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IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE ESTOQUE EM UMA INDÚSTRIA METALÚRGICA DO SEGMENTO DE ÓLEO E GÁS Mariana Ramos dos Santos Orientador: Prof. Dr. Fabrício Maciel Gomes LORENA - SP 2017

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IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE

ESTOQUE EM UMA INDÚSTRIA METALÚRGICA DO

SEGMENTO DE ÓLEO E GÁS

Mariana Ramos dos Santos

Orientador: Prof. Dr. Fabrício Maciel Gomes

LORENA - SP

2017

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MARIANA RAMOS DOS SANTOS

IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE

ESTOQUE EM UMA INDÚSTRIA METALÚRGICA DO

SEGMENTO DE ÓLEO E GÁS

Monografia apresentada à Escola de Engenharia de

Lorena – Universidade de São Paulo como

requisito parcial para obtenção de título de

Engenheiro de Produção.

Orientador: Prof. Dr. Fabrício Maciel Gomes

LORENA - SP

2017

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NÃO AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIOCONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, SERÁ DISPONIBILIZADO AUTOMATICAMENTE APÓS 2 ANOS DA PUBLICAÇÃO

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizadoda Escola de Engenharia de Lorena,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

dos Santos, Mariana Ramos Implementação de Melhorias no Gerenciamento deEstoque em uma Indústria Metalúrgica do Segmento deÓleo e Gás / Mariana Ramos dos Santos; orientadorFabrício Maciel Gomes. - Lorena, 2017. 40 p.

Monografia apresentada como requisito parcialpara a conclusão de Graduação do Curso de Engenhariade Produção - Escola de Engenharia de Lorena daUniversidade de São Paulo. 2017Orientador: Fabrício Maciel Gomes

1. Gestão de estoques. 2. Lote econômico. 3. Pontode pedido. 4. Diagrama de ishikawa. 5. 5w2h. I.Título. II. Gomes, Fabrício Maciel, orient.

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RESUMO

SANTOS, M. R. Implementação de melhorias no gerenciamento de estoque em

uma indústria metalúrgica do segmento de óleo e gás. 2017. Monografia (Trabalho

de Graduação) – Escola de Engenharia de Lorena - Universidade de São Paulo, Lorena,

2017.

Cada vez mais as empresas buscam métodos de redução de custo visando tornarem-se

mais competitivas no mercado. A manutenção de estoques acarreta em inúmeros custos,

que impactam negativamente nos resultados das organizações. Estes custos podem ser

reduzidos ao estabelecer-se uma política de estoque que vai de encontro às necessidades

de cada empresa. Neste contexto, um dos grandes desafios é manter um estoque mais

dinâmico e enxuto, porém sem prejudicar o nível de serviço. O presente trabalho

destinou-se a implementar uma gestão de estoque eficiente numa indústria metalúrgica

que atua no segmento de óleo e gás. Redefiniu-se o método de reposição de itens de

inventário, através do cálculo de lotes econômicos de compra e pontos de pedido

fidedignos à atual realidade. Para atingir este objetivo foi utilizada a metodologia

pesquisa-ação com auxílio das ferramentas Diagrama de Ishikawa e 5W2H. Como

principais resultados teve-se a redução no custo de estoque em 8% bem como o

aumento no nível de serviço em 3,31%.

Palavras-chaves: Gestão de estoques, lote econômico, Ponto de Pedido, Diagrama de

Ishikawa, 5W2H.

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ABSTRACT

SANTOS, M. R. Implementation of improvements in inventory management in a

metallurgical industry of the oil and gas segment. 2017. Project of monograph

(Undergraduate) - School of Engineering of Lorena, University of São Paulo, Lorena,

2017.

More and more companies seek methods of cost reduction aiming to become more

competitive in the market. Holding inventory entails numerous costs, which have a

negative impact on the results of the companies. These costs can be reduced by

establishing a stock policy that meets the needs of each company. In this context, one of

the greatest challenges is to hold a more dynamic and leaner stock, without harming the

quality of the service. The present work aimed to implement an efficient inventory

management in the metallurgical industry that operates in the oil and gas segment. The

method of replenishing inventory items was redefined by evaluating economic order

quantity and reliable reorder points in accordance with the current reality. In order to

achieve this goal, the action-research methodology was used with the help of Ishikawa

Diagram and 5W2H tools. The main results were the reduction of 8% in the inventory

costs and an increase of 3.31% in the quality of the service.

Key words: Stock Management, Economic Order Quantity, Reorder Point, Ishikawa

Diagram, 5W2H.

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SUMÁRIO

1 Introdução ............................................................................................................................................ 1

1.1 Contextualização ......................................................................................................................... 1

1.2 Justificativa ................................................................................................................................. 2

1.3 Objetivo Geral ............................................................................................................................. 2

1.4 Objetivos Específicos .................................................................................................................. 3

2 Fundamentação Teórica ....................................................................................................................... 4

2.1 Estoques ...................................................................................................................................... 4

2.2 Custos de Estoque ....................................................................................................................... 4

2.3 Lote Econômico de Compra ....................................................................................................... 7

2.4 Pontos de Pedido ....................................................................................................................... 10

2.5 Diagrama de Ishikawa ............................................................................................................... 13

2.6 5W2H ........................................................................................................................................ 14

3 Método ............................................................................................................................................... 16

3.1 Método de Pesquisa .................................................................................................................. 16

3.2 A empresa ................................................................................................................................. 17

3.3 Departamento de Suprimentos .................................................................................................. 17

3.4 Roteiro Pesquisa-Ação .............................................................................................................. 20

4 Resultados .......................................................................................................................................... 22

4.1 Coleta de Dados ........................................................................................................................ 22

4.2 Análise de Dados ...................................................................................................................... 25

4.3 Geração de Plano de Ação ........................................................................................................ 26

4.4 Implementação .......................................................................................................................... 27

4.4.1 Ponto de Pedido ................................................................................................................ 27

4.4.2 Lote Econômico de Compra ............................................................................................. 29

4.5 Comparação dos Resultados ..................................................................................................... 32

5 Conclusão .......................................................................................................................................... 36

6 Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 37

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Gráfico do custo total de estoque ...................................................................... 9

Figura 2- Gráfico Dente de Serra ................................................................................... 11

Figura 3- Gráfico Dente de Serra com ruptura ............................................................... 12

Figura 4 - Diagrama de Ishikawa....................................................................................14

Figura 5 - Estruturação para condução da pesquisa-ação................................................16

Figura 6 - Grupos de Estoque..........................................................................................18

Figura 7 - Tela de Cadastro do Item................................................................................19

Figura 8 - Código do Item ..............................................................................................19

Figura 9 - Etapas do Roteiro de Ação..............................................................................20

Figura 10 - Diagrama Causa e Efeito para o Desequilíbrio Entre Custo de Estoque e

Nível de Serviço..............................................................................................................26

Figura 11 - 5W2H para o Desequilíbrio Entre Custo de Estoque e Nível de Serviço.....27

Figura 12 - Calcular Viabilidade do LEC com Desconto................................................32

Figura 13 - Resposta da Viabilidade................................................................................32

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Valores de z .................................................................................................. 13

Tabela 2 – Relatório de Estoque .................................................................................... .25

Tabela 3 – Relatório de Estoque com Ponto de Pedido Calculado.................................28

Tabela 4 – Quantidade de Pedidos em 2016....................................................................30

Tabela 5 – Custo anual dos departamentos.....................................................................30

Tabela 6 – Relatório de Estoque com PP e LEC.............................................................30

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Saldo de Estoque Total e Total Produzido.................................................22

Gráfico 2 – Giro de Estoque – Fevereiro 2017................................................................23

Gráfico 3 – Nível de Serviço...........................................................................................24

Gráfico 4 – LEC do Óleo Solúvel...................................................................................31

Gráfico 5 – Saldo de Estoque e Total Produzido............................................................33

Gráfico 6 – Giro de Estoque – Outubro 2017..................................................................34

Gráfico 7 – Nível de Serviço – 2017...............................................................................34

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1

1 Introdução

1.1 Contextualização

Problemas como o atraso logístico, a burocracia excessiva e a elevada carga

tributária tornam o Brasil menos competitivo no cenário mundial. Todavia, o fator interno,

que se refere ao uso de práticas de gestão, é cinco vezes mais relevante que este conjunto de

fatores externos. As empresas de países emergentes, como o Brasil, usam menos estas práticas

quando comparadas a empresas de países desenvolvidos ou a multinacionais que atuam em

países emergentes (BRITO, 2015).

Dentre estas práticas tem-se gestão da cadeia de suprimento, que é um elemento

chave, o qual possibilita atuar em vários segmentos em busca de redução de custos e no

aumento da qualidade do bem ou serviço produzido. A redução de custos relacionados ao

estoque é um desses segmentos. A otimização dos níveis de estoque já vem sendo

amplamente discutida desde o sucesso da filosofia conhecida como Toyotismo, cujo sistema

Just-in-time envolve o sincronismo do fluxo de operações de acordo com a demanda de

produtos. A consequência disso é a redução dos níveis de inventário, que resulta em menores

custos de estoque (GONÇALVEZ, 2016).

De acordo com Chopra (2004), a pressão para reduzir os custos em estoques nas

cadeias de suprimentos aumentou à medida que a concorrência se expande e a variedade de

produtos cresce. Os gestores estão à procura de técnicas que podem melhorar na redução de

inventários sem prejudicar o nível de serviço prestado.

Slack et al. (2009) reforçam esta ideia dizendo que a gestão de inventário visa atender

a dois objetivos principais: dar o nível de serviço desejado pelo cliente e realizar este serviço

a um custo mínimo. Objetivos estes que devem ser equilibrados para encontrar uma solução

adequada. Ele afirma que a variabilidade da demanda e do tempo de entrega representa a

maior influência sobre esta decisão.

Para qualquer tipo de negócio, a administração do estoque é fundamental, e seu

planejamento e controle devem satisfazer os objetivos da organização e sua gestão eficaz

potencializa a cadeia de valor (KRAJEWSKI, RITZMAN e MALHOTRA, 2009).

Porter (2005) afirma que a gestão de estoque impacta diretamente na vantagem

competitiva. Para ele, as atividades relacionadas a recebimento e redistribuição de materiais,

armazenamento, manuseio e, métodos de controle de estoques são atividades primárias na

cadeia de valor. É necessário analisar toda a cadeia para alcançar de fato uma melhor

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2

vantagem competitiva e isso inclui analisar a Organização em sua completude, em todos os

âmbitos. Desta forma, para maximizar os benefícios das estratégias adotadas, estas devem ser

observadas e estarem presentes em cada atividade organizacional, em toda cadeia produtiva,

buscando sempre oferecer valor aos clientes.

1.2 Justificativa

No cenário global do setor de óleo e gás houve queda do preço do petróleo entre 2008

e 2013 e consequentemente uma redução dos investimentos da Petrobrás levando a uma

significativa diminuição da atividade exploratória (ANP, 2017). Desta forma, escândalos de

corrupção que tiveram como protagonista a estatal geraram uma redução de investimentos

ainda maior e um impacto na economia brasileira como um todo (BORROCAL, 2016).

Neste contexto, as organizações que atuam no Brasil sentiram os efeitos da crise

nesses últimos anos. As empresas que trabalham diretamente com o setor brasileiro de óleo e

gás e possuem grande parte de sua receita vinda da Petrobras sofreram um impacto ainda

maior. Com a diminuição do volume de vendas, as empresas tiveram que buscar soluções

internas, como a redução de custos, e externas, como a prospecção de novos clientes. Pode-se

dizer que o foco em redução de custos, não foi somente para manter a competitividade, mas

também para sobreviver no momento de crise.

Além disso, o bem produzido pela empresa, a qual é objeto de estudo, tem o seu preço

ditado pelo mercado. Isso se deve ao fato de que a qualidade desses produtos é padronizada

por diversas normas como, por exemplo, a API (American Petroleum Institute). Ou seja, o

cliente tem produtos com padrões de qualidade similares ofertados por diversas empresas.

Para isso, o foco das organizações desse segmento é aumentar a competitividade oferecendo

o melhor preço e menor prazo.

Bertaglia (2003) afirma que para o sucesso de uma organização, a gestão de estoques

constitui um elemento imprescindível, que deve ser administrado de forma eficiente. Sendo

assim, a gestão de estoque deve ser um ponto crucial na avaliação dos gestores, pois esta

apresenta grande impacto na cadeia de valor e por sua vez é uma ferramenta de grande

importância para a redução de custos e aumento da vantagem competitiva.

1.3 Objetivo Geral

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Aprimorar a gestão de reposição de estoques de insumos de uma indústria metalúrgica.

1.4 Objetivos Específicos

Entender a situação do modelo de reposição atual;

Encontrar as causas para o desequilíbrio de custo e nível de serviço;

Implementar o modelo de reposição proposto

Monitorar o desempenho

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4

2 Fundamentação Teórica

2.1 Estoques

A manutenção de estoque e o manuseio de materiais são fatores cruciais para a gestão

de estoque. A estocagem tem a função de abrigar e acumular os produtos por um período de

tempo, enquanto o manuseio de materiais é a atividade de movimentação dos produtos no

interior da empresa (BALLOU, 2006).

Corrêa e Corrêa (2010) dizem que há vários tipos de estoques, que são mantidos

dentro de uma organização. Dentro de uma instalação industrial, os estoques normalmente são

classificados de acordo com o tipo de material que os compõe. São eles:

MP: Estoque de matérias-primas;

MRO: Estoque de materiais indiretos necessários à operação dos processos

(Maintenance, Repair and Operating);

WIP: Materiais em processo de transformação ou semiacabados (Work in

Process);

Produto Final: Estoques de produtos acabados.

Além dessa classificação, os itens pertencentes ao estoque também podem ser

classificados também em função do seu tipo de demanda. Os itens de demanda independente

precisam ser previstos devido à inconstância do mercado, que foge do controle

organizacional. Nem todos os itens de estoque forçam seus gestores a realizarem previsões.

Os itens de demanda dependente estão associados à produção de outros itens ou produtos

finais. A sua demanda é calculada a partir de outros fatores, que neste caso estão sob o

controle da organização (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009).

2.2 Custos de Estoque

O estoque é um grande problema para muitas empresas, como destacam Slack et al.

(2009). Ele é visto sob duas faces diferentes: ao mesmo tempo em que sua manutenção

apresenta certo risco, também oferece alguma segurança, ou seja, facilita a harmonização

entre o suprimento e a demanda. Essa facilitação ocorre principalmente pelo fato dos estoques

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proporcionarem independência entre os processos de transformação, assim, a interrupção de

um processo não irá afetar o processo seguinte (CORRÊA e CORRÊA, 2010).

O alinhamento entre demanda e estoques é um dos maiores desafios que empresas têm

enfrentado. A gestão de estoques busca manter níveis de itens proporcionais à sua demanda,

considerando aspectos como a previsão de demanda, tempo de reposição e níveis de

segurança adequados para cada item do inventário (KRAJEWSKI; RITZMAN, 2009). Fatores

como, incerteza nas informações, perdas devido a desperdícios, falta ou excesso de estoques,

redução do giro de estoques, alto índice de obsolescência entre outros fatores, acarretam em

custos desnecessários para empresa. Reduzindo estes custos a empresa poderá ter uma

quantidade maior de recursos para o capital de giro e de seus investimentos (CROXTON et

al., 2008).

De acordo com Dias (2009), os custos associados a estoques podem ser tratados como:

custo de pedido (ou aquisição), custo de armazenagem e custos de falta. Os custos de pedido

incluem o custo de toda a parte burocrática envolvida na emissão de ordem de compras. Eles

não variam de acordo com o tamanho do lote. Com isso, quanto maior a frequência de

reposição dos itens de estoque, maiores serão os custos de pedidos.

Portanto, podemos obter o custo de pedido unitário através de (1).

(1)

Onde,

CTP: custo total anual de pedidos;

n: número anual de pedidos.

Dentre as despesas que compõe o Custo Total do Pedido podemos citar:

Mão de obra – emissão e processamento;

Material – utilizado na confecção do pedido (formulários, envelopes e

impressora);

Custos indiretos – despesas ligadas indiretamente com o pedido (telefone,

energia, departamento de compra).

Lutosa et al. (2008) afirmam que os custos de armazenagem são custos que variam

com o volume de itens presentes no estoque, isto é, quanto maior for o nível de estoque,

maiores os custos de armazenagem. Estes custos podem ser subdivididos em: custo do capital,

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6

custo de estocagem e custo de perdas. O custo de capital é o capital imobilizado sob forma de

itens em estoque que poderia ser utilizado para outras oportunidades, conhecido também

como custo de oportunidade. O custo de estocagem e manuseio se refere ao custo das

instalações, dos equipamentos de movimentação e do pessoal, como por exemplo, os

almoxarifes. Por último, o custo de perdas de material é o custo por obsolescência e

deterioração dos materiais em estoque.

Dias (2009) estabelece que para calcular o custo de armazenagem de determinado

material, podemos utilizar (2).

(2)

Onde,

Q: Quantidade de material no tempo considerado;

T: Tempo considerado custo total dos pedidos de armazenagem;

P: Preço unitário do material;

I: Taxa de armazenamento.

O valor da taxa de armazenamento é expresso pelo somatório composto pelas taxas de:

retorno de capital, armazenamento físico, movimentação, seguro, e outras taxas. Esse

somatório está representado por (3).

(3)

Sendo que para a determinação das taxas Ia, Ib, Ic, Id, Ie e If são utilizadas (4), (5),

(6), (7), (8), (9), respectivamente.

(4)

(5)

Onde,

S: área ocupada pelo estoque;

A: custo anual do m2 do armazenamento;

C: consumo anual;

P: preço unitário;

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7

(6)

(7)

(8)

(9)

Por fim, o custo de falta se dá sempre que o estoque falha em sua função de atender a

demanda na quantidade ou no tempo. Estas faltas podem parar linhas de produção, se

transformar em atrasos, multas, perda de pedidos e até mesmo perda de contratos com

clientes. É um custo que é difícil estimar, por acarretar perdas futuras e intangíveis, como o

impacto na imagem da empresa junto ao mercado. Ao adquirir, se necessário adquirir um

produto com urgência, para atender uma falta, isto incorre em custos extras de aceleração da

reposição e entregas. Estes custos variam com o tamanho do estoque, porém se dá de forma

inversa aos custos de armazenagem, já que o aumento dos estoques reduz o risco de faltas.

(CONTADOR, 2010)

2.3 Lote Econômico de Compra

Para estabelecer o tamanho dos lotes de reposição é preciso realizar a análise dos custos

que estão envolvidos no sistema de reposição e de armazenagem dos itens. Sendo assim, a ideia é

encontrar a quantidade em que a soma destes custos seja mínima. Esta soma é conhecida como

“Custo total” e ao minimizá-lo, obtém-se o Lote Econômico (TUBINO, 2007).

Schwarz (2008) diz que o modelo de Lote Econômico de Compra (LEC) considera o

trade-off entre custo de aquisição e custo de armazenagem a ser usada nos estoques de

reposição de itens. Um pedido de grande escala reduz a frequência de pedidos e, portanto,

diminui o custo de aquisição por certo período, mas requer manter um estoque médio maior, o

que aumenta o custo de armazenagem. Por outro lado, uma maior quantidade de pedidos

reduz o estoque médio, mas requer reposições mais frequentes e consequentemente custo de

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8

pedido mais elevado. A quantidade de ordem de minimização de custos é chamada Lote

Econômico de Compra, o qual é um robusto modelo para tomada de decisões de gestão.

Segundo Lutosa et al. (2008), a equação (10) representa o cálculo do LEC, que se

fundamenta na minimização do custo total, o qual pode ser decomposto em três parcelas.

(10)

O Custo de Aquisição se refere ao desembolso para aquisição do produto e é

independente do tamanho dos lotes, ou seja, para uma demanda anual está parcela será fixa. Já

para o Custo de Pedido e custo de Armazenagem são diretamente ligados ao lote. Quanto

maior o tamanho do lote, menor será o número de pedidos e consequentemente menor será o

de Custo de Pedido. Os custos de armazenagem em geral são calculados a partir do estoque

médio e o custo diminui com a diminuição do tamanho dos lotes. O valor do estoque médio é

dado por (11) e o número médio de pedidos por (12).

(11)

(12)

Onde,

Q: tamanho do lote de compra;

D: demanda total anual.

Sendo assim, realizando as substituições em (10), o Custo Total pode ser expresso por

(13).

(13)

Onde,

p: preço unitário do item;

cp: custo de pedido;

Ca: custo de armazenagem.

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9

O padrão da curva de custo total se estabelece conforme a Figura 1. Para minimizar a

função custo, deriva-se a função custo total em (13), em relação a variável Q e iguala-se a

zero, conforme demostrado em (14).

Figura 1 – Gráfico do custo total de estoque.

Fonte: Adaptado. SLACK , 2009.

(14)

Isolando-se a variável Q em (14), resulta-se na fórmula de Harris para o cálculo da

Quantidade de Lote Econômico, conforme (15).

√ (15)

Podem ocorrer situações no processo de compra, onde se pode obter desconto no preço

de compra do produto de acordo com um aumento da quantidade comprada. Desta forma,

Dias (2009) propõe uma equação para determinar se devem comprar quantidades maiores que

o lote de compra econômico, obtendo com isso uma redução de preço, ou comprar a

quantidade prevista pelo lote independentemente do desconto oferecido.

Estabelece Q como a quantidade comprada pelo lote econômico convencional, dada

por (15) e De o desconto oferecido pelo fornecedor ao se comprar uma quantidade, e K uma

porcentagem de aumento de Q. Substituindo estes valores na em (13), obtém-se a Equação

(16).

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10

√ √ (16)

Para que o novo modelo seja viável, os custos com a aquisição com descontos devem

ser menores ou iguais ao lote econômico, ou seja, CTk deve ser menor ou igual a CT. Sendo

assim, a inequação está representada em (17). √ √ √ √ (17)

Racionalizando e simplificando (17), obtém-se a inequação (18).

(18)

Onde,

√ (19)

Como a expressão (18) é uma equação de 2º grau, a solução pode ser dada por

Bhaskara, conforme a equação (20).

√ (20)

Portanto, se a quantidade a ser comprada fica entre os valores de lote ótimo Q e a

quantidade máxima k × Q significa que a aquisição com desconto será vantajosa.

2.4 Pontos de Pedido

A representação da movimentação de um item dentro de um sistema de estoque pode

ser feita por um gráfico dente de serra, conforme a Figura 2. A abcissa é o tempo decorrido

(T) para o consumo e a ordenada é a quantidade em unidades desta peça em estoque no

intervalo do tempo T.

Page 20: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

11

Figura 2 – Gráfico Dente de Serra.

Fonte: Adaptado. Dias, 2009.

Para um modelo, o qual se tem certeza que os pedidos chegam instantaneamente e que

a demanda é constante e previsível, a decisão de quando colocar um pedido de

reabastecimento é óbvia. Como na maioria dos casos, os pedidos de reabastecimento não

chegam instantaneamente, mas há um lead time entre o pedido e a sua chegada ao estoque

(SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). Esta situação está representada na Figura 3

abaixo.

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12

Figura 3 – Gráfico Dente de Serra com ruptura.

Fonte: Adaptado. Dias, 2009.

Deixar de atender uma quantidade que seria consumida numa linha de produção, por

exemplo, acarretaria numa série de problemas. Um sistema de gestão de estoque deverá

impedir que situações assim ocorram. Todavia, elevar a quantidade de item em estoque não é

a solução mais adequada.

O modelo de reposição por ponto de pedido (PRP), também conhecido como modelo

de reposição contínua, é um modelo reativo tradicional, ou seja, as decisões de reposição

estão baseadas nas quantidades em estoque após cada retirada (LUTOSA et al., 2008). O

tempo de reposição é o ponto em que o estoque esgota-se menos o lead time do pedido. Isso

pode ser aplicável assumindo-se que o lead time e a demanda são perfeitamente previsíveis.

Contudo, na maioria dos casos, isso não ocorre.

Estas variações de demanda e do lead time podem ser corrigidas com a adição de um

estoque de segurança. Este estoque adicional pode cobrir uma falta ocasional de estoque

durante o tempo de ressuprimento, que é o tempo de pedido até o tempo de chegada do

produto (TUBINO, 2007).

De acordo com Lutosa et al. (2008) a equação (21) é utilizada para se encontrar o

ponto de pedido de um item de inventário.

(21)

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Onde,

R: Ponto de Pedido;

D: demanda média diária;

L: lead time (dias);

ES: Estoque de Segurança

Sendo que o Estoque de Segurança pode ser calculado conforme (22)

(22)

Onde,

z: Coeficiente da expressão está associado à distribuição normal de probabilidade. Ele

será escolhido dependendo do nível de cobertura desejado, demonstrado na Tabela 1

Θd: desvio padrão da demanda diária.

.

Tabela 1– Valores de z.

Cobertura (%)

Valores de z

90 1,28 95 1,64 99 2,33

Fonte: Adaptado. NETO, 2005.

2.5 Diagrama de Ishikawa

Diagrama de Ishikawa, ou Diagrama Espinha de Peixe é uma ferramenta que tem

como objetivo apresentar a relação entre um resultado de um processo (efeito) e os fatores

(causas) do processo que, por razões técnicas possam afetar o resultado esperado

(WERKEMA, 2006).

De acordo com Ramos (2000), este diagrama descreve situações complexas, as quais

seriam muito difíceis de serem descritas e interpretadas somente por palavras.

Frequentemente, as causas recaem sobre umas das seguintes categorias: Mão-de-obra,

Máquinas, Métodos, Materiais, Meio Ambiente e Meio de Medição conhecidas como os 6Ms,

representados na Figura 4.

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14

Figura 4 – Diagrama de Ishikawa

Fonte: Adaptado. Werkema , 2006.

.

Segundo Peinado e Graeml (2007), cada grupo de causa do 6M, tem uma definição

básica:

Mão de obra: Verificação das condições dos colaboradores e funcionários do

estabelecimento. Análise da experiência, motivação, grau de instrução,

habilidades e treinamento.

Matéria prima: Verificação da situação do insumo, que está sendo utilizado

para a produção. Atendimento às especificações regulamentares e qualidade do

material.

Meio ambiente: Verificação da situação do local de trabalho. Se as condições

são suficientes para que o funcionário possa realizar um bom trabalho com

motivação.

Medida: Consiste principalmente em verificar se o objeto em produção está de

acordo com as especificações exigidas, para garantir a qualidade do produto.

Máquina: Consiste na utilização de máquinas para garantir a qualidade do

processo. Elas devem estar em boas condições de uso, para não prejudicar o

resultado do produto final.

Método: Consiste no modo em que os processos estão sendo conduzidos.

2.6 5W2H

Page 24: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

15

Werkema (1995) diz que para o planejamento das ações a serem desenvolvidas é

adequado o uso da ferramenta 5W2H, que consiste em uma planilha constituída por colunas,

que respondem as questões:

Porque (Why): Por que foi definida esta solução.

O que (What)? Qual a ação que deve ser desenvolvida.

Quem (Who): Quem será o responsável pela implantação.

Quando (When): Quando a ação será realizada.

Onde (Where): Onde a ação será desenvolvida.

Como (How): Como a ação vai ser implantada.

Quanto (How much): Quanto custará a implantação

Esta ferramenta é utilizada principalmente na padronização e mapeamento de

processos, no estabelecimento de procedimentos associados a indicadores e na elaboração

de planos de ação. Ela consiste em um plano de ação para atividades pré-estabelecidas que

tenha a necessidade de serem desenvolvidas com a maior clareza possível, além de funcionar

como um mapeamento dessas atividades (JUNIOR et al., 2010).

As respostas destas questões estão interligadas e, ao final do preenchimento desta

tabela observa-se um plano de ação detalhado e com fácil compreensão e visualização. Nela

estão definidas as ações tomadas, de que maneira serão realizadas, quais os responsáveis pela

execução das mesmas e o prazo para conclusão de cada uma (CAMPOS, 1998).

Page 25: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

16

3 Método

3.1 Método de Pesquisa

O método de pesquisa utilizado neste trabalho foi a pesquisa-ação. De acordo com

Mello et al. (2012), o propósito da pesquisa-ação é mudar o sistema organizacional ou social

particular no qual os participantes estão envolvidos. Ou seja, a pesquisa-ação é uma forma de

investigação baseada em ações de seus participantes e em suas reflexões críticas a respeito das

consequências das suas ações. Baldissera (2001) reafirma isto dizendo que quando houver

uma ação por parte das pessoas implicadas no processo investigativo uma pesquisa qualifica-

se como pesquisa-ação. A Figura 5 apresenta a estruturação da condução da pesquisa-ação.

Figura 5 - Estruturação para condução da pesquisa-ação.

Fonte: Adaptado. Coughlan e Coughlan, 2002.

De acordo com Coughlan e Coughlan (2002), a sequência para a condução da

pesquisa-ação acontece em cinco etapas: planejar, coletar dados, analisar os dados,

implementar ações, avaliar os resultados e gerar um relatório a fim de monitorar e divulgar os

resultados obtidos .

Page 26: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

17

3.2 A empresa

A pesquisa-ação foi realizada em uma indústria metalúrgica, na qual a autora deste

trabalho trabalha. Situada no Vale do Paraíba, a empresa é especializada na fabricação de

tubos de aço para o segmento de petróleo e gás.

O nome da empresa não será revelado, por questão de acordo de confidencialidade

entre a autora deste trabalho e a empresa em questão. Doravante a empresa será chamada de

empresa Y.

3.3 Departamento de Suprimentos

O departamento de Suprimentos abrange a área de compras e almoxarifado. É

composta por um gerente, dois compradores, um assistente de compras, um analista de

compras e três almoxarifes. O setor de compras é responsável pelas compras de todos os

insumos e pelo follow-up dos pedidos, de devoluções, trocas e reparos requisitados pelo

solicitante do material. O setor do almoxarifado é pelo responsável recebimento,

descarregamento, armazenamento, movimentação e liberação de todos os insumos adquiridos

pela empresa Y.

Os itens que são adquiridos pelo setor são divididos em duas categorias. A primeira

categoria são os itens de estoque, que são itens estratégicos e com consumo frequentes. A

necessidade de compra é avaliada por suprimentos e os produtos são armazenados no

almoxarifado, que por sua vez tem responsabilidade sobre os mesmos. Para fazer uso destes

itens é necessário preencher uma requisição com a assinatura do supervisor e entregar ao

almoxarife. Ao realizar a retirada deste material, os almoxarifes realizam a baixa no sistema,

vinculando a quantidade ao centro de custo do solicitante.

A segunda categoria são itens denominados como débito direto. São itens de compra

eventual, como por exemplo, um serviço de usinagem, serviços de manutenção, compra de

um ativo. A necessidade de compra destes itens é gerada pela área solicitante. O recebimento

é feito pelo almoxarifado que segregará o material e comunicará o solicitante para retirada de

todo o material solicitado. O vínculo da despesa ao centro de custo do solicitante é feito na

entrada do material e é transferido inteiramente ao solicitante.

As atividades de suprimentos como geração de ordem de compra, de pedido e baixa

dos materiais s sistema ERP (Enterprise Resource Planning). Para este trabalho, foi analisado

Page 27: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

18

o processo de compra dos itens de estoque, os quais são divididos em 8 grupos que estão

ilustrados na Figura 6.

Figura 6 – Grupos de Estoque

Fonte: Autor

Os itens como Bobina de Aço e Luvas de Aço são itens de estoque, todavia eles não

serão abordados neste trabalho, pois seus processos de aquisição são realizados por MRP

(Material Requiriment Planning) juntamente com o departamento de PCP (Programação e

Controle de Produção).

Para que um item comece a fazer parte do estoque, o solicitante ou parte interessada

deve preencher um formulário da organização denominado “Pedido de Cadastro de Item”.

Para ser validado é necessária a assinatura do gerente do solicitante e da área de Suprimentos.

Após a validação, o formulário é encaminhado ao comprador, o qual realiza o cadastro do

item no sistema na tela ilustrada pela Figura 7, cujos campos são preenchidos conforme as

informações contidas no formulário.

Est

oq

ue

Fixos de Produção

Manutenção

Mecânica

Manutenção

Elétrica

Embalagens

Fornecimento a

empregados

Material de

Escritório

Limpeza

Page 28: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

19

Figura 7- Tela de Cadastro do Item

Fonte: Autor

O comprador estabelece qual grupo e família o item se enquadrará. Existem dezenas

de famílias das quais se pode citar: Vedações, Usinagem, Ferramentas, Eletrônico,

Lubrificantes, entre outros. O código é gerado a partir da combinação entre grupo e família,

conforme Figura 8. A atribuição do código correta é fundamental para rastreabilidade, fins

contábeis e padronização.

Figura 8 – Código do Item

Fonte: Autor.

Sendo assim, a primeira ordem de compra do item é emitida após a finalização do

cadastro. A partir daí as próximas ordens de compra deverão ser geradas quando o sistema

apontar a necessidade. Essa necessidade é gerada a partir de um relatório que o comprador

extrai diariamente no sistema. Após a filtragem do que precisa ser comprado, o comprador

Page 29: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

20

emite a OC (ordem de compra). Com a OC aberta o comprador iniciará o processo de cotação

do material. O comprador precisa cotar em ao menos 3 fornecedores, salvo os itens que

possuem um fornecedor obrigatório em sua descrição. Após realizar a cotação o comprador

opta pela melhor proposta e emite o número de pedido. Este pedido ficará pendente para

aprovação do gerente da área. Ao aprovar, o comprador deve confirmar o pedido com os

fornecedores e informar o prazo de entrega no sistema. Ao receber o material, o almoxarifado

confronta os dados da Nota Fiscal com a descrição no sistema e com o produto físico. Se

houver alguma divergência o setor de compras deve ser comunicado imediatamente entrar em

contato com o fornecedor. Com os dados verificados, os almoxarifes realizam a entrada no

sistema e armazenam o material no local apropriado.

3.4 Roteiro Pesquisa-Ação

As informações contidas neste projeto foram levantadas pela equipe de suprimentos e

o trabalho foi iniciado em janeiro de 2017. As etapas de realização estão representadas na

Figura 9.

Figura 9- Etapas do Roteiro de Ação

Fonte: Autor

Page 30: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

21

A princípio, o departamento não possuía nenhum tipo de indicador. Com intuito de

entender em que situação os estoques de insumos se encontravam, iniciou-se o processo de

criação dos indicadores. Para isso, levantaram-se dados do ERP e de outro Software utilizado

na produção, chamado TCONTROL. A partir destes dados criaram-se os indicadores de Valor

de Estoque, Giro de Estoque e Nível de Serviço. Desta forma, foi possível analisar o processo

de reposição atual e quantificar os dados referentes ao estoque. Visando encontrar as possíveis

causas para o problema, a equipe de suprimentos se reuniu e realizou um Diagrama de

Ishikawa. Avaliaram-se todas as seis esferas do diagrama e atribuíram-se causas primárias

para cada esfera e, a partir de cada uma delas realizou-se um 5W2H para estabelecer um plano

de ação. Cada ação possuía um responsável e as ações que foram implementadas no período

em que este trabalho abrange foram as ações do Analista de Suprimentos (autora da

monografia). Após as ações serem concluídas, os indicadores dos 8 meses posteriores foram

coletados para que a comparação fosse realizada.

Page 31: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

22

4 Resultados

4.1 Coleta de Dados

O departamento de Suprimentos estava sob um impasse. Havia muita recorrência de

falta de itens no estoque. O comprador, para tentar remediar, colocava pedidos com lotes cada

vez maiores, e ainda não conseguia atender a demanda. Consequentemente o espaço físico no

almoxarifado não suportava tanto material, e o problema não era resolvido. Diante disto,

concluiu-se que o departamento necessitava de mudanças e que a gestão de estoque existente

era ineficiente. Antes de tomar qualquer tipo de ação criaram-se os indicadores de Saldo de

Estoque, Giro de Estoque e Nível de Serviço. Estes indicadores foram escolhidos por

retratarem os três objetivos de uma gestão de estoque eficiente. Uma vez que deseja-se

diminuir o Saldo de Estoque, pois representa capital parado. O Giro de Estoque e o Nível de

Serviço deseja-se aumentar, pois representa a rotatividade de um item e a disponibilidade do

material no estoque, respectivamente. Caso a estratégia da empresa não seja bem definida

esses três objetivos podem ser conflitantes entre si, ou seja, ao se tentar maximizar o

desempenho num deles, o desempenho nos demais (ou pelo menos num dos demais) pode ser

prejudicado. Os indicadores estão representados pelo Gráfico1 – Saldo de Estoque Total e

Total Produzido, pelo Gráfico 2 – Giro de Estoque e por fim, Gráfico 3 – Nível de Serviço.

Gráfico 1 - Saldo de Estoque Total e Total Produzido

Fonte: Autor

As informações do Gráfico 1 foram obtidas através de dois softwares utilizados pela

fábrica. A coleta de dados foi feita em fevereiro de 2017, entretanto utilizaram-se as

R$2.138.482 R$2.143.496

R$2.135.944

R$2.159.392 1770

325

1196

1850

0

500

1000

1500

2000

R$2.120.000

R$2.130.000

R$2.140.000

R$2.150.000

R$2.160.000

R$2.170.000

Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro

2016 2017

Saldo de Estoque Total e Total Produzido

Saldo estoque Produção (t)

Page 32: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

23

informações dos três últimos meses para obter uma amostra maior para análise. Os valores do

saldo estoque foram obtidos do ERP, e são referentes ao valor do estoque na virada de cada

mês. O Valor de Estoque é definido pela área da contabilidade e ele representa a

multiplicação entre o custo médio unitário de cada item e quantidade presente no estoque. O

custo médio unitário é a média ponderada do preço unitário dos itens adquiridos e a

quantidade é baseada os itens em estoque presentes no último dia do mês analisado.

O total produzido é referente à tonelada de tubos produzida no mês e os dados foram

obtidos do sistema TCONTROL. Esta informação foi adicionada no gráfico do custo, pois ela

pode apresentar um comportamento diretamente proporcional ao Saldo de Estoque. O mês de

dezembro apresentou um comportamento diferente na relação à tonelada produzida e saldo de

estoque. Esta diferença se deve às férias coletivas de 20 dias, o que acarretou numa menor

produção.

Gráfico 2 – Giro de Estoque – Fevereiro 2017

Fonte: Autor

O giro de estoque foi calculado a partir divisão entre o Consumo Anual Médio e o

Estoque Médio do mês em questão. A situação demonstrada no Gráfico 2 foi obtida no mês

de fevereiro de 2017 e o giro foi dividido em grupos de estoque, devido ao comportamento

diferente para cada tipo de aplicação. O giro de estoque representa a rotatividade de um item

no estoque, ou seja, é expressa no “número de vezes” em que o material foi retirado do

estoque. Neste caso é o número de vezes no ano em que o material será retirado nas atuais

condições. Pode-se observar que os grupos de menor giro eram os grupos de manutenção, o

8,6

7,4

6,3

5,5

4,8

1,4

1,1

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0

LIMPEZA E CONSERVAÇÃO

FIXO DE PRODUÇÃO

FORNECIMENTO A EMPREGADOS

EMBALAGENS

MATERIAL DE ESCRITÓRIO

MANUTENÇÃO

MANUTENÇÃO ELÉTRICA

Giro de Estoque - Fevereiro 2017

Demanda Anual/Estoque Médio

Page 33: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

24

que já era esperado. Isso se deve ao fato de que os itens de manutenção são de consumo mais

baixos, todavia incertos. Portanto, é necessária uma quantidade segura no estoque para que

não comprometa a manutenção de uma máquina parada. Entretanto, o grupo de estoque como

Fixos de Produção poderia ter um giro mais alto, visto que são itens utilizados diretamente

para fabricação dos produtos, e em tese teriam alta rotatividade. Umas das explicações para

este tipo de comportamento é um estoque médio muito alto dos itens de produção.

Gráfico 3 – Nível de Serviço

Fonte: Autor.

Com o apoio dos almoxarifes foi possível criar os indicadores de nível de serviço.

Sempre que algum usuário iria tirar um material do almoxarifado e este ele se encontrava

zerado ou na quantidade insuficiente os almoxarifes anotavam a data e o item solicitado. O

início desta coleta se deu em no mês de janeiro de 2017. Desta forma, foi possível visualizar a

frequência em que algum material era solicitado e não estava disponível. Com esse número,

dividiu-se pelo total de requisições feitas no mês e subtraindo-se de 100% obteve-se

porcentagem de nível de serviço que foi atendido no mês. Os valores de nível de serviço

obtido nos dois meses não foram satisfatórios. Em média, a cada 100 requisições, 8 não são

atendidas. Estas ocorrências geram custos a empresa, conhecidos como custo de falta. Em

suma, se situações assim se tornam recorrentes, há maior probabilidade de os resultados e

metas da organização serem comprometidos devido à uma linha de produção parada por falta

de material.

92,38%

91,95%

91,70%

91,80%

91,90%

92,00%

92,10%

92,20%

92,30%

92,40%

92,50%

Janeiro Fevereiro

Nível de Serviço

Nível de Serviço

Page 34: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

25

4.2 Análise de Dados

Após a criação dos indicadores, foi feita a análise de como era o processo de reposição

dos itens de estoque. A sistemática de compra se iniciava quando o comprador extraia um

relatório do sistema ERP no formato de planilha de Excel®, na qual são listados todos os itens

de estoque de insumos. Na Tabela 2, a sistemática está aplicada para apenas um item. Essa

mesma sistemática se aplica a todos os 3000 itens da planilha.

Tabela 2 - Relatório de Estoque

Código do Item

Denominação U.M Quantidade em Estoque

Ponto de Pedido

Saldo de Pedido

Comprar?

2.665.004 Óleo Solúvel L 2400 1800 0 NÃO

Fonte: Autor.

Este material é um óleo solúvel, utilizado em tank pools, e é misturado com água para

refrigeração e lubrificação de máquinas em inúmeros processos da produção de tubos. A

primeira coluna é o código deste item. Este código significa que ele é um item do grupo “Fixo

de Produção”, e pertence à família de “Lubrificantes”. Na coluna “Quantidade em Estoque”

está representada a quantidade do material, em litros, no estoque no momento da extração do

relatório. O “Ponto de Pedido” se trata do valor definido no momento do cadastro do item

para que o processo de compra se inicie. A coluna “Saldo de Pedido” se refere se há ou não

pedido aberto para o item.

Por fim, na coluna “Comprar?” é uma fórmula condicional. A condição era que se

quantidade em estoque for menor ou igual ao ponto de pedido a coluna “Comprar?” possuirá a

resposta “SIM”, caso contrário será “NÃO”. A segunda condição é que se o “Saldo de

Pedido” for maior que zero não é necessário colocar pedido, pois significa que existe ordem

de compra no sistema para aquele item. Portanto, ao filtrar a coluna “Comprar?” por “SIM”

de todas as linhas da planilha o comprador terá a relação de todos os itens que são necessários

colocarem pedido.

O problema desse modelo de reposição é que o ponto de reposição é fornecido pelo

requisitante do material no processo de inclusão do item no estoque, o que resulta em duas

situações muito comuns.

Page 35: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

26

Ponto de pedido superestimado: Com receio do material não estar disponível

quando for necessário o requisitante define um ponto de pedido muito alto para

“garantir” o material sempre disponível.

Ponto de pedido subestimado: Não considerar o estoque de segurança

adequado para possíveis variações do lead time e no consumo.

Além disso, o tamanho dos lotes de compra dos itens também é definido

empiricamente pelo comprador, que realiza uma análise superficial do consumo num intervalo

de período.

A análise do Modelo de Reposição existente constatou-se que se tratava de uma gestão

de estoque ultrapassada e ineficiente. O Saldo de Estoque estava alto para os padrões da

fábrica e o nível de serviço muito baixo. Quando o Ponto de Pedido definido era muito alto,

acarretava em custos de estoques desnecessários. Quando ele era muito baixo, comprometia o

nível de serviço e muitas vezes não estava disponível para uso. Tendo em vista estes

problemas a equipe de suprimentos se reuniu para realizar um brainstorming a respeito das

possíveis causas para o desequilíbrio entre custo e nível de serviço. Para isso, utilizou-se o

Diagrama de Ishikawa conforme a Figura 10.

Figura 10 – Diagrama Causa e Efeito para o Desequilíbrio Entre Custo de Estoque e Nível de Serviço

Fonte: Autor.

4.3 Geração de Plano de Ação

Para cada possível causa foi estabelecida ações a partir da ferramenta 5W2H a fim de

eliminar ou mitigar as reais causas da falha. Estas ações estão representadas na Figura 11.

Falha (Efeito):

Desequilíbrio Custo de Estoque e Nível de Serviço

MediçãoMétodo

Máquina

Meio Ambiente Mão de Obra Material

3. Alta variabilidade da demanda

5. Falta de capacitação para realizar o planejamento do material

2. PP e LEC empíricos

6. Alto custos de insumos

7. Excesso de materiais obsoletos

1. Falta de quantificação de informações para definição de metas

4. Alta variabilidade do lead time

Page 36: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

27

Figura 11- 5W2H para o Desequilíbrio Entre Custo de Estoque e Nível de Serviço

Fonte: Autor.

As que foram executadas no intervalo de tempo em que esse trabalho aborda são as

ações, cujo responsável é o analista de suprimentos. Em suma, as ações foram:

Calcular Ponto de Pedido considerando um Estoque de Segurança para as

variações de demanda e lead time;

Calcular Lote Econômico de Compra.

4.4 Implementação

4.4.1 Ponto de Pedido

Causa O quê? (What) Por quê? (Why)Onde?

(Where)Como? (How)

Quando? (When)

Quem? (Who)

Quanto (How

much?)

Alta variabilidade de demanda

Definir estoque de segurança para aumentar nível de serviço

Para que não ocorra custos de falta

SuprimentosAtravés das formulas da literatura

maio-17Analista de Suprimentos

Sem custos

Definir estoque de segurança para aumentar nível de serviço

Para que não ocorra custos de falta

SuprimentosAtravés das formulas da literatura

maio-17Analista de Suprimentos

Sem custos

Cobrar dos fornecedores o cumprimentos dos prazos

Para que o fornecedor não atrase a entrega

SuprimentosAtravés de emails e ligações

Sem prazo para término

Assistente de Compras

Sem custos

Falta de Quantificação de informação

Criar indicadores de Estoque

Para realizar acompanhamento e definir metas

SuprimentosAtravés dos dados levantados pelos softwares da empresa

março-17Analista de Suprimentos

Sem custos

Ponto de Pedido e LEC empíricos

Realizar cálculo de PP e LEC de acordo com a demanda

Para obter PP e LEC mais fidedignos

SuprimentosAtravés das formulas da literatura

maio-17Analista de Suprimentos

Sem custos

Falta de capacitação para realizar o planejamento do material

Revisar procedimento e treinar os funcionários no processo de cadastro e reposição de itens de estoque

Para obter maior entendimento de suas atividades e minimização dos erros

SuprimentosAtravés de sistematização das atividades do setor

maio-17Suprimentos/

RHSem custos

Excesso de materiais obsoletos

Obter definição dos usuários dos para os itens sem movimentação

Para aumentar o giro de estoque e liberação de espaço para armazenamento

Suprimentos

Extrair um relatório dos itens que foram movimentados pela última vez há 5 anos atrás ou mais

junho-17 Almoxarifes Sem custos

Pesquisa de Mercado Sem prazo

para términoCompradores Sem custos

Alto custo de insumos

Para conseguir melhores preços

SuprimentosDesenvolver e Negociar com os fornecedores

Alta variabilidade do lead time

Page 37: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

28

Para o cálculo do novo Ponto de Pedido foi utilizada a Equação (21). Nesta equação

as variáveis envolvidas são: demanda média diária, lead time e estoque de segurança.

Demanda média diária: A previsão da demanda foi realizada a partir do

histórico de consumo. Para isso foi realizada uma média móvel do consumo

dos três últimos meses. Como na fórmula a demanda é diária a média móvel

foi divida por 30.

Lead time: Muitos itens passam por uma cotação para serem adquiridos, então

o lead time não poderia ser de um fornecedor específico. Sendo assim, o

sistema foi programado para calcular o lead time dos três últimos

fornecimentos e adotar o maior entre eles.

Estoque de Segurança: Adotou-se uma cobertura de 95%. Inicialmente foi

calculado o desvio padrão do consumo diário do último mês. Entretanto, os

desvios padrão foram altíssimos. A causa eram os tamanhos dos lotes que eram

requisitados pelas áreas. Por exemplo, a fita de aço para embalagem dos tubos

não é solicitada 1 u.m de cada vez. Em um dia retira-se 1500 kg, que é a massa

do pallet, e no outro dia, zero. Para que a variabilidade da demanda fosse

considerada, o cálculo do desvio padrão foi feito dos três últimos meses de

consumo, e o resultado divido por 30. Desta forma, o lote de 1500 kg de fita de

aço é diluído pelo mês inteiro. Caso o item tenha entrado no estoque há 2

meses o cálculo será realizado da mesma forma, a média móvel será calculada

dos dois últimos meses e o desvio padrão também, sem considerar o terceiro

mês, que será zero. Se o item tenha entrado há 1 mês ou menos a demanda será

o consumo do mês corrente e o desvio padrão mensal será estabelecido como

1. Em contrapartida, neste caso, a cobertura estabelecida é de 99%.

A inserção das novas colunas para a realização do cálculo está representada na Tabela

3.

Tabela 3 - Relatório de Estoque com Ponto de Pedido Calculado

Código do Item

Denominação U.M Mês

1 Mês

2 Mês

3 Lead Time

Qtd. em Estoque

Ponto de

Pedido

Saldo de

Pedido Comprar?

2.665.004 Óleo Solúvel L 700 1000 800 13 2400 884,33 0 NÃO

Fonte: Autor.

Page 38: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

29

Desta forma. após o cálculo o processo segue da mesma forma que anteriormente.

Quando a quantidade em estoque for menor ou igual ao ponto de pedido, gera-se a

necessidade de compra.

4.4.2 Lote Econômico de Compra

Para estabelecer o lote econômico de compra foi preciso balancear custo de pedido e

custo de manutenção estoque. Foi utilizada a Equação (15) para o cálculo do LEC. Nesta

equação as variáveis envolvidas são: Demanda Anual, custo de pedido unitário e custo de

armazenagem unitário.

Custo de Pedido: Com base no ano de 2016, somou-se o de número de pedidos

emitidos mensalmente conforme a Tabela 4. Entre estes pedidos, 2151 foram

pedidos de estoque. Um dos compradores é responsável por estes pedidos.

Sabe-se que o comprador consegue emitir até 15 pedidos por dia. Sendo assim

seriam necessários 144 dias no ano para que ele emitisse todos os pedidos de

estoque. Conforme a Tabela 5, o custo do comprador anualmente é de R$

72000,00. Sabendo que o ano tem em média 260 dias útil, para 144 dias o

custo é de R$ 39.876,00. Dentre as atividades da Assistente de compras é o

follow-up de pedidos, estimou-se que 10% de seu tempo são utilizados para

realizar o follow-up de pedidos de estoque. Desta forma, com a quantidade de

pedidos de estoque emitidos no ano e o custo anual do departamento de

compras foi possível calcular o custo de pedido de acordo com a equação (1).

Sendo assim, o custo de pedido calculado é de R$19,70.

Demanda Anual: Soma do consumo médio dos últimos 12 meses.

Custo de armazenagem unitário: Neste cálculo leva-se em conta a taxa de

armazenagem, que é a soma de inúmeras taxas como de seguro, depreciação,

retorno de capital, entre outras. Para determinar um valor aproximado, pediu-se

auxílio para o departamento de contabilidade e finanças. Segundo o gerente da

área, há taxas que são muito altas, deixando as demais desprezíveis para o

cálculo. Sendo assim, estabeleceu-se que a taxa de armazenagem seria a soma

da taxa de seguro e de retorno de capital. A relação entre o lucro e o valor dos

estoques é de 0,2 e a do custo anual de seguro e valor do estoque é de 0,06. Ou

seja, total a taxa de armazenamento é de 0,26. Com o valor da taxa de

Page 39: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

30

armazenamento unitário, considera-se que o custo de armazenagem unitário é

26% do custo unitário do material. Desta forma, foi necessário importar mais a

coluna, “Preço Unitário” do sistema, conforme a Tabela 6.

Tabela 4 – Quantidade de Pedidos em 2016

Mês Qtd. Pedido Janeiro 397 Fevereiro 436 Março 458 Abril 407 Maio 485 Junho 431 Julho 438 Agosto 464 Setembro 538 Outubro 489 Novembro 503 Dezembro 200 Soma 5246

Fonte: Autor.

Tabela 5 – Custo anual dos departamentos

Funcionário Custo Anual Comprador 1 R$ 72.000,00 Comprador 2 R$ 72.000,00 Assistente R$ 25.000,00 Analista R$ 64.800,00 Gerente R$ 234.200,00

Fonte: Autor.

Tabela 6 – Relatório de Estoque com PP e LEC

Código do Item

Denom. U.M Custo Unitário

Mês 1

Mês 2

Mês 3

Lead Time

Qtd. em Estoque

Ponto de Pedido

LEC Saldo de Pedido

Comprar ?

2.665.004 Oleo

Solúvel L 8,55 700 1000 800 13 2400 884,33 413,45 0 NÃO

Fonte: Autor.

Page 40: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

31

Com os valores de custo de pedido, taxa de armazenagem e preço unitário foi possível

calcular o Lote Econômico de Compra para cada item da planilha. Cada vez que houvesse

uma necessidade de compra, o comprador foi instruído a utilizar, quando possível, o LEC.

Nem todas as situações são possíveis utilizar o LEC. São os casos quando os fornecedores

impõem faturamento mínimo, ou então o tamanho da própria embalagem do produto

ultrapassa o tamanho do lote calculado. Nestes casos, instruiu o comprador a procurar o

melhor custo benefício de forma a estar mais próximo possível do Lote Econômico de

Compra. O gráfico do Lote Econômico aplicado ao Óleo está representado no Gráfico 4.

Gráfico 4 – LEC do Óleo Solúvel

Fonte: Autor.

A partir dos dados obtidos pode-se observar, neste exemplo, o Lote Econômico de

Compra do Óleo Solúvel. A quantidade em que a curva do Custo Total atinge seu ponto

mínimo é o ponto do lote econômico, ou seja, a intersecção entre a curva de Custo de Pedido

e Custo de Manutenção. Este ponto possui valor de 413,45 litros, quase 1000 litros a menos

do lote usualmente colocado pelo comprador. Desta forma, o comprador passará a colocar o

pedido com 400 litros de óleo visto que a embalagem do Óleo possui 200 litros.

Para os itens em que o fornecedor oferece um desconto no preço unitário para que seja

comprado em maiores quantidades, criou-se uma programação em VBA Excel®. Com intuito

de analisar a viabilidade da compra utilizou-se a Equação (20). Para rodar o programa, o

comprador deve manter a célula do código do item ativada e apertar um botão chamado

0

500

1000

1500

2000

2500

0 100 200 300 400 500 600 700

Cus

to (

R$)

Quantidade (L)

LEC - Óleo Solúvel

Custo de Pedido Custo de Manutenção Custo Total

Page 41: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

32

“Desconto”, localizado no topo da planilha. Ao pressionar o botão abre uma janela

representada na Figura 12.

Figura 12 – Calcular Viabilidade do LEC com Desconto

Fonte: Autor.

O comprador deve digitar a porcentagem do desconto e a quantidade pedida pelo

fornecedor. Ao clicar em Calcular Viabilidade, o sistema retorna com a mensagem se a

compra deve ser realizada para obter o desconto ou não, conforme Figura 13.

Figura 13 – Resposta da Viabilidade

Fonte: Autor.

A programação deste sistema está descrita no ANEXO A.

4.5 Comparação dos Resultados

Page 42: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

33

O início da utilização do novo modelo de reposição foi em março de 2017 e análise foi

feita oito meses depois do modelo “rodando”. Nestes oito meses, toda a necessidade de

compra era gerada pelo ponto de pedido calculado e a quantidade pedida era do lote

econômico, sempre que possível. Para verificar os impactos destas mudanças, realizou-se uma

comparação com os mesmos indicadores criados no mês de fevereiro deste ano. Sendo

assim, os indicadores Saldo de Estoque, Nível de Serviço e Giro de Estoque estão

representados nos Gráficos 5, 6 e 7.

Gráfico 5 – Saldo de Estoque e Total Produzido

Fonte: Autor.

R$2.138 R$2.143

R$2.136

R$2.159 R$2.138 R$2.140

R$2.108

R$2.062

R$1.994

R$1.997 R$1.972

R$1.967 1770

325

1196

1850 2035

3456

3443

4490

2311

1866

2738 2650

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

R$1.850

R$1.900

R$1.950

R$2.000

R$2.050

R$2.100

R$2.150

R$2.200

Nov

embr

o

Dez

embr

o

Jane

iro

Fev

erei

ro

Mar

ço

Abr

il

Mai

o

Junh

o

Julh

o

Ago

sto

Set

embr

o

Out

ubro

2016 2017

x 10ᶾ

Saldo de Estoque e Total Produzido

Saldo estoque Produção (t)

Page 43: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

34

Gráfico 6 – Giro de Estoque – Outubro 2017

Fonte: Autor.

Gráfico 7- Nível de Serviço - 2017

Fonte: Autor.

No Gráfico 5, que representa o saldo de estoque e a produção mensal, pode-se

perceber uma diminuição do valor, mesmo com um aumento considerável da produção. A

diminuição do custo de estoque entre o mês de Novembro de 2016 e Outubro de 2017 foi de

8%.

Além disso, o Gráfico 6 mostra que o Giro de Estoque aumentou, e este aumento foi

mais significantemente nos itens de Fixo de Produção e Embalagens. Isso se deve a

11,1

13,2

8,3

9,3

6,4

1,7

1,6

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0

LIMPEZA E CONSERVAÇÃO

FIXO DE PRODUÇÃO

FORNECIMENTO A EMPREGADOS

EMBALAGENS

MATERIAL DE ESCRITÓRIO

MANUTENÇÃO

MANUTENÇÃO ELÉTRICA

Giro de Estoque - Outubro 2017

Estoque Médio/Quantidade em Estoque

92,38% 91,95% 92,94%

93,66% 94,33%

93,83%

95,67% 95,78% 96,84%

95,69%

89,00%90,00%91,00%92,00%93,00%94,00%95,00%96,00%97,00%98,00%

Jane

iro

Fev

erei

ro

Mar

ço

Abr

il

Mai

o

Junh

o

Julh

o

Ago

sto

Set

embr

o

Out

ubro

Nível de Serviço

Nível de Serviço

Page 44: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

35

pertencerem a um grupo de estoque que está mais diretamente ligado aos insumos de

produção do que os demais, e que antes a maioria deles eram comprador com lotes imensos e

tinham pontos de pedido altos. No grupo de manutenção não houve melhora significativa,

devido à imprevisibilidade destes itens, conforme já citado anteriormente.

Por fim, o Gráfico 7 demonstra que o Nível de Serviço cresceu em 3,31%. O

resultado é extremamente expressivo, visto que em média são realizadas 1000 requisições ao

mês, ou seja, 33 delas passarão a ser atendidas e irão evitar uma possível parada de máquina

ou até mesmo atraso na entrega do produto ao cliente.

Page 45: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

36

5 Conclusão

O objetivo principal deste trabalho foi implementar na Empresa Y uma gestão de

estoque mais eficiente, que ainda é um grande desafio para inúmeras empresas. A partir dos

indicadores de estoque pôde-se perceber um desempenho extremamente ruim, no que se

refere a custos de estoque e nível de serviço. Deste modo, para alcançar um maior equilíbrio

entre estas duas variáveis redefiniram-se os pontos de pedido e calcularam-se lotes

econômicos de compra através das fórmulas da literatura.

Usualmente, as variáveis de valores de estoque e nível de serviço são indiretamente

proporcionais. Ao tentar melhorar uma, acaba piorando a outra. Entretanto, como o processo

de compra ainda não possuía uma estrutura adequada, houve melhora de ambos os lados. A

partir do momento em que essa estrutura estiver consolidada, a decisão de qual variável

priorizar partirá da visão estratégica de cada empresa.

Desta forma, conclui-se que as ferramentas aplicadas no projeto desenvolvido nesta

monografia mostraram grandes benefícios na redução de custos relacionados ao estoque.

Após oito meses da implementação do novo modelo de reposição, percebeu-se diminuição

nos valores de estoque em 8% e aumento do nível de serviço em 3,31%. Por fim, para

trabalhos futuros, recomenda-se uma análise do impacto dos custos de frete de cada material

no cálculo do lote econômico de compra.

Page 46: IMPLEMENTAÇÃO DE MELHORIAS NO GERENCIAMENTO DE …

37

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40

ANEXOS

ANEXO A – SISTEMA EM VBA PARA CÁLCULO DO LEC COM DESCONTO