feitas no final do verso 5 não retratam a impossibilidade de
que seja salvo alguém que esteja vivendo em
pecado; mas de que não se pode contar com o
livramento de Deus enquanto os crentes vivem de tal maneira.
“Eis que te iraste, porque pecamos; há muito tempo temos estado em pecados; acaso seremos
salvos?” (v. 5.b).
O conteúdo desta reflexão nunca pode ser
esquecido pelos crentes, para que estejam
convictos de que não podem contar com o favor de Deus enquanto vivem deliberadamente na
prática do pecado.
Os crentes devem se lembrar que os olhos de
Deus repousam sobre os justos, não
simplesmente por terem sido justificados pela
fé em Cristo, mas por efetivamente praticarem a justiça evangélica que consiste não na nossa
perfeição ou na perfeição das nossas obras, mas
no nosso permanente desejo de sermos perfeitos assim como o nosso Pai é perfeito, e
pela sinceridade de buscarmos a sua face para
sermos transformados pelo seu Espírito e
195
sermos habilitados a fazer a sua vontade, pelo
poder da sua graça, buscando viver em
obediência aos seus mandamentos.
Por isso Isaías afirmou a graça do Senhor, antes
de ter afirmado que o povo se encontrava em
pecado despertando a ira de Deus, e que somente aqueles que praticam com alegria a
justiça e que se lembram do Senhor em todos os
seus caminhos, podem contar com a sua santa
presença que irá ao encontro deles, isto porque Deus opera em nosso favor segundo a sua graça
e bondade, somente pelo fato de esperarmos
por Ele (v.4, 5).
Tal como o profeta orando no lugar de todo o
Israel de Deus, movido pelo Espírito, nós
deveríamos também confessar ao Senhor qual é a nossa condição natural de não podermos
confiar na nossa justiça própria que é falha e
pecaminosa para que possamos ser justificados
perante Ele em sua Grandeza, Justiça e Santidade perfeitas. Nós deveríamos pedir um
avivamento, um livramento, como fez o profeta,
somente depois de termos confessado a nossa
miséria e a miséria espiritual de toda a Igreja, porque somos pessoas falidas aos olhos do
Senhor. De nós mesmos não podemos fazer
cousa alguma que Lhe seja agradável.
Dependemos inteiramente da graça e do poder de Jesus que nos são concedidos pelo Espírito.
“6 Pois todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e
todos nós murchamos como a folha, e as nossas
iniquidades, como o vento, nos arrebatam.
196
7 E não há quem invoque o teu nome, que
desperte, e te detenha; pois escondeste de nós o
teu rosto e nos consumiste, por causa das nossas
iniquidades.”.
É somente quando o Senhor manifesta a sua
presença que este quadro de miséria espiritual
é vencido. Reconhecemos que somos pobres de espírito, isto é, que somos necessitados
espirituais, que dependem da provisão do
Senhor para sermos enriquecidos
espiritualmente.
Então devemos orar pedindo que nos fortifique
na graça que está em Cristo Jesus.
E isto deve ser pedido de forma humilde como convém a pobres, tal como fizera o profeta Isaías
em nome de Israel:
“8 Mas agora, ó Senhor, tu és nosso Pai; nós somos o barro, e tu o nosso oleiro; e todos nós
obra das tuas mãos.
9 Não te agastes tanto, ó Senhor, nem perpetuamente te lembres da iniquidade; olha,
pois, nós te pedimos, todos nós somos o teu
povo.
10 As tuas santas cidades se tornaram em deserto, Sião está feita um ermo, Jerusalém uma
desolação.
11 A nossa santa e gloriosa casa, em que te louvavam nossos pais, foi queimada a fogo; e
todos os nossos lugares aprazíveis se tornaram
em ruínas.
12 Acaso conter-te-ás tu ainda sobre estas
calamidades, ó Senhor? ficarás calado, e nos
afligirás tanto?”
197
Quando um crente ou uma Igreja se encontram
na condição de terem fama de que vivem, mas
estão mortos, como Jesus afirmou em relação à
Igreja de Sardes, como poderiam orar por restauração senão da forma humilde que é
apontada neste texto de Isaías? Caberia se
vangloriarem no fato de que são filhos de Deus por meio de Jesus Cristo e que por isto Ele está
obrigado a lhes fazer o bem?
Por isso o Senhor coloca em II Crôn 7.14 a
necessidade de que o seu povo não somente se
converta a Ele, mas que também se humilhe, quando estiver vivendo em pecado.
Esta necessidade de se humilhar diante de Deus
não é necessária somente quando se está
vivendo em pecado, como em todos os
momentos de nossas vidas. Esta é a razão porque Ele empobrece a muitos crentes ou os mantém
em estado de pobreza, porque de outro modo
não se humilhariam diante dele. De Israel nos
dias de Moisés é dito que os humilhou no deserto para afinal fazer-lhes bem depois. Isto é
necessário porque ainda estamos na carne, e a
carne é fraca, ela é dada a se exaltar e a nos
dominar com orgulho quando as nossas circunstâncias presentes são elevadas. São
raríssimos aqueles que conseguem escapar
deste espírito orgulhoso diante da grande
abundância de bens e de elevada posição social.
Por isso o Senhor primeiro humilha para depois
exaltar. Sabe que se não aprendermos na escola
da humilhação não poderemos ser admitidos na
198
carreira da exaltação, porque certamente o
nosso coração se elevará e se desviará dele.
Há no mundo uma teologia triunfalista e
arrogante que esconde esta verdade. A qual produz crentes insolentes e irreverentes na
presença de Deus.
A oração humilde do profeta é um bom
preventivo contra este mal.
Como poderia uma Igreja que está a ponto de ser
vomitada pelo Senhor, como a de Laodiceia,
protestar arrogantemente o direito de ser
abençoada por Deus? Isto não serviria somente para agravar ainda mais o seu pecado?
Sejamos humildes diante do Senhor porque Ele
concede a sua graça somente a quem se
humilha, e todos nós na condição de pecadores que somos sempre teremos motivo para nos
humilhar perante Ele.
“1 Oh! se fendesses os céus, e descesses, e os
montes tremessem à tua presença,
2 como quando o fogo incendeia os gravetos, e o
fogo faz ferver a água, para fazeres notório o teu
nome aos teus adversários, de sorte que à tua
presença tremam as nações!
3 Quando fazias coisas terríveis, que não
esperávamos, descias, e os montes tremiam à
tua presença.
4 Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se
viu um Deus além de ti, que opera a favor
daquele que por ele espera.
199
5 Tu sais ao encontro daquele que, com alegria,
pratica a justiça, daqueles que se lembram de ti
nos teus caminhos. Eis que te iraste, porque
pecamos; há muito tempo temos estado em pecados; acaso seremos salvos?
6 Pois todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e
todos nós murchamos como a folha, e as nossas
iniquidades, como o vento, nos arrebatam.
7 E não há quem invoque o teu nome, que
desperte, e te detenha; pois escondeste de nós o
teu rosto e nos consumiste, por causa das nossas
iniquidades.
8 Mas agora, ó Senhor, tu és nosso Pai; nós
somos o barro, e tu o nosso oleiro; e todos nós
obra das tuas mãos.
9 Não te agastes tanto, ó Senhor, nem
perpetuamente te lembres da iniquidade; olha, pois, nós te pedimos, todos nós somos o teu
povo.
10 As tuas santas cidades se tornaram em deserto, Sião está feita um ermo, Jerusalém uma
desolação.
11 A nossa santa e gloriosa casa, em que te louvavam nossos pais, foi queimada a fogo; e
todos os nossos lugares aprazíveis se tornaram
em ruínas.
12 Acaso conter-te-ás tu ainda sobre estas
calamidades, ó Senhor? ficarás calado, e nos
afligirás tanto?”
200
Isaías 65
É Andar na Verdade Que Faz a Diferença
Muitos pensam equivocadamente que há
contradição na Bíblia porque ao mesmo tempo
que se fala de um favor imerecido demonstrado por Deus ao seu povo, e de uma aliança eterna
que Ele faz com eles, há também mensagens
ameaçadoras contra este povo de Deus, as quais
podem dar a entender que eles não desfrutam efetivamente do seu favor, como se vê por
exemplo no capítulo 65 de Isaías.
A razão deste modo errôneo de julgar consiste no fato de se confundir a justificação com a
santificação; a filiação com o viver em vitória;
enfim, do de ter sido crucificado com Cristo
com o ato de carregar diariamente a cruz.
São coisas distintas as promessas absolutas e
eternas para aqueles que são filhos de Deus, e o
modo que Deus trata com estes filhos em razão
da obediência ou desobediência deles.
Assim, Ele disciplina o seu povo para não
condená-lo juntamente com o mundo de
impiedade.
Este contraste entre o tratamento que o Senhor dá àqueles que Lhe pertencem e àqueles que são
do mundo, por amarem a iniquidade do mundo,
é apresentado de modo muito claro no 65º capítulo de Isaías, ao mesmo tempo que é
apresentado o desagrado do Senhor para com
aqueles que no seu povo vivem em pecado.
201
Isto mostra claramente que não é pelo fato de o
cristão ter sido justificado pela fé que Ele poderá
contar com o favor e o poder de Deus em seu
viver diário, caso viva em pecado.
Os cristãos devem, portanto, sempre se
guardarem de um viver na prática deliberada do pecado porque há a promessa absoluta da
criação de novos céus e de uma nova terra nos
quais habita somente a justiça (v. 17).
A vocação, portanto, para este estado de glória é
a prática da justiça e não da iniquidade.
Daí ser ordenado a todos os cristãos que
busquem a paz e a santificação, sem a qual
ninguém verá o Senhor.
Importa que haja novos céus e nova terra
porque os seus habitantes foram feitos novas
criaturas em Cristo, com uma mente renovada e um novo espírito. Então para um homem novo,
será preparado tudo novo.
Assim, muitos israelitas não seriam salvos para
acessarem a esta glória prometida futura por
serem meramente descendentes de Abraão,
segundo a carne.
Um verdadeiro israelita deve ser regenerado
pelo Espírito para ser nova criatura em Cristo Jesus.
Somente os que nascerem da água e do Espírito terão acesso ao reino do céu.
Então, Deus não estava amarrado ao compromisso, à aliança que fizera com os
israelitas através dos patriarcas, Ele se voltaria
aos gentios para salvar aqueles que se
202
arrependessem dos seus pecados, quando lhes
fosse pregado o evangelho.
O evangelho é portanto preanunciado no início
deste 65º capítulo de Isaías, demonstrando que
Deus salvará a todo aquele que se desviar do
pecado, mas manterá nas trevas a todos os que amam a injustiça e praticam a iniquidade.
Deus se voltaria para os gentios que não O
conheciam, porque não havia se revelado a eles na antiga aliança, senão somente aos israelitas.
Ele anunciaria o evangelho a eles e lhes
ofereceria a sua salvação, e muitos deles se converteriam a Ele.
Quantos ainda hoje dentre os gentios, nada conhecem do verdadeiro Deus e do evangelho
de Cristo, mas que se convertem assim que
Cristo é apresentado a eles pela Palavra no
poder do Espírito? Isto é maravilhoso porque é o cumprimento da promessa que Ele fez através
do profeta Isaías.
É importante frisar que a verdade relativa à salvação dos gentios ocorre conforme revelado
por Deus ao profeta no primeiro versículo deste
65º capítulo.
Eles são salvos não porque conheciam ao
Senhor ou porque estavam buscando pela sua
face. Isto não seria possível porque Eles nada
sabiam dos seus caminhos.
Então o evangelho é enviado a eles através da
pregação e muitos deles se convertem ao Senhor quando ouvem estas boas novas de
salvação, e é somente a partir de então que
passam a conhecê-lo.
203
Por isso se diz que a salvação do evangelho é
inteiramente pela graça, porque até mesmo se
exclui o mérito de que o salvo estivesse
buscando antes a Deus e se esforçando para viver de acordo com a sua vontade,
simplesmente porque não conhecia nem ao
Senhor, nem à sua vontade.
Por isso somente um remanescente seria deixado a Israel que se converteria de fato ao
Senhor.
Porque a salvação não é segundo as nossas
obras, mas segundo a graça.
Israel confiava em suas obras de justiça própria e por isso tropeçaram na pedra que é a graça de
Cristo.
Eles estavam endurecidos para a verdade de que
eram pecadores necessitados de salvação e pensavam que eram mais santos do que o
próprio Deus, apesar de todas as abominações e
idolatrias que praticavam (v. 2 a 7).
Os gentios estavam entregues também a práticas abomináveis e idolatrias, mas muitos
destes foram salvos, porque fizeram suas más
obras na ignorância, e porque se arrependeram
destas suas obras assim que tomaram conhecimento da santidade do Senhor.
Mas, a maioria de Israel, apesar de ser o povo da
aliança que tinha os mandamentos de Deus, os
profetas, e tudo o mais que Ele levantou para conduzi-los à sua presença, se desviaram dele e
de todas as suas coisas santas para praticarem
deliberadamente aquelas coisas que eles
204
sabiam perfeitamente que foram condenadas
pelo Senhor e que despertavam o seu desagrado.
Assim, que esperança poderia haver para eles, tendo sido endurecidos com a própria Palavra
de Deus?
Tal perigo deve ser evitado por muitos cristãos na Igreja de Cristo, os quais se permitem ficar
endurecidos com a própria pregação da
verdade.
Eles não admitem serem exortados quanto ao
pecado. Eles querem a aprovação de Deus e da
Igreja para o viver pecaminoso deles na carne.
Enquanto alguém vive desta forma não há
esperança de cura para ele, porque está
endurecido exatamente contra o único remédio
que poderia curá-lo que é a Palavra do Senhor.
Assim, esta profecia de Isaías como toda a Bíblia
é maravilhosamente verdadeira porque não
aponta por posição conceitual quem é o grupo favorecido por Deus por condição de privilégios,
e qual é o grupo que está debaixo do seu
desagrado. Não. Ele não faz a distinção desta
maneira. Deus distingue não por condição de nascimento, de cultura, de posição na sociedade
ou por qualquer outro critério humano. Ele
contempla o coração e salva mediante a
receptividade e disposição em obedecer a sua Palavra.
Estes que são verdadeiramente salvos passam
automaticamente a servi-lo, ou então manifestam este desejo sincero de não viverem
mais para si mesmos, mas para Aquele que por
eles morreu e ressuscitou.
205
O Senhor mostrará no futuro a distinção que Ele
faz entre os que O servem e aqueles que não O
servem.
Se servem é porque reconheceram que Ele é
Senhor. É o dono de suas vidas e vontade.
Os que não O servem é porque seguem após os seus próprios pensamentos buscando sempre
fazer o que é exclusivamente da própria vontade
deles, e que jamais se submeterão à vontade de
Deus.
Estes não podem ser alvo de promessas de
justiça e paz perfeitas, a começar no milênio,
como se vê no final deste 65º capítulo, porque isto não lhes interessa, pois têm prazer na
iniquidade.
A verdade revelada aos profetas do Antigo Testamento é confirmada por Jesus e pelos
apóstolos nas páginas do Novo Testamento, e
por isso é realmente algo para pasmar o modo
como a verdade é ocultada em nossos dias, como também o fora em diversos períodos da
história da Igreja.
O caráter santo e justo de Deus e o modo correto de servi-lo são ocultados contra um viver ou
legalista ou segundo o modo errado de se julgar
a graça de Deus, como se fosse um pretexto para
pecarmos.
O legalista se firma na sua justiça própria e na
sua religiosidade, ainda que usando os próprios
mandamentos da Palavra de Deus, e assim permanecem cegos para o fato de que é o
Senhor mesmo que nos capacita a viver segundo
a sua vontade.
206
O que afirma que é o Senhor que tem todo o
mérito e que tudo é pela sua graça, apesar de
fazer esta afirmação verdadeira, mas se vive
segundo a carne, também erra o alvo da vontade de Deus, tanto quanto o legalista.
Portanto, todos os cristãos são chamados a praticarem a verdade conforme está revelada
neste capítulo de Isaías e nas demais Escrituras,
especialmente no ensino de Jesus e dos
apóstolos no Novo Testamento.
Ali não vemos nenhuma base para uma
afirmação legalista ou antinomista, mas a verdade relativa ao modo correto de se viver e
fazer a vontade de Deus.
O Senhor será misericordioso para com as faltas
daqueles que se humilham perante Ele,
daqueles que reconhecem de fato que sem Ele nada podem fazer, mas que procuram se
inteirar de qual seja a sua vontade para as suas
vidas.
Estes que choram por causa dos seus pecados
serão certamente consolados pelo Espírito,
porque serão ajudados a vencerem o pecado e a fazerem o que é agradável a Deus.
Mas, aos que estão endurecidos pelo pecado, e orgulhosos de suas próprias obras de iniquidade
receberão a justa retribuição por suas más
obras, da parte de Deus (Is 65.6,7).
Isaías 65.1 Tornei-me acessível aos que não
perguntavam por mim; fui achado daqueles que
não me buscavam. A uma nação que não se
207
chamava do meu nome eu disse: Eis-me aqui,
eis-me aqui.
Isaías 65.2 Estendi as minhas mãos o dia todo a um povo rebelde, que anda por um caminho que
não é bom, após os seus próprios pensamentos;
Isaías 65.3 povo que de contínuo me provoca diante da minha face, sacrificando em jardins e
queimando incenso sobre tijolos;
Isaías 65.4 que se assenta entre as sepulturas, e
passa as noites junto aos lugares secretos; que come carne de porco, achando-se caldo de
coisas abomináveis nas suas vasilhas;
Isaías 65.5 e que dizem: Retira-te, e não te chegues a mim, porque sou mais santo do que
tu. Estes são fumaça no meu nariz, um fogo que
arde o dia todo.
Isaías 65.6 Eis que está escrito diante de mim:
Não me calarei, mas eu pagarei, sim, deitar-
lhes-ei a recompensa no seu seio;
Isaías 65.7 as suas iniquidades, e juntamente as iniquidades de seus pais, diz o Senhor, os quais
queimaram incenso nos montes, e me
afrontaram nos outeiros; pelo que lhes tornarei
a medir as suas obras antigas no seu seio.
Isaías 65.8 Assim diz o Senhor: Como quando se
acha mosto num cacho de uvas, e se diz: Não o
desperdices, pois há bênção nele; assim farei por amor de meus servos, para que eu não os
destrua a todos.
Isaías 65.9 E produzirei descendência a Jacó, e a Judá um herdeiro dos meus montes; e os meus
escolhidos herdarão a terra e os meus servos
nela habitarão.
208
Isaías 65.10 E Sarom servirá de pasto de
rebanhos, e o vale de Acor de repouso de gado,
para o meu povo, que me buscou.
Isaías 65.11 Mas a vós, os que vos apartais do
Senhor, os que vos esqueceis do meu santo
monte, os que preparais uma mesa para a
fortuna, e que misturais vinho para o Destino
Isaías 65.12 também vos destinarei à espada, e
todos vos encurvareis à matança; porque
quando chamei, não respondestes; quando falei, não ouvistes, mas fizestes o que era mau aos
meus olhos, e escolhestes aquilo em que eu não
tinha prazer.
Isaías 65.13 Pelo que assim diz o Senhor Deus: Eis
que os meus servos comerão, mas vós
padecereis fome; eis que os meus servos
beberão, mas vós tereis sede; eis que os meus servos se alegrarão, mas vós vos
envergonhareis;
Isaías 65.14 eis que os meus servos cantarão pela alegria de coração, mas vós chorareis pela
tristeza de coração, e uivareis pela angústia de
espírito.
Isaías 65.15 E deixareis o vosso nome para
maldição aos meus escolhidos; e vos matará o
Senhor Deus, mas a seus servos chamará por
outro nome.
Isaías 65.16 De sorte que aquele que se bendisser
na terra será bendito no Deus da verdade; e
aquele que jurar na terra, jurará pelo Deus da verdade; porque já estão esquecidas as
angústias passadas, e estão escondidas dos
meus olhos.
209
Isaías 65.17 Pois eis que eu crio novos céus e
nova terra; e não haverá lembrança das coisas
passadas, nem mais se recordarão:
Isaías 65.18 Mas alegrai-vos e regozijai-vos
perpetuamente no que eu crio; porque crio para
Jerusalém motivo de exultação e para o seu povo
motivo de gozo.
Isaías 65.19 E exultarei em Jerusalém, e folgarei
no meu povo; e nunca mais se ouvirá nela voz de
choro nem voz de clamor.
Isaías 65.20 Não haverá mais nela criança de
poucos dias, nem velho que não tenha cumprido
os seus dias; porque o menino morrerá de cem
anos; mas o pecador de cem anos será amaldiçoado.
Isaías 65.21 E eles edificarão casas, e as
habitarão; e plantarão vinhas, e comerão o fruto delas.
Isaías 65.22 Não edificarão para que outros
habitem; não plantarão para que outros comam; porque os dias do meu povo serão como os dias
da árvore, e os meus escolhidos gozarão por
longo tempo das obras das suas mãos:
Isaías 65.23 Não trabalharão debalde, nem terão filhos para calamidade; porque serão a
descendência dos benditos do Senhor, e os seus
descendentes estarão com eles.
Isaías 65.24 E acontecerá que, antes de
clamarem eles, eu responderei; e estando eles
ainda falando, eu os ouvirei.
Isaías 65.25 O lobo e o cordeiro juntos se
apascentarão, o leão comerá palha como o boi; e
pó será a comida da serpente. Não farão mal
210
nem dano algum em todo o meu santo monte,
diz o Senhor.
211
Isaías 66
Quem É Santo Santifique-se Ainda Mais
O caráter do evangelho de ser aroma de vida
para a vida nos que salvam, e cheiro de morte para a morte nos que se perdem é mais uma vez
afirmado no capítulo 66 de Isaías. Nunca se fala
somente de bênçãos e de glória, mas também e
sobretudo de juízo e de condenação eterna debaixo de espada e de fogo.
E se diz que serão muitos os mortos no juízo do Senhor como se vê no verso 16: “Porque com
fogo e com a sua espada entrará o Senhor em
juízo com toda a carne; e os que forem mortos pelo Senhor serão muitos.”.
Apesar desta palavra de advertência poucos se dispõem a dar ouvidos à trombeta de alerta que
é tocada pelo Espírito através do profeta, para
que o homem se arrependa e escape da
condenação futura.
Deus declara expressamente que Ele salvará somente aqueles que tremem da sua Palavra e
que são humildes e contritos de coração:
“A minha mão fez todas essas coisas, e assim
todas elas vieram a existir, diz o Senhor; mas eis
para quem olharei: para o humilde e contrito de
espírito, que treme da minha palavra.” (v. 2).
Assim a mensagem do profeta é dirigida àqueles que tremem da Palavra do Senhor porque
somente eles podem ouvi-la e darem atenção a
ela, porque os que se desviam de fazer a vontade
212
de Deus ficam endurecidos em seus pecados e
se tornam incapacitados de ouvirem aquilo que
o Espírito está dizendo à Igreja, pois coisas
espirituais se discernem em espírito, e assim é necessário estar em espírito para que se possa
ouvi-las.
“Ouvi a palavra do Senhor, os que tremeis da sua
palavra: Vossos irmãos, que vos odeiam e que para longe vos lançam por causa do meu nome,
disseram: Seja glorificado o Senhor, para que
vejamos a vossa alegria; mas eles serão
confundidos.” (v. 5).
Neste mesmo texto é dito que aqueles que estão na Igreja mas que andam contrariamente com
Deus no fundo de seus corações, odeiam
aqueles que andam na verdade e que não negam
o nome do Senhor, e por isso eles os expulsam para longe de si, com a ironia de que estes
cristãos fiéis se alegrem mesmo em face da
infidelidade destes que lhes odeiam, para que o
Senhor seja glorificado, mas Deus profere um juízo contra eles dizendo que serão
confundidos.
Eles ficarão confundidos porque o Senhor não
se manifestará a eles, e por causa de tudo o que
é dito do procedimento deles nos versos 3b e 4: “Porquanto eles escolheram os seus próprios
caminhos, e tomam prazer nas suas
abominações, também eu escolherei as suas aflições, farei vir sobre eles aquilo que temiam;
porque quando clamei, ninguém respondeu;
quando falei, eles não escutaram, mas fizeram o
213
que era mau aos meus olhos, e escolheram
aquilo em que eu não tinha prazer.”.
Eles escolheram não ouvir e atender à repreensão de Deus quanto aos seus pecados,
quando a palavra foi pregada a eles, e por isso o
Senhor lhes deixará no seu endurecimento
trazendo sobre eles os seus juízos.
Estes que não dão a devida consideração aos
seus pecados e à necessidade de atender ao
chamado do Senhor ao arrependimento e à conversão ficarão de fora da reunião alegre e
triunfal que o Senhor fará com todos aqueles
que o amam, e que tremeram da sua Palavra, no
dia da reunião de todos eles com Cristo no monte Sião (v. 7 a 14).
Este dia que será de grande alegria para os
servos do Senhor, será um dia de horror para os inimigos de Deus e do seu povo, porque Ele
tomará vingança contra os seus inimigos (v.14)
para vingar as perseguições e tristezas que
causaram injustamente aos seus servos.
É dito que neste dia o “Senhor virá com fogo, e
os seus carros serão como o torvelinho, para
retribuir a sua ira com furor, e a sua repreensão com chamas de fogo.
Porque com fogo e com a sua espada entrará o
Senhor em juízo com toda a carne; e os que forem mortos pelo Senhor serão muitos.
Os que se santificam, e se purificam para entrar
nos jardins após uma deusa que está no meio, os que comem da carne de porco, e da abominação,
e do rato, esses todos serão consumidos, diz o
Senhor.” (v. 15 a 17).
214
Ofertas e sacrifícios são desprezados pelo
Senhor quando eles vierem de mãos não
piedosas. O sacrifício do ímpio não é somente
inaceitável, como é também uma abominação ao Senhor (Prov 15.8).
Da parte b do verso 18 ao 20, de Isaías 66, Deus
promete que evangelizaria todas as nações do
mundo com o propósito de anunciar a sua glória entre as nações, que não conheceram a sua
fama e que não haviam visto a sua glória se
manifestando em Israel nos dias do Antigo
Testamento.
Os seus escolhidos destas nações seriam reunidos a seus irmãos pelo trabalho de
evangelização que começaria com aqueles que
escapassem do juízo de Deus em Israel, a saber,
os primeiros que vieram a formar a Igreja de Cristo em Jerusalém e que partiram dali
pregando o evangelho em todo o mundo.
E destes que se convertessem ao evangelho o
Senhor tomaria alguns para sacerdotes e para levitas (v. 21) não nos termos do Velho
Testamento, mas nos da Nova Aliança, isto é,
ministros para dirigirem a sua casa, como Ele
tem feito de fato em todo o mundo separando pessoas para o exercício do ministério e para a
administração da sua casa, a saber, a sua Igreja.
O nome e a posteridade destes convertidos (seus
filhos espirituais) durarão para sempre diante do Senhor, assim como os novos céus e a nova
terra que Ele jamais destruirá, como fará aos
que existem atualmente (v. 22).
215
O Senhor será adorado todos os dias por aqueles
que escaparem da sua ira por causa do pecado e
da impiedade, e eles verão os cadáveres
daqueles que transgrediram contra Ele, dos quais o fogo do juízo jamais se afastará e que
jamais terão a oportunidade de serem
ressuscitados em glória tal como os servos de Deus, daí se dizer que o verme deles nunca
morrerá, e se diz que eles serão um horror para
toda a carne (v. 23, 24).
Fecharemos este texto de Isaías com a palavra
proferida pelo Senhor Jesus em Apo 22.12:
“Eis que cedo venho e está comigo a minha recompensa, para retribuir a cada um segundo
a sua obra.”.
Uns terão uma recompensa gloriosa, e outros
terão uma recompensa que será para eles um
horror eterno.
Esta Palavra de Jesus é uma reafirmação de tudo o que estudamos no livro do profeta Isaías.
É por dar atenção a esta Palavra e por colocá-la
em prática, que somos verdadeiramente salvos.
Ninguém pense, portanto, que Jesus é um
Salvador e Senhor para permanecermos no pecado.
Ele é Salvador e Senhor exatamente para nos
libertar dos nossos pecados.
Glorificado seja o seu santo nome por nos
habilitar a escapar da ira vindoura e a viver de
modo agradável a Deus.
Nunca esqueçamos que Deus fez todas estas
coisas não para a nossa, mas para a sua própria
glória (v. 18).
216
Uma glória que jamais passará porque o reino de
Cristo é um reino inabalável (Hb 12.27,28), cujas
leis e privilégios nunca poderão ser removidos
ou alterados.
Isaías 66.1 Assim diz o Senhor: O céu é o meu
trono, e a terra o escabelo dos meus pés. Que
casa me edificaríeis vós? e que lugar seria o do meu descanso?
Isaías 66.2 A minha mão fez todas essas coisas, e
assim todas elas vieram a existir, diz o Senhor;
mas eis para quem olharei: para o humilde e
contrito de espírito, que treme da minha palavra.
Isaías 66.3 Quem mata um boi é como o que tira
a vida a um homem; quem sacrifica um
cordeiro, como o que quebra o pescoço a um cão; quem oferece uma oblação, como o que
oferece sangue de porco; quem queima incenso,
como o que bendiz a um ídolo. Porquanto eles
escolheram os seus próprios caminhos, e tomam prazer nas suas abominações,
Isaías 66.4 também eu escolherei as suas
aflições, farei vir sobre eles aquilo que temiam;
porque quando clamei, ninguém respondeu; quando falei, eles não escutaram, mas fizeram o
que era mau aos meus olhos, e escolheram
aquilo em que eu não tinha prazer.
Isaías 66.5 Ouvi a palavra do Senhor, os que tremeis da sua palavra: Vossos irmãos, que vos
odeiam e que para longe vos lançam por causa
do meu nome, disseram: Seja glorificado o
217
Senhor, para que vejamos a vossa alegria; mas
eles serão confundidos.
Isaías 66.6 uma voz de grande tumulto vem da
cidade, uma voz do templo, ei-la, a voz do Senhor, que dá a recompensa aos seus inimigos.
Isaías 66.7 Antes que estivesse de parto, deu à
luz; antes que lhe viessem as dores, deu à luz um
filho.
Isaías 66.8 Quem jamais ouviu tal coisa? quem
viu coisas semelhantes? Poder-se-ia fazer nascer uma terra num só dia? nasceria uma
nação de uma só vez? Mas logo que Sião esteve
de parto, deu à luz seus filhos.
Isaías 66.9 Acaso farei eu abrir a madre, e não
farei nascer? diz o Senhor. Acaso eu que faço nascer, fecharei a madre? diz o teu Deus.
Isaías 66.10 Regozijai-vos com Jerusalém, e
alegrai-vos por ela, vós todos os que a amais;
enchei-vos por ela de alegria, todos os que por ela pranteastes;
Isaías 66.11 para que mameis e vos farteis dos
peitos das suas consolações; para que sugueis, e
vos deleiteis com a abundância da sua glória.
Isaías 66.12 Pois assim diz o Senhor: Eis que
estenderei sobre ela a paz como um rio, e a glória das nações como um ribeiro que
trasborda; então mamareis, ao colo vos trarão, e
sobre os joelhos vos afagarão.
Isaías 66.13 Como alguém a quem consola sua
mãe, assim eu vos consolarei; e em Jerusalém vós sereis consolados.
Isaías 66.14 Isso vereis e alegrar-se-á o vosso
coração, e os vossos ossos reverdecerão como a
218
erva tenra; então a mão do Senhor será notória
aos seus servos, e ele se indignará contra os seus
inimigos.
Isaías 66.15 Pois, eis que o Senhor virá com fogo,
e os seus carros serão como o torvelinho, para
retribuir a sua ira com furor, e a sua repreensão
com chamas de fogo.
Isaías 66.16 Porque com fogo e com a sua espada
entrará o Senhor em juízo com toda a carne; e os
que forem mortos pelo Senhor serão muitos.
Isaías 66.17 Os que se santificam, e se purificam
para entrar nos jardins após uma deusa que está
no meio, os que comem da carne de porco, e da abominação, e do rato, esses todos serão
consumidos, diz o Senhor.
Isaías 66.18 Pois eu conheço as suas obras e os seus pensamentos; vem o dia em que ajuntarei
todas as nações e línguas; e elas virão, e verão a
minha glória.
Isaías 66.19 Porei entre elas um sinal, e os que
dali escaparem, eu os enviarei às nações, a
Társis, Pul, e Lude, povos que atiram com o arco,
a Tubal e Javã, até as ilhas de mais longe, que não ouviram a minha fama, nem viram a minha
glória; e eles anunciarão entre as nações a
minha glória.
Isaías 66.20 E trarão todos os vossos irmãos, dentre todas as nações, como oblação ao
Senhor; sobre cavalos, e em carros, e em liteiras,
e sobre mulas, e sobre dromedários, os trarão ao meu santo monte, a Jerusalém, diz o Senhor,
como os filhos de Israel trazem as suas ofertas
em vasos limpos à casa do Senhor.
Isaías 66.21 E também deles tomarei alguns para
sacerdotes e para levitas, diz o Senhor.
Isaías 66.22 Pois, como os novos céus e a nova
terra, que hei de fazer, durarão diante de mim, diz o Senhor, assim durará a vossa posteridade e
o vosso nome.
Isaías 66.23 E acontecerá que desde uma lua
nova até a outra, e desde um sábado até o outro,
virá toda a carne a adorar perante mim, diz o Senhor.
Isaías 66.24 E sairão, e verão os cadáveres dos
homens que transgrediram contra mim; porque
o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para toda a
carne.
219