Instrumentos de avaliação psicológica de pessoas idosas - portugal

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    Instrumentos de avaliao psicolgica de pessoas idosas: investigao e estudos de validao em Portugal 1

    Psychological assessment instruments in older adults: research and validation studies in Portugal

    Mrio r. SiMeS 2

    RESUMO

    A tendncia para o envelhecimento demogrfico da populao e o concomi-tante aumento da demncia e outras doenas neurodegenerativas, que constitui o principal problema de sade pblica no grupo das pessoas idosas, justifica, tam-bm em Portugal, uma crescente necessidade de instrumentos de avaliao psico-lgica precisos e vlidos.

    O recente e acentuado desenvolvimento da investigao na rea da avaliao psicolgica de pessoas idosas deu origem disponibilizao de um nmero impor-tante de instrumentos de avaliao psicolgica.

    Esta reviso assinala a investigao em Portugal nesta rea focalizada em do-mnios de avaliao como a inteligncia, inteligncia pr-mrbida, rastreio cogni-tivo, memria, funes executivas, avaliao funcional, personalidade, depresso, ansiedade e qualidade de vida.

    1 Trabalho realizado no mbito do projeto de investigao: Validao de Provas de Memria e de Inventrios de Avaliao Funcional e da Qualidade de Vida Fundao Calouste Gulbenkian (Proc. 74569; SDH 22 Neurocincias). Retoma e atualiza conferncia apresentada a convite ao VII Congresso Ibero-Americano de Avaliao e Diagnstico Psicolgico. Lisboa, 26 de Julho de 2011.2 Prof. Catedrtico. Doutorado em Avaliao Psicolgica. Laboratrio de Avaliao Psicolgica. CINEICC (Unidade I&D da Fundao para a Cincia e a Tecnologia). Faculdade de Psicologia e de Cincias da Educao da Universidade de Coimbra. Rua do Colgio Novo, 3001-802 Coimbra (Portugal). Telefone: +00351239851450. Endereo eletrni-co: [email protected].

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    Relativamente aos instrumentos recenseados, esta reviso delimita dados de natureza psicomtrica, o efeito de variveis sociodemogrficas, a utilidade, limites e recomendaes.

    Palavras-chave: avaliao psicolgica, instrumentos, pessoas idosas, investi-gao.

    ABSTRACT

    Due to the demographic trend of population aging, dementia and associated disorders in the elderly (the most important public health problem in Portugal), there is a increasing need for reliable and valid psychological instruments.

    Research on psychological assessment in the elderly has grown in the recent years and has produced several well-validate standardized instruments. This re-view highlights the Portuguese research for psychological assessment instruments in older people with a focus on areas such as intelligence, premorbid intelligence, cognitive screening, memory, executive functions, functional assessment, perso-nality, depression, anxiety and quality of life.

    Supporting psychometric data, norms, the effect of sociodemographic varia-bles as well as their usefulness, limitations and recommendations were emphasi-zed in this review.

    Key words: psychological assessment, instruments, elderly, research.

    INTRODUO

    Comecemos pelas estatsticas con-hecidas relativas ao envelhecimento demogrfico portugus. Os resultados preliminares do ltimo censo indicam que 19,1% da populao (2022504 pessoas) tem mais de 65 anos de idade, muito pouco escolarizada (36,177% sem nvel de escolaridade completo; 46,375% com 4 anos de escolaridade) e que a esperana mdia de vida em Por-

    tugal atualmente de 79,2 anos (INE, 2012; Por data, 2012). Por outro lado, com o envelhecimento ocorre igual-mente uma prevalncia mais elevada de condies mdicas, algumas das quais crnicas: doenas cardiovascula-res, diabetes, acidentes vasculares ce-rebrais, doenas musculo-esquelticas, depresso e demncia. A este respeito, uma outra estatstica refere a existncia de 153000 doentes com demncia em Portugal, 90000 dos quais com Doena

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    de Alzheimer, constituindo a idade o fator de risco mais importante (Alzhei-mer Portugal, 2009).

    Neste enquadramento importa en-tender que o envelhecimento popu-lacional e o aumento da longevidade originam um incremento na urgncia de interveno junto deste grupo e, nesta perspetiva, obrigam a pensar as especificidades do desenvolvimento da avaliao psicolgica e os respetivos instrumentos de medida. Os instrumen-tos de avaliao psicolgica pretendem assegurar uma descrio do funciona-mento atual da pessoa, uma estimativa do funcionamento pr-mrbido e uma objetivao quantificada do padro e severidade dos dfices ou sintomas em diferentes domnios. Tm um papel in-substituvel na investigao (p. ex., na caracterizao do processo de envelhe-cimento normal, estudos epidemiolgi-cos) e na prtica clnica (p. ex., no con-tributo para o diagnstico de doenas de natureza neuro-degenerativa, mo-nitorizao da sua evoluo, identifi-cao de necessidades de reabilitao, exame da eficcia das intervenes).

    O presente trabalho assinala e co-menta investigaes, de dimenso distinta, que esto a ser realizadas em Portugal, centradas na adaptao, vali-dao e normalizao de testes e outros instrumentos de avaliao de pessoas idosas, sem esquecer de identificar questes ou problemas associados sua utilizao.

    Na escolha dos instrumentos a co-mentar foram valorizados os seguintes critrios: instrumentos representativos, que examinem constructos relevantes, passveis de utilizao no imediato ou num futuro prximo e tenham associadas investigaes empricas, publicaes e/ou apresentaes em congressos.

    Importa reconhecer que a avaliao de adultos idosos e o uso de instrumen-tos ocorrem frequentemente em con-textos de trabalho multidisciplinar en-volvendo a colaborao de psiclogos, neurologistas e psiquiatras. Algumas das publicaes centradas nos instru-mentos considerados neste trabalho, e que remetem para estudos de validao emprica, ilustram bem o contexto in-terdisciplinar da investigao subja-cente. Convm igualmente saber que alguns instrumentos aqui recenseados no foram originalmente desenvolvi-dos por psiclogos mas que so fre-quentemente estes que implementam e concretizam estudos mais sistemticos e os utilizam em contexto de avaliao.

    Os instrumentos analisados incluem provas de rastreio simples e testes mais complexos e exigentes (incluindo bate-rias de testes examinando vrias funes ou funes especficas) e esto orienta-dos para o exame de diferentes domnios cognitivos (inteligncia, inteligncia pr-mrbida, memria, funes execu-tivas), psicopatologia e funcionamento emocional (sintomas de depresso e ansiedade), personalidade, autonomia e

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    capacidade funcional, qualidade de vida (relacionada com sade, doenas).

    1. Instrumentos de avaliao cognitiva

    1.1. De um ponto de vista no mera-mente histrico, incontornvel referir a Bateria de Lisboa para Avaliao das Demncias (BLAD; Guerreiro, 1998), at poucos anos a nica pro-va estudada em Portugal e utilizada no exame psicolgico de adultos idosos com suspeita de deteriorao cogni-tiva (demncia). A BLAD um ins-trumento compreensivo de avaliao neuropsicolgica, cujas provas esto orientadas para o exame de diferentes funes cognitivas: orientao, inteli-gncia cristalizada/memria episdi-ca/conhecimentos factuais adquiridos, ateno, memria de trabalho, mem-ria, linguagem oral, capacidade de abs-trao/raciocnio lgico, capacidade construtiva bidimensional e viso-per-cetiva, iniciativa, clculo, funes exe-cutivas, praxias. Ainda muito usada em contexto clnico e hospitalar a BLAD tem contudo normas bastante datadas provenientes de uma amostra da comu-nidade tambm pouco representativa (116 sujeitos com idades compreendi-das entre os 35 e 88 anos).

    1.2. Com o teste das Matrizes Pro-gressivas Coloridas de Raven deve ser referida a investigao realizada numa amostra heterognea de 79 casos

    diagnosticados com demncia ligeira ou moderada, 63 casos com DCL e 144 sujeitos da comunidade, sem proble-mas psiquitricos ou neurolgicos). Os resultados no teste apontam para uma boa consistncia interna (.77-.92). Co-rrelaes moderadas a elevadas encon-tradas com outras provas de avaliao cognitiva (.62 para o MMSE, .78 para o MoCA, .54 para a Fluncia Verbal Semntica e .56 para a Fluncia Verbal Fonmica) e diferenas estatisticamen-te significativas nos desempenhos en-tre os grupos de idade, escolaridade e entre os grupos normativo (comuni-dade) e clnicos (DCL, Demncia) so sugestivos da validade dos resultados nas MPCR (Martins & Simes, 2009).

    1.3. A Escala de Inteligncia de Wechsler para Adultos (WAIS-III; Wechsler, 2008a) e a Escala de Mem-ria de Wechsler (WMS-III; Wechsler, 2008b) so instrumentos recentemente aferidos para a populao portuguesa que podem ser usados na identificao de pessoas em risco de deteriorao cognitiva. Para alm das potencialida-des conhecidas convm saber alguns problemas comuns a estas duas provas: (i) ao contrrio das adaptaes reali-zadas noutros pases, as amostras das aferies portuguesas foram distintas, inviabilizando uma comparao mais rigorosa dos resultados; (ii) ausncia de estudos de validao junto de gru-pos representativos de condies cl-nicas associadas ao processo de enve-

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    lhecimento e nos quais a inteligncia ou a memria constituem dimenses essenciais dos protocolos de avaliao associados (Declnio Cognitivo Li-geiro, Doena de Alzheimer e outros tipos de demncia na sua fase inicial, Parkinson, Acidentes Vasculares Cere-brais), grupos habitualmente conside-rados na validao de verses destas escalas noutros pases e cujos estudos constam dos respetivos manuais; (iii) ausncia de normas que considerem simultaneamente a idade e a escolari-dade, reconhecendo o forte impacto desta ltima varivel nos desempen-hos; (iv) considerar grupos etrios mel-hor circunscritos (p. ex., 80-84 e 85-89 anos, em detrimento do agrupamentos com uma amplitude elevada de idades realizados na aferio portuguesa da WAIS-III (80-90 anos) ou da WMS-III (grupo com idades iguais ou superiores a 80 anos); (v) alargamento da amostra normativa das ltimas faixas etrias (p. ex., no caso da WAIS-III, as faixas 75-79 e 80-90 anos incluem apenas 73 e 80 sujeitos, respetivamente; e 63 e 67 nas faixas 75-79 e igual ou superior a 80 anos no caso da WMS-III); (vi) rela-tivamente WAIS-III, acrescente-se a necessidade de estudos que examinem a utilidade diferencial de vrias formas reduzidas em populaes normativas e clnicas (considerando a importncia de avaliaes breves neste grupo popu-lacional que manifesta mais facilmente sinais de fadiga, distractibilidade e fal-

    ta de ateno) e identifiquem testes e ndices Fatoriais mais discriminativos, cujos resultados possam estar mais fortemente correlacionados com os resultados globais (QIs) e/ou so mais sensveis ao declnio ou deteriorao cognitivas; (vii) relativamente verso portuguesa da WMS-III importa acres-centar a necessidade de estudos de validade concorrente (considerando o recurso a outros testes de avaliao da memria) e estudos de validao com grupos clnicos relevantes (doena de Alzheimer, depresso). Neste plano, assinale-se o estudo de validao da WMS-III em grupos de doentes com Doena de Alzheimer e Demncia Vas-cular (Gonalves, Pinho, Olivera, & Rente, 2012) que pretende responder ao problema de um teste reconhecida-mente importante, e com normas re-centemente publicadas, no ter estudos de validao com alguns grupos clni-cos relevantes aos quais se destina.

    1.4. Em fases distintas encontram-se as investigaes com outros instru-mentos centrados no exame da mem-ria: o Teste de Recordao Seletiva Livre e Guiada (Free and Cued Selec-tive Reminding Test; FCSRT; Buschke, 1984; Lemos, Martins, Simes, & San-tana, 2012), uma medida de memria que pretende controlar as condies de aprendizagem e evocao atravs da codificao semntica e sensvel s alteraes da memria episdica que caracterizam a DA; o Teste de Mem-

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    ria Prospetiva (The Memory for Inten-tions Test; MIST; Raskin, & Buckheit, 2010; Costa, Reis, Pinho, & Pereira, 2012), orientado para a avaliao da capacidade para recordar tarefas quoti-dianas a realizar no futuro (tarefas ba-seadas no tempo e em acontecimentos), requerendo diferentes intervalos de tem-po (breves e longos) e tipos de respostas (verbais, aes); e a Escala de Queixas de Memria (Subjective Memory Com-plaints; SMC; Schmand, Jonker, Hooi-jer, & Lindeboom, 1996; Gin, Men-des, Maroco, Ribeiro, Schmand, de Mendona, & Guerreiro, 2010), que faz habitualmente parte dos protocolos de avaliao mas cuja rotina de utilizao ganharia se acrescentasse s respostas do sujeito examinado a opinio de fami-liar ou cuidador informado.

    1.5 No domnio dos testes de ras-treio cognitivo deve ser referido em primeiro lugar, o clssico e muito uti-lizado, Mini Mental State Exami-nation (MMSE; Folstein, Folstein, & McHugh, 1975) que inclui tarefas de orientao, reteno, ateno e clculo, evocao diferida, linguagem e capaci-dade viso-construtiva. As normas neste instrumento tm sido sucessivamente aperfeioadas considerando variveis como a idade, escolaridade e a defi-nio de pontos de corte (Guerreiro et al., 1994; Morgado, Rocha, Maruta, Guerreiro & Martins, 2009; Freitas, Si-mes, Alves & Santana, 2012). Existe evidncia emprica de que os resulta-

    dos no MMSE so progressivamente menos discriminativos uma vez que os seus itens so relativamente simples e fceis, sobretudo para sujeitos (cada vez) mais escolarizados. A escolari-dade tem alis um significado impor-tante: na ltima pesquisa, explica 24% da varincia nos resultados (a idade, 4%). Finalmente, convm sublinhar a dificuldade em estabelecer uma anli-se comparativa mais objetiva entre os estudos analisados devido a diferenas nas amostras relativamente a variveis como a idade, escolaridade, repre-sentatividade geogrfica e critrio de definio de pontos de corte. Importa sublinhar que uma pontuao elevada no MMSE no exclui a possibilidade de demncia.

    Neste plano, o Montreal Cogni-tive Assessment (MoCA; Nasreddine et al., 2005) um dos testes de ras-treio cognitivo mais promissores. Foi especificamente desenvolvido para a avaliao das formas mais ligeiras de declnio cognitivo e examina seis do-mnios cognitivos: funes executivas; capacidade viso-espacial; memria a curto prazo; ateno, concentrao e memria de trabalho; linguagem e orientao temporal e espacial. Em Portugal, o MoCA foi objeto de um programa sistemtico de investigaes que incluem um estudo de adaptao (Freitas et al., 2010); estudos de vali-dao implementados junto de dife-rentes grupos clnicos como o caso

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    do Declnio Cognitivo Ligeiro (DCL) e Doena de Alzheimer (DA) (Frei-tas et al., 2012a), Demncia Vascular (DV) (Freitas et al., 2012b), Demncia Fronto-Temporal variante comporta-mental (DFTvc) (Freitas et al., 2012c). Estas pesquisas evidenciam a neces-sidade de considerar pontos de corte prprios para amostras clnicas portu-guesas, bastante distintos dos definidos no estudo original de Nasreddine et al. (2005), especificamente pontos de corte inferior a 17 (para a DA, DFTvc, DV) e inferior a 22 (para o DCL). Recorde-se que a pontuao mxima no MoCA de 30 e o ponto de corte sugerido para o DCL no estudo ori-ginal de Nasreddine e colaboradores, com base numa amostra clnica com uma escolaridade mdia de 13 anos de 26 pontos. Outros estudos aduzem evidncia emprica fatorial estrutura proposta pelos autores da verso ori-ginal (Duro et al., 2010; Freitas et al., 2012e) fundamentando o recurso a uso de perfis de resultados na monitorizao do declnio cognitivo. Outros dados de natureza psicomtrica permitem con-cluir que os valores da fiabilidade das pontuaes so muito positivos: estabi-lidade temporal dos resultados de .909, consistncia interna (alfa de Cronbach) variando entre (.723, grupo DCL e .847, grupo DFTvc) e acordo entre cotadores variando entre .988 (DCL e DA) e .976 (DFTvc). A relao das pontuaes no MoCA e no MMSE igualmente eleva-

    da, variando entre (.61, grupo DCL) e .838 (DFTvc). Outro estudo evidenciou o impacto da idade e, sobretudo, da es-colaridade, variveis explicam 49% da varincia dos resultados (Freitas et al., 2012f). O estudo de natureza normativa (N=650; grupos de idade: 25-49, 50-64 e 65 ou mais anos de idade), realizado com uma amostra representativa da po-pulao portuguesa (Freitas et al, 2011) viabiliza o recurso alargado desta pro-va a vrios grupos distintos dos origi-nalmente definidos. Resta acrescentar que esto ainda previstos estudos com a verso portuguesa do MoCA noutros grupos clnicos (p. ex., Parkinson e Es-clerose Mltipla), exame da relao dos resultados com outros instrumentos de avaliao (nomeadamente, ACE-R; WAIS-III, WMS-III), anlise dos itens no mbito da teoria de Resposta ao Item e exame das propriedades psicomtricas das verses paralelas (verso 7.2 e 7.3; www.mocatest.org) que tm o objetivo de reduzir os possveis efeitos de apren-dizagem resultantes da administrao repetida da prova.

    Notas breves para outros dois testes de rastreio cognitivo. O teste Avaliao Cognitiva de Addenbrooke-Forma Revista (Addenbrookes Cognitive Examination-Revised; ACE-R; Mioshi, Dawson, Mitchell, Arnold, & Hodges, 2006), um instrumento sensvel s ma-nifestaes iniciais de demncia e con-siderado til para classificar diferentes tipos de demncia, particularmente

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    diferenciar a DA da DFT (Mioshi et cols., 2006). Relativamente ao MMSE, o ACE-R um instrumento mais espe-cfico e sensvel (pontuao mxima: 100) que inclui o exame de 5 dom-nios: orientao e ateno, memria, fluncia verbal, linguagem e aptido viso-espacial. Como vantagens adicio-nais, refira-se a possibilidade de exa-me de um maior nmero de domnios cognitivos com a incluso de tarefas de avaliao de Funes Executivas, um alargamento do nmero de tarefas de avaliao da memria, linguagem e capacidades viso-espaciais e, no me-nos importante, a incluso (dos itens) do MMSE, facto que potencia anli-ses comparativas e a monitorizao da evoluo dos desempenhos. O ACE-R dispe de estudos de validao em amostras com diferentes diagnsticos clnicos: Declnio Cognitivo Ligeiro, Doena de Alzheimer e outras formas de demncia e Depresso e tem nor-mas obtidas a partir de uma amostra numerosa de 1084 sujeitos adultos e adultos idosos da comunidade (Si-mes, Firmino, Sousa, & Pinho, 2011). Um estudo de validao recente com o ACE-R, evidencia a utilidade de algu-mas tarefas deste teste na predio do desempenho de condutores idosos em situao de exame de conduo real (Ferreira, Simes, & Marco, 2012).

    O Teste do Desenho do Relgio (TDR) est igualmente a ser objeto de programa de validao com diferentes

    grupos clnicos, analisando diferentes sistemas de cotao (Duro et al., 2012) e dados normativos (Santana et al., sub-metido). Este tipo de tarefa est presen-te em vrios outros testes recentemente desenvolvidos (MoCA, ACE-R) e, nal-guns casos, em testes ainda no estuda-dos na populao portuguesa (MMSE-2, Wechsler Memory Scale-IV) e mede (ou sensvel) a vrias funes cogni-tivas: compreenso, memria, funes executivas, processos viso-percetivos, viso-construtivos e viso-motores, per-ceo visual, linguagem, ateno, con-centrao e tolerncia frustrao, pensamento abstrato, representao simblica e grafo-motora (para uma re-viso, cf. Freitas & Simes, 2010).

    1.6. Com estudos de adaptao e validao, a Escala de Avaliao da Demncia (Dementia Rating Sca-le - 2; Jurica, Leiten & Mattis, 2001, 2010) uma medida geral da capaci-dade cognitiva para adultos com nveis baixos de funcionamento cognitivo e alteraes neurolgicas corticais ou subcorticais de tipo degenerativo. A DRS-2 pretende distinguir entre dife-rentes nveis de capacidade em sujei-tos com demncia. Inclui 5 subescalas: ateno, iniciativa/perseverao, cons-truo, conceptualizao e memria, num total de 36 tarefas. Tem normas, obtidas numa amostra de 526 partici-pantes saudveis da comunidade, para dois grandes grupos: analfabetos (0-2 anos de escolaridade) e mais de 2 anos

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    de escolaridade. O Manual portugus inclui um estudo de validao clnica com 78 doentes com Parkinson, estan-do prevista investigao com pacientes com doena de Alzheimer e doena de Huntington.

    1.7. Raramente existe disponvel informao relativa ao funcionamento intelectual anterior de casos com leso cerebral adquirida associada a con-dies clnicas com impacto cognitivo, como Traumatismo Crnio-Enceflico, Demncia, Esquizofrenia ou Depres-so. Contudo, reconhecida a necessi-dade de informao objetiva relativa ao funcionamento cognitivo pr-mrbido e que consinta uma comparao com a performance atual em testes cogniti-vos. A estimativa da Inteligncia Pr-Mrbida (IPM) constitui um objetivo importante da avaliao neuropsicol-gica, sendo vrios os instrumentos de avaliao da IPM existentes baseados na capacidade/competncia de leitura. Com efeito, dados de natureza clnica apontam para a relativa estabilidade desta capacidade na populao normal e para a sua maior preservao ou re-sistncia ao dano cognitivo. O Teste de Leitura de Palavras Irregulares (TeLPI; Alves, Simes & Martins, 2010) pretende contribuir para o obje-tivo especfico de estimao da IPM. A primeira verso experimental do TeL-PI, incluiu 121 palavras portuguesas que ostentam casos de irregularidade na relao grafema-fone (palavras irre-

    gulares), 105 das quais infrequentes e 16 frequentes. A investigao com a verso final do TeLPI (46 palavras irre-gulares) mostra que os resultados nos testes de Vocabulrio e Informao da WAIS-III e o nvel de escolaridade al-canado esto fortemente correlaciona-dos com as pontuaes nesta medida de IPM (Alves, Simes & Martins, 2012). Outra investigao comparou grupos controlo da comunidade com grupos clnicos (Declnio Cognitivo Ligeiro e Doena de Alzheimer provvel) e no identificou diferenas estatisticamente significativas nas pontuaes no teste nestes grupos (Alves et al., in press). Por outro lado, foi demonstrado que os resultados no TeLPI influenciam as pontuaes no MMSE e no MoCA em participantes da comunidade saudveis e em pacientes com deteriorao cog-nitiva, sugerindo a relevncia do uso de uma medida de IPM nos protoco-los de avaliao. Finalmente, estudos de natureza normativa realizados com uma amostra representativa da popu-lao portuguesa (N=700; 25-86 anos de idade) acrescentam legitimidade e utilidade prtica utilizao deste ins-trumento.

    1.8. Outros instrumentos centram-se sobretudo no exame de funes mais especficas. A Frontal Assessment Battery (FAB; Dubois, Slachevsky, Litvan, Pillon, 2000) um instrumento de administrao breve originalmente orientado para a avaliao das Funes

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    Executivas em pacientes com demncia. Inclui 6 subtestes que exploram diferen-tes aptides: conceptualizao, flexibili-dade mental, planificao, sensibilidade interferncia, controlo inibitrio e au-tonomia). A FAB tem uma investigao realizada com 50 doentes com Parkinson (Lima, Meireles, Fonseca, Castro, & Ga-rrett, 2008), sendo necessrios mais es-tudos que alarguem consideravelmente a base normativa a adultos idosos (dos 122 participantes saudveis, de idades compreendidas entre os 20 e 81 anos, apenas 62 casos de sujeitos possuam idades superiores a 60 anos), incluam um protocolo de validao desejavelmente circunscrito a esta populao e a outros grupos clnicos (doena de Alzheimer, demncia vascular e demncia fronto-temporal, infartos subcorticais) que tm sido investigados noutros pases com este instrumento.

    1.9. Por fim, uma breve referncia a investigaes com a Bateria Com-putorizada de Testes Neuropsicolgi-cos de Cambridge para Avaliao da Demncia de Alzheimer (CANTAB-Alzheimer; Cambridge Cognition, 2006) que inclui 5 testes (rastreio motor; pro-cessamento rpido de informao visual, aprendizagem de pares associados, tem-po de reao e memria de trabalho espa-cial), cujas pontuaes so sensveis na deteo de alteraes cognitivas, mesmo ligeiras, em sujeitos com DA e que pre-tendem examinar diversas funes: me-mria episdica viso-espacial, ateno

    visual, controlo inibitrio, planeamento e memria de trabalho espacial (Gonal-ves, Pinho & Simes, 2012).

    2. Instrumentos de avaliao da validade de sintomas

    O esforo insuficiente, exagero de sintomas ou simulao so cons-tructos cada vez mais valorizados em avaliao neuropsicolgica mas a sua utilidade est ainda escassamente do-cumentada nesta populao. O efeito de teto subjacente ao desenvolvimento dos testes de esforo insuficiente pode no resultar do mesmo modo em idosos com perturbaes neuro-degenerativas, razo pela estes casos so habitualmen-te excludos dos estudos de validao deste tipo de instrumentos. Porm, a incluso deste tipo de medidas pode assumir um papel relevante em casos de determinao de incapacidade ou de pedidos de reforma antecipada e, no menos importante, no exame da credi-bilidade dos desempenhos e validade dos resultados nos restantes instrumen-tos dos protocolos de avaliao, especi-ficamente em provas cognitivas. Neste mbito, o Rey 15-Item Memory Test (15-IMT; Rey, 1964; Boone, Salazar, Lu, Warner-Chacon, & Razani, 2002) um dos instrumentos mais usados para detetar desempenhos pobres associados a esforo insuficiente, a escassa moti-vao ou mesmo enganosos ou fraudu-lentos (simulao de dfice cognitivo

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    ou de declnio mnsico). O 15-IMT inclui uma tarefa de evocao livre e outra de reconhecimento. As vantagens atribudas ao 15-IMT (administrao fcil e rpida, possibilidade de usar v-rios ndices quantitativos, anlises de natureza qualitativa) no devem me-nosprezar alguns limites, constatados nos resultados de investigaes portu-guesas, como o caso da necessidade de ponderar o recurso a pontos de corte distintos dos mais comummente suge-ridos na investigao considerando, ao contrrio do que seria suposto, e tendo em conta a natureza e objetivos do tes-te, o impacto de variveis como a esco-laridade, a idade, o prprio funciona-mento mnsico (cf. relao moderada com pontuaes no ACE-R e no Tes-tes Pares de Palavras) e sensibilidade presena de dfices cognitivos reais ou de condies clnicas como o DCL, DA, depresso (Simes, Sousa, Duarte, Firmino, Pinho, Gaspar, , & Frana, 2010; Simes, Pinho, Sousa, & Firmi-no, 2011). Estes limites justificam a in-vestigao com outros instrumentos de exame de exagero de sintomas como o caso do Test of Memory Malinge-ring (TOMM; Tombaugh, 1986). Um estudo exploratrio comparando um grupo de 20 doentes com DCL e um grupo controlo da comunidade corro-borou a validade dos pontos de corte consensualmente definidos para este instrumento (Fernandes, Simes, & Gonalves, 2009).

    3. Instrumentos de avaliao da capacidade funcional

    De acordo com as projees do Insti-tuto Nacional de Estatstica (INE, 2007), 26 em cada 100 indivduos em idade ativa encontram-se atualmente em situao de dependncia, devendo este ndice de de-pendncia aumentar para valores prxi-mos de 58/100 em 2050. Constituindo uma parte incontornvel da avaliao (neuro)psicolgica de idosos, o exame da capacidade funcional inclui a identi-ficao da presena (ou ausncia) de um conjunto amplo de competncias do dia-a-dia que so necessrias para uma vida independente em casa e na comunidade. A utilidade da avaliao funcional pode ser comprovada considerando que os dados obtidos a partir de testes neurop-sicolgicos no explicam toda a varin-cia nas capacidades funcionais, apesar da relao estreita entre funcionamento cognitivo e funcionamento no dia-a-dia (Potter & Attix, 2006) e que o declnio funcional constitui critrio para a deli-mitao de doenas neuro-degenerativas como o caso do Declnio Cognitivo Ligeiro (DCL) e Demncias (Marson & Herbert, 2006). Uma avaliao funcional mais completa sensvel a ligeiras alte-raes na cognio (ateno, memria, funes executivas), que podem no ser identificadas nos testes neuropsicol-gicos mais comuns (Peres et al., 2006), mas com impacto suficiente em primeiro lugar na perda de capacidades funcionais

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    mais complexas e, posteriormente, nas atividades instrumentais de vida diria (Perneczky et al., 2006). Ou seja, a iden-tificao precoce de alteraes funcio-nais pode contribuir para um diagnstico mais precoce de DCL e orientar inter-venes mais focalizadas que alonguem a independncia ou melhorem a capaci-dade e o funcionamento (fsico, cogniti-vo e emocional) no dia a dia.

    3.1. Neste contexto, de assinalar o Inventrio de Avaliao Funcional de Adultos e Idosos (IAFAI, Sousa, Si-mes, Pires, Vilar, & Freitas, 2008), um novo instrumento destinado ao exame funcional de adultos e adultos idosos, desenvolvido a partir da conceptuali-zao de capacidade funcional de Mar-son e Herbert (2006) e da Classificao Internacional de Funcionalidade da OMS (2001). O IAFAI inclui o exame de ati-vidades bsicas de vida diria, atividades instrumentais de vida diria familiares e avanadas. O desenvolvimento do IA-FAI incluiu a reviso de 21 instrumentos de avaliao funcional existentes, uma primeira verso experimental constitu-da por 84 itens (foram testados 22 itens novos, no presentes nos instrumentos recenseados) e considerada a informao de profissionais a trabalhar no terreno que utilizaram as verses experimentais do instrumento. Com a segunda verso experimental, constituda por 53 itens, foram realizados estudos no mbito da Teoria de Resposta ao Item (TRI), a vali-dao em grupos clnicos (DCL, Demn-

    cia, TCE e Depresso), numa amostra de 803 adultos e adultos idosos que discri-minou 567 controlos saudveis da comu-nidade e 236 pessoas com diferentes con-dies clnicas (DCL, Demncia, AVC, depresso, esquizofrenia). O estudo da TRI implicou uma nova reduo no n-mero de itens (a verso final do IAFAI ficou constituda por 50 itens) e reduziu o sistema de cotao inicial de nove a duas categorias: independncia total ou dependncia.

    Existem outras provas de avaliao funcional usadas em Portugal mas com um alcance mais restrito. o caso de duas verses da Alzheimers Disease Cooperative Study/Activities of Daily Living scale: a ADCS/MCI/ADL18 e a ADCS/MCI/ADL24 (Galasko et al., 1997), estudadas em participantes com 60 ou mais anos de idade: 31 sujeitos controlo da comunidade, 30 pacien-tes com DCL amnsico e 33 pacientes com DA, evidenciando a ADCS/MCI/ADL24 melhor sensibilidade e espe-cificidade para diferenciar os casos de DCL amnsico dos controlos saudveis (Pedrosa et al., 2010).

    3.2. Com o objetivo especfico de contribuir para a determinao legal de casos de incompetncia ou incapacidade e constituir uma resposta especializada ao sistema legal portugus, nos processos de Interdio e Inabilitao e na formali-zao de doaes ou elaborao de tes-tamentos deve ser referido o Inventrio de Avaliao da Capacidade Financei-

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    ra (IACFin; Sousa, Simes, & Firmino, 2010). A capacidade financeira um conceito mdico-legal multidimensional, fortemente mediado por fatores cogni-tivos (Sherod et al., 2009) e vulnervel a vrias condies psiquitricas e neu-rolgicas (Marson, Triebel, & Knight, 2012). O processo de desenvolvimento do IACFin incluiu a anlise de processos judiciais de interdio/inabilitao (defi-cincia mental, demncia, esquizofrenia, epilepsia secundria a acidentes vascula-res cerebrais), o exame dos instrumentos existentes e a realizao de grupos focais com profissionais de sade mental (psi-quiatras, psiclogos), profissionais do sistema legal (juzes, advogados), ge-rontologistas, adultos idosos (da comu-nidade, institucionalizados). O IACFin contm trs mdulos que remetem para diferentes domnios: um mdulo de ras-treio (p. ex., orientao, ateno, cons-cincia), um mdulo geral (p. ex., valores e preferncias, aptides monetrias bsi-cas, pagamento de contas, avaliao do risco de crime patrimonial) e um mdulo de disposio do patrimnio. Os grupos de validao previstos incluem DCL, DA, esquizofrenia, deficincia mental, inimputveis.

    4. Instrumentos de avaliao da personalidade e do funcionamento emocional

    A nfase na dimenso cognitiva (in-teligvel pela necessidade de deteo

    precoce e seguimento de casos de DCL e pelo reconhecimento de que as de-mncias so o principal problema de sade pblica em pessoas com mais de 65 anos de idade) coexiste com a apa-rente desvalorizao de outros dom-nios de avaliao essenciais: a perso-nalidade e o funcionamento emocional. Assim, falta investigar mais sistemati-camente com este grupo populacional instrumentos muito utilizados na pr-tica clnica, com investigao noutros pases e que nalguns casos j se encon-tram adaptados para a populao por-tuguesa junto de outros grupos etrios. Esta uma questo a ponderar uma vez que a avaliao da personalidade tem um papel importante na identificao de pessoas saudveis ou em risco de desenvolver problemas clnicos, in-cluindo doenas de natureza neuro-degenerativa (cf. Balsis, Carpenter, & Storandt, 2005) e na definio de obje-tivos de interveno.

    4.1. Neste contexto, a prtica e a investigao noutros pases privilegia o NEO-FFI (Costa, & McCrae, 1992; Archer, Brown, Boothby, Foy, Nicho-las, & Lovestone, 2006), uma medida abreviada das 5 grandes dimenses da personalidade (Neuroticismo, Ex-troverso, Abertura Experincia, Amabilidade e Conscienciosidade). Constitudo por 60 itens o NEO-FFI um instrumento a ponderar depois de analisados de forma mais segmentada dados j recolhidos (Magalhes, et al.,

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    submetido). Vrias investigaes indi-cam a utilidade desta prova comum-mente usada nos adultos idosos como medida da personalidade pr-mrbida. P. ex., a pontuao elevada no trao Neuroticismo e pontuao baixa no trao Abertura Experincia surgem associadas a risco de desenvolver DA (Duberstein et al., 2011) ou depresso major (Weiss, et al., 2009). A pesqui-sa de Archer et al. (2006) junto de pacientes com DA provvel sugere a utilidade de uma medida adaptada do NEO-FFI (verso retrospetiva) como estimativa da personalidade pr-mr-bida, num contexto em que este in-ventrio modificado respondido por 2 cuidadores/informadores que con-heam bem o funcionamento prvio da pessoa examinada.

    4.2. Quanto ao funcionamento emocional so de mencionar instru-mentos que remetem para o rastreio da depresso e ansiedade. A presena de sintomas depressivos no fre-quentemente reconhecida, apesar da depresso constituir um problema clnico comum e persistente em pes-soas idosas, nomeadamente naquelas que apresentam problemas de sade, e estar associada a um funcionamento social comprometido, pior qualidade de vida, agravamento da morbilidade fsica e a expetativa de mortalidade mais elevada (para uma reviso cf. Mitchell et al., 2010). A incluso de medidas de depresso nos protocolos

    de avaliao constitui um imperativo. A Geriatric Depression Scale (GDS; Yesavage, Brink, Rose, Lum, Huang, Adey, & Leirer, 1983) provavelmen-te o instrumento de auto-resposta mais usado e objeto de um maior nmero de investigaes (Dennis, Kadri, & Coffey, 2012). Existem verses com 30, 20, 15, 10, 4 e 1 item. Em Portugal so conhecidas vrias tradues da verso GDS-30 (Pocinho et al., 2009; Simes, Sousa, Firmino, Andrade, Ra-malho, & Vilar, 2010). Encontram-se em fase de redao vrios estudos com base na verso mais recente da GDS-30: anlise dos itens (Teoria de Resposta ao Item), desenvolvimen-to da verso GDS-15, identificao da estrutura fatorial, validao com grupos com diferentes diagnsticos clnicos. A ttulo ilustrativo, a pon-tuao na GDS-30 distingue os dife-rentes grupos examinados: comunida-de (N=1114; 8.6 + 5.9), deteriorao cognitiva (N=274; 15.4 + 7.5), depres-so (N=100; 21.3 + 5.1). Num estudo de validade convergente, Brochado (2012) refere uma correlao de 0,631 entre pontuaes na GDS-30 e no BDI-II numa amostra de idosos, que frequentavam Centros de Dia. Nesta pesquisa a pontuao mdia total do GDS-30 foi de 11,64 (D.P.=1,65) e pontuao mdia total do BDI-II foi de 10,21 (D.P.=4,51).

    Um instrumento a considerar na avaliao da depresso a Center for

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    Epidemiologic Studies Depression Scale (CES-D; Radloff, 1977), uma escala com 20 itens, desenhada para estudos epidemiolgicos na populao geral, incluindo idosos (Corman, Ior-dache, Schensul, & Coiculescu, 2012) tambm, apropriada para populaes clnicas e com estudos na populao portuguesa no idosa (Gonalves & Fagulha, 2006).

    4.3. As perturbaes da ansiedade so igualmente comuns nas pessoas idosas. O Geriatric Anxiety Inven-tory (GAI; Pachana et al., 2007) um instrumento que discrimina as respos-tas de adultos idosos com e sem sin-tomas de ansiedade ou Perturbao da Ansiedade Generalizada (DSM-IV). Para alm dos 20 itens originais, a adaptao portuguesa testou mais 10 itens. A verso final portuguesa do GAI (igualmente com 20 itens) apresenta dados preliminares bastante satisfa-trios: discrimina casos de idosos da comunidade sem distress psicolgico (N= 92; 4.1 + 5.4), participantes da comunidade com distress psicolgi-co (N=60; 16.3 + 4.9), participantes com Perturbao da Ansiedade Gene-ralizada (N=8; 16.1 + 4.7), Ansiedade (N=15; 14.8 + 4.0), Depresso (N=32; 15.2 + 5.6) e com um ponto de corte (8/9) idntico ao do estudo original, correspondente a uma sensibilidade de 0.888 e a uma especificidade de 0.804 (Ribeiro et al., 2010). Os resultados deste estudo preliminar apontam para

    a interao e comorbilidade entre sin-tomas de ansiedade e depresso. im-portante aprofundar em amostras mais numerosas e representativas os estudos de validao e normativos j realizados e investigar a utilidade de uma verso reduzida do GAI (cf. Byrne & Pachana, 2011).

    5. Instrumentos de avaliao de outros constructos: o caso da Qualidade de Vida

    A qualidade de vida (QdV) um tpico de crescente importncia na in-vestigao na rea do envelhecimento mas no evidente o estatuto dos ins-trumentos de medida deste constructo nos protocolos de avaliao. O World Health Organization Quality of Life Old Module (WHOQOL-OLD; Power, Quinn, Schmidt, & WHOQOL-Old Group, 2005) um dos instrumen-tos de avaliao da QdV mais promis-sores (para uma reviso, cf. Vilar et al., 2010). O mdulo WHOQOL-OLD ori-ginal constitudo por 6 facetas: fun-cionamento sensorial; autonomia; ati-vidades passadas, presentes e futuras; participao social; morte e morrer; e intimidade. Os estudos de adaptao e validao do WHOQOL-OLD para a populao portuguesa, incluram gru-pos focais (profissionais em formao, cuidadores, adultos idosos da comuni-dade e institucionalizados). Os resul-tados nestes estudos corroboram a na-

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    tureza multidimensional do constructo QdV, as facetas j existentes e identi-ficam uma nova dimenso, famlia/vida familiar, que foi includa como faceta do mdulo WHOQOL-OLD portugus (Vilar et al., in press) e est igualmente bem identificada a partir das respostas de uma amostra de 412 adultos idosos analisadas com recurso Teoria de Resposta ao Item (Vilar, Simes, Prieto, & Sousa, em prepa-rao). Na validao da verso portu-guesa do WHOQOL-OLD foram utili-zados outros instrumentos de avaliao da QdV (EUROHIS-QOL-8; SF-12) em amostras da comunidade e clnicas e realizado um estudo normativo.

    Ainda no domnio da QdV, uma breve referncia para medidas com estudos menos sistemticos como o caso do Instrumento de Avaliao da Qualidade de Vida (IAQdV; Hawthor-ne, Richardson, Osborne, & McNeill, 1997; Fonseca et al., 2009). Consti-tudo por 5 dimenses (vida indepen-dente, bem-estar psicolgico, sentidos, doena, relaes familiares) o IAQdV foi estudado numa amostra de 483 idosos avaliados na comunidade, La-res, Centros de Dia, Universidades da Terceira Idade). Com estudos ainda iniciais, a Quality of Life - Alzheimer Disease (QoL-AD; Logsdon, Gibbons, McCurry, & Teri, 1999; Brrios, Narci-so, & de Mendona, 2011) uma me-dida com 13 itens que so respondidos pelo paciente.

    6. Projetos de Investigao centrados em instrumentos de avaliao psicolgica

    Uma parte significativa dos ins-trumentos recenseados fazem parte do porteflio de projetos de investigao financiados (sobretudo pela Fundao Calouste Gulbenkian) ou constituem o objeto central de teses de doutoramento em Psicologia (Avaliao Psicolgica, Neuropsicologia) apoiadas por bolsas da Fundao para a Cincia e a Tecnologia e tm em comum o objetivo de adap-tao, validao e/ou normalizao de testes e outros instrumentos de avaliao para adultos idosos. Um dos projetos (Cognio e Envelhecimento: Dados normativos numa amostra populacional portuguesa) inclui os seguintes testes: MMSE; Vocabulrio (WASI); Memria de Dgitos; California Verbal Learning Test-9; Stroop; Fluncia Verbal Semn-tica e Fonmica; Escala de Atividades Instrumentais de Vida Diria de Lawton e Brody); Questionrio de Avaliao do Estado de Sade (SF-36). Outro projeto (Validao de Provas de Memria e de Inventrios de Avaliao Funcional e da Qualidade de Vida) permitiu definir o protocolo de avaliao (funes e testes) da Bateria de Avaliao Psicogeritrica de Coimbra: entrevista estruturada; la-teralidade (Eddinburgh Handedness In-ventory de Oldfield); avaliao funcional (IAFAI); rastreio cognitivo geral (ACE-R); inteligncia pr-mrbida (Vocabu-

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    lrio da WAIS-III); memria (Pares de Palavras, semanticamente relacionados e no semanticamente relacionados, Teste de Associao Visual de Lindeboom e Schamand, Sequncias Letras-Nmeros da WAIS-III, Localizao Espacial da WMS-III); ateno (Trail Making Test A); funes executivas (Fluncia Verbal Semntica e Fonmica, Trail Making Test B); velocidade de processamen-to (Pesquisa de Smbolos e Cdigo da WAIS-III); esforo insuficiente (Rey 15 Item Memory Test); sintomatologia de-pressiva (GDS-30); qualidade de vida (WHOQOL-OLD).

    CONCLUSES

    Os instrumentos recenseados assu-mem particular importncia em tarefas de avaliao, diagnstico e monitori-zao da interveno psicolgica. Qua-se todos eles so frequentemente reco-mendados e usados nos protocolos de avaliao (neuro)psicolgica noutros pases (cf. Maruta, Guerreiro, Men-dona, Hort, & Scheltens, 2011).

    Com estudos empricos de ampli-tude muito distinta, os instrumentos re-censeados ilustram o desenvolvimento recente da investigao na rea espec-fica da avaliao psicolgica de adultos idosos em Portugal. Porm, mesmo os instrumentos melhor estudados re-querem mais pesquisa. Neste plano, o programa de validao j concretizado com o MoCA o mais sistemtico e

    ambicioso mas no est totalmente con-cludo sendo importante por exemplo aumentar e desagregar a amostra nor-mativa dos idosos mais velhos. Outros instrumentos considerados mais slidos (WAIS-III, WMS-III) carecem ainda de estudos de validao adicionais com grupos clnicos relevantes e normas que considerem no apenas a idade mas tambm a escolaridade (WMS-III). A investigao futura deve assegurar, nes-te grupo, um conhecimento mais espe-cfico e/ou sistemtico de alguns testes examinando vrias reas ou funes: p. ex., inteligncia (WAIS-III/WAIS-IV, WASI); memria (WMS-III/WMS-IV; California Verbal Learning Test-2, Fi-gura Complexa de Rey); funes execu-tivas (Torre de Londres, Delis-Kaplan Executive Function System); ateno (Symbol Digit Modalities Test); lingua-gem (Token Test); personalidade (NEO-FFI), coping, suporte social ou necessi-dades de cuidadores.

    A investigao deve ser mais exi-gente evidenciando melhor os funda-mentos conceptuais dos instrumentos e assumir preocupaes ticas (no sobrecarga de pessoas fragilizadas com protocolos extensos e/ou insuficiente-mente validados, incluso de tarefas que possibilitem relativizar possvel baixo nvel de escolaridade).

    A prossecuo destes objetivos de-ver: considerar o processo de adap-tao dos instrumentos (incluindo cui-dados tcnicos de traduo e retroverso

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    rigorosos e a opinio de especialistas e o teste de novos itens com base no recurso a metodologias como a TRI); examinar a utilidade dos instrumentos em grupos da comunidade considerando tambm o recurso a amostras representativas e

    segmentadas de subgrupos mais novos (a partir dos 50-55 anos de idade) e mais velhos (80 ou mais anos de idade) com o propsito de conhecer a dimenso des-envolvimental dos constructos e norma-tiva das respostas ou desempenhos.

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