Hoje Macau 3 DEZ 2013 #2987

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PUB DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 TERÇA-FEIRA 3 DE DEZEMBRO DE 2013 ANO XIII Nº 2987 “Cinco anos é muito pouco” hojemacau Foi deputado na I Legislatura da RAEM, em 1999, e actualmente é um dos membros do colégio eleitoral que escolhe o Chefe do Executivo. José Manuel Leão acredita na recandi- datura de Chui Sai On até porque os primeiros cinco anos servem para “planear trabalho” e os seguintes para “concretizá-lo”. • AMÉLIA ANTÓNIO Condecoração do Governo “moraliza” PÁGINA 7 • MÉDICOS Cheong U garante mais recrutamento PÁGINA 4 • BENFICA DE MACAU NIKI TORRÃO E WILLIAM SÃO REFORÇOS DE PESO PÁGINA 16 • OS FANTASMAS DO PASSADO FOTÓGRAFOS UNEM DUAS REALIDADES NUMA MESMA IMAGEM AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB ENTREVISTA Ex-deputado e membro do colégio eleitoral José Manuel Leão acredita na continuidade de Chui Sai On CENTRAIS PÁGINAS 2 E 3

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Edição do jornal Hoje Macau N.º2987 de 3 de Dezembro de 2013.

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 T E R Ç A - F E I R A 3 D E D E Z E M B R O D E 2 0 1 3 • A N O X I I I • N º 2 9 8 7

“Cincoanosé muitopouco”

hojemacau

Foi deputado na I Legislatura da RAEM, em 1999, e actualmente é um dos membros do colégio eleitoral que escolhe o Chefe do Executivo. José Manuel Leão acredita na recandi-datura de Chui Sai On até porque os primeiros cinco anos servem para “planear trabalho” e os seguintes para “concretizá-lo”.

• AMÉLIA ANTÓNIO

Condecoração do Governo “moraliza”

PÁGINA 7

• MÉDICOS

Cheong U garante mais recrutamento

PÁGINA 4

• BENFICA DE MACAU

NIKI TORRÃOE WILLIAM SÃO REFORÇOS DE PESO

PÁGINA 16

• OS FANTASMAS DO PASSADO

FOTÓGRAFOS UNEMDUAS REALIDADESNUMA MESMA IMAGEM

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

ENTREVISTA Ex-deputado e membro do colégio eleitoral José Manuel Leão acredita na continuidade de Chui Sai On

CENTRAIS

PÁGINAS 2 E 3

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HOJE

MAC

AU

2 hoje macau terça-feira 3.12.2013ENTREVISTA

RITA MARQUES [email protected]

Estamos a aproximar-nos do 14.ª aniversário da RAEM. Quais as princi-pais diferenças no antes e pós-transferência de soberania?Antes de 1984, havia apenas quadros na função pública de origem portuguesa mas depois Adelina Sá Carvalho [secretária-adjunta para a Administração] criou a lei que permitiu que os chine-ses pudessem ingressar na função pública. Até 1999, os serviços públicos funcio-navam com os documentos portugueses e de um dia para o outro isso deixou de haver. Os directores repatriados não sabiam chinês, todos os pa-receres eram em português. Só ao longo destes 14 anos é que tudo foi alterado. Foi um êxodo de milhares de portugueses que exerciam cargos de topo que regressa-ram a Portugal e deixaram os quadros sem chefia.

E não havia lugar à perma-nência desses repatriados? Naquela altura não havia alternativa. O Governo da RAEM tinha de nomear as pessoas para exercerem lugares de topo, antes da transferência. Macau era um território chinês e o Governo Central queria que a RAEM fosse um território pertencen-te à pátria, com o chinês como língua oficial e o português “também língua oficial” mas o chinês a prevalecer. Essas pessoas tinham de regressar a Portugal para não perde-rem o seu lugar de origem. Naquela altura, vinham por parte do Partido Socialista e do Partido Social Democra-ta, e até houve atritos entre secretários.

Quer dizer que a Admi-nistração Portuguesa não soube preparar estes qua-dros qualificados para car-gos de direcção e chefia?

JOÃO MANUEL LEÃO, EX-DEPUTADO E MEMBRO DO COLÉGIO ELEITORAL, ACREDITA NA RECANDIDATURA DE CHUI SAI ON

“Deve recandidatar-se porque cinco anos é Desconhece que possam existir novos candidatos ao cargo de Chefe do Executivo no próximo ano mas acredita que Chui Sai On deverá recandidatar-se. Embora não se pronuncie sobre o seu voto, João Baptista Manuel Leão entende que cinco anos é pouco tempo para mostrar trabalho. “Um mandato serve para planear trabalho, o segundo serve para concretizá-lo”, defende. Sobre a problema da habitação, tanto pública como privada, Leão sublinha que o Governo deve dar prioridade a novas soluções

mil patacas e passou a custar cinco milhões. E as casas económicas não foram feitas em número suficiente para satisfazer as necessidades dos candidatos que queriam adquirir ou arrendar. O Go-verno não tinha obrigação de construir casas de habitação

pública para aquisição mas sim para arrendar. O Chefe do Executivo fala em falta de terrenos.

Está a falar apenas no caso da habitação pública. O que está a fazer o Governo em relação ao mercado imobiliário privado?Não sei. O Executivo devia resolver esse problema. Devia construir mais casas. O Governo já apresentou o Regime de Reordenamento dos Bairros Antigos e se pudessem demolir as casas antigas e construir mais pi-sos, isso já podia satisfazer esta carência. Deveria haver uma reformulação para ha-ver mais oportunidades de obras de beneficência ou reconstrução.

Mas isso não trava a es-peculação imobiliária. O que se poderia fazer a este nível?Por enquanto não me parece que o Governo esteja a fazer algo quanto a isso. Não ti-veram iniciativa de pôr nas LAG aquilo que a classe média está a enfrentar.

A formulação de quadros qualificados é uma das grandes apostas na política para o próximo ano. O que acha?É o que defendo também. A criação de mais opor-tunidades para as pessoas exercerem cargos de topo.

Como membro do colégio eleitoral, vê como provável a eleição de Chui Sai On no próximo ano?Não posso falar pelo Chefe do Executivo, ele é que tem de decidir. Penso que seja possível [a reeleição, caso se candidate]. Exerceu um cargo com desempenho bas-tante satisfatório. Penso que deve recandidatar-se. Não quer dizer que vá votar nele. Ele deve recandidatar-se porque cinco anos é muito pouco. Um mandato serve

para planear trabalho, o se-gundo serve para concretizá--lo. Convém recandidatar-se porque, por exemplo, Ed-mund Ho também exerceu dois mandatos. Noutros países também é assim.

Poderá haver outros can-didatos?Não posso responder a essa pergunta porque não sei.

Por enquanto não me parece que o Governo esteja a fazer algo quanto a isso [travar a especulação imobiliária]. O Governo não teve iniciativa de pôr nas LAG aquilo que a classe média está a enfrentar

A Declaração Conjunta Si-no-Portuguesa sobre a Ques-tão de Macau foi assinada em 1987 portanto houve 12 anos para os prepararem e não o fizeram.

E como vê o Macau de hoje? Tem melhorado o

nível e também a qualidade de vida?O custo de vida subiu bas-tante e para aquisição de imobiliário os preços cresce-ram 10 vezes. Num período de 10 anos, de antes para a pós-liberalização do jogo, um apartamento custava 500

E sobre a nova composi-ção da AL?Os três deputados jovens [Song Pek Kei, Wong Kit Cheng e Leong Veng Chai] estão a portar-se muito bem. Fizeram boas intervenções com muitas sugestões válidas nas áreas dos assuntos sociais.

Foram boas as escolhas da população?Sim. Assim como os outros que continuam na AL há alguns anos para dar apoio aos novos.

E quanto à escolha do Chefe do Executivo sobre os nomeados?Mantêm-se quase os mes-mos. Está bem. Se exerce-ram os seus cargos a conten-to do Chefe do Executivo...

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3 entrevistahoje macau terça-feira 3.12.2013

Mas há vozes na sociedade que entendem que há um pendor empresarial muito grande na AL. Qual a sua opinião?Muito por força das eleições legislativas. Quanto aos nomeados, o Chefe do Exe-cutivo sabe o que está a fazer.

Não acredita na prevalên-cia do patronato em detri-mento da parte laboral?Prefiro não comentar.

Como é fazer parte, há 20 anos, dos bastidores da primeira empresa que teve o monopólio do jogo em Macau?Sou vice-secretário geral da STDM, que é a empresa mãe da SJM, esta é que está ligada ao jogo. A STDM lida com a parte de turismo, hotelaria, terrenos, habitações. A SJM foi um departamento da STDM que se transformou numa empresa subsidiária. A STDM todos os anos recebe dividendos da SJM.

Foi convidado por Stanley Ho para integrar a em-presa?Na altura trabalhava na fun-ção pública e conhecia mal Stanley Ho. Não sei quem me indigitou para me convidar para trabalhar como vice--secretário-geral. Mas nunca quis ser secretário-geral, fui declinando porque não tenho idade nem genica. Reformei--me em Julho como chefe de departamento da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos e comecei a trabalhar em Setembro.

Foi também vereador do Leal Senado...Sim. Fui nomeado pelo Go-vernador [Carlos] Melancia. O presidente à data era o ar-quitecto [José] Maneiras e o vice-presidente era Henrique Nolasco da Silva. Depois ha-via três vereadores a tempo inteiro, dois dos quais ligado aos Kai Fong. Fiquei com a pasta da cultura, zonas verdes e relações públicas. Tive um mandato [de quatro anos] como vereador.

Como foi abraçar esse papel?Naquela altura a população não era tão litigante como agora. Era mais pacífica. Agora toda a gente conhece os

seus direitos. O Governo tinha autoridade. Agora também pode haver. Tudo funcionava em língua portuguesa com traduções para chinês e as pessoas não percebiam [o que se passava]. Mas as reuniões públicas e assembleias muni-cipais - com nove indivíduos de diferentes classes - tinham traduções.

Foi nomeado na I Legisla-tura da RAEM, em 1999. Como surgiu esta oportu-nidade?Procurei exercer as funções dentro das minhas compe-tências. Já conhecia Edmund Ho de longa-data, bem como o pai do actual Chefe do Executivo. Era muito respeitado. Não sei por que fui escolhido mas se calhar devido à minha experiência na função pública. Propu-semos várias legislações mas antigamente a AL tinha mais poderes do que agora. O Governo agora prepara o texto que seja da iniciativa da AL, ou seja, faz a revisão. Não vi ainda nenhum da autoria da Assembleia que fosse aprovado.

O que trouxe a Macau a liberalização do jogo?As mudanças que vejo foram mais receitas e mais postos de trabalho.

Só coisas positivas?Não. O Governo devia proi-bir os residentes locais de jogarem. Tem sido um pro-blema social grande. Em Singapura a política é esta. As pessoas vão jogar uma ou duas vezes e facilmente pegam o vício porque é muito fácil ganhar [dinheiro]. E em vez de proibir os funcionários públicos devia proibir tam-bém os residentes de Macau.

Acha que os croupiers de-veriam ser apenas locais?É melhor ver primeiro. Quer dizer, manter-se agora esta política. Por enquanto o Go-verno diz que não vai alterar a política. “Laissez-faire” [deixá-los fazer].

Acha que deveria haver primeiro uma aposta na qualificação e depois então as pessoas decidirem seguir a profissão de croupier?Sugeri ao Governo [ao Gabinete de Apoio ao En-

sino Superior] criar cursos para as pessoas que têm profissões por turnos, por exemplo, serem-lhes dados DVD’s de cursos de várias disciplinas para aprenderem a qualquer hora e lugar, e depois proporem-se a exa-mes. Têm apenas que ir à instituição superior duas vezes por mês mas podem estudar à distância por meio electrónico, de uma forma personalizada. Para já, não vejo esta abertura do Gover-no e acho importante estas facilidades, seja qual for o modelo a aplicar.

Enquanto presidente da Direcção da Associação de Educação de Adultos de Macau (AEAM), alguma vez foi pensada a possibili-dade de criar uma univer-sidade sénior em Macau?Já estão a funcionar uns cursos no Instituto Politéc-nico de Macau para idosos, normalmente aposentados. Ensina-se pintura, fotografia e outros ramos que não sejam cursos de cultura. Mas nós não temos recursos nem meios para essa finalidade.

Mas acredita que seria uma boa oportunidade? Já propuseram ao Governo?A AEAM não pode porque temos um orçamento muito limitado. Todos os anos

temos de pedir patrocínio à Fundação Macau, à secreta-ria [para os Assuntos Sociais e Cultura] e funcionamos com menos de um milhão anual. Nunca propusemos ao Governo e nas LAG deste ano ainda não há nada disso mas sei que em Taiwan há instituições superiores que propõem “universidades comunitárias”. Penso que seria uma boa referência para Macau. Acho que ha-veria disponibilidade para pessoas aposentadas. Por exemplo, no Japão, há apo-sentados em museus a dar apoio em traduções para os turistas. Sei que o Governo pode assinar contratos de tarefas para pessoas que ainda têm cabeça e físico para trabalhar.

Como vê o estado do ensino não superior em Macau, uma vez que a AEAM é membro do Conselho do Ensino Não Superior? Vejo que os professores nas escolas têm mais regalias do

que os que exercem funções noutros regimes. Foi criado recentemente o Quadro-Ge-ral para o Pessoal Docente do Ensino não Superior e estes agora têm mais bene-fícios do que os restantes. Há carências no estatuto para professores de cursos em centros de formação e de ensino. E não vejo iniciativa do Governo em fazer isto no curto prazo.

Acha que fazia sentido em Macau um ensino unifor-mizado?Há ideias diferentes de uma escola para a outra. Umas escolas aceitam e outras não. Por exemplo, há escolas que estão ligadas à China, outras a Taipé, à América, ao Canadá. São cursos muito diferentes. Acho que é melhor manter o ensino diversificado.

Mas faria sentido uma aposta mais abrangente no ensino bilingue? Mas os alunos não têm interesse em aprender por-tuguês. Na Administração Portuguesa queria-se sub-sidiar as escolas para criar cursos em português para os alunos do ensino secun-dário mas não havia alunos interessados.

Mas há mais alunos a ingressar em cursos ex-tracurriculares da Escola Portuguesa de Macau?Sim. Mas antes do estabe-lecimento da RAEM não havia essa iniciativa. Agora

sim. Antigamente ninguém estava interessado em estu-dar português.

Acha que foi um problema da Administração Por-tuguesa não apostar no ensino bilingue?Sim. A grande culpada. A visão era muito curta.

Nota então que a RAEM tem mais interesse no en-sino bilingue e na conver-gência de culturas?Macau só existe com a exis-tência da língua portuguesa e chinesa. Sem português, não há Macau, isto fica como Zhuhai. Por isso, devem ser dados mais incentivos para estudarem as línguas, sobretudo, para haver bons intérpretes-tradutores que carecem no território. Ainda pouca gente fala português e se esta geração - com 40 e 50 anos - desaparecer, passados 30 ou 40 anos ninguém falará.

Como se podia então pro-teger a autonomia de cada escola e introduzir mais a língua portuguesa nos currículos?É preciso que o Governo dê mais incentivos para criar cursos de português porque, de outra forma, as direcções escolares não acei-tam a introdução da língua portuguesa nos programas curriculares porque os pais não têm interesse em que os filhos aprendam. Não vêem a possibilidade de um dia con-quistarem um lugar ao sol.

Qual a sua visão sobre o Programa de Aperfeiçoa-mento contínuo? Estarão alguns cursos e associa-ções a desperdiçar erário publico?Não digo isso. Podem es-colher qualquer curso para aumentar a sua cultura geral. Mas o Governo só devia pagar os cursos com apro-veitamento. A pessoa devia pagar primeiro e depois, se tem aproveitamento, seria então reembolsada.

Qual a importância do En-contro das Comunidades Macaenses, que decorre esta semana?É muito importante para poder ter o espírito de pertença de que Macau é a sua terra. E os filhos devem conhecer Macau como o seu berço. Essas pessoas deviam estimular os seus filhos para virem até Macau conhecer a terra natal dos seus pais. Ontem [anteontem] vi pes-soas de 40 anos para cima. Há poucas crianças.

muito pouco”

ENSINO PARA ADULTOS É DEBATIDO EM MACAUArranca hoje a “Conferência sobre Educação de Adultos e Desenvolvimento Social”, que é organizada de dois em dois anos. A organização é feita conjuntamente entre a Universidade Cidade de Macau e a AEAM, com o patrocínio da Fundação Macau (FM). São convidados vários académicos dos dois lados do Estreito do Delta do Rio das Pérolas para debaterem diferentes temáticas, como turismo, entretenimento, hotelaria e convenções. Estarão ainda representantes do Gabinete de Ligação da RPC, da FM, da DSEJ e IACM. A inauguração decorre hoje no hotel Okura pelas 17 horas e o evento prolonga-se até dia 5 de Dezembro.

Naquela altura a população não era tão litigante como agora. Era mais pacífica. Agora toda a gente conhece os seus direitos [sobre o seu cargo de vereador no Leal Senado]

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4 hoje macau terça-feira 3.12.2013POLÍTICA

O elevado tempo de espera, os atrasos no novo hospital, a falta de médicos e enfermeiros no serviço público de saúde. As críticas saíram de todos os lados no dia de apresentação das LAG para as tutelas de educação, cultura e saúde. Cheong U disse que o recrutamento é a prioridade, e que tudo o resto tem “diferentes fases” para ser feito

ANDREIA SOFIA [email protected]

A resposta pareceu agra-dar a todos os deputa-dos que quiseram saber mais sobre o número

de médicos formados e as reais necessidades do sector da saúde. Cheong U, secretário para os As-suntos Sociais e Cultura, garantiu que para o ano vão estar formados 161 médicos de clínica geral, sem

A falta de vagas nas creches voltou a ser um ponto fulcral do

debate de apresentação das Linhas de Acção Governati-va (LAG) para os Assuntos Sociais e Cultura. Muitos deputados quiseram saber as medidas concretas que este Executivo tem para resolver a falta de vagas, uma vez que aqueles que nasceram no Ano do Dra-gão, em 2012, vão precisar de creche para o ano.

Tanto Cheong U como o director do Instituto de Acção Social (IAS) ga-rantiram que a situação vai ficar resolvida. “Até 2016 vamos ter entre oito a 10 mil vagas e temos confiança de que já no próximo ano vamos atingir a meta das oito mil vagas. A procura depende das características económicas e da taxa de natalidade, e o Governo vai criar mais creches nas habitações

públicas e procurar mais espaços comunitários, por forma a ter creches para assegurar a procura”, ga-rantiu o director do IAS, Iong Kong Io.

Cheong U lembrou que o sector privado pode ser uma solução. “Pode-mos ajudar o privado a desenvolver creches, e há algumas centenas de vagas no sector privado.” “Todos temos vindo a preparar informação e da-

dos necessários, e depois rola-se uma bola de neve em relação às vagas nos últimos anos. Temos vin-do a preocupar-nos sobre o assunto e vamos ouvir mais opiniões. Em 2011 nasceram 5100 bebés, 7300 em 2012 e 5000 este ano. Antes a procura de vagas não era tão séria mas com a evolução da sociedade aumentou. Desde 2008 que o número de vagas passou para 6800, e penso que

o número não consegue satisfazer as necessidades da população. O Governo pretende em 2014 aumen-tar as vagas para 8800, mas claro que a acontecer este aumento depende dos espaços disponíveis e dos recursos que temos. Os espaços públicos poderão ser usados como creches, e vamos fazer um plane-amento a ver se pode ser feito um ajustamento em infra-estruturas.” - A.S.S.

SAÚDE SECRETÁRIO DA TUTELA GARANTE MAIS DE 160 NOVOS MÉDICOS PARA O ANO

Recrutamento, a promessa para 2014

EDUCAÇÃO GOVERNO PROMETE OITO MIL VAGAS NAS CRECHES

Haverá lugar para os que nasceram no ano do Dragão?

esquecer 70 novos médicos de especialidade. Actualmente são 25 profissionais de especialidade em formação, sendo que 71 vão fazer clínica geral.

Cheong U disse mesmo que este é o principal ponto da agenda do Executivo para o ano que vem. “Temos vindo a recrutar trabalha-dores este ano e para 2014, e vamos

ter reuniões com o director Lei Chi Ion. Já ordenei que os trabalhos de recrutamento sejam prioritários para 2014. Espero que no primeiro semestre se possam ultimar todos os pormenores e que no segundo semestre os trabalhadores possam começar a trabalhar”, disse.

O secretário foi ainda premoni-tório quanto ao futuro novo hospital.

“Podem não haver recursos sufi-cientes para as novas instalações.”

Apesar das críticas terem sido ge-neralizadas, o deputado Chan Meng Kam foi mais longe e questionou o facto da tutela de Cheong U ser a que tem mais funcionários públicos, ainda mais que a área da segurança. “Temos demasiados trabalhadores na Função Pública e isso verifica-se mais na sua tutela. Os trabalhadores nos serviços de saúde aumentaram para mais de três mil entre 2009 e 2012, mas os números não estão de acordo com a evolução da sociedade, porque passaram anos sem formar ninguém. O que podemos fazer com o novo hospital das ilhas?”

Cheong U garantiu que vão chegar 300 novos funcionários, mas que muitos vêm substituir os que saíram. “Temos que satisfazer as necessidades e alargar os recursos nos centros de saúde. Temos de ponderar o orçamen-to para a contratação na Função Pú-blica, e quanto aos recursos humanos temos um controlo rigoroso.”

URGÊNCIAS ABRIRAM, O RESTO LOGO SE VÊO elevado tempo de espera para uma consulta externa foi outro

dos temas levantados pelo de-putado Zheng Anting, número dois de Mak Soi Kun, que falou de períodos de espera entre três a cinco horas. Números refuta-dos por Cheong U. “Temos feito muito trabalho para aperfeiçoar o serviço nos centros de saúde, e temos números muito diferentes do deputado”, disse, tendo garan-tido que é possível, já em 2014, abrir consultas externas 24 horas nos centros de saúde, depois de um período experimental na zona do Fai Chi Kei.

Quanto ao planeamento geral do serviço de saúde e aos atrasos do novo hospital das Ilhas, Che-ong U garantiu que tudo está a correr como o previsto. “O plano de saúde está em curso segundo o planeamento a 10 anos, e as novas urgências já entraram em fun-cionamento. Quanto ao restante, segue a ritmos diferentes, tudo para que se possa desenvolver e assegurar a saúde da popula-ção. Muitas vezes os projectos envolvem questões de opinião e desenho do projecto, e também trabalhos de consultadoria, e são factos que nos são alheios.”

Temos vindo a recrutar trabalhadores este ano e para 2014, e vamos ter reuniões com o director Lei Chi Ion. Já ordenei que os trabalhos de recrutamento sejam prioritários para 2014. Espero que no primeiro semestre se possam ultimar todos os pormenores e que no segundo semestre os trabalhadores possam começar a trabalhar CHEONG U Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura

FACULDADE DE MEDICINA NÃO É PARA JÁSe há falta de médicos porque não criar uma faculdade de medicina? Muitos deputados levantaram a questão, e o nomeado Ma Chi Seng propôs mesmo que a mesma seja criada no novo campus da Universidade de Macau, na Ilha da Montanha. Mas Cheong U mostrou-se reticente. “O Governo já planeou preliminarmente e acha que envolve muitos custos, e que depois é necessária a oferta de muitos cursos à população. Temos uma certa dificuldade em ter já uma faculdade de medicina, porque se houver excesso de médicos formados também não é bom. Temos que ter um plano a longo prazo ao nível do internato, porque o que falta são médicos da especialidade.”

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5hoje macau terça-feira 3.12.2013 política

ANDREIA SOFIA [email protected]

N O primeiro dia de debate das Linhas de Acção Gover-nativa (LAG) para

2014 na área dos Assuntos Sociais e Cultura, a nova lei anti-tabaco voltou a ser um dos pontos centrais do debate. Muitos deputados afirmaram que a legislação, em vigor há um ano, não está a ser bem implementada nos casinos, e nem sequer conhecem a fundo quais são as multas para os que não cumprem a lei.

Contudo, Cheong U, o secretário da tutela, garantiu que a situação está nos moldes normais. “A população acha que nos espaços públicos houve uma melhoria desde a implementação da nova lei. Os casinos podem continuar a ter espaços para fumadores e reduzir passo a passo. Não se trata de um corte radical e temos esta política para im-plementar de forma faseada.”

“Se agora a lei é executável e a situação está controla-da, podemos só tomar esta medida (acabar com o fumo nos casinos) como último recurso. Mas se os deputados

O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Cheong

U, garantiu que vai mesmo haver uma lei da violência doméstica, e que neste momento o Executivo “está a rematar o texto das opiniões para fazer o processo legislativo”, sendo que irá “dar mais informa-ção posteriormente”, sem ter sido avançada qualquer data.

Cheong U voltou a falar das famílias chinesas e da sua harmo-nia perante a sociedade. “Vamos legislar sobre esse assunto e fazer com que a maior parte dos cri-mes sejam públicos, mas temos

que ver as diferentes opiniões. Podemos reverter algumas situa-ções de crime semi-público para público. Podem haver algumas agressões e se esses casos forem a tribunal pode levar a que haja uma família desfeita, e isso a sociedade não quer. Se virmos que há violência que ponha em causa a integridade física da pessoa vai ser crime público, mas se for só uma ferida é um crime semi-público. O mais importante não é acusar mas sim garantir que há um acompanhamento adequado.” – A.S.S.

• A comunidade macaense, que se encontra reunida em Macau no âmbito do Encontro das Comunidades Macaenses, esteve presente na inauguração do Monumento de Homenagem à Diáspora Macaense, em frente da Fortaleza da Barra. A Secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, e o deputado Leonel Alves, foram alguns dos que fizeram questão de assistir à cerimónia

Os casinos podem continuar a ter espaços para fumadores e reduzir passo a passo. Não se trata de um corte radical e temos esta política para implementar de forma faseadaCHEONG U Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura

O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura afirma que a lei anti-tabaco, que trouxe a criação de salas de fumo nos casinos, está controlada e a funcionar. O mesmo não pensa a directora executiva da Sociedade de Jogos de Macau: “Muitos trabalhadores sofrem mais do que antes”

ANGELA LEONG DIZ QUE CONCESSIONÁRIAS NÃO PODEM ESPERAR ATÉ 2015

Cheong U quer casinossem fumo, mas não para já

Violência doméstica “Algumas situações podem reverter para crime público”

considerarem que a revisão da lei é necessária então vamos auscultar as opiniões”, disse ainda.

Contudo, a deputada An-gela Leong, representante do sector do jogo no hemiciclo e directora executiva da So-ciedade de Jogos de Macau

(SJM), frisou que a posição do Governo não é defendida pela indústria. “O resultado do novo regime não é satisfatório e muitos dos trabalhadores sofrem mais do que antes. Estamos a andar passo a pas-so, mas não vejo resultados. Porque é que não implemen-

MONUMENTO À DIÁSPORA MACAENSE INAUGURADO

tamos já este regime de uma só vez? Precisamos de fazer uma remodelação das insta-lações, como os ventiladores, que já não estão de acordo com as necessidades, e não podemos esperar até 2015 para implementar isto. Todas as concessionárias querem implementar este regime (sem fumo).”

A quarta mulher do mag-nata Stanley Ho acrescentou ainda que “o Governo diz que está a implementar a lei, mas essa resposta não chega. Isso vai afectar as receitas de jogo, e como podemos apresentar um bom relatório aos nossos accionistas se não conseguir-mos garantir uma boa saúde aos nossos trabalhadores?”

GOVERNO NÃO TEM QUEIXASCheong U manteve uma postura positiva quanto às queixas e nem pediu a pa-lavra a Lei Chi Ion, director dos Serviços de Saúde, para prestar mais esclarecimentos quanto ao actual panorama de controlo do fumo nos casinos. “Sinceramente não é fácil ter este instrumento para controlar o tabagismo, mas graças ao apoio das concessionários con-seguimos. Espero que todas os espaços de apostas de jogo possam ficar livres de fumo e os seus funcionários iriam ficar muito felizes”, disse, frisando que “não temos recebido queixas dos trabalhadores dos casinos”. “Pedimos às concessionárias para fazerem check-up de saúde.”

Para já, a tendência pare-ce ser de melhoria, apontou o secretário. “Há mais estabe-lecimentos de jogo no grupo dos que cumprem a lei, mas será que estamos num ritmo satisfatório? Não. Temos de baixar de 16 casinos para dez ou até oito, até que nenhum estabelecimento tenha fumo lá dentro.”

O resultado do novo regime não é satisfatório e muitos dos trabalhadores sofrem mais do que antes. Estamos a andar passo a passo, mas não vejo resultadosANGELA LEONG Deputada

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6 hoje macau terça-feira 3.12.2013SOCIEDADE

JOANA [email protected]

D UAS testemunhas con-firmaram ontem no Tri-bunal Judicial de Base (TJB) que Pedro Chiang

era o “agente local” contratado pela Waterleau para fornecer informa-ções ao consórcio que venceu o con-curso internacional para a constru-ção, operação e gestão da ETAR do Parque Industrial Transfronteiriço. O grupo – formado pela Waterleu, ATAL Engineering e Companhia de Engenharia e Construção da China (CECC) – é acusado pelo Ministério Público de ter conse-guido vencer o concurso por ter subornado Ao Man Long. Chiang, empresário de Macau já conde-nado no âmbito do mesmo caso, vem acusado de corrupção por ser, alegadamente, o testa-de-ferro do ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas.

Segundo a acusação foi atra-vés da companhia ‘off-shore’ Best Choice que os subornos a Ao Man Long foram feitos. Já a defesa insiste que os pagamentos depositados na conta dessa em-presa se deveram a serviços de consultadoria que, segundo Ajay Popa e Willy Gills – que ontem testemunharam arrolados pela defesa de Luc Vriens, director--executivo da Waterleau -, foram prestados por Pedro Chiang. “O agente era o Pedro, como o co-nhecemos, e a Best Choice era a sua empresa”, afirmou Gills, director da Waterleau. A Best Choice, recorde-se, era uma das empresas de Ao Man Long, sendo que Chiang foi quem abriu as contas bancárias da empresa, tendo, no mesmo dia, emitido uma procuração para que apenas Ao Man Long pudesse mexer nelas.

A testemunha – uma das principais no chamado ‘caso das ETAR’ – admitiu que era Luc Vriens quem contactava com Pedro Chiang e disse ter visto o empresário de Macau apenas uma vez, “quando foi criada a Waterleau Macau” no notário. Ainda assim, Gills explicou a razão por que Chiang recebeu uma participação de 20% da Waterleau, quando as outras duas

TSI Improcedenteacção da Viva Macau contra a Air Macau O Tribunal de Segunda Instância (TSI) julgou improcedente uma acção intentada pela Viva Macau contra a Air Macau. A história remonta a 30 de Março de 2010 quando a Air Macau rescindiu com a Viva Macau contrato de subconcessão de serviços de transporte aérea. A companhia ‘low-cost’ recorreu ao Tribunal Administrativo (TA) pedindo que fosse declarado nulo o acto administrativo da rescisão pela Air Macau. na altura, a Air Macau invocou as excepções de irrecorribilidade do acto e de incompetência do TA, considerando que a deliberação em causa é legal, pedindo assim que fosse julgado improcedente o recurso. Agora, o TSI entendeu que, em primeiro lugar, órgão administrativo deve participar na celebração do contrato administrativo, porém, no presente processo, ambas as partes são sociedades e nenhuma delas pode ser qualificada como órgão administrativo, e mesmo que a Air Macau seja a concessionária de serviço público para as operações de transporte aéreo de pessoas, bagagens, carga e correio da e para a RAEM nos termos do Regulamento Administrativo n.º 10/2004, isto não significa que esta exerceu os poderes do órgão administrativo aquando da celebração do contrato de subconcessão com a Viva Macau. Além disso, o acto de rescisão do contrato de subconcessão também não pode ser considerado como um acto administrativo, pois tal acto é apenas um negócio jurídico de simples declaração de vontade, não existindo o uso do poder de autoridade.

TA Reolian não vai ter aumento de tarifasO procedimento cautelar intentado pela Reolian contra o Governo e que tentava obrigar este a pagar os serviços prestados de acordo com o novo tarifário dos autocarros não foi aceite pelo Tribunal Administrativo (TA). O TA entendeu que a demora no pagamento “não iria causar lesão grave e dificilmente reparável aos interesses e direitos” da companhia de transportes públicos.

ETAR REVELADOS PAGAMENTOS A PEDRO CHIANG E À BEST CHOICE. DEFESA INSATISFEITA

Tramóias e outras históriasPedro Chiang e a Best Choice eram as entidades a quem o consórcio formado pela Waterleau pagou serviços de consultadoria. Isso mesmo foi admitido ontem por duas testemunhas arroladas pela defesa do director-executivo da Waterleau. A participação de 20% de Pedro Chiang na empresa belga foi explicada, mas João Miguel Barros, defensor do empresário, disse haver uma “tramóia” à volta do seu cliente

empresas do consórcio pagaram apenas 3% do total dos lucros àquele que dizem ser o seu agente local. “Quando vamos para um país que não é o nosso, precisamos de parceiros locais e quando se trabalha com um agente tem de se lhe pagar uma percentagem do contrato total, dependendo do tra-balho feito. Organizámos para que ficasse com acções da Waterleau, fazendo-o accionista na empresa. Como assumimos que teríamos 50% do lucro, convidamos para que ele ficasse com 20%, que era o equivalente aos 3% a pagar pelas outras empresas, mas em acções. Convidamo-lo, porque se ele ficasse connosco na empresa, teria mais responsabilidade e faria o seu melhor para nos ajudar.” Gills acrescentou ainda que o nome de Pedro Chiang surgiu porque este era um empresário de renome em Macau que poderia trazer à Waterleau mais hipóteses de negócios a longo-prazo, no continente e no Camboja, de onde Chiang é originário.

DISCORDÂNCIAS ENTRE DEFESASSe os primeiros pagamentos do que a defesa diz ser consultadoria eram feitos pela ATAL e a CECC à Waterleau e desta à Best Choice,

houve uma mudança de planos. Lei Chi Hong, engenheiro da ATAL, disse ontem ao tribunal que as or-dens de pagamento a uma “terceira parte” – na minuta do contrato não vem o nome da Best Choice, nem de Pedro Chiang – foram alteradas pela Waterleau. “Por causa de pro-blemas fiscais, em vez de se pagar à Waterleau, a empresa pediu para pagarmos à Best Choice.” A teste-munha – arrolada por Fung Chun Yau, responsável da ATAL – negou conhecer o nome de Chiang ou da empresa e assegurou que não se sabia quem era a “terceira parte” que prestava os serviços de consul-tadoria. Gills também referiu que, nas discussões sobre os serviços de consultadoria, não foram dados muito detalhes. “Dissemos que ha-via um agente chamado Pedro, mas todos os parceiros de um consórcio têm as suas responsabilidades, não se questiona tudo a todo o tempo”, referiu. Também Lei Chi Hong tinha referido na sessão da manhã que a responsabilidade de arranjar parceiros locais coube à Waterleau.

Perante as questões de João Miguel Barros – defensor de Pe-dro Chiang -, Willy Gills admitiu que Luc Vriens – aqui acusado de corrupção activa – era o único

responsável por escolher parcei-ros. O acordo sobre o pagamento dos serviços de consultadoria em percentagem ao empresário pelas três empresas nunca foi assinado, mas Gills assegurou que foi uma questão de escolha e que essa relação se baseou “numa relação de confiança”.

João Miguel Barros quis saber exactamente o que foi feito em concreto por Chiang para que este recebesse pagamentos por consultadoria, mas a testemunha não soube responder exactamen-te como o advogado pretendia. “Não tenho detalhes, ele era respeitado e por isso tornou a empresa respeitada. Ele fazia trabalhos no geral, sobre a lei laboral, os custos para contratar um empregado.”

As respostas da testemunha acenderam novamente as dis-cordâncias entre a defesa de Luc Vriens – feita pelo advogado Pe-dro Redinha – e João Miguel Bar-ros, que diz haver “uma tramóia” à volta do seu cliente. “É lógico escolher uma empresa ‘off-shore’ como parceiro local?”, insistiu, repetindo que Luc Vriens já tinha contactos com Ao Man Long antes de escolher Chiang como consultor. Willy Gills disse apenas que não se trata da empresa, mas sim da pessoa escolhida. “Ele faz negócios aqui, se a empresa é de cá ou não, não é relevante. Nós somos belgas e fazemos negócios aqui. Isso é errado?” A sessão terminou sem que a defesa de Chiang conseguisse ainda ver respondidas algumas questões, como por exemplo por que é que a Waterleau diz ter pago a Chiang serviços de consultadoria de projectos de 2004, quando Gills admitiu ter conhecido o empre-sário apenas em 2005.

Sobre Luc Vriens, ambos os colegas da Waterleau dizem não ter dúvidas da sua inocência. “Era impossível [a corrupção] ter acontecido, nem seria nossa intenção porque trabalhamos em todo o mundo e não podemos estar envolvidos em casos des-tes”, frisou Willy Gills. A sessão continua amanhã, com mais uma testemunha arrolada pela defesa do belga.

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7hoje macau terça-feira 3.12.2013 sociedade

RITA MARQUES RAMOS*[email protected]

H Á dois anos a Casa de Por-tugal, hoje a figura que dá cara à instituição. Maria Amélia António recebe

este mês a medalha por mérito de “serviços comunitários”, mas não fala a título “pessoal” pois prefere envergar a camisola lusitana e fa-lar no trabalho desenvolvido pela “comunidade”. “Não olho para isto exclusivamente como uma distin-ção personalizada porque agrega forçosamente esta ideia de colec-tividade”, explica a presidente da Casa de Portugal, que vê com bons olhos o facto de que “mais persona-lidades e organismos portugueses continuem a ser homenageados”.

Amélia António olha também para a distinção como um novo alento a uma comunidade que tem vindo a ser afectada por de-clarações menos positivas. “Há alguns sinais que deixam um pouco assustada a comunidade, algumas informações e tomadas de posição que nos perturbam. Vejo esta meda-lha como uma contraparte porque de certa forma moraliza”, salienta Amélia António.

Sem mencionar nomes, a presi-dente da Casa de Portugal refere-se aos discursos como “fait-divers” embora com “uma gravidade maior”. “São muito desmobiliza-dores das pessoas e têm um peso negativo muito grande mas este acto do Governo vem mostrar que os portugueses estão integrados e dão o melhor para a sociedade, para a comunidade, vida e desen-volvimento do território”, avalia.

Até porque, defende, a presença da comunidade portuguesa é “ab-solutamente essencial à manuten-ção da identidade de Macau”, que sempre se pautou por manter “um coração aberto”.

Aqui, Amélia António deixa o recado para que Macau não se feche num proteccionismo que nunca fez parte do seu ADN. “Foi por ter recebido toda a gente e criado oportunidades que conseguiu um estatuto e uma valorização própria e diferente. Tem de conseguir dar oportunidades a quem aqui procura e aporta para enriquecer Macau por meio de actividades que são importantes para Macau”, sugere.

Amélia António diz ainda que a medalha “reforça o sentido de responsabilidade” com que a Casa de Portugal olha para as “tarefas e problemas” que devem ser resol-vidos. “Se o trabalho das pessoas é reconhecido, para a frente é que é caminho.”

Da comunidade portuguesa, é

CECÍLIA L [email protected]

O homem que matou um vendedor de fruta depois de o ter agredido vio-lentamente era um turista que estava

ilegalmente em Macau, revelou a Polícia Judiciária (PJ).

O caso aconteceu na madrugada de do-mingo. Um turista do continente, que estava alcoolizado, agrediu o dono de uma banca de fruta até à morte. Os dois homens terão entrado em conflito – que terá sido provocado pelo turista – e este “bateu-lhe com o punho até o deitar ao chão”, relata a PJ. O suspeito queria fugir, mas foi impedido por transeuntes. O vendedor, de 63 anos, ainda foi levado ao hospital, mas já no local foi descrito como

“não tendo batimentos cardíacos”. Foi mais tarde declarado morto.

O turista detido, de apelido Chang e com 37 anos, é da província de Guangdong e foi confirmado como estando ilegal em Macau. O homem é suspeito de homicídio, mas o caso passou agora para o Ministério Público. A porta-voz da PJ diz que, caso seja condenado, o homem pode ser brindado com uma pena de dez anos de prisão.

A vítima era natural de Macau e tinha três filhos. Tinha uma banca de fruta em frente à Ponte 14 há mais de 40 anos. O homem, de apelido Chan, era tido como “boa pessoa” pelos moradores da zona, com quem, dizem, tinha uma boa relação. Tou Mio Leng, a pre-sidente da Associação de Mútuo Auxílio do Bairro Abrangendo a Rua da Felicidade e Vias

Circundantes, disse ao jornal Ou Mun que a zona tem um pior ambiente de segurança nos últimos tempos e pede mais patrulhamento.

O incidente causou uma forte reacção na comunidade chinesa, com diversas actividades nas redes sociais a pedir que o assassino seja severamente punido.

A mulher de Chan disse à imprensa chinesa que era ela quem deveria estar na banca, mas que o marido insistiu ficar por mais duas horas, deixando que a esposa fosse para casa. Ainda não se sabe a causa da morte, uma vez que a PJ aguarda os resultados da autópsia. O turista tinha 2,09 gramas de álcool no sangue e, antes de agredir o vendedor, assediou duas jovens que faziam compras no local. As jovens foram cha-madas conjuntamente com outros transeuntes como testemunhas oculares do crime.

CONDECORAÇÕES DO GOVERNO AMÉLIA ANTÓNIO, ‘CHEF’ ANTÓNIO E IPOR ENTRE OS NOBILITADOS

Homenagem “moraliza” a comunidadeA Presidente da Casa de Portugal e o proprietário do restaurante “António” são os dois representantes da comunidade portuguesa a receber uma medalha de “serviços comunitários” e “mérito turístico”, respectivamente. Por sua vez, o IPOR é a instituição lusa distinguida pelo “mérito cultural”

ainda distinguido António Neves Coelho, proprietário do restaurante homónimo “António”, com a me-dalha de mérito turístico. “Sinto--me profundamente honrado com a atribuição dessa condecoração.

É um símbolo de que os portu-gueses em Macau conseguem de facto estar a par com o resto da população”, destaca o ‘chef’ que trabalha na área de restauração em Macau desde 1997.

O Instituto Português do Orien-te (IPOR), criado em 1989, é a casa que este ano passará também a envergar uma distinção por mérito cultural. João Laurentino Neves destaca a medalha não apenas como o reconhecimento do traba-lho feito mas também pelo “reforço da mensagem que o Executivo tem vindo a produzir da centralidade e da importância que quer conferir à Língua Portuguesa na região”.

O director do IPOR disse tam-bém à Rádio Macau que a distinção representa ainda um maior “com-promisso do IPOR no trabalho com as instâncias decisórias”, de-fendendo também o “manancial de conhecimento, de experiência, de capacidade técnica e científica para avançar com novas propostas por forma a trabalhar para a verdadeira afirmação da língua portuguesa”.

Agraciado de certa forma é também João Costa Antunes, co-ordenador do organismo da RAEM homenageado: Comissão do Gran-de Prémio de Macau.

O macaense Raimundo do Rosário, chefe da Delegação Eco-nómica e Comercial de Macau em Lisboa, da Delegação Económica e Comercial de Macau junto da União Europeia em Bruxelas e da Organização Mundial do Co-mércio, vai receber a medalha de mérito profissional.

MEDALHAS DE HONRAMas os distintivos de maior peso vão para Lau Cheok Va, ex-presidente da Assembleia Legislativa (AL), com a medalha de honra Grande Lótus, para a presidente honorária da Associação Geral das Mulheres de

MORTE DE VENDEDOR AMBULANTE FOI CAUSADA POR TURISTA ILEGAL DO CONTINENTE

Pena de dez anos pode estar eminente

Macau, Ho Lai Cheng, que recebe a Lótus de Ouro e ainda Lei Sio Iok, da mesma associação, distinguida com a Lótus de Prata, bem como o atleta de artes marciais chinesas Jia Rui. “Tenho de agradecer pelo reconhe-cimento do Chefe do Executivo e do Governo da RAEM, também pela atenção, apoio e ajuda a longo prazo dos colegas da AL e à Federação das Associação dos Operários de Macau (FAOM) e amigos de todas camadas da sociedade. A honra não é minha apenas, mas pertence também para os colegas e amigos que têm traba-lhado comigo nas últimos décadas. No futuro, vou continuar a contribuir para a sociedade”, disse Lau Cheok Va em declarações ao canal chinês da Rádio Macau.

Ho Lai Cheng evidenciou que a medalha representa um mérito conjunto. “Não posso aceitar este prémio sozinha porque é resultado de um esforço conjunto da associa-ção”, disse à Ou Mun Tin Toi. Já Lei Sio Iok disse sentir muita “honra e orgulho” e destaca o mérito “de trabalho de todas as mulheres de Macau” e, nesse sentido, espera que “possam continuar a servir as mulheres e servir a sociedade”. Enquanto Jia Rui se mostrou entu-siasmado pelo “reconhecimento do seu esforço no sector desportivo”, o que contribui também para “uma maior responsabilidade”.

A cerimónia de entrega das 40 medalhas e títulos honoríficos a “individualidades e entidades que se notabilizaram por feitos pessoais, contributos para a so-ciedade ou serviços prestados” a Macau decorrerá em meados deste mês. - *com Cecília Lin

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8 hoje macau terça-feira 3.12.2013CHINA

MARIA JOÃO BELCHIOREm Pequim

O aviso foi feito pe- la China sobre medidas de defe-sa urgentes que

seriam tomadas perante o que pode ser considerado uma po-tencial ameaça. Mas à primeira vista tudo parece ter ficado na mesma. A presença dos Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul, junto ao arquipélago das ilhas Diaoyu, não chega para demover Pequim sobre um direito que considera seu.

Para a Força Aérea Chine-sa, a missão de patrulhamento que ocorreu no final da semana passada tem um intuito defen-sivo e segue as disposições da lei internacional. Porém, a certeza desta afirmação não chega para finalizar o impasse sobre um território que está, de momento, sob jurisdição e administração japonesa.

Durante o fim-de-semana, a União Europeia emitiu um comu-nicado oficial sobre a necessidade de agir com contenção, salien-tando a obrigação de obedecer

O primeiro-ministro britânico, David Ca-meron, testemunhou

ontem, em Pequim, a assina-tura de um acordo de venda de automóveis Jaguar-Land Rover à China pelo valor de cerca de 54.000 milhões de patacas.

David Cameron assistiu à assinatura do acordo, que pre-vê o fornecimento de 100 mil veículos à China em 2014, nas instalações da própria empresa automóvel britânica na capital chinesa, num acto que marcou a sua visita oficial de três dias a Pequim e antecedeu o encontro com o seu homólogo chinês, Li Keqiang, no Grande Palácio do Povo.

O primeiro-ministro bri-tânico anunciou este e outros detalhes da sua visita através das redes sociais chinesas, após ter aberto uma conta oficial no Sina Weibo, o ‘Twit-ter’ chinês, conquistando, em apenas uma semana, mais de 140 mil seguidores.

Pequim e países da Ásia Central ao longo da Rota da Seda querem fortalecer cooperação As autoridades de mais de vinte cidades, chinesas e de países da Ásia Central, estão reunidos em Urumqi, região de Xinjiang, para discutir o fortalecimento da cooperação através do estabelecimento de uma zona económica ao longo da Rota da Seda. Os temas abrangem o reforço de políticas comuns, a ligação de estradas, a troca comercial e a circulação de moeda. A iniciativa favorece também o desenvolvimento do Oeste da China, informa a rádio China. Segundo os dados divulgados pelo Ministério do Comércio, o país já se tornou o maior parceiro comercial do Cazaquistão e do Turquemenistão, o segundo maior parceiro de Uzbequistão e Quirguistão, e o terceiro maior do Tajiquistão.

Polícia canadiana prende homem sob suspeita de espionagem

A polícia canadiana prendeu um homem em Toronto sob a suspeita de que este estivesse

a tentar fornecer informações sobre as práticas de construção naval canadiana para a China, afirmaram as autoridades de segurança este domingo. Jennifer Strachan, superintendente-chefe da Real Polícia Mon-tada do Canadá, disse em conferência de imprensa que a polícia inicialmente tomou conhecimento de acusações sobre Qing Quentin Huang, de 53 anos, na quinta-feira, e prendeu Huang, cidadão canadiano, no sábado. “Nestes casos, a partilha de informação pode dar a uma entidade estrangeira uma vantagem táctica, militar ou competitiva, por conhecer características das embarcações responsáveis pela defesa das águas e da soberania canadiana”, disse. A conferência de imprensa, realizada no fim de semana, envolveu fun-cionários de muitas agências de segurança, incluindo de várias forças policiais, serviços de fronteira e da agência de espionagem secreta.

ILHAS DIAOYU TENSÃO VOLTA A AUMENTAR

Entre a terra e o ar

DAVID CAMERON IMPULSIONA MAIOR PRESENÇA DE CARROS BRITÂNICOS

Cem mil jaguares a caminho

às regras de direito internacional tanto na terra como no ar. Uma mensagem que parecia trazer implícita a mensagem de apelar à calma para o bem de todos.

Isto aconteceu depois do aviso unilateral por parte da China de exigir a identificação a qualquer avião estrangeiro que sobrevoasse a área. Uma atitude que veio por sua vez em resposta ao envio de dois aviões B-52 por parte dos Es-tados Unidos que, desarmados, sobrevoaram a área. A prudên-cia é a melhor conselheira num caso que continua a agitar as águas do mar do Sul da China.

Para muitos chineses, as Diaoyu é uma questão tão ou mais patriótica que Taiwan. Em Setembro de 2012, milhares saí-ram à rua nas principais cidades chinesas em protesto contra o governo japonês que anunciou ter direitos territoriais sobre as ilhas. Um ano depois, os ânimos voltam a aquecer embora desta vez, de forma mais controlada por enquanto. Na internet, aon-de se auscultam os primeiros sintomas de reacção a qualquer acontecimento nacional, uma larga maioria considera que a China está apenas a mostrar uma posição de força e que

apenas em último recurso, serão tomadas medidas mais radicais.

No momento actual, a dúvida sobre quem tem razão leva a que quase todos optem pelo silêncio, pedindo apenas contenção. Amanhã o vice--presidente Joe Biden chegará a Pequim com Diaoyu como um dos assuntos importantes a resolver com alguma urgência.

O confronto de opiniões ou diferentes pontos de vista entre a China e o Japão le-vanta sempre questões antigas que nunca foram totalmente encerradas. Para os analistas, é fundamental que ninguém tome posições radicais. Com os Estados Unidos e a Coreia do Sul a mostrar-se do lado do Japão, a China abstém-se de falar de aliados ou posições de outros países sobre esta disputa. As velhas cicatrizes obrigam a um especial cuidado de cada vez que se trata de uma ques-tão com o Japão. Mas algumas das atitudes de confronto que se registaram no último ano fazem deste impasse o mais preocupante para a população chinesa e a primeira razão para temer um conflito bélico entre os dois vizinhos. Se alguns expressam os seus receios na internet sobre a possibilidade de uma guerra, a maioria considera que a China quer apenas mostrar que há linhas que não se devem cruzar, na terra e no céu.

Na conta saudou os “ami-gos chineses” e assegurou ter tentado aproximar-se da cultura chinesa nas semanas que antecederam a viagem, visitando, por exemplo, uma exposição sobre arte da ci-vilização asiática patente no Victoria and Albert Museum, em Londres.

David Cameron chegou à China com uma delegação de 180 pessoas, 120 das quais empresários, numa visita oficial que marca um certo ‘aliviar’ nas relações sino--britânicas, após um clima de tensão entre Pequim e Londres, desencadeado no ano passado entre o primeiro--ministro britânico e o Dalai Lama, na capital londrina.

Essa tensão causou um duro revés para Londres de-vido à crescente importância dos laços comerciais e finan-ceiros entre os dois países.

A China é o segundo par-ceiro comercial britânico fora da União Europeia.

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9 chinahoje macau terça-feira 3.12.2013

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Plano de comparticipação pecuniária no desenvolvimento económico para o ano de 2010

1. O prazo limite para a apresentação do pedido de atribuição do Plano de comparticipação pecuniária no desenvolvimento económico para o ano de 2010 é fixado em 31 de Dezembro do corrente ano.

2. Os indivíduos que satisfaçam os requisitos de atribuição, mas não tenham ainda formulado o pedido, devem dirigir-se até ao termo do prazo supracitado ao Centro de Serviços do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, sito na Avenida da Praia Grande, n.ºs 762-804, Edifício “China Plaza”, 2.º andar, Macau, para efeitos de tratamento das respectivas formalidades.

3. Por último, solicita-se que os cheques ainda não sacados sejam apresentados, com a maior brevidade, junto de qualquer instituição bancária de Macau.

Macau, aos 01 de Dezembro de 2013.

O orgulho na-cional chinês voltou a subir ao céu este do-

mingo com o lançamento da sonda espacial “Chang’e-3”, que leva a bordo o veículo robotizado “Yutu” (Coelho de Jade), da base de Xichang, sudoeste da China, por um foguetão Longa Marcha-3B, considerado o mais podero-so da frota chinesa. A sonda deverá realizar uma proeza só conseguida até agora pela Rússia e os Estados Unidos: pousar suavemente na lua.

Se tudo correr como pla-neado, a alunagem ocorrerá em meados de Dezembro, altura em que está prevista a entrada em acção do “Yutu”, veículo equipado com qua-tro câmaras e dois braços mecanizados que vai a bordo da “Chang’e-3” e que irá estudar a estrutura geológica e a superfície da lua.

A missão tem sido des-crita como a mais complexa do género jamais realizada pela China e em que 80% da tecnologia utilizada é nova.

A China só lançou o pri-meiro astronauta, Yang Liwei, em 2003 - quatro décadas de-pois de a Rússia e dos Estados Unidos - mas está a recuperar rapidamente o atraso.

Em 2012, pela primeira vez, uma nave espacial tri-pulada chinesa acoplou com

PMI industrial recua para 50,8 em Novembro O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do sector industrial da China medido pelo HSBC recuou para uma leitura final de 50,8 em Novembro, face aos 50,9 de Outubro. Uma leitura abaixo de 50 indica contracção da actividade industrial em relação ao mês anterior, enquanto uma leitura acima desta marca indica expansão. O total de novas encomendas aumentou e atingiu o maior nível em oito meses e os novos pedidos de exportação cresceram a um ritmo fraccionário, informou o HSBC. Apesar do maior volume de novos negócios, os fabricantes reduziram marginalmente os seus níveis de pessoal em Novembro, revertendo um ligeiro aumento no número da folha de pagamentos em Outubro, disse a instituição financeira. A leitura final do PMI industrial foi superior ao reportado pelo índice preliminar, que sinalizava uma queda para 50,4. P ELO menos 55 pesso-

as tiveram de receber assistência médica

devido ao lançamento de gás lacrimogéneo durante os confrontos entre a po-lícia e manifestantes em Banguecoque, segundo dados revelados ontem pelo centro de emergências Erawan.

Os feridos foram ad-mitidos em cinco hospitais da capital tailandesa, de acordo com o mais recente relatório do centro que recolheu dados até à noite de domingo.

Os confrontos repeti-ram-se ontem com novos lançamentos de gás por parte da polícia, que utili-zaram, esta segunda-feira, compostos mais potentes e conseguiram forçar os

manifestantes a recuar na sua tentativa de tomar de assalto vários edifícios governamentais.

Residentes tiveram de ser retirados e estabelecimentos de comida das ruas onde ocorreram os incidentes eva-cuados devido à intensidade dos gases, referiu a cadeia televisiva local PBS.

Ambulâncias e equipas médicas foram destacadas para a zona para prestar assistência a eventuais feridos e dar conselhos às pessoas afectadas pelo gás, segundo a mesma fonte, citada pela agência Efe.

Os manifestantes an-tigovernamentais tentam retirar as barricadas de cimento colocadas pelas autoridades para poder aceder à Casa do Governo

e à sede da Polícia Me-tropolitana, fortemente vigiadas por cerca de dois milhares de polícias anti--motim.

Durante o dia de do-mingo, milhares de mani-festantes causaram o caos nos mesmos lugares do centro de Banguecoque, envolvendo-se em con-frontos com os agentes contra os quais lançaram pedras, garrafas e explo-sivos artesanais, segundo a polícia.

Inúmeras escolas e uni-versidades da capital foram encerradas por motivos de segurança, de acordo com as autoridades que, este domingo, apelaram aos residentes da metrópole para permanecerem em casa durante a noite.

ORGULHO NACIONAL CHINÊS SOBE AO CÉU COM A SONDA LUNAR “CHANG’E-3”

Mais um momento histórico

REGIÃOTAILÂNDIA PELO MENOS 55 HOSPITALIZADOS DEVIDO A GÁS LACRIMOGÉNEO EM BANGUECOQUE

Assalto ao poder

o protótipo de uma estação espacial, demonstrando o domínio de uma tecnologia que apenas aqueles países possuíam.

No espaço de uma dé-cada, a China colocou em órbita mais de uma dezena de astronautas, entre os quais duas mulheres.

“A exploração chinesa do espaço não terminará na lua. O nosso objectivo é o espaço profundo”, disse Sun Huixian, vice-engenheiro--chefe do programa lunar.

Um outro país emer-gente, a Índia, enviou a semana passada uma sonda em direcção a Marte, numa

viagem que deverá durar dez meses.

Um responsável do pro-grama lunar chinês citado na imprensa oficial, Li Ben-zheng, afirmou que a China “não encara a exploração espacial como uma compe-tição” e “está aberta à coo-peração com outros países”.

“Esperamos explorar e utilizar o espaço para encontrar mais recursos para promover o desenvol-vimento humano”, disse Li Benzheng.

O desenvolvimento do programa espacial chinês, acompanhado pela impren-sa oficial com um fervor

patriótico comparado à cobertura dos Jogos Olim-picos de Pequim, em 2008, coincide com a emergência da China como a segunda maior economia mundial, logo a seguir aos Estados Unidos.

“Mais um passo glo-rioso”, disse um repórter da Televisão Central da China (CCTV) durante a transmissão em directo do lançamento da “Chang’e-3”.

Será a primeira aluna-gem do século XXI, realçou a agência noticiosa oficial Xinhua.

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10 hoje macau terça-feira 3.12.2013FOTOGRAFIA

OS FANTASMAS DO PASSADOESTA colectânea de imagens foi feita a par-

tir de projectos para o resgate do passado unindo ao cenário actual, pelos fotógrafos Ser-gey Larenkov, Jo Teeuwisse, Jason E. Powell, entre outros. Como fantasmas capturados para sempre nas fotografias, as cenas mostram muito claramente a dureza pela qual a humanidade passou, a capacidade do homem em se renovar, reconstruir, dar continuidade à vida, bem como a superação pós os grandes conflitos que assola-ram o mundo. As imagens ficaram magníficas.

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11 fotografiahoje macau terça-feira 3.12.2013

OS FANTASMAS DO PASSADO

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12 publicidade hoje macau terça-feira 3.12.2013

EDITAL

Prédio em ruínaEdital n.º :67/E/2013Processo n.º :47/RP/2013/FLocal :Travessa do Cais S/N (entre os n.º 12-A e n.º 14-A), Macau. (Vide o desenho anexado)

Chan Pou Ha, subdirectora da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, em uso das competências delegadas pelo n.º 8 do artigo 1.º do Despacho n.º 003/SOTDIR/2013, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 46, II Série, de 13 de Novembro de 2013, faz saber por este meio aos proprietários, inquilinos ou demais ocupantes do prédio acima indicado que o mesmo se encontra em muito mau estado de conservação e tem tendência para estado de ruína, conforme o parecer da Comissão de Vistoria constante do processo em curso nesta Direcção de Serviços, pelo que, nos termos dos artigos 54.º e 55.º do Decreto-Lei n.º 79/85/M de 21 de Agosto e por meu despacho de 28/11/2013, no prazo de 10 dias contados a partir da data de publicação do presente edital, devem proceder à demolição do prédio, à limpeza e à vedação do terreno com tapume adequado.

Para o efeito, deverão apresentar previamente nestes Serviços o projecto de obra respectivo, de acordo com o Decreto-Lei n.º 79/85/M de 21 de Agosto.

Caso não seja dado cumprimento ao teor do presente edital, esta Direcção de Serviços, sem prejuízo da aplicação da multa estabelecida no artigo 67.º do citado diploma legal, executará, nos termos do disposto no artigo 56.º, os trabalhos acima mencionados a partir do termo do prazo atrás referido, a expensas do proprietário.

Na falta de pagamento voluntário da despesa, proceder-s e-á à cobrança coerciva da quantia em dívida pela Repartição das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças.

Nos termos do artigo 59.º do mesmo decreto-lei e das competências delegadas pelos nos 1 e 4 da Ordem Executiva no 124/2009, publicada no Boletim Oficial da RAEM, Número Extraordinário, I Série, de 20 de Dezembro de 2009, da minha decisão do presente edital cabe recurso hierárquico necessário para o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, a interpor no prazo de 15 dias contados a partir da data de publicação do presente edital.

RAEM, aos 28 de Novembro de 2013

A Subdirectora dos Serviços

Enga Chan Pou Ha

Planta em anexo :

Processo no: 47/RP/2013/FLocal : Travessa do Cais S/N (entre os n.º 12-A e n.º 14-A), Macau.

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13EVENTOShoje macau terça-feira 3.12.2013

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

MALAVITA • Tonino BenacquistaUma família instala-se em Cholong-sur-Avre, na Normandia. Fred, o pai, diz ser escritor e preparar um livro sobre o Dia D. Maggie, a mãe, é voluntária numa associação de caridade e excelente na preparação de barbecues. Belle, a filha, faz honra ao seu nome. Warren, o filho, soube tornar-se indispensável para todos os colegas. E há a cadela, Malavita...Uma família aparentemente como as outras, em suma. Mas uma coisa é certa: se eles forem viver para o vosso bairro, fujam sem olhar para trás...Um extraordinário romance de sátira, ação e suspense.

SABORES DE ANGOLA • Conceição SantosEste livro recupera os sabores de Angola em receitas recheadas de aromas e paladares transbordantes da cultura africana. Contemplando entradas, sobremesas e os obrigatórios pratos principais de carne e de peixe, as receitas são ainda enriquecidas pelos sabores exóticos de molhos doces, agridoces e picantes. Torna-se fácil fazer parte desta experiência gastronómica, cuidadosamente guiada por dicas, notas e por um glossário, colocando os Sabores de Angola à sua mesa.

O quadro de Marciano António Baptista, “A Lorcha”, vai ser pessoalmente

doado a Macau pelo bisneto do artista, Filomeno, na sessão organizada pelo Instituto Inter-nacional de Macau, no próximo dia 4, no Centro de Actividades Turísticas, durante o Encontro das Comunidades Macaenses 2013.

A entidade recipiente da pintura é a Associação dos Treze Hongs para a Promoção da Cultu-ra e do Comércio de Macau cujo presidente, William Ho, obteve o concurso de peritos do Museu do Palácio Imperial de Pequim, para apoiar uma equipa na recuperação e renovação do quadro do século XIX. William Ho é também presidente da União Mundial dos Chineses Ultramarinos e Consultor da Comissão para os Assuntos dos Chineses de Hong Kong, Macau e Taiwan, da R.P. China, informa o comunicado de imprensa da organização.

A referida associação foi cria-da na RAEM para dar a conhecer

N O museu do Bonsai, em Sintra, desvendam--se os mitos e os segredos da arte oriental secular que consiste em transformar raízes

ou sementes em pequenas réplicas de árvores que na natureza chegam a ter mais de 50 metros.

À entrada da vila romântica, apelidada de “Jardim do Éden” pelo escritor inglês Lord Byron, devido à sua verdejante paisagem, existe há 13 anos um jardim de pequenas árvores que resultam de uma técnica descoberta pelos chineses, mas que com o passar dos anos foi aperfeiçoada por japoneses.

No Museu do Bonsai, o verde do jardim confunde-se com o da serra de Sintra e apenas a diferença de tamanhos entre as árvores faz o visitante perceber que está num espaço tipica-mente oriental.

Com muitas de horas da sua vida dedicadas aos pequenos detalhes que fazem do bonsai também uma arte de meditação, o proprietário do museu, Marco Rodrigues, afirmou à agência Lusa que esta é “uma paixão” e dedicação que surpreende até os turistas que chegam a Sintra vindos do Oriente. “Muitas vezes quando passam aqui autocarros de turistas, principalmente do Oriente, fazem sempre uma força para parar e ficam maravilhados com a variedade que temos aqui, de bosques e de árvores que eles têm só no oriente”, notou o proprietário à Lusa.

“O bonsai não tem muitos segredos, mas tem muitos mitos. De facto há mitos que se tornam segredos, mas há muita gente que tem sucesso com bonsais, porque segue os parâmetros da natureza”, afirmou.

Docomo Macau avançacom pedido de classificaçãoda Escola PortuguesaO Centro de pesquisa e documentação Docomo Macau solicitou ao governo a classificação da antiga Escola Comercial Pedro Nolasco, actual Escola Portuguesa de Macau (EPM), como imóvel de interesse arquitectónico. Segunda aquela instituição, o conjunto edificado da EPM é um dos mais qualificados testemunhos da arquitectura moderna internacional construído em Macau no século XX que consegue elaborar uma síntese entre o moderno europeu, e as condições específicas do ambiente cultural do território. Construída nos anos 60, a partir do projecto do arquitecto Raúl Chorão Ramalho, o edifício acolheu durante vários anos a Escola Comercial Pedro Nolasco. A Docomo Macau irá agora apoiar tecnicamente o Instituto Cultural na documentação técnica necessária para se poder proceder à pretendida classificação.

Livro de Jason Wordiesobre Macau apresentadona Livraria PortuguesaO historiador e escritor, radicado em Macau, Jason Wordie esteve ontem na Livraria Portuguesa para apresentar o seu novo livro, “Macao – People and Places, Past and Present”. Segundo a nota de imprensa, esta é uma obra que apresenta um retrato multifacetado da história e gentes de Macau. O livro transporta o leitor numa série de viagens pelo espaço físico e cultural do território, desde as Portas do Cerco, no norte, até Coloane, sul, revelando as muitas dimensões que tornam este território num lugar único e especial, informa o comunicado de imprensa da organização. Com fotografias de Anthony J Hedley e Colin Day a publicação contém ainda 22 mapas desenhados à mão de Wee Kek Koon.

Documentário e debatesobre Niemeyer na Universidade de São JoséA Universidade de São José promove esta quarta-feira, pelas 18h30, a apresentação de um documentário seguido de uma mesa-redonda sobre a obra do arquitecto Óscar Niemeyer e o modernismo brasileiro. A iniciativa assinala o primeiro aniversário da morte daquele que foi um dos maiores marcos da arquitectura do século XX, debatendo o seu legado criativo e o modernismo brasileiro. A moderação da mesa-redonda, que terá como participantes os arquitectos Geórgia Gomes da Costa, Adalberto Tenreiro e Rui Leão, estará a cargo de Diogo Teixeira, investigador e professor da Universidade de São José.

“A LORCHA” ENTREGUE A MACAU ESTA QUARTA-FEIRA

Treze Hongs acolhem o regresso

MUSEU EM SINTRA DESVENDA MITOS E SEGREDOS DO BONSAI

Natureza oriental às portas de Lisboa

a histórica reputação de Macau de séculos no relacionamento com povos estrangeiros, acres-centa a nota de imprensa.

Uma curta palestra sobre as Ligações Centenárias de Macau aos Treze Hongs de Cantão será apresentada na cerimónia de do-

ação para ilustrar a breve história daqueles mercadores, a respectiva contribuição de Macau, e os valores contidos no quadro “A Lorcha”.

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14 hoje macau terça-feira 3.12.2013

hARTE

S, L

ETRA

S E

IDEI

AS

E STAS considerações tecem-se em presença do seminal livro de Michael Mascha, Fine Waters e de uma nostalgia termal. Nele, o au-

tor analisa, na sua Parte II, um conjunto de 100 águas de diferentes proveniências. Na primeira parte, refere-se à história da água engarrafada, à sua composição, etiqueta, fontes aquíferas, entre outros pontos. Este é um assunto mais fascinante do que poderá parecer à primeira vista.

Em Macau a oferta de marcas é pobre mas suficiente para permitir a sua utilização em situações mais delicadas. Entre estas contam-se a adição de água a brandies ou uísques de qualidade ou, pormenor muito descurado por quem recebe em casa e por aqueles bares, abundantes, onde o cliente é tratado como potencial troglodita, a con-fecção do gelo.

Das águas que Mascha apresenta no seu livro encontram-se em Macau pelo menos 14. No território, contudo, vivemos aben-çoados, protegidos, pela presença de um número decente de excelentes águas por-tuguesas, da das Pedras à Vidago ou à Car-valhelhos, nenhuma das quais figura, no en-tanto, no livro de Mascha.

A tendência que nestas linhas se obser-va a favor das águas gaseificadas exprime uma preferência pessoal que não é, no en-tanto, exclusiva. Ela permanece porque é igualmente entre as águas gaseificadas que se encontram algumas das melhores águas disponíveis, sejam elas, para além das lusas, alemãs, francesas ou italianas.

Se não há águas japonesas é porque nes-te país, onde há cerca de 450 marcas de água engarrafada (número equivalente à Alema-nha, onde se bebe água gaseificada como nunca vi noutro lugar), se bebe pouca água, em detrimento da cerveja, e não se lhe dá a importância devida. Apenas em Itália, se-gundo o livro de Mascha, existe um número superior, com cerca de 600 nomes diferen-tes, um comércio que acompanha o que será o maior consumo mundial per capita – 189 litros por ano. Estes 3 países, a que se junta a França (o segundo maior consumidor), pro-duzem mais de 50% das marcas disponíveis no mercado mundial (que o autor estima, no total, em cerca de três mil).

O gelo é dos pormenores mais descui-dados pelas casas que servem bebidas e por anfitriões bem intencionados. Este deve ser adaptado ao copo e ao tipo de bebida mas esta alínea não pode fazer esquecer que o gelo tem uma função primeira a cumprir - arrefecer e manter a bebida fresca sem lhe alterar o sabor.

Fazer gelo com água da torneira é marca tanto de preguiça como de estupidez. Não é preciso pensar muito para perceber que, se a água canalizada tem um sabor desagradável, este vai acrescentar-se à bebida. Fazer gelo

a revolta do emir Pedro Lystmann

SANUS PER AQUAM,O PRÓXIMO ANO EM UMA BAD

com água mineral ou devidamente filtrada é uma opção possível e muito praticada.

Neste momento prefiro fazê-lo com Spa Reina, uma água muito pouco mineraliza-da, quase sem sabor e razoavelmente fácil de encontrar. Depois de derreter pouco sa-bor acrescenta à mistura ou à bebida não misturada. Kingsley Amis, em Every Day Drinking (brilhante instalação que será mui-to em breve aqui apreciada), prefere, para juntar ao uísque de malte, uma água esco-cesa levemente gaseificada, de fonte muito pura, que se encontra em Macau: Highland Spring. Acrescento uma outra, de qualidade suficiente e distribuição abundante, a cali-forniana Crystal Geyser. Há, nos Estados Unidos, cerca de 180 marcas diferentes de água.

Parece-me também opinião generali-zada que o gelo deve ser feito no próprio dia em que for utilizado numa bebida. Os continentes de plástico que servem para o fazer rapidamente ganham cheiros e uma convivência longa com alimentos congela-dos acaba por impregnar o gelo do seu odor porque ele os absorve com uma avidez in-decente. A não ser que propositadamente se prefira juntar ao uísque, ao cointreau ou ao gim um leve trago a cabrito ou a peixe--espada.

O número de águas que se encontra em Macau não excita mas é suficiente, em quanti-dade e qualidade, a um consumidor não espe-cializado. Algumas delas são, repito, constan-tes do livro de Mascha.

A Badoit, para além de ser uma água com

uma gaseificação de um chique discreto, é a única água francesa que não causa a irritação que outras, fraudulentas, espalharam pelo planeta. Referir os seus nomes seria medo-nho. Infelizmente, encontra-se quase sempre distribuída em garrafas de plástico. Mesmo classificada como uma água rara no nosso li-vrinho, esta encontra-se com cada vez mais facilidade. Como a San Pellegrino, é muito indicada para digestões complicadas (bicar-bonato 1300mg/l, distante, contudo, das ale-mãs ou das portuguesas).

Das portuguesas gaseificadas a Castello tem fama publicitária. As águas de Vidago, Carvalhelhos e Pedras Salgadas fazem tanto parte da vida dos portugueses como o mais ubíquo dos piroclastos, a pedra-pomes. A raridade das águas naturalmente gaseifica-

das, como a Pedras Salgadas, torna-as ainda mais atraentes, especialmente para aqueles a quem agrada uma gaseificação ligeira, de pequenas bolhas. As marcas lusas lisas são abundantes no mercado local.

A Gerolsteiner e a Apollinaris (de rara gaseificação natural, alto teor de sódio e histórias que remontam ao império romano ou mesmo antes) parecem ter desaparecido do nosso mercado. Seria uma grande per-da. Estas duas águas alemãs, a primeira com uma mineralização alta (2527 mg por litro) aproximada a algumas poderosas águas por-tuguesas (Vidago 2853 mg), são excelentes enquanto digestivas, têm um paladar incon-fundível e fazem boa figura à mesa. Ambas são vendidas em garrafas de vidro. A Ge-rolsteiner, de bolhas grandes, é uma daque-las águas que enche a boca, enquanto a sua elevada mineralização não deixa um sabor metálico.

Infelizmente não encontramos em Ma-cau uma paradigmática água eslovena, a Rogaska Donat MG. Esta tem uma minera-lização titânica: 13.298 mg por litro. Desde o século XVI que em torno das suas proprie-dades curativas se organizaram umas termas, como acontece com muitas outras águas aqui referidas. Pormenorizar seria fastidio-so. Menos enfadonho será recordar como o consumo de águas, em envolvimento ter-mal, recomeçou a ganhar freguesia.

A San Pellegrini. Decerto alguns leitores exultarão em confirmar que esta é uma ex-celente água para consumir depois de uma noite de excesso alcoólico ou durante uma refeição violenta às digestões. Isto deve-se ao seu alto teor de sulfatos, uns expressi-vos 549 mg por litro (por exemplo: Badoit 40; Highland Spring 6; San Benedetto 5; Gerolsteiner 36). Para além desta conside-ração prática, não encontro nesta elegante água defeitos que impeçam o seu consumo a qualquer hora. A sua ubiquidade, aparen-temente não cumprida em Itália, tornou-a, contudo, pouco exclusiva.

A água San Benedetto, muito apreciada pela aristocracia veneziana desde o século IX ao período de oitocentos, originária dos Dolomitas, tem uma mineralização baixa, para quem assim a preferir, mas chega-nos, infelizmente, numa garrafa de plástico.

Existem outras. A Vox, enfiada num continente overdesigned encontra-se nalguns restaurantes. A Acqua Panna impressiona pela história, pela garrafa e pela sua timidez. A Fiji (das Ilhas Fiji), provém de uma fonte limpíssima, tem um elevado teor de sílica e é muito fácil de encontrar. Até há bem pou-co tempo a Speyside também se encontrava com facilidade, e seria difícil de disfarçar o conforto que a sua ligação à Glenlivet pro-voca, o seu singelo cardo, emblema herál-dico nacional escocês, garante de pureza e ventos sanus.

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15 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 3.12.2013

Manuel de alMeida

Inclemência do TempoSim. Talvez!Porque Não?

Deambulações Nostálgicas. Crueldade.Vazio Existencial. Confusas. Perdidas.Medo. Insónias. Ansiedade. Angústias.

U M dia quente, húmido, abafado e cinzento, um cinzento escuro – dias que enervam e deprimem.

Apesar de antiga que se tor-nou velha, Macau felizmente continua viva. Simpática, atraente, dinâmica e sobretudo jovial, mas que apresenta já um corpo in-substancial, amorfo, cansado, abatido e pe-saroso. Nos últimos anos sente já uma certa fadiga ocular, lacrimação, o que a leva à per-da inexorável da visão. As contas – dever & haver – os dinheiros. Insónias e perdas de humor, vertigem e náuseas, dores gástricas e cólicas intestinais, tensão generalizada e frequentes mudanças de humor – rápidas e inexplicáveis – as verdadeiras dores da velhice. Fadiga. Melancolia. Tristeza. Eis o diagnóstico precoce, não uma avaliação clí-nica completa e metódica.

Não há reflexão, discussão e sobretudo acção em problemas concretos como a diver-sificação económica, património e ambiente. Fico para aqui a mesquinhar sozinha...

Tem horror de viver uma vida inobserva-da – Há uma grande insensibilidade !

Não acho relevante revelar a idade. Os anos que cada um tem, muitos ou poucos, podem ser um estigma no modo como me olham. A idade não me consegue roubar a percepção exacta da vida. Sendo a que “a vida é uma criança que é preciso embalar até que adormeça”, nas palavras de Voltaire ( filósofo francês 1694 – 1778). FIGURA EMBLEMÁTICA,CARISMÁTICA, PODEROSAEducada na velha linhagem de uma certa aristocracia endinheirada, espartana, con-servadora, tirana, de modos gentis, com uma certa dose de rebeldia, muitos apon-tam-lhe o facto, a uma ausência forçada do Pai na educação. O seu relacionamento com a Mãe, nem sempre foi o mais cordial. Intri-gas, dissabores, zangas, levaram ao corte de relações. Só mais tarde recuperadas. Hoje mantém um relacionamento de aproximida-de. Doce, meigo, suave, de união, por vezes dando a entender um certo tipo de subservi-ência. O até agora impensável – ao olhar de muitos -, tornou-se realidade. Os passeios íntimos de braço dado, nos fins de tarde de estio, pelos jardins ou os murmúrios e as confidências, na opulência dos salões.

Um físico sólido, belo. Alto e esguio, testa altiva, lábios pálidos, olhos velhos e cansados cercados de pálpebras enrugadas, pele acetinada, já um pouco endurecida, ca-

MACAU ENVELHECE DEPRESSA

belos finos grisalhos a lembrar fios soltos de seda, e voz vigorosa, ousada e impositiva, em momentos de fúria, a contrastar com um tom de voz mais suave e conciliatório, em períodos de paz. São ainda memórias já só de alguns, poucos – mas a memória faz so-breviver, sobretudo a identidade e a cultura, afinal de contas o elo principal da identifica-ção da comunidade.

Figura emblemática, carismática, pode-rosa – a “Pérola do Oriente” .

Se há livro que falta publicar em Macau, é uma gramática da identidade

Os dias são de sucessão contínua, uns atrás dos outros, sucessivamente, sem grandes sobressaltos – inexplicavelmente -, são passa-dos a caminhar, pensar, escrever, a contrastar com a atmosfera de absurdo e dissimulação. Mas temos de saber resistir, resistir sim, com coragem, porque vivemos num espaço re-duzido – físico, mental e económico – , daí resulta o mudar tudo sem mexer nada. Falta saber encontrar espaço para a diversidade. Existe temos de o saber criar e desenvolver.

A ilusão morreu há muito e, isso é tris-

te. A maneira como se faz e os padrões que se usam na sua construção, deixam dúvidas quanto ao ideal de futuro – até porque a bus-ca incessante pela premissa mais desejada - , a felicidade desapareceu no actual contex-to em que vivemos. Marguerite Yourcenar (1903 – 1987) - pseudónimo literário de Marguerite Cleenewerck Crayencour -, es-creveu “ a felicidade é uma obra-prima; o menor erro falsei-a, a menor hesitação altera-a, a menor falta de delicadeza desfeia-a, a menor palermice embrutece-a”, tornamo-nos simples objectos, matéria iner-te, fútil, insignificante. Somos manipulados sob falsos pretextos. Não existem soluções para o nosso futuro colectivo (???).

A velhice é uma experiência de contínua e ininterrupta perda de poderes – desistir (?).

O adeus. A morte, a dignidade da partida. O

despedir-se do mundo. O ficar sozinha, o abandono – o meditar – o desafiar e conver-sar. De uma coisa estou certa, não me vou torturar.

“A morte é uma quimera porque enquanto eu existo, não existe a morte, e quando existe a morte,

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já não existo eu”, são palavras de Epicuro (341 a.C. – 270 a.C.), que eu costumo utilizar. As doenças sim preocupam, nesta fase de semi- abandono, o estar aqui, o olhar de-senfreado de muitos, não há uma poética com luz, cor e alma, é afinal o desbaratar da condição humana – é o desajustar, de-salegrar, desalentar, desalterar, desaforar, desagradar, desajuizar... da força motriz, o estilhaçar da “arraia miúda”, sem dor nem piedade.

Até porque convém lembrar as palavras – há palavras que nunca se deviam esquecer, de Philip Roth, em «Animal Moribundo», nunca será demais – “a doença não é um combate, é um massacre”.

“A Sociedade está distraída do essencial (...)O futuro deve ser uma coisa horrorosa e vazia”

Marguerite Duras (1914 – 1996) Homenagear Não – não gosto de homena-gens -, recordar o «Movimento Inacabado» de António Tabucchi (1943 – 2012) ; “O Tempo Envelhece Depressa”, fragmento pré-socrático atribuído a Crítias (filósofo ateniense 460 a.C – 403 a.C.)

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16 DESPORTO hoje macau terça-feira 3.12.2013

MARCO [email protected]

D EPOIS de ter concluído a última edição da Liga de Elite na segunda posição da tabela classificativa,

a Casa do Sport Lisboa e Benfica de Macau está apostada em elevar a fasquia. As águias do território, que na semana passada apresentaram o português Paulo Bento como novo treinador da equipa, reforçaram a frente de ataque com dois dos mais prolíficos avançados do território. Niki Torrão e William vão alinhar de encarnado na próxima tempora-da, depois de se terem notabilizado com a camisola do Windsor Arch Ka I. A informação foi colocada a correr na rede social Facebook e confirmada ao Hoje Macau por fonte ligada ao Benfica de Macau.

Formado nas escolas do Es-trela da Amadora, Niki Torrão foi ao longo das três últimas tempo-radas uma das figuras de proa do Windsor Arch Ka I. O avançado, que há muito era cobiçado pela formação presidida por Leonel

O mandatário da FIFA tem

tentado fazer as pazes com o astro do Real Madrid depois de criar polémica ao di-zer que prefere Messi e chamar Cristiano de ‘co-mandante’.

Ao tentar ame-nizar as hostilidades criadas pelos seus comentários iró-nicos a respeito de Cristiano Ronaldo, Joseph Blatter encontrou-se com o presiden-te do Sindicato dos Jogadores de Portugal, Joaquim Evan-gelista, neste sábado, e posou para fotos ao lado de uma camisa com a foto do astro do Real Madrid, que ganhou de presente.

No mês passado, o pre-sidente da FIFA apareceu

FUTEBOL ÁGUIAS APRESENTAM MAIS VALIAS PARA A FRENTE DE ATAQUE

Torrão e William reforçam Benfica

Corrida dos Campeões em Banguecoque foi cancelada Após polémica, Blatter posa com camisola de CR7

sentou o Grupo Desportivo Lam Pak na última época, prepara-se para representar o seu quarto clube em Macau, depois de ter envergado as cores do Monte Carlo em 2010, na época de estreia nas lides do desporto-rei da RAEM.

Com a saída de Niki Torrão, o Windsor Arch Ka I perde uma das suas principais referências. Orientada agora pelo veterano Chan Man Kin, a formação ros-sonera, que terminou a edição de 2013 da Liga de Elite na terceira posição depois de ter ganho a prova por três épocas seguidas, deverá continuar no entanto a contar com Alison Brito para a frente de ataque. O avançado cabo-verdiano continua a treinar com a equipa e em princípio será uma das opções ofensivas do emblema patrocinado pelo empresário William Kuan.

O Ka I anunciou em meados de Novembro que Chan Man Kin seria o novo treinador da equipa, depois de Josecler Filho ter con-sumado a ruptura com o clube que orientou durante duas temporadas. O técnico brasileiro não ficou, no entanto, afastado dos relvados durante muito tempo. O triunfo no Campeonato de Futebol de Sete da Primeira Divisão ao serviço do Windsor Arch Ka I impressionou os responsáveis pelo Chau Pak Kei, que solicitaram os serviços do treinador para a nova temporada.

Alves, sagrou-se na última tem-porada o melhor marcador da principal prova do desporto-rei do território, ao apontar um total de 23 golos.

Torrão não será, no entanto, a única referência de peso do ataque encarnado na próxima temporada. O Benfica, que mantém no plantel Iuri Capelo e Fabrício, vai contar

ainda com o contributo de William, dianteiro que apontou 37 golos com a camisola do Ka I na segunda época que cumpriu no futebol do território. O avançado brasileiro, que repre-

A Corrida dos Cam-peões, evento que

deveria juntar em Ban-guecoque a 14 e 15 de De-zembro pilotos como os alemães Sebastian Vettel e Michael Schumacher ou o francês Sebastien Ogier, foi cancelada devido à instabilidade política na Tailândia.

A decisão foi tomada pela Autoridade Despor-tiva da Tailândia, anun-ciaram hoje em comu-nicado os organizadores do evento, acrescentando que estão “a estudar” as possibilidades de mudar a corrida para outra data.

Este seria o segundo ano da Corrida dos Cam-peões em Banguecoque. O evento junta pilotos famo-sos de várias categorias do automobilismo para

um conjunto de corridas (em pista paralela) em que todos usam o mesmo tipo de carro.

O alemão Sebastian Vettel, recentemente con-

num vídeo onde dizia que prefere Messi ao português. Segundo ele, um dos dois ‘gasta tempo demais no cabeleireiro’. O vídeo gerou polémica tal que se exigiu até mesmo uma retratação da parte do suíço. Cristiano Ro-naldo respondeu via Twitter e deixou claro que a entidade máxima do futebol não conta com a sua simpatia.

De lá para cá, Blatter tem se dedicado a tentar resta-

belecer a paz entre as partes. O medo no momento é que CR7 decida boico-tar a cerimónia de entrega da Bola de Ouro, em Janeiro, mesmo sendo o favorito para levar o troféu este ano, à frente de Lionel Messi e até mes-

mo de Franck Ribéry, que despontava na preferência depois de uma temporada espectacular com o Bayern de Munique. “Acredito num clima de desanuviamento e que de futuro a FIFA e o seu presidente não deixarão de pautar a sua conduta com total respeito em relação àquele que considero ser o melhor futebolista da actua-lidade,” disse Evangelista ao jornal português O Jogo.

sagrado tetracampeão do Mundo de Fórmula 1, Michael Schumacher, sete vezes campeão do Mundo de Fórmula 1, Sebastian Ogier, campeão do Mundo de ralis, e o di-namarquês Tom Kristen-sen, recordista de vitórias (9) nas 24 Horas de Le Mans, estavam entre os pilotos participantes na Corrida dos Campeões.

O clima político na Tailândia agravou-se nos últimos dois dias, com manifestações de rua contra o governo local e confrontos com a polícia. Os manifestantes ergue-ram barricadas em fren-te a edifícios públicos, reclamando a demissão da primeira-ministra tai-landesa, Yingluck Shina-watra.

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C I N E M ACineteatro

hoje macau terça-feira 3.12.2013 FUTILIDADES 17

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 14 MAX 22 HUM 45-75% • EURO 10.8 BAHT 0.2 YUAN 1.3

SALA 1THE HUNGER GAMES: CATCHING FIRE [C]Um filme de: Francis LawrenceCom: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hamsworth14.30, 19.15, 21.45

SALA 2 SPACE PIRATE: CAPTAIN HARLOCK [B](FALADO EM JAPONÊSLEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)16.45

INSIDIOUS CHAPTER 2 [C]Um filme de: Kees van OostrumCom: Patrick Wilson, Rose Byrne, Barbara Hershey, Lin Shaye14.30, 21.30

THE HUNGER GAMES: CATCHING FIRE [C]Um filme de: Francis LawrenceCom: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hamsworth16.30

SPACE PIRATE: CAPTAIN HARLOCK 3D [B](FALADO EM JAPONÊSLEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)19.30

SALA 3DELIVERY MAN [C]Um filme de: Ken ScottCom: Vince Vaughn, Cobie Smulders14.10, 16.00, 19.50, 21.45

SPACE PIRATE: CAPTAIN HARLOCK [B](FALADO EM JAPONÊSLEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)17.50

Pu YiPOR MIM FALO

Conflito entre os chineses

Clube de futebol belga contrata miúdo de 20 meses• A ânsia de garantir, o mais cedo possível, os melhores jogadores de futebol está a atingir limites inimagináveis. Agora, ficou a saber-se que um clube belga, o FC Racing Boxberg, contratou um rapaz de apenas 20 meses de idade, nascido em Genk. Bryce Brites é o protagonista desta história. É ele o alvo da cobiça deste clube belga especialmente dedicado à formação de atletas. A decisão de avançar para a contratação do “jogador” foi tomada após os técnicos do FC Racing Boxberg terem visto Brites driblar uma série de cones, num exercício típico dos treinos de futebol.

Piloto morre em homenagem a piloto morto• O caso ocorreu em Itália, numa corrida que servia de homenagem ao malogrado Marco Simoncelli, e volta a ensombrar o desporto motorizado. O motociclista italiano Doriano Romboni morreu neste sábado na sequência de um acidente no Sic Supermoto Day, uma corrida de homenagem ao malogrado piloto italiano Marco Simoncelli. Testemunhos indicam que Romboni foi atropelado por outro piloto depois de cair na segunda sessão de treinos da corrida de home-nagem a “Sic”, antes de ser imediatamente transportado de helicóptero para os cuidados intensivos do hospital Santa Maria Goretti, na localidade italiana de Latina.

ASCENDÊNCIA PORTUGUESA FICA-LHE TÃO BEM

A modelo e actriz indiana Freida Pinto saltou para a ribalta depois da sua estreia como Latika no filme “Quem Quer Ser Um Milionário?”. Actual-mente com 29 anos, Freida já assumiu por diversas vezes a sua costela portuguesa e fê-lo com orgulho apesar de se considerar “indiana pura”. Para nós, é um orgulho vê-la nestas páginas e saber que, no passado, os portugueses fizeram bem o seu trabalho de casa...

Os portugueses são divididos em várias partes, se calhar os do norte e do sul de Portugal comportam-se e pronunciam as palavras de maneira diferente. Até aqui tudo bem. Contudo, na China as pessoas são mais diversas, até porque o país é muito maior e cada província tem a sua especificidade.Aqui em Macau, os chineses são divididos em duas partes: uma é oriunda do continente e a outra é um misto de gente de Hong Kong e Macau. Ou seja, uma fala mandarim e outra fala cantonês. Se calhar os meus amigos portugueses que dominam o conhecimento sobre a cultura chinesa vão começar a discutir comigo, dizendo que em toda a província de Guangdong também se fala cantonês, mas, acreditem, todos preferem falar mandarim em primeiro lugar.Mas o que eu queria falar aqui, nesta minha coluna, são os conflitos entre estas duas partes chinesas. O sistema de “um país, dois sistemas” não é o que parece. Durante as manifestações em Hong Kong durante o Dia Nacional cada vez mais surgem conflitos entre chineses do continente e das RAE.Em Macau, é notório o desconforto pelos 28 milhões de turistas que todos os anos chegam ao território, na sua maioria chineses do continente. Facilmente se ouvem queixas do tipo: “A San Ma Lo está um caos” ou “Macau antigamente era tão tranquila” ou “Vêm para aqui sujar isto tudo”.A última “nódoa negra” nesse relacionamento aconteceu este domingo quando um turista chinês alcoolizado, que por acaso estava ilegal em Macau, matou à pancada um comerciante local, só porque sim.Hong Kong e Macau são cidade chinesas mas são diferentes de todas as outras que proliferam no país. São lugares com outra cultura, outro tipo de história e influência. Posso estar enganado, mas os conflitos entre os chineses vão causar mais problemas no futuro. É tudo uma questão de tempo e de... mentalidade.

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18 OPINIÃO hoje macau terça-feira 3.12.2013

Vitório rosário Cardoso*

A força dos Macaenses no mundo fez-se realçar em mais um Encontro onde se ostentaram com orgulho os Estandartes das Casas de Macau à volta do globo, nelas embutidas as Cinco Quinas e a Cruz de Cristo, com toda a armilar portu-galidade no seu esplendor.

Esta resiliente, estratégica e maquista Comunidade é por si o natural exemplo do abraço universalista português, onde o mundo todo abarca e nada aperta, sempre leal à matriz identitária lusitana em busca de novos portos. Nas contas celestes é à Nossa Senhora das Comunidades Macaenses que se tem devoção, nesta mesma data de Dezembro que nas contas terrenas simbolizam a sagrada Independência e Liberdade de Portugal.

Desta orgulhosa Comunidade de Filhos da Terra onde não se fala mal de Portugal e onde Macau é a sua Mátria, vemos nela realizada os mais nobres sonhos trazidos pelos primeiros navegadores portugueses há 500 idos anos, Ela enraizou-se em Macau, ligou-se ao Império do Meio e fez da Ásia--marítima o seu habitat natural, conquistando a partir daí o mundo.

A coragem dos Macaenses levou a que Dom João IV designasse de “Não há outra mais leal” não só por se terem batido sem-pre por Portugal e num momento de crise nacional o Macaense, Filho de Afonso de Albuquerque, tornara-se no guardião e arauto da portugalidade e o seu exemplo na história pátria simbolizara a esperança de Portugal, livre e independente.

Dos paralelismos históricos das crises portuguesas, o embaixador Alberto Franco Nogueira recordara em “As Crises e os Homens” que “há que fazer uma distinção profunda: de um lado, o escol intelectual, político e mental; do outro, a massa do povo. Desde sempre as elites portuguesas, em momento de grave crise nacional ou internacional, se mostram filiadas em ideo-logias estrangeiras. Em 1380, em 1580, em 1800, em 1914, em 1939, o escol português dividiu-se entre si, mas contra os interesses nacionais: em cada época, consoante as circunstâncias, julga que os interesses ou direitos de Portugal são melhor defendidos e protegidos se for adoptada uma política, e uma ideologia, e um princípio alheios. (...) Para o escol português, em cada grave situação histórica, estamos sempre peran-te um mundo novo, ou em face de uma civilização em marcha, de um mundo em gestação, de uma tecnologia como nunca houve, de dimensões humanas que nunca

A coragem dos Macaenses levou a que Dom João IV designasse de “Não há outra mais leal” não só por se terem batido sempre por Portugal e num momento de crise nacional o Macaense, Filho de Afonso de Albuquerque, tornara-se no guardião e arauto da portugalidade e o seu exemplo na história pátria simbolizara a esperança de Portugal, livre e independente

“Macau, Restauradores, Camarate– A resiliência dos filhos de Albuquerque”

se verificaram, de conjunturas inéditas que serão definitivas. Para o escol português, o mundo começa com ele; e por isso tudo lhe parece novo, sem precedentes, nem ra-ízes, nem ligações com o passado; mas não conclui, como seria lógico, que se o mundo começou com ele, também com ele acabará, a menos que esse escol se creia formado por super-homens que nunca existiram. Por outro lado, e dado o carácter impressionável e a servidão mental com que se seguem ideias alheias, entediamo-nos perante quaisquer críticas ou campanhas que promovam contra nós: dir-se-ia que causa mais satisfação evitar uma crítica do que defender um direito ou interesses nossos: e que para conseguir uma boa imagem de Portugal importa mais obede-cer às injunções das forças internacionais do que manter a firmeza dos nossos objectivos. Por isso, entre o escol, é muito frequente o pavor do isolamento internacional: a todo o custo pretende-se quebrar esse isolamen-to: e o que ocorre fazer é anuir, transigir, ceder aos desejos alheios. Não se repara, aparentemente, que o isolamento resulta de um choque frontal de interesses: estamos isolados sempre que as grandes forças da comunidade internacional se conjugam para pisar os nossos direitos e conquistar as nossas posições. (...) Mas se o escol é impressio-nável, volúvel, preocupado com as críticas alheias, submisso às ideias estranhas como se não possuísse capacidade de autonomia mental, e destituído de uma visão histórica da comunidade nacional, o povo por seu lado reflecte a consciência da nação e dos seus interesses nacionais permanentes. Por isso as políticas de governo, neste aspecto, nunca foram populares; nunca foi popular o iberismo, nem a política da aliança inglesa, nem qualquer orientação internacionalista: e o povo acata as orientações que lhe são propostas apenas na medida em que se sinta corresponderem aos objectivos gerais. Essa consciência nacional, depositária dos valores supremos do país, tem assegurado a sua sobrevivência”.

É em momentos de excepcional dificul-dade e de extraordinária crise que grandes líderes surgem em resgate de uma Pátria quase perdida, por isso, devemos sempre evocar os grandes da nossa história comu-nitária de quase 900 anos e em especial aqueles que tombaram no campo da honra ao Serviço de Portugal para servir de exemplo da capacidade de superação das dificuldades.

Na madrugada do dia 4 de Dezembro de 1980 um atentado vitimizara o Primeiro-Mi-nistro de Portugal, Francisco Sá Carneiro, e o Ministro de Estado e da Defesa Nacional, Adelino Amaro da Costa, respectivamente líderes do Partido Social Democrata (PPD/PSD) e do Centro Democrático Social

(CDS), que preconizara então a coligação go-vernamental da Aliança Democrática (AD).

Ao revisitarmos a visão política, acerta-da, que a AD tinha para Macau, não deixa de ser uma singela homenagem que se presta a estes dois vultos pátrios que vêm hoje a inspirar a acção governativa do ac-tual executivo de Portugal, liderados pelo Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho e pelo Vice-Primeiro-Ministro, Paulo Portas. Macau e a China foram, são e serão sempre uma prioridade para Portugal.

“A dignidade do Estado português, na ordem interna e na ordem externa, impõe também que o Governo seja sensível ao património cultural de um povo espalhado pelo Mundo e com mais de oito séculos de História. A forma de comemoração, em 1980, do IV Centenário da Morte de Luís de Camões será símbolo dessa sensibilidade.

Quanto ao território de Macau, sob Ad-ministração Portuguesa, o Governo e a sua maioria parlamentar estão abertos a conceder o apoio necessário à promoção do seu pro-gresso cultural e material, à preservação das seculares relações de boa vizinhança entre os povos de Macau e da República Popular da China, e à discussão de novo Estatuto Orgânico do território, num clima de con-sulta sobre todas as providências que tenham incidência nos interesses e aspirações da população local e no respeito dos preceitos constitucionais pertinentes.” – Discurso de Francisco Sá Carneiro proferido em 11 de Janeiro de 1980 no Palácio de São Bento perante a Assembleia da República, para apresentação do Programa do 6.º Governo Constitucional.

“A reafirmação inequívoca do estatuto político de Macau, constitucionalmente definido, a promoção do seu progresso e a clara intenção de preservar e desenvolver a secular política de boa vizinhança entre os povos de Portugal e da República Popular da China, são os princípios básicos do Programa da Aliança Democrática.

Nesta ordem de ideias, a Aliança De-mocrática procurará, em conjunto com a Assembleia Legislativa de Macau, as so-luções que melhor sirvam a população de Macau e que melhor se coadunem com a sua realidade histórica e cultural, e com o seu enquadramento geopolítico actual.

A Aliança Democrática manterá a auto-nomia administrativa de Macau e reforçará as suas ligações políticas, económicas e culturais com Portugal.

Além disso, incentivara os estatutos e tra-balhos preparatórios do Estatuto Orgânico; apoiará a sua administração, nomeadamente nos sectores da educação, saúde, energia, obras públicas e transportes e comunicações; e procurará proteger os interesses económi-cos e comerciais do território.

Será reposto o círculo eleitoral de Macau para efeitos de eleições legislativas. E o Governo compromete-se a consultar previa-mente Macau sobre todas as providências que tenham incidência nos interesses e aspirações da população local.” – Programa Eleitoral de Governo AD.

*Membro da Associação deJovens Auditores para a Segurança,Defesa e Cidadania de Portugal (DECIDE Portugal)

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19 opinião

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edi tor ia lCARLOS MORAIS JOSÉ

hoje macau terça-feira 3.12.2013

cartoon por Stephff

E STANDO decidida a questão do Chefe do Executivo, des-tinados que estão mais cinco anos a Chui Sai On, resta saber como serão operadas as mudanças no Executivo. Aparentemente, só Cheong U terá condições para continuar. Tanto Florinda Chan, como Cheong Kuok Vá e Francis

Tam, terão por certo a provavelmente muito desejada porta de saída. Quinze anos de go-verno é, convenhamos, muito tempo. Lau Si Io é, neste elenco, um estranho numa terra estranha. Nem ele devia lá estar, nem nin-guém acredita que ele lá esteja. Se Ao Man Long negociava, Lau chuta para cima. E faz muito bem: ainda recentemente, numa acção sem precedentes, apressou-se a dizer que a responsabilidade dos contratos era do Chefe e só do Chefe e que ele nada tinha realmente a ver com aquele ou qualquer outro filme. Se alguém esperava outro bode expiatório, claramente enganou-se porque Lau mostra, com todos os ademanes e letras, que essa não será a sua vocação.

Não se trata, pois, como poderia parecer à primeira vista, de uma “declaração de guerra” do Secretário ao Chefe do Executivo mas simplesmente de um “não vou por aí” atempado e de alguém que colocou a sua pele no seguro quando aceitou o cargo que a outro valeu 28 anos de prisão.

Claro que os “idiotas úteis”clamam todos os dias pela sua cabeça. Mas o Secretário já fez questão de dizer que não toma decisões e que não foi para isso que o colocaram ali. Deviam pois as reclamações quanto à habita-ção e ao trânsito serem dirigidas a Chui Sai On pois Lau nem com os taxistas quer lidar, quanto mais com os empreiteiros, especu-ladores, importadores de automóveis, etc..

Lau Si Io está sem estar, a fazer um favor não se sabe bem a quem nem porquê. Lau é, bem vistas as coisas, a imagem de um Governo que não faz porque entendeu, num determinado momento do seu não--sentido, que o seu dever é precisamente intervir o menos possível na sociedade que é suposto dirigir.

Na verdade, esta é dirigida por outras forças. Saberão do que estou a falar e, se não sabem, ainda bem para vós, queridos leitores. Ignorância é mesmo, neste caso sobretudo, felicidade. O Governo administra e faz as vontades aos que realmente man-dam, distribuindo depois umas migalhas do gigantesco bolo pela população.

Um governante como Lau faz muito bem em esclarecer que as decisões não são tomadas por ele, que é o Chefe e só o Chefe quem deve ser responsabilizado por elas. E isto será verdade no caso do metro ligeiro,

O que provavelmente vai acontecer é que os Secretários serão substituídos por pessoas que terão o actual comportamento de Lau Si Io, ou seja, que farão o menos possível, se comprometerão o menos possível e se limitarão a gerir, com o menor número de danos possíveis, as suas respectivas áreas. Ou seja, teremos um governo de Lau Si Ios

Um governo de Lau Si Ios

das rendas exorbitantes, como será verdade no caos do trânsito e na poluição que nos oprime: o dedo terá que ser apontado a quem é realmente responsável.

E, no entanto, se alguém sai incólume de todas as danças e contradanças que se desenrolam por esta terra é precisamente Chui Sai On. Até o “democrata” Ng Kuok Cheong foi “seduzido”e saiu de uma reunião a dizer que apoiaria Chui para um novo mandato. Chan Meng Kam, agora também conhecido como “campeão do povo”, é um indefectível do actual Chefe. Coutinho, Kwan, Leonel Alves, enfim, todos e mais algum, não hesi-

tarão, tenho a certeza, em dar o seu sinal de aprovação a Chui quando o momento soar.

O problema, diz-se, continua a residir nos sucessores dos actuais Secretários. Fala-se de corridas para os cargos, de posicionamentos estratégicos, etc.. Pois a mim tudo isto me parece muita especulação e fantasias, já para não falar de wishful thinking. O que prova-velmente vai acontecer é que os Secretários serão substituídos por pessoas que terão o actual comportamento de Lau Si Io, ou seja, que farão o menos possível, se comprome-terão o menos possível e se limitarão a gerir, com o menor número de danos possíveis, as

suas respectivas áreas. Ou seja, teremos um governo de Lau Si Ios. De resto, continuarão a mandar os mesmos, continuarão os mesmos a desviar dinheiro do erário público para as contas das suas associações e o regabofe con-tinuará, com prejuízo evidente da população.

Mas isso pouco interessa. Pequim resol-veu ter uma atitude de um tal afastamento que já surgiu, em certos círculos, a dúvida se os seus representantes locais não se terão deixado contagiar por algum mal local, al-guma das doenças que se apanham em sítios onde circula demasiado dinheiro.

Aos residentes de Macau resta usufruir do muito de bom que esta terra nos vai dando e deixando o marfim rolar, apesar de vermos como, para que lado e de que forma ele rola e isso, por vezes, nos dar a volta ao estômago. Com um governo de gente que não decide, comandado por um Chefe sem um plano, sem uma visão para o futuro, outros diriam que vivemos no melhor dos mundos. Na RAEM, Pangloss, personagem querida de Voltaire, encontra definitivamente terreno para a sua plena e total realização.

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hoje macau terça-feira 3.12.2013

O embaixador de Por-tugal na China e os cônsules-gerais em

Xangai e Macau vão reunir-se esta semana em Pequim, pela primeira vez, para “melhorar a coordenação no domínio da diplomacia económica”. “O objectivo é identificar os pontos fortes em que deve-mos focar a nossa acção. Não vamos, para já, quantificar ob-jectivos”, disse hoje à agência Lusa o embaixador português, Jorge Torres-Pereira.

Será a primeira reunião do género e decorrerá na quarta e quinta-feira na Embaixada portuguesa em Pequim com a presença do chefe da missão, Jorge Torres-Pereira, e dos cônsules-gerais de Portugal em Xangai e Macau, João Pedro Fins do Lago e Vítor Sereno, respectivamente.

Aqueles três diplomatas foram colocados na China este ano, numa altura em que a liderança chinesa está empenhada em “aprofundar

EMBAIXADOR E CÔNSULES-GERAIS DE PORTUGAL NA CHINA REÚNEM-SE

Coordenar diplomacia económicaAutocarros Resultado da análise do relatório do CCAC O Governo analisou e concluiu: “A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), quando promoveu o novo modelo de serviço de autocarros, não terá escolhido o regime jurídico adequado”. Em comunicado publicado ontem, à noite, pelo GCS, o Governo refere que a DSAT “aplicou o regime jurídico de prestação de serviços de acordo com as disposições do Decreto-Lei n.º 122/84/M e do Decreto-Lei n.º 63/85/M, e não, ao contrário do que resulta do Decreto-Lei n.º 64/84/M e do Decreto-Lei n.º 50/88/M, o regime jurídico de concessão de serviços públicos previsto na Lei n.º 3/90/M, deste modo afectando a validade dos contratos de serviço público de transportes colectivos rodoviários de passageiros assinados com as três empresas de autocarros”. O projecto de análise irá corrigir os problemas técnico-jurídicos existentes nos actuais contratos do serviço público de transportes colectivos rodoviários de passageiros e aperfeiçoar o novo modelo de serviços de autocarros. Entretanto, os deputados da Associação Novo Macau (ANM) pediram uma audição com o Governo para discutir sobre o serviço de autocarros no dia 21 de Novembro. A ideia é convidar o Executivo a justificar perante a Assembleia Legislativa (AL) as “alegadas ilegalidades”. Ontem, Au Kam San disse ao HM que não tem confiança para a aprovação da audição porque outros dois deputados, José Pereira Coutinho e Leong Veng Chai, avançaram com uma proposta de debate na semana passada. “O Governo prefere o debate à audição por isso acho que vai ser escolhida a primeira possibilidade.” Por outro lado, o deputado Leong Veng Chai disse ao HM que ainda não há nenhuma resposta dada pela AL ou pelo Governo.

hoje entre os dez maiores mercados de Portugal, numa subida de mais de vinte luga-res em relação a 2000.

Em 2012, as exportações portuguesas para a China cres-ceram 30% em relação ao ano anterior, ultrapassando pela primeira vez os 1.000 milhões de euros.

Pelas contas da Adminis-tração-geral das alfândegas chinesas, no primeiro semes-tre de 2013, as vendas de Portugal para China caíram cerca de 15%, mas, entretanto, recuperaram e se a tendência se mantiver, no final do ano atingirão um valor idêntico ao de 2012.

Entre Janeiro e Outubro, as exportações portuguesas para a China somaram 1.182 milhões de dólares (cerca de 930 milhões de patacas), apenas menos 2,64 do que em igual período do ano passado. “São boas notícias”, comen-tou o embaixador português em Pequim. - Lusa

as reformas económicas” e “mudar o padrão de desen-volvimento”.

Na reunião participarão também os três delegados da AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Ex-

terno de Portugal): Alexandra Ferreira Leite (Pequim), Filipe Santos Costa (Xangai) e Maria João Bonifácio (Macau).

Segunda maior economia mundial, logo a seguir aos Estados Unidos, a China está