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II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte 1 Eficiência produtiva e econômica na utilização de pastagens adubadas Bruno Carneiro e Pedreira 1 , Lilian Elgalise Techio Pereira 2 e Adenilson José Paiva 3 Introdução A pecuária é uma das atividades mais importantes do Brasil, o qual apresenta condições singulares no que diz respeito à produção animal, cuja alimentação do rebanho é feita na grande maioria em pastagens. Isso ocorre, pois quando se compara os custos de produção da alimentação de rebanhos em pastagens, com sistemas que utilizam animais confinados e grãos na dieta, a pastagem aparece como uma fonte mais econômica para alimentação de ruminantes. A planta forrageira desempenha uma função de extrema importância, que reflete tanto no aspecto econômico, quanto na sustentabilidade do sistema (Sbrissia e Da Silva, 2001). No entanto, o que se pode observar são respostas lenientes do sistema produtivo com relação às melhorias na produção de forragem e sua utilização. O estado de Mato Grosso (MT) tem cerca de 29 milhões de cabeças de bovinos, e 26 milhões de hectares de pastagens (Imea, 2011), pelo menos a metade é plantada com Brachiaria brizantha cv. Marandu. As áreas de lavoura temporária e de pastagens cultivadas aumentaram quase quatro vezes de 1980 para 2006 (IBGE, 2008). O inventário dos principais produtos exportados e importados no MT revela que, em 2006, 87% das exportações corresponderam à soja, milho, carne bovina, algodão e madeira. Assim como, 74% das importações são de produtos que impulsionam o setor agropecuário no estado, tais como, cloreto de potássio, ureia e adubos fosfatados (SEPLAN-MT, 2008). Apesar dos números promissores e da busca por maior produtividade por parte de muitos produtores, um percentual considerável das áreas de pastagens ainda apresentam forte degradação, devido à má utilização, decorrente do caráter extensivo da pecuária nessas situações específicas. 1 Pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril. Email: [email protected] 2 Doutora em Ciência Animal e Pastagens, ESALQ/USP. E-mail: [email protected] 3 Doutor em Ciência Animal e Pastagens, ESALQ/USP. E-mail: [email protected]

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1

Eficiência produtiva e econômica na utilização de pastagens adubadas

Bruno Carneiro e Pedreira1, Lilian Elgalise Techio Pereira2 e Adenilson José

Paiva3

Introdução

A pecuária é uma das atividades mais importantes do Brasil, o qual

apresenta condições singulares no que diz respeito à produção animal, cuja

alimentação do rebanho é feita na grande maioria em pastagens. Isso ocorre,

pois quando se compara os custos de produção da alimentação de rebanhos

em pastagens, com sistemas que utilizam animais confinados e grãos na dieta,

a pastagem aparece como uma fonte mais econômica para alimentação de

ruminantes. A planta forrageira desempenha uma função de extrema

importância, que reflete tanto no aspecto econômico, quanto na

sustentabilidade do sistema (Sbrissia e Da Silva, 2001). No entanto, o que se

pode observar são respostas lenientes do sistema produtivo com relação às

melhorias na produção de forragem e sua utilização.

O estado de Mato Grosso (MT) tem cerca de 29 milhões de cabeças de

bovinos, e 26 milhões de hectares de pastagens (Imea, 2011), pelo menos a

metade é plantada com Brachiaria brizantha cv. Marandu. As áreas de lavoura

temporária e de pastagens cultivadas aumentaram quase quatro vezes de 1980

para 2006 (IBGE, 2008). O inventário dos principais produtos exportados e

importados no MT revela que, em 2006, 87% das exportações corresponderam

à soja, milho, carne bovina, algodão e madeira. Assim como, 74% das

importações são de produtos que impulsionam o setor agropecuário no estado,

tais como, cloreto de potássio, ureia e adubos fosfatados (SEPLAN-MT, 2008).

Apesar dos números promissores e da busca por maior produtividade

por parte de muitos produtores, um percentual considerável das áreas de

pastagens ainda apresentam forte degradação, devido à má utilização,

decorrente do caráter extensivo da pecuária nessas situações específicas.

1 Pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril. Email: [email protected]

2 Doutora em Ciência Animal e Pastagens, ESALQ/USP. E-mail: [email protected]

3 Doutor em Ciência Animal e Pastagens, ESALQ/USP. E-mail: [email protected]

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Em locais em que a terra ainda é relativamente barata, antes de fazer

um bom manejo da pastagem e do pastejo, muitos pecuaristas ainda trabalham

no sentido de aumentar a área de pastagem (suprimento) para fornecer mais

alimento a um mesmo rebanho (demanda). Tal comportamento caracteriza a

“fase primária” de expansão da pecuária em áreas de fronteira agrícola,

descrita em Dias-Filho (2011a). Nessa fase, a expansão da atividade baseia-se

em uma pecuária predominantemente extensiva, em que o aumento da

produção é alcançado, sobretudo com a expansão das áreas de pastagem

(Dias-Filho, 2011).

No entanto, com a pressão cada vez mais forte sobre a redução do

desmatamento, com a chegada da produção de grãos nessas regiões e a

consequente valorização do preço das terras, os pecuaristas têm se obrigado a

encarar novas realidades e desafios. A busca pela produção de bovinos de

maneira mais profissionalizada e verticalizada começa a se tornar uma

realidade e, nestes momentos de mudanças, a perda de produtividade começa

a incomodar os produtores. Tal mudança de mentalidade caracteriza a “fase

secundária” de expansão da pecuária na fronteira agrícola, descrita em Dias-

Filho (2011a). Nessa fase, o aumento da produção na atividade pecuária a

pasto é alcançado predominantemente pela intensificação, isto é, pelo uso

correto de tecnologia (Dias-Filho, 2011), buscando mensurar as variáveis e

melhorar a eficiência dos sistemas de produção.

1. Sistema de produção animal em pastagens e suas eficiências

Os principais processos em sistemas de produção de alimento são a

utilização da energia luminosa e o suprimento de nutrientes para o crescimento

da planta. Em sistemas de produção animal, dois outros estágios são de

fundamental importância, em que as plantas devem ser consumidas pelos

animais e convertida em produto animal. Cada qual desses estágios tem sua

própria eficiência que pode ser influenciada pelo manejo, e juntando as

eficiências pode-se determinar a eficiência do processo como um todo

(Hogson, 1990).

Em muitas situações a forragem colhida e a consumida não possuem

nenhuma relação de interdependência, devido à interferência do homem no

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processo, mas em sistemas de pastejo, esses estágios não podem ser

separados, de forma que a interação entre eles gera uma importante influência

sobre produção animal e ao sistema como um todo. Consequentemente,

decisões de manejo que melhorem a eficiência em um dos estágios,

certamente reduzirá em outro. Assim a essência do manejo de pastagens é

alcançar um balanço efetivo entre as eficiências do processo produtivo:

crescimento, utilização e conversão (Hogson, 1990).

Figura 1. Representação esquemática dos processos de produção animal em pastagens e

suas eficiências (Adaptado de Hodgson, 1990).

A definição e o planejamento de sistemas de produção animal em

pastagens deve ser norteado pelos objetivos finais a que se propõe

determinada exploração econômica, cada qual com suas peculiaridades e

complexidades (Da Silva e Sbrissia, 2001). Sistemas podem visar à exploração

do mérito genético dos animais (produção por animal) (Da Silva e Pedreira,

1997) ou mérito da planta forrageira (altas produções de matéria seca por ha),

favorecendo aumento das taxas de lotação e maiores produtividades. Para

tanto é preciso entender o processo e suas eficiências para que possa utilizá-lo

da melhor maneira possível, de acordo com os objetivos do sistema.

Recursos

Solo

Clima

Planta

Forragem

produzida

Forragem

consumida

Produto

animal

Crescimento Utilização Conversão

Produção

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Eficiência de crescimento e a produção de forragem

A eficiência de crescimento de uma planta forrageira é função do

potencial genético e das condições do meio (recursos disponíveis), gerando

uma produção liquida de matéria seca, que é função do crescimento da

forragem nova e da morte e desaparecimento de forragem velha (Da Silva &

Sbrissia, 2001). Nesse contexto, a colheita do máximo de material verde

possível através de redução das perdas por morte, senescência e

decomposição de tecidos a um patamar mínimo, corresponderia a técnica de

manejo que seria o conceito de manejo racional de pastagens (Da Silva &

Pedreira, 1997). Esse ponto pode ser definido para as diferentes espécies e

cultivares de plantas forrageiras através de estudos de fluxo e renovação de

tecidos (dinâmica e acúmulo de matéria seca) aliados a avaliações de

demografia de perfilhamento.

Eficiência de utilização da forragem

Segundo Lemaire (1997) a eficiência de utilização da forragem em

sistemas de pastagens pode ser definida como a proporção da forragem bruta

acumulada a qual é removida por animais em pastejo, antes de entrar em

senescência, e quanto maior a quantidade de forragem produzida, a otimização

da eficiência de utilização corresponde à minimização das perdas de tecidos

foliares por senescência. Como demonstrado por Mazzanti & Lemaire (1994) a

proporção de tecidos de folha que escapam a desfolhação e senescem pode

ser estimadas pela razão entre tempo de vida da folha e o intervalo de

desfolhação, a qual determina o máximo número de vezes que uma folha pode

ser desfolhada. A importância da eficiência de utilização da forragem produzida

é cada vez mais reconhecida. Corsi & Nascimento Junior (1994) destacaram a

importância da associação entre rebrotação vigorosa, produção e utilização da

forragem produzida no manejo das pastagens.

Eficiência de conversão e o produto animal

De acordo com Hodgson (1990), a eficiência de conversão dos

nutrientes ingeridos em produto animal aumenta porque a proporção do total

de nutrientes ingeridos requeridos para manter as funções vitais diminui

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progressivamente conforme o consumo total aumenta. Assim, animais com alto

potencial de produção possuem alta capacidade de ingestão de matéria seca e

uma eficiência de conversão maior que animais de menor potencial para uma

mesma circunstância. Uma alta conversão (favorecendo desempenho) está

diretamente associada com um alto consumo de matéria seca que por sua vez,

é resultado direto de altas ofertas de forragem o que, conseqüentemente,

implica em baixa eficiência de utilização da forragem acumulada, com altas

perdas de material por senescência e morte (Da Silva e Sbrissia, 2001). O

contrário também é observado, em situações de baixas ofertas de forragem,

em que a eficiência de utilização é maximizada, a conversão é comprometida,

resultando em menor desempenho.

Essas fases do processo produtivo descritas acima interagem entre si

continuamente, de tal forma, que interferir em qualquer uma delas afetaria

diretamente as outras. A eficiência de conversão de energia solar em

crescimento de forragem é sempre baixa e varia em torno de 2 a 4%

(Hodgson, 1990), além disso, o aparato fotossintético e suas reações fazem

parte de mecanismos de sobrevivência das plantas, e possuem alguns bilhões

de anos em evolução. Portanto, não são passiveis de grandes intervenções,

apesar de que tanto a taxa de crescimento da forragem quanto a eficiência de

uso da luz podem ser melhoradas (Da Silva e Sbrissia, 2001). A eficiência de

conversão (7 a 15 %) também é uma característica intrínseca do animal, que

pode ser beneficiada em detrimento da eficiência de utilização, mas que não

possui grande impacto na eficiência do sistema como um todo (Hodgson,

1990). Já esta última, eficiência de utilização, tem eficiências entre 40 e 80%,

demonstrando uma grande amplitude de variação, o que a torna uma

ferramenta de manejo bastante interessante e promove mudanças drásticas no

sistema de produção animal em pastagens. Isso ocorre pois a maioria dos

processos relacionados à colheita de forragem pelo animal em pastejo são

passiveis de manipulação e monitoramento, tais como, controle do período de

descanso e de ocupação, taxas de lotação, práticas de conservação e

suplementação (Da Silva e Sbrissia, 2001).

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Dessa forma o manejo do pastejo mostra-se como uma primeira

alternativa para qualquer intervenção no sistema, antes que qualquer outra

atitude seja tomada, mostrando a necessidade de ser entendido dentro do

contexto de ecossistema de pastagens, compreendendo seus componentes

morfofisiológicos e suas relações.

2. Cuidados com a pastagem para verticalização da pecuária

A busca pela verticalização da pecuária em algumas regiões, como é

caso do centro-oeste brasileiro, passa invariavelmente pela melhoria na

produção e colheita de forragem. Nesse sentido, práticas comumente

observadas como utilização das piores áreas da propriedade para pastagens,

o não uso de correção da acidez do solo, utilização de gramínea forrageira não

indicada para uma determinada área ou região, não realização de adubação

de manutenção e o total descuido com o manejo do pastejo, normalmente

incompatível com a forrageira utilizada, são práticas que devem ser corrigidas

para que a verticalização seja alcançada com sucesso.

Os cuidados começam com a escolha adequada da gramínea

forrageira. Atualmente, no Brasil, existe um elevado número de opções de

gramíneas para formação de pastagens, entretanto, os técnicos e produtores

devem utilizar essas opções de forma estratégica e planejada. Para isso, a

escolha da espécie ou cultivar a ser implantada deve passar por uma análise

das características de topografia, drenagem do solo, pluviosidade da região,

ocorrência de veranicos, ocorrência de pragas e doenças (e.g. cigarrinha das

pastagens), nível de tecnologia (e.g. correção da acidez do solo, adubação,

irrigação) disponível na propriedade, demanda de forragem a ser atendida,

disponibilidade de sementes ou mudas, entre outros. Com essas informações

a escolha da espécie forrageira será condizente com os desafios aos quais

será submetida e com as necessidades da propriedade. O que não pode

ocorrer é a adoção de determinadas espécies ou estratégias de manejo de

forma empírica e nem pelo modismo do lançamento de um novo cultivar no

mercado. Para isso, pesquisas são necessárias para validar a adaptação desta

nova cultivar aos diversos ambientes nos quais pode ser introduzida, ou seja, a

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teoria do “capim milagroso” não deve nortear a escolha da espécie a ser

utilizada como recurso forrageiro. Nesse contexto, pode-se afirmar que não

existe espécie forrageira ruim e sim uma escolha mal feita por parte de quem

está conduzindo a implantação do pasto.

Adicionalmente a esse processo, é necessária a coleta de amostras de

solo para posterior análise química. Esse procedimento também deve ser

realizado de forma periódica em pastagens já formadas, para auxiliar na

tomada de decisão sobre a necessidade da adubação de manutenção e

manter a produção de forragem estável. A amostra do solo deve ser

representativa e, para isso, a área amostrada deve ser a mais homogênea

possível. Dessa forma, a propriedade (fazenda) ou a área a ser amostrada

deverá ser subdividida em glebas ou talhões homogêneos. Nesta subdivisão

ou estratificação, levam-se em conta o tipo de vegetação, a posição geográfica

(topo do morro, meia encosta, baixada, etc.), as características perceptíveis do

solo (cor, textura, condição de drenagem, etc.) e o histórico da área (cultura

atual e anterior, produtividade observada, uso de fertilizantes e corretivos,

etc.). Para maior eficiência na amostragem, o tamanho da gleba não deve ser

superior a 10 ha. Portanto, glebas homogêneas, mas muito grandes, devem

ser subdivididas em subglebas de 10 ha. Para as análises do solo trabalha-se

com amostras simples e amostras compostas. A amostra simples é o volume

de solo coletado em um ponto da gleba e a composta é a mistura homogênea

das várias amostras simples coletadas da gleba. As amostras simples são

obtidas através de um caminhamento em zig-zag na gleba em pelo menos 20

pontos e posteriormente homogeneizada para formar a amostra composta.

Para a maioria das gramíneas forrageiras utilizadas a coleta de amostras

simples obtidas nas camadas de 0 a 20 cm é o indicado. Cuidados com a

coleta de amostras de solo devem ser tomados, pois um erro na amostragem

pode comprometer as etapas seguintes para a definição da quantidade de

calcário e adubos a serem utilizados, ou seja, a análise não corrige os erros

cometidos no momento da coleta da amostra. Para isso, não se pode coletar

amostras próximo a casas, brejos, voçorocas, caminhos, formigueiros etc., e

nunca utilizar recipientes usados ou sujos como sacos de adubo, sal mineral,

ração, cimento e embalagens de defensivos. A partir das 20 amostras simples

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coletadas uma amostra composta, de aproximadamente 300 a 500 g, é obtida

pela homogeneização das amostras simples, que, então, é enviada ao

laboratório para análise.

De posse do resultado da análise de solo o técnico, bem capacitado, irá

calcular a necessidade de calagem, assim como, os adubos e a estratégia a

ser utilizada (e.g. quantidade e quais nutrientes serão aplicados na semeadura

ou plantio e/ou após a formação da área). De forma geral, antes da semeadura

ou plantio é realizada a calagem, para neutralização da acidez do solo e ao

mesmo tempo fornecer cálcio (Ca) e magnésio (Mg), e fosfatagem, para

fornecimento de fósforo (P). A calagem se faz necessária devido à

sensibilidade das gramíneas forrageiras à acidez do solo, a qual reduz a

absorção de nutrientes de interesse e, consequentemente, o crescimento e a

produção da pastagem. O aumento da disponibilidade de Ca e Mg se faz

necessário devido as importantes atividades metabólicas em que esses

nutrientes participam como, por exemplo, formação da parede celular, ativação

enzimática, composição de moléculas importantes (e.g. clorofila), síntese de

proteína, entre outras (Van Raij, 1991; Taiz e Zeiger, 2004). A fosfatagem, por

sua vez, corrige a baixa disponibilidade de P, característica da maioria dos

solos brasileiros. Devido à baixa mobilidade desse nutriente no solo opta-se

por realizar o procedimento durante o processo de preparo da área para

facilitar sua incorporação e melhorar a eficiência de uso do fertilizante.

Recomenda-se a utilização de duas fontes de fósforo, uma com maior e outra

com menor solubilidade (e.g. super fosfato simples e fosfato de rocha,

respectivamente). Uma vai fornecer P de imediato e a outra fornecerá ao longo

do tempo, pois é lentamente dissolvido. O P é um nutriente importante para os

processos de fotossíntese, respiração, armazenamento e transferência de

energia, divisão celular, crescimento das células e raízes, entre outros (Van

Raij, 1991; Taiz e Zeiger, 2004). Quando a pastagem já está formada a

calagem pode ser feita em cobertura, sendo que a necessidade de

incorporação deve ser determinada em função da quantidade a ser aplicada e

da condição do pasto. Observando-se ao fato de que a aplicação de altas

quantidades (> 3 toneladas) em superfície podem causar problemas na

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camada superficial do solo, como a elevação do pH e indisponibilização de

micronutrientes nesta camada.

Nutrientes como nitrogênio (N), potássio (K) e, em menor escala, o

enxofre (S) são, geralmente, fornecidos após o estabelecimento das pastagens

e durantes os ciclos de crescimento, em adubação de cobertura. Esses

nutrientes, da mesma forma que os já citados, possuem atividades essenciais

para a sobrevivência e produção da gramínea forrageira. Dessa forma, todos

os nutrientes são importantes e devem ser monitorados com objetivo de que as

deficiências sejam corrigidas, para que o potencial de crescimento da

gramínea forrageira não seja limitado. Após atender as necessidades

essenciais das gramíneas forrageiras para os principais nutrientes, a

disponibilidade do N é que irá determinar a produção de forragem, de forma

que as respostas à adubação nitrogenada são expressivas em termos de

produção de forragem. Isso ocorre porque o N é componente da clorofila,

enzima responsável pela fotossíntese (Rubisco) e das proteínas (Taiz e Zeiger,

2004), ou seja, está diretamente relacionado com o processo de produção de

energia e fixação de CO2 pela planta.

No entanto, ao utilizar da tecnilogia adubação de pastagens, o manejo

do pastejo passa a ser ferramenta fundamental para garantir a colheita

eficiente. O manejo do pastejo deve ser compatível com a gramínea forrageira

utilizada, pois cada uma necessita de manejo específico. Essa recomendação

de manejo já foi determinada para as principais forrageiras utilizadas.

Adicionalmente, na medida em que aumenta a disponibilidade de fatores de

crescimento (e.g. irrigação, adubação etc.) cuidado correspondente com o

manejo do pastejo deve ser tomado a fim de aproveitar efetivamente os

benefícios da tecnologia utilizada.

3. Importância da adubação nitrogenada para o crescimento de plantas

forrageiras

O máximo potencial produtivo das plantas é determinado geneticamente,

mas fatores de meio e manejo interferem no quão próximo deste potencial é

possível alcançar. Dado as elevadas taxas de crescimento das espécies

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tropicais, a baixa disponibilidade de nutrientes é um dos principais fatores que

interferem na produtividade e qualidade das forrageiras, porque o nitrogênio

proveniente da mineralização da matéria orgânica não é suficiente para atender

a demanda de crescimento. É comum resultados de pesquisa que demonstram

elevação expressiva na produção de forragem em diversas gramíneas tropicais

(Pompeu et al., 2010; Mesquita et al., 2010). Contudo, nem sempre aumentos

em produção se traduzem em melhorias na composição morfológica, valor

nutritivo, eficiência de utilização da forragem produzida e desempenho animal.

Isso ocorre porque o nitrogênio acelera o ritmo de crescimento da planta e

quando os ajustes em manejo não estão de acordo com a velocidade de

crescimento, a maior produção de folhas pode não compensar o concomitante

aumento na proporção de colmos e material morto, diminuindo a quantidade de

material passível de ser colhido pelo animal e seu valor nutritivo.

A adubação nitrogenada interfere em dois níveis distintos de

crescimento do pasto: um sobre o crescimento de perfilhos individuais e outro

sobre a dinâmica da população de perfilhos. O nitrogênio atua de forma

marcante sobre a velocidade de renovação de tecidos em perfilhos,

aumentando as taxas de alongamento e aparecimento de folhas (Pereira et al.,

2010), assim como na renovação da população de plantas, através da

aceleração em processos de aparecimento e mortalidade (Caminha et al.,

2010). A importância da compreensão dos mecanismos envolvidos na

aceleração do ritmo de crescimento de plantas com o suprimento de nitrogênio

reside no fato de que as variações na velocidade de aparecimento e

alongamento de folhas e da velocidade com que os perfilhos aparecem e

morrem estão aliadas à necessidade de emprego de maiores taxas de lotação

ou diminuição do período de descanso relativamente a ritmos de crescimento

mais lentos (pastagens sem adubação ou com baixas doses de N) como forma

de assegurar a manutenção de uma mesma meta de manejo (e.g. altura, oferta

ou massa de forragem).

3.1 Efeito do N sobre crescimento de perfilhos

A nutrição nitrogenada afeta a expressão das variáveis morfogênicas

básicas em nível de perfilho em diversos processos (Cruz e Boval, 2000). A

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velocidade de aparecimento alongamento de folhas em perfilhos individuais,

dentre outros fatores, é altamente dependente da adubação nitrogenada.

Aumentos de três a quatro vezes sobre a taxa de alongamento de folhas (TAlF)

e lineares sobre a taxa de aparecimento de folhas (TApF) foram registrados

(Figura 2) com o uso de adubação nitrogenada (Gastal e Nelson,1994; Pereira

et al., 2011; Alexandrino et al., 2004).

Figura 2. A) Taxas de alongamento (TAlF, cm/perfilho.dia-1

) e B) aparecimento (TApF,

folha/perfilho.dia-1

) de folhas em pastos de capim Marandu manejados a 30 cm de altura sob

lotação continua submetidos a doses de N. Fonte: Pereira (2009)

Em função do ritmo de crescimento mais acelerado, experimentos têm

demonstrado (e.g. Martuscello et al., 2006; Andrade et al., 2005) que plantas

adubadas com N atingem um número máximo de folhas por perfilho mais

precocemente. Dessa forma, a aceleração no ritmo morfogênico das plantas

através da adubação nitrogenada pode resultar em uma aceleração da

senescência como resultado da diminuição na duração de vida das folhas

(Pereira, 2009), o que conduz a decréscimos na eficiência de utilização e

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produtividade do sistema. Trabalhos conduzidos com espécies tropicais

demonstram que independente do método de pastejo adotado (contínuo ou

rotativo), aumentos nas doses de N diminuem a duração de vida das folhas

(Figura 3), diferentemente do que acontece com espécies de clima temperado,

as quais conseguem manter a mesma longevidade com a adição de nitrogênio

(Mazzanti et al., 1994). Isso ocorre porque após atingir o número máximo de

folhas vivas por perfilho a aceleração no ritmo de crescimento induz ao

aparecimento mais rápido de folhas jovens e, portanto, conduz a senescência

de folhas mais velhas.

Figura 3. Duração de vida das folhas (DVF) em pastos de capim Marandu (A) manejados a 30

cm de altura sob lotação contínua e em capim Milênio manejado sob pastejo rotativo com altura

pré-pastejo de 90 cm e pós-pastejo de 40 cm.

Em espécies tropicais o alongamento de colmos possui importante

impacto sobre a estrutura do dossel e, portanto, é determinante do consumo,

visto que interfere na facilidade de colheita de forragem pelo animal, e valor

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nutritivo da forragem. Espécies do gênero Panicum e Pennisetum apresentam

expressivo alongamento de colmos na fase vegetativa de crescimento e,

portanto, a adubação nitrogenada pode conduzir ao aumento na proporção

deste componente quando o manejo não é devidamente ajustado à velocidade

de crescimento. Em espécies de crescimento prostrado o alongamento de

estolões também pode ocorrer em função do aumento no suprimento de N.

Morais et al. (2010) verificaram aumentos de cerca de 40% na proporção de

folhas, mas a proporção de colmos incrementou mais de 50% com o aumento

da dose de N de 75 para 300 kg/ha de N, aplicados durante a época de

crescimento, em pastos de Brachiaria decumbens cv. Basilisk manejados a 20

cm de altura sob lotação contínua. Pompeu et al. (2010) demonstraram

aumentos na taxa de alongamento de colmos de 0,02 para 0,095

cm/perfilho.dia em um experimento em casa de vegetação com capim Aruana

(Panicum maximum cv. Aruana) sem adubação ou adubados com 375 mg/dm³

(correspondente a 750 kg N/ha) em intervalos de corte de 40 dias. Como

consequência a altura do pseudocolmo e das plantas aumentou linearmente

com o aumento na dose de N. Essas respostas são mediadas pela competição

por recursos luminosos, dado que o N promove aumento nas taxas de

alongamento de folhas, no tamanho final das folhas e em algumas espécies na

densidade populacional de perfilhos, e como resultado a área foliar mantida

pelo dossel aumenta. Nessa condição, a diminuição na quantidade e qualidade

de luz é percebida pelas plantas, as quais ajustam sua morfologia com o

objetivo de incrementar a habilidade competitiva e buscar estratos do dossel

com melhor disponibilidade de luz. Os principais ajustes morfológicos incluem o

aumento nas taxas de alongamento de colmos, com consequente elevação de

meristemas apicais, disposição mais vertical de folhas e perfilhos e mudanças

na forma e tamanho das folhas (folhas mais finas e longas) e aumentos em

senescência.

Para que a diminuição na duração de vida das folhas possa ser

compensada, o alongamento excessivo de colmos e a altura das plantas

controlada, o uso de práticas de manejo caracterizadas por maiores

frequências de desfolhação são essenciais. Para um dado tempo de vida das

folhas, essa maior frequência de desfolhação representaria um maior número

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de eventos de desfolhação por folha, o que resultaria em uma maior eficiência

de utilização da forragem (Mazzanti et al., 1994), uma vez que uma maior

proporção do tecido foliar seria colhida antes de entrar em processo de

senescência.

3.2 Efeito do N sobre o perfilhamento

A capacidade de perfilhamento das plantas forrageiras é um ponto

relevante a ser considerado no diz respeito ao manejo, principalmente quando

a adubação nitrogenada é utilizada como ferramenta para o aumento da

produção. O perfilhamento nas gramíneas e seu manejo são de grande

importância para a produção forrageira, uma vez que as taxas de

aparecimento, morte e sobrevivência de perfilhos resultam em mudanças na

dinâmica da população, persistência da comunidade vegetal e na

produtividade durante o ano (Langer, 1972). Segundo Hodgson (1990), perfilho

é definido como a unidade de crescimento de uma gramínea. Dessa forma, a

compreensão do desenvolvimento de perfilhos individuais, das variações na

densidade populacional e de que a população é formada por perfilhos de

várias gerações e tamanhos, abre caminho para se entender as relações entre

indivíduos em uma comunidade vegetal e com seu ambiente (Nascimento

Júnior e Adese, 2004).

Variações sazonais na disponibilidade de fatores de crescimento (luz,

temperatura e precipitação) determinam flutuações nas taxas de aparecimento

e mortalidade de plantas. Nas épocas de outono e inverno normalmente o

aparecimento e mortalidade de perfilhos diminuem em função da baixa

precipitação e/ou temperatura. Esse padrão de resposta reflete o aumento na

sobrevivência de indivíduos, os quais utilizam estratégias baseadas na

conservação de recursos (Navas et al., 2003) a fim de manter estável a

população de plantas na área e garantir sua persistência. Nesse sentido, não

se observam incrementos nas taxas de aparecimento ou sobrevivência de

plantas assim como no crescimento de perfilhos nessa época do ano com a

utilização de maiores doses de N na época de crescimento anterior (Caminha

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et al., 2010). Entretanto, quando os recursos de crescimento voltam a estar

disponíveis, a condição de manejo do dossel nos períodos anteriores possui

impacto importante sobre a velocidade de recuperação das plantas. Caminha

et al. (2010) trabalhando com capim Marandu sob lotação contínua verificaram

que pastos que receberam maiores doses de N na estação de crescimento

anterior se recuperaram mais rapidamente no início de primavera (Figura 4),

época caracterizada pela renovação da população nas condições onde o

experimento foi conduzido (Piracicaba, SP).

Figura 4. Balanço entre o aparecimento e mortalidade de perfilhos em pastos de capim

Marandu (A) manejados a 30 cm de altura sob lotação contínua e adubados com nitrogênio.

Fonte: Caminha (2009)

Nesse sentido, os maiores efeitos da adubação nitrogenada sobre o

perfilhamento são verificados nas épocas de maior disponibilidade de fatores

climáticos. Assim, para uma dada condição de ambiente caracterizada por um

regime pluviométrico e térmico em que não há limitação na disponibilidade de

outros nutrientes, o nitrogênio é o fator que dita o ritmo crescimento das

plantas, aumentando a velocidade dos ciclos de renovação de tecidos - folhas

e perfilhos (Fricke et al., 1997). Experimentos têm demonstrado que o

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suprimento adequado de N promove maior peso médio e densidade

populacional de perfilhos (Alexandrino et al., 2004) em espécies forrageiras

tropicais.

O efeito do N sobre a ativação de gemas em perfilhos individuais

promove maior velocidade de renovação de perfilhos no pasto, permitindo a

manutenção de um perfil mais jovial da população de plantas. Paiva et al.

(2011) demonstraram que a proporção de perfilhos jovens na população pode

chegar a 70% utilizando 450 kg/ha de N em dosséis de capim Marandu

manejados sob lotação continua, comparado com cerca de 46% em pastos

que não receberam adubação (Figura 5).

Figura 5. Variação na proporção entre classes de perfilhos na população em pastos de capim

Marandu manejados a 30 cm de altura sob lotação contínua e adubados com nitrogênio. Fonte:

Paiva et al. (2011)

Perfilhos jovens apresentam maiores taxas de aparecimento e

alongamento de folhas que perfilhos mais velhos (Barbosa et al., 2012) e,

nesse sentido, o acúmulo de forragem é maximizado em função do elevado

potencial de crescimento dessa categoria de idade (Paiva et al., 2011). Dessa

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forma, embora a senescência foliar possa aumentar em função da diminuição

na duração de vida das folhas em perfilhos individuais e as taxas de

mortalidade possam ser elevadas, os efeitos sobre o crescimento

(alongamento e aparecimento de folhas, aparecimento de perfilhos e maior

população de perfilhos jovens) superam as perdas, de forma que o acúmulo

líquido (diferença entre crescimento e senescência) pode ser substancialmente

maior em pastos adubados comparativamente àqueles que não recebem

nitrogênio (Duru; Ducrocq, 2000ab; Mesquita et al., 2010). Entretanto, para

esse aumento em produção possa ser traduzido em maiores índices de

produtividade é essencial que o manejo esteja de acordo com a velocidade de

crescimento do dossel.

4. Valor nutritivo x produção animal

4.1 Valor nutritivo

A composição química das partes da planta, eg. lâminas foliares,

bainhas, colmos e inflorescência, variam amplamente, sendo que o valor

nutritivo desta como um todo depende das proporções entre estes

componentes morfológicos. As frações de melhor valor nutritivo geralmente são

as lâminas foliares. As bainhas e colmos possuem importante papel estrutural

e, portanto, possuem menores teores de proteína bruta e carboidratos não-

estruturais, maior conteúdo de parede celular e menor digestibilidade (Ribeiro e

Pereira, 2010). Entretanto, a composição química da dieta do animal em

pastejo é diferente daquela verificada no dossel em função do pastejo seletivo

de determinados componentes. A capacidade seletiva do animal, por sua vez,

varia com mudanças na estrutura do dossel, as quais em grande parte são

definidas pelas metas de manejo. Nesse sentido, estratégias de manejo que

alteram a proporção ou distribuição entre componentes morfológicos ou o perfil

etário da população de plantas que compõe o dossel podem interferir sobre o

consumo e valor nutritivo da forragem consumida. Quando o manejo é

estabelecido segundo os limites de resistência e tolerância da comunidade

vegetal (Briske, 1996), a planta consegue ajustar sua morfologia de forma a

manter a estrutura do dossel relativamente estável. Nesse sentido, mesmo

quando aplicadas maiores doses de nitrogênio, a estrutura do dossel não

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impõe restrições ao consumo de forragem. Essa estabilidade foi reportada por

Pereira et al. (2010) em pastos de capim Marandu manejados sob lotação

contínua a 30 cm de altura sem adubação ou adubados com 150, 300 ou

450kg/ha de N.

Diversos trabalhos de pesquisa demonstram modificações no valor

nutritivo da forragem em pastagens adubadas. Além de aumentos nos teores

de proteína bruta (Mesquita e Neres, 2008; Ribeiro e Pereira, 2010) a

adubação nitrogenada também promove diminuição nos teores de FDA e FDN,

com consequentes aumentos da digestibilidade (Castagnara et al., 2011).

Entretanto, Pacciulo et al. (1998) em pastos de capim elefante não verificaram

melhorias na digestibilidade com o incremento nas doses de nitrogênio. Da

mesma forma, valores semelhantes de FDN e FDA foram observados em

pastos de capim Mombaça utilizando adubações nitrogenadas que variaram de

70 a 280 kg N/ha em cortes realizados a cada 28 dias (Freitas et al., 2007) e

em capim Mombaça, capim Tanzânia e capim Milênio sem adubação ou

adubados com 100, 200, 300 ou 400 kg N/ha em cortes realizados a cada 42

dias (Mesquita e Neres, 2008). Isso ocorre porque os processos de

crescimento da planta são acelerados com a adução e, nesse sentido, a

maturidade da planta é atingida mais precocemente. Dessa forma, para um

mesmo período de rebrotação plantas submetidas a maiores doses de N já se

encontram em fase de deposição de parede celular nas estruturas foliares o

que, associado ao intenso alongamento de colmos concorre para a perda do

efeito positivo do nitrogênio sobre o valor nutritivo. A Figura 6 traz uma

representação das modificações em valor nutritivo com o avanço no período de

crescimento em dosséis com baixo (doses baixas ou moderadas de N) ou alto

N (elevadas doses de N).

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Figura 6. Representação das variações nos teores de proteína bruta (PB), fibra em detergente

neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e digestibilidade in vitro da matéria seca

(DIVMS) em pastos recebendo baixas e altas doses de N.

Ao longo do processo de crescimento do dossel três fases distintas

podem ser identificadas, as quais são caracterizadas pelo desenvolvimento das

estruturas de crescimento da planta e do dossel, com consequentes efeitos

sobre o valor nutritivo da forragem. A Fase 1 representa o período inicial de

rebrotação, o qual se dá a partir das folhas remanescentes e, em menor grau, a

partir da mobilização de reservas da base dos colmos e raízes. O valor nutritivo

da forragem nessa fase é menor em função da baixa massa de forragem e a

presença de material do ciclo anterior de rebrotação. Na medida em que o

crescimento foliar ocorre o valor nutritivo da forragem aumenta. A Fase 2 é

caracterizada pelo expressivo crescimento da planta, em que os recursos são

direcionados quase que exclusivamente para o desenvolvimento foliar. Nessa

fase o dossel apresenta a maior proporção de tecidos jovens (folhas e

perfilhos) e, portanto, os maiores valores de DIVMS e menores de FDA e FDN.

O prolongamento do período de rebrotação conduz ao aumento na competição,

principalmente por recursos luminosos. A quantidade e qualidade de luz no

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interior do dossel são reduzidas e os processos de alongamento de colmos e

senescência das folhas mais velhas e/ou aquelas localizadas nos estratos

inferiores do dossel assim como a mortalidade de perfilhos são intensificadas

(Da Silva, 2009). A deposição de parede celular secundária aumenta e a

proporção das frações solúveis diminui. Adicionalmente, aumento nas

proporções de bainhas e colmos e maior proporção de material morto

conduzem à diminuição na DIVMS e aumento nas proporções da fração fibrosa

(FDA e FDN). O teor de N total continua aumentando, contudo, maior

proporção deste pode permanecer imobilizado nas frações fibrosas e o

nitrogênio efetivamente disponível na forma solúvel diminui (Hoekstra et al.,

2007). Johnson et al. (2001) avaliaram o efeito da adubação nitrogenada sobre

as modificações nas frações proteicas de pastos de tifton-85 (Cynodon

dactylon L.), florona (Cynodon nlemfuensis Vanderyst) e pensacola (Paspalum

notatum Flugge). Os cortes foram realizados em intervalos de 28 dias, e as

doses foram de 0, 39, 78, 118 e 157 kg N/ha por corte. Os autores verificaram

aumentos lineares nas frações A (nitrogênio não-proteico), B1 (proteína

verdadeira com taxas de degradação rápida) e B2 (proteína verdadeira com

taxas de degradação lenta) em relação ao total de N. A fração C, que

corresponde ao nitrogênio não degradável, ou seja, N ligado às frações

fibrosas (celulose e lignina), aumentou linearmente com as doses de N em

pensacola, mas manteve-se constante a partir da dose de 78 kg N/ha.corte em

tifton-85 e florona. Conforme verificado na Figura 6 a duração de cada uma

das fases varia segundo a quantidade de N aplicada, sendo menores quanto

maior a dose de fertilizante. Embora a duração de cada fase e a intensidade

das modificações em valor nutritivo sejam variáveis de acordo com a espécie

forrageira, de forma geral, dosséis que recebem maiores doses de N

apresentam modificações mais rápidas (menor duração de cada fase) em

função da aceleração no crescimento. Nesse sentido, o ajuste em frequência

de desfolhação é fator primário para que o efeito benéfico do nitrogênio possa

se traduzir em aumento no consumo e desempenho animal.

4.2 Produção animal

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Os pecuaristas, de forma geral, são resistentes quando ao uso de

adubação em pastagens, sempre dizem que não “compensa” adubar. O que

leva os pecuaristas a fazer tal afirmação está relacionado a dois fatores:

cultural e técnico. O cultural está relacionado com esse conceito pré-

estabelecido de que adubar pasto não é viável, que passa de geração para

geração. O segundo, talvez mais importante que o anterior, está relacionado

com os maus resultados obtidos por pecuaristas que usam a adubação sem

obtenção de bons resultados econômicos. Inúmeros fatores podem contribuir

para esse insucesso econômico quando se utiliza adubação, mas certamente o

principal está relacionado ao não ajuste no manejo do pastejo na medida em

que utiliza de adubação.

A maior ou menor viabilidade econômica da adubação é dependente do

valor que foi gasto para sua realização, da quantidade de produto animal

produzido e do valor com que a arroba do boi produzida foi comercializada.

Dentre estes, o que é realmente passível de controle, por parte do pecuarista, é

a quantidade de produto animal produzido. O preço da adubação e o valor da

arroba do boi são dependentes de uma série de fatores que não são

diretamente controlados pelo pecuarista. Dessa forma, o pecuarista deve

procurar obter a máxima produção animal para não ficar vulnerável às

variações dos outros fatores que não estão sob seu controle. A produção

animal, por sua vez, é o produto da taxa de lotação e do desempenho dos

animais.

Na Figura 7, pode-se entender, de maneira resumida, a dinâmica no uso

da adubação nitrogenada sobre o aumento da produção animal. A medida em

que se aumenta a disponibilidade de N, aumenta-se o crescimento em nível de

perfilho (fluxo de tecidos) e em nível de população (perfilhamento), e as

dinâmicas dessas variáveis determinam a produção e o valor nutritivo da

forragem. A ação do pecuarista, por meio do manejo do pastejo, determina a

taxa de lotação e o desempenho desses animais que, consequentemente,

determinará a produtividade.

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Figura 7. Relação entre os componentes do dossel e parâmetros de produção animal

De forma geral, o principal impacto da adubação nitrogenada está

relacionado ao aumento da taxa de lotação. Canto et al. (2009) não verificaram

diferenças no ganho de peso de bovinos nelore jovens (0,73 kg/animal/dia) em

pastos de capim Tanzânia manejados com alturas entre 55 e 62 cm sob

lotação continua e adubados com 100, 200, 300 ou 400 kg/ha de N entre os

meses de dezembro a abril. Entretanto, as taxas de lotação aumentaram

linearmente com o aumento nas doses de nitrogênio e as produtividades

obtidas no período foram de 399, 653, 755 e 895 kg PV/ha, respectivamente.

Paris et al. (2009) avaliaram o efeito da adubação nitrogenada em dosséis

monoespecíficos de coastcross-1 adubados com 200 kg N/ha ou consorciados

com Arachis pintoi sem adubação e adubados com 100 ou 200 kg N/ha

manejados sob lotação contínua e ofertas de forragem variando de 8,7 a 10,6

Manejo do pastejo

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kg MS/Kg PV. Maiores taxas de lotação e desempenhos por animal foram

verificados em pastos recebendo 200 kg N/ha. As produtividades médias

obtidas ao final de um ano foram de 1.390 kg PV/ha em pastos de

coastcross+Arachis+ 200 kg N/ha e 1.422 kg PV/ha em coastcross + 200 kg

N/ha, correspondendo a valores 32 e 35% maiores àqueles verificados em

dosséis consorciados sem adubação. Esses resultados foram atribuídos a

maior proporção de folhas e maior valor nutritivo da forragem disponível em

dosséis que receberam 200 kg N/ha exclusivos ou consorciados. Em pastos de

braquiária decumbens (Brachiaria decumbens cv. Basilisk) manejados a 20 cm

de altura sob lotação continua, a elevação da dose de N de 75 para 300

kg/ha/ano resultou em aumento das taxas de lotação de 3,6 para 5,3 UA/ha

durante a época de crescimento - janeiro a abril (Moreira et al., 2011). Dessa

forma, para a mesma altura de manejo, a adubação nitrogenada incrementa o

crescimento foliar e o perfilhamento resultando em maior proporção de folhas

no dossel. Em pastos de capim Tanzânia adubados com 75, 150, 225 kg

N/ha/ano ou consorciados com estilosantes (Stylosantes spp. cv. Campo

Grande) manejados sob lotação continua em alturas de dossel entre 40 e 45

cm, houve aumento na massa de lâminas foliares no verão e outono com o

aumento nas doses de N (Ribeiro et al., 2011). Embora não tenha sido

verificada diferença no desempenho individual de bovinos nas épocas de

primavera e verão, as taxas de lotação e o ganho por área foram cerca de 10%

maiores para a dose de 225 kg N/ha comparativamente aos outros

tratamentos. As maiores diferenças entre as doses de N foram registradas no

outono, em que pastos que receberam 225 kg N/ha resultaram em ganhos por

animal cerca de 4 vezes maiores (0,26 vs 0,06 kg/animal/dia) e o ganho por

área de 2 a 3 vezes (0,68 vs 0,17 kg/ha/dia) aqueles obtidos em pastos que

receberam 75 kg N/ha. Nesse sentido, além do aumento em produção de

forragem, taxas de lotação e desempenho animal nas épocas de crescimento

ativo das plantas forrageiras, a adubação nitrogenada mantém um efeito

residual e promove melhorias na condição do dossel no outono e inverno,

evitando perda de peso dos animais na época de escassez de forragem (Figura

8).

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Figura 8. Aspecto visual do dossel no final de primavera (outubro/2007) em pastos de capim

Marandu manejados a 30 cm de altura sob lotação contínua sem adubação ou adubados com

450 kg N/ha/ano em Piracicaba – SP.

Contudo, aumento no desempenho animal em função da adubação

nitrogenada também é observado. Gimenes et al. (2010) verificaram aumentos

de 20% em desempenho por animal e de 30% nas taxas de lotação no

outono/inverno (0,490 vs 0,590 kg/animal/dia e 1,23 vs 1,61 UA/ha) com o

aumento na dose de N de 50 para 200 kg/ha/ano aplicados na época de

crescimento em pastos de capim Marandu sob pastejo rotativo quando a altura

de entrada foi de 25 cm e saída com 15 cm. Euclides et al. (2007) avaliaram o

efeito da adubação nitrogenada em pastos de capim Tanzânia manejados sob

lotação rotativa com 7 dias de utilização e 35 dias de descanso ao longo de 3

anos. Neste trabalho 50 kg N foram aplicados no início da estação de

crescimento (novembro) e outro tratamento consistiu na aplicação adicional de

50 kg N no final do período das águas (março). Os resultados demonstraram

que a aplicação adicional de N promoveu aumentos nas taxas de lotação no

período seco, gerando produtividades médias de 690 e 780 kg PV/ha/ano para

as doses de 50 e 100 kg N/ha/ano.

Nesse sentido, os benefícios gerados pela adubação nitrogenada aliada

ao manejo adequado da espécie forrageira adotada aumentam sobremaneira a

produtividade do sistema de produção. Esses benefícios estendem-se mesmo

na época seca, fator este que é muitas vezes ignorado no planejamento e

análise econômica da propriedade.

Sem adubação 450 kg N/ha

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5. Viabilidade econômica

Com o intuito de explorar o assunto no tocante a viabilidade econômica

da adubação de pastagens, escolheu-se um cenário de produção animal em

pasto que é predominante em grande parte da pecuária brasileira. Esse cenário

é caracterizado pelo uso da Brachiaria brizantha (Braquiarão) (Andrade, 2001),

principalmente o capim Marandu, e uso de lotação contínua. Na grande maioria

das propriedades que adotam essa estratégia de pastejo, lotação contínua, o

fazem sem nenhum tipo de controle da estrutura do pasto, sendo sempre

tratada de forma extensiva e extrativista. O cenário proposto refere-se ao uso

da lotação contínua com taxa de lotação variável em que se controla a

estrutura do pasto, com objetivo de maximizar as respostas de plantas e

animais.

A simulação será feita com base em resultados de trabalhos,

conduzindo na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ), com

capim Marandu submetido à lotação contínua que apontaram que a maior

produtividade animal (produto entre a taxa de lotação e o desempenho dos

animais) foi obtida quando os pastos foram mantidos a 30 cm de altura

(Andrade, 2003; Sarmento, 2003; Da Silva et al., 2012). Como o N é o principal

responsável pelo aumento na produção de forragem, quando não há outros

fatores limitantes, em outro trabalho pastos de capim Marandu mantidos a 30

cm de altura, sob lotação contínua, receberam diferentes doses de N, que

foram: Zero, 150, 300 e 450 kg de N/ha.ano. Dessa forma, a simulação da

viabilidade econômica, apresentada no presente tópico, considera os

resultados já publicados (Mesquita et al., 2010; Pereira et al., 2010; Caminha et

al., 2010; Paiva et al., 2011; Paiva et al., 2012) e os ainda não publicados. É

importante salientar que os pastos que não receberam adubação nitrogenada

(zero) não estavam deficientes de N, devido ao alto teor de matéria orgânica do

solo onde o trabalho foi desenvolvido, e nem dos demais nutrientes.

Foram considerados os seguintes parâmetros para análise econômica:

- Considerou-se apenas o período de crescimento efetivos dos pastos, em que

com apenas o uso do pasto seria possível atender as necessidades de

mantença e produtiva dos animais. Para as condições onde o experimento foi

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desenvolvido esse período é em torno de 180 dias, mas dependendo da região

podem-se encontrar períodos maiores ou menores a esse.

- Os animais utilizados foram da raça Nelore, como peso inicial de 250 kg, peso

esse que pode ser obtido com animais de 1 ano.

- O consumo dos animais não foi limitado, pois a estrutura com que o pasto era

mantido permitia que os animais colhessem à forragem necessária ao longo do

dia, dados ainda não publicados.

- A taxa de lotação foi obtida durante duas estações de crescimento 2007/2008

e 2008/2009, que em Piracicaba, SP, foi de novembro a abril durante o

experimento descrito acima.

- Durante esse experimento não foi possível medir o desempenho dos animais,

mas com base na composição bromatológica da forragem, foi possível estimar

o desempenho utilizando-se o NRC4 Gado de Corte 1996.

- Como a taxa de lotação está expressa em UA (animal de 450 kg) e o

desempenho foi estimado para um animal de 250 kg, que equivale a 0,55 UA,

para se obter o ganho por área é necessário, primeiramente, ajustar o

desempenho para o equivalente a 1 UA. Feito isso, multiplicou-se o

desempenho dos animais pela taxa de lotação e pela duração do período de

crescimento dos pastos, obtendo-se, dessa forma, o ganho por área.

- A quantidade de arroba produzida por hectare foi obtida considerando-se um

rendimento de carcaça de 50%.

- Para efeito comparativo, utilizou-se a média nacional de 1 UA/ha e com

desempenho de 0,500 kg/dia, que foi denominado de “Cenário nacional”.

- Considerou-se, com base nos dados do CEPEA5, o valor da arroba de boi de

R$ 97,31.

- O adubo nitrogenado considerado foi a uréia, com o custo da tonelada de

R$ 1240,00, que resulta em um custo de R$ 2,75 por kg de N.

- A tonelada de milho moído (88% de NDT) de R$ 600,00.

Dessa forma, considerando o cenário descrito acima, é apresentado na

Tabela 1 os resultados de taxa de lotação, desempenho dos animais e

rendimento em kg de PV/ha e a quantidade de arroba/ha.

4 NUTRIENT REQUIREMENTS OF BEEF CATTLE

5 CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

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Tabela 1 – Resultados produtivos e ganhos em pastos de capim Marandu submetido à lotação

contínua e adubação nitrogenada.

Dose de N

(kg/ha)

Taxa de lotação

(UA/ha)

Desempenho

(kg/dia)

Ganho

(kg PV/ha)

Ganho

@/ha

Cenário nacional 1,00 0,50 164 5,5

Sem N 1,91 0,48 299 10,0

150 3,39 0,65 721 24,0

300 3,76 0,75 923 30,8

450 4,09 0,71 950 31,7

Há um aumento considerável na quantidade de arroba produzida por

hectare na medida em que se aumenta a quantidade de N aplicada. Um dos

fatores responsáveis por isso foi o aumento da taxa de lotação, pois na medida

em que se aumentou a quantidade de N aplicada aumentou-se a produção de

forragem (Mesquita et al., 2010) e, com isso, foi necessário aumentar o número

dos animais nos pastos para mantê-los na altura de 30 cm. Porém, o aumento

da taxa de lotação não é linear com aumento da dose de N aplicada, pois

perdas por lixiviação e volatilização são maiores na medida em que se

aumenta a dose aplicada. Vale lembrar que em todas as doses aplicadas foram

divididas em quatro aplicações realizadas nos meses de dezembro, janeiro,

fevereiro e março. Adicionalmente, tem que se considerar a capacidade de

resposta à adubação da gramínea forrageira, nesse caso, espécies como os

Panicum (e.g. tanzânia e mombaça) e Pennisetum (e.g. napier e cameron)

possuem maior potencial de resposta à adubação que o capim Marandu.

Outro fator que determinou aumento na quantidade de arroba produzida

por hectare foi o aumento do desempenho individual dos animais (Tabela 1).

Isso ocorreu devido a melhor composição químico-bromatológica da forragem

consumida. Porém, da mesma forma como a taxa de lotação, o aumento no

desempenho não foi linear com o aumento das doses de N, sendo muito

próximos os valores de desempenho entre as doses de 300 e 450 kg de N, pois

a composição bromatológica, também, foi muito próxima entre elas. Contudo, é

importante destacar que os animais que pastejavam nesses pastos estavam

consumindo uma dieta com relação energia/proteína desbalanceada, a dieta

apresentava em média 16% de PB e a energia consumida não era suficiente

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II SIMBOV – II Simpósio Matogrossense de Bovinocultura de Corte

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para aproveitar toda essa proteína. Esse excesso de proteína no rumem acaba

sendo excretado pela urina, que além de representar redução da eficiência de

uso da proteína, é uma importante via de contaminação do meio ambiente, pois

acaba contribuindo com a emissão de oxido nitroso. Sendo assim, para dietas

acima de 15-16% PB é preciso pensar em suplementação energética. Os

pastos adubados com 150 kg de N apresentaram equilíbrio entre a quantidade

de energia e proteína. Dessa forma, utilizando o NRC Gado de Corte (1996),

calculou-se a quantidade de energia que seria necessária para aproveitar essa

proteína que estava “excedente” no rúmen nos pastos que receberam 350 e

400 kg de N. A suplementação foi realizada com milho moído com 88% de

NDT. Embora sejam apresentados todos os cenários que foram considerados

até o momento, a suplementação energética foi apenas nos pastos com 300 e

450 kg de N (Tabela 2). Como se pode observar, há um ganho expressivo em

desempenho na medida em que aproveita a proteína que estava excedente no

rumem nos pastos que receberam as maiores doses de N. A suplementação

energética, além de aumentar o desempenho, provavelmente promove um

efeito de substituição da forragem e, dessa forma, mais animais podem e

devem ser utilizados para manter os pastos nos 30 cm, aumentando ainda

mais a taxa de lotação.

Tabela 2 – Efeitos da suplementação energética para bovinos em pastos de capim Marandu

submetido à lotação contínua e adubação nitrogenada.

Dose de N

(kg/ha)

Supl. energética

(kg/cab.dia)

Desempenho

(kg/dia)

Ganho

(kg PV/ha)

Ganho

@/ha

Cenário nacional 0,0 0,50 164 5,5

Sem N 0,0 0,48 299 10,0

150 0,0 0,65 721 24,0

300 2,18 1,36 1674 55,8

450 2,38 1,36 1820 60,7

Analisando os dados apresentados até momento fica evidente os

benefícios da adubação nitrogenada sobre a produção animal em pasto. A

diferença 4,5 arrobas entre a média nacional e ao tratamento sem nitrogênio,

que foi utilizado no experimento, está relacionada ao manejo do pastejo, que foi

realizado de forma a manter os pastos nos 30 cm de altura recomendado por

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trabalhos anteriores. No cenário nacional, além da pouca atenção com

fertilidade do solo, não se observa nenhum cuidado com a manutenção da

estrutura do pasto que, por sua vez, é realizado pelo manejo do pastejo.

Considerando-se apenas o custo com o adubo, sem considerar o

processo de sua distribuição que, nesse caso, representa a menor parcela do

custo total da adubação, é apresentado na Tabela 3 à receita líquida gerada.

Como se pode observar a maior receita foi obtida nos pastos adubados com

300 kg de N. Receita essa 4 vezes maior da que é observada no cenário

nacional, isso mostra que o uso da adubação nitrogenada, quando acompanha

do controle da estrutura do pasto, é altamente viável. Provavelmente, para

capim Marandu, a maior viabilidade econômica da adubação nitrogenada

dificilmente será maior se utilizar doses superiores a 300 kg de N/ha. Mas a

mensagem que fica é que adubação nitrogenada é viável e proporciona ganhos

interessantes, mas deve ser acompanhada do ajuste do manejo do pastejo.

Tabela 3 – Renda, custo e receita líquida do uso de adubação nitrogenada em pastos de capim

Marandu submetidos à lotação contínua.

Dose de N

(kg/ha)

Renda gerada

(R$/ha)

Custo adubação

(R$/ha)

Receita líquida

(R$/ha)

Cenário nacional 530 0,0 530

Sem N 971 0,0 971

150 2340 412,5 1928

300 2994 825,0 2167

450 3082 1237,5 1845

Outro ponto importante, é que os animais nos pastos com 300 kg de N

podem chegar ao final da estação de crescimento com aproximadamente 385

kg de PV, já praticamente prontos para a terminação em confinamento. Sendo

assim, esses animais permanecem menos tempo no confinamento, reduzindo-

se os custos da fase de terminação, sendo abatidos com 24 meses de vida. Já

no cenário nacional e nos pastos sem adubação nitrogenada esses animais

chegariam ao final da estação de crescimento com menos 340 kg de PV, que

demandariam maior tempo de confinamento, aumentando o custo de produção,

ou tendo que esperar a próxima estação de crescimento para atingir o peso, o

que levaria esse animal ser abatido com 3 anos.

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Para finalizar, voltando ao cenário de quando se usa suplemento

energético para animais em pastos adubados com 300 e 450 kg de N,

observam-se ganhos ainda mais expressivos com o uso da suplementação

energética (Tabela 4). Novamente, o melhor retorno econômico ocorreu nos

pastos adubados com 300 kg de N, com valores 7 vezes maiores do que o

observado com o cenário nacional.

Tabela 4 – Renda, custo e receita líquida de uso de suplemento energético para bovinos em

pastos de capim Marandu submetidos à lotação contínua e adubação

nitrogenada.

Dose de N

(kg/ha)

Renda gerada

(R$/ha)

Custo adub.

(R$/ha)

Custo supl.

(R$/ha)

Receita

líquida

(R$/ha)

Cenário nacional 530 0,0 0,0 530

Sem N 971 0,0 0,0 971

150 2340 412,5 0,0 1928

300 5429 825,0 750,0 3854

450 5905 1237,5 865,0 3802

Com isso fica nítido que a adubação nitrogenada pode ser rentável e

pode ser utilizada como ferramenta para verticalização da pecuária. Para isso,

o uso da adubação não pode ser uma ação isolada, mas uma ação que deve

ser acompanhada de ajuste no manejo do pastejo. A primeira pergunta antes

de se responder qual a quantidade de N que tenho que aplicar em minha

propriedade é, quanta forragem preciso produzir? Além disso, na simulação

realizada a dose de 300 kg de N foi á mais rentável, mas isso não significa que

essa é a recomendação adequada para todas as propriedades. Se a

necessidade de animal a ser alimentada é muito alta, talvez, seja preciso

utilizar dose maior ou usar um capim mais produtivo. O cuidado com o tipo de

suplementação é muito importante, em muitos casos observa-se produtores

realizando suplementação proteica em uma época ou em uma condição onde

já está sobrando proteína e o que está faltando é energia.

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6. Considerações finais

Quando se trata de eficiência econômica e produtiva na utilização de

pastagens adubadas é preciso levar em conta o aspecto histórico da pecuária

no Brasil central, voltar as décadas de 70 e 80, considerando o formato da

colonização, a necessidade da abertura de novas áreas, a propriedade

valorizada com a ocupação estimulada, o boi e a terra como patrimônio

(capital) que não perdia valor diante da instabilidade econômica do país (e.g.

inflação, altas taxas de juros). De fato, hoje, o país se apresenta como uma das

potência econômica no cenário mundial, com economia relativamente estável,

com produção crescente de alimentos e com alta valorização das terras.

Como resultado disso, a pecuária, especialmente em Mato Grosso, vive

momento de transição do modo extrativista, colonial, arcaico para uma

atividade mensurada, verticalizada, pautada em números e pressionada pela

crescente expansão das áreas de agricultura e pela regularização ambiental.

Por isso, a busca por sistemas de produção animal mais eficientes são

recorrentes. Será que a pergunta a se responder é: vale a pena adubar? Ou se

o correto é se perguntar: até quando as propriedades estarão fechadas para as

tecnologias disponíveis? Provavelmente, enquanto não houver escrituração

zootécnica, mensuração, pesagens de animais e contas não forem feitas, a

dúvida sempre estará na porteira. Nesse cenário, a pecuária terá que ser cada

dia mais profissionalizada com ampla utilização de tecnologias, que passam

por calcário, adubo, manejo do pastejo, ajustes de taxa de lotação,

orçamentação forrageira, nutrição animal avançada, planilhas, bolsa de

valores, mercado futuro, exportação, etc. Cabe a cada um avaliar o cenário a

sua volta e tomar a decisão de maneira fundamentada.

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