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Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino, na Pesquisa e na Extensão – Região Sul 1 Intersecções metodológicas entre História Oral, Análise Crítica do Discurso, Gênero e Teorias Migratórias Jamylle Rebouças Ouverney-King Universidade Federal de Santa Catarina UFSC- PPGCH, [email protected] Marcos Fábio Freire Montysuma Universidade Federal de Santa Catarina UFSC PPGCH, [email protected] Eixo temático: Conhecimento Interdisciplinar Apresentação Discutimos aqui as considerações teórico-metodológicas, as quais julgamos pertinentes para uma análise minudente das questões subjetivas que envolvem sujeitos de origem anglo-americana, que por motivos de ordem pessoal, decidiram se deslocar de seus países de origem para viver no Brasil. Para tanto, dividimos essa discussão em cinco seções nas quais iremos nos ocupar de questões referentes à memória, narrativa e experiência em associação com a História Oral; como a História Oral e Análise Crítica do Discurso podem ampliar os conhecimentos investigativos linguísticos em se tratando de análise discursiva; de que formas os estudos de gênero e masculinidades se inserem no contexto de investigação; como os estudos sobre subjetividades dialogam de forma interdisciplinar com a análise social e de relações de gênero; e, por fim, em que contexto as questões sobre mobilidades humanas são trazidas numa pesquisa que busca uma visão ampliada e não reificadora do sujeito migrante. Maria Cecília Minayo (2010) esclarece que a interdisciplinaridade nas ciências humanas permeia todo o processo de pesquisa. Está presente desde a concepção e escolha do objeto, ou no caso em tela, para atuarmos com os sujeitos com os quais interagimos na pesquisa. Então, já no início, realizamos uma seleção de pressupostos teóricos e metodológicos, para desenvolver uma análise compatível com as nossas utopias de pesquisa, em conformidade com os objetivos previstos no projeto. A autora torna claro que a interdisciplinaridade não é um método ou uma teoria, mas uma abordagem para analisar e/ou pesquisar os fenômenos sociais. Por este meio procuramos atuar dentro de uma forma que visa potencializar possibilidades de interpretações da ação dos sujeitos. Agindo assim, procuramos nos distanciar de uma visão que aborda os conhecimentos das pessoas de modo fechado, estanque. Em nosso caso, muito pelo contrário, as consideramos de um modo amplo, multifacetado, englobando muitas possibilidades que nos chegam através de seus discursos. Por isso, examinamos outras visões relativas aos

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Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino, na Pesquisa e na Extensão – Região Sul

1

Intersecções metodológicas entre História Oral, Análise Crítica do Discurso, Gênero e

Teorias Migratórias

Jamylle Rebouças Ouverney-King Universidade Federal de Santa Catarina –UFSC- PPGCH, [email protected]

Marcos Fábio Freire Montysuma Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC – PPGCH, [email protected]

Eixo temático: Conhecimento Interdisciplinar

Apresentação

Discutimos aqui as considerações teórico-metodológicas, as quais julgamos pertinentes para uma

análise minudente das questões subjetivas que envolvem sujeitos de origem anglo-americana, que por

motivos de ordem pessoal, decidiram se deslocar de seus países de origem para viver no Brasil.

Para tanto, dividimos essa discussão em cinco seções nas quais iremos nos ocupar de questões

referentes à memória, narrativa e experiência em associação com a História Oral; como a História Oral e

Análise Crítica do Discurso podem ampliar os conhecimentos investigativos linguísticos em se tratando de

análise discursiva; de que formas os estudos de gênero e masculinidades se inserem no contexto de

investigação; como os estudos sobre subjetividades dialogam de forma interdisciplinar com a análise social e

de relações de gênero; e, por fim, em que contexto as questões sobre mobilidades humanas são trazidas

numa pesquisa que busca uma visão ampliada e não reificadora do sujeito migrante.

Maria Cecília Minayo (2010) esclarece que a interdisciplinaridade nas ciências humanas permeia

todo o processo de pesquisa. Está presente desde a concepção e escolha do objeto, ou no caso em tela, para

atuarmos com os sujeitos com os quais interagimos na pesquisa. Então, já no início, realizamos uma seleção

de pressupostos teóricos e metodológicos, para desenvolver uma análise compatível com as nossas utopias

de pesquisa, em conformidade com os objetivos previstos no projeto.

A autora torna claro que a interdisciplinaridade não é um método ou uma teoria, mas uma abordagem

para analisar e/ou pesquisar os fenômenos sociais. Por este meio procuramos atuar dentro de uma forma que

visa potencializar possibilidades de interpretações da ação dos sujeitos. Agindo assim, procuramos nos

distanciar de uma visão que aborda os conhecimentos das pessoas de modo fechado, estanque. Em nosso

caso, muito pelo contrário, as consideramos de um modo amplo, multifacetado, englobando muitas

possibilidades que nos chegam através de seus discursos. Por isso, examinamos outras visões relativas aos

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aspectos tratados nas entrevistas que realizamos. Aqui, contudo, nos concentramos no aporte teórico que, se

a princípio pode sustentar, também pode dialogar com a pesquisa.

Memória, narrativa e experiência através da História Oral

Adotamos nesta pesquisa a metodologia da História Oral considerando as experiências dos sujeitos e

nos voltamos para as memórias reveladas através de suas narrativas. É através dessas categorias que

lançamos nossas possibilidades de análises.

As entrevistas de história de vida (ALBERTI, 2005), são uma possibilidade de vislumbrar a trajetória

da vida de um sujeito e sua relação com o tema investigado. A narrativa, por sua vez, pode apresentar

diversas subdivisões temáticas em seu percurso narrativo. Vem daí a riqueza e a importância do trabalho que

realizamos, pois possibilitamos que os sujeitos atribuam outras dimensões para suas experiências.

Por meio das entrevistas de história de vida vimos ocorrer varias temáticas presentes, sem que exista,

necessariamente, um assunto central, nuclear. Essa perspectiva facilita o trabalho de pesquisa ao lidamos

com os discursos proferidos pelos sujeitos, propiciando uma análise interdisciplinar dos conteúdos. Vem daí,

também, a nossa escolha pela Análise Crítica do Discurso como outra fonte teórica para a análise, uma vez

que esta oferece condições para uma investigação linguística dos significados atribuídos ao discurso, o que

veremos com mais profundidade adiante.

Registramos que o trabalho com história oral envolve, na maioria das vezes, uma abordagem

multi/inter/transdisciplinar. Mas convém alertar ao leitor que esta não é uma condição previamente

determinada. Sua assertiva deriva da percepção e do perfil da pessoa que atua na elaboração do texto, como

o artesão que vai alinhavando, unindo as partes entre conteúdos discursivos, que foram colhidos e conteúdos

discursivos de caráter teórico.

Consideramos em nossas análises que os sujeitos narradores efetuam interpretações subjetivas

atribuindo significados às suas experiências. Verena Alberti (1996, pp. 910-911) advoga que a “experiência

– que foi vivida – é transmitida através da linguagem” e ela faz uma ponte esclarecendo que “[...] entre a

experiência em si e sua transmissão, a linguagem realiza o trabalho de cristalizar as imagens que se referem

e significam a experiência”. Portanto, a consumação da palavra, que externa uma ideia, expressa o conteúdo

interpretativo elaborado pelo sujeito a respeito do que passou.

Michel Pollak (1992) considera as questões relativas à memória importantes na pesquisa histórica.

Defende que a relação estabelecida entre a memória e o ato da entrevista, consiste na ideia de que tanto o

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entrevistado, quanto o entrevistador, seriam personagens e autores, simultaneamente, da história que um

narra e que o outro ouve. Nisso ocorre uma interação, na qual o entrevistador, em que pese compartilhar o

ato criativo do conteúdo, fica a mercê dos exercícios da memória da pessoa que tem diante de si.

No momento em que realizamos as entrevistas em História Oral temos uma interatividade, em que

ocorre a promoção de uma interface constante entre imagens, discursos, eventos, sentimentos, enfim, uma

pletora de sensações que convivem misturando tempos e lugares na memória do narrador. Estes vêm à tona

colorindo a narrativa com detalhes e nuances que permitem ao ouvinte, e até ao próprio narrador, ter/em

uma visualização do que está sendo narrado, e nisto nos oferecem uma variedade de elementos plausíveis de

análise.

Desta forma, entendemos que memórias e identidades mantêm-se unidas com o objetivo de estarem

sempre modelando, ou promovendo a manutenção, a subjetividade do narrador, isto é, o personagem da

narrativa, o dono da memória e da identidade narrada. As identidades dos sujeitos são como personagens

que vão construindo suas histórias a partir das memórias retidas.

Combinando História Oral com Análise Crítica do Discurso

Se por um lado a metodologia da História Oral possibilita a constituição de fontes, entre narrador/a e

pesquisador/a, para que se possa compreender um fato. Por outro lado, a ênfase da análise crítico-discursiva

toma o discurso do sujeito, que narra amparado na sua memória. É o relato decorrente desta condição que se

tornará o centro da análise narrativa do pesquisador.

Através da Análise Crítica do Discurso, o enfoque é centrado na organização linguística do discurso

e como essa organização toma sentido quando inserida no contexto da prática social. Abordar as questões

discursivas também está no escopo de ação de segmentos que atuam na História Oral, quando realizamos

análise social.

Falar sobre os significados que os sujeitos atribuem aos fatos e às experiências transcorridos na

história e nas suas vivências, via Análise Crítica do Discurso, é considerar os dispositivos linguísticos

presentes na oralidade, alguns transferidos para a escrita, e que nos permitem fazer interpretações acerca do

tema pesquisado.

Faz-se mister ressaltar o fato de que se fossemos nos valer somente das palavras e seus significados

isolados, não poderíamos contar com o aparato sociocultural, que cerca as palavras no discurso e promove a

presença da “representação de mundo” (FAIRCLOUGH, 2010b, p. 46), dos conhecimentos, das

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experiências e vivências do sujeito sobre o tema – o que chamamos de background – que, por sua vez, são

refletidos no discurso.

Em nossas análises consideramos a categoria experiência essencial na compreensão do papel dos

sujeitos, visto que, na pesquisa, percebemos as interjunções discursivas, através das quais inserem elementos

que valorizam aspectos ou momentos transcorridos em suas vidas.

Segundo Norman Fairclough (2010b, p. 93) os discursos são “[...] formas de significar áreas da

experiência a partir de uma experiência particular [...]”, assertiva corroborada em Joan Wallach Scott (1999,

p.42) ao declarar que a “experiência é uma história do sujeito. A linguagem é o local onde a história é

encenada”. Logo os discursos enunciados nos remetem às experiências individuais, nos oferecendo nuances

do que a pessoa experimenta e, deslindam aspectos acerca da construção imagética, via memória, sobre

percursos de suas vidas.

A análise crítica do discurso nos permite investigar a língua e a linguagem em três esferas que não se

separaram: o texto, a prática discurso e a prática social. A análise textual, focada, muitas vezes, em

expressões e vocábulos e suas simbologias léxico-semânticas nos remetem, por sua vez, à prática discursiva

do sujeito que, por sua vez, também pode nos remeter à prática social. A análise dessas três esferas, em

conjunto, permite, por outro lado, vislumbrar as percepções identitárias dos sujeitos migrantes.

Sabendo que a narrativa revela, através do estilo linguístico, a prática discursiva (FAIRCLOUGH,

2010a; 2010b) à época da migração, além de promover a construção imagética do migrar, utilizaremos a

proposta de reflexão teórica híbrida, a ser explanada em breve, acerca da migração para identificar as

percepções e sentimentos presentes nas memórias das trajetórias de migração dos sujeitos anglo-americanos.

Essa análise revela as particularidades que os fazem migrar e assim traçar uma visão panorâmica da

trajetória do migrante antes e depois de migrar em um contexto de prática social.

Através da ótica de Pollak (1992), nossas memórias são permeadas por acontecimentos, personagens

e lugares sobre os quais falamos. E assim o fazemos porque são representativos e como tais os elegemos em

análise em nosso trabalho. Destarte, utilizaremos a ferramenta proposta pelo autor, acerca dos efeitos

constitutivos da memória para identificar os acontecimentos, os personagens e os locais aos quais os

entrevistados se reportam para narrar seus pontos de partida e de chegada. A partir daí, podemos identificar

nas práticas sociais discursivas a presença de estereótipos sobre o Brasil, Nordeste, João Pessoa, dos/as

brasileiros/as e como estes são (des)construídos pelos sujeitos.

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Uma análise discursiva que não considera tais elementos pode levar a uma interpretação limitada, no

mínimo, e de pouca intensidade semântica para o contexto investigado. Além disso, Marcos Montysuma

(2006, p. 123) assevera que “a fonte, nesse caso, é a palavra que adquire um caráter documental, por estar

convertida em documento sonoro gravado”.

Nesse sentido, a preservação da fonte oral é um ato de preservação daquele momento histórico da

entrevista e serve, igualmente, como forma de resguardar a narrativa do entrevistado. Daí a importância da

constituição dessas fontes orais e sua associação interdisciplinar com a Linguística, já que como advoga

Portelli (2005), ocorre uma recordação do fato histórico não de forma passiva e sim criativa, pois ao ativar a

memória e utilizar o que o autor chama de “filtro linguístico” o sujeito elabora os significados ou atribui

novos significados.

As fontes orais são capazes de revelar as nuances de significados que não estão aparentemente

escritos, mas repousam na percepção do pesquisador, porque a linguagem oral reflete a cultura e a

espontaneidade do orador no ato da fala. A linguagem escrita, em tese, sedimenta a norma culta, rouba a

espontaneidade da linguagem falada, para dar vazão à racionalidade da norma, da regra gramatical.

Logo, trabalhar com as fontes orais possibilita retermos significados unidos por uma ponte entre a

análise linguística e a análise que reflete a posição dos indivíduos na sociedade em que estão inseridos. A

associação entre elas permite a travessia dessa ponte, concedendo uma análise social da língua e,

consequentemente, dos sujeitos e suas subjetividades. Entender a ordem social dos discursos é, acima de

tudo, posicionar-se criticamente, não para julgar, mas para compreender, numa atitude de percepção, por

quais caminhos trafegam as análises que os sujeitos realizam quando narram suas experiências.

Gênero e masculinidades

Com o objetivo de possibilitar uma visão sobre as mobilidades de homens que se deslocaram dos

Estados Unidos e do Reino Unido para o Brasil, os estudos de gênero e, consequentemente, os estudos sobre

masculinidades estarão presentes nesse percurso teórico.

As questões de gênero, muitas vezes já complexas por natureza como bem aponta Judith Butler

(1990), têm em seu cerne a interdisciplinaridade como ponto de partida, uma vez que, sem ela, muitas visões

sobre as relações de gênero seriam inviáveis. Compreender ações, visões de mundo, atitudes, físicas ou

discursivas, relacionadas aos homens e mulheres por um viés interdisciplinar é possibilitar que a linguagem

de gênero ultrapasse as fronteiras do social, do político e do acadêmico para além da representação de

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grupos. Falamos em homens e mulheres no plural, pois assim englobamos pluralidades e diferenças evitando

o essencialismo na categorização.

Com base em uma perspectiva que orienta para a necessidade de pluralidade e diversidade, Mara

Lago (1999) observa que tanto as feminilidades quanto as masculinidades são marcadas de forma cultural,

com diferentes padrões e valores comportamentais que podem, muitas vezes, ser relacionados aos gêneros a

depender da cultura em que estão inseridos.

Nesse sentido, refletimos que, ao se deslocarem de uma cultura para outra, os sujeitos vêm munidos

de valores, atitudes, relações interpessoais e comportamentais, que podem ser transferidas, naturalmente,

para a cultura de destino, ou não. Dentro da acepção proposta orientamos nosso foco, que tem origem nos

estudos de gênero, para os estudos sobre masculinidades.

É importante pensar em masculinidades mas não de uma forma ideologizada, isto é, enquanto

dispositivo de uso de poder de um grupo sobre outro, ou como referência dominante já que, quando imposta

a primazia de um significado, ou conceito, em detrimento de outro, perde-se a comunicação de significados

(CERDA & BUSTOS, 2005), o que, em nossa opinião, faz com que ocorra um processo de ideologização

conceitual e, consequentemente a retirada da característica mutável do conceito. Afinal, não são

masculinidades estáticas e sim construídas nas práticas sociais, assim como as identidades culturais, então

são dinâmicas per se.

Desta forma, como mencionamos anteriormente, as masculinidades também são orientadas

culturalmente, daí a necessidade de inserção da categoria nesta pesquisa que busca ilustrar as expressões de

masculinidades nos discursos dos sujeitos que se deslocam.

Subjetividades

Em busca de uma análise compreensiva da experiência do migrar, julgamos necessária a inserção de

reflexões teóricas, ainda que não pelo viés metodológico e sim puramente teórico-filosófico, que auxiliem a

interpretação de categorias como subjetividades, já que investigamos as subjetividades intrínsecas às

trajetórias de migração do migrante masculino, através do aporte de Hall (2011) acerca da identidade

cultural no mundo contemporâneo e suas multifacetadas formas de ser.

Pesquisas com trajetórias de vida serão sempre permeadas por questões de subjetividades, como bem

aponta Portelli (1996) quando estabelece uma conexão entre os atos de recordar e contar como sendo, em si

próprios, fazes de interpretação do sujeito sobre o fato que está sendo questionado.

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Nesse sentido, se são interpretações, são subjetivas per se. Todavia, não devem ser jamais julgadas

como passíveis de falhas ou enganos. Ao contrário, as interpretações, enquanto ações subjetivas do narrador,

devem ser consideradas participações colaborativas na constituição daquele fato ou evento narrado. Ainda

que o sujeito em si não tenha participado do evento, através da sua narrativa ele proporciona ao ouvinte, e

pesquisador, a sua visão, a sua compreensão, do ponto de vista de alguém que, de fato, participou, e ainda

participa, física ou cognitivamente.

Seguindo a via na qual a constituição subjetiva ocorre de forma relacional e intersubjetiva, podemos

afirmar que o sujeito se constitui na linguagem e na cultura a qual interage, nos „apontando‟ sua identidade

cultural, uma vez que o sujeito pode agir sem a intenção premeditada de nos dizer de onde fala.

E como identidade cultural “não pode ser definida apenas por sua presença positiva e conteúdo.

Todos os termos da identidade dependem do estabelecimento de limites – definindo o que são em relação ao

que não são” (HALL, 2003, p. 85). Assim sendo, consideramos as questões subjetivas como definidas para

além do que é observável no mundo físico, constituídas na relação entre presença e ausência, uma relação

que não pode ser considerada nem antagônica, muito menos dualista, mas sim dicotômica, pois é a presença

de um elemento que determina a ausência de outro, e assim por diante.

Da mesma forma ocorre com as subjetividades contemporâneas e as sobreposições de camadas de

subjetividades umas sobre as outras. O sujeito evidencia subjetividades ou expressões subjetivas quando

sente necessidade de fazê-lo. Para ilustrar, podemos dizer que a presença do sujeito migrante em terras

brasileiras lhe concede a circunstância subjetiva de estrangeiro, mas sem uma identidade cultural brasileira.

A mesma relação de ausência e presença ocorre quando ele se ausenta de seu país de origem e viaja

para o Brasil, assumindo a condição de estrangeiro, porém, quando retorna também retoma sua condição de

pertencimento àquele país, perdendo o condição de estrangeiro no país em que era visitante.

Além da presença no ideário de „uma‟ identidade cultural brasileira não podemos obliterar a

constituição das „marcas‟ sociais que os migrantes podem apresentar no ideário do/a brasileiro/a, ao serem

representados pela figura do „gringo‟, que, por sua vez, também possibilita a produção de „fantasias‟ sobre o

„ser anglo-saxônico‟ ou „anglo-americano‟.

Desta forma, inferimos que a pesquisa que trás migrantes como cenário de estudo pode tanto

oportunizar a visão do que é ser brasileiro para os sujeitos migrantes, como igualmente a impressão que os

sujeitos migrantes desenvolvem sobre o que é ser um „gringo‟ em terras brasileiras, a partir do olhar e da

interação social com brasileiros.

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Isto posto, investigamos, através do discurso narrado – e a partir de recordações –, a constituição das

características subjetivas inerentes aos deslocamentos dos sujeitos anglo-americanos, discurso que é

multifacetado e plural na sobreposição de vários momentos na vida do migrante e, por conseguinte,

permeado por várias práticas sociais subjetivas.

Mobilidades

Estamos cientes da inexistência de uma reflexão teórica, ou de uma teoria que, de forma compacta e

precisa, englobe homogeneamente as mobilidades aqui estudadas. Daí advém nossa proposta híbrida, isto é,

de associação com várias propostas e reflexões teóricas acerca das mobilidades humanas objetivando uma

visão que supera as fronteiras disciplinares e não se encerra somente em conceitos econômicos, políticos,

entre outros, que até hoje serviram para explicar o perambular humano, além das convencionais fronteiras

nacionais.

Oferecemos uma perspectiva que escape à visão cristalizada que tanto as reflexões teóricas quanto as

teorias clássicas de migração vêm convencionando. Para tanto, descortinamos agora os elementos que

consideramos basilares das reflexões teóricas selecionadas e que irão nos auxiliar a analisar de forma

interdisciplinar e interseccional as narrativas dos entrevistados.

A seleção foi feita empiricamente, já que tomamos por base as entrevistas realizadas e as primeiras

impressões. Logo, procuramos amalgamar partes das proposições teóricas que contribuíram de modos

distintos para essa reflexão acadêmica de modo que podemos caracterizar melhor os sujeitos e suas

mobilidades tão singulares no panorama moderno.

Mesclamos as noções de alteridade e diferença, apresentadas por Brah (2003), Ribeiro (2005),

Appiah (2006) e Benson (2009) sobre a visão do outro, como basilares na constituição das trajetórias

subjetivas dos migrantes, uma vez que é através do olhar do sujeito que se desloca que poderemos observar

suas relações subjetivas e de gênero. Suas apreensões em relação à cultura em que se propõe inserir.

Atitudes que causam estranhamentos ou que os acolhem enquanto sujeitos de outras culturas.

A aproximação entre alteridade e diferença nos permite avaliar como esse sujeito migrante se sente

inserido, ou não, aceito, ou não, pela cultura brasileira. Além disso, nos permite observar também a visão

dele sobre o sujeito brasileiro, sobre a cultura brasileira e outras nuances que porventura possam surgir em

seu discurso.

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Faz-se mister apontar o contexto histórico e social em que ocorre a renovação subjetiva ao qual nos

reportamos enquanto uma pesquisa que tem como pano de fundo a mobilidade: falamos do que é tido como

„segunda onda da globalização‟. A segunda onda é denominador comum a concepções teóricas como o

transnacionalismo (SCHILLER & WIMMER, 2002) que fomenta e, por vezes, agencia algumas trajetórias

de deslocamento.

As formas de migração e de estabelecimento, ou não, como é o caso dos transmigrantes, também se

fazem importantes para uma pesquisa que traz sujeitos que não expressam o desejo de retorno (CASTLES,

2002).

Além disso, vamos nos valer das reflexões propostas por Hoey (2009), Benson (2009), O‟Reilly &

Benson (2009) e Casado-Diaz (2009) ao citarem o estilo de vida e a busca pela qualidade da mesma como

alavanca para a mobilidade. Não desconsiderando o valor do local muito bem exposto por Hoey (2009) e

Garcês (2006). A reflexão dos autores detalha sujeitos que buscam locais onde possam prolongar a

estimativa de vida, o notório „viver mais‟ e com mais saúde, como é o caso de aposentados ingleses que

migram para a costa espanhola ou italiana. Ou locais onde se permitam um encontro com o „eu interior‟,

como é o caso de europeus que se deslocam para um período de retiro espiritual na Índia e por lá decidem

ficar.

No caso dos sujeitos entrevistados, o estilo de vida e a busca por uma vida com mais conforto e

realização pessoal é uma constante na trajetória de vida deles. Um estilo de vida que não se remete única e

exclusivamente ao campo profissional como uma fuga do stress da cidade grande. São sujeitos que

atravessam a fronteira da preocupação capitalista pelo acúmulo financeiro e se empenham em uma vida para

si e para sua família em um ambiente com clima mais ameno e menos flutuante.

Apropriamo-nos anteriormente do termo híbrido tomando por base Homi Bhabha e sua descrição de

um “momento ambíguo e ansioso de ... transição, que acompanha nervosamente qualquer modo de

transformação social, sem a promessa de um fechamento celebrativo ou transcendência das condições

completas [...]” (1997 apud HALL, 2003, p. 75). Enfim, poderíamos dizer que o hibridismo, em qualquer

aplicação que tenha, desperta o senso crítico naquele/a que dele se apropria para aplicá-lo. A vontade de ver

o que existe do outro lado, a necessidade de conhecer o outro.

O hibridismo teórico, nesse caso, é, acima de tudo, uma relação de alteridade com a proposta

contrária, ainda que esta não tenha sido revelada ou descoberta, ele estará sempre aberto e pronto para cingir

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essa nova (re)proposta, permitindo outras interpretações, sem cair nas falácias utópicas de uma doutrina, ou

uma política, ou uma teoria que deseje ser completa.

Daí sua associação, mais que pertinente, com a interdisciplinaridade, pois em uma visão de teoria,

pelo menos do ponto de vista daquela que busca a completude, uma teoria será sempre parca no sentido de

não conter acepções suficientes para dar conta do que pretende. Por isso não deve buscar a completude e sim

a associação.

Considerações finais

Discutimos neste artigo, de modo breve, como a interdisciplinaridade permeia a metodologia, de

pesquisa e de análise, e como os conhecimentos de vários campos epistemológicos nos permitem olhares

menos generalizadores ou reificadores sobre as trajetórias dos sujeitos.

Dentro da perspectiva que encadeia história oral, análise crítico-discursiva, gênero, masculinidades,

subjetividades e migrações, localizamos as narrativas para entender os deslocamentos e as características

inerentes que fazem os sujeitos mudarem de lugar, tendo em vista que, no patchwork em que vivemos de

uma sociedade globalizada, a união de fragmentos, em suas semelhanças e diferenças, é o que compõe a

sociedade, tornando-a plural e interdisciplinar.

Com base nas ações revividas através das narrativas, podemos desenhar os passos do futuro e

maximizar experiências positivas e minimizar as negativas. Usamos o termo História, ou história, mas

relembramos que história não remete única e exclusivamente ao passado. Escrevemos história a cada minuto

respirado, rua atravessada, som emitido, alimento experimentado. Ainda que não seja um fato social

histórico e relevante para a sociedade ao redor, a pesquisa com trajetórias de vida é uma forma de escrita de

história, a história de um sujeito, de suas subjetividades, sujeitos que se deslocaram do hemisfério norte para

o sul.

Percebemos a escrita dessas histórias ao entrevistá-los e ouvir suas trajetórias de migração que, de

tão abundantes em detalhes, nuances, expressões e representações subjetivas, merecem um olhar mais atento

e menos reificador. Menos genérico do que o olhar proposto pelas teorias e reflexões teóricas

universalizadoras da migração.

Um olhar que revele a autenticidade de cada uma dessas mobilidades, nas particularidades que as

compõem, afinal como Scott (1999, p. 24) concebe “ver é a origem do saber”. Mas como concretizar esse

olhar? Se é que podemos, de fato, concretizar um olhar.

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Se nos empreendemos a fazê-lo, devemos estar conscientes de que a concretização desse olhar ocorre

em uma fração de segundo na qual o olhar ocorreu e em uma outra oportunidade, esse olhar pode ter uma

concretização totalmente dessemelhante. Além disso, por estarmos lidando com interpretações estamos

lidando com atribuições de significados e, portanto, com autenticidade das informações que são validadas na

voz daquele sujeito que narra.

É através dos relatos dos sujeitos sobre suas trajetórias de deslocamentos que construímos um

quadro, uma cena, uma reprodução escrita da memória que permite uma „visualização‟, uma construção

imagética do relato. Nesse painel pictórico transmitimos a experiência desse sujeito.

Transformamos essa visão em saber e, consequentemente, ao reproduzir essa construção através da

escrita, estamos comunicando não somente a experiência daquele sujeito relator mas a nossa experiência

como aqueles que ouvem, visualizam, escrevem e transmitem. Uma transmissão que precisa, acima de tudo,

considerar as esferas comunicativas e como essa narrativa é expressada, isto é, considerar de forma

interdisciplinar as multifacetadas interpretações que a narrativa permite ter e ver aquele que a narra.

Retomamos Alberti (2005, p. 10) quando ela se questiona se todas as entrevistas são “realmente

importantes para o estudo do passado e do presente”. Vamos mais longe e encorajamos nossos colegas

pesquisadores a pensarem para além de uma dicotomia passado-presente.

Portelli (2005, p. 05) recomenda que “podemos pensar as fontes orais como algo que acontece no

presente, ao invés de apenas um testemunho do passado”. De fato, as pesquisas em História Oral são muito

valiosas social, antropológica, linguisticamente, enfim, em um sem-número de esferas disciplinares, que

uma vez em uma situação interdisciplinar, são úteis tanto para a reintegração do passado no presente, quanto

para potenciais perspectivas futuras. Os entrevistados têm nos mostrado isso ao destacaram, antes mesmo da

pesquisa finalizada, que já enviaram minha versão transcrita para seus filhos e netos conhecerem um pouco

do itinerário de deslocamento que eles percorreram até chegar ao hoje.

Ao respeitar as singularidades e as alteridades, estamos nos proporcionando o gozo de um eterno

aprendizado, do que temos em comum, ou daquilo em que diferimos uns dos outros. Além disso, perceber as

motivações que levam os sujeitos a migrarem para o Brasil, em particular para João Pessoa, no Nordeste,

nos remete à compreensão das leituras subjetivas de mundo através das pessoas entrevistadas na pesquisa.

Ante ao exposto, reiteramos o viés interdisciplinar da abordagem aqui sugerida, permitindo um

diálogo teórico e metodológico das questões apresentadas no projeto de pesquisa. Esta condição é forjada de

forma prática na união da História Oral como metodologia e as demais orientações teóricas, por onde

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problematizamos as questões acerca das subjetivas, das identidades culturais, dos estudos de gênero e

masculinidades, em combinação com Análise Crítica do Discurso. Ao nos apropriarmos desse tipo de

abordagem temos potencializadas as condições de êxito da pesquisa por onde é possível compor um

panorama de análise consistente do objeto de estudo.

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