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Introdução à Teoria dos Jogos e Aplicações

Prof. Juliano AssunçãoDepto. Economia, PUC-Rio

[email protected]

Abril, 2005

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Motivação Comportamento estratégico:

elemento que está presente nas relações econômicas;

certos ambientes propiciam a adoção de tal comportamento;

forma de interação afeta, de maneira decisiva, o resultado.

Teoria dos Jogos: ferramentas para a análise sistemática do comportamento estratégico.

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Como organizar e utilizar o conteúdo do curso? Decisões envolvem, simultaneamente, vários

aspectos relevantes. Trataremos, no curso, alguns tópicos importantes, separadamente.

Exemplo:

ATLÂNTICA. Prédio luxo, vista mar. 190m2. Varanda, amplo salão, 4qtos, (suítes), copa-cozinha, dependencias, 3vagas. Mobiliado/ equipado. R$3.500,00 +taxas.

LAGOA (B.MEDEIROS) frente Piraquê, 220m2, salão, s.jantar, toillete, 4qtos, (2suítes), banh.soc., copa-coz, 2dependências, 2vagas, frente, alto. R$3.300,00 +taxas.

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Elementos da decisão

2 desafios da análise:

Eliminar características pouco importantes.

Comparar os atributos relevantes isoladamente, mantendo os demais constantes.

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Seqüência dos cursos Teoria dos Jogos: jogos estáticos e

dinâmicos de informação completa.

Informação Assimétrica: jogos com informação incompleta.

Organização Industrial e Estratégia

Antitruste

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Jogo Estático vs Dinâmico Diferença não depende de aspectos

temporais.

Jogos estáticos: jogadores não observam decisões dos

oponentes ao escolher. Ex.: par ou ímpar.

Jogos dinâmicos: escolhas são seqüenciais – ao menos algumas

decisões. Ex.: xadrez.

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O que é um jogo estático?

Jogo estático, forma normal, ou forma reduzida.

Representação: N jogadores; para cada jogador i, temos:

• Si – conjunto de estratégias possíveis;

• Ui(si,s-i) – função de ganhos em cada

resultado possível do jogo.

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Exemplo Caso Si seja finito, podemos representar

um jogo através de uma matriz.

2 (par)

Par Ímpar

1 (ímpar)

Par -1,1 1,-1

Ímpar 1,-1 -1,1

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“Common Knowledge” A hipótese de conhecimento comum será

adotada durante toda a análise. Cada participantes do jogo conhece a

estrutura do jogo. A racionalidade dos jogadores é também

de conhecimento comum.

“Eu sou racional. Sei que meu oponente é racional. Sei que ele sabe que sou racional. Sei que ele sabe que eu sei que ele é racional. Etc.”

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Exemplo 3 crianças numa roda. Há chapéus

brancos e vermelhos.

Nenhuma delas observa a cor do próprio chapéu.

1 2 3

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Exemplo (cont.) A professora pergunta a cada uma a cor

do próprio chapéu. Criança 1: “não sei”. Criança 2: “não sei”. Criança 3: “não sei”.

A professora informa: há, pelo menos, um chapéu vermelho. Repete a pergunta. Criança 1: “não sei”. Criança 2: “não sei”. Criança 3: “vermelho”.

Porque?

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Solução Resposta da criança 1:

Se 2 e 3 estivessem usando chapéus brancos, saberia que o seu era vermelho.

Conclusão: 2 ou 3 está usando vermelho.

Resposta da criança 2: Se 3 estivesse com chapéu branco,

saberia, pelo raciocínio anterior, que o seu chapéu era vermelho.

Conclusão: 3 está usando vermelho.

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Solução Note que, para o exemplo funcionar, é

necessária não apenas a hipótese de racionalidade individual mas, principalmente, a hipótese de “common knowledge”.

A criança 3 é racional; sabe que 1 e 2 são racionais; e sabe que a 2 sabe que 1 é racional.

Além disto: as três sabem que as outras duas sabem que há chapéus brancos e vermelhos. E pelo menos um vermelho

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Resolvendo jogos (i)

Eliminação de estratégias estritamente dominadas

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Dilema dos prisioneiros 2 prisioneiros são capturados e submetidos as

interrogatório, em salas isoladas, sem comunicação.

Alternativas: C - confessar e servir de testemunha contra o parceiro. NC - não confessar e resistir.

Penas dependem da interação de ambos.2

1

NC C

NC -1,-1 -9,0

C 0,-9 -6,-6

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Eliminação de estratégias estritamente dominadas Diante da hipótese de que a racionalidade

é de conhecimento comum, podemos eliminar estratégias que são estritamente piores, independente da ação do oponente.

Definição: A estratégia si’ é estritamente dominada se existir si” tal que:

Ui(si’,s-i) < Ui(si”,s-i),

para todo s-i. Desigualdade é estrita!

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Resolvendo o dilema dos prisioneiros NC é estritamente dominada por C, para

ambos.

2

1

NC C

NC -1,-1 -9,0

C 0,-9 -6,-6

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Características importantes do dilema dos prisioneiros A situação (NC,NC) é melhor que (C,C) para

ambos.

O comportamento estratégico, aliado aos interesses individuais, inviabiliza (NC,NC) como solução.

Esse exemplo simples ilustra a importância desse tipo de comportamento sobre as relações.

No caso de mercado competitivo, em que as ações não afetam o sistema, tal situação não é possível. (Primeiro Teorema de Bem-Estar)

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Exemplo 2

2

1

E C D

A 1,2 3,2 3,3

B 2,3 3,1 4,2

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Exemplo 3

2

1

E C D

A 1,2 3,4 3,3

B 2,3 3,1 4,2

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Limitações

O processo de eliminação iterada de estratégias estritamente dominadas, em muitos casos, não produz previsões úteis sobre o resultado do jogo.

Consiste em uma noção muito fraca (no sentido que utiliza poucas restrições) de equilíbrio.

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Resolvendo jogos (ii)

Equilíbrio de Nash(estratégias puras)

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Definição de equilíbrio de Nash - EN Uma alocação/resultado é um equilíbrio de Nash

se, a partir dela, nenhum jogador tem incentivo a desviar individualmente.

O EN apresenta uma noção de estabilidade estratégica.

Definição: O perfil (si*,s-i

*) é um EN se, para cada jogador i, tem-se que:

Ui (si*,s-i

*) > Ui(si,s-i*),

para todo si.

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Definição alternativa A função (ou correspondência) de melhor

resposta atribui, a cada possível combinação de estratégias dos oponentes s-i, a(s) melhor(es) resposta(s) si(s-i).

EN é uma situação onde:si

*=si(s-i*),

para todo i.

Formalmente, torna a busca por equilíbrio um problema de “ponto fixo”.

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Exemplo 1

2

1

E C D

A 1,2 3,4 3,3

B 2,3 3,1 4,2

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Exemplo 2Dilema dos prisioneiros

2

1

NC C

NC -1,-1 -9,0

C 0,-9 -6,-6

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Exemplo 3Batalha dos sexos

M

H

Fut. Balé

Fut. 2,1 0,0

Balé 0,0 1,2

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Exemplo 4Jogo de Coordenação

M

H

Teatro Praia

Teatro 2,2 0,0

Praia 0,0 1,1

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Exemplo 5Par ou Ímpar

2

1

Par Ímpar

Par -1,1 1,-1

Ímpar 1,-1 -1,1

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Algumas características Todo EN sobrevive à eliminação de estratégias

estritamente dominadas.

Equilíbrios múltiplos podem ocorrer.

Os equilíbrios podem apresentar ineficiência, seja em relação a outro equilíbrio ou a outra alocação.

Nem sempre existem equilíbrios em “estratégias puras”, isto é, que não envolvem aleatoriedade.

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Exemplo 6Metade da média

Cada aluno escolhe um inteiro entre 0 e 100, anota o número em um papel com o próprio nome, entregando-o ao professor.

Vencedor: aquele mais se aproximar da metade da média de todos os números.

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Exemplo 6(Continuação) Estratégias estritamente dominadas:

Equilíbrio de Nash:

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Exemplo 6(Continuação) Lições:

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Resolvendo jogos (iii)

Equilíbrio de Nash(estratégias mistas)

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Definição Em muitas situações, faz sentido estender o

conjunto de estratégias, possibilitando aleatoriedade.

Para cada conjunto de estratégias Si, define-se a

extensão em estratégias mistas Si, como o

conjunto de medidas de probabilidade que podem ser definidas sobre Si.

Um EN em estratégias mistas do jogo (N,Si,Ui) é

um EN do jogo estendido (N, Si,Ui).

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Existência de equilíbrio

Teorema (Nash, 1950): Todo jogo finito tem, pelo menos, um EN, possivelmente envolvendo estratégias mistas.

O resultado acima pode ser estendido em várias direções.

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ExemploPar ou Ímpar

2

1

Par Ímpar

Par -1,1 1,-1

Ímpar 1,-1 -1,1

p

1-p

q 1-q

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Calculando o EN em estratégias mistas

Fixada a estratégia de 2 em q, temos as seguintes opções p/ 1: Par: q(-1)+(1-q)=1-2q Ímpar: q+(1-q)(-1)=2q-1

Fixada a estratégia de 1 em p, temos as seguintes opções p/ 2: Par: p+(1-p)(-1)=2p-1 Ímpar: p(-1)+(1-p)=1-2p

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Função de melhor resposta

q

p

1

0 11/2

1/22

1EN

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Evidência empírica Levitt, S. P.A. Chiappori e T. Groseclose (2002)

“A Test of Mixed Strategy Equilibria: Penalty Kicks in Soccer.” American Economic Review, 92: 1138-1151.

Utilizam dados das 459 disputas de pênalti dos campeonatos francês (1997-1999) e italiano (1997-2000).

Resultados são compatíveis com a adoção de estratégias mistas.

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Revisão

Principais conceitos e definições

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Revisão

Jogo estático

“Common knowledge”

Eliminação de estratégias estritamente

dominadas

Equilíbrio de Nash

Estratégias mistas

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Aplicações

Estrutura de mercado Formação de cartéis Modelo de Hotelling

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Ambiente econômico Curva de demanda:

p(Q)=a-Q,onde Q=q1+...+qN.

Custo de produção: Ci(qi)=cqi, i=1,...,n.

Lucro:i(qi,q-i)=p(Q)qi-cqi=[p(Q)-c]qi

Hipótese: c<a (viabilidade econômica da tecnologia)

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2 casos polares Competição perfeita com livre entrada:

Para simplificar, ci=c para todo i. Firmas são tomadoras de preços. Há entrada enquanto houver lucro positivo. Equilíbrio:

pC=c; QC=a-c; C=0

Monopólio: Monopolista incorpora sua influência na demanda. Problema: max [a-Q-c]Q Equilíbrio:

QM=½(a-c)<QC; pM=½(a+c)>pC; M=(a-c)2/4

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Estruturas de Oligopólio

Encontram-se entre os casos anteriores.

Diferentes formas de interação estão associadas a importantes diferenças nos preços, quantidades e lucros.

Serão consideradas situações onde há competição em: quantidade (Cournot, 1838); preço (Bertrand, 1883); localização (Hotelling, 1929).

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Competição em quantidade: o modelo de Cournot Firmas se encontram apenas uma única vez no

mercado, simultaneamente, decidindo sobre quantidade (capacidade instalada).

2 firmas.

Equilíbrio de Nash: (q1*, q2

*) tais que q1*=q1(q2

*) e

q2*=q2(q1

*); onde qi(qj) é a melhor resposta de i à

quantidade qj da adversária.

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Equilíbrio de Nash

Função de melhor resposta:qi(qj)=argmax [a-qi-qj-c]qi=½(a-c-qj).

EN: qi*=(a-c)/3, i=1,2.

Q*=2(a-c)/3 QM < Q* < QC

pM > p* > pC

*=(a-c)2/9 < M/2

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Características do EN O modelo de Cournot apresenta uma

característica semelhante ao dilema dos prisioneiros.

As duas firmas estariam melhores caso praticassem quantidades iguais a qM/2, agindo como uma única firma – situação de cartel.

Entretanto, dado que a adversária pratica qj=qM/2, a melhor resposta é qi=qi(qM/2)>qM/2.

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Extensão para n firmas

Função de melhor resposta:qi(q-i)=argmax [a-qi-Σj≠iqj-c]qi=½(a-c-Σj≠iqj).

EN: qi*=(a-c)/(n+1), i=1,...,n.

Q*=n(a-c)/(n+1) QM < Q* < QC

pM > p* > pC

*=(a-c)2/(n+1)2 < M/n, n>1.

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Propriedades – n firmas Benefício do cartel:

M-*=(a-c)2f(n), onde f(n) tem o formato abaixo.

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Propriedades – n firmas Desvio:

D-M=(a-c)2g(n), onde g(n) tem o formato abaixo.

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Formação de cartéis A formação de cartéis, em um jogo

simultâneo é dificultada por uma série de razões:

há sempre um incentivo individual ao desvio, que é crescente no número de firmas;

os benefícios individuais das firmas, com o arranjo de cartel, depende do número de firmas no mercado – no exemplo, o valor máximo encontra-se entre 4 e 5 firmas. Para n>6, o benefício é decrescente.

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Paradoxo de Bertrand

Suponha agora que a competição ocorre através dos preços.

Os produtos são perfeitamente homogêneos – o consumidor comprará da firma mais barata e irá sortear em caso de empate.

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Equilíbrio de Nash

O EN do modelo é:pi=c, i=1,...,n.

Paradoxo: mesmo com uma estrutura de oligopólio, o equilíbrio de Nash replica o caso competitivo.

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Bertrand com produtos diferenciados 2 firmas

Curva de demanda:qi(pi,pj)=a-pi+bpj.

Custo de produção: Ci(qi)=cqi, i=1,2.

Lucro:i(pi,pj)=(pi-c)qi(pi,pj)

Hipótese: c<a, b<2 (viabilidade econômica da tecnologia)

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Equilíbrio de Nash

Função de melhor resposta:

pi(pj)=argmax (pi-c)[a-pi+bpj]

=½(a+bpj+c).

EN: pi*=(a+c)/(2-b), i=1,2.

Ao contrário do caso de produtos homogêneos, pi

*>c.

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Competição Espacial 2 firmas

Custo de produção: Ci(qi)=cqi, i=1,2.

Lucro: i=(pi-c)qi

Demanda: consumidores estão uniformemente

distribuídos ao longo do intervalo [0,1]; há custo de transporte (linear) – cada

consumidor se dirige à loja mais próxima.

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Demanda de cada firma Suponha, sem perda de generalidade, que

a firma 1 é aquela localizada à esquerda, isto é, x1≤x2.

Seja x a localização do consumidor indiferente às duas firmas.

0 1x1 x2x

q1=x q2=1-x

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Interpretação

Localização geográfica

Espaço de produtos

Plataforma política

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Demanda (continuação)

Denotando por pi o preço praticado pela firma i, o consumidor indiferente é dado por:

t(x-x1)+p1=t(x2-x)+p2.

Ou seja,x=(x1+x2)/2 + (p2-p1)/2t.

Se p2=p1, o consumidor indiferente se localiza no centro das duas firmas.

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Equilíbrio de Nash Dados os preços p1=p2=p, as localizações

são definidas simultaneamente. Equilíbrio de Nash:

x1*=x2

*=1/2; cada empresa atende metade do mercado.

Equilíbrio é ineficiente: empresas poderiam auferir os mesmos lucros com os consumidores gastando menos com transporte.

“Princípio da diferenciação mínima”

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Extensões

O modelo de Hotelling é bastante instável a modificações.

Por exemplo, com 3 firmas já não há equilíbrio em estratégias puras.

Caso haja competição de preços após a localização, o equilíbrio muda drasticamente, com as firmas localizadas nas extremidades – diferenciação máxima.