Introdução Ao Estudo NT

download Introdução Ao Estudo NT

of 49

description

Para se elaborar um estudo adequado para o Novo Testamento, faz-se necessário antes, apresentar um panorama do período final do Antigo Testamento e do período intertestamentário para que possamos entender com uma consciência aguda as diferenças nas atitudes e estruturas políticas, culturais e religiosas que existem entre o Velho e o Novo Testamentos.

Transcript of Introdução Ao Estudo NT

  • INTRODUO AO ESTUDO DO

    NOVO TESTAMENTO

    Panorama Geral

    Pr. Ricardo L. Gondim www.teologiafacil.com.br

  • Para se elaborar um estudo adequado para o Novo Testamento, faz-se necessrio antes, apresentar um panorama do perodo final do Antigo Testamento e do perodo intertestamentrio para que possamos entender com uma conscincia aguda as diferenas nas atitudes e estruturas polticas, culturais e religiosas que existem entre o Velho e o Novo Testamentos. Supe-se, logicamente, uma certa dedicao no estudo dos eventos que se desenvolveram durante os 400 anos que decorreram entre os dois livros, onde as muitas mudanas no cenrio histrico devem ser explicadas. Assim necessrio, portanto, voltar-se, na histria, at o tempo entre os dois Testamentos, a fim de se apreciar mais completamente a situao pressuposta no Novo Testamento. Pr. Ricardo L. Gondim

    Introduo

  • Historia

    Contexto histrico entre o AT e o NT

    Ambiente Social

    Contexto social e cultural

    Ambiente Religioso

    Contexto da religio judaica

    Canon

    A escritura e o texto do Novo Testamento

    Cenrio do Novo Testamento

  • Algumas coisas que so aceitas como verdadeiras, no Novo Testamento, para as quais necessria uma explicao, so as seguintes:

    1.A situao poltica (domnio romano, as divises da Palestina).

    2.A disperso judaica (judeus em cada cidade principal do Imprio Romano).

    3.Uma sociedade urbana. 4.A lngua (grego e aramaico; hebraico limitado

    aos eruditos). 5.Exclusivismo judaico. 6.nfase sobre a Tora.

  • as seguintes:

    7. O sindrio. 8. A sinagoga e a escola. 9. Seitas religioso-polticas (saduceus, fariseus,

    essnios, escribas, zelotes, herodianos, zadoqueus).

    10.Literatura extra-cannica (apcrifos e pseudo-epgrafos).

    11.Tradio oral. 12.Fim da idolatria.

  • as seguintes:

    13.Doutrina explcita da ressurreio. 14.Doutrinas de anjos, demnios, etc. 15.Publicanos e pecadores (Ame-ha-Aretz). 16.Filosofia judaico-alexandrina. 17.Interesse no apocalptico. 18.Samaritanos. 19.Monogamia estrita. 20.Sacerdcio corrupto. 21.Messianismo poltico.

  • O Antigo Testamento encerra-se com os filhos de Israel sob a dominao dos persas. No Novo Testamento, a Palestina subserviente aos romanos. A histria poltica que denota esta mudana incide em quatro partes: o perodo persa, o perodo grego, o perodo macabeu ou hasmoneu (o perodo da independncia) e o perodo romano.

  • O PERODO PERSA (538-331 a.C.)

    Capital no

    tempo de

    Ester

    Capital no

    tempo

    Dario I

    Um pouco da histria

    Ciro conquista a Babilnia e logo aps a sua morte assume seu filho Cambisses que no livro de Esdras (4.6) chamado de Assuero.

  • O reino do norte de Israel havia sido conquistado pelos assrios em 722 a.C. sob a liderana de Sargo.

    Seus habitantes foram ento deportados para a Assria (II Reis 17:6) e para outras terras conquistadas.

    Por sua vez, os povos de outras naes conquistadas foram ento importados, para povoarem a rea conhecida como Samria.

    A poltica dos assrios foi tentar destruir todo vestgio de linhagem nacional e, assim, unir todos os povos num s.

  • Em 612 a.C., os babilnios, liderados

    por Nabopolassar, destruram Nnive e conquistaram os assrios.

    O reino do sul, Jud, caiu nas mos dos babilnios, sob Nabucodonozor, em 605 a.C., e alguns da famlia real e lderes abastados foram levados cativos para a Babilnia.

    Entre estes, estavam Daniel e os trs jovens de Daniel 1( Hananias, Misael e Azarias )

    . Uma curta rebelio em 597 a.C. foi suprimida, servindo de pretexto para outra deportao (incluindo Ezequiel).

    Uma revolta ainda posterior, conduzida por Zedequias, foi suprimida em 587 a.C., com a destruio completa do Templo e deportao de todos, exceto algumas poucas pessoas pobres, para evitar que o pas se tornasse um deserto.

  • O "cativeiro babilnico" no foi tanto um cativeiro como um exlio.

    O propsito das deportaes no foi tanto destruir as

    linhagens nacionais (como foi a poltica assria), mas punir aqueles que se opunham ao governo.

    Permitiu-se aos cativos uma parcela de liberdade, e eles podiam eleger seus prprios lderes em suas comunidades.

    Muitos desses exilados se tornaram lderes no governo babilnico (Dan. 1:20; 2:48,49; 3:30; etc.), e bem poderosos.

    Esses exilados estavam comeando a encontrar seu ponto forte real nos campos da indstria e do comrcio.

    A tendncia que se iniciou na Babilnia tornou-se mais desenvolvida nas geraes posteriores, at que, durante os tempos do Novo Testamento, as comunidades judaicas eram primariamente urbanas e comerciais, em vez do meio agrcola e pastoral do Velho Testamento.

  • Durante esse perodo o nome judeus entrou em uso.

    Ele denotava o povo da nao conquistada de Jud.

    Os outros termos usados no Antigo Testamento para referncia aos descendentes de Abrao e Isaque tornaram-se menos usados, e o termo judeus entrou em uso quase que exclusivamente.

    A palavra "judeu" originalmente era usada para designar aos filhos de Jud, filho de Jac, posteriormente foi designado aos nascidos na Judeia.11 Depois da libertao do cativeiro da Babilnia, os hebreus comearam a ser chamados de judeus.

  • Estando to longe de Jerusalm, e sem

    ter o Templo de Salomo e o Tabernculo para cultuar, o povo exigiu dos sacerdotes um modo temporrio de reteno do conhecimento de Jeov.

    Assim, surgiram os grupos de adoradores que se reuniam regularmente para ouvir a lei lida, uma palavra de exortao ou explicao, o cntico de salmos e a recitao das oraes.

    Esses grupos formaram os primrdios da instituio que deveria

    posteriormente ser conhecida com o nome grego de "sinagoga" ("reunidos juntos").

    O termo "sinagoga" tem origem na palavra grega snago, composta de [sn], com, junto, e ['ago], conduta, educao, cujo significado amplo seria "assembleia"

  • A inteno, a princpio, era que a sinagoga fosse apenas uma coisa temporria, at que a volta a Jerusalm pudesse ser feita e o Templo, reconstrudo.

    Contudo, a importncia da sinagoga como fora coesiva na unificao dos judeus numa comunidade foi gradualmente reconhecida e aceita universalmente pelos lderes religiosos.

    Ela no somente era o meio para ensino da lei e dos profetas, mas tambm um meio para ajudar os judeus a reterem sua identidade nacional.

    Quando traduzimos a palavra sinagoga para o Hebraico, a

    palavra utilizada para expressar a ideia Beit Knesset, que significa literalmente, casa de assembleia. Se soa familiar, provavelmente porque voc reconhece a

    palavra Knesset que o nome utilizado para o parlamento israelense.

  • Foi durante essa poca e atravs desses grupos que Ezequiel realizou seu

    maravilhoso ministrio. De seu trabalho e profecias, os cativos foram

    ensinados que a calamidade veio sobre eles por causa da idolatria. Nas

    sinagogas, isso foi ensinado tamanha extenso que a idolatria foi

    abandonada e no mais era um grande problema para os judeus.

    Na sinagoga surgiu a importante funo de mestre. Homens com percepes excepcionais na lei foram recrutados para liderarem nessa importante posio.

    O mestre podia, ou no, ter sido da linhagem sacerdotal. O ensino regular da Torah levou a uma nfase renovada sobre o sbado, a circunciso e o jejum.

    Algumas influncias sutis das religies da Babilnia e da Prsia foram introduzidas nas instrues religiosas dadas pela sinagoga. Estas podem ser vistas nas doutrinas em desenvolvimento acerca da vida depois da morte, angelologia e demonologia.

  • Ciro, tendo unido as naes da Mdia, Ldia e Prsia,

    capturou a Babilnia em 538 a.C. e confirmou muitos dos judeus em suas posies ,de autoridade governamental (Dan. 6:1)

    A poltica oficial dos persas era permitir o povo deslocado voltar para as terras de seus pais. Por causa dessa poltica, a restaurao de Jud foi possvel.

    Contudo, a maioria dos judeus estava feliz na Babilnia e no desejava voltar. Cerca de 50.000 retornaram, sob a liderana de trs homens, em trs pocas diferentes. Os que ficaram os apoiaram com doaes.

  • Zorobabel um prncipe da linhagem real de Davi, conduziu a primeira volta em 535 a.C.

    Aps alguma consolidao do poder, foi iniciada a reconstruo do Templo. Sob a pregao de Ageu e Zacarias, o Templo de Zorobabel foi terminado e dedicado em 516 a.C.

    Inferior em esplendor ao de Salomo, esse Templo existiu at que Herodes, o Grande, iniciou a obra de um maior, em 19 a.C.

    1. Templo Salomo

    2. Templo Zorobabel

    3. Templo Herodes

  • Os adversrios da reconstruo do Templo eram uma combinao daqueles que foram deixados aps as deportaes sob os assrios e babilnios os povos trazidos para povoar o pas e os inimigos anteriores dos dois reinos de Israel e Jud, que, em sua ausncia, tiveram oportunidade de estender seus limites de influncia.

    Os descendentes do casamento misto desses grupos foram denominados "samaritanos".

    Era lgico que esse povo ia opor-se volta e restaurao dos judeus (ver Esdas 4:1 e ss.).

  • Uma segunda volta ocorreu sob Esdras, em 485 a.C. Uma terceira foi liderada por Neemias, em 445 a.C. Comeando com Esdras e continuando atravs do

    trabalho de Neemias e Malaquias, foram iniciadas reformas, que deveriam ter resultados de longo alcance.

    Uma vez que os persas no iriam tolerar a restaurao da realeza davdica, o oficial mais alto, politicamente era o sumo sacerdote. Esse homem respondia, de uma maneira geral, ao governador persa. Esse ofcio resultou eventualmente em "reis-sacerdotes".

    Igualmente, era necessrio obter a aprovao do governador persa para eleger-se o sumo sacerdote.

  • Durante todo o perodo persa, os judeus foram excepcionais em sua lealdade ao rei persa. Isto pode ter ocorrido porque havia mais judeus na Babilnia do que na Palestina.

    Somente cerca de 50.000 judeus haviam voltado sua terra natal durante esses duzentos anos. Muitos dos judeus tinham altas posies de autoridade e alguns desfrutavam de grande riqueza.

    Mesmo uma judia tornou-se a esposa do rei (Ester 2). Esses judeus que estavam na Babilnia exerceram uma influncia muito grande sobre seus patrcios na Palestina, atravs de seus poderes polticos e suas contribuies financeiras.

  • O PERODO GREGO (331-167 a.C.)

  • Filipe da Macednia morreu em 334 a.C., antes de realizar seu sonho de unir os gregos e de espalhar a cultura grega pelo mundo.

    Essa tarefa caiu sobre os ombros de seu filho e herdeiro, Alexandre, que tinha ento vinte anos de idade.

    O jovem prncipe, que fora pupilo de Aristteles, partilhava do sonho e viso de seu pai.

    Depois de derrotar e arrasar Tebas, que se revoltara contra a dominao macednia, Alexandre motivou os gregos a se juntarem a ele na tarefa herclea de conquistar a Prsia.

  • Alexandre mobilizou um exrcito de dimenses

    modestas, quando comparado aos mastodnticos exrcitos mercenrios dos persas.

    Suas foras tinham, porm, um treinamento

    superior e muito maior mobilidade. A primeira batalha decisiva foi travada junto ao rio

    Granico, na sia Menor, em 334 a.C., e abriu as

    comportas da influncia grega sobre o Oriente

    Mdio. Dario III foi derrotado mais uma vez em Isso, na Cilcia (333 a.C.), e fugiu de volta para a Prsia.

    Alexandre desviou sua marcha para o sul, conquistando a Palestina e o Egito, tarefa facilitada pela boa vontade egpcia em escaparem

    odiosa dominao persa e completada em 331 a.C

  • No Egito, fundou Alexandria, uma cidade grega destinada a ser um centro irradiador da cultura helnica e fundamental mais tarde na moldagem tanto do judasmo quanto do cristianismo.

    Reza a tradio judaica que ao aproximar-se de Jerusalm, Alexandre se defrontou com uma embaixada judaica, encabeada pelo sumo sacerdote Jadua, que lhe mostrou o livro de Daniel e as profecias de que fora objeto, e mudou sua disposio para com Jerusalm e os judeus, liberando-os do pagamento de tributos no ano sabtico.

  • A ascenso meterica de Alexandre continuou quando ele marchou para o norte e derrotou Dario III na plancie de Gaugamela, a noroeste da antiga Nnive (tambm conhecida como batalha de Arbela) em 1 de outubro de 331 a.C.

    Apesar de lutar contra foras numericamente superiores, Alexandre empregou tticas brilhantes que garantiram sua vitria.

    Pouco a pouco o jovem general foi ocupando as principais cidades do imprio Babilnia, Susa e Perspolis.

    Quando Dario III foi assassinado, Alexandre lhe concedeu pompas fnebres dignas de um rei, e assumiu para si o ttulo de Rei da sia.

    Sua marcha para o leste continuou at chegar ao vale do rio Indo, em 325 a.C

  • De l, retornou para o ocidente, estabelecendo pelo caminho outras Alexandrias, como nas provncias de Bactria e Sogdiana.

    Nem tudo foi tranqilo nessa marcha de conquista, pois os generais de Alexandre lhe deram quase tanto trabalho quanto as provncias do imprio que ainda restavam para conquistar.

    Ao voltar, ainda teve que corrigir distores administrativas impostas por seus representantes durante sua ausncia de cinco anos.

    Quando de sua volta, aceitou a deificao, recebendo a proskunsis dos persas, mas isentando os gregos de tal prtica.

    Proskynesis (em grego: , pros, e, kuneo, lit. "beijar em direo [a]") refere-

    se ao tradicional ato dos antigos persas de prostrar-se diante de uma

    pessoa de status social mais elevado.

  • A morte de Alexandre foi to sbita quanto sua carreira de lder mundial.

    Em 13 de junho de 323 a.C., com a idade de 32 anos, Alexandre morreu, provavelmente de malria, sem deixar sucessor.

    Sua esposa, a princesa sogdiana Roxane, com quem se casara como garantia da pacificao daquela provncia, estava grvida, mas seu filho jamais chegou a ser considerado herdeiro do trono.

    O chifre notvel da profecia de Daniel 8 fora quebrado, e outros quatro chifres emergiriam do seu gigantesco imprio.

  • A Diviso do Imprio Macednio

    Uma longa disputa sobre os direitos de governar os territrios de Alexandre foi finalmente resolvida em 301 a.C., quando Antgono, o general que tentara obter a exclusividade do poder, foi morto em batalha.

    Quatro strapas, que haviam previamente (303 a.C.) concordado em dividir o imprio em quatro partes, assumiram seus governos como reis sobre territrios independentes. O grfico a seguir indica como o imprio macednio foi dividido:

    Governantes Territrios

    Ptolomeu Egito e Palestina

    Seleuco Frgia, Sria, Mesopotmia

    e Prsia

    Cassandro Macednia e Grcia

    Lismaco Trcia e Bitnia

  • Este arranjo durou apenas vinte anos, depois dos quais os selucidas estabeleceram controle sobre a sia

    Menor, e Antgono Gnatas, neto do general de

    Alexandre, assumiu o controle da Macednia.

    Esses trs reinos (Egito, Sria e Macednia) duraram at o advento de Roma como uma superpotncia.

  • O Domnio Ptolemaico sobre a Palestina

    Os primeiros herdeiros do imprio macednio prestaram pouca ateno Judia, que continuou a ser controlada pelo sumo sacerdote, que era diretamente responsvel por enviar a Alexandria o tributo anual.

    A segunda gerao de lderes, porm, Antoco I e Ptolomeu II, comeou a competir pelo controle da Palestina, e assim comearam as chamadas guerras srias.

    Na gangorra poltica e militar que se seguiu, a Sria e a Fencia trocaram de mos vrias vezes, mas a Judia permaneceu sob controle egpcio por quase um sculo.

  • O Domnio Selucida sobre a Palestina

    Quando o segundo sculo a.C. comeou, Antoco III (o Grande) tentou unificar (militarmente) os reinos rivais (Sria e Egito), mas fracassou em suas tentativas de invaso do Egito.

    Depois de duas fragorosas batalhas nas mos dos romanos (Termpilas [191 a.C.] e Magnsia [190 a.C.]), Antoco recorreu a uma poltica de saques, que acabou por se transformar num esforo de helenizao quando Antoco IV (Epfanes) subiu ao trono em 175 a.C.

    Seus esforos para helenizar os judeus foram canalizados primeiramente pela venalidade das lideranas judaicas. A corrupo era tal que Menelau, um judeu pr-helnico e no arnico, veio a ser sumo sacerdote!

  • O Domnio Selucida sobre a Palestina

    Em suas lutas contra o Egito, Antoco Epfanes acabou por despertar a ira dos romanos, que dependiam da agricultura egpcia e no queriam perd-la para quem j era seu inimigo na sia Menor.

    Humilhado pelos romanos, que o foraram a sair do Egito, Epfanes voltou Sria firmemente decidido a helenizar totalmente os judeus, de modo a ter uma retaguarda confivel entre si e as legies romanas do cnsul Popillius Laenas, estacionadas no Egito.

    Antoco entrou fora em Jerusalm e iniciou seu programa de helenizao profanando o Templo.

    Em 25 de quisleu de 167 a.C., um altar ao Zeus Olmpico foi erigido no lugar do altar do holocausto, e ali foi sacrificada uma porca.

  • O Domnio Selucida sobre a Palestina

    A circunciso foi proibida por lei e a adorao compulsria de deuses gregos era exigida em bases mensais.

    Isto levou revolta dos macabeus, que comeou com a reao de Matatias, um velho sacerdote que matou um judeu apstata e um representante srio em sua aldeia, Modina.

    O terceiro filho de Matatias, Judas, liderou os judeus numa luta de guerrilhas que logo escalou para uma guerra convencional.

    Depois de trs anos Judas conseguiu derrotar os srios em toda a Palestina, e obteve a libertao de Jerusalm, onde o Templo foi purificado e o culto normal restabelecido.

    A data da purificao, 25 de quisleu de 164 a.C., marca o comeo da celebrao de Chanukkah, a festa da dedicao.

  • O Domnio Hasmoneano sobre a Palestina A despeito das vitrias espetaculares de Judas e seus

    irmos, e do fato de que a liberdade religiosa dos judeus foi assegurada a partir do reinado de Antoco V, a verdadeira independncia poltica ainda demoraria 22 anos para surgir.

    A instabilidade poltica crescente na Sria permitiu ao irmo de Judas, Simo, obter concesses significativas de Demtrio, um dos rivais ao trono da Sria.

    Simo estabeleceu a Judia como uma nao independente, e sua prpria famlia como prncipes-sacerdotes sobre Israel. Seu filho, Joo Hircano (135-104 a.C.), perdeu e reconquistou a independncia da Judia e, com o consentimento de Roma, estendeu as fronteiras judias de modo a incluir Edom, Samaria e Galilia.

    Foi durante seu reinado que se definiu a duradoura rixa entre os fariseus (descendentes religiosos dos hasidim da poca dos macabeus) e os saduceus, a classe sacerdotal dominante, que apoiava os governantes hasmoneanos.

  • Alexandre Janeu, um dos filhos de Joo Hircano, conquistou ainda mais territrio, tornando o reino hasmoneano quase to extenso quanto o de Davi.

    A conseqncia de seu reino de violncia foram lutas internas que duraram quase quarenta anos, e que virtualmente extinguiram a linhagem hasmoneana.

    Depois de quase um sculo de auto governo, os judeus voltaram a ser dominados por uma potncia estrangeira quando Pompeu interveio na Judia para pr fim aos conflitos surgidos entre os filhos de Salom Alexandra, viva de Alexandre Janeu.

  • Governantes Hasmoneanos na Palestina

    Governantes Datas Eventos Principais

    Simo Macabeu 143-135 Independncia da Sria

    Joo Hircano 135-104

    Invaso sria. Aliana com Roma e reconquista

    da independncia. Expanso territorial.

    Cunhagem de moedas.

    Aristbulo I 104-103 Conquista da Galilia

    Alexandre Janeu 103-76 Conquistas territoriais. Lutas internas. Perdas

    de territrio para os nabateus.

    Salom Alexandra 76-67 Crescimento da influncia dos fariseus.

    Aristbulo II 67-63 Luta fratricida contra Hircano II. Roma intervm

    e termina a soberania da Judia.

    Hircano II 63-40

    Lderes perdem o ttulo de rei, retendo apenas

    o sumo sacerdcio. Crescimento do controle

    idumeu sobre a poltica judaica.

    Antgono 40-37

    Conflito contra Hircano II. Roma designa

    Herodes como rei. Antgono decapitado. Fim

    da linhagem hasmoneana pura.

  • O Domnio Romano sobre a Palestina

    Os romanos, que tinham o controle efetivo da Palestina desde a invaso de Pompeu em 63 a.C., finalmente desistiram de arbitrar as interminveis lutas entre os

    hasmoneanos, e indicaram Herodes, filho de Antipatro, chefe de uma famlia idumia que crescera em prestgio fazendo o jogo poltico e econmico dos romanos na Palestina, como o rei dos judeus.

    Com ajuda romana, ele conquistou a Galilia e depois Jerusalm.

    Escolhendo cuidadosamente a quem apoiar nas lutas que se seguiram ao assassinato de Jlio Csar em 44 a.C., Herodes reconquistou muito territrio.

  • Sistematicamente eliminou a competio no cenrio domstico, matando sem hesitar at esposas e filhos para assegurar sua posio.

    Herodes foi um administrador e negociador capaz, conseguindo agradar tanto a romanos quanto a judeus, que sempre se ressentiram de sua ascendncia idumia e de como mandara matar os ltimos governantes hasmoneanos.

    Foi um vido construtor de palcios, fortalezas, monumentos e templos, um dos quais dedicado a Otvio Augusto.

    O Templo de Jerusalm, sua obra mxima, foi comeado por ele, mas ainda estava em construo parcial ao tempo do ministrio de Jesus, mais de trinta anos depois da sua morte .

    Caio Jlio Csar Octaviano Augusto foi o primeiro e um dos mais

    importantes imperadores romanos.

  • Os muitos casamentos de Herodes fomentavam a intriga palaciana e as lutas domsticas.

    Isso levou a seis testamentos diferentes e a uma srie de execues de suas prprias esposas e filhos, o que levou Otvio a dizer que preferiria ser o porco de Herodes a ser o filho de Herodes .

    Herodes o Grande morreu por volta de 4 a.C. Depois de sua morte, e com base em seu testamento,

    Otvio dividiu o territrio sobre o qual Herodes reinara entre seus trs filhos, Arquelau, Filipe e Antipas.

    Arquelau rapidamente conquistou a reputao de ser incapaz e cruel, o que fez a famlia de Jesus mudar-se para Nazar (Mt 2:22).

  • Devido s constantes reclamaes do povo, Otvio o removeu e baniu, substituindo-o por procuradores romanos.

    Filipe governou a parte mais setentrional da Palestina e no teve influncia direta nos acontecimentos do Novo Testamento.

    Antipas era ambicioso e satisfazia seus prprios desejos, e eventualmente perdeu o favor de Roma e foi banido. Seu territrio esteve brevemente sob o governo de procuradores at que Herodes Agripa I recebeu o reino em a.D. 41.

    No Novo Testamento, todos esses so mencionados com seu nome familiar (Herodes), mas o que teve maior contato com Jesus foi Antipas. O quadro a seguir apresenta essas divises.

  • reas Geogrficas e Distritos Administrativos da Palestina

    Governados pelos Herodes3

    Sul

    Samaria, Judia, e Idumia

    Norte Leste

    Galilia e Peria

    Nordeste

    Ituria, Traconite,

    Gaulanite, Auranite,

    Batania

    Herodes o Grande

    37 4 a.C.

    Arquelau

    4 a.C. - a.D. 6 Antipas

    4 a.C. - a.D. 39

    Filipe

    4 a.C. - a.D. 34

    Governadores

    romanos

    a.D. 6 - 41

    Governadores

    romanos

    34 - 37

    Agripa I

    39 44

    Agripa I

    37 - 44

    Agripa I

    41 44

    Governadores romanos

    44 - 66

    Governadores romanos

    44 53

    Governadores

    romanos

    44 - 56

    Agripa II

    53 66

    Agripa II

    53 - 66

    Governad

    ores

    romanos

    56 - 66

    Rebelio dos judeus contra Roma

    66 70

    Provncia da Palaestina

    70 135

    Colonia Aelia Capitolinia

    depois de 135

  • Herodes Agripa I foi o neto de Herodes o Grande, que assumiu o controle do territrio de Filipe em 37.

    Depois que Antipas foi banido, recebeu controle de seu territrio tambm e acabou por reinar sobre um territrio to grande quanto o de seu av. Agripa I foi responsvel pela primeira perseguio governamental enfrentada pelos cristos (At 12.1-3).

    Depois de sua morte, em 44, seu filho Agripa II (Marco), que estava em Roma, foi mantido l por ser considerado ainda muito jovem para o trono.

    Oito anos depois, todavia, foi-lhe concedido o territrio de seu tio, Herodes de Clcis, e no ano seguinte as tetrarquias de Filipe (Batania, Traconite e Gaulanite) e de Lisnias (Abilene).

    Quando Nero subiu ao trono, Agripa II recebeu ainda a Peria e a Galilia. Ele foi o Herodes diante de quem Paulo compareceu e apresentou sua defesa (At 25:13-26:32).

  • A regio da Palestina esteve unificada durante o reinado de Herodes, o Grande (37-4 a.C.) e por trs anos (41-44) durante o reinado de Agripa I.

    O reino de Agripa II no inclua a Judia e, embora tenha subsistido at destruio de Jerusalm, nada mais era que uma fachada para o governo romano (de quem ele foi ferrenho aliado).

    Depois da primeira revolta (66-70), a regio foi organizada como uma provncia imperial - Palaestina e governada por um legado imperial residente em Cesaria.

    A deciso de Adriano de converter o territrio de Israel numa colnia romana precipitou a segunda revolta (liderada por Bar Kochba, 132-135).

    Depois dessa revolta ter sido sufocada, os judeus foram expulsos e a regio se tornou uma colnia romana, como o nome de Colonia Aelia Capitolinia.

  • Quando o Senhor Jesus Cristo iniciou seu ministrio, a Judia estava sob governo romano direto. Arquelau, o etnarca idumeu, havia sido deposto e banido, e o governo era exercido por procuradores romanos.

    Os outros dois filhos de Herodes retiveram suas posies, mas viviam debaixo de superviso romana.

    Antes que o Novo Testamento fosse concludo, Israel desaparecera como nao instalada em sua prpria terra.

    O quadro a seguir alista imperadores romanos e governantes romanos na Palestina entre 27 a.C. e a.D. 96, bem como sua relao com eventos do Novo Testamento.

  • Governantes romanos e sua relao com o Novo Testamento Imperadores Datas Procuradores e datas Eventos bblicos

    Otvio Csar 27 a.C.-a.D. 14 Copnio

    (a.D. 6-10) Nascimento e infncia de Jesus

    Ambvio (10-13)

    Anio Rufo (13-15)

    Tibrio 14-37 Valrio Grato

    (15-26)

    Ministrio pblico de Jesus.

    Pentecostes.

    Converso de Paulo.

    Pncio Pilatos (26-36)

    Marcelo (36-37)

    Caio Calgula 37-41 Marulo (38-41)

    Cludio 41-54 ***4

    Morte de Tiago.

    1 viagem de Paulo.

    Conclio de Jerusalm.

    2 viagem de Paulo

    Cuspio Fado

    (44-46)

    Tibrio Jlio

    (46-48)

    Ventdio (49-52)

    Nero 54-68 Marco Flix

    (52-59)

    3 Viagem de Paulo. Priso.

    Ministrio ps-priso.

    Martrio de Paulo.

    Perseguio aos cristos.

    Prcio Festo

    (60-62)

    Albino (62-64)

    Gssio Floro

    (65-70)5

    Galba, Oto, Vitlio 68-69

    Vespasiano 69-79 Vetuleno (70-72) (Destruio de Jerusalm)

    Tito 79-81 Luclio Basso

    (72-75)

    Domiciano 81-96 Salvieno (75-86) Perseguio. Exlio de Joo.

  • Bibliografia

    Hale, Broadus David, Introduo ao estudo do Novo Testamento, Traduo de Cludio Vital de Souza. Rio de Janeiro, Junta de Educao Religiosa e Publicaes, 1983. Pinto, Carlos Osvaldo Cardoso, Foco e desenvolvimento no Novo Testamento, So Paulo, Hagnos, 2008. Gundry, Robert H. Panorama do Novo Testamento, Ttulo do original: A Survey of the New Testament ,Traduzido da edio publicada pela Zondervan Publishing House - Grand Rapids, Michigan, EUA, Ed. Sociedade Religiosa Edies Vida Nova, So Paulo, 1978.