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Giovani Ângelo Silva da Nóbrega

Integrais de Linha Intervalares:

Fundamentos e Aplicações

Natal � RN

Maio / 2010

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Giovani Ângelo Silva da Nóbrega

Integrais de Linha Intervalares:

Fundamentos e Aplicações

Dissertação apresentada como requisitopara aprovação na disciplina Dissertação deMestrado no período 2010.1.

Orientador:

Prof. Dr. Benjamin Rene Callejas Bedregal

Co-orientador:

Prof. Dr. Roberto Callejas Bedregal

Grupo de Lógica, Linguagem Informal, Teoria e Aplicação � LoLITA

Programa de Pós-Graduação em Sistemas e Teoria da Computação

Departamento de Informática e Matemática Aplicada

Centro de Ciências Exatas e da Terra

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Natal � RN

Maio / 2010

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Dedico este trabalho aos meus pais, quem sempre me apoiaram e me forneceram

toda a educação necessária.

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Agradecimentos

Primeiramente agradeço a Deus por toda a força e inteligência concedida, além de

ter guiado os meus passos. Segundo, este trabalho não teria sido feito sem a ajuda

de diversas pessoas com quem convivo. Agradeço à minha família que sempre me

apoiou. Agradeço a todos os professores da minha graduação e pós-graduação, em espe-

cial àqueles que me ensinaram e orientaram sobre matemática e teoria da computação.

E especialmente ao professor Benjamin Rene Callejas Bedregal pela paciência, incentivo

e pelo exemplo de competência e humanidade. Agradeço ao professor Enivaldo Bonelli

pela paciência, amizade e pelas aulas informais sobre física e matemática.

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Resumo

A necessidade de uma precisão e de uma aproximação dos resultados numéricos

�zeram com que diversas teorias surgissem: dentre elas, destacamos a Matemática In-

tervalar. A Matemática Intervalar surgiu na década de 60 com os trabalhos de pesquisa

de Moore (MOORE, 1959) , em que ele propôs trabalhar com uma Matemática baseada

na noção de intervalo real e não mais com um número como aproximação. Com isso,

surgiu a necessidade de revisitar e reformular os conceitos e resultados da Matemática

Clássica utilizando como base a noção de intervalo de Moore. Uma das áreas da Mate-

mática Clássica que tem tido muitas aplicações em engenharias e ciências é a Análises

Numérica, onde um dos seus pilares é o Cálculo Integral e em particular as integrais de

linha. Assim, é muito desejável se ter um cálculo integral dentro da própria Matemática

Intervalar.

No presente trabalho apresenta-se uma noção de Integral de Linha Intervalar base-

ada na extensão de integração proposta por Bedregal em (BEDREGAL; BEDREGAL,

2010). Para a fundamentação apresenta-se incialmente uma introdução sobre a pespec-

tiva em que o trabalho foi realizado, considerando alguns aspectos histórico-evolutivos

da Matemática Clássica. Os conceitos de Integrais de Linha Clássica, bem como algu-

mas das suas aplicações mais importantes. Alguns conceitos de Matemática Intervalar

necessários para o entendimento do trabalho. Para �nalizar propomos uma aplicação

da integral de linha em um experimênto clássico da mecânica quântica (a difração de

um elétron em uma fenda) que graças ao fato de ser a Matemática Intervalar utilizada,

nos dá um foco mais detalhado e mais próximo da realidade.

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Palavras-chave: Matemática Intervalar, Análise Intervalar, Integral de Linha e

Matemática Aplicada.

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Abstract

The requirement of a greater precision and approximation of numerical results gave

rise to various theories: among them, we can highlight the mathematics of intervals.

The mathematics of intervals appeared in the 60s with the research works by Moore, in

which he proposed to work with mathematics based on the notion of real interval instead

of pointed numbers. So, a necessity of revisiting and reformulating the concepts and

results of classic mathematics appeared, using Moore's notion of intervals as basis. One

of the �elds in classic mathematics which has had plenty of application in engineering

and sciences is the numerical analysis, whose one important basis is the full di�erential

calculus and, in particular, the line integrals. Therefore, it is really desirable to have a

di�erential and full calculus inside the mathematics of intervals itself. However, scienti-

�c work reasonably based in such theory cannot be found in the literature, that means,

works which contain a notion of integrals and derivatives for functions of interval that

ful�ll a similar result to the fundamental calculus theorem. This work presents a notion

of integral of line of intervals based on the integration extension proposed by Bedregal.

As fundamentals, this work presents, at �rst, an introduction about the perspective

adopted by it, considering some historical-evolutionary aspects of classic mathematics.

The classical concepts of integrals of line, as well as some of their most important appli-

cations. Finally, an application of a line of integral in a classical experiment on quantum

mechanics (a di�raction of an electron into a crack) is proposed, which, due to the fact

of the usage of the mathematics of intervals, provides a more detailed focus, closer to

reality.

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Sumário

Lista de Figuras

Lista de Símbolos

1 Introdução p. 11

1.1 Cálculo Integral Clássico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 12

1.2 Cálculo Integral Intervalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 13

2 Integral de Linha Clássica p. 15

2.1 Caracterização da Integral de Linha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 15

2.2 Propriedades de Integrais de Linha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 17

2.3 Aplicações de Integrais de Linha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 18

2.3.1 Densidade Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 18

2.3.2 Lei de Biot-Savart . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 18

2.3.3 Mercado Financeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 19

3 Fundamentos de Matemática Intervalar p. 22

3.1 Conceitos fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 22

3.2 Propriedades Algébricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 24

3.3 Relação de Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 24

3.4 Topologia no I(R) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 25

3.5 Integração Intervalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 28

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3.5.1 Integral de Moore e Yang . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 28

3.5.2 Integral de Bedregal-Bedregal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 29

4 Integral de Linha Intervalar p. 30

5 Aplicação da Integral Intervalar de Linha Intervalar p. 39

5.1 Difração de uma Partícula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 40

5.2 Experimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 41

5.3 Modelagem Intervalar do Experimento de Difração de uma Partícula . p. 43

5.3.1 Considerações Finais sobre o Experimento . . . . . . . . . . . . p. 53

6 Conclusões e Trabalhos Futuros p. 55

6.1 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 55

6.2 Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 56

Referências Bibliográ�cas p. 57

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Lista de Figuras

2.1 Variação dos índices Dow Jones . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 20

5.1 Modelo de Difração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 42

5.2 Modelo da Difração Intervalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 43

5.3 Representação geométrica dos átomos e suas distâncias . . . . . . . . . p. 44

5.4 Força gerada pelo campo elétrico da fenda . . . . . . . . . . . . . . . . p. 47

5.5 Função força intervalar resultante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 49

5.6 Grá�co do Trabalho do Movimento 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 52

5.7 Grá�co do Trabalho do Movimento 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 53

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Lista de Símbolos

I intervalo real

P(I ) conjunto de partições do intervalo I

P Partição

Subconjunto aberto do Rn

I(R) Extensão dos reais intervalar

I Subconjunto de intervalos de IR

diam(A) Distância dos extremos do intervaloFA Supremo de A

dA In�mo de A

j j Operador de módulo

k k Operador de norma

max(X) Valor máximo real do conjunto X

min(X) Valor mínimo real do conjunto X

Dom(f) Domínio da função f

�(F;�;P) Somatório inferior de RiemannP(F;�;P) Somatório superior de RiemannRB

A F (X)dX Integral intervalar de FR�F (X)dS Integral de Linha Intervalar de F sobre �

k�(t)k Norma da função �

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1 Introdução

A computação cientí�ca tem ganho cada vez mais espaço no meio ciênti�co, isso

por apresentar resultados cada vez mais rápidos e e�ciêntes no processamento de in-

formações numéricas. Junto a esse ganho de espaço no meio cientí�co veio também

a necessidade do conhecimento e do controle rigoroso dos erros gerados e acumulados

durante o processamento dos dados. Existem, basicamente, três tipos de erros previstos

na computação: o primeiro tipo de erro é aquele oriundo das falhas ou incapacidade de

medição dos dados de entrada, devido a não serem erros da computação não é possível

torná-los su�cientemente pequenos. O segundo e terceiro tipo de erros são os relaci-

onados ao arredondamento e truncamento. O erro de arredondamento consiste na

aproximação de números reais para um número �nito de dígitos, já o erro de trunca-

mento surge do truncamento de um processo iterativo onde uma sequência in�nita de

operações aritméticas deve ser parada após um número �nito de etapas. Tanto o erro

de arrendondamento quanto o erro de trucamento podem ser controlados a partir de

processos computacionais rigorosos, porém de custo computacional elevado. No �nal

da década de 50, os trabalhos (MOORE; YANG, 1959) e (SUNAGA, 1958) apresen-

tam uma aritmética baseada em intervalos de extremos reais que tem como objetivo

mostrar uma solução segura e con�ável para problemas que não têm uma entrada de

dados exatos; não têm uma representação �nita na linguagem de máquina, que possam

causar erros de truncamento ou arredondamento durante as interações; e que possibi-

lita o controle automático dos erros da computação numérica. Desde então, diversos

trabalhos tem sido desenvolvidos no intuito de dar uma maior fundamentação a esta

teoria assim como mostrar aplicações bem sucedidas da mesma em várias áreas, em que

destacamos: na física (CHANG; YU; LIOU, 1993), na engenharia (MERLET, 2004),

na robótica (ASHOKARAJ et al., 2004), na teoria de circuitos (KOLEV, 1993) e na

própria matemática (MENDOZA et al., 2009). Mas a evolução da análise intervalar

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1.1 Cálculo Integral Clássico 12

esbarra em alguns problemas que, segundo (TRINDADE, 2009), estão concentrados na

escolha da topologia para a de�nição dos espaços intervalares. Contudo, mesmo com

esses problemas, algumas teorias da matemática clássica tem sido estendidas para a ma-

temática intervalar, porém, no caso da integral de linha não encontramos na literatura

qualquer extensão intervalar da mesma. Este trabalho tem como objetivo desenvolver

tal extensão de forma matematicamente fundamentada.

1.1 Cálculo Integral Clássico

Segundo (BOYER, 1949), o primeiro indício do cálculo integral foi encontrada no

Papiro Egípcio de Moscow datado de 1.800 a.C. que consistia, basicamente, em um

método não formal de cálculo de volume e área das pirâmides. Um outro marco na

evolução da integração foi o surgimento do método de exaustão creditado a Eudoxo,

pelo qual se aproxima a quantidade desejada pelas somas parciais de uma série ou pelos

termos de uma sequência. Arquimedes (287-212 a.C.) com o seu trabalho mostrou um

modelo heurístico do método de exaustão desenvolvido por Eudoxo. Apesar do grande

progresso que o cálculo diferencial e integral ganhou entre os séculos XVI e XVII com

as contribuições dos grandes estudiosos da época, como Newton, Leibniz e Euler uma

fundamentação rigorosa só veio surgir no século XVIII com os trabalhos da época que,

dos quais destacamos os de Cauchy, Riemann e Weierstrass pelo estudo analítico das te-

orias matemáticas até então criadas. Destacamos o trabalho de Riemann sobre integrais

que se tornou importânte na história, segundo (BOYER, 1949), devido a ser a primeira

de�nição formal da integração de uma função de�nida em um intervalo. Apesar da

de�nição de Riemann não ser uma formalização de�nitiva sobre integração, ela serviu

de base para o desenvolvimento das integrais de Riemann-Stieltjes que, posteriormente,

veio a ser estendida por Lebesgue para o que conhecemos como as integrais de Lebes-

gue. Ainda nesse período, os estudos feitos na análise complexa tiveram resultados

fundamentais para a consolidação de teorias que até então não haviam sido veri�cadas

de forma analítica. Destacamos a de�nição da integração no conjunto dos números

complexos que, também, foi de�nida no conjunto dos reais com o nome de integral de

linha que consiste em uma generalização das integrais de�nidas. A generalização das

integrais de�nidas possibilitou aplicações diversas onde destamos a aplicação no proces-

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1.2 Cálculo Integral Intervalar 13

samento digital de imagens (SUNDQUIST, 2003); na física quântica, na estatística e na

matemática �nanceira (KLEINERT, 2004).

1.2 Cálculo Integral Intervalar

Com o sucesso da matemática intervalar, naturalmente, reproduzir as teorias cons-

truidas na matemática clássica para a matemática intervalar veio a ser um dos principais

focos dos pesquisadores da área. O cálculo integral foi uma dessas teorias, onde desta-

camos o trabalho (SUNAGA, 1958) que apresenta a utilização do Método de Simpson1

com o ajuste do erro baseado nas operações em intervalos. Já em (MOORE; YANG,

1959) foi apresentado uma fundamentação teórica do que seria uma integração interva-

lar de uma função intervalar. O trabalho (ACIOLY, 1991) apresenta uma integração

de funções intervalares de�nidas sob a topologia de Scott. Encontra-se no trabalho

(BEDREGAL; BEDREGAL, 2010) a fundamentação de um novo modelo de integração

que pode ser de�nido entre intervalos, diferentemente da integral de Moore que era

de�nida entre números reais. Sob a luz dessa evolução propomos no presente trabalho

uma fundamentação de um modelo de integral de linha intervalar como uma extensão

da integral proposta em (BEDREGAL; BEDREGAL, 2010).

Assim, este trabalho se encontra estruturado nos seguintes capítulos:

O capítulo 2, apresenta um resumo sobre as integrais de linha clássicas, a saber: a

de�nição, o teorema de caracterização, algumas das principais propriedades e aplicações.

O capítulo 3, apresenta um estudo das principais propriedades e aritmética inter-

valar básica (operações básicas); a topologia de Moore no I(R); funções intervalares,

integrações intervalares e relações de pré-ordem no conjunto I(R).

O capítulo 4, desenvolve a proposta da dissertação. Apresentamos a de�nição e a

fundamentação de uma integral de linha baseada na integral fundamentada em (BE-

DREGAL; BEDREGAL, 2010).

O capítulo 5, apresenta um experimento clássico da mecânica quântica, a difração de

elétron em uma fenda. Neste experimento passamos a considerar uma das coordenadas

1método numérico utilizado para o cálculo de integrais de�nidas

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1.2 Cálculo Integral Intervalar 14

da posição relativa do elétron como um intervalo e com isso, foi possível considerar

outras variáveis que até então não estavam inseridas no escopo do problema. Assim é

possível calcular o trabalho, usando a integral de linha intervalar, realizado pelas forças

durante a trajetória da partícula durante o experimento.

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15

2 Integral de Linha Clássica

Intuitivamente podemos pensar em um caminho como um lugar geométrico, ou

seja, como um conjunto de pontos com uma determinada propriedade. Também é

bem possível pensar no caminho como uma trajetória de uma partícula em movimento

em que as coordenadas são funções de um parâmetro que é regido pelo tempo. Esta

abordagem é a mais usada, pois usa como linguagem as funções que permitem explorar

melhor as características do caminho.

2.1 Caracterização da Integral de Linha

De�nição 2.1. Uma partição de um intervalo real I = [a;b] é uma sequência P =

fa= x0;x1; : : : ;xn = bg tal que para cada i= 0; : : : ;n�1, xi <xi+1. P(I) é o conjunto

das partições de I.

De�nição 2.2. A partição P1 de I é mais �na que a partição P2 de I, denotada

por P1 � P2, se P2 � P1.

De�nição 2.3. Um caminho em um aberto �Rn é uma aplicação : I �! cujo

domínio é um intervalo I � R.

Quando o caminho : I �!Rn é diferenciável em todos os ponto de I dizemos que o

caminho é diferenciável em I. A derivada nos dá uma aplicação 0 : I �!Rn. Quando

a aplicação 0 é contínua dizemos que é de classe C1

De�nição 2.4. Seja f : [a;b] �! um caminho com imagem de�nida no aberto

� R, isto é, uma aplicação cujo domínio é um intervalo da reta. Diz-se que o

caminho f : [a;b]�! é diferenciável no ponto t0 2 [a;b] se existe:

f 0(t0) = limh!0

f(t+h)�f(t)

h

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2.1 Caracterização da Integral de Linha 16

chamado a derivada de f no ponto t0 .

De�nição 2.5. Seja a função f : � Rn �! R e o caminho : I �! , a integral

de linha de f sob o caminho é de�nida como

Z fdS = lim

�!0

mXi=0

f( (ti))� (ti)

Onde dS é o comprimento in�nitesimal do caminho gerado pelo caminho .

Teorema 2.1. (FULKS, 1969) Considere uma função f : �Rn �!R de�nida no

aberto . Tomemos uma função : [a;b]�! como uma função caminho. Então

Z fdS =

Za

b

f( (t))k 0

(t)kdt

Demonstração. Considere uma partição P = fa = t0 < t1 < t2 < t3 < ::: < tm = bg de

um intervalo I, onde qualquer partição P 0 = fa = t00 < t01 < t02 < t03 < ::: < t0k = bg que

satisfaça P � P 0. Claramente se veri�ca que

mXi=0

f( (ti))k (ti)� (ti�1)k6kXi=0

f( (t0i))k (t0i)� (t0i�1)k

Sabendo que a função é contínua:

k 0(t)� 0(ti)k6 " 8t 2 [ti�1; ti]; i= 0;1; :::;m

Onde " é uma constante relativamente pequena, Então:

mXi=0

f( (ti))k (ti)� (ti�1)k=mXi=0

f( (t))

Z ti

ti�1

0(t)dt

Mas

Z ti

ti�1

0(ti)dt

� Z ti

ti�1

( 0(t)� 0(ti))dt

6 Z ti

ti�1

0(t)dt

E

Z ti

ti�1

0(t)dt

6 Z ti

ti�1

0(ti)dt

+ Z ti

ti�1

( 0(t)� 0(ti))dt

Além disso

Z ti

ti�1

( 0(t)� 0(ti))dt

6Z ti

ti�1

k( 0(t)� 0(ti))kdt6 "(ti� ti�1)

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2.2 Propriedades de Integrais de Linha 17

Logo

mXi=0

f( (ti))k (ti)� (ti�1)k6mXi=0

(f( (ti))k 0(ti)k(ti� ti�1)+"(ti� ti�1))6

U(f( (t))k 0k;P )+f( (t))"(b�a)

mXi=0

f( (ti))k (ti)� (ti�1)k>mXi=0

(f( (ti))k 0(ti)k(ti� ti�1)�"(ti� ti�1))>

L(f( (t))k 0k;P )�f( (t))"(b�a)

Tomando partições arbitrariamente �nas, conclui-se que:

Za

b

f( (t))k 0(t)kdt�f( (t))"(b�a)6Za

b

f( (t))k 0(t)kdt

e Za

b

f( (t))k 0(t)kdt6Za

b

f( (t))k 0(t)kdt+f( (t))"(b�a)

Sendo um " su�cientemente pequeno.

2.2 Propriedades de Integrais de Linha

Proposição 2.1. Seja f : � Rn �! R e g : � R

n �! R funções de�nidas no

aberto , : [a;b]�! a função que descreve o movimento de uma partícula em

medido em t.

1. Se a e b são números reais quaisquer tem-se

Z (af + bg)dS = a

Z fdS+ b

Z gdS

2. Se a curva � é de class C1 por partes, se for contínua e se existirem uma

partição a = t0 < t1 < ::: < tn = b e curvas i : [ti�1; ti] �! , i = 1;2;3;4; :::;n,

de classe C1. Z fdS =

Z 1fdS+

Z 2fdS+ :::+

Z nfdS

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2.3 Aplicações de Integrais de Linha 18

2.3 Aplicações de Integrais de Linha

2.3.1 Densidade Linear

A integral de linha, relativa ao comprimento de arco, pode ser aplicada no cálculo da

massa de um �o delgado, cuja densidade linear seja conhecida de alguma maneira (valor

escalar ou alguma função com os parâmetros de entradas conhecidas ou estipuláveis).

Sendo assim: Dado a função : [a;b] �! � Rn, que representa a forma do �o, e a

função � : Rn �! R a função densidade do �o, a massa é dada for:

Z �dS =

Z b

a�( (t))k 0(t)kdt

2.3.2 Lei de Biot-Savart

Dada uma carga positiva q, movendo-se a uma velocidade �!v . Essa carga em mo-

vimento origina um campo magnético, cuja a intensidade em um ponto P qualquer é

dada por:

Bq =k q v sen(�)

r2

onde, r é a distância entre a carga e P , e � é o ângulo formado entre �!v ,�!r e k é a

constante eletrostática no vácuo de valor 8;988�109Nm2

C2

Suponha que a corrente elétrica de intensidade i circula um condutor em forma de

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2.3 Aplicações de Integrais de Linha 19

uma curva C. Dividindo o condutor em pequenos segmentos de dimensão ds e admitindo

que a área de sua seção reta é A, podemos dizer que o volume pode ser calculado por

Ads. Sendo, n portadores de carga para cada unidade de volume e cada um de carga

q, então a carga total é:

dQ= n q A ds (2.1)

O conjunto de cargas em movimento é equivalente a uma única carga dQ, movendo em

velocidade �!v , logo em um ponto qualquer P , o campo magnético d�!B produzido pelas

cargas de intensidade dB dada por:

dB =k dQ v sen(�)

r2(2.2)

Substituindo a equação 2.1 em 2.2 teremos

dB =k n q v A ds sen(�)

r2(2.3)

e sendo n q v A a intensidade da corrente i, deste modo:

dB =k i ds sen(�)

r2(2.4)

A expressão 2.4 é conhecida como Lei de Biot-Savart. Ela fornece a intensidade do

campo magnético B gerado pela corrente i em qualquer ponto da curva de comprimento

ds. A intensidade do campo magnético resultante�!B em um ponto P qualquer é dado

pela integral de linha.

B = kZC

i sen(�)

r2ds

2.3.3 Mercado Financeiro

Um importante campo de aplicação da integral de linha é o mercado �nanceiro. Os

preços do mercado �nanceiro �utuam em função do tempo, e quanto maior o número

de participantes no mercado, maior é a variação do valor �utuante, podendo chegar

a ter um carater estocástico. Esse comportamento aleatório é melhor interpretado,

sob o ponto de vista matemático, quando utilizamos sistemas de equações diferenciais

estocásticas, que para seus estudos, as integrais de linha ( como integrais de caminho)

são fundamentais para resolução desses sistemas. No texto desta seção, mostraremos

o desenvolver de uma dessas conclusões que é importante para o processamentos de

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2.3 Aplicações de Integrais de Linha 20

informações pertinentes ao mercado.

Flutuação de Propriedades dos Valores Financeiros

Seja S(t) o estoque monetário de uma ação ou outro valor �nanceiro. Analisando

a média dos preços das ações (ou de algum valor monetário) em longos períodos de

tempo, segundo (DOROGOVTSEV, 1995), pode ser aproximado exponencialmente isso

porque geralmente é utilizada uma escala exponencial para a plotagem. Isto é melhor

representado em 2.1.

Figura 2.1: Grá�co do crescimento dos índices calculados sobre grandes unidades

industriais nos Estados Unidos nos últimos 60 anos

O estoque monetário satisfaz a equação diferencial estocástica para o crescimento

exponencial.S0(t)

S(t)= rs+�(t) (2.5)

Onde S0(t)S(t) é chamado de valor de retorno, rs, é a taxa de crescimento e �(t) é o

ruido branco de�nido pela correlação da função:

h�(t)i= 0 h�(t)�0(t)i= �2�(t� t0) (2.6)

Onde �2 representa a variância dos valores. Muitas vezes � é descrito como uma relação

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2.3 Aplicações de Integrais de Linha 21

da volatilidade do preço das ações v = �. O retorno diário é calculado como:

�S(t) = [S(tn+1)�S(tn)]

O conjunto de todos os valores de S(tn) é chamado de série de preços pelo tempo. Devido

aos valores serem muito grandes, faremos o logaritmo da equação valor de retorno,

x(t)� logS(t)

daí podemos escrever a equação diferencial de crescimento como:

x0(t) =S0

S�1

2�2 = rx+�(t)

Daí tiramos que

rx � rs�1

2�2

A diferenciação �nita de �x(tn) = x(tn+1)�x(tn) que corresponde a diferenciação dx

está relacionada ao retorno S(t) contudo é uma variação do logS(t). Contudo pela

expansão da derivada podemos ter:

dx =dx

dSdS(t)�

1

2

d2x

dS2dS2(t)+ :::

dx =S0(t)

S(t)dt�

1

2

"S0(t)

S(t)

#2dt+ :::

As potências de ordem muito elevada não informam sobre a oscilação da potência gaus-

siana. Isso nos faz dizer que:

"S0(t)

S(t)

#2dt= x02(t)dt

Logo, é possível de�nir a média do estoque monetário em um período de tempo deter-

minado pela integral de linha,

1

b�a

Z b

akx0(t)kdt:

Que, em termos de aplicação a economia,fornece um indicador de desenvolvimento e

estabilidade econômica.

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22

3 Fundamentos de Matemática

Intervalar

Apresentaremos neste capítulo alguns conceitos e de�nições básicas da matemática

intervalar que serão a base para o desenvolvimento dos lemas, teoremas, proposições

e corolários que serão apresentados no capítulo 4. Este capítulo está baseado nos tra-

balhos de (SUNAGA, 1958), (MOORE, 1959), (MOORE, 1966), (MOORE, 1979) e

(BEDREGAL; BEDREGAL, 2010).

3.1 Conceitos fundamentais

De�nição 3.1. Dizemos que um intervalo é um conjunto fechado de números reais

representado pelo par composto pelo limite inferior e o limite superior do intervalo.

Assim para todo a;b 2 R tal que a� b, o par [a;b] representa o intervalo.

[a;b] = fx 2 R j a6 x6 bg (3.1)

Quando tivermos o caso de a = b o intervalo [a;b] recebe o nome de intervalo

degenerado. O conjunto dos intervalos de extremos reais R é denominado de I(R).

De�nição 3.2. O conjunto I(R) tem associado duas projeções:

�1;�2 : I(R) �! R

�1([x;x]) 7! x

�2([x;x]) 7! x

Por convenção, para todo X 2 I(R), denotaremos suas projeções, �1(X) e �2(X),

por x e x, respectivamente.

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3.1 Conceitos fundamentais 23

De�nição 3.3 (Igualdade entre Intervalos). Sejam X e Y dois intervalos de I(R).

Diz-se que X = Y se, e somente se x= y e x= y.

De�nição 3.4 (Adição). Sejam X;Y 2 I(R). A soma de X com Y , denotada por

X+Y , é o conjunto fx+y j x 2X e y 2 Y g

Sunaga em (SUNAGA, 1958) provou que X+Y = [x+y;x+y].

De�nição 3.5 (Pseudo Inverso Aditivo). Dado X = [x;x]2 I(R). �X = [�x;�x]2 I(R)

é chamado de pseudo inverso aditivo de X. Observe que �X = f�x j x 2Xg

O pseudo inverso aditivo não é o inverso aditivo, pois a soma do pseudo inverso

com o intervalo nem sempre é [0;0] (que seria o intervalo neutro da soma). Pois, seja

X = [0;a] : para todo a2R�f0g, logo o seu pseudo inverso seria �X = [�a;0] portanto

X+(�X) = [�a;a] 6= [0;0]. No entanto, podemos a�rmar que 0 2X�X

De�nição 3.6 (Subtração). Sejam X; Y 2 I(R). A subtração de Y em X, denotada

por X�Y , é o conjunto fx�y j x 2X e y 2 Y g

É fácil ver que pela de�nição de pseudo inverso aditivo que �Y =�[y;y] = [�y;�y]

portanto X �Y = [x� y;x� y] = X +(�Y ). Este resultado foi devidamente provado

por Sunaga (SUNAGA, 1958)

De�nição 3.7 (Multiplicação). Sejam X; Y 2 I(R). A multiplicação de X e Y ,

denotada por X �Y , é o conjunto fx �y j x 2X e y 2 Y g

Sunaga em (SUNAGA, 1958) prova que X �Y = [min(x � y;x � y;x � y;x � y);max(x �

y;x �y;x �y;x �y)]

De�nição 3.8 (Pseudo Inverso Multiplicativo). Sejam o intervalo X. O pseudo

inverso multiplicativo de X é dado por 1X =

n1x j x 2X

o. Pelo fato de 1

X =n1x j x 2X

o, 0 =2X.

Note que 1X =

h1x ;

1x

i.

De�nição 3.9 (Divisão). Seja os intervalos X e Y . A divisão de X por Y , denotada

por XY , é dada por

XY =

nxy j x 2X e y 2 Y

oPelo fato de X

Y =nx � 1y j x 2X e y 2 Y

o,

zero não pode pertencer a Y .

Note que XY =

nx � 1y j x 2X e y 2 Y

o=X �

�1y ;

1y

�.

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3.2 Propriedades Algébricas 24

3.2 Propriedades Algébricas

As propriedades algébricas da aritmética intervalar são consequências imediatas do

conjunto de de�nições das operações da aritmética intervalar.

Proposição 3.1. Seja X,Y e Z 2 I(R), vale:

Associatividade na adição: X+(Y +Z) = (X+Y )+Z

Associatividade na multiplicação: X � (Y �Z) = (X �Y ) �Z

Comutatividade na adição: X+Y = Y +X

Comutatividade na multiplicação X �Y = Y �X

Identidade na adição: Existe 0= [0;0] em I(R) tal que 0+X =X+0=X

Identidade na multiplicação: Existe 1= [1;1] em I(R) tal que 1 �X =X �1=X

Subdistributividade: X � (Y +Z)�X �Y +X �Z

Demonstração. Veja (MOORE, 1959)

3.3 Relação de Ordem

Os intervalos em I(R), podem assumir diversas semânticas diferentes. Um intervalo

pode ser visto como conjunto; como um intervalo; como uma informação; como uma

representação ou como um par ordenado. É possível de�nir diversas ordens naturais

sobre o conjunto I(R) respeitando uma semântica sobre I(R) .

De�nição 3.10 (Ordem de inclusão, (MOORE, 1979)). Sejam os intervalos X e Y a

ordem da Inclusão de�ne que X � Y , y � x e x� y.

De�nição 3.11 (Quase-ordem de Moore, (MOORE, 1979)). Sejam os intervalos X e

Y a ordem da Moore diz que X <M Y ,8x 2X e 8y 2 Y;x < y, x < y.

Observe que a quase-ordem1 de Moore não é uma ordem2, pois não satisfaz a re�e-

xividade.1É uma relação que possui as propriedades: anti-re�exiva e transitiva2É uma relação que possui as propriedades: re�exiva, anti-simétrica e transitiva

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3.4 Topologia no I(R) 25

De�nição 3.12 (Ordem de Kulisch-Miranker, (KULISCH; MIRANKER, 1986)). Sejam

os intervalos X e Y a ordem de Kulisch-Miranker diz que X �K Y , x� y e x� y.

Proposição 3.2 (Inclusão Monotônica, (MOORE, 1966)). Sejam X;Y;Z;W interva-

los, tais que X � Z e Y �W . Então as seguintes relações são válidas:

� X+Y �W +Z

� �X ��Z

� X�Y � Z�W

� X �Y � Z �W

1

X�

1

Zdesde que 0 =2 Z;X

X

Y�

Z

Wdesde que 0 =2W;Y

Demonstração. A prova é uma consequência direta das operações aritméticas.

De�nição 3.13 (Ordem da Informação, (ACIOLY, 1991)). Sejam os intervalos X e

Y a ordem da informação diz que X v Y ,X � Y , x� x e y � y.

3.4 Topologia no I(R)

Apresentamos nessa seção, algumas propriedades ligadas aos estudos de Análise

Intervalar como a noção de conjunto, partição, métrica e espaço métrico.

De�nição 3.14. Uma partição de C 2 I(R) é uma sequência P = fc=x0;x1;x2; :::;xn=cg.

Tal que para cada i = 0;1; :::;n�1, xi < xi+1. P(C) é o conjunto das partições de

C

De�nição 3.15. A partição P1 de C é mais �na que a partição P2 de C, denotada

por P1 4 P2, se P2 � P1

Proposição 3.3. Seja C 2 I(R). hP(C);4i, é um reticulado com maior elemento

(fc;cg).

Demonstração. Veja em (BEDREGAL; BEDREGAL, 2010)

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3.4 Topologia no I(R) 26

De�nição 3.16. Sejam A e B dois intervalos reais distintos tal que A�k B. De�-

nimos

I[A;B] = fX 2 I(R)j A�k X �k Bg (3.2)

De�nição 3.17 (Distância entre dois intervalos). Sejam X;Y 2 I(R). A distância

entre X e Y , denotado por dM (X;Y ), é dada pelo número real não negativo

dM (X;Y ) =maxfjb�aj; jb�ajg

Proposição 3.4. Seja I um subconjunto não vazio de I(R). A função dM : I�I �!

R+ é uma métrica de I pois satisfaz as seguintes propriedades:

� dM (X;Y ) = 0 sse X = Y

� dM (X;Y ) = dM (Y;X) 8 X;Y 2 I

� dM (X;Y )� dM (X;Z)+dM (Z;Y ) 8 Z;X;Y 2 I

Demonstração. Veja em (MOORE, 1979)

Contudo, uma vez que I é não vazio e a função dM está de�nida sobre I, então o

par (I;dM ) é um espaço métrico.

Uma vez que A 6=B, então a< b ou a< b. Dessa maneira, sem perda de generalidade,

vamos supor que a < b (no outro caso é dual).

Dado o espaço métrico (I;dM ) e um subconjunto H � I, de�nimos o diametro de

H, denotado por diam(H), como

diam(H) =GfdM (X;Y ) j X;Y 2Hg; (3.3)

ondeF

denota o supremo com respeito à ordem usual da reta e dM é a distância de

Moore. Devemos observar que diam(H) pode ser in�nito em alguns casos.

De�nição 3.18. Um subconjunto X de um espaço métrico (I;dM ) é limitado se

diam(X) 2 R�+ .

Claramente temos que um subconjunto I de I(R) é limitado com respeito à métrica

de Moore se estiver contido em I[A;B] para algum A;B 2 I(R)

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3.4 Topologia no I(R) 27

Lema 3.1 (Lema da Completude). Seja H um subconjunto limitado de I(R). De�-

nimos H = fc j C 2 Hg e H = fc j C 2 Hg. Então, o supremo e o ín�mo de H

com respeito à ordem de Kulisch-Miranker, representado porFH e

dH, são os

intervalos [FH;FH] e [

dH;

dH], respectivamente.

Demonstração. ver (BEDREGAL; BEDREGAL, 2010)

Lema 3.2. Sejam I e J subconjuntos limitados de I(R) e

I+J = f X+Y j X 2 I; Y 2 J g:

Então,l

(I+J ) =lI+

lJ e

G(I+J ) =

GI+

GJ

Demonstração. veja (BEDREGAL; BEDREGAL, 2010)

De�nição 3.19. Seja X 2 I(R). O módulo de X é um número real não negativo

dado por:

jXj=maxfjxj; jxjg � 0 (3.4)

Geometricamente, o módulo do intervalo corresponde à maior distância do centro

da reta dos reais ( ponto 0) até um dos extremos.

Teorema 3.1. Sejam X;Y 2 I(R). As seguintes propriedades se veri�cam:

1. jXj= 0,X = [0;0]

2. jX+Y j � jXj+ jY j

3. jX �Y j= jXj � jY j

Demonstração. Veja em (SANTOS, 2001)

De�nição 3.20 (De�nição de Função Intervalar). Uma função F é chamada de fun-

ção intervalar se o seu domínio e o contradomínio são subconjuntos de I(R).

De�nição 3.21. Seja F : I �! I(R) uma função intervalar ela é considerada uma

inclusão monotônica se para todo A;B 2 I tal que A�B temos que F (A)� F (B).

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3.5 Integração Intervalar 28

De�nição 3.22. Uma função intervalar F é dita limitada se, a imagem de F for

limitada, ou seja, está contida em I[A;B] para algum A;B 2 I(R). Neste caso,

A�k F (X)�k B, para todo X pertencente ao domínio de F .

Como notação, sendo a função F : I �! I(R), de�nimos as funções F : I �! R e

F : I �! R por F (X) = F (X) e F (X) = F (X), respectivamente.

Corolário 3.1. Seja I � I(R) e F : I �! I(R) uma função intervalar limitada. Então

o subconjunto F (I) = fF (X) 2 I(R) j X 2 Ig tem supremo e in�mo com respeito à

ordem de Kulisch-Miranker. De fato:

GF (I) = [

GF (I);

GF (I)]

lF (I) = [

lF (I);

lF (I)]

Demonstração. veja em (BEDREGAL; BEDREGAL, 2010)

3.5 Integração Intervalar

3.5.1 Integral de Moore e Yang

De�nição 3.23. Seja A um intervalo e F função intervalar contínua3 e uma in-

clusão monotônica com respeito a dM . A Soma de Riemann da função F para

uma partição P de A é de�nida como:

X(F;P) =

n�1Xk=0

F ([xk;xk�1])d(xk;xk�1)

Onde d é a métrica usual sobre números reais d(x;y) = jy�xj. A integral de Moore

e Yang no intervalo A é de�nida como:

ZAF (X)dX =

\P2P(A)

X(F;P)

Teorema 3.2 (Teorema de Caracterização). Seja A um intervalo, F uma função

intervalar contínua e inclusão monotônica. Então

ZAF (X)dX =

"Z a

afl(x)dx;

Z a

afr(x)dx

#

3Veja a de�nição em (MOORE; STROTHER; YANG, 1960)

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3.5 Integração Intervalar 29

onde fl(x) = �1(F [x;x]) e fr(x) = �2(F [x;x])

Demonstração. Veja em (MOORE; STROTHER; YANG, 1960)

3.5.2 Integral de Bedregal-Bedregal

De�nição 3.24. Seja F : I[A;B]�! I(R) uma função intervalar contínua. Dada uma

partição P de I[A;B]. Nós de�nimos os seguintes Somatórios de Riemann de F

com respeito a P

� Soma de Riemann Inferior

�(F;P) =nX

k=1

lF (I[Xk�1;Xk])dM (Xk�1;Xk)

� Soma de Riemann Superior

X(F;P) =

nXk=1

GF (I[Xk�1;Xk])dM (Xk�1;Xk)

Onde F (I[Xk�1;Xk]) = fF (X) j X 2 I[Xk�1;Xk]g

De�nição 3.25. Seja F : I[A;B]�! I(R) uma função intervalar contínua. Nós de�ni-

mos como a integral inferior da função F de A até B, denotada comoRBA F (X)dX,

por Z B

AF (X)dX =

GP2P[A;B]

�(F;P)

e a de�nição da integral superior da função F de A até B, denotada comoRBA F (X)dX, como sendo:

Z B

AF (X)dX =

l

P2P[A;B]

X(F;P)

Teorema 3.3 (Teorema de Caracterização). Seja F : I[A;B] �! I(R) uma função in-

tervalar contínua, então F é uma função integrável e

Z B

AF (X)dX =

"Z b

aFl(x)dx;

Z b

aFr(x)dx

#dM (A;B)

b�a

Demonstração. Veja em (BEDREGAL; BEDREGAL, 2010)

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30

4 Integral de Linha Intervalar

Nessa seção apresentaremos a noção de integral de linha intervalar, bem como as

de�nições, teoremas, corolários, proposições e lemas necessários para a fundamentação.

De�nição 4.1. Um caminho em I(R) é uma aplicação � : I �! I(R), cujo domínio

é um intervalo I = [c;d]� R.

Como notação, sendo a função � : I �! I(R), de�nimos as funções � : I �! R e

� : I �! R por �(x) = �(x) e �(x) = �(x), respectivamente. Assim para cada t 2 I

temos que �(t) = [�(t);�(t)].

De�nição 4.2. O caminho � é contínuo (resp. diferenciável) no ponto a 2 I se

cada uma das funções �(t) e �(t) forem contínuas (resp. diferenciáveis) em a:

Se � for diferenciável em a de�ne-se a derivada do caminho � no ponto a por

�0(a) = (�0(a);�0(a)) 2R

2: A norma k �0(a) k=Maxfj �0(a) j; j �0(a) jg chama-se valor

absoluto da variação de � em a:

De�nição 4.3. Seja F : I[A;B] �! I(R) uma função intervalar limitada e � : [c;d]�!

I[A;B] um caminho de classe C1. Dada a partição P de [c;d], de�nimos as seguintes

Somas de Riemann de F com respeito de � e P:

Somatório inferior de Riemann

�(F;�;P) =nX

k=1

lF (I[�(xk�1);�(xk)])dM (�(xk�1);�(xk))

Somatório superior de Riemann

X(F;�;P) =

nXk=1

GF (I[�(xk�1);�(xk)])dM (�(xk�1);�(xk))

Quando F (I[�(xk�1);�(xk)]) = fF (�(t))jt 2 [c;d]g

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4 Integral de Linha Intervalar 31

Lema 4.1. Seja F : I[A;B] �! I(R) uma função limitada e P uma partição de I e

� : [c;d]�! I[A;B] um caminho de classe C1, então.

�(F;�;P)�X

(F;�;P)

Demonstração. Para todo k=0;1;2; :::;n�1,l

F (I[�(x(i�1));�(xi)])�GF (I[�(x(i�1));�(xi)])

e dM (�((xi�1);�(y))> 0. Então podemos escrever.

lF (I[�(x(i�1));�(xi)]) �

GF (I[�(x(i�1));�(xi)])

�(F;�;P) �X

(F;�;P)

Proposição 4.1. Seja � : [c;d]�!I[A;B] um caminho de classe C1, F : I[A;B]�! I(R)

uma função limitada e sejam P 0 e P partições do intervalo I = [c;d]. Se P 0 4 P

então

�(F;�;P)� �(F;�;P 0)�X

(F;�;P 0)�X

(F;�;P):

Demonstração. Tomemos uma partição P onde P = fc= x0; :::;xn= dg e P 0 de maneira

que P 0 = fa= x0; :::y:::;xn = bg Sabendo que a distância é:

dM (�(xi�1);�(y))+dM (�(y);�(xi)) = dM (�(xi�1);�(xi))

Também temos que:

lF (I[�(x(i�1));�(xi)])�

lF (I[�(x(i�1));�(y)))

e tambéml

F (I[�(x(i�1));�(xi))�l

F (I[�(y);�(xi)))

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4 Integral de Linha Intervalar 32

Por outro lado:

�(F;�;P 0) =i�1Xk=1

lF (I[�(xk�1);�(xk)])dM (�(xk�1);�(xk))

+l

F (I[�(xi�1);�(y)])dM (�(xi�1);�(y))

+l

F (I[�(y);�(xi)])dM (�(y);�(xi))

+n�1Xk=i

lF (I[�(xk);�(xk+1)])dM (�(xk);�(xk+1))

�i�1Xk=1

lF (I[�(xk�1);�(xk)])dM (�(xk�1);�(xk))

+l

F (I[�(xi�1);�(xi)])dM (�(xi�1);�(y))

+l

F (I[�(y);�(xi)])dM (�(y);�(xi))

+n�1Xk=i

lF (I[�(xk);�(xk+1)])dM (�(xk);�(xk+1))

=i�1Xk=1

lF (I[�(xk�1);�(xk)])dM (�(xk�1);�(xk))

+l

F (I[�(xi�1);�(xi)](dM (�(xi�1);�(y))+dM (�(y);�(xi)))

+n�1Xk=i

lF (I[�(xk);�(xk+1)])dM (�(xk);�(xk+1))

= �(F;�;P)

Provaremos agora que

�(F;�;P 0)�X

(F;�;P 0)

Temos que para todo k = 0; :::;n�1dF (I[�(xk);�(xk+1)])�

FF (I[�(xk);�(xk+1)]) logo

lF (I[�(xk);�(xk+1)])dM (�(xk+1);�(xk)) �

GF (I[�(xk);�(xk+1)])dM (�(xk+1);�(xk))

�(F;�;P 0) �X

(F;�;P 0)

Como parte �nal da demonstração do teorema provaremos que

X(F;�;P 0)�

X(F;�;P)

Também temos que:

GF (I[�(x(i�1));�(xi)])�

GF (I[�(x(i�1));�(y))) e

GF (I[�(x(i�1));�(xi))�

GF (I[�(y);�(xi)))

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4 Integral de Linha Intervalar 33

Por outro lado:

X(F;�;P 0) =

i�1Xk=1

GF (I[�(xk�1);�(xk)])dM (�(xk�1);�(xk))

+GF (I[�(xi�1);�(y)])dM (�(xi�1);�(y))

+GF (I[�(y);�(xi)])dM (�(y);�(xi))

+n�1Xk=i

GF (I[�(xk);�(xk+1)])dM (�(xk);�(xk+1))

�i�1Xk=1

GF (I[�(xk�1);�(xk)])dM (�(xk�1);�(xk))

+GF (I[�(xi�1);�(xi)])dM (�(xi�1);�(y))

+GF (I[�(y);�(xi)])dM (�(y);�(xi))

+n�1Xk=i

GF (I[�(xk);�(xk+1)])dM (�(xk);�(xk+1))

=i�1Xk=1

GF (I[�(xk�1);�(xk)])dM (�(xk�1);�(xk))

+GF (I[�(xi�1);�(xi)])[dM (�(xi�1);�(y))+dM (�(y);�(xi))]

+n�1Xk=i

GF (I[�(xk);�(xk+1)])dM (�(xk);�(xk+1)) =

X(F;�;P)

Corolário 4.1. Seja F : I[A;B] �! I(R) e � : [c;d]�! I[A;B] funções limitadas e P e

Q partições de I, se P 4Q temos:

�(F;�;P)�X

(F;�;Q)

Demonstração.

�(F;�;P)� �(F;�;P [Q)�X

(F;�;P [Q)�X

(F;�;Q)

De�nição 4.4. Seja F : [a;b]�! I(R) uma função limitada. De�niremos a integral

inferior e a integral superior como sendo, respectivamente:

Z�F (X)dS =

GP2P(I)

�(F;�;P)

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4 Integral de Linha Intervalar 34

Z�F (X)dS =

l

P2P(I)

X(F;�;P)

Proposição 4.2. Seja F : I[A;B]�! I(R) e � : [c;d]�!I[A;B] seja uma função limitada

de tal que C � F (�(x))�D 8 X 2 I[A;B]. Então para cada partição P de I = [c;d]

nós temos que

CdM (�(c);�(d))� �(F;�;P)�Z�F (X)dS �

Z�F (X)dS �

X(F;�;P)�DdM (�(c);�(d))

Demonstração. Seja P> = [c;d] uma partição trivial de I . Pelo Lema 3.1 temos que

�(F;�;P>)� �(F;�;P). Mas por de�nição temos que

�(F;�;P>) =l

F (I[�(c);�(d)])dM (�(c);�(d))� CdM (�(c);�(d))

Tomando o resultado do Corolário 4.1, podemos concluir queR�F (X)dS �

R�F (X)dS.

Para a terceira parte da desigualdade, tomemos por de�nição,

X(F;�;P>) =

GF (I[�(c);�(d)])dM (�(c);�(d))�DdM (�(c);�(d))

Proposição 4.3. Seja P0 e P00 subconjuntos de P[I] satisfazendo a seguinte pro-

priedade:

� 8 P 2 P[I]9P 0 2 P0 e P 00 2 P00 tal que �(F;�;P) � �(F;�;P 0) eX

(F;�;P 00) �X(F;�;P) Então Z

�F (X)dS =

GP 02P0

�(F;�;P 0)

e Z�F (X)dS =

l

P 002P00

X(F;�;P 00)

Corolário 4.2. Seja c� y � b um número real que y 2 [c;d], e P0[I] um subconjunto

de P[I] que contém c. Então:

Z�F (X)dS =

GP2P0

�(F;�;P)

Z�F (X)dS =

l

P2P0

X(F;�;P)

Demonstração. Seja a partição P 2 P[I], P 0 = P [ fcg. Sendo P 0 é mais �na que

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4 Integral de Linha Intervalar 35

P, temos que �(F;�;P) � �(F;�;P 0) eP(F;�;P 0) �

P(F;�;P). Deste modo, P0[I],

satisfazendo a condição da proposição acima.

Proposição 4.4. Seja c < y < b seja um número real tal que y 2 [c;b]. Então:

Zc

b

F (�(t))k�0(t)kdt =Zc

y

F (�(t))k�0(t)kdt+Zy

b

F (�(t))k�0(t)kdt

Zc

b

F (�(t))k�0(t)kdt =Zc

y

F (�(t))k�0(t)kdt+Zy

b

F (�(t))k�0(t)kdt

Demonstração. Seja I e J conjuntos de Somatório inferior de Riemann de F j[c;y] e

F j[y;b], respectivamente. Então, podemos dizer que I+J é o conjunto somatório inferior

de Riemann da função F . Tendo os resultados do 3.2 e 4.2, temos que:

Zc

b

F (�(t))k�0(t)kdt =G(I+J )

=G(I)+

G(J )

=Zc

y

F (�(t))k�0(t)kdt+Zy

b

F (�(t))k�0(t)kdt

De maneira análoga temos obtemos o resultado para o somatório superior de Riemman.

De�nição 4.5. Uma função limitada F : I[A;B] �! I(R) dizemos que é uma função

integrável com respeito ao caminho � : [c;d]�! I[A;B] se

Z�F (X)dS =

Z�F (X)dS

Este valor comum é chamado de integral intervalar curvilínea de F com respeito

de � e é denotada porZ�F (X)dS

De�nição 4.6. Seja F : I[A;B] �! I(R) uma função de�nida limitada. De�na o

menor e o maior espectro de F , chamamos de Fl e Fr, respectivamente:

F (x) = �1F [x;x] e F (x) = �2F [x;x]

Teorema 4.1. Seja � : [c;d] �! I[A;B] um caminho de classe C1 e F : I[A;B] �! IR

uma função limitada. Então

Z�F (X)dS =

"Z d

cF (�(x)) k �0(x) k dx;

Z d

cF (�(x)) k �0(x) k dx

#

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4 Integral de Linha Intervalar 36

e Z�F (X)dS =

"Z d

cF (�(x)) k �0(x) k dx;

Z d

cF (�(x)) k �0(x) k dx

#

Demonstração. Tomemos o conjunto de partições da imagem de � : [c;d]�! I[A;B],

Pn = fA = X0;X1; :::;Xn = Bg, onde A = �(c) e B = �(d) onde vinda da partição do

domínio de � da forma T = fc= t0; t1; :::; tn = dg quando

dM (�(tk);�(tk+1)) = k�0(tk)k�tk

. Contudo

Z�F (X)dS =

Gn2N

�(F;�;P)

=Gn2N

n�1Xk=0

lF (I[�(xk);�(xk+1)])dM (�(xk);�(xk+1))

=Gn2N

n�1Xk=0

lF (I[�(xk);�(xk+1)])k�

0(xk)k�xk

=

24n�1Xk=0

lF (I[�(xk);�(xk+1)])k�

0(xk)k�xk ;

n�1Xk=0

lF (I[�(xk);�(xk+1)])k�

0(xk)k�xk

35

Por outro lado:

Z d

cF (�(x))k�0(x)kdx =

Gn2N

n�1Xk=0

F (�(xk))d(�(xk);�(xk+1))

=Gn2N

n�1Xk=0

F (�(xk))k�0(xk)k�xk

De maneira análoga temos:

Z d

cF (�(x))k�0(x)kdx=

Gn2N

n�1Xk=0

F (�(xk))k�0(xk)k�xk

Ou seja, podemos ter identidade:

Gn2N

n�1Xk=0

lF (I[�(xk);�(xk+1)])k�

0(xk)k�xk =Gn2N

n�1Xk=0

F (�(xk))k�0(xk)k�xk

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4 Integral de Linha Intervalar 37

Gn2N

n�1Xk=0

lF (I[�(xk);�(xk+1)])k�

0(xk)k�xk =Gn2N

n�1Xk=0

F (�(xk))k�0(xk)k�xk

Claramente, temos que:

lF (I[�(xk);�(xk+1)]) � F (�(xk))

Deste modo:

Gn2N

n�1Xk=0

lF (I[�(xk);�(xk+1)])k�

0(xk)k�xk �Gn2N

n�1Xk=0

F (�(xk))k�0(xk)k�xk

Inversamente, uma vez que I[�(xk);�(xk+1)] é compacto e F é uma função contínua, nós

temos que 9 yk 2 [xk;xk+1] tal quedF (I[�(xk);�(xk+1)]) = F (�(yk)) e , pelo mesmo fato,

a função F é uniformemente contínua. Com isso podemos dizer que, dado um " > 0,

9 � > 0 tal que dM (X;Y )� � então d(F (X);F (Y ))� " Considerando dM (�(c);�(d))� 0

A partir de yk 2 [xk;xk+1] nós temos que:

dM (�(xk);�(yk))� dM (�(xk);�(xk+1)) = k�0(xk)k�tk � �

Sendo F uniformemente contínua nós temos que d(F (�(xk);F (�(yk)))� ". Contudo:

Gn2N

n�1Xk=0

F (�(xk))k�0(xk)k�xk �

Gn2N

n�1Xk=0

lF (I[�(xk);�(xk+1)])k�

0(xk)k�xk =

Gn2N

n�1Xk=0

�F (�(xk)) �

lF (I[�(xk);�(xk+1)]

�k�0(xk)k�xk =

Gn2N

n�1Xk=0

�F (�(xk)) � F (�(yk))

�k�0(xk)k�xk �

Gn2N

n�1Xk=0

"k�0(xk)k�xk = "

Com isso provamos que:

Gn2N

n�1Xk=0

lF (I[�(xk);�(xk+1)])k�

0(xk)k�xk =Gn2N

n�1Xk=0

F (�(xk))k�0(xk)k�xk

Teorema 4.2 (Teorema de Caracterização). Seja � : [c;d] �! I[A;B] um caminho de

classe C1 e F : I[A;B] �! IR uma função contínua. Então, F é uma função inte-

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4 Integral de Linha Intervalar 38

grável com respeito de � e

Z�F (X)dS =

"Z d

cF (�(x)) k �0(x) k dx;

Z d

cF (�(x)) k �0(x) k dx

#(4.1)

Demonstração. Sendo F uma função contínua, nós temos que F e F , também funções

contínuas. Contudo pela de�nição 4.5 e pelo teorema 4.1 podemos dizer que:

Z d

cF (�(x)) k �0(x) k dx =

Z d

cF (�(x)) k �0(x) k dx

Z d

cF (�(x)) k �0(x) k dx =

Z d

cF (�(x)) k �0(x) k dx

Contudo, podemos escrever a integração como sendo:

Z�F (X)dS =

"Z d

cF (�(x)) k �0(x) k dx;

Z d

cF (�(x)) k �0(x) k dx

#:

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39

5 Aplicação da Integral Intervalar

de Linha Intervalar

As teorias que forma a Física Clássica são um excelente suporte para a análise dos

fenômenos ligados a partículas macroscópicas, bem como os eventos ligados a ela. Con-

tudo ao serem aplicadas na análise de partículas microscópicas não se tem a e�ciência

desejada. Classicamente existem dois conceitos distintos sobre onda e partícula. Con-

tudo no �nal do século XIX e no início do século XX foram coletadas muitas informações

a respeito dos fenomênos microscópios que �zeram esquecer as teorias da física clássica

e pensar nas características das partículas microscópicas e os fenomênos relacionados

a elas. Essas mudanças foram possíveis graças a alguns experimentos, descritos em

(BEECHING, 2007), em que destacamos:

Radiação de corpo negro : Para explicar a radiação eletromagnética emitida por

um corpo em equilíbrio térmico, Planck postulou que a energia eletromagnética

não varia continuamente, mas sim é um pacote é um múltiplo de um quantidade

mínima de energia.

Efeito fotoelétrico : Explicado por Eistein, o efeito fotoelétrico foi proposto por Hertz

em 1897. Para solucionar a falta de um argumentação mais forte, Eistein propos

que a luz é um composto de várias partículas chamadas quantas, que possuem

uma energia equivalente a hv, onde h é a constante de Planck, h= 6:626�10�27

ergs.s e v é a frequência da luz.

Efeito Compton : Em 1924 Compton descobriu que a radiação eletromagnética não

era espalhada de modo consistente com a natureza ondulatória dado que em coli-

sões a radiação comporta-se como um feixe de partículas as quais possuem energia

hv e o momento hvc onde c é a velocidade da luz.

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5.1 Difração de uma Partícula 40

Difração de Elétrons por David e Germer : Publicado em (DARROW, 1948) os

estudos de David e Germer sobre a difração de elétrons mostraram que a matéria

e a radiação possuem características equiparáveis Os resultados dos experimentos

citados levam a crer que a radiação eletromagnética pode-se comportar como uma

partícula em determinadas situações, causando o que é dito como um compor-

tamento de dualidade. A propagação do elétron é ondulatória e quando existem

colisões o comportamento passa a ser algo corpuscular.

5.1 Difração de uma Partícula

Na década de 1920 surgiu na física uma teoria que viria a ser o principal foco,

segundo (D'ESPAGNAT, 1979) para a análise das estruturas e comportamento da ma-

téria: a mecânica quântica. O estudo desse campo da física oferece recursos teóricos

para descrever o comportamento das moléculas, átomos e partículas sub-atômicas.

Segundo (SQUIRES, 1993) desde a sua criação a mecânica quântica apresentou pro-

blemas de interpretação em grau sem precedentes na história da ciência. As di�culdades

interpretativas dessa teoria dizem respeito tanto à forma pela qual a teoria se relaciona

com os fenômenos quanto ao delineamento de uma ontologia que lhe seja apropriada.

A compreensão desse ponto requer uma breve menção às duas noções fundamentais das

teorias físicas: a de estado e a de grandeza física. De um modo geral, estados são carac-

terizações básicas dos objetos físicos tratados pela teoria. As grandezas físicas são as

propriedades mensuráveis desses objetos. Para efeitos de comparação, podemos lembrar

que na mecânica clássica o estado de uma partícula de massa m é representado por um

conjunto de seis números que especi�cam sua posição e velocidade. Em função desses

números a teoria indica como calcular os valores de grandezas físicas.

Na mecânica quântica os estados dos objetos são de�nidos por meio das chamadas

funções de onda. É justamente dessa nova (e complexa) forma de representação dos

estados que surgem quase todos os problemas de interpretação da teoria.

Uma grandeza física só será relevante do ponto de vista prático se pudermos atribuir

valores a ela. Contudo essa é a primeira e mais fundamental di�culdade interpretativa

na mecânica quântica: Dado um estado quântico e uma grandeza física, em geral o

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5.2 Experimento 41

formalismo quântico simplesmente não atribui um valor à grandeza e mesmo quando

o estado não fornece o valor de uma grandeza física, medidas dessa grandeza sobre o

objeto são inteiramente possíveis e dão valores bem de�nidos. Em (SINGH, 2004) essa

di�culdade de predição dos fenômenos, dos resultados de medida, fez com que surgissem

maneiras diferentes de interpretar:

Incompletude: A descrição quântica do objeto é incompleta, ou seja, não prevê valores

de grandezas perfeitamente mensuráveis.

Completude: Os valores dessas grandezas não existem, ou não estão de�nidos antes

que se efetue a medida; a medida então criaria ou tornaria de�nidos os valores,

não sendo propriamente uma medida algo puramente incerto no sentido usual

do termo, ou seja, a mera revelação de uma propriedade preexistente do objeto

investigado.

Apesar das duas correntes não trabalharem juntas, nenhuma delas elimina a incer-

teza. Isso nos possibilita dizer que a mecânica quântica não está isenta da di�culdades

teóricas, conceituais e �losó�cas.

5.2 Experimento

Mauricee de Broglie, físico experimental francês que, desde o princípio, apoiou a

teoria sobre o efeito Compton1 em relação à natureza corpuscular da radiação. Segundo

(EISBERG; RESNICK, 1985) dentre os seus trabalhos, um dos principais é chamado de

Postulado de Broglie, onde a�rmara que o comportamento dual, isto é, onda-partícula,

da radiação também se aplicava à matéria. Assim como um fóton tem associada a ele

uma onda luminosa que governa seu movimento, também uma partícula material tem

associada a ele uma onda de matéria que governa seu movimento.

O experimento, ilustrado na �gura 5.1, consiste na emissão de elétrons em uma

fenda estreita de largura �y. O deslocamento dos elétrons ocorre devido a submissão

das partículas a uma diferença de potêncial gerada por uma força eletroestática, de

1consiste na alteração do comprimento de onda de um fóton ao iteragir com a matéria. Essa alteraçãose dá pelo ganho ou perda de energia.

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5.2 Experimento 42

maneira tal que os elétrons se deslocam paralelos ao eixo x. Ao passar pela fenda a

partícula sofre uma difração, ou seja, o ângulo � representa a amplitude angular da

variação do valor da coordenada y da partícula em determinado momento e é calculado

por sen(�) = ��y , onde � é o comprimento de onda do elétron. Como a propragação da

onda governa o movimento da partícula, também da as probabilidades relativas que o

elétron tem de alcançar diferentes pontos na chapa fotográ�ca que �ca à frente da fenda

para receber o elétron. Portanto, o elétron que passa pela fenda será de�etido para um

ângulo qualquer entre �� e +�. Embora seu momento na direção y fosse conhecido com

grande precisão antes de passar pela fenda, após passar pela fenda, seu momento na

direção y pode ter qualquer valor entre �py e +py, com o valor do ângulo sen(�) = pyp .

Sendo assim, o momento na direção y do elétron torna-se impreciso devido a difração

da onda do elétron. É possível ter uma valoração da incerteza pela equação abaixo:

�py ' py = p �sen(�) =p�

�y(5.1)

Figura 5.1: Representação do experimento de difração de uma partícula por uma fenda

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5.3 Modelagem Intervalar do Experimento de Difração de uma Partícula 43

5.3 Modelagem Intervalar do Experimento de Difração

de uma Partícula

Os modelos de experimentos de difração de elétrons utilizados, não consideram

alguma das variáveis mais importantes quando se trata de um elétron que é a sua

carga. Sabemos que devido à própria natureza da partícula, ela não �vê� o ambiente

como um corpo sólido ou como um campo de energia, mas sim como um ambiente

reticulado formado por partículas subatômicas. O elétron ao passar pela fenda sofre

uma alteração em seu movimento devido a que existem na fenda alguns milhares de

elétrons que juntos formam uma diferença de potencial que interfere diretamente em

seu movimento. Mauricee de Broglie, como descrito em (EISBERG; RESNICK, 1985),

também considerou a diferença de potêncial elétrico em seu experimento, mas somente

para fazer o movimento da carga, e não em todo o experimento. O que faremos então

é calcular o trabalho realizado por essa partícula ao longo de sua trajetória dentro

da fenda utilizando a noção de intervalo para representar a incerteza sobre a posição

relativa(representado na �gura 5.2 por pequenas circunferências verdes) da partícula

em um determinado instante. Essa incerteza da sua posição implica em uma incerteza

quanto à diferença de potencial, pois a de�nição de potencial está ligada a posição

relativa das partículas envolvidas.

Figura 5.2: Representação da fenda sob uma visão subatômica

Na �gura 5.2 força eletroestática implementada F obriga a partícula a entrar na

fenda, contudo o movimento não é linear devido a existência dos elétrons (representa-

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5.3 Modelagem Intervalar do Experimento de Difração de uma Partícula 44

dos na �gura pela círculo de cor cinza) dos átomos das paredes que, juntos, aplicam

à partícula uma força. Segundo (HALLIDAY; RESNICK, 2007), o valor escalar da

força eletroestática, de atração ou repulsão entre duas cargas puntiformes cujos valores

escalares são q1 e q2 e que estão separadas pela distância D, é dado por:

F = kq1q2D2

Onde k é a constante eletrostática que tem o seguinte valor:

k =1

4�"0= 8;99�109

N:m2

C2

Onde C é a é a quantidade de carga elétrica carregada pela corrente de 1 ampère

durante 1 segundo e N A constante "0 (constante de permissividade) possui o valor:

"0 = 8;85�10�12C2

N:m2

Lembrando de que existe uma força de repulsão sob a partícula devido aos seus

elétrons. Com isso, pensando em uma quantidade discreta e enumerável de elétrons das

paredes da fenda, podemos somar todas as forças que atuam sobre a partícula lançada na

fenda de acordo com a proporção da distância de cada átomo da fenda com a partícula

lançada em cada momento. Como a matéria é constituida de um único material, a

distância entre os átomos é constante, a qual será representada por l na �gura 5.3.

Figura 5.3: Representação geométrica das distâncias dos átomos das paredes e do

elétron lançado á fenda

No instante em que o elétron lançado entra na fenda, ele recebe somente uma força

favorável ao seu movimento ( que é a força inicial), as outras forças geradas pelos elétrons

dos átomos das pareces são forças de sentido oposto ao sentido da força inicial, então

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5.3 Modelagem Intervalar do Experimento de Difração de uma Partícula 45

podemos considerar a seguinte força contrária:

F = kq2nXi=1

1

(x2+(nl)2)(5.2)

Onde i é o valor índice da partícula atual, e n é o número de átomos que se encontram

na parede da fenda. A força de sentido oposto ao da força inicial é derivada da força

F , representada na equação 5.2. Sendo a força inicial é paralela ao eixo x, a força de

sentido oposto ao da força inicial é o cosseno da força F , 5.2. Logo:

Fcos = kq2nXi=1

1

(x2+(il)2)� cos(�i)

Fcos = kq2nXi=1

1

(x2+(il)2)�

ilqx2+(il)2

Fcos = kq2nXi=1

il

(x2+(il)2)32

(5.3)

Naturalmente que a medida que o elétron avança em sua trajetória, o número de

elétrons a sua frente diminui e consequentemente a força de resistência diminui e a força

de repulsão aumenta, podemos caracterizar isso como:

�(t) = Fcos(t)�Fcos(n� t)

�(t) = kq2tX

i=1

il

(x2+(il)2)32

�kq2n�tXi=1

il

(x2+(il)2)32

(5.4)

Onde t é o índice corrente do movimento. Até agora tomamos o valor x como um

valor exato, contudo sabemos que a posição relativa do elétron está entre duas posições

extremas - representadas na �gura 5.2 pelas pequenas circunferências cinzas. As posições

são mapeadas por uma função intervalar:

� : [c;d] �! I[A;B]

�(t) = [�(t);�(t)] (5.5)

Pela característica da hipótese de movimento tomemos uma função �(t) que descreve o

movimento em seu grá�co. A função intervalar sendo:

�(t) =�2�

4t

4t+N +1;

4t

4t+N +1+2

�(5.6)

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5.3 Modelagem Intervalar do Experimento de Difração de uma Partícula 46

Onde o grá�co dos seus extremos é representado pelo grá�co na �gura abaixo

Onde os extremos do intervalo representam as posições extremos em cada instante.

Tomando a distância de Moore, podemos rede�nir a função �, na equação 5.4 como:

�(t) = kq2l

24 tXi=1

i

(dM (�(t);Y (t))2+(il)2)32

�n�tXi=1

i

(dM (�(t);Y (t))2+(il)2)32

35 (5.7)

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5.3 Modelagem Intervalar do Experimento de Difração de uma Partícula 47

Figura 5.4: Grá�co da força gerada pelo campo elétrico gerado pelos elétrons da fenda

A equação 5.7 é a equação que representa a força de interferência gerada pelo campo

de elétrons no movimento da partícula sobre a partícula lançada na fenda, contudo

devemos lembrar que existe uma força aplicada a partícula que a faz propagar. Essa

força Fini é de�nida intervalar como:

F : I[A;B] � IR �! IR

F (A) = [F (A);F (A)] (5.8)

A força inicial gerada para forçar o deslocamento da partícula é dada por:

Fini(�(t)) = kq1q2

dM (�(t);P )2

Onde P representa a posição da fonte da força de deslocamento da partícula. Con-

tudo, devemos lembrar que no processo de deslocamento da partícula, a força que atua

no movimento, sofre uma variação devido as outras forças que atuam no sistema - re-

presentada pela equação 5.7. Pelo fato do movimento da partícula ser intervalar, não

sabemos ao certo se dado um instânte t a partícula está sob a ação de uma força gerada

pelo campo elétrico da parede ou não. Então vamos tomar duas posibilidades para o

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5.3 Modelagem Intervalar do Experimento de Difração de uma Partícula 48

movimento:

Movimento 1 Caso a partícula só seja submetida ao campo elétrico gerado pelas pa-

redes após passar pela metade do trajeto.

Movimento 2 Caso a partícula só seja submetida ao campo elétrico gerado pelas pa-

redes antes de passar pela metade do trajeto, na outra metade ela seja livre do

campo.

Como é possível ver na �gura 5.3 antes da partícula chegar a metade do seu trajeto

o sentido da força do campo é oposto ao sentido do movimento, o que faz com que o

movimento seja, em parte, retardado. Após a metade do trajeto o sentido da força do

campo das paredes da fenda é favorável ao movimento, o que seria uma força adicional a

�expulsão� da partícula. Ou seja, no Movimento 1 a força que atua sobre a partícula é

maior favorencendo o deslocamento da partícula, enquanto noMovimento 2 a partícula

se desloca com uma força menor favorecendo o seu deslocamento no sentido de expulsão

da fenda. Esses dois casos devem ser levados em consideração, ao mesmo tempo, tendo

em vista que, não se sabe a posição exata da partícula dado um instânte t. Portanto

podemos de�nir a função 5.8 como sendo:

F (�(t)) =

8><>:

Fini(�(t))+�(t); se t < N2

Fini(�(t)); se t� N2

F (�(t)) =

8><>:

Fini(�(t)); se t < N2

Fini(�(t))+�(t); se t� N2

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5.3 Modelagem Intervalar do Experimento de Difração de uma Partícula 49

Figura 5.5: Grá�co da função intervalar resultante

O trabalho realizado pela partícula

Segundo (GUIDORIZZI, 1989, pág.1097-1099) dado um campo vetorial contínuo�!F : � R

n ! Rn (onde é um aberto no R

n) que representa a força aplicada a uma

partícula de trajetória de�nida pela curva : [a;b]! , contínua e derivável. O traba-

lho W realizado pela partícula durante a trajetória pode ser calculada pela integral

curvilínea

W =Z

�!F �d =

Z b

a

�!F ( (t)) � 0(t)dt

No experimento tratado, a função que representa a força, tem somente variação pura-

mente escalar, com isso podemos considerar a integral de linha, ao invés da integral

curvilínea, para o cálculo do trabalho da partícula. Sendo o modelo intervalar, se faz

necessário um modelo de integração que seja fundamentada sobre um espaço intervalar,

com isso utilizaremos o modelo proposto em (BEDREGAL; BEDREGAL, 2010). Assim

precisamos Tomando a equação 5.6 que representa a função caminho e pela de�nição

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5.3 Modelagem Intervalar do Experimento de Difração de uma Partícula 50

4.2, podemos exprimir uma função paramétrica da forma:

�0 : I �! R2

t 7�!

404

(4t+101)2;

404

(4t+101)2

!

Com isso o trabalho calculado, segundo a integral de linha intervalar, pode ser montada

como:

Z�F (X)dS =

"Z d

cF (�(t)) k �0(t) k dt;

Z d

cF (�(t)) k �0(t) k dt

#: (5.9)

Sabendo que

k �0(t) k = Maxfj �0(t)j; j �0(t)jg

= Max

(������ 404

(4t+101)2

����� ;����� 404

(4t+101)2

�����)

=404

(4t+101)2

Logo a equação 5.9 �ca como:

Z�F (X)dS =

"Z d

cF (�(t))

404

(4t+101)2dt;Z d

cF (�(t))

404

(4t+101)2dt

#: (5.10)

No caso deR dc F (�(t))

404(4t+101)2

dt

Z d

cF (�(t))

404

(4t+101)2dt=

8>>><>>>:

Z d

c(Fini(�(t))+�(t))

404

(4t+101)2dt; se t <

N

2Z d

cFini(�(t))

404

(4t+101)2dt; se t�

N

2

(5.11)

E no caso deR dc F (�(t))

404(4t+101)2

dt

Z d

cF (�(t))

404

(4t+101)2dt=

8>>><>>>:

Z d

cFini(�(t))

404

(4t+101)2dt; se t <

N

2Z d

c(Fini(�(t))+�(t))

404

(4t+101)2dt; se t�

N

2

(5.12)

Contudo para termos valores reais utilizamos um método numérico para a integração,

isso devido a função ter características que impedem uma integração direta.

Para executar a operação de integração clássica e gerar os grá�cos utilizamos o

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5.3 Modelagem Intervalar do Experimento de Difração de uma Partícula 51

software Maple versão 12. As equações 5.11 e 5.12 são de�nidas por duas funçõesR dc Fini(�(t))

404(4t+101)2

dt eR dc (Fini(�(t))+�(t)) 404

(4t+101)2dt que, utilizando o método dos

mínimos quadrados e em seguida o método de uma integral numérica baseada na Lei

de Boole, ambos os métodos descritos em (RICHARDS, 2002), obtivemos a expressão

das integrais como funções polinomiais:Z d

cFini(�(t))

404

(4t+101)2dt =

Z d

c(Fini(�(t))+�(t))

404

(4t+101)2dt =

A variação do trabalho realizado pela partícula no Movimento 1 no grá�co repre-

sentado na �gura 5.6

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5.3 Modelagem Intervalar do Experimento de Difração de uma Partícula 52

Figura 5.6: Grá�co deR dc F (�(t))

404(4t+101)2

dt

Enquanto a partícula não utrapassa o �meio� da fenda, a força que atua na partícula

sofre uma redução devido ao campo elétrico da fenda, após o meio a força se estabiliza

pois a partícula, supostamente, não passa pelo campo. A variação do trabalho realizado

pela partícula no Movimento 2 no grá�co representado na �gura 5.7

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5.3 Modelagem Intervalar do Experimento de Difração de uma Partícula 53

Figura 5.7: Grá�co deR dc F (�(t))

404(4t+101)2

dt

Após ultrapassar o �meio� da fenda, a força que atua na partícula começa a crescer

em termos escalares, isso porque a partícula entra no campo elétrico da fenda, que a

partir desse ponto, é favorável ao movimento. Antes desse ponto, o trabalho é constante.

É possível notar que no movimento 1 desdo início a partícula sofre uma retração do

seu movimento, devido ao campo elétrico, com isso máximo e o mínimo dos intervalos

que representam o trabalho realizado se tornam ainda maiores.

5.3.1 Considerações Finais sobre o Experimento

A trajetória indeterminada da partícula não é um problema para uma estimativa

do trabalho realizado. Por mais que se estime alguma trajetória, o valor do trabalho

sempre estará entre dois valores estimados como os extremos de um intervalo. Com isso

podemos concluir que pensar em um modelo de matemática intervalar para modelos

matemáticos para a mecânica quântica pode ser uma ferramenta poderosa para o de-

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5.3 Modelagem Intervalar do Experimento de Difração de uma Partícula 54

senvolvimento desse ramo da física que por muitas vezes se depara com o problema da

incerteza dos valores atribuidos as variáveis.

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55

6 Conclusões e Trabalhos Futuros

6.1 Conclusões

A matemática intervalar é uma alternativa para solucionar problemas onde existam

erros computacionais e erros de exatidão que se apresentam cotidianamente em compu-

tações numéricas. Embora a matemática intervalar seja uma alternativa para abordar

esse tipo de problema, ela também permite lidar com a incerteza na representação nu-

mérica dos valores de certos atributos, como o peso, a largura ou fenômenos da natureza,

de alguns objetos. Contudo, a matemática intervalar (comparada com a matemática

clássica) é recente, por esta razão existem muitas de�nições e teorias da matemática

clássica que ainda não foram estendidas para a matemática intervalar. No presente

trabalho é proposto uma integral de linha intervalar, que estende integral intervalar em

(BEDREGAL; BEDREGAL, 2010), assim como a integral de linha da matemática clás-

sica de uma forma matematicamente bem fundamentada. Apresentamos, também, uma

aplicação desta integral de linha intervalar para calcular o trabalho realizado pela força

resultante em uma partícula de teste no experimento de difração de um elétron por uma

fenda. Sabendo que um dos problemas da mecânica quântica consiste em determinar o

valor que pode ser atribuido a uma variável considerando tanto, a incerteza do estado

da variável, como a incerteza da medição correta do seu valor, usamos um intervalo para

caracterizar a posição relativa e aproximada da partícula de tal maneira que o intervalo

contenha o real valor da variável. Uma vez que o problema foi contextualizado, sob

a luz da matemática intervalar, foi utilizada a integral de linha intervalar, que graças

às características do sentido das forças que atuam sobre a partícula permite calcular o

trabalho que a partícula sofre durante parte do experimento, considerando a incerteza

do seu posicionamento. Utilizar a de�nição de intervalo para a valoração das variáveis

ao invés de valores pontuais pode levar a um outro caminho evolutivo para a mecâ-

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6.2 Trabalhos Futuros 56

nica quântica, uma vez que a noção de intervalo permite englobar a idéia de valoração

da variável bem como a incerteza quanto ao estado. Assim podemos vislumbrar uma

gama de aplicações da matemática intervalar, e em particular, das integrais de linha

intervalares aqui propostas, em física quântica.

6.2 Trabalhos Futuros

Na matemática clássica um dos conceitos fundamentais é a noção de distância, em

particular, a de distância métrica. A análises real tem uma métrica que coincide com a

intuição geométrica de distância. Na matemática intervalar, foi o próprio Ramon Moore

que, em (MOORE, 1979), propôs uma métrica para I(R) a qual tem sido amplamente

aceita na comunidade de matemática intervalar, devido a que as pesquisas utilizando

essa métrica obtiveram importantes resultados além de que o próprio autor, provou que

essa métrica estende a métrica usual da reta. Contudo, essa noção de distância não é

uma função puramente intervalar, pois a imagem é um valor pontual e não um intervalo.

Ou seja, a distância entre dois intervalos é dado por uma valor exato. Mas, se pensamos

em intervalos como aproximações de números reais, então seria natural pensar que a

distância entre dois intervalos deve aproximar (conter), também, a distância entre os

valores reais que eles aproximam. Isto, motivou (TRINDADE et al., 2009) a propor

uma extensão da noção de distância para distancia intervalares, e a propor uma tal

distância intervalar para I(R). Assim, como trabalho futuro pretendemos desenvolver

uma versão das integrais de linha intervalares que se base nessa, ou em outra, distância

intervalar.

As integrais de linha possuem aplicações fundamentais para diversas áreas cientí�-

cas. Contudo, muitas dessas aplicações fazem uso das integrais de linha em curvas fecha-

das e integrais curvilíneas (integrais de linha de�nidas de funções F : I(R)n ! I(R)m).

Logo, seria interessante que existissem as fundamentações matemáticas da integral cur-

vilínea bem como da integral curvilínea de�nida numa curva fechada em espaços inter-

valares.

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57

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