InfoReggae - Ed. 02 -...
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O Grupo Cultural AfroReggae é uma
organização que luta pela transformação social
e, através da cultura e da arte, desperta
potencialidades artísticas que elevam a
autoestima de jovens das camadas populares.
Tem por missão promover a inclusão e a justiça
social, utilizando a arte, a cultura afro-brasileira
e a educação como ferramentas para a criação
de pontes que unam as diferenças e sirvam
como alicerces para a sustentabilidade e o
exercício da cidadania.
O InfoReggae é uma publicação semanal e faz
parte dos conteúdos desenvolvidos pela
Editora AfroReggae.
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InfoReggae - Edição 25
Oficinas AfroReggae: Percussão
24 de janeiro de 2014
Coordenador Executivo
José Júnior
Gerente de Gestão e Acompanhamento
de Projetos e Programas Sociais
Alessandra Lins
Coordenadora de Educação
Mariana Uchôa
Instrutores das Oficinas
de Percussão
Adelson Rafael
Anderson Santos
Angelo Rodrigues
Clóvis Júnior
Cosme Anchieta
Eduardo Júnior
Jackson Soares
Luciano Silva
Rafael Coelho
Valdir de Oliveira
Wallace Rocha
Equipe Técnica Social
Ana Cristina Silva
Bruna Cruz
Gerência de Informação e
Monitoramento
Danilo Costa
Responsável Técnico do InfoReggae
Thales Santos
Editoração
Luiz Adrien
Assistência de Pesquisa
Nataniel Souza
Coordenação Editorial
Marcelo Garcia
http://www.afroreggae.org/contatohttps://www.facebook.com/afroreggaeoficialhttps://twitter.com/AfroReggaemailto:[email protected]
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Apresentação
O AfroReggae é uma organização que luta pela transformação social promovendo a
a inclusão e a justiça para os que se encontram em vulnerabilidade, por meio da arte
e da cultura. Por isso, uma das principais ferramentas de trabalho da instituição são
as oficinas desenvolvidas em seus Núcleos Comunitários.
O InfoReggae Rio está apresentando uma série de edições sobre as oficinas
desenvolvidas, suas metodologias, objetivos esperados, experiências de trabalho,
depoimentos de professores e alunos. Na última publicação da série, vamos debater
o modelo de metodologia de avaliação das oficinas em que o aluno, a família e a
escola do aluno avaliam as oficinas.
Nesta edição, você vai conhecer as oficinas de percussão que abrangem as aulas
de timbal, bateria, samba e percussão (geral). Tampas de panela, latinhas de
refrigerante, talheres e pratos podem ser trabalhados para fazer música de
qualidade em qualquer espaço e em qualquer momento.
Conheça as oficinas e descubra diferentes formas de chamar a atenção dos alunos
para uma nova realidade através de uma perspectiva musical.
Afro Lata. Grupo Artístico do AfroReggae que trabalha a Percussão como arte.
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A Percussão dentro do AfroReggae
As oficinas de Percussão acontecem desde o surgimento do primeiro Núcleo do
AfroReggae em 1994, com o objetivo de desviar os adolescentes do caminho do
narcotráfico e se apresentar como uma alternativa para novos caminhos.
“Para o lançamento da oficina de percussão, convidamos o Tafaraogi para fazer
um arrastão pelas ruas de Vigário Geral. Foi como uma micareta: todo mundo ia
atrás do bloco, alguns dançando, muitos visivelmente emocionados. Pela
primeira vez a favela via um carnaval fora de época”. José Júnior. Da Favela
para o Mundo: A história do Grupo Cultural AfroReggae. 2003.
Uma dos diferenciais da instituição é a oportunidade de conseguir trabalhar, em uma
mesma turma, alunos com grande experiência, membros dos grupos artísticos do
AfroReggae, como o Afro Lata, alunos da comunidade e alunos de outros locais da
cidade. Essa diversidade promove uma troca de experiências que contribui para a
formação dos participantes. Conheça as nossas oficinas percussivas e a nossa
metodologia de trabalho.
Oficina de Percussão
"Meu nome é Alexandre, tenho 13 anos, faço parte do AfroReggae há 4 anos,
faço parte da percussão e da aula de guitarra. A minha vida mudou quando
entrei no AfroReggae, eu ficava muito na rua, agora eu fico mais em casa, vou
para o AfroReggae e faço as oficinas e estou achando muito legal." Aluno das
Oficinas de Percussão.
Objetivo Geral
Com essa oficina visamos oferecer atividades musicais por meio de instrumentos
percussivos presentes na cultura popular brasileira, tais como: surdo, repique e
caixa; para com isso contribuir para o desenvolvimento musical e da coordenação
motora dos participantes. Além disso, buscamos trabalhar a musicalidade e as
heranças rítmicas afro-brasileiras, valorizando os componentes culturais e históricos
étnicos presentes no Brasil.
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Apresentação dos alunos das oficinas de percussão.
Público-alvo
Crianças a partir de 6 anos, adolescentes, jovens e adultos
Objetivos Mensais
Nossos instrutores planejam as atividades que ocorrerão nas oficinas mensalmente,
com acompanhamento dos pedagogos e definem objetivos que direcionam as
atividades propostas. Segue exemplo do objetivo do mês de Outubro/2013:
Aperfeiçoar os ritmos trabalhados nas aulas anteriores (Samba Reggae e Samba de
Roda) e fazer com que os alunos reconheçam as levadas dos ritmos musicais com
os diferentes timbres percussivos dos instrumentos.
Metodologia
As aulas são iniciadas com exercícios de alongamento e aquecimento para
desenvolver nos alunos um maior condcionamento físico, devido ao peso dos
instrumentos e à movimentação realizada.
Utilizamos o método de Ensino de Bateria, com aplicação de exercícios de tambores
em conjunto. Também se utiliza uma estratégia onde cada aluno aprende a clave de
cada instrumento diferente. Para estimular o ensino de novos ritmos, os professores
utilizam vídeo-aulas. Utiliza-se a demonstração de cada ritmo repetidamente até que
os alunos aprendam.
Nas aulas também se utilizam ações plurais vinculadas às atividades, buscando a
interligação com temas diversos, como ética, tolerância, visão de conjunto, respeito
ao próximo, entre outros.
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Conteúdos
Exercício de direita e esquerda;
Origem do samba-reggae com as claves de acordo com cada instrumento;
Vídeo aula sobre a história do Samba-Reggae;
Criação de coreografias rítmicas;
Criação de ritmos;
Ritmos tocados nos Grupos Artísticos do AfroReggae.
Metas
Assim como o objetivo mensal as metas são definidas mensalmente no
Planejamento. Segue exemplo da meta de Novembro/2013:
Ensaio de ritmos e coreografias e criar uma apresentação de encerramento do ano
que será em forma de bloco com a participação de todos os alunos, de todos os
turnos.
Oficinas de Percussão em Cabo Verde
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Timbal
"Eu sou Fabio e faço um monte de oficinas. O AfroReggae faz parte da minha
vida, tá na minha rotina já e isso é muito legal pra mim." Aluno das oficinas de
Timbal.
Objetivo Geral
As Oficinas de Timbal, instrumento de percussão que se assemelha muito a um
tambor, buscam apresentar técnicas específicas do aparelho, além de ritmos
diversos para a formação de percussionistas versáteis.
Público-alvo
Jovens e adultos da comunidade; percussionistas dos Grupos Artísticos
Objetivos Mensais
Assim como as demais oficinas, os objetivos são construídos mensalmente, segue
exemplo de outubro/2013:
Que todos aprendam a tocar perfeitamente o ritmo chamado pisadinha e também
gravar em estúdio um CD de percussão para estudo dos alunos.
Metodologia
A metodologia utilizada são exercícios com repetição e atividades que podem ser
treinadas e desenvolvidas em casa, como marcações rítmicas e tempo.
Além disso, a estratégia é utilizar, além do timbal, outros instrumentos percussivos,
como: Bacurinhas, Congas e Surdos, para auxiliar no aprendizado do Timbal.
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Conteúdos
Ritmo Pisadinha (contém timbal e bacurinha, com uma só pessoa usando os
dois instrumentos);
Ritmo Pagode Baiano;
Ritmo Ragga.
Metas
Assim como as demais oficinas os objetivos são construídos mensalmente, segue
exemplo de Novembro/2013:
No mês de dezembro a meta é trabalhar com as duas turmas a apresentação de
encerramento da aula que será dois ritmos (pagode baiano e ragga) que serão
apresentados na atividade de Fim de Ano.
Percussão – Samba
“Eu gosto dessa aula porque o meu pai também já me ensinou, porque é
mestre de bateria. E eu to adorando fazer percussão aqui na rua." Aluno
da aula de Percussão - Samba
Objetivo Geral
Nessa oficina, por acontecer de forma itinerante e sempre com a possível entrada de
novos alunos, buscamos apresentar os instrumentos percussivos e suas diferenças
no que se refere a sonoridade e ao formato, e trabalhar a diferenciação dos
instrumentos percussivos – para samba e para percussão. Além de se ensinar os
ritmos obedecendo uma ordem de complexidades.
Público-alvo
Essa oficina acontece no Mutirão AfroReggae, como uma oficina itinerante, sendo
aberta a qualquer pessoa que queira fazer parte.
Objetivos Mensais
Veja exemplo dos objetivos de Novembro 2013:
Consolidar os ritmos já ensinados: Samba, Sambafunk, Sambareggae, Funkeado,
Ragga e ritmos improvisados, que são junções de ritmos trabalhados ou criações
dos Instrutores.
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Oficinas Itinerantes em Vila dos Sonhos - Caju
Metodologia
As aulas são iniciadas sempre com um alongamento, a seguir realiza-se um
aquecimento, onde sempre se desenvolve uma brincadeira dirigida ou jogo
envolvendo atenção, rítmo e prontidão.
Posteriormente trabalhamos ritmos novos, revisão de ritmos, técnicas de
aperfeiçoamento para qualidade musical, junções ritmicas, atenção, musicalidade,
cadência e concentração, sempre através de atividades lúdicas que facilitem a
fixação do que for desenvolvido em aula e aproxime as crianças e adolescentes dos
profissionais de percussão.
Ao final, realizamos uma conversa dirigida sobre os conteúdos abordados a fim de
perceber como os alunos estão entendendo o que é trabalhado na oficina. Este
momento é muito importante e funciona como uma avaliação de cada aula.
Conteúdos
Técnica de baquetamento;
Manutenção de instrumentos percussivos;
Manuseio e utilização de talabartes;
Revisão no manuseio correto de baquetas e macetas;
Relação entre ritmo e movimento;
Estudo de ritmos como: Sambareggae, Sambafunk, Samba, Funkeado, Ragga
e Pop rock;
Revisão da cadência básica para surdo de virada, surdo de marcação e
repinique;
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Apresentação da cadência de oito tempos;
Ênfase na apresentação dos instrumentos percussivos - para uso de samba e
de percussão geral.
Metas
Segue as metas apresentadas em Novembro/2013:
Aprimorar e revisar ritmos como: Samba Reggae, Samba, Ragga, Funkeado, Pop
Rock e principalmente as junções criativas dos ritmos, como forma de revisão do
que já foi trabalhado e o incentivo a criatividade e a autonomia dos participantes
deste grupo.
Oficinas Itinerantes em Parada de Lucas
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Bateria
Faço parte do Afroreggae há 7 anos. E eu acho que os meus professores são
um dos melhores aqui do AfroReggae, porque eles dão carinho, atenção, dão
educação. E além de tudo isso, eles dão liberdade para que possamos dar
ideias e colocar musicas que nos dá prazer. Aluno das oficinas de bateria.
Objetivo Geral
Essa oficina acontece com aulas individuas agendados entre instrutor e aluno. O
objetivo principal é ensinar as técnicas de bateria como uma forma de acesso à arte
musical e, possivelmente, a formação de músicos profissionais.
Público-alvo
Crianças, adolescentes e jovens da comunidade
Objetivos Mensais
Exemplo do mês de Novembro/2013:
Trabalhar o estilo musical que o aluno mais gosta.
Aula de bateria em Vigário Geral
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Metodologia
Utilizamos diversos instrumentos de percussão (além da própria bateria) para dar
uma sonoridade diferente, além de servir de estímulo para o aluno com a não rotina.
As aulas também são baseadas em CD’s de músicas conhecidas pelos alunos para
que a familiaridade seja também um atrativo e facilitador para tocar junto. CD’s e
vídeos também são usados para estimular a percepção de sonoridades e timbres
diferentes.
Conteúdos
Frases em semínima colcheia e semicolcheia;
Levadas pop;
Levadas funk;
Levadas de ijexá.
Metas
Como já expomos as metas são construídas mensalmente, veja exemplo de
Novembro/2013:
Trabalhar as técnicas de caixa para que eles possam distribuir nos tambores.
Aula de bateria em Vigário Geral
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Conversando com quem faz
Nas edições do InfoReggae sobre as oficinas, debatemos
com um dos instrutores, para um melhor entendimento da
prática em sala de aula. Nesta edição, conversamos com
Cosme Anchieta, professor de bateria no Afroreggae.
Por que implementar aulas de Percussão/Bateria no AfroReggae?
Acho que além da qualidade da música, o principal é o fato de que o local (CCWS)
onde ocorrem as aulas fica dentro da comunidade, onde é difícil o acesso de
serviços como esses para pessoas mais carentes. Eu acho que aqui, em Vigário
Geral, a música já é natural nas pessoas, por isso é importante estarmos aqui. A
música está dentro deles, aqui todo mundo já sabe batucar alguma coisa, o nosso
trabalho é colocar tempo, ir moldando, ajudar mesmo. Uma vez uma aluna minha
chegou pra aula muito nervosa por um problema em casa e eu falei que não
teríamos aula, que íamos só conversar. Sem perceber, enquanto ela falava comigo
já ia batucando na perna, marcando ritmo com o pé, e aos poucos, falando disso e
fazendo música sem perceber. Ela foi se acalmando, melhorando. A música está
neles! Nosso trabalho é muito importante.
Qual a metodologia utilizada nas aulas de percussão?
Uso o método Stick Control, que é um método americano e misturo com métodos
brasileiros. Uso também algumas coisas do baterista Carlos Bala e misturo com
criações minhas, e também influências de escola de samba, onde eu comecei. Além
disso, para as aulas eu pego muitas “células” na rua, do barulho da obra, do barulho
do trem (das emendas do trilho) e também barulhos que a gente faz com o corpo.
Como os alunos são avaliados?
Depois de um tempo de estudo aqui comigo, eu convido um músico, que seja
instrutor de outro instrumento (baixo, guitarra) para tocar junto com o aluno e avaliar
o aluno comigo. Quando eles tocam vamos vendo o que está bom e o que não está
e vamos consertando o necessário.
Cosme Anchieta
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Como as aulas de percussão influenciam o cotidiano da criança na escola? E
na família?
Tiveram mães que já falaram que o filho melhorou a coordenação motora, melhorou
a nota no colégio e até mesmo o convívio. Porque aqui a gente trabalha disciplina,
concentração. E também porque música é um pouco matemática, principalmente
instrumento de percussão, que dá o ritmo.
Existe algum dever de casa, ou exercício que o aluno deve desenvolver em
casa?
Tem uma coisa bem simples que passo e que ajuda a desenvolver a coordenação
motora. Se o aluno é destro eu falo para começar a segurar a mão da namorada
com a mão esquerda, escovar os dentes com a mão esquerda, tudo que puder pra
desenvolver melhor a coordenação desse lado. E faço a mesma coisa ao contrário
com os canhotos. Tem ajudado. Tem também exercícios de mão que eu passo e
falo pra fazerem em casa usando um banco com uma almofada. E peço para nunca
tocarem em panela, porque amassa e as mães podem reclamar.
Nas suas aulas ocorre o encontro de alunos da comunidade com profissionais
dos grupos artísticos de percussão? Como se dá essa interação e que tipo de
contribuição ocorre com esse encontro?
Sempre levo meus alunos para verem outras oficinas, eu acho que uma dança de
ballet você pode tirar muitas coisas para sua arte, mesmo parecendo não ter
nenhuma relação. Levo eles também nos ensaios das bandas, e depois trabalho na
aula o que eles viram no ensaio.
Como é possível trabalhar inclusão social com a percussão?
Acho que foi um pouco do que falei na primeira pergunta, estamos incluindo pela
música, de forma natural. E o mais bacana do que faço aqui é que ajudo a mudar a
vida das pessoas pela arte.
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