iDeia Templuz - Edição 02
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Editorial
A revista vai tomando forma, ganha experiência, diversidade e amadurece a cada edição, buscando primar pela inquietação de uma sociedade que convive singularmente em sua diversidade. O universo é imenso e, nessa imensidão, são as diferenças que per-mitem que ele seja o que é – “universo”. Gerenciar atitudes que tenham como foco a “diversidade” é mais que um desafio, é um teste de aptidão, pois, como dizia Charles Darwin, só os aptos à mudança sobreviverão.
Falar sobre diversidade é tentar entender a variedade e convivên-cia de ideias, características ou elementos diferentes entre si, em de-terminado assunto, situação ou ambiente. Podemos então entender que a ideia de diversidade está intimamente ligada aos conceitos de pluralidade, multiplicidade, heterogeneidade, variedade, assim como a diferentes ângulos de visão ou de abordagem.
Os princípios desta sociedade diversa trazem estampadas em si as modernas práticas e modelos de ação dos países mais avançados do globo. O homem contemporâneo é chamado a aprender e a utilizar essa diversidade para seu crescimento pessoal. E a iDeia procura seguir esse modelo, reunindo múltiplos conjuntos de infor-mações, que traduzem o nosso estilo de vida atual.
Nossa matéria de capa traz o indiano radicado em Amsterdam, Sa-tyendra Pakhalé, um designer extremamente ativo e empreende-dor que busca encontrar, na mistura entre materiais e tecnologias, soluções para necessidades específicas das várias culturas globais.Recheamos a revista com perfis, entrevistas, artigos e reportagens que materializam a nossa diversidade cultural e que nos mostram a riqueza espalhada em nosso território brasileiro, além de curiosida-des bem específicas fora do nosso país, como é o caso da seção Giro Cultural.
Acrescentamos uma novidade, que deverá estar presente nas pró-ximas edições: a participação especial de profissionais de desta-que nas áreas de arquitetura e design, dizendo o que entendem por “iluminação“.
Espero que, ao ler e folhear a revista, você possa ter o mesmo pra-zer que tivemos ao elaborar esta edição.
Nasce mais uma edição da revista iDeia.
Buscamos organizar e contribuir com
assuntos que são múltiplos e diversos em
sua natureza.
EditorCamilo Belchior
Jornalista Responsável:Cilene Imperizieri 5236/MG
Jornalistas:Ana Cláudia Uhôa
Clarissa Damas
Danilo Borges
Júlia Andrade
Thaís Casagrande
Projeto gráfico e coordenação gráficaCláudio Valentin
Capa:Satyendra Pakhalé
Foto:Simon Bruehlmann, CH
Impressão:Hiper Graphic Digital
Revista iDeia é uma publicação da Templuz, com distribuição gratuita.
Contato:[email protected]
Boa leitura,Camilo Belchior
Expediente:
conheça nossos
Andréa TristãoAnalista da unidade
de inovação e
sustentabilidade do
Sebrae Minas.
Jum NakaoTrabalha com
direção de arte,
exposições, aulas,
palestras e projetos
especiais.
Tatiana TameirãoMestre em arte
contemporânea pela
Université Paris 8.
Natália DornellasEditora do caderno
Pandora, publicitária e
jornalista de moda.
Wilson SalloutiEspecialista em
iluminação
e fibra ótica.
João GabrielEngenheiro Elétrico,
professor e especialista
em iluminação.
Júlio PessoaCineasta e
coordenador dos
cursos de Cinema e
Moda da UNA.
04Perfil
13Business
18Entrevistas
32Matériadecapa
39Artigos
50Luz,Câmera,Ação
54Projetos
62AçãoSocial
66ModaemAção
70GiroCultural
75Persona
78Lighting
pág. 6
Madeira de volta à madeirapor Júlia Andrade
Perfil
Há 15 anos, Tótora trabalha com papelão, antes descartado nas
redondezas de seu ateliê. Sacos de cimento, caixas e qualquer
tipo de papel. Nenhum material é desperdiçado. “A ideia é
fazer com que o papel volte à sua origem, com a durabilidade,
beleza, resistência e textura da madeira”, conta o designer.
A base de seus trabalhos vem de uma mistura do papel com
cola, aglutinação e água. Apesar de considerar sua técnica
uma espécie de papel marchê, a perfeição do processo
desenvolvido e os acabamentos do trabalho dão um novo
significado às obras feitas do descarte. “O lixo é o material cuja
oferta mais cresce no planeta. Mas, o trabalho tem que ter um
sentido, tem que emocionar” explica.
Em meio às montanhas de Maria da Fé, Minas Gerais, o artista Domingos Tótora coloca em prática o conceito de sustentabilidade, mostrando que é possível não haver distância entre o discurso e as ações. Premiado em diversos concursos de design – como os prêmios Greenbest, Craft+Design e Brasil Design Awards –, o nome de Domingos tem tido projeção internacional e reconhecimento por seu trabalho consciente e, principalmente, pela beleza de suas peças.
Função e emoção, fundamentais nos trabalhos de Domingos Tótora, refletem a sustentabilidade em toda a sua essência
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02Banco Solo
03Estúdio
Domingos Tótora
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pág. 8
Tótora não trabalha sozinho. Oito moradores da pequena comunidade
próxima ao ateliê dão vida aos projetos do designer. Todos têm em
comum uma história de trabalhos árduos como agricultores, pedreiros
e até mesmo padeiros que largaram suas antigas profissões para se
dedicar exclusivamente à arte. São pessoas simples, que através desse
trabalho conquistaram um espaço e um novo olhar para o mundo. “A
sustentabilidade não pode estar presente apenas na reciclagem, mas
na inclusão e oportunidade para todos”, diz.
O trabalho de Tótora transforma em conceitos e formas, matérias
desacreditadas e descartadas. Tudo se torna uma coisa única, que a partir
de traços exóticos ou tradicionais encantam a todos. A madeira retorna à
sua origem, com trabalho e sustentabilidade, convertida em arte.
MAKING OF BANCO TERRÃO – DOMINGOS TÓTORAUm exemplo do trabalho desenvolvido por Domingos Tótora é o
“Banco Terrão”. Ao olhar para a peça é fácil confundi-la com um
assento de pedra. Afinal, a textura e a cor avermelhada do produto
não lembram em nada a sua matéria-prima, o papelão. Para que
você possa entender melhor como se dá o processo de produção do
designer a equipe da revista iDeia separou algumas imagens desse
banco, que esta exposto na IV Bienal Brasileira de Design, que ocorre
durante o mês de outubro, em Belo Horizonte.
04
05
04Artesão colando frisos
05A transformação do papelão começa pela sua forma. Primeiro o material é picado e levado ao liquidificador com água. Depois essa massa é prensada, com as mãos, para retirar o excesso de água. A mistura gerada é a matéria-prima de todos os trabalhos de Domingos.
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08
07
06Buscando dar um
aspecto natural ao seu último projeto,
Tótora optou pela coloração
avermelhada da terra. Para isso, ele utilizou o pigmento
de amostras recolhidas em Rio
Acima, cidade rica em óxido de ferro.
07Após receber o
pigmento, a massa é exposta ao sol para
secar. Os peda-ços maiores, que
se juntam durante o processo, são
espalhados com um ancinho.
08Na etapa final, o
designer acrescenta uma cola à mistu-ra e a despeja em
moldes. Em seguida, a massa é socada
como um “chão de terra batida”. Depois de secos, os bancos recebem os acaba-
mentos finais. Depois, são lixados, imperme-
abilizados e têm os pés parafusados.
PerfilFo
tos:
Dom
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pág. 10
Conhecida pela pesquisa Topomorfose - desenvolvida a partir de uma viagem
para a Floresta Amazônica – Heloísa sempre teve como foco, em seu trabalho,
a força e a exuberância da natureza. Em todas as peças desenvolvidas, sejam
lençóis, painéis ou louças, é possível encontrar a cor, o desenho e a textura da
madeira.
O interesse em transportar sua vivência para o mundo do surf ocorreu
porque seu filho, Thomaz Sellins, é surfista e empresário da área. “A questão
tribal, que envolve o universo das pranchas e dos surfistas, tem muito a ver
com os desenhos da madeira e uma relação direta com os grafismos que
encontramos no homem, por meio da pintura corporal, ou na superfície de
cerâmicas e adornos”, explica.
Para desenvolver as imagens que seriam reproduzidas nas pranchas, foi
necessário dedicar um bom tempo aos estudos. “Fizemos uma grande
pesquisa. Foi muito inusitado, porque este universo do surf é singular para mim.
Mas, é um lugar no qual se pode utilizar o conceito da Topomorfose. São
impressionantes as possibilidades de desdobramentos e aplicações desses
desenhos”, comenta.
As formas irregulares e curvas dos anéis de crescimento da madeira que inspiraram a designer gaúcha, Heloísa Crocco, em mais de 30 anos de carreira, recebem agora uma superfície de aplicação diferente de todas que a artista já trabalhou. Em parceria firmada entre a CROCCOSTUDIO e o shaper Henrique “Ogro” Perrone, os traços que se formam a cada estação - inverno e verão -, ganham vida em pranchas de surf de diferentes estilos e tamanhos..
Arte sobreondaspor Ana Cláudia Ulhôa
01Pranchas
de Surf artesanal de poliuretano
e madeiraCroccoStudio
+ Ogro
Foto
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idas
por
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oísa
Cro
cco
pág. 11Perfil
pág. 12 Perfil
Pranchas artesanais
Na primeira fase do projeto Crocco Studio + Ogro, que ocorreu em
junho de 2012, foram confeccionados 12 modelos de pranchas
artesanais de poliuretano e madeira. Agora, a empresa promete
surpreender com mais seis modelos, que terão versões em três cores
distintas, mais uma coleção complementar para o surf, de sacos,
sacolas e mochilas.
Para quem quiser conferir a coleção de perto, o lançamento ocorre
durante o mês de novembro, em paralelo ao festival de vídeos de surf
e skate MIMPI FEST, que ocorrerá no COMPLEX, em Porto Alegre.
Outros trabalhos
Outro projeto recente da designer é o livro “Topomorfose”. Como o
próprio nome indica, a obra aborda a pesquisa realizada por Heloísa
Crocco a partir de 1986, quando ela entrou pela primeira vez na
Floresta Amazônica.
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idas
por
Hel
oísa
Cro
cco
pág. 13Perfil
Nessa viagem, Crocco se encantou com o que chamou de “alma
da árvore”. “Quando cheguei de lá, decidi que queria trabalhar com
o que estava dentro da árvore, com os anéis de crescimento. Iniciei
trabalhando cortes em topo da madeira e elegi o quadrado para
fazer todas as combinações. Como uma escritora senta para escrever
um livro, sentei para esgotar as possibilidades daquelas combinações,
e com isso nasceram as matrizes”, afirma.
Através de imagens de topos, carimbos e esboços de projetos, o livro
feito em parceria com José Alberto Nemer e Marcelo Drummond,
busca revelar um pouco da poética e do processo criativo da artista,
em um verdadeiro poema visual.
Em todos esses anos de carreira, Heloísa já desenhou peças para a
marca Tok&Stok e desenvolveu trabalhos ligados à comunidades
artesanais no Brasil, Colômbia, Uruguai e Espanha. Em suas viagens
pelo Brasil, a designer, junto às populações locais, reflete sobre como se
expressar por meio de coisas que tenham significado para elas.
A longevidade do trabalho de Crocco, a metodologia de pesquisa e
o envolvimento em propostas que visam agregar desgin e artesanato,
são alguns dos fatores que transformaram Heloísa Crocco em um dos
principais nomes do design.
02Heloísa Crocco
04Carimbos para produção de estampas – processo topomorfose.
03resultado do processo topomorfose em estampa para tecidos.
pág. 14
“Iluminação unida à tecnologia com soluções inteligentes, valoriza os
projetos dos profissionais”Tânia Salles
pág. 15Business
Especializada em projetos luminotécnicos e produtos
de iluminação, a empresa fechou uma parceria com a
Exporlux – fabricante de artigos de iluminação lusitana
– para levar a marca para o exterior. De acordo com
Manoel Caetano, diretor comercial da Light Design,
essa indústria foi muito importante para seu projeto de
expansão. “A parceira com a Exporlux permite que as
peças sejam fabricadas em Portugal. Esse diferencial torna
o produto Light Design também europeu, o que possibilitou
a empresa receber o selo ‘Compro o que é Nosso’, que
destaca a qualidade dos produtos fabricados no país com
a Certificação Europeia”, destaca.
O bairro Alcântara, em Lisboa, abriga um ponto considerado o reduto da arte, design e gastronomia da capital portuguesa, a LX Factory. Famosa por unir o passado e o presente, através de sua arquitetura e eventos culturais, esse centro que reúne empresas e profissionais da indústria conta hoje com um showroom da brasileira Light Desgin.
Iluminaçãobrasileiraconquistamercadointernacionalpor Ana Cláudia Ulhôa
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pág. 16 Business
Manoel diz que o interesse em investir fora
do Brasil veio do momento vivido pelo
velho continente, em 2009, quando seus
planos começaram a ser colocados em
prática. “A Europa estava em excelente
situação e percebemos a oportunidade de
internacionalizar a marca Light Design. Essa
foi apenas a ponte para iniciar o trabalho no
exterior, que já conta com projetos na Suíça
e Angola”.
Nos últimos 20 anos, a companhia registrou
um crescimento significativo, ampliando sua
atuação, não só no exterior, mas em todas
as regiões do país. Se em 1974 a empresa
possuía apenas uma unidade no Rio de
Janeiro, hoje ela conta com 11 lojas próprias
e 15 lojas multimarcas nos estados de São
Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Maranhão,
Paraíba, Pará, Rio Grande do Sul, Mato Grosso
do Sul e Distrito Federal.
01Pendente decorativo da LightDesign
02, 04, 05 e 06Luminárias residenciais da LightDesignFotos cedidas pela LightDesign
03Silvia Caetano eManoel Caetano diretores da LightDesign
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pág. 17Business
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O Café Barão convidou o artista plástico Rogério Fernandes para desenvolver, com exclusividade, a embalagem do seu mais novo produto: o Espresso Barão. Uma arte que traduz toda inspiração, técnica e cuidado utilizados na produção de uma grande obra. Tudo isso para proporcionara você o prazer de degustar um sabor único e inconfundível. O estado da arte em espresso.
Belle Époque Café(Acrílica sobre tela)
AF-AD-Espresso-21x30-Templuz.indd 1 9/4/12 12:36 PM
Business
Para Manoel Caetano, os resultados
alcançados pela Light Design estão
diretamente ligados ao seu pioneirismo.
“A empresa nasceu da necessidade de
oferecer aos clientes projetos luminotécnicos
personalizados, conforme as demandas dos
ambientes e estilo de vida das pessoas. A
partir desse enfoque, a Light Design iniciou
seu processo de criação e fabricação de
produtos. Todos elaborados para entregar
soluções diferenciadas às propostas sugeridas
nos projetos. Nós percebemos o quanto a
luz influenciava nos ambientes e na vida das
pessoas”, lembra.
Em 2012, o consumidor da capital mineira
também terá a oportunidade de conferir
toda a linha Light Design. Por meio de
um acordo, a loja Templuz se tornou a
representante exclusiva da marca em Belo
Horizonte, disponibilizando vários modelos de
luminárias e pendentes.
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06Lorem ipsum dolor amet lorem ipsum dolor amet
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O Café Barão convidou o artista plástico Rogério Fernandes para desenvolver, com exclusividade, a embalagem do seu mais novo produto: o Espresso Barão. Uma arte que traduz toda inspiração, técnica e cuidado utilizados na produção de uma grande obra. Tudo isso para proporcionara você o prazer de degustar um sabor único e inconfundível. O estado da arte em espresso.
Belle Époque Café(Acrílica sobre tela)
AF-AD-Espresso-21x30-Templuz.indd 1 9/4/12 12:36 PM
pág. 20 Entrevistas
Juliana Jabour é uma colecionadora de parcerias, e não cansa de colocar o seu nome nas mais
diversas áreas. Após a bem sucedida sociedade com a Shoestock, que culminou em sapatos da
marca na sua passarela de inverno 2012, Juliana ainda se atreveu a criar uma coleção de joias ao
lado de Raphael Falci. Com a marca de óculos, Evoke, o sucesso da parceria já dura 5 anos.
Em 2011 ela participou do projeto Fashion Five da Riachuelo, que contou com uma linha de roupas
de festa também com peças assinadas por André Lima, Huis Clos, Maria Garcia e Martha Medeiros.
Com o sucesso do trabalho, foi convidada novamente para criar o Outono/Inverno 2012 pela loja
de departamento. Uma coleção exclusiva assinada pela estilista.
“Foi uma experiência muito legal, eu já tinha feito outras parcerias antes, com outras empresas,
foi tudo mais ou menos com a mesma proposta, de democratizar a moda, de fazer com que o
meu produto chegasse a um público que a princípio não chegaria” conta Juliana Jabour. “Essas
colaborações de estilistas famosos com grandes empresas de varejo é algo que existe há muito
tempo nos países lá fora, e é muito bom ver que agora o Brasil também acordou para isso”, disse Ju.
A coleção para Riachuelo contava com 40 modelos entre confecção e acessórios, e apostava
na variedade de tecidos para compor o mix de produtos. De acordo com Juliana, a experiência
foi incrível e só rendeu bons resultados. “Eu tinha toda essa responsabilidade de manter o DNA da
marca, acredito que seja isso que as pessoas querem quando propõem uma parceria. Por isso,
fiquei muito atenta para manter o controle de tudo, pois tinha a preocupação da coleção levar o
meu nome”, afirma Juliana. “Claro que a matéria prima não iria ser a seda pura, porque assim iria
contra o princípio do fast fashion, tive que ir me adaptando”, finaliza.
Com inúmeras parcerias no currículo, Juliana Jabour, a consagrada estilista que esbanja bom gosto e criatividade nos looks que circulam pelas passarelas mais concorridas do mundo, também aderiu à moda da democratização, pois TODOS têm direito a ter estilo!
Pela democratização da modapor Thaís CasagrandeA badalada estilista Juliana Jabour relata sua experiência de fazer moda para um público diferente
pág. 21EntrevistaNacional
Coleção Juliana Jabour paraRiachuelo - Inverno
2012 - Fotos Jacques Dequeker
pág. 22 Entrevistas
As bases da coleção para a Riachuelo iam desde
rendas com paetês misturadas com moletinho até lãs
pesadas. Outras bases importantes são o georgette,
nas versões lisa e estampada, tricôs, alfaiatarias em
diferentes pesos e viscolycra, que é característica da
marca, usada pela estilista em diferentes formas, com
estampas, com outros tecidos, modelagens amplas e
diferenciadas. “Tentei adaptar para o público ter uma
peça com o DNA da Juliana Jabour, a modelagem, o
bom caimento, e uma boa qualidade, independente
das matérias-primas não serem tão nobres” disse.
A inspiração da estilista para criar a coleção, foi a
mulher moderna, que possui informação de moda, mas
que não abre mão do conforto. Segundo ela, “essa é
a mulher que me inspira, porque ela tem personalidade
pra se vestir e está sempre se sentindo bem, confortável
e linda!”.
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Coleção Juliana Jabour para Riachuelo - Inverno 2012 Fotos Jacques Dequeker
pág. 23Entrevistas
O resultado foi tão positivo que refletiu até mesmo
em sua própria marca, “como a coleção foi feita
direcionada para um público muito maior, isso abre
portas até para outras parcerias, de repente de outras
linhas diferentes, como algo de cama, mesa e banho,
ou produtos de beleza, isso faz com que sua marca
chegue em locais que ela não chegaria normalmente”
relata Juliana Jabour.
Do armário para a casa toda
Fica bem em você, pode ficar bem na sua casa
também. Agora com olhos na arquitetura,
Juliana Jabour criou estampas exclusivas para a marca
Mixtape Design, impressas em tapetes, estofados
e almofadas. “Acho que hoje mais do que nunca,
moda, decoração, arquitetura, e até mesmo música,
está tudo interligado, uma coisa reflete na outra, isso é
comum,” finaliza Juliana Jabour.Coleção Juliana Jabour para Riachuelo - Inverno 2012
Fotos Jacques Dequeker
pág. 24 Entrevistas
A luz comanda nossa vida.Hora de acordar, hora de dormir.
E viver sob nuances divinas, que revelam os objetos de maneira sempre
surpreendentes.Como arquitetos, imitamos a natureza e
provocamos emoções.Valem as velas, cúpulas, fluorescentes,
leds, filtros, graus, dimmers etemperaturas de cor.
Linguagem que articulamos para escrever o bem estar.
Eraldo Pinheiro
pág. 25Entrevistas
Revista iDeia - Você começou sua carreira na área de produtos e, atualmente, atua em diversas áreas – de televisão (como roteirista do Casa Brasileira) a trabalhos de gestão estratégica de design, em empresas. De onde veio esse interesse por outras áreas do design? A versatilidade é uma tendência do design atual?Baba Vacaro: Para mim, o design e o pensamento estratégico
das empresas estão intrinsecamente ligados. O design é,
fundamentalmente, multidisciplinar, e isso se reflete em todas
as suas áreas de abrangência, assim como na relação com os
diversos setores – do produto à comunicação. Desde o início
de minha carreira já atuava dessa maneira nas empresas com as
quais colaborei durante os últimos 20 anos. O desenvolvimento de
produtos é apenas uma das coisas que faço.
Com relação à minha atuação no campo da comunicação,
acho que esta é realmente uma característica pessoal. Sempre
me interessei pelas pessoas e pela maneira como elas se
relacionam com os objetos. Essa curiosidade, acompanhada
de um estudo profundo sobre as nuances do mercado, me
levaram a escrever para diversos veículos e, por fim, para a TV.
Designer de produtos, consultora empresarial, roteirista de TV, palestrante... Baba Vacaro é movida pela curiosidade e um olhar minucioso, características que, nos últimos 20 anos a têm levado a atuar nas mais diferentes áreas. Pragmática, Baba vê o design como uma ferramenta estratégica, seja para agregar valor a uma marca ou para melhorar a vida das pessoas e fazê-las mais felizes. “O design está em nosso dia a dia, mesmo que nem sempre o notemos”, lembra a designer.
Entrevista Baba Vacaropor Danilo Borges
pág. 26 Entrevistas
Ri: Muitos designers recém-formados se queixam da falta de mercado e da competitividade do setor com outras áreas (publicidade, artes plásticas etc). Como você avalia esse mercado? Quais são os principais caminhos e tendências no Brasil?BV: É difícil determinar as fronteiras entre as
diversas áreas em que o design está inserido;
suas relações de proximidade são, inclusive,
uma boa área, um bom objeto de estudo
para nós. Não vejo a competitividade
como um problema. O mercado tende a
se abrir cada vez mais para o designer, nos
mais diversos segmentos de atuação. O
pensamento do design tem sido ferramenta
estratégica para o sucesso dos mais diversos
tipos de negócio, e, por isso, muitas portas
podem se abrir para os profissionais no Brasil.
Ri: Você costuma dizer que gosta de acompanhar o processo de produção de uma peça, vê-la tomar forma na fábrica. Além disso, você também atua nas empresas, como gestora de design estratégico. Na sua opinião, o design ainda precisa ser mais pragmático, “tangível”, para conquistar novos mercados?
BV: O Brasil ainda está amadurecendo para a
parceria entre designers e empreendedores.
Faz pouco tempo que as empresas
começaram a perceber o quanto o design
pode fazer bem para os negócios e que os
designers começaram e entender melhor
seu papel neste processo. Devagar as duas
partes vão criando parâmetros de atuação,
e é preciso que cada um aprenda a olhar
para o outro e entender como cada parte
pode fazer o que for melhor para o negócio.
Ri: Para muitas pessoas, o design é visto como um “luxo”, disponível a poucos. Essa percepção está mudando? Como os designers encaram essa questão?BV: Infelizmente, enquanto o mercado
não cresce, o designer segue desenhando
para um nicho mais restrito. Não é por falta
de vontade dos designers, mas por falta
de oportunidade. Desenhar produtos de
massa demanda um bom investimento em
tecnologia e ferramental – e se não temos
quem consuma, fica difícil encaixar um
projeto nesse segmento.
Ri: Algumas de suas peças, como a famosa poltrona mandacaru, destacaram-se por conciliar funcionalidade e estética. Como lidar com essa permanente tensão entre a demanda ‘objetiva e a “criação artística”?
pág. 27Entrevistas
nossa felicidade, e cada vez mais as pessoas
percebem isso. O sucesso do Casa Brasileira
vem daí. As pessoas querem viver melhor,
com mais harmonia, numa casa que seja um
reflexo delas mesmas, de suas memórias, de
seu repertório cultural, gostos e desejos.
Ri: Você lançou, recentemente, o livro “De traços abertos”. De onde surgiu a ideia do livro? Como foi a produção da obra?BV: Fui convidada pela editora C4 para fazer
parte de sua coleção “Design & Processo”
e convidei a jornalista e escritora Cristina
Ramalho para fazer o projeto do livro. Desde
que respeitássemos o formato e o número
de páginas, tivemos a liberdade de fazer
tudo como queríamos. Então resolvemos criar
crônicas livres sobre os temas que, segundo a
Cristina, mais se destacam em meu trabalho.
É um livro gostoso de se ler – mesmo para
quem não tem intimidade com o design –
porque é repleto de histórias, de crônicas
sobre pessoas que fizeram o design moderno.
Ri: O que o leitor encontrará na obra?BV: O leitor irá encontrar um pouco do meu
universo – não apenas minhas criações, mas
de onde vem meu ‘repertório’: viagens,
leituras, gostos, a formação racionalista, ligada
à escola BauHaus, o amor pela casa, vontade
de aconchego, o trabalho em equipe etc. A
obra também mostra que o design está em
tudo, tem a ver com música, viagens, fatos
históricos, moda, novela, os amores de todos
nós...O design está em nosso dia a dia, mesmo
que nem sempre o notemos.
BV: No meu trabalho, o produto é sempre
decorrente de um processo, de uma
demanda objetiva. A forma é um resultado
mesmo, mas não uma premissa.
Ri: Desde 2009, você assina o roteiro do programa Casa Brasileira. Como você avalia o papel do design de ambientes na vida das pessoas? O Brasileiro está se preocupando mais com o local em que vive?BV: O design, a arquitetura, tudo o que nos
cerca tem um papel muito importante na
Luminária de mesa Nuage produzida no tecido ceda. Criação Baba Vacaro
pág. 28 Entrevistas
pág. 29Entrevistas
Com 22 anos de atuação na área do lighting design,
Fortes possui uma experiência abrangente, com projetos
realizados em diferentes escalas – residenciais, comerciais,
museus, aeroportos, praças etc.
Reconhecido internacionalmente e premiado em 2007
pelo IALD – 24th Annual IALD Lighting Design Award, com
o projeto de revitalização da Estação da Luz, em São
Paulo, e implantação do Museu da Língua Portuguesa
(em parceria com Gilberto Franco), Carlos Fortes conta,
com exclusividade para a revista iDeia, como foi o início de
sua carreira, sua trajetória de sucesso e como enxerga o
cenário do lighting design no Brasil.
Revista iDeia: De onde surgiu o interesse por iluminação? Carlos Fortes: Surgiu de forma intuitiva. Talvez a primeira
influência tenha sido o cinema, ainda na adolescência.
Durante algum tempo esse foi meu principal interesse,
e cheguei mesmo a cursar, durante um curto período,
a faculdade de Cinema na UFF – Universidade Federal
Fluminense. Mas, a Arquitetura, que eu cursava
paralelamente, demandava muito do meu tempo, e eu
acabei optando, profissionalmente, pelo segundo curso.
Logo após minha graduação, cheguei a cogitar um curso
na Escola de Cinema de Cuba, fundada por Gabriel
García Márquez. Mas, mais uma vez, a arquitetura falou
mais alto e eu acabei me mudando para São Paulo.
A LUZ QUE VALORIZA E TRANSFORMAA iluminação valoriza um ambiente tanto na macro escala como em detalhes. Pode torná-lo mais confortável, romântico, dramático ou onírico, reforçando a identidade de um projeto arquitetônico. É desse modo que o renomado lighting designer, Carlos Fortes, define um bom projeto luminotécnico.
Entrevista Carlos Fortespor Thaís Casagrande
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Restaurante Kaá Arquitetura: Arthur Casas Foto: Andrés Otero
01
Ri: E como foi o início da sua carreira?CF: Tive meu primeiro contato profissional como lighting design trabalhando no
escritório paulistano dos arquitetos Esther Stiller e Gilberto Franco – a quem, mais
tarde, vim a me associar. Eu conheci o trabalho deles no Rio de Janeiro, quando
era estagiário dos arquitetos Paulo Casé e Luís Aciolie, e a oportunidade de
trabalhar com eles abriu uma nova, e definitiva, perspectiva para mim.
Ri: Qual a filosofia do seu trabalho?CF: Ele se baseia, fundamentalmente, em interpretar e valorizar, através da luz,
as intenções do projeto arquitetônico. Acredito na iluminação em arquitetura
como instrumento a serviço dos edifícios e dos espaços urbanos. Por isso, não uso
fórmulas ou receitas para executar um projeto. Cada um tem suas peculiaridades;
cada arquiteto responde de uma maneira particular a um mesmo programa
ou demanda. Assim, cabe ao lighting designer compreender, antes de elaborar
qualquer proposta, os conceitos apresentados.
Ri: O que é necessário para ser um lighting designer de sucesso?CF: Acredito ser fundamental uma formação multidisciplinar em arquitetura,
design, artes, história – ainda que informal. O conhecimento acumulado, assim
como um olhar crítico e permanente para a produção artística, arquitetônica
e cultural, aliados a uma permanente atualização tecnológica, constituem a
principal ferramenta de trabalho para o lighting designer. A formação específica,
o conhecimento de física e matemática, o domínio de softwares são acessórios
fundamentais à prática profissional – mas só contribuem efetivamente para um
bom resultado se postos a serviço da expertise e talento do lighting designer.
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Foto
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Lig
eiro
Ri: Qual a importância da iluminação para um projeto arquitetônico?CF: A iluminação reforça a identidade de um projeto arquitetônico. Se bem
interpretado, um bom projeto luminotécnico irá valorizar a arquitetura tanto na
macro escala como em detalhes. Os sistemas a serem adotados devem refletir
as intenções do arquiteto. Assim, a iluminação poderá ser mais intuitiva, discreta,
quase mimetizada em detalhes sutis da arquitetura (como podemos observar nos
projetos do arquiteto Álvaro Siza); poderá ser mais exuberante, expressionista – aqui
tomando emprestado um termo utilizado pela designer Baba Vacaro (como em
projetos do Marcelo Rosenbaum, em que o objeto em si traduz o conceito do
projeto) e assim por diante. Ou seja, a iluminação nunca é a protagonista, é sempre
uma resposta à proposta inicial do projeto. Cabe ao lighting designer interpretar
corretamente esses conceitos. Para isso, precisa conhecer com detalhes o projeto,
seus acabamentos, cores, materiais, para que as propostas de iluminação elejam e
valorizem corretamente detalhes que devem ser enfatizados.
Ri: Como deve ser a parceria do lighting designer com o arquiteto responsável pelo projeto?CF: Quanto mais próxima, maiores são as chances de o projeto ter sucesso. Cabe
ao arquiteto expor seus conceitos e suas expectativas em relação à iluminação
e, ao lighting designer dar as respostas adequadas. Quando o lighting designer
02Antonio Bernardo Iguatemi SPArquitetura: Dado Castello BrancoFoto: Andrés Otero
03Banco VotorantimArquitetura: Edo RochaFoto: Nelson Kon
04Aeroporto Santos Dumont Arquitetura: Sérgio Jardim Foto: Andrés Otero
04
pág. 32
desenvolve seu projeto simultaneamente
ao arquiteto, a sinergia entre os profissionais
gera a oportunidade de se desenvolver,
a quatro mãos, detalhes e soluções que
viabilizem e correspondam às expectativas.
Após a conceituação e definição do projeto
básico de iluminação, os demais planos
complementares devem ser desenvolvidos
e compatibilizados com a iluminação.
Infelizmente, nem sempre esse ritmo é
respeitado, embora cada vez mais os
empreendedores e clientes estejam tomando
consciência da importância desse timing.
Quando o lighting designer é chamado
a desenvolver seu projeto quando o de
arquitetura já está finalizado e os demais
complementares desenvolvidos, as limitações
são muito maiores.
Ri: Qual o projeto mais significativo já realizado por você? Aquele que você julga como um marco em sua carreira.CF: É difícil eleger, dentre tantos projetos
desenvolvidos em 22 anos de atuação,
o mais significativo. Mas, poderia citar,
por exemplo, o projeto de revitalização
da Estação da Luz, em São Paulo, com
a implantação do Museu da Língua
Portuguesa, como marcante em minha
carreira, pelo reconhecimento internacional
que tivemos. Atualmente, o projeto que estou
desenvolvendo para o MAR – Museu de
Arte do Rio (arquitetura de Thiago Bernardes
e Paulo Jacobsen), da Fundação Roberto
Marinho, me entusiasma bastante.
Ri: Como é representar o Brasil no Comitê de Relações Internacionais da Associação IES-NA (Illuminating Engineering Society of North America)?CF: A minha participação começou em
1997, juntamente com os arquitetos e lighting
designers Mônica Lobo e Gilberto Franco.
Naquele ano, participamos do encontro
anual do IES em Cleveland, Ohio, ocasião
em que nos apresentamos em uma reunião
do comitê. Tínhamos a intenção de fundar,
no Brasil, uma associação de profissionais de
iluminação, mas não tínhamos muito claro
o formato. Esse primeiro contato com o IES
talvez tenha sido o movimento embrionário
para a futura fundação da AsBAI (Associação
Brasileira de Projetistas de Iluminação). Os
membros do IES se mostraram bastante
colaborativos, no sentido de nos apoiar com
sua experiência corporativa, e nos cederam
cópias dos estatutos do IES. Houve, inclusive,
um movimento que não vingou de se formar
uma espécie de “IES Brasil”, a exemplo do
que já ocorria no México e no Canadá.
Ri: E você foi um dos Fundadores da Associação Brasileira de Projetistas de Iluminação, certo? Como surgiu a proposta?CF: Depois dessa reunião em Cleveland,
voltamos ao Brasil com o propósito de levar
adiante a proposta. Para isso, contatamos
dois grupos de profissionais atuantes no
mercado, em São Paulo e no Rio de
Janeiro, e convocamos duas reuniões para
apresentar nossa ideia e a possível parceria
com o IES. Esses grupos iniciais eram bastante
heterogêneos, embora todos comungassem
do interesse comum em iluminação
arquitetônica. Como era de se supor, essas
primeiras reuniões, e as que se sucederam,
foram bastantes polêmicas, principalmente,
Entrevistas
05Inhotim - Pavilhão Adriana Varejão Arquitetura: Rodrigo Cerviño LopezFoto: divulgação Inhotim
06Restaurante KaáArquitetura: Arthur CasasFoto: Andrés Otero
05
06Fo
tos:
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igei
ro
pág. 33
em relação ao formato que deveríamos
adotar. Acabamos por declinar de uma
parceria formal com o
IES – entidade bastante abrangente, que
agrega profissionais das mais variadas
formações. Optamos pela formação de
um grupo de arquitetos de iluminação, que
se aproximava mais do formato do IALD
(Illuminating Association of Lighting Designers)
e do PLDA (Professional Association of Lighting
Designers). Assim foi fundada a AsBAI.
Ri: Você acha que ainda temos muito que aprender com o Lighting Design do exterior?CF: Eu acredito que a produção de projetos
de iluminação no Brasil esteja bastante
aproximada da produção internacional.
É raro que algum empreendimento de
relevância prescinda de um lighting designer
em sua equipe de projetistas. A indústria
de luminárias também vem buscando se
aperfeiçoar, investindo em pesquisa e em
design. Ainda temos um caminho a percorrer
e acredito que a recente e acelerada
mudança na indústria das lâmpadas, com
as restrições impostas por programas de
sustentabilidade e de conservação de
energia, forcem uma rápida e eficiente
adequação dos produtos às novas
tecnologias, principalmente, à utilização de
LEDs em substituição às fontes convencionais.
Mas acho que, definitivamente, o Brasil está
inserido no mercado internacional.
Entrevistas
pág. 34
Design para o mundo real
Satyendra Pakhalé fala sobre a importância de o design atender às necessidades da população
por Clarissa Damas
pág. 35
Indiano radicado na Holanda, o designer Satyendra Pakhalé conquistou o respeito e a admiração mundial. Unindo elementos ocidentais e orientais em suas criações, sempre levando em conta a questão ambiental e a sustentabilidade, Satyendra se firma como um dos designers mais importantes do mundo.
Formado em Engenharia e mestre em Design,
ele traz para seu escritório toda a experiência
adquirida nos anos de trabalho na Phillips,
e alia, a isso, o desejo de contribuir com o
mundo, de proporcionar soluções, e de
resgatar e valorizar o trabalho artesanal.
Add-on RadiatorSistema modular
Foto
: Tub
es, I
T
pág. 36
Criando desde objetos simples, como vasos
e móveis, a mais sofisticados, como carros e
motos, Satyendra diz que ainda tem muito a
fazer pelas pessoas e que o design pode, e
deve, provocar mudanças.
Revista iDeia: Você acredita que o design praticado hoje, de forma geral, está mais próximo das necessidades reais dos seres humanos?Satyendra Pakhalé: É difícil falar em nome
de todos. Sou sempre cauteloso ao fazer tais
generalizações, porque o mundo está cheio
de contradições fascinantes, bem como
possibilidades surpreendentes. Na verdade, o
design deve atender às necessidades reais do
ser humano, olhando para as possibilidades
que estão lá fora, especialmente em
países como o Brasil, Índia e China, onde as
condições geográficas, ambientais e culturais
são únicas e precisam de uma atenção
especial visando novas perspectivas.
Ri: Em 14 anos de escritório próprio, você acredita que o design mudou de alguma forma? Pode nos dizer em que? SP: A única coisa constante na vida é a
“mudança” e o design não é uma exceção.
A mudança é a lei de natureza e da vida.
É difícil falar sobre mudanças globais, mas
podemos ver crescentes preocupações com
“o design para as pessoas no mundo em
desenvolvimento”. Há várias questões que
precisam ser abordadas do ponto de vista
de design. Eu vejo que há oportunidades
de design industrial nas sociedades ao redor
do mundo. O desafio é fazer com que a
vontade política e industrial aconteça.
02Fo
to: S
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Pak
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Stud
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Foto
: Erre
ti, IT
03
pág. 37
Ri: Como você definiria a sua atuação hoje, como um designer de expressão mundial?SP: O meu papel primordial é o de criar,
inovar, pensar e cultivar minha sensibilidade
ao mais profundo nível, para ser um designer
melhor a cada dia. Criar possibilidades para
ser um protagonista significativo no campo
da indústria, tecnologia, sociedade e, acima
de tudo, na cultura. Se todas as minhas
atividades puderem levar uma pequena
contribuição para nossa cultura, com certeza
vou estar satisfeito.
Ri: Como você define o Design Universal para o século XXI?SP: Valores humanos universais não são
diferentes agora, no século XXI, do que há
muitos séculos, mesmo que seja mais fácil, nos
dias de hoje, se relacionar com o contexto
humano universal... Graças ao acesso fácil
que temos à informação, tão próxima de
nossos dedos. No entanto, eu sempre me
abstenho de definir algo pronto, muito menos
projetar.
Ri: Em seu trabalho, a ligação entre as questões industriais, humanitárias e sensoriais são importantes. Você acredita que esse é o caminho para o design do século XXI? Por quê?SP: Como você mesmo disse, corretamente,
sou fascinado pelo design e seu impacto
02KABU Chaise Longue
03Alinata Shelving System
04Kalpa - ceramic vase & bowl
04
Matériadecapa
Foto
: Mr.
Shuu
rman
s, N
L
pág. 38
positivo na humanidade, se aplicado
corretamente. No entanto, eu nunca iria
professar qualquer abordagem definida
para desenhar. Eu realmente acredito em
pluralidade de expressão e não iria me limitar
a uma abordagem específica para projetar
no século XXI.
Ri: Existe algum trabalho específico dentro de toda sua vida profissional, que tenha lhe deixado mais orgulhoso do que os demais? Qual e por quê? SP: Não podemos pensar em uma tarefa
específica que torna um profissional mais
orgulhoso, no entanto, a profissão de design é
uma grande satisfação quando ela passa por
um conjunto misto de emoções e frustrações
durante o processo de desenvolvimento e,
eventualmente, leva a uma certa solução,
ideia ou um produto que torne uma solução
completa. Se você insistir na pergunta,
poderia citar em retrospectiva o “add-on do
radiador”, projeto que não só efetivamente
cumpre sua utilidade, mas também se
torna um produto sensorial que pode ser
perfeitamente integrado na arquitetura. Foi
uma grande satisfação quando conseguimos
trazer essa ideia inicial frágil para uma
realidade, e transformá-la em um produto
industrial, que foi bem recebido pelos usuários.
Ri: Você acredita que o design pode provocar uma mudança na forma como as pessoas pensam e veem as coisas? SP: Com certeza, o design pode causar
uma mudança, se ele tiver uma substância,
um propósito, um significado, um apelo
tecnológico e material, inovação ou
expressão cultural.
Ri: Você pode nos falar um pouco sobre os projetos que você está trabalhando atualmente? SP: Neste momento estamos envolvidos com
10-12 projetos cuidadosamente escolhidos
internacionalmente, que vão desde o design
industrial, com produtos tecnologicamente
complexos, até peças de edição para a
arquitetura. Ressalto um projeto que estamos
trabalhando agora, que é um produto feito
através do processo de fabricação do vidro
dobrado aplicado à arquitetura, com ênfase
05O Moonwaka é uma criação de Satyendra para o “Moon Life Project”, pro-jeto que especula sobre a possibilidade dos seres humanos viverem na Lua em um futuro próximo. Esse objeto foi desenvolvido para ajudar os viajantes a se acostumerem com a gravidade da Lua.
05
Foto
: Dan
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olla
nder
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Matériadecapa
pág. 39
para a conservação da água da chuva e
armazenamento da energia solar. Todos os
anos, relacionamos um material ou processo
ao exercício do artesanato. Este ano,
estamos trabalhando com o mármore, em
colaboração com alguns artesãos da Itália
que levarão as peças desta edição para a
Galeria Ammann, na Alemanha.
Ri: Você acredita que o design deve contemplar uma associação de culturas para gerar uma identidade única para os povos do mundo? Como isto é possível?SP: Bem, como eu disse antes, eu não
tenho uma noção fixa ou uma receita
para criar uma identidade única para os
povos do mundo. No entanto, eu acredito
que precisamos ter mais identidades com
expressões plurais, portanto, mais originais,
como as culturas regionais, e não tanto como
as nacionais.
Matériadecapa
06Akasma GlassFruit Basket
07Roll Carbon Ceramic Chair
06
07
Foto
: Mr.
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ossi,
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to: R
SVP,
IT
pág. 40
“Iluminação não é apenas um recurso funcional, mas também de arte, pois toca os sentidos além da visão,
valoriza o iluminado e emociona o observador.”Claudius e Gabi - Duo Projetos
pág. 41
Recentemente, participei de um Congresso Internacional de Iluminação, em Las Vegas, o Lightfair 2012. Dentre as palestras que tive a oportunidade de presenciar, a que mais me chamou a atenção foi a apresentada pelo Sr. Don Marinelli, professor de Drama e Gerenciamento de Artes e produtor executivo da Entertainment Technology Center , empresa situada na Universidade de Carnegie Mellon, no estado da Pensilvânia, EUA.
Esse grande professor (e brilhante orador!) percebeu
que, para educar a nova geração – chamada por ele
de “geração dos gamers” ou “geração dos jogadores
eletrônicos” –, teríamos que repensar toda a nossa forma
de ensinar, bem como as ferramentas utilizadas no
processo.
Entre os desafios apresentados por Marinelli, estava a
demanda de um grande museu americano, o qual tinha
Novas ferramentas, para umnovo profissionalpor João Gabriel
visto sua frequência e o tempo de permanência dos
visitantes diminuírem assustadoramente nos últimos
anos. O que estaria acontecendo?
Segundo Don Marinelli, a “geração gamer” não
suporta mais ser apenas um ator passivo em suas
atividades cotidianas. Ou seja, seria necessário propor
uma maior integração entre as atrações oferecidas
pelos museus e seus visitantes. De forma geral, a ideia
seria unir os lados esquerdo e direito do cérebro uma
mesma ação: aprender!
Ensinar não é mais como antigamente: livros e
apostilas dão lugar a jogos interativos e softwares
poderosos. E-books, ilustrados com vídeos e músicas,
abrem novas e mais atrativas possibilidades para a
transmissão do conhecimento adquirido.
Em vez de passar horas a fio lendo apostilas
entediantes, por que não “brincar” em um simulador
virtual que possa nos levar a adquirir os mesmos
conhecimentos, de maneira mais interativa,
multissensorial, colorida e em HD?
Artigos
pág. 42
01
pág. 43
BIM, Archicad, Bentlay, Vector Works, Revit, Dialux
Para os profissionais das áreas de arquitetura, engenharia,
design, etc., esta forma de aprendizagem vem à tona
com o surgimento de uma centena de novos conceitos,
como o BIM (Building Information Modelling), as novas
ferramentas de CAD, os softwares para cálculos de toda
espécie, os programas para renderização de imagens,
entre outros.
Trabalhando com as ferramentas do BIM, é possível
alterar dinamicamente um determinado modelo, com a
elaboração automática de layouts, elevações, cortes,
além de poder exportar esses arquivos para outros
programas de cálculos.
Outra grande novidade é que o processo passa a ser
colaborativo: todos os profissionais envolvidos em um
determinado projeto podem trabalhar em uma mesma
base de dados. Como “só uma andorinha não faz
verão”, torna-se necessário que o mercado, como um
todo, passe a adotar esses novos conceitos para que o
sistema realmente funcione.
De maneira geral, nossa atualização profissional passa
muito mais pelos bits e bytes do que por livros e apostilas.
Não que eles tenham perdido o seu valor. Nada disso.
Mas a forma de transmitir o conhecimento é que mudou
radicalmente.
Na área da iluminação, por exemplo, termos como
W/m, lm/m, plugins, drives de corrente, drives de tensão,
pixels, resolução, passam a ser corriqueiros. E para nos
atualizarmos neste novo mundo precisamos estar atentos
aos novos programas e tecnologias disponíveis: ArchiCAd,
Bentlay, Vector Works, Revit, Dialux, etc, etc, etc.
Todas essas novidades e avanços dos softwares
proporcionam uma significativa melhoria na forma
de se apresentar um projeto. Maquetes eletrônicas e
imagens em 3D fornecem ao cliente uma noção cada
vez mais perfeita sobre o projeto em questão, o que
permite comparar com precisão se o que foi comprado
corresponde ao que foi apresentado pelo fornecedor.
A atualização passa por uma poderosa estrutura
tecnológica (hardware de alto desempenho, com
alguns subsistemas para apoio), por infovias largas e
confiáveis. E, nesse quesito, estamos ainda engatinhando.
Recentemente, assistimos a uma ousada iniciativa
do governo federal em punir três das quatro maiores
operadoras de telefonia do Brasil. Entretanto, ainda
temos que melhorar muito.
Pois então, nada de ficar acomodado com o
conhecimento adquirido nos bancos da escola.
Precisamos estudar mais e aprender mais. Sempre!
01 e 02Imagens em 3D resultado de trabalho em softwareFoto: Divulgação Direcional
Artigos
02
pág. 44
Empresas brasileiras e britânicas nos convidaram para assinar a cerimônia de encerramento das Olimpíadas de Londres 2012, um espetáculo de oito minutos, no qual o Brasil foi apresentado ao mundo. O trabalho foi denominado de “figurinocenárioimaginário”, um figurino pensado para compor o cenário num palco em branco, uma ambientação perfeita para o imaginário coletivo de quatro bilhões de espectadores.A partir de um roteiro que nos fora encaminhado,
desenhamos todos os figurinos. Procuramos
valorizar manifestações populares através da
“gambiarra” como recurso de linguagem. A
“gambiarra”, ou improvisação, é um dos traços
que caracterizam a produção artística no Brasil,
com a assimilação, pela arte, de procedimentos
e estéticas das ruas e do povo.
No maracatu atômico – figurino utilizado pelo
músico “B Negão” –, a fiação interligando as
lâmpadas foi exposta. Sob estas lâmpadas, um
tecido refletor feito de tachinhas. Uma enorme
saia foi construída a partir de guarda-chuvas.
Uma roda gigante foi transportada para as
costas das nossas passistas. A magia e o truque
compartilhados sem receio de desfazer o
encantamento.
Antropófagos dos nossosprópriosclichêspor Jum Nakao
Organização da bateria - Cerimônia
de encerramento das Olimpíadas
de Londres 2012Fotos: cedidas por
Jum Nakao
pág. 45Artigos
pág. 46
O vestido de Alessandra Ambrosio
foi concebido para ser visível em um
estádio, com fluidez para valorizar a
coreografia e mais curto na frente para
conferir liberdade de movimentos. No
espetáculo, Alessandra representou
a beleza da mulher brasileira. Para
bailar com Seu Jorge e Sorriso, o
vestido foi desenhado em um tecido
super vaporoso que valorizava seus
movimentos. O vestido foi paetado em
degradé, com maior concentração de
paetês na parte superior, para iluminar
o rosto, e um pouco menos na saia,
para flutuar ao vento. Em meio a reis,
coroamos Alessandra com uma tiara
cravejada de brilhantes reproduzindo a
calçada de Copacabana. Como uma
estrela prateada no céu, o reluzente
vestido foi feito para brilhar na imensidão
do estádio.
Artigos
01Apresentação do Gari Renato Sorriso, da Top Alessandra Ambrósioe Seu Jorge. Fotos cedidas por Jum Nakao
02Preparação da roupa do rapper BNegãoFotos cedidas por Jum Nakao
03Brasil representado por índios iluminados por luzes verdes eamarelas. Fotos cedidas por Jum Nakao.
01
02
pág. 47
Na dimensão de um estádio a roupa
desparece. O figurino deveria, portanto,
cumprir, também, um papel cenográfico e
dinâmico ao mesmo tempo. Recorremos,
então, aos instrumentos de percussão
gigantes sobre a bateria, assim como as
rodas gigantes nas passistas, ambos com
recursos luminotécnicos que permitiram,
junto com as lâmpadas do figurino
maracatu, um desenho de luzes no palco.
Com recursos simples, simpatia, sorriso,
mostramos que somos um país de braços
abertos para abraçar muito mais do que já
alcançamos.
O Brasil contemporâneo se fez pulsante
por meio do conceito da antropofagia,
do modernismo e, posteriormente, da
Tropicália. A antropofagia na arte brasileira
é a percepção das influências estrangeiras,
sua compreensão e deglutição em uma
apropriação que mantém apenas o
que interessa à criação local, de modo
consciente e refletido. Se a apropriação
de elementos de outras culturas e países é
aceitável por essa elite cultural que critica
a cerimônia, o que nos impede de sermos
antropófagos dos nossos próprios clichês e
valores?
A concepção do projeto foi feita de forma
generosa e não-egocêntrica, voltada
não para uma minoria que se acha mais
inteligente que os outros, que se isola,
e que se envergonha de valores e do
imaginário brasileiros, mas sim para quatro
bilhões de pessoas.
Artigos
03
pág. 48
Quase 80% da população brasileira considera o empreendedorismo como uma boa opção de carreira, segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor /GEM 2010. Pergunto-me quantos designers vislumbram essa alternativa. Afinal, um obstáculo rotineiro da profissão é o pouco conhecimento da área entre os empresários.
Essa realidade gradativamente vem sendo corrigida. É possível
dizer que a troca de informações no mercado globalizado e
o bom momento da economia brasileira são responsáveis por
abrir um campo de trabalho precioso para algumas profissões,
inclusive o design. Lojas como Tok&Stok e Imaginarium são
referências na escolha do design como principal atributo de
venda. Elas oferecem ao mercado soluções que o consumidor
nem sabia ter, mas adora encontrar e comprar.
Apesar desse grato diagnóstico, o processo de mudança de
modelos mentais e paradigmas é lento. Por isso, empreender
é uma opção de carreira bastante apropriada aos cenários
atuais. Sérgio Matos é um exemplo de pequeno empreendedor
que gosto de citar. Ao ganhar uma edição do Prêmio Sebrae
Minas Design, Sérgio descartou de vez a ideia de abandonar
a profissão e viu nas parcerias a possibilidade de levar suas
criações ao público final. Inicialmente, o designer paraibano,
criador do banco Ianomâmi, viabilizou seu projeto tendo uma
grande empresa como parceira. Hoje, à frente do seu próprio
ateliê, tem parceria com pequenas empresas do interior de
Minas Gerais. Mas, como ele, existem muitos outros que podem e
devem ser seguidos.
De acordo com a GEM, o Brasil tem a população mais
empreendedora dos países do BRIC, formado também pela
China, Rússia e Índia. No topo da lista dos empreendedores
por Andréa Tristão
Empreender, uma opção de carreira
01Estante Poleirinho porta treco,
em madeira de reflorestamento. Autoria de:
Frederico Mendes Teixeira, Rodrigo Braga França,
Ulisses AndradeN. Neuenschwander Penha.
02
pág. 49Artigos
estão empresas destinadas às soluções
para o consumidor final. Como o designer
dispõe de um mercado amplo de atuação,
escolher um segmento não deve ser difícil. Os
obstáculos estão na gestão de uma empresa,
para isso, o profissional inevitavelmente
precisará do apoio de instituições como o
Sebrae, além de pleitear junto às instituições
de ensino de design a inclusão de disciplinas
ligadas à administração.
O designer empreendedor também deve
pensar na viabilidade do projeto. Não
adianta ter uma boa ideia, saber gerir uma
empresa e, na fase de produção, não
encontrar meios industriais capazes de atingir
o resultado planejado.
Para empreender também é necessário
inovar, isto é, apresentar algo novo ou fazer
de uma forma diferente. Portanto, o designer
deve ter um olhar apurado sobre o meio,
para criar soluções que, realmente, sejam
relevantes para o seu público. Afinal, em sua
atualíssima definição, o design tem a missão de
ser cada vez mais funcional. Definido como o
processo que conecta criatividade e inovação,
o design gera ideias práticas e atrativas tanto às
empresas quanto aos seus clientes.
Com o design — considerado fundamental
na expertise dos negócios — produtos
passam a ter não só o preço como diferencial
competitivo, mas também valores estéticos
e utilitários a eles agregados. Quando é
aplicado em áreas de serviços, alcança
resultados que extrapolam a funcionalidade,
chegando a gerar benefícios até no
convívio entre as pessoas, cumprindo um
papel social. Com o apoio do Sebrae-MG,
tenho conseguido levar essa mensagem
dos diferenciais do design às empresas. Por
outro lado, venho buscando conscientizar os
designers dos resultados extraordinários do
empreendedorismo, inclusive, estamos na
fase final do Prêmio Sebrae Minas Design.
02Mesa abstrak, autoria de Daniel Bahia.
03Banco Yanomami, autoria de Sérgio J. Matos.
02
03
BELO HORIZONTE GANHA UMA NOVIDADE NO MERCADO DA ILUMINAÇÃO.
Refletir o futuro em cada projeto
01 balizadores Zero02 sede Vodafone, projeto
Barbosa & Guimarães, Portugal 03 residência, projeto Sérgio
Parada Arq. Associados, Brasil
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Encontre um de nossos 26 showrooms no Brasil e no exterior através do www.lightdesign.com.br
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02
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A TEMPLUZ oferece, com exclusividade, os produtos da Light Design+Exporlux. Agora, em um único lugar, todas as novidades em soluções luminotécnicas completas.
Fundada nos anos 70, a Light Design há mais de 38 anos desenvolve projetos exclusivos, atendendo às múltiplas necessidades do mercado, em parceria com arquitetos, designers de interiores, paisagistas, lighting designers e demais profissionais do setor.
É fabricante de tudo aquilo que projeta e ainda comercializa, instala e garante assistência técnica para cada projeto. Ou seja, cobre todas as etapas, algo bem raro no mercado da iluminação.
Há uma atenção especial às tendências, o que possibilita trabalhar com todo tipo de iluminação, seja planejada, técnica ou funcional.
Em 2012 a Light Design deu um grande passo à frente e realizou sua fusão com a Exporlux, empresa portuguesa líder em soluções LED aplicadas a sistemas de iluminação, unindo suas forças para ampliar as opções ao mercado, em termos de soluções eficazes, sustentáveis e com design inovador, passando a dispor de um centro tecnológico com total domínio das soluções LED dentro de casa.
“É como se o mundo estivesse saindo da era da máquina de escrever para a era do computador neste mercado da iluminação”, como gosta de citar Silvia Caetano, presidente da Light Design+ Exporlux.
Seus produtos não só são produzidos no Brasil, mas também são fabricados e certificados na Europa, com o selo CE de Conformidade Europeia, um diferencial de qualidade sem igual no mercado brasileiro.
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Em 2012 a Light Design deu um grande passo à frente e realizou sua fusão com a Exporlux, empresa portuguesa líder em soluções LED aplicadas a sistemas de iluminação, unindo suas forças para ampliar as opções ao mercado, em termos de soluções eficazes, sustentáveis e com design inovador, passando a dispor de um centro tecnológico com total domínio das soluções LED dentro de casa.
“É como se o mundo estivesse saindo da era da máquina de escrever para a era do computador neste mercado da iluminação”, como gosta de citar Silvia Caetano, presidente da Light Design+ Exporlux.
Seus produtos não só são produzidos no Brasil, mas também são fabricados e certificados na Europa, com o selo CE de Conformidade Europeia, um diferencial de qualidade sem igual no mercado brasileiro.
02
03
pág. 52
Quando John “Scottie” Ferguson (James Stewart) sobe desajeitadamente a escadaria de uma torre atrás de Madeleine (Kim Novak), tentando impedi-la de saltar, a fobia de altura que sentia, transformada em vertigem, é potencializada por uma inserção de trucagem em forma elíptica. Nauseado e tonto, vê pela janela o corpo da amada indo ao encontro da morte. Essa cena, muito conhecida do filme Um Corpo que Cai – tradução infeliz de Vertigo – do cineasta britânico Alfred Hitchcock, é um exemplo emblemático da associação do design gráfico com o cinema. E permite-me relembrar aqui um dos mais importantes designers gráficos de todos os tempos: Saul Bass, bem como sua enorme contribuição para o cinema como o temos hoje.
O nova-iorquino Bass, judeu de origem no leste europeu,
iniciou sua carreira no cinema aos 34 anos, criando para
Otto Preminger o cartaz de Carmen Jones. Impressionado
com a obra, Preminger solicitou a Bass que também
criasse os créditos iniciais do filme. No ano seguinte, 1955,
Bass criou para Preminger o cartaz e os créditos iniciais
de The Man With The Golden Arm (O Homem com o
Braço de Ouro). O impacto causado na conservadora
por Júlio Pessoa
LuzCâmeraAção
Saul Basse o Design no Cinema
01Vertigo - filmeestadunidense de 1958, do gênero suspense, dirigido por Alfred Hitchcock
02Storyboard de Saul Bass para o filme Psicose
01
sociedade americana com o filme – a
história de um músico viciado em heroína
– foi ampliado pelo cartaz que mostrava
um braço retorcido, a mão crispada,
sempre com uma aparência sombreada,
emoldurada – ou melhor, “enquadrada”
– por blocos de retângulos mal cortados.
Se não bastasse, Bass ainda fez os créditos
iniciais. A fonte que criara – que passaria
para a História como Hitchcock – alterou
um hábito americano: os cinemas que
antes deixavam a luz acesa para o
público ir se acomodando nas poltronas
durante a exibição dos créditos, passou
a fechar as cortinas e apagar as luzes
quando entravam os créditos. Menos por
admiração a forma do que pela mudança
promovida pelo designer em parceria
com o diretor: os créditos passavam a ser
parte integrante do filme, componente
de seu núcleo dramático e, muitas vezes,
narrativo.
Mas foi, provavelmente, em Um Corpo
Que Cai que a mudança de paradigma
se concretizou. Usando recursos do próprio
cinema com movimentação de câmera
e mudança de enquadramento – a
abertura é em si filmada – e com inserções
de grafismos em cima da película, Bass
cria a atmosfera do filme que receberá o
espectador a partir da filmagem de um
rosto feminino enquadrado em planos
detalhes (boca, olhos, nariz). Injusto seria
esquecer a música perfeita de Bernard
Hermann. Em parceria, os dois evocam
toda a sensação de tensão que percorrerá
o filme nos parcos minutos iniciais. E
permite ao diretor o refinamento de sua
construção narrativa, com vistas a envolver
o espectador que, a essa altura, já está
totalmente ambientado com o “clima” da
narrativa, ainda que não a conheça!
Em Anatomy of a Murder (Anatomia de Um
Crime), Bass criou um cartaz de um corpo
fragmentado, como no chão, remetendo
aos desenhos de giz da polícia e aos
estudos anatômicos médicos. E claro, com
sua singularíssima “assinatura”, um traço
único que permitia reconhecer todo o
Artigos
Lorem ipsum dolor amet ipsum dolor amet it lereum of sit
02
pág. 54
seu trabalho. A precisão sofisticadíssima oculta em linhas
quase infantis. Nos créditos do filme, o desenho do “corpo
fragmentado” é utilizado a partir de suas partes. Ora pés,
ora mãos. Ora apenas uma referência. Assim permite a
penetração do público na história aos poucos, com uma
referência mais cerebral que sanguínea.
Outra revolução seria feita com os créditos de North by
Norwest (Intriga Internacional), de novo de Hitchcock.
Nesse filme, Bass ultrapassa a ideia de uma apresentação
de créditos que introduz o filme para construir a
passagem em uma fusão de imagens que faz dela,
efetivamente, o começo do filme. Novamente a música
de Bernard Hermann – em prenúncio do que hoje
comporia parte da função do sound designer – pontua e
conduz a passagem. Bass constrói sobre fundo verde as
linhas quadriculadas que, ao se fundirem com a imagem,
revelam um edifício nova-iorquino com janelas de vidro.
Em 1956, em Around the World in 80 Days (A Volta
ao Mundo em 80 Dias) Bass mexe novamente com a
temporalidade do espectador americano. Se antes de O
Homem do Braço de Ouro o americano médio chegava
ao cinema depois dos créditos iniciados, em A Volta
Ao Mundo (...) Bass convence-o a assistir até o fim dos
créditos finais. Cria uma animação riquíssima que resume
a história e até revela algum ponto oculto da trama.
Já em Psycho (Psicose), Bass é
responsável pelo storyboard da mais
conhecida cena: o assassinato de Marion
Crane (Janet Leigh) no banheiro do
Bates Motel. Embora tenha desenhado o
storyboard, é difícil saber até que ponto
participou da decupagem (processo
no qual o diretor define, a partir do
roteiro, como irá planificar o filme,
como enquadrará cada plano, como
a câmera irá se movimentar e como os
atores se movimentarão diante dela),
mas a precisão te faz pensar que foi
mais que um tradutor para o desenho
do pensamento do diretor. De qualquer
forma, nesse filme, ele recebeu créditos
como “pictorial consultant” o que faz
supor que sua participação tenha sido
um pouco mais contundente.
LuzCâmeraAção
Depois de uma carreira gloriosa em que
inseriu definitivamente os efeitos visuais
no cinema como parte constituinte da
trama narrativa, Bass diminui o ritmo
nos anos 1970 e 1980. Praticamente
parando. E, mesmo quando trabalhava,
produzia os cartazes, não mais os
créditos. Caberia a James L. Brooks e
Martin Scorcese o resgate do artista,
convidando-o a fazer créditos e cartazes
para seus filmes da década de 90. Em
seu último trabalho, Casino (Cassino),
de 1995, Bass, pelas mãos de Scorcese,
trabalharia pela primeira vez com um
programa de computador. Morreria um
ano depois.
É interessante notar que os sofisticados
softwares que compõem hoje o
repertório cinematográfico, tendo
intervenção na história e na linguagem,
tem origem nos traços únicos de Saul
Bass. Embora o Design – em seus vários
e inumeráveis aspectos – tenha sempre
sido parte integrante da atividade
cinematográfica (que, ela mesma,
poderia ser chamada de “design de
cinema”), foi por suas mãos e pincéis
que o design gráfico se somou a ela
como elemento constitutivo do que
efetivamente entendemos por cinema.
03Montagem de
cartazes
03
pág. 56
Na movimentada Av. Afonso Pena, um casarão rosado, com escadas de mármore branco e colunas duplas, se destaca na noite de Belo Horizonte. Dezenas de pessoas param seus carros à entrada da casa, onde um vallet os aguarda para levar o veículo ao estacionamento. A maioria enverga trajes elegantes e chega acompanhada por familiares. Não fosse pelo “Funeral House”, escrito em maiúscula nos dois grandes banners estendidos ao longo dos pilares frontais da casa, os milhares de transeuntes que passam pelo local acreditariam tratar-se de uma celebração solene, repleta de luxos e convidados “VIPs”.
E o interior da mansão, tombada pelo Patrimônio
Histórico, faz jus à proposta: o imponente mobiliário
antigo, feito de madeira nobre; os elegantes lustres
de cristal e bronze – fabricados na Itália, de acordo
com os originais – e os pisos de mármore e madeira
resultam num cenário que, provavelmente, não causaria
estranhamento ao arquiteto italiano que projetou a casa,
há mais de 60 anos.
por Danilo Borges
FuneralHouse
01Fachada do Funeral House
02Corredor principal
Projetos
01
Foto
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ral H
ouse
pág. 57
Além da preocupação com a mobília
e a decoração, outra questão central
para o sucesso do empreendimento
é a iluminação do ambiente. Embora
possa parecer um elemento secundário
– afinal, não se costuma ir a um velório
para garimpar tendências – um projeto
luminotécnico mal feito poderia não
só comprometer o clima “interiorano”
do funeral, como afetar ainda mais a
sensibilidade dos presentes. “Controlar
a temperatura da iluminação é
extremamente importante nessa
ocasião. Uma luz muito branca, por
exemplo, poderia acentuar ainda mais a
palidez do falecido, o que pode causar
constrangimentos desnecessários”, explica
a lighting planner do projeto, Lorena Mattos.
Segundo Lorena, o projeto da Funeral
House procurou dar aconchego e conforto
àqueles que perderam um ente querido.
Desenvolvido com lâmpadas de led e fibra
ótica, a iluminação das três salas de velório
explora cores mais quentes e luzes difusas.
Projetos
02
pág. 58
“A iluminação deve fazer com que os
familiares sintam-se como se estivessem em
sua própria casa”, afirma Lorena.
Mas a verdadeira inovação do projeto
está na “sala da despedida”, por onde
o falecido deixa o casarão, rumo ao
seu derradeiro e eterno destino. O
caixão deixa o ambiente por um nicho
recoberto por uma sutil cortina de fibra
ótica iluminada, um momento que,
segundo o proprietário, costuma causar
bastante comoção nos clientes, dada
sua semelhança com as tradicionais
representações da ascensão aos céus,
sempre repletas de luz.
A ocasião pode ser ainda mais tocante
se os familiares optarem por explorar as
possibilidades da cortina de fibra ótica: é
possível escolher a cor da luz que marcará
a ‘passagem’ do ente querido, o que põe
fim à hegemonia do branco nesse ritual.
“Muitas vezes, a cor é um elemento que
desperta sensibilidade nas pessoas. Por
isso, pensamos em dar às famílias a opção
de escolher aquela que mais representa o
sentimento deles pela pessoa que parte”,
destaca a lighting planner.
03, 04 e 05Dependências do Funeral
Projetos
03
04
05
pág. 59
pág. 60 Projetos
01
Foto
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pág. 61
Projeto da Loja Hotel de Belo Horizonte alia a tecnologia de iluminação com o glamour do “Made in Italy”
No primeiro andar, roupas finas vindas da Itália, o berço
da alta costura. No segundo, uma champanharia,
símbolo de glamour e requinte. Ambientes que exigem
um projeto arquitetônico e luminotécnico com o mais
alto nível de sofisticação. A bem-sucedida marca de
moda masculina italiana Hotel Style chega ao Brasil,
primeiramente em Belo Horizonte, para conquistar
os homens que gostam de se vestir bem e apreciam
produtos de qualidade “made in Italy”.
A loja, situada na Av. do Contorno com Rua Lavras,
no coração da revitalizada Savassi, conta com 350
m² divididos entre dois andares, e abriga coleções
lançadas simultaneamente na Itália, da moda street
aos sofisticados ternos em lã fria com silhueta slim e
acabamento clássico.
Decorado para remeter à atmosfera italiana, o ambiente
foi valorizado pelos artefatos italianos de Pompéia,
trazidos pelo renomado artista plástico chileno, Keko
Valenzuela, também responsável pela decoração da
Hotel Style. Sempre com uma penumbra agradável e
música ambiente de qualidade, a loja oferece aos seus
clientes uma experiência única na hora da compra, que
pode render longas conversas ao redor do balcão da
champanharia, e uma sensação única de estar em plena
Europa.
A iluminação técnica foi inteiramente fornecida pela
loja Templuz e projetada de forma cênica. Quanto às
por Thaís Casagrande
Estilo italiano;arquiteto chileno; iluminaçãobrasileira
Projetos
01Primeiro andar da Loja Hotel
02Vitrine da avenida do Contorno, Savassi
03Champanharia, no segundo andar da loja
pág. 62
tecnologias, foram utilizadas fitas de led
nos painéis pintados por Valenzuela para
realçar o trabalho do artista. “A utilização
dessas fitas foi uma solução para valorizar
e não comprometer a pintura dos
afrescos por conta do calor que outras
lâmpadas podem emitir”, afirma Paola.
O responsável pela loja Hotel Style em
Belo Horizonte é Cláudio Fava, um
empresário italiano apaixonado pelo
Brasil, onde reside há cerca de oito anos.
Para alcançar o resultado ideal, foram
realizadas várias reuniões com estudos
preliminares, discutindo o conceito e
técnica a serem utilizados de acordo com
o que Fava tinha em seu pensamento.
Depois disso, foram feitos testes de
iluminação in loco prestando atenção nos
mínimos detalhes para avaliar se estava
tudo dentro das referências construídas.
Ao final do projeto, o artista plástico Keko
Valenzuela foi solicitado para dar seu
último “toque” em toda a loja.
“Fizemos o acompanhamento inclusive
na etapa de instalação, e durante esse
processo realizamos mudanças em
relação ao projeto inicial. Fizemos tudo
em cima do sentimento, das recordações
e referências do cliente”, afirma Paola
Duarte, lighting planner da Templuz.
O Projeto Luminotécnico
Em alguns pontos do projeto foram
utilizados gelatinas âmbar e lâmpadas
mais amarelas para manter o aconchego
que esse tipo de lâmpada produz. Nos
nichos expositores, foram recomendados
o uso de dimmer, também para deixar
o ambiente mais cálido, sem perder o
destaque nos objetos. De acordo com o
proprietário Cláudio Fava, ora esses nichos
funcionariam como exposições de objeto
de arte, ora como expositores de produtos
que poderiam ser comercializados.
Foram usadas lâmpadas de led máster,
led dicroicas e mine dicroicas nos nichos
e no espaço dos provadores, pois
iluminam e substituem perfeitamente as
lâmpadas convencionais. Lâmpadas
mais suaves e de grau fechado foram
usadas no balcão da champanharia
02
pág. 63
e nos provadores do primeiro piso,
deixando o ambiente na penumbra e
com iluminação cênica.
As lâmpadas com um grau mais aberto e
de maior potência foram instaladas nas
vitrines e áreas de exposição, devido ao
pé direito duplo, para dar destaque aos
objetos expostos e mostrar os detalhes
das peças. E ainda, fitas de led nos
afrescos e balcão da champanharia.
Para valorizar a entrada da loja e
chamar a atenção do público, foram
instaladas luminárias de piso na fachada,
que emitem uma luz potente e de grau
fechado, acompanhando o conceito
luminotécnico do interior da loja.
03
pág. 64
O desafio da reabilitaçãoHá quatro anos, Luciana Moreira Xavier, 40 anos, sai de casa, às terças e quintas-feiras, às 06h45. De Contagem até o bairro Mangabeiras, ela gasta em torno de uma hora e meia de carro. Para poder cumprir com seu compromisso, Luciana decidiu até abandonar o emprego. Todo esse esforço é feito para que sua filha, Isadora Moreira Xavier, 6 anos, possa receber o tratamento adequado para uma paralisia causada pela retirada de um tumor no cérebro.
De acordo com Luciana, após a cirurgia, sua filha
apresentou dificuldades para andar e falar. Inicialmente,
Isadora fazia apenas fisioterapia, pois a família não tinha
condições de pagar por outros tipos de tratamentos.
Após uma conversa com uma conhecida, Luciana ficou
sabendo da existência de uma instituição que oferecia
diversos tipos de terapias de forma gratuita, a AMR -
Associação Mineira de Reabilitação. “Depois dessa
conversa, eu fui à AMR e fiz a inscrição da Isadora. Eu
esperei uns dois meses e ela começou a ser atendida”, diz.
Desde então, a menina frequenta sessões de fisioterapia,
fonoaudiologia, terapia ocupacional, esporteterapia e
musicoterapia, apresentando ótimos resultados. “Hoje,
ela já está andando e começando a falar. Ela consegue
tirar o sapato, se alimentar, ser mais independente”,
comemora a mãe.
Outro auxílio oferecido pela associação é o
acompanhamento psicológico para os pais das
crianças. Luciana conta que já chegou a chorar por não
saber como seria o futuro de Isadora, mas, graças ao
apoio dos profissionais da instituição, aprendeu a lidar
com as dificuldades. “Eles me ajudaram a entender o
por Ana Cláudia Ulhôa
AçãoSocial
Trabalho defisioterapia
pág. 65
comportamento dela, a tratá-la de maneira igual e a
não exceder os limites. A AMR me ajudou muito quando
eu precisei”.
História
A Associação Mineira de Reabilitação foi criada em
1964, pelo médico Márcio de Lima Castro, com o
auxílio do empresário José Mendes Júnior, responsável
pela construção do prédio onde a AMR se encontra
atualmente.
Segundo Márcia Castro Fernandes, superintendente geral
da AMR, na época, o número de casos de poliomielite
era enorme. Por isso, Lima Castro decidiu colocar em
prática o projeto de abrir a instituição. “Ela foi concebida
para proporcionar o tratamento de reabilitação para
crianças carentes, pois elas não tinham onde se tratar
em Belo Horizonte. A partir daí, Dr. Márcio, que era muito
envolvido com essa questão, idealizou a construção de
um centro de reabilitação e conseguiu apoio de várias
autoridades”, recorda Márcia.
A superintendente explica que, durante esses 48 anos de
jornada, a associação cresceu aos poucos. Os fatores
fundamentais foram as doações de empresas públicas
e privadas e a evolução da medicina. “Antes, a gente
atendia só crianças, mas agora recebemos também
adolescentes até 17 anos”, comenta.
Hoje, a AMR atende de forma gratuita cerca de 500
crianças e adolescentes carentes com algum tipo de
deficiência. São disponibilizados serviços nas áreas
de Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia,
pág. 66
Doações
Para manter seus trabalhos, a Associação
Mineira de Reabilitação conta com
doações em dinheiro, alimentos e itens de
higiene.
As quantias em dinheiro podem ser
destinadas à AMR através de boletos
bancários, débito em contas da Cemig
e Copasa, ou por depósito na seguinte
conta corrente:
Favorecido:
Associação Mineira de Reabilitação
CNPJ: 17.221.615/0001-40
Banco Real - Agência: 0477 –
Conta Bancária: 103.2002
Os produtos que a instituição mais
necessita são:
Alimentos: leite, amido de milho, Mucilon,
farinha láctea, Neston, arroz, feijão,
açúcar, cremogema.
Higiene: fraldas descartáveis infantil nos
tamanhos G e GG, creme dental, xampu,
condicionador, creme hidratante corporal
e sabonete.
Limpeza: Cloro, cera líquida, desinfetante,
detergente, sabão em pó, limpeza
multiuso.
Outra maneira de ajudar é por meio do
apadrinhamento de crianças. A partir de
uma contribuição mensal, necessidades
básicas como acesso à saúde, educação,
cultura, lazer e proteção dos direitos
dessas crianças podem ser atendidas.
Para tirar dúvidas sobre serviços e
doações basta ligar para os números:
0800 72 71 347 ou (31) 3304-1300
Psicologia, Serviço Social, Neurologia,
Ortopedia, Odontologia e Esporte Terapia. As
famílias que não podem pagar por cadeiras
de rodas adaptadas, cadeiras de banho e
equipamentos terapêuticos feitos sob medida,
também podem se beneficiar com a Oficina
Ortopédica criada pela instituição.
AçãoSocial
01Prática da Esporte terapia
02Terapia Ocupacional
01
02
pág. 67
“Iluminação é a arte de valorizar o belo,é experimentar o inusitado,
é sentir paz e aconchego na penumbra,é sentir o brilho e se emocionar,
é ver detalhes, onde normalmente se vê o todo”.Cristina Morethson
pág. 68
Você já se ligou nos fashion films? Deveria
Efeito imediato do crescimento das redes sociais e sua democratização na divulgação de conteúdos, os fashion films são a bola da vez no Brasil e no mundo. Tratam-se de curtas produções em que o alvo é a moda e se diferenciam dos filmes e documentários do fashion, principalmente pela duração e objetivo.
por Natália Dornelas
ModaemAção
pág. 69ModaemAção
Frames dos fashion films produzidos por: Dois coletivos (Chágelado e Binóculo) e seis profissionais (Erik Ricco, Júlia Lego, Márcio Rodrigues, Paulo Raic, Vinicius Leonel e Weber Pádua)
pág. 70
Tanto para marcas grandes como Prada e
Lavin, que sempre arrasam nas produções,
quanto para gigantes nacionais ou nem tanto,
os fashion films têm por objetivo vender uma
coleção ou seu conceito. Na verdade, tinham.
O resultado final desses materiais tem levado
profissionais de vídeo e fotografia a se lançarem
em produções cada vez mais elaboradas
e artísticas, se aproximando bastante da
linguagem cinematográfica. Um exemplo? O
filme Terapia, em que Helena Bonham Carter
vive uma paciente atormentada pelo ímpeto
do consumo. Do outro lado do divã está o
superator Bem Kinsley, atuando divinamente e,
por trás das câmeras, Roman Polanksi. De quem
é? Prada, caro leitor.
ModaemAção
pág. 71
Focando em Minas
Celeiro de profissionais competentes,
Belo Horizonte tem hoje uma produção
representativa, até mesmo comparável à São
Paulo. Pensando nisso, criou-se o projeto Moda
em Movimento (MM), que pretende jogar luz
sobre o material feito aqui.
Pensado pelo designer estratégico Camilo
Belchior, o diretor do curso de Cinema da UNA
Julio Pessoa, o designer Gustavo Greco e eu,
o MM teve sua primeira edição no mês de
setembro e integrou o calendário paralelo da
Bienal de Design, cujas atividades se estendem
por outubro, em Belo Horizonte.
Dois coletivos (Chágelado e Binóculo) e seis
profissionais (Erik Ricco, Júlia Lego, Márcio
Rodrigues, Paulo Raic, Vinicius Leonel e Weber
Pádua) foram convidados a produzir sete
fashion films de 3 min., que foram exibidos em
simpáticas cabines interativas no BH Shopping,
o primeiro parceiro do projeto. Para o próximo
ano, a ideia da organização é de que o Moda
em Movimento tome proporções maiores, com
premiações de várias categorias e seleção de
possíveis participantes
Vale lembrar que, no circuito global, também
começam a pipocar festivais de formatos
variados. San Diego, na Califórnia, sediou, em
julho, a terceira edição do “La Jolla Fashion Film
Festival” que premia profissionais envolvidos
nas mais diversas áreas dessa indústria, que
começa a se fortalecer. Já São Paulo, a
capital cultural e de moda do Brasil, recebe
em dezembro o São Paulo Fashion Film (SPFF),
idealizado pelo fotógrafo Jacques Dekequer,
do coletivo Cavalaria.
ModaemAção
pág. 72 GiroCultural
ARTE SOB TRILHOSVIADUC DES ARTS
ARTE SOB TRILHOSVIADUC DES ARTS
ARTE SOB TRILHOSVIADUC DES ARTS
ARTE SOB TRILHOSVIADUC DES ARTSARTE SOB TRILHOSVIADUC DES ARTS
por Tatiane Tameirão
Paris é uma cidade intensa, que conquista turistas do mundo inteiro com seus monumentos, praças, museus e sua gastronomia. Porém, o visitante que se aventura fora das páginas do seu guia de viagem pode descobrir lugares inusitados e encantadores que a capital francesa possui. Um desses lugares é o Viaduc des Arts – o Viaduto das Artes.
pág. 73
O Viaduto das Artes é uma antiga linha
de trem elevada, inaugurada em 1859,
que ligava a Bastilha até pequenas
comunidades ao leste de Paris. A linha de
trem existiu por quase um século. Com
a implantação dos trens suburbanos, na
década de 60, ela tornou-se obsoleta e foi
desativada. O local ficou abandonado até
a década de 80, quando começou um
trabalho para reabilitar o viaduto. Em 1994,
o primeiro arco do viaduto foi inaugurado e,
em 1997, o Viaduto das Artes foi finalmente
terminado.
A estrutura de sustentação da linha elevada
do trem é toda construída em tijolos
alaranjados e sua base é em forma de arcos
largos e altos. O Viaduto das Artes se estende
por 1,5 quilômetros, entre a Praça da Bastilha
e a Gare de Lyon, com seus 64 arcos. Essa
estrutura foi transformada em espaços de
exposição e em ateliers, instalados no interior
dos arcos.
Esses espaços são destinados a promover
a arte e o design e funcionam como uma
vitrine para profissionais de todos os tipos de
criação de objetos artísticos. A França é um
país que faz um verdadeiro esforço para
preservar o conhecimento profissional do
artesão, do artista e do trabalho manual. A
criação desse lugar responde à necessidade
de dar um espaço forte, visível e inovador às
profissões artísticas e ao artesanato do país.
Vista geral dos arcos
pág. 74 GiroCultural
01vista da vitrine de uma das varias lojas de arte
02 e 03Interior de uma das lojas
01
02
pág. 75
03
GiroCultural
Hoje, o Viaduto das Artes tornou-se um
local emblemático do design e da arte
em Paris. Ele proporciona a descoberta de
mais de cinquenta ateliers e lojas de design
de interiores, design de joias, iluminação,
grafistas, estilistas, restauração de objetos
de arte, assim como da sede do Instituto
Nacional das Profissões Artísticas (INMA), que
promove o desenvolvimento do trabalho
artístico e do design no país. O Viaduto das
Artes é também a sede do L’Atelier (Ateliers
de arte da França) que serve como local de
exposição do conjunto de profissões ligadas à
criação artística francesa.
Uma visita ao Viaduto das Artes pode durar
toda uma tarde! O visitante é convidado
a conhecer os ateliers e as lojas e existe
uma atmosfera de descoberta do trabalho
criativo. Os profissionais são receptivos e
podemos aprender um pouco mais sobre a
tradição das profissões.
Nos antigos trilhos elevados, acima dos
arcos, um enorme jardim foi construído: é
a Promenade Plantée, um passeio florido.
Ao longo dos arcos, escadas nos levam ao
topo da estrutura e um jardim (muito bem)
escondido de 4 quilômetro se estende entre
a Bastilha e o Jardim Reuilly. Um local em
que se pode viver um momento de calma
e desfrutar de um passeio delicioso nas
alturas, que proporciona ao visitante uma
descoberta de um ponto de vista diferente
da arquitetura local, com uma mistura de
imóveis antigos e de novas construções
populares do século XX. Um jardim muito
apreciado pelos habitantes do bairro, um
verdadeiro jardim secreto na cidade.
Dois cafés-restaurantes também estão
instalados nos arcos. Ideal para tomar um
café na calçada – o “esporte” preferido dos
parisienses – ou almoçar. Muitas vezes, ao
cair da noite, as lojas e ateliers abrem suas
portas para exposições e instalações, que
acontecem em uma atmosfera descontraída
e animada.
Foto
s: Ta
tiana
Tam
eirã
o
pág. 76
“ Acreditamos que a iluminação é um dos pontos mais importantes do projeto construtivo porque
através dela a arquitetura é valorizada e o ambiente cria vida e passa a despertar emoções.
A iluminação eficiente integra arte e tecnologia para criar um espaço funcional, confortável e
esteticamente agradável. O projeto deve atender a um extenso conjunto de condicionantes: o
conforto visual, a saúde e o bem estar psicológico e estético dos usuários, o baixo consumo de
energia, a vida útil das lâmpadas e a facilidade de manutenção dos equipamentos.”
Ana Paula Luchesi e Junia Carsalade
pág. 77Persona
Design brasileiro à moda italianapor Ana Cláudia Ulhôa
Apesar do rosto de menino, Rafael Miranda já se tornou uma das grandes promessas do design contemporâneo. Carioca, 32 anos, o designer que decidiu largar a faculdade de Administração para ir atrás do sonho de se tornar designer industrial na Itália. Hoje, ele atua como sócio da Associazione per il Disegno Industriale, e é também diretor criativo da Dwiss, uma jovem marca de relógios suíços.
Móvel modular Brasileirinho
pág. 78
Durante o mês de setembro, em uma de suas
passagens pelo Brasil, para o lançamento de
seu último relógio, Miranda atendeu, com
extrema simpatia, a equipe da Revista iDeia
para um pequeno bate-papo sobre a sua
trajetória.
Revista iDeia - Por que você trocou a administração pelo design?Rafael Miranda - Quando escolhi
administração, realmente, não sabia bem
para onde ir. Depois de algum tempo na
faculdade, fui descobrindo a profissão de
designer. Sempre fui muito criativo e gostava
muito de desenhar, mas essa profissão
não era divulgada como hoje. Quando
descobri que poderia trabalhar em algo
tão interessante, mudei o destino da minha
carreira em um piscar de olhos.
RI - Quando você foi para a Itália? Por que você quis ir para fora?RM - Fui em 2000. Percebi que o design
industrial no Brasil, na época, estava muito
atrasado. Tinha muito design gráfico,
webdesign, mas de produtos era, realmente,
pouco ou quase nenhum. Resolvi tentar
a sorte no país que ensinou design para o
mundo. Foi então que embarquei nessa
viajem para Milão e moro lá até hoje.
RI - Quais foram os seus primeiros trabalhos?RM - Meu primeiro trabalho como designer foi
para a Hitachi Europe. Fiquei lá por três anos,
desenhando TVs de plasma, máquinas de
filmar e gravar, leitores de DVDs e eletrônicos
em geral. Em paralelo, desenhava móveis
como designer autônomo, o que faço até
hoje. Mas, com muito menos intensidade,
devido ao tempo dedicado aos relógios.
RI - De onde veio essa paixão pelos relógios?RM - Depois de trabalhar na Hitachi, resolvi
procurar outro emprego e entrei no estúdio
do designer Giorgio Galli. Logo em seguida,
o estúdio foi comprado pela Timex Group e
passou a ser parte do grupo. A partir desse
momento, começamos todos a desenhar
somente relógios, foi aí que percebi essa
minha paixão.
RI - Como surgiu sua marca de relógios?RM - Foi depois de trabalhar por três anos
para o grupo Timex e fazer alguns anos de
consultoria para o grupo Morellato/Sector e
para a Bulova. Tenho know-how do design,
da produção e do marketing, então pude
dar um passo além do design.
RI - Como é representar o Brasil lá fora?RM – Hoje é mais fácil. Antigamente éramos
pouco reconhecidos. Era muito difícil
conseguir apresentar o Brasil em um campo
que não fosse o futebol. Hoje em dia,
felizmente, isso mudou. O futebol está ruim,
mas o design melhorando. Não digo que isso
é fácil. Ainda temos muito pela frente e eu
vou continuar fazendo o que eu puder para
melhorar nossa representação.
RI - Como o design brasileiro é visto no mundo hoje?RM - O design brasileiro era, praticamente,
01
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Persona
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irand
a
pág. 79
zero lá fora. Somente pessoas de muita
cultura na área conheciam o trabalho valioso
de Sérgio Rodrigues, por exemplo. Hoje em
dia, isso mudou. Cada vez mais profissionais
brasileiros são reconhecidos lá fora. Acho que
o avanço que fizemos nesses últimos anos,
nenhum outro país fez.
RI - Como as culturas brasileira e europeia influenciam no seu trabalho?RM - Tem um mix de informações que tento
trazer no meu design. Normalmente, penso
um produto que possa valorizar o melhor dos
dois lados do mundo, misturando a história
europeia com a descontração brasileira.
RI – Pelas costeletas de artista de rock dá para ver que você gosta de música. Como ela influencia no seu trabalho como designer?RM - Tive uma banda por dez anos em
Milão. Gravamos alguns CDs, mas o meu
trabalho mesmo é ser designer, continuo
sempre criando com a música ligada, me dá
inspiração e me enche o ambiente.
RI - Você disse que está no Brasil para lançar um novo relógio da sua marca. Você poderia nos dar mais detalhes desse seu último trabalho?RM - Os relógios Dwiss são produtos de
alta gama, produzidos com o melhor da
relojoaria Suíça, com um design único. Os
modelos “Emme” já estão a venda no Rio de
Janeiro, na Caneta Continental e, em breve,
começaremos as vendas online.
RI - Você está com mais alguma novidade ou projeto?RM - O próximo lançamento será um relógio
em edição limitada chamado “Brasilia”,
desenvolvido especialmente para o
lançamento na Capital Federal. É exclusivo,
feito em ouro 18k, com pulseira em couro de
crocodilo, visor em vidro de safira com duplo
antirreflexo, certificado COSC e resistente à
água (100 metros).
02
Persona
01Linha de relógios da marca Dwiss
02CHAISE SU
03Linha de Anéis Paris Ring
pág. 80
Observando a proeminente evolução tecnológica demonstrada na última Expolux, resolvi propor um despretensioso e descontraído questionamento aos profissionais de iluminação que por lá circulavam, fossem eles especificadores, lojistas ou fabricantes. A pergunta era: “Qual é – ou deveria ser – a matéria-prima do profissional de iluminação?”
Recebi diferentes e interessantes respostas, sob variados
pontos de vista, que passaram por: “a criatividade”, “os
catálogos de produtos”, “as luminárias”, “a tecnologia”...
Tecnologia! Mas, no caso da iluminação, seria ela uma
aliada ou uma vilã? Após mais de 20 anos trabalhando
nesse segmento no Brasil, ouso arriscar o palpite que ela
pode assumir os dois papéis, dependendo da forma e
contexto em que for empregada.
Sempre fui um defensor da ideia de que a escolha da
tecnologia jamais deveria se sobrepor aos objetivos
claramente definidos de iluminação desejados, sob o
duro risco dos resultados serem comprometidos pelo
emprego de modismos.
Se assim considerarmos, o mais coerente caminho seria
antes desenhar a luz que se quer fazer, para somente
depois buscar o que há disponível em termos de recursos,
cujos pontos fortes e fracos permitam-nos chegar o mais
próximo possível do efeito almejado.
“Amatériaprima doprofissionalde iluminação”por Wilson Sallouti
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Simplificando a ideia, convido o leitor a me acompanhar
em um descontraído devaneio. Vamos imaginar que o
mercado de iluminação profissional, realmente, tivesse
evoluído consideravelmente por um lado, mas ainda
vivêssemos na era do fogo, sem nem mesmo a invenção
da lâmpada elétrica.
Então, os fabricantes de luminárias estariam empenhados
em desenvolver corpos óticos para atingir os mais diversos
efeitos (como “up fires” e “down fires”, por exemplo),
que seriam expostos numa eventual “ExpoFireLux” e
posteriormente usados com maestria pelos “Fire Lighting
Designers” em seus projetos.
Note, caro leitor, que mesmo nessa hipotética (e quase
patética) situação, nossa essência iluminadora já se
faria presente, buscando gerar funcionalidade, causar
emoções, criar ambientes confortáveis, iluminar espaços
e pessoas, independente dos níveis tecnológicos a que
tenhamos alcançado.
Partindo dessa premissa, talvez possamos concluir que
a criatividade se colocaria como a inspiração artística
do profissional de iluminação. E que as luminárias e
catálogos de produtos (ou seja, a tal tecnologia) seriam
algumas das principais ferramentas de trabalho. Mas a
verdadeira e eterna matéria-prima seria sempre, pura e
simplesmente... A LUZ!!!
Lighting
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