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Instituto Trianon de Psicologia
Antonia Claudete A. L. Prado
CLaP – Centro Lacaniano de Pesquisa em Psicanálise
O real no tratamento analítico
Aula de 05.08.2009
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Como conceber o gozo?Como conceber o gozo?
Gozo: popularmente, é traduzido por:
posse, usufruto, prazer, satisfação, orgasmo sexual.
A partir de 1960, Lacan o concebe como: A partir de 1960, Lacan o concebe como: prazer dolorosoprazer doloroso..
Nesse momento, ele retomava a leitura do texto de Freud sobre o Princípio do prazer – interessado que estava na distinção
entre prazer e gozo,
Um mecanismo psíquico, uma função, uma lei que regula o gozo, impondo-lhe um limite.
(Freud, S. Formulações sobre os dois princípios do funcionamento mental (1911). ESB, Vol. XII. Ed. Imago RJ. 1969).
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Como é que o Como é que o princípio do prazerprincípio do prazer regula o gozo? regula o gozo?
Se ele ultrapassar a dose, se tentar ir para além do Princípio do prazer, (transgredindo esse limite)
encontrará a dor.
No mais além do princípio do prazer há um prazer dolorosoum prazer doloroso
a isso é que Lacan chama de gozoa isso é que Lacan chama de gozo
Inserindo-se na economia do gozo
Impõe ao sujeito que ele só pode suportar até uma certa quantidade de prazer
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O gozo, é propriedade do corpo vivo – o corpo como um todo
SubstânciaSubstância – que pulsa
(diferente de substância gozante)
SubstânciaSubstância(não há sujeito)
O gozo do ser falante (do parlêtre) é aos pedaços,
seu corpo é todo recortado pelas zonas erógenas
O O gozo do ser falantegozo do ser falante não é o gozo do ser vivo não é o gozo do ser vivo
Um gozo fragmentado, traumatizado, não o gozo bruto, mas brutalizado pela cadeia – porque há um ser-falante – não é o sentido da cadeia.
É um gozo que não é decente, porque não convém ao Outro. (Miller)
(Satisfação da pulsão)
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Corpo vivoCorpo vivo: o gozogozo é sua propriedade, seu atributo essencial.
vivovivo
Significante
Produz uma perda de gozo
O sujeito é capturado pelo
significante
O sujeito do significante é pura lógica – está fora da vida.
SSaa
não há sujeitonão há sujeito
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A fantasia faz função de cobrir a falta-a-ser
Duas dimensões
Simbólicacontempla o desejo
Realcontempla o gozogozo
Quando este transborda, a pulsão de mortepulsão de morte assume
o comando
AG = a
Objeto da pulsão
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Fantasia do Homem dos RatosFantasia do Homem dos Ratos
S S aa
Dívida Moça rica (Pai) (Mãe)
Sou filho de um ladrão, por isso, só posso ter acesso a uma mulher socialmente
rebaixada.Sou o filho batido, desconsiderado,
incapaz, o que falha. Por isso tenho muito medo. (p. 166)
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Sobre a pulsão – desdobramentosSobre a pulsão – desdobramentos
1º desejo de reconhecimento - relação de sujeito a sujeitorelação de sujeito a sujeito.
2º desejo de falo - relação de objetorelação de objeto. estrutura-se em termos de linguagem (Silet, p. 109)
3º desejo de gozar, de falar – não relaçãonão relação (tagarelice).
Em Freud:fronteira entre o psíquico e o somático.
Em Lacan:
fronteira entre o simbólico e o imaginário falo=desejofalo=desejo:
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moça pobre x moça rica
RATTEN(ratos)
Spilratten(rato-de-jogo)
Pai jogador endividado
Pênis(infecção sifilítica)
órgão masculino
vermes
erotismo anal
Raten(prestação)
moeda-rato
dívida paterna:tantos florins = tantos ratos
Criança(Mulher-rato)
rato = criança
Imagem de si(ser imundo que morde)
Identificação imaginária
Heiraten(casar)
A palavra A palavra RatoRato – associações – associações
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Outros desdobramentos*
* Miller, J.-A. Uma partilha sexual. In: Clique nº 2: Revista dos Institutos Brasileiros de Psicanálise do Campo Freudiano - O sexo e seus furos. Belo Horizonte. Agosto de 2003.
1º Lacan 2º Lacan
O gozo é secundário em relação ao significante.
O gozo é originário em relação ao significante.
o ser prévio, é um ser de gozo ... é um corpoafetado pelo gozo. É por isso que Lacan diz com todas
as letras no Sem Avesso que o ponto de inserção do aparelho significante é o gozo (aula 14).
Linguagem alíngua, falasser.
Fala: comunicação Fala: gozo da tagarelice blá-blá-blá
Outro, NP, Falo:têm função de enlaçamento
Outro, NP, Falo: semblantes com função de grampeamento, conexão.
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S
O sinthoma corrige o lapso, o O sinthoma corrige o lapso, o rateiorateio do nó do nóMantém a salvo algo da estrutura do nó de três
S
R I
Nó BorromeanoNó Borromeano SinthomaSinthoma
Elo suplementar
Elo suplementar
Corda que sustenta os
Corda que sustenta os
três registros (S
RI
três registros (S
RI))
R I
Pontos de correção
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Define a virada para a segunda clínica,Define a virada para a segunda clínica,
depois do marco histórico: depois do marco histórico: maio de 1968maio de 1968..
Promovido pela contestação da autoridade na França, pelo movimento estudantilmovimento estudantil, que culminou na
revoluçãorevolução
É a partir daí que ele concebe o campo do gozoÉ a partir daí que ele concebe o campo do gozo..É a partir daí que ele concebe o campo do gozoÉ a partir daí que ele concebe o campo do gozo..
uma resposta contra o mal-estar na civilização: o mal-estar imposto uma resposta contra o mal-estar na civilização: o mal-estar imposto
pela cultura que exigia precisamente a renúncia ao objeto a.pela cultura que exigia precisamente a renúncia ao objeto a.
Para Lacan:
Qual é a implicação do gozo na clínica lacaniana?Qual é a implicação do gozo na clínica lacaniana?
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• Objeto aObjeto a: : o mais-de-gozaro mais-de-gozar (Sem. XVII – da noção marxista da mais-valia)
O discurso dominanteO discurso dominante, agora, não é mais o não, é o
IMPERATIVO GOZA!IMPERATIVO GOZA! (Sem. XX, p. 11)
• O campo do gozo é aparelhado pela O campo do gozo é aparelhado pela linguagemlinguagem..
Os discursos – os laços sociais – são aparelhos de gozoOs discursos – os laços sociais – são aparelhos de gozo.
Definição de Lacan para o que Freud chamou de transgressão.
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Duas formas de gozarDuas formas de gozar
1º Lacan: Gozar do Outro – gozar de alguma coisa (do inconsciente estruturado como uma linguagem: até o Sem. XIX (67-68), com o enunciado HÁ UM.
S1 – S2 O significante não significa a si mesmo – não há UM – remete sempre ao dois...
2º Lacan: Gozar do corpo, do corpo próprio - não do que se diz dele – o gozo do UM, fora da linguagem, dispensa o
Outro - todo gozo material é gozo Um. (a partir do Sem. XX, 1972-73)
“Pode-se drogar com drogas, com trabalho, com preguiça, com TV” (aula 15Exp. do real)
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Há relação entre significante e gozoHá relação entre significante e gozo (Sem VII)
Repetição é sempre repetição de gozoRepetição é sempre repetição de gozo
Pela fórmula de Miller (Exp do Real, aula 14):
O significante representa o gozo para um outro significante
Só é possível concebê-lo na cadeia sustentada pelo sujeito.
Uma vez que é ele quem fala.
Mas, ele - o que fala - não é substância
spilraten ratten raten/heiraten
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O gozo contempla a satisfação obtida pelo
sintomasintoma
Sofrimento causado pela sua satisfaçãoSofrimento causado pela sua satisfação
Essa satisfaçãosatisfação foi abordada por Freud, como sendo o
benefício primário da doençabenefício primário da doença.(Conferências introdutórias sobre psicanálise, 1916-1917. ESB. Vols. XV e XVI)
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p. 215
O roteiro obsessivo do HRO roteiro obsessivo do HR
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Na análise Na análise dois dois sujeitossujeitos
Não tem apenas efeito de significado, tem efeitos de afeto no corpo
Do significante
LógicaLógica
Afetado pelo significante
CorpoCorpo
SIGNIFICANTE:
Efeitos de afeto, efeitos de sintoma, efeitos de gozo.
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Então:
Quando esses efeitos são duráveis, podem-se chamá-los ‘traço’
Aquilo que identifica uma pessoa
Efeito de afeto
= efeito de sintoma
= efeito de gozo
Enquanto situado em um corpo, Enquanto situado em um corpo, não como efeito de pura lógica.não como efeito de pura lógica.
= efeito de sujeito
spilratten: rato-de-jogo (dívida do pai não paga)
raten: dinheiro, prestações
ratten: ratos (suplício)
heiraten: casar (Ics real)
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O O gozogozo engloba o significante engloba o significante(O gozo vem junto)
O significante despedaça o corpo do falasser em pequenos pedaços os objetos a
Tem a propriedade de fixação.Tem a propriedade de fixação.
Se não: o que se tem são pequenos prazeres.Se não: o que se tem são pequenos prazeres.
Significante Significante efeitos de significaçãoefeitos de significação efeitos de efeitos de gozogozo
O corpo não goza sozinho – precisa da cadeia.O corpo não goza sozinho – precisa da cadeia.
Um grande homem, ou um criminoso
Medo da sua fúria
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Falasser indissociável da substância gozante(O que fala e, ao mesmo tempo, é falado)
De AristótelesDe Aristóteles a BenthamBentham
SerSer UtilidadeUtilidadeBem supremo, objeto de
contemplação, essência da éticaA linguagem tem valor de uso, estatuto de utensílio.
O que é feito do ser?(Interroga-se Lacan, no Sem. XX)
Cadeia: S1 S2 S3 ... Sn
Desejo Desejo Sentido SentidoJunção Simbólico-Imaginário
Gozo Gozo repetição repetição (excesso pulsional)
Junção Simbólico-Real
aa
SSS a
e/ou
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Quanto à intervenção analítica, ela opera
Ora no Significante // Ora no gozo
Trabalha-se com o inconsciente estruturado como uma
linguagemAponta-se o gozoou
O gozo deve ser articulado, entretanto, a partir O gozo deve ser articulado, entretanto, a partir do seu lugar no processo simbólico.do seu lugar no processo simbólico.
Quando isso se põe a mexer no corpo, quando aparecem placas, quando os pedaços caem – pegamos o
cartão GOZO. (Miller)
Quando há um certo número de fenômenos interpretáveis – pegamos o
cartão INCONSCIENTE ESTRUTURADO COMO UMA LINGUAGEM (Miller).
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Antonia Claudete A. L. Prado
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O real no tratamento analítico
Aula de 05.08.2009