Introdução à Geologia

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INTRODUÇÃO À GEOLOGIA

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INTRODUÇÃO À GEOLOGIA

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Sumário

CONCEITOS Os trabalhos do Geólogo

Minerais Rochas

Rochas magmáticas ou ígneas Rochas metamórficas Rochas sedimentares

Page 3: Introdução à Geologia

1.0 Os trabalhos do Geólogo

As saídas de campo são a primeira fase de

um estudo geológico. O geólogo vai localizando os

afloramentos que lhe interessa analisar nas cartas

geológicas, e vai fazendo colheita de amostras de

rochas, minerais ou fósseis e vai etiquetando-as e

assinalando o local da colheita na carta para numa segunda fase proceder à sua análise

em laboratório.

Poderá também o estudo incluir a observação de testemunhos de sondagens,

permitindo ao geólogo ter acesso a camadas geológicas profundas e que, portanto não

encontrará em afloramentos à superfície, permitindo-lhe o estudo pormenorizado da

fracturação, variação de litologias e outros aspectos relevantes ao estudo. Também se

fazem colheitas de diversas amostras a diferentes profundidades para investigação

laboratorial.

Em qualquer saída de campo são indispensáveis alguns utensílios que o geólogo

necessita para a sua actividade:

Martelo de geólogo

Serve para explorar um afloramento de possível interesse e é também especialmente útil na recolha de amostras frescas. Bússola

Indispensável para referenciar afloramentos e cortes. É também importante para a localização geográfica sobre cartas. Lupa de geólogo

Para visualização de pormenores. A mais comum é a de ampliação 10X. Canivete

Principalmente utilizado para testar durezas relativas. Livro de campo

Registro de locais, afloramentos e qualquer outro aspecto interessante para o trabalho.

No laboratório poderá realizar vários estudos complementares, mais

detalhados, onde se destacam:

• Estudo macroscópico das amostras, permitindo uma classificação prévia que

será detalhada e complementada com outros estudos.

• Estudo de Fósseis (Paleontologia) - permitem conhecer as idades das rochas e

os ambientes de sedimentação.

• Estudo Petrográfico (Petrografia) - permitem a determinação em lâminas

delgadas com um microscópio petrográfico, de minerais, microestruturas e

outras características que identifiquem as rochas em estudo.

• Análises Químicas (Geoquímica) - permitem determinar a composição de uma

rocha ou mineral, com identificação e percentagem de elementos importantes

para estudos petrológicos e geoquímicos. Utilizam-se nestes estudos diversos

tipos de aparelhos e métodos, desde a química clássica até á utilização de

microssonda eletrônica, espectrômetro de absorção atômica ou de massa,

espectrômetro por emissão por plasma, difractômetro de raio X, etc.

Análise Fotogeológica.

Estudo Petrográfico de uma Lâmina Delgada.

Estudo Geofísico, Diagrafias em Furo de Captação.

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Numa última fase e na posse de vários dados, tanto de campo como de

laboratório, o geólogo dedicar-se-á ao tratamento e interpretação desses dados

culminando na execução do relatório geológico final com as conclusões do estudo

efetuado.

Sendo a geologia a ciência que estuda a história, estrutura e materiais do

planeta Terra, inclui, portanto o estudo do seu interior, facilmente se percebe que os

meios de estudo atrás descritos não chegam para o conhecimento da Terra, pois pouca

informação se obtém das camadas mais interiores do planeta.

Os geólogos recorreram a outros meios e métodos para investigar a estrutura

interna da Terra, chamados métodos indiretos, onde se incluem:

• Métodos geofísicos - baseiam-se em cálculos físicos que procuram

compreender e explicar acontecimentos geológicos, são exemplos mais

correntes os:

• Métodos Sísmicos

• Métodos Gravimétricos

• Gradiente Geotérmico

Quadro resumo dos métodos de investigação dos geólogos:

Métodos Diretos Métodos Indiretos

Estudo das rochas Estudo de sísmica

Estudo do material vulcânico Estudos gravimétricos

Estudo de minas Estudo do gradiente geotérmico

Realização de sondagens Estudo de meteoritos

1.1 Sondagens Geológicas

São perfurações que se fazem no solo que permitem recolher amostras de

camadas interiores da Terra e que nos darão indicações preciosas sobre a sua

constituição. As máquinas com que se executam as perfurações denominam-se de

Sondas. A profundidade máxima atingida foi cerca de 12km, correspondendo portanto à

camada mais externa da estrutura interna da Terra - a crosta. A partir destas

perfurações é possível obter o material da fotografia que se segue e que os geólogos

designam por testemunhos ou tarolos.

Sonda.

Testemunho ou tarolo de sondagem.

Observação dos testemunhos

de sondagem.

1.2 Microscópio Petrográfico de Luz Transmitida

O microscópio petrográfico é um instrumento utilizado na observação de

rochas e mineral. Possibilitando ampliações que podem chegar às 400X.

Neste tipo de microscópio a fonte de luz encontra-se na parte inferior do

mesmo, sendo a luz conduzida por um sistema de lentes que, atravessando a amostra

de rocha, permite a sua observação.

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O microscópio petrográfico distingue-se do microscópio vulgarmente utilizado

em Biologia em dois pontos essenciais:

• Possui platina rotativa

• Possuem dois filtros polarizadores, chamados de nicóis, um situado abaixo da

platina chamado filtro polarizador e outro acima desta chamada filtro

analisador.

A platina rotativa é muito importante para que possam ser

determinadas propriedades dos minerais quando atravessados pela luz,

porque a maioria dos minerais comporta-se de maneira diferente

consoante a direção em que a luz os atravessa. Quando se roda a

platina, fazemos variar a direção em que a luz atravessa o mineral e

observam-se as suas diversas propriedades.

De uma forma simplista, vamos tentar explicar como funcionam os filtros

polarizadores. Como sabes a luz branca é formada por vários comprimentos de onda

que vibram em todas as direções. Quando a radiação da luz atravessa os filtros, as

respectivas ondas passam a vibrar apenas num único plano, designando-se luz

polarizada. No microscópio petrográfico, os dois filtros, polarizador e analisador estão

colocados de modo a que os respectivos planos de polarização sejam perpendiculares,

isto é, o campo do microscópio apresenta-se escuro quando ambos estão inseridos.

Para se perceber melhor, se pensarmos numa persiana que apenas deixe passar

os raios solares numa única direção (equivalente ao polarizador) e colocarmos outra

persiana a 90º (perpendicular) não passaria nenhum raio de luz pela janela (equivaleria

ao analisador).

As observações com o microscópio de luz transmitida são sempre feitas com luz

polarizada, uma vez que o polarizador está sempre inserido. O analisador poderá estar

ou não inserido, pelo que poderão ser efetuadas:

• Observações com luz polarizada não analisada ou com nicóis paralelos (quando

o analisador não está inserido), vulgarmente designada por observação em luz

natural.

• Observações com luz analisada ou com nicóis cruzados (quando está inserido o

analisador), vulgarmente designada por observação com luz polarizada.

O estudo de rochas e minerais com o microscópio petrográfico é um

procedimento quase obrigatório para quase todos os tipos de trabalho do geólogo. Só

desta forma, é possível observar aspectos que devido à reduzida dimensão passam

despercebidos em observação de amostras de mão, como por exemplo, minerais de

muito pequena dimensão.

Para a observação em luz transmitida, as amostras têm que ser os mais

transparentes possíveis. Assim as rochas são cortadas numa fatia muito fina colocada

numa lâmina, com aproximadamente 0,03mm de espessura.

Várias fases para obtermos uma lâmina delgada de uma rocha.

A - Amostra de mão da rocha.

B - Talisca da rocha com cerca de 0,5cm de espessura.

C - Colagem da talisca à lâmina de vidro.

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D - Amostra colada na lâmina de vidro.

E - Amostra desgastada numa máquina de polimento.

F - Lâmina delgada finalizada.

1.3 Litoteca

Litoteca é a designação que se deu a um arquivo de amostras de rochas onde se

incluem os tarolos de sondagens. A manutenção deste material é precioso para a

comunidade geológica, uma vez que estudando as sondagens poderá obter-se dados

valiosos para a investigação em curso. Além disso, a realização de um furo de sondagem,

custa entre centenas a largos milhares de escudos, mais uma razão para a sua

preservação já que poderão ser retomados ou iniciados novos estudos geológicos com

base nessas sondagens.

O Instituto Geológico e Mineiro dispõe de três arquivos de amostragem

geológica do subsolo, designados por Litotecas, aonde por força legal, vem recolhendo e

gerindo a amostragem proveniente de sondagens efetuadas no território nacional.

Faz parte da missão do Núcleo da Litoteca, consolidar o patrimônio geológico

do país em arquivos próprios, demonstrando capacidade e habilidade técnica para

preservá-lo, garantindo a qualidade dos testemunhos e potencializando o conhecimento

contido neles, pois a geologia de sub-superfície é cada vez mais importante no

conhecimento geológico. A centralização da amostragem geológica, em grandes

arquivos permitirá:

Que os investigadores se desloquem a um único local, aumentando a eficiência das consultas e

diminuindo o tempo gasto nas mesmas.

Maior disponibilidade das sondagens e maior rapidez de divulgação ao público.

Aproveitamento das sondagens efetuadas com determinados objetivos, para outros estudos de

âmbito geológico diferente.

Preparação das sondagens para arquivo.

Arquivo das sondagens na Litoteca.

Sala de estudo e consulta ao arquivo.

2.0 Minerais

Cristal

Sólido homogéneo, ordenado à escala atómica, ou seja com estrutura interna

ordenada (arranjo regular e periódico dos átomos) e definido por uma composição

química.

Mineral

Chama-se mineral a um cristal natural e inorgânico com uma estrutura interna

cristalina, com composição química bem definida (fixa ou variável entre certos limites

também bem definidos) e podendo assumir a forma de um poliedro.

A esta definição de mineral, bastante restritiva, excluem-se alguns exemplos

abaixo citados:

• Mercúrio nativo - uma vez que não é sólido, mas sim líquido;

• Opala e calcedônia - uma vez que não tem estrutura interna cristalina, mas sim

amorfa, sendo classificada como um mineralóide;

• Pérola - uma vez que não é inorgânica mas sim produzida por um animal;

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• Limonite - óxido de ferro hidratado sem estrutura interna cristalina;

• Âmbar - uma vez que não é inorgânico, mas sim uma resina fóssil produzida por

gimnospérmicas.

2.1 Mineralogia

Ramo das Ciências da Terra que estuda os minerais e que está intimamente

ligada à física e à química. Sendo a definição de mineral, a de uma substância natural, de

composição química estabelecida entre determinados limites e estrutura atômica bem

definida, são especialmente as propriedades físicas e químicas que permitem a sua

identificação e estudo.

O estudo dos minerais é particularmente importante, quer porque a sua

utilização econômica como matéria-prima é indispensável na nossa sociedade, quer para

a compreensão da origem e evolução das rochas.

2.2 Formação dos Cristais

A matéria cristalina pode-se formar, fundamentalmente, por três processos de

cristalização:

1. A partir de uma solução;

2. A partir de uma substância fundida;

3. A partir de um gás.

1. A cristalização a partir de uma solução pode efetuar-se por

evaporação lenta e gradual do dissolvente tornando-se as soluções

sobressaturadas e conduzindo à cristalização das substâncias aí

dissolvidas. Pode também ocorrer precipitação de soluções saturadas,

devido à diminuição da temperatura e/ou à diminuição da pressão.

Exemplos mais comuns são os de cristalização dos minerais Calcite

(CaCO3 - carbonato de cálcio) e Halite (NaCl - Cloreto de sódio).

Minerais constituintes de rochas como o Calcário e Salgema,

respectivamente.

2. A partir de uma substância fundida também se pode dar Cristalização.

Quando um magma arrefece os diferentes íons são atraídos uns pelos

outros formando "núcleos cristalinos" dos diferentes minerais. A

cristalização efetua-se pelo acarreio de íons, nas mesmas proporções

em que formam as partículas constituintes da rocha sólida resultante.

Exemplos mais comuns são os minerais silicatados como a Olivina,

Quartzo, Moscovita, Biotite, Feldspatos, que são minerais

constituintes de rochas como o Granito e Gabro.

3. A terceira forma de cristalização, a partir de um gás ou vapor, é menos

freqüente que as anteriores, embora os princípios fundamentais sejam

idênticos. Os átomos dos elementos dissociados agrupam-se

lentamente quando se dá o arrefecimento de um gás, até formar um

sólido com uma estrutura cristalina bem definida. Como exemplo

deste modo de cristalização tem os cristais de Enxofre que se formam

por arrefecimento das fumarolas vulcânicas e vapores carregados de

enxofre, nas regiões vulcânicas.

2.3 Propriedades dos Minerais

Os minerais apresentam propriedades físicas, químicas e ópticas que permitem

a sua caracterização e identificação.

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As propriedades físicas dos minerais por serem de uso fácil

observável em amostra de mão, são as mais utilizadas para uma primeira identificação.

O conhecimento destas propriedades e a maneira prática de

fundamentais na identificação de minerais, conjuntamente com a utilização de tabelas

ou chaves dicotômicas.

2.3.1 Propriedades Físicas

a) Clivagem

Propriedade que alguns minerais têm de se fragmentarem segundo

determinadas superfícies planas e paralelas.

A estas superfícies planas chama-se plano de clivagem.

Planos de Clivagem

Geralmente brilhantes.

Direção cristalográfica definida. Correspondem às direções

onde as ligações iônicas ou

atômicas são mais fracas.

Podem repetir-se paralelamente a si

próprios.

Como bons exemplos de minerais com boa clivagem temos:

• A moscovite apresentando uma única direção de clivagem

• A calcite apresentando três direções de clivagem - clivagem romboédrica

• A galena apresentando uma clivagem cúbica.

Segue-se uma figura ilustrando estes três exemplos apresentados.

MOSCOVITE GALENA

Basal Cúbica Romboédrica

As propriedades físicas dos minerais por serem de uso fácil e imediato e

mais utilizadas para uma primeira identificação.

O conhecimento destas propriedades e a maneira prática de investigá-las são

na identificação de minerais, conjuntamente com a utilização de tabelas

Propriedade que alguns minerais têm de se fragmentarem segundo

Correspondem às direções

onde as ligações iônicas ou

atômicas são mais fracas.

Como bons exemplos de minerais com boa clivagem temos:

A moscovite apresentando uma única direção de clivagem - clivagem basal.

clivagem romboédrica.

se uma figura ilustrando estes três exemplos apresentados.

CALCITE

Romboédrica

b) Fratura

Designa-se por fratura a maneira como certos minerais partem, esta rotura não

tem direções ou planos definidos e distinguem

serem:

Superfícies de fratura

Geralmente baças.

Irregulares e não planas.

Não se repetem paralelamente a si próprias.

Os principais tipos de fratura são:

Conchoidal, concoidal

Fratura com superfícies côncavas e convexas, lisas ou estriadas,

semelhantes a conchas.

Ex: quartzo

Esquirolosa

Fratura com esquírolas pontiagudas (aguçadas),

da madeira quando parte.

Ex: anfíbolas

Irregular Fratura onde

Ex: turmalina

Ilustração da clivagem e fratura dos Minerais:

Clivagem

se por fratura a maneira como certos minerais partem, esta rotura não

tem direções ou planos definidos e distinguem-se facilmente dos planos de clivagem por

Geralmente baças.

Irregulares e não planas.

repetem paralelamente a si próprias.

Os principais tipos de fratura são:

Fratura com superfícies côncavas e convexas, lisas ou estriadas,

semelhantes a conchas.

Fratura com esquírolas pontiagudas (aguçadas), à semelhança

da madeira quando parte.

Fratura onde o mineral parte segundo uma superfície irregular.

Ilustração da clivagem e fratura dos Minerais:

Fratura

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c) Dureza

A dureza é a resistência que o mineral oferece a ser riscado por outro mineral

ou objeto alternativo. A dureza depende do tipo de ligações químicas presentes no

mineral, ou seja, quanto mais fortes forem estas ligações maior dureza terá o mineral.

Poderá ser avaliada comparando-a com a de certos minerais-padrões. A escala

de dureza mais vulgar constituída por minerais-padrões, é a escala de Mohs, constituída

por 10 graus correspondentes às durezas relativas de 10 minerais, ordenados por ordem

crescente de dureza. Cada um dos minerais desta escala risca o anterior, de dureza

inferior, e é riscado pelo seguinte na escala, portanto de dureza superior.

Quando se vai riscar um mineral mais duro com outro menos duro, este vai

desgastar-se sobre o mais duro, à semelhança de quando se escreve com giz no quadro

preto ou quando se escreve com o lápis no papel.

Poderão também utilizar-se objetos de dureza conhecida, para evitar o desgaste

constante dos minerais, sendo os mais comuns:

• Unha

• Prego (cobre)

• Canivete (aço)

• Vidro

Escala de Mohs

Au

men

to d

a d

ure

za

←← ←←

Grau Mineral

1 Talco

2 Gesso

3 Calcite

4 Fluorite

5 Apatite

6 Ortose

7 Quartzo

8 Topázio

9 Corindo

d) Brilho

O brilho dos minerais é o modo como estes refletem a luz incidente nas suas

superfícies, de preferência as não alteradas.

Quanto ao brilho dividem-se os minerais em:

Brilho Metálico

Característico de determinados minerais que apresentam elevado índice

de refração, como por exemplo, metais nativos (ouro, prata). Têm

aparência brilhante dos metais.

Brilho Sub-metálico Brilho um pouco menos intenso que o metálico, exemplo volframite.

Brilho Não Metálico

Característico dos minerais de cor clara, em geral transparentes ou

translúcidos. Individualizam-se variedades dentro deste brilho:

• Vítreo - semelhante, no aspecto ao vidro.

• Nacarado - aspecto do das pérolas;

• Gorduroso - aspecto oleoso;

• Sedoso - semelhante ao da seda;

• Adamantino - aspecto semelhante ao do diamante, brilho

intenso;

• Resinoso - aspecto da resina.

e) Cor

A cor dos minerais é a característica mais fácil de observar, e pode ser muito

importante, quando é típica de um mineral, mas há o caso de minerais que podem

apresentar várias cores. Resulta da absorção de algumas radiações da luz branca que

incide sobre o mineral.

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Assim quanto à cor, os minerais podem ser:

Idiocromáticos Minerais cuja cor é característica e invariável de amostra

para amostra.

Alocromáticos

Minerais que apresentam cores variáveis.

Exemplo do quartzo que vai desde o incolor, rosa, lilás,

amarelo, fumado, etc.

Minerais brilho metálico e

submetálico

Regras gerais produzem risca de cor escura. Por vezes de cor

bastante diferente da do mineral.

Ex. pirite amarelo-latão e risca quase preta.

Minerais de brilho

não metálico e alocromáticos Geralmente tem traço branco ou acinzentado.

Minerais de brilho

não metálico e idiocromáticos Traço da cor do mineral, em geral mais esbatida.

f) Diafaneidade

Diafaneidade ou transparência é a maior ou menor permeabilidade à luz dos

minerais, ou seja, a quantidade de luz que deixam atravessar.

Os minerais podem ser:

Hialinos Através dos quais os objetos são visíveis sem

modificação da cor.

Transparentes

Através dos quais os objetos são visíveis com possíveis

modificações da cor, mantendo-se os contornos

nítidos.

Translúcidos Deixam-se atravessar parcialmente pela luz, mas os

objetos não são claramente visíveis.

Opacos Não se deixam atravessar pela luz.

Hialinos Transparentes Translúcidos Opacos

g) Sabor e Cheiro

Para certos minerais estas propriedades são bons elementos de diagnóstico.

São por exemplo os casos de:

Halite - Sabor salgado

Silvite - Sabor amargo

Arsenopirite - Cheiro a alho

Enxofre - Cheiro a ovos pobres

h) Magnetismo

Certos minerais são fortemente atraídos pelo ímã como a magnetite e a

pirrotite, outros não são atraídos ou são muito pouco atraídos.

Para diagnosticar esta propriedade utiliza-se um ímã ou uma bússola.

i) Radioatividade

Alguns minerais possuem propriedades radioativas. São exemplo os minerais de

urânio. Esta propriedade pode evidenciar-se utilizando contadores de partículas -

contador Geiger.

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j) Fluorescência

A luz ultravioleta é invisível para os seres humanos, porque as suas ondas são

muito curtas e não detectadas pelos nossos olhos. Mas alguns minerais emitem luz

quando expostos a luz ultravioleta, diz-se que são minerais fluorescentes.

Estes minerais absorvem a luz ultravioleta e refletem-na em ondas mais longas

estes detectados pelos nossos olhos.

Exemplo mais comum é da fluorite, mineral que dá o nome a propriedade.

2.3.2 Propriedades Químicas dos Minerais

Estas propriedades são estudadas em laboratórios mineralógicos utilizando

variadas técnicas desde as clássicas até às técnicas mais sofisticadas, como difração de

raios X ou microssonda eletrônica.

Principais classes em que, estão agrupados os minerais

Elementos nativos

São os minerais que ocorrem na natureza em estado

puro, não combinado - como o ouro, prata, cobre,

enxofre, diamante, grafite.

Sulfuretos Minerais metálicos de que é exemplo a pirite,

calcopirite, galena, blenda.

Óxidos e hidróxidos

Minerais comuns, sobretudo nos ambientes mais

superficiais da Terra, de que fazem parte entre muitos

outros a hematite, goethite, pirolusite e magnetite.

Halóides Classe restrita que reúne os halogenetos naturais

como a halite, silvite, fluorite.

Carbonatos, nitratos

e boratos Calcite, dolomite, malaquite, rodocrosite.

Silicatos

São os minerais mais abundantes da crosta terrestre e

são próprios das rochas endógenas (magmáticas e

metamórficas) embora apareçam em rochas

sedimentares. Como exemplos, olivina, turmalina,

piroxenas, anfíbolas, biotite, moscovite, quartzo e

feldspatos.

2.3.3 Propriedades Ópticas dos Minerais

O estudo e observação das propriedades ópticas dos

minerais são muito importantes, mas também muito complexo, pois

só assim, podemos estudar minerais que formam as rochas mesmo

quando são tão pequenos que não se vêem a olho nu.

Para se poderem observar as rochas e os minerais ao

microscópio petrográfico é necessário cortá-los em lâminas delgadas muito finas com

0,03mm de espessura para a luz transmitida do microscópio o poder atravessar.

2.3.3.1 Observação de Minerais ao Microscópio

Petrográfico

Os minerais podem ser observados ao microscópio de duas formas que diferem

pelas modificações que a luz sofre na travessia:

i. Luz Paralela ou nicóis paralelos - Os minerais são iluminados por feixe paralelo

de luz.

ii. Luz polarizada ou nicóis cruzados - A iluminação dos minerais é igual à da

observação em luz paralela, só que se sujeita a luz emergente da lâmina a uma

nova polarização - Analisador.

Page 12: Introdução à Geologia

A observação em luz paralela é indicada para na observação de propriedades

ópticas vulgares, tais como:

• Diafaneidade - Os minerais negros são opacos (não deixam atravessar a luz), os

restantes são transparentes ou translúcidos.

• Hábito - Dá-se o nome de hábito de um cristal ao seu aspecto geral. Exemplos

de hábitos:

- Hábito romboédrico - quando os cristais têm a forma de losangos.

- Hábito prismático - quando os cristais têm a forma de prismas.

- Hábito acicular - quando os cristais têm a forma de agulhas.

a) Forma dos minerais

Cristais euédricos

Limitados por linhas poligonais correspondentes às faces dos cristais.

Cristais anédricos

Possuem limites irregulares.

b) Clivagem

Presença de uma ou mais séries de linhas paralelas que cortam o mineral.

c) Cor

Cor que o mineral apresenta em luz transmitida.

d) Pleocroísmo

Variação de cor do mineral com a orientação da iluminação em luz polarizada,

ou seja, rodando a platina.

Algumas imagens microscópicas de minerais em luz paralela e luz cruzada:

Feldspato – Microclina.

Observação microscópica em luz polarizada.

Moscovite.

Observação microscópica em luz polarizada.

Quartzo

Luz natural

Luz polarizada

3.0 Rochas

As rochas são associações compatíveis e estáveis de um ou mais minerais.

O estudo das rochas pode ter vários fins, pode fazer-se um estudo das rochas

como fontes ou reservatórios de matérias-primas (minérios, materiais de construção,

combustíveis fósseis, águas subterrâneas, etc.), ou podem estudar-se com fins

científicos, com vista a conhecer melhor o nosso planeta, já que as rochas são o

Page 13: Introdução à Geologia

testemunho mais importante da história da Terra e dão-nos ainda bases para conhecer a

história do Sistema Solar.

3.1 Tipos de Rochas

3.1.2 Ambientes de Formação das Rochas

Os três grandes ambientes geológicos geradores de rochas, também ditos

petrogênicos são:

• Ambiente magmático;

• Ambiente sedimentar;

• Ambiente metamórfico.

As principais diferenças entre eles são definidas em termos de:

• Pressão;

• Temperatura;

• Composição química.

A estes ambientes correspondem respectivamente, as rochas magmáticas, as

rochas sedimentares e as rochas metamórficas.

a) Ambiente Magmático

O ambiente magmático caracteriza-se geralmente por:

i. Temperaturas elevadas (acima dos 800ºC);

ii. Pressões muito variadas, desde muito baixas, no caso do Vulcanismo, a

muito altas, no caso do Plutonismo, ocorrido no interior da Litosfera,

variando num intervalo que reflete as diferentes profundidades a que

pode ocorrer;

iii. Variações de composição química, considerada restrita em

comparação com ou outros ambientes.

b) Ambiente Sedimentar

É praticamente o ambiente existente à superfície da Terra, caracteriza-se por:

i. Baixos valores de temperatura e pressão;

ii. Grande variabilidade na composição química dos materiais;

iii. Proporcionar grandes transformações químicas, tais como a oxidação,

carbonatação, hidrólise e a hidratação.

c) Ambiente Metamórfico.

É caracterizada por um grande intervalo de pressões e temperaturas.

Consoante o valor relativo de cada um destes dois parâmetros, o

metamorfismo pode ser essencialmente térmico - Metamorfismo de Contacto, ou

essencialmente dinâmico - Metamorfismo Regional estreitamente ligado com a

formação das cadeias montanhosas.

Quanto à temperatura os valores não excedem, em regra, os 800ºC (valor que

marca o início da fusão de parte dos minerais, isto é o começo do magmatismo). O

ambiente metamórfico tem assim lugar em meio essencialmente sólido.

3.2 Ciclo das Rochas ou Ciclo Petrogênico

As rochas geradas num determinado ambiente geológico são estáveis enquanto

permanecem nesse mesmo ambiente. Uma mudança nas condições do ambiente induz

Page 14: Introdução à Geologia

a transformações mais ou menos lentas de modo a que as rochas se adaptem e fiquem

estáveis nessas novas condições.

As principais alterações são as da sua textura e a criação de novos minerais de

acordo com o novo ambiente, a partir da destruição de outros que mediante as novas

condições deixam de ser estáveis. Por exemplo, muitos dos minerais das rochas que se

formam em zonas profundas da litosfera alteram-se quando chegam à superfície, dando

origem a outros minerais que vão participar na formação das rochas sedimentares. Estas

rochas, com o decorrer do tempo geológico podem ser sujeitas a novas condições

termodinâmicas, originando rochas metamórficas e mesmo magmáticas quando há

fusão do material.

Podemos dizer que as rochas dependem umas das outras e que ao longo do

tempo se transformam umas nas outras, dando lugar aos diferentes tipos litológicos ou

petrográficos.

A litosfera é a zona da Terra onde se dão os processos internos, a grande

profundidade e que consomem energia vinda do interior do Globo, tais como o

magmatismo, incluindo o vulcanismo, o metamorfismo e outras ações que resultam em

deformações da crosta (dobramentos e falhas) e deslocações da litosfera - são os

chamados fenômenos geodinâmicos internos ou endógenos.

Os processos que ocorrem na superfície ou na película mais externa da crosta

terrestre, e que consomem energia exterior ao nosso planeta, principalmente energia

solar, são chamados fenômenos geodinâmicos externos ou exógenos.

A partir do magma por arrefecimento, solidificação e cristalização originam-se

as rochas magmáticas ou ígneas que por processos de levantamento podem chegar à

superfície onde ficam sujeitas aos processos geodinâmicos externos (meteorização,

erosão, transporte e sedimentação) originando-se sedimentos.

Posteriormente, estes sedimentos são sujeitos a processos físico-químicos que

conduzem à formação de rochas sedimentares. O conjunto desses processos denomina-

se por diagénese. À medida que estas rochas ou os sedimentos, vão atingindo zonas

mais profundas da litosfera, por subsidência ou por subdução, a temperatura e a

pressão aumentam dando-se então inicio a processos metamórficos com geração de

rochas metamórficas. Com a continuação do aumento de pressão e temperatura, as

rochas podem fundir dando origem a um magma, completando assim o ciclo.

Dentro deste ciclo existem ciclos menores, como se pode ver na figura abaixo,

já que uma rocha magmática ou uma rocha sedimentar podem sofrer processos

metamórficos e mesmo voltar a fundir originando um magma.

Ciclo das Rochas ou Ciclo Petrogênico.

Page 15: Introdução à Geologia

4.0 Rochas magmáticas ou ígneas

Tal como o nome indica, estas rochas forma-se a partir da cristalização de um

magma, podendo também ser designadas por ígneas.

O ambiente em que se formam as rochas magmáticas é caracterizado por

temperaturas muito elevadas, o que permite a existência de materiais rochosos em

fusão (magma).

O magma gera-se a grandes profundidades, durante a sua ascensão pode

estacionar em câmaras magmáticas aonde vai arrefecendo, consoante o arrefecimento

se processa de uma forma lenta ou rápida, as rochas que se vão formar apresentam

características texturais diferentes. O magma poderá ainda subir para níveis mais

superficiais, sob a forma de filões, diques, soleiras, etc, ou poderá mesmo sair

diretamente para o exterior por processos de vulcanismo.

Representação esquemática dos principais tipos de estruturas intrusivas e extrusivas

Consoante a profundidade a que o magma solidifica classificam-se as rochas

em:

i. Rochas Plutônicas ou Intrusivas

Resultam do arrefecimento e cristalização lenta do magma em

profundidade, os minerais que se vão formar apresentam

dimensões consideráveis, sendo facilmente visíveis à vista

desarmada. Um exemplo deste tipo de rochas são os granitos.

Existem também como referimos rochas magmáticas que se

formam a profundidades intermédias em estruturas filonianas

como os diques e as soleiras ou filões camada.

ii. Rochas Vulcânicas ou Extrusivas

Quando a consolidação do magma é feito à superfície ou

muito perto dela, as rochas designam-se vulcânicas. Estas rochas

resultam do arrefecimento muito rápido do magma, visto a

temperatura da superfície ser bastante inferior à temperatura a

que se encontrava o magma, assim, os minerais não têm tempo

suficiente para se desenvolver e por esta razão vão apresentar

dimensões muito reduzidas por vezes até microscópicas. Os

basaltos são as rochas vulcânicas mais comuns.

4.1 Textura das Rochas Magmáticas

Como se acabou de ver, as rochas magmáticas intrusivas ou plutônicas são

aquelas que solidificam lentamente no interior da crosta, portanto os minerais têm mais

tempo para se formarem e diz-se que estas rochas têm textura holocristalina, granular

ou fanerítica, em que todos os minerais seus constituintes são visíveis a olho nu. Esta

Page 16: Introdução à Geologia

pode ser de grão fino, designando-se por textura aplítica, quando todos os cristais são

de grandes dimensões têm textura pegmatítica. Certas rochas têm cristais grandes, que

sobressaem na massa granular da rocha, diz-se que têm textura porfiróide

Tipo de Texturas:

TEXTURA GRANULAR

Os minerais apresentam sensivelmente

as mesmas dimensões

TEXTURA PORFIRÓIDE

No seio de uma massa mais fina ocorrem

cristais bem desenvolvidos

TEXTURA PEGMATÍTICA

Os minerais da rocha apresentam-se em

cristais de grandes dimensões

TEXTURA APLÍTICA

Os minerais apresentam-se em pequenos

grãos quase invisíveis à vista desarmada

As rochas magmáticas extrusivas ou vulcânicas são as que têm um

arrefecimento rápido à superfície, e por isso, os minerais são de pequenas dimensões e

não se distinguem à vista desarmada, diz-se que têm textura afanítica

microscópio petrográfico se podem observar os seus constituintes, ou textura vítrea em

que não há individualização dos seus minerais nem mesmo quando observados ao

microscópio, como por exemplo, os vidros vulcânicos, (obsidiana).

, quando todos os cristais são

. Certas rochas têm cristais grandes, que

textura porfiróide.

As rochas magmáticas extrusivas ou vulcânicas são as que têm um

arrefecimento rápido à superfície, e por isso, os minerais são de pequenas dimensões e

textura afanítica, em que só ao

ico se podem observar os seus constituintes, ou textura vítrea em

que não há individualização dos seus minerais nem mesmo quando observados ao

microscópio, como por exemplo, os vidros vulcânicos, (obsidiana).

Existem rochas que se formam em profundidades i

se observam cristais mais desenvolvidos,

textura afanítica. Diz-se que estas rochas apresentam

4.2 Minerais das Rochas Magmáticas

Os minerais mais comuns nas rochas magmáticas são: quartzo, feldspatos e

plagioclases, feldspatóides (nefelina, leucite), micas (moscovite, biotite), piroxenas,

anfíbolas e olivina. Estes podem ser em cada caso

caracterizam a rocha que os contém, ou podem ser minerais acessórios, que existindo

numa rocha não afetam as características da mesma.

Quadro classificativo das principais rochas magmáticas em função dos minerais

presentes:

Rochas

Magmáticas

PLUTÓNICAS

VULCÂNICAS Quartzo

Feldspato

Potássico

Feldspato

Calco-sódico

GRANITO

RIÓLITO

SIENITO

TRAQUITO

DIORITO

ANDESITO

GABRO

BASALTO

Minerais abundantes (essenciais)

Minerais pouco abundantes (acessórios)

Minerais raros (acessórios)

Existem rochas que se formam em profundidades intermédias ou à superfície nas quais

se observam cristais mais desenvolvidos, fenocristais, dispersos numa matriz com

se que estas rochas apresentam textura porfírica.

inerais das Rochas Magmáticas

Os minerais mais comuns nas rochas magmáticas são: quartzo, feldspatos e

plagioclases, feldspatóides (nefelina, leucite), micas (moscovite, biotite), piroxenas,

anfíbolas e olivina. Estes podem ser em cada caso essencial, ou seja, são os que

rocha que os contém, ou podem ser minerais acessórios, que existindo

numa rocha não afetam as características da mesma.

Quadro classificativo das principais rochas magmáticas em função dos minerais

Principais Minerais

Moscovite Biotite Anfíbola Piroxena Olivina

Page 17: Introdução à Geologia

4.3 Cor das Rochas Magmáticas

Para a classificação das rochas magmáticas, faz-se a distinção entre minerais

mais claros, denominados de félsicos (quartzo, feldspatos) e minerais mais escuros,

designados de máficos (biotite, piroxenas, anfíbolas e olivinas).

As proporções relativas entre estes dois tipos de minerais, permitem classificar

as rochas em:

Rochas Leucocratas

De cor clara, ricas em minerais félsicos e, portanto,

pobres em máficos.

Ex. Granito, Riólito, Sienito, Traquito.

Rochas Mesocratas

De cor intermédia, com proporções aproximadas dos

dois tipos de minerais.

Ex. Diorito, Andesito.

Rochas Melanocratas De cor escura, ricas em minerais máficos.

Ex. Gabro, Dolerito, Basalto.

Para a classificação em amostra de mão utilizam-se quadros como o da figura

seguinte:

Principais

minerais

Textura

5.0 Rochas metamórficas

As rochas metamórficas geralmente resultam da transformação de rochas pré-

existentes. Estas transformações decorrem quando essas rochas atingem grandes

profundidades ou quando são encaixantes nas intrusões magmáticas, sem, contudo

passarem pelo estado de fusão. Nestes casos, devido às novas condições de pressão e

de temperatura, diferentes das que presidiram à sua gênese, as rochas vão sofrer

alterações nas suas características originais.

Metamorfismo

É o conjunto das transformações e das reações que uma rocha sofre quando é sujeita a condições de pressão e

temperatura diferentes das que presidiram à sua gênese.

Estas modificações consistem essencialmente nos reajustamentos

mineralógicos e texturais das rochas em conseqüência das novas condições físico-

químicas, nomeadamente de pressão e temperatura do meio. Mas outros fatores

também são muito importantes no metamorfismo como é o caso da ação dos fluidos e

do tempo.

Todos estes fatores não atuam conjuntamente e com a mesma intensidade

falando-se de diferentes tipos e intensidade de metamorfismo. Quanto maiores forem à

temperatura e pressão maior será a intensidade do metamorfismo e maiores vão sendo

as transformações das rochas até chegar a um ponto chamado de ultra-metamorfismo,

que faz a transição para o ambiente magmático. Inversamente variações muito

pequenas de temperatura e pressão induzem transformações menos acentuadas das

rochas podendo facilmente concluir-se qual a rocha inicial metamorfizada.

Page 18: Introdução à Geologia

Geralmente estas rochas são deformadas, apresentando foliação e xistosidade.

A xistosidade é evidenciada pela facilidade com que a rocha se destaca em lâminas,

como é exemplo o xisto. A foliação é evidenciada por bandas alternadas de minerais

claros e minerais escuros e/ou pela orientação preferencial dos minerais que as

constituem.

O metamorfismo encontra-se freqüentemente associado à formação de cadeias

montanhosas e diz-se que o metamorfismo é do tipo "regional", pois afeta grandes

quantidades de rochas com espessura e superfície consideráveis. Mas as rochas

metamórficas também poderão resultar das alterações térmicas que as rochas

encaixantes sofrem quando se dão as intrusões de maciços magmáticos. Fala-se então

de metamorfismo de contacto, afetando apenas as rochas envolventes do maciço.

Metamorfismo de Contacto

A transformação da rocha ocorre na vizinhança de

uma intrusão magmática. A temperatura e os fluídos

deverão ser os fatores de metamorfismo

dominantes.

Metamorfismo Regional

Metamorfismo de caráter regional e normalmente

associado à orogênese.

Resumindo, a rocha metamórfica é a rocha resultante de um processo de

alteração das condições originais que presidiram à sua gênese. Esta alteração das

condições do meio vai ter como conseqüência uma resposta da rocha que terá que se

adaptar às novas condições, podendo alterar a sua textura e os seus minerais

constituintes passando a possuir outros mais estáveis nas condições actuais. Alguns

destes novos minerais permitem avaliar as condições de pressão e temperatura a que as

rochas estiveram sujeitas e designam-se por minerais-índice ou tipomorfos, como por

exemplo, a estaurolite e silimanite e dizem-se também minerais característicos do

ambiente metamórfico.

Seguem-se alguns exemplos de rochas metamórficas.

Page 19: Introdução à Geologia

i. Ardósia

Caracterizam-se por apresentar uma série de planos, muito bem

definidos, que se sobrepõem uns aos outros. Os minerais que o constituem são

em geral minerais de argila e apresentam dimensões tão reduzidas que não se

distinguem a olho nu. Por vezes, contêm fósseis.

ii. Xisto

Caracteriza-se por apresentar uma textura formada por uma série de

planos. Os minerais que o constituem são em geral filosilicatos, (ex.: Biotite e

Clorite) e apresentam dimensões tão reduzidas que não se distinguem a olho

nu. Distinguem-se das Ardósias por os planos de xistosidade ter maior brilho.

Resultam essencialmente da transformação de rochas argilosas.

iii. Gnaisses

Freqüentemente derivado de rochas ricas de quartzo e feldspato. Os

minerais encontram-se todos recristalizados e dispostos segundo faixas mais ou

menos paralelas, formando bandas alternadas, claras e escuras. Regra geral os

grãos apresentam uma forma arredondada ou lenticular.

iv. Quartzitos

Rocha essencialmente constituída por grãos de quartzo resultantes da

recristalização de arenitos siliciosos. Por norma apresenta tonalidades claras.

v. Mármores

Rocha resultante da recristalização de calcários ou dolomias.

Distinguindo-se destas rochas pela dimensão dos grãos de calcite, visíveis à

vista desarmada, e pelo seu brilho.

5.1 Seqüências Metamórficas

Considera-se como seqüência metamórfica, o conjunto de rochas derivadas de

mesmo tipo de rocha original, correspondentes a sucessivos graus crescentes de

metamorfismo.

a) Seqüência Argilosa - Originada a partir de argilitos ou de siltitos é representada

pela sucessão:

ARDÓSIA > FILÁDIOS > MICAXISTOS > GNAISSES

b) Seqüência Básica - Originada a partir de basaltos, gabros, etc. É representada

pela sucessão:

XISTOS VERDES > ANFIBOLITOS

c) Seqüência Quartzo-feldspática - Originada a partir de rochas graníticas e

riolíticas, mostra os seguintes termos:

GNAISSES > MIGMATITOS

d) Seqüência Carbonatada - Com inicio nos calcários, evolui para mármores.

CALCÁRIOS > MÁRMORES

e) Seqüência Carbonácea - Desenvolvida a partir de carvões fósseis, é

representada por:

ANTRACITE > GRAFITE

Page 20: Introdução à Geologia

6.0 Rochas sedimentares

A gênese de sedimentos, isto é, a formação de produtos resultantes da

alteração das rochas preexistentes, pertence ao conjunto de processos que ocorrem à

superfície da crosta. Sob determinadas condições, estes sedimentos podem vir a formar

rochas, chamadas rochas sedimentares.

As rochas sedimentares resultam do transporte, acumulação e consolidação

dos sedimentos, provenientes, quer da erosão de rochas preexistentes, quer da

precipitação química de substâncias, quer de material correspondente a conchas,

esqueletos, espículas de organismos mortos.

Estas, constituem uma fina película, cuja espessura raramente ultrapassa os

2Km, cobrindo no entanto cerca de 80% da superfície do planeta, constituindo a maioria

das suas paisagens.

As rochas sedimentares sofrem um longo processo de transformações, que se

inicia com a alteração e termina na diagénese ou litificação.

6.1 Ciclo Sedimentar

As rochas da superfície terrestre estão a ser continuamente alteradas por

agentes naturais, como a água, os gases atmosféricos, a ação dos seres vivos e as

variações de temperatura. Os produtos resultantes da alteração podem ser detríticos

(ex.: pedras soltas, areia, fração fina dos solos) ou dissolverem-se na água.

Quase simultaneamente com a alteração das rochas dá-se a sua erosão, que é o

processo de arrancar e deslocar os materiais rochosos previamente alterados.

Depois são transportados por diversos agentes, como as águas dos rios e o

vento, e acumulam-se em lugares favoráveis, como por exemplo, rios, lagos, lagoas,

praias e fundos oceânicos, dando-se a sedimentação desses materiais. Se o agente de

transporte é a água, durante a sedimentação, também podem depositar-se por

precipitação química as substâncias dissolvidas na água, dando origem a rochas

sedimentares de origem quimiogénica, como é o caso do gesso e do salgema.

Também poderão sedimentar restos de conchas, carapaças e esqueletos de

animais mortos se estes existirem no local de acumulação ou nas proximidades, como

numa praia ou num lago.

Alteração ou Meteorização Processo pelo qual as rochas perdem as características

físico-químicas originais.

Erosão Fenômeno de desgaste dos materiais rochosos por

ação das águas, vento e seres vivos.

Transporte Movimento dos materiais resultantes da erosão, pela

ação da água, do vento e da força da gravidade.

Sedimentação Processo de deposição dos sedimentos previamente

erodidos e transportados.

Normalmente, os agentes de erosão são também agentes de transporte e

sedimentação, pois estes processos podem ocorrer simultaneamente. A estes se dá o

nome de Agentes de Erosão, Transporte e Sedimentação, sendo os mais importantes:

• A água da chuva, rios, mares, glaciares;

• O vento;

• A força da gravidade.

Em resumo, na sedimentação podem participar isolados ou em conjunto,

detritos ou clastos arrancados a rochas preexistentes, substâncias dissolvidas nas águas

e sedimentos de origem orgânica.

Page 21: Introdução à Geologia

Depois da sedimentação, inicia-se o último processo por que passa os

sedimentos, antes da formação das verdadeiras rochas sedimentares, a Diagênese.

Começa com a redução de volume dos sedimentos, devido ao peso dos sedimentos que

se vão depositando por cima. Nos sedimentos mais profundos vão-se reduzindo os

espaços vazios e estes começam a agregar-se e a compactar. Com a compactação, os

sedimentos tornam-se mais resistentes adquirindo um aspecto de rocha.

Diagênese

Conjunto de processos situados entre a sedimentação

e o metamorfismo, que atuam sobre os sedimentos

provocando a sua compactação e formação de rochas

mais consistentes.

Associada à compactação dos sedimentos, decorre o processo de cimentação

que consiste no aparecimento de uma matriz, ou seja, material muito fino entre os grãos

dos sedimentos, ou um cimento resultante da precipitação de substâncias, geralmente

carbonato ou sílica, conferindo mais consistência.

Nos sedimentos mais profundos, podem existir também modificações nos

minerais e alterações químicas com trocas de substâncias entre as rochas e as soluções

que circulam em volta, dando origem a novos minerais designados de neoformação.

Ciclo Sedimentar

6.2 Classificação das Rochas Sedimentares

As rochas sedimentares classificam-se em três grupos principais, consoante a

origem dos sedimentos que as constituem:

6.2.1 Rochas Detríticas

São rochas cuja componente predominante são os detritos de rochas

preexistentes, resultantes sobretudo da alteração e erosão que atuaram sobre essas

mesmas rochas.

Podem dividir-se em dois grandes grupos:

• Rochas sedimentares detríticas móveis

Como exemplo, os calhaus, areias, argilas e os siltes.

• Rochas sedimentares detríticas consolidada

Caso dos conglomerados, brechas, arenitos, siltitos e dos argilitos .

Quanto ao tamanho dos sedimentos, estes são designados:

Rochas

Consolidadas Tamanho Dimensão Rochas móveis

Brechas,

Conglomerados Balastros > 2mm Cascalheiras

Arenitos Areias 2 - 1/16mm Areias

Siltitos Siltes 1/16 - 1/256mm Siltes

Argilitos Argilas < 1/256mm Argilas

Page 22: Introdução à Geologia

6.2.2 Rochas Quimiobiogénicas ou Organogénicas

Resultam da acumulação de organismos depois de mortos ou de detritos da sua

actividade.

A esses restos de organismos preservados nas rochas chamam-se fósseis, é o

exemplo da rocha diatomito que é constituída essencialmente por carapaças de

diatomáceas.

As rochas fossíliferas mais comuns são os calcários fossilíferos, que resultam da

precipitação de carbonato de cálcio que vai cimentar e consolidar restos de animais.

Quando se dá a preservação das partes orgânicas, caso não sejam totalmente

decompostas, pode dar-se a formação de rochas carbonáceas - estas rochas incluem os

carvões fósseis e os hidrocarbonetos naturais como o petróleo.

6.2.3 Rochas Quimiogénicas

Resultam da precipitação a partir de substâncias dissolvidas na água que

poderão através dela serem transportadas a longas distâncias.

A precipitação dos produtos que irão dar origem a estas rochas dá-se em

condições químicas e de temperatura que não permitem que a água continue a

transportá-los. Formam-se então rochas de precipitação química como, por exemplo, as

estalactites, calcário comum e o sílex.

O processo mais comum de precipitação é a evaporação, verificado no caso das

rochas evaporíticas. Originam-se por precipitação de sais quando se dá a evaporação das

águas que os contêm em solução, como exemplos têm o gesso e a halite (sal de

cozinha).