Isaac Asimov - Nove Amanhãs-Vol. 1 e 2

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    Suspirei. Se tentasse, era certoque apanharia o criminoso, mas depoisdisso seria a coisa mais parecida

    com fgado cortado que algum j viu.Haveria uma remodelao no Servio,um pivete do tamanho da Galia,e, no meio da ecitao e da desordem,o segredo da !spaciolina alterada viriac para fora, de uma forma ou de outra." claro que o criminoso podia sero primeiro que eu revistasse.#ma hip$tese em tr%s.!scolhia um e depois, sa&e 'eus...(ue chatice, qualquer coisa tinha feitoque eles comeassem, enquanto estavaa falar com os meus &ot)es.! a !spaciolina contagiosa...

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    ISAAC ASIMOV

    NOVE AMANHS CONTOS DO FUTURO PRXIMO

    1 e 2 Volumes

    *u&lica)es !uropa+mrica

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    *ara -ett. Shapian,cuja &ondade e solicitude

    nunca falharam

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    VALE A PENA LER VE!AM"

    /h, 'r. . +/h. 'r. . +H uma coisa 0no se v em&ora1(ue eu gostaria que me dissesse.!m&ora preferisse morrer tentar.2ntrometer+me,/ caso, como ver," que a minha mente!la&orou a grande pergunta do dia.

    3o pretendo fa4er qualquer escrnio &arato,*ortanto, por favor, responda com deciso,!, deiando+se de receios cautelosos e in5teis,

    6onte+me o segredo da sua viso76omo que8oc% cria!ssas impossveis e loucas idias9

    Ser indigesto! trata+se'o pesadelo que dela resulta9'os seus olhos a rodopiar, girar,

    'ados a enrolarem+se! a desenrolarem+se,!nquanto o seu sangue toca sinos enlouquecidosSeguindo o apaionado ritmo'o seu a&undante e incerto pulso9

    Ser isso, pense, ou a &e&ida(ue lhe trar mais depressa o delrio9*ois um*equenssimo

    :artni seco*ode &em ser a sua musa privada/u talve4 aqueles ;om e

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    !ncontraro as-agas certas *ara provocar! li&ertar!sse truque secreto ou essa ecitao=/u uma horrenda6om&inao

    'e estimulao2legal,:aconha com tequila,(ue lhe daria aquela sensao'e coisas com&inando+se!nquanto comea a sua atividade mentalo doido ritmo sincopado

    'ecerto algo, 'r. .,/ fa4 eltrico

    ! um pouco ec%ntrico.

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    NOTAS DE RECUSA

    #$ CULTA(uerido simov, todas a leis mentaisprovam que a ortodoia tem seus defeitos.6onsidere este componente eclticoda filosofia de >ant que mordecom fauces incansveis e antil$gicasas gastas e in5teis serrasque ficam presos em culturas de mutantes de nossa era. vai pois seu relato 0com ?nimo fraco1.s palavras anteriores t%m amplo motivo.

    %$ CULTA(uerido 2@e, estava preparado

    0e, menino, realmente assutado1para tragar, vindo de ti, quase qualquer coisa.*orm, 2@e, s pura droga,tua forma de escrever ine&riante=s$ resta tosse seca e inchamento mental.;e devolvo esta porcariaAcheirava, empestava, fediaAum &reve olhar foi espantoso o suficiente.!ntretanto, criana, pouco a pouco,tenta de novo.

    3ecessito de algumas Bantochadas, rapa4, adoro teu catarro.

    AM&VEL(uerido 2saac, meu amigo,pensei que teu relato era l5cido.Sumamente deliciosoe com mritos, esplendoroso.Significou uma inteiranoite, plena

    de tenso, amigo,e logo alvio,e acompanhada

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    em &oa medidado deleiteda latenteincredulidade." uma trivialidade,apenas correto,

    quase um ato de maldade,declararque h pequenos defeitos.3ada concreto,um retoque, talve4,e por istono v desanimar.*ermita+me pois epor,sem mais delongas,meu camarada, meu amigo,

    que o final do teu hist$riadeiou+me satisfeitoe alegremente sossegado.

    *.S.h, claro,devo confessar0com certo pesar1que, infeli4mente7, devolvo em aneo sua hist$ria.

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    PROFISSO

    George *laten no conseguia esconder a ?nsia na sua vo4. !ra grande demais parapoder cont%+a.

    + manh o primeiro de :aio. /limpadas7 + disse ele.Colou so&re o estDmago e olhou o seu companheiro de quarto por so&re o p da

    cama. E!le no sentia, tam&m9 2sso no lhe causava qualquer emoo9F cara de George era magra e tinha emagrecido mais ainda no quase ano e meio

    que tinha passado na 6asa. sua figura era frgil mas o olhar dos seus olhos a4uisera to intenso como sempre fora, e agora havia um ar de clausura na forma comoos seus dedos se enroscavam na colcha.

    / companheiro de quarto de George levantou os olhos do livro por um momento,e aproveitou a oportunidade para ajustar a intensidade da lu4 no pedao de paredejunto sua cadeira. 6hamava+se Hali /mani e era 3igeriano de nascimento. suapele castanha+escura e a sua figura imponente pareciam feitas para a tranquilidade,e a meno das /limpadas no o pertur&ou.

    + !u sei, George + disse ele.George devia muito paci%ncia e &ondade de Hali, quando era preciso, mas at a

    paci%ncia e a &ondade podiam ser de mais. E2sto hora de estar ali sentado comouma esttua feita de uma madeira qualquer, negra e quente9F

    George perguntou+se se ele mesmo no ficaria assim depois de estar de4 anos alie rejeitou esse pensamento violentamente. E3o7F

    + cho que te esqueceste do que :aio significa + disse, desafiadoramente.+ em&ro+me muito &em do que isso significa + disse o outro. + 3o significa nada7

    ;u que te esqueceste disso.:aio no significa nada para ti, George *laten, e + acrescentou suavemente + no

    significa nada para mim, Hali /mani.+ s naves v%m ai &uscar recrutas + disse George. !m

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    recido e o ter arrastado de volta a uma vida que no merecia ser vivida./mani7 !ra velho7 ;inha pelo menos IJ anos. ESerei assim aos IJ anos9 Serei as+

    sim daqui a do4e anos9F, pensou George.! *orque receava que sim, gritou para /mani= + "s capa4 de parar de ler esse livro

    idiota9/mani virou a pgina e leu ainda algumas palavras, depois levantou a ca&ea, com

    o seu cocuruto de ca&elo encrespado, e disse=+ / qu%9+ (ue que tu ganhas em ler esse livro9 + vanou e &ufou. + :ais eletrDnica + !

    arrancou+o das mos de /mani./mani levantou+se devagar e apanhou o livro. !ndireitou uma pgina amarrotada

    sem visvel rancor.+ 6hama+lhe satisfao da curiosidade + disse. + prendo alguma coisa hoje, talve4

    um pouco mais amanh. 'e certa forma uma vit$ria.+ #ma vit$ria. (ue espcie de vit$ria9 " isso que te satisfa4 na vida9 6hegares a

    sa&er o suficiente para seres um quarto de engenheiro eletrDnico registrado quando

    j tiveres KL anos9+ ;alve4 quando tiver IL.+ ! nessa altura quem que te querer9 (uem que te vai usar9 *ara onde que

    vais9+ 3ingum. 3ingum. *ara lado nenhum. Bicarei aqui a ler outros livros.+ ! isso satisfa4+te9 'i4+me7 ;u arrastaste+me para a aula. Bi4este+me ler e me+

    mori4ar, tam&m. *ara qu%9 3ada disso me satisfa4.+ / que que ganhas em negar+te a satisfao9+ / que te estou di4endo que desisto desta farsa. 8ou fa4er o que sempre plane+

    jei fa4er desde o incio, antes de me teres convencido com tua conversa mansa. 8ou

    for+os a... a.../mani pousou o livro. 'eiou o outro parar e disse= + qu%, George9+ corrigir uma deciso injusta. #ma maquinao. 8ou apanhar aquele ntonelli e

    for+o a confessar que... que.../mani &aiou a ca&ea.+ ;odos os que v%m para aqui insistem em que um erro. *ensei que j tinhas ul+

    trapassado essa fase.+ 3o lhe chames fase + disse George violentamente, no meu caso um fato.

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    + (ue que tu querias ser, Hali9+ 3o tinha planos fios. !ngenheiro hidropDnico tinha+me servido, acho eu.+ chas que conseguirias9+ 3o tinha a certe4a.George nunca tinha feito perguntas pessoais a /mani.*areceu+lhe estranho, quase anormal, que outras pessoas tivessem tido am&i)es

    e aca&ado aqui. E!ngenheiro HidropDnico7F+ 2maginavas vir para c9 + disse.+ 3o, mas aqui sou eatamente o mesmo.+ ! ests satisfeito. :esmo, mesmo satisfeito. !sts feli4. doras isto. 3o quere+

    rias estar em nenhum outro lugar.'evagar, /mani levantou+se. 6omeou a desfa4er a cama cuidadosamente.+ George, s um caso difcil. !sts a derrotar+te porque no aceitas os fatos so&re

    ti pr$prio. George, ests aqui naquilo a que chamas a 6asa, mas nunca te ouvi di4ero seu nome completo. 'i4, George, di4. 'epois vai para a cama, pode ser quepasse...

    George cerrou os dentes e mostrou+os. + 3o7 + disse, num engasgo.+ !nto digo eu + disse /mani, e disse+o. rticulou cada sla&a cuidadosamente.George ficou amargamente veado ao ouvi+o. 8oltou a ca&ea para o outro lado.

    'urante a maior parte dos primeiros de4oito anos da sua vida, George *laten ti+nha+se dirigido firmemente numa direo, a de *rogramador de 6omputadores regis+trado. Havia no seu grupo quem falasse sa&iamente so&re !spaonutica, ;ecnologiade Cefrigerao, 6ontrole de ;ransportes e at dministrao. :as George mantinha+se firme.

    !le defendia os seus mritos to vigorosamente como qualquer um deles, e porque no9 / 'ia da !ducao agigantava+se sua frente e era o grande acontecimen+to da sua eist%ncia. proimava+se firmemente, fio e certo como o calendrio= oprimeiro dia de 3ovem&ro do ano do MNO aniversrio de cada um.

    'epois desse dia, havia outros temas de conversa. *odia discutir+se com os outrosalgum pormenor da profisso, ou as virtudes da mulher e filhos, ou o destino daequipe de espao+p$lo, ou as eperi%ncias nas /limpadas. ntes do 'ia da !duca+o, porm, havia apenas um tema que, invarivel e persistentemente, captava o in+teresse de todos, que era o 'ia da !ducao .

    + 8ais para qu%9 chas que vais conseguir9 !pa, essa no vale nada. 8% os regis+

    trosA a quota foi cortada. ogstica que .../u hipermec?nica que , ou comunica)es que , ou gravtica que ...!specialmente gravtica, a essa altura. ;odo mundo vinha falando de gravtica nos

    anos que precederam o 'ia da !ducao de George, devido ao desenvolvimento domotor de energia gravtica.

    (ualquer mundo num raio de de4 anos+lu4 de uma estrela an, di4iam, daria osolhos da cara por um engenheiro gravtico registrado.

    !sse pensamento nunca pertur&ou George. 6laro que simA todos os olhos de carasque conseguisse arranjar. :as George tam&m sa&ia o que tinha acontecido antes auma tcnica recente. Cacionali4ao e simplificao seguiam+se em torrente. 3ovosmodelos todos os anosA novos tipos de motores gravticosA novos princpios. !ntotodos esses senhores dos olhos+da+cara estariam antiquados e seriam su&stitudospor eemplares mais recentes com educao recente. / primeiro grupo teria entode se conformar com o tra&alho no especiali4ado ou ento mudar+se para um mun+

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    do l dos confins que no se tivesse ainda atuali4ado.gora, a procura de programadores de computadores era certa ano ap$s ano, s+

    culo ap$s sculo. 3unca havia um mercado fa&uloso para programadoresA a procuranunca atingia picos espetacularesA mas su&ia firmemente medida que novos mun+dos se a&riam e os velhos se tornavam mais compleos.

    'iscutia com o Stu&& ;revelan so&re isso constantemente. 6omo grandes ami+

    gos que eram, as discuss)es entre eles tinham de ser constantes e causticas e, o&+viamente, nunca nenhum conseguia convencer o outro ou vice+versa.

    :as ;revelan tivera um pai metal5rgico registrado, que tinha realmente tra&alha+do num dos :undos !teriores, e um avD que fora igualmente metal5rgico registra+do. !le pr$prio pretendia ser :etal5rgico registrado quase como se fosse direito defamlia e estava firmemente convicto de que qualquer outra profisso era um poucomenos que respeitvel.

    + Haver sempre metal + di4ia. + ! preciso talento para moldar ligas segundo es+pecifica)es e vigiar o crescimento das estruturas. gora, o que que um programa+dor vai fa4er9 Sentado frente de um codificador todo o dia, alimentando uma im&e+

    cil mquina gigante.:esmo aos MK anos, George aprendera a ser prtico. 'isse simplesmente=+ Haver um milho de metal5rgicos saindo ao mesmo tempo que tu.+ *orque &om. #ma &oa profisso. melhor.+ :as s engolido pela multido, Stu&&. *odes &em estar no fim da fila. (ualquer

    mundo pode educar os seus metal5rgicos, e o mercado para eemplares terrestresavanados no assim to grande. ! so principalmente os pequenos mundos a pro+cur+os. Sa&es que percentagem da sada de metal5rgicos registrados enviada paramundos com uma classificao de 3vel 9 !u fui ver. S$ MI,I por cento. 2sso querdi4er que ters sete chances em oito de ficar preso num mundo que praticamente s$

    tem gua corrente. *odes at ficar preso na ;erraA P, I por cento ficam.+ Bicar na ;erra no nenhuma desgraa + disse ;revelan &elicosamente. + ;er+ra tam&m precisa de tcnicos. -ons tcnicos. + / seu avD tra&alhara como metal5r+gico na ;erra, e ;revelan levantou o dedo ao nvel do l&io superior e &ateu numainda ineistente &igode.

    George sa&ia do avD de ;revelan e, considerando a locali4ao terrena dos seuspr$prios antepassados, no estava com disposio para escarnecer.

    + 3o uma desgraa intelectual+ disse, diplomaticamente + 6laro que no. :as agradvel entrar para um mundo de 3vel , no 9

    Egora v% os programadores. S$ os mundos de 3vel t%m o g%nero de computa+

    dores que realmente necessita de programadores de primeira classe, portanto so os5nicos do mercado. ! as fitas para programador so complicadas e raramente seajustam a algum. *recisam de mais programadores do que a sua pr$pria populaopode fornecer. " apenas uma questo de estatsticas. H, digamos, um programadorde primeira classe num milho. Se um mundo precisa de vinte e tem uma populaode de4 milh)es, tem de vir ;erra &uscar entre cinco e quin4e programadores. 6er+to9

    E! sa&es quantos programadores de computadores registrados foram para plane+tas de 3vel no ano passado9 !u digo+te. ;odos. Se s programador, s um homemescolhido. credita.

    ;revelan fran4iu as so&rancelhas.+ Se apenas um num milho consegue, que que te fa4 pensar que tu vais conse+

    guir9+ 8ou conseguir + disse George, resguardando+se. 3unca se atreveu a di4er a nin+

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    gumA nem ao ;revelanA nem aos pais, eatamente aquilo que estava fa4endo eque o tornava to confiante. :as ele no estava preocupado. !stava simplesmenteconfiante 0essa era a pior das mem$rias que teria nos dias sem esperana que se se+guiriam1. !stava to &randamente confiante como qualquer garoto mdio de oitoanos aproimando+se do 'ia da eitura, essa antecipao infantil do 'ia da !duca+o.

    6laro que o 'ia da eitura tinha sido diferente. !m parte, pelo simples fato da in+f?ncia. #m rapa4 de N anos encara muitas coisas importantes com ligeire4a. #m diano se sa&e ler e no seguinte j se sa&e. " assim que so as coisas. 6omo o &rilhodo Sol.

    ! de qualquer forma, pouca coisa dependia dele. 3o havia recrutadores em frenteesperando e acotovelando+se pelas listas e resultados da pr$ima /limpada. #m ra+pa4 ou uma garota que passe pelo 'ia da eitura apenas algum que tem mais de4anos de vida indiferenciada so&re a fervilhante face da ;erraA apenas algum que

    volta para a sua famlia com uma nova capacidade.(uando o 'ia da !ducao chegou, de4 anos depois, George j no tinha sequer acerte4a de grande parte dos pormenores do seu pr$prio 'ia da eitura.

    :ais claramente que tudo, lem&rava+se de ter sido um dia triste de Setem&ro comuma chuva suave a cair. 0Setem&ro para o 'ia da eitura, 3ovem&ro para o 'ia da!ducao, :aio para as /limpadas, fa4iam versos com isto, no jardim da inf?ncia.1George encontrava+se vestido junto s lu4es de parede, com os pais &em mais eci+tados do que ele pr$prio estava. / seu pai era um montador de tu&os registrado e ti+nha encontrado a sua ocupao na ;erra. !ste fato tinha sido sempre uma humilha+o para ele, em&ora, claro, como qualquer um pode ver, a maior parte de cada ge+

    rao deva ficar na ;erra, pela nature4a das coisas.;inha de haver lavradores e mineiros e at tcnicos na ;erra. penas os eempla+res recentes de profisso altamente especiali4adas, que tinham grande procura nos:undos !teriores, e apenas alguns milh)es por ano da populao de oito &ili)es da;erra podiam ser eportados. 3em todos os homens e mulheres da ;erra podiam es+tar nesse grupo.

    :as cada homem e mulher podia esperar que pelo menos um dos seus filhos pu+desse estar, e *laten, pai, no era decerto ecepo. !ra claro para ele 0e, com cer+te4a, tam&m para outros1 que George era notavelmente inteligente e saga4. !stariadestinado a sair+se &em e teria de o fa4er, j que era filho 5nico. Se George no aca+

    &asse num :undo !terior, teriam de esperar pelos netos para que houvesse outraoportunidade, e isso estava demasiado afastado no tempo para ser grande consola+o.

    " claro que o 'ia da eitura no provava muita coisa, mas seria a 5nica indicaoque teriam antes do grande dia propriamente dito. ;odos os pais da ;erra ouviriam aqualidade da leitura quando os seus filhos voltassem para casa com ela, procurandoouvir qualquer flu%ncia particularmente fcil e construindo com ela alguns aug5riosdo futuro. Havia poucas famlias que no tivessem pelo menos um rapa4 promissorque, devido forma como di4ia os trissla&os, fosse, desde o 'ia da eitura, a suagrande esperana.

    George tinha uma vaga consci%ncia da causa da tenso dos seus pais, e se haviaalguma ansiedade no seu corao jovem, naquela manh chuvosa, era apenas omedo de que a epresso esperanosa do seu pai se esvasse quando ele regressas+se para casa com a sua leitura.

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    s crianas reuniam+se na grande sala da assem&leia do edifcio da !ducao dacidade. *or toda a ;erra, em milh)es de edifcios locais, ao longo daquele m%s, gru+pos semelhantes de crianas se reuniriam. George sentia+se deprimido com o tomcin4ento da sala e com as outras crianas, tensas e constrangidas por uma eleg?nciaa que no estavam ha&ituadas.

    utomaticamente, George fe4 o que todas as outras crianas fa4iam. !ncontrou o

    pequeno grupo que representava as crianas do seu andar do prdio de apartamen+tos e juntou+se a eles.

    ;revelan, que morava logo em frente, ainda usava o ca&elo infantilmente longo eestava muitos anos longe das suas e do &igode fino e arruivado que viria a deiarcrescer quando fosse fisiologicamente capa4 disso.

    + posto que ests assustado + disse ;revelan 0para quem George era ento co+nhecido por

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    !nfrentaram+se, nari4 com nari4, sem pretenderem lutar, mas aliviados por teremalgo de familiar para fa4er naquele estranho lugar. lm disso, agora que tinha enro+lado as mos em punhos e as tinha levantado ao nvel da cara, o pro&lema do quefa4er com elas estava, pelo menos por agora, resolvido. /utras crianas se juntaram,ecitadas.

    :as tudo aca&ou quando uma vo4 de mulher soou alto no sistema p5&lico de co+

    municao. Be4+se instantaneamente sil%ncio em todo lado. George &aiou os punhose esqueceu ;revelan.

    + 6rianas + disse a vo4. + 8amos chamar seus nomes. R medida que cada um chamado, deve dirigir+se a um dos homens que esto ao longo das paredes laterais.8eem+nos9 #sam uniformes vermelhos, portanto so fceis de encontrar. s moasvo para a direita. /s rapa4es vo para a esquerda. gora olhem volta e vejamqual o homem de vermelho que est mais perto de voc%s..

    George encontrou o seu homem num relance e esperou que o seu nome fossechamado. inda no tinha sido apresentado sofisticao do alfa&eto, e o tempoque estava demorando a chegar o seu nome tornava+se pertur&ador.

    multido de crianas diminuaA pequenos regatos dirigiam+se aos guias vestidosde vermelho.(uando o nome EGeorge *latenF foi chamado, a sua sensao de alvio foi apenas

    ecedida pelo sentimento de pura satisfao pelo fato de Stu&& ;revelan ainda es+tar no seu lugar, sem ter sido chamado.

    + !h, Stu&&, talve4 eles no te queiram + gritou George por so&re o om&ro en+quanto saa.

    !sse momento de alegria aca&ou rapidamente. Boi condu4ido a uma linha e levadopor corredores na companhia de crianas estranhas. /lhavam umas para as outras,com olhos grandes e preocupados, mas alm de uma fungadela, E*ara de empurrarF

    e E!h, olha lF, no se conversava.'eram+lhes pequenas folhas de papel que lhes disseram para ter sempre com eles.George olhou para a dele com curiosidade. *equenas marcas pretas de diferentesformatos. Sa&ia que era escrita, mas como que algum conseguia formar palavrascom isto9 3o podia imaginar.

    'isseram+lhe para se despirA ele e mais quatro rapa4es que eram os 5nicos queagora se mantinham juntos. ;odas aquelas roupas novas foram tiradas e quatro ra+pa4es de N anos ali ficaram, nus e pequenos, tremendo mais de em&arao que defrio. ;cnicos de medicina passaram por eles, analisando+os, testando+os com estra+nhos instrumentos, recolhendo o seu sangue. 6ada um deles pegou nos pequenos

    cart)es e fe4 neles mais algumas marcas com pequenas varetas pretas que as produ+4iam, todas impecavelmente alinhadas, a grande velocidade. George olhou para asnovas marcas, mas no eram mais compreensveis que as antigas. :andaram ascrianas vestir de novo as suas roupas.

    Sentaram+se ento em pequenas cadeiras separadas e esperaram de novo. /s no+mes foram outra ve4 chamados e EGeorge *latenF foi o terceiro.

    !ntrou numa grande sala, cheia de assustadores instrumentos com &ot)es e pai+nis vidrados frente. Havia um &irD eatamente no centro, e atrs dela estava sen+tado um homem, com os olhos nos papis empilhados sua frente.

    + George *laten9+ Sim, Sr. + disse George, num sussurro vacilante.;oda aquela espera e todas aquelas idas daqui para ali estavam a enerv+o. 'ese+

    jou que estivesse tudo aca&ado. + Sou o 'r. loed, George. 6omo ests9 + disse ohomem que estava atrs da secretria.

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    / mdico no olhava para ele quando falava. !ra como se tivesse dito aquelas pa+lavras ve4es sem conta e j no precisasse de olhar.

    + !stou &em.+ !sts com medo, George9+ 3... no,Sr. + disse George, soando assustado at aos seus pr$prios ouvidos.+ 2sso &om + disse o mdico +, porque no h nada de que ter medo, sa&es. 8a+

    mos l a ver, George. 'i4 aqui no teu carto que o teu pai se chama *eter e mon+tador de tu&os registrado e que a tua me se chama m e tcnica domstica re+gistada. !st certo9

    + S... sim, Sr..+ ! o teu aniversrio a MI de Bevereiro, e tiveste uma infeco no ouvido h cer+

    ca de um ano. 6erto9 + Sim,Sr..+ Sa&es como que eu sei todas estas coisas9+ !sto no carto, penso eu, Sr..+ 6orreto. + / mdico olhou para George pela primeira ve4 e sorriu. ;inha dentes

    certos e parecia muito mais novo que o pai de George. lgo do nervosismo de Geor+

    ge desapareceu./ mdico passou o carto a George.+ Sa&es o que todas essas coisas a significam, George9 !m&ora George sou&esse

    que no, foi levado, pela surpresa do s5&ito pedido, a olhar para o carto como sepudesse agora entend%+as, por uma qualquer partida do destino. :as eram apenasmarcas como dantes, e ele devolveu o carto=

    + 3o,Sr..+ *or que no9George sentiu um repentino aguilho de suspeita em relao sanidade daquele

    mdico. !le no sa&ia por que no9 + 3o sei ler, Sr. + disse George.

    + Gostarias de ler9+ Sim,Sr.+ *orqu%, George9George olhou, estarrecido. 3unca ningum lhe tinha perguntado aquilo. 3o tinha

    resposta.+ 3o sei,Sr. + disse, titu&eante.+ informao impressa vai guiar+te durante toda a tua vida. ;ers muito que

    aprender, mesmo depois do 'ia da !ducao. 6art)es como este ensinar+te+o. pa+lavra impressa ensinar+te+a coisas to 5teis e to interessantes que no sa&er ler se+ria to mau como no poder ver. 6ompreendes9

    + Sim, Sr.+ !sts com medo, George9+ 3o, Sr...+ timo. gora vou+te di4er eatamente o que vamos fa4er primeiro. 8ou pDr estes

    fios na tua testa, mesmo por cima dos cantos dos olhos. 8o ficar presos a mas novo doer nada. 'epois, vou ligar uma coisa que vai fa4er um 4um&ido. Ba4 um somengraado e pode ser que te faa c$cegas, mas no d$i. gora, se por acaso doer,di4+me, que eu desligo tudo imediatamente, mas no vai doer. 6erto9

    George acenou e engoliu em seco.+ !sts pronto9George acenou com a ca&ea Bechou os olhos enquanto o mdico se atarefava. /s

    seus pais tinham+lhe eplicado isto. ;am&m eles tinham dito que no ia doer, mashavia sempre as crianas mais velhas. Havia rapa4es de MJ e MP anos que andavamatrs dos pequenos de N, que esperavam pelo 'ia da eitura, gritando=

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    + 6uidado com a agulha. + Havia outros que nos tomavam por confidentes e di+4iam= + ;%m de te a&rir a ca&ea com um corte. #sam uma faca afiada deste tama+nho com um gancho + e assim por diante com detalhes horrveis.

    George nunca acreditara neles, mas tivera pesadelos, e agora fechava os olhos esentia puro terror.

    3o sentiu os fios na t%mporas. / 4um&ido era algo distante, e sentia nos ouvidos

    o som do seu pr$prio sangue, soando a&afado como se ele e o sangue estivessemnuma grande caverna. entamente, atreveu+se a a&rir os olhos.

    / mdico estava de costas para ele. 'e um dos instrumentos desenrolava+se umatira de papel, percorrida por uma ondulante e fina linha roa. / mdico rasgava pe+daos e introdu4ia+os numa ranhura doutra mquina. Ba4ia+o ve4es e ve4es seguidas.'e cada ve4, saa um pequeno pedao de filme, para o qual o mdico olhava. Binal+mente, virou+se para George, com um estranho fran4ido entre os olhos.

    / 4um&ido parou.+

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    *assaram+se dias antes que George se refi4esse deste seu novo e grande talento.ia para o pai com tal facilidade que *laten pai, chorou e chamou os parentes paracontar a novidade.

    George andava pela cidade, lendo todos os &ocadinhos de escrita que encontrava

    e perguntando+se como que nada daquilo tinha feito sentido para ele antes.;entou lem&rar+se de como era no sa&er ler mas no conseguiu. 3o que di4 res+

    peito aos seus sentimentos face a isso, ele tinha sempre sa&ido ler. Sempre.os MN anos, George era escuro, de estatura mdia, mas suficientemente magro

    para parecer mais alto. ;revelan, que era pouco menos de um centmetro mais &ai+o, tinha uma corpul%ncia que tornava EStu&&F7 mais apropriado que nunca, masno 5ltimo ano tinha+se tornado envergonhado. alcunha j no podia ser usada semrepreslias. ! visto que ;revelan detestava o seu primeiro nome verdadeiro aindamais fortemente, chamavam+lhe ;revelan ou qualquer variante decente. 6omo quepara provar ainda mais a sua virilidade, tinha deiado crescer com persist%ncia um

    par de suas e um &igode hirsuto.gora estava suado e nervoso, e George, que por sua ve4 tinha crescido de E

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    !teriores eram acompanhados pelas mulheres 0ou maridos1. !ra importante mantera relao dos seos em equil&rio em todos os mundos - se se ia para um mundo de3vel , que moa nos rejeitaria=

    George no tinha nenhuma menina em especial na ca&ea, aindaA no queria ne+nhuma. 3o agora7 ssim que fosse programador... assim que pudesse juntar ao seunome, programador de computadores registrado, poderia escolher, como um sulto

    num harm. !sta ideia entusiasmou+o e ele tentou afast+a. E" preciso ficar calmo.F+ 6omo que isto, afinal + resmungou ;revelan. *rimeiro di4em que funciona

    melhor se se est descontrado e vontade. 'epois fa4em+nos passar por isto e tor+nam impossvel que se esteja descontrado e vontade.

    + ;alve4 seja essa a ideia. !sto separando os rapa4es dos homens, para comear.;em calma, ;rev.

    + 6ala+te. ve4 de George chegou. / seu nome no foi chamado.pareceu em letras &rilhantes no painel de informa)es.cenou para ;revelan.

    + ;em calma. 3o te deies apanhar.!stava feli4 quando entrou na c?mara de testes. 8erdadeiramente feli4.+ George *laten9 + disse o homem que estava atrs da secretria.*or um fuga4 instante surgiu na ca&ea de George a ntida imagem de outro ho+

    mem, de4 anos antes, que tinha feito a mesma pergunta, e era quase como se fosseo mesmo homem e ele, George, tivesse outra ve4 N anos, desde que atravessara aporta.

    :as o homem levantou a ca&ea e, o&viamente, a sua cara no correspondia deforma alguma da s5&ita mem$ria. / nari4 era &ul&oso, o ca&elo fi&roso e fino, e oqueio parecia amarrado como se o seu dono tivesse outrora sido flagrantemente

    gordo e tivesse encolhido./ homem que estava atrs da secretaria pareceu a&orrecido. + -em9George desceu ;erra. + Sou George *laten, Sr..+ !nto, diga+o. Sou o 'r. Wachar ntonelli, e vamos conhecer+nos intimamente

    daqui a pouco./lhava para pequenos pedaos de filme, segurando+os lu4 como uma coruja.George recuou para dentro. :uito ne&ulosamente, lem&rou+se daquele outro m+

    dico 0tinha+se esquecido do nome1 olhando um para filme como este. *oderia ser omesmo9 / outro mdico tinha fran4ido a testa e este estava agora olhando para elecomo se estivesse 4angado.

    sua felicidade j tinha desaparecido./ 'r. ntonelli passava, agora, as pginas de um grosso arquivo sua frente e pu+nha os &ocados de filme cuidadosamente a um lado.

    + 'i4 aqui que voc% quer ser programador de computadores.+ Sim, 'outor.+ inda quer9+ Sim,Sr..+ " uma posio eigente e de responsa&ilidade. cha+se capa4 de desempenh+a9+ Sim,Sr..+ maioria dos pr+educados no refere nenhuma profisso especfica. cho que

    t%m medo de se prejudicar.+ cho que sim, Sr..+ 3o tem medo disso9+ Se quer que seja franco, Sr....

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    / 'r. ntonelli acenou, mas sem qualquer visvel alvio da sua epresso.+ *or que que quer ser programador9+ ! uma posio eigente e de responsa&ilidade como disse, Sr.. " um tra&alho im+

    portante e entusiasmante. Gosto dele e penso que posso fa4%+o./ 'r. ntonelli pDs os papis de lado e olhou George com amargura.+ 6omo que sa&e que gosta9 + disse. + *or que pensa que ser pescado por um

    planeta de 3vel 9E!st tentando confundir+teF, pensou George apreensivamente, Efica calmo e con+

    tinua franco.F+ cho que um programador tem &oas chances, Sr., mas mesmo que ficasse na

    ;erra, sei que havia de gostar + disse. 0!ra suficientemente verdade. E3o estoumentindoF, pensou George.1

    + *ronto, como que sa&e9Be4 esta pergunta como se sou&esse que no havia resposta decente e George

    quase sorriu. !le tinha uma.+ ;enho lido so&re *rogramao, Sr. + disse.

    + ;em o qu%9 + gora o olhar do mdico era de verdadeiro espanto e isso agradoua George.+ ido so&re isso, Sr.. 6omprei um livro so&re a matria e tenho andando a estud+

    o.+ #m livro para programadores registrados9+ Sim,Sr..+ :as no poderia compreend%+o.+ 'e incio no. 6omprei outros livros so&re matemtica e eletrDnica 'edu4i tudo o

    que pude. inda no sei muito, mas sei o suficiente para sa&er que gosto e para sa+&er que posso ser um. 03em os seus pais tinham alguma ve4 encontrado aquele de+

    p$sito secreto de livros, ou sequer sa&ido porque que ele passava tanto tempo noseu quarto ou eatamente aonde ia parar o sono que perdia.1/ mdico puou pela pele solta do seu queio. + (ual era a sua ideia ao fa4er isso,

    filho9+ (uis certificar+me de que estaria interessado, Sr...+ Sa&e com certe4a que estar interessado no quer di4er nada. *ode estar mergu+

    lhado numa matria, mas se a constituio fsica do seu cre&ro tornar mais eficienteque seja outra coisa, outra coisa ser. Sa&e isso, no sa&e9

    +

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    para fa4er isso9George,j completamente transtornado, engoliu e disse= + 3ingum, 'outor. Boi

    ideia minha.+ (uem que sou&e que fa4ia isso, depois de ter comeado9+ 3ingum, 'outor. 3o quis fa4er nada de mal.+ (uem que falou em mal9 2n5til o que eu lhe chamaria. *or que que escon+

    deu9+ *... pensei que ririam de mim. + 0*ensou a&ruptamente numa recente discusso

    com ;revelan. George tinha a&ordado muito cuidadosamente o pensamento, comose se tratasse de algo que meramente circulasse ao longe nas mais afastadas reasda sua mente, da possi&ilidade de aprender alguma coisa despejando+a manualmen+te no cre&ro, por assim di4er, aos &ocados. EGeorge, a seguir vais curtir os teuspr$prios sapatos e tecer as tuas camisasF, tinha dito ;revelan. Bicara agradecidopela sua poltica de sigilo.1

    / 'r. ntonelli empurrava os &ocados de filme, que antes eaminara, de um lugarpara o outro, pensando soturnamente. 'epois disse=

    + 8amos l analis+o, ssim no chegarei a lugar algum. /s fios foram postos nast%mporas de George. / 4um&ido l estava. 'e novo surgiu a mem$ria ntida de de4anos atrs.

    s mos de George estavam pegajosasA o seu corao &atia. 3unca devia ter con+tado as suas leituras secretas ao mdico.

    !ra a sua maldita vaidade, disse para si mesmo. (ueria mostrar como era empre+endedor, como estava cheio de iniciativa. !m ve4 disso tinha feito figura de supersti+cioso e ignorante e tinha provocado a hostilidade do mdico. 08ia+se que o mdico oodiava por ele ser um espertalho em pot%ncia.1

    ! agora tinha atingido um tal estado de nervosismo, que tinha a certe4a de que o

    analisador no iria mostrar nada que fi4esse sentido.3o se perce&eu o momento em que os fios lhe foram retirados das t%mporas. viso do mdico, olhando+o pensativamente, cintilou na sua consci%ncia e foi tudoAos fios tinham desaparecido. George recompDs+se com um esforo dilacerante.

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    ao seu agressivo e quente olhar de raiva e $dio.(ue direito que eles tinham de ser tcnicos e ele, ele, um tra&alhador9 ;ra&alha+

    dor7 ;inha a certe4a7

    Boi levado por um guia vestido de vermelho pelos corredores movimentados ali+

    nhados com salas separadas, cada um com o seu grupo, dois aqui, cinco ali= os me+c?nicos de motores, os engenheiros de construo, os agrDnomos. Havia centenasde profiss)es especiali4adas e cada uma delas seria representada, nesta pequena ci+dade, por um ou dois, de qualquer forma.

    /diava+os a todos naquele momento= os tcnicos estatsticos, os conta&ilistas, asclasses mais &aias e as mais altas. /diava+os porque eles possuam j o seu presun+oso conhecimento, sa&iam o seu destino, enquanto ele, ainda va4io, tinha de en+frentar uma qualquer &urocracia suplementar.

    6hegou ML+6, foi levado para dentro e deiado numa sala va4ia. *or um momen+to o seu esprito agitou+se. 'ecerto que, se esta fosse a sala de classificao dos tra+

    &alhadores, estariam aqui de4enas de jovens.#ma porta foi sugada para o seu vo, do outro lado de uma divis$ria que chegavaat altura da cintura, e dela saiu um homem idoso e grisalho. Sorriu e mostrou osdentes certos, que eram com certe4a falsos, mas a sua cara era ainda rosada e semrugas e a sua vo4 denotava vigor.

    + -oa+tarde, George + disse. + / nosso setor s$ tem um de voc%s desta ve4, peloque vejo.

    + S$ um9 + disse George, confuso.+ :ilhares por toda a ;erra, claro. :ilhares. 3o ests so4inho.George sentiu+se easperado.

    + 3o perce&o, Sr. + disse. + (ual a minha classificao9 (ue que se passa9+ 6alma, filho. !st tudo &em. *odia acontecer a qualquer um. + !stendeu a mo eGeorge apertou+a mecanicamente. !ra quente e apertava a mo de George com fir+me4a. + Senta+te, filho. 6hamo+me Sam !llenford.

    George acenou impacientemente, + (uero sa&er o que se passa,Sr..+ 6laro. *ara comear, no podes ser programador de computadores, George.

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    cre&ro e conhecimento to &em quanto podemos, dentro dos limites da quota eigi+da por cada profisso.

    George acenou.+ Sim, eu sei. .+ 'e ve4 em quando, George, aparece um jovem cuja mente no est preparada

    para rece&er conhecimento super+imposto de qualquer espcie.

    + (uer di4er que eu no posso ser educado9+ " o que quero di4er.+ :as isso coisa de doido. !u sou inteligente. 6ompreendo... + /lhou desampara+

    damente em volta como que procurando alguma maneira de provar que o seu cre+&ro funcionava.

    + 3o me interpretes mal, por favor + disse !llenford gravemente. + "s inteligente.3o h qualquer d5vida acerca disso. ;ens at uma intelig%ncia acima da mdia. 2n+feli4mente isso no tem nada a ver com o fato de um cre&ro poder aceitar conheci+mento super+imposto ou no. 3a verdade, so quase sempre as pessoas inteligentesque v%m parar aqui.

    + (uer di4er que no posso sequer ser um tra&alhador registrado9 + &al&uciou Ge+orge. 'e repente at isso era prefervel ao va4io que o esperava. + (ue que precisosa&er para ser tra&alhador9

    + 3o su&estimes o tra&alhador, jovem. H de4enas de su&classifica)es e cada va+riante tem o seu pr$prio conjunto de conhecimentos ra4oavelmente especficos.chas que no preciso tcnica para levantar um peso da forma correta9 lm dis+so, para tra&alhador, temos de selecionar no s$ mentes que se adaptem mas tam+&m corpos. ;u no tens corpo para durares muito como tra&alhador, George.

    George tinha consci%ncia da sua frgil figura.+ :as eu nunca ouvi falar de algum sem profisso disse.

    + 3o h muitos + admitiu !llenford. + ! n$s protegemo+os.+ *rotegem+nos9 + George sentiu a confuso e o medo a crescer dentro dele.+ !sts so& tutela do planeta, George. 'esde que entraste por aquela porta, somos

    responsveis por ti. + ! sorriu.!ra um sorriso afetuoso. *ara George pareceu+lhe um sorriso de posseA o sorriso

    de um homem crescido a uma criana indefesa.+ (uer di4er que vou para a priso9 + disse.+ 6laro que no. 8ais apenas para junto de outros como tu.6omo tu. s palavras fa4iam uma espcie de trovo aos ouvidos de George.+ *recisas de tratamento especial + disse !llenford. 3$s tomaremos conta de ti.

    *ara seu pr$prio horror, desatou a chorar.!llenford foi at ao outro etremo da sala e virou+se de costas, como que a pensar.George esforou+se para redu4ir o choro agoni4ante a soluos e depois para sufo+

    car estes 5ltimos. *ensou no seu pai e na sua me, nos amigos, no ;revelan, na suapr$pria vergonha...

    + prendi a ler7 + disse com re&eldia.+ (ualquer um com uma mente ntegra pode fa4%+o. 3unca encontramos ece)es.

    ! nesta altura que desco&rimos... ece)es. ! quando aprendeste a ler, George, est+vamos preocupados com a estrutura do teu cre&ro.

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    quiseres.+ 2ntrodu4ir conhecimento mo + disse George amargamente. + *edao a pedao.

    'epois, quando morrer, sa&erei o suficiente para ser moo de recados j5nior registra+do, Seco de 6lips.

    + 3o entanto, parece+me que j andaste estudando livros.George estacou. Boi atingido devastadoramente pela s5&ita compreenso.

    + " isso...+ / qu%9+ quele tipo, o ntonelli. ;ramou+me.+ 3o, George. !sts completamente engando.+ 3o diga isso. + George teve um ataque de f5ria. + quele desgraado traiu+me

    porque pensou que eu era esperto demais para ele. !u lera livros para tentar estarem vantagem no que respeita programao. -em, que que voc%s querem pararesolver o assunto9 'inheiro9 3o vo conseguir. 8ou sair daqui e quando aca&ar dedivulgar isto...

    !stava gritando.

    !llenford a&anou a ca&ea e tocou num contato.'ois homens entraram silenciosamente e puseram+se de am&os os lados de Geor+ge. pertaram+lhe os &raos contra o corpo. #m deles usou um pulveri4ador hipodr+mico na cavidade do seu cotovelo direito e o efeito hipn$tico entrou na sua veia eteve um efeito quase imediato.

    /s seus gritos pararam e a sua ca&ea caiu para a frente. /s seus joelhos do&ra+ram+se e apenas os homens que o ladeavam o mantiveram em p medida queadormecia.

    ;omaram conta de George, tal como tinham ditoA eram &ons para ele e irrepreensi+velmente gentis... da mesma forma, pensou George, que ele pr$prio seria para comum gatinho doente de que tivesse pena.

    'isseram+lhe que ele devia a&rir os olhos e interessar+se pela vidaA e depois disse+ram+lhe que a maior parte das pessoas que iam para ali tinham a mesma atitude de+sesperada ao incio e que ele aca&aria por ultrapass+a.

    !le nem sequer os ouviu./ pr$prio 'r. !llenford foi visit+o para lhe di4er que os pais tinham sido informa+

    dos de que ele partira em misso especial.+ !les sa&em... + murmurou George.

    !llenford assegurou+lhe imediatamente= + 3o falamos em pormenores.3os primeiros tempos, George recusara+se a comer. limentavam+no por via intra+venosa. !scondiam o&jetos pontiagudos e vigiavam+no. Hali /mani era o seu compa+nheiro de quarto e a sua impassi&ilidade tinha um efeito calmante.

    #m dia, por tdio desesperado, George pediu um livro./mani, que lia livros constantemente, levantou os olhos, com um sorriso largo.

    George quase retirou o pedido, nessa altura, para no lhes dar essa satisfao, e de+pois pensou= E(ue que isso me interessa9F

    3o especificou o livro e /mani troue um so&re qumica. ;inha letras grandes,com poucas palavras e muitas ilustra)es. !ra um livro para jovens.

    tirou o livro violentamente contra a parede.!ra isso que ele seria sempre. #m jovem toda a vida.Seria para sempre um pr+educado e teriam de escrever livros especiais para ele.

    'eitou+se na cama, tenso, fitando o teto, e ao fim de uma hora levantou+se mal+hu+

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    morado, apanhou o livro, e comeou a ler.evou uma semana lendo+o e depois pediu outro.+ (ueres que leve o primeiro9 + perguntou /mani.George fran4iu as so&rancelhas. Havia coisas no livro que ele no tinha entendido,

    mas no se ia re&aiar ao ponto de o admitir.:as /mani disse=

    + *ensando melhor, melhor ficares com ele. /s livros so para ser lidos vrias ve+4es.

    Boi nesse mesmo dia que ele se rendeu, finalmente, ao convite de /mani para visi+tar o local. Seguiu o nigeriano e eaminou o que o rodeava com olhadelas rpidas eagressivas.

    quilo no era, o&viamente, uma priso. 3o havia muros, nem portas trancadas,nem guardas. :as era uma priso na medida em que os que l estavam no tinhampara onde ir fora dela.

    !ra de certa forma agradvel ver outros como ele s d54ias. !ra to fcil acreditarque era o 5nico no mundo assim... mutilado.

    + (uantas pessoas que aqui esto, afinal9 + resmungou.+ 'u4entas e cinco, George, e este no o 5nico local deste g%nero no mundo. Hmilhares deles.

    /s homens olhavam quando ele passava, aonde quer que fosseA no ginsio, aolongo das quadras de t%nisA na &i&lioteca 0nunca na sua vida imaginara que os livrospudessem eistir em to grande n5meroA estavam empilhados, empilhados mesmo,ao longo de grandes prateleiras1. /lhavam para ele com curiosidade e ele retri&ua osolhares fero4mente. *elo menos eles no eram melhores do que eleA eles no tinhamo direito de olhar para ele como se fosse alguma curiosidade.

    maior parte deles estava na casa dos PJ.

    + (ue que acontece aos mais velhos9 + disse George &ruscamente.+ !ste local especiali4ado nos mais novos + disse /mani. !nto, como se su&ita+mente se tivesse aperce&ido de algo implcito na pergunta de George que antes dei+ara escapar, a&anou a ca&ea gravemente e disse= + 3o so afastados, se issoque queres di4er. H outras 6asas para os mais velhos.

    + (ue que isso interessa9 + resmungou George, que sentia estar soando dema+siado interessado e estar em perigo de se render.

    + :uito, talve4. (uando cresceres, ficars numa 6asa com ocupantes de am&os osseos.

    2sso surpreendeu um pouco George. + :ulheres tam&m9

    + 6laro. chas que as mulheres so imunes a este tipo de coisa9George pensou nisso com mais interesse e entusiasmo do que em qualquer outracoisa, desde antes daquele dia em que... fastou isso do seu pensamento fora.

    /mani parou porta de uma sala que continha um pequeno televisor de circuitofechado e um computador pessoal. 6inco ou seis homens estavam sentados junto televiso.

    + 2sto uma sala de aula + disse /mani.+ (ue isso9 + disse George.+ queles jovens esto sendo educados. 3o + acrescentou rapidamente + da forma

    ha&itual.+ (ueres di4er que esto metendo aquilo para dentro aos poucos.+ " isso.!ra assim que todos fa4iam em tempos antigos. !ra isso que estavam sempre lhe

    di4endo desde que ele chegara 6asa, mas e ento9 Suponhamos que tivesse havi+

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    do um tempo em que a humanidade no conhecesse o fogo diatrmico. (uereriaisso di4er que ele deveria ficar satisfeito por comer carne crua, num mundo em quetodos a comiam co4ida9

    + *or que que eles querem passar por aquela cena dos &ocadinhos9+ *ara passar o tempo, George, e porque t%m curiosidade.+ (ual a vantagem disso9

    + B+os mais feli4es.George foi para a cama pensando nisso.3o dia seguinte, disse a /mani, desagradavelmente= + *odes levar+me a uma sala

    de aula em que eu possa desco&rir alguma coisa so&re programao9+ 6laro + respondeu /mani entusiasticamente.

    !ra lento e ele ressentiu+se disso. *or que que algum haveria de ter que epli+car alguma coisa vrias ve4es9 *or que que ele haveria de ter que ler e reler umapassagem, e depois olhar para uma relao matemtica e no entend%+a imediata+

    mente9 s outras pessoas no tinham de ser assim.'esistiu vrias ve4es, umas a seguir s outras. #ma ve4 recusou+se a ir s aulaspor uma semana.

    :as regressava sempre. / funcionrio de servio, que distri&ua as leituras, condu+4ia as demonstra)es televisivas e at eplicava passagens e conceitos difceis, nun+ca comentou o assunto.

    'eram finalmente a George uma tarefa regular nos jardins e j fa4ia a sua parteda limpe4a e do tra&alho de co4inha. 2sto foi+lhe apresentado como um progresso,mas ele no se deiou enganar. quele lugar podia estar muito mais mecani4ado doque estava, mas eles davam deli&eradamente tra&alho aos jovens de maneira a dar+

    lhes a iluso de uma ocupao 5til, de utilidade. George no se deiava enganar.t lhes pagavam pequenas somas de dinheiro, com as quais podiam comprar cer+tos e determinados luos ou ento guardar para um uso pro&lemtico numa pro&le+mtica terceira idade. George guardava o seu dinheiro num pote a&erto, que tinhanuma prateleira do armrio. 3o fa4ia ideia do que j tinha acumulado. 3em se rala+va com isso.

    3o fe4 nenhum verdadeiro amigo, em&ora tivesse atingido a fase em que umcumprimento cort%s era prae. t tinha parado de cismar 0ou quase1 na deciso in+justa que o tinha posto ali. *assavam+se semanas sem que sonhasse com ntonelli,com o seu nari4 volumoso e o seu pescoo papudo, com o seu olhar de esguelha ao

    ernpurr+lo para ferventes areias movedias, mantendo+o l dentro, at acordar aosgritos com /mani curvado so&re ele, preocupado.+ " espantoso como ests te adaptando + disse /mani num nevoso dia de Beverei+

    ro.:as era Bevereiro, dia MI mais precisamente, o dia do seu MU.(aniversrio. 8eio

    :aro, e depois &ril, e quando :aio se aproimava, aperce&eu+se de que no esta+va se adaptando de maneira alguma.

    / :aio anterior passara desperce&ido, enquanto George permanecia na cama,a&atido e sem am&i)es. !ste :aio era diferente.

    *or toda a ;erra, George sa&ia+o, decorreriam as /limpadas e os jovens iam com+petir, comparando as respectivas capacidades, na luta por um lugar num mundonovo. Haveria o am&iente de festa, a ecitao, as reportagens, os taciturnos agen+tes de recrutamento dos planetas de alm espao, a gl$ria dos vencedores e a con+solao dos vencidos.

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    (uanta fico no se dedicava a estes temasA quanto do seu pr$prio entusiasmode criana no residia em seguir os acontecimentos das /limpadas, de ano paraanoA quantos dos seus pr$prios planos...

    George *laten no conseguia esconder a ?nsia na sua vo4. !ra demasiado grandepara a poder conter.

    + manh primeiro de :aio. /limpadas7 + disse ele. ! isso levou sua primeira

    discusso com /mani e amarga enunciao por ele feita do nome eato da institui+o em que George se encontrava.

    /mani olhou fiamente para George e disse distintamente=+ 6asa para '&eis :entais.

    George *laten corou. '&eis :entais7 Cejeitou+o desesperadamente.+ 8ou+me em&ora + disse em tom mon$tono. 'isse num impulso. sua mente

    consciente sou&e+o primeiro pela frase, quando a proferiu./mani, que tinha voltado ao seu livro, levantou a ca&ea=

    + / qu%9gora George sa&ia o que estava di4endo. 'isse+o agressivamente=+ 8ou+me em&ora.+ 2sso ridculo. Senta+te, George, acalma+te.+ /h, no. 8im parar aqui porque me enganaramA o que te digo. !sse mdico,

    ntonelli, em&irrou comigo. ! a sensao de poder que esses &urocratas insignifican+tes t%m. 6ontraria+os e eles arrunam a tua vida com uma marca de caneta numa fi+cha qualquer.

    +

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    do o mundo e voltando com sangue na cara, fora... 8, fora.George estava agora na entrada, olhando para trs por so&re o om&ro.+ !u vou. + 8oltou lentamente atrs para vir &uscar a &olsa de toilette. + !spero

    que no ponhas o&jec)es a que eu leve alguns o&jetos pessoais./mani encolheu os om&ros. !stava de novo na cama, lendo, indiferente.George deiou+se ficar outra ve4 porta, mas /mani no levantou os olhos. Geor+

    ge cerrou os dentes, virou+se e percorreu rapidamente o corredor va4io at sair paraos terrenos co&ertos de noite.

    !sperara ser apanhado antes de sair da rea. 3o foi.*arara num restaurante a&erto noite para perguntar o caminho para o terminal

    areo e esperara que o proprietrio chamasse a policia. 2sso no aconteceu. 6hamouum desli4ador para o levar ao aeroporto e o condutor no fe4 perguntas.

    3o entanto, isso no o aliviou. 6hegou ao aeroporto angustiado. 3o tinha perce+&ido como o mundo eterior podia ser. !stava rodeado de profissionais. / propriet+rio do restaurante mandara inscrever o seu nome na proteo plstica da caia regis+tradora. Bulano de tal, co4inheiro registrado. / homem do desli4ador tinha na licen+

    a= motorista registrado. George sentiu a po&re4a do seu nome e eperimentou umaespcie de nude4 por causa dissoA pior, sentiu+se tosquiado. :as ningum o desafia+va. 3ingum o estudava com suspeita ou lhe pedia provas da sua classificao profis+sional.

    E(uem imaginaria um ser humano sem nenhuma9F, pensou George amargamen+te.

    6omprou um &ilhete para So Brancisco, no avio das tr%s da manh. 3enhum ou+tro avio para um centro /lmpico ra4oavelmente grande saia antes do amanhecer, eele queria esperar o menos possvel ssim, sentou+se na sala de espera, comprimido,atento policia. 3o apareceu.

    6hegou a So Brancisco antes do meio+dia e o &arulho da cidade atingiu+o comouma pancada. !ra a maior cidade que tinha alguma ve4 visto e estava ha&ituado aosil%ncio e calma h j um ano e meio.

    *ior do que isso, era m%s de /limpadas. (uase esqueceu a sua situao ao aper+ce&er+se su&itamente de que algum daquele &arulho, entusiasmo e confuso eramdevidos a isso.

    /s quadros das /limpadas estavam no aeroporto para proveito dos viajantes quechegavam e multid)es acotovelavam+se volta de cada um. 6ada profisso principal

    tinha o seu pr$prio quadro. 6ada um tinha as dire)es para o Salo /lmpico onde oconcurso desse dia e dessa profisso teria lugarA os concorrentes e a sua cidade na+talA e o :undo !terior 0se o havia1 que o patrocinava.

    !stava tudo completamente estili4ado. George tinha lido vrias descri)es na im+prensa e em filmes, tinha visto competi)es na televiso, e at tinha presenciadoumas pequenas /limpadas da classe de talhante registrado na sede do municpio.t isso, que no tinha qualquer implicao Galctica conce&vel 0no havia ningumde um :undo !terior na assist%ncia, claro1, entusiasmava+o &astante.

    *or um lado, ficava entusiasmado pelo simples fato de ser competio, por outro,pelo aguilho do orgulho &airrista 0oh, quando havia um rapa4 da nossa cidade aquem apoiar, mesmo que fosse totalmente estranho1, e, claro, tam&m pelas apos+tas. 3o havia forma de impedi+as.

    George teve dificuldade em se aproimar+ do quadro.8erificou que olhava os inquietos e vidos o&servadores de uma maneira diferente.

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    Houve decerto uma altura em que eles pr$prios foram material /lmpico. (ue que eles tinham feito9 3ada7

    Se tivessem sido vencedores, estariam longe, algures na Galia, e no aqui na;erra. / que quer que tivessem sido, as suas profiss)es deviam t%+os o&rigado a fi+car na ;erra desde o incioA ou ento tinham+se eles pr$prios arrastado para a ;errapor incompet%ncia numa profisso qualquer, altamente especiali4ada, que tivessem

    tido.! agora esses falhados andavam por a, especulando so&re as chances dos jovens.

    &utres76omo desejava que estivessem especulando so&re ele. 'eslocou+se confusamente

    ao longo da fila de quadros, mantendo+se junto s orlas dos grupos que os rodea+vam. ;inha tomado o desjejum na nave e no tinha fome. 3o entanto, tinha medo.!stava numa cidade grande durante a confuso do incio das competi)es /lmpicas.! claro que isso era uma proteo. cidade estava cheia de estranhos. 3ingum in+terrogaria George. 3ingum se interessaria por George.

    3ingum se interessaria. E3em mesmo a 6asaF, pensou George com amargura.

    2nteressavam+se por ele como se fosse um gatinho doente, mas se um gatinho doen+te desaparece, &em, que pena, que que se pode fa4er9! agora que estava em So Brancisco, que que iria fa4er9 /s seus pensamentos

    &ateram confusamente numa parede. Balar com algum9 (uem9 6omo9 /nde queficaria9 / dinheiro que lhe restava parecia+lhe pouco.

    *assou+lhe pela ca&ea o primeiro vergonhoso pensamento de voltar. *odia ir po+lcia... &anou a ca&ea com viol%ncia como se discutisse com um oponente real.

    #ma palavra num dos quadros chamou+lhe a ateno, &rilhante= E:etal5rgicosF.!m letras menores, Eno ferrososF. o fundo de uma longa lista de nomes, em letrasharmoniosas, Epatrocinado por 3oviaF,

    ;roue+lhe mem$rias dolorosas= ele pr$prio discutindo com ;revelan, to certo deque seria programador, to certo de que um programador era superior a um metal5r+gico, to certo de que estava no &om caminho, to certo de que era esperto...

    ;o esperto que tinha de ir parar quele tacanho e vingativo ntonelli. !stava toseguro de si naquele momento em que o chamaram e deiou o nervoso ;revelan aliespecado, to etraordinariamente seguro.

    / que se seguiu foi a&afado pela gritaria. / seguinte foi o 35mero /ito e depois o(uatro, cujo &om tempo foi prejudicado por um erro de cinco elementos em de4 milna quantidade de ni$&io. / 'o4e nunca foi mencionado. Boi um dos TT outros.

    George atravessou a multido em direo !ntrada dos 6oncorrentes e deparou

    com um grande grupo de pessoas sua frente. Havia parentes chorosos 0de alegriaou de triste4a, conforme os casos1 cumprimentando+os, rep$rteres entrevistando osprimeiros classificados, rapa4es l da terra, caadores de aut$grafos, angariadores depu&licidade, e os simplesmente curiosos. ! tam&m moas, que ansiavam por cha+mar a ateno de um dos melhores, quase com certe4a destinado a 3ovia 0ou talve4de um dos piores que precisasse de consolao e tivesse dinheiro para isso1.

    George hesitou. 3o viu ningum seu conhecido. Sendo So Brancisco to longede casa, parecia ra4oavelmente seguro partir do princpio de que no estaria ali ne+nhum parente a consolar o ;rev.

    /s concorrentes iam saindo, sorrindo levemente, acenando aos gritos de apoio.*oliciais mantinham a multido suficientemente afastada para permitir um corredorde passagem. 6ada um dos mais &em classificados levava com ele um pedao damultido, como um m ao passar por um monte de limalha de ferro.

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    (uando ;revelan saiu, j quase no restava ningum. 0George sentiu de certamaneira que ele tinha demorado a sair espera que aquilo passasse.1 Havia um ci+garro na sua &oca triste e virou+se, de olhos &aios, para ir em&ora.

    !ra a primeira refer%ncia sua terra que George tivera em quase um ano e meio,que quase parecia uma dcada e meia. (uase ficou espantado com o fato de ;reve+

    lan no ter envelhecido, de ser o mesmo ;rev da 5ltima ve4.George lanou+se para a frente. + ;rev7;revelan rodou so&re si mesmo, pasmado. Bitou George e a sua mo saiu dispa+

    rada.+ George *laten, que dia&o...! quase to rapidamente como lhe tinha passado pela cara, o ar de satisfao de+

    sapareceu. sua mo caiu antes de George ter qualquer possi&ilidade de agarr+a.+ !stiveste ali9 + #m curto aceno da ca&ea de ;rev indicou o salo.+ !stive.+ *ara me ver9

    + Sim.+ 3o me sa l muito &em, no 9 + 'eiou cair o cigarro e pisou+o, olhando fia+mente a rua, onde a multido emergente rodopiava lentamente e se dirigia para osdesli4adores, enquanto novas filas se formavam para a pr$ima /limpada agendada.

    + (ue importa9 + disse ;revelan pesadamente. + " s$ a segunda ve4 que falho.3ovia pode ir s urtigas depois do contrato que consegui hoje. H planetas que mesaltariam em cima suficientemente depressa... :as, ouve, no te vejo desde o 'ia da!ducao. *ara onde que tu foste9 /s teus pais disseram que estavas em missoespecial mas no deram pormenores e tu nunca escreveste. *odias ter escrito.

    + ! devia + disse George, pouco vontade. + 'e qualquer forma, vim para te di4er

    que lamento a forma como as coisas se passaram, h &ocado.+ 3o lamentes + disse ;revelan. +

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    desa&afando, enraivecido. George aperce&eu+se disso.+ Se sa&ias de antemo que iam usar -eemans, no podias t%+as estudado9 + dis+

    se.+ 3o estavam nas minhas fitas, o que te digo.+ *odias ter lido... livros. 5ltima palavra tinha minguado so& o s5&ito olhar cortante de ;revelan.

    + !sts tentando se divertir s minhas custas9 + disse ;revelan. + chas que isto divertido9 !speras que eu v ler um livro qualquer e tentar memori4ar o suficientepara competir com algum que sa&e9

    + *ensei...+;enta. ;enta... + !nto, &ruscamente= + prop$sito, qual a tua profisso9 +

    sua vo4 era completamente hostil.+ -em...+ 8 l. Se te queres dar uma de esperto comigo, vamos l ver o que que tu fi+

    4este. inda ests na ;erra, pelo que vejo, portanto no s programador de compu+tadores e a tua misso especial no pode ser grande coisa.

    + /uve, ;rev, estou atrasado para um encontro + disse George. Cecuou, tentandosorrir.+ 3o, no ests. + ;revelan aproimou+se agressivamente e agarrou o casaco de

    George. + Cesponde minha pergunta. *or que que tens medo de me di4er9 (ue que se passa contigo9 3o vens aqui esfregar+me a minha m figura na cara, Geor+ge, a menos que tam&m te aguentes. !sts ouvindo9

    -alanava George, enfurecido, e eles lutavam e cam&aleavam pelo cho, quando a8o4 do

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    + -em, ento assumo a responsa&ilidade. + :ostrou um pequeno carto ao policiale este deu imediatamente um passo atrs.

    ;revelan, indignado, comeou a di4er=+ !spere a... + mas o policial virou+se para ele.+ /ra &em. ;em alguma queia a fa4er9+ !u apenas...

    + 8amos em&ora. 8oc%s a, circular. + ;inha+se juntado urna multido ra4oavelmen+te grande, que agora se dispersava relutantemente e se afastava.

    George deiou+se levar at um desli4ador mas recusou+se a entrar.+ /&rigado, mas no sou seu convidado + disse. 0Seria um ridculo caso de confu+

    so de identidades91:as o 6a&elo+cin4ento sorriu e disse=+ 3o era, mas agora . presento+me= sou adislas 2ngenenescu, historiador re+

    gistrado.+ :as...+ 8enha, nada de mal lhe acontecer, garanto+lhe.

    final, apenas quis poupar+lhe alguns a&orrecimentos com o policial.+ :as porqu%9+ (uer uma ra4o9 -em, ento, digamos que somos concidados honorrios, voc%

    e eu. m&os gritamos pelo mesmo homem, lem&ra+se, e os concidados devem per+manecer unidos, mesmo que o lao que os une seja apenas honorrio. !h9

    ! George, completamente inseguro em relao quele homem, 2ngenenescu, etam&m de si pr$prio, deu consigo dentro do desli4ador. ntes de poder decidir sedevia ou no sair outra ve4, levantaram voo.

    E/ homem importanteF, pensou confusamente. E/ policial o&edeceu+lhe.F!stava quase esquecendo+se de que o seu verdadeiro o&jectivo aqui em So Bran+

    cisco no era encontrar ;revelan mas sim encontrar algum com suficiente influ%n+cia para forar uma reapreciao da sua capacidade de ser educado.*odia ser que 2ngenenescu fosse esse tipo de pessoa. ! estava mesmo ali, ao lado

    de George.*odia estar tudo correndo &em... &em. 3o entanto, tudo lhe soava a falso no seu

    pensamento. Sentia+se pouco vontade.

    'urante a curta viagem no desli4ador, 2ngenenescu manteve um fluo constantede conversa fiada, chamando a ateno para os marcos da cidade, relem&rando

    /limpadas passadas a que tinha assistido. George, que prestava apenas a atenonecessria para emitir sons vagos durante as pausas, vigiava a rota de voo ansiosa+mente.

    'irigir+se+iam para uma das a&erturas do escudo protetor e sairiam completamen+te da cidade9

    3o, dirigiam+se para &aio, e George suspirou suavemente, aliviado. Sentia+semais seguro na cidade.

    / desli4ador aterrou na entrada superior de um hotel e, ao descer, 2ngenenescudisse=

    + !spero que jante comigo no meu quarto9+ Sim+disse George, sorrindo impassivelmente. 6omeava agora a dar+se conta de

    um va4io deiado dentro dele pela falta de um almoo.2ngenenescu deiou George comer em sil%ncio. noite caiu e as lu4es de parede

    acenderam+se automaticamente. 0!stou por minha conta h quase vinte e quatro ho+

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    rasF, pensou George.1! ento, ao caf, 2ngenenescu falou outra ve4, finalmente. + 8oc% tem agido como

    se pensasse que lhe quero fa4er mal + disse.George corou, pousou a sua chvena e tentou neg+o, mas o homem mais velho

    riu e a&anou a ca&ea.+ ! verdade. ;enho estado a o&serv+o de perto desde que o vi pela primeira ve4 e

    acho que j sei muita coisa seu respeito.George soergueu+se em p?nico.+ :as sente+se + disse 2ngenenescu + penas quero ajud+o.George sentou+se, mas a sua ca&ea estava num tur&ilho. Se o velho sa&ia quem

    ele era, por que que no o tinha entregue ao policial9 *or outro lado, porque have+ria ele de oferecer ajuda9

    + (uer sa&er por que que o quis ajudar9 + disse 2ngenenescu + /h, no se assus+te. 3o sei ler pensamentos. / que se passa que o meu treino me permite inter+pretar as pequenas rea)es que denunciam os pensamentos, perce&e9 6ompreendeisso9

    George a&anou a ca&ea.+ primeira ve4 que o vi, por eemplo + disse 2ngenenescu + !stava espera nafila para assistir a uma /limpada, e as suas micro+rea)es no correspondiam quiloque estava fa4endo. epresso da sua cara estava errada, os movimentos das suasmos estavam errados. 2sso significava que algo, em geral, estava errado, e o maisinteressante que, o que quer que fosse, no era comum, no era nada $&vio. ;al+ve4, pensei, fosse algo de que nem a sua mente consciente se tivesse aperce&ido.

    3o pude deiar de segui+o, de me sentar a seu lado.Segui+o de novo quando saiu e escutei escondido a conversa entre voc% e o seu

    amigo. 'epois disso, &em, voc% era um o&jeto de estudo demasiadamente importan+

    te para mim 0desculpe se isso lhe soa um pouco frio1 para permitir que fosse levadopor um policial. gora diga+me, o que que o preocupa9George estava agoniantemente indeciso. Se isto era uma armadilha, por que que

    seria to indireta e cheia de rodeios9 ! ele tinha de recorrer a algum. ;inha vindo cidade procurar ajuda e aqui estava ajuda a ser+lhe oferecida. ;alve4 o que estavaerrado era o fato de estar sendo oferecida. !ra demasiado fcil.

    + ogicamente, aquilo que me disser na minha qualidade de cientista social confi+dencial. Sa&e o que isso quer di4er9

    + 3o,Sr..+ (uer di4er que seria contra a tica revelar aquilo que me disser seja a quem for e

    seja por que motivo for. :ais ainda, ningum tem o direito legal de me o&rigar a di4%+o.+ *ensei que fosse historiador + disse George, com s5&ita suspeita.+ ! sou.+ inda agora disse que era cientista social.2ngenenescu eplodiu em sonoras gargalhadas e pediu desculpa por isso quando

    voltou a poder falar.+ 'esculpe, jovem, no devia rir, e na verdade no estava rindo de voce7. !stava

    rindo da ;erra e da %nfase que d s ci%ncias fsicas, e principalmente aos seu aspec+tos prticos. posto que era capa4 de recitar todas as su&divis)es da tecnologia deconstruo ou da engenharia mec?nica e no entanto um 4ero no que respeita s ci+%ncias sociais.

    + -em, ento o que so as ci%ncias sociais9+ s ci%ncias sociais estudam grupos de seres humanos e incluem muitos ramos al+

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    tamente especiali4ados, tal como os tem a 4oologia, por eemplo. H os culturistas,por eemplo, que estudam os mecanismos da cultura, o seu crescimento, desenvolvi+mento e decad%ncia. s culturas + acrescentou, antecipando+se a uma pergunta + sotodos os aspectos de um modo de vida. 2ncluem por eemplo a forma como ganha+mos a vida, aquilo de que gostamos e em que acreditamos, o que consideramos maue &om, etc. 6ompreende9

    + *enso que sim.+ #m economista 0no um econometrista, mas um economista1 especialista em

    estudar a forma como uma cultura satisfa4 as necessidades materiais dos seus indiv+duos. #m psic$logo especiali4a+se no mem&ro individual de uma sociedade e na for+ma como ele afetado por ela. #m futurologista especialista no planeamento ,daevoluo futura de uma sociedade, e um historiador... ! aqui que eu entro...

    + Sim,Sr..+ #m historiador especiali4a+se no desenvolvimento passado da nossa pr$pria soci+

    edade e de sociedades com outras culturas.George deu consigo interessado. + / passado era diferente9

    + 'evo di4er que sim. t h mil anos atrs, no havia educaoA pelo menos nohavia aquilo a que chamamos educao.+ !u sei + disse George. + s pessoas aprendiam aos poucos pelos livros.+ 6omo que sa&e isso9 .+ /uvi di4er + disse George cautelosamente. + H alguma utilidade em preocupar+

    mo+nos com o que se passou h muito tempo9 (uer di4er, o que est feito est feito,no 9

    + 3unca est completamente feito, meu rapa4. / passado eplica o presente. *oreemplo, por que que o nosso sistema de educao o que 9

    George agitou+se, inquieto. / homem estava sempre a puar aquele assunto.

    + *orque melhor + disse mal+humoradamente.+ h, mas por que que melhor9 gora oua por um instante que eu eplico+lhe.'epois poder di4er se h ou no utilidade na Hist$ria. :esmo antes do desenvolvi+mento das viagens interestelares... + 2nterrompeu+se perante o olhar de completo es+panto de George. + -em, pensa que as houve sempre9

    + 3unca tinha pensado nisso, Sr...+ !stou certo que no. :as houve uma altura, quatro ou cinco mil anos atrs, em

    que a humanidade estava confinada superfcie da ;erra. :esmo a essa altura, asua cultura j tinha se tornado &astante tecnol$gica e o seu n5mero tinha atingido oponto em que qualquer falha tecnol$gica teria significado fome e doena generali4a+

    da. *ara manter o nvel tecnol$gico e para o elevar em face do crescimento da popu+lao, tinham de ser formados cada ve4 mais tcnicos e cientistas, e, no entanto, medida que a ci%ncia avanava, cada ve4 se demorava mais tempo a form+os.

    E(uando se desenvolveram as primeiras viagens interplanetrias e depois interes+telares, o pro&lema tornou+se ainda mais grave. 3a verdade, a coloni4ao de factode planetas etra+solares foi impraticvel durante cerca de mil e quinhentos anos de+vido falta de homens devidamente formados.

    EJ ponto de viragem deu+se quando se conseguiu perce&er o mecanismo de arma+4enamento do conhecimento no nosso cre&ro. 'epois disso ter sido feito, tornou+sepossvel criar fitas de !ducao que alterassem esses mecanismos de forma a colocarno nosso cre&ro um conjunto de conhecimentos prontos+a+usar, por assim di4er.:as isso voc% sa&e.

    E partir da, podiam ser formados homens aos milhares e aos milh)es, e podiadar+se incio quilo a que algum desde ento chamou E/ !nchimento do #niversoF.

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    !istem j mil e quinhentos planetas ha&itados na Galia e o fim no est ainda vista.

    E6ompreende tudo o que isso implica9 ;erra eporta fitas educacionais de pro+fiss)es pouco especiali4adas e isso mantm a unidade da cultura Galctica. *oreemplo, as fitas de eitura garantem uma 5nica lngua para todos n$s. 3o fiqueto surpreendido, so possveis outras lnguas, e no passado elas eram usadas. 6en+

    tenas delas.E ;erra eporta tam&m profissionais altamente especiali4ados e mantm a sua

    pr$pria populao a um nvel tolervel. 8isto que so epedidos em quantidadesequili&radas em termos seuais, agem como unidades auto+reprodutoras e ajudam aaumentar a populao dos :undos !teriores, onde um aumento necessrio. lmdisso, as fitas e os tra&alhadores so pagos em materiais de que muito precisamos edos quais depende a nossa economia. *erce&e agora porque que a nossa educao a melhor9

    + Sim,Sr..+ Sa&er que sem ela a coloni4ao interestelar foi impossvel durante mil e qui+

    nhentos anos, ajuda+o a perce&er9+ Sim, Sr..+ !nto compreende a utilidade da hist$ria. + / historiador sorriu. + ! agora per+

    gunto+me se compreende por que que eu estou interessado em voc%9George saltou do tempo e do espao de volta realidade.2ngenenescu, aparentemente, no falava sem um o&jectivo. ;oda esta palestra ti+

    nha sido um epediente para o atacar por outro ?ngulo.+ *orqu%9 + disse, uma ve4 mais retrado, hesitante.+ /s cientistas sociais tra&alham com sociedades e as sociedades so constitudas

    por pessoas.

    + 6erto.+ :as as pessoas no so mquinas. /s profissionais de ci%ncias fsicas que tra+&alham com mquinas. H apenas uma quantidade limitada de coisas a sa&er so&reuma mquina e que os profissionais sa&em na ntegra. :ais ainda, todas as mqui+nas de determinado tipo so semelhantes, pelo que eles no t%m qualquer interessepor uma determinada mquina em especial. :as as pessoas, ah... So to complease to diferentes umas das outras que um cientista social nunca sa&e tudo o que h asa&er ou at uma grande parte de tudo o que h a sa&er. *ara compreender a suaespecialidade, tem de estar sempre pronto para estudar as pessoasA particularmenteos espcimes invulgares.

    + 6omo eu + disse George sem entoao.+ 3o lhe devia chamar espcime, suponho eu, mas voc% invulgar. " digno de serestudado, e se me conceder esse privilgio, eu, em troca, ajud+o+ei se estiver emapuros e se eu puder.

    Havia cataventos rodopiando na ca&ea de George. ;oda aquela conversa de pes+soas e coloni4a)es tornadas possveis pela educao... !ra como se as ideias endu+recidas dentro dele estivessem sendo fragmentadas e espalhadas impiedosamente.

    + 'eie+me pensar + disse. ! colocou as mos so&re as orelhas.;irou+as e disse ao historiador= + Baria uma coisa por mim, Sr.9+ Se puder + disse o historiador afavelmente.+ ! tudo o que eu disser nesta sala confidencial. Boi o que o senhor disse.+ ! verdade.+ !nto arranje+me uma entrevista com um funcionrio de um :undo !terior,

    com... com um noviano.

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    2ngenenescu pareceu so&ressaltado. .+ -em, agora...+ / senhor pode fa4%+o + disse George com honestidade. + / senhor um funcio+

    nrio importante. !u vi a cara do policial quando lhe pDs aquele carto frente dosolhos. Se recusar, eu... eu no deiarei que o senhor me estude.

    t aos ouvidos de George aquela ameaa soava pattica, sem fora. !m 2ngene+

    nescu, no entanto, pareceu eercer um forte efeito.+!ssa condio impossvel + disse. + #m noviano em m%s de /limpadas...+ ;udo &em, ento ponha+me ao telefone com um noviano que eu pr$prio arranjo

    a entrevista. + cha que consegue9+ Sei que consigo. !spere e ver.2ngenenescu olhou George pensativamente e depois agarrou no visifone.George esperou, meio em&riagado pelo novo rumo que o pro&lema estava toman+

    do e pela sensao de poder que provocava. 3o podia falhar. 3o podia falhar. in+da havia de ser um noviano. 'eiaria a ;erra em triunfo apesar do ntonelli e dacam&ada de parvos da 6asa para 0quase riu alto1 '&eis :entais.

    George olhou ansiosamente enquanto a visiplaca se acendia. &ria uma janelapara uma sala de 3ovianos, uma janela para um pequeno retalho de 3ovia trans+plantado para a ;erra. !m vinte e quatro horas j tinha conseguido isso, pelo menos.

    Houve uma eploso de risos quando a nvoa desapareceu e a placa ficou ntida,mas de momento no se via nenhuma ca&ea, apenas a rpida passagem de som+&ras de homens e mulheres, de um lado para o outro. /uviu+se uma vo4, clara so&reum fundo de tagarelice=

    + 2ngenenescu9 (uer falar comigo9

    ! ento apareceu, olhando para fora da placa. #m noviano. #m genuno noviano.0George no tinha a menor d5vida. Havia algo nele de um :undo !terior, completa+mente. lgo que no podia ser totalmente definido, mas nem por um momento duvi+doso.1

    ;inha compleio morena e uma escura onda de ca&elo, rigidamente penteadapara trs a partir da testa. #sava um fino e negro &igode e uma &ar&a em forma de&ico, to negra como aquele, que chegava eatamente at a&aio do limite inferiordo seu queio estreito, mas o resto da sua cara era to polida que dava a ideia deser constantemente depilada.

    !stava sorrindo.

    + adislas, isto est indo longe de mais. " claro que esperamos ser espiados, den+tro dos limites da sensate4, durante a nossa estada na ;erra, mas ler pensamentosest fora desses limites.

    + er pensamentos, Honorvel9+ 6onfesse7 Sa&ia que o ia chamar esta noite. Sa&ia que estava apenas esperando

    aca&ar esta &e&ida. + sua mo entrou no campo de viso e o seu olho espreitouatravs de um pequeno copo de um licor tenuemente violeta. + Ceceio no lhe poderoferecer um.

    George, fora do alcance do transmissor de 2ngenenescu no podia ser visto pelonoviano. Sentiu+se aliviado por isso. (ueria tempo para se recompor e precisava de+sesperadamente fa4%+o. !ra como se ele fosse feito eclusivamente de dedos irrequi+etos, tam&orilando, tam&orilando...

    :as tinha ra4o. 3o tinha se enganado nos clculos.2ngenenescu era importante. / noviano tratava+o pelo primeiro nome.

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    -om7 s coisas iam &em. / que George perdera com ntonelli, compensaria com2ngenenescu, e ainda sairia ganhando. ! um dia, quando estivesse finalmente porsua conta, e pudesse voltar ;erra sendo um noviano to poderoso como aquele,que podia &rincar negligentemente com o primeiro nome de 2ngenenescu e ser trata+do por EHonorvelF em troca... quando voltasse, acertaria contas com ntonelli. ;i+nha um ano e meio para retri&uir e...

    *erdeu o equil&rio &eira do sedutor sonho acordado e saltou de volta, na s5&itae ansiosa consci%ncia de que estava perdendo o encadeamento do que estava sepassando.

    +... no contm gua + di4ia o noviano. + 3ovia tem uma civili4ao to complicadae avanada como a da ;erra. final, no somos Weston. ! ridculo que tenhamos devir aqui &uscar tcnicos individuais.

    + S$ os eemplares novos + disse 2ngenenescu apa4iguadoramente. + 3unca h acerte4a de que os novos eemplares sero necessrios. 6omprar as fitas de !duca+o custar+vos+ia o mesmo que mil tcnicos e como que voc%s sa&em se precisa+riam de tantos9

    / noviano &e&eu o que restava da sua &e&ida de um trago e riu+se. 0'e certa for+ma desagradava a George que um noviano fosse to frvolo. *erguntou+se apreensi+vamente se o noviano no deveria talve4 ter evitado aquela &e&ida ou at mesmouma ou duas antes desta.1

    + !ssa a tpica impostura 4elosa, adislas. Sa&e que temos necessidade de todosos eemplares recentes que arranjarmos. !sta tarde apanhei cinco metal5rgicos...

    + !u sei + disse 2ngenenescu + !u estava l.+ 8igiando+me7 !spiando + gritou o noviano. + !u digo++lhe o que se passa. /s me+

    tal5rgicos recentes que arranjei diferiam dos eemplares anteriores apenas no fatode sa&erem usar os espectr$grafos -eeman. s fitas no podiam ser alteradas este

    &ocadinho, s$ este &ocadinho + ergueu dois dedos pr$imos um do outro + das ante+riores. 8oc%s introdu4em os novos eemplares apenas para nos o&rigar a comprar, agastar e a vir aqui pechinchar.

    + 3o vos o&rigamos a comprar.+ 3o, mas vendem tcnicos recentes a andonum e n$s temos de acompanhar o

    andamento deles. " um carrocel, isto em que voc%s nos t%m, 4elosos terrestres, masestejam atentos, pode haver uma sada algures. + Havia uma rispide4 penetrante noseu riso, e aca&ou mais cedo do que devia.

    + 6om toda a franque4a, espero que haja + disse 2ngenenescu + !ntretanto, quantoao prop$sito da minha chamada...

    + " verdade, voc% que chamou. h, &em, j disse o que tinha que di4er e supo+nho que para o ano haver um novo eemplar de metal5rgico para n$s gastarmos osnossos &ens, de qualquer forma, provavelmente com um novo truque para anlisesde ni$&io e nenhuma outra alterao e no ano seguinte... :as continue, que queme quer9

    + ;enho aqui um jovem com quem gostaria que falasse.+ hn9 + / noviano no pareceu propriamente satisfeito com isso. + So&re qu%9+ 3o fao ideia. !le no me disse. lis, nem sequer me disse o nome e a profis+

    so./ noviano fran4iu a testa.+ !nto por que me fa4 perder tempo9+ *arece+me &astante certo de que estar interessado naquilo que ele tem para lhe

    di4er.+ 3o me diga.

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    + ! + disse 2ngenescu + como favor pessoal./ noviano encolheu os om&ros=+ 6hame+o e diga+lhe para ser &reve.2ngenenescu desviou+se e sussurrou a George= + ;rate+o por EHonorvelF.George engoliu com dificuldade. gora que era.

    George sentiu+se ensopar em transpirao. ideia tinha+lhe vindo h to poucotempo, mas estava nele com tanta certe4a... / seu incio ocorrera+lhe quando falaracom ;revelan, depois tudo fermentara e crescera enquanto 2ngenenescu tagarelava,e at os pr$prios comentrios do noviano pareciam ter+lhe dado os 5ltimos retoques.

    + Honorvel+ disse George + vim mostrar+lhe a sada do carrocel. + 'eli&eradamen+te, usou a pr$pria metfora do noviano,

    / noviano fitou+o gravemente. + (ue carrocel9+ / senhor mesmo o mencionou, Honorvel. / carrocel onde 3ovia est quando

    vem ;erra para... para levar tcnicos. + 03o conseguia impedir os dentes de &ate+

    rem uns nos outrosA de ecitao, no de medo.1+ (uer di4er que sa&e uma maneira pela qual podemos deiar de frequentar o su+permercado mental da ;erra. ! isso9

    + Sim,Sr.. *odem controlar o vosso pr$prio sistema educacional.+ #mm. Sem fitas9+ S... sim, Honorvel./ noviano, sem tirar os olhos de George, chamou= + 2ngenenescu, aparea./ historiador deslocou+se para onde podia ser visto por cima do om&ro de George.+ (ue isto9 + disse o noviano. + 3o consigo entender.+ sseguro+lhe solenemente + disse 2ngenenescu + que o que quer que seja est

    sendo feito por iniciativa pr$pria do rapa4, Honorvel. 3o incentivei isto. 3o tenhonada a ver com isto.+ -em, ento que que o rapa4 lhe 9 *or que que me chamou em seu nome9+ !le um o&jeto de estudo, Honorvel + disse 2ngenenescu + ;em valor para mim

    e fao+lhe a vontade.+ (ue espcie de valor9+ " difcil de eplicarA um assunto ligado minha profisso./ noviano riu+se por um momento.+ -em, a cada um a sua profisso. + cenou a uma pessoa ou pessoas invisveis

    fora do alcance da placa. + !st aqui um rapa4, um protegido de 2ngenenescu ou coi+

    sa parecida, que vai nos eplicar como educar sem fitas. + !stalou os dedos e outrocopo de licor claro apareceu na sua mo. + -em, rapa49s caras na placa eram agora vrias. Homens e mulheres, apinhados para pode+

    rem ver George, com as caras pintadas de vrios tons de divertimento e curiosidade.George procurou parecer altivo. !stavam todos, sua maneira, tanto os 3ovianos

    como os ;errestres, Eestudando+oF como se ele fosse um insecto num alfinete. 2nge+nenescu estava agora sentado a um canto, o&servando+o com olhos astutos.

    E2diotasF, pensou tensamente, E;odos elesF. :as teriam de compreender. !le fa+ria com que compreendessem.

    + !stive na /limpada para metal5rgicos, esta tarde disse.+ 8oc% tam&m9 + disse o noviano com &randura. *arece que toda a ;erra l este+

    ve.+ 3o, Honorvel, mas eu estive. #m amigo meu estava competindo e saiu+se &as+

    tante mal porque usaram mquinas -eeman. sua educao inclura apenas as

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    Hensler, aparentemente um modelo mais antigo. 'isse que a modificao envolvidaera pequena. + George ergueu dois dedos pr$imos um do outro imitando conscien+temente o gesto que o outro fi4era. + ! o meu amigo sou&era com alguma antece+d%ncia que o conhecimento das mquinas -eeman seria eigido.

    + ! que que isso significa9+ 6andidatar+se a 3ovia era a grande am&io da vida do meu amigo.

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    tentar escrever livros fceis. lguns deles podiam ser capa4es de pDr algum do seuconhecimento em palavras e sm&olos.

    + :eu 'eus7 + disse o noviano s pessoas que o rodeavam. + / dia&inho tem res+posta para tudo.

    + ;enho. ;enho + gritou George. + *erguntem+me.+

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    muito cheio amanh. *asse &em7/ visor apagou+se.

    s mos de George saram disparadas na direo do visor, como se num impulsoetremo pretendesse devolver+lhe a vida com safan)es.

    + !le no acreditou em mim + gritou George. + !le no acreditou em mim.+ 6laro que no, George +disse 2ngenenescu + *ensavas realmente que ele acredi+

    taria9George mal o ouvia.+ ! por que no9 " tudo verdade. " tudo para seu &eneficio. Sem riscos. !u e al+

    guns homens com quem tra&alhar... #ma d54ia de homens aprendendo durante anoscustariam menos que um tcnico... !le estava &%&ado7 -%&ado7 3o compreendeu.

    George olhou em volta sem fDlego.+ 6omo que eu posso entrar em contacto com ele9;enho de fa4er. 2sto foi mal feito. 3o devia ter usado o visifone. *reciso de tempo.

    Bace a face. 6omo que eu...+ !le no te rece&er, George + disse 2ngenenescu + ! se o fi4esse no acreditariaem ti.

    + creditaria sim, estou+lhe di4endo. Se no estiver &e&endo. !le... + George virou+se a&ruptamente para o historiador e os seus olhos aumentaram de tamanho. + *orque que me chamou George9

    + 3o o teu nome9 George *laten9+ 6onhece+me9+ Sei tudo so&re ti.George permaneceu im$vel, ecetuando a respirao que fa4ia o seu peito su&ir e

    descer.+ (uero ajudar+te, George + disse 2ngenenescu +

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    preendi.+ Sa&es onde ests9+ 'e volta ... 6asa. + George conseguiu virar+se. vo4 pertencia a /mani.+ " curioso eu no ter perce&ido + disse George... /mani sorriu docemente.+ 'orme outra ve4...George adormeceu.

    ! acordou de novo. sua mente estava l5cida./mani estava sentado ao lado da cama lendo, mas pousou o livro logo que os

    olhos de George se a&riram.George sentou+se com muito esforo. + /l + disse. +;ens fome9+ *odes crer. + Bitou /mani com curiosidade. + Bui seguido quando sa, no fui9/mani acenou com a ca&ea.+ !stiveste sempre so& o&servao. Xamos condu4ir+te a ntonelli e deiar+te des+

    carregar a tua agressividade. Sentimos que essa era a 5nica forma de progredires.

    s tuas emo)es estavam &loqueando o teu avano.+ !stava completamente enganado a respeito dele disse George, com uma pontade em&arao.

    + gora no interessa. (uando paraste para olhar para o quadro de informa)esde :etalurgia, no aeroporto, um dos nossos agentes comunicou+nos a lista dos no+mes. ;u e eu tnhamos falado suficientemente so&re o teu passado para que eu per+ce&esse o significado do nome de ;revelan ali. *erguntaste o caminho para a /lim+padaA havia possi&ilidades disto aca&ar no tipo de crise que procurvamosA manda+mos adislas 2ngenenescu ir ter contigo ao salo e tomar conta do caso.

    + !le um homem importante no governo, no 9

    + ", sim.+ ! voc%s mandaram+no tomar conta do caso. Ba4+me sentir importante.+ ;u s importante, George.;inha chegado um guisado espesso, fumegante, cheiroso. George arreganhou os

    dentes como um lo&o e empurrou os len$is de maneira a li&ertar os &raos. /maniajudou+o a montar o ta&uleiro de cama. *or um momento, George comeu em sil%n+cio.

    'epois disse=+ cordei aqui uma ve4, antes, por pouco tempo.+ !u sei + disse /mani + !u estava aqui.

    + *ois, eu lem&ro+me. Sa&es, tudo tinha mudado. !ra como se estivesse demasiadocansado para sentir emo)es.

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    #m homem chamado -eeman, suponho, mas no poderia ter sido educado atravsde fitas, seno como que ele teria feito esse progresso9

    + !atamente.+ ! quem que fa4 as fitas !ducacionais9 ;cnicos especiais de fa&ricao de

    fitas9 !nto quem que fa4 as fitas para form+os9 ;cnicos mais avanados9 !ntoquem que fa4 as fitas... *erce&es o que quero di4er. ;em de haver um fim em al+

    gum ponto. ;em de eistir em algum lugar homens e mulheres com capacidade parapensamento criativo.

    + Sim, George.George reclinou+se, olhou por cima da ca&ea de /mani, e por momentos algo de

    irrequieto voltou aos seus olhos. + *or que que no me disseram tudo isto noincio9

    + h, se pudssemos + disse /mani +, o tra&alho que isso nos pouparia. *odemosanalisar uma mente, George, e di4er que este dar um arquiteto competente e aque+le um &om carpinteiro, mas no temos nenhum processo de detectar capacidadepara pensamento original e criativo. " algo demasiado sutil. ;emos alguns mtodos

    empricos para detectar indivduos que possivelmente ou potencialmente podem teresse talento.3o 'ia da eitura, esses indivduos nos so comunicados. ;u foste um deles, por

    eemplo. Grosso modo, o n5mero de indivduos comunicados nessas condi)es andapor volta de um em de4 mil. (uando chega o 'ia da !ducao, esses indivduos soverificados outra ve4, e chega+se concluso de que nove em cada de4 eram falsosalarmes. /s que so&ram so enviados para lugares como este.

    + -em, que que h de mau em di4er s pessoas que um em cada... em cada cemmil aca&a em lugares como este9 disse George. + 3esse caso j no seria um choqueto grande para os que v%m.

    + ! os que no v%m9 /s noventa e nove mil novecentos e noventa e nove que nov%m9 3o podemos permitir que todas essas pessoas se considerem uns falhados.spiram a uma profisso e, de uma forma ou de outra, todos a conseguem. ;odospodem pDr a seguir ao nome= 3o+sei+quantos registrado. 'e uma ou doutra formacada indivduo tem o seu lugar na sociedade e isso necessrio.

    + :as, e a n$s9 + disse Ge