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Identificação de Indicadores de Ecoeficiência para a
Indústria dos Moldes de Injeção de Plástico
Carlos Filipe Resina de Almeida Alves Roda
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Mecânica
Orientador: Prof. Paulo Miguel Nogueira Peças
Júri
Presidente: Prof. Rui Manuel dos Santos Baptista Orientador: Prof. Paulo Miguel Nogueira Peças
Vogais: Profª. Elsa Maria Pires Henriques Profª. Inês Esteves Ribeiro
Junho 2015
i
Resumo
As temáticas de Futuro Sustentável e Sustentabilidade Empresarial têm vindo a ganhar
cada vez mais peso na consciência das sociedades, e têm conquistado o seu espaço na
estratégia de um número crescente de empresas. Este novo modo de olhar o mundo levou a
que nas últimas decadas tenham surgido novos conceitos e ferramentas de apoio à gestão,
que auxiliem no objetivo de tornar um dado sector de atividade mais sustentável.
O trabalho aqui apresentado assenta precisamente na aplicabilidade de uma destas
ferramentas, a Avaliação da Ecoeficiência, ao sector dos Moldes de Injeção de Plástico em
Portugal.
O trabalho de Avaliação de Ecoeficiência de um sistema produtivo é tarefa complexa,
consumidora de tempo e recursos. O presente trabalho procura facilitar avaliações futuras a
casos de estudo do sector dos moldes de injeção de plástico, ao procurar identificar um
conjunto de Indicadores de Ecoeficiência representativos e fundamentais para uma avaliação
correta. Para tal, é apresentada uma linha de raciocinio que identifica todas as etapas, dados e
cálculos necessários, procurando sempre relacionar os resultados obtidos em cada etapa com
os Princípios da Ecoeficiência. Todas as etapas estão apoiadas em normas e metodologias
comprovadas que garantem a sua validade.
No final são propostas tabelas com os indicadores identificados e divididos por contexto de
estudo, prontas a dar apoio a trabalhos de avaliação de ecoeficiência no sector dos moldes de
injeção de plástico.
Palavras-Chave: Sustentabilidade; Ecoeficiência; Moldes de injeção de plástico.
ii
Abstract
The theme of Sustainability and Sustainable Future has been gaining weight in the
conscience of the modern societies and conquering space among a growing number of
companies and their strategies. This new way of facing the world lead to the development of
new concepts and management tools, in the last decades, that provide help in achieving a
sustainable position for any given company or business sector.
This thesis builds precisely on the applicability of one of these tolls, the Evaluation of Eco-
efficiency, for business of Injection Moulding of Plastic material in Portugal.
The Evaluation of Eco-efficiency for a production system is a complex, time and resource
consuming task. There for, this thesis aims to help future evaluations by providing a set of Eco-
efficiency Indicators required for a correct evaluation. In order to do that, a guide line is
presented that identifies all the steps and data required and matches all the results with The
Principals of Eco-efficiency. All these steps are based on proven standard rules that guaranty
the step’s validity.
At the end, a set of tables are presented with the resulting indicators, organized by
applicability and ready to provide assistance on future eco-efficiency evaluations.
Key-Words: Sustainability; Eco-efficiency; Injection Moulding
iii
Agradecimentos
Ao meu orientador, Sr. Prof. Paulo Peças, por toda a orientação neste trabalho e em
especial, todo o apoio e aconselhamento nos momentos mais complicados.
Ao Eng. Ivo Bragança do Núcleo de Oficinas do Instituto Superior Técnico pela
disponibilidade demonstrada no esclarecimento de questões ao longo deste trabalho.
Aos meus companheiros de luta desde o meu primeiro dia de curso: Alexandre
Fernandes, Filipe Melo, Artur Granja, Milene Pereira e Juliana Mota.
À Dra. Maria José Ferrão e todos os meus colegas do Núcleo de Apoio ao Estudante
pelo apoio e encorajamento constantes neste ciclo que agora termino.
Aos meus pais, irmã e cunhado por toda a força e confiança que me transmitiram e que
me levou a superar todas as díficuldades que encontrei.
Por último, uma especial dedicatória aos meus avós António e Ilda Roda, para quem
nunca tive defeitos. Infelizmente já não posso partilhar este momento com os dois, mas sempre
estiveram e estarão presentes.
iv
Índice
Resumo .............................................................................................................................. i Abstract ............................................................................................................................. ii Agradecimentos ............................................................................................................... iii Índice ............................................................................................................................... iv
Índice de Tabelas ............................................................................................................ vii Índice de Figuras ............................................................................................................. ix
1. Introdução ................................................................................................................. 1
2. Ecoeficiência – O caminho para um mundo sustentável .......................................... 3
2.1 Enquadramento .................................................................................................. 3
2.2 Sustentabilidade Empresarial ............................................................................. 3
2.2.1 Ecologia Industrial ...................................................................................... 4
2.2.2 Ecodesign ................................................................................................... 4
2.2.3 Produção Lean ............................................................................................ 4
2.2.4 Produção Mais Limpa ................................................................................. 5
2.2.5 Prevenção e Controlo Integrado da Poluição ............................................. 5
2.2.6 Politica Integrada de Produtos .................................................................... 6
2.2.7 Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) e de Energia (SGE) ....................... 6
2.2.8 Avaliação de Desempenho Ambiental ....................................................... 7
2.2.9 Ecoeficiência .............................................................................................. 7
2.2.10 Índice de Sustentabilidade Dow Jones ....................................................... 7
2.2.11 Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável da Câmara do Comércio Internacional ............................................................................................ 7
2.3 Ecoeficiência ...................................................................................................... 8
2.3.1 Da filosofia ao conceito .............................................................................. 8
2.3.2 Vantagens da Ecoeficiência ........................................................................ 9
2.4 Avaliar e Monitorizar a Ecoeficiência ............................................................. 10
2.4.1 Classes de Indicadores .............................................................................. 10
2.4.2 Indicadores Ambientais ............................................................................ 11
2.5 Indicadores de Ecoeficiência ........................................................................... 13
2.5.1 Desenvolvimento de indicadores .............................................................. 13
2.5.2 Classificação dos Indicadores de Ecoeficiência ....................................... 14
2.6 Cálculo do Indicador de Ecoeficiência ............................................................ 16
2.7 Etapas do cálculo de Ecoeficiência .................................................................. 17
2.7.1 Avaliação do Ciclo de Vida – Life Cycle Assessment - LCA.................. 18
2.7.2 Life Cycle Inventory – Inventário do Ciclo de Vida ................................. 18
2.7.3 Life Cycle Impact Assessment ................................................................. 18
v
2.7.4 Key Environmental Performance Indicators – KEPI ............................... 20
2.7.5 Valor do Produto/Serviço ......................................................................... 21
2.8 Análise comparativa das ferramentas apresentadas ......................................... 22
3. Estado de Arte da Indústria de Moldes e seu fabrico ............................................. 26
3.1 Breve Introdução histórica da Indústria de Moldes em Portugal ..................... 26
3.2 Situação Actual e Competitividade da Indústria de Moldes em Portugal ....... 27
3.3 O Molde de Injecção de Plástico ..................................................................... 28
3.3.1 Breve Definição ........................................................................................ 28
3.3.2 Constituição do molde de injecção ........................................................... 29
3.3.3 Principais tipos de moldes ........................................................................ 30
3.3.4 Processo de Injecção ................................................................................. 32
3.4 Fabrico do Molde ............................................................................................. 34
3.4.1 Processos de Fabrico ................................................................................ 34
4. Identificação de Indicadores de Ecoeficiência para o Sector dos Moldes de Injeção de Plástico. ...................................................................................................................... 40
4.1 Metodologias e ferramentas de apoio usadas................................................... 41
4.2 Perfil Ambiental ............................................................................................... 43
4.2.1 Aspetos Ambientais .................................................................................. 44
4.2.2 Identificação dos KEPI’s .......................................................................... 46
4.2.3 Unidade Funcional .................................................................................... 52
4.2.4 Perfil Ambiental do caso de estudo .......................................................... 54
4.3 Perfil de Valor .................................................................................................. 61
4.3.1 Perfil de Valor do caso de estudo ............................................................. 62
4.4 Rácios e Indicadores de Ecoeficiência ............................................................. 64
4.4.1 Rácios e Indicadores de Ecoeficiência do caso de estudo ........................ 65
5. Aplicação a um caso de estudo ............................................................................... 68
5.1 Custos ............................................................................................................... 68
5.1.1 Custo do material do molde ...................................................................... 69
5.1.2 Custo da fresagem .................................................................................... 69
5.1.3 Custo da eletroerosão................................................................................ 71
5.1.4 Custo de produção do molde .................................................................... 72
5.1.5 Custo de injeção ....................................................................................... 72
5.2 Influência Ambiental ....................................................................................... 73
5.2.1 Influência Ambiental do material do molde ............................................. 73
5.2.2 Influência Ambiental da produção do molde ........................................... 74
5.2.3 Influência Ambiental da injeção ............................................................... 74
5.2.4 Influência Ambiental do fim de vida dos materiais .................................. 75
vi
5.3 Indicadores de Ecoeficiência ........................................................................... 75
6. Conclusões .............................................................................................................. 78
Referências ..................................................................................................................... 79
Anexos ............................................................................................................................ 83
vii
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Indicadores de desempenho ambiental .......................................................... 11 Tabela 2 - Tipos de Indicadores Relativos ..................................................................... 12 Tabela 3 - Exemplos genéricos de indicadores [5] ......................................................... 14 Tabela 4 - Exemplo de Indicadores de Aplicação Geral [5]........................................... 15 Tabela 5 - Exemplo de Indicadores de Aplicação Específica [5] ................................... 15 Tabela 6 - Peso das categorias consoante as perspetivas [43] ........................................ 20 Tabela 7 - Análise comparativa das ferramentas apresentadas ...................................... 23 Tabela 8 - Aspetos Ambientais do fabrico de moldes e injeção de plástico .................. 45 Tabela 9 - KEPI's Fase de Fabrico do Molde - CNC (IDO ISO 14031:2005 vs Aspectos Ambientais) .................................................................................................................... 48 Tabela 10 - KEPI's Fase de Fabrico do Molde - EDM (IDO ISO 14031:2005 vs Aspectos Ambientais) ..................................................................................................... 49 Tabela 11 - KEPI's Fase de Utilização do Molde (IDO ISO 14031:2005 vs Aspectos Ambientais) .................................................................................................................... 51 Tabela 12 - Perfil Ambiental do sistema de produção.................................................... 55 Tabela 13 - Análise macro do Perfil Ambiental ............................................................. 58 Tabela 14 - Perfil Ambiental da Maquinagem ............................................................... 59 Tabela 15 - Perfil Ambiental Electroerosão ................................................................... 60 Tabela 16 - Perfil Ambiental Produto Molde ................................................................. 60 Tabela 17 - Perfil Ambiental da Injeção de Plástico ...................................................... 60 Tabela 18 – Exemplos de Indicadores de Valor sugeridos pelo WBCSD [5] ................ 61 Tabela 19 - Perfil de Valor para Processos de fabrico e fase de Injeção de plástico ..... 62 Tabela 20 - Perfil de Valor para Produto Molde ............................................................ 63 Tabela 21 - Perfil de Valor para Produto Peça ............................................................... 63 Tabela 22 - Indicadores de Ecoeficiência para Perfil gestão de Topo (Fabricante de moldes) ........................................................................................................................... 66 Tabela 23 - Indicadores de Ecoeficiência para Perfil gestão de topo (Fabricante peça) 66 Tabela 24 - indicadores de Ecoeficiência para Perfil design do molde (Fabricante de moldes) ........................................................................................................................... 67 Tabela 25 - Indicadores de Ecoeficiência para Perfil gestão da produção (Fabricante moldes) ........................................................................................................................... 67 Tabela 26 - Indicadores de Ecoeficiência para Perfil gestão da produção (Fabricante peça)................................................................................................................................ 67 Tabela 27 - Volume e caraterísticas do material utilizado ............................................. 69 Tabela 28 - Custos materiais utilizados .......................................................................... 69 Tabela 29 - Variáveis exteriores aos processos .............................................................. 69 Tabela 30 - Variáveis a considerar no custo do processo de fresagem .......................... 70 Tabela 31 - Custo processo de fresagem do molde ........................................................ 70 Tabela 32 - Variáveis a considerar no custo do processo de eletroerosão ..................... 71 Tabela 33 - Custo com operação de fresagem dos elétrodos .......................................... 71 Tabela 34 - Custo operação eletroerosão ........................................................................ 72 Tabela 35 - Custo de produção do molde ....................................................................... 72 Tabela 36 - Custos e variáveis do processo de injeção .................................................. 72 Tabela 37 - Custo do processo de injeção ...................................................................... 73 Tabela 38 - Massa e Influência Ambiental do material do molde e estrutura ................ 74 Tabela 39 - Influência Ambiental da produção do molde .............................................. 74 Tabela 40 - Influência Ambiental da injeção.................................................................. 74 Tabela 41 - Influência Ambiental do fim de vida dos materiais .................................... 75
viii
Tabela 42 - Influência Ambiental Global do estudo....................................................... 75 Tabela 43 - Indicadores de Ecoeficiência para Perfil gestão de Topo (Fabricante de moldes) ........................................................................................................................... 76 Tabela 44- Indicadores de Ecoeficiência para Perfil gestão de topo (Fabricante peça) . 76 Tabela 45 - Indicadores de Ecoeficiência para Perfil gestão da produção (Fabricante moldes) ........................................................................................................................... 76 Tabela 46 - Indicadores de Ecoeficiência para Perfil gestão da produção (Fabricante peça)................................................................................................................................ 77 Tabela 47 - indicadores de Ecoeficiência para Perfil design do molde (Fabricante de moldes) ........................................................................................................................... 77 Tabela 48 - KEPI's por Princípio de Ecoeficiência ........................................................ 83 Tabela 49 - KEPI's segundo Norma ISO 14031:2005 .................................................... 85 Tabela 50 - KEPI's segundo GRI .................................................................................... 86 Tabela 51 - Perfil Ambiental por Processo ..................................................................... 87 Tabela 52 - Indicadores de Ecoeficiência - Aplicabilidade Específica .......................... 93 Tabela 53 - Indicadores de Ecoeficiência - Aplicabilidade Geral ................................ 100
ix
Índice de Figuras
Figura 1 - Método EI 99 [43] ......................................................................................... 20 Figura 2 - Componentes típicos de um molde ................................................................ 29 Figura 3 - Exemplo de molde de canais frios ................................................................. 31 Figura 4 - Exemplo de molde de canais quentes ............................................................ 31 Figura 5 - Ciclo de Injeção de plástico ........................................................................... 33 Figura 6 - Fluxo de energia e materiais do processo de injeção de plástico................... 33 Figura 7 - Diferentes tipos de fresagem.......................................................................... 35 Figura 8 - Exemplo de operação de electroerosão .......................................................... 36 Figura 9 - Electroerosão por penetração ......................................................................... 37 Figura 10 - Eletroerosão por fio ..................................................................................... 38 Figura 11 - Operação de torneamento ............................................................................ 39 Figura 12 - Operação de furação .................................................................................... 39 Figura 13 - Fluxograma da metodologia utilizada ......................................................... 42 Figura 14 - Molde utilizado ............................................................................................ 68 Figura 15 - Peça obtida ................................................................................................... 68
1
1. Introdução
Com a crescente consciencialização ambiental das sociedades, o paradigma da
Sustentabilidade ganhou uma importância cada vez maior. Hoje são raras as organizações que
não apresentam nas suas estratégias operacionais, ações que visem uma melhoria de
eficiência no que toca a consumos energéticos e outros recursos. Com efeito, as últimas
décadas trouxeram novos conceitos e ferramentas de apoio à gestão que visam ajudar as
organizações a atingir uma operacionalidade sustentável. O presente trabalho fará enfoque
numa dessas ferramentas, a Avaliação de Ecoeficiência.
A Ecoeficiência é uma ferramenta que procura auxiliar as empresas a melhorar o seu
desempenho ecológico sem prejuizo do desempenho económico, uma vez que a avaliação
ambiental é sempre feita em relação ao valor do produto ou sistema de produção em estudo.
Com o passar dos anos, a ecoeficiência tem passado no “teste do tempo”, verificando-se
que, esta ferramenta tem vindo a ganhar espaço nas operações das empresas à medida que
os órgãos de gestão vão reconhecendo as suas mais-valias. Ao recorrer a esta ferramenta
para definir as suas estratégias de ação, uma empresa/organização está a dar passos seguros
no sentido de alcançar a sustentabilidade. Uma análise da bibliografia sobre este tema permitiu
verificar que, a aplicabilidade destas ideias não se restringe aos grandes grupos empresariais e
internacionais, podendo as pequenas e médias empresas beneficiar igualmente da
implementação destas práticas. Do mesmo modo, as empresas de serviços podem recorrer a
este conceito na forma como prestam os seus serviços aos clientes, contribuindo assim para
que também estes se tornem mais ecoeficientes. Observou-se porém, que a ecoeficiência
colhe um maior número de utilizadores junto de grandes empresas.
No caso específico desta tese, a Ecoeficiência foi aplicada ao sector dos Moldes de
Injeção de Plástico. Este é um sector onde se regista uma grande competitividade entre
empresas. Sendo os moldes portugueses reconhecidos mundialmente como peças de
engenharia de elevada qualidade, é de todo o interesse das empresas deste sector a
existência de ferramentas de apoio à gestão que lhes permitam alcançar uma melhoria
contínua das suas operações.
O trabalho de Avaliação de Ecoeficiência é uma tarefa complexa, morosa e consumidora
de recursos. Nesse sentido, este trabalho procura apresentar uma linha de raciocínio que
permita identificar os principais Indicadores de Ecoeficiência para o sector dos moldes de
injeção de plástico, assim como as etapas e cálculos necessários para obtê-los. Este raciocínio
tem como base normas e metodologias já comprovadas que garantem a validade do que é aqui
proposto. Algumas destas bases foram já usadas em trabalhos semelhantes, mas aqui
procura-se ajustá-las especificamente ao caso de estudo dos moldes de injeção de plástico.
2
Os indicadores propostos, como corolário do trabalho desenvolvido, contendo os
indicadores seleccionados por perfil de utilizador, resultam de um esforço de análise
sistemático de confluência entre os meios e os processos utilizados no fabrico de moldes e de
injeção de plástico e os documentos normativos. Deste modo, prevê-se que o resultado deste
trabalho possa ser usado como ferramenta de apoio a futuros trabalhos de Avaliação de
Ecoeficiência no sector dos Moldes de Injeção de Plástico, auxiliando na redução de tempo e
recursos despendidos e tornando a própria avaliação num trabalho mais (eco)eficiente.
3
2. Ecoeficiência – O caminho para um mundo sustentável
2.1 Enquadramento
Num mundo em constante desenvolvimento e com mudanças a surgir de forma cada vez
mais acelerada, a procura de recursos para satisfazer as exigências das sociedades é cada
vez maior.
No entanto, esta procura, por vezes desregrada, trouxe consequências graves do ponto
de vista ambiental e de escassez de recursos naturais a nível global. As últimas décadas do
século XX mostraram ao mundo que o caminho até então trilhado era insustentável. As
alterações climáticas e a redução ou desaparecimento de recursos em várias zonas do globo
levaram a uma crescente tomada de consciência das sociedades para esta realidade [1].
O crescimento sustentável tomou, deste modo, um lugar de destaque no seio das
organizações que têm sofrido pressões sociais e legais para que adoptem uma postura mais
responsável ambientalmente [2].
O grande desafio passou a ser, como garantir este crescimento sustentável sem prejuizo
do principal objectivo de qualquer actividade económica, a rentabilidade financeira. Tornou-se
então evidente a necessidade de uma mudança de postura e modo de operar das empresas,
no sentido de conjugar um bom desempenho económico e financeiro com bons resultados no
plano ecológico e ambiental.
Com esta mudança em mente, foram desenvolvidos esforços de modo a municiar as
empresas com ferramentas que lhes permitisse operar as mudanças requiridas. Tais esforços
estiveram na origem dos diversos estudos, de onde resultaram metodologias/ferramentas de
apoio à gestão e que visam proporcionar um futuro mais sustentável [1] [3] [4]. Estas
ferramentas serão apresentadas neste trabalho.
2.2 Sustentabilidade Empresarial
O conceito de sustentabilidade surgiu da constatação de que os ecossistemas não
recuperavam ao mesmo ritmo a que os recursos naturais eram solicitados pelas várias
actividades humanas [3].
O desenvolvimento sustentável entrou de forma definitiva no panorama internacional em
1987, aquando da publicação do relatório “O nosso futuro comum”, da Comissão para o
Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas [1]. Neste, é proposto a adopção de políticas
que visem atender as necessidades do presente sem comprometer as necessidades das
gerações futuras, reconhecendo que a cessação de actividades e de desenvolvimento
tecnológico e económica é impraticável e que o combate à pobreza e ao subdesenvolvimento
4
passa por uma nova visão de crescimento onde, os países em desenvolvimento têm uma
participação importante e colhem benefícios.
Desde então, muitas foram as organizações que se empenharam em adoptar este
conceito nas suas operações, procurando intervir naqueles que são tidos como os quatro
pilares da sustentabilidade: Económica, Ecológica, Social e Inovação Tecnológica [5].
Para que tal seja possível, vários conceitos e ferramentas foram sendo desenvolvidos
com o objectivo de se atingir um desenvolvimento empresarial mais sustentável. Estes
conceitos e ferramentas permitem acompanhar a evolução das organizações e fornecem dados
que apoiam na tomada de decisões por parte da gestão de topo. Destas salientam-se [6]:
2.2.1 Ecologia Industrial
O conceito de Ecologia Industrial tem por base uma abordagem sistémica que procura
relacionar a indústria e o ambiente de modo a avaliar e minimizar os impactos. Este conceito
assenta não só no estudo dos fluxos de materiais e energia das actividades envolvidas na
produção, no consumo/uso e fim de vida do produto, mas também no efeito que estes fluxos
têm no meio ambiente e a influência de factores económicos, politicos, legais e sociais
relacionados com o fluxo de uso e transformação de recursos [7].
Este conceito faz, por sua vez, uso de outras ferramentas de análise para atingir
resultados [2.40]. Destas salientamos a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) ou, como é mais
conhecida, Life Cycle Assessment – LCA. Irá ser dado maior enfoque a esta ferramenta num
ponto posterior deste trabalho.
2.2.2 Ecodesign
O Ecodesign, ou desenho para o ambiente, é uma metodologia que procura reduzir os
impactos originados do design do produto. Trata-se de uma ferramenta construida com base
numa abordagem focada no produto e sua manufactura. Deste modo, os impactos
considerados são referentes a todo o ciclo de vida do produto [8]. Ao assumir que os impactos
ambientais do produto se fazem sentir ao longo de todo o ciclo de vida do mesmo, esta
metodologia defende que a redução destes impactos deve resultar de acções levadas a cabo
em todas as fases do ciclo de vida do produto. Para o efeito, este método contempla três áreas
de acção: o design do processo, o design dos materiais e o design para o consumo de energia [8].
2.2.3 Produção Lean
A Produção Lean, ou Produção Magra, é uma ferramenta de auxílio à produção
fundamental para a implementação e melhoria de desempenho de ecoeficiência. Este tipo de
produção tem como objectivo a eliminação de resíduos/desperdícios derivados das operações
5
de produção, recorrendo para tal a um conjunto de práticas que optimizam a produção e
serviços em função da procura [9].
Esta metodologia baseia-se num conceito versatil e plurifacetado, que pode ser
agrupado em diferentes pacotes de boas práticas. A eliminação de residuos com origem no
processo produtivo é alcançado recorrendo a medidas de melhoria contínua e à alteração de
processos, com o intuito de reduzir o número de actividades que não contribuem para o
aumento de valor de produto nem para a redução de resíduos [9].
De forma a alcançar os objectivos propostos por este método, conceitos como, Produção
Mesmo a Tempo (Just in Time), Gestão da Qualidade Total, Manutenção Preventiva e Gestão
de Recursos Humanos, estão inclusos nas práticas de Produção Lean. O recurso a estes
conceitos auxilia aumentos na produtividade uma vez que, permitem que os tempos do
processo produtivo e de inventário sejam menos morosos e trabalhosos [9].
Além destes conceitos, outra prática recorrente na Produção Lean é o Value Stream
Mapping (Mapeamento do Fluxo de Valor), que consiste no levantamento do conjunto de
acções relativas ao processo de produção, mas que não adicionam valor ao produto. Deste
modo, torna-se mais fácil eliminar “despedicios” de tempo e recursos na cadeia produtiva [10].
2.2.4 Produção Mais Limpa
A Produção Mais Limpa – PML é uma ferramenta de acção preventiva que tem como
objectivo a melhoria da eficiência das operações de produção, e a redução dos impactos
ambientais resultantes destas através da mudança de comportamentos e hábitos [11] [12].
Esta metodologia tem colhido adeptos junto de empresas que controlam o seu processo
produtivo, e que são sensiveis a influências dos seus clientes e a restrições legais que impõem
a adopção deste tipo de produção [11] [12].
2.2.5 Prevenção e Controlo Integrado da Poluição
A Prevenção e Controlo Integrado da Poluição – PCIP, visa à prevenção da poluição
atmosférica, da água e dos solos e a redução da produção de resíduos, garantindo deste modo
a protecção ambiental e aplica-se a organizações cuja actividade é altamente poluente. Nesse
sentido, a União Europeia define obrigações legais através da Directiva 96/61/EC que rege a
PCIP. Esta directiva estabelece os procedimentos para as actividades inceridas na sua esfera
de controlo e estabelece os requisitos mínimos que dizem respeito a emissões e descargas
poluentes. Todas as organizações que se enquadram no âmbito desta directiva carecem de
uma licença para operar [13].
6
2.2.6 Politica Integrada de Produtos
A Política Integrada de Produtos – PIP é uma ferramenta que prevê a redução dos
impactos ambientais numa prespectiva de ciclo de vida dos produtos, desde a extração da
matéria-prima até à produção, utilização e fim de vida do produto. Ao considerar todos os
impactos ambientais das diferentes fases de vida do produto, a PIP tem como objectivo a
implementação de melhorias em cada uma destas fases [14].
A PIP prevê que, com recurso ao Ecodesign, a um critério de “escolha informada” do
produto e à aplicação do princípio do “poluidor-pagador” reflectido no preço do produto, se
verifique uma redução dos impactos provocados ao longo do ciclo de vida do produto.
Ao influenciar o tipo de consumo e o destino final dos produtos e serviços, a PIP aponta
no sentido do uso de instrumentos que consigam conciliar a integridade de todo o ciclo de vida
do produto com a necessidade de colmatar os encargos ambientais derivados deste [15].
2.2.7 Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) e de Energia (SGE)
A implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e de um Sistema de Gestão Energética (SGE) numa organização tem como objectivo dotar essa organização de
ferramentas que providencie oportunidades de melhoria quer do ponto de vista ambiental, quer
do ponto de vista económico [5].
Os SGA são desenvolvidos segundo as directrizes impostas pelas normas ISO 14000.
Em particular, a ISO 14001:2004 indica às organizações o modo como estas devem
estabelecer um SGA, para que este sistema permita não só atingir as metas ambientais
impostas por requisitos legais, mas também as estabelacidas pela empresa, e que o mesmo
esteja em consonância com sistemas de auditoria utilizados [11] [16].
Os SGE são fundamentados pelas normas ISO 50001:2011 e ISO 16001:2004. Estas
normas procuram apoiar as organizações na implementação dos sistemas e processos
necessários com vista à melhoria do seu desempenho energético, especificando os requisitos
necessários para a implementação de um SGE. Estes requisitos incluem o desenvolvimento e
implementação de uma política energética, estabelecimento de objectivos, definição de metas
a atingir, elaboração de um plano de acção e levantamento das obrigações legais associada
aos consumos de energia [17] [18].
Deste modo, como resultado da implementação do SGE espera-se assista a uma
redução dos impactos ambientais associados aos consumos energéticos como é o caso das
emissões de Gases de Efeito de Estufa (GEE) [17] [18].
7
2.2.8 Avaliação de Desempenho Ambiental
À semelhança com outros processos referidos anteriormente, a Avaliação de Desempenho Ambiental – ADA é uma ferramenta de auxilio à gestão que procura relatar de
forma fidedigna o desempenho ambiental de uma organização e, até que ponto as metas e
políticas traçadas estão a ser atingidas e seguidas. No entanto, esta é uma ferramenta passivel
de ser utilizada em conjunto com um sistema que faça uso de indicadores de desempenho
ambiental [19].
Trata-se de uma ferramenta particularmente útil em organizações que não disponham de
um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), pois, permite identificar os aspectos ambientais mais
relevantes, permitindo definir e avaliar as metas e objectivos a alcançar e, consequentemente,
identificar quais as áreas que necessitam de melhoria, algo que normalmente requer a
implementação de um SGA [20].
Esta ferramenta está normalizada pela norma portuguesa ISO 14031:1999 que define as
directrizes para a realização deste tipo de avaliação [20].
2.2.9 Ecoeficiência
Este tema terá uma abordagem especial num ponto mais avançado deste trabalho.
2.2.10 Índice de Sustentabilidade Dow Jones
Publicado pela primeira vez em 1999, o Índice de Sustentabilidade Dow Jones (ISDJ),
ou índices uma vez que existe mais que um índice, consoante a região do globo em análise, foi
desenvolvido com o pressuposto de medir e avaliar o desempenho financeiro das
organizações, do ponto de vista da Sustentabilidade Empresarial, identificado e destinguindo
deste modo as organizações líderes nesta área [21].
2.2.11 Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável da Câmara do Comércio Internacional
A Câmara do Comércio Internacional (CCI) é uma organização não-governamental que
tem como objectivo apoiar empresas de todos os sectores. Do esforço desta organização
nasceu a Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável [22].
Este documento aborda 16 príncipios de gestão ambiental, onde estão inseridos os
aspectos ambientais de especial relevo para a saúde, para a segurança e para a gestão do
produto.
Com este documento, o CCI procura ajudar as organizações a tornarem-se mais
sustentáveis, ao implementarem voluntáriamente os príncipios definidos na Carta [22].
8
Estas ferramentas/metodologias de apoio à gestão não garantem, por sí só, que se
atinge a sustentabilidade. Elas são complementares umas das outras, devendo ser articuladas
umas com as outras e sendo, em alguns casos, dependentes das outras na obtenção de dados
e resultados.
Tal como foi referido, este trabalho irá incidir principalmente sobre o conceito de
Ecoeficiência.
2.3 Ecoeficiência
2.3.1 Da filosofia ao conceito
O conceito da ecoeficiência foi apresentado pela primeira vez por Schaltegger e Sturm
em Basileia, na Suiça em 1990. Contudo, a ideia de implementação de políticas e modelos de
gestão que aliassem controlo de poluição e redução de resíduos com benefícios económicos já
data de 1975 quando, a 3M e a Dow Chemicals deram início, respectivamente, aos programas
“Pollution Prevention Pays” (A Prevenção da Poluição Compensa) também conhecido por
programa 3P’s e “WRAP – Waste Reduction Always Pays” (A Redução de Resíduos Compensa
Sempre).
Nesta mesma década, nasce o WBCSD – World Business Council for Sustainable
Development, que se dedica ao estudo e desenvolvimento deste conceito e de onde resultou a
edição do livro “Changing Course” [4].
Para o WBCSD, a Ecoeficiência é uma filosofia de gestão que procura desafiar o mundo
empresarial a procurar melhorias ambientais que proporcionem, paralelamente, benefícios
económicos, sendo que uma Análise de Ecoeficiência de um sistema produtivo ou negócio
servirá de ferramenta de apoio a uma empresa, no sentido de se atingirem as melhorias
mensionadas. Segundo esta organização, “a ecoeficiência atinge-se através da
disponibilização de bens e serviços a preços competitivos, que, por um lado, satisfaçam as
necessidades humanas e contribuam para a qualidade de vida e, por outro, reduzam
progressivamente o impacto ecológico e o consumo de recursos ao longo do ciclo de vida do
produto, até atingirem um nível que, pelo menos, seja compatível com a capacidade de
renovação estimada do planeta Terra”. Trata-se de um conceito que se foca, maioritariamente,
em dois dos pilares da sustentabilidade, o económico e o ambiental, e que se aplica a todo o
negócio, desde o marketing e desenvolvimento do produto, até à produção e distribuição [5].
No livro “Changing Course”, as empresas ecoeficientes são aquelas que criam produtos
e serviços mais úteis, ou seja, aquelas que acrescentam mais valor, reduzindo
progressivamente o consumo de recursos e as emissões poluentes [4].
9
Para além do WBCSD outras organizações também estudam a ecoeficiência, como a
Agência Europeia para o Ambiente (European Environment Agency - EEA) que define a
ecoeficiência como “mais bem-estar a partir de menos recursos” [23].
Para a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a
ecoeficiência é “a eficiência com a qual os recursos ecológicos são utilizados a serviço das
necessidades humanas” [24].
A Agência de Protecção Ambiental dos Estados Unidos da América (Environmental
Protection Agency – EPA) define a ecoeficiência como a habilidade de atingir,
simultaneamente, os objectivos de produção, custos e desempenho com redução de
desperdícios, utilização de recursos naturais e emissões poluentes. Para a EPA, a
ecoeficiência permite às empresas conciliar melhor desempenho económico com melhor
desempenho ambiental [25].
A adopção de práticas ecoeficientes no funcionamento de uma empresa incentiva a
inovação no seu seio, auxiliando esta a ultrapassar o desempenho da sua concorrência. Para
que a ecoeficiência seja alcançada é necessário seguir uma série de conceitos/princípios,
denominados os Princípios da Ecoeficiência [5].
1. Redução do consumo de materiais com bens e serviços;
2. Redução do consumo de energia com bens e serviços;
3. Redução da dispersão de substâncias tóxicas e poluentes para a atmosfera e
meio ambiente;
4. Aumento da reciclabilidade dos materiais;
5. Maximização do uso sustentável dos recursos renováveis;
6. Aumento da durabilidade do produto;
7. Aumento da intensidade do serviço.
2.3.2 Vantagens da Ecoeficiência
De acordo com várias publicações as empresas que implementaram práticas
ecoeficientes no seu funcionamento têm registado benefícios em diversos aspectos das suas
actividades [26] [27]:
• Otimização de processos – Economia de recursos, redução de impactos e redução
dos custos operacionais;
• Valorização de Subprodutos – Cooperação entre empresas para revalorizar
subprodutos e resíduos, visando o desperdício zero. O novo/melhor tratamento a dar a
subprodutos e resíduos abre a possibilidade de novos mercados e negócios;
• Novos e Melhores Produtos – Produtos ambientalmente aceitáveis, com melhores
funcionalidades, originando maior rentabilidade e participação/cota de mercado;
10
• Mercados mais Sustentáveis – As empresas podem tornar os mercados mais
sustentáveis com produtos/serviços/processos mais inovadores, com a formação de
alianças e troca de informações e recurso ao benchmarking.
Alguns autores acrescentam que as vantagens registadas no meio empresarial podem
ser transpostas para o sector público e estatal. A ecoeficiência pode igualmente apoiar
governos na conceção de políticas e estratégias nacionais, com vista ao desenvolvimento
sustentável de um país [26].
Desta forma, verifica-se que a ecoeficiência se trata de uma ferramenta passível de ser
aplicada em qualquer negócio ou sector em qualquer área geográfica [26] [29] [30].
2.4 Avaliar e Monitorizar a Ecoeficiência
Em todo o mundo, as empresas necessitam de dados que lhes permitam acompanhar e
avaliar a evolução do seu desempenho. Para esse efeito, o recurso a indicadores como
ferramentas de gestão é algo que está consolidado mundialmente, a nível empresarial e
governamental. Como qualquer ferramenta de apoio à gestão, também a ecoeficiência
necessita de meios apropriados de apresentação de resultados. Desta necessidade resultou o
aparecimento de “Indicadores de Ecoeficiência”.
Como qualquer outro tipo de indicadores, também os indicadores de ecoeficiência só
serão úteis se forem ao encontro das necessidades dos seus utilizadores, sendo que tal implica
alguma sensibilidade na sua criação. Nesse sentido, o WBCSD elaborou um conjunto de
orientações para as empresas que empregam a ecoeficiência no seu funcionamento possam
elaborar indicadores que reflitam a realidade das suas operações. Estes resultados foram
apresentados no relatório “Measuring Eco-Efficiency” [5].
2.4.1 Classes de Indicadores
O termo indicador tem origem do latim Indicare, que significa assimilar, estimar,
demonstrar ou determinar. Um indicador é uma ferramenta de controlo de gestão que auxilia
em momentos de tomada de decisão e definição de estratégias. São informações quantitativas
e qualitativas que permitem ver a evolução de uma empresa do ponto de vista a que o
indicador se destina. Neste sentido, pode-se inferir a qualidade de um determinado indicador
pela clareza da informação por ele fornecida [31].
Do estudo do WBCSD resulta a classificação dos indicadores em duas classes,
Indicadores de Sustentabilidade e Indicadores Ambientais.
1. Indicador de Sustentabilidade – Este tipo de indicador tem como objectivo
evidenciar as politica, estratégias, metas e práticas sustentáveis das empresas.
Resulta da análise de desempenho económico, social e ambiental da empresa. São
11
instrumentos úteis para demonstrar que pode ser possível, ao longo do tempo,
atingir o pleno desempenho nos quatro pilares da sustentabilidade empresarial, isto
é, apresentar de forma equilibrada e eficiente, um desempenho económico,
tecnológico, ambiental e social [31]. 2. Indicador Ambiental – Um indicador ambiental é algo que é medido regularmente
com o objetivo de mostrar tendências ou mudanças no estado de um sistema,
população ou individuo. O poder de um indicador ambiental depende da sua
capacidade para informar correctamente e em tempo útil as alterações verificadas no
meio ambiente [32].
Os indicadores ambientais revelam-se importantes ferramentas na avaliação e melhoria
da Ecoeficiência do ponto de vistados processo produtivose dos produtos, que são o alvo da
presente tese. É sobre estes que se irá focar o texto seguinte.
2.4.2 Indicadores Ambientais
A normalização na criação de indicadores é indispensável para que diferentes
indicadores possam ser comparados, a sua interpretação seja facilitada e a sua aplicabilidade
a diferentes sectores de atividade seja contextualizada [33]. Nesse sentido, tem vindo a ser
realizado trabalho por parte de várias organizações por forma a elaborar manuais de
aconselhamento na criação de indicadores.
O trabalho que é hoje aceite como base para outros foi o apresentado pela International
Organization for Standardization – ISO. Este organismo apresentou em 1993 uma série de
normas dedicadas à questão da Gestão Ambiental (família 14000) e que têm sofrido
actualizações regulares nos últimos anos [33].
Para o caso específico de normalização de indicadores ambientais, a ISO desenvolveu a
norma ISO 14031, que se debruça sobre a questão da monitorização do desempenho
ambiental (indicadores de desempenho ambiental) [34].
Segundo a norma ISO 14031 estes indicadores de desempenho ambiental podem ser
divididos em três categorias: Indicadores de Desempenho Operacional, Indicadores de Desempenho de Gestão e Indicadores das Condições Ambientais [35] [36].
A descrição de cada um deste tipo de indicador é apresentada na Tabela 1.
Tabela 1 - Indicadores de desempenho ambiental
IDO
Indicadores de Desempenho Operacional
• Aplicáveis a todas as organizações;
• São fundamentais para avaliar os aspectos ambientais das
actividades, produtos ou serviços;
• Actuam tanto no final do processo, monitorizando as
emissões de poluentes, quanto ao longo do processo,
monitorizando parâmetros que possuam funções de
12
prevenção de emissões poluentes.
IDG
Indicadores de Desempenho da Gestão
• Avaliam o esforço desenvolvido pela organização em prol
da salvaguarda ambiental;
• Avaliam igualmente os resultados alcançados.
ICA
Indicadores das Condições Ambientais
• Avaliam a qualidade do ambiente externo a nível local,
regional ou mundial relativamente às actividades da
organização.
• Avaliam os impactos das emissões efluentes gasosos e/ou
líquidos responsáveis pelo efeito de estufa e concentração
de poluentes no solo.
Quanto à tipologia do desempenho, os indicadores ambientais são também distinguidos
entre absolutos e relativos.
Os indicadores absolutos permitem acompanhar e avaliar o comprimento das normas e
legislação ambiental em vigor.
São usualmente expressos em toneladas, metros cúbicos, joules, ou outra unidade física
para um dado período de tempo, fornecendo valores do tamanho de impacto ou qualidade
ambiental e, deste modo, descrevendo a extensão da poluição ambiental [31].
Os indicadores relativos são razões entre os indicadores absolutos do mesmo ou de
diferentes tipos, associando informações sobre a causa, produtos gerados, valores
económicos, recursos naturais consumidos, ecossistema, condições ambientais existentes, etc.
Estes indicadores inferem sobre a eficiência ambiental da produção, intensidade de um
impacto ou o desempenho de uma determinada empresa relativamente ao tamanho ou
capacidade produtiva desta. Os seus valores estão, na maioria dos casos, associados à
produção, custos envolvidos ou emissões totais [31]. Por sua vez, os indicadores relativos
podem ser divididos em três tipos conforme indicado na Tabela 2.
Tabela 2 - Tipos de Indicadores Relativos
Indicadores de Intensidade
A razão de intensidade expressa um impacto por
unidade de actividade ou unidade de valor. O
decréscimo da razão de intensidade reflecte uma
melhoria de desempenho.
Indicadores Percentuais Pode expressar a eficiência do processo (razão
entre entrada e saída), perdas, percentagem de
reciclagem, etc.
Indicadores de Ecoeficiência Relação entre o valor de um produto ou serviço e a
sua influência ambiental. O valor pode ser
expresso em termos funcionais ou monetários.
13
Este trabalho irá focar-se no último tipo de indicadores, para o caso concreto do setor
dos moldes de injeção de plástico.
2.5 Indicadores de Ecoeficiência
Como referido anteriormente, os indicadores de ecoeficiência são indicadores ambientais
relativos que procuram proporcionar uma melhor compreensão e avaliação do desempenho
ambiental de um produto/serviço, relacionando-o com o seu valor económico.
Ao apresentar o desempenho ambiental de um produto/ serviço em forma de indicador
numérico, consegue-se obter uma melhor perspetiva do desempenho das soluções
implementadas em termos de ecoeficiência, podendo, inclusivamente, comparar estes valores
com outros existentes. A partir daqui, a empresa pode ter uma real medição da prestação
ambiental e económica dos seus produtos/serviços e processos, podendo reportar estes
valores nos seus relatórios junto de colaboradores, gestores e partes interessadas [28].
2.5.1 Desenvolvimento de indicadores
O desenvolvimento destes indicadores é um aspecto de extrema relevância uma vez
que, o objectivo da ecoeficiência consiste em apresentar um registo de desempenho de um
sistema, monitorizando a sua evolução, com recurso a dados transparentes, capazes de serem
transformados em informação de relevo quer para os órgãos de gestão da
empresa/organização, quer para grupos de agentes externos envolvidos [23]. As regras/passos
para determinar os indicadores são [5]:
• Ser relevantes e significativos na protecção do ambiente e da saúde humana e/ou
na melhoria da qualidade de vida;
• Fornecer informação aos órgãos de decisão, com o objectivo de melhorar o
desempenho da organização;
• Reconhecer a diversidade intrínseca inerente a cada negócio/actividade;
• Apoiar o benchmarking e fazer o acompanhamento das evoluções tecnológicas;
• Ser claramente definidos, mensuráveis, transparentes e verificáveis;
• Ser compreensíveis e significativos para as várias partes interessadas nos
resultados de ecoeficiência;
• Resultarem de uma avaliação geral da actividade da empresa, produtos e serviços,
concentrando-se principalmente em áreas controladas directamente pelos órgãos
de gestão;
• Levar em consideração questões relevantes e significativas, relacionadas com as
actividades da empresa (ex: fornecedores, utilização do produto, etc).
14
Na avaliação dos indicadores de ecoeficiência, o WBCSD aconselha uma estrutura com
três níveis para a organização de dados e informações: categorias, aspectos e indicadores [5].
Esta proposta é condizente com a terminologia indicada pelas normas ISO 14000, tendo
sido escolhida com o propósito de possibilitar a integração do conceito de ecoeficiência no
processo de certificação ambiental de empreendimentos.
Tipicamente identificam-se três categorias básicas para classificação de aspectos a
serem empregues em indicadores de ecoeficiência:
• Valor do produto ou serviço;
• Impacto no meio ambiente da geração do produto ou serviço;
• Impacto no meio ambiente da utilização do produto ou serviço.
Para além dos trabalhos do WBCSD e da ISO, outros relatórios resultantes de trabalhos
de outras organizações são usados na criação de indicadores de ecoeficiência. Em muitos
casos, estes trabalhos funcionam como complemento das propostas mencionadas, de modo a
se atingir um resultado óptimo com os indicadores obtidos [37].
Tabela 3 - Exemplos genéricos de indicadores [5]
Massa de produto vendida por consumo de energia (kg/MJ)
Vendas líquidas por consumo de energia (€/MJ)
Massa de plástico consumido por ciclo de injeção (kg/ciclo)
Emissões de CO2 por tempo de funcionamento de uma máquina (kgCO2eq/h)
2.5.2 Classificação dos Indicadores de Ecoeficiência
Alguns indicadores podem ser considerados universais sendo aplicáveis a qualquer tipo
de negócio, mas existe um elevado número de outros em que tal não se verifica. Assim sendo,
a classificação a dar aos indicadores de ecoeficiência varia conforme a aplicabilidade destes.
Os indicadores podem ser de Aplicação Geral ou de Aplicação Específica para um determinado
tipo de negócio.
Tal acontece devido às diferenças entre valor e entre Aspetos Ambientais1 das várias
operações ou produtos entre empresas e entre diferentes partes do mundo, e ainda devido à
falta de métodos pré-definidos de medição consumos e emissões. Alguns indicadores medem
parâmetros diferentes para negócios diferentes (ex: as emissões de gases de uma refinaria são
diferentes das emissões de gases de uma central energética). Por último, alguns indicadores
1 Aspecto Ambiental: Elemento das actividades, produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o ambiente (Norma Portuguesa ISO 14001:2004).
15
não têm qualquer tipo de relevância para certos negócios como, por exemplo, quantidade de
emissões gasosas quando em análise está uma loja de pronto-a-vestir [5].
Os indicadores de Aplicação Geral podem ser utilizados por qualquer tipo de empresa ou
ramo de actividade, apesar da sua importância poder variar de empresa para empresa e entre
áreas de atividade.
Existe um consenso internacional para que os indicadores de Aplicação Geral cumpram
uma série de critérios [5]:
• O indicador deve ser associado a uma preocupação ambiental global;
• O indicador deve estar relacionado com o valor do negócio;
• O indicador deve ser relevante e representativo de, virtualmente, todo o tipo de
negócio;
• Os métodos de medição do indicador devem estar bem estabelecidos e as
definições a ele inerentes devem ser reconhecidas a nível global.
Tabela 4 - Exemplo de Indicadores de Aplicação Geral [5]
Consumo total de energia
Consumo total de matérias-primas
Total de produto fabricado
Total de produto vendido
Os indicadores de Aplicação Específica estão relacionados com a avaliação que cada
empresa faz da sua atividade e como tal, são representativos de algo muito específico e
concreto, dependendo a sua utilização de sector para sector. A sua menor abrangência não
implica menor importância.
Tabela 5 - Exemplo de Indicadores de Aplicação Específica [5]
Produção total de resíduos
Geração de oxidantes fotoquímicos
Margem de lucro
Valor acrescentado do produto
O perfil de desempenho da ecoeficiência de uma empresa inclui indicadores dos dois
tipos identificados atrás [5]. Estes indicadores resultam, por sua vez, do rácio entre dois
valores, representativos das duas dimensões de ecoeficiência: económica e ecológica. Estes
valores designam-se normalmente por indicadores do valor do produto e indicadores da
16
influência ambiental. O sub-capítulo seguinte explanará a forma de cálculo dos rácios de
ecoeficiência.
2.6 Cálculo do Indicador de Ecoeficiência
Como referido anteriormente, Análise de Ecoeficiência é uma das ferramentas existentes
que auxiliam uma empresa a atingir uma maior sustentabilidade. A Ecoeficiência procura
relacionar a componente ambiental com a componente económica do sistema em análise,
procurando contribuir para o melhoramento de desempenho dos dois componentes [5].
Com esse objectivo em mente, o WBCSD propõe uma expressão para relacionar o factor
económico com o factor ecológico e que é hoje reconhecida e aceite por todo o mundo [5]:
𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑑𝑑𝑉𝑉 𝑃𝑃𝑉𝑉𝑉𝑉𝑑𝑑𝑃𝑃𝑃𝑃𝑉𝑉 𝑉𝑉𝑃𝑃 𝑆𝑆𝑆𝑆𝑉𝑉𝑆𝑆𝑆𝑆ç𝑉𝑉
𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝑉𝑉𝑃𝑃ê𝐼𝐼𝑛𝑛𝑆𝑆𝑉𝑉 𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝑆𝑆𝑆𝑆𝐼𝐼𝑃𝑃𝑉𝑉𝑉𝑉
Os valores de ecoeficiência (Indicadores de Ecoeficiência) resultantes desta expressão
são obtidos de indicadores como os que acabaram de ser apresentados. O facto de estes
valores serem medidos para diferentes entidades (linhas de produção, unidades industriais,
empresas de serviços, etc) e diferentes aspetos dentro do mesmo tema (consumo de materiais,
consumo de energia, emissões poluentes, etc), impossibilita a obtenção de um único Indicador
de Ecoeficiência representativo de um tema. Significa então que, para cada estudo de
Ecoeficiência realizado, se obtêm vários indicadores representativos do elemento em estudo.
O WBCSD propõe esta expressão uma vez que, deste modo, um aumento do valor
calculado reflecte uma melhoria no desempenho, ou seja um sistema mais ecoeficiente.
Existe porem autores que defendem outras soluções que poderão, eventualmente, ser
mais ajustadas a algumas situações. É o caso da proposta do Working Group of Standards and
Accounting Reports – ISAR, apresentada na United Nations Conference on Trade and
Development – UNCTAD, e segundo a qual o valor de ecoeficiência é melhor apresentado pela
expressão [38]:
𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝑉𝑉𝑃𝑃ê𝐼𝐼𝑛𝑛𝑆𝑆𝑉𝑉 𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝑆𝑆𝑆𝑆𝐼𝐼𝑃𝑃𝑉𝑉𝑉𝑉
𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑑𝑑𝑉𝑉 𝑃𝑃𝑉𝑉𝑉𝑉𝑑𝑑𝑃𝑃𝑃𝑃𝑉𝑉 𝑉𝑉𝑃𝑃 𝑆𝑆𝑆𝑆𝑉𝑉𝑆𝑆𝑆𝑆ç𝑉𝑉
que dá prevalência ao desempenho ambiental do produto/serviço, sendo o objectivo obter
valores cada vez mais baixos.
Estas expressões, apesar de simples, acarretam um trabalho prévio bastante complexo.
Para se atingir o ponto em que se calculam valores de ecoeficiência é necessário percorrer
todo um caminho com análise e recolha de dados do sistema em estudo, caminho esse que
poderá variar consoante o sistema, e que enfrentará mais ou menos dificuldade dependendo
da disponibilidade de dados necessários. Neste sentido, têm aparecido ao longo dos anos
17
vários trabalhos dedicados a vários sectores de actividade e com propostas de metodologia de
cálculo de ecoeficiência apropriadas a esses casos de estudo [6] [27] [31].
2.7 Etapas do cálculo de Ecoeficiência
Como referido anteriormente, ao transpor o conceito de ecoeficiência à prática, esta
deve ser medida e o desempenho da empresa ou processo monitorizado, de tal forma que se
quantifique as melhorias alcançados face aos objetivos predefinidos. Tal faz da escolha de
indicadores de ecoeficiência adequados para essa medição um aspeto crítico e de enorme
relevo. Assim sendo, e tal como foi referido anteriormente, é necessário recolher e tratar um
determinado conjunto de dados, que poderão ser mais ou menos extensos dependendo
sistema em estudo e da sua complexidade.
No caso do tema em estudo neste trabalho, tem-se verificado um crescente número de
trabalhos focados na temática dos Moldes de Injecção de Plásticos [39] [40] [41].
Apesar dos trabalhos referidos apresentarem metodologias pensadas para os casos
específicos em questão, todos acabam por basear o processo de medição numa matriz de
etapas semelhante, ou seja, com etapas comuns ou muito semelhantes e igual método de
raciocínio uma vez que, todas estas propostas partem da aplicação de um Live Cycle
Assessment – LCA ou Análise do Ciclo de Vida, aos vários casos.
O WBCSD define que o Impacto Ambiental deve ser sempre cálculado com base no LCA
e nos Eco-Indicadores que lha dão base, uam vez que estes contemplam os impactos de forma
global. Existem, no entanto outros autores que sugerem medidas alternativas para o Impacto
Ambiental como CO2eq, ou mesmo quantidades efetivas (kg, Joule, etc) [40]. Estes indicadores,
mesmo não tendo a universalidade e rigor dos calculados pelo LCA e podendo não cumprir
totalmente as regras definidas pelo WBCSD, poderão ser mais interessantes para uma
determinada empresa por serem mais intuitivos e permitirem uma avaliação interna contínua da
evolução da Ecoeficiência.
Neste trabalho, a metodologia utilizada seguirá o exposto no esquema que se segue.
LCA Life Cycle Inventory
Life Cycle Impact Assessment
KEPI
Valor do Produto/Serviço
Indicadores de Ecoeficiência
18
As etapas mensionadas no esquema serão descritas, resumidamente na secção seguinte.
2.7.1 Avaliação do Ciclo de Vida – Life Cycle Assessment - LCA
A definição do objetivo e da fronteira do estudo é o primeiro passo da metodologia do
LCA. Esta etapa contempla também a definição da unidade funcional a ser utilizada. A
definição desta unidade é referida pela Norma ISO 14040:2006 que estabelece a métrica de
referência segundo a qual os valores de produto e impacto ambiental serão contabilizados [33].
Segundo esta normativa, as fronteiras do sistema devem ser delimitadas de forma a
conter todo o processo produtivo sob estudo, bem como todo o fluxo de energia e material
inerente a este. Igualmente importante na definição das fronteiras do sistema, a norma ISO
14045:2012 exige que estas devam ser as mesmas quer para o levantamento de impacto
ambiental, quer para o levantamento do valor de produto, sendo que qualquer alteração a este
formato deve ser devidamente justificada [33].
2.7.2 Life Cycle Inventory – Inventário do Ciclo de Vida Nesta etapa é realizada uma recolha extensiva de todos os dados necessários para
realizar a análise do Impacto Ambiental. Nesses dados estão incluídos todos os fluxos de
entrada e saída de material ou energia das fronteiras definidas do sistema em estudo. Esta
recolha de dados é extensível a todo o ciclo de vida do produto e inclui dados, não apenas
ligados à produção, mas também dados referentes a obtenção de matéria-prima e transporte.
Nesta etapa, é aconselhada a elaboração de um modelo de inventário normalizado de
modo a simplificar o processo de recolha de informação, e permitir que o mesmo seja aplicável
a qualquer tipo de molde que se estude. Tal é possível, pois apesar de existirem vários tipos
diferentes de moldes, o seu processo de fabrico e os recursos nele utilizados são semelhantes.
Com esta solução, verifica-se um aumento da validade/qualidade dos dados recolhidos
uma vez que, se consegue reduzir esforços e erros na recolha dos mesmos.
2.7.3 Life Cycle Impact Assessment
O LCIA é a etapa onde se avaliam os impactos ambientais de cada ciclo de vida do
produto.
Neste ponto, os dados recolhidos na etapa anterior, são agrupados por tipo de impacto
ambiental. De seguida, os vários tipos de impacto são classificados em categorias de impacto
às quais são atribuídos pontos, recorrendo-se para tal a ferramentas apropriadas para o efeito,
caso dos Eco Indicadores 95 e 99 [42].
19
Esta atribuição de pesos às categorias de impacto ambiental é o passo mais sensível e
subjectivo desta etapa, pois ele depende do objectivo e alvo do estudo e das prioridades da
empresa.
No fim, é esperado obter-se uma lista de valores de impacto ambiental para cada etapa
do ciclo de vida do produto, conseguindo-se assim uma “imagem geral” do impacto ambiental
do produto. Segue-se uma exposição mais detalhada do funcionamento dos mecanismos de
atribuição de pesos do Eco Indicador 99. O EI 95 não será aqui abordado uma vez que foi
substituído pelo EI 99, tendo caído em desuso.
2.7.3.1 Eco Indicador 99
O Eco Indicador 99 (EI’99) é um sucessor do EI’95 e tem como objectivo avaliar os
impactos das emissões poluentes na saúde humana e nos ecossistemas.
Aqui, os danos nos ecossistemas são catalogados em dois tipos: impacto ecológico e
impacto ambiental. O impacto ecológico é representado pela fração potencialmente afectada
(PAF) ou pela fracção potencialmente desaparecida (PDF) de espécies, sendo o impacto
ambiental representado pelo potencial de aquecimento global (GWP), pelo potencial de
destruição da camada de ozono (ODP), etc [43].
Os danos na saúde humana são medidos em unidades DALY (Disability Adjusted Life
Years). Estas unidades indicam os anos de vida perdidos ou vividos com incapacidades como
consequência dos impactos nocivos das emissões poluentes.
As emissões poluentes de um determinado processo são classificadas em diferentes
categorias de impactos, e caracterizadas em unidades comuns para cada categoria baseadas
em fatores de impacto. Os melhoramentos destes índices foram desenvolvidos actuando nas
próprias categorias de impactos, com a inclusão do uso de terra e a escassez de recursos
como categorias de impacto. Foram igualmente desenvolvidos modelos das funções de dano e
incluídas teorias culturais que permitam contextualizar subjectividades devidas a diferenças
geográficas e civilizacionais.
Como resultado destas teorias culturais, este método considera a existência e
necessária análise de três esferas: a tecnoesfera, a ecosesfera e a valor esfera. A tecnoesfera
diz respeito ao domínio dos processos tecnológicos e sistemas desenvolvidos pelo ser
humano. Na ecoesfera estão inseridos os processos e sistemas ecológicos incluindo a
tecnoesfera. Por sua vez, a valoresfera implica a escolha de valores, tendo sido desenvolvidas
neste método três perspectivas diferentes. Assim, dependendo da atitude de três arquétipos
humanos (individualista, equalitário e hierarquista), determinou-se a seguinte distribuição de
factores de pesos entre saúde humana, ecossistema e recursos, apresentada na tabela que se
segue.
20
Tabela 6 - Peso das categorias consoante as perspetivas [43] Perspectivas
Categorias de Dano Individualista Equalitária Hierarquista
Ecossistema 25 50 40
Saúde Humana 55 30 30
Recursos 20 20 30
Dependendo da perspectiva escolhida, um só indicador pode ser obtido. Devido à sua
natureza mais moderada, a perspectiva melhor aceite pela comunidade científica é a
perspectiva hierarquista [44]. De seguida é ilustrado um esquema geral para a obtenção do
Eco Indicador 99 [43].
Figura 1 - Método EI 99 [43]
2.7.4 Key Environmental Performance Indicators – KEPI
Os KEPI são indicadores de desempenho operacional de aplicabilidade específica, como
os apresentados em secções anteriores, que têm provado ser um instrumento de avaliação de
desempenho ambiental das empresas, nos últimos anos. Os indicadores são vistos como um
conjunto de dados concisos, completos e perceptíveis, que fornecem informação relevante de
apoio à gestão, salientando os pontos mais pertinentes da situação ambiental [45].
Estes indicadores têm sido estudados e vários organismos têm procurado desenvolver
mecanismos que normalizem o seu modo de obtenção, casos da International Organization for
Standardization – ISO [45] [46] e a Global Reporting Iniciative – GRI [47].
A norma ISO 14031 tem-se revelado particularmente útil na identificação de KEPI,
devido ao caracter maioritariamente quantitativo destes indicadores. Esta característica facilita
a sua utilização em momentos de tomada de decisão, sendo possível aplicar estes indicadores
em qualquer ponto do ciclo de vida do produto. No entanto, é comum obter-se um número
Inventário
dos fluxos
de entrada
e saída dos
processos
no ciclo de
vida do
produto
Resultados do inventário
Recursos
Uso de Terrenos
Emissões
Modelo
de Dano
dos
Fluxos
Dano para os
Recursos
Dano para os
Ecossistemas
Dano para a Saúde Humana
Atribuição
de pesos às
três
categorias Indicador
21
considerável de indicadores, sendo necessário realizar uma “filtragem” de informação
irrelevante. A fim de se facilitar a selecção dos indicadores mais relevantes, é aconselhável o
recurso a uma matriz que cruze os dados das diversas fases do ciclo de vida com os
indicadores de desempenho operacional que melhor definem o perfil de cada fase do ciclo de
vida. A informação necessária para quantificar estes KEPI vem da etapa anterior, o LCI.
2.7.5 Valor do Produto/Serviço
Como indicado anteriormente, os indicadores de ecoeficiência são obtidos recorrendo a
uma equação simples e envolvendo cálculos básicos, mas para que tal ocorra, é necessário
um trabalho por vezes complexo e extenso de recolha e tratamento de dados.
O valor de um produto pode ser determinado de diversos modos. Ele pode ser
apresentado através de indicadores monetários, como aconselhado pelo WBCSD [5] ou na
forma de valor funcional, como indicado na norma ISO/DIS 14045 [48].
No primeiro caso, são exemplos de indicadores monetários de valor: o valor obtido com
vendas do produto, o lucro após impostos gerado ou o valor acrescentado bruto do produto.
O valor funcional de um produto é definido como a medida do beneficio que o produto
tráz ao seu utilizador. Como exemplos de indicadores de valor funcional temos: a durabilidade
de um produto que pode promover um aumento da garantia do mesmo, a ergonomia de uma
peça de mobiliário e consequente benefício em conforto ou o maior rendimento de uma bateria
de telemóvel e consequente aumento de tempo de operacionalidade e menor número de ciclos
de recarga.
Qualquer que seja o modo de representação do valor do produto é importante garantir
que este é de fácil interpretação e indispensável que represente todo o ciclo de vida do
produto. Nesse sentido, é necessário garantir que o levantamento deste valor é feito de modo a
permitir que tal se verifique. Para tal, é reconhecida pela comunidade científica a utilidade do
uso do Life Cycle Cost – LCC ou Análise de Custo do Ciclo de Vida, como ferramenta de apoio
[1.35].
2.7.5.1 Life Cycle Cost / Análise de Custo do Ciclo de Vida
O Life Cycle Cost é uma ferramenta que traduz o custo total de um produto ou sistema,
no decorrer da sua vida útil. A necessidade de criar modelos LCC teve início na década de 60
do século XX ao verificar-se que as decisões tomadas nas fases iniciais de desenvolvimento de
um produto provocavam originavam impactos económicos no futuro. Neste sentido, o LCC tem
como alvo a identificação das consequências económicas de uma decisão como por exemplo
na escolha de material ou tecnologia de fabrico, a solução menos onerosa numa primeira
instância pode não ser a mais viável economicamente, no fim de vida da peça. O modelo LCC
avalia os custos de um produto desde o seu desenvolvimento até ao seu fim de vida, passando
22
pelo fabrico e utilização, permitindo desta forma que a decisão tomada seja informada e
consciente [49].
Uma análise LCC aplicada a um produto inclui geralmente os custos de concepção, os
custos detalhados de projecto e desenvolvimento, custos de produção, custos de uso e custos
de fim de vida. No entanto, as áreas de análise dependem da parte interessada, podendo
algumas fases ser omitidas e outras adicionadas, como os custos de falha do produto [50].
Com esta ferramenta, é possível identificar a natureza de cada custo e inferir quanto à
sua importância e necessidade no produto final. Desta forma, é possível detectar um custo
irrelevante para o produto, o que permite actuar quanto no sentido de optimizar o projecto [51].
A metodologia LCC inclui todos os custos internos e externos relativos ao produto. Os
custos internos são os custos suportados pela empresa que o produz e os externos os custos
pelos quais a empresa não é responsável. Os custos internos podem ser divididos em custos
convencionais, os custos directos decorrentes da produção, custos indirectos, os custos gerais
da empresa atribuídos directamente ao produto, e custos intangíveis, os custos muitas vezes
omitidos na contabilidade devido ao seu carácter probabilístico. Os custos externos são custos
pelos quais a companhia não é responsável, como por exemplo, os custos ambientais não
regulamentados pelos governos. Apenas são incluídos na empresa devido a factores como a
competitividade internacional, responsabilidade social, etc. [52].
2.8 Análise comparativa das ferramentas apresentadas
Todas as ferramentas apresentadas anteriormente procuram, à sua maneira, contribuir
para um futuro mais sustentável das empresas que a elas recorrem.
A comparação aqui realizada visa salientar os pontos fortes e fracos de cada ferramenta,
no sentido de auxiliar a seleção daquela ou daquelas que melhor se adequarão ao caso
apresentado neste trabalho. Para tal, esta comparação analisa cada ferramenta quanto à sua
tipologia, objetivos, conceitos e ferramentas auxiliares, potencial e aplicabilidade.
O potencial de cada ferramenta é informação de extrema importancia, pois permite
identificar as ferramentas que melhor poderão contribuir para a avaliação e apresentação de
propostas de melhoria do desempenho da Ecoeficiência.
Observando os resultados da comparação realizada, verifica-se que as normas
apresentadas são fundamentais na avaliação do desempenho ambiental e energético, mas
estão dependentes de variáveis externas e da vontade das empresas em aplicá-las.
Por último, espera-se que a Tabela 7 aqui apresentada, possa também ela servir de
apoio para enaltecer as virtudes destas ferramentas como métodos válidos de apoio à gestão.
23
Tabela 7 - Análise comparativa das ferramentas apresentadas
FERRAMENTA TIPOLOGIA OBJETIVO FERRAMENTAS E
CONCEITOS AUXILIARES
POTENCIAL APLICABILIDADE
ECOLOGIA INDUSTRIAL Metodo de análise sistemática de fluxos de matéria e energia
Promover a sustentabilidade ambiental sem comprometer a viabilidade económica
- Análise de Ciclo de Vida (ISO 14040:2006);
- Avaliação dos Impactos do Ciclo de Vida (ISO 14042:2000)
Analisa os fluxos de materiais e energia das atividades envolvidas na produção e consumo/uso do produto e os efeitos desses fluxos no meio ambiente
- Produto e serviços;
- Produção;
- Atividade.
ECODESIGN Método de design Reduzir os impactos que originados pelo design do produto
- TRIZ Eco Diretrizes;
- Axiomas do Ecodesign
Permite uma visão global da interação entre produto e ambiente, desde a criação até ao fim de vida, permitindo uma utilização mais eficiente de recursos.
- Produto;
- Sistema de produção.
PRODUÇÃO LEAN Método de produção com Boas Práticas de Gestão e
Produção
- Eliminar desperdicios resultantes das operações de produção;
- Produzir produtos e serviços em função da procura;
- Reduzir atividade que nãoadicionam valor ao produto nem eliminam resíduos.
- Just In Time;
- Gestão da Qualidade Total;
- Manutenção preventiva;
- Value Stream Mapping.
Catalisador para a implementação de boas práticas ao permitir a eliminação de desperdícios de tempo e de recursos.
- Sistema de produção.
24
PRODUÇÃO MAIS LIMPA (PML) Estratégia preventiva
- Consciencializar as empresas para as questões de prevenção da poluição;
- Identificar fontes de emissões e resíduos;
- Definir programas de redução de emissões e de aumento de eficiência no uso de recursos
Adoção de boas práticas de produção
Melhora a eficiência das operações de produção, e minimiza os impactos ambientais dos produtos e sua fabrico.
- Produtos e serviços;
- Sistemas de produção.
PREVENÇÃO E CONTROLO INTEGRADO DA POLUIÇÃO
(PCIP) Diretiva
- Estabelecer os procedimentos que autorizam atividades industriais altamente poluentes;
- Identificar fontes de poluição e resíduos;
- Definir programas de redução de emissões e aumento de eficiência no uso de recursos.
- Abordagem integrada;
- Melhor Técnica Disponível;
- Flexibilidade;
- Participação pública.
As Melhores Técnicas Disponíveis representam a aplicação de técnicas exequíveis e apropriadas à situação, que procuram melhorar o desempenho ambiental global.
- Sistemas de produção de organizações cujas atividades sejam altamente poluentes segundo a (96/61/EC);
- As MTD podem ser aplicadas a qualquer sistema de produção do mesmo âmbito das MTD.
POLÍTICA INTEGRADA DE PRODUTOS (PIP) Política
- Alertar para os impactos ambientais que ocorrem nas diferentes fases do produto e aplicação de melhorias al longo do ciclo de vida do produto.
- Ecodesign;
- Rótulos e declarações ambientais (ISO 14025:2009).
Esta política consiste na integração de várias estratégias e instrumentos de diversos domínios que têm o objetivo de reduzir a utilização de recursos tendo como objetivo o consumo sustentável de recursos.
- Produto.
SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL E DE ENERGIA
(SGA & SGE) Norma
- Definir os requisitos para a implementação, manutenção e melhoria de sistemas de gestão ambiental e de energia.
- Plan-Do-Check-Act (Planear-Fazer-Verificar-Agir);
- Auditorias
- Transmite às organizações a capacidade de implementação de sistemas e processos necessários para melhorar o seu desempenho ambiental e energático.
- Produto e serviços;
- Sistema de produção;
- Atividades empresariais.
25
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL
(ADA) Norma
Proporcionar as diretrizes e ações necessárias para uma organização determinar a sua Avaliação de Desempenho Ambiental.
- Plan-Do-Check-Act (Planear-Fazer-Verificar-Agir);
- Indicadores de Desempenho Ambiental.
- Ferramenta de gestão que se destina a fornecer dados fiáveis sobre o desempenho ambiental de uma organização;
- Capaz de demonstrar se uma organização está a cumprir metas definidas;
- Capaz de lidar com a aplicação e ou escolha de indicadores.
- Produto e serviços;
- Sistema de produção;
- Atividades empresariais.
ECOEFICIÊNCIA SEGUNDO WBCSD
Método basilar para a avaliação de desempenho da
Ecoeficiência
- Redução de consumo de recursos;
- Redução de impactos no meio;
- Aumentar a intensidade de fornecimento de bens e serviços.
- Indicadores Ambientais;
- Indicadores de Valor;
- Indicadores de aplicabilidade geral e específica.
- Avalia o desempenho ambiental de um sistema em relação ao seu valor.
- Produto e serviços;
- Sistema de produção.
INDICE DE SUSTENTABILIDADE DOW
JONES
Método de avaliação de sustentabilidade empresarial
- Avaliar e medir o desempenho financeiro das organizações líderes na área da sustentabilidade empresarial.
- Análise de oportunidades e riscos económicos, ambientais e sociais;
- Critérios de aplicabilidade geral e específica;
- Auditorias.
No âmbito deste método, o desempenho financeiro está interligado com o cumprimento de requisitos de sustentabilidade (aspetos económico, ambientais e sociais).
- Atividades empresariais.
CARTA EMPRESARIAL PARA O DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL DA CÂMARA DO COMERCIO
INTERNACIONAL
Código de conduta geral
- Máximizar o número de organizações aceitam o desafio de melhorar o seu desempenho ambiental seguindo os princípios estabelecidos na Carta.
- Princípios de gestão ambiental.
- Aplicação dos princípios de gestão ambiental que objetivam a sustentabilidade no seio da organização.
- Atividades empresariais;
- Sistema de produção.
26
3. Estado de Arte da Indústria de Moldes e seu fabrico
3.1 Breve Introdução histórica da Indústria de Moldes em Portugal
A Indústria de Moldes em Portugal é reconhecida internacionalmente como um sector de
excelência, impulsionadora de tecnologias e processos de última geração, sendo responsável
pela entrada no país de novos conceitos de fabrico e modo de actuar no mercado, nos últimos
50 anos.
A história deste sector tem origem na Indústria do Vidro. A evolução do sector do vidro,
registada no século XX, levou a que se deixasse de importar moldes para vidro, normalmente
originários da Áustria e Alemanha, passando-se a recorrer a moldes fabricados em Portugal,
originando deste modo a criação de uma indústria nacional especializada em moldes para
vidro. Com a introdução da Ureia Industrial, mais conhecida por Baquelite, no processo de
fabrico dos moldes, na década de 20 do século XX, surgem no país os primeiros moldes para
tampas e peças de baixa complexidade, no entanto, esta nova produção vê-se interrompida
com a 2ª Guerra Mundial que originou uma súbita escassez de matérias-primas.
Na decada de 40 do século XX foi criada na Marinha Grande a primeira empresa
nacional com o objectivo de produzir moldes para materiais plásticos, datando o primeiro molde
para injeção de plásticos de 1946, época em que aparecem os “termoplásticos” no mercado.
Com a importação de tecnologia, regista-se um crescimento do sector na década seguinte e
em meados dos anos 50 do século XX iniciam-se relações de exportação, sendo a Inglaterra o
primeiro destino dos moldes exportados. Em 1980, a Indústria Portuguesa de Moldes já
exportava para mais de 50 países, empregando então cerca de 2000 trabalhadores,
distribuídos por mais de 54 empresas sediadas maioritariamente na zona da Marinha Grande.
A presença em tão grande variedade de mercados, aleado à crescente exigência dos
mesmos ao longo de décadas, levou à necessidade de melhoria contínua dos moldes
portugueses, registando-se neste sector uma aposta constante em novas e melhores
tecnologias, o que permitiu um desenvolvimento sustentado desta indústria [53].
Com o objectivo de apoiar um maior desenvolvimento deste sector, foi criada em 1969 a
CEFAMOL, uma associação nacional da Indústria de Moldes, com o intuito de promover os
moldes nacionais junto do mercado externo, negociando com o governo e organizações
oficiais, nacionais e estrangeiras, assuntos relevantes para o sector.
Na sua esfera de competências incluem-se, a pesquisa tecnológica, a formação contínua
dos profissionais do ramo e a troca de informação técnica e cientifica com as principais
entidades da área. Este raio de acção inclui toda a actividade relacionada com a Indústria dos
Moldes e não apenas a referente a moldes para plásticos, contando actualmente com 127
empresas associadas [53].
27
O ano de 1983 viu ser instalado o primeiro sistema de CAD/CAM na Indústria de Moldes
em Portugal e em 1991 é criado o CENTIMFE – Centro Tecnológico da Indústria de Moldes e
Ferramentas Especiais. O objectivo por detrás da criação deste centro foi criar uma base de
apoio tecnológico para o sector e um ponto de ligação entre a Indústria dos Moldes e outros
“locais de saber” como universidades e institutos/centros de investigação, com a finalidade de
permitir uma melhor difusão da investigação e desenvolvimento tecnológico e a criação de
redes de cooperação e conhecimento [53].
3.2 Situação Actual e Competitividade da Indústria de Moldes em
Portugal
O sector dos Moldes em Portugal é hoje, uma Indústria consolidada e com crescente
notoriedade internacional. As empresas portuguesas de moldes são vistas como estando na
vanguarda tecnológica do ramo, alicerçadas numa sólida experiência e conhecimento de
décadas. Tais factores, aliados a elevados padrões de qualidade, grande compromisso com
prazos de entrega e preços referenciais no mercado, permitem a continuidade de fornecimento
de moldes portugueses aos mercados mais exigentes.
Segundo dados de 2013, o Sector dos Moldes em Portugal integra cerca de 450
empresas, na sua maioria PME (Pequenas e Médias Empresas), que se dedicam à concepção,
desenvolvimento e fabrico de moldes e ferramentas especiais. No seu conjunto, empregam
cerca de 7640 trabalhadores, implantadas maioritariamente nas zonas de Oliveira de Azeméis
e Marinha Grande [54].
Os mais recentes relatórios do sector apontam Portugal como um dos principais países
fabricantes de moldes, especialmente na área dos moldes para injecção de plásticos, com uma
taxa de exportação superior a 90% da produção anual, como comprovado pela evolução da
balança comercial das últimas décadas [54].
Em 2012, o valor total de produção do sector atingiu aproximadamente 569 milhões de
euros dos quais, cerca de 512 milhões de euros se deveram a exportações, tendo como
principais mercados a Alemanha, Espanha, França, Brasil e Republica Checa. Estes dados são
indicadores da grande capacidade de adaptação às necessidades dos clientes e às evoluções
tecnológicas e de mercado, que a Indústria de Moldes em Portugal tem revelado ao longo dos
anos. O saldo da balança comercial indica uma clara tendência de crescimento, passando dos
264,33 milhões de euros de 2002 para os 406,64 milhões de euros em 2012, registando-se um
aumento mais acentuado nos últimos anos [54].
Uma análise da evolução do mercado de exportações reforça a veia exportadora da
Indústria de Moldes Portuguesa, verificando-se que o valor das exportações nunca baixou dos
75% do valor de produção total [54]. A quebra verificada entre 2004 e 2009 encontra
justificação não só na crise conjuntural vivida nos últimos anos como também no crescimento
que a Indústria nacional, em particular a dos plásticos, tem registado nos últimos anos,
28
alicerçado no alargamento da cadeia de valor das empresas de moldes. Estas exportações
tiveram como destino 83 mercados (países) diferentes, o que enfatiza a dimensão internacional
deste sector [54].
Relativamente ao peso económico dos diferentes mercados, a Europa e em particular o
mercado comunitário, tem-se mantido preponderante, absorvendo cerca de 75% do total de
exportações nos últimos anos. Em sentido contrário encontram-se as exportações para o
mercado Norte-americano, registando-se um decréscimo gradual de exportações para esta
região do globo. Estes últimos dados encontram explicação em dois grandes factores. O
primeiro prende-se com a forte desvalorização do Dólar Americano face ao Euro que se tem
verificado na última década, facto que influencia negativamente as exportações nacionais para
esses mercados. O segundo diz respeito à crescente deslocalização de empresas clientes
integrantes deste mercado para zonas com menores custos de mão-de-obra [54].
Analisando os dados referentes aos diferentes sectores servidos pela Indústria
Portuguesa de Moldes, rapidamente se detecta a crescente importância da indústria automóvel
neste sector e a influência que esta tem no seu desenvolvimento, passando de um peso
relativo de cerca de 14% em 1991 para aproximadamente 72% em 2010 [54].
No entanto, é importante não descurar, por um lado, a presença noutros sectores
industriais, relevantes no desenvolvimento de novos produtos com impacto na economia
mundial, e por outro a continua procura por novas áreas e nichos de mercado.
3.3 O Molde de Injecção de Plástico
3.3.1 Breve Definição
Os moldes de injecção de plástico são ferramentas com grande diversidade de formas,
tamanhos e complexidade e que permitem obter um interminável leque de produtos. Ao fazê-lo,
o molde, deverá garantir a qualidade desejada para o produto final, alcançando-o no menor
tempo de ciclo possível e com o mínimo de manutenção durante o seu tempo de serviço.
É igualmente expectável que o molde consiga garantir a reprodutibilidade dimensional da
peça a cada novo ciclo de fabrico, permita o preenchimento total das suas cavidades com o
polímero fundido e no fim da operação permita o arrefecimento deste material e extracção da
peça final.
Um molde para injecção de plástico é, tipicamente, constituído por duas meias matrizes,
a que se dá o nome de cavidade e bucha, e que juntas reproduzem, no seu interior, a
geometria da peça que se deseja obter.
No entanto, um molde é muito mais que a cavidade e bucha, sendo igualmente
constituído por uma série de componentes complementares.
29
O tipo e tamanho de molde dependem da dimensão e complexidade do produto que se
pretende fabricar.
O projecto de um molde de injecção revela-se uma tarefa bastante elaborada. Na sua
concepção é fundamental atender não apenas aos factores já mencionados, mas também a
elementos como, o número de cavidades necessárias no molde, o número de peças que se
pretendem fabricar, detalhes especificados pelo cliente e as características do equipamento a
utilizar no processo de injecção do plástico e onde o molde será acoplado [55].
3.3.2 Constituição do molde de injecção
A Figura 7 ilustra com maior detalhe os diferentes componentes que constituem o molde
e que foram mencionados anteriormente.
1 – Mola
2 – Extractor
3 – Prato móvel
4 – Prato dos extractores e prato de retenção dos extractores
5 – Pino extractor
6 – Extractor do canal de vazamento
7 – Prato de suporte
8 – Casquilho
9 – Prato de retenção das cavidades
10 – Guia
11 – Casquilho
12 – Linha de partição
13 – Prato de retenção da cavidade
14 – Prato estacionário
15 – Bocal para o sistema de arrefecimento
16 – Anel de centragem
17 – Canal de vazamento
18 – Cavidade
19 – Linha de arrefecimento
20 – Bucha
21 - Calços
Figura 2 - Componentes típicos de um molde [77]
O recurso à moldação por injecção permite obter peças de elevada complexidade
geométrica que, de outro modo, seriam de difícil fabrico. A utilização de moldes no fabrico de
30
peças permite séries de fabrico elevadas com a garantia que a qualidade e geometrias
desejadas para a peça são mantidas durante todo o ciclo de vida do molde.
O processo de injecção de material no molde é uma operação que exige múltiplos
cuidados. Primeiramente é necessário projectar e maquinar o molde de modo a formar um
sistema de canais de alimentação entre a cavidade do molde e o bocal de alimentação, bem
como um sistema de escape que permita a saída do ar que existente nas zonas a serem
preenchidas pelo plástico. No entanto, durante esta operação é indispensável que exista um
grande controlo da temperatura do plástico em injecção, o que é alcançado através de um
sistema de arrefecimento. Este sistema terá que ser igualmente maquinado no molde, devendo
ser o mais uniforme possível. As configurações mais comuns para os sistemas de
arrefecimento baseiam-se em canais com geometrias cilíndricas ou em espiral.
A remoção das peças do molde (desmoldagem) é conseguida com a acção do sistema
de extracção formado pelo conjunto de calços, chapas de extractores e chapa de aperto dos
extractores.
O sistema de ejecção da peça produzida no molde é montado na chapa dos extractores,
e constitui um conjunto de ejectores. A peça é extraída do molde durante a abertura do mesmo
e através do accionamento de um parafuso de ressalto (pino de retorno) que ao tocar num
determinado ponto fixo acciona o mecanismo de extracção [56].
3.3.3 Principais tipos de moldes Ao longo dos anos a tecnologia de fabrico de moldes tem registado uma grande
evolução, permitindo a obtenção de peças cada vez mais complexa. Tal levou ao aparecimento
de vários tipos de moldes apesar de, no que toca à sua estrutura base e concepção, existirem
muitos elementos comuns a todos os moldes. A classificação dos moldes de injecção de
plástico é feita em função do tipo de injecção de plástico utilizada no fabrico [56].
3.3.3.1 Moldes de canais frios, de canais quentes e de canais isolados
Os moldes mais comuns e de mais fácil concepção são os de duas placas. Este tipo de
molde apresenta a sua estrutura dividida em duas partes distintas, uma fixa e outra móvel,
recorrendo-se a duas placas de suporte, designadas por chapas de aperto de injecção e de
bucha, para efectuar a montagem do molde na máquina de injecção.
Ao recorrer-se a moldes convencionais incorre-se num maior desperdício de material
uma vez que, a produção das peças é acompanhada da ejecção do sistema de alimentação
[57]. Assim sendo, é importante, sempre que possível, utilizar soluções que optimizem a
utilização de recursos.
31
Os moldes de canais quentes caracterizam-se por terem um bloco, com o nome de
“distribuidor”, localizado entre a chapa de aperto da injecção e a chapa das cavidades onde
são maquinados os alimentadores. Este tipo de moldes tem como principal vantagem a
manutenção do sistema de alimentação na mesma posição, evitando que os canais de
alimentação sejam ejectados aquando da desmoldagem da peça, como ocorre nos moldes
convencionais.
Nos moldes de canais quentes, o material que percorre o sistema de alimentação é
mantido à mesma temperatura do material existente no interior da máquina de injecção [55].
Os moldes de canais isolados são uma variante dos moldes de canais quentes e dos
moldes de canais frios, em que o plástico se mantém fundido no interior do sistema de
alimentação devido à sua baixa condutibilidade térmica. Apresentam uma constituição em tudo
semelhante aos moldes de canais quentes com distribuidor frio. Apresenta, no entanto como
vantagem o seu custo, mais baixo que o molde de canais quentes [57].
Figura 3 - Exemplo de sistema de alimentação
de canais frios [57]
Figura 4 - Exemplo de sistema de alimentação de
canais quentes [57]
3.3.3.2 Materiais usados no fabrico de Moldes para Injecção de Plásticos
Tratando-se de um mercado global e altamente competitivo, é exigido aos moldes
modernos um nível de precisão e qualidade muito elevado, sendo necessário para tal,
assegurar a utilização de materiais apropriados no seu fabrico.
Um molde é uma ferramenta que, devido à sua complexidade e exigência de
desempenho, implica um considerável investimento de capital. Assim sendo, é importante
garantir que se trata de uma ferramenta com longo período de vida de modo a ser possível
rentabilizar esse investimento. Nesse sentido, a escolha do material a utilizar no fabrico do
molde reveste-se de grande importância.
Os materiais mais comuns no fabrico das cavidades e buchas de moldes são o Aço H13
e P20 e as Ligas de Alumínio 5083. Para os restantes componentes complementares do molde
32
é, normalmente, utilizado aço. No entanto, caso se pretenda que o molde apresente uma
elevada condutibilidade térmica, empregam-se ligas de cobre-berílio no seu fabrico, com o
objectivo de diminuir o gradiente térmico entre a zona da cavidade e bucha e os canais de
arrefecimento, permitindo assim aumentar a taxa de remoção de calor [58].
Ao material usado no molde, terá ainda que se adicionar aquele utilizado no processo de
fabrico. Nessa lista devem constar as ferramentas de corte utilizadas nas operações de
maquinagem, líquidos de lubrificação empregues igualmente nessas operações sempre que
necessário, a electricidade utilizada no processo de fabrico e o consumo de água inerente a
este. A descrição mais pormenorizada do fabrico do molde será apresentada num capítulo
dedicado a tal.
3.3.4 Processo de Injecção
Observando a Figura 10, em baixo, é possível verificar que a operação de injeção de
material no molde é um processo cíclico, dividido em seis fases destintas [59].
Numa primeira instância, denominada de “fecho”, o molde encontra-se pronto a receber
o material plástico. De seguida, ocorre um avanço do fuso, que vai actuar como um pistão,
injectando o plástico fundido na cavidade do molde. A terceira fase trata-se de uma
pressurização constante do molde, e ocorre de forma a compensar a contracção que o material
fundido sofre.
A quarta fase é o arrefecimento, e ocorre com o fim da injecção de material, terminando
quando a peça moldada atinge uma temperatura que permita a sua remoção do interior do
molde (desmoldagem) sem que sofra distorções. Após a fase quatro, dá-se a abertura do
molde e extracção da peça, constituindo estas duas acções a fase cinco.
A sexta e última fase é apenas o período de tempo necessário para retirar a peça do
molde e iniciar um novo ciclo. Este período de tempo é, normalmente, muito reduzido.
33
Figura 5 - Ciclo de Injeção de plástico [78]
Apesar de toda a complexidade aparente do processo que acabou de ser descrito, no
que toca a fluxo de energia e materiais, o processo de injeção é bastante simples. Em termos
energéticos, tem-se apenas o consumo com a máquina de fecho do molde e de injeção de
plástico. No que toca a consumo de materias, tem-se apenas a “entrada” de plástico na
cavidade do molde e a “saída” da peça após injeção, resultando mais ou menos desperdícios
de plástico consoante o design e tecnologia do molde utilizado.
Figura 6 - Fluxo de energia e materiais do processo de injeção de plástico
3.3.4.1 Materiais utilizados no fabrico da peça
Os materiais plásticos são divididos em duas classes, consoante as suas características:
os termoplásticos e os termoendureciveis. No primeiro caso temos uma família de plásticos que
apresentam uma alta viscosidade quando sujeitos a altas temperaturas. Esta característica
permite que este tipo de plástico seja deformado e reutilizado várias vezes. Os
termoendureciveis por seu lado caracterizam-se por apresentarem uma maior rigidez que é
obtida através de um processo químico a altas temperaturas. Esta característica faz com que
este tipo de plástico seja resistente ao calor, não se deformando com o aumento de
temperatura, mas, por outro lado, não permite a reutilização do material [60].
MOLDE
Energia
Plástico
PEÇA
Desperdícios de plástico
34
Na sua generalidade, os materiais plásticos, sejam eles termoplásticos ou
termoendureciveis, podem ser utilizados em moldes de injecção [61].
Desde 1995 que a quantidade de materiais diferentes, passíveis de serem moldados por
injecção, tem registado uma taxa de crescimento de 750 novos materiais por ano. Aquando do
início da utilização desta tecnologia contabilizavam-se aproximadamente 18000 tipos diferentes
de polímeros [62]. Nesta lista de materiais, incluem-se ligas ou misturas de materiais
previamente desenvolvidos. Nestes casos, o projectista pode escolher o material que melhor
responda às solicitações que a peça receberá [63].
3.4 Fabrico do Molde
Devido à complexidade de algumas peças, as técnicas utilizadas no fabrico de moldes
terão que ser tais que seja possível obter essas formas. Nesse sentido, a fresagem e a electro
erosão, são os dois processos mais utilizados no fabrico de moldes pois, são os que melhor
garantem a obtenção de geometrias complexas. A furação e o torneamento são outras duas
técnicas comumente utilizadas, a primeira, para obtenção de furos necessários no molde e a
segunda no fabrico de componentes do molde. A rectificação é utilizada no acabamento final e
depende da precisão exigida ao molde.
3.4.1 Processos de Fabrico
3.4.1.1 Fresagem
A fresagem é um dos processos de maquinagem mais versáteis a que se pode recorrer.
Neste processo, a remoção de material ocorre da combinação de movimento rotativo de uma
ferramenta de corte cilíndrica com múltiplas arestas de corte, denominada fresa, com
movimentos lineares da peça. Trata-se de um processo caracterizado por uma elevada taxa de
remoção de material, boa qualidade de acabamentos superficiais e grande precisão e
complexidade nas geometrias que consegue gerar. Esta operação tem a característica de o
eixo da ferramenta de corte ser perpendicular à direcção do avanço, o que a diferencia da
operação de furação que, tem os eixos de rotação e de avanço paralelos.
Existem diversos tipos de fresagem. A fresagem periférica, que se caracteriza pelo eixo
de rotação da fresa ser paralelo à superfície de trabalho e onde a superfície maquinada é
obtida pelos dentes da periferia do corpo da fresa. A fresagem frontal utiliza uma fresa de
facejar e tem o eixo de rotação da ferramenta perpendicular à superfície de trabalho. A
fresagem de topo/frontal recorre a uma fresa de topo com eixo de rotação da fresa vertical, no
entanto, este não necessita de estar normal à superfície de trabalho, o que permite obter
geometrias com superfícies inclinadas [64].
35
Os grandes esforços a que às ferramentas de corte (fresas) estão sujeitas, implicam que
estas sejam fabricadas em materiais que suportem este tipo de solicitação. Os materiais mais
utilizados no fabrico de fresas são o aço e o tungsténio, estando este ultimo reservado para as
fresas utilizadas em fresagem rápida.
A selecção do tipo de fresa a utilizar terá que levar em consideração factores técnicos e
financeiros uma vez que, irá depender do tipo e velocidade de fresagem escolhida, do tipo de
material a desbastar e do valor de cada fresa. Materiais tão distintos como o aço e o alumínio
provocarão desgaste diferente na fresa (maior desgaste no aço que no alumínio) e fresas de
tungsténio, sendo mais resistentes e duradoras que as de aço, são mais dispendiosas [56].
Figura 7 - Diferentes tipos de fresagem [78]
Analisando esta operação quanto a fluxos de material, verifica-se que os consumos e
desperdícios apenas variam em volume, dependendo do tamanho e complexidade do molde a
fabricar. Tem-se então do lado dos consumos:
• Ferramentas de corte – pastilhas de corte, ferros de corte, fresas e brocas
• Óleo/Fluído de corte
• Óleo de lubrificação
• Filtros
• Electricidade
Resultando no final os seguintes desperdícios:
• Limalhas de aço, aluminio e ligas
• Ferramentas de corte inutilizadas
• Óleo/Fluído de corte contaminado
36
• Óleo de lubrificação contaminado
• Filtros inutilizados
• Embalagens várias
3.4.1.2 Eletroerosão (EDM – Electrical Discharge Machining)
A electro erosão é um processo de maquinagem onde a remoção de material ocorre
devido a uma descarga eléctrica. Para tal, utiliza-se um eléctrodo como ferramenta que,
normalmente já tem a forma do negativo da peça que se pretende alcançar, e que é obtido,
normalmente, por fresagem. Este eléctrodo encontra-se a uma distância da peça denominada
intervalo de descarga, que é função das condições de trabalho. O eléctrodo e a peça
encontram-se ligados a um gerador de corrente contínua que produz descargas sucessivas de
curta duração e com tensões na ordem dos 20 a 30 Volts, originando um efeito erosivo na
superfície do material a desbastar. Este processo desenvolve-se com o conjunto eléctrodo-
peça imerso num líquido dielétrico. Quando se estabelece uma determinada diferença de
potencial entre o eléctrodo e a peça não se regista passagem de corrente uma vez que, um
líquido dieléctrico é pouco condutor de corrente. No entanto, diminuindo a distância eléctrodo-
peça, a partir de certo valor pode-se dar a descarga [65].
Figura 8 - Exemplo de operação de eletroerosão [77]
Este processo envolve as seguintes etapas:
1 – Ionização do dielétrico
2 – Descarga elétrica
3 – Fusão e vaporização dos materiais do eléctrodo, da peça e do dieléctrico
4 – Implosão dos materiais fundidos
37
Figura 9 - Electroerosão por penetração [66]
O cobre e a grafite são dois dos materiais mais utilizados no fabrico dos eléctrodos. As
características do cobre permitem que este seja utilizado tanto para operações de desbaste
como para acabamento uma vez que, este material apresenta grande capacidade erosiva e
baixo desgaste relativo. A sua maquinagem não levanta grandes constrangimentos. A grafite,
embora sendo mais resistente ao desgaste e possibilitar regimes ditos sem desgaste, tem uma
menor condutividade eléctrica e não permite acabamentos ao nível do cobre [66].
A estabilidade do processo de eletroerosão está dependente da estabilidade das
características do líquido dielétrico, designadamente quanto à ausência de partículas metálicas
em suspensão. Deste modo, é necessário existir um processo de lavagem do líquido
dieléctrico, associado ao processo de electroerosão. Esta operação de lavagem do líquido
implica duas fases, uma de remoção de partículas metálicas do local onde a erosão se
processa, o que acontece através da circulação do líquido dielétrico, e uma segunda de
filtragem deste. Os líquidos dielétricos mais frequentemente utilizados são: o petróleo, óleos e
água desionizada entre outros [65].
Este é um processo com grande aplicabilidade na maquinagem de materiais duros,
como carbonetos e materiais endurecidos por tratamento térmico, na produção de peças
frágeis, e na obtenção de peças com geometrias complexas e cavidades difíceis de gerar pelos
métodos convencionais.
A indústria de moldes utiliza na esmagadora maioria dos casos elétrodos de grafite.
Contudo, em situações particulares pode-se recorrer à utilização de elétrodos em cobre-
tungsténio e cobre-telúrio. A qualidade da superfície obtida e os tempos de maquinagem (e
consequentes custos) dependem muito do par de materiais escolhidos para o processo [64].
Existe também uma forma alternativa de eletroerosão que é a eletroerosão por fio. Neste
caso, o processo atrás descrito é realizado, não com um eletrodo, mas com um fio condutor.
Esta variante do processo é partcularmente útil quando é necessário efetuar cortes ou definir
contornos complexos [65].
38
Figura 10 - Eletroerosão por fio [66]
Qualquer que seja a variante utilizada, os fluxos de energia e materiais não irão variar
muito. Verifica-se sempre consumo de energia elétrica para funcionamento do equipamento e a
utilização dos materiais mencionados na descrição do processo (eletrodos, fio condutor, líquido
dielectrico, etc.) e ainda materiais de preparação para o processo (óleos de lubrificação,
resinas desionizantes, água desionizada, etc.), registando-se no final um conjunto de
desperdícios/resíduos que não são mais que estes materiais inutilizados.
3.4.1.1 Outros Processos
Os processos referidos em maior detalhe anteriormente são os mais utilizados na
produção de moldes. No entanto, existem outros processos, também já referidos de forma
breve, que não sendo tão solicitados, têm também presença relevante no fabrico de moldes
como é o caso do torneamento, da furação e da rectificação.
Estas técnicas de maquinagem, não sendo propriamente usadas no fabrico do molde em
si, são empregues no fabrico de componentes do molde e furos (torneamento e furação) e em
detalhes no molde (retificação).
O torneamento, à imagem da fresagem, é um processo de maquinagem com arranque
de apara. No entanto, contrariamente à fresagem, a ferramenta de corte apresenta apenas
uma aresta de corte. A forma pretendida é obtida através da rotação da peça e,
simultaneamente, do avanço da ferramenta. Esta combinação de movimentos permite executar
diversas operações como, facejar, ranhurar, sangrar, roscar e torneamento exterior e interior
[65].
39
Figura 11 - Operação de torneamento [78]
A furação é um processo de maquinagem utilizado na obtenção de furos com auxílio de
uma ferramenta multicortante. Neste processo, a ferramenta ou a peça deslocam-se numa
trajectória rectilínea, coincidente ou paralela ao eixo principal da máquina e
perpendicularmente à superfície furada. A ferramenta por sua vez apresenta um movimento de
corte rotativo [67].
Figura 12 - Operação de furação [79]
A retificação é uma operação de acabamento final de alta precisão dimensional que
ocorre com arranque de material. O corte é conseguido com recurso a partículas abrasivas
distribuídas aleatoriamente ao longo de uma mó de rectificação. Trata-se de um processo com
energia de corte relativamente elevada gerando uma quantidade assinalável de calor e
provocando deformações plásticas entre as partículas abrasivas e a superfície da peça. Por
isto, é indispensável parametrizar esta operação, de modo a condicionar as tensões residuais
relacionadas com a geração de calor e/ou deformações plásticas, através da selecção correcta
do tipo de mó de rectificação, das condições de arrefecimento e lubrificação e cuidada atenção
ao estado estrutural da material a rectificar [68].
Os processos que acabaram de ser apresentados são do ponto de vista da tecnologia
mecânica, variantes do processo de fresagem e constituem o universo dos processos de
maquinagem. Os fluxos de material e energia para estes processos são, deste modo, em tudo
idênticos aos já mencionados na apresentação da fresagem.
40
4. Identificação de Indicadores de Ecoeficiência para o Sector dos Moldes de Injeção de Plástico.
Foi apresentado no capítulo 2 um conjunto de metodologias e ferramentas de apoio à
gestão e decisão, já difundidas mundialmente e com aplicações em diversos sectores de
atividade. Verificou-se que estas ferramentas se revelam particularmente úteis no seu objetivo
de conjugar redução de custos, impactos ambientais e consumos de matérias-primas e
energia, com a manutenção ou até aumento dos níveis de produção e padrões de qualidade,
visando deste modo uma produção mais eficiente e ao mesmo tempo trazendo benefícios
económicos, sociais e ambientais.
Viu-se igualmente que estas metodologias e ferramentas, apesar de testadas e terem a
sua utilidade validada, nem sempre têm aplicabilidade direta para um sistema produtivo
específico, exigindo por vezes um trabalho moroso e complexo para obter resultados.
Outra limitação prende-se com o facto de estas funcionarem, muitas vezes, de forma
isolada, dificultando a obtenção clara de resultados pretendidos como, por exemplo, a
avaliação do desempenho da ecoeficiência de um sistema e a identificação das oportunidades
de melhoria.
O levantamento de dados e a escolha de indicadores são também, em alguns casos,
ações complexas e a sua realização nem sempre está descrita de forma explícita nas
metodologias já existentes.
Esta introdução serve de ponto de partida para o objetivo do presente trabalho que é
detalhado de seguida. Neste, propõe-se levar a cabo um trabalho de identificação de
indicadores de ecoeficiência, específicos para o setor dos moldes de injeção de plástico, tendo
como base algumas das ferramentas e metodologias apresentadas.
Foi possível verificar, no trabalho de pesquisa de dados sobre a Indústria Portuguesa de
Moldes, no capítulo 3, que este sector tem um considerável impacto no que toca a recursos
consumidos a nivel nacional e internacional. Verificou-se igualmente que se trata de um sector
regista uma crescente competitividade o que obriga as empresas a procurarem
constantemente as melhores soluções de negócio. É nesse sentido que se insere o presente
trabalho.
Como já foi referido e é facilmente verificável observando algumas ferramentas de
cálculo de ecoeficiência já existentes [69] [70], sem um trabalho prévio de “filtragem” de
informação e identificação de dados relevantes, o processo de cálculo da ecoeficiência tornar-
se-á moroso e dispendioso, tal o número de indicadores passiveis de serem calculados.
Torna-se então premente identificar os pontos mais relevantes de uma determinada
atividade, por forma a se evitar desperdício de esforço de recolha de dados e dispersão do foco
de análise em pontos não relevantes, focando recursos onde estes são realmente necessários.
41
Este trabalho foca-se no setor dos moldes de injeção de plástico, não tendo sido encontrados
trabalhos semelhantes na pesquisa efectuada.
Nesse sentido, procura-se propor aqui uma lista de indicadores chave para este sector,
procurando desta forma aligeirar o processo de cálculo de ecoeficiência. Esta lista pretende ser
reduzida, mas sem comprometer a representatividade dos vários aspetos processuais do
fabrico de moldes e do processo de injeção de plásticos.
Os indicadores apresentados resultarão do cruzamento entre o estudo realizado sobre o
sector dos moldes e as tecnologias utilizadas no fabrico destes (capítulo 3), e as ferramentas e
metodologias apresentadas anteriormente (capítulo 2). Desta forma, pode-se garantir que a
seleção destes indicadores é realizada tendo por base normas já estabelecidas e com validade
reconhecida.
No final, prevê-se obter uma lista de indicadores que sejam representativos dos
princípais processos de fabrico e produtos deste sector, e que sejam relacionáveis com os
Princípios da Ecoeficiência.
Resulta que estes indicadores deverão ser [5]:
• De fácil interpretação e aplicação por parte do operador/utilizador;
• Capazes de ilustrar o quadro atual do sistema em análise;
• Capazes de identificar os aspetos ambientais significativos e KEPI’s do sistema;
• Capazes de possibilitar vantagens económicas, ambientais e sociais com os
dados que deles resultarem.
Assim sendo, este trabalho assentará em cinco etapas chave:
1. Identificação do tipo de recursos necessários e outros fatores relevantes para o
estudo da ecoeficiência no fabrico de moldes e injeção de plásticos;
2. Análise e sistematização desse inventário “à luz” das normas seleccionadas para
este trabalho e guias existentes (e relevantes) relacionados com Ecoeficiência;
3. Definição de um perfil ambiental e de um perfil de valor representativos da
realidade das empresas (tecnologia e produto) do sector em estudo;
4. Definição de unidades funcionais úteis para a tomada de decisão no sector em
estudo;
5. Apresentação dos rácios e indicadores de Ecoeficiência resultantes.
4.1 Metodologias e ferramentas de apoio usadas
O conceito de Ecoeficiência procura introduzir uma série de indicadores de desempenho
que visam encaminhar uma determinada organização no sentido de uma operacionalidade
mais sustentável. Confirmou-se na pesquisa sobre esta temática que este conceito tem já
vários exemplos de aplicação bem-sucedida, no entanto, cada novo caso de aplicação acarreta
42
uma operacionalização deste conceito a essa nova realidade. Esse reajustamento terá
obrigatoriamente de ser realizado de forma justificada e normalizada, garantindo-se assim a
sua validade e aplicabilidade.
A análise comparativa destas ferramentas realizada no capítulo 2 permitiu identificar os
pontos fortes e fracos de cada uma e os seus principais campos de aplicação, e tornar possível
a seleção informada das opções que melhor se enquadram com o objetivo deste trabalho.
Deste modo, o trabalho tem por base as Normas ISO 14001:2004, ISO 14031:2005, ISO
14044:2010 e a metodologia de avaliação de ecoeficiência desenvolvida pelo WBCSD [5] [71]
[72].
A seleção destas ferramentas deveu-se aos resultados obtidos com estas em casos
semelhantes ao aqui tratado que comprovam a sua aplicabilidade [27] [40]. Com estas
ferramentas foi possível definir de forma normalizada as fronteiras do estudo e com isto obter
todos os dados sobre o produto e os consumos e desperdícios da produção relevantes para
este trabalho, bem como todos os conceitos e princípios relatados neste [27] [40] [71].
Figura 13 - Fluxograma da metodologia utilizada
Toda a informação sobre tecnologias de fabrico do molde e processo de injeção aparece
inserida na “caixa” sobre Dados do Produto e Processo.
As Normas ISO aqui mencionadas dão apoio no tratamento dos dados do produto e dos
processos de produção. Os dados, apresentados no capítulo 3, são aqui analisados “à luz”
destas normas, sendo utilizados apenas aqueles que se revelam fundamentais e relevantes
para a obtenção de resultados. Deste modo, a atenção está focada nos processos mais
“pesados” no fabrico e utilização do molde, deixando de lado dados sobre retificação, polimento
e outros processos especiais, por estes terem uma expressão menor quando comparados com
os restantes processos. A abordagem seguida neste trabalho poderá ser mais tarde estendida
a esses processos.
Dados de processos de fabrico e injeção
de plástico
Normalização dos dados
Definição de
Unidade Funcional
Definição de Perfil
Ambiental e de Valor
Cálculo de Rácios de
Ecoeficiência
43
A metodologia apresentada pelo WBCSD forneceu as bases para identificação dos
Indicadores de Ecoeficiência. Segundo esta metodologia, os indicadores de ecoeficiência
são obtidos através de rácios, calculados com os dados existentes relativos ao Perfil Ambiental e Perfil de Valor do sistema produtivo em estudo.
4.2 Perfil Ambiental
O Perfil Ambiental é definido com base em indicadores de desempenho do tipo
operacional (IDO, já apresentado no capítulo 2) de dois tipos. Os de aplicabilidade específica,
denominados KEPI, que contêm informação relativa aos recursos consumidos e emissões
efetuadas por unidade funcional. Os de aplicabilidade geral, designados de ecoindicadores
(p.ex: EI’99, CO2eq, etc.). Este perfil assenta em informação proveniente dos aspetos
ambientais (entidades consumidas e emitidas), as quais são classificadas em várias classes de
âmbitos. Finalmente, há ainda que ter em conta que o principal objetivo é permitir identificar o
desempenho do sistema produtivo nos vários Princípios da Ecoeficiência, pelo que estes têm
de ser tidos em conta no Perfil Ambiental [5] [73].
O capítulo 2 já apresentou a temática da Ecoeficiência com os seus Sete Princípios e
objetivos subjacentes. No Perfil Ambiental, os Princípios da Ecoeficiência são considerados
numa otica de organização de informação.
Os indicadores de carater geral, devido à sua métrica mais universal, podem ser usados
e interpretados por qualquer organização, em qualquer ramo de atividade. Devido a este facto,
são usados mais numa lógica de apresentação de valores agregados e mais “macro”.
Segundo o WBCSD, casos como o consumo total de energia; consumo total de água;
consumo total de matérias-primas e emissões de gases com efeito de estufa ou destruidores
de ozono, são exemplos típicos de indicadores de aplicabilidade geral [5] [73].
Por outro lado, os indicadores de aplicabilidade específica, utilizam diretamente as
unidades físicas dos recursos consumidos e das emissões, pelo que se torna incompatível a
sua agregação generalizada (só possível para grandezas iguais). Acresce que, a sua função é
indicar valores relacionados com cada processo, tecnologia e sistema pelo que se torna
complexa a tarefa de encontrar indicadores específicos comuns a dois sistemas produtivos
distintos. Tal implica que estes indicadores têm de ser definidos para cada caso de estudo,
podendo o seu metodo de medição variar de empresa para empresa. O WBCSD aponta como
exemplo de indicadores de aplicabilidade específica a quantidade de fluído consumida, a
quantidade de oxidante, a energia consumida com um dado processo, etc [5].
O WBCSD aponta a Norma ISO 14031:2005 como ferramenta para identificar e
classificar os indicadores de aplicação específica [5].
Atrás foi referido que os indicadores de carater específicos podem ser agregados caso
tenham a mesma grandeza ou unidade. Tal significa que quando se agrupa apropriadamente
44
um conjunto de indicadores específicos, temos como resultado indicador de aplicação geral.
Por exemplo, agrupando os indicadores de consumo de todos os tipos de energia e
convertermos tudo na mesma unidade, obtém-se um indicador de consumo total de energia
que é um indicador geral. Os indicadores de carater geral “gozam” de outra liberdade.
Estes indicadores medem influências ambientais que têm origens diversas (p.ex:
consumo de materiais, consumo energético, produção de resíduos, etc) o que implica que os
valores apresentados tenham um carater universal. Assim sendo, nestes indicadores as
grandezas físicas (massa, energia, etc.) são traduzidas para um formato de “milipoint’s” ou
pontos de dano ou impato ambiental normalizado e adimencional (através da aplicação do
conceito de Eco Indicador – ver 2.7.3). Desta forma, torna-se possível agregar indicadores
gerais com origem em âmbitos muito distintos, podendo-se inclusivamente, agragar todos os
indicadores e obter um unico indicador que represente a influência ambiental total/global.
Assim, nesta secção será feito um enfoque nas temáticas em falta que contribuem para
a definição do Perfil Ambiental: Aspetos Ambientais e KEPI’s.
4.2.1 Aspetos Ambientais
No capítulo 3, foram apresentadas as listas de consumos e desperdícios referentes ao
produto (molde) e à sua fase de fabrico, assim como referentes à sua fase de utilização
(injeção). A identificação dos Aspectos Ambientais tem por base estas listas, cuja tipologia é
descrita na Norma ISO 14001:2004. Segundo esta norma, a definição de Aspeto Ambiental é:
“elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o
ambiente” [45].
Esta análise sistemática permite detectar quais os aspectos passíveis de serem
controlados pela empresa de forma directa ou indirecta.
Como exemplos de Aspetos Ambientais tem-se [45]:
• Consumo de matérias-primas e recursos naturais;
• Consumo energético;
• Resíduos e derivados;
• Descargas em meio hídrico e no solo;
• Emissões para a atmosfera;
• Emissões de energia na forma de calor, radiação, vibração ou ruído.
O capítulo 3 deu a conhecer as tecnologias envolvidas no fabrico de moldes e sua
utilização, sabendo-se agora quais os factores que originam os consumos de material e
energia e desperdícios e resíduos resultantes. Deste modo construiu-se a Tabela 8 com a
45
identificação dos Aspetos Ambientais relativos aos processos em estudo utilizados no fabrico
de moldes e ao processo de injeção de plástico.
Tabela 8 - Aspetos Ambientais do fabrico de moldes e injeção de plástico
ASPETOS AMBIENTAIS
Fase de fabrico do molde Fase de utilização do molde
Maquinagem – CNC Electroerosão – EDM Injeção de Plástico
CO
NSU
MO
S
Ferramentas de corte –
pastilhas de corte, ferros de
corte, fresas e brocas;
Óleo/Fluído de corte;
Óleo de lubrificação;
Filtros;
Electricidade
Fio de desbaste (EDM fio);
Elétrodo (EDM penetração);
Óleo dieléctrico (EDM
penetração);
Água desionizada;
Filtros;
Electricidade
Polímero injectado;
Electricidade
DES
PER
DÍC
IOS
/ RES
IDU
OS
Limalhas de aço, alumínio e
ligas;
Ferramentas de corte
Inutilizadas;
Óleo/Fluído de corte
contaminado;
Óleo de lubrificação
contaminado;
Filtros inutilizados;
Embalagens várias
Particulas de matéria-prima;
Fio e elétrodo inutilizados;
Óleo dieléctrico
contaminado;
Água desionizada
contaminada;
Filtros inutilizados;
Embalagens várias
Desperdícios
(rejeitados)/Restos de
plástico nos canais de
alimentação;
Embalagens várias
Refira-se que a intensidade de recursos humanos utilizados na operação dos vários
equipamentos e com operações de manutenção destes e do molde são contabilizados no Perfil
de Valor.
Salienta-se ainda o facto de o consumo de matéria-prima, na fase de fabrico do molde,
não constar desta lista, apesar de ser um aspecto fundamental para a análise da Ecoeficiência
e como tal não desprezável.
Tal deve-se ao facto deste valor ser uma característica do produto (molde) e não dos
processos de fabrico e utilização do molde. Como tal, o consumo de matéria-prima será tido
em consideração de forma autónoma, entrando como um valor isolado.
46
Dependendo do tipo de molde utilizado, os dados relativos ao desperdício de material
(plástico em excesso) poderão ser bastante diferentes, o que implicarão resultados muito
distintos de desempenho entre moldes. O mesmo se verifica no fabrico dos moldes, onde
moldes de dimensões e peso semelhantes apresentam dados realtivos às operações de
maquinagem muito distintos [57]. Este facto obriga a que estes dados sejam dimensionados
segundo uma unidade que permita a sua comparabilidade e contextualização. Essa unidade
terá a designação de Unidade Funcional e será apresentada mais detalhadamente numa
secção mais adiante neste trabalho.
4.2.2 Identificação dos KEPI’s
Como já foi referido anteriormente, existem indicadores de desempenho ambiental de
aplicabilidade específica e de aplicabilidade geral. Os KEPI’s inserem-se na primeira categoria.
Como o nome indica estes são os indicadores chave de desempenho ambiental do
sistema em estudo. A seleção dos KEPI’s a considerar para o Perfil Ambiental do presente
estudo foi efetuada cruzando a lista de Aspetos Ambientais do estudo, que acabou de ser
apresentada, com a lista de KEPI’s da Norma ISO 14031:2005. Esta norma cobre todo o tipo
de áreas de atividade e lista os KEPI’s por diferentes âmbitos de aplicação: materiais, energia,
instalações físicas, resíduos, etc. A lista completa de âmbitos previstos pela Norma ISO
14031:2005 e os KEPI’s correspondentes pode ser consultada no Anexo B.
Deve-se referir, no entanto que o recurso à Norma ISO 14031:2005 não é o único
caminho para gerar KEPI’s. Também a Global Reporting Initiative (GRI) apresentou nos seus
trabalhos meios para obter indicadores de desempenho que podem gerar KEPI’s quando
“cruzados” com os Aspetos Ambientais, à imagem dos referidos anteriormente [47].
Independentemente da norma originária dos KEPI’s, estes terão forçosamente de
garantir três princípios [74]:
• Princípio da quantificação
• Princípio da relevância
• Princípio da comparabilidade
Estes princípios devem-se ao fim a que os KEPI’s se destinam. Uma vez que estes
dados serão parte integrante do Perfil Ambiental do sistema, torna-se premente que esta
informação possa ser quantificada e medida de um modo tal que tenha posteriormente uma
aplicação prática. Tal implica que os objetivos do estudo sejam devidamente estabelecidos e
as unidades de medida usadas uniformes (princípio da quantificação) [74].
Por outro lado, trata-se de informação que tem como objetivo fornecer à empresa, de
forma rápida e directa, a capacidade de agir no sentido de melhorar o seu desempenho
ambiental. Com tal, os KEPI’s devem refletir não só a realidade do sistema em estudo, mas
47
também focar o que é realmente relevante para se atingirem os objetivos definidos, evitando
desperdícios de tempo e recursos (princípio da relevância) [74].
Por fim, um dos objetivos da Ecoeficiência é a possibilidade de comparar resultados
entre sistemas e organizações diferentes. Assim, é imperativo que os KEPI’s sejam
apresentados num formato que possa ser adaptado a diferentes casos, indo assim ao encontro
desta exigência (princípio da comparabilidade) [74].
Tal como já foi referido na secção dos Aspetos Ambientais, também no caso dos KEPI’s,
será necessário recorrer a uma Unidade Funcional que permita a sua quantificação e
contextualização.
As Tabelas 49 e 50 no Anexo B apresentam os KEPI’s identificáveis recorrendo à Norma
ISO 14031:2005 e GRI.
Comparando as duas normas, verificou-se que a lista apresentada pela Norma ISO
14031:2005 apresenta mais informação e informação menos aglutinada, focando-se também
mais em questões relacionadas com o produto e os processos de fabrico, relativamente à
norma GRI.
Por estes motivos, neste trabalho optou-se por recorrer à Norma ISO 14031:2005 na
identificação dos KEPI’s do sistema.
Aplicando este raciocínio tem-se então a lista de KEPI’s correspondente a cada processo
em análise (Tabela 9, 10 e 11), resultante do cruzamento entre os Aspetos Ambientais e a
Norma ISO 14031:2005. Esta lista classificada servirá de base ao Perfil Ambiental do sistema
que será utilizado para obter, mais tarde, os Indicadores de Ecoeficiência representativos do
sistema.
A lista ou inventário de KEPI’s listados para os processos em estudo tem uma extensão
muito inferior às listas apresentadas pelas normas, facto que facilitará a interpretação dos
valores obtidos. Uma vez que a Norma ISO 140031:2005 cobre todo o tipo de aplicações e
casos de estudo, é expectável que no caso aqui apresentado os Âmbitos previstos na norma
não estejam todos refletidos nas tabelas. As tabelas apresentarão apenas os Âmbitos em que
a Norma interceta os Aspetos Ambientais do sistema.
Verifica-se igualmente que não existe uma correspondência integral dos KEPI’s com
todos os Princípios da Ecoeficiência e que estes não são todos cobertos em todas as fases do
produto.
O Princípio 1 é comum a todas as fases analisadas e apresenta peso semelhante em
todas elas. O facto de a Tabela 9 apresentar maior número de Aspetos com ligação a este
princípio tem a ver apenas com a existência de maior número de Aspetos a considerar no
fabrico por CNC, e não com uma maior importância deste princípio. O mesmo se verifica para
os Princípios 2, 4 e 5, com uma pequena exceção na Tabela 11, onde o Princípio 2 aparece
48
associado ao Âmbito “Produto”, que só é considerado na fase de utilização do molde (injeção
de plástico).
O Princípio 3 aparece com maior relevância associado aos processos de fabrico do
molde. Tal é condizente com o tipo de tecnologias envolvidas na fase de fabrico e fase de
injeção de plástico, e correspondentes consumos e emissões.
O Princípio 6 (Durabilidade do Produto) só é abordado na fase de utilização do molde.
Tal é concordante com o facto de apenas nessa fase o molde ser utilizado como produto.
O Princípio 7 regista uma correspondência semelhante ao Princípio 6 pelas mesmas
razões, com exceção de uma presença marginal na fase de fabrico do molde, onde aparece
associado ao Âmbito “Instalações Físicas e Equipamentos”.
Chama-se a atenção para o facto de as tabelas apresentarem alguns KEPI’s onde o
aspeto considerado está relacionado com o tempo (estes aspetos não foram identificados na
Tabela 8 onde se listaram os Aspetos Ambientais). De facto, por sí só, o tempo não é não é
diretamente contemplado na definição de Aspetos Ambiental da norma. No entanto, a própria
norma sugere vários KEPI’s relacionados com o tempo, resultando que têm de ter de ter um
Aspeto Ambiental associado. De facto, o tempo de operação confere mais ou menos
intensidade a um dado aspeto e o conhecimento do seu valor poderá ajudar a identificar
causas de impacto e oportunidades de melhoria. A análise efetuada neste estudo corrobora a
necessidade deste tipo de KEPI’s uma vez que existe uma correspondência destes com os
Princípios da Ecoeficiência.
A Tabela 48 no Anexo A resume todos os KEPI’s, por cada Princípio e pode-se
comprovar que não existe uma correspondência singular KEPI vs Princípio. A todos os
Princípios correspondem mais de um KEPI e vários Princípios têm KEPI’s em comum. Esta
tabela também permite verficar que, apesar de o fabrico do molde com recurso a CNC
apresentar número de Aspetos Ambientais próximo de verificado com EDM (28 e 31
respetivamente) e estes um número semelhante à fase de injeção de plástico (27), o número
de aspetos não implica uma maior correspondência com diferentes Princípios da Ecoeficiência.
Tal é notório na fase de injeção de plástico que, mesmo apresentando o menor número de
Aspetos Ambientais, apresenta uma maior diversidade de Âmbitos e consegue fazer uma
correspondência com todos os Princípios da Ecoeficiência.
Tabela 9 - KEPI's Fase de Fabrico do Molde - CNC (IDO ISO 14031:2005 vs Aspectos Ambientais)
AMBITO
KEPI Norma ISO 14031:2005 ASPECTO A CONSIDERAR
PRINCÍPIOS DA ECOEFICIÊNCIA
1 2 3 4 5 6 7
MA
TER
IAIS
Quantidade material utilizado
Consumo de ferramentas de corte (pastilhas, ferros, brocas, etc)
X
Óleo lubrificante X
Óleo/Fluído de corte X
Filtros X
49
Quantidade de materiais auxiliares reciclados ou reutilizados
Filtros (quando não inutilizados)
X X X
Quantidade de matérias perigosas utilizadas
Óleo lubrificante X X
Óleo/Fluído de corte X X
EN
ER
GIA
Quantidade de energia utilizada
Consumo de electricidade total
X
Consumo de electricidade na fresagem
X
Consumo de electricidade no torneamento
X
Consumo de electricidade na furação
X
INS
TALA
ÇÕ
ES
FÍSI
CAS
E
EQ
UIP
AME
NTO
Número de horas de operação de um equipamento específico
Total de horas de operação de maquinagem
X X
Total de horas de fresagem
X X
Total de horas de torneamento
X X
Total de horas de furação
X X
RE
SÍD
UO
S
Quantidade de resíduos
Limalhas de aço, luminio e ligas
X
Ferramentas de corte inutilizadas
X
Filtros contaminados X
Óleo lubrificante contaminado X
Óleo/Fluído de corte contaminado
X
Embalagens X
Quantidade de resíduos perigosos
Óleo lubrificante contaminado X
Óleo/Fluído de corte contaminado
X
Quantidade de resíduos recicláveis
Embalagens X X
Desperdícios de matéria prima (limalhas) X X X
Total de resíduos para destino final
Óleos lubrificantes contaminados X X X
Óleo/Fluído de corte contaminado X X X
Filtros inutilizados X X X
(Legenda: 1 - Intensidade de materiais consumidos para obtenção de bens e serviços; 2 - Intensidade de energia consumida para obtenção de bens e serviços; 3 - Dispersão de substâncias tóxicas; 4 - Reciclabilidade dos materiais; 5 - Uso sustentável de recursos renováveis; 6 - Durabilidade do produto; 7 - Intensidade do fornecimento de bens e serviços) Tabela 10 - KEPI's Fase de Fabrico do Molde - EDM (IDO ISO 14031:2005 vs Aspectos Ambientais)
AMBITO KEPI Norma ISO 14031:2005 ASPECTO A CONSIDERAR PRINCÍPIOS DA ECOEFICIÊNCIA
1 2 3 4 5 6 7
MA
TER
IAIS
Quantidade material utilizado
Fio de desbaste (EDM por fio) X
Electrodo (EDM penetração) X
Óleo dieléctrico (EDM penetração)
X
Água desionizada X
50
Filtros de partículas X
Óleo de lubrificação X
Quantidade de materiais auxiliares reciclados ou reutilizados
Água desionizada X X X
Filtros de particulas (quando não inutilizados) X X X
Quantidade de água Água desionizada X X
Quantidade de água reutilizada Água desionizada reutilizada X X X
Quantidade de matérias perigosas utilizadas
Óleo dieléctrico (EDM penetração)
X X
Óleo de lubrificação X X
ENERGIA Quantidade de energia utilizada Consumo de electricidade
X
INSTALAÇÕES FÍSICAS E EQUIPAMENTO
Número de horas de operação de um equipamento específico
Total de horas de funcionamento da electro-erosora
X X
Total de horas de maquinagem dos electrodos
X X
RE
SÍD
UO
S
Quantidade de resíduos
Partículas de matéria-prima (aço, alumínio e ligas) X
Fio de desbaste inutilizado (EDM por fio) X
Electrodo inutilizado (EDM penetração) X
Óleo dieléctrico contaminado (EDM penetração) X
Água desionizada contaminada
X
Óleo de lubrificação contaminado
X
Filtros inutilizados X
Embalagens X
Quantidade de resíduos perigosos
Partículas de matéria-prima (aço, alumínio e ligas) X
Óleo dieléctrico contaminado (EDM penetração) X
Óleo de lubrificação contaminado
X
Quantidade de resíduos recicláveis
Embalagens X X
Água desionizada contaminada
X X X
Quantidade de resíduos para destino final
Fio de desbaste inutilizado (EDM por fio) X X X
Eléctrodo inutilizado (EDM penetração) X X X
Filtros inutilizados X X X
(Legenda: 1 - Intensidade de materiais consumidos para obtenção de bens e serviços; 2 - Intensidade de energia consumida para obtenção de bens e serviços; 3 - Dispersão de substâncias tóxicas; 4 - Reciclabilidade dos materiais; 5 - Uso sustentável de recursos renováveis; 6 - Durabilidade do produto; 7 - Intensidade do fornecimento de bens e serviços)
51
Tabela 11 - KEPI's Fase de Utilização do Molde (IDO ISO 14031:2005 vs Aspectos Ambientais)
AMBITO KEPI Norma ISO 14031:2005 ASPECTO A CONSIDERAR PRINCÍPIOS DA ECOEFICIÊNCIA
1 2 3 4 5 6 7 M
ATE
RIA
IS Quantidade de materias utilizados
Quantidade de plástico/polímero utilizado de origem reciclada
X
Quantidade utilizada de materiais processados, reciclados ou reutilizados
Quantidade de plástico/polímero utilizado de origem reciclada
X X X
Quantidade de matéria-prima reutilizada no processo produtivo
Quantidade de plástico/polímero reutilizado na produção
X X X
EN
ER
GIA
Quantidade de energia utilizada
Consumo de electricidade total
X
Consumo de electricidade com máquina de fecho do molde
X
Consumo de electricidade com máquina de injecção de plástico
X
INS
TALA
ÇÕ
ES
FÍS
ICA
S E
EQ
UIP
AME
NTO
Número de horas de operação de um equipamento específico
Tempo de funcionamento da máquina de fecho do molde X X
Tempo de funcionamento da máquina de injecção de plástico
X X
Área total de terreno utilizado para produção
Espaço necessário para produção
X
Número de horas de manutenção preventiva do equipamento por ano
Tempo necessário para manutenção do molde X
Tempo necessário para manutenção da máquina de fecho do molde
X
Tempo necessário para manutenção da máquina de injecção de plástico
X
PR
OD
UTO
S
Percentagem do conteúdo dos produtos que pode ser reutilizado ou reciclado
Quantidade de plástico enviado para reciclagem X X
Quantidade de plástico reutilizado na produção X X
Taxa de produtos defeituosos Quantidade de peças injectadas com defeito X
Número de unidades de energia consumida durante a utilização do
produto
Energia total consumida no ciclo de injecção X
Duração da utilização do produto
Tempo de ciclo de injecção X X
Tempo gasto com manutenção do molde X X
Número de ciclo de injecção até manutenção do molde X X
Tempo de vida do molde X X
RE
SÍD
UO
S
Quantidade de resíduos Total de desperdício de plástico
X
Quantidade de resíduos perigosos; recicláveis ou reutilizáveis produzidos
por ano
Quantidade de desperdícios de plástico enviado para reciclagem
X X X
Quantidade de desperdícios de plástico reutilizado na produção
X X X
Embalagens diversas para reciclagem X X X
Total de resíduos para destino final Total de desperdícios de plástico não reciclável X X X
Quantidade de resíduos convertidos em material reutilizável
Quantidade de desperdícios de plástico enviado para reciclagem
X X X
52
(Legenda: 1 - Intensidade de materiais consumidos para obtenção de bens e serviços; 2 - Intensidade de
energia consumida para obtenção de bens e serviços; 3 - Dispersão de substâncias tóxicas; 4 - Reciclabilidade dos
materiais; 5 - Uso sustentável de recursos renováveis; 6 - Durabilidade do produto; 7 - Intensidade do fornecimento de
bens e serviços)
4.2.3 Unidade Funcional
Foi indicado, na secção anterior que os KEPI’s têm que garantir três princípios:
quantificação, relevância e comparabilidade, e que tal significa que estes dados terão de ser
medidos e reportados segundo uma métrica que garanta o cumprimento destes princípios. Já
antes, na secção dedicada aos Aspetos Ambientais, se tinha feito referência à necessidade de
analisar os dados apresentados neste estudo tendo por base uma métrica comum que os
relacionasse. A essa métrica a Norma ISO 14031:2005 dá o nome de Unidade Funcional e
recomenda que após definida seja esta a unidade de referência para o estudo que se estiver a
efetuar.
A função desta unidade é possibilitar a comparação de dados com origens e unidades
diferentes, uma vez que irá relacioná-los à luz de uma unidade comum (normalização). Deste
modo, e referenciando para o caso concreto dos moldes de injeção de plástico, será possível
comparar resultados de moldes obtidos com diferentes tecnologias, com estruturas díspares e
dimensões distintas, bastando para tal a seleção de uma unidade de referência que ligue os
pontos comuns a cada caso. Assim sendo, a unidade funcional terá que refletir a realidade do
sistema produtivo e do produto em si.
Apesar de segundo as normas utilizadas [5] [46] ter de ser única para um dado estudo,
tal não limita que tenha de ser única para toda a temática dos moldes de injeção, sendo que
poderá ser escolhida uma unidade para cada caso analisado, conforme o contexto e objetivo
do estudo e os dados disponíveis. Essa é a abordagem seguida nos desenvolvimentos
propostos nesta tese. Assim, será natural selecionar diferentes unidades caso o estudo se
insira num contexto de estudo interno da empresa, contexto de comparação de produto entre
várias empresas ou num contexto de transmissão de informação relevante para o cliente.
Deste modo, são aqui propostas algumas Unidades Funcionais que permitirão cobrir
grande parte dos casos sobre os quais os contextos acima mencionados poderão incidir.
• Unidade Funcional “Molde” – Usando o Molde como Unidade Funcional, é possível
comparar moldes com dimensões idênticas (e/ou outras caracteristicas), mas que
recorram a técnicas de fabrico distintas. Esta Unidade Funcional permite avaliar a
eficiência de recursos utilizados no fabrico do molde e comparar moldes dentro da
mesma empresa ou moldes idênticos entre empresas concorrentes.
Será possível também inferir quanto à eficiência do processo de injeção, sendo que
este será aqui analisado quanto à influência que as tecnologias utilizadas no fabrico
do molde têm neste processo, independentemente da dimensão do molde.
53
• Unidade Funcional “Massa do Molde” – Esta Unidade Funcional permite
comparação entre moldes de diferentes dimensões ao colocar consumos de
ferramentas, energia, entre outros, em relação à matéria-prima
processada/consumida, permitindo, tal como a unidade apresentada antes, avaliar a
eficiência da utilização de recursos e fornecendo dados que poderão ser relevantes,
não apenas do ponto de vista de comunicação interna da empresa, mas também
para potenciais clientes do fabricante de moldes.
Tal como a Unidade Funcional “Molde”, também esta permite avaliar quanto à
eficiência do processo de injeção sendo que neste caso, a análise incidirá na
influência que a dimensão do molde (e/ou alguma tecnologia de fabrico distinta) terá
sobre o processo, qualquer que seja a massa do molde.
Importante salientar por último que se poderia utilizar também com Unidade
Funcional o “Volume do Molde”. No entanto, como a generalidade dos materiais
utilizados no fabrico de moldes são ligas de aço, cuja densidade não apresenta
grande variação independentemente da liga utilizada, falar de volume de molde e
massa de molde poderá ser redundante (no caso de ligas de materiais diferentes o
volume deverá ser tido em linha de conta). Por esse motivo, optou-se neste trabalho
por apresentar apenas a massa do molde como Unidade Funcional.
• Unidade Funcional “Tempo de vida do Molde” – Com esta Unidade Funcional,
conseguem-se comparações entre moldes diferentes em dimensão, design e
tecnologias de fabrico. Ao dedicar o foco da análise da longevidade produtiva do
molde (ou durabilidade), esta Unidade Funcional permite fornecer dados que
poderão ser de grande relevância para comunicar com clientes que procurem uma
solução para um caso especifico de volume de produção. Esta Unidade Funcional
poderá ser medida em número de shots ou número de peças injetáveis.
• Unidade Funcional “Massa da Peça” – Com esta Unidade Funcional, é possível
retirar informações quanto à dimensão de peças que um determinado modelo/tipo
de molde permite produzir, obtendo-se assim dados relativos à eficiência do molde.
Obtêm-se igualmente dados referentes à eficiência do processo de injeção, uma vez
que se passa a ter informação quanto a consumos de matéria-prima e energia
utilizadas no processo por massa unitária de material injetado, à imagem do que se
consegue inferir sobre o molde com a Unidade Funcional “Massa do Molde”
apresentada atrás, podendo-se comparar processos de injeção de peças com
dimensões diferentes.
Estes resultados poderão ser úteis para ajudar a empresa a melhorar a eficiência do
processo de injeção ou design de um determinado molde ou, num contexto mais
comercial, auxiliar um cliente quanto à melhor utilização ou escolha de um molde ou
processo de injeção.
• Unidade Funcional “Peça Injetada” – Tal como se indicou para a Unidade Funcional
“Molde”, também com esta UF se poderão comparar peças de dimensões idênticas,
54
mas obtidas com recurso a moldes e processo de injeção distintos, ficando-se desta
forma com informação relativa à eficiência de recursos do processo de injeção.
Com certeza que mais Unidades Funcionais poderão ser selecionadas para o caso dos
moldes de injeção de plástico, no entanto as apresentadas cobrem já grande parte dos casos
de estudo que se preveem.
4.2.4 Perfil Ambiental do caso de estudo
Depois de apresentados os Aspetos Ambientais e identificados os KEPI’s e Unidades
Funcionais, é possível definir o Perfil Ambiental para o caso dos moldes de injeção de
plástico. Este Perfil Ambiental proposto será constituído pelo somatório de perfis das fases de
fabrico e de utilização do molde.
Como foi mencionado neste capítulo, os KEPI’s terão como unidades as Unidades
Funcionais apresentadas recentemente. No caso dos indicadores gerais, a métrica será
definida pelo Eco-indicador EI99, já apresentada anteriormente.
Após esta etapa fica-se com toda a informação ambiental relevante para o cálculo dos
Rácios e Indicadores de Ecoeficiência.
Com os valores quantificados dos KEPI’s e dos Indicadores de Influência Ambiental, ou
indicadores específicos e gerais, respetivamente, tem-se então o Perfil Ambiental,
representado na tabela seguinte (Tabela 12). Esta tabela aglutina toda informação relativa à
fase de produção e utilização do molde.
Faz-se uma chamada de atenção para o facto de, até ao momento, o material utilizado
para a construção do molde não estar a ser considerado por se tratar de uma característica do
produto e não dos processos de fabrico. A partir deste ponto, este dado passará a ser tido em
conta. Deste modo, na tabela 12, e contrariamente ao que ocorreu até aqui, a informação
relativa ao consumo de matéria-prima no fabrico do molde vai constar da lista de material
utilizado, tendo um KEPI associado e influenciando os dados dos indicadores de aplicabilidade
geral.
Os valores relativos à coluna “KEPI” da Tabela 12, serão as grandezas físicas relativas a
consumos e emissões, dimensionalizadas conforme a Unidade Funcional definida em cada
estudo/análise. No caso da “Influência Ambiental”, os valores a apresentar derivarão dos
valores específicos dos KEPI’s e das pontuações indicadas pelo Eco-indicador 99. O valor da
Influência Ambiental será então obtido segundo o seguinte cálculo:
𝑄𝑄𝐺𝐺𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 = �(𝐾𝐾𝐾𝐾𝑃𝑃𝐼𝐼𝑖𝑖 × 𝐾𝐾𝐼𝐼99𝑖𝑖)𝑘𝑘
𝑖𝑖=1
55
Onde j será o Tipo de Impacto e k o tipo de KEPI
Tabela 12 - Perfil Ambiental do sistema de produção
PERFIL AMBIENTAL
Indicador de Aplicabilidade Específica Indicador de Aplicabilidade Geral
ÂMBITO Tipo de KEPI’s Aspecto KEPI Tipo de Influência Influência
Ambiental
MA
TER
IAIS
Quantidade material
utilizado
Consumo de ferramentas de corte (pastilhas, ferros, brocas, etc) kg/UF
Quantidade Global de materiais
consumidos
EI99/UF
#/UF
Óleo lubrificante kg/UF
Óleo/Fluído de corte kg/UF
Filtros (máquina CNC) #/UF
Fio de desbaste (EDM por fio) kg/UF
Electrodo (EDM penetração) kg/UF
Óleo dieléctrico (EDM penetração) kg/UF
Água desionizada kg/UF
Filtros de partículas (máquina EDM) #/UF
Óleo de lubrificação kg/UF
Quantidade de matéria-prima utilizada no fabrico do molde kg/UF
Quantidade de plástico/polímero
utilizado kg/UF
Quantidade de materiais
auxiliares reciclados ou
reutilizados
Filtros (máquina CNC quando não inutilizados) #/UF
Quantidade Global de materiais
reciclados ou reutilizados
#/UF
EI99/UF
Água desionizada kg/UF
Filtros de partículas (máquina
EDM quando não inutilizados) #/UF
Quantidade utilizada de
materiais processados,
reciclados ou
reutilizados
Quantidade de plástico/polímero
utilizado de origem reciclada kg/UF
Quantidade Global de materiais
de origem reciclada EI99/UF
Quantidade de matéria-
prima reutilizada no
processo produtivo
Quantidade de plástico/polímero
reutilizado na produção kg/UF
Quantidade Global de matéria-
prima reutilizada EI99/UF
Quantidade de água Água desionizada kg/UF Consumo Global de água EI99/UF
Quantidade de água reutilizada Água desionizada reutilizada kg/UF
Quantidade Global de água
reutilizada EI99/UF
Quantidade de matérias
perigosas utilizadas
Óleo lubrificante kg/UF Quantidade Global de materiais
perigosos EI99/UF
Óleo/Fluído de corte kg/UF
56
Óleo dieléctrico (EDM penetração) kg/UF
Óleo de lubrificação kg/UF
ENER
GIA
Quantidade de energia
utilizada
Consumo de electricidade total na maquinagem MJ/UF
Quantidade Global de energia
consumida EI99/UF
Consumo de electricidade na fresagem MJ/UF
Consumo de electricidade no torneamento MJ/UF
Consumo de electricidade na furação MJ/UF
Consumo de electricidade total na
electro-erosão MJ/UF
Consumo de electricidade total na injecção MJ/UF
Consumo de electricidade com máquina de fecho do molde MJ/UF
Consumo de electricidade com máquina de injecção de plástico MJ/UF
INST
ALA
ÇÕ
ES F
ISÍC
AS
E EQ
UIP
AM
ENTO
Número de horas de
operação de um
equipamento específico
Total de horas de operação de maquinagem h/UF
Tempo total consumido nas
operações (h) h
Total de horas de fresagem h/UF
Total de horas de torneamento h/UF
Total de horas de furação h/UF
Total de horas de funcionamento
da electro-erosora h/UF
Total de horas de funcionamento da máquina de fecho do molde h/UF
Total de horas de funcionamento da máquina de injecção de plástico
h/UF
Área total de terreno utilizado para produção Espaço necessário para produção m2/UF Consumo Global de terreno m2/UF
Número de horas de
manutenção preventiva
do equipamento por ano
(h/UF)
Tempo necessário para manutenção do molde h/UF
Tempo total despendido com
operações de manutenção h Tempo necessário para
manutenção da máquina de fecho do molde
h/UF
PRO
DU
TOS
Percentagem do
conteúdo dos produtos
que pode ser reutilizado
ou reciclado (kg/UF)
Quantidade de plástico enviado para reciclagem kg/UF
Quantidade Global de produto
reaproveitado EI99/UF
Quantidade de plástico reutilizado na produção kg/UF
Taxa de produtos
defeituosos (%/UF)
Quantidade de peças injectadas
com defeito %/UF
Quantidade Global de produtos
defeituosos %/UF
Número de unidades de energia consumida
durante a utilização do produto (MJ/UF)
Energia total consumida no ciclo de injecção MJ/UF
Quantidade global de energia
consumida na injecção EI99/UF
Duração da utilização
do produto (h/UF)
Tempo de ciclo de injecção h/UF
Quantidade Global de tempo de
utilização do produto EI99/UF Tempo gasto com manutenção do
molde h/UF
Número de ciclo de injecção até manutenção do molde #/UF
57
Tempo de vida do molde h/UF R
ESÍD
UO
S
Quantidade de resíduos
(kg/UF)
Limalhas de aço, alumínio e ligas kg/UF
Quantidade Global de resíduos
gerados
EI99/UF
#/UF
Ferramentas de corte inutilizadas kg/UF
Filtros máquina CNC contaminados #/UF
Óleo lubrificante contaminado kg/UF
Óleo/Fluído de corte contaminado kg/UF
Embalagens derivadas da maquinagem #/UF
Partículas de matéria-prima (aço, alumínio e ligas) kg/UF
Fio de desbaste inutilizado (EDM por fio) kg/UF
Electrodo inutilizado (EDM penetração) #/UF
Óleo dieléctrico contaminado (EDM penetração) kg/UF
Água desionizada contaminada kg/UF
Óleo de lubrificação contaminado kg/UF
Filtros máquina EDM inutilizados #/UF
Embalagens derivadas da electro-erosão #/UF
Total de desperdício de plástico kg/UF
Quantidade de resíduos
perigosos; recicláveis
ou reutilizáveis
produzidos por ano
(kg/UF)
Óleo lubrificante contaminado kg/UF
Quantidade Global de resíduos
recicláveis
EI99/UF
#/UF
Óleo/Fluído de corte contaminado kg/UF
Embalagens derivadas da maquinagem #/UF
Desperdícios de matéria-prima (limalhas) kg/UF
Partículas de matéria-prima (aço, alumínio e ligas) kg/UF
Óleo dieléctrico contaminado (EDM penetração) kg/UF
Óleo de lubrificação contaminado kg/UF
Embalagens derivadas da electro-erosão #/UF
Água desionizada contaminada kg/UF
Quantidade de desperdícios de plástico enviado para reciclagem kg/UF
Quantidade de desperdícios de plástico reutilizado na produção kg/UF
Embalagens derivadas da injecção #/UF
Total de resíduos para
destino final (kg/UF)
Óleos lubrificantes contaminados kg/UF
Quantidade Global de resíduos
para destino final
EI99/UF
#/UF
Óleo/Fluído de corte contaminado kg/UF
Filtros maquinagem inutilizados #/UF
Fio de desbaste inutilizado (EDM por fio) kg/UF
58
Eléctrodo inutilizado (EDM penetração) kg/UF
Filtros electro-erosora inutilizados #/UF
Total de desperdícios de plástico não reciclável kg/UF
Quantidade de resíduos convertidos em material
reutilizável (kg/UF)
Quantidade de desperdícios de plástico enviado para reciclagem kg/UF
Quantidade Global de resíduos
reaproveitados EI99/UF
Com este trabalho, apesar de a lista apresentada ser extensa, consegue-se já agregar
vários valores relevantes para o caso do setor dos moldes de injeção de plástico, facilitando a
seleção de indicadores no momento do cálculo da ecoeficiência num caso concreto.
No entanto, esta lista será ainda demasiado extensa no caso de se pretender algo mais
focado num determinado contexto. Assim, propõem-se de seguida tabelas que permitirão uma
análise mais macro da Influência Ambiental do sistema ou uma análise focada por processo.
As Tabelas 13 a 17 permitem analisar de forma mais célere informação quanto à
Influência Ambiental de um determinado Âmbito, a Influência Ambiental de um processo de
fabrico específico ou da fase de injeção de plástico ou mesmo a Influência Global de todo o
sistema. Os valores presentes nestas tabelas serão então obtidos segundo as seguintes
expressões:
• Perfil Ambiental por Âmbito
𝑇𝑇Â𝑚𝑚𝑙𝑙𝑖𝑖𝑚𝑚𝑙𝑙 𝑙𝑙 = � 𝑄𝑄𝐺𝐺𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙𝑙 𝑙𝑙
𝑙𝑙→𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑐𝑐𝑙𝑙𝑑𝑑𝑙𝑙 𝑙𝑙
Onde l é referente a cada Âmbito (materiais, energia, etc.)
• Perfil Ambiental por Processo
𝑇𝑇Processo pl = �(𝐾𝐾𝐾𝐾𝑃𝑃𝐼𝐼𝑖𝑖 × 𝐾𝐾𝐼𝐼99𝑖𝑖)
𝑝𝑝𝑙𝑙
Onde novamente, l se refere ao Âmbito.
Tabela 13 - Análise macro do Perfil Ambiental
PERFIL AMBIENTAL
Indicadores de Aplicabilidade Geral
ÂMBITO Tipo de Influência
Influência
Ambiental Global
por Âmbito
Influência
Ambiental Global
MATERIAIS
Quantidade Global de materiais consumidos
EI99/UF
EI99/UF
h
m2/UF
Quantidade Global de materiais reciclados ou reutilizados
Quantidade Global de materiais de origem reciclada
Quantidade Global de matéria-prima reutilizada
59
Consumo Global de água
Quantidade Global de água reutilizada
Quantidade Global de materiais perigosos
ENERGIA Quantidade Global de energia consumida EI99/UF
INSTALAÇÕES FÍSICAS E
EQUIPAMENTO
Tempo total consumido nas operações h
m2/UF Consumo Global de terreno
Tempo total despendido com operações de manutenção
PRODUTOS
Quantidade Global de produto reaproveitado
EI99/UF Quantidade Global de produtos defeituosos
Quantidade global de energia consumida na injecção
Quantidade Global de tempo de utilização do produto
RESÍDUOS
Quantidade Global de resíduos gerados
EI99/UF Quantidade Global de resíduos recicláveis
Quantidade Global de resíduos para destino final
Quantidade Global de resíduos reaproveitados
As Tabelas 14, 15, 16 e 17 são versões resumidas do Perfil Ambiental de cada
processo. Tal acontece com o intuito de facilitar a leitura dos dados. A tabela completa, com
todos os KEPI’s por processo e Inflência Ambiental pode ser consultada no Anexo C (Tabela
51).
Tabela 14 - Perfil Ambiental da Maquinagem
PERFIL AMBIENTAL Indicadores de Aplicabilidade Geral
PROCESSO ÂMBITO Tipo de Influência Influência Ambiental do Processo
MA
QU
INA
GEM
(CN
C)
MATERIAIS
Quantidade material utilizado
EI99/UF h
m2/UF
Quantidade de materiais auxiliares reciclados ou reutilizados
Quantidade de matérias perigosas utilizadas
ENERGIA Quantidade de energia utilizada
INSTALAÇÕES FÍSICAS E EQUIPAMENTO
Número de horas de operação de um equipamento específico
Área total de terreno utilizado para produção
RESÍDUOS
Quantidade de resíduos
Quantidade de resíduos perigosos; recicláveis ou reutilizáveis
produzidos por ano
Total de resíduos para destino final
60
Tabela 15 - Perfil Ambiental Electroerosão PERFIL AMBIENTAL
Indicadores de Aplicabilidade Geral
PROCESSO ÂMBITO Tipo de Influência Influência Ambiental do Processo
ELEC
TRO
ERO
SÃO
(ED
M)
MATERIAIS
Quantidade material utilizado
EI99/UF h
m2/UF
Quantidade de materiais auxiliares reciclados ou
reutilizados Quantidade de água
Quantidade de água reutilizada Quantidade de matérias perigosas
utilizadas
ENERGIA Quantidade de energia utilizada
INSTALAÇÕES FISÍCAS E EQUIPAMENTO
Número de horas de operação de um equipamento específico
Área total de terreno utilizado para produção
RESÍDUOS
Quantidade de resíduos Quantidade de resíduos perigosos; recicláveis ou
reutilizáveis produzidos por ano Total de resíduos para destino final
Tabela 16 - Perfil Ambiental Produto Molde
PERFIL AMBIENTAL Indicadores de Aplicabilidade Geral
PROCESSO ÂMBITO Tipo de Influência Influência Ambiental do Processo
MOLDE MATERIAIS Quantidade material utilizado EI99/UF
Tabela 17 - Perfil Ambiental da Injeção de Plástico
PERFIL AMBIENTAL
Indicadores de Aplicabilidade Geral
PROCESSO ÂMBITO Tipo de Influência Influência Ambiental do Processo
INJE
ÇÃ
O D
E PL
ÁST
ICO
MATERIAIS
Quantidade material utilizado
EI99/UF h
m2/UF
Quantidade utilizada de materiais processados, reciclados ou reutilizados
Quantidade de matéria-prima reutilizada no processo produtivo
ENERGIA Quantidade de energia utilizada
INSTALAÇÕES FISÍCAS E
EQUIPAMENTO
Número de horas de operação de um equipamento específico
Área total de terreno utilizado para produção Número de horas de manutenção preventiva
do equipamento por ano
PRODUTOS
Percentagem do conteúdo dos produtos que pode ser reutilizado ou reciclado
Taxa de produtos defeituosos Número de unidades de energia consumida
durante a utilização do produto Duração da utilização do produto
61
RESÍDUOS
Quantidade de resíduos Quantidade de resíduos perigosos; recicláveis
ou reutilizáveis produzidos por ano Total de resíduos para destino final
Quantidade de resíduos convertidos em material reutilizável
4.3 Perfil de Valor
O Perfil de Valor é traçado tendo por base indicadores de valor. Segundo o WBCSD
estes, à imagem dos utilizados para o perfil ambiental, também se dividem em indicadores de
aplicabilidade geral e específica. Para este organismo, os indicadores de valor de caracter
específico envolvem dados monetários e financeiros que dependem de conjunturas
económicas de empresas ou países ou estratégias internas da própria empresa. Por seu lado,
os indicadores de caracter geral, inferem sobre quantidades ligadas ao produto e produção,
estando mais ligadas a aspetos relacionados com o fabrico e tecnologias de fabrico [5]. A
informação fornecida por estes indicadores vai, juntamente com a originada pelo Perfil
Ambiental, servir de base para o cálculo dos Rácios de Ecoeficiência.
Neste trabalho não se fará referência a nenhum modo específico de obtenção destes
indicadores (métodos financeiros, contabilidade, estudos de mercado, etc.). No entanto, é
aconselhável que estes sejam não só representativos do sistema produtivo ou do produto, mas
também reconhecidamente relevantes para os decisores, sejam os órgãos de gestão da
empresa ou outras entidades interessadas. Na Tabela 18 encontram-se exemplos de
indicadores de valor gerais e específicos sugeridos pelo WBCSD [5].
Tabela 18 – Exemplos de Indicadores de Valor sugeridos pelo WBCSD [5]
INDICADORES DE VALOR
ESPECÍFICO GERAL
Total de produto fabricado Margem de lucro
Total de produto vendido Valor acrescentado do produto
Vendas líquidas Custo por unidade
Consoante o objetivo da empresa, poder-se-á dar mais enfoque a um ou outro indicador.
Por exemplo, a informação obtida através dos dados referentes às “Vendas Líquidas” é mais
útil para traçar o desempenho num âmbito mais corporativo. No entanto, se o objetivo for
desenvolver ações de melhoria do desempenho a nível fabril, os dados referentes à
“Quantidade de Produção” serão mais úteis [5].
62
4.3.1 Perfil de Valor do caso de estudo
Nesta secção é elaborado o Perfil de Valor do fabrico de moldes e da injeção de plástico.
Na secção anterior foram apresentados exemplos de indicadores de valor específicos e gerais,
sugeridos pelo WBCSD. No entanto, por forma a obter-se um Perfil de Valor que reflita o tema
em estudo, este trabalho propõe que os indicadores de valor sejam apresentados segundo três
parâmetros:
• Processos de fabrico (maquinagem e electroerosão) e injeção de plástico
• Produto Molde
• Produto Peça de plástico
Esta separação possibilita que a informação fornecida possa incidir apenas sobre um
aspeto do sistema em análise ou a sua totalidade. Assim, é possível fornecer informação de
interesse para a empresa fabricante de moldes (Tabela 19), para clientes dos fabricantes de
moldes (Tabela 20) e empresas de injeção de plásticos sem que se tenha de fornecer
igualmente dados irrelevantes (Tabela 21).
Dados referentes a custos dos processos de fabrico e fase de injeção, valor
acrescentado dos mesmos, custo de fabrico do molde e valor acrescentado deste, são de
especial interesse para a empresa fabricante de moldes. Com estes dados, a empresa poderá
inferir quanto à rentabilidade da linha de produção. De igual modo, com dados referentes a
valores de tempo de produção, durabilidade do produto ou unidades produzidas, obtém-se
informação que permite conhecer a produtividade de uma determinada solução de fabrico ou
design de molde. A empresa fabricante de moldes ganha assim ferramentas para decidir
quanto ao melhor método de produção a seguir para determinado molde.
Do ponto de vista comercial, dados referentes à capacidade produtiva de um molde,
tempo de ciclo de injeção, volume de vendas de peças de plástico ou margem de lucro das
peças de plástico, são de especial interesse para os clientes da empresa fabricante de moldes,
pois irá permitir-lhes decidir quanto à melhor escolha de molde para um determinado caso e
permitir-lhes projetar acções após aquisição de um determinado molde.
Tabela 19 - Perfil de Valor para Processos de fabrico e fase de Injeção de plástico
PERFIL DE VALOR
Indicador de Aplicabilidade Específica Indicador de Aplicabilidade Geral
Indicador Quant. Indicador Quant.
Custo com operação de maquinagem €/UF Tempo gasto na operação de maquinagem h/UF
Valor Acrescentado da operação de maquinagem €/UF
Custo com operação de electroerosão €/UF Tempo gasto na operação de electroerosão h/UF
63
Valor Acrescentado da operação de electroerosão €/UF
Custo com operação de injeção de plástico €/UF
Tempo de ciclo de injeção h/UF Valor Acrescentado da operação de injeção de
plástico €/UF
Tabela 20 - Perfil de Valor para Produto Molde
PERFIL DE VALOR
Indicador de Aplicabilidade Específica Indicador de Aplicabilidade Geral
Indicador Quant. Indicador Quant.
Custo de fabrico do molde €/UF Tempo gasto no fabrico do molde h/UF
Margem de Lucro do molde €/UF Durabilidade do molde – nº de peças injetáveis #/UF
Valor Acrescentado Bruto do molde - VAB €/UF Tempo gasto com manutenção do molde h/UF
Tabela 21 - Perfil de Valor para Produto Peça
PERFIL DE VALOR
Indicador de Aplicabilidade Específica Indicador de Aplicabilidade Geral
Indicador Quant. Indicador Quant.
Custo de fabrico da peça €/UF Volume de vendas €/UF
Valor Acrescentado Bruto da peça – VAB €/UF Unidades produzidas #/UF
Margem de lucro da peça €/UF Tempo de produção/injeção h/UF
A avaliação necessária para obter os indicadores gerais apresentados na Tabela 21 é
particularmente útil quando realizada ciclicamente em períodos de tempo pré-definidos, uma
vez que estes dados são uma mais-valia para avaliar a evolução de uma determinada linha de
produção, podendo servir de ferramenta para identificar possíveis melhorias.
Relacionando os indicadores apresentados com os Princípios da Ecoeficiência, verifica-
se uma correspondência entre ambos. De facto qualquer melhoria num dos Princípios acarreta
uma mudança nos custos, por exemplo, uma diminuição do material necessário para o fabrico
de um determinado molde ou a diminuição da quantidade de plástico necessária para a
obtenção de uma determinada peça irá incorrer numa diminuição de custos de produção. Em
particular, os Princípios 6 e 7 (Durabilidade do produto e Intensidade do fornecimento de bens
e serviços respetivamente) têm uma correspondência muito direta com fatores como melhoria
de design de um molde, tempo de ciclo de injeção e tempo gasto em manutenção, que
influênciam muito a capacidade produtiva de uma determinada solução de molde, o valor deste
e os seus custos de fabrico.
64
4.4 Rácios e Indicadores de Ecoeficiência
Segundo a metodologia do WBCSD, os Indicadores de Ecoeficiência são obtidos como
resultado de rácios entre os valores do Perfil de Valor e do Perfil Ambiental. Como tal, estes
indicadores terão também uma aplicabilidade geral ou específica, consoante o seu cálculo seja
obtido com valores gerais ou específicos dos perfis.
Relembra-se aqui que, como já fora indicado no capítulo 2, a fórmula geral para o cálculo
dos Indicadores de Ecoeficiência é:
𝐼𝐼𝐼𝐼𝑑𝑑𝑆𝑆𝑛𝑛𝑉𝑉𝑑𝑑𝑉𝑉𝑉𝑉 𝐾𝐾𝑛𝑛𝑉𝑉𝑆𝑆𝐼𝐼𝑆𝑆𝑛𝑛𝑆𝑆ê𝐼𝐼𝑛𝑛𝑆𝑆𝑉𝑉 = 𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 𝑑𝑑𝑉𝑉 𝑝𝑝𝑉𝑉𝑉𝑉𝑑𝑑𝑃𝑃𝑃𝑃𝑉𝑉 𝑉𝑉𝑃𝑃 𝑠𝑠𝑆𝑆𝑉𝑉𝑆𝑆𝑆𝑆ç𝑉𝑉
𝐼𝐼𝐴𝐴𝑝𝑝𝑉𝑉𝑛𝑛𝑃𝑃𝑉𝑉 𝑉𝑉𝑃𝑃 𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝑉𝑉𝑃𝑃ê𝐼𝐼𝑛𝑛𝑆𝑆𝑉𝑉 𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝑆𝑆𝑆𝑆𝐼𝐼𝑃𝑃𝑉𝑉𝑉𝑉
Estes dados procuram fornecer informação complementar aos relatórios financeiros
apresentados tradicionalmente pelas empresas. Com estes, os órgãos de gestão da empresa
obtêm uma ferramenta que lhes permite detectar oportunidades de melhoria, avaliar vantagens
económicas e ambientais, melhorar a gestão de recursos e avaliar a evolução de desempenho
através de comparação de dados que estes indicadores permitem [5] [73] [75].
Importa, no entanto apontar um caso limitativo.
Os indicadores de ecoeficiência podem relacionar reduções de consumo de matéria-
prima com aumento de vendas ou margem de lucro. No entanto, deve-se notar que variáveis
como Vendas ou Lucro dependem de fatores como, a situação do mercado, o preço de venda
do produto ou as taxas de câmbio. Nestas condições, a perceção dos resultados reais dos
rácios de ecoeficiência torna-se difícil uma vez que, os efeitos de redução de consumo podem
ser compensados pela redução nas vendas ou no lucro, o que torna impossível qualquer
melhoria de ecoeficiência [76].
Com o objetivo de contornar esta limitação, opta-se por focar este trabalho em duas
relações: Valor Produção ou Económico (VP) com a Influência Ambiental (IA) e
Quantidade Produzida (QP) com Influência Ambiental.
𝐾𝐾𝑛𝑛𝑉𝑉𝑆𝑆𝐼𝐼𝑆𝑆𝑛𝑛𝑆𝑆ê𝐼𝐼𝑛𝑛𝑆𝑆𝑉𝑉 =𝐶𝐶𝑃𝑃𝑠𝑠𝑃𝑃𝑉𝑉 𝑑𝑑𝑆𝑆 𝑃𝑃𝑉𝑉𝑉𝑉𝑑𝑑𝑃𝑃çã𝑉𝑉 (𝑉𝑉𝑃𝑃)𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝑉𝑉𝑃𝑃ê𝐼𝐼𝑛𝑛𝑆𝑆𝑉𝑉 𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝑆𝑆𝑆𝑆𝐼𝐼𝑃𝑃𝑉𝑉𝑉𝑉 (𝐼𝐼𝐴𝐴)
𝐾𝐾𝑛𝑛𝑉𝑉𝑆𝑆𝐼𝐼𝑆𝑆𝑛𝑛𝑆𝑆ê𝐼𝐼𝑛𝑛𝑆𝑆𝑉𝑉 =𝑄𝑄𝑃𝑃𝑉𝑉𝐼𝐼𝑃𝑃𝑆𝑆𝑑𝑑𝑉𝑉𝑑𝑑𝑆𝑆 𝑃𝑃𝑉𝑉𝑉𝑉𝑑𝑑𝑃𝑃𝑃𝑃𝑆𝑆𝑑𝑑𝑉𝑉 (𝑄𝑄𝑃𝑃)
𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝑉𝑉𝑃𝑃ê𝐼𝐼𝑛𝑛𝑆𝑆𝑉𝑉 𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝑆𝑆𝑆𝑆𝐼𝐼𝑃𝑃𝑉𝑉𝑉𝑉
Com os rácios propostos, garante-se uma avaliação da evolução real da ecoeficiência,
demonstrando ao mesmo tempo a evolução ambiental e financeira.
65
Os resultados dos rácios (VP/IA) e (QP/IA), apontam uma melhoria da ecoeficiência
quanto maior for o valor do rácio.
4.4.1 Rácios e Indicadores de Ecoeficiência do caso de estudo
Com o que acabou de ser apresentado e depois de traçados o Perfil Ambiental e Perfil
de Valor do sistema, fica-se agora em condições de calcular os Indicadores de Ecoeficiência.
Estes resultados serão apresentados como indicado nas Tabelas 52 e 53 do Anexo D.
Opta-se por apresentar duas tabelas, uma para os indicadores específicos e outra para os
gerais, por uma questão se simplificação de apresentação. Como é percetível realizando uma
breve análise a estas tabelas, o número de indicadores possíveis é ainda muito grande.
No seio das empresas de fabrico de molde ou de injeção de plástico é expetável que
uma ferramenta como a Ecoeficiência seja utilizada por todo o tipo de utilizadores. Tal significa
que a informação identificada como mais relevante para a gestão de topo poderá ser diferente
da que interessa para a gestão de produção. Nesse sentido, optou-se por organizar estes
indicadores por perfis de utilizadores da Ecoeficiência, procurando apresentar tabelas
resumidas de Indicadores de Ecoeficiência contendo apenas os indicadores importantes para
um determinado perfil de utilizador. No entanto, tal não significa que os restantes indicadores
apresentados nas Tabelas 52 e 53 devam ser ignorados nem que apenas estas tabelas-
resumo devem ser consideradas. Consoante o contexto do estudo, sobresairão os indicadores
que melhor se enquadrem com este.
Assim, identificaram-se três perfis de utilizadores diferentes.
• Perfil gestão de topo
• Perfil gestão de produção
• Perfil designer/projetista do molde
As tabelas apresentadas agregarão indicadores gerais e indicadores específicos na
mesma tabela. Tal opção deve-se ao facto de o objetivo destas tabelas ser de agregar
informação importante por perfil de utilizador, tenha esta informação carater geral ou
específico. De facto, a norma apresentada pelo WBCSD é omissa quanto a impedimento de
combinar indicadores de valor gerais com indicadores ambientais específicos, e vice-versa. No
entanto, é importante resalvar que esta junção de indicadores gerais com específicos é
limitativa da abrangência da informação obtida dos indicadores, pois combinando informação
geral com específica está-se a particularizar e a perder o carater geral, ficando-se no fim com
informação específica.
Analisando as tabelas propostas do ponto de vista dos Princípios da Ecoeficiência, e um
pouco à imagem do verificado nas tabelas de Aspetos Ambientais e KEPI’s, também estas
tabelas encontram relação com os Princípios da Ecoeficiência sem, no entanto, se verificar
uma relação completa com todos os princípios em todas as tabelas. Quer isto dizer que cada
66
tabela não cobre todos os Princípios da Ecoeficiência. No entanto, tal não significa que as
tabelas propostas não reflictam os Princípios da Ecoeficiência, antes pelo contrário. A Tabela
22 aborda implicitamente os Princípios de 1 a 5 no Indicador de Influência Ambiental Global e
contempla o Princípio 7 nos Indicadores de Valor. As Tabelas 23 e 24 voltam a abordar todos
os Princípios da Tabela 22 e juntam o Princípio 6, verificando-se o mesmo com as Tabelas 25
e 26.
O facto de as tabelas poderem não reflectir a totalidade dos Princípios de Ecoeficiência
também não espanta uma vez, cada princípio pode ser abordado por vários indicadores, mas
devido à diversidade de origens possíveis dos indicadores e sabendo que estes podem abordar
parâmetros muito distintos, dificilmente se conseguirá apresentar um indicador universal que
ligue com todos os princípios. Por outro lado, as tabelas também apresentam os indicadores
em contexto de Perfil de Utilizador. Nesse caso é perfeitamente normal que os Princípios da
Ecoeficiência mais relevantes para certo tipo de utilizador não sejam os mesmos para outro
logo, os Indicadores de Ecoeficiência das tabelas reflectirão isso. Convém relembrar que estas
são tabelas simplificadas. Nas tabelas gerais no Anexo D, a correspondência com os Princípios
da Ecoeficiência será ainda maior.
Por último, salientar que os indicadores propostos nestas tabelas serão particularmente
úteis quando analisados ao longo de um período de tempo, possíbilitando assim obter
informação com o intuito de implementar uma estratégia de melhoria continua.
Tabela 22 - Indicadores de Ecoeficiência para Perfil gestão de Topo (Fabricante de moldes)
INDICADORES DE VALOR
Custo de fabrico do
molde
Valor Acrescentado
do molde
Margem de lucro do
molde
IND
ICA
DO
RES
AM
BIE
NTA
IS
Influência Ambiental Global €/pts €/pts €/pts
Quantidade de material €/kg €/kg €/kg
Energia consumida €/kJ €/kJ €/kJ
Total de resíduos reciclados €/kg €/kg €/kg
Total de resíduos para destino final €/kg €/kg €/kg
Tabela 23 - Indicadores de Ecoeficiência para Perfil gestão de topo (Fabricante peça)
INDICADORES DE VALOR
Custo de fabrico
da peça
Valor Acrescentado
da peça
Margem de lucro da
peça
Durabilidade do
molde
IND
ICA
DO
RES
AM
BIE
NTA
IS Influência Ambiental da injeção €/pts €/pts €/pts Peças/pts
Quantidade de material €/kg €/kg €/kg Peças/kg
Energia consumida €/kJ €/kJ €/kJ Peças/kJ
Total de resíduos reciclados €/kg €/kg €/kg Peças/kg
67
Total de resíduos para destino
final €/kg €/kg €/kg Peças/kg
Tabela 24 - indicadores de Ecoeficiência para Perfil design do molde (Fabricante de moldes)
INDICADORES DE VALOR
Durabilidade do molde Custo de material Tempo de ciclo de injeção
IND
ICA
DO
RES
AM
BIE
NTA
IS Influência Ambiental Global Peças/pts €/pts h/pts
Energia consumida Peças/kJ €/kJ h/kJ
Quantidade material utilizado Peças/kg €/kg h/kg
Total de resíduos da injeção Peças/kg €/kg h/kg
Tabela 25 - Indicadores de Ecoeficiência para Perfil gestão da produção (Fabricante moldes)
INDICADORES DE VALOR
Tempo maquinagem Tempo eletroerosão Tempo fabrico molde
IND
ICA
DO
RES
AM
BIE
NTA
IS Influência Ambiental maquinagem h/pts h/pts h/pts
Influência Ambiental eletroerosão h/pts h/pts h/pts
Quantidade material utilizado h/kg h/kg h/kg
Energia consumida maquinagem h/kJ h/kJ h/kJ
Energia consumida eletroerosão h/kJ h/kJ h/kJ
Total de resíduos reciclados h/kg h/kg h/kg
Total de resíduos para destino final h/kg h/kg h/kg
Tabela 26 - Indicadores de Ecoeficiência para Perfil gestão da produção (Fabricante peça)
INDICADORES DE VALOR
Tempo de ciclo de
injeção
Durabilidade do
molde
Tempo gasto em
manutenção do molde
Volume de
vendas
IND
ICA
DO
RES
AM
BIE
NTA
IS Influência Ambiental da
injeção h/pts Peças/pts h/pts Peças/pts
Quantidade de material
utilizado h/kg Peças/kg h/kg Peças/kg
Energia consumida h/kJ Peças/kJ h/kJ Peças/kJ
Total de resíduos reciclados h/kg Peças/kg h/kg Peças/kg
Total de resíduos para
destino final h/kg Peças/kg h/kg Peças/kg
68
5. Aplicação a um caso de estudo
Após apresentada a proposta deste trabalho para a identificação de Indicadores de
Ecoeficiência para o sector dos Moldes de Injeção de Plástico, resta aplicar o defendido a um
caso concreto. Para esse efeito, foi utilizada informação referente a trabalhos já existentes de
análises de ciclo de vida a moldes de injeção [77].
Assim sendo, utilizou-se o exemplo de um molde fabricado em aço H13, com 360 mm de
altura, 396 mm de largura e 396 mm de profundidade. A peça daqui resultante é feita de
policarbonato, com 302 mm de largura e 279 mm de altura (Figura 14 e 15).
Figura 14 - Molde utilizado [77]
Figura 15 - Peça obtida [77]
Os dados relativos a consumos de materiais e energia nas diversas fases em estudo
(fase de fabrico do molde e fase de injeção) e respetivos custos são igualmente originárias do
estudo de avaliação do ciclo de vida mencionado. Estes dados constituirão o Perfil de Valor e
Perfil Ambiental que, como foi referido no capítulo anterior, serão a base para o cálculo dos
Indicadores de Ecoeficiência. Neste exemplo o volume de produção considerado é de
1.000.000 de peças. Este valor foi escolhido tendo por base os volumes de produção de
moldes deste material (aço).
5.1 Custos
Inicia-se este capítulo com a apresentação dos custos de cada processo de fabrico e uso
do molde, assim como do molde enquanto produto.
69
5.1.1 Custo do material do molde O material utilizado no fabrico do molde (bucha e cavidade) é adquirido em bruto e
posteriormente trabalhado até à forma final. Os valores relativos ao volume de material e
caraterísticas do aço estão na Tabela 27.
Tabela 27 - Volume e caraterísticas do material utilizado
VOLUME MATERIAL
Volume inicial bucha (m3) 0,016
Volume inicial cavidade (m3) 0,0144
Volume final bucha (m3) 0,0119
Volume final cavidade (m3) 0,0136
MASSA DE MATERIAL
Massa do molde (aço) (kg) 238,64
Sucata (limalha) (kg) 38,48
CARATERISTICAS MATERIAL
Densidade (kg/m3) 7850
Dureza (HV) 800
Os custos correspondentes são os apresentados na Tabela 28. Nestes estão inseridos
os custos com a aquisição de componentes e acessórios necessários.
Tabela 28 - Custos materiais utilizados
Custo do material (€/kg) 3
Custo da sucata (€/kg) -0,26
Custo dos componentes comprados (€) 2234,86
Custo material em bruto (€) 705,91
CUSTO TOTAL (€) 2940,77
5.1.2 Custo da fresagem
Os processos da fase de fabrico do molde (fresagem e eletroerosão) têm associados
custos exteriores aos processos em si (os salários, custo hora-homem, custo energético, custo
de oportunidade, período de análise e os dias/ano e horas/dia de trabalho) e que são
explanados na Tabela 29.
Tabela 29 - Variáveis exteriores aos processos
VARIÁVEIS EXTERIORES VALOR
Salário com benefícios (€) 1200
70
Hora-Homem (€/h) 9,18
Custo Energético (€/kWh) 0,0969
Custo de oportunidade (%) 15
Período (anos) 8
Dias/Ano (dias) 225
Horas/Dia (horas) 8
Os custos das variáveis internas do processo e do processo de fresagem propriamente
dito são apresentados nas Tabelas 30 e 31.
Tabela 30 - Variáveis a considerar no custo do processo de fresagem
CUSTOS VALOR
Custo de aquisição do equipamento (€) 207500
Custo da máquina (€/h) 25,69
Potência do equipamento de fresagem (kW) 53
Custo fluido de corte (€/dm3) 10
Consumo fluido de corte (dm3/s) 3,22E-07
Tempo do processo (h) 11,21
Tempo de setup (h) 1
Taxa de ocupação (%) 100
Consumo de energia (kJ) 2138511
Tabela 31 - Custo processo de fresagem do molde
CUSTO VALOR
Custo fluido de corte (€) 0,13
Custo de mão-de-obra (€) 112,12
Custo de energia (€) 57,56
Custo da máquina (€) 287,93
Custo de ferramentas (€) 40,68
TOTAL 498,43
71
5.1.3 Custo da eletroerosão
Tal como para o processo de fresagem, também a eletroerosão apresenta custos com
variáveis internas do processo, onde se inclui a operação de fresagem dos elétrodos.
Tabela 32 - Variáveis a considerar no custo do processo de eletroerosão
CUSTO VALOR
Volume do tanque (dm3) 300
Tempo do processo (h) 48
Custo da energia (€/h) 0,48
Custo unitário do dielétrico (€/dm3) 2,3
Tempo de vida do dielétrico (h) 2.000
Custo do dielétrico (€/h) 0,32
Consumo energético (kJ) 1008806
Ocupação do operador (%) 50
Custo de aquisição do equipamento (€) 164908
Potência instalada da máquina de erosão (kW) 5,84
Tabela 33 - Custo com operação de fresagem dos elétrodos
CUSTO VALOR
Custo de aquisição do equipamento (€) 207500
Custo Hora-Homem (€/h) 20,55
Tempo de processo + setup (h) 12
Número de elétrodos 19
Volume de material inicial por elétrodo (dm3) 0,114
Custo unitário do material (€/dm3) 45
Custo das ferramentas (€/h) 2,63
Taxa de ocupação do operador (%) 100
Potência do equipamento de fresagem (kW) 53
Energia consumida (kJ) 2289600
O custo total da operação de electroerosão é então o seguinte.
72
Tabela 34 - Custo operação eletroerosão
CUSTO VALOR
Custo dielétrico (€) 15,53
Custo de mão-de-obra (€) 220,42
Custo de energia (€) 27,15
Custo de utilização do equipamento (€) 784,00
Custo dos elétrodos (€) 542,20
TOTAL 1589,30
5.1.4 Custo de produção do molde
Somando os custos dos processos utilizados no fabrico do molde (maquinagem e
eletroerosão) obtém-se o custo de produção do molde.
Tabela 35 - Custo de produção do molde
CUSTO VALOR
Custo material (€) 2940,77
Custo de material do processo (€) 400,98
Custo de mão-de-obra (€) 777,97
Custo de energia (€) 141,20
Custo de utilização da máquina (€) 1318,55
Custo de ferramentas (€) 72,24
Custo Total de Fabrico do Molde (€) 5651,71
5.1.5 Custo de injeção
No caso do processo de injeção também são tidos em consideração as variáveis
internas do processo e seus custos.
Tabela 36 - Custos e variáveis do processo de injeção
CUSTOS VALOR
Volume de produção (peças) 1000000
Custo material de injeção (€/kg) 3,8
Tempo de setup (s) 0,817
Tempo de ciclo (s) 0,0136
73
Taxa de ocupação do operador (%) 100
Custo de aquisição do equipamento (€) 103900
Custo de injeção (€/h) 8,09
Potência do equipamento (kW) 31
Densidade do material (kg/m3) 1200
Volume de uma peça (m3) 0,000361
Percentagem dos desperdícios (%) 10
Desperdícios (kg/peça) 0,043
Material Injetado (m3/peça) 0,0004
Consumo energético (kJ) 1510045934
Para um custo do processo de injeção como indicado na Tabela 37.
Tabela 37 - Custo do processo de injeção
CUSTO Volume de produção (1000000)
Custo de material (€) 2.191.992
Custo de setup (€) 9.184.000
Custo de mão-de-obra (€) 65.502,22
Custo de utilização da máquina (€) 1.380.830,74
Custo de energia do processo (€) 40.645,40
TOTAL (€) 12862970,36
5.2 Influência Ambiental
Neste ponto são apresentados os valores de Influência Ambiental dos processos
analisados e do molde. Estes valores, tal como referido no capítulo 4 são apresentados em
pontos de dano ou influência, seguindo o exposto nas regras do Eco Indicador 99.
5.2.1 Influência Ambiental do material do molde
Na Influência Ambiental do material do molde é contabilizado o material usado para a
cavidade e bucha, e o material usado na estrutura de apoio do molde.
74
Tabela 38 - Massa e Influência Ambiental do material do molde e estrutura
MATERIAL DO MOLDE Material utilizado na cavidade e bucha (kg) 238,64
Influência Ambiental do material utilizado na cavidade e bucha (pts) 43,13
MATERIAL DA ESTRUTURA Material utilizado na estrutura (kg) 273,42
Influência Ambiental do material da estrutura (pts) 21,05
Influência Ambiental do material do molde (pts) 64,18
5.2.2 Influência Ambiental da produção do molde
Neste ponto é contabilizado a Influência Ambiental do consumo energético de cada
processo de fabrico, e a Influência Ambiental do consumo de material de cada processo. Neste
consumo de material, está inserido o consumo de ferramentas, elétrodos, fluído de corte e
líquido dielétrico usados nos processos de fresagem e eletroerosão.
Tabela 39 - Influência Ambiental da produção do molde
Influência Ambiental energética (pts) 76,54
Influência Ambiental das ferramentas (pts) 0,86
Influência Ambiental do fluido de corte (pts) 2,49E-07
Influência Ambiental do líquido dielétrico (pts) 1,35
Influência Ambiental dos elétrodos (pts) 0,008
Influência Ambiental da produção do molde (pts) 78,76
5.2.3 Influência Ambiental da injeção
Esta etapa contempla o consumo energético e de material referente à fase de injeção de
plástico.
Tabela 40 - Influência Ambiental da injeção
Influência Ambiental energética (pts) 20536,62
Influência Ambiental do material (pts) 171547,2
Influência Ambiental da injeção (pts) 192083,82
75
5.2.4 Influência Ambiental do fim de vida dos materiais
O fim de vida dos materiais engloba aqueles que têm como destino a reciclagem e os
que vão para aterro. Neste caso, considera-se que apenas o plástico tem o aterro como destino
final.
Tabela 41 - Influência Ambiental do fim de vida dos materiais
Reciclagem molde (pts) -18,81
Reciclagem sucata (pts) -3,62
Reciclagem ferramentas (pts) -0,15
Aterro plásticos (pts) 1667,82
Influência Ambiental do fim de vida dos materiais (pts) 1645,24
Com estes pontos, é possível cálcular a Influência Ambiental Global de todo o processo
(fabrico do molde, processo de injeção, fim de vida de materiais).
Tabela 42 - Influência Ambiental Global do estudo
Influência Ambiental do material do molde (pts) 64,18
Influência Ambiental da produção do molde (pts) 78,76
Influência Ambiental da injeção (pts) 192083,82
Influência Ambiental do fim de vida dos moldes (pts) 1645,24
Influência Ambiental Global (pts) 193872
5.3 Indicadores de Ecoeficiência
No capítulo 4 foram apresentadas tabelas com os Indicadores de Ecoeficiência, gerais e
específicos, cálculados a partir do Perfil de Valor e Perfil Ambiental traçados. Nesse capítulo,
propos-se também tabelas resumidas de indicadores, organizadas por perfil de utilizador da
Ecoeficiência. Agora, procurar-se-á apresentar alguns exemplos de Indicadores de
Ecoeficiência com os valores apresentados nas etapas anteriores, relativos a custos,
consumos e Influência Ambiental. Os exemplos cobrirão cada um dos perfis de utilizadores
identificados antes.
Estes são apenas alguns exemplos possíveis de Indicadores de Ecoeficiência passiveis
de serem cálculados. O objetivo neste capítulo é dar um exemplo de aplicação da linha de
raciocínio apresentada no capítulo 4 pelo que, não se vê grande utilidade numa apresentação
mais completa e morosa de Indicadores. Aliás, os dados aqui apresentados díficilmente darão
para completar todas as tabelas de Indicadores de Ecoeficiência proposta anteriormente no
76
capítulo 4. Este facto vai ao encontro do que já fora mencionado neste trabalho que, o cálculo
de Indicadores de Ecoeficiência e uma avaliação de desempenho da Ecoeficiência de um
sistema produtivo estão muito dependentes dos dados disponíveis. Assim, os indicadores
calculados de seguida são pequenas variações das tabelas propostas no capítulo 4.
• Perfil gestão de topo da empresa
Tabela 43 - Indicadores de Ecoeficiência para Perfil gestão de Topo (Fabricante de moldes)
INDICADORES DE VALOR
Custo de fabrico do
molde
Valor Acrescentado do
molde
Margem de lucro do
molde
IND
ICA
DO
RES
AM
BIE
NTA
IS
Influência Ambiental Global 0,029 €/pts ND ND
Quantidade de material usado no molde 23,68 €/kg ND ND
Energia consumida no fabrico do molde 0,0026 €/kJ ND ND
Influência Ambiental da produção do molde 71,76 €/pts ND ND
Reciclagem molde -300,46 €/pts ND ND
Tabela 44- Indicadores de Ecoeficiência para Perfil gestão de topo (Fabricante peça)
INDICADORES DE VALOR
Custo de produção
(1000000 peças)
Valor Acrescentado
da produção
Margem de lucro
da produção
Durabilidade do
molde
IND
ICA
DO
RES
AM
BIE
NTA
IS Influência Ambiental da injeção 66,97 €/pts ND ND 5,51 peças/pts
Quantidade de material 2,99E3 peças/kg ND ND 23,26 peças/kg
Energia consumida na injeção 0,0085 peças/kJ ND ND 0,662E-3 peças/kJ
Influência Ambiental aterro plásticos 7,71E3 €/pts ND ND 599,58 peças/pts
• Perfil gestão de produção
Tabela 45 - Indicadores de Ecoeficiência para Perfil gestão da produção (Fabricante moldes)
INDICADORES DE VALOR
Tempo fresagem Tempo eletroerosão Tempo fabrico molde
IND
ICA
DO
RES
AM
BIE
NTA
IS
Influência Ambiental produção molde 0,142 h/pts 0,609 h/pts 0,752 h/pts
Quantidade material utilizado molde 0,047 kg/pts 0,201 h/pts 0,248 h/pts
Energia consumida fresagem 5,24E-6 h/kJ ---- 27,69E-6 h/kJ
Energia consumida eletroerosão ---- ND ND
Influência Ambiental Fim de Vida 0,0068 h/pts 0,029 h/pts 0,036 h/pts
77
Tabela 46 - Indicadores de Ecoeficiência para Perfil gestão da produção (Fabricante peça)
INDICADORES DE VALOR
Tempo de ciclo de
injeção
Durabilidade do
molde
Tempo gasto em
manutenção do molde Volume de vendas
IND
ICA
DO
RES
AM
BIE
NTA
IS
Influência Ambiental da
injeção 70E-9 h/pts 5,21 peças/pts ND 5,21 peças/pts
Quantidade de material
utilizado na injeção 0,316E-6 h/kg 23,25 peças/kg ND 23,25 peças/kg
Energia consumida injeção 9E-12 h/kJ 0,662E-3 peças/kJ ND 0,662E-3 peças/kJ
Influência Ambiental aterro 8,15E-6 h/pts 599,59 peças/pts ND 599,59 peças/pts
• Perfil design do molde
Tabela 47 - indicadores de Ecoeficiência para Perfil design do molde (Fabricante de moldes)
INDICADORES DE VALOR
Durabilidade do molde Custo de material do molde Tempo de ciclo de injeção
IND
ICA
DO
RES
AM
BIE
NTA
IS Influência Ambiental Global 5,16 peças/pts 0,015 €/pts 70,15E-9 h/pts
Quantidade material utilizado no
molde 4,19E3 peças/kg 12,32 €/kg 0,057E-3 h/kg
Influência Ambiental aterro 599,59 peças/pts 1,76 €/pts 8,15E-6 h/pts
78
6. Conclusões
Com o trabalho agora concluído, é possível comprovar que a Ecoeficiência, sendo uma
ferramenta de apoio à gestão universal, tem aplicabilidade ao sector dos Moldes de Injeção de
Plástico.
A linha de raciocínio apresentada procura estabelecer um guia para cálculo de
Ecoeficiência no sector dos moldes de injeção de plástico, identificando aqueles que serão os
parâmetros fundamentais a identificar (Aspetos Ambientais, Unidade Funcional, KEPI’s, Perfil
de Valor e Perfil Ambiental) de modo a se alcançarem os objetivos pertendidos, de uma forma
que seja aplicável a qualquer caso de estudo envolvendo moldes de injeção de plástico. Ao
mesmo tempo, procurou-se também estabelecer uma ligação entre os parâmetros identificados
e os Princípios da Ecoeficiência e entre estes e os Indicadores de Ecoeficiência cálculados no
fim.
Foi possível verificar que seguindo o modelo apresentado, é possível identificar de forma
linear e expedita os Aspetos Ambientais e os KEPI’s do sistema e definir o Perfil de Valor e
Perfil Ambiental. A definição de Unidade Funcional revelou-se fundamental não só para
relacionar dados de diferentes origens, como para contextualizar o estudo realizado consoante
a perspetiva do utilizador da Ecoeficiência ou do objetivo do estudo (perspetiva do fabricante
de molde, perspetiva da empresa de injeção, perspetiva de comparação de moldes, etc).
A relação com os Princípios da Ecoeficiência é grande, quer para os parâmetros
identificados quer para os Indicadores de Ecoeficiência, como se pôde comprovar nas várias
tabelas apresentadas. No entanto, também se verificou que nem sempre existe uma
correspondencia com a totalidade dos Princípios da Ecoeficiência. Tal deve-se ao facto de
existirem parâmetros e indicadores muito dedicados a um dado específico, sendo que tal se
registou na minoria dos casos. Existem igualmente Princípios que se manifestam mais na fase
de produção do molde e outros que sobressaem na fase de utilização (fase de injeção de
plástico).
A lista de Indicadores apresentada é representativa da realidade do sector dos moldes de
injeção. No entanto, ela também se revela ainda longa pelo que, as tabelas resumidas
propostas para diferentes tipos de utilizadores da Ecoeficiência se preveem úteis na redução
de trabalho e consumo de tempo necessário para atingir resultados em futuros casos de
estudo.
Por fim, em complemento da identificação de Indicadores de Ecoeficiência, foi possível
verificar através do pequeno exemplo de aplicação apresentado, que o impacto ambiental é
maior na fase de injeção de plástico, apresentando o fabrico do molde valores de impacto
ambiental reziduais quando comparados com os valores registado da fase de injeção.
79
Referências
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[71] Instituto Português da Qualidade; “Gestão ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Reqisitos e linhas de orientação – (ISO 14044:2006)”; in NP EN ISO 14044:2010; IPQ: Portugal; 2010. [72] Instituto Português da Qualidade; “Sistemas de gestão ambiental – Declarações ambientais Tipo III – Princípios e Procedimentos (NP ISO 14001:2004)”; NP EN ISO 14001:2004 + Emenda 1:2006, 2006; IPQ: Portugal.
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[76] Constança Penela, Miguel Marçal, Paulo Saraiva e Cristina Santos; Contabilidade da Gestão Ambiental – Procedimentos e Princípios”; Nova Iorque, 2001.
[77] Pousa, C.; “Desenvolvimento de modelos simplificados de análise do ciclo de vida de moldes de injeção de plástico”; Instituto Superior Técnico; Portugal: 2008.
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http://www.neemb.alunos.ipb.pt/relatorio_proj.pdf
[79] Lima, Rodrigo, Acetatos, Aula 17 “Processo de furacão” disponível em
http://www.lmp.ufsc.br/disciplinas/emc5240/Aula-17-U-2007-1-furacao.pdf.
83
Anexos ANEXO A:
Tabela 48 - KEPI's por Princípio de Ecoeficiência
PRINCÍPIO DA ECOEFICIÊNCIA FASE DE FABRICO DO MOLDE - MAQUINAGEM KEPI’s
FASE DE FABRICO DO MOLDE – ELECTROEROSÃO KEPI’s
FASE DE UTILIZAÇÃO DO MOLDE KEPI’s
1 - Intensidade de materiais consumidos para obtenção de bens e serviços
Quantidade material utilizado; Quantidade de materiais auxiliares reciclados ou reutilizados; Quantidade de matérias perigosas utilizadas.
Quantidade material utilizado; Quantidade de materiais auxiliares reciclados ou reutilizados; Quantidade de água; Quantidade de água reutilizada; Quantidade de matérias perigosas utilizadas.
Quantidade de materiais utilizados; Quantidade utilizada de materiais processados, reciclados ou reutilizados; Quantidade de matéria-prima reutilizada no processo produtivo.
2 - Intensidade de energia consumida para obtenção de bens e serviços
Quantidade de energia utilizada; Número de horas de operação de um equipamento específico.
Quantidade de energia utilizada; Número de horas de operação de um equipamento específico.
Quantidade de energia utilizada; Número de horas de operação de um equipamento específico; Número de unidades de energia consumida durante a utilização do produto.
3 - Dispersão de substâncias tóxicas
Quantidade de matérias perigosas utilizadas; Quantidade de resíduos perigosos; Quantidade de residuos reciclaveis; Total de resíduos para destino final.
Quantidade de matérias perigosas utilizadas; Quantidade de resíduos perigosos; Quantidade de residuos reciclaveis; Quantidade de resíduos para destino final.
Quantidade de resíduos; Quantidade de resíduos perigosos; recicláveis ou reutilizáveis produzidos por ano; Total de resíduos para destino final; Quantidade de resíduos convertidos em material reutilizável.
4 - Reciclabilidade dos materiais
Quantidade de materiais auxiliares reciclados ou reutilizados; Quantidade de resíduos recicláveis; Total de resíduos para destino final.
Quantidade de materiais auxiliares reciclados ou reutilizados; Quantidade de resíduos recicláveis; Quantidade de água reutilizada; Total de resíduos para destino final.
Quantidade utilizada de materiais processados, reciclados ou reutilizados; Quantidade de matéria-prima reutilizada no processo produtivo; Percentagem do conteúdo dos produtos que pode ser reutilizado ou reciclado; Quantidade de resíduos perigosos; recicláveis ou reutilizáveis produzidos por ano; Total de resíduos para destino final; Quantidade de resíduos convertidos em material reutilizável.
84
5 - Uso sustentável dos recursos renováveis
Quantidade de materiais auxiliares reciclados ou reutilizados; Quantidade de resíduos recicláveis; Total de resíduos para destino final.
Quantidade de materiais auxiliares reciclados ou reutilizados; Quantidade de água; Quantidade de água reutilizada; Quantidade de resíduos recicláveis; Quantidade de resíduos para destino final.
Quantidade utilizada de materiais processados, reciclados ou reutilizados; Quantidade de matéria-prima reutilizada no processo produtivo; Área total de terreno utilizado para produção; Percentagem do conteúdo dos produtos que pode ser reutilizado ou reciclado; Quantidade de resíduos perigosos; recicláveis ou reutilizáveis produzidos por ano; Total de resíduos para destino final; Quantidade de resíduos convertidos em material reutilizável.
6 - Durabilidade do produto NÃO TEM RELAÇÃO NÃO TEM RELAÇÃO
Número de horas de manutenção preventiva do equipamento por ano; Duração da utilização do produto.
7 - Intensidade do fornecimento de bens e serviços
Número de horas de operação de um equipamento específico.
Número de horas de operação de um equipamento específico.
Número de horas de operação de um equipamento específico; Taxa de produtos defeituosos; Duração da utilização do produto.
85
ANEXO B:
Tabela 49 - KEPI's segundo Norma ISO 14031:2005
Ambito KEPI’s: IDO Norma ISO 14031:2005
MATERIAIS
Quantidade material utilizado Quantidade utilizada de materiais processados, reciclados ou reutilizados Quantidade materiais de embalagem descartados ou reutilizados Quantidade materiais auxiliares reciclados ou reutilizados Quantidade de matéria prima reutilizada no processo produtivo Quantidade de água Quantidade de água reutilizada Quantidade de matérias perigosas utilizadas
ENERGIA
Quantidade de energia utilizada Quantidade de cada tipo de energia utilizada Quantidade de energia gerada com subprodutos ou cadeia de processo Quantidade de unidades de energia poupadas devido a programas de conservação de energia
SERVIÇOS DE APOIO ÀS
OPERAÇÕES DA ORGANIZAÇÃO
Quantidade de matérias perigosas utilizadas pelos fornecedores de serviços contratados Quantidade de produtos de limpeza utilizados pelos fornecedores de serviços contratados Quantidade de materias reciclados e reutilizáveis utilizados pelos fornecedores de serviços contratados Quantidade ou tipo de resíduos gerados pelos prestadores de serviços contratados
INSTALAÇÕES FÍSICAS E
EQUIPAMENTO
Número de peças de equipamento com componentes concebidos para fácil desmontagem, reciclagem e reutilização Número de horas de operação de um equipamento específico Área total de terreno utilizado para produção Área de terreno utilizado para produzir energia Consumo médio de combustível da frota de veículos Número de veículos da frota com tecnologia de redução da poluição Número de horas de manutenção preventiva do equipamento por ano
FORNECIMENTO E DISTRIBUIÇÃO
Consumo médio de combustível da frota de veículos Número de entregas por modo de transporte Número de veículos da frota com tecnologia de redução da poluição Número de deslocações de trabalho eliminads através de outros meios de comunicação Número de deslocações de trabalho por meio de transporte
PRODUTOS
Número de produtos introduzidos no mercado com caracteristicas de perigosidade reduzida Número de produtos que podem ser reutilizados ou reciclados Percentagem do conteúdo dos produtos que pode ser reutilizado ou reciclado Taxa de produtos defeituosos Número de unidades de subprodutos gerados Número de unidades de energia consumida durante a utilização do produto Duração da utilização do produto Número de produtos com instruções relativamente ao seu uso e destino final ambientalmente seguro.
SERVIÇOS PRESTADOS PELA
ORGANIZAÇÃO
Quantidade de produtos de limpeza utilizados (para organização de serviços de limpeza) Quantidade de combustível consumido (para uma organização cujo serviços seja transporte) Quantidade de licenças vendidas para melhoria de processos (para uma organização de licenciamento tecnológico) Número de incidentes ou insolvências em créditos de risco ambiental (para uma organização de serviços financeiros) Quantidade de materiais utilizados em período de serviços pós-venda de produtos
RESÍDUOS
Quantidade de resíduos Quantidade de resíduos perigosos, recicláveis ou reutilizáveis produzidos por ano Total de resíduos para destino final Quantidade de resíduos armazenados localmente Quantidade de resíduos controlados por autorização Quantidade de resíduos convertidos em material reutilizável Quantidade de resíduos perigosos eliminados por substituição de material
EMISSÕES ATMOSFÉRICAS Quantidade de emissões específicas
86
Quantidade de energia libertada para a atmosfera Quantidade de emissões para a atmosfera que contribuem para a redução da camada de ozono Quantidade de emissões para a atmosfera com potencial de causar alterações climáticas globais
EMISSÕES SOLO/ÁGUA
Quantidade de determinada substância descarregada Quantidade de determinada substância descarregada na água Quantidade de energia libertada para a água Quantidade de resíduos enviados para aterro Quantidade de efluentes
OUTRAS EMISSÕES Medição de ruído em deternados locais Quantidade de rediações libertadas Quantidade de calor, vibração ou luz emitidas
Tabela 50 - KEPI's segundo GRI
Ambito KEPI’s: IDO Norma GRI
MATERIAIS Materiais utilizados Quantidade de materiais utilizados que são materiais de reciclagem
ENERGIA
Consumo direto de energia por fonte de energia primária Consumo indireto de energia por fonte primária Energia economizada devido a melhorias em conservação e eficiência Iniciativas para fornecer produtos energeticamente eficientes Iniciativas para reduzir o consumo indireto de energia e as reduções obtidas
ÁGUA Total de água retirada por fonte Fontes hídricas significativamente afetadas pelo facto de se retirar água Percentagem e volume total de água reciclada e reutilizada
BIODIVERSIDADE
Localização e área dos terrenos que possui, arrendada ou gere, e que sejam adjacentes a áreas protegidas e áreas de alto índice de biodiversidade fora das áreas protegidas
Descrição dos impactos significativos que advêm de actividades, produtos e serviços sobre a biodiversidade em áreas protegidas e áreas de alto índice de biodiversidade fora das áreas protegidas Habitats protegidos ou restaurados Estratégias, ações presentes e planos futuros para a gestão de impactos na biodiversidade Número de espécies na Lista Vermelha da UICN e nalista nacional de conservação de habitats, em áreas afetadas por operações com risco de extinção
EMISSÕES, EFLUENTES E
RESÍDUOS
Total de emissões diretas e indiretas de gases com efeito de estufa Outras emissões relevantes indiretas de gases com efeito de estufa Iniciativas para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e reduções alcançadas Emissão de substâncias deplectoras da camada de ozono Emissão de NO, SO, e outros tipos de emissões atmosféricas significativas Qualidade e destino do total dos efluentes líquidos Total dos resíduos por tipo e método de deposição Peso total de resíduos transportados, importados, exportados ou resíduos tratados considerados perigosos, e percentagem de resíduos transportados internacionalmente
Tamanho e status de proteção da biodiversidade das linhas de água significativamente afetados pelas descargas de água e drenagem da organização
PRODUTOS E SERVIÇOS Iniciativas para mitigar os impactos ambientais dos produtos e dos serviços e extensão das medidas de mitigação Percentagem de produtos vendidos em que as respectivas embalagens são recuperadas
CUMPRIMENTO Valor monetário de multas significativas e total número de sanções não-monetárias por não cumprimento das leis e regulamentos ambientais
TRANSPORTE Impactos ambientais significativos, que advêm do transporte de produtos e outros bens e materiais utilizados nas operações da organização, bem como do transporte dos trabalhadores.
GLOBAL Total de gastos/investimentos na proteção ambiental
87
ANEXO C:
Tabela 51 - Perfil Ambiental por Processo
PERFIL AMBIENTAL
Indicador de Aplicabilidade Específica Indicador de Aplicabilidade
Geral
PROCESSO ÂMBITO Tipo de KEPI Aspecto KEPI Influência Ambiental Global do
Processo
MA
QU
INA
GE
M (C
NC
)
MA
TER
IAIS
Quantidade material utilizado
Consumo de ferramentas de corte
(pastilhas, ferros, brocas, etc)
Influência Ambiental Global com
consumo de material
(EI99/UF; #/UF)
Óleo lubrificante
Óleo/Fluído de corte
Filtros (máquina CNC)
Quantidade de materiais
auxiliares reciclados ou
reutilizados
Filtros (máquina CNC quando não
inutilizados)
Quantidade de matérias
perigosas utilizadas
Óleo lubrificante
Óleo/Fluído de corte
EN
ER
GIA
Quantidade de energia
utilizada
Consumo de electricidade total na
maquinagem
Influência Ambiental Global com
consumo de energia
(EI99/UF)
Consumo de electricidade na fresagem
Consumo de electricidade no
torneamento
Consumo de electricidade na furação
INS
TALA
ÇÕ
ES
FIS
ÍCA
S
E
EQ
UIP
AM
EN
TO Número de horas de operação
de um equipamento específico
Total de horas de operação de
maquinagem
Influência Ambiental Global com
instalações físicas e equipamento
(h; m2/UF) Total de horas de fresagem
88
Total de horas de torneamento
Total de horas de furação
Área total de terreno utilizado
para produção Espaço necessário para produção
RE
SÍD
UO
S
Quantidade de resíduos
Limalhas de aço, alumínio e ligas
Influência Ambiental Global dos
resíduos
(EI99/UF; m/UF;#/UF)
Ferramentas de corte inutilizadas
Filtros máquina CNC contaminados
Óleo lubrificante contaminado
Óleo/Fluído de corte contaminado
Embalagens derivadas da maquinagem
Quantidade de resíduos
perigosos; recicláveis ou
reutilizáveis produzidos por
ano.
Óleo lubrificante contaminado
Óleo/Fluído de corte contaminado
Embalagens derivadas da maquinagem
Total de resíduos para destino
final
Óleos lubrificantes contaminados
Óleo/Fluído de corte contaminado
Filtros maquinagem inutilizados
ELE
CTR
OE
RO
SÃO
(ED
M)
MA
TER
IAIS
Quantidade material utilizado
Fio de desbaste (EDM por fio)
Influência Ambiental Global com
consumo de material
(EI99/UF; #/UF; m/UF)
Electrodo (EDM penetração)
Óleo dieléctrico (EDM penetração)
Água desionizada
Filtros de partículas (máquina EDM)
Óleo de lubrificação
Quantidade de materiais
auxiliares reciclados ou
reutilizados
Água desionizada
Filtros de partículas (máquina EDM
quando não inutilizados)
Quantidade de água Água desionizada
Quantidade de água Água desionizada reutilizada
89
reutilizada
Quantidade de matérias
perigosas utilizadas
Óleo dieléctrico (EDM penetração)
Óleo de lubrificação
EN
ER
GIA
Quantidade de energia
utilizada
Consumo de electricidade total na
electro-erosão
Influência Ambiental Global com
consumo de energia
(EI99/UF)
INSTALAÇÕES FISÍCAS
E EQUIPAMENTO
Número de horas de operação
de um equipamento específico
Total de horas de funcionamento da
electro-erosora Influência Ambiental Global com
instalações físicas e equipamento
(h; m2/UF) Área total de terreno utilizado
para produção Espaço necessário para produção
RE
SÍD
UO
S
Quantidade de resíduos
Partículas de matéria-prima (aço,
alumínio e ligas)
Influência Ambiental Global dos
resíduos
(EI99/UF; m/UF;#/UF)
Fio de desbaste inutilizado (EDM por
fio)
Electrodo inutilizado (EDM penetração)
Óleo dieléctrico contaminado (EDM
penetração)
Água desionizada contaminada
Óleo de lubrificação contaminado
Filtros máquina EDM inutilizados
Embalagens derivadas da electro-
erosão
Quantidade de resíduos
perigosos; recicláveis ou
reutilizáveis produzidos por
ano.
Partículas de matéria-prima (aço,
alumínio e ligas)
Óleo dieléctrico contaminado (EDM
penetração)
Óleo de lubrificação contaminado
Embalagens derivadas da electro-
erosão
90
Água desionizada contaminada
Total de resíduos para destino
final
Óleos lubrificantes contaminados
Fio de desbaste inutilizado (EDM por
fio)
Eléctrodo inutilizado (EDM penetração)
Filtros electro-erosora inutilizados M
OLD
E
MA
TER
IAIS
Quantidade material utilizado Quantidade de matéria-prima utilizada
no fabrico do molde
Influência Ambiental Global com
consumo de material
(EI99/UF)
INJE
ÇÃ
O D
E P
LÁS
TIC
O
MA
TER
IAIS
Quantidade material utilizado Quantidade de plástico/polímero
utilizado
Influência Ambiental Global com
consumo de material
(EI99/UF; #/UF)
Quantidade utilizada de
materiais processados,
reciclados ou reutilizados.
Quantidade de plástico/polímero
utilizado de origem reciclada
Quantidade de matéria-prima
reutilizada no processo
produtivo
Quantidade de plástico/polímero
reutilizado na produção
EN
ER
GIA
Quantidade de energia
utilizada
Consumo de electricidade total na
injecção
Influência Ambiental Global com
consumo de energia
(EI99/UF)
Consumo de electricidade com máquina
de fecho do molde
Consumo de electricidade com máquina
de injecção de plástico
INSTALAÇÕES FISÍCAS
E EQUIPAMENTO
Número de horas de operação
de um equipamento específico
Total de horas de funcionamento da
máquina de fecho do molde Influência Ambiental Global com
instalações físicas e equipamento
(h; m2/UF) Total de horas de funcionamento da
máquina de injecção de plástico
91
Área total de terreno utilizado
para produção Espaço necessário para produção
Número de horas de
manutenção preventiva do
equipamento por ano
Tempo necessário para manutenção do
molde
Tempo necessário para manutenção da
máquina de fecho do molde
PR
OD
UTO
S
Percentagem do conteúdo dos
produtos que pode ser
reutilizado ou reciclado
Quantidade de plástico enviado para
reciclagem
Influência Ambiental Global com
produtos
(EI99/UF; #/UF)
Quantidade de plástico reutilizado na
produção
Taxa de produtos defeituosos Quantidade de peças injectadas com
defeito
Número de unidades de
energia consumida durante a
utilização do produto
Energia total consumida no ciclo de
injecção
Duração da utilização do
produto
Tempo de ciclo de injecção
Tempo gasto com manutenção do
molde
Número de ciclo de injecção até
manutenção do molde
Tempo de vida do molde
RE
SÍD
UO
S
Quantidade de resíduos Total de desperdício de plástico
Influência Ambiental Global dos
resíduos
(EI99/UF; m/UF;#/UF)
Quantidade de resíduos
perigosos; recicláveis ou
reutilizáveis produzidos por
ano.
Quantidade de desperdícios de plástico
enviado para reciclagem
Quantidade de desperdícios de plástico
reutilizado na produção
Embalagens derivadas da injecção
Total de resíduos para destino
final
Total de desperdícios de plástico não
reciclável
92
Quantidade de resíduos
convertidos em material
reutilizável
Quantidade de desperdícios de plástico
enviado para reciclagem
93
ANEXO D:
Tabela 52 - Indicadores de Ecoeficiência - Aplicabilidade Específica
INDICADORES DE VALOR DE APLICABILIDADE ESPECÍFICA
Custo Operação (€/UF)
Valor Acrescentado Bruto
(€/UF) Custo de
fabrico
da Peça
(€/UF)
Custo de
fabrico do
Molde
(€/UF)
Valor
Acrescenta
do Bruto
da Peça
(€/UF)
Margem
de Lucro
do Molde
(€/UF)
Margem
de Lucro
da Peça
(€/UF)
Maq
uina
gem
Ele
ctro
eros
ão
Inje
cção
Maq
uina
gem
Ele
ctro
eros
ão
Inje
cção
Valor
KEP
I’s Quantidade
material
utilizado
(kg/UF)
Consumo de ferramentas de corte (pastilhas, ferros, brocas, etc)
Óleo lubrificante
Óleo/Fluído de corte
Filtros (máquina CNC)
Fio de desbaste (EDM por fio)
Electrodo (EDM penetração)
Óleo dieléctrico (EDM penetração)
Água desionizada
94
Filtros de partículas (máquina EDM)
Óleo de lubrificação
Quantidade de matéria-prima utilizada no fabrico do material
Quantidade de
plástico/polímero
utilizado de origem
reciclada
Quantidade de
materiais
auxiliares
reciclados ou
reutilizados
(kg/UF)
Filtros (máquina CNC quando não inutilizados)
Água desionizada
Filtros de partículas
(máquina EDM
quando não
inutilizados)
Quantidade
utilizada de
materiais
processados,
reciclados ou
reutilizados
(kg/UF)
Quantidade de
plástico/polímero
utilizado de origem
reciclada
Quantidade de
matéria-prima
reutilizada no
Quantidade de
plástico/polímero
reutilizado na
95
processo
produtivo
(kg/UF)
produção
Quantidade de água (m3/UF)
Água desionizada
Quantidade de água
reutilizada (m3/UF)
Água desionizada reutilizada
Quantidade de
matérias
perigosas
utilizadas
(kg/UF)
Óleo lubrificante
Óleo/Fluído de corte
Óleo dieléctrico (EDM penetração)
Óleo de lubrificação
Quantidade de
energia
utilizada
(MJ/UF)
Consumo de electricidade total na maquinagem
Consumo de electricidade na fresagem
Consumo de electricidade no torneamento
Consumo de electricidade na furação
Consumo de
electricidade total na
electro-erosão
Consumo de electricidade total na injecção
Consumo de electricidade com
96
máquina de fecho do molde Consumo de electricidade com máquina de injecção de plástico
Número de
horas de
operação de
um
equipamento
específico
(h/UF)
Total de horas de operação de maquinagem
Total de horas de fresagem
Total de horas de torneamento
Total de horas de furação
Horas de
funcionamento da
electro-erosora
Tempo de funcionamento da máquina de fecho do molde
Tempo de funcionamento da máquina de injecção de plástico
Área total de terreno
utilizado para produção (m2/UF)
Espaço necessário para produção
Número de
horas de
manutenção
preventiva do
equipamento
Tempo necessário para manutenção do molde
Tempo necessário para manutenção da máquina de fecho do molde
97
por ano (h/UF)
Percentagem
do conteúdo
dos produtos
que pode ser
reutilizado ou
reciclado
(kg/UF)
Quantidade de plástico enviado para reciclagem
Quantidade de plástico reutilizado na produção
Taxa de
produtos
defeituosos
(kg/UF)
Quantidade de
peças injectadas
com defeito
Número de unidades de
energia consumida durante a
utilização do produto (MJ/UF)
Energia total consumida no ciclo de injecção
Duração da
utilização do
produto (h/UF)
Tempo de ciclo de injecção
Tempo gasto com manutenção do molde
Número de ciclo de injecção até manutenção do molde
Tempo de vida do molde
Quantidade de
resíduos
(kg/UF)
Limalhas de aço, alumínio e ligas
Ferramentas de corte inutilizadas
98
Filtros máquina CNC contaminados
Óleo lubrificante contaminado
Óleo/Fluído de corte contaminado
Embalagens derivadas da maquinagem
Partículas de matéria-prima (aço, alumínio e ligas)
Fio de desbaste inutilizado (EDM por fio)
Electrodo inutilizado (EDM penetração)
Óleo dieléctrico contaminado (EDM penetração)
Água desionizada contaminada
Óleo de lubrificação contaminado
Filtros máquina EDM inutilizados
Embalagens derivadas da electro-erosão
Total de desperdício de plástico
Quantidade de
resíduos
perigosos;
recicláveis ou
Óleo lubrificante contaminado
Óleo/Fluído de corte contaminado
Embalagens derivadas da
99
reutilizáveis
produzidos por
ano (kg/UF)
maquinagem Desperdícios de matéria-prima (limalhas)
Partículas de matéria-prima (aço, alumínio e ligas)
Óleo dieléctrico contaminado (EDM penetração)
Óleo de lubrificação contaminado
Embalagens derivadas da electro-erosão
Água desionizada contaminada
Quantidade de desperdícios de plástico enviado para reciclagem
Quantidade de desperdícios de plástico reutilizado na produção
Embalagens derivadas da injecção
Total de
resíduos para
destino final
(kg/UF)
Óleos lubrificantes contaminados
Óleo/Fluído de corte contaminado
Filtros maquinagem inutilizados
Fio de desbaste inutilizado (EDM por fio)
Eléctrodo inutilizado (EDM penetração)
100
Filtros electro-erosora inutilizados
Total de desperdícios de plástico não reciclável
Quantidade de resíduos
convertidos em material reutilizável
(kg/UF)
Quantidade de desperdícios de plástico enviado para reciclagem
Tabela 53 - Indicadores de Ecoeficiência - Aplicabilidade Geral
INDICADORES DE VALOR DE APLICABILIDADE GERAL Tempo gasto (h/UF) Tempo ciclo
injeção (h/UF)
Durabilidade - Nº Peças produziveis
(#/UF)
Tempo em manutenção
(h/UF)
Volume de
vendas (€/UF)
Unidades produzidas
(#/UF)
Tempo em
produção (h/UF) Maquinagem Eletroerosão Fabrico do
Molde Valor
IND
ICA
DO
RES
AM
BIE
NTA
IS
DE
APL
ICA
BIL
IDA
DE
GER
AL Quantidade Global de
materiais consumidos (EI99/UF)
Quantidade Global de materiais reciclados ou reutilizados (EI99/UF)
Quantidade Global de
materiais de origem
reciclada (EI99/UF)
Quantidade Global de
matéria-prima reutilizada
(EI99/UF)
101
Consumo Global de água
(EI99/UF)
Quantidade Global de
água reutilizada (EI99/UF)
Quantidade Global de
materiais perigosos
(EI99/UF)
Quantidade Global de
energia consumida
(EI99/UF)
Quantidade Global de
tempo consumido nas
operações (EI99/UF)
Consumo Global de
terreno (EI99/UF)
Quantidade Global de
tempo consumido em
manutenção (EI99/UF)
Taxa Global de
reaproveitamento de
produto (EI99/UF)
Quantidade Global de
produtos defeituosos
(EI99/UF)
Quantidade global de
102
energia consumida na
injecção (EI99/UF)
Quantidade Global de
tempo de utilização do
produto (EI99/UF)
Quantidade Global de
resíduos gerados
(EI99/UF)
Quantidade Global de
resíduos recicláveis
(EI99/UF)
Quantidade Global de
resíduos para destino final
(EI99/UF)
Quantidade Global de
resíduos reaproveitados
(EI99/UF)