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Memória

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  • Memria

  • S768m Sprenger, Marilee

    Memria : como ensinar para o aluno lembrar /

    Marilee Sprenger ; traduo Magda Frana Lopes. Porto

    Alegre : Artmed, 2008.

    184p. ; 23 cm.

    ISBN 978-85-363-1326-9

    1. Educao Cincia Cognitiva. I. Ttulo.

    CDU 37

    Catalogao na Publicao Juliana Lagas Coelho CRB 10/1798.

  • 2008

    MarileeSprenger

    Consultora de desenvolvimento profissionalda Aurora University, Illinois, EUA

    Traduo:

    Magda Frana Lopes

    Consultoria, superviso e reviso tcnica desta edio:

    Lda Maria Braga TomitchPs-doutora em Psicologia Cognitiva,

    Universidade de Carnegie Mellon, EUA.Professora Adjunta no Departamento

    de Lngua e Literatura Estrangeira da UFSC.

    MemriaComo ensinar

    para o aluno lembrar

  • Obra originalmente publicada sob o ttuloHow to teach so students rememberISBN 1-4166-0152-X

    2005 Association for Supervision and Curriculum Development (ASCD).The publisher hereby state ASCD is not responsible for the qualityof the translation of this book.

    Capa

    Gustavo Macri

    Preparao do original

    Edna Calil

    Leitura final

    Osvaldo Arthur Menezes Vieira

    Superviso editorial

    Mnica Ballejo Canto

    Projeto grfico e editorao eletrnica

    Armazm Digital Editorao Eletrnica Roberto Vieira

    Reservados todos os direitos de publicao, em lngua portuguesa, ARTMED EDITORA S.A.Av. Jernimo de Ornelas, 670 - Santana90040-340 Porto Alegre RSFone (51) 3027-7000 Fax (51) 3027-7070

    proibida a duplicao ou reproduo deste volume, no todo ou em parte,sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrnico, mecnico, gravao,fotocpia, distribuio na Web e outros), sem permisso expressa da Editora.

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    SAC 0800 703-3444

    IMPRESSO NO BRASILPRINTED IN BRAZIL

  • Para mame, papai, Sande, Linda e Jeff,que so os guardies das lembranas

    da minha infncia.

    Para Evelyn, Ellyn, Carolyn e Jennifer,que me lembram de lembrar

    (quando se lembram de me lembrar).

    Para Sally, Gail, Nancy, Jan, Lori, Cindy e Penny,que trabalham comigo para expandir meu

    conhecimento e minha memria.

    Para Donna, Mary Jane e Betty,que enriquecem meu crebro e

    desafiam minha memria.

    Para Scott, Josh e Marnie,que tornam cada momento da

    minha vida digno de ser lembrado.

  • Agradecimentos

    Um incrvel nmero de amigos, pesquisadores e colegas investiu muito tempoe energia na criao deste livro. Muitos pesquisadores da memria esto tra-balhando diligentemente para encontrar respostas s vrias perguntas que todostemos sobre como nossa memria funciona ou por que no funciona. Agradeoa Daniel Schacter por sua pesquisa e por suas maravilhosas publicaes, pelotempo que dedicou a examinar os sete passos e pelo estmulo que me deu.

    O trabalho realizado por Bob Marzano, Jane E. Pollock e Debra Pickeringtem contribudo muito para a obteno de um maior aproveitamento dos alu-nos. Como resultado desse trabalho, somos hoje educadores mais bem infor-mados. Meus amigos e colegas do Two Rivers Professional Development Centerencorajaram-me constantemente. Meu agradecimento especial a Gail Owenpor seu interesse e por seu tempo.

    Sou grata s pessoas do ASCD, sobretudo a Carolyn Pool e a Scott Willis,por seu apoio, encorajamento e cooperao.

    Agradeo ainda a todas as minhas crianas, os alunos que tanto tm meensinado, assim como aos milhares de professores com quem tive contato.

    Finalmente, agradeo minha me, Mollie Broms, e ao meu marido, Scott,por lerem meus originais e oferecerem sugestes e apoio.

  • Sumrio

    Introduo ........................................................................................................................... 11

    1. AtingirSe voc no consegue atingi-los, no poder ensin-los ........................................... 21

    2. RefletirA reflexo no um luxo; uma necessidade........................................................... 42

    3. RecodificarO material autogerado mais bem lembrado ........................................................... 60

    4. ReforarO reforo vital para a aprendizagem ...................................................................... 78

    5. TreinarPara chegar memria de longo prazo,a informao precisa ser repetida e elaborada .......................................................... 94

    6. ReverSem reviso, a maior parte das informaesse perder da memria ............................................................................................114

    7. RecuperarA recuperao da memria pode depender de dicas ............................................129

    8. Realizao ..................................................................................................................146

    Apndice A. Resumo do crebro ........................................................................................157Apndice B. Organizadores grficos ..................................................................................169Referncias .........................................................................................................................173ndice ................................................................................................................................181

  • Introduo

    Estou sentada diante de dois de meus alunos. Bobby provavelmente o melhorenxadrista jovem que conheo. tambm muito bom aluno. Quer ser mdicocomo seus pais. Cory, ao contrrio, no d muita importncia escola e passa amaior parte do seu tempo sobre seu skate. o melhor skatista que j vi. Acho queCory no sabe onde est seu pai nem o que ele faz; sua me tem uma creche emcasa. Estou preocupada pelo fato de ele no estar aprendendo muito. Estou comeles para ver se consigo descobrir como aprendem.

    Cory, como voc conseguiu ser to bom no skate?, pergunto.Prtica, responde ele.Certo. E como voc passou a se interessar por isso?Fazendo, responde ele. Acho que simplesmente vi um garoto num skate

    fazendo todos esses truques e achei legal. Pedi pro meu irmo me dar um skate, eele deu.

    Ento, voc viu esse garoto. Comprou um skate. E praticou?Foi. Achei que podia ser bom.Obrigada, Cory. E voc, Bobby? Como se envolveu com o xadrez?Eu assisti ao filme Searching for Bobby Fischer. Achei legal a maneira

    como ele fazia seus movimentos to depressa. Meu pai tem um tabuleiro de xadrezno seu escritrio l em casa. Comecei a ler sobre xadrez e a praticar, diz Bobby.

    Voc espera ser outro Bobby Fisher?, quero saber.Talvez, responde, timidamente.Muito bem, meninos, quero saber como isso funciona. Vocs viram algum

    fazendo isso. Praticaram at se tornarem muito bons. Foi isso?Cory concorda com a cabea. Se voc quer ser bom, tem de pensar nisso e

    colocar isso na sua mente. E tem de praticar. Muito.Como voc sabe quando conseguiu fazer direito?, pergunto.Quando no machuco os joelhos e os cotovelos nem quebro meu pulso!, ri Cory.Com o xadrez, a gente sabe quando ganha ou perde, diz Bobby.Muito bem. Vamos observar os passos novamente. Vocs descobrem isso.

    Vocs pensam nisso. Vocs experimentam. Vocs obtm informaes perdendo umjogo ou se machucando. Vocs praticam at conseguir. isso?

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    A competimos, diz Bobby. Cory concorda.Como vocs se preparam para uma competio?, pergunto aos meninos.Eu revejo todos os meus movimentos. Na minha cabea e no tabuleiro,

    responde Bobby.Eu fao a mesma coisa, diz Cory. E acrescenta: Repito vrias vezes meus

    saltos. E tento criar meus prprios movimentos. preciso ser criativo para ganharno skate.

    meio parecido com o que acontece com o xadrez, diz Bobby. Meu pai fazalguns movimentos pouco convencionais e tenho de responder a esses movimen-tos. difcil ganhar de amadores porque eles no seguem os padres normais dojogo.

    Ento, voc pratica at estar perfeito, e a pratica o inesperado?, pergunto. isso a. Mais alguma coisa?, Cory parece ansioso para ir embora.Mais uma coisa. Quando vocs competem, mesmo que estejam preparados,

    h algum fator especfico que afeta seu desempenho?Bobby fala primeiro. s vezes, fico realmente nervoso, e no consigo ver os

    movimentos na minha cabea. Tenho que tentar relaxar. Ajuda se eu conseguirpraticar no lugar onde vou competir. Em geral eu tenho essa oportunidade.

    , interrompe Cory, Eu estava tentando fazer um hardflip nessa rea deskate de Chicago e no conhecia o lugar. Tive de tentar trs vezes para conseguirfaz-lo direito. Quando ca na segunda vez, olhei para o meu irmo e me lembreide como ele me disse pra fazer.

    Obrigada, meninos. Vocs me ajudaram muito. Vejo os dois na aula. Sorri,e eles saram.

    Esses meninos compartilharam comigo o segredo, o sistema. Dois indiv-duos muito diferentes que seguem o mesmo padro de aprendizagem umdeles utilizando-o para uma habilidade fsica; e o outro, para uma habilidademental. Eles seguiram passos idnticos. E seu sistema fez absoluto sentido coma maneira como o crebro aprende e se lembra.

    Este livro no uma tentativa de ensinar a biologia do crebro. H muitoslivros excelentes disponveis para isso. Este livro descreve um processo de setepassos para armazenarmos informaes pertinentes na memria de longo pra-zo e depois conseguirmos ter acesso a essas lembranas em muitas situaesdiferentes. Criar memrias acessveis requer tempo.

    Alguns de vocs devem estar bastante familiarizados com a terminologiado crebro, mas, para aqueles que no esto, o Apndice A oferece um resu-mo do crebro. A maioria de vocs estar mais interessada nos prprios pas-sos. Aconselho-os a examinarem os processos da memria medida que foremsendo explicados. Conseguir articular as razes pelas quais algo acontece tilna difuso do contedo: o ensino compatvel com o crebro funciona.

    Acredito muito no hbito de Stephen Covey (1989, p. 98) de comearcom um objetivo em mente. Em The seven habits of highly effective people, diz:Comear com o objetivo em mente significa comear com uma percepo

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    clara do seu destino. Significa saber aonde voc est indo, para voc entendermelhor onde est agora, para que os passos que d estejam sempre na direocerta. O ensino para a memria ser bem-sucedido se voc tiver claro o queseus alunos precisam para se lembrar. O que este livro pretende tornar oprocesso excitante, produtivo e memorvel.

    Enquanto escrevia este livro, constru vrias hipteses :

    O professor que est ensinando para a memria e a transferncia de-termina primeiro o que precisa ser mensurado.

    Esse professor cria, ento, a avaliao. Esse professor apresenta aos alunos uma meta clara. Esse professor est tentando planejar as experincias de aprendiza-

    gem e a instruo que claramente conduziro os alunos meta. Esse professor est revelando informaes importantes para os alunos,

    as quais eles conseguiro usar no mundo real. Esse professor criou uma sala de aula compatvel com o crebro. Mesmo que a memorizao possa desempenhar algum papel naquilo

    que ensinado, esse professor est ensinando para o entendimentoconceitual.

    ANTES DE DAR UM PASSO FRENTE, RECUE UM PASSO

    Dou aos meus participantes o que chamo de O teste marshmallow. No, no aquele que foi aplicado na Universidade de Stanford para determinar o controle doimpulso. Para esse estudo, eram oferecidos dois marshmallows para crianas de 4anos, se elas conseguissem esperar algum voltar de uma incumbncia. Se elas noconseguissem esperar, receberiam um marshmallow imediatamente (Goleman,1995). Meu teste diferente. Quando meus participantes do Marshmallow chegam,concordam em participar do teste e se sentam. Ento, eu dou um marshmallowpara cada um. Peo-lhes que no o comam. Quando todos tm um marshmallow,anuncio: Essa realmente uma tarefa simples. Tudo o que precisam fazer jogaro marshmallow no balde. Tenho a certeza de que todos conseguem fazer isso.Prontos? Preparados? J!

    Eles todos esto sentados imveis. Um ou dois perguntaro. Onde est obalde? Como podemos jog-lo no balde se no h balde?

    Eu rio e digo: Ah, ento vocs esto dizendo que precisam de um alvo?. Elesconcordam. Eu puxo um grande balde que est atrs da minha cadeira, pego obalde e fico andando com ele na mo. Muito bem, aqui est o balde. Prontos?Preparados? J! Alguns jogam seus marshmallows no balde, mas a maioriapermanece imvel.

    Qual o problema?, pergunto.Ele est se movendo! muito difcil atingir um alvo em movimento!, dizem

    alguns.

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    Ento, vocs querem no apenas um alvo visvel, mas querem que ele estejaparado?, pergunto.

    Eles concordam. Coloco o balde no cho e digo novamente. Prontos? Prepa-rados? J! Os marshmallows voam pelo ar. Alguns caem no balde, mas a maio-ria no atinge o alvo.

    Vocs estariam dispostos a deixar essa avaliao se transformar no seu re-corde permanente?, pergunto.

    Todos dizem que no. No seria justo. Eles no puderam praticar.

    E assim que se inicia a discusso sobre a proviso de alvos claros: comexpectativas para nossos alunos. Ela vai se estender para a quantidade de pr-tica que deve ser proporcionada, o uso de diferentes estratgias de instruo, emuito reforo. Depois de examinar os padres do estado para esse grupo epassar o dia conversando sobre o alinhamento da nossa instruo, reviso eavaliao, envio para casa os professores que esto assistindo ao meu workshopcom sua primeira tarefa: a prtica do alvo. Eles devem definir que conceitosquerem que seus alunos entendam e compartilh-los com eles. O alvo deve serescrito no quadro-verde diariamente, para que tanto os alunos quanto o pro-fessor estejam cientes do que esperado.

    D DOIS PASSOS FRENTE.ME, EU CONSIGO?NO, VOC PODE NO CONSEGUIR!

    Essa abordagem chamada de planejamento retrgrado (Wiggins e McTighe,1998), comeando com o objetivo em mente (Covey, 1989), ou desenvolvendoalvos claros (Stiggins, 2001). O ponto principal que queremos correspondernossa avaliao e instruo aos nossos objetivos de aprendizagem. Para reali-zar isso, precisamos escolher e criar as avaliaes antes de iniciarmos o proces-so de instruo. Esse mtodo proporciona aprendizagem intencional. Se seusalunos souberem desde o incio quais so as intenes, eles podem aprenderintencionalmente baseados na clareza de seus alvos.

    Estou prestes a dar os passos antes dos passos. Se voc j utiliza um pro-cesso e ele funciona para voc, continue a us-lo. Caso contrrio, o processoque segue* pode ser til. Vamos a ele:

    1. Expectativas. Estas so as metas, padres, objetivos ou descritoresde desempenho que voc quer que seus alunos atinjam.

    *N. de R.T. No original, a autora utiliza-se de uma estratgia com o objetivo de auxiliar amemria, apresentando todos os passos do processo com palavras que comeam com a letraE, o que no foi possvel na lngua portuguesa.

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    2. Entendimentos duradouros. A partir das expectativas, o que vocquer que seus alunos entendam? Quais so suas intenes?

    3. Perguntas essenciais. Pegue esses entendimentos e os coloque soba forma de perguntas, tais como Por qu? ou Como?. Essas soperguntas abertas que oferecem uma abordagem inquisitiva apren-dizagem.

    4. Evidncia. Como seus alunos vo lhe mostrar que entenderam?5. Avaliao. Crie a avaliao que corresponda aos entendimentos.6. Pontos de entrada. Como voc vai partir das grandes idias para

    as pequenas que vo envolver seus alunos?7. Experincias. Planeje sua instruo para corresponder s suas in-

    tenes e sua avaliao, usando os sete passos descritos neste livropara proporcionar aos seus alunos reteno de longo prazo e transfe-rncia.

    Exemplo

    Expectativa: Os alunos vo usar vrios recursos tecnolgicos e de informao(por exemplo, bibliotecas, bancos de dados, redes de computador, vdeos) parareunir e sintetizar informaes para criar e comunicar conhecimento.Entendimento duradouro: Conhecimento poder.Pergunta essencial: Como a capacidade para reunir informaes de vrias fon-tes o torna poderoso?Evidncia: Os alunos vo demonstrar sua capacidade para reunir informaesutilizando um relatrio de pesquisa. Eles tambm vo demonstrar seu enten-dimento de vrios recursos por meio de um teste escrito.Avaliao: O relatrio vai mostrar que os alunos podem avaliar e sintetizarinformaes para criar e comunicar conhecimento. O teste escrito vai avaliarseu entendimento de bancos de dados, redes, bibliotecas e recursos humanos.Pontos de entrada: Por que voc rene informaes? Como as informaes socompartilhadas?Experincias: Usando os passos da memria para a transferncia, os alunosexperimentaro de muitas maneiras como conhecimento poder.

    PASSOS DO BEB

    Em essncia, voc est considerando as expectativas do seu Estado ou distritoe criando propsito para elas. Um entendimento duradouro o propsito daaprendizagem. a idia abrangente que queremos que nossos alunosinternalizem sobre a rea de contedo. Esse entendimento mais facilmentedescoberto pelo questionamento do que pelo ensino.

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    Em seguida, voc quer criar as perguntas para o questionamento. H muitasfontes para as perguntas essenciais. Jean Leonard (2004), consultor educacio-nal dedicado aprendizagem baseada no questionamento e na indagao,desenvolveu um site com princpios direcionadores ao uso dessa estratgia.Leonard oferece os seguintes passos para o desenvolvimento de perguntas es-senciais para uma unidade:

    Identificar o tpico da sua unidade (por exemplo, a Guerra Civil). Determinar os subtpicos da unidade (exemplos: lderes; batalhas fa-

    mosas; o metr; causas e efeitos). Determinar os conceitos/as grandes idias que voc quer que seus alu-

    nos pesquisem quando estiverem estudando a unidade. Esses concei-tos podem estar diretamente vinculados aos padres de aprendizagemdo seu Estado (por exemplo, ilustre os conflitos sobre os direitos e aliberdade de competio de indivduos ou grupos e o seu impacto nasgeraes futuras).

    Reformular os conceitos em perguntas que comecem com palavras comopor que, como, deve, pode ou que (exemplo: Como a Guerra Civil influen-ciou o que acontece atualmente em nosso mundo? ou Que eventosda Guerra Civil mais influenciaram no resultado da guerra?).

    Formuladas as perguntas essenciais, voc poder ento decidir o que osalunos vo precisar fazer para demonstrar seu entendimento. Voc vai desenvol-ver a avaliao e ento determinar que experincias vo proporcionar aos alunosos entendimentos factuais e conceituais. Quando as perguntas essenciais pu-derem ser respondidas, voc saber que os alunos tm os entendimentos dura-douros. Tudo isso deve vir pelas experincias mltiplas que voc proporciona.

    FATORES PARA A APRENDIZAGEM

    Os pesquisadores da neurocincia cognitiva descobriram uma mistura de fato-res (Arendal e Mann, 2000) que podem conduzir com sucesso aprendizagemde novas tarefas e conceitos:

    Freqncia. Os caminhos neurais precisam ser construdos e crescerfortes por uma exposio repetida aprendizagem. Na leitura, os es-tudos tm mostrado que, quanto mais uma pessoa l, melhor ela ler.Do mesmo modo, se voc levanta peso apenas ocasionalmente, nofortalecer seus msculos. No entanto, se os levanta regularmente,conseguir seu nvel desejado de preparo fsico.

    Intensidade: A aprendizagem requer prtica rigorosa. Um aluno vaiconstruir apoio neural para a habilidade em um perodo de tempomais curto se praticar intensamente. Quando minha filha treinou para

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    a Maratona de Chicago, por exemplo, seus exerccios foram intensospara preparar seu corpo para a corrida de 26,2 milhas.

    Treinamento conectado: O ensino para a memria requer redes for-tes que possam se conectar a outras redes. Por isso devem ser usadosdiferentes tipos de habilidades e de formas de memria.

    Adaptabilidade: O ensino para a memria requer que o professormonitore o progresso dos alunos e ajuste a situao de ensino e apren-dizagem para satisfazer suas necessidades. Em outras palavras, o pro-fessor deve estabelecer as diferenas.

    Motivao e ateno: So esses fatores que mantm os alunos inte-ressados na aprendizagem. Vrias estratgias vo manter os alunosenvolvidos na tarefa. A freqncia e a intensidade baseiam-se nessesfatores.

    Os sete passos* do ensino para a memria que descrevo neste livro incor-poram tais fatores da neurocincia e tambm o fator igualmente importante dadurao. A memria um processo que requer repetio, e a memria queproporciona o nosso retorno no tempo. Como disse Sir James Matthew Barrie,Deus nos deu lembranas para que possamos ter rosas em dezembro.

    PASSO A PASSO

    O passo 1, atingir, ia ser receber, mas essa palavra parecia ser muito poucoreceptiva. Nossos alunos devem estar ativamente envolvidos na sua aprendiza-gem. Precisamos atingi-los, e eles precisam atingir um objetivo seu para obterganhos em sua aprendizagem. O passo 2, refletir, pode ser definido como tra-zer de volta. Queremos que nossos alunos tragam de volta a informao paracomear a criar um entendimento. O passo 3, recodificar, proporciona aos alu-nos a oportunidade de traduzir o material e se apropriar dele. Reforar, passo4, significa tornar mais forte; o reforo ajuda os alunos a saber onde esto noprocesso de aprendizagem. O passo 5 treinar, a oportunidade de armazenarmais permanentemente as informaes. Examinar de novo descreve o passo 6,rever. O passo final o verdadeiro teste da memria: recuperar: trazer mente;lembrar. Quando voc ascende os passos, memrias mais fortes so formadas eocorre um pensamento de nvel mais elevado (ver Figura 1).

    Vamos observar mais de perto cada um dos passos:

    *N. de R.T. No original, a autora utiliza-se de uma estratgia com o objetivo de auxiliar amemria e apresenta todos os sete passos com palavras que comeam com Re (Reach, Reflect,Recode, Reinforce, Rehearse, Review, Retrive), o que no foi possvel na lngua portuguesa.

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    1. Atingir. Os alunos no so mais passivos no processo de aprendiza-gem. A pesquisa tem-nos mostrado que devemos envolv-los na apren-dizagem. Nossas salas de aula devem ser centralizadas no aluno, eno no professor. A aprendizagem pela descoberta, a aprendizagembaseada em problemas, a aprendizagem baseada em projetos e aaprendizagem pela indagao encontraram seu lugar em nossasescolas. Para qualquer informao ser armazenada no crebro, eladeve ser recebida pela memria sensorial. Por isso cabe-nos consi-derar a ateno, a motivao, os estilos de aprendizagem, a emo-o e o significado.

    2. Refletir. H uma piada antiga sobre o ensino ser a capacidade doinstrutor de fazer suas anotaes e dar uma preleo que ir para asanotaes dos alunos sem passar pelo crebro de nenhum deles. Emalguns casos, acredito que os alunos podem anotar exaustivamente eno pensar em absolutamente nada sobre o material que est sendoapresentado. Dar tempo aos alunos para ponderar sobre a aprendi-zagem (K. Marshall, em Rogers, Ludington e Graham, 1997) podeajud-los a fazer as conexes entre o novo material e o velho. Esse

    FIGURA 1 Os sete passos do ciclo da aprendizagem e da memria.

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    processo da memria de trabalho pode conduzir a um pensamentode nvel mais elevado.

    3. Recodificar. A recodificao uma maneira de organizar as infor-maes no crebro em muitos nveis um passo imperativo. Os alu-nos devem pegar as informaes e se apropriar delas. Usar a mem-ria de trabalho e acessar o conhecimento anterior utilizando a mem-ria de longo prazo permite ao aprendiz colocar as informaes emsuas prprias palavras, figuras, sons ou movimentos. O materialautogerado dessa maneira mais bem lembrado. O material registra-do tornou-se uma memria e desencadeia o entendimento conceitual.

    4. Reforar. A partir do processo de recodificao, os professores po-dem descobrir se as percepes dos alunos correspondem a suas ex-pectativas. Por meio dos feedbacks, os conceitos e processos podemser aperfeioados. Os feedbacks motivacional, informacional ou odesenvolvimental podem ser desejveis. Esse passo oferece ao pro-fessor a oportunidade de captar concepes errneas antes que elasse transformem em memrias de longo prazo, as quais so difceis demodificar.

    5. Treinar. Tanto o treino de rotina quanto o elaborativo tm seu lugarna colocao das informaes na memria permanente, de longoprazo. Treinar de diferentes maneiras envolve nveis mais elevadosde pensamento, incluindo aplicao, anlise e criao.As estratgias para o treino e o efeito de espaamento vo ajudar osprofessores e os alunos a descobrirem as melhores tcnicas de trei-no. O sono tambm essencial no estabelecimento de memrias delongo prazo.

    6. Rever. Enquanto o treino coloca as informaes na memria de lon-go prazo, a reviso proporciona a oportunidade de recuperar essainformao e manipul-la na memria de trabalho. Os produtos damanipulao podem, ento, voltar memria de longo prazo. me-dida que preparamos nossos alunos para testes competitivos, deve-mos corresponder nossa instruo, reviso e avaliao para propor-cionar-lhes a maior oportunidade de realizao. A reviso deve tam-bm incluir habilidades de realizao de testes.

    7. Recuperar. O tipo de avaliao usado pode afetar a capacidade doaluno para recuperar algumas informaes armazenadas. O acessos memrias armazenadas pode se basear em dicas especficas. Oprocesso de recuperao pode tambm ser desencadeado por tcnicasde reconhecimento e tambm de lembrana. O estresse tambm deveser tratado, uma vez que pode inibir a capacidade para acessar me-mrias.

    Os captulos que seguem descrevem como desenvolver esses passos, comoacessar nveis mais elevados de pensamento, e como os mesmos se relacionam

  • 20 Marilee Sprenger

    com a atividade do crebro e com a pesquisa do crebro. Passo a passo pode-mos ensinar a maneira como o crebro aprende, utilizar as estratgias basea-das na pesquisa e assegurar que nossos alunos tenham a capacidade para trans-ferir as informaes em circunstncias novas e imprevistas. Ns podemos ensi-nar para a memria!

    SEO DE REFLEXO

    Tenha em mente que o processo de reflexo deve ser encorajado aps cadapasso. Termino cada captulo com uma Seo de Reflexo. Se voc ainda norefletiu sobre o que leu, aproveite essa oportunidade para faz-lo. Como seestivesse lendo, perguntas podem lhe vir mente. Pense nessas perguntas.Onde voc vai encontrar as respostas e como elas se relacionam sua atualsituao? Se fez anotaes ou destacou partes do texto, volte a essas reas epense sobre a razo de elas poderem ser importantes para voc. Precisa demais informaes agora? Verifique a seo de referncias para leituras adicio-nais ou prossiga a sua leitura!