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Letícia Coutelle Hosncha
Orientadora: Profa. Dra. Ioni Gonçalves Colares
Co-orientadora: Profa. Dra. Sonia Marisa Hefler
Rio Grande
2014
Universidade Federal do Rio Grande
Instituto de Ciências Biológicas
Pós-graduação em Biologia de
Ambientes Aquáticos Continentais
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Aluno: Letícia Coutelle Honscha
Orientadora: Profa. Dra. Ioni Gonçalves Colares
Co-orientadora: Profa. Dra. Sonia Marisa Hefler
Rio Grande
2014
Universidade Federal do Rio Grande
Instituto de Ciências Biológicas
Pós-graduação em Biologia de Ambientes
Aquáticos Continentais
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Biologia de Ambientes
Aquáticos Continentais como requisito
parcial para a obtenção do título de Mestre
em Biologia de Ambientes Aquáticos
Continentais.
Dedico esse trabalho à minha família
e ao meu namorado, por todo apoio, carinho e
compreensão em mais essa etapa de minha vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à professora e orientadora Ioni Colares, pela confiança, carinho e amizade ao
longo desses anos.
À professora Sonia Marisa Hefler, por aceitar co-orientar meu trabalho e sempre me
auxiliar na identificação das plantas.
Aos meus pais que sempre estiveram do meu lado, mesmo nos momentos mais difíceis,
sempre me apoiando e acreditando, nunca deixando eu desistir dos meus objetivos.
Ao meu filho Kaike que muitas vezes teve que ir para casa de amigos para que eu
pudesse assistir aulas, ir a campo e escrever, e muitas vezes não dei a atenção que
precisava por estar estudando.
Ao Federico Garcia, por todo apoio, paciência e confiança que me deu na fase final do
mestrado.
Ao professor Juliano Marangoni, pela ajuda nas análises estatísticas.
À querida Caroline Igansi Duarte pela ajuda nas saídas de campo, identificação de
algumas espécies e todo apoio durante o curso.
Aos companheiros Fábio Penna e Roger Stacke pela ajuda e companhia nos trabalhos de
campo.
Ao Guilherme Bordignon Ceolin e Ana Silvia Rolon, por aceitarem o convite para
compor a banca avaliadora.
Às amigas Juliana Alves e Luciana Alvariza, pela amizade, apoio e incentivo.
Agradeço também a todos meus familiares e amigos que estiveram presentes em minha
vida, dando carinho, amor e compreensão. Agradeço principalmente aqueles que me
ajudaram nos momentos que mais precisei, compreendendo que em certos momentos
estava um estressada ou ausente.
A todos que colaboraram de alguma forma para que eu concluísse esse curso, e
estiveram do meu lado me apoiando todo esse tempo, o meu Muito Obrigada!
RESUMO
A sazonalidade climática exerce forte influência sobre as espécies herbáceas, podendo
modificar a estrutura da sua comunidade. A ação de animais, tais como a herbivoria, o
pisoteio e o desenraizamento das plantas também exercem pressão sobre a comunidade
vegetal. No extremo sul do Brasil, encontra-se o Banhado do Taim, uma área rica na
biodiversidade de fauna e flora, onde foi implementada uma área de preservação
ambiental, a Estação Ecológica do Taim. O presente estudo teve como objetivo avaliar o
impacto que os animais causam na vegetação herbácea do Banhado do Taim. Foram
feitos os levantamentos florístico e fitossociológico, a fim de descrever a riqueza da
vegetação da área a ser estudada. Para avaliar o impacto da presença de animais sobre a
vegetação herbácea do banhado, foi montado um experimento, utilizando a metodologia
de parcelas de exclusão de animais. Esta metodologia consiste em comparar o
crescimento de plantas presentes em uma parcela aberta com o crescimento das plantas
em uma parcela de exclusão, onde os animais não tem acesso a vegetação. Para analisar
os dados, utilizamos o teste de ANOSIM para comparar a diferença entre os tratamentos
nas parcelas abertas (tratamento aberto) e fechadas (tratamento de exclusão). A seguir
aplicamos e teste t de Student para comparar a frequência de ocorrência e o crescimento
de cada espécie entre os tratamentos (aberto e exclusão). Um novo teste t de Student foi
aplicado para avaliar o crescimento sazonal das espécies, nos tratamentos aberto e
exclusão, agrupando os dados por estações frias e quentes. O levantamento florístico
registrou 119 espécies, sendo 77 registradas na fitossociologia e 33 na metodologia de
parcelas de exclusão. As espécies Achyrocline satureioides (Lam) DC., Cyperus
esculentus L., Cyperus surinamensis Rottb., Ipomoea cairica (L.) R.Br., Kyllinga
vaginata Lam. e Sesbania cf. brasiliensis (Cav.) Burkart apresentaram diferenças
significativas (p<0,05) em sua frequência de ocorrência, entre os tratamentos aberto e
de exclusão. Enquanto que C. esculentus, C. surinamensis, Ischaemum minus J. Pers.,
K. vaginata., Paspalum distichum L., S. cf. brasiliensis, Solidago chilensis Meyen e
Tibouchina sp. Aubl. diferiram significativamente (p<0,05) em seu crescimento,
também entre os tratamentos aberto e de exclusão. Nas estações frias as espécies Canna
glauca L., Solanum americanum Mill. e S. chilensis apresentaram seu crescimento com
diferenças significativas (p<0,05) entre o outono e o inverno, enquanto que S. chilensis
e Tibouchina sp. diferiram seu crescimento significativamente (p<0,05) nas estações
quentes, entre primavera e verão. Verificamos que a cobertura da comunidade de
plantas, se mantém estável ao longo do ano, porém quando focamos em cada espécie
separadamente, percebemos que algumas delas diferem na sua frequência de ocorrência
e/ou em seu crescimento. Sendo assim, podemos dizer que o Banhado do Taim possui
uma dinâmica funcional, o qual consegue manter seus padrões ecologicamente
equilibrados.
Palavras-chave: herbivoria, sazonalidade, tratamento de exclusão, plantas herbáceas.
ABSTRACT
The climatic seasonality exerts strong influence on herbaceous species, and may modify
the structure of their community. The action of animals such as grazing, trampling and
uprooting plants also exert pressure on the plant community. The Taim wetland, in
southern Brazil, is an area rich in biodiversity of flora and fauna, where an area of
environmental preservation was implemented: the Taim Ecological Station. The present
study aimed to evaluate the impact that large animals cause on the herbaceous Taim
wetland. The floristic surveys and phytosociological were made in order to describe the
richness of the vegetation of the area being studied. To assess the impact of the presence
of animals on the herbaceous vegetation of the wetland, an experiment was set up using
the cage methodology of exclusion animals. This methodology is to compare the growth
of plants present in an open plot with growing plants in a plot of exclusion, where the
animals do not have access to vegetation. To analyze the data, we used the ANOSIM
test to compare differences between treatments in open plots (open treatment) and
closed ones (excluding treatment). Then Student t test was applied to compare the
frequency of occurrence and growth of each species between treatments (open and
exclusion). A new Student t test was used to evaluate the seasonal growth of the species
in open and exclusion treatments, grouping data by cold and warm seasons. The floristic
inventory recorded 119 species, being 77 phytosociological and 33 methodology
exclusion cage. The species Achyrocline satureioides (Lam) DC., Cyperus esculentus
L., Cyperus surinamensis Rottb., Ipomoea cairica (L.) R.Br., Kyllinga vaginata Lam.
and Sesbania cf. brasiliensis (Cav.) Burkart showed significant differences (p <0.05) in
frequency of occurrence between open repair and exclusion. Whereas C. esculentus, C.
surinamensis, Ischaemum minus J. Pers., K. vaginata., Paspalum distichum L., S. cf.
brasiliensis, Solidago chilensis Meyen and Tibouchina sp. Aubl. differed significantly
(p <0.05) in their growth, also between open repair and exclusion. In cold seasons, the
species Canna glauca L., Solanum americanum Mill. and S. chilensis showed growth
with significant differences (p <0.05) between autumn and winter, while S. chilensis and
Tibouchina sp. growth differed significantly (p <0.05) in the warm seasons, between
spring and summer. We found that the coverage of the plant community remains stable
throughout the year, but when we focus on each species separately, we realize that some
of them differ in their frequency of occurrence and / or growth. Thus, we can say that
the. Taim wetland has a functional dynamics, which gets its ecologically balanced
patterns.
Keywords: Herbivory, seasonality, trampling, treatment of exclusion.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................... x
LISTA DE TABELAS .................................................................................................................. xi
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 19
RESUMO .................................................................................................................................... 26
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 27
2. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................... 30
2.2. Área de estudo .................................................................................................................. 30
2.2. Delineamento amostral .................................................................................................... 31
2.2.1 Levantamento da vegetação herbácea ....................................................................... 31
2.2.2 Exclusão de animais ................................................................................................... 32
2.3. Análise dos dados ............................................................................................................. 33
3. RESULTADOS ....................................................................................................................... 34
3.1. Riqueza de espécies .......................................................................................................... 34
3.2. Impacto dos animais sobre a cobertura da vegetação ..................................................... 37
3.3. Frequência de ocorrência e crescimento das espécies entre os tratamentos................... 38
3.4. Crescimento entre estações frias e quentes ...................................................................... 40
4. DISCUSSÃO ........................................................................................................................... 41
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 47
x
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1. a) Localização da Estação Ecológica do Taim, Rio Grande do Sul, Brasil.
b) Área de estudo (canal Leste).......................................................................................31
FIGURA 2. Desenho amostral da metodologia de parcelas de exclusão de animais.
Distribuição das parcelas (abertas e exclusão) ao longo do canal Leste, o experimento
foi realizado no Banhado do Taim, no extremo sul do Brasil. P1=ponto 1, P2=ponto 2,
P3=ponto 3 e P4=ponto 4................................................................................................33
FIGURA 3. Espécies herbáceas, do Banhado do Taim, que apresentaram diferenças nas
frequências de ocorrência em cada um dos tratamentos (aberto e exclusão) da
metodologia de exclusão de animais. Abreviatura da nomenclatura das espécie: Asatu =
Achyrocline satureioides; Cescu = Cyperus esculentus; Csuri = Cyperus surinamensis;
Icair = Ipomoea cairica; Kvagi = Kyllinga vaginata; Sbras = Sesbania cf.
brasiliensis...................................................................................................................... 39
FIGURA 4. Espécies herbáceas, do Banhado do Taim, que apresentaram diferenças no
crescimento (cm) em cada um dos tratamentos (aberto e exclusão) da metodologia de
exclusão de animais. Abreviatura da nomenclatura das espécie: Cescu = Cyperus
esculentus; Csuri = Cyperus surinamensis; Iminu = Ischaemum minus; Kvagi =
Kyllinga vaginata; Pdist = Paspalum distichum; Sbras = Sesbania cf. brasiliensis; Schil
= Solidago chilensis; Tsp. = Tibouchina sp.....................................................................40
FIGURA 5. Espécies herbáceas do Banhado do Taim, que apresentaram diferença no
crescimento (cm) entre estações frias e quentes. Abreviatura da nomenclatura das
espécie: Aphil = Alternanthera philoxceroides; Asatu = Achyrocline satureioides; Atenu
= Ambrosia tenuifolia; Bcris = Baccharis crispa; Bpilo = Bidens pilosa; Cglau = Canna
glauca; Cescu = Cyperus esculentus; Csuri = Cyperus surinamensis; Dpohl = Dicliptera
pohliana; Iminu = Ischaemum minus; Kvagi = Kyllinga vaginata; Pdist = Paspalum
distichum; Samer = Solanum americanum; Schil = Solidago chilensis; Tvers =
Teucrium versicarium; Tsp. = Tibouchina sp..................................................................41
xi
LISTA DE TABELAS
TABELA 1. Lista de espécies herbáceas com suas respectivas famílias e percentagens
de cobertura relativa, registradas no levantamento fitossociológico e nos tratamentos de
exclusão (aberto e fechado), no Banhado do Taim/Brasil.............................................35
TABELA 2. Resultado do teste ANOSIM, mostrando a similaridade da cobertura
vegetal herbácea no Banhado do Taim/Brasil, entre as estações em cada um dos
tratamentos aberto e exclusão. Nível de significância considerado α < 0,05..................37
TABELA 3. Frequência de ocorrência e crescimento da vegetação herbácea, ao longo
do ano, no Banhado do Taim/Brasil entre os tratamentos aberto e de exclusão. Valores
marcados com asterisco (*), ao longo das linhas, indicam diferenças significativas entre
os tratamentos (α < 0,05).................................................................................................38
TABELA 4 Comparação do crescimento das espécies herbáceas do Banhado do TAIM,
para estações frias (outono e inverno) e estações quentes (primavera e verão). Nível de
significância considerado α < 0,05. Valores com asterisco (*) apresentam, diferenças
significativas....................................................................................................................40
12
INTRODUÇÃO GERAL
Muitos são os fatores ambientais que influenciam a comunidade vegetal, dentre
eles está a sazonalidade climática, a qual possui intrínseca relação com a estrutura das
espécies herbáceas, exercendo forte influência sobre elas (Feitoza, 2004). As herbáceas
apresentam grande sensibilidade a variações ambientais, distúrbios naturais e antrópicos
(McEwan e Muller, 2011), podendo ter respostas por meio de alterações na riqueza
específica e nos padrões estruturais da sua comunidade (Müller e Waechter, 2001;
Costa, 2006). O clima de cada região é fundamental no desenvolvimento das diferentes
espécies, tendo o seu crescimento influenciado pela radiação solar, temperatura do ar e
disponibilidade de água (Scottá, 2013). Além disso, cada espécie está adaptada a se
desenvolver em determinados intervalos de variação destas condições (Monteith e
Unsworth, 1990). Sendo assim, alterações no ambiente e no clima podem ser fatores
limitantes ao desenvolvimento satisfatório de determinadas espécies. Além da
sazonalidade climática, entre as perturbações naturais, as espécies herbáceas sofrem
constantemente a ação da herbivoria, pisoteio e desenraizamento de plantas (Bird et al.,
2000; Miller e Crowl, 2006; Chaichana et al., 2011), por diferentes grupos de animais.
Essas ações também podem afetar a cobertura e a composição das espécies (Goldberg e
Barton, 1992).
A herbivoria tem sido intensamente estudada em ecossistemas terrestres e
aquáticos, sendo que os ecólogos tem se aprofundado no estudo dos diversos impactos
que os herbívoros causam na estrutura da comunidade de plantas e no funcionamento do
ecossistema (John et al., 1992; Rosenthal e Berenbaum, 1992). A herbivoria é um
campo complexo de interações entre plantas e animais. A herbivoria pode influenciar as
plantas individualmente, afetando seu crescimento, aptidão e distribuição de indivíduos
(Maron e Crone, 2006), ou em nível de comunidade, alterando a composição,
diversidade, estrutura e sua dinâmica.
Na ecologia da herbivoria pode-se observar a preferência e os traços evolutivos
do consumidor e da forragem (Holm et al., 2011). As características físicas e químicas
dos diferentes tipos de ecossistemas têm um papel importante na seleção dos habitats de
grandes herbívoros e na utilização dos recursos dessas espécies (Wiens, 1992). O
consumo direto de material vegetal vivo por herbívoros tem grande importância no ciclo
do carbono orgânico e dos nutrientes em muitos ecossistemas (Cebrián e Duarte, 1993),
13
fazendo a interação entre o consumo da vegetação pelos herbívoros e a reposição dos
nutrientes.
Em geral, os herbívoros apresentam uma dieta constituída por diferentes tipos de
espécies de plantas e existem diferentes explicações para as vantagens desse tipo de
alimentação. De acordo com Begon e colaboradores (1990), uma explicação seria que a
dieta mista permite que o animal tenha uma diversidade de nutrientes apropriados ao
seu organismo, sendo que alguns desses nutrientes, nescessários em pequenas
quantidades, podem ser encontrados em plantas consumidas esporadicamente. Outra
explicação é pelo fato de algumas espécies vegetais conter toxinas, e a dieta sendo mista
minimiza as concentrações dessas toxinas, sendo estas diluídas entre os demais
compostos. Por outro lado, autores como Begon et al. (1990), Harper e Towsend (1990),
dizem que os animais podem ingerir certas espécies simplesmente por estarem
disponíveis no ambiente, consequentemente eles obtém mais energia consumindo essas
espécies do que as ignorando. Também pode-se explicar as vantagens desse tipo de
dieta, pela disponibilidade e qualidade das forragens, as quais variam sazonalmente de
forma imprevisível, sendo assim, uma dieta que inclui diferentes tipos de espécies,
permite adaptações às plantas disponíveis em cada estação do ano (Begon et al., 1990).
Assim, diante dessa diversidade de itens alimentares, os herbívoros têm
desenvolvido diferentes estratégias para a seleção da sua dieta, de acordo com suas
morfologia e fisiologia, abundância e qualidade do alimento e tipo de habitat explorado
(Galende e Grigera, 1998). As características da forragem tem influência na seleção da
dieta, e a preferência por certos itens alimentares pode ser resultado de sua composição
química, mudanças na disponibilidade e no gasto energético utilizado para consumir a
forragem (Corriale et al., 2011). O valor nutritivo da vegetação consumida pelos
herbívoros pode ser considerado, como diretamente relacionado ao teor de nutrientes de
uma dada forragem que se torna disponível ao animal, de maneira que, quanto maior o
teor de nutrientes na planta, maior a sua resposta produtiva para o animal (Santos,
2007).
As plantas, por sua vez, desenvolvem estratégias adaptativas para sua defesa
contra a herbivoria. A pressão de seleção da atividade do pastador pode induzir a
produção de compostos que reduzem sua digestibilidade, tais como celulose, lignina,
tanino e sílica, como ocorre em muitas espécies lenhosas; ou produzir toxinas, como
14
alcalóides e compostos secundários, como é comum em muitas espécies herbáceas
(Holm et al., 2011). Geralmente as comunidades de espécies de final de sucessão
tendem a possuir redutores de digestibilidade (polímeros complexos), enquanto que
plantas em fase de início sucessional podem basear-se no predomínio de toxinas para
sua proteção (Holm et al., 2011).
Herbívoros vertebrados e invertebrados, possuem impacto semelhante sobre a
comunidade de plantas herbáceas em algumas regiões (Maron e Crone, 2006).
Herbívoros selvagens de grande porte também são responsáveis pelo decréscimo da
biomassa das plantas e pela mudança na composição das espécies (Holm et al., 2011),
afetando as comunidades de vegetais as quais estão associados (Scogings et al., 2011).
Por sua vez, os invertebrados herbívoros são reconhecidos por exceder forte pressão de
seleção sobre comunidades de plantas terrestre e aquáticas (Elger et al., 2007). Sendo
que, nos trópicos, os insetos herbívoros são considerados os responsáveis pela maior
parte da herbivoria em florestas e savanas (Andersen e Lonsdale, 1990; Coley e Barone,
1996).
Para avaliar os impactos que os animais causam na vegetação, o método que
vem sendo mais utilizado é o uso de parcelas de exclusão (Holm et al., 2011). Esta
metodologia consiste em fazer o acompanhamento do crescimento da vegetação em
áreas abertas e áreas fechadas, onde os herbívoros não tem acesso (Holm et al., 2011).
Esse método pode ser analisado através da biomassa total de plantas (Costa et al., 2004),
biomassa parcial (Parker et al., 2006), ou por meio de medidas biométricas, método este
que causa menor impacto ao ambiente.
Trabalhos que utilizam o método de exclusão vêm sendo desenvolvidos em
muitos países, enfocando diferentes animais. O impacto da herbivoria de roedores e de
caranguejos sobre a produtividade de Spartina alterniflora Loisel. (Poaceae) foi
verificado por Costa et al. (2004), utilizando telas de aço galvanizado em três
tratamentos de exclusão na Ilha da Pólvora, no extremo sul do Rio Grande do Sul
(Brasil), comprovando que esses herbívoros, em especial, os roedores, causam impacto
considerável na biomassa de Spartina. O uso de parcelas de exclusão em zonas
alagadas, para verificar o impacto de roedores sobre a vegetação herbácea também foi
verificado nos Estados Unidos, como o impacto de castores na Área Recreacional do
Rio Nacional Chattahoochee, onde observou-se decréscimo na biomassa da vegetação
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da parcela aberta em relação a parcela de exclusão (Parker et al. 2006). Na Austrália,
Schultz et al. (2011), realizaram o levantamento florístico e a quantidade de fitomassa
através de parcelas de exclusão de pastoreio, assim foi possível verificar que houveram
diferenças na uniformidade, riqueza e forma de vida de espécies vegetais entre áreas
com presença e ausência de herbívoros. O método de exclusão também foi usado com
ratão-do-banhado nos Estados Unidos (Louisiana), onde observou-se danos
significativos na biomassa de plantas, mudança na comunidade de vegetais e redução da
riqueza de espécies ou mudança de espécies dominantes (Holm et al., 2011). O mesmo
método foi utilizado na Argentina (Patagonia), para gados e lebres, em áreas de florestas
que sofreram queimadas, para verificar a dispersão e crescimento das espécies
Nothofagus pumilio (Poepp. et Endl.) e Nothofagus antarctica G. Forst. (Raffaele et al.
2011).
A região do extremo sul do Brasil caracteriza-se por apresentar vegetação típica
do Bioma Pampa, o qual possui uma área de aproximadamente 1765 Km2, perfazendo
63% da região sul (Overback, 2007) e cerca de 2,07% do território brasileiro (IBGE,
2004). Apesar de sua extensão, é o bioma brasileiro que tem menor representatividade
no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (MMA, 2014), mesmo sendo uma
das mais importantes áreas de campos temperados. O clima dessa região é do tipo Cfa
(temperado úmido), de acordo com a classificação Köppen, apresentando uma
característica sazonal com grandes variações entre as estações, sendo o verão
geralmente quente e mais seco e o inverno normalmente frio e úmido. O verão tem uma
temperatura média superior a 24°C (Scottá, 2013). Por sua vez, o inverno tem uma
temperatura média relativamente baixa, menos de 10°C (Scottá, 2013), além de marcada
influência da Massa Polar Atlântica, (Mendonça e Danni-Oliveira, 2007), que traz
chuvas abundantes, queda de temperatura e ocorrência de geadas (Nimer, 1979; Trentin
e Fonseca, 2011). Outra peculiaridade desta região é o regime de precipitação pluvial
com distribuição regular entre as quatro estações (Viana et al., 2009), sendo que estudos
mostram que há uma tendência ao aumento de volume dessa pluviosidade (Barroso et
al., 1991; Cordeiro, 2010).
O Banhado do Taim está localizado no extremo sul do país, em uma estreita
faixa entre a Lagoa Mirim e o Oceano Atlântico e faz parte do Bioma Pampa. O
Banhado do Taim é reconhecido como uma importante área de conservação tanto de
ambientes aquáticos, de transição e terrestres (Nogueira-Neto, 1993), abrigando uma
16
grande diversidade de espécies de vegetais e animais, principalmente espécies
migratórias.
A vegetação do Banhado do Taim apresenta-se em forma de mosaico, cuja
matriz é caracterizada por cobertura vegetal herbácea (Colares et al., 2001). Em sua
vegetação há predomínio de juncos (Schoenoplectus californicus (C.A.Mey.) Steud.) e
muitas outras macrófitas aquáticas, as quais se ajustam a ambientes alagados devido as
suas diversas adaptações morfológicas (Irgang e Gastal Jr., 1996). Algumas plantas
encontradas no Banhado do Taim pertencem a lista de espécies ameaçadas no Estado do
Rio Grande do Sul, sendo estas: Rollinia marítima Záchia, Butia capitata (Mart.) Becc.,
Myrcianthes cisplatensis (Cambess.) O. Berg., Acanthosyris spinescens (Mart. &
Eichler) Griseb. e Bumelia obtusifolia Roem. & Schult. (Ferrer e Salazar, 2004). Além
das áreas aquáticas, o Taim possui áreas de matas onde as figueiras (Ficus cestrifolia ex
Spreng.) e corticeiras (Erithina crista-galli L.) dominam a paisagem. Esse ecossistema é
de extrema importância na manutenção e preservação da fauna e da flora local, em
função do vasto número de espécies existentes (Kurtz et al., 2003). Além disso, a
diversidade animal também é bastante elevada no Banhado do Taim, tais como
invertebrados, anfíbios, peixes, répteis, aves residentes e migratórias e mamíferos de
pequeno e grande porte (Nogueira-Neto, 1993).
Entre os herbívoros vertebrados mais comuns encontrados no Banhado do Taim,
a ordem Rodentia merece destaque. Os roedores abrangem mais de 40% das espécies de
mamíferos (Kay e Hoekstra, 2008). Esta ordem é caracterizada pela presença de um par
de incisivos superiores e inferiores, e pela ausência de dentes caninos, formando um
diastema entre os incisivos e os molariformes (Miranda et al., 2009). Dentro dessa
ordem encontram-se a capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) e o ratão-do-banhado
(Myocastor coypus), os quais são semi aquáticos. São os maiores roedores nativos
encontrados no extremo sul do Brasil, onde coabitam no Banhado do Taim, sendo a
população de capivaras visualmente mais abundante e amplamente distribuída, enquanto
que o ratão-do-banhado, com distribuição mais restrita e por seus hábitos noturnos,
localizado apenas por vestígios como as fezes.
A capivara pertence à família Caviidae (Wilson e Reeder, 2005), sendo o maior
roedor vivente do mundo (Forero-Montaña et al., 2003), aproximando-se dos 50Kg
(Kay e Hoekstra, 2008). É uma espécie consumidora de folhas que tem como itens
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básicos de sua dieta gramíneas, ciperáceas e diversas outras famílias de plantas
aquáticas (Ojasti, 1973; Quintana et al., 1988; Barreto e Quintana, 2011), podendo
consumir aproximadamente 3Kg de forragem fresca por dia (González, 1978). Possuem
adaptações anatômicas e fisiológicas especiais, as quais lhe permitem ter uma dieta
herbívora com grande eficiência digestiva (Ojasti, 1973; Borges et al., 1996). É
considerado um animal seletivo, pois procura consumir plantas com alto teor de
proteína (González, 1978). Essa preferência por certas espécies está, provavelmente,
explicada por seus benefícios nutricionais (Gosling, 1981; Hobbs e Swift, 1988;
Guichón et al., 2003). As composições da sua dieta e suas preferências alimentares
mudam sazonalmente, em resposta as mudanças do clima e a qualidade e abundância da
vegetação (Quintana et al., 1988; Aldana-Domínguez et al., 2007; Borges e Colares,
2007).
O ratão-do-banhado pertencente à família Myocastoridae, sendo monoespecífica
para a família (Woods et al., 1992). Possui hábitos anfíbios com alta atividade de
forrageamento próximo às saídas de suas tocas ou dentro/próximo a água, local onde
costumam se alimentar (Borgnia et al., 2000; Prigioni et al., 2005). São roedores
relativamente grandes (Parera, 2000), pesando de 7 a 10Kg, quando adultos (Bonvicino
et al., 2008) e comendo de 700 a 1.500g de forragem por dia (Christen, 1978). É uma
espécie forrageira oportunista pois sua dieta consiste em uma ampla variedade de
plantas aquáticas, incluindo todas suas partes como: folhas, raízes, caules e cascas
(Warkentin, 1968; Murua et al., 1981; Abbas, 1988; Borgnia et al., 2000; Holm et al,
2011). As plantas aquáticas tendem a ter alta qualidade nutricional e fácil
digestibilidade, sendo que as plantas flutuantes são excelente fonte de proteína bruta
(Lebreton, 1982; Hubac et al., 1984). A seleção da dieta dessa espécie depende da
distribuição das fontes de alimento em relação à distância da água (Borgnia et al., 2000)
e a composição da sua dieta varia de acordo com as características ambientais (Prigioni
et al., 2005), como a mudança do clima nas diferentes estações.
Outro grupo de vertebrados herbívoros presentes no extremo sul do Brasil,
pertencem a Classe das aves. Entre estes, podemos citar a Tachã (Chauna torquata).
Essa espécie pertence a família Anhimidae e é considerada uma ave de grande porte,
medindo cerca de 85cm de altura, quando parado sobre o solo (Narosky e Izurieta,
2003). Sua alimentação é basicamente vegetariana, ainda que eventualmente se alimenta
de insetos aquáticos e moluscos. Em busca de alimentos, penetram seu bico no chão,
18
ação que interfere no desenvolvimento das plantas. Além do impacto que a tachã causa
na vegetação pela atividade de herbivoria, também causa danos devido sua morfologia,
por possuir patas com longos dedos, que permitem manter sua estabilidade no solo,
assim pisam e arrancam as plantas, sobre as quais estão apoiadas (CEAL, 1985).
Além dos herbívoros, outros animais encontrados no Banhado do Taim, podem
gerar impacto sobre a vegetação. Entre estes, podemos citar o jacaré-de-papo-amarelo
(Caiman latirostris), pertencente à família Alligatoridae e é encontrado freqüentemente
na margens de lagoas ou cursos d´água (Moulton et al., 1999). Indivíduos adultos
podem alcançar 3m de comprimento (Verdade, 2001) e pelo fato de viver com toda sua
extensão do corpo sobre a vegetação, pode causar grandes danos por onde passa.
Alguns estudos sobre hábitos alimentares de herbívoros já foram desenvolvidos
na região do Banhado do Taim, como Borges e Colares (2007), que estudaram a
alimentação de capivaras; Colares et al. (2010) que estudaram hábitos alimentares do
ratão-do-banhado comparando duas regiões distintas. No entanto, nenhum dos estudos
apresentou, até o presente momento, uma avaliação do impacto causado pelos animais
sobre a vegetação. Com base nos estudos já desenvolvidos sobre a alimentação de
grandes herbívoros e as perturbações ocasionadas sobre a vegetação, gerou-se a hipótese
de que animais, principalmente os roedores de grande porte (capivara e/ou o ratão-do-
banhado), promovem modificações na comunidade da vegetação herbácea no Banhado
do Taim, por serem bastante abundantes na região e por já mostrar em estudos
anteriores a preferência por plantas herbáceas (terrícolas ou aquáticas) da região como
hábito alimentar.
O Banhado do Taim é uma área de vital importância para a conservação da
biodiversidade do Bioma Pampa, principalmente no que diz respeito ao seu componente
herbáceo, porém possui um equilíbrio ecológico sujeito às variações climáticas.
Agravando este cenário, há uma significativa carência de estudos sobre a vegetação
herbácea e a influência dos animais sobre a mesma, principalmente em áreas de
banhados, como é o caso do presente local de estudo. Sendo assim, o presente estudo
apresentado no formato de um artigo, apresentou a riqueza de espécies presente no
Banhado do Taim, assim como utilizou o método de tratamento de exclusão de grandes
animais, principalmente herbívoros, para quantificar o impacto causado na vegetação
herbácea dessa área.
19
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26
“Manuscrito a ser submetido para a revista Aquatic Botany.” 1
Impacto de animais sobre a vegetação herbácea em um banhado subtropical no 2
extremo sul do Brasil. 3
Honscha, L.C.*, Hefler, S.M.*, Colares, I.G.* 4
*Instituto de Ciências Biológicas - ICB, Pós Graduação em Biologia de Ambientes 5
Aquáticos Continentais - Universidade Federal do Rio Grande - FURG, Rio Grande, 6
Brasil 7
Autor para correspondência: [email protected] 8
RESUMO 9
A sazonalidade climática influencia diretamente na estrutura, cobertura e composição da 10
vegetação herbácea. A atividade de animais, como a herbivoria e o pisoteio também tem 11
grande impacto na comunidade das plantas. O objetivo desse estudo foi verificar a 12
influência que os animais nativos mais comuns, do Banhado do Taim causam na 13
vegetação herbácea desse banhado, localizado no extremo sul do Brasil. Foram 14
realizados levantamentos florístico e fitossociológico para verificar a riqueza de 15
espécies. A seguir, foi analisado impacto dos animais, através do método de parcelas de 16
exclusão, que consiste em comparar medidas biométricas das espécies presentes na 17
parcela aberta com as espécies presentes na parcela de exclusão de animais. O teste de 18
ANOSIM comparou as diferenças da comunidade de plantas entre os tratamentos 19
(aberto e exclusão). O teste t de Student foi utilizado para cada espécie, verificando a 20
frequência de ocorrência e do crescimento, entre ambos os tratamentos, bem como o 21
crescimento das espécies entre estações frias e quentes. O levantamento florístico 22
registrou 119 espécies, sendo 77 registradas na fitossociologia e 33 nos tratamentos com 23
parcelas. A cobertura da comunidade vegetal se mantém estável ao longo do ano. Seis 24
espécies apresentaram diferenças significativas na frequência de ocorrência (P<0,05), 25
enquanto que oito tiveram diferenças significativas (P<0,05) no crescimento, entre os 26
tratamentos aberto e exclusão. Baseado nesses resultados, podemos dizer que a 27
vegetação herbácea do Banhado do Taim se mantém em equilíbrio em resposta ao 28
impacto dos animais nativos desse ecossistema. 29
30
31
32
33
Palavras-chave: sazonalidade, herbivoria, tratamento de exclusão, plantas herbáceas. 34
27
1. INTRODUÇÃO 35
A comunidade vegetal sofre constantemente a ação de diversos fatores 36
ambientais, sendo a sazonalidade climática de extrema importância (Feitoza, 2004), 37
influenciando tanto na sua estrutura da vegetação (Feitoza, 2004), quanto na cobertura e 38
composição (Schulze et al., 2005) das espécies herbáceas. Alterações no ambiente e no 39
clima podem ser fatores limitantes ao desenvolvimento de determinadas espécies, sendo 40
as plantas herbáceas extremamente sensíveis às mudanças de temperatura (McEwan e 41
Muller, 2011) e as variações hidrológicas. 42
Além da sazonalidade, outro fator que tem grande impacto na comunidade das 43
plantas, é a atividade de animais (Schulze et al., 2005; Rodríguez-Pérez et al., 2007), 44
como a herbivoria e o pisoteio (Schulze et al., 2005). A herbivoria tem sido muito 45
estudada em diferentes ecossistemas a fim de aprofundar os estudos sobre os diversos 46
impactos que os animais pastadores causam na estrutura da comunidade das plantas e no 47
funcionamento dos habitats (John et al., 1992; Rosenthal e Barenbaum, 1992). Esses 48
animais tem preferência por certos itens alimentares, dependendo das características da 49
forragem (Corriale et al., 2011) e seu teor de nutrientes, que quanto maior, melhor vai 50
ser a resposta produtiva do animal (Santos, 2007). Por sua vez, as plantas desenvolvem 51
diversas defesas contra a herbivoria, como a redução da digestibilidade, investimento 52
em celulose, lignina, tanino e sílica, produção de toxinas e de compostos secundários, o 53
que é muito comum em algumas espécies de herbáceas (Holm et al., 2011). 54
Nesse contexto, estudos vem sendo desenvolvidos a fim de avaliar os impactos 55
que os animais causam na vegetação herbácea. O método que vem sendo mais utilizado 56
é o de uso de parcelas de exclusão, que consiste em fazer o acompanhamento do 57
crescimento da vegetação em áreas abertas e áreas fechadas, onde os herbívoros não tem 58
acesso (Holm et al., 2011). Esse método pode ser analisado através da biomassa total 59
das plantas (Costa et al., 2004), biomassa parcial (Parker et al., 2006), ou através de 60
medidas biométricas, o qual causa menor impacto ao ambiente. Essa metodologia vem 61
sendo desenvolvida em muitos países, enfocando diferentes animais: no Brasil com 62
roedores e caranguejos (Costa et al., 2004), Estados Unidos com castores (Parker et al., 63
2006), Austrália com foco em herbívoros (Schultz et al., 2011), Argentina com gados e 64
lebres (Raffaele et al., 2011), Lousiana com ratão-do-banhado (Holm et al., 2011), 65
África com elefantes (Scogings et al., 2011), França com aves herbívoras e não-66
herbívoras (Gayet et al., 2012). 67
28
A região do extremo sul do Brasil, caracteriza-se por apresentar vegetação típica 68
do Bioma Pampa, a qual apresenta cerca de 2200 espécies, muitas destas são herbáceas 69
(Boldrini, 2009). Os banhados são áreas alagadas sendo uma zona de transição entre 70
ecossistemas terrestre e aquático sendo muito comuns nesse bioma, além disso, 71
possuem grande quantidade e diversidade de macrófitas aquáticas. Além disso, nessa 72
região existem muitos animais que possivelmente causam danos na vegetação, 73
principalmente nessas áreas úmidas, podendo ser herbívoros ou não-herbívoros, os 74
quais diminuem a biomassa de plantas por diferentes ações. 75
Os herbívoros que apresentam maior número de indivíduos na região do extremo 76
sul do Brasil pertencem a ordem Rodentia, a qual abrange mais de 40% das espécies de 77
mamíferos (Kay e Hoekstra, 2008). Os animais dessa ordem são caracterizados pela 78
presença de um par de incisivos superiores e inferiores, e ausência de dentes caninos, o 79
que forma um diastema entre os incisivos e molariformes (Miranda et al., 2009). A 80
capivara (Hydrochoerus hydrochaeris ) e o ratão-do-banhado (Myocastor coypus) são 81
herbívoros de grande porte nativos, semi aquáticos e representam essa ordem, além 82
disso essas espécies coexistem em regiões do sul do Brasil, em diversos habitats como 83
banhados, lagoas e estuários (Achaval et al., 2004). 84
A capivara pertence a família Caviidae (Wilson e Reeder, 2005), sendo o maior 85
roedor vivente do mundo (Forero-Montaña et al., 2003), aproximando-se dos 50Kg 86
(Kay e Hoekstra, 2008). Sua dieta é baseada em espécies das famílias Poaceae, 87
Cyperaceae e outras plantas aquáticas pertencentes a diversas famílias (Ojasti, 1973; 88
González, 1978), podendo, os indivíduos adultos, consumir até 3Kg de forragem fresca 89
por dia (González, 1978). A capivara é considerada um animal seletivo, pois consome 90
plantas com altos teores de proteínas (González, 1978), porém sua dieta sofre a 91
influência da sazonalidade (Quintana et al., 1988; Aldana-Domínguez et al., 2007; 92
Borges e Colares, 2007), devido a oferta das espécies em cada estação. 93
O ratão-do-banhado, por sua vez, é uma espécie monoespecífica, pertencente à 94
família Myocastoridae (Woods et al., 1992), eles possuem alta atividade de 95
forrageamento próximo às saídas das tocas ou da água (Borgnia et al., 2000; Prigioni et 96
al., 2005). São roedores relativamente grandes (Parera, 2000), pesando de 7 a 10Kg, 97
quando adultos (Bonvicino et al., 2008) e comendo de 700 a 1.500g de forragem por dia 98
(Christen, 1978). São herbívoros forrageiros oportunistas (Holm et al., 2011), pois se 99
29
alimentam de uma ampla variedade de plantas aquáticas (Warkentin, 1968; Murua et al., 100
1981; Abbas, 1988; Borgnia et al., 2000) as quais possuem alta qualidade nutricional e 101
fácil digestibilidade (Lebreton, 1982; Hubac et al., 1984). 102
Além dos roedores, algumas aves também são herbívoras, como é o caso da 103
Tachã (Chauna torquata). Essa espécie pertence a família Anhimidae e é considerada 104
uma ave grande, medindo cerca de 85cm (Narosky e Izurieta, 2003). Sua alimentação é 105
basicamente vegetariana, ainda que eventualmente se alimenta de insetos aquáticos e 106
moluscos. Em busca de alimentos, elas penetram seu bico no chão, ação que prejudica 107
as plantas. Além do impacto que a tachã causa na vegetação pela atividade de 108
herbivoria, causa danos devido sua morfologia, a qual possui patas com longos dedos, 109
que permitem manter sua estabilidade no solo, assim elas pisam e arrancam as plantas, 110
sobre as quais estão apoiadas (CEAL, 1985). 111
Todas essas espécies geram impacto sobre a vegetação, reduzindo a sua 112
biomassa (Idestam-Alquist, 1998; Van der Wal et al., 2001; Schmieder et al., 2006), não 113
só pela herbivoria, mas também por outras atividades como o pisoteio, ação de cavar no 114
solo e desenraizar plantas (Bird et al., 2000; Miller e Crowl, 2006; Chaichana et al., 115
2011). Outro animal que provavelmente causa alto impacto sobre a vegetação, é o 116
jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris). Ele pertence à família Alligatoridae e é o 117
maior réptil encontrado no banhado do Taim, podendo medir até 3m de comprimento 118
(Verdade, 2001a). Por ser um animal de vida rastejante e corpo horizontal, afeta 119
diretamente as plantas as quais pisoteia, como também a vegetação a qual fica deitado 120
acima, influenciando negativamente no desenvolvimento da vegetação. Porém a 121
magnitude desses efeitos depende das características físicas dos animais e da frequência 122
de atividades, tais como, pastagem, deslocamento, escavação ou seleção de alimentos 123
(Cole, 1995a; Olff e Ritchie, 1998), bem como das características morfológicas e 124
fenológicas das plantas (Lodge e Lorman, 1987; Sun e Liddle, 1993; Cole, 1995b; 125
Strauss e Agrawal, 1999). 126
Atualmente, estudos que abordam a interação das plantas com os animais e seus 127
impactos, vem crescendo em todo o mundo, principalmente em áreas de banhados, as 128
quais são muito importantes no Bioma Pampa. No extremo sul do Brasil, encontra-se o 129
Banhado do Taim, a qual é uma área de preservação muito importante para a 130
conservação da biodiversidade (Nogueira-Neto, 1993), principalmente do seu 131
30
componente herbáceo (Colares et al., 2001). Nesse contexto, o presente estudo teve 132
como objetivo quantificar a riqueza de espécies herbáceas do Banhado do Taim, assim 133
como quantificar o impacto que os animais, herbívoros ou não herbívoros, causam nessa 134
vegetação, de acordo com as estações do ano. 135
2. MATERIAL E MÉTODOS 136
2.2. Área de estudo 137
O Banhado do Taim (Fig. 1a) está localizado no extremo sul do Brasil, no estado 138
do Rio Grande do Sul, entre as coordenadas 32°29´S e 52°34´O. Diferentes 139
ecossistemas aquáticos caracterizam esta região, como: arroios, banhado, lagoas e 140
canais. O presente estudo foi realizado em uma área do Banhado do Taim, próxima ao 141
canal Leste (32°32´S, 52°32´O), localizado na margem leste da BR-471, entre os 142
municípios de Rio Grande e Santa Vitória do Palmar. A área de estudo se estendeu 143
desde a margem do canal Leste, até a cerca que delimita a rodovia BR 471, totalizando 144
uma extensão de 3Km de área estudada (Fig. 1b). 145
O clima na região é do tipo Cfa (temperado úmido) de acordo com a 146
classificação de Köppen e caracterizado pela sazonalidade bem marcada, e a 147
precipitação média anual é de aproximadamente 1.100mm (Nimer, 1979; Nogueira-148
Neto, 1993). Em períodos do ano, como a primavera, há elevada precipitação e observa-149
se marcada variação no regime hídrico do banhado, com as águas do Canal Leste, 150
transbordando a alagando áreas de vegetação terreste. 151
No Banhado do Taim predominam as espécies Schoenoplectus californicus 152
(C.A.Mey.) Steud., Eichhornia crassipes (Mart.) Solms, Pistia stratiotes L. além de 153
diversas espécies de gramíneas, que muitas vezes servem de refúgio e alimento para 154
espécies de aves e mamíferos (ICMBio, 2013). A vegetação predominante nas margens 155
do canal Leste é caracterizada, principalmente, pelas famílias Asteraceae, Poaceae e 156
Cyperaceae. Além da elevada riqueza de espécies, o Banhado do Taim possui uma 157
grande riqueza de fauna, desde diversas espécies de insetos, anfíbios, répteis, aves 158
(especialmente as migratórias) e mamíferos (Nogueira Neto, 1993), sendo que muitos 159
desses animais influenciam no crescimento e na frequência de ocorrência das plantas, 160
pois muitos deles são herbívoros. 161
31
162 Figura 1: a) Localização do Rio Grande do Sul, Brasil. b) Localização da Estação Ecológica do Taim, 163
Rio Grande do Sul, Brasil. c) Área de estudo (canal Leste). 164
165
2.2. Delineamento amostral 166
2.2.1 Levantamento da vegetação herbácea 167
O levantamento florístico foi feito através de coletas sazonais (sempre na metade 168
de cada estação) durante um ano (julho 2012/julho 2013), sendo que todas as espécies 169
encontradas foram registradas em uma lista florística. Simultaneamente foi feito o 170
levantamento fitossociológico a fim de caracterizar o componente herbáceo da área de 171
estudo. O levantamento dos dados fitossociológicos foi realizado por meio do método 172
das parcelas, sazonalmente. Para a delimitação das parcelas, foi traçada uma linha 173
mestra paralela ao canal Leste. A partir desta linha foram dispostos, 174
perpendicularmente, dez transecções de 5 m cada, com distância de 300 m entre si, no 175
sentido canal-rodovia. Cada transecção foi composto por três parcelas permanentes de 1 176
m2, com intervalos de 1 metro entre cada uma, totalizando 30 unidades amostrais. 177
Em cada parcela foram registradas todas as espécies de plantas herbáceas 178
encontradas e suas respectivas coberturas através de estimativa visual em cada unidade 179
amostral, sendo a cobertura baseada na escala adaptada de Domin-Krajina (Mueller-180
Dombois e Ellenberg, 1974) como segue: ausente igual a zero; (1) cobertura de 0 até 5% 181
da área amostral; (2) cobertura entre 6 e 20%; (3) cobertura entre 21 e 40%; (4) 182
cobertura entre 41 e 60%; (5) cobertura entre 61 e 80% e (6) cobertura entre 81 e 100%, 183
b) c)
a)
32
utilizando-se o ponto médio do intervalo de classe para a estimativa do parâmetro de 184
frequência das espécies. 185
Exemplares de cada espécie, coletados tanto para o levantamento florístico, 186
quanto para o fitossociológico, foram herborizados e identificados no Laboratório de 187
Florística da FURG. A identificação das plantas foi feita através de literatura 188
especializada, chaves de identificação e auxílio de especialistas, quando necessário. 189
Depois de identificadas, as espécies foram herborizadas e incorporadas ao herbário 190
HURG, acrônimo segundo Thiers (2014), como material testemunho. As delimitações 191
das famílias foram feitas de acordo com a classificação proposta por APG III (2009) 192
para angiospermas, e a terminologia da nomenclatura e as abreviações dos nomes dos 193
autores foram confirmadas a partir de consulta ao banco de dados da Lista de Espécies 194
da Flora do Brasil (2014) ou pelo site tropicos. 195
196
2.2.2 Exclusão de animais 197
Para avaliar o impacto dos animais sobre a composição e a frequência de 198
ocorrência das espécies de vegetais herbáceos de uma área do Banhado do Taim, foi 199
utilizado o método de parcelas de exclusão de animais (Costa et al., 2004; Parker et al., 200
2006; Holm et al., 2011), no período de um ano de amostragem (julho 2013/julho 201
2014). Para essa metodologia, foram demarcados quatro pontos de amostragem na 202
vegetação. Em cada ponto foram colocadas duas parcelas de 1m2 dispostas 203
diagonalmente, sendo a primeira localizada a 4m de distância do curso de água e a 204
segunda a 8m, constituindo um bloco casualizado. As parcelas de cada ponto tiveram a 205
distância de 40m entre si. Entre cada ponto o intervalo foi de 500m, totalizando 1,54Km 206
de extensão (Fig. 2). 207
Cada parcela foi composta de dois tratamentos: (1) aberto e (2) exclusão ou 208
fechado. O tratamento de exclusão foi feito com uma parcela permanente, construída 209
com cerca de arame de 1m de altura, com tela galvanizada, a qual bloqueou o acesso 210
dos animais de médio e grande porte ao local, porém insetos e animais de pequeno porte 211
não foram bloqueados. O tratamento aberto foi delimitado por uma parcela móvel, a 212
qual permite o acesso de todos animais. As parcelas de ambos os tratamentos tiveram a 213
medida de 1m2 cada, porém a área analisada foi a vegetação central de cada parcela (0,5 214
33
m2), a fim de diminuir o efeito de borda, já que alguns animais poderiam causar impacto 215
na vegetação próxima ao limite das parcelas. 216
A coleta dos dados amostrais foi feita sazonalmente (no meio de cada estação) 217
sendo utilizadas medidas biométricas nos dois tratamentos (aberto e exclusão), para 218
verificar o crescimento das plantas encontradas. Em cada parcela foram registradas 219
todas as espécies encontradas e suas relativas coberturas (de acordo com a escala 220
adaptada de Domin-Krajina) na parte central da parcela (0,5m2). Nessa área, foram 221
selecionados, 10 exemplares de cada espécie, os quais foram marcados com arame fino 222
numerado, para o acompanhamento do seu crescimento ao longo do ano. Para tal, foram 223
realizadas as medidas das alturas máximas de cada exemplar marcado, desde o solo até 224
o ápice. Também foram registradas as plantas numeradas que morreram ou foram 225
comidas. Para as espécies pertencentes à família Poaceae e plantas sem a possibilidade 226
de se marcar cada indivíduo, foi feita apenas a estimativa visual da cobertura e a altura 227
média do conjunto de indivíduos, quando possível. 228
Figura 2: Desenho amostral da metodologia de parcelas de exclusão de animais. Distribuição das parcelas 229
(abertas e exclusão) ao longo do canal Leste, o experimento foi realizado no Banhado do Taim, no 230
extremo sul do Brasil. P1=ponto 1, P2=ponto 2, P3=ponto 3 e P4=ponto 4. 231
232
2.3. Análise dos dados 233
Para o cálculo da cobertura de cada espécie no levantamento fitossociológico, 234
foi feita a soma das coberturas de todas as parcelas, em cada estação do ano. Da mesma 235
forma foi feito o cálculo da cobertura das espécies nos dois tratamentos, somando as 236
coberturas do aberto e de exclusão. 237
34
Primeiramente, foi aplicado o teste de ANOSIM (Analysis of Similarity), com 238
correção de Bonferroni, índice de Bray-Curtis como estimador de dissimilaridade e 239
9.999 permutações, afim de comparar a similaridade na cobertura da vegetação entre as 240
estações em cada um dos tratamentos (aberto e exclusão). Para esse teste, utilizou-se a 241
frequência de ocorrência de cada espécie, em cada uma das parcelas. 242
O teste t de Student foi aplicado para comparar as frequências de ocorrencia de 243
cada espécie de planta, entre os tratamentos abertos e de exclusão. Um segundo teste t 244
de Student foi aplicado para verificar se há diferença no crescimento, de cada espécie, 245
entre os dois tratamentos. Para este teste, padronizamos o uso da altura máxima dos 246
indivíduos de cada espécie, comparando os tratamentos, aberto e fechado. 247
Com o objetivo de comparar o crescimento de cada espécie, independente do 248
tratamento, entre estações frias (outono e inverno) e estações quentes (primavera e 249
verão), utilizamos novamente o teste t de Student. Porém, esse teste também foi feito 250
por espécie, calculando a diferença das alturas entre cada grupo de estações (outono e 251
inverno, primavera e verão), e o resultado da diferença das alturas foi comparado no 252
teste. Assim podemos verificar as diferenças no crescimento das espécies e quais 253
estações, frias ou quentes, teve maior influencia na crescimento. Todos os testes foram 254
realizados com o auxílio do Sortware PAST (Hammer et al., 2001) e assumiu-se α < 255
0,05. 256
257
3. RESULTADOS 258
3.1. Riqueza de espécies 259
No levantamento florístico foram registradas 119 espécies de vegetais 260
pertencentes a 91 gêneros e 38 famílias, sendo que as famílias Asteraceae, Poaceae e 261
Cyperaceae apresentam maior riqueza de espécies. Do total de plantas encontradas na 262
área de estudo, 77 espécies foram registradas no levantamento fitossociológico e 33 263
registradas na metodologia dos tratamentos (aberto e exclusão). A cobertura relativa 264
sazonal de cada espécie foi registrada, tanto para fitossociologia quanto para os 265
tratamentos e encontra-se na Tabela 1. 266
35
Tabela 1: Lista de espécies herbáceas com suas respectivas famílias e percentagens de cobertura relativa, 267
registradas no levantamento fitossociológico e nos tratamentos de exclusão (aberto e fechado), no 268
Banhado do Taim/Brasil. 269
FAMÍLIA / ESPÉCIES Cobertura relativa das espécies na
fitossociologia
Cobertura das espécies nos tratamentos
Outono Inverno Primavera Verão Outono Inverno Primavera Verão
Acanthaceae
Dicliptera pohliana Nees - - - - 0,15 0,00 0,00 0,89
Amaranthaceae
Alternanthera philoxeroides (Mart.) Griseb. 4,99 0,00 4,06 0,41 6,75 0,13 20,36 8,40
Apiaceae
Apium leptophyllum (Pers.) F.Muell. ex Benth. 0,00 0,00 0,00 1,09 0,00 0,00 0,00 0,15
Centella asiatica (L.) Urb. 0,00 0,00 1,90 0,68 0,89 0,26 0,28 0,31
Eryngium balansae H.Wolff 0,00 5,93 0,00 0,86 - - - -
Araceae
Lemna minuta Kunth 0,00 0,16 0,00 0,00 - - - -
Spirodela cf. intermedia W.Hoch 0,00 0,00 2,03 0,00 - - - -
Araliaceae
Hydrocotile bonariensis Lam. 1,30 2,33 3,23 1,86 7,68 13,94 13,06 1,92
Hydrocotile ranunculoides L.f. 0,00 0,00 0,59 0,00 - - - -
Asteraceae
Achyrocline satureioides (Lam.) DC. 1,56 0,16 0,00 1,94 2,26 1,88 3,26 4,55
Ambrosia tenuifolia Spreng. 11,11 0,16 5,47 11,42 7,19 4,91 6,28 3,92
Aster squamatus (Spreng.) Hieron. 1,45 0,00 0,00 0,00 - - - -
Baccharis cf. crispa Spreng. 0,59 0,16 0,37 0,00 4,43 3,50 6,31 5,65
Bidens pilosa L. 0,08 0,00 0,00 2,19 1,65 0,13 0,00 1,13
Conyza bonariensis (L.) Cronquist 0,00 0,00 0,07 2,70 - - - -
Conyza cf. canadensis (L.) Cronquist 0,08 0,00 1,40 1,34 - - - -
Enydra anagallis Gardner 2,38 0,00 0,59 1,73 - - - -
Eupatorium macrocephalum Less. 0,00 0,00 0,07 0,00 - - - -
Gamochaeta simplicicaulis (Willd. ex
Spreng.) Cabrera
0,08 0,00 0,00 0,54 - - - -
Mikania micrantha Kunth 0,00 0,00 1,40 0,00 - - - -
Pluchea sagittalis (Lam.) Cabrera 0,69 5,31 0,37 0,75 - - - -
Senecio brasiliensis (Spreng.) Less. 0,00 0,00 0,14 0,00 - - - -
Solidago chilensis Meyen 0,17 0,00 0,00 0,47 0,68 0,00 4,55 5,65
Tagetes minuta L. 0,44 0,00 0,00 0,00 - - - -
Xanthium cavanillesii Schouw 0,00 0,00 0,07 0,34 - - - -
Brassicaceae
Coronopus didymus (L.) Sm. 0,00 5,80 0,37 0,00 - - - -
Cannaceae
Canna glauca L. 0,17 0,00 0,00 0,13 1,50 0,69 1,50 2,75
Convolvulaceae
Calystegia sepium (L.) R.Br. - - - - 0,82 0,75 0,00 0,00
Dichondra sericea Sw. 1,37 0,00 0,00 0,80 - - - -
Ipomoea cairica (L.) Sweet 5,94 0,00 0,97 7,41 6,52 0,26 2,04 6,22
36
Cyperaceae
Bulbostylis capillaris (L.) C.B.Clarke 0,00 0,00 0,80 0,00 - - - -
Cyperus haspan L. 1,91 0,00 0,00 0,41 - - - -
Cyperus esculentus L. 0,78 0,82 0,80 0,00 6,75 4,80 5,97 2,90
Cyperus surinamensis Rottb. 0,00 0,00 0,37 0,00 0,43 0,13 0,14 0,15
Eleocharis bonariensis Ness 1,37 0,98 3,79 0,00 - - - -
Eleocharis viridans Kük. ex Osten 0,44 0,00 0,97 0,00 - - - -
Fimbristylis autumnalis (L.) Roem. & Schult. 0,52 0,00 0,37 0,34 - - - -
Fimbristylis dichotoma (L.) Vahl 0,08 0,00 0,00 0,41 - - - -
Kyllinga vaginata Lam. 0,69 0,00 1,40 2,53 0,75 0,13 1,75 0,82
Oxycaryum cubense (Poepp. & Kunth) Lye 1,40 0,00 0,00 1,36 - - - -
Pycreus polystachyos (Rottb.) P.Beauv. 0,69 0,00 0,37 0,81 - - - -
Rhynchospora rugosa (Vahl) Gale 0,00 0,00 0,00 0,07 0,00 0,00 0,00 0,82
Fabaceae
Sesbania cf. brasiliensis (Cav.) Burkart 0,00 0,00 0,82 0,13 0,75 0,69 0,75 1,64
Gratiolaceae
Bacopa monnieri (L.) Pennell 11,60 7,18 10,26 4,31 0,00 0,13 0,00 0,00
Haloragaceae
Myriophyllum aquaticum (Vell.) Verdc. 0,00 0,16 0,00 0,00 - - - -
Hydrocharitaceae
Limnobium laevigatum (Humb. & Bonpl. ex
Willd.) Heine
0,00 0,00 2,03 0,00 - - - -
Iridaceae
Sisyrinchium chilensis Hook. 0,00 0,00 0,07 0,00 - - - -
Lamiaceae
Hyptis fasciculata Benth. 0,08 0,00 0,00 0,00 - - - -
Hyptis sp. 0,00 0,00 0,00 0,34 - - - -
Teucrium cf. versicarium Mill. 5,78 3,34 5,19 7,86 1,33 6,29 0,57 0,79
Lemnaceae
Wolffia brasiliensis Wedd. 0,00 0,00 2,03 0,00 - - - -
Lythraceae
Cuphea cf. cathagenensis (Jacq.) J.Macbr. 0,08 0,00 0,00 0,00 - - - -
Malvaceae
Hibiscus cisplatinus A.St.-Hil. 1,79 0,16 0,75 1,43 - - - -
Sida rhombifolia L. 0,08 0,00 0,07 0,34 - - - -
Melastomataceae
Tibouchina sp. - - - - 1,04 0,95 1,03 0,98
Onagraceae
Ludwigia sp. 0,00 0,33 0,00 0,00 - - - -
Oxalidaceae
Oxalis cratensis Oliv. ex Hook. 0,00 0,00 0,07 0,00 - - - -
Plantaginaceae
Plantago australis Lam. 0,00 0,00 0,73 0,00 - - - -
Poaceae
Andropogon cf. leucostachyus Kunth - - - - 0,14 0,00 0,00 0,98
Axonopus sp. - - - - 0,75 2,68 0,75 1,92
Cynodon dactylon (L.) Pers. 0,00 0,00 6,50 0,00 - - - -
Echinochloa polystachya (Kunth) Hitchc. 0,00 0,00 4,71 0,00 - - - -
37
Eriochloa punctata (L.) Desv. 0,23 0,00 4,71 0,00 0,00 0,00 0,75 0,15
Ischaemum minus J.Presl 1,70 0,00 0,37 6,22 17,88 16,44 0,28 13,05
Luziola peruviana Juss. ex J.F.Gmel. 1,34 0,00 4,81 2,99 - - - -
Panicum repens L. 0,00 0,00 0,00 9,23 - - - -
Panicum elephantipes Trin. - - - - 0,00 0,00 0,75 5,72
Panicum sp. 0,25 0,00 0,00 0,00 - - - -
Paspalum distichum L. 3,51 2,78 0,00 7,98 16,09 16,04 8,74 6,25
Poaceae sp1 0,00 0,00 0,00 0,34 0,00 0,00 0,14 0,00
Polypogon chilensis (Kunth) Pilg. 0,00 0,00 0,07 0,00 - - - -
Setaria geniculata (Lam.) P.Beauv. 0,90 0,00 2,03 1,02 0,00 0,69 5,22 0,00
Polygonaceae
Polygonum ferrugineum Wedd. 0,00 0,00 0,00 1,21 - - - -
Polygonum punctatum Elliott 0,10 0,00 0,82 0,00 - - - -
Rumex argentinus Rech.f. 0,02 11,23 0,07 0,00 0,00 0,00 1,90 0,00
Pontederiaceae
Eichhornia azurea (Sw.) Kunth 0,00 0,16 0,00 0,00 - - - -
Ricciaceae
Ricciocarpus natans (L.) Corda 0,00 0,16 0,00 0,00 - - - -
Salviniaceae
Azolla sp. 0,00 0,16 2,03 0,00 0,00 0,00 8,74 0,00
Salvinia biloba Raddi 1,55 49,61 21,81 10,20 0,00 0,00 5,97 0,00
Solanaceae
Solanum americanum Mill. 0,00 0,00 0,07 0,00 0,75 0,69 0,00 0,00
Verbenaceae
Lippia alba N.E.Br. 0,38 0,00 0,00 1,60 - - - -
Phyla canescens (Hbk) Greene 0,10 0,00 0,00 0,00 - - - -
Verbena cf. montevidensis Spreng. 0,00 0,00 0,00 0,34 - - - -
3.2. Impacto dos animais sobre a cobertura da vegetação 270
De acordo com teste de ANOSIM, realizado para comparar a similaridade na 271
cobertura da vegetação entre as estações, pode-se observar que não houve diferenças 272
significativas (P>0,05) entre os tratamentos aberto e exclusão (Tab. 2). 273
Tabela 2: Resultado do teste ANOSIM, mostrando a similaridade da cobertura vegetal herbácea no 274
Banhado do Taim/Brasil, entre as estações em cada um dos tratamentos aberto e exclusão. Nível de 275
significância considerado α < 0,05. 276
Estações Tratamento aberto Tratamento fechado
*p Resultado *p Resultado
Outono - Inverno 0,3167 Cobertura similar 0,7063 Cobertura similar
Outono - Primavera 0,7198 Cobertura similar 0,4575 Cobertura similar
Outono - Verão 0,9794 Cobertura similar 0,8508 Cobertura similar
Inverno - Primavera 0,1412 Cobertura similar 0,2315 Cobertura similar
Inverno - Verão 0,1221 Cobertura similar 0,2869 Cobertura similar
Primavera - Verão 0,6164 Cobertura similar 0,7843 Cobertura similar
Nível de significância 0,05.
38
3.3. Frequência de ocorrência e crescimento das espécies entre os tratamentos 277
O teste t de Student calculado para a frequência de ocorrência das plantas 278
herbáceas, mostrou que seis espécies apresentaram diferenças significativas (P<0,05), 279
ao longo do ano, entre os tratamentos aberto e de exclusão (Achyrocline satureioides 280
(Lam.) DC., Cyperus esculentus L., Cyperus surinamensis Rottb., Ipomoea cairica 281
Rottb., Kyllinga vaginata Lam. e Sesbania cf. brasiliensis (Cav.) Burkart.) sendo três 282
delas pertencentes a família Cyperaceae (Fig. 3). Não foram observadas diferenças 283
significativas para as demais espécies, pelo teste aplicado. 284
Por outro lado, o mesmo teste calculado para o crescimento mostrou que oito 285
espécies diferiram entre os tratamentos aberto e de exclusão (P<0,05) (C. esculentus, C. 286
surinamensis, Ischaemum minus J.Presl, K. vaginata, Paspalum distichum L., S. cf. 287
brasiliensis, Solidago chilensis Meyen e Tibouchina sp.) (Fig. 4). Quatro dessas 288
espécies apresentaram diferenças significativas na frequência de ocorrência (Fig. 3). As 289
demais espécies não apresentaram diferenças significativas (Tab. 3). 290
Tabela 3: Frequência de ocorrência e crescimento da vegetação herbácea, ao longo do ano, no Banhado 291
do Taim/Brasil entre os tratamentos aberto e de exclusão. Valores marcados com asterisco (*), ao longo 292
das linhas, indicam diferenças significativas entre os tratamentos (α < 0,05). 293
Frequência de ocorrência Crescimento (Altura máxima)
Espécie Aberto Exclusão *p Aberto Exclusão *p
Achyrocline satureioides (Lam.) DC. 0,0162 0,0412 0,0417* 0,0665 0,0987 0,3661
Althernanthera philoxeroides (Mart.)
Griseb.
0,0912 0,0692 0,2949 0,1050 0,1217 0,3539
Ambrosia tenuifolia Spreng. 0,0645 0,0782 0,4132 0,2402 0,1900 0,1697
Andropogon cf. leucostachyus Kunth 0,0000 0,0035 0,1853 0,0000 0,0754 0,1188
Apium leptophyllum (Pers.) F.Muell. ex
Benth.
0,0000 0,0005 0,3235 0,0000 0,0375 0,3506
Axonopus sp. 0,0313 0,0000 0,0622 0,0421 0,0000 0,0825
Azola sp. 0,0125 0,0250 0,5339 --- --- ---
Baccharis cf. crispa Spreng. 0,0580 0,0600 0,9030 0,1295 0,1675 0,3629
Bacopa monnieri (L.) Pennell 0,0012 0,0000 0,3235 --- --- ---
Bidens pilosa L. 0,0077 0,0050 0,3466 0,0804 0,0450 0,3809
Calystegia sepium (L.) R.Br. 0,0000 0,0075 0,1830 --- --- ---
Canna glauca L. 0,0175 0,0175 1,0000 0,0875 0,0810 0,6827
Centela asiatica (L.) Urb. 0,0197 0,0025 0,1718 --- --- ---
Cyperus esculentus L. 0,0162 0,1287 0,0233* 0,0192 0,0677 0,0420*
Cyperus surinamensis Rottb. 0,0002 0,0022 0,0439* 0,0095 0,0832 0,0290*
Dicliptera pohliana Nees 0,0042 0,0012 0,2395 0,0391 0,0350 0,7754
Eriocloa punctata (L.) Desv. 0,0000 0,0037 0,1830 0,0000 0,0937 0,3506
Hydrocotyle bonariensis Lam. 0,0932 0,1072 0,5430 --- --- ---
Ipomoea cairica (L.) Sweet 0,0662 0,0322 0,0061* --- --- ---
39
Ischaemum minus J. Presl 0,1332 0,1870 0,0806 0,1172 0,1705 0,0193*
Kyllinga vaginata Lam. 0,0277 0,0000 0,0376* 0,0615 0,0000 0,0095*
Panicum elephantipes Trin. 0,0000 0,0300 0,2442 0,0000 0,1156 0,1654
Paspalum disthichum L. 0,1775 0,1275 0,2146 0,0282 0,0852 0,0054*
Poaceae sp1 0,0000 0,0012 0,3235 0,0000 0,5375 0,1698
Rhynchospora rugosa (Vahl) Gale 0,0037 0,0000 0,3235 0,0537 0,0000 0,3506
Rumex argentinus Rech.f. 0,0100 0,0012 0,3235 0,1062 0,0937 0,3506
Salvinia biloba Raddi 0,0300 0,0000 0,2442 --- --- ---
Sesbania cf. brasiliensis (Cav.) Burkart 0,0000 0,0125 0,0233* 0,0000 0,1520 0,0273*
Setaria geniculata (Lam.) P.Beauv. 0,0000 0,0287 0,2606 0,0000 0,0812 0,1757
Solanum americanum Mill. 0,0000 0,0075 0,1599 0,0000 0,0525 0,3506
Solidago chilensis Meyen 0,0250 0,0652 0,0724 0,1150 0,1656 0,0302*
Teucrium cf. versicarium Mill. 0,0137 0,0407 0,2471 0,0940 0,0915 0,9204
Tibouchina sp. 0,0110 0,0100 0,7468 0,1050 0,0302 0,0496*
Nível de significância 0,05. 294
295
Figura 3: Espécies herbáceas, do Banhado do Taim, que apresentaram diferenças nas frequências de 296
ocorrência em cada um dos tratamentos (aberto e exclusão) na metodologia de exclusão de animais. 297
Abreviatura da nomenclatura das espécie: Asatu = Achyrocline satureioides; Cescu = Cyperus esculentus; 298
Csuri = Cyperus surinamensis; Icair = Ipomoea cairica; Kvagi = Kyllinga vaginata; Sbras = Sesbania cf. 299
brasiliensis. 300
0,0000
0,0200
0,0400
0,0600
0,0800
0,1000
0,1200
0,1400
Asatu Cescu Csuri Icair Kvagi Sbras
Fre
qu
ênci
a d
e o
corr
enci
a
Tratamento aberto Tratamento de exclusão
40
301
Figura 4: Espécies herbáceas, do Banhado do TAIM, que apresentaram diferenças no crescimento (cm) 302
em cada um dos tratamentos (aberto e exclusão) da metodologia de exclusão de animais. Abreviatura da 303
nomenclatura das espécie: Cescu = Cyperus esculentus; Csuri = Cyperus surinamensis; Iminu = 304
Ischaemum minus; Kvagi = Kyllinga vaginata; Pdist = Paspalum distichum; Sbras = Sesbania cf. 305
brasiliensis; Schil = Solidago chilensis; Tsp. = Tibouchina sp. 306
307
3.4. Crescimento entre estações frias e quentes 308
Com as análises realizadas para comparar o crescimento da comunidade de cada 309
espécie (independente do tratamento), entre as duas estações mais frias (outono e 310
inverno) e as duas mais quentes (primavera e verão) através do teste t, pode-se observar 311
que nas estações frias três espécies tiveram diferenças significativas (P<0,05) no seu 312
crescimento entre o outono e o inverno (Canna glauca L., Solanum americanum Mill. e 313
S. chilensis), enquanto que nas estações quentes duas tiveram diferenças significativas 314
(P<0,05) no seu crescimento (S. chilensis e Tibouchina sp.) (Tab. 4). 315
Tabela 4: Comparação do crescimento das espécies herbáceas do Banhado do Taim, para estações frias 316
(outono e inverno) e estações quentes (primavera e verão). Nível de significância considerado α < 0,05. 317
Valores com asterisco (*) apresentam, diferenças significativas. 318
Espécies Estações frias Estações quentes
Aberto Esclusão *p Aberto Exclusão *p
Achyrocline satureioides -0,0028 0,1914 0,0649 0,0066 -0,2366 0,1166
Althernanthera philoxeroides -0,1850 -0,2175 0,4188 -0,0668 -0,0908 0,6635
Ambrosia tenuifolia -0,0320 0,2356 0,3101 0,1543 0,2095 0,4827
Baccharis cf. crispa 0,0180 -0,0169 0,3162 0,0212 0,0806 0,1938
0,0000
0,0200
0,0400
0,0600
0,0800
0,1000
0,1200
0,1400
0,1600
0,1800
Cescu Csuri Iminu Kvagi Pdist Sbras Schil Tsp.
Cre
scim
ento
(cm
)
Tratamento aberto Tratamento de exclusão
41
Bidens pilosa -0,2485 -0,5142 0,1250 -- -- --
Canna glauca -0,2275 0,0050 0,0003* 0,3407 0,0292 0,1452
Cyperus esculentus -- -- -- 0,0000 0,3650 0,3642
Cyperus surinamensis -0,2320 0,0000 0,0757 0,0000 -0,2900 0,4773
Dicliptera pohliana -- -- -- 0,4750 0,4350 0,7561
Ischaemum minus -0,1950 0,0116 0,1533 0,3250 0,4125 0,2884
Kyllinga vaginata -0,0750 0,0000 0,7284 -- -- --
Paspalum disthichum 0,0350 0,0075 0,6250 0,0625 0,2200 0,4018
Solanum americanum 0,0000 -0,2750 0,0007* -- -- --
Solidago chilensis -0,3550 -0,6320 0,0009* -0,2425 0,2550 0,0000*
Teucrium versicarium 0,0137 0,0062 0,8366 0,0168 0,0937 0,2456
Tibouchina sp. 0,0025 -0,0250 0,3779 -0,2214 0,0428 0,0271*
319
No gráfico representado na figura 5 pode-se observar a diferença do crescimento 320
das espécies, entre as estações frias e quentes. 321
322
Figura 5: Espécies herbáceas em Banhado do Taim, que apresentaram diferença no crescimento (cm) 323
entre estações frias e quentes. Abreviatura da nomenclatura das espécie: Aphil = Alternanthera 324
philoxeroides; Asatu = Achyrocline satureioides; Atenu = Ambrosia tenuifolia; Bcris = Baccharis cf. 325
crispa; Bpilo = Bidens pilosa; Cglau = Canna glauca; Cescu = Cyperus esculentus; Csuri = Cyperus 326
surinamensis; Dpohl = Dicliptera pohliana; Iminu = Ischaemum minus; Kvagi = Kyllinga vaginata; Pdist 327
= Paspalum distichum; Samer = Solanum americanum; Schil = Solidago chilensis; Tvers = Teucrium 328
versicarium; Tsp. = Tibouchina sp. 329
4. DISCUSSÃO 330
Os levantamentos florístico e fitossociológico apresentam a riqueza de espécies 331
da vegetação herbácea no Banhado do Taim, com grande número de espécies (119) na 332
0,0000
0,1000
0,2000
0,3000
0,4000
0,5000
0,6000
0,7000
0,8000
0,9000
Cre
scim
ento
(cm
)
Estações frias Estações quentes
42
área estudada. Outros trabalhos, também realizados em banhados do Taim, tiveram uma 333
riqueza de espécies semelhante, como 126 espécies (SEMA, 1984) e 133 espécies 334
(Colares et al., 2001). Essa pequena variação no número de espécies pode ser associado 335
ao tamanho e localização da área amostral de cada estudo, entretanto a quantidade de 336
espécies é similar indicando que, possivelmente, esta região de banhado está mantendo 337
o seu ecossistema estável ao longo dos anos. No presente estudo, as famílias que 338
tiveram a maior riqueza de espécies foram Asteraceae, Poaceae e Cyperaceae. Outros 339
trabalhos realizados na região Sul, em áreas úmidas, também apontam essas famílias 340
com maior riqueza específica (Colares et al., 2001; Fuhro et al., 2005; Guimarães e 341
Citadini-Zanette, 2006; Boldrini et al., 2008; Rolon et al., 2010). A riqueza elevada 342
dessas famílias pode estar relacionada a suas distribuições cosmopolitas e sua 343
preferência por ocupar locais abertos em detrimento ao interior de florestas (Barroso et 344
al., 1991; Souza e Lorenzi, 2005). 345
A baixa quantidade de espécies que apresentaram diferenças entre os 346
tratamentos (aberto e exclusão) mostra que a comunidade vegetal da área estudada no 347
Banhado do Taim consegue se recuperar quando relacionada a baixa quantidade de 348
herbivoria. A interferência que os animais provocam na vegetação ao longo do ano, não 349
é suficiente para danos significativos na maioria das espécies estudadas. Estudos 350
apontam que as capivaras, herbívoros mais freqüentes no Taim, utilizam apenas 15% do 351
total de espécies presentes nos banhados da região como recurso alimentar (Borges e 352
Colares, 2007). Porém fatores antrópicos como o aumento de gado no local, podem 353
desestabilizar a vegatação através da maior interferência desses animais na vegetação. 354
Através do teste de similaridade, observou-se que a cobertura da vegetação da 355
área estudada se mantém estável ao longo do ano. A comparação entre as estações, de 356
ambos os tratamentos (aberto e exclusão), separadamente, também mostrou similaridade 357
entre as estações. Porém quando focamos em cada espécie separadamente, constatamos 358
que algumas delas apresentam diferenças significativas em sua cobertura e/ou em seu 359
crescimento diferenças essas provavelmente associadas a interferência de animais 360
herbívoros ou ao próprio ciclo de desenvolvimento da espécie. 361
Uma das espécies que apresentou diferença em sua frequência de ocorrência foi 362
A. satureiodeis (Asteraceae). É uma erva anual que possui ramificações de até 1,5 m de 363
altura e está coberta por pilosidades brancas (Castro e Chemale, 1995). Estudos 364
43
anteriores realizados em banhados no Taim não mostram essa espécie sendo consumida 365
pelos herbívoros (Borges e Colares, 2007). Assim, sua maior frequência nos tratamentos 366
de exclusão esta relacionada a atividade de animais, como por exemplo o pisoteio, na 367
parcela aberta, já que essa herbácea pode chegar a alturas consideráveis com muitas 368
ramificações. Outro fator que pode colaborar com seu desenvolvimento é o fato de que 369
espécies dessa família possuem um grande sucesso biológico, devido a sua grande 370
capacidade de dispersão graças a presença de sementes com pápus plumosos e/ou 371
estruturas de aderência e metabólitos secundários (Venable e Lavin, 1983), estes 372
podendo tornar algumas espécies não-palatáveis. Outra espécie que também teve o 373
maior crescimento nos tratamentos de exclusão foi o S. chilensis, que não é utilizada no 374
pastejo de herbívoros, segundo estudos anteriores no Taim (Borges e Colares, 2007; 375
Colares et al., 2001). Sendo assim, o impacto causado nessa espécie, também pode estar 376
relacionado ao pisoteio dos animais nas parcelas abertas, já que essa planta é um 377
subarbusto que pode medir até 1,20m de altura (Lorenzi e Matos, 2008), podendo ser 378
danificada pelos animais. Apesar das plantas não fornecerem um benefício direto para 379
os animais (Gayet et al., 2012), eles causam impacto negativo sobre a vegetação, 380
reduzindo a sua biomassa (Idestam-Almquist, 1998; Van der Wal et al., 2001; 381
Schmieder et al., 2006) através das suas atividades como o pisoteio e o 382
desenraizamento. 383
As espécies C. esculentus e C. surinamensis foram mais freqüentes e cresceram 384
mais no tratamento de exclusão. Estudos mostram que espécies de Cyperus são bastante 385
consumidas por roedores de grande porte, como o ratão-do-banhado e a capivara 386
(Colares et al., 2001; Borges e Colares, 2007). Além disso, algumas espécies de 387
Cyperaceae, destacam-se também pela sua importância na dieta desses animais ao longo 388
do ano (Escobar e Gónzalez-Jiménez, 1976; Quintana et al., 1994; Forero-Montaña et 389
al., 2003; Desbiez et. al., 2011). Espécies de Cyperaceae tem sido principalmente 390
consumidas em tempos de escassez de alimento ou em locais de predominância desta 391
família (Barreto e Quintana, 2011). Por sua vez, K. vaginata (Cyperaceae) apresentou 392
sua maior ocorrência e maior crescimento no tratamento aberto. Esse resultado pode ser 393
decorrente da distribuição das parcelas dos tratamentos aberto e de exclusão na área de 394
estudo. A distribuição das parcelas pode ter favorecido a localização de indivíduos 395
dessa espécie no tratamento aberto, em detrimento ao tratamento de exclusão. Sendo 396
44
assim, os indivíduos da parcela aberta se desenvolveram muito mais que os da parcela 397
de exclusão. 398
A espécie I. cairica também apresentou maior frequência de ocorrência no 399
tratamento aberto, é anual e de hábito trepador. Em sua época de reprodução, seu maior 400
crescimento foi no tratamento aberto, sendo assim, para chegar até o centro da parcela 401
de exclusão, ela precisaria passar pela parcela permanente colocada na área de estudo, a 402
qual tem a medida de 1m de altura. Devido ao fato da I. cairica se enrolar na cerca, ela 403
não atinge o centro da parcela em grande quantidade. Além disso essa espécie é 404
consumida pelo ratão-do-banhado, porém em frequência muito baixa (Espinelli et al., 405
2014), o que provavelmente ocorre por consumo acidental, já que essa planta se 406
desenvolve apoiando-se sobre outras espécies. 407
No presente estudo duas espécies de Poaceae cresceram mais no tratamento de 408
exclusão do que no aberto: I. minus e P. disthichum. Esse resultado se deve ao fato 409
dessas espécies serem consumidas por herbívoros. O P. disthichum foi destacado em 410
alguns trabalhos como altamente pastado pelos herbívoros, sendo a espécie mais 411
freqüente na dieta (Borges e Colares, 2007; Colares et al., 2010). Em diversos países, a 412
família Poaceae é a que possui representantes mais consumidos pelos herbívoros, sendo 413
algumas de suas espécies, importantes na dieta dos herbívoros (Borgnia et al., 2000; 414
Desbiez et al., 2001; Quintana, 2002; Forero-Montaña et al., 2003; Borges e Colares, 415
2007; Colares et al., 2010). Representantes de Poaceae, geralmente são os mais 416
consumidos ao longo do ano, sendo sua maior taxa de consumo na época de 417
crescimento, a qual possui maior conteúdo energético (Colares et al., 2010). No verão 418
os animais diminuem a ingestão dessa família devido a época de floração, quando sua 419
digestibilidade e o nível de proteínas é diminuido, aumentando o teor de tanino e fibras 420
(Abbas, 1991). Além disso, é no verão que suas folhas ficam mais secas, colaborando 421
também com a diminuição do seu consumo (Borges e Colares, 2007). 422
No presente estudo, supomos que diversos grupos de animais herbívoros e não-423
herbívoros influenciam no crescimento e ciclo reprodutivo de espécies de vegetais, 424
através de diversos mecanismos. O estudo realizado por Gayet et al. (2012), mostrou 425
que aves aquáticas herbívoras e não-herbívoras, têm impacto sobre a vegetação. Esse 426
impacto gerado pode favorecer ou reduzir o crescimento das plantas, dependendo do 427
contexto ecológico (Gayet et al., 2012). 428
45
Não só as atividades dos animais influenciam na vegetação, mas as estações do 429
ano e suas temperaturas também interferem no desenvolvimento das espécies. Além 430
disso, a diferença nas dietas dos herbívoros geralmente está diretamente relacionada 431
com as diferenças climáticas, sendo assim, os padrões de forrageamento variam 432
sazonalmente (Colares et al. 2010). Entretanto, juntamente com as mudanças climáticas, 433
pode-se observar algumas situações mais críticas. No ano em que o estudo foi realizado, 434
a primavera foi extremamente chuvosa, acarretando em alagamento da área de estudo, 435
com isso houve uma brusca substituição da vegetação, terrestre por aquática.436
Através do levantamento fitossociológico, percebeu-se que no verão há maior 437
quantidade de espécies no ambiente, devido as condições favoráveis de crescimento 438
propiciadas pela elevação da temperatura. Por isso, provavelmente é nessa estação que 439
os herbívoros tenham uma maior quantidade de espécies consumidas. Observou-se 440
também, que nas estações mais frias, há menos espécies disponíveis, devido a queda de 441
temperatura, a qual é fator limitante para o crescimento de muitas espécies. Isso também 442
pode interferir na dieta dos animais, devido a essa substituição das espécies. 443
Uma espécie que se desenvolveu bastante com o alagamento foi Canna glauca, 444
apresentando diferenças no seu crescimento entre estações (quentes e frias). Verificou-445
se que as estações mais quentes são favoráveis para seu crescimento, e que se 446
desenvolve bem, tanto na primavera, quanto no verão. Porém seu crescimento teve 447
diferenças significativas entre estações frias, sendo que no outono essa espécie cresceu 448
bastante, e com a chegada do frio mais intenso, no inverno, essa espécie quase 449
desapareceu, diminuindo consideravelmente seu crescimento. Sendo assim, percebeu-se 450
que a mudança da temperatura é fator limitante para a existência dessa espécie. 451
O Solidago chilensis além de ser alvo de pisoteio, tem o crescimento diretamente 452
influenciado pela temperatura. É uma planta que tem distribuição ao longo de todo ano, 453
porém em baixa frequência, sendo mais abundante nas estações quentes e tendo o frio 454
como um fator que afeta o crescimento. Seu crescimento teve diferença tanto nas 455
estações quentes, onde cresceu mais no verão, quanto nas estações frias, onde cresceu 456
mais no outono, sendo assim, percebemos que o frio é um fator que afeta o seu 457
crescimento. 458
A Tibouchina sp. não é consumida pelos herbívoros no Banhado do Taim, e 459
também se desenvolve em todas as estações, mostrando atingir seu crescimento ótimo 460
46
nas estações frias. Além disso, essa espécie teve maior frequência de ocorrência e maior 461
crescimento no tratamento aberto. Isso ocorreu pela distribuição aleatória das parcelas 462
de exclusão, na área de estudo. 463
Existem algumas espécies que se desenvolvem preferencialmente em estações 464
quentes e outras preferem épocas mais frias. Esse fato influência diretamente a dieta dos 465
herbívoros, que muitas vezes mudam sua alimentação em resposta a disponibilidade das 466
espécies no ambiente (Borges e Colares, 2007; Colares et al., 2010). É importante 467
salientar que no Banhado do Taim há um equilíbrio entre as espécies que atingem seu 468
crescimento ótimo em diferentes temperaturas, comprovando que há substituição de 469
espécies vegetais a na área de estudo. 470
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 471
O presente estudo mostrou que a cobertura da vegetação na área estudada no 472
Banhado do Taim se mantém estável até o presente estudo, devido a dinâmica natural 473
desse ecossistema e seu ciclo de desenvolvimento anual. Sendo assim, podemos 474
pressupor um equilíbrio entre a fauna e flora presentes no Banhado do Taim. Os 475
recursos alimentares utilizados pelos herbívoros presentes no local, conseguem se 476
recuperar, sem que esses animais causem grandes impactos no crescimento das plantas. 477
Além disso, a área de vegetação é suficiente para a manutenção da vida desses animais. 478
A dinâmica do Banhado do Taim é funcional e consegue manter os padrões naturais 479
para seu funcionamento, porém esse ecossistema pode ser fortemente desestruturado se 480
houver interferências antrópicas, como o aumento de gado, na área de preservação 481
ambiental. 482
483
484
485
486
487
47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 488
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