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EDUARDO CARVALHO OLIVEIRA
IRRIGAO DA ROSEIRA CULTIVADA EM
SISTEMA DE PRODUO INTEGRADA:
VIABILIDADE TCNICA E ECONMICA
LAVRAS MG
2012
EDUARDO CARVALHO OLIVEIRA
IRRIGAO DA ROSEIRA CULTIVADA EM SISTEMA DE
PRODUO INTEGRADA: VIABILIDADE TCNICA E ECONMICA
Tese apresentada Universidade Federal de Lavras, como parte das exigncias do Programa de Ps-Graduao em Recursos Hdricos em Sistemas Agrcolas, rea de concentrao em Engenharia e Manejo de Irrigao, para a obteno do ttulo de Doutor.
Orientador
Dr. Jacinto de Assuno Carvalho
LAVRAS MG
2012
Ficha Catalogrfica Preparada pela Diviso de Processos Tcnicos da Biblioteca da UFLA
Oliveira, Eduardo Carvalho. Irrigao da roseira cultivada em sistema de produo integrada : viabilidade tcnica e econmica / Eduardo Carvalho Oliveira. Lavras : UFLA, 2012.
186 p. : il. Tese (doutorado) Universidade Federal de Lavras, 2012. Orientador: Jacinto de Assuno Carvalho. Bibliografia. 1. Floricultura. 2. Anlise econmica. 3. Manejo da irrigao. 4.
Rosa de corte. 5. Custos de produo. I. Universidade Federal de Lavras. II. Ttulo.
CDD 631.587
EDUARDO CARVALHO OLIVEIRA
IRRIGAO DA ROSEIRA CULTIVADA EM SISTEMA DE
PRODUO INTEGRADA: VIABILIDADE TCNICA E ECONMICA
Tese apresentada Universidade Federal de Lavras, como parte das exigncias do Programa de Ps-Graduao em Recursos Hdricos em Sistemas Agrcolas, rea de concentrao em Engenharia e Manejo de Irrigao, para a obteno do ttulo de Doutor.
APROVADA em 24 de julho de 2012.
Dra. Ftima Conceio Rezende UFLA
Dra. Elka Fabiana Aparecida Almeida EPAMIG
Dr. Ricardo Pereira Reis UFLA
Dr. Gilberto Coelho UFLA
Dr. Jacinto de Assuno Carvalho Orientador
LAVRAS - MG
2012
A Deus, nosso criador e pai de todos.
Aos meus queridos pais: Rmulo Mrcio de Oliveira e Maria Augusta Carvalho
Oliveira, meus exemplos de vida e dedicao.
A minha noiva, Maria Cludia, pelo amor, carinho e apoio incondicional.
A todos aqueles que, assim como eu, acreditam que os maiores obstculos da
vida encontram-se dentro de ns mesmos, bastando apenas acreditar que tudo
possvel quando se quer seguir em frente. E assim, sigo...
DEDICO
Aos meus irmos:
Romualdo Augusto Carvalho Oliveira
Cristiano Carvalho Oliveira
OFEREO
AGRADECIMENTOS
Universidade Federal de Lavras, pela oportunidade concedida para a
realizao do Doutorado em Recursos Hdricos em Sistemas Agrcolas
Engenharia e Manejo de Irrigao, sendo esta minha casa durante dez anos.
Ao professor Dr. Jacinto de Assuno Carvalho, pela orientao,
acompanhamento, ensinamentos, pacincia e amizade, fundamentais para a
realizao do curso e deste trabalho.
Fundao de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais
(FAPEMIG), pela concesso da bolsa de estudos.
professora Dra. Ftima Conceio Rezende, pelas sugestes e apoio.
Ao professor Dr. Gilberto Coelho, pela participao na banca de defesa.
Ao professor Dr. Ricardo Pereira Reis, pelos ensinamentos e apoio
prestado.
Aos professores do Setor de Hidrulica, pelos ensinamentos
transmitidos.
Aos amigos de curso: Arionaldo, Camila, Daniel, Fbio, Gervsio, Joo
Jos, Lo, Lidiane, Lucas, Marcos, Matheus, Maurcio, Wellington e Willian.
Ao Reginaldo e Jos Hugo, da Lavras Irrigao, pela amizade e apoio
prestados.
pesquisadora Dra. Elka Fabiana Aparecida Almeida, por tornar
possvel a realizao dos experimentos junto FERN/EPAMIG, pelo apoio e
dedicao.
Aos pesquisadores e funcionrios da FERN/EPAMIG, Chiquinho,
Erivelton, Flvia, Gilson, Lvia, Mauro, Milton, Murilo e Simone, pelo apoio e
amizade.
Aos bolsistas de apoio tcnico da FERN/EPAMIG, Moema, Srgio e
Snia e aos bolsistas de iniciao cientfica, Bethnia, Dayani, Guilherme, Iara,
Junia e Tain, pela ajuda prestada na conduo dos experimentos.
Aos ps-doutorandos da FERN/EPAMIG, Gustavo e Marlia, pelo
apoio.
Aos funcionrios do Setor de Hidrulica, Oswaldo e Jos Luiz, pelo
apoio.
A todos aqueles que, de alguma forma, contriburam para o meu xito
em mais esta etapa.
RESUMO
A floricultura de corte tem nas rosas a sua principal explorao no Brasil. uma atividade interessante por representar um faturamento bastante superior em comparao s culturas tradicionais. A falta de informaes dos roseicultores sobre a aplicao de gua e sua quantidade ao longo do ciclo fenolgico da cultura, bem como a aplicao deficitria ou excessiva de nutrientes s plantas, pode propiciar condies desfavorveis ao desenvolvimento da roseira. Tais condies podem acarretar em queda na produtividade e qualidade do produto, sendo desejvel a utilizao de boas prticas agrcolas associadas produo integrada, as quais se justificam com a reduo de insumos como gua, energia de bombeamento e fertilizantes. Assim, este trabalho objetivou estabelecer critrios para o manejo da irrigao e da adubao nitrogenada de forma economicamente adequada para a cultura da roseira. Foram realizados trs experimentos (I, II e III) com a roseira de corte (cv. Carola) em casa de vegetao localizada na Fazenda Experimental Risoleta Neves (FERN), Unidade Regional Sul de Minas da Empresa de Pesquisa Agropecuria de Minas Gerais (EPAMIG), em So Joo Del Rei/MG. No Experimento I, utilizou-se um delineamento em blocos casualizados, envolvendo seis tenses de gua no solo (15, 30, 45, 60, 90 e 120 kPa) para monitoramento das irrigaes, com cinco repeties. A produtividade da roseira decresceu com o aumento das tenses de gua no solo; o preo mdio da dzia de rosas mostrou-se rentvel, cobrindo os custos totais mdios de produo. O Experimento II consistiu de um delineamento em blocos casualizados com parcelas subdivididas, sendo as parcelas definidas por quatro nveis percentuais de lminas de reposio de gua no solo (40, 70, 100 e 130%) e as subparcelas por quatro nveis percentuais de doses de nitrognio (40, 70, 100 e 130%), com quatro repeties, com quatro repeties. A produtividade da roseira apresentou reduo pelo dficit e excesso hdrico; as lminas que proporcionaram as mximas eficincias tcnica e econmica foram praticamente idnticas. Em relao ao Experimento III, obteve-se a evapotranspirao de referncia (ETo), a evapotranspirao potencial (ETp) da cultura e, com isso, o coeficiente de cultura (Kc). A ETp e a ETo tiveram sua amplitude alterada principalmente devido a umidade relativa e radiao solar; o Kc apontou valores mdios de 0,75 na fase vegetativa e 1,18 durante a fase produtiva. De forma geral, o cultivo de rosas utilizando-se tcnicas de produo integrada indicado. Palavras-chave: Irrigao. Floricultura. Produo Integrada. Anlise econmica.
ABSTRACT
Floriculture has cut roses as its main exploration in Brazil. It is an interesting activity for representing much higher proceeds compared to traditional crops. The lack of information by part of the rose producers on the quantity of water applied along the phenological culture cycle, as well as deficient or excessive nutrient application to the plants, may provide unfavorable conditions to rosebush development. Such conditions may result in the decrease of productivity and product quality, with good agricultural practices associated with integrated production being desirable, which is justified by the reduction of inputs such as water, fertilizer and pumping energy. This study aimed to establish criteria for irrigation and nitrogen fertilization management in a form which is economically appropriate for rosebush culture. Three experiments (I, II and III) were performed with rose-cut (cv. Carola) in a greenhouse located at the Fazenda Experimental Risoleta Neves (FERN), Sul de Minas regional unit of the Empresa de Pesquisa Agropecuria de Minas Gerais (EPAMIG), in So Joo Del Rei, Minas Gerais. In Experiment I, a randomized block design involving six soil water tensions (15, 30, 45, 60, 90 and 120 kPa) for irrigation monitoring, with five replicates was used. Rosebush productivity decreased with higher soil water tension. The average price of a dozen roses proved profitable, covering the average total costs of production. Experiment II consisted of a randomized block design with split-plots, with plots defined by four percentage levels of spare soil water depths (40, 70, 100 and 130%), and split-plots by four percentage levels of nitrogen doses (40, 70, 100 and 130%), with four replicates. Rosebush productivity presented reduction due to water deficit and surplus; the water depth that provided the maximum economic and technical efficiencies were nearly identical. In Experiment III, the reference evapotranspiration (ETo), potential evapotranspiration (ETp) of the culture and, therefore, crop coefficient (Kc), were obtained. ETp and ETo had their amplitude altered mainly due to relative humidity and solar radiation; Kc appointed average values of 0.75 during the vegetative phase and 1.18 during the productive phase. In general, rose cultivation using integrated production techniques is indicated. Keywords: Irrigation. Floriculture. Integrated Production. Economic analysis.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Preparo dos canteiros para o transplantio (A) e mudas
transplantadas (B)............................................................................. 49
Figura 2 Esquema de montagem dos tratamentos de tenses de gua no
solo (T) representados por um bloco (repetio).............................. 57
Figura 3 Esquema de montagem dos tratamentos de lminas de irrigao
(W) e doses de nitrognio (N) representados por um bloco
(repetio)......................................................................................... 58
Figura 4 Esquema de montagem e arranjo dos lismetros de drenagem......... 65
Figura 5 Instalao dos lismetros e coleta de gua de drenagem .................. 66
Figura 6 rea foliar das plantas em funo dos tratamentos de 40 e 70%
de reposio de gua no solo (A) e 100 e 130 % de reposio (B) 118
Figura 7 Produtividade em funo da interao entre os tratamentos de
lminas de irrigao e doses de nitrognio (W x N). ..................... 136
Figura 8 rea foliar e desenvolvimento das plantas aos 20 DAT (A) e 100
DAT (B) ......................................................................................... 161
LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 Situaes de anlises econmica e operacional da atividade
produtiva ....................................................................................... 40
Grfico 2 Curva caracterstica de reteno de gua no solo gerada por
meio do modelo proposto por Genuchten (1980).......................... 54
Grfico 3 Temperatura mxima, mnima e mdia no interior da casa de
vegetao, registradas durante a execuo dos Experimentos I e
II .................................................................................................... 86
Grfico 4 Umidade relativa mxima, mnima e mdia no interior da casa
de vegetao, registradas durante a execuo dos Experimentos
I e II ............................................................................................... 88
Grfico 5 Dimetro do boto floral, em funo das tenses de gua no
solo ................................................................................................ 96
Grfico 6 Nmero de hastes por planta, em funo das tenses de gua
no solo ......................................................................................... 100
Grfico 7 Comprimento da haste, em funo das lminas de reposio de
gua ............................................................................................. 119
Grfico 8 Comprimento do boto floral, em funo das lminas de
reposio de gua ........................................................................ 122
Grfico 9 Dimetro do boto floral, em funo das lminas de reposio
de gua ........................................................................................ 123
Grfico 10 Teor de matria seca da haste (TMSH), em funo das lminas
de reposio de gua ................................................................... 126
Grfico 11 Matria seca total, em funo das lminas de reposio de gua 127
Grfico 12 Nmero de hastes por planta, em funo das lminas de
irrigao....................................................................................... 129
Grfico 13 Produtividade em funo da interao entre os tratamentos de
lminas de irrigao e doses de nitrognio (W x N). .................. 137
Grfico 14 Receita total, lucro e custos totais da produo, em funo das
lminas de irrigao, de junho de 2011 a maio de 2012 ............. 143
Grfico 15 Lmina tima econmica, em funo da relao entre o preo
da gua (PW) e o preo da dzia de rosas (PY), para a
produtividade comercial .............................................................. 144
Grfico 16 Eficincia do uso da gua, em funo das lminas de reposio
de gua ........................................................................................ 147
Grfico 17 Eficincia do uso do nitrognio, em funo das lminas de
reposio de gua no solo............................................................ 150
Grfico 18 Eficincia do uso do nitrognio, em funo das doses de
adubao nitrogenada.................................................................. 151
Grfico 19 Evapotranspirao potencial da cultura (ETp),
evapotranspirao de referncia (ETo) e hastes florais da
roseira em casa de vegetao ...................................................... 154
Grfico 20 Evapotranspirao potencial da cultura (ETp),
evapotranspirao de referncia (ETo) e temperatura mdia do
ar na casa de vegetao ............................................................... 156
Grfico 21 Evapotranspirao potencial da cultura (ETp),
evapotranspirao de referncia (ETo) e umidade relativa
mdia do ar na casa de vegetao................................................ 157
Grfico 22 Evapotranspirao potencial da cultura (ETp),
evapotranspirao de referncia (ETo) e velocidade mdia do
vento na casa de vegetao.......................................................... 157
Grfico 23 Evapotranspirao potencial da cultura (ETp),
evapotranspirao de referncia (ETo) e radiao solar global
diria na casa de vegetao ......................................................... 158
Grfico 24 Coeficiente de cultura (Kc) para o cultivo da roseira em casa de
vegetao..................................................................................... 164
Grfico 25 Evaporao do tanque reduzido (EVtr), evapotranspirao de
referncia (ETo) e coeficiente do tanque reduzido (Ktr) em
casa de vegetao ........................................................................ 168
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Granulometria e classificao textural do solo da casa de
vegetao....................................................................................... 52
Tabela 2 Parmetros de ajuste da curva de reteno ao modelo proposto
por Genutchten (1980), com tenso de gua no solo (kPa) e
umidade (cm3 cm-3) ....................................................................... 52
Tabela 3 Caracterizao qumica do solo no interior da casa de
vegetao....................................................................................... 55
Tabela 4 Valor atual (R$ ha-1), valor residual (R$ ha-1) e vida til (anos)
dos recursos produtivos fixos para a produo da rosa de corte
sob sistema de produo integrada (SPI) de junho de 2011 a
maio de 2012 ................................................................................. 76
Tabela 5 Anlise de varincia para as mdias do nmero de folhas por
haste (NF), comprimento (CH) e dimetro (DH) da haste e
comprimento (CB) e dimetro do boto (DB) floral, em funo
dos tratamentos.............................................................................. 90
Tabela 6 Valores mdios para o nmero de folhas por haste (NF),
comprimento (CH) e dimetro (DH) da haste e comprimento
(CB) e dimetro do boto (DB) floral, em funo das tenses
de gua no solo.............................................................................. 91
Tabela 7 Anlise de varincia para as mdias do teor de matria seca das
folhas (TMSF), haste (TMSH), boto floral (TMSB) e matria
seca total (MST), em funo dos tratamentos ............................... 98
Tabela 8 Anlise de varincia para as mdias do nmero de hastes por
planta, em funo dos tratamentos .............................................. 100
Tabela 9 Valores percentuais de queda na produtividade de hastes para
cada tratamento aplicado............................................................. 103
Tabela 10 Lmina total, nmero de irrigaes, lmina mdia e turno de
rega em funo das tenses de gua no solo ............................... 104
Tabela 11 Anlise de varincia para as mdias da eficincia do uso da
gua (EUA), em funo dos tratamentos..................................... 105
Tabela 12 Custos fixos (R$ ha-1 ano-1) para a produo da rosa de corte
sob sistema de produo integrada (SPI) de junho de 2011 a
maio de 2012 ............................................................................... 108
Tabela 13 Custo operacional varivel total da gua para as lminas
aplicadas, em funo dos tratamentos, de junho de 2011 a maio
de 2012 ........................................................................................ 109
Tabela 14 Custos variveis (R$ ha-1 ano-1) para a produo da rosa de
corte sob sistema de produo integrada (SPI), em funo dos
tratamentos, de junho de 2011 a maio de 2012 ........................... 109
Tabela 15 Custos fixos totais (CFT), custos variveis totais (CVT) e
custos totais (CT), em funo dos tratamentos, de junho de
2011 a maio de 2012 ................................................................... 111
Tabela 16 Custos mdios para a produo de uma dzia de rosas, em
funo dos tratamentos, de junho de 2011 a maio de 2012......... 112
Tabela 17 Lmina total, nmero de irrigaes, lmina mdia, nitrognio
total, nmero de aplicaes de nitrognio e dose mdia de
nitrognio, em funo das lminas de reposio de gua no
solo e doses de nitrognio ........................................................... 115
Tabela 18 Anlise de varincia para as mdias do nmero de folhas por
haste (NF), comprimento (CH) e dimetro (DH) da haste e
comprimento (CB) e dimetro do boto (DB) floral, em funo
dos tratamentos............................................................................ 116
Tabela 19 Valores mdios para o nmero de folhas por haste (NF),
comprimento (CH) e dimetro (DH) da haste e comprimento
(CB) e dimetro do boto (DB) floral, em funo das lminas
de reposio de gua no solo....................................................... 116
Tabela 20 Anlise de varincia para as mdias do teor de matria seca das
folhas (TMSF), haste (TMSH), boto floral (TMSB) e matria
seca total (MST), em funo dos tratamentos ............................. 125
Tabela 21 Anlise de varincia para as mdias do nmero de hastes por
planta, em funo dos tratamentos .............................................. 128
Tabela 22 Produto fsico marginal (PFMa) do fator gua para as
diferentes lminas de irrigao aplicadas.................................... 140
Tabela 23 Preo da dzia de rosas, ndice sazonal de preos e relao
PW/PY, de junho de 2011 a maio de 2012.................................... 145
Tabela 24 Anlise de varincia para as mdias da eficincia do uso da
gua (EUA), em funo dos tratamentos..................................... 146
Tabela 25 Anlise de varincia para as mdias da eficincia do uso do
nitrognio (EUN), em funo dos tratamentos............................ 149
Tabela 26 Valores mdios de ETp, ETo e lmina de irrigao em funo
do tempo (dias aps o transplantio - DAT) ................................. 162
Tabela 27 Valores totais de ETp, ETo e lmina de irrigao em funo do
tempo (dias aps o transplantio - DAT) ...................................... 163
Tabela 28 Coeficiente de cultura (Kc) e fases fenolgicas da roseira em
funo do tempo (dias aps o transplantio - DAT) ..................... 165
Tabela 29 Evaporao mdia (EVtr mdia) e total (EVtr total) do tanque
reduzido e coeficiente mdio do tanque reduzido (Ktr) em
funo do tempo (dias aps o transplantio - DAT) ..................... 167
SUMRIO
1 INTRODUO....................................................................................18 2 REFERENCIAL TERICO...............................................................21 2.1 Atividade da floricultura .....................................................................21 2.2 A cultura da roseira .............................................................................23 2.3 Sistema de produo integrada da roseira ........................................25 2.4 Cultivo em ambiente protegido...........................................................27 2.5 Irrigao ...............................................................................................29 2.5.1 Evapotranspirao ...............................................................................32 2.5.2 Fertirrigao.........................................................................................35 2.6 Custos de produo..............................................................................38 2.6.1 Rentabilidade da atividade..................................................................40 2.7 Funo de produo.............................................................................42 3 MATERIAL E MTODOS ................................................................46 3.1 Localizao e caracterizao da rea experimental..........................46 3.2 Caracterizao geral dos experimentos .............................................47 3.3 Instalao e conduo da cultura .......................................................47 3.4 Caractersticas do solo .........................................................................51 3.4.1 Anlises fsicas ......................................................................................51 3.4.2 Anlises qumicas .................................................................................54 3.4.3 Preparo do solo e canteiros .................................................................55 3.5 Delineamento experimental.................................................................56 3.5.1 Experimento I.......................................................................................56 3.5.2 Experimento II .....................................................................................57 3.6 Sistema de irrigao e manejo ............................................................58 3.6.1 Experimento I.......................................................................................58 3.6.2 Experimento II .....................................................................................60 3.6.3 Experimento III....................................................................................62 3.6.4 Uniformidade de distribuio .............................................................62 3.7 Evapotranspirao ...............................................................................63 3.8 Fertirrigao.........................................................................................68 3.9 Anlise econmica da cultura da roseira irrigada ............................69 3.9.1 Custos fixos ...........................................................................................70 3.9.2 Custos variveis....................................................................................71 3.9.3 Custo alternativo ou de oportunidade................................................72 3.9.4 Custo operacional.................................................................................74 3.10 Funo de produo.............................................................................76 3.11 Prticas culturais .................................................................................79 3.12 Parmetros avaliados nos Experimentos I e II..................................81 3.12.1 Produtividade de hastes comerciais....................................................81
3.12.2 Dimenses das hastes comerciais ........................................................82 3.12.3 Matria seca das hastes florais............................................................83 3.12.4 Eficincia do uso da gua (EUA) ........................................................84 3.12.5 Eficincia do uso do nitrognio (EUN) ...............................................84 3.12.6 Anlises estatsticas ..............................................................................84 3.13 Parmetros avaliados no Experimento III.........................................84 4 RESULTADOS E DISCUSSO .........................................................86 4.1 Condies meteorolgicas dentro da casa de vegetao ...................86 4.2 Experimento I.......................................................................................90 4.2.1 Parmetros qualitativos das hastes florais.........................................90 4.2.1.1 Nmero de folhas das hastes florais ...................................................91 4.2.1.2 Comprimento e dimetro das hastes florais ......................................92 4.2.1.3 Comprimento e dimetro dos botes florais ......................................95 4.2.2 Matria seca das hastes florais............................................................97 4.2.3 Produtividade .......................................................................................99 4.2.4 Eficincia do uso da gua ..................................................................105 4.2.5 Custos de produo e avaliao econmica .....................................107 4.3 Experimento II ...................................................................................114 4.3.1 Lminas de irrigao e quantidade de nitrognio...........................114 4.3.2 Parmetros qualitativos das hastes florais.......................................115 4.3.2.1 Nmero de folhas das hastes florais .................................................117 4.3.2.2 Comprimento e dimetro das hastes florais ....................................119 4.3.2.3 Comprimento e dimetro dos botes florais ....................................121 4.3.3 Matria seca das hastes florais..........................................................125 4.3.4 Produtividade .....................................................................................128 4.3.5 Avaliao econmica dos fatores gua e nitrognio........................138 4.3.6 Eficincia do uso da gua ..................................................................146 4.3.7 Eficincia do uso do nitrognio .........................................................148 4.4 Experimento III..................................................................................153 4.4.1 Evapotranspirao potencial da cultura e de referncia ................153 4.4.2 Coeficiente de cultura ........................................................................163 4.4.3 Evaporao e coeficiente do tanque reduzido .................................167 5 CONCLUSES ..................................................................................169 REFERNCIAS .................................................................................171
18
1 INTRODUO
A floricultura considerada uma atividade interessante por representar
uma significativa fonte de renda, uma vez que seu faturamento bastante
superior em comparao com as culturas tradicionais. A atividade econmica da
floricultura de corte tem nas rosas a sua principal explorao no Brasil, com
maior destaque em volume de produo para os Estados de So Paulo, Minas
Gerais, Cear, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
O cultivo da rosa de corte uma atividade refinada, que exige
capacitao do produtor e dos profissionais que atuam diretamente no setor, uma
vez que as flores so utilizadas em diversas ocasies para decorao de
ambientes e at mesmo como adornos em pratos culinrios. Deste modo, a
perfeita aparncia das rosas de fundamental importncia para o mercado
consumidor, pois as mesmas no podem apresentar problemas fitossanitrios,
deformaes, danos mecnicos e outros defeitos causados por um manejo
inadequado proveniente da aplicao de insumos na cultura, como o caso da
quantidade de gua e fertilizantes.
Assim disposto, sabido que a gua um recurso natural no to
abundante como outrora. Tem se tornado um bem cada vez mais escasso, tanto
devido a problemas de contaminao ou degradao ambiental, quanto pelo
desperdcio em residncias, indstrias, e, principalmente na agricultura irrigada,
sendo este o setor no qual existe o maior consumo de gua doce no planeta.
Os desperdcios de gua empregada na agricultura irrigada ocorrem
principalmente pela falta de conhecimento dos produtores rurais em relao
demanda de gua pelas culturas e o momento de se procederem as irrigaes,
como o caso de muitos produtores de rosas que realizam irrigaes vrias
vezes ao dia sem qualquer critrio tcnico e/ou cientfico. Desta maneira, a falta
de informaes por parte dos roseicultores sobre a aplicao de gua e sua
19
quantidade ao longo do ciclo fenolgico da cultura, bem como a aplicao
deficitria ou excessiva de nutrientes s plantas, pode propiciar condies
desfavorveis ao desenvolvimento da roseira. Tais condies podem acarretar
em queda na produtividade, alm de aumentar os custos com energia eltrica
para bombeamento e fertilizantes.
Partindo destes princpios, um manejo adequado da irrigao de forma a
maximizar a eficincia de aplicao com economia de gua, fertilizantes e
energia est relacionado utilizao de boas prticas agrcolas para o cultivo da
rosa de corte, e em conformidade s normas do Sistema Agropecurio de
Produo Integrada (SAPI) no Brasil.
A produo integrada uma alternativa de cultivo sustentvel que possui
as caractersticas de ser economicamente vivel, ecologicamente correta e
socialmente justa. Em decorrncia das exigncias nutricionais e hdricas das
plantas e da alta incidncia de pragas e doenas que prejudicam o cultivo de
rosas, as pesquisas relacionadas produo integrada permitem gerar
tecnologias para reduzir a utilizao de insumos e minimizar os impactos
proporcionados ao ecossistema.
A quantidade de gua e nutrientes a serem fornecidos para as plantas via
irrigao, em ambiente protegido, tem sido objeto de pesquisa de vrios
trabalhos, dada a sua importncia econmica e ambiental.
Devido escassez de pesquisas relacionadas cultura da rosa de corte
com irrigao e adubao, este trabalho teve o objetivo geral de estabelecer
critrios para o manejo da irrigao e da adubao nitrogenada de forma
econmica e ambientalmente adequada para a cultura da roseira cultivada em
casa de vegetao.
Este trabalho props os seguintes objetivos especficos:
20
a) avaliar o efeito de diferentes tenses de gua no solo como
monitoramento das irrigaes sobre o rendimento e qualidade das
hastes de rosas produzidas;
b) indicar a tenso tima associada umidade do solo ideal para se
realizar as irrigaes, aliando os resultados a um estudo de
viabilidade econmica (custos de produo) de acordo com a
quantidade de gua aplicada durante o perodo de um ano;
c) indicar as quantidades timas de aplicao de gua e nitrognio para
a cultura que proporcionem o melhor retorno econmico para o
produtor, de acordo com a qualidade das hastes de rosas produzidas;
d) determinar a evapotranspirao e o coeficiente de cultura no perodo
de um ano de cultivo da roseira e compar-la nas diferentes pocas
do ano.
21
2 REFERENCIAL TERICO
2.1 Atividade da floricultura
O uso de flores e plantas ornamentais data desde a Antiguidade, quando
as flores eram cultivadas em jardins e destinadas ornamentao de casas,
palcios e templos. Com o passar do tempo, a demanda por esses produtos
tornou-se to intensa que incentivou o cultivo para fins comerciais (Almeida,
2005).
Nota-se que a floricultura uma atividade agrcola em expanso e se
destaca como alternativa de gerao de emprego e renda no agronegcio
mundial e nacional. Atualmente, a floricultura uma atividade dinmica
rentvel, exigente em tecnologia e em conhecimento tecnificado, principalmente
quando os produtos so destinados exportao. um agronegcio abrangente,
pois gera um elevado nmero de empregos diretos e indiretos (CANADO
JNIOR; PAIVA; ESTANISLAU, 2005).
A produo de flores e plantas ornamentais movimenta mundialmente,
em nvel de mercado produtor, cerca de US$ 16 bilhes, valor que atinge cerca
de US$ 48 bilhes junto ao consumidor final (Napoleo, 2009).
No Brasil, a floricultura tem se destacado como um importante
segmento da agricultura, com grande crescimento nas exportaes. Esse
incremento se deve ao enorme potencial nacional para a produo de diversas
espcies de flores, em funo da amplitude de climas e solos (CLARO;
SANTOS; CLARO, 2001). Nesse contexto, o fortalecimento da floricultura
brasileira essencial para gerao de empregos, tanto no meio rural quanto nas
cidades, e para a sobrevivncia de inmeras propriedades e empresas agrcolas.
Constitui-se numa alternativa eficiente para o desenvolvimento econmico e
22
social, evitando, ainda, o xodo rural, o crescimento do desemprego e da
violncia urbana.
Enquanto o mercado produtor brasileiro movimenta, anualmente, R$
660 milhes com gerao de renda, o mercado atacadista gira R$ 990 milhes,
chegando a R$ 2,4 milhes no varejo. O agronegcio da floricultura brasileira
responsvel pela gerao de cerca de 170 mil empregos, dos quais 84 mil
(49,4%) esto localizados na produo, 6 mil (3,5%), relacionados com a
distribuio, 68 mil (40%) no comrcio varejista, e 12 mil (7,1%) em outras
funes, principalmente de apoio (NAPOLEO, 2009).
Segundo Martins et al. (2009), as ltimas estatsticas produzidas para o
setor de floricultura mostraram que a atividade j contabilizava, em 2008,
nmeros extremamente significativos no Brasil. So mais de 7,5 mil produtores,
cultivando numa rea de 7 mil hectares, com uma mdia de 11 empregos diretos
por hectare, representando, portanto, uma das atividades agrcolas de maior
fixao do homem no campo. Dentre os diversos segmentos da floricultura, as
flores de corte tm destaque especial devida sua grande utilizao em muitas
formas de ornamentaes.
Segundo Junqueira e Peetz, (2011), os principais estados brasileiros
exportadores de rosas frescas e seus botes cortados nos primeiros meses de
2011 foram So Paulo (40,18%), Minas Gerais (32,53%) e Cear (27,29%).
Rego et al. (2009) salientam que o agronegcio da floricultura no Estado do
Cear sofreu uma verdadeira revoluo, surgindo no cenrio nacional como um
dos principais plos de expanso da floricultura, com nfase nos cultivos de
rosas e crisntemos.
Do mesmo modo, Minas Gerais tambm se destaca como um dos
maiores Estados produtores de flores e plantas ornamentais. Dados mais recentes
sobre a floricultura demonstram que em Minas Gerais h 427 produtores e uma
rea plantada de 1.152,6 hectares (LANDGRAF; PAIVA, 2008).
23
Na floricultura de corte mineira, rosas, crisntemos, cravos, ster,
gladolos e produtos da floricultura silvestre so os mais cultivados. As demais
plantas ornamentais so azalias, primaveras e dracenas (mudas para jardins),
folhagens, violeta-africana, samambaia e espcies arbreas. No total, so
exploradas, comercialmente, 120 diferentes espcies de plantas ornamentais
(LANDGRAF; PAIVA, 2005).
Como maiores produtores de rosas de corte, destacam-se as
macrorregies mineiras de Barbacena, Munhoz e Antnio Carlos. As regies de
Senador Amaral e Andradas esto recebendo muitos produtores paulistas de
flores, principalmente de Holambra, que esto ampliando suas reas de cultivo.
Estas regies foram escolhidas devido ao clima e altitude, favorveis ao
cultivo de muitas espcies ornamentais (LANDGRAF, 2006).
Segundo Junqueira e Peetz (2008), a regio de Barbacena, conhecida
como a Cidade das Rosas, participou com 6,23% das exportaes de rosas em
todo o pas no ano de 2007, em sua totalidade para o mercado portugus. Essa
pequena participao ocorreu devido ao declnio dessa atividade no passado e
que, nos ltimos anos, vem recuperando seu prestgio com o incremento da
produtividade e com expectativa de crescimento acelerado para os prximos
anos.
2.2 A cultura da roseira
A roseira pertence ao gnero Rosa, famlia Roscea, sendo cultivada
desde os tempos remotos (CASARINI, 2000; BARBOSA, 2003). Atualmente,
uma das florferas tradicionais mais comercializadas no mundo, destacando-se
no segmento de flores de corte frescas (MARTINS et al., 2009).
No mundo, estima-se que haja em torno de 30 mil variedades de rosas
produzidas por meio de cruzamentos artificiais com obteno de cultivares de
24
alto valor, sendo a Holanda, Alemanha, Estados Unidos e Colmbia os pases
que mais investem em pesquisas para obteno de novas variedades
(CASARINI, 2004). Atualmente, as variedades de rosas so distinguidas
principalmente pela colorao das ptalas, forma do boto, tamanho das hastes,
produtividade e resistncia s doenas.
A roseira uma planta arbustiva, perene, com hbito de crescimento
ereto, caule lenhoso e normalmente espinhoso. As folhas so pinadas, caducas e
compostas de cinco a sete fololos ovalados. Emite ramos basais na primavera e
em condies de casa de vegetao, onde a temperatura mais alta. Os ramos
basais so mais grossos, permitindo a produo de hastes florais para
comercializao. As flores se desenvolvem no pice das hastes contendo
normalmente cinco spalas com lbulos laterais e fruto do tipo carnoso
(BAON ARIAS et al., 1993).
A faixa tima de temperatura para o crescimento da roseira est entre
17C e 26C. Temperaturas acima de 25C aceleram o florescimento, deixando
as flores pequenas e de colorao plida, enquanto que temperaturas baixas
podem atrasar o crescimento e florao (SALINGER, 1991). Do mesmo modo,
Barbosa (2003) afirma que, preferencialmente, a temperatura diurna deve ficar
entre 23 e 25C e a noturna, entre 15 e 18C, salientando que a transio da
temperatura diurna para a noturna acontea de forma lenta para que no ocorram
distrbios fisiolgicos nas plantas.
Alguns estudos relacionando temperatura e radiao solar comprovaram
que temperaturas abaixo de 15C e baixa intensidade de radiao solar
promoveram diminuio de assimilados nas plantas, acarretando em brotos
cegos nas roseiras. Com isto, a planta reduz sua capacidade de fornecer hastes
florais de valor comercial devido diminuio da produtividade da cultura
(MOE, 1971; MASTALERZ, 1987).
25
De acordo com Baon Arias et al. (1993), a umidade relativa do ar ideal
para a cultura da roseira est entre 70 e 75%, sendo que para o perodo de
brotao das gemas e crescimento dos brotos aconselhvel uma faixa entre 80
e 90%. A permanncia de alta umidade relativa do ar no interior do ambiente
protegido pode provocar doenas como o mofo cinzento (Botrytis cinerea) e, a
baixa umidade relativa do ar (
26
de cultivo que contempla as exigncias para a sustentabilidade agrcola. Deste
modo, para que haja sustentabilidade das atividades agrrias, refletindo na
correta gesto ambiental, preciso seguir as normas que dispem e assegurem
uma cuidadosa utilizao dos recursos naturais, minimizando o uso de
agrotxicos e outros insumos na explorao em questo. Para que isto ocorra,
atendendo aos objetivos da Produo Integrada, preciso a observncia e
conduo eficiente de alguns aspectos da explorao agrria referentes ao
manejo e conservao do solo e da gua, nutrio de plantas, manejo integrado
de pragas, doenas e plantas daninhas, formao e conduo das plantas,
colheita, conservao e qualidade do produto agrcola, culminando na
certificao e rastreabilidade dos produtos (FRGUAS; FADINI; SANHUEZA,
2001).
De acordo com Andrigueto et al. (2009), a implantao da Produo
Integrada deve ser vista de forma holstica, estruturada sob quatro pilares de
sustentao: organizao da base produtiva, sustentabilidade do sistema,
monitoramento dos processos, informao e banco de dados e componentes que
interligam e consolidam os demais processos.
No Brasil, em 1998 o sistema foi implantado e em 2001 foi
desenvolvido o Marco Legal da Produo Integrada de Frutas, coordenado pelo
Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento - MAPA, por meio de
parcerias pblicas e privadas. Atualmente, cada cadeia produtiva possui
instruo normativa prpria, editada pelo MAPA, definindo as regras tcnicas
para a concesso das certificaes de Produo Integrada agropecuria. Essas
normas seguem as diretrizes do Sistema Agropecurio de Produo Integrada -
SAPI. Esse sistema pressupe o emprego de tecnologias que permitam o
controle efetivo do sistema produtivo agropecurio, por meio do monitoramento
de todas as etapas, desde a aquisio dos insumos at a oferta ao consumidor
final (ANDRIGUETO et al., 2009).
27
A Produo Integrada de Flores e Plantas Ornamentais foi iniciada no
pas em 2008 por meio da implantao de dois projetos coordenados pelo
Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento e a Embrapa. O primeiro
projeto visava Produo Integrada de Rosas no estado de So Paulo, mais
especificamente na regio de Holambra, com possibilidade de expanso para
outras culturas ornamentais. O segundo projeto foi desenvolvido no Cear, com
flores tropicais, com o objetivo de abastecer o comrcio nacional e para
exportao (MARTINS et al., 2009).
De acordo com Martins et al. (2009), a adoo do Sistema de Produo
Integrada de Flores e Plantas Ornamentais e de selos de qualidade representar
um adicional de qualidade e profissionalismo floricultura, viabilizando uma
maior insero e participao brasileira desse setor no mercado mundial.
Nesta conformidade, as decises de investimento em projetos, segundo
Assaf Neto (2006), envolvem a elaborao, avaliao e seleo de propostas de
aplicaes de capital efetuadas com o objetivo, normalmente de mdio e longo
prazo, de produzir determinado retorno aos investidores, neste caso especfico,
os produtores de rosas. Alm disso, tal autor define um processo de avaliao e
seleo de alternativas de investimentos em projetos com os seguintes pontos
bsicos: dimensionamento dos fluxos de caixa de cada proposta gerada;
avaliao dos fluxos de caixa com base na aplicao do mtodo de anlise de
investimentos; definio da taxa de retorno exigida e o seu uso para o critrio de
aceitao de investimentos.
2.4 Cultivo em ambiente protegido
O uso de ambiente protegido possibilita o crescimento e
desenvolvimento das culturas nas pocas em que os elementos meteorolgicos
no ambiente externo so limitantes (Heldwein et al., 2010), Com este sistema de
28
cultivo ocorre maior proteo quanto aos fatores climticos, proteo do solo
contra a lixiviao, reduo dos custos com fertilizantes e defensivos, produo
maior em comparao ao cultivo em ambiente aberto (REIS, SOUZA e
AZEVEDO, 2009), produo em pocas de melhores preos e melhor qualidade
dos produtos.
De maneira geral, o que se espera em um cultivo em determinado
ambiente o alto rendimento e qualidade dos produtos, desde que sejam dadas
as condies para a cultura utilizar, da forma mais eficiente possvel, os fatores
determinantes da produo, quer sejam genticos, biticos ou abiticos
(SGANZERLA, 1997).
A rosa de corte uma cultura cujos sistemas de produo variam de
acordo com a regio, o poder aquisitivo do produtor, com a classificao quanto
ao grupo que pertence, com o hbito de crescimento e com a cultivar. Todavia
essa diversidade de sistemas de produo ainda se subdivide em cu aberto e
sistema em ambiente protegido (ALVARENGA, 2004). A produo de rosas em
ambiente protegido utilizada em maior escala, pois possibilita maiores
vantagens aos produtores.
O uso de tcnicas apropriadas como o cultivo em ambiente protegido e a
irrigao faz-se necessrio para uma agricultura moderna, de maneira a se
produzir de forma sustentvel e com o menor grau de risco possvel (ARAJO
et al., 2009). A tcnica de cultivo em ambiente protegido auxilia na reduo das
necessidades hdricas (irrigao) por meio do uso mais eficiente da gua pelas
plantas e pela reduo de fatores inerentes evapotranspirao. Desse modo, o
conhecimento do consumo de gua das plantas cultivadas em ambiente
protegido fundamental para o planejamento e o manejo da gua neste
ambiente.
Condies de radiao solar, temperatura e umidade relativa do ar
podem ser modificadas pelo uso de ambiente protegido (SGANZERLA, 1997).
29
Tm-se observado redues em torno de 60% na evapotranspiraco das culturas
em casa de vegetao coberta com plstico, em comparao com cultivos a cu
aberto (MARTINS; GONZALEZ, 1995). Segundo Farias et al. (1993), a
cobertura de plstico reduz a demanda evaporativa atmosfrica, especialmente
em razo da atenuao da radiao e da diminuio da velocidade do vento,
considerados como fatores mais importantes na demanda evaporativa
atmosfrica.
A escassez de tcnicos para atuar na rea e a deficincia de resultados de
pesquisa sobre o comportamento de flores e hortalias sob cultivo protegido so
os motivos que mais limitam os avanos da plasticultura na agricultura nacional.
Assim, h uma crescente demanda de conhecimento a respeito de manejos
eficientes, como embasamento para que a plasticultura obtenha produtividade
satisfatria, em especial, para a cultura de rosas.
2.5 Irrigao
A instabilidade na oferta dos produtos agrcolas, resultante da variao
do regime pluvial, contribui para o aumento da demanda por tecnologias que
permitam maior estabilidade da produo, tal como a irrigao.
Associada s demais prticas agrcolas, a irrigao torna-se um fator de
garantia, tanto de estabilidade de oferta dos produtos agrcolas quanto do
aumento de produtividade das culturas. Entretanto, essa prtica s trar
benefcios se feita de forma correta, minimizando os gastos com gua, energia,
equipamentos e outros elementos que constituem fatores de formao dos custos
de produo (PAIVA, 2006).
O uso da irrigao, a quantidade de gua a aplicar e quando aplicar
inserem-se em uma deciso a ser tomada com base no conhecimento das
relaes gua-solo-planta-atmosfera. necessrio conhecer o comportamento de
30
cada cultura em funo das diferentes quantidades de gua a ela fornecida, a
determinao das fases de seu desenvolvimento de maior consumo de gua e os
perodos crticos, quando a falta ou o excesso provocaria quedas de produo
(BERNARDO; SOARES; MANTOVANI, 2006).
O manejo de irrigao pode ser realizado com base em parmetros
fsico-hdricos do solo, como, por exemplo, o monitoramento da tenso de gua
do solo por meio de sensores de umidade com base no clima, tal como a
evapotranspirao de referncia (ETo) obtida pelo mtodo de Penman-Monteith
FAO ou pelo tanque Classe A, entre outros. Para Blainski et al. (2009), o
monitoramento com base no potencial (tenso) de gua no solo o mais
difundido e de maior simplicidade operacional.
Apesar de existirem vrios instrumentos de fcil manejo e baixo custo
para monitorar a aplicao de gua nas culturas, no Brasil, o manejo da irrigao
em flores , muitas vezes, realizado empiricamente, sem o controle da umidade
no solo e sem a determinao da evapotranspirao da cultura, resultando em
insucesso. Para evitar o risco da ocorrncia de dficit hdrico, muitos
floricultores irrigam vrias vezes ao dia. Todavia, irrigaes em excesso
aumentam os custos de produo, devido ao maior uso de energia para
bombeamento e, tambm, ao desperdcio de nutrientes que so lixiviados, alm
de poluir o meio ambiente e reduzir a produo (MAROUELLI; CALBO;
CARRIJO, 2005).
Tem sido observado em resultados de pesquisas que, em geral, a
produtividade das culturas aumenta quando as irrigaes so realizadas a valores
de tenso de gua no solo prximo da capacidade de campo, ou seja, irrigaes
mais freqentes (ANDRADE JNIOR; KLAR, 2003; FIGUERDO et al.,
2008; SANTOS; PEREIRA, 2004).
Normalmente o excesso ou dficit hdrico, duas condies que
caracterizam a baixa eficincia do uso da gua em sistemas de agricultura
31
irrigada, so limitantes obteno de boas produtividades e sua qualidade
(PIRES et al., 2007).
O estresse por dficit hdrico pode ser muito prejudicial para o
desenvolvimento das roseiras, interferindo na reduo da produo em at 70%
e, alm disso, afetando a qualidade das hastes florais com a reduo de seu
comprimento e da massa fresca (CHIMONIDOU-PAVLIDOU, 1996; 1999). Por
outro lado, a gua em excesso tambm pode ser prejudicial para as rosas, pois
reduz a aerao do substrato e causa o desenvolvimento anormal das plantas
(KATSOULAS et al., 2006).
Apesar da atividade de produo de rosas deter um legado de
informaes adquirido ao longo dos anos, somente disponibilizou-se at o
momento as tcnicas bsicas de plantio, tais como adubao, combate a pragas,
doenas e etc. (BARBOSA, 2003), necessitando-se de maiores estudos
referentes s respostas da cultura em relao s suas necessidades hdricas,
relacionando este fator ao sistema de produo integrada (SPI) no estado de
Minas Gerais.
Segundo Casarini (2000), alm da alta produtividade, necessria a
produo de rosas de qualidade com hastes de maior tamanho. Por conseguinte,
o produtor deve aprimorar os seus fatores de produo visando atender a essa
demanda. Dentre esses, o manejo da irrigao poder possibilitar-lhe maiores
lucros.
Neste tocante, pode-se inferir que o adequado manejo da irrigao est
relacionado s boas prticas agrcolas, o que pode ser inserido prtica da
produo integrada, visando produzir flores com menores custos, boa
rentabilidade e princpios scio-ambientais com o uso adequado dos fatores solo
e gua.
Em virtude da preocupao, em nvel mundial, com a questo do
gerenciamento, conservao e economia dos recursos hdricos, tem sido
32
recomendado, para a grande maioria das culturas, o uso do mtodo de irrigao
localizada, tanto para novas reas quanto para a substituio dos mtodos de
irrigao por superfcie e por asperso, por ser mais eficiente na aplicao de
gua e de fertilizantes (fertirrigao), nas mais diversas condies ambientais
(NOGUEIRA; NOGUEIRA; MIRANDA, 1998). Apesar de cada sistema
apresentar vantagens e desvantagens, o mais indicado para o ambiente protegido
o sistema de gotejamento (SILVA, 2011).
A irrigao localizada compreende, segundo Bernardo, Soares e
Mantovani (2006), os sistemas de irrigao nos quais a gua aplicada ao solo,
diretamente sobre a regio radicular, em pequenas intensidades, porm, com alta
frequncia, de modo que mantenha a umidade do solo na zona radicular prxima
capacidade de campo.
Ganhos significativos podem ser alcanados, pois, somente o sistema
por gotejamento, associado prtica da fertirrigao, capaz de manter a
umidade e a fertilidade do solo, relativamente, constante e prxima ao timo
requerido pela cultura, sem provocar problemas de aerao (SILVA, 2011).
2.5.1 Evapotranspirao
A evapotranspirao definida, de forma geral, como a quantidade de
gua transferida, do estado lquido, de uma superfcie vegetada ou cultura, para a
atmosfera, na forma de vapor, pelos processos de evaporao do solo e
transpirao das plantas (ALLEN et al., 2006; BERNARDO; SOARES;
MANTOVANI, 2006; PEREIRA; VILLA NOVA; SEDIYAMA, 1997).
Segundo Allen et al. (2006), os processos de evaporao e transpirao em um
solo cultivado ocorrem simultaneamente, tendo predominncia de um sobre o
outro em fases distintas do desenvolvimento vegetativo e no existe, de modo
prtico ou sob condies naturais, nenhum mtodo para separar esses dois
33
processos. A evapotranspirao pode ser determinada por inmeros mtodos,
ditos como mtodos diretos e indiretos.
Os mtodos diretos so, normalmente, empregados para medir a
evapotranspirao por meio de lismetros de pesagem ou drenagem, balano
hdrico e controle de umidade no solo (MENDONA et al., 2003; PEREIRA;
VILLA NOVA; SEDIYAMA, 1997). Tucci e Beltrame (2001) e Bernardo,
Soares e Mantovani (2006) afirmam que a utilizao de lismetros o
procedimento mais correto e mais preciso para a determinao direta da
evapotranspirao. Assim, os lismetros de drenagem podem ser bem utilizados
para determinao da evapotranspirao potencial (ETp) e real (ETr) da cultura
devido sua maior simplicidade, sendo constitudos de um reservatrio de solo
enterrado na rea de cultivo com volume mnimo de 1 m3, providos de um
sistema de drenagem com medidas realizadas em volume (BERNARDO;
SOARES; MANTOVANI, 2006). Para determinao da evapotranspirao real
(ETr), mantm-se as condies naturais de umidade do solo. J para a
determinao da evapotranspirao potencial (ETp), deve-se promover a
irrigao da cultura implantada em lismetro mantendo-se o solo em sua
capacidade de campo.
Os mtodos indiretos, utilizados para estimativas da evapotranspirao,
se baseiam na aplicao de modelos matemticos que utilizam dados
climatolgicos. De acordo com os princpios envolvidos no seu
desenvolvimento, estes mtodos podem ser agrupados em: emprico,
aerodinmico, balano de energia e combinados. A equao de Penman-
Monteith um modelo matemtico recomendado pela Food and Agriculture
Organization of the United Nations - FAO como mtodo padro (ALLEN et al.,
2006) para a estimativa da evapotranspirao de referncia (ETo), pois, ela
incorpora os aspectos aerodinmicos e termodinmicos, a resistncia ao fluxo de
calor sensvel e vapor dgua e a resistncia transferncia de vapor dgua.
34
Entre os vrios mtodos de estimativa da evapotranspirao de uma
cultura est a utilizao do coeficiente da cultura (Kc), que relaciona-se a
evapotranspirao de referncia (ETo) com a evapotranspirao potencial da
cultura (ETp) medida de forma direta, sendo ambas mensuradas no mesmo
perodo em que as plantas esto sendo cultivadas. Essas variveis dependem dos
elementos meteorolgicos do local, da cultura utilizada e do solo (PEREIRA;
VILLA NOVA; SEDIYAMA, 1997; VIANA et al., 2001; CARDOSO et al.,
2005).
Ainda, os fatores que influenciam o Kc so, principalmente, as
caractersticas da cultura, data de plantio, desenvolvimento das plantas e durao
do perodo vegetativo e condies meteorolgicas, especialmente durante a
primeira fase de crescimento, onde a cultura no cobre totalmente a superfcie
do solo, podendo haver maior evaporao (DOORENBOS; PRUITT, 1976).
A utilizao de estao meteorolgica para aquisio de dados referentes
ao clima no interior da rea de cultivo pode ser de grande viabilidade para as
pesquisas referentes determinao dos parmetros a serem utilizados de
maneira a se avaliar a quantidade de gua de irrigao e evapotranspirao pelo
mtodo de Penman-Monteith (TURCO; BARBOSA, 2008).
Deste modo, o estudo das variveis meteorolgicas em ambientes
protegidos de fundamental importncia para o desenvolvimento dessa
atividade, pois o cultivo em casas de vegetao com coberturas plsticas
proporciona condies diferentes das encontradas a cu aberto (FARIAS et al.,
1993; FERNANDES, 1996; VIANA et al., 2001; FARIAS; SAAD, 2003). A
evapotranspirao em ambiente protegido menor do que aquela que ocorre no
exterior, devido parcial opacidade da cobertura radiao solar e reduo da
ao dos ventos, principais fatores da demanda evaporativa da atmosfera.
Geralmente, a evapotranspirao em ambiente protegido de 60 a 80% da
verificada exteriormente (CAMACHO et al., 1995; VIANA et al., 2001).
35
A evapotranspirao da roseira depende da planta, do solo e de fatores
atmosfricos. Canteiros com plantas novas tendem a evaporar mais gua da
superfcie do solo do que canteiros com plantas adultas, pois estas fazem mais
sombra, diminuindo a taxa de evaporao. A taxa de transpirao desta cultura
depende da planta e de fatores atmosfricos como a radiao solar no interior da
casa de vegetao, a umidade relativa do ar, movimento e temperatura do ar no
interior do ambiente protegido (CASARINI, 2004). Adicionalmente, segundo
White e Holcomb (1987), roseiras que esto em plena fase de florescimento
tendem a consumir maior quantidade de gua do que aquelas que esto na fase
vegetativa.
2.5.2 Fertirrigao
A aplicao simultnea de gua e fertilizantes ao solo ou substrato, por
meio dos vrios sistemas de irrigao denominada fertirrigao. No Brasil,
muito utilizada no cultivo de frutas, flores e hortalias, principalmente em
ambiente protegido (CARRIJO et al., 1999).
A fertirrigao uma tcnica que viabiliza o uso racional de fertilizantes
na agricultura irrigada, uma vez que aumenta a eficincia do seu uso, reduz a
mo-de-obra e o custo com mquinas, alm de flexibilizar a poca de aplicao,
podendo ser fracionada conforme a necessidade da cultura (COELHO et al.,
2010).
Vivancos (1993) e Papadopoulos (1999) citam que a fertirrigao est
diretamente associada aos sistemas melhorados de irrigao e ao manejo da
gua. O sistema de irrigao localizada o mais adequado para este fim,
considerando as vrias vantagens, como por exemplo, eficaz assimilao dos
nutrientes pelas plantas devido aplicao diretamente na zona de maior
concentrao de razes; maior rendimento devido maior umidade na zona
36
radicular, evitando estresse hdrico para a planta; excelente distribuio dos
elementos nutritivos; podem ser operados e automatizados atravs de vlvulas
eltricas e controladores; proporcionam baixo custo de aplicao de fertilizantes;
e a possibilidade de fornecer nutrientes de acordo com a marcha de absoro da
planta.
Eymar, Lpez Vela e Cadaha Lpez (1998) afirmam que a maior taxa
de absoro de nutrientes pelas razes de roseiras ocorre durante o
desenvolvimento das hastes florais e folhas, visando aumentar as reservas da
planta. Alm disso, segundo os mesmos autores, quando se colhe hastes florais,
diminui a quantidade de hastes, folhas e flores, diminuindo tambm a absoro
at o desenvolvimento das hastes e folhas seguintes. Com isto, o ritmo de
absoro descontnuo, dependendo das podas realizadas e do corte de flores.
Segundo Cadaha et al. (1998), a maior absoro de nitrognio em vrias
cultivares de rosas ocorre aps a poda, durante o desenvolvimento das hastes da
primeira florao. Segundo os autores, isto ocorre para suprir a planta durante
seu desenvolvimento e aumentar suas reservas para a prxima brotao e
desenvolvimento das hastes. Aps esta fase, a absoro de nitrognio diminui e
se mantm constante durante as floraes posteriores.
Sabe-se que o nitrognio o nutriente mais exigido pelas roseiras
(Barbosa, 2003). Com seu suprimento adequado, h estmulo ao crescimento da
planta, favorecendo a emisso de novas folhas e brotos, maior rea foliar e,
consequentemente, maior fotossntese. Maiores concentraes de nitrognio
favorecem o crescimento vegetativo e, nas plantas ornamentais para corte de
flor, como a rosa, sugerem-se concentraes mais elevadas de nitrognio durante
o perodo vegetativo (BARBOSA et al., 2009). A deficincia de nitrognio em
roseiras pode afetar seu desenvolvimento e produo de hastes florais de
qualidade. Segundo Haag, Minami e Lima (1989), os sintomas de deficincia
caracterizam-se pelo amarelecimento uniforme das folhas velhas em toda a rea
37
que, rapidamente, atinge as folhas jovens. Alm disso, as folhas afetadas secam
lentamente e permanecem nas plantas, no ocorrendo florao.
Um adequado manejo da fertirrigao requer, ainda, conhecimento de
certas caractersticas das plantas como taxas de consumo de nutrientes e
distribuio de razes no solo. Caractersticas dos nutrientes como solubilidade e
mobilidade, aspectos qualitativos da gua de irrigao como pH, contedo de
minerais, salinidade, e solubilidade de nutrientes devem ser considerados (BILL,
2009). Alm disso, o adequado manejo da fertirrigao deve proporcionar
condio para a obteno de produo economicamente vivel, visando a
maximizao do lucro e preservao ambiental.
No manejo da fertirrigao em cultivo de flores, boa parte dos
produtores segue padres de adubao previamente estabelecidos, o que muitas
vezes leva a produzir plantas sem padro de qualidade, que se altera segundo as
condies ambientais. Outros produtores mais tecnificados utilizam a medida da
condutividade eltrica (CE) da soluo a ser utilizada na fertirrigao. Segundo
Resh (1992), a CE da soluo nutritiva deve estar entre 2,0 e 4,0 dS m-1 para a
utilizao em plantas ornamentais e, esta deve ser utilizada como referncia para
aumentar ou diminuir a concentrao de sais na soluo aplicada.
Barbosa et al. (2009) afirmam que a roseira tolerante a nveis de
salinidade medidos por meio da CE de at 3,0 dS m-1. Contrariamente, Howard e
Hanan (1978) observaram que as roseiras apresentaram reduo de
produtividade e qualidade quando a gua de irrigao apresentava valores de CE
igual ou superior a 1,8 dS m-1, acarretando em problemas de toxicidez, sintomas
de clorose e mal formao dos novos ramos basais.
38
2.6 Custos de produo
O custo total de produo constitui-se na soma de todos os pagamentos
efetuados pelo uso dos recursos e servios, incluindo o custo alternativo do
emprego dos fatores produtivos.
Na teoria do custo, para efeito de planejamento, deve-se determinar o
perodo de tempo para anlise dos custos, que pode ser de curto ou longo prazo.
No curto prazo, os recursos utilizados so classificados em custos fixos e
variveis, sendo fixos aqueles que no se incorporam totalmente ao produto e os
custos variveis, por sua vez, se incorporam ao produto, necessitando ser
repostos a cada ciclo do processo produtivo (REIS, 2007).
Os custos fixos (CF) so aqueles correspondentes aos insumos que tm
durao superior ao curto prazo. Sua renovao se d a longo prazo, uma vez
que no se incorporam totalmente ao produto a curto prazo, fazendo-o em tantos
ciclos produtivos quanto o permitir sua vida til. Constitui-se em recursos que
dificilmente sero alterados a curto prazo e independem da variao do volume
produzido (REIS, 2007).
Por outro lado existem os custos variveis (CV), que referem aos
recursos com durao inferior ou igual ao curto prazo, no qual se incorporam
totalmente ao produto, sendo a sua recomposio feita a cada ciclo do processo
produtivo e podem provocar alteraes quantitativas e qualitativas no produto
dentro do ciclo, sendo facilmente alterveis (REIS, 2007).
A soma dos custos fixos e variveis representa o custo total (CT), que
corresponde a todos os custos durante o ciclo de produo da atividade agrcola
para produzir certa quantidade do produto (SILVA, 2002). Outra classificao,
importante para a anlise, divide-se em custo alternativo (CA) ou de
oportunidade e custo operacional (Cop) (REIS, 2007).
39
Os custos operacionais constituem os valores correspondentes s
depreciaes e aos insumos empregados, equivalentes ao prazo de anlise e os
custos alternativos correspondem remunerao que esses recursos teriam se
fossem empregados na melhor das demais alternativas econmicas possveis,
sendo a taxa de juros da caderneta de poupana a alternativa mais utilizada para
as referidas anlises (REIS; MEDEIROS; MONTEIRO, 2001).
O custo econmico obtm-se da soma entre o custo operacional e o
custo alternativo. O custo operacional dividido em custo operacional fixo
(CopF), composto pelas depreciaes, e custo operacional varivel (CopV),
constitudo pelos desembolsos. O custo operacional total (CopT) a soma do
custo operacional fixo e operacional varivel. A finalidade dos custos
operacionais na anlise a opo de deciso em casos em que os retornos
financeiros sejam inferiores ao de outra alternativa, representada pelos custos de
oportunidade (REIS, 2007).
Neste sentido, ainda pode-se fazer importantes interpretaes com base
neste tipo de custo. Assim, quando se divide o custo e a receita desejada pela
quantidade (q) do produto agrcola produzido naquele ciclo estudado, encontra-
se o custo mdio (CMe) ou a receita mdia (RMe), sendo este importante para se
realizar as anlises em termos unitrios comparando-se com os preos do
produto (REIS, 2007). Do mesmo modo, para todos os demais custos avaliados,
quando se divide pela quantidade do produto, encontram-se seus valores mdios,
tais como o custo total mdio (CTMe), custo operacional total mdio (CopTMe),
custo fixo mdio (CFMe), custo operacional fixo mdio (CopFMe), custo
varivel mdio (CVMe) e custo operacional varivel mdio (CopVMe).
40
CopTMeCTMe
CopTMe
CTMe
CTMe
CopTMe
CopVMe
CopTMe
CopTMe CopTMe
CopTMe
CopVMe CopVMe
CopVMe
CopVMe
Custo Mdio
Preo ou Receita Mdia (RMe)
(3a) (3b) (3c) (3d) (3e) (1) (2)
0 0 0 0 0 0q q qqProduo 0 q qq
2.6.1 Rentabilidade da atividade
De acordo com Reis (2007), os custos servem para verificar se e como
os recursos empregados em um processo de produo esto sendo remunerados.
Ao se fazer anlise da atividade produtiva, pode-se encontrar diversas
condies, dependendo da posio do preo (ou receita mdia) em relao aos
custos, e cada qual sugerindo uma particular interpretao (Grfico 1).
Grfico 1 Situaes de anlises econmica e operacional da atividade produtiva Fonte: Reis (2007)
Deste modo, conforme se visualiza no Grfico 1, pode-se ocorrer as
seguintes situaes na atividade produtiva:
a) Situao 1: corresponde ao lucro supernormal ou lucro
econmico (RMe > CTMe), em que se paga todos os recursos
aplicados na atividade econmica e proporciona um lucro adicional,
superior ao de outras alternativas de mercado. A tendncia a mdio e
longo prazo de expanso e a entrada de novas empresas para a
atividade, atraindo investimentos competitivos.
41
b) Situao 2: representa lucro normal (RMe = CTMe), em que se
paga todos os recursos aplicados na atividade em questo. A
remunerao igual a de outras alternativas (custo de oportunidade)
e, por isto, se diz que o lucro normal. Seria o que o empresrio
rural receberia se aplicasse os recursos (insumos e servios) na
alternativa econmica considerada como sendo o custo de
oportunidade. A atividade permanece sem expanso, mas tambm,
sem retrao, e a tendncia a curto e longo prazo de equilbrio.
H tambm as situaes de resduo. A palavra resduo se refere a alguma
remunerao ou representa uma rentabilidade nula. Assim, podem se apresentar
situaes de resduo positivo (CTMe > RMe > CopTMe), resduo nulo (RMe =
CopTMe) e resduo negativo (RMe < CopTMe). Neste ltimo caso, ainda pode-
se analisar se a atividade est pelo menos cobrindo o CopVMe, que representa
os gastos de curto prazo ou o chamado capital de giro:
a) Situao 3a: representa o resduo positivo, em que se paga todos
os recursos aplicados na atividade (RMe > CopTMe). A
remunerao menor que a de outras alternativas (custo de
oportunidade) e, neste caso, o empresrio estaria diante de uma
situao em que a atividade rende menos do que os juros ou aluguel
do capital aplicado na atividade, ou de outra base de clculo para
custo alternativo. A tendncia de permanecer na atividade, mas, no
longo prazo, poder-se-ia buscar outras alternativas de aplicao do
capital.
b) Situao 3b: ocorre quando o resduo nulo, em que se paga todos
os recursos de produo (RMe = CopTMe). Nesta situao no h
remunerao alternativa, ou seja, a atividade deixa de ganhar o
42
equivalente ao custo alternativo. A tendncia de permanecer na
atividade, mas poderia abandon-la se os resultados no melhorarem.
c) Situao 3c: ocorre quando o resduo nulo e cobre parte do custo
fixo (CopTMe > RMe > CopVMe), pagando os recursos variveis e
parte dos fixos. A tendncia a mdio e longo prazo retrair e sair da
atividade.
d) Situao 3d: ocorre quando o resduo nulo sem cobertura dos
recursos fixos (RMe = CopVMe), pagando somente os recursos
variveis. A tendncia sair da atividade.
e) Situao 3e: ocorre quando o resduo nulo sem cobrir os recursos
variveis ou capital de giro (RMe < CopVMe), acarretando na
necessidade de subsidiar os recursos variveis. A sada da atividade
reduz os prejuzos.
2.7 Funo de produo
Com auxlio de resultados de experimentos agrcolas, possvel estimar
uma funo de produo e o seu ponto timo de produo, ou seja, sua eficincia
tcnica. Define-se uma funo de produo como sendo as relaes tcnicas
entre um conjunto especfico de fatores envolvidos num processo produtivo
qualquer e a produo fsica possvel de se obter com a tecnologia existente
(FERGUSON, 1988). Dessa maneira, conhecidos os preos dos insumos e dos
produtos, pode-se determinar a quantidade tima de cada insumo a ser utilizado
para que a lucratividade do agricultor seja otimizada, buscando-se a eficincia
econmica (PDUA, 1998).
Estas funes so obtidas mediante uma anlise de regresso, entre uma
varivel dependente e uma ou vrias variveis independentes, segundo um
determinado modelo, que pretende representar um sistema de produo. A
43
produo de uma cultura depende de muitos fatores variveis. De forma geral, a
produo pode expressar-se mediante uma funo da forma da Equao 1
(funo de produo):
Y = f (X1, X2, ... , Xj, ..., Xn) (1)
em que:
Y = produo do cultivo;
Xj = fator produtivo que afeta a produo (j = 1, 2, ... , n).
Dentre os vrios modelos que descrevem uma funo de produo, o
modelo polinomial quadrtico, na maioria das vezes, o que melhor representa a
estimativa de produes agrcolas (ALBUQUERQUE FILHO et al., 2009;
ALENCAR et al., 2009; CARVALHO et al., 2011; LIMA JNIOR et al., 2010;
OLIVEIRA et al., 2011a; OLIVEIRA et al., 2011c; SANTANA et al., 2009 e
VILAS BOAS et al., 2007).
Vrios trabalhos de pesquisa envolvendo irrigao e fertilizantes
apontando recomendaes genricas que objetivam a obteno de
produtividades fsicas mximas j foram desenvolvidos, porm, sem qualquer
preocupao com a economicidade (OLIVEIRA, 2009), j que o timo
econmico pode no corresponder mxima produtividade biolgica.
Considerando-se o grande nmero de variveis que influenciam a
produtividade das culturas agrcolas e a complexidade das relaes que afetam a
quantidade e qualidade do produto, a produtividade pode ser expressa
exclusivamente em funo da gua e dos fertilizantes utilizados no cultivo,
contando que os demais fatores da produo permaneam constantes e em nvel
timo. Alm disso, as maiores variaes no rendimento da cultura em questo
a resposta s mudanas nos nveis desses dois recursos, expressando a alta
44
sensibilidade do rendimento aos nveis desses fatores de produo. Portanto, ao
utilizar os procedimentos das funes de resposta ou de produo, permite-se
encontrar solues na otimizao do uso da gua e dos fertilizantes, obtendo-se
o mximo do produto com determinado custo de produo (SOARES et al.,
2002).
Desse modo, o controle da irrigao e da fertilidade do solo constitui
critrio preponderante para o xito da agricultura. A utilizao das funes de
produo permite encontrar solues teis na otimizao do uso da gua e dos
fertilizantes na agricultura ou na previso de rendimentos culturais (FRIZZONE,
1986).
Sob consideraes econmicas da irrigao para um determinado
sistema de produo, a lmina a ser aplicada deve ser determinada em funo da
obteno do lucro mximo obtida com uma dada irrigao, sendo esta
denominada de lmina tima econmica (OLIVEIRA et al., 2011a).
No processo de tomada de deciso sobre o manejo da irrigao,
importante considerar o custo da gua. Quando a gua se torna fator limitante
produo, a gua economizada irrigando-se com lminas menores pode ser
utilizada para irrigar uma quantidade adicional de terra, possibilitando um
aumento no lucro e que corresponde ao custo de oportunidade da gua
(FRIZZONE, 1986).
A produo agrcola tem como fatores complementares na rentabilidade
econmica a gua e o uso eficiente desse recurso constitui fator preponderante
para o xito da agricultura. Um manejo eficiente da irrigao requer informaes
relacionadas s necessidades hdricas das culturas e da funo de produo das
culturas gua (SCALCO, 2000).
Do mesmo modo, Monteiro (2004) afirma que, para que uma atividade
agrcola irrigada funcione de modo racional, dois aspectos devem ser levados em
considerao: o retorno econmico da cultura irrigada e os custos de instalao,
45
manuteno e operao do sistema, sendo a irrigao localizada aquela dada
como mais apropriada para condies de agricultura intensiva e de alto retorno
econmico.
Por meio desses fundamentos que se realiza a definio de estratgias
timas de irrigao e fertilizao, relacionando-se a produo das culturas
quantidade de gua e nutrientes aplicados, da, a importncia de se estabelecer
funes de produo.
46
3 MATERIAL E MTODOS
3.1 Localizao e caracterizao da rea experimental
Trs experimentos com a cultura da rosa (cv. Carola) foram conduzidos
em casa de vegetao localizada na Fazenda Experimental Risoleta Neves
(FERN), Unidade Regional Sul de Minas da Empresa de Pesquisa Agropecuria
de Minas Gerais (EPAMIG) em So Joo Del Rei/MG, a 889 metros de altitude
e nas coordenadas geogrficas 2106 de latitude sul e 4415 de longitude oeste
de Greenwich.
O clima da regio do grupo Cwa, de acordo com a classificao de
Kppen, sendo temperado, caracterizado por vero mido e inverno seco. A
temperatura mdia anual do ar de 19,2 C, com mdia mnima de 13,7 C e
mdia mxima de 21,6 C. A precipitao pluviomtrica anual de 1.436,7 mm,
com um perodo de maior ocorrncia das chuvas nos meses de novembro a abril
(BRASIL, 1969).
Dois mdulos geminados compem a casa de vegetao utilizada, sendo
esta, do tipo arco, com cobertura superior e lateral de filme de polietileno de
baixa densidade transparente, espessura de 100 micras aditivada contra raios
ultra-violeta e difusor de luz, sendo as laterais longitudinais dotadas de
dispositivo de levantamento durante o dia para controle da temperatura e
umidade relativa do ar. Alm disso, as laterais so fechadas com tela de 50% de
sombreamento. As dimenses de cada mdulo da casa de vegetao so de 7,0
m de largura e 21,0 m de comprimento, totalizando uma rea de 294 m2 para os
dois mdulos geminados, com altura mxima do p direito de 3,2 m.
47
3.2 Caracterizao geral dos experimentos
Em um dos mdulos da casa de vegetao foi realizado o Experimento I,
onde foram avaliadas diferentes tenses de gua no solo como critrio de
definio do momento de irrigar sobre a produtividade e qualidade de hastes
florais da cultura da rosa ao longo de um ano. Posteriormente, as respostas da
cultura aos tratamentos de irrigao no perodo analisado foram comparadas e
submetidas anlise de custo, de maneira a se obter a melhor eficincia
econmica de aplicao de gua para o perodo avaliado.
No Experimento II, realizado no outro mdulo da casa de vegetao,
foram analisados os efeitos da aplicao e reposio da gua de irrigao, bem
como diferentes nveis de adubao nitrogenada, com a finalidade de gerar uma
funo de resposta para obteno da melhor combinao de lminas de irrigao
e doses de nitrognio que resultem na produtividade tima econmica e com
hastes de qualidade.
Separadamente, em uma rea dentro do mdulo da casa de vegetao
referente ao Experimento I, obteve-se, atravs de dados meteorolgicos, a
evapotranspirao de referncia (ETo), a evapotranspirao potencial (ETp) da
cultura por meio de parcelas experimentais instaladas em lismetros de drenagem
e, a partir destes valores, obteve-se o coeficiente de cultura (Kc) durante o
perodo do estudo, sendo este denominado Experimento III.
3.3 Instalao e conduo da cultura
A espcie cultivada nos experimentos foi a da Rosa sp., cultivar Carola.
As plantas foram obtidas por enxertia e transplantadas no dia 03/02/2011 (Figura
1 A e B) para montagem dos Experimentos I e II. O transplantio das mudas na
48
rea dos lismetros (Experimento III) foi realizado em 07/08/2011, aps a
instalao dos mesmos.
49
Figura 1 Preparo dos canteiros para o transplantio (A) e mudas transplantadas
(B)
A
B
50
A cultura foi implantada em canteiros de 0,2 m de altura, com
espaamento de 0,20 m entre plantas e 1,2 m entre linhas. O perodo de 45 dias
aps o transplantio das mudas foi considerado como critrio de formao das
plantas at o incio dos tratamentos nos Experimentos I e II, contabilizados at o
dia 20/03/2011. Neste perodo, a quantidade de nutrientes aplicada foi aquela
recomendada pela Comisso de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais -
CFSEMG (1999) para 40.000 plantas, e a quantidade de gua de irrigao
aplicada foi determinada com base na curva de reteno de gua no solo,
irrigando-se sempre que o solo atingisse uma tenso de 15 kPa, repondo-se a
gua necessria para elevar a umidade do solo at tenso equivalente
umidade na capacidade de campo. Para isso, a tenso de gua no solo foi
monitorada por meio de uma bateria de tensimetros instalados nos canteiros
aleatoriamente durante este perodo, considerando uma camada de solo de 20
cm.
Esses procedimentos foram adotados com objetivo de proporcionar a
formao do sistema radicular, aumentar a massa foliar e a formao dos ramos
basais. Aps o perodo de formao, as plantas foram submetidas aos
tratamentos indicados.
Utilizando-se um termohigrmetro, instalado em abrigo apropriado,
obtiveram-se valores de umidades relativas e temperaturas mximas, mdias e
mnimas durante a conduo dos Experimentos I e II. J os dados das condies
meteorolgicas para o Experimento III foram obtidos por meio de uma estao
meteorolgica automtica instalada no interior da casa de vegetao.
51
3.4 Caractersticas do solo
O solo da rea experimental foi originalmente classificado como
Cambissolo Hplico Ta Eutrofrrico, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuria - Embrapa (2006).
Para as anlises qumicas e fsicas, duas amostras compostas
representativas foram coletadas considerando as camadas de 0 - 20 e 20 - 40 cm
para anlise de fertilidade do solo. Do mesmo modo, outras duas amostras foram
coletadas considerando as camadas de 0 - 20 e 0 - 40 cm para anlise de textura,
reteno de gua no solo e densidade de partculas (p). As amostras foram
enviadas aos Laboratrios de Fertilidade do Solo e de Fsica do Solo do
Departamento de Cincia do Solo da Universidade Federal de Lavras - UFLA
para serem feitas as referidas anlises.
Por meio do mtodo do anel volumtrico, encontrou-se a densidade
global (g) ou aparente do solo. J a tenso de gua no solo equivalente
umidade na capacidade de campo, foi obtida por meio de teste in loco, conforme
Bernardo, Soares e Mantovani (2006). Foram utilizados quatro repeties para
cada teste, adotando-se o valor mdio de cada parmetro avaliado.
3.4.1 Anlises fsicas
Na Tabela 1 so apresentados os resultados das anlises fsicas e a
classificao textural das amostras do solo da casa de vegetao utilizada para os
experimentos.
52
Tabela 1 Granulometria e classificao textural do solo da casa de vegetao
Camada (cm) Areia (%) Silte (%) Argila (%) Classe textural 0 - 20 38 21 41 Argilosa 0 - 40 39 20 41 Argilosa
A densidade de partculas para as duas camadas em questo obteve valor
de 2,74 g cm-3; densidade global ou aparente obteve valor igual a 1,28 g cm-3
aps a construo dos canteiros para plantio. Por meio da densidade global e
densidade de partculas, obteve-se o valor de 53,28% para a porosidade do solo.
Amostras de solo homogeneizadas da casa de vegetao com estrutura
deformada (terra fina seca ao ar) foram colocadas em cilindros de PVC e, depois
de saturadas, foram levadas para uma bancada dotada de funil de Haines, para a
determinao de pontos de baixa tenso (2, 4, 6, 8 e 10 kPa), bem como para a
cmara de presso de Richards para os pontos de alta tenso (20, 33, 40, 70,
1.000 e 1.500 kPa) sendo, todas as tenses, em valores absolutos.
Utilizando o programa computacional SWRC, desenvolvido por
Dourado Neto et al. (2000), foram gerados os parmetros de ajuste da curva de
reteno (Tabela 2), ajustada segundo o modelo proposto por Genuchten (1980),
que descreve o comportamento da umidade do solo em funo da tenso
(potencial de gua no solo).
Tabela 2 Parmetros de ajuste da curva de reteno ao modelo proposto por Genutchten (1980), com tenso de gua no solo (kPa) e umidade (cm3 cm-3)
Camada (cm) r (cm3 cm-3) s (cm3 cm-3) (cm-1) m n 0 - 20 0,260 0,617 0,3597 0,4118 1,7000 0 - 40 0,245 0,581 0,3273 0,4071 1,6866
53
A curva de reteno ajustada pelo modelo de Genuchten (1980)
descrita pela Equao 2.
( )[ ]
+
+= mn
1
rsr (2)
em que:
= umidade com base em volume (cm3 cm-3);
r = umidade residual (cm3 cm-3);
s = umidade de saturao (cm3 cm-3);
= tenso de gua no solo (kPa);
(cm-1), m e n so parmetros da equao de Genuchten (1980).
A partir dessa equao e dos valores observados, foram geradas as
curvas de reteno de gua no solo para as camadas em estudo (Grfico 2).
54
0,01
0,1
1
10
100
1000
10000
0,000 0,100 0,200 0,300 0,400 0,500 0,600 0,700 0,800
Umidade (cm3 cm-3)
Tens
o d
e g
ua n
o so
lo (k
Pa)_
Camada 0 - 20 cm Camada 0 - 40 cm
Grfico 2 Curva caracterstica de reteno de gua no solo gerada por meio do modelo proposto por Genuchten (1980)
A tenso de gua no solo equivalente umidade na capacidade de
campo resultou no valor de 12 kPa. Desse modo, partindo da Equao 2 e dos
dados da Tabela 2, foram encontrados os valores de umidade na capacidade de
campo (cc) de 0,384 e 0,371 cm3 cm-3 correspondentes s camadas de 0 - 20 e 0
- 40 cm, respectivamente.
3.4.2 Anlises qumicas
Na Tabela 3 so mostrados os teores de nutrientes encontrados no solo
antes da adubao de plantio, conforme as amostras nas profundidades coletadas
na rea.
55
Tabela 3 Caracterizao qumica do solo no interior da casa de vegetao
Anlise qumica do solo * Camada pH P K Na Ca2+ Mg2+ Al3+ H + Al
cm H2O mg dm-3 cmolc dm-3 0 - 20 5,7 0,8 20 - 1,9 0,4 0,0 2,7 20 - 40 5,9 0,7 16 - 1,9 0,4 0,0 2,2
Camada SB (t) (T) V m ISNa MO P-rem cm cmolc dm-3 % dag kg-1 mg L-1
0 - 20 2,4 2,4 5,1 46,5 1,8 - 1,3 7,7 20 - 40 2,3 2,4 4,5 51,6 2,0 - 1,0 6,9
Camada mg dm-3 cm Zn Fe Mn Cu B S
0 - 20 2,7 52,7 14,5 5,5 0,0 24,4 20 - 40 0,7 51,3 10,4 4,4 0,1 28,9
* pH: em gua (1:2,5); P: fsforo disponvel (Mehlich 1); K: potssio disponvel; Na: sdio disponvel; Ca2+: clcio trocvel; Mg2+: magnsio trocvel; Al3+: acidez trocvel; H + Al: acidez potencial; SB: soma de bases; (t): CTC efetiva; (T): CTC a pH 7,0; V: saturao por bases; m: saturao por alumnio; ISNa: ndice de saturao de sdio; MO: matria orgnica; P-rem: fsforo remanescente; Zn: zinco disponvel; Fe: ferro disponvel; Mn: mangans disponvel; Cu: cobre disponvel; B: boro disponvel; S: enxofre disponvel.
3.4.3 Preparo do solo e canteiros
Foi realizada a calagem 60 dias antes do transplantio das mudas,
aplicando-se calcrio dolomtico com 95% de PRNT (14% de MgO), com base
nos resultados da anlise qumica do solo (Tabela 3), para fins de correo da
acidez e elevao da saturao por bases (V) do solo para 70%, conforme
recomendao da CFSEMG (1999).
Quanto ao preparo para o plantio, foram realizados dois revolvimentos
do solo: uma arao e uma gradagem para descompactar e destorroar,
promovendo a aerao do solo e visando o bom desenvolvimento do sistema
radicular da cultura. Para incorporar o calcrio na rea experimental, utilizou-se
a enxada rotativa. Em seguida, com a utilizao de ferramentas de campo, foram
construdos os canteiros.
56
Aps a instalao dos lismetros de drenagem, foram confeccionados
canteiros sobre os tanques lisimtricos enterrados e nas bordad