IMPORT ANCIA DA AMAMENTA AO NO RELACIONA MENTO SAUDAVEL MAE E FILHO · RBEn, 32 : 299-302, 18'l1...
Transcript of IMPORT ANCIA DA AMAMENTA AO NO RELACIONA MENTO SAUDAVEL MAE E FILHO · RBEn, 32 : 299-302, 18'l1...
RBEn, 32 : 299-302, 18'l1
IMPORT ANCIA DA AMAMENTA�AO NO RELACIONAMENTO SAUDAVEL MAE E FILHO *
Marli Villela Mamede .. Antonieta Keiko Kakuda *. Maria Solange Guarino Tavares * * Nilza Teresa Rotter Pela • * Yuriko Kanashiro Matuo · *
RBEn/08
MAMEDE, M.V. e colaboradores - ImportAncia da amamenta� no relaclonamento 88Udavel mae e tUbo. Rev. Bras. EDt. ; DF, 32 : 299-302, 1979.
A glandula mamaria inicia 0 sell
preparo para lactar;ao desde 0 inicio da
gestar;ao quando sofre ar;ao hormonal da
prolactin a progesterona que estimulam 0 cresclmento do lobulo alveolar (mamo
genese ) 1>. A produr;ao lactea e de origem
endocrina sem qualquer participar;ao
nervosa, exigindo a presenr;a de um vel'··
dadeiro "complexo lactogenico" : prolac··
tina, gonadotrofina, cortisona (ou ACTH) e tiroxina ( lactogenese ) 4. Isto ocorre
logo apos 0 parto e expulsao da pla
crnta. (Quadro I )
A secre�ao lactea depende d e um
mecanismo refexo para sua manuten�ao,
partindo da suc�ao da mama pelo lac
tente 4. A mObilizar;ao do leite nos al
veolos e felta atraves de um mecanlsmo
neuro-hormonal, ou sej a, a ocitocina age
diretamente nas celulas mlopitellals dos
alveolos, promovendo a expuIsao do leite,
destes para os ductos e mamBos. (Quadro II)
E evidente que quando ocorrem mu
danr;as hormonais, tal como na lactac;ao,
estas mudan�as sao acompanhadas por
alterar;6es psicologicas.
Se a lactante se comporta satisfato
riamente quanto a funr;ao da lactac;ao,
ela se torna mentalmente fortalecida e
portanto amadurecida; mas, quando
ocorre 0 inverso ela se torna mentalmen
te enfraquecida, e assim mais suscepti
vel a desenvolver um relacionamento 10-saudavel mae-filho.
CAPLAN 1 define 0 relacionamento
saudavel mae-filho, como sendo aquele
em que a mae reage para com a cr1an�
primariamente, sobre a base de sua per
cepr;ao das necessidades da cr1e.n�a.
• Tema Livre apresentado no XXXI CBEn - Fortaleza - Ceara - 1979 . •• Docentes do Departamento de Entermagem Oeral e Espee1a11zada de. Escola de as
fermagem de Ribelrio Preto (Uap) .
:M:AMEDE, M.V. e colaboradores - ImportA.ncia da amamentallio no relacionamento sau
dAvel mae e fUbo. Rev. Bras. Ent. ; DF, 32 : 299-302, 1979.
QUADRO I - FILOSOFIA DA LACTAQAO : MECANISMO ENDOCRINO
ADENOHIPCiFISE
! PROLACT I NA
1 I AGAO LUTEOTRCiFICA
( ova rio s )
AC;AO MAMOG�N I CA
(mama s )
1 AC;AO LACTOTRCiP ICA
. ( mama s )
1 1 1 A t i va 0 Corpo Ama r e l o a e l aborar
Preparac;:ao Gravid i ca da m ama
Condi c i o n a a P r o d u c;: ao da secrec;:ao l a c t e a , s u a manuten<;ao e a umento !
P ROGESTERONA ! Ac;:ao conj unta com o s H . E s t ro ge n i co s e Proge s t e ron i co s pgt centarios .
1 A9 ao Conj un ta com H . do C r e s c imen to (ACTH ) , H . d a T i
reo i d e e Co rt�x S upra - Rena l .
QUADRO II - MECANISMO "NEURO-HORMONAL"
NEURO-HIPC>FI SE .... 4r---------------,
1 . OCI TOCINA
1 CI RCULA<;AO
l CONTRA<;AO DOS ALv!:OLOS MAH1\RIOS
1
o l eu � 0 U- O l eu () +J Ul ::l eu ·rl U) � >
� U) o ...:1 . :J
EXPRESSAO 00 LEITE PARA OS DUCTOS E MAMILO � H
1 � U) W
SUC<;AO DO RE C�H-NASC I OO
, 300
MAMEDE, M.V. e colaboradores - ImportAncia da amamental(Ro no relacionamento saudavel mae e filho. Rev. Bras. Enf.; OF, 32 : 299-302,- 1979.
como uma pessoa em seu direito inato, respeito por estas necessidades e tenta satisfaze-Ias da melhor forma de acordo com sua habiIidade.
Ressaltamos aqui que a amamentar;ao e 0 melhor periodo para a mae conhecer a crianr;a, conhecer 0 seu j eito, a sua maneira, ·o seu chor�, 0 seu sorriso, e dai ter condir;6es de perceber suas necessidades e satisfaze-Ias respeitando-o como um ser individual.
Alem dlsso, ha evidencias de que a prolactina (hormonio da lactac;ao) quando presente, desenvolve um sentimento maternal. Prova deste fato NEWTON 7 in Maternal Emotion relata 0 ocorrido com um pollcial que teve uma desordem na pituitaria e como conseqiiencia aumentou a secrec;ao do hormonio lactogenico. Durante este periodo, ele tornou-se muito maternal em relac;ao ao seu comportamento anterior. Quando 0 nivel hormonal retornou a normaIidade este comportamento se tornou menos marcante.
Ressalta tambem que ha influencia de emoc;ao sobre a secrec;ao e expulSao do leite :
- as emoc;6es podem reduzir 0 fluxo sangiiineo da mama quando a mulher esta sob estado de tensao e/ou excitac;ao, reduzindo para 1/4 do fluxo normal. Como 0 sangue carrega 0 precursor do leite, nos estados de tensao e/ou excitac;ao, havera um prejuizo no suprimento de leite ;
- a dor, c6llca, mamilos dolorosos e outros estados, tornando-se repetitivos durante 0 ato da amamentac;ao, assumem um carater rituallsta que agem negativamente sobre 0 mecanismo retlexo (arco-reflexo) contribuindo para menor ejec;ao lactea.
WIDENBACH 10 lembra que as mamas estao intimamente reiacionadas com todo 0 processo reprodutivo. Sua resposta para as necessidades nutricionais do bebe depende sobretudo do estado fisico-mental e emocional da mae do que o seu desenvolvimento para melhor suprimento do leite.
TamMm cita que Charlotte Narish afirma que produzir leite nao e s6 uma func;ao da mama, mas sim uma func;ao integral da mulher, em que a mama meramente faz a ultima parte do trabalho.
TYLDEN 9 comenta que as famillas que tem como tradic;ao 0 habito de amamentar transmitem as meninas um sentlmento de prazer vinculado a lactac;ao.
NOV AES 8 afirma que "0 ate de amamentar comporta um conjunto de aspectos profundos do relacionamento interpessoal, tais como : a disponibiIidade da mae, os contactos fisicos, sensoriais, verbais e afetivos".
Durante a mamentac;ao ha oportunidade de uma aproximac;ao mais afetiva entre a mae e filho que leva a suavizar 0 trauma da separac;ao provocado pelo parto, atraves da sensac;ao "da volta ao corpo materno" 0 que permlte ao recem-nascido reelaborar 0 impacto da separac;ao. 0 aconchego durante a amamentac;ao proporciona um contacto epldermico, transmissao de afeto atraves do olhar e da movimentac;ao do c9rpo, que leva ao estabelecimento de uma relac;ao materno fiIial sadia. (MALDONADO fJ)
EVANS e col. 2, estudando os fatores que afetam a adaptac;ao fisiol6gica no aleitamento, concluiram que as necessidades maternas prioritarias sao : fisicas, de informac;ao e psico-sociais. Enfatizam ainda a necessidade da ac;ao da enfermagem durante 0 I.e mes de lactac;ao.
o parecer de WIEDENBACH 10 reforc;a 0 de EVANS e col. 2 quando afirma que ha tres responsabiIidades da enfermeira na adaptac;ao da mae a amamentac;ao :
- ajudar a mae a identifiear � condic;6es para amamentar 0 bebe quan� do 0 tempo chegar;
- ajudar a mae a entender 0 valor da amamentac;ao;
- ajudar a mae a desenvolver um sentimento positivo em relac;ao a. amamentac;ao, tomando 0 ato passivel e seguro.
301
MAMEDE, M.V. e colaboradores - Importlnc1a da amamentac;Ao no relaclonamento 11&11-divel mAe e tUbo. Rey. Bras. EDt. ; OF, 32 : 299-302, 1979.
GRANT s lembra que 0 pessoal de enfermagem, sempre em pequeno mimero e excesslvamente ocupado, encontra dlf1culdade em achar tempo para encorajar a mae a amamentar, consldera que a chave do sucesso da mulher que amamenta pode estar nas maos de uma enfermelra ; portanto esta deve examinar freqiientemente sua atitude frente as necressldades especlals da mae que amamenta.
Se a enfermelra tem a oportunldade de prlmarlamente prevenlr um bom relaclonamento mae-fUho, nada mats lmportante do que aglr nos prlmelros contactos mae e mho, porque e neste inicl0 que se come�ara a solldificar a base mental da crtan�a.
Asslm podemos salientar que :
- a mae que amamenta est&. completando 0 seu destino bl016g1co na perpetua�ao da especle ;
- a mae que amamenta esta se protegendo contra 0 cancer mamarto ;
- a mae que amamenta tera multo ma1s oportunldade de conhecer seu filbo, de enxerga-Io como uma pessoa, que tem suas proprtas caracteristlcas;
- a mae que amamenta favorece uma melhor lntera�ao mae-filho;
- a mae que amamenta est&. colaborando com a mals antiga firma que existe "Natureza S/A";
- a mae que amamenta pelo menos 6 meses, conslderando que cada mamada dura 20 minutos, pode-se dizer com seguran�a que ela dedlcou 360 horas de multo afeto e amor ao seu filho.
REFERttNCIAS BIBLIOGRAFICAS
1. 'CAPLAN, G. - An approach to communlth mental health. N.Y., Grune & Stratton, Inc., 1961, 97-132.
2. EVANS, R.T. e col. - Exploration ot factors involved in maternal physiological adaptation to breastfeeding. Nursing Research, 18(1) :28-33, 1969.
3. GRANT, O.M. - Greast feeding may be a dying "art". The canadian Nurse, 64(8) :45-65, 1968.
4. GRELLE, F.C. - Vade-mecum de Obstetricia. I." ed., Rio de Janeiro, Livraria Atheneu, 1963, 197-207.
5. LINHARES, E. - Mamas. Lactat;ao. In:
'01
REZENDE, J. - Obstetricla. 3.· ed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1974, 336-338.
6. MALDONADO, M.T.P. - Paicolorta da gravldez. Petr6polls, R.J., Editora Vozes Ltda., 1976, 11-65.
7. NEWTON, N. - Maternal emoti.oaa New York, Paul. B. Hoeber, Inc. 1955, 43-58.
8. NOVAES, O.T.P. - Conhecimento das maes sobre aspectos do aleitamento materno. Sao Paulo, 1978. (Tese de Mestrado, Escola de Enfermagem da Universidade de Sao Paulo).
9. TYLDEN, E. Psychological and social considerations in breastfeeding. Journal of Human Nutrition, 30 (4) :239-24�, 1976.
10. WIDENBACH, E. - Safegnard the mother's breasts. The Americaa Journal of Nursing, 9 : 544, 1951.