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UFRJ
ILUMINAO CNICA COMO ELEMENTO MODIFICADOR DOS ESPETCULOS:
SEUS EFEITOS SOBRE OS OBJETOS DE CENA
Brbara Suassuna Bent Valeixo Mont Serrat
Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de Ps-graduao em Arquitetura, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessrios obteno do ttulo de Mestre em Cincias em Arquitetura, rea de concentrao em Conforto Ambiental e Eficincia Energtica.
Orientador: Prof .Dr Aldo Carlos de Moura Gonalves Co-Orientador: Prof. Dr Jos da Silva Dias
Rio de Janeiro
2006
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ILUMINAO CNICA COMO ELEMENTO MODIFICADOR
DOS ESPETCULOS: SEUS EFEITOS SOBRE OS OBJETOS DE CENA
Brbara Suassuna Bent Valeixo Mont Serrat
Dissertao de Mestrado submetida ao Programa de Ps-graduao em Arquitetura, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessrios obteno do ttulo de Mestre em Cincias em Arquitetura, rea de concentrao em Conforto Ambiental e Eficincia Energtica.
Aprovada por:
_______________________________ Orientador, Prof. Aldo C. M. Gonalves. (D.Sc.) Prof. Adjunto FAU-UFRJ
_______________________________ Co-orientador, Prof. Jose da Silva Dias (D.Sc.) Prof. Adjunto UNIRIO _______________________________ Prof. Eunice Bomfim Rocha (D.Sc.) Prof. Adjunto FAU-UFRJ _______________________________ Prof. Maria Maia Porto (D.Sc.) Prof. Adjunto FAU-UFRJ
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SUMRIO
INTRODUO ................................................................................................... 1
CAPTULO 1 A ILUMINAO E SUA RELAO COM OS ESPAOS.4
1.1. A ILUMINAO ARTIFICIAL E SUA EVOLUO...................................... 5
1.1.1. A primeira chama ............................................................................ 5
1.1.1.1. Acender e transportar o fogo ................................................ 7
1.1.1.2. O fogo e a civilizao ........................................................... 8
1.1.2. Da vela a lmpada incandescente.................................................... 9
1.2. A ILUMINAO NATURAL E SUA RELAO COM OS ESPAOS
CNICOS......................................................................................................... 12
1.2.1. O teatro grego e o romano; a relao entre os espaos
de apresentao e a luz .................................................................................. 14
1.2.2. O Teatro Elisabetano...................................................................... 17
1.2.3. Sua utilizao nos dias de hoje ...................................................... 21
1.3. REVISO HISTRICA DA ILUMINAO ARTIFICIAL NOS ESPAOS
CNICOS......................................................................................................... 25
CAPTULO 2 A ILUMINAO CNICA ARTIFICIAL33
2.1. A INCLUSO DA ILUMINAO CNICA ARTIFICIAL NOS PRIMEIROS
ESPETCULOS............................................................................................... 36
2.1.1. A importncia da iluminao artificial no teatro .............................. 40
2.2. A iluminao cnica artificial nos dias de hoje ......................................... 41
2.2.1. Seus elementos.............................................................................. 41
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CAPTULO 3 - A ILUMINAO CNICA COMO ELEMENTO MODIFICADOR..44 3.1. OBJETOS DE CENA E SUAS CARACTERSTICAS..48
3.2. APLICAO DE CORES.49
3.2.1. Criao de atmosferas...51
3.3. A IMPORTNCIA DA SOMBRA NA ILUMINAO ....53
3.3.1. O teatro de sombras...55
CAPTULO 4 - ANLISES E OBSERVAES.....................................................59 4.1 ENTREVISTAS..59
4.1.1. Entrevista com Jorginho de Carvalho..59
4.1.2. Entrevista com Aurlio di Simoni..61
4.2 ANLISE DAS ENTREVISTAS...64
CAPTULO 5 - CONSIDERAES FINAIS.65 ANEXO 1 - LMPADAS E EQUIPAMENTOS.......................................................67 ANEXO 2 QUESTIONRIO.80
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..82
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RESUMO
A ILUMINAO CNICA COMO ELEMENTO MODIFICADOR DOS ESPETCULOS: SEUS EFEITOS SOBRE OS OBJETOS DE CENA
BRBARA SUASSUNA BENT VALEIXO MONT SERRAT
Orientador: Aldo C. M. Gonalves
Resumo da Dissertao de Mestrado submetida ao Programa de Ps-graduao em
Arquitetura, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessrios obteno do ttulo de Mestre em
Cincias em Arquitetura. A iluminao um poderoso recurso do espetculo, ela possibilita recortar objetos no
espao, isolar atores, diminuir e aumentar reas no palco, revelar altura, o perfil, os
contornos e a profundidade. um recurso que permite ressaltar os elementos essncias em
cena e eliminar os demais.
Este trabalho tem como objetivo analisar como a iluminao cnica capaz de
modificar e valorizar os espetculos, alm de observar os efeitos da luz sobre os objetos de
cena, buscando a otimizao da criao de luz, dos elementos e equipamentos utilizados.
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ABSTRACT
A ILUMINAO CNICA COMO ELEMENTO MODIFICADOR DOS ESPETCULOS: SEUS EFEITOS SOBRE OS OBJETOS DE CENA
BRBARA SUASSUNA BENT VALEIXO MONT SERRAT
Counselor: Aldo C. M. Gonalves
Summary of essay submitted to FAU/UFRJ as part of the requisites necessary to get a
Master degree in Architecture(M.Sc.)
The lighting is a powerfull resource of the spectacle, it makes possible cutting objects
in the space, isolate actors, decrease and increase areas in the stage, reveal hight, the
outline, the countour and the deepness. Is a resource that allows emphasize the essence
elements in scene and eliminate the further.
This work has as objective analyze how scenic illumination is capable of changing and
valorize the spectacles, besides observate the light effects above the objects of scene,
looking for the optimize of the creation of light, of the elements and used equipments.
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INTRODUO
A luz um elemento capaz de realar as formas arquitetnicas, valorizando obras
e otimizando as funes. No espao cnico, capaz de modificar um objeto
esttico e nele criar infinitos efeitos e diferentes atmosferas e, de gerar emoes
nos espectadores. O objeto de estudo e pesquisa a luz cnica como elemento
modificador dos espetculos, seus efeitos sobre os objetos de cena e sua
utilizao nos teatros.
Este trabalho tem como objetivo principal analisar como a iluminao cnica
capaz de modificar e valorizar os espetculos, buscando a otimizao da criao
de luz, dos elementos e equipamentos utilizados.
O interesse em desenvolver este trabalho surgiu a partir da necessidade de
aprimorar os conhecimentos na rea em que a autora vem trabalhando, alm de
contribuir para enriquecer a escassa bibliografia sobre o assunto.
Atravs deste estudo possvel trazer recomendaes a profissionais da rea
como: projetistas, diretores teatrais, cengrafos, iluminadores, artistas, entre
outros interessados e o pblico em geral.
Utilizando entrevistas feitas com lighting designers conceituados, com o objetivo
de esclarecer; dvidas e questes atravs de opinies prprias e experincia de
dcadas de trabalho, alm de exemplos de iluminaes cnicas criadas e
executadas em diversos espetculos por especialistas da rea.
Este trabalho apresenta em seu primeiro captulo a iluminao e sua relao com
os espaos. No primeiro item; a iluminao artificial e sua evoluo, iniciando na
primeira chama desde a descoberta do fogo h milhares de anos atrs, at a
criao da lmpada incandescente. descrita tambm a iluminao natural e, sua
relao com os espaos cnicos, apresentando o Teatro Grego, Romano, Italiano
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at o Teatro Elisabetano e a utilizao da iluminao cnica natural nos dias de
hoje.
A seguir no segundo captulo, a incluso da iluminao cnica artificial nos
primeiros espetculos, iniciando pela a utilizao das tochas e velas,
acompanhando a evoluo do espao cnico. Ainda nesse captulo so explicados
os conceitos da iluminao cnica e, a utilizao desta nos dias de hoje, nas mais
modernas casas de espetculo.
O tema desta dissertao, a iluminao cnica como elemento modificador,
apresentado no terceiro captulo. Os objetos de cena e suas caractersticas sob a
aplicao da luz, a aplicao de cores gerando a criao de atmosferas e, a
importncia das sombras no teatro, que so apresentados a partir de imagens e
de registros fotogrficos de espetculos j montados.
No quarto captulo entrevistas realizadas com lighting designers conceituados da
rea da iluminao cnica so apresentadas e, so geradas anlises a partir
destas. As consideraes finais encerram a pesquisa concluindo esta dissertao.
Lmpadas, refletores e equipamentos auxiliares utilizados para a criao e
execuo da iluminao cnica esto apresentados e especificados no Anexo 1 e,
no Anexo 2 as questes feitas nas entrevistas.
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CAPTULO 1
A ILUMINAO E SUA RELAO COM OS ESPAOS
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1. A ILUMINAO E SUA RELAO COM OS ESPAOS O homem como um ser predominantemente visual mais fortemente afetado
pela luz do que por qualquer outra sensao (...) Forma e cor determinam a
percepo do entorno fsico atravs dos olhos, e nos do uma clara e vvida
impresso do espao do que os sensos tctil, auditivo e olfativo. Walter KholerF1F
De acordo com Nelson Solano ViannaF2F, cerca de 70 % da percepo humana
visual. Ela faz parte de sua vida e de seu dia-a-dia, do seu modo de habitar.
Desde que nasce, o homem est sendo submetido ao ritmo da natureza, da
existncia da noite e do dia, elementos que so condies necessrias para que
ele se sinta pertencente ao prprio tempo.
A iluminao sempre esteve presente em todos os momentos da histria da
arquitetura, embora muitas vezes desapercebida por ser considerada algo natural,
parte da natureza em que vivemos. A luz est presente em qualquer obra da
arquitetura, em algumas menos e em outras mais, mesmo que no nos
preocupemos com ela. Desempenha um papel muito importante nos dias de hoje,
embora nem sempre compreenda-se o seu significado.
A presena da luz diferenciada nos espaos, atravs de sua distribuio,
quantidade e intensidade, discretamente sugere as funes dos ambientes
distintamente iluminados e, ajuda a definir a utilizao destes espaos; de
descanso, trabalho, diverso e atividades especficas.
1 Walter Kholer, Lighting in Arquitecture 2 Nelson Solano Vianna, Iluminao e Arquitetura
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1.1. A iluminao artificial e sua evoluo Com a necessidade de iluminar o que no podia ser visto desde o momento em
que o Sol se punha at o momento em que ele nascesse, percebeu-se que era
preciso criar solues para que o homem pudesse exercer tarefas das mais
simples s mais especficas, sem depender da chegada do Sol, j que a luz
natural no tinha acesso a todos os ambientes. Com a inveno e a evoluo das
fontes de luz artificiais, possibilitou-se a execuo de atividades durante as vinte e
quatro horas do dia.
1.1.1 A primeira chama Fazer fogo e utiliz-lo de maneira produtiva foi fundamental para o homem iniciar
seu caminho rumo civilizao. H evidncias de que o fogo j era utilizado pelo
homem na Europa e na sia, no perodo paleoltico posterior.
Os primeiros encontros do homem primitivo com o fogo devem ter ocorrido
naturalmente ao serem observadas as rvores atingidas por raios e assistindo o
fogo surgir na superfcie de jazidas de petrleo, ou proveniente das atividades
vulcnicas. Destes encontros casuais o homem aprendeu quais so as
propriedades inerentes ao fogo: calor e luz, e a capacidade de alguns materiais
secos pegarem fogo, como a madeira, por exemplo.
Figura 1.1 - Chama incandescente
Fonte: Hwww.4to40.com/images/earth/science/fire/discovery_of_fire.jpg
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A partir deste momento, o primeiro passo foi dado para que o homem levasse o
fogo at sua habitao. Por meio de uma tocha com uma haste de madeira e
alguns gravetos a chama incandescente era levada de seu lugar natural at a
caverna ou acampamento, onde o fogo poderia ser mantido indefinidamente,
como uma fonte constante de calor, luz e proteo (fig.1.2).
Figura 1.2- Homem primitivo utilizando o fogo
Fonte: Hwww.4to40.com/images/earth/science/fire/discovery_of_fire.jpg
Nestes primrdios da histria, medida que os homens se espalhavam pelo
mundo, mudando-se para reas de clima frio, o fogo tornou-se vital para o
aquecimento e como fonte de luz. Foi igualmente til para cozinhar. Nos primeiros
lugares onde o homem se estabeleceu, a falta de provas da existncia de fogo
sugere que estes povos se alimentavam de carne crua. Foi a partir do uso do fogo
para cozinhar que aumentou o nmero e a variedade de alimentos disponveis
para os homens primitivos.
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O fogo teve ainda uma outra utilidade, menos bvia hoje em dia, mas talvez a
mais importante de todas, quando foi descoberto pela primeira vez. O fogo
oferecia proteo contra os animais selvagens que atacavam os homens
primitivos. Uma fogueira ardendo constantemente em um acampamento mantinha
os predadores afastados. Por isso que a descoberta do fogo permitiu uma maior
mobilidade. Contando com o fogo como meio de proteo, pequenos grupos de
homens que anteriormente tinham que viajar em grandes bandos para se
defenderem podiam se aventurar para lugares mais distantes em busca de
alimentos ou de moradia.
1.1.1.1 Acender e transportar o fogo Somente muito tempo depois que o homem verificou as fascas saindo de dois
galhos que eram esfregados pela ao do vento que surgiu a idia de tentar se
obter fogo atravs do atrito de dois pedaos de pau. Provavelmente a produo
do fogo pelo Homo erectus, o ancestral imediato do homem moderno, s
aconteceu no perodo neoltico, cerca de 7 mil anos AC. O Homo erectus
descobriu uma forma de produzir as primeiras fascas, atravs do atrito de pedras
ou pedaos de madeira. Para reproduzir o fenmeno, tentou diferentes tipos de
pedras, at se decidir pelas melhores, como o slexF3F e as piritasF4F.
Utenslios foram criados, sendo que, um dos primeiros, foi uma pequena vareta de
madeira, que era girado rapidamente entre a palma das mos, enquanto era
pressionado em uma lasca plana de madeira. Mais tarde, as puas de arco e corda
foram usadas para fazer girar mais rapidamente a vareta, fazendo com que o fogo
pegasse mais depressa. Somente tempos depois se descobriu que uma fasca
poderia ser criada esfregando-se piritas de ferro com uma pedra.
3 Slex uma HrochaH biognica do grupo dos HacaustobilitosH (rochas de origem biolgica no combustveis), formada de carapaas HsilicosasH de organismos marinhos 4 O HmineralH pirita, ou pirita de ferro, o nome comum do HdisulfetoH de Hferro
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Nas cavernas, aps a descoberta do fogo, tochas passaram a iluminar os homens
primitivos. Neste tempo pr-histrico, ao descobrir que tambm podia fazer fogo, o
homem logo compreendeu as vantagens de utilizar a luz, passando a valer-se de
fachos e archotes. Com o passar do tempo, uma mecha de fibras retorcidas no
interior de um bambu, e gordura animal em fuso, deu origem primeira vela, que
haveria de guiar e iluminar o caminho do homem por milhares de anos.
1.1.1.2 Fogo e a civilizao
Assim como o controle inicial do fogo foi essencial para o desenvolvimento de
seres humanos na Idade da Pedra, para os primeiros agricultores do perodo
Neoltico foi um fator preponderante para o desenvolvimento de toda civilizao
humana at nossos dias. No decorrer da histria, o homem encontrou formas
diferentes de utilizar o fogo: luz e calor resultantes da rpida combinao de
oxignio, ou em alguns casos de cloro gasoso, com outros materiais. Tambm foi
utilizado para cozinhar, para clarear a terra onde o homem ia plantar, para
aplicao em recipientes de barro a fim de se fazer cermica e tambm a
aplicao em pedaos de minrio para se obter cobre e estanho, combinando-os
em seguida para fazer o bronze (c. 3000 AC), e mais tarde obter o ferro (c. 1000
AC).
Nos dias de hoje pode-se dizer, que a evoluo da tecnologia moderna pode ser
caracterizada por um aumento e um controle cada vez maior sobre a energia. O
fogo foi a primeira fonte de energia descoberta e conscientemente controlada e
utilizada pelo homem.
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1.1.2. Da vela lmpada incandescente Na Idade da Pedra, a necessidade de produzir uma chama constante que pudesse
ser mantida acesa por longos perodos fez com que se criassem cuias providas de
pavio que queimavam com leos vegetais ou animais. A gerao subseqente de
luz artificial, viria com as velas, inveno dos fencios.
A mais antiga do que as velas, as tochas eram usadas desde a poca pr-
histrica. Quanto utilizao das tochas, havia um domnio sobre o tempo de
durabilidade da chama e luminosidade das mesmas. Conheciam-se os tipos de
madeira que tinham grande quantidade de resina combustvel, que no se
consumiam com rapidez. A luminosidade era muito pequena se comparada com
as lmpadas a leo que sucederam as tochas.
A iluminao a leo utilizava lmpadas de barro, bronze, chumbo e at de ouro,
cujas chamas tremeluzentes permitiam uma luminosidade tnue nas casas e
palcios. Todas as lmpadas eram muito parecidas no seu formato, tinham a
forma de bacia com bordas onduladas e ressaltos formando os bicos onde ficavam
as mechas combustveis. Orifcios feitos na "bacia" permitiam a passagem do ar
para manter a presso e, correntes reunidas num anel serviam para sustentar a
lmpada no teto ou parede. Usavam-se tambm lmpadas em forma de nfora,
enfeitadas na parte larga onde saam as mechas. Na Roma Antiga os cristos
ornamentavam as peas com figuras de peixe ou pombos.
Na Idade Mdia, o povo utilizava lmpadas a leo e para clarear as moradias e os
ambientes pblicos, que vieram se juntar s velas de ceras, sebo ou estearinaF5F
(fig. 1.3). Estes tipos de iluminao duraram at o sculo XVIII. As luminrias a
querosene, gs e eletricidade, so conquistas dos sculos XIX e XX, na busca da
luz para a vida do homem.
5 Estearina - Vela de gordura, retirando-se a glicerina dela diminui o odor e a fumaa.
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Figura 1.3- Lmpada leo para uso domstico e pblico Fonte: Hwww.stage-lighting-museum.com
A iluminao artificial tambm vinha sendo utilizada nos espetculos teatrais e,
estes evoluram desde a utilizao das velas e candelabros, passando pelas
luminrias a leo (fig.1.4), mas, com a inveno das luminrias a gs, a
iluminao artificial mostrou-se mais eficiente.
Figura 1.4 - Lmpada leo para uso domstico e pblico Fonte: Hwww.stage-lighting-museum.com
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Somente h cerca de dois sculos, no final do sculo XVIII, o fsico Ami ArgandF6F
conseguiu aumentar o potencial de luz da chama e, em 1784 introduz sua
lmpada utilizando o gs (fig. 1.5)
Figura 1.5 - Luminria a gs criada por Argand
Fonte: Hwww.stage-lighting-museum.com
No final do sculo XVIII a introduo da lmpada de Argand trouxe melhorias a
iluminao artificial e, passa a ser um grande diferencial.
Nas ruas de Londres o gs comea a ser utilizado a partir de 1807 e, Paris em
1819. Na iluminao domstica, o gs passa a ser utilizado em 1840.
H pouco mais de um sculo, a idia de chama como fonte de luz foi trocada pelo
conceito de um corpo incandescente slido. As duas maiores invenes do
perodo foram lmpada a gs e a lmpada eltrica incandescente em 1879.
6 Amie Argand, inventor suo, empregou seus conhecimentos cientficos e criou a luminria a gs.
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Na segunda dcada do sculo XX, passou a ser possvel produzir luz sem
desperdcio de energia com seu subproduto final, o calor. Nessa poca foram
criadas as lmpadas de descarga eltrica em vrias formas e em escala
comercial. Elas vm sendo aperfeioadas at os dias de hoje.
1.2. A Iluminao natural e sua relao com os espaos cnicos A iluminao cnica natural, inicia-se na luz solar usada desde os gregos at os
elisabetanos, chegando s diferentes fontes de luz empregadas a partir de
meados do sc. XVI, quando o teatro recolheu-se pela primeira vez em salas
fechadas.
O teatro originou-se nas primeiras sociedades primitivas, em que se acreditava no
uso de danas imitativas como propiciadores de poderes sobrenaturais, que
controlavam todos os fatos necessrios sobrevivncia (fertilidade da terra, casa,
sucesso nas batalhas etc), ainda possuindo tambm carter de exorcizao dos
maus espritos. Portanto, o teatro em suas origens possua um carter ritualstico.
Com o desenvolvimento, conhecimento do homem e, conseqente domnio em
relao aos fenmenos naturais, o teatro vai deixando suas caractersticas
ritualistas, dando lugar s caractersticas mais educacionais. Em um estgio mais
desenvolvido, o teatro passou a ser o lugar de representao de lendas
relacionadas aos deuses e heris.
Na Grcia antiga, os festivais anuais em honra ao deus Dionsio (Baco, para os
latinos) compreendiam, entre seus eventos, a representao de tragdias e
comdias. As primeiras formas dramticas na Grcia surgiram neste contexto,
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inicialmente com as canes dionisacas (ditirambosF7F). A tragdia, em seu estgio
seguinte, se realizou com a representao da primeira tragdia, com TspisF8F.
Todos os papis eram representados por homens, pois no era permitida a
participao de mulheres. Os escritores participavam, muitas vezes, tanto das
atuaes como dos ensaios e da idealizao das coreografias. O espao utilizado
para as encenaes, em Atenas, era apenas um grande crculo. Com o passar do
tempo, grandes inovaes foram sendo adicionadas ao teatro grego, como a
profissionalizao, a estrutura dos espaos cnicos (surgimento do palco elevado)
etc. Os escritores dos textos dramticos cuidavam de praticamente todos os
estgios das produes.
Nesse mesmo perodo, os romanos j possuam seu teatro, grandemente
influenciado pelo teatro grego, do qual tirou todos os modelos. Nomes importantes
do teatro romano foram PlautoF9F e TerncioF10F. Roma no possuiu um teatro
permanente at o ano de 55 a.C., mas de acordo com os dados histricos,
enormes tendas eram erguidas, com capacidade para abrigarem cerca de 40.000
espectadores. Apesar de ter sido totalmente baseado nos moldes gregos, o teatro
romano criou suas prprias inovaes, com a pantomima, em que apenas um ator
representava todos os papis, com a utilizao de mscara para cada
personagem interpretado, sendo o ator acompanhado por msicos e por coro.
7 Diritambo era o nome dado ao ritual oferecido ao deus grego Dionsio. Era uma 'dana de saltos' ou dana
zir nos espetculos
s anos de 230 a.C. e
de abandono, acompanhada por movimentos dramticos e dotada de hinos apropriados. 8 Poeta trgico grego. Segundo a tradio ateniense, foi o criador da tragdia a introdu
dionisacos da primavera de 535 a.J.C. um poema que narra as aventuras de um heri. 9 Plauto-Titus Maccius Plautus, dramaturgo da HRepblica RomanaH, viveu por volta do
180 a.C., pois suas 21 HpeasH que se preservaram at os dias atuais datam entre os anos de H205 a.C.H e H184
a.C.H. 10 Terncio-produtor teatral da Roma antiga que em suas peas imitava o teatro grego, escreveu numerosas
comdias, algumas vezes valendo-se das mesmas fontes gregas a que Plauto recorrera, mas dando a essas
fontes um tratamento diverso, com fortes contribuies pessoais.
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No sculo XVII, o teatro italiano experimentou grandes evolues cnicas, muitas
das quais j o teatro como atualmente estruturado. Muitos mecanismos foram
adicionados infra-estrutura interna do palco, permitindo a mobilidade de cenrios
e, portanto, uma maior versatilidade nas representaes.
Nesta mesma poca no Brasil, o teatro tem sua origem com as representaes de
catequizao dos ndios. As peas eram escritas com intenes didticas,
procurando sempre encontrar meios de traduzir a crena crist para a cultura
indgena. Uma origem do teatro no Brasil deveu-se Companhia de Jesus, ordem
que se encarregou da expanso da crena pelos pases colonizados. Os autores
do teatro nesse perodo foram o Padre Jos de AnchietaF11F e o Padre Antnio
VieiraF12F. As representaes eram realizadas com grande carga dramtica e com
alguns efeitos cnicos, para a maior efetividade da lio de religiosidade que as
representaes cnicas procuravam inculcar nas mentes aborgines.
1.2.1. O teatro grego e o romano: a relao entre os espaos de apresentao e a luz Durante sculos o teatro foi realizado luz do sol, sem necessidade de iluminao
artificial. O espetculo comeava de manh, e s terminava quando o sol ia
embora, era como se a luz natural dirigisse todo o espetculo l do alto. Quando
chegava o final da tarde, essa luz se recolhia e o espetculo cessava. Em pouco
tempo a luz regressava s vezes plida, nevoenta, translcida, outras vezes clara
e absoluta, essa luz superior projetava raios em toda as direes e refletia, nas
superfcies, volumes e cores, assim o palco e a platia podiam se reencontrar e, o
espetculo poderia continuar. Na Grcia, as apresentaes eram feitas em amplos
teatros, construdos de forma semicircular e planejados para que no
apresentassem problemas de acstica ou de visibilidade. As arquibancadas eram 11Jesuta, gramtico e poeta lrico espanhol nascido em La Laguna de Tenerife, Ilhas Canrias, conhecido como o Apstolo do Brasil, de admirvel trabalho de catequizao dos indgenas brasileiros 12 Padre, orador sacro, missionrio, diplomata e escritor portugus nascido na Freguesia da S, em Lisboa, cuja extraordinria obra e religiosidade sempre estiveram ligadas a fatos econmicos e polticos. Filho de um
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escavadas nas encostas das colinas e tanto o pblico quanto os atores, ficavam
expostos luz do sol, aos ventos e a brisa do mar. J de manh milhares de
pessoas tomavam seus lugares nas arquibancadas e ali permaneciam o dia
inteiro. Por mais que fosse o mesmo espetculo a ser apresentado, eles eram
nicos, j que a iluminao assim como brilho e sombra dependiam das condies
atmosfricas; movimento das nuvens e das diferenas de intensidade e
luminosidade da luz solar (fig.1.6).
Figura 1.6 - Teatro Grego
Fonte: Hhttp://liriah.teatro.vilabol.uol.com.br/Gif/epidauro1.gif
No momento em que o teatro se recolheu dentro de uma casa, foi necessrio
reinventar a luz para a continuao dos espetculos, no entanto seria muito difcil
substituir a original. Ao mesmo tempo era o momento para criao e descoberta
de tcnicas que trouxessem de volta a fantasia e a imaginao e, aos poucos
substituiu-se a luz natural, em fonte incandescente.
At hoje, os espetculos realizados em ambientes externos, quando apresentados
durante o dia, guardam as caractersticas das encenaes primitivas, o que os
olhos vem o real sem filtros e sem artifcios.
servidor do governo colonial, de origem modesta e com ascendncia africana, destacado como funcionrio, para trabalhar na Bahia, no Brasil.
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Figura 1.7 - Teatro atual - Teatro Romano de Orange
Fonte: www.choragies.asso.fr/gb/historie
O Teatro Romano em Orange um dos mais bonitos monumentos na Frana e,
testemunha da Era Romana. Suas arquibancadas garantem uma acstica
excepcional. Com a queda do Imprio Romano, este teatro deixou de ser usado e
em 1562 ele se transformou em um espao para refgio da populao. Prximo ao
ano de 1800 o teatro foi restaurado. (fig. 1.7 a 1.10).
Figura 1.8 - Teatro Romano de Orange Figura 1.9 - Teatro Romano de Orange
Fonte: www.choragies.asso.fr/gb/historie Fonte: Hwww.choragies.asso.fr/gb/historie
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Figura 1.10 - Teatro Romano de Orange - Festival Corais de Orange
Fonte: Hwww.choragies.asso.fr/gb/historie
Os corais de Orange acontecem todos os veres desde 1860, o mais antigo
Festival da Frana.Sua capacidade de 9000 pessoas.
1.2.2. O Teatro Elisabetano
Frequentemente, diz-se que o Teatro Elisabetano era a imagem do
mundo. A plataforma era um bulioso, seu alapo levava ao inferno,
o interior acortinado do palco expunha as confidncias da vida
privada, o balco era aquele nvel superior do qual alguns poderiam
olhar para baixo para que outros olhassem para cima... Peter BrookF13F
(fonte: Revista Luz e Cena n 71, pg 40)
A Inglaterra dos fins do sculo XVI era uma sociedade orgulhosa: acabava de se
converter na grande potncia martima da Europa, derrotando a Invencvel
Armada espanhola; os marinheiros e os militares britnicos puseram-se a
conquistar e colonizar o mundo conhecido, e o comrcio e a indstria comearam
a florescer. A rainha Elizabeth I (1558-1603) encarregou-se de promover esse
patriotismo entre seus sditos e o teatro foi um bom instrumento para consegui-lo.
13 Encenador ingls redistribui o conhecimento que extrai da prtica teatral. O trabalho de Brook inclui o compromisso de difundir idias e mtodos teis a outros ncleos de produo teatral.
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Os autores mais notveis deste perodo so Christopher MarloweF14F, Ben JonsonF15F
e William ShakespeareF16F, considerado o maior poeta dramtico de todos os
tempos. Suas peas, tradicionalmente divididas em obras histricas, comdias e
tragdias fazem no s a crnica de seu pas como tambm descrevem com rara
compreenso da condio humana as relaes entre indivduos e estes com a
sociedade.
Os dramaturgos nos tempos de Shakespeare eram conhecidos como poetas, e os
atores como jogadores. Shakespeare era uma entre vrias personalidades
extremamente talentosas do seu cotidiano. Eles transformaram o teatro de
entretenimento itinerante onde se agrupavam os atores em rudes palcos de
hospedaria ou feiras em uma atividade completamente profissional em teatros
construdos em Londres. Os atores foram proibidos atravs de lei de viajar ao
redor da Inglaterra como artistas sem vnculo; tiveram que formar companhias
debaixo da proteo de um nobre.
Os teatros da poca tinham dois tipos bsicos de arquitetura: circular ou poligonal.
Eram construdos de madeira e sem teto. O palco podia ter at trs nveis para
que vrias cenas fossem representadas simultaneamente. Ele avanava at o
meio do edifcio, de modo que o pblico o cercasse por trs lados e teria boa
visibilidade. Ao fundo, uma cortina modificava o ambiente. Aos espectadores mais
abastados e aos representantes da nobreza eram destinadas as galerias
(fig.1.11).
speare.
14 Christopher Marlowe (batizado a H26 de fevereiroH de H1564H morto em H30 de maioH de H1593H) foi um HdramaturgoH, poeta e tradutor ingls que viveu no HPerodo ElisabetanoH. Foi o maior renovador formal do teatro do perodo com a introduo dos versos brancos, e uma influncia forte sobre as primeiras obras de ShakespeareH. H15 Benjamin Jonson, dramaturgo ingls mais conhecido como Ben Jonson (HWestminsterH, H11 de JunhoH de H1572H - HLondresH, H6 de AgostoH de H1637H), Comeou a afirmar sua reputao graas verso inicial de Cada homem com seu humor, de H1589H e que foi representada no HGlobe TheatreH pela Companhia de HShake H16 Shakespeare Dramaturgo e poeta ingls (23 de Maio de 1564, 23 de Maio de 1616). Destaca-se entre os mais importantes da histria do teatro. Nasce em Stratford-upon-Avon, onde faz os primeiros estudos. Entre 1590 e 1594 redige a primeira pea, A Comdia dos Erros. Ainda nessa poca escreve 154 sonetos, considerados at hoje os mais belos e mais importantes da lngua inglesa.
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Figura 1.11 - Planta Baixa Teatro Elisabetano
Fonte: Luz e Cena - Julho de 2005
No incio, eram utilizados locais improvisados, como os ptios das hospedarias, ou
mesmo reas abertas. Depois as companhias teatrais foram-se estabilizando e,
comearam a ser construdos os primeiros teatros. Os cenrios ficavam no centro
de uma grande nave circular ou hexagonal. Ao redor dispunham-se os balces e
as galerias; praticamente no havia decorao (fig.1.12). Os atores eram
profissionais e no havia atrizes: seus papis eram interpretados por jovens atores
que assumiam um tom de voz feminino.
Figura 1.12 Globe Theatre - vista interna
Fonte: Hwww.parnanet.com.br/sistemas/links
19
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Existem traos comuns entre o teatro elisabetano (ou isabelino, como conhecido
na Espanha) e o Hteatro castelhanoH do Sculo de Ouro: a representao de
comdias em locais abertos, pblico pertencente s mais diversas classes sociais,
a combinao de tragdia e comdia na mesma obra, e a utilizao de
argumentos histricos. Alm disso, tratava-se de um teatro em versos, mas com
grande liberdade e vivacidade nos dilogos.
Figura 1.13- Globe Theatre (reproduo)
Fonte: Luz e Cena - Julho de 2005
Essa fase se encerra com o fechamento dos teatros por ordem do Parlamento em
1642.
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1.2.3. Sua utilizao nos dias de hoje Considerado o teatro mais antigo da Amrica do Sul (1770), a Casa da pera de
Vila Rica, sua antiga denominao, foi construda em Ouro Preto, Minas Gerais,
pelo coronel Joo de Souza Lisboa, dentro da tradio arquitetnica luso-
brasileira. Utilizado at os dias atuais para apresentao de espetculos,
localizado, no Largo do Carmo, no lhe d nenhum destaque entre o casario
vizinho (fig.1.14).
Figura 1.14 - Fachada
Fonte: Arquitetura do Brasil III
Edifcio de fachada singela que remete a austeridade da arquitetura civil da poca.
Apresenta empena frontal, de vaga inspirao neoclssica, em contraste com
aberturas em arco abatido, de tradio barroca, e elementos medievais, culo
quadrilobado e arcaturas acompanhando a cornija da empena. Provavelmente o
estilo ecltico foi adquirido durante a remodelao interna ocorrida em 1882.
Seu interior, tambm acanhado, segundo as palavras do viajante francs Saint-
Hilaire, constitua-se de quatro ordens de camarotes, encerrados por balaustradas
de madeira recortada. A sala de espetculos, originalmente, era iluminada por
velas entre os camarotes.
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Figura 1.15 - Teatro Municipal de Ouro Preto - Vista da platia
Fonte: Arquitetura do Brasil III
A boca de cena emoldurada com pedra, vista da platia. A conformao quase
retangular da sala interfere na boa visibilidade dos camarotes e frisas laterais, em
direo ao palco (fig. 1.15).
Figura 1.16 - Facho de luz natural visto do Palco
Fonte: Arquitetura do Brasil III
22
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As colunas de apoio dos pisos inferiores foram substitudas pelas de ferro, de
seo menor, privilegiando a visibilidade dos camarotes.
Ao se ver a partir da boca de cena em direo ao fundo da sala de espetculos,
observa-se ao alto o culo da fachada por onde invade um feixe de luz natural,
que ilumina a cena, possibilitando espetculos bem iluminados, uma soluo dos
tempos sem energia eltrica (fig.1.16 e 1.17).
Figura 1.17 - Vista da galeria superior
Fonte: Arquitetura do Brasil III
Ao longo de sua histria, sofreu inmeras reformas, sendo a mais significativa em
1882, quando a estrutura das quatro ordens de camarotes tambm alterada,
adquirindo a forma de ferradura e recebendo piso em declive. Todas essas
modificaes visaram adapt-lo s exigncias de conforto do sculo XIX.
Foi tombada pelo Patrimnio Histrico Nacional em 1995, porm usando o nome
Teatro Municipal de Ouro Preto. Contratador dos reais quintosF17F e das entradas,
17 O rei de Portugal era, por lei, o dono do subsolo, razo pela qual cobrava o "quinto" do metal extrado. Em 1716, depois de experimentar diversas formas de cobrana desse tributo, as Cmaras Municipais de Minas Gerais propuseram substitu-lo por taxas fixas impostas sobre as mercadorias "entradas" na regio de minerao. Apesar da proposta no ter sido aceita pela Coroa, em 1 de outubro de 1718, os postos
23
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Souza Lisboa, fascinado pela arte teatral, recebeu desde o incio apoio do Conde
de Valadares, governador da Capitania, e de seu secretrio, o poeta Cludio
Manoel Costa.
Enquanto viveu, Souza Lisboa esteve frente da Casa da pera de Vila Rica,
contratando atores em Sabar e no Tijuco, relacionando nomes de personalidades
influentes - intelectuais, militares, polticos - capazes de prestigi-lo em momentos
decisivos, preocupando-se com a pintura e a decorao do prdio. Inevitvel,
portanto, que a casa da pera de Vila Rica morresse um pouco com seu criador,
em 1778.
Ressurgiu oito anos depois, triunfalmente, nas festas dos desposriosF18F do infante
D. Joo, com trs noites de pera. A partir da, sob diferentes administradores, a
Casa da pera viveu perodos de altos e baixos, sem, no entanto, deixar de
funcionar.
O teatro quase desaparece em 1885, quando o governo provincial chega a
planejar a construo de um novo teatro em Vila Rica que como capital merecia, j
que, segundo alguns engenheiros, este ameaaria desabar.
Nem o Teatro desabou, nem outro foi construdo. E a reforma, concluda aps sete
anos, foi executada com perfeio e economia.
No final do sculo XIX, em todo o pas ocorrem mudanas com a chegada do
fongrafo e do cinema. Os teatros viram a freqncia reduzida, e o de Ouro Preto
no fugiu regra. No entanto, aos poucos a convivncia entre o antigo e o novo
foi-se estruturando, cada qual ocupando o prprio espao.
arrecadadores denominados "registros" nas estradas que levavam regio mineira. A arrecadao do tributo era, comumente, cedida a um "contratador", que pagava ao fisco, em parcelas, uma quantia fixa, em troca do direito de cobrar o imposto em seu prprio proveito. 18 Desposrios - casamentos
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1.3. Reviso histrica da iluminao artificial nos espaos cnicos No sculo XVI, quando o teatro iniciou suas atividades em espaos fechados,
notou-se que era preciso substituir a luz natural por artifcios que clareassem o
palco e, que permitissem que os atores e objetos de cena pudessem ser vistos.
Fez-se necessria a utilizao de fontes de iluminao artificial, a partir da, a
busca por solues e tcnicas que suprissem as necessidades visuais tanto para
os artistas quantos para a platia (fig. 1.18 e 1.19).
Figura 1.18 - Candelabro da poca da Renascena
Fonte: Hwww.stage-lighting-museum.comH
Figura 1.19 - Lmpada a leo
Fonte: www.stage-lighting-museum.com
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Em muitos destes novos espaos fechados que passaram a abrigar os
espetculos, existiam janelas permitindo a captao de luz externa em parte do
dia; durante a noite eram utilizadas velas para garantir a visibilidade, sendo por
muito tempo a nica fonte de luz do teatro, produzindo no entanto; uma luz
instvel, oscilante e, difcil de ser controlada. Durante os sc. XVII e XVIII foram
utilizados candelabros nos teatros, espalhados pelo espao cnico e platia
(fig.1.20 a 1.24). Chegou-se a experimentar sebo na confeco de velas com o
objetivo de aumentar o seu tempo de vida, mas, devido ao mau cheiro estas velas
foram pouco utilizadas. Mais tarde vieram os lampies a leo criados por Argand,
sua luminosidade era maior que das velas. No entanto a queima de leo trazia
alguns inconvenientes como a sujeira que produzia nos tetos, paredes, cortinas
alm do risco de pingar em algum (fig.1.25).
Figura 1.20 e Figura 1.21 - Candelabro com vrios tipos de velas tornou-se comum no final do sec.XVI
Fonte: Hwww.stage-lighting-museum.com
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Figura 1.22 - Luminria utilizada para aplicao de vela - luz de ribalta
Fonte: Hwww.stage-lighting-museum.com
Figura 1.23 - Modelo do sculo XVII Teatro Francs abrange candelabros e luz de ribalta
Fonte: www.stage-lighting-museum.com
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Figura 1. 24 - Iluminao do Palcio Richelieu Cardeal Richelieu, rei Luis VIII e sua rainha no teatro privado
do Cardeal em 1641.Iluminao feita atravs de candelabros.
Fonte: www.stage-lighting-museum.com
Figura 1.25 - Lighting in Convent Garden Theatre, 1674
Fonte: Hwww.stage-lighting-museum.com
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Novos combustveis foram utilizados, como leo de baleia e querosene. Por mais
que os artesos, tcnicos de luz e os diretores teatrais tentassem resolver as
condies de visibilidade, as fontes de energia que se dispunha ainda eram muito
precrias. Sua luminosidade era instvel, difcil de controlar, sem direcionamento,
bastante diferente e pouco eficiente comparando-se iluminao hoje utilizada
nas casas de espetculos.
Algumas idias continuaram surgindo, assim como a utilizao de vidros cncavos
preenchidos com vinho ou lquidos coloridos e objetos com superfcies refletoras a
fim de criar novos efeitos (fig. 1.26). A preocupao em reduzir a iluminao da
platia, com a finalidade de intensificar a luminosidade do palco, trouxe contrastes
e valorizava o espao cnico conseqentemente, os espetculos.
Figura 1. 26 - Garrafa de vidro cncava e vela
Fonte: Hwww.stage-lighting-museum.com
A utilizao de novas tcnicas como a controle de luminosidade das lmpadas,
criada por Nicola SabbatiniF19F(fig.1.27), trazem progressos iluminao cnica,
mas, a iluminao a gs que vem resolver de forma satisfatria a questo da
visibilidade nos teatros.
19 Nicola Sabbatini nasceu em 1574, em Pesaro, na Italia. Morreu em 25 de dezembro de 1654. Arquiteto e engenheiro, abriu caminho para novas tcnicas de iluminao teatral.
29
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Figura 1.27 - Lmpada leo criada por Sabbatini
Fonte: Theatre Lighting Before Eletricity
A nova lmpada trazia mais claridade do que as mais avanadas lmpadas a leo
da poca. As lmpadas de Argand foram primariamente introduzidas no teatro
francs em 1784. A partir de 1850 o gs utilizado de forma genrica nos teatros.
As vantagens conseguidas a partir da utilizao do gs nas luminrias e
candelabros eram muitas; um candelabro a gs equivalia a 12 velas, a luz
produzida era mais intensa, mais estvel e o controle desta operao passou a ser
centralizado (fig. 1.28). Mesmo com todas as vantagens em relao aos sistemas
de iluminao artificial anteriores, sua utilizao trazia altos custos com
manuteno e problemas de segurana, havia grande preocupao com incndios
que eram comuns.
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Figura 1.28 - Luminria a gs criada por Argand Fonte: Hwww.stage-lighting-museum.com
Em 1879 criada a lmpada incandescente por Thomas Edison com um filamento
de carbono. As primeiras instalaes eltricas nos teatros foram feitas atravs da
luz de ribalta, gambiarras e laterais. Foram muitas as possibilidades de criao a
partir desta nova descoberta (fig.1.29).
Figura 1.29 - Lmpada Incandescente
Fonte: Hwww.stage-lighting-museum.com
RESUMO
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CAPTULO 2
A ILUMINAO CNICA ARTIFICIAL
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2. A iluminao cnica artificial Diferente dos demais sistemas sgnicosF1F teatrais, a iluminao um artifcio
bastante recente. Sua introduo no espetculo teatral, deu-se apenas no sc
XVII, aperfeioando-se com a descoberta da eletricidade. Uma das principais
funes da iluminao delimitar o espao cnico. Quando um facho de luz incide
sobre um determinado ponto do palco, significa que ali que a ao se
desenrolar naquele momento. Alm de delimitar o lugar da cena, a iluminao se
encarrega de estabelecer relaes entre o ator e os objetos, o ator e os
personagens em geral. A iluminao "modela" atravs da luz o rosto, o corpo do
ator ou um fragmento do cenrio. (fig. 2.1 a 2.7)
Figura 2.1 - Foto do espetculo Telhado de Vidro - Tanzhaus
Fonte: Mauro Kury
1 Relativo a signos; unidade principal constitutiva da linguagem humana, representada pela associao entre um significado e um significante, ou seja, entre um conceito e uma imagem acstica.
33
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Figura 2.2 - Foto do espetculo Matulao Trupe do Passo Fonte: Mauro Kury
Figura 2.3 - Espetculo da Universidade da Califrnia Santa Barbara
Fonte: Lighting the Stage, Art and Practice
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Figura 2.4 Foto Espetculo Teatral Figura 2.5 Foto Espetculo de Dana Fonte: www.luxious.com/portifolio Fonte: Hwww.blainekimball.com/images/theater_lighting.jpg
Figura 2.6 Espetculo de Dana Fonte: www.luxious.com/portifolio
Figura 2.7 Foto de espetculo Musical
Fonte: www.luxious.com/portifolio
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2.1. A incluso da iluminao cnica nos primeiros espetculos Por dois mil anos, 500 A.C e 1500 D.C., o teatro no necessitou de outra luz que
no fosse o sol, apenas raras excees como nas Igrejas na Idade Mdia, Europa
no sculo IX, onde se fazia teatro na prpria Igreja.
vela, inveno dos fencios, foi durante muito tempo nica iluminao que os
teatros possuam.
No havia necessidade de iluminao artificial para o teatro, pois a arte cnica
acontecia durante o dia e era desenvolvida em locais abertos. Entretanto quando o
espetculo se prolongava, era preciso recorrer ao fogo para ilumin-lo no meio
para o final, atravs de tochas ou fogueiras. Os espetculos feitos nas Igrejas
eram iluminados com velas ou criosF2F.
Representaes como comdias satricas, apresentaes circenses, que eram
executadas em tavernas e castelos, eram iluminadas com tochas e archotes. No
inverno em que os dias eram menores, a iluminao artificial tambm era usada
no final dos espetculos; tocha amarrada gaiola de ferro que segurava o material
flamejante.
Os dramas litrgicos desenvolviam-se nas igrejas e a iluminao era favorecida
pelos vitrais. Dramas Medievais feitos ao ar livre, performances em locais
fechados faziam uso da lmpada a leo, tochas e vela.
A iluminao do palco ao longo de todo caminho desde a toda flamejante do teatro
elisabetano at a lmpada de leo italiana, comeou na renascena com
equipamento de fazer aluso ao grego.
2 Crios, velas compridas. Antigamente feitas de sebo de boi.
36
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A produo do teatro renascentista ficava na mo do arquiteto do teatro,
responsvel pelo cenrio e iluminao e, algumas idias importantes como: o
humor especfico como uma tragdia, iluminao indireta com a utilizao de
espelhos, escurecimento do auditrio, passo muito importante.
Lmpadas a leo foram largamente usadas para iluminao domstica e pblica,
incluindo o teatro da idade mdia at o fim do sculo XVIII. O pavio quando imerso
em pequena quantidade de leo, produzia no s luz mas tambm fumaa e um
cheiro desagradvel. leos vegetais de alta qualidade, como leo de oliva,
produziam mais luz com menos fumaa, assim como melhor odor.
A lmpada a gs, que foi introduzida em 1784 pelo inventor suo Argand, foi um
grande progresso comparado s tradicionais lmpadas a leo de chama aberta.
Argand empregou conhecimento cientfico no papel do recentemente descoberto
oxignio em combusto. As lmpadas de Argand foram primariamente
introduzidas no teatro francs.
Nos teatros, o gs empregado de forma generalizada a partir de 1850. A
primeira adaptao bem sucedida em 1803 no Lyceum Theatre de Londres (fig.
2.8 e 2.9), foi realizada por um alemo chamado Frederick WinsorF3F.
Em 1876, pela primeira vez, durante a representao de suas peras em
BayreuthF4F, Richard WagnerF5F, mergulha a sala no escuro. Essa medida pouco a
pouco adotada na Inglaterra, na Frana e no restante dos teatros europeus. Com
um destaque maior ao espetculo e diminuiu-se a luz na platia, com isso o
espectador perdeu a conscincia da realidade e entrou em estado parcial de
hipnotismo.
3 Frederick Winsor, R.L. 1888, Fundador da Middlesex School , professor de teatro. 4 Bayreuth cidade situada na Alemanha 5 Wilhelm Richard Wagner (22 de maio de 1813 - Leipzig, 13 de fevereiro de 1833 - Veneza) compositor clssico alemo.
37
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Figura 2.8 - Lyceum Theatre de Londres Vista Palco Fonte: Hwww.unlikelymoose.com
Figura 2.9- Lyceum Theatre de Londres - Vista Platia
Fonte: Hwww.unlikelymoose.com
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No sculo XIX as inovaes cnicas e infra-estruturais do teatro tiveram
prosseguimento. O teatro de Booth de Nova York (fig. 2.10) j utilizava os recursos
do elevador hidrulico. Os recursos de iluminao tambm passaram por muitas
inovaes e experimentaes, com o advento da luz a gs.
Figura 2.10 - Teatro de Booth NY
Fonte: Hwww.ckbphoto.net/family/washingtondc/crw_2756.htm
Em 1879 quando Edson fabrica a primeira lmpada de incandescncia com
filamento de carbono, permite a generalizao do uso da eletricidade nos teatros.
At o final do sc XIX a luz eltrica j havia se tornado comum nos grandes
teatros. As primeiras instalaes eltricas em palco italiano utilizavam luzes de
ribalta, gambiarras e laterais. Em 1881, o Savoy Theatre (fig.2.11) de Londres foi o
primeiro a utilizar iluminao eltrica.
A Iluminao eltrica passa a ser um dos principais instrumentos de estruturao
e animao do espao cnico. A luz eltrica fez com que toda a estrutura teatral
mudasse radicalmente.
As primeiras mesas de controle apareceram em Londres e no Boston Theatre nos
EUA.
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Figura 2.11 - Savoy Teatre
Fonte: Hwww.hotelsoftheworld.com
2.1.1. A importncia da iluminao cnica artificial no teatro Somente nos ltimos quatro ou cinco sculos que o teatro tem geralmente sido
realizado em ambiente fechado e, a luz tem sido usada para iluminar o palco e os
atores. Velas, tochas, lmpadas a leo e a gs, cada uma por sua vez, contribuiu
com meios de produzir esta luz e, permitiu algum grau de efeito. A eletricidade
chegou, e com ela novas idias.
Sem a iluminao nada pode ser visto; o primeiro dos estmulos da mente
humana e, o homem sensvel a todas as suas nuances.
Por sculos, so escritas nos espetculos a luz que o homem tem conhecido em
suas vidas; agora esta luz pode ser manipulada no palco. Seu efeito visual e
emocional pode ser usado para acompanhar e influenciar a atuao, como a
evoluo da tcnica mostra, sem limite.
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2.2. A iluminao cnica artificial nos dias de hoje HISTRIA DA ILUMINAO - A luz eltrica veio proporcionar melhores condies para visibilidade e abrir novos
caminhos no s para a iluminao como para o teatro em geral. Ela provocou
mudanas no conceito de cenografia, figurinos, alterando completamente o
aspecto visual do espetculo.
Com o objetivo de otimizar ainda mais a iluminao cnica, novos aparelhos
dotados de lentes e lmpadas especiais foram surgindo, em conseqncia disto
muitas vantagens como; a focagem, lentes de abertura do foco, direcionamento
preciso, regulagem de posio fixa ou mvel e em todas as direes que facilitava
cobrir o objeto de cena e artistas de qualquer ngulo e suporte para filtros
coloridos.
2.2.1.Seus Elementos
Hoje em dia so utilizados vrios equipamentos como o spotlight, que permitiu
isolar e precisar as zonas de ao, ps o artista em evidncia, detalhou cenrios e
objetos e, iluminando as cenas de vrios ngulos valorizou as trs dimenses.
Em sua maior parte, as lmpadas usadas so as lmpadas incandescentes
halgenas de alta potncia que so utilizadas nos refletores para lmpadas par,
palito, lmpadas de descarga..
Hoje so muito utilizados os projetores plano-convexos para fachos difusos assim
como o Projetor FresnelF6F. Em longas distncias surgiram os canhes seguidores
formados por lmpadas de descarga ou halgenas. Permitindo a reproduo de
formas geomtricas e efeitos, os projetores elipsoidais esto entre os mais
especificados pelos criadores de iluminao cnica nos espetculos.
6 Refletor com um tipo de lente dotada de sulcos prismticos concntricos, dele se obtem uma luz muito constante, seus fachos se misturam sem deixar marcas ou contornos acentuados.
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Outros refletores bastante usados so as carcaas usadas com lmpadas Par (fig.
2.12), a utilizao de cores tornou-se cada vez mais presente nos espetculos e,
estes refletores permitem a utilizao de gelatinas coloridas de forma bastante
satisfatria.
Figura 2.12 - Refletor para lmpada Par 64
Fonte: www.iar.unicamp.br/lab/luz/equipamentos/par.htm
Paralelo a todo este avano para atingirmos as condies de visibilidade em
teatros fechados, foram surgindo mesas de controle.
A iluminao cnica tem expresso prpria. A inteno dotar o conjunto da
maior possibilidade de uso, considerando um rigor tcnico nas angulaes e uma
disponibilidade de equipamentos, recursos tcnicos e recursos operacionais. A
excelncia do material instalado fica ao dispor do processo criativo que ser,
ento, o agente estimulador da resposta emocional do espectador.
No Anexo 1 sero apresentados mais detalhes dos equipamentos; os elementos
responsveis pela a criao e execuo da Iluminao cnica: lmpadas,
refletores, mesas, dimmers e equipamentos auxiliares que sero comentados e
suas funes descritas.
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CAPTULO 3
A ILUMINAO CNICA COMO ELEMENTO MODIFICADOR
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3. A Iluminao Cnica como Elemento Modificador A luz tem a capacidade de mudar a aparncia das coisas. Uma paisagem vista
num dia ensolarado pode parecer brilhante, cheia de contrastes fortes e
tonalidades diferentes, no entanto esta mesma paisagem vista em um dia nublado
apresenta caractersticas completamente diferentes. O mesmo acontece com a
iluminao artificial em ambientes internos, onde lmpadas utilizadas apresentam
ndice de reproduo de cor e temperaturas diferentes, assim como a posio de
luminrias e quantidade de luz aplicada no palco, podendo torn-lo quente, frio,
aconchegante ou impessoal.
Alm de modificar a aparncia fsica dos objetos e dos ambientes que ilumina, a
luz tem tambm o poder de agir sobre as pessoas, alterando seu estado de
esprito, seu humor, atravs das impresses psicolgicas que causa.
As pessoas, os objetos e principalmente os lugares so vistos de modo diferente,
dependendo do tipo de luz que recebem (fig. 3.1 a 3.7). Se na vida real
observamos esse duplo papel da luz, agindo sobre a aparncia fsica dos
elementos por ela iluminados e, causando as mais variadas reaes psicolgicas
nas pessoas, no teatro, a importncia da luz ainda maior.
Figura 3.1 Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada
Fonte: Hhttp://www.altmanlighting.com/
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Figura 3.2 Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada
Fonte: Hhttp://www.altmanlighting.com/
Figura 3.3 - Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada
Fonte: Hhttp://www.altmanlighting.com/
Figura 3.4 Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada
Fonte: Hhttp://www.altmanlighting.com/
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Figura 3.5 - Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada Fonte: Hhttp://www.altmanlighting.com/
Figura 3.6 - Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada Fonte: Hhttp://www.altmanlighting.com/
Figura 3.7 - Foto Palco Iluminado - Luz diferenciada
Fonte: Hhttp://www.altmanlighting.com/
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A iluminao cnica planejada com a finalidade de causar envolvimento e
provocar impresso psicolgica aos espectadores. A comear pelo tipo de
lmpada empregada. Um espetculo a luz de velas causa uma impresso
completamente diferente de espetculo iluminado com lmpadas halgenas, em
conseqncia do tipo de luz emitida. A mesma cena vista ento sob claridades
diferentes despertando as mais diversas reaes.
Quando se ilumina um objeto com uma luz incidente, mas que no ilumina por
igual todos os lados do seu corpo, estabelece-se diferenas entre os lados mais
iluminados e os que recebem menos quantidade de luz, essa diferena denomina-
se contraste de iluminao. Atravs deste contraste modificam-se os objetos
iluminados, d-se a estes formas aparentemente diferentes e possibilitando
tambm a criao de cenas diferenciadas. Iluminando o mesmo objeto esttico de
diferentes ngulos e de forma seqenciada, pode-se dar a este a aparncia de
estar em movimento. Lembrando ainda da utilizao de cores, que auxiliam a
iluminao cnica e criam diversas atmosferas, cenas iluminadas com cores
diferentes, podem retratar aparentemente situaes trmicas distintas (fig. 3.8 e
3.9).
Figura 3.8 - Cena de espetculo iluminada The Poor Sailor
Fonte: Lighting the Stage, Art and Practice
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Figura 3.9. - Cena do espetculo se Ana Vitria Companhia de Dana
Fonte: Mauro Kury
3.1. Objetos de Cena e Suas Caractersticas
A luz reinventa o objeto, como ele estivesse sendo visto pela primeira vez. Revela
sua configurao, materialidade, textura; reala os contornos, as dobras, as,
curvas, as ondulaes, o arredondamento, largura, espessura, profundidade, cor,
peso, brilho e transparncia. O espectador, mesmo sem sair do lugar, pode ter
uma impresso visual completa dos objetos, como se os estivesse vendo sob
todos os ngulos. Uma simples mesa, sem a menor importncia perceptiva, pode
transformar-se num objeto interessante e admirvel.
A luz possui uma participao fundamental na visualidade dos elementos cnicos,
porm se o artista da luz no levar em considerao os demais elementos
expressivos que compe esse todo, corre risco de desarmonizar o encontro
esttico entre eles.
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A cenografia, os objetos, os atores, os figurinos, o palco, na sua tonalidade visual,
possuem uma claridade local inerente a ele prprio. Uma luz ambiente,
aparentemente uniforme, revela que alguns objetos so mais claros e outros mais
escuros, tornando evidente as caractersticas destes objetos (fig. 3.10 e 3.11).
Figura 3.10 - Intrpida Trupe Figura 3.11 Foto - Espetculo de Dana Fonte: Mauro Kury Fonte: Hwww.blainekimball.com/images/theater_lighting.jpg
A iluminao rege os elementos visuais do palco, determinando a importncia de
cada um destes e revelando sua plasticidade. A cenografia, os figurinos e os
objetos de cena e principalmente os atores com seus gestos e expresses que
adquirem destaque e importncia ao receberem luz.
3.2. Aplicao de Cores A cor faz parte da simbologia e do imaginrio do ser humano, mas, sem luz
impossvel compreend-la, no escuro as cores no podem ser observadas. A
qualidade e a quantidade da luz utilizada, responsvel por projetar uma
determinada luz colorida, influi diretamente no reconhecimento e resultado da cor
sobre os objetos.
A utilizao das cores na iluminao cnica, alm de mostrar diferena nos
objetos iluminados, traz tambm diferentes emoes. A aplicao de outras cores
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s mesmas cenas apresentadas, aos olhos de seus espectadores, capaz de
trazer sensaes de diferentes temperaturas (fig. 3.12).
O estudo das cores extremamente importante na composio plstica dos
espetculos, a luz influncia o restante dos elementos cnicos, alterando sua
composio.
Figura 3.12- Esfera branca exposta a cores quentes e frias; Lavander 57, Fire 19 e Mdium mbar 20 Fonte:http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/misturabranca
Para obter o resultado da luz colorida como na figura acima, podem ser
utilizadas lmpadas que apresentam seu bulbo j colorido, filtros de vidro, cristal e
material plstico de diferentes cores, mas, na iluminao cnica principalmente em
ambientes fechados, so utilizadas folhas de gelatinasF1F, que apresentam uma
infinidade de cores e que podem ser aplicadas a muitos modelos de refletores e
projetores, apresentando resultados eficientes e diferenciados.
Hamilton Saraiva, em tese, comenta:
As cores na iluminao, interferem na leitura emocional de cenas apresentadas.
As cores podem criar uma linguagem prpria e, ainda, ajudar ou prejudicar o
resultado final de uma cena ou pea teatral, consoante o uso apropriado ou
imprprio dos matizes, com relao ao sentimento almejado, pelo criador, por
parte da platia.
1 Folha de material transparente, geralmente de poliester ou policarbonato, posicionada em frente aos refletores para colorir ou filtrar luzes. Encontram-se disponveis no mercado gelatinas de inmeras cores, em diversos tons. Fundamental quando se deseja utilizar cor para desenhar a cenografia.
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Hamilton SaraivaF2F, em sua obra cita:
Quando Leone de Sommi, em 1565 ou 1566 em seu livro
Quatro Dialoghi in Materia di Representazioni Sceniche,
sugere que estaria melhor a comdia com a iluminao
colorida e o drama com a luz branca, j havia uma relao
entre a cor e os gneros dramticos pretendidos. Estas
relaes primrias entre as cores da natureza e o nosso
sistema sensorial so alguns princpios que nos interessam
para um estudo com as cores nas luzes. Ricardo KosovskiF3F
3.2.1. Criao de atmosferas As pessoas, os objetos e principalmente os lugares so vistos de modo diferente
dependendo do tipo de luz que recebem, no caso deste estudo; os espetculos
teatrais e seus objetos de cena (fig. 3.13).
Figura 3.13 Espetculo da Lumini Cia de Dana
Fonte: Hwww.lumini.art.br/galeria.htm
2 Hamilton Figueredo Saraiva, Interaes Fsicas e Psquicas geradas pelas cores na iluminao teatral . Tese de Doutorado, Escola de Com. e Artes, 1999 So Paulo. 3 Teatro e Comunicao: Aspectos de cena, 1995, UFRJ
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Em muitos casos selecionamos ambientes que iremos freqentar de acordo com a
iluminao deste, s vezes sem percebermos. Uma iluminao aconchegante
torna um ambiente mais agradvel. Os estudos de iluminao ambiental mostram
a importncia e o poder da luz na diviso dos espaos, na criao de
compartimentos, na sugesto de profundidade, altura, extenso, no destaque dos
objetos, no contraste de tons, na valorizao dos detalhes, texturas, volume,
transparncia e brilho (fig. 3.14).
Figura 3.14- Intrpida Trupe - Sonhos de Einstein
Fonte: vemninois.blogger.com.br/
A noo de proximidade e distncia tambm est relacionada com a luz. Focos
fechados so concentradores e aproximativos; cores frias e tonalidades escuras
atuam como distanciadores; luz frontal produz achatamento; luz vertical d sombra
no rosto; luz balanceada produz naturalidade; enfim, a luz tem a capacidade de
mudar as aparncias. Se sem ela no h espetculo, podemos dizer que com ela,
o espetculo muda muito, condicionando os olhos a enxergarem apenas aquilo
que est sendo iluminado e de maneira como est sendo iluminado.
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3.3. A importncia da sombra na iluminao As sombras trazem profundidade aos objetos iluminados e textura, dependendo
da iluminao elas podem ter cor.
No momento em que os iluminadores fazem seu trabalho de iluminao, eles so
responsveis por resultados opostos luzes e sombras. Ao escolher as reas que
devem iluminar, devem preocupar-se tambm com as reas que no querem que
sejam iluminadas. Ento, escolhido o tipo de luz, deve-se escolher tambm o tipo
de sombra que ser criada, pois ao se projetar luz a um objeto, se produzir um
outro efeito que deve ser bastante observado; a sombra (fig. 3.15).
Figura 3.15 Foto de Espetculo Musical
Fonte: www.luxious.com/portifolio
Quando a luz, encontra obstculos na superfcie, criam-se locais com queda de
luminncia que so percebidos pela nossa retina; as sombras, sem elas no
perceberamos o volume dos objetos. Existem tipos de sombras diferentes.
Leonardo da Vinci j no sculo XVI, havia diferenciado os trs tipos de sombra,
que o americano Michael BaxandallF4F classificou como: sombra projetada, auto-
4 Michael Baxandall - Professor de arte renascentista italiana, nasceu em 1933 na cidade de Cardiff, Inglaterra.
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sombra, e sombreamento. Todos os objetos ganham volume ao combinar em
graus diferentes essas formas de sombras.
A sombra projetada causada por um obstculo entre uma superfcie e uma fonte
de luz. Por exemplo, quando se afina um foco em determinado ator, tem-se a
sombra dele no palco. Aqui, o ator seria o obstculo que causaria a sombra no
piso do palco (fig. 3.16 a 3.19).
Figura 3.16 Luz de Frente Figura 3.17 Luz a Pino
Fonte: Arquivo pessoal da autora Fonte: Arquivo pessoal da autora
Figura 3.18 Luz de cho Figura 3.19 Luz Chapada
Fonte: Arquivo pessoal da autora Fonte: Arquivo pessoal da autora
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A auto-sombra aquela de uma superfcie que fica fora do alcance do facho de
luz. Em um contra-luz (fig. 3.20), iluminao posicionada por detrs do objeto a ser
iluminado, o rosto do ator est em situao de auto-sombra. A sombra projetada
mais escura que a auto-sombra, pois, a contraluz haver sempre um pouco de
reflexo da luz rebatida do cho, no rosto do ator. J o sombreamento se d pelo
ngulo que a luz forma com a superfcie a ser iluminada.
Figura 3.20 Contra-luz
Fonte: Arquivo pessoal da autora
3.3.1. O teatro de sombras
Esta uma tcnica utilizada com as sombras projetadas por algum foco de luz
atravs de uma cortina. Nos palcos a "sombra chinesa" a utilizao desse efeito
como linguagem plstica e de cena.
Efeitos de sombras "chinesas" devem ser bem estudados para que o resultado
final seja satisfatrio, tanto plasticamente quanto em termos de linguagem cnica.
Alguns conhecimentos bsicos de comportamento da luz e de materiais so
necessrios para a realizao desse efeito.
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Figura 3.21 - Viso interna da sombra projetada Figura 3.22 - Viso externa da sombra projetada Fonte:Hwww.iar.unicamp.br/lab/luz/dicasemail/dica17H Fonte:
Hwww.iar.unicamp.br/lab/luz/dicasemail/dica17
pacidade e textura determinaro comportamentos diferentes da luz no anteparo.
uzes diferentes os lighting designers podem obter efeitos
atisfatrios no palco.
Alguns materiais permitem a passagem de determinadas partes da luz incidente
sobre eles, tais como tecidos, plsticos, vidros leitosos, filtros de difuso etc. So
esses materiais os mais utilizados nesse efeito exatamente porque seus graus de
o
Quando se emite um foco de luz frontalmente a esses materiais, seus versos
apresentaro as sombras dos objetos dispostos entre eles e a luz. Conhecendo e
testando materiais e l
s
Figura 3.23 -Viso int. sombra proj. sobre projeo Figura 3.24-Viso ext. sombra proj. sobre projeo Fonte:Hwww.iar.unicamp.br/lab/luz/dicasemail/dica17H Fonte:
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Hwww.iar.unicamp.br/lab/luz/dicasemail/dica17H
A quantidade, direo e ngulo de iluminao, determinaro as sombras criadas.
Pode-se observar que a dimenso da sombra criada inversamente proporcional
distncia entre a fonte de luz e o anteparo material, assim como dos objetos
s dependero das distncias entre essas
utilizados.
importante saber que a quantidade de sombras de um objeto projetada no
anteparo depender exclusivamente da quantidade de fontes luminosas e as
distncias e dimenses entre as sombra
fontes.
Figura 3.25 -Viso int. sombra proj. 02 focos Figura 3.26 -Viso ext. sombra proj. 02 focos
onte:Hwww.iar.unicamp.br/lab/luz/dicasemail/dica17H Fonte:
ww.iar.unicamp.br/lab/luz/dicasemail/dica17H
F
Hw
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CAPTULO 4
ANLISES E OBSERVAES
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4 . ANLISES E OBSERVAES No contedo deste captulo, entrevistas feitas com lighting designers atuantes em nosso
pas, sero apresentadas com o objetivo de esclarecer; dvidas e questes atravs da
tcnica, opinies prprias e experincia de dcadas de trabalho, alm de exemplos de
iluminaes cnicas criadas e executadas em espetculos. Aps a anlise destas
entrevistas, observaes so feitas.
4.1. Entrevistas A seguir, ser apresentado um resumo do contedo das entrevistas feitas com os lighting
designers Jorginho de Carvalho e Aurlio di Simoni.
4.1.1. Entrevista com Jorginho de Carvalho Esta primeira entrevista foi feita com Jorginho de Carvalho, lighting designer, um dos
conceituados em nosso pas. Em quarenta e cinco anos trabalhando na rea de iluminao
cnica, ele criou e iluminou centenas de espetculos. Conhecido principalmente por seus
trabalhos na rea teatral, recebeu vrios prmios por suas criaes, entre eles o Prmio
Molire de Teatro.
O passo inicial em uma nova produo, no caso; criao de luz, saber o tema do
espetculo que ser iluminado e, o local em que ele ser realizado. Quando o espao em
que se ir trabalhar conhecido, torna-se mais fcil produo, em relao ao material que
se tem disponvel para a montagem de luz e, o que ir precisar.
Por mais equipado que seja um espao para apresentao em nosso pas, ele nunca est
completamente preparado para receber certas produes. Por isso antes de se comear um
novo projeto, importante conhecer o local em que ser apresentado o espetculo.
Conhece-se o teatro, o tipo de mesa, as especificaes; os suportes, as varas de luz, varas
eltricas, varas de frente, varas de fundo e contraluz, observa-se tudo para formar-se a
produo de luz. A partir do conhecimento local, verifica-se ento a necessidade ou no de
mais equipamentos, inclusive a quantidade da mo-de-obra e sua especializao.
A experincia nesta rea como; o conhecimento dos profissionais do mercado e, as
empresas especializadas em locao do equipamento de luz, facilitam agilizando no 59
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momento da produo. O custo financeiro para um novo trabalho deve ser calculado
levando-se em considerao a quantidade e a necessidade de tcnicos, montadores e
assistentes, acrescido do material que ser utilizado.
O destaque que ser feito pela iluminao cnica, depende de cada espetculo, no existem
regras. O texto narrado e encenado pelos atores e, a atmosfera que deve ser criada para
cada cena, induz ao que deve ser destacado pela luz.
A Iluminao est para um espetculo, na mesma proporo que a cenografia est para a
indumentria (figurinos); a direo est para o texto e a atuao do elenco, e se for o caso, a
msica, quando houver. Ou seja, o "Fazer Teatral" uma ao coletiva que quando resulta
em um espetculo, este proporcionado pela ao harmnica da individualidade de vrias
reas de criao, sob a gide de uma Direo (o diretor do espetculo).
Ento, a Iluminao deve valorizar a esttica do espetculo, sublinhando o fator psicolgico
do texto, podendo tambm dinamizar aes de representao do elenco ou criar variaes
na configurao cenogrfica, sempre em cumplicidade irrestrita com a viso da direo e da
cenografia, sem esquecer da parceria que deve ter com os tons dos Figurinos. A partir desta
compreenso, deve se aproveitar da licena potica que a luz possibilita e sempre que
possvel provocar sensaes intrigantes que valorizem a encenao.
Com relao cor costuma-se deixar que as matizes surjam de forma natural, pois
normalmente no incio da criao de uma luz deve-se pensar sempre na luz branca para
liberar a percepo do que os olhos esto vendo e ento as cores surgem naturalmente.
Por outro lado entende-se que luz cor e que "Cor Luz" totalmente distinta da "Cor
Pigmento". Este um assunto complexo, pois preciso levar em conta que a "Cor Luz" vai
iluminar variados tons de figurinos em espaos distintos de uma cenografia em diversas
cenas de um espetculo, e a cor pigmento tem uma tela fixa que se iniciar uma forma a ser
desenhada.
Em oficinas de Iluminao ministradas pelo entrevistado, costuma-se deixar claro para os
participantes que as cores principais de uma iluminao teatral so azul e a amarela, pois a
cor azul remete ao cu (Infinito) e, que guarda grandes distncias, proporcionando a
profundidade de objetos (cenrios) em espaos cnicos e a cor amarela remete ao sol
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(regies ensolaradas) que propicia a maior descontrao nas pessoas, proporcionando a
aproximao de objetos (cenrios) iluminados em espaos cnicos.
A chegada do moving light foi uma novidade, parecida com a chegada da mesa digital, do
raio laser, da mesa computadorizada. O moving foi variante, ele surgiu com espelhos que se
moviam, depois com um sistema de palhetas de cor. Refletores que mexiam s a cabea e,
posteriormente surgiram os que mexem o corpo todo. Hoje em dia as produes que
possuem os moving light espelhados j esto desatualizadas, o mesmo que possuir uma
mesa de luz que no digital.
Novos equipamentos como o moving ou catalyst, essa nova tecnologia, so utilizados
normalmente por novos operadores, mas, importante no se deslumbrar sem saber o
conceito da iluminao. Ainda existem efeitos utilizados por refletores antigos. O teatro
uma arte coletiva por isso deve ser criada uma luz em cima de todo o conjunto que ser
apresentado e, muitas vezes a tecnologia no est ligada coletividade. A iluminao
cnica utilizada em um show, diferente da criada para um espetculo de teatro. As
preocupaes so diferentes, este no um meio to coletivo quanto o teatro, o artista deve
passar a emoo atravs de sua msica e, o teatro vem por inteiro.
4.1.2. Entrevista com Aurlio di Simoni
Aurlio di Simoni em 28 anos de carreira, j realizou mais de 800 trabalhos nas reas de
teatro, dana, shows entre outros projetos. Conceituado lighting designer recebeu prmios
como; Prmio Shell de Teatro, Mambembe.
A participao do light designer deve acontecer na primeira reunio da equipe de criao,
sua presena desde este primeiro momento facilita e otimiza o processo de criao.
Um dos requisitos para aceitar um novo projeto uma remunerao profissional. J que em
nosso pas no existe tabela para essa atividade, o valor cobrado para a criao o que se
acha justo, como em vrios seguimentos artsticos. Ao espetculo adulto, o custo pela
criao diferente do cobrado para o infantil, j que o retorno de bilheteria normalmente
maior. Quando a produo se prope a custear o valor estabelecido, a proposta quase
sempre aceita. Em algumas produes, em que os recursos financeiros so menores que o
custo de montagem do espetculo, provavelmente o valor acertado pela criao de luz ser
menor que o solicitado pelo light designer. Esta proposta ento s passa a ser aceita quando 61
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h interesse do iluminador. Para isso deve-se levar em considerao o texto, a qualidade da
ficha tcnica e a proposta do trabalho. No se deve qualificar um trabalho artstico por bom
ou ruim, e sim quando ele no atende os requisitos de como o teatro deve ser feito. Deve-se
considerar que o Teatro uma arte coletiva por excelncia e no um exerccio de
individualidade.
O prximo passo ler o texto para saber como se deve caminhar a iluminao, j que
muitos textos so montados de uma forma chamada de vanguarda e ao decorrer do
espetculo adquirem uma forma clssica. Os prximos passos para uma criao harmoniosa
so; ver os ensaios, conversar com a equipe de criao, manter o diretor como maestro da
orquestra e contribuir com a sua sensibilidade, e criatividade para o espetculo.
Iluminar nada mais que mostrar o trabalho de outros profissionais. No diminuindo o
trabalho do iluminador j que para iluminar ele tem que entender de figurino, cenografia,
msica, direo, trabalho de ator, coreografia, pois se seu trabalho no tiver um alcance
deste entendimento, pode atrapalhar a leitura do espetculo. Para mostrarmos o projeto de
um profissional, precisamos saber que trabalho esse. Essa a grande virtude do
iluminador de espetculos, ele deve saber ler e com a tcnica, a sensibilidade e a
criatividade, deve trazer a plasticidade da proposta, para a razo do teatro que a platia,
que esta vendo e ouvindo o espetculo.
A iluminao cnica to importante quanto a cenografia, figurino, adereos, msica,
coreografia, a luz no deve interferir na leitura do que proposto, ela deve pulsar junto com
o que ser apresentado. Quando a platia percebe mais a luz criada do que o trabalho dos
outros profissionais e o texto apresentado, esta luz acaba destoando do espetculo. Deve-se
criar uma iluminao para que tenha o clima da cena proposta.
A criao de luz no pressupe regras. No entanto alguns iluminadores apresentam
caractersticas prprias de criao de luz. Este o caso do lighting designer Aurlio di
Simoni, em que profissionais da rea mesmo sem o conhecimento da ficha tcnica,
reconhecem seu trabalho. J que uma de suas caractersticas marcao de detalhes; de
um quadro em uma parede, uma cenografia, de uma marca da direo em que o ator grifa
aquele momento com uma ao gestual.
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Deve-se evitar o plano de luz equalizada, em que todo palco fica igual pois, a vida real no
assim, o teatro retrata a vida. Em muitos momentos a luz que incide nas pessoas diferente.
Trabalhar o plano geral um pouco mais fraco que a contraluz, deixa o objeto mais bem
delineado e melhor dimensionado na profundidade da cena.
Um dos principais objetivos na iluminao cnica, traduzir plasticamente luz, s propostas
orientadas pelo diretor na cenografia ou figurino, levar mais uma vez em considerao o
coletivo.
Opinio prpria do entrevistado que no existem cores predominantes na iluminao
cnicas. Uma iluminao geral quente usada com uma contraluz fria e vice versa, mantm a
dinmica e d volume a cena, o que to importante. A luz direcionada s de frente, ficar
chapada. Utilizando-se a luz frontal junto com a contra luz se apresentar ento a
profundidade.
A importncia da cor no espetculo, criar atmosferas, trabalhar a ludicidade da cena, e dar
o movimento de luz. A cor e sua mudana durante cenas no espetculo desperta o
espectador da poltrona da platia, porque recicla as formas de percepo daquele momento.
A cor transforma a temperatura da cena, sendo assim, a leitura dramtica da cena. O
recurso da cor com inteno de criar ambincias. S a modificao de angulao e a
dimerizao da luz, j causam essa sensao de transformao, sem que haja a mudana
de cor.
A Iluminao cnica pode trazer a aparncia de movimentos a objetos estticos atravs da
mudana de angulao e de cor. A utilizao de um recurso chamado chase, mudana de
luz de uma forma ritmada direcionada no objeto, traz esta sensao.
Diferentes objetivos so apresentados pela iluminao em alguns espetculos. Como
exemplo; na pea infantil O Passarinho e a Borboleta, em que a luz criada era de
ambincia, normalmente utilizada em musicais e, com o objetivo de climatizar, em que o
muitas vezes o clima da cena acompanha a msica do espetculo.
J em Desesperados, espetculo adulto, as cenas so formadas por fotogramas, elas so
iluminadas de forma rpida e diferente como em histrias em quadrinho, a luz tem uma
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particularizao durante todo o tempo. Neste espetculo so poucas as cenas em que
ocorre a iluminao em plano geral.
Para criar a luz trs fatores so indispensveis, criatividade, sensibilidade e tcnica. Quanto
maior a tcnica, maior o espao para a criao e sensibilidade. Com o avano da tecnologia,
e o surgimento de novos equipamentos, muitas foram s possibilidades de criao. 4.2. Anlise das entrevistas
Baseada nas entrevistas apresentadas, possvel perceber o momento certo para aceitar
um novo projeto, de acordo com as condies oferecidas e, nele iniciar. A experincia
profissional nesta rea otimiza o trabalho, visto que os passos iniciais j so conhecidos.
A iluminao cnica um elemento de grande importncia aos espetculos, mas, a criao
da luz e sua utilizao deve ser cuidadosa, levando em considerao as caractersticas dos
objetos a serem iluminados e, o objetivo do espetculo que ser apresentado.
Deve existir liberdade quanto ao destaque que ser feito pela luz em cena, no existem
regras, cada espetculo tem suas caractersticas prprias, como as cenas da vida real. A
arte imita a vida.
Assim como a natureza, no teatro as cores e luz tambm so importantes, elas criam
atmosferas, nos mostram quando dia, tarde ou noite. Brilho e intensidade tambm mexem
com as sensaes humanas.
A aparncia de movimentos a objetos estticos, pode ser feita atravs de tcnicas da
iluminao cnica. O avano da tecnologia trouxe auxilio a este artifcio, assim como muitas
novidades, no entanto, ela deve ser utilizada em harmonia com a criatividade e a
sensibilidade.
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5. CONSIDERAES FINAIS A iluminao transforma o palco. Retira o que no necessrio ver, limita ou amplia a rea
de atuao, substitui a cortina, aproxima ou distancia os atores em relao ao pblico,
captando a cena sob diversos ngulos; alm disso, funciona como elemento de pontuao
do espetculo, estabelecendo as pausas entre uma cena e outra, as transies os cortes
rpidos, as evolues no tempo, as transformaes de clima.
Adolphe Appia (1862-1928), cengrafo e terico suo, foi um dos principais representantes
da corrente simblica, propondo um teatro de atmosfera e sugesto, onde a luz desempenha
um papel fundamental. Appia sem dvida um dos primeiros a tomar conscincia dos
extraordinrios recursos que a iluminao eltrica pe disposio do encenador.
Para Appia, a unidade plstica e escultural do espetculo subordina-se luz, capaz de
aglutinar todos os elementos cnicos. Expresso perfeita da vida, a luz deveria representar
no espao o que os sons representavam no tempo. Quanto cor, considerava-se um
derivado da luz: dependente dela e, sob o ponto de vista cnico, depende de duas
maneiras distintas: ou a luz se apodera dela para restitu-la, mais ou menos mvel no
espao e, neste caso, a cor participa do modo de existncia da luz; ou a luz se limita a
iluminar uma superfcie colorida em que a cor continua ligada ao objeto e no recebe vida
seno desse objeto e por variaes da luz que o torna visvel.
Tecnicamente, a iluminao no pra de evoluir. Vela, querosene, gs, eletricidade,
tungstnio, halognio, quartzo, mercrio, fluorescncia, luz negra, non, estroboscpica,
laser, controle remoto, computadorizado...No por falta de recursos que o palco ter
problemas de visibilidade.
De acordo com o trabalho apresentado e a anlise das entrevistas feitas no quarto captulo,
possvel trazer recomendaes a profissionais da rea e ao pblico interessado assim
como maior conhecimento da rea de estudo. Estas recomendaes so apresentadas
abaixo.
Para a otimizao do processo de montagem; o lighting designer deve iniciar sua
participao desde a primeira reunio de produo. Antes de iniciar o processo de
montagem alm de participar da leitura de textos e ensaios, devem-se conhecer os
equipamentos utilizados, e tambm entender os conceitos da criao da luz. Saber utilizar
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novos equipamentos aumenta a possibilidade de criao, no entanto a experincia
profissional fundamental, assim como a criatividade e a sensibilidade adquirida atravs
anos trabalhando na rea de iluminao.
demonstrado atravs de ilustraes e entrevistas, como a iluminao cnica capaz de
modificar e valorizar os espetculos. A utilizao de cores cria atmosferas a cenas
apresentadas e modificam os objetos, assim como o posicionamento da luz em que surgem
sombras destacando o volume dos objetos de cena apresentados e, escondendo outros
que no devem ser mostrados. possvel criar movimentos a objetos estticos, atravs de
artifcios gerados pela prpria luz e sua diferena na utilizao de focos posicionados e pelo
ritmo no acender e apagar os pontos de luz.
O teatro feito para ser apresentado ao pblico e por ele ser apreciado. A iluminao cnica
no foge a essa regra, ela deve trazer emoo aos espetculos. Na iluminao cnica no
existem regras, como a vida. A arte imita a vida.
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Anexo 1 - Lmpadas, Refletores e Equipamentos Auxiliares ANEXO 1 LMPADAS, REFLETORES E EQUIPAMENTO