HISTÓRIA DA INFÂNCIA: REFLEXÕES ACERCA DAS QUESTÕES ... · originalmente no livro a história...

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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” HISTÓRIA DA INFÂNCIA: REFLEXÕES ACERCA DAS QUESTÕES DISCIPLINARES CONTEMPORANEAS GLENDA DOMINGOS DA COSTA XAVIER ORIENTADORA SIMONE FERREIRA Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

HISTÓRIA DA INFÂNCIA: REFLEXÕES ACERCA DAS QUESTÕES DISCIPLINARES CONTEMPORANEAS

GLENDA DOMINGOS DA COSTA XAVIER

ORIENTADORA

SIMONE FERREIRA

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

HISTÓRIA DA INFÂNCIA: REFLEXÕES ACERCA DAS QUESTÕES DISCIPLINARES CONTEMPORÂNEAS

Rio de Janeiro

2012

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia. Por: Glenda Domingos da Costa

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AGRADECIMENTOS

A Deus, o que seria de mim sem a fé que eu

tenho nele. Ao meu marido e filho que, com muito

carinho e apoio, não mediram esforços para que eu

chegasse até esta etapa de minha vida.

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DEDICATÓRIA

Dedico a Deus e minha família que me

auxiliaram nesta jornada com paciência e compreensão.

Aos meus professores que destilaram conhecimento com

propriedade ao ponto de nortear meus conhecimento. A

minha orientadora que esteja sempre pronta a dirimir

dúvidas e compreender minhas deficiências.

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RESUMO

Este trabalho traz uma reflexão história sobre a questão indisciplinar idade infantil. A priori informa sobre a noção da invenção a infância remontado um percurso histórico da questão infantil na escola e na família, posicionando situando a infância em cada contexto histórico e político. Destaca ainda alguns aspectos da moralidade infantil que isso afeta as instituições escola e família, enfocando de maneira sucinta a relação da família e da escola e como é importante esta parceria no desenvolvimento do aprendente. Ainda neste norteia sobre as questões da tecnologia como uma arma pedagógica eficaz para otimizar as aulas. Ao final, apresenta algumas considerações sobre a indisciplina e o papel do professor em sala e como esse relacionamento deve se estabelecer para o controle dos alunos incivilizados. Norteia ainda a possibilidade de o docente qualificar-se afim de ter uma experiência mais profunda em relação a conduta dos alunos.

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METODOLOGIA

A metolodologia utilizada foi bibliográfica pautando a pesquisas

originalmente no livro a história Social da Criança e da família, o qual

alicerçou grande parte do trabalho.

O mesmo ainda estabeleceu um percurso histórico das políticas

educacionais em relação a criança baseado no livro “ A arte de governar

crianças”, o comentário explanado deste direciona timidamente o leitor para

uma visão mais política sobre o assunto.

Para exemplificar a relação dos pais com filhos e suas atitudes como

principais responsáveis pela educação, foram pesquisados textos de Augusto

Cury e Içami Tiba, ambos abordam de forma distinta, porém com o mesmo

contexto a relação de poder entre pais e filhos e também questões

disciplinares.

O presente trabalho também recorreu a utilização de artigos e

entrevistas da Web de La Tayle e Aquino Groupa, estes foram pertinentes,

visto que , ambos tratavam do tema indisciplina, também tratado neste

trabalho,tornaram-se relevantes para legitimar as questões abordadas.

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SUMÁRIO

IINTRODUÇÃO ........................................................................................08

1 HISTÓRIA DA INFANCIA-REFLEXÕES CORRENTES.........................10

2 CRIANÇAS DO SÈCULO XXI E SUAS RELAÇÕES ESCOLA

E FAMILIA..............................................................................................18

2 INDISCIPLINA E MORALIDADE DA CRIANÇA.....................................27

CONCLUSÃO..............................................................................................39

BIBLIOGRAFIA...........................................................................................41

WEBGRAFIA...............................................................................................42

ÍNDICE ........................................................................................................43

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INTRODUÇÃO

Na sociedade a questão da infância é extremamente relevante os

governos estabelecem políticas e leis que as beneficiem, maneiras e livros de

como tratá-la, oportunizando assim uma condução apropriada em que a

criança deve se adequar.

Concepções como estas, viabilizam sim o desenvolvimento da criança de

maneira politicamente correta estabelecendo entre pais e escola uma aliança,

mesmo que isso ocorra teoricamente, há um esforço considerável sendo

executado.

Notadamente ignora-se toda história em que a criança foi inserida e como

isso vem afetar o meio sociocultural atual. A parceria família/escola enquanto

instituições responsáveis pelo bem estar da criança, não se beneficiam do fato

de ter um encargo histórico para mudar a atualidade para melhor, juntas

enfatizar uma comunhão plena no que diz respeito a medidas educacionais em

casa e na escola.

A crianças, principalmente, no âmbito do ensino fundamental , são

agentes e ativos socialmente, movem-se dentro da sociedade adulta, sem a

que mesma distinga sua própria cultura, que posteriormente irá ser relevante

em uma sociedade madura.

Desapercebidamente vive-se em uma sociedade de certa forma ditada e

conduzida com interferências do mundo infantil, principalmente quando se

trata de tecnologia, que em muitas casas são exigidas pela própria criança.

O sujeito adulto não apenas nota, como não participa desse processo, ou

seja, inviabiliza um cotidiano infantil em que ele esteja inserido, o mesmo

ocorre na escola quando não se otimiza uma sala de aula para os estudos, ou

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não se tem uma biblioteca , ou até mesmo um momento prazeroso de jogos em

sala de aula.

As crianças antes de serem reconhecidas como realmente infantil, eram

apenas pequenos adultos, ignoradas afetivamente e fisicamente, hoje sendo

destinatário de cuidados específicos das políticas sociais e educacionais,

tornou-se também detentora de direitos.

Classicamente como sujeito de direitos e beneficiária dos mesmos a

sociedade ainda se vê com um modelo disciplinar de educação ideal, em que é

necessário obediência e respeito, e que ambos tem que estar de mãos dadas

com uma punição física ou psicológica.

O presente trabalho é direcionado na realidade sobre as questões em que

a família e a escola muitas vezes se vêem de mãos atadas nas questões

indisciplinares, assunto este dominante e polêmico, visto que a indisciplina

sugere medidas muitas vezes exarcebadas que são contraditoriamente

barradas pelos direitos estabelecidos em benefício das crianças.

Em busca de soluções plausíveis para a imensa problemática da

indisciplina torna-se relevante voltar aos fatos históricos para de forma tímida

entender a mediocridade da educação que hoje é dada as crianças.

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CAPÍTULO 1

HISTÓRIA DA INFÂNCIA REFLEXÕES CORRENTES “ ...A duração da infância era reduzida a seu período mais frágil, enquanto o filhote do homem ainda não conseguia bastar-se; a criança então, mal adquiria algum desembaraço físico, era logo misturada aos adultos, e partilhava de seus trabalhos e jogos.” Philippe Aries

As questões que permeiam a invenção da infância têm como raiz na

idade média, período em que as crianças eram inseridas no mundo adulto sem

a preocupação etária, visto que, não importando a idade, a criança não era

reconhecida. Conseqüentemente, como não se podia distinguir ou definir sua

situação, ela era considerada um mini adulto que participava de atividades e

recintos restritos a adultos.

Ironicamente do que vemos na contemporaneidade as crianças podiam

participar ativamente de atividades adultas sem o menor constrangimento ou

repreensão vinda dos pais. Impossibilitando, obviamente, que a criança vivesse

sua “infância”, o que até então era uma possibilidade remota.

A constituição da família assimila essa situação no seu cotidiano,

incutindo nos seus afazeres habituais a presença das crianças, sem a noção

de segurança ou manutenção à vida, desconhecendo necessidades básicas

inerente a uma criança.

Por questões históricas e hierárquicas, a criança não era prioridade no

lar, por não ser independente economicamente era considerada criança até

mesmo um jovem, por isso tinha-se muitos filhos, e embora fosse lamentável

perder alguns, sempre nasceriam outros.

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Era reconhecido criança o ser que não tinha independência econômica,

ou dependesse dos pais para se sobreviver,originando o adulto independente

da idade aquele que se mantivesse economicamente ativo, desta feita, o

mesmo não era mais considerado crianças.

“Contudo, um sentimento superficial da criança - a que chamei "paparicação" era reservado à criancinha em seus primeiros anos de vida, enquanto ela ainda era uma coisinha engraçadinha. As pessoas se divertiam com a criança pequena como com um animalzinho, um macaquinho Impudico...” Philippe Aries

O tempo “paparicação” era imprescindível para sobrevivência da criança.

Ali ela recebia um certo afeto que certamente não teria posteriormente. Não

podemos traduzir como um sentimento maternal, isto é, como o que vemos

hoje em dia, todo cuidado muitas vezes exacerbado dirigido à criança; o que se

manifestava era uma curiosidade por um ser tão pequenino que rapidamente

se desenvolvia e logo seria colocado de lado.

Na abordagem do autor o(Aries,1975) sentimento de infância pode ser

entendido em dois momentos distintos: primeiro, a partir da idéia de

paparicação em que a criança é vista como um ser lúdico, capaz de gracejos,

engraçadinha; e, um segundo, como se verá, em que a formação moral da

criança deve ser garantida por meio da educação, da saúde e do bem estar

físico. Nesta, a infância passa a ser considerada uma etapa peculiar da vida,

exigindo a efetivação de cuidados específicos capazes de suportar as

necessidades específicas dessa fase da vida.

A história da criança perpassa pelas artes. Antes não eram nem retratas.

Depois no sec.XVI eram retratadas ao lado dos adultos com aspectos físicos

desenvolvidos (ARIES,Philippe.1975). Já nos séculos subseqüentes a mesma

já aparece com semblante, corpo e tamanho de criança, o que se configura

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uma percepção de suas características e, posteriormente, de suas

necessidades; as primeiras impressões do que seria a “invenção da infância”.

Segundo o autor os indícios de infância eram agora mais evidentes.

Contudo, era necessário empreender algumas medidas para educar e

moralizar este ser infantil e, certamente, prezar pela educação era fator

relevante.

A idéia de infância se aplica principalmente ao reconhecimento das

necessidades peculiares de uma criança, e não corresponde ao amor dos pais,

visto que os mesmos entregam as amas sem entender sua real necessidade. O

momento de reconhecimento dessas necessidades coloca a criança em um

patamar de importância que consiste em agora assisti-las em todos os

aspectos inclusive religiosos.

O autor aborda ainda que o sentimento de infância sedimentou-se após

a difusão do colégio no século XIII colégio, proporcionando a criança uma

oportunidade de se desenvolver como tal, evitando o mundo dos adultos.

Dinâmica esta importante, que oportunizou o desenvolvimento intelectual e

moral da criança.

O ambiente escolar com suas características pedagógicas ofereceria a

criança uma maneira inovadora de ver o mundo e seu semelhante, nas quais

eles conviveriam com crianças da sua idade, levando em que a divisão de

classes na época era uma inovação pedagógica

A família ao reconhecer a criança com ser infantil , passa a reconhecer-

se também com o família nuclear, provavelmente apartir do século XIII, que

seria a família conjugal, esta agora não tão extensa como as anteriores.

A economia do século citado fortalecida devido as avanços industriais e

comerciais, favoreceu a unificação da família em torno da criança, visto que as

mesmas poderiam cuidar e amparar monetariamente a criança com mais

propriedade.

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Este cuidado da família agora estabelecido de em relação as

necessidades da infantis (Aries,1975) origina e estreita os laços afetivos antes

nunca pensados e sentidos, fortalecendo a noção de proteção e cuidado.

Esse interesse da criança num novo cenário da sociedade passa pelo

interesse da saúde desse sujeito. Inicia-se um movimento organizado pelos

médicos, conhecido por Higienismo (Rizzine,2009,p.42), no qual a

preocupação era que as crianças crescessem fortes e pudessem trabalhar em

prol do Estado.

Assim, a mulher, que antes não tinha nenhum destaque na constituição

familiar, passa a ser um novo ator social. Antes, o homem era o núcleo da

família, detentor do poder e decisões daquela família. A partir desse

movimento, os médicos se aliam às mulheres para entrar na tradicional

constituição familiar.

Um exemplo dado por RIZZINE (2009 ) , no Brasil, era a Roda dos

expostos. A mulher que não desejasse cuidar de seu filho poderia deixá-lo em

uma instituição que recebia essas crianças e poderia encaminhar para a

adoção,o que remete contemporaneamente ao descaso das mães ao jogar

seus filhos nas ruas,lixo ou abandoná-los a própria sorte.

Em meados da década de 20, o Estado encontra-se no auge do controle

da criança. Surge o movimento de salvação da infância, com Erasmo Roterdã,

no qual era preciso sustentar a idéia de salvar a criança para o futuro. Elas

seriam o futuro e para isso, era necessário controlá-las.

Ainda no livro de RIZZINE (2009) o mesmo fala sobre a aliança jurídico-

assistencial, com médicos, como Moncorvo Filho e juristas como Evaristo de

Moraes. Há, ainda, a criação do juizado de menores e as leis de proteção aos

menores. Neste código de menores, o juiz é o responsável por determinar o

destino e a guarda da criança. E, se preciso fosse, a criança poderia ser

retirada do seu convívio familiar. O seu principal objetivo era a proteção da

criança.

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Nos anos 60, é instituída a FUNABEM . A infância era uma situação para

a Ditadura, importante para controlá-los, o que definitivamente não era

atribuído medidas sócios educativas e sim punitivas e coercitivas.

Em 1979, é estabelecido o Ano Internacional da Criança. Com isso, a

partir dos anos 80 (Rizzine,2009), o poder do Estado começa a enfraquecer.

Surgem os movimentos organizacionais (ONGs).

E, em 1990, é criado o ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente.

Nele, a família, o Estado e a sociedade são responsáveis pela criança ou

adolescente. Um dos seus objetivos é mostrar que a criança/ adolescente é um

sujeito de direitos. Direitos assegurados pela Constituição e, principalmente,

pelo ECA.

Esta criança/adolescente tem direito à família, a ficar com seu convívio

familiar. Por isso, em caso de violência, abandono, maus tratos a essa

criança/adolescente, toda a assistência será dada tanto à criança quanto à

família para que seja resguardado esse direito de permanecer com sua família

de origem

Atualmente é muito comum enfatizar o direito e o bem estar da

criança a todo custo, seja garantindo que a criança fique com a família, seja

como medida de segurança colocando em um abrigo, de uma forma ou de

outra isso não garante que a noção de infância esteja sendo observada.

Durante todo percurso da história da infância percebe-se que o

mundo do adulto esteve alheio e distante do mundo da criança, tornando-as

incapazes, ignorantes como se as mesmas e seus atos não existissem .

O que se percebe contemporaneamente é que o mundo infantil está

cada vez mais inserido no mundo adulto, causando conflitos que não se

imaginava em algumas décadas atrás.

A supervalorização ou excesso de preocupação para com as

crianças empreendem mudanças de comportamentos e conflitos onde a

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questão do sentimento de infância é praticamente inexistente e quando não, é

ineficaz.

1.1 A Família de Ontem e as Questões Atuais

A família é uma instituição que mudou no curso da história, alterando

seu fundamento e suas alianças, modificando seu conceito(monoparental,

nuclear, extensa ) e abarcando outros ao ponto de torná-la hoje irreconhecível

ou vendo de um ângulo mais otimista, as famílias estão formatadas de acordo

com a demanda atual.

As características que uniam os casais como política, status social e

econômico, como exemplo casamentos arranjados já não são norteadores de

união. Hoje que o que vemos é carga emocional muito intensa embutida em

uma união matrimonial.

As ponderações para concepção de uma criança no século XVIII são

inviáveis no dias atuais, o respeito da parte dos filhos e o autoritarismo vindo

da parte dos pais eram elementos articuladores e moduladores do núcleo

familiar, não havia campo para externar um desagrado em relação a figura do

pai ou da mãe, a linha era bem tênue no que se refere ao respeito e obediência

no lar.

o aparecimento da família conjugal é um problema a ser analisado por si, uma vez que vem suplantar formas diferentes de ordenamento das relações humanas sendo a mãe ou o pai quem leva o filho consigo ou para o seio do seu grupo. Criar, educar, ser socialmente solidário: a concentração destas acções dentro da família conjugal acarreta a ruptura das estruturas antigas, levantando desse modo um problema histórico (Casey, James,1991,p18)

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A família vista anteriormente não era substancial como são as

família de hoje em dia, o filho não era ensinado para viver socialmente de

forma direta, era uma ser que sobrevivia aquele meio e dali configurava uma

família nos mesmo moldes.

A interferência social hoje em dia norteia o rumo que os filhos

terão, denotando desestruturação do mesmo, por outro lado não dito pelo

autor, a sociedade e principalmente a escola serão sujeitos do seu

desenvolvimento, mesmo que para isso ocorra inferências negativas do meio

social em que o mesmo esteja inserido.

Obviamente é considerável toda mudança social e política dessas

famílias, após a revolução industrial as questões econômicas afetaram a

família diretamente, os pais tinham trabalhar horas a fio, deixando a mãe a

responsabilidade de criar os filhos, os mesmos perdiam a referência do pai em

casa,o qual era o detentor de “Poder e Respeito”.

Não rara vezes a mãe também tinha que trabalhar deixando a

desejar a educação dos filhos, quando estes não estavam na escola. As

relações de consumo também foi fator relevante, o consumo aumentou,

aumentando também a necessidade de ganhar mais, um ciclo vicioso até hoje

percebido.

Há um mundo a ser descoberto dentro de cada criança e de cada jovem. Só não consegue descobri-lo quem está encarcerado dentro do seu próprio mundo.Nossa geração quis dar o melhor para as crianças e os jovens. Sonhamos grandes sonhos para eles. Procuramos dar os melhores brinquedos, roupas, passeios e escolas. (CURY,AUGUSTO.2003.p6)

Por questões óbvias de escassez de tempo advinda dos pais,

fundiu-se uma nova maneira de “dialogar”e agir democraticamente com os

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filhos, afim de amenizar conflitos e aplacar aborrecimentos,oferta-se

materialmente para tentar criar um elo entre o dito e o não dito.

Diz Içami:

“O indivíduo progressivo não é aquele que não erra, mas aquele

que faz do erro um aprendizado, corrige-o e avança.”

Desta feita o cenário da relação de pais e filhos mudou, essa

democratização da relação não importando revisar o erro e transformá-lo em

oportunidade, que nada mais é uma maneira de fugir dos problemas

moralizantes tem se encaminhado para o próximo século abarcando a

escola,que se torna muitas vezes vítima de uma educação mal estabelecida e

sem limite.

O ambiente onde a criança é atendida nos mínimos detalhes, não

há um negativa para o amadurecimento da mesma, estabelece-se um grande

caos para a geração futura, àquela (senão esta) que não sabe ouvir, pedir,

falar, entender e doar.

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CAPÍTULO 2

CRIANÇAS DO SÉCULO XXI E SUAS RELAÇÕES ESCOLA FAMILIA

A constituição da família como já visto mostra uma pluralidade de

estruturas na contemporaneidade, as modificações de papéis de autoridade

vão recebendo influências desta época, criando uma diversidade de relações

que conseqüentemente atingem diretamente a escola.

É tarefa de a família nuclear estruturar o sujeito com sua identificação

e individualismo a fim de inseri-lo em qualquer ambiente social sem prejuízo

para o mesmo e para sociedade, isso independe em qual estrutura familiar a

criança esteja monoparental, nuclear, extensa, seja qual o for o ambiente

deverá ocorrer uma vivência sócio-afetiva no seu quotidiano, e para isso o

ideal que a família trabalhe dando um suporte material, cultural, moral, afetivo

e de limites.

A questão afetiva e de limites é extremamente determinante para

aquisição de valores e condutas que vão se estender a outras instituições

sociais que fatalmente o sujeito será inserido e uma das principais é o

ambiente escolar, cuja a função é dar uma educação continuada que provém

da família, pautando-se em princípios de condutas, ética e moral.

Do ponto de vista histórico escolar, a mesmo sempre foi detentora da

educação das crianças desde dos jesuítas(MARIANI,Bethania.p.37) até os

antigos internatos em que a criança era entregue para uma educação integral

sem interferência da família e ou familiares(RIZZINE,2009), a criança voltava

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aos pais já educada na escrita e nas questões morais e éticas, isso

obviamente na Europa.

Referente ao Brasil , ao Brasil colonial propriamente dito, principalmente

em que a educação era para poucos e precária estes estavam a mercê dos

jesuítas que tinhas como objetivo a colonização lingüística como afirma

Mariani(2004) em seu livro Colonização lingüística:

A situação lingüística no território brasileiro traz a tona a tensão constitutiva do processo colonizador, realizado tanto pelo governo Português quanto pela catequese jesuítica...o exercícios de uma política unitária de imposição da língua portuguesa representação possibilidade de domesticação...(p.95)

Baseado neste último parágrafo é o que realmente vemos hoje em dia,

obviamente com um olhar mais contemporâneo, pais que entregam ou doam

seus filhos na escola, tanto na particular quanto a pública, para serem

educados e refinados, muitos pais não ensinam seus filhos amarrarem sapatos

porque eles “devem aprender na escola”, por outro lado o professor(a) não

agüenta ver a criança cair no recreio por causa do cadarço desamarrado e

ensina o estudante a amarrar.

As crianças do Século XXI são incapazes de levar suas mochilas , mas

são extremamente habilidosas com toda tecnologia vigente, uma via de mão

única e sem fim, já que a tecnologia veio para melhorar nossa vida, no entanto,

as práticas educacionais ainda não abarcaram tamanha mudanças, assim

também como a família não pode acompanhar todas os benefícios

tecnológicos .

A escola e a família se tornaram reféns da tecnologia e também de uma

mudança muito drástica do comportamento das crianças que vivem isoladas

em seus quartos teclando com o mundo todo, embora pareça um paradoxo é

muito mais complexo, visto que dentro da família ou dentro de sala de aula tem

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a internet dentro do celular e o recreio é simplesmente um momento de troca

de mensagens e não de lazer.

As mudanças descritas afetam diretamente o rendimento escolar e

também a relação família/escola, àquela ponte que deveria ligar ambas que é o

diálogo torna-se cada vez mais interrupto e pouco inteligível.

A escola, digo os professores estão sendo forçados a um mudança de

papel, o que é difícil para o professor, já que a educação tradicional em que o

professor é o centralizador do saber, tornou-se arcaica e ultrapassada, mas é

enraizada na conduta e na forma de expor as aulas.

Para atingir essa camada de crianças otimizadas é importante o

professor se aperfeiçoar para alcançar uma comunicação melhor com aluno e

com os pais.

Este aperfeiçoamento deve atingir os pais, até por que os pais deixaram

de ser os detentores de informações, a gama de informação disponível é

interminável e o conhecimento e buscado incessantemente pelas crianças,

assuntos antes intocáveis, hoje são extremamente expostos, sem critério,

sem censura, sem orientação.

. É alarmante a imensurável rede de informações que as crianças estão

acessando e os questionamentos feitos aos pais e professores de antigamente

não são feitos mais, a internet é ao mesmo tempo professor e pais,

desconfigurando o momento de diálogo em pais e filhos..

Para estreitar este vínculo é urgente a necessidade de encarar esta

realidade de forma concreta, há escolas como diz no site www.aprendiz.org.br

Municipal Escultor Leão Veloso, na Pavuna, subúrbio do Rio que utilizam

alunos monitores para dar aula de informática aos pais é uma iniciativa

memorável e contemporânea, que busca além da inclusão digital, a inclusão

na vida dos filhos.

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Toda e qualquer iniciativa que tire décadas de atraso na relação

pais/escola/ alunos é considerada um avanço democrático dentro do lar e

dentro da família, uma família inteligente se adéqua , sem perder a identidade,

ao século vigente, não apenas a tecnologia, mas está atenta a filosofia da

escola e o momento de vida que seu filho está

2.1 As mudanças Sociais Vigente e seus Reflexos na

Educação Escolar

A política educacional de hoje cobra dos pais participação relevante

no desenvolvimento e progresso escolar da criança, porém os pais que

assumem esta responsabilidade podem ser responsáveis, tanto pelo sucesso

ou pelo fracasso escolar de seus filhos.

Há alguns pontos a serem considerados , não é uma fórmula simples,

certamente esta parceria escola/família, esbarra no manejo em que esta

nossa sociedade atual, as influências que inviabilizam uma boa educação não

estão somente em ver desenhos violentos ou estar em frente ao computador

.

A educação ativa formal é dada pela escola. Porém , a educação global é feita a quatro mãos: pela escola,pelo pai e pela mãe, e pela própria criança. Se a escola exige o cumprimento de regras, mas o aluno indisciplinado tema a condescendência dois pais, acaba funcionando como um casal que não chega a um acordo quanto a educação da criança

(TIBA,IÇAMI,2006.95)

Há todo um contexto a ser averiguado que modifica a relação

escola/família, o que deveria ser uma parceria, é na realidade muitas vezes

uma rivalidade ou uma disputa velada pela educação do filho, o único

prejudicado é a criança por não desfruta de uma educação plena entre as duas

instituições e que deveriam lhe dar suporte para vida

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O ponto norteador deste trabalho não deve se ater apenas as

crianças de baixa renda ou de alta renda, em ambos os casos a escola é

negligenciada pelos pais.

Há também negligenciamento político financeiro advindo das

escolas particulares em que o compartilhamento sobre o a educação escolar se

baseia em reuniões sobre o educando de maneira muito cuidadosa para não

deixar o cliente insatisfeito.

Há um medida para suscitar defeitos e dificuldades do aluno, o que

é danoso já que o mesmo não é identificado através das queixas sobre seu

mal comportamento ou deficiências em sala de aula.

As reuniões escolares nas escolas particulares partilham Festas de

dias festivos, donativos, contribuição com dinheiro para passeios e atividades

afins,essa políticas de amenidades apenas afasta dos pais, resumindo-se

assim o relacionamento família escola

Paro deixa de forma clara a lacuna entre professores e pais em

relação do entendimento do aprendente , o que seria necessário e ideal ,

muitas vezes é deixado de lado nas reuniões escolares como diz Paro (2000)

“Quanto à falta de um necessário conhecimento e habilidade dos pais para incentivarem e influenciarem positivamente os filhos a respeito de bons hábitos de estudo e valorização do saber, o que se constata é que os professores, por si, não têm a iniciativa de um trabalho a esse respeito junto aos pais e mães. Mesmo aqueles que mais enfaticamente afirmam constatar um maior preparo dos pais para ajudarem seus filhos em casa se mostram omissos no tocante à orientação que eles poderiam oferecer, especialmente nas reuniões de pais, que é quando há um encontro que se poderia considerar propício para isso” . (p.65)

Nas escolas públicas vemos exatamente oposto, os pais quando

chamados, são muitas vezes acusados de dar uma educação frouxa e mal

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sucedida para seus filhos, e que os mesmos são desatentos,preguiçosos,

bagunceiros (e muitas vezes são chamados de burros por professores mal

preparados.)

A escola privada não quer perder seus pequenos clientes e a pública não

tem problema nenhum com isso, o problema é sempre dos pais, que muitas

vezes nem sabem o que ocorre na escola, ou por que trabalham muito ou por

que a escola é o melhor lugar do mundo ou o lugar mais seguro, não importa

que o aluna repita, desde que ele esteja na escola.

E os pais? Como se encaixam nesta relação?

Estes são certamente desejados na escola quando os filhos não fazem os

deveres de casa ou se comportam agressivamente. Quanto ao primeiro os

deveres de casa poucos pais sabem a importância de interação deste

processo:

No Brasil a relação família-escola tem sido pouco estudada, embora o dever de casa também faça parte de nossa tradição educacional. No caso da escola privada de classe média supõe-se que a sua aceitação (principalmente pelos pais) como uma prática rotineira esteja associada ao fato de a jornada letiva diária e a anual serem percebidas como curtas e insuficientes para o progresso escolar. No caso da escola pública, reconhece-se que os baixos níveis de escolaridade e renda de sua clientela desestimulam tanto a participação dos pais nas reuniões escolares quanto a adoção de deveres de casa (CARVALHO.E,P,M.Relações Familia e Escola e Implicações do gênero.pag 147, 2000)

A prática do dever de casa não é apenas para o alunos

concretizarem positivamente uma ordem da professora ou para ganhar

pontos, a intenção é mais complexa, principalmente porque envolve os pais.

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É relevante para estarem informados do conteúdo que está sendo

dado ao educando e o principal a ser considerado é a interação que eles terão

com os pais ao fazer as atividades, este vínculo deve estreitar-se e

descentralizar a relação escola aluno, é uma democratização da educação.

As escolas diante das mudanças sociais e diversidade de famílias ,

alguns delas, abrem sua portas para os pais e comunidade para que esta

democratização seja praticada e exercida pelos pais, compartilhado da

educação dos filhos de forma direta ,é o caminho mais próximo para o sucesso

escolar do filho

Há outro benefício que não será desenvolvido neste trabalho, mas

vale a pena citar pelo menos um, como por exemplo o efeito que causa aos

pais na ajuda das tarefas escolas, àqueles que são de classe baixa e ainda

não concluíram seus estudos, a estes o sentimento de incapacidade os leva a

se capacitar também, entendem que os filhos precisam de ajuda e procuram

terminar os estudos para poder orientá-los.(CARVALHO.E,P,M.pg.147.2009)

Quanto ao segundo motivo da ida aos pais na escola é questão da

conduta inapropriada, esta em uma tradução mais antiga, seria por causa de

bagunça, hoje há inúmeras palavras que maquiam a questão da conduta e da

indisciplina , muitas vezes confundem os pais quanto ao comportamento dos

filhos e a sua real necessidade.

Já citado sobre a democratização do lar em que os pais preferem

muitas vezes ceder para não ter que passar pelo traumatizante processo de

educar. A problemática é disciplinar, isso deve ser feito, não há outro

processo melhor para educar para vida .

A palavra disciplina carrega em si um ranço de autoritarismo e de falta de diálogo, quer era comum no comportamento das gerações anteriores. Os pais dos adolescentes e das crianças de hoje sentem até um mal-estar diante dessa palavra, a ponto de praticamente a banirem das educação dos filhos. É difícil

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dar nova noção a uma palavra cujo significado já esta consagrado.

(TIBA,IÇAMI,2006, p.192)

A disciplina é necessária par a atingir um objetivo,os pais certamente

passaram por este processo até se tornarem adultos, isso é o que nos torna

melhores humanos .

O que é preocupante hoje em dia é que os pais perderam seus

parâmetros de educação e remetem essa tarefa a escola, porém equivocam-

se e tornam os professores detentores de um poder pátrio que não poderia

existir.

A dificuldade de disciplinar uma criança em casa,começa pela

própria organização dos pais, como a casa se organiza, se é prática ou se é

confusa no que tange a muitos moveis e gavetas, não é importante neste

trabalho, no entanto é de relevante compreensão quanto pensamos em

organização mental da criança..

Pais organizados certamente terão filhos organizados

(IÇAMI,Tiba,2006) e isso se estende ao colégio, um material dentro da

mochila, livros em dia, lanche, uniforme, estes elemento parecem fúteis diante

da verdadeira disciplina

Estes são importantíssimos para o aluno sentir-se bem em sala de

aula, sem causar transtorno para a professora, que vendo ao aluno levantando

para pedir material pode entende-lo como inquieto ou hiperativo.

É importante é os pais atentarem que a disciplina é treinamento,

todos os dias deve ser exercitada(IÇAMI,2006), lembrando de suas

responsabilidades no lar e na escola.

Quando uma criança apronta em sala de aula desrespeitando a

professora, certamente este comportamento é fruto de um relacionamento

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familiar mal estabelecidos, em que os sujeito, não se colocaram como pais e o

outro como filho.

A confusão de papéis, ou o não exercício dos mesmo pode

configurar uma criança que não tem limites nem com os pais nem com outros

adultos, até porque não entende o seu papel dentro lar.

Quanto maior for a admiração pelos pais,mais os filhos os transformam em mestres. E sem que os pais se deem conta, eles absorvem seus gestos corporais e suas posturas psicológicas. (TIBA,IÇAMI, 2006, p. 200 )

O engano muitas vezes está em achar que os filhos não serão

iguais a nós, obviamente não serão idênticos, mas serão muito semelhantes ao

que somos, e por esta razão a questão da disciplina é fundamental, o pais

devem querer que os filhos tenha o melhor deles.

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CAPÍTULO 3

INDISCIPLINA E MORALIDADE DA CRIANÇA

Como já discorrido neste trabalho sobre a questão histórica da

infância e da escola, é viável pautado neste conteúdo afirmar que a moral é

de constituição histórica, diferente sociedades de períodos diversos

apresentam um comportamento moral diferente.

Definindo melhor moral:

Numa breve definição de moral, podemos dizer que

se trata do conjunto de valores, de normas e de noções do que é

certo ou errado, proibido e permitido, dentro de uma determinada

sociedade, de uma cultura... Como sabemos, as práticas

positivas de um código moral são importantes para que

possamos viver em sociedade..

Disponível em <http://www.brasilescola.com/sociologia/o-que-

moral.htm>

.

Pode-se assegurar o conjunto de normas e regras que regulam um

grupo de pessoas historicamente, perpassando pelos gregos e sua democracia

até os séculos de domínio católico em que a moral era baseada nos seus

dogmas religiosos, que de certa forma servia para controlar do que para

moraliza.

A vida coletiva, força o homem a seguir regras que valham para uma

boa convivência social , assim surge a moral e a ética, desde que o homem

viu-se em um ambiente coletivo inseriu-se o conceito e as práticas

moralizantes, no entanto, a normas( a moral ) era imposta por comunidades

que nem sempre representava a moral de outra comunidade diferente.

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A moral é uma forma de comportamento em que o sujeito

inevitavelmente tem que escolher entre várias opções de conduta o que as faz

baseado em normas estabelecidas, e essa opção está sujeita a um juízo moral

e essa ação baseada no juízo pressupõem normas orientadoras.

Historicamente para exemplificar código dos cavalheiros da idade

média eram valentia, crueldade, promiscuidade,honra,hipocrisia, amor e todos

esses muitas vezes eram entendidos como valores morais como esclarece na

na enciclopédia virtual Wilkpédia:

No decorrer da Idade Média, os membros da elite dos guerreiros

montados de Europa Ocidental tornaram-se conhecidos como

cavaleiros. Desenvolveu-se um código de comportamento, as

regras de cavalaria, o qual detalhava como eles deveriam se

conduzir. Eles eram obcecados pela honra, tanto na paz quanto

na guerra.

Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Cavalaria_medieval)

Por outro lado a igreja católica impunha os valores morais que mais

se adequavam aos seus interesses, havia valores morais para nobre e valores

morais para servos, e os mesmos desenvolviam valores morais diferenciados

da igreja e dos nobres.

Hoje em dia vemos essas modificações de normas principalmente

atingindo a escola frontalmente, a mesma por vezes apenas desempenha

função apenas socializante, tratando o aluno como um sujeito de direitos ,

tornando um cidadão para viver bem em sociedade, outras focam o essencial:

escolarizar fazendo com o que o aluno assimile os conhecimentos necessários

para passar em um vestibular, por exemplo. Outras ainda focam no

profissionalismo, qualificando para o mercado de trabalho.

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Este confuso papel da escola tem gerado grande conflitos porque a

escola torna-se palco de ocorrências violentas de indisciplina. A escola deixou

de ser o local em que o aluno recebia uma conduta moral a ser seguida e não

questionada, eram simplesmente moldados para aquele fim.

É inquestionável que um novo olhar perpasse sobre as questões

sócio-históricas e culturais, considerando a família como grande núcleo matriz

de toda essa polêmica.

Embora a sociedade, família e escola tenham evoluído socialmente

as mudanças foram extirpando também todo autoritarismo que a escola e a

família exerciam, a indisciplina tornou-se o maior inimigo dos pais e

professores, dificultando as aulas e também a organização do lar.

O que ocorre então entre a família e a escola? Será que a família,

que é responsável pela educação está incapaz de fazê-lo?

O que nos remete hoje a questão educacional e disciplinar é a

grande atribuição e ação da escola sobre a criança, com ações moralizantes, a

escola hoje tem a função de educar a gerações futuras, o que é um tarefa

muito árdua, e ultrapassa e muito a capacidade dos professores indo além

conhecimentos pedagógicos.

Os professores muito incapazes de executar uma aprendizagem

significa , estão entre escola e pós-graduações para entender melhor a cabeça

de seus alunos, se opondo a isso, estão os pais inertes aos destempero dos

filhos, não há intervenção familiar, não há uma busca incisiva em disciplinar, e

impor regras.

É fundamental entender o psique humano. O que vemos são

docentes padecendo de depressão e pânico, quando não são agredidos

fisicamente, a quem é atribuído esta mudança de paradigma em relação ao

comportamento? Como professores devem lidar com a atual situação? Estas

perguntas são pertinentes e torna-se polêmicos debates em reunião de

professores.

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Desta feita é necessário conhecer um pouco da constituição moral

da criança para responder tais questões e discernir como isso afeta

diretamente aqueles com as quais temos que lidar principalmente na escola e

na família.

3.1 Educação e o Desenvolvimento Moral da Criança

Segundo Freire:

o homem pode refletir sobre si mesmo e colocar-se num determinado momento, numa certa realidade: é um ser na busca constante de ser mais e, como pode fazer esta auto-reflexão. Pode descobrir-se como um se inacabado, que está em constante busca. Eis aqui a raiz da educação.

(FREIRE, P. Educação e Mudança. P.27)

Ao falarmos em educação acreditamos assim como Paulo Freire que

a mesma deveria humanizar, instituir seres reflexivos e constantes na busca

de aprendizados,afim de cada informação e situação nos constituam

gradativamente

O sujeito aprendente deve ser critico e reflexivo de forma libertária,

Piaget em seu livro O Julgamento Moral na Criança , após fazer pesquisas e

entrevistas com crianças que jogavam bolas , mostra que a criança passa por

duas fases: a anomia e a heteronomia, as quais se dirimem conforme a criança

vai amadurecendo nas suas relações.

A anomia que representa a criança até um ano e meio, idade em q

eu são muito egocêntricas sem definição do que é certo ou errado, onde as

normas e regras são irrelevantes.

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Ainda segundo Piaget a heterônimia é caracterizado do momento

que surge o entendimento das regras e o respeito, as regras são

inevitavelmente propostas por um adulto caracterizando aí um relação de via

de mão única para o adulto já que ele é detentor do poder de ditar regras, para

a criança só resta obedecer sem discutir suscitando medo.

Quando lhe é dado uma regra, a mesma entende como algo já

pronto que não pode ser profanado, ou seja, modificado, seguindo fiel àquela

regra, independente da intenção

Tanto na escola como em casa as crianças recebem as regras e as

obedecem em uma relação de afeto e medo em relação ao descumprimento

da mesma,porém as crianças nesta fase não entendem os critérios utilizados

para criação das regras

As mesmas regras obedecidas pelas crianças se confundem com

deveres cumpridos pelas crianças, confundindo justiça com autoridade, ou

seja , se os deveres são cumpridos,há justiça. Enquanto na fase da

heterônoma a criança está sob a autoridade do sujeito ditador, caso a regra

seja ignorada há uma punição.

Na heterônoma o entendimento das regras e sua obediência, não é

apenas uma atitude formatada para ocorrer, mas a criança beneficia-se com

um arquétipo da própria sociedade que obedece regras para um convívio social

no mínimo agradável, isto o instrui e desenvolve sua moral.

Embora nesta fase como já dito a criança aguarde que alguém

decida por elas, é inferido as mesma condições estruturadas de conhecimento

de regras preestabelecidas pela sociedade ou pelo sujeito que as dita,

aprender a obedecer sugestiona futuramente aprender a ditar regras .

As instituições , principalmente as particulares estruturam suas

aulas e currículo para suscitarem em seus alunos a atingirem a etapa de

autornomia que se resume em um indivíduo que saiba socializar e seja

consciente que a sociedade tem regras a serem seguidas

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Quando o sujeito chega na fase de autonomia, não é apenas as

regras que deverão ser obedecidas que o caracterizam, a mesma deverá ser

capaz de se autoavaliar, ser crítica, decidir ou arbitrar com sabedoria sobre sua

vida e a vida de outros.

Apesar de ser esse o objetivo de toda educação, na sociedade atual

são encontradas, infelizmente, muitas crianças e adolescentes que parecem ter

parado na etapa da anomia pois não respeitam as regras, normas e as leis da

sociedade, não respeitam as outras pessoas, não possuem valores morais e

éticos, agem sem autocontrole, apresentando comportamentos violentos,

agressivos.

. E outros parecem estar na fase da "heteronomia", só fazendo o que

mandam fazer, dependentes dos outros. No Brasil, a educação, os alunos

parecem estar na fase da autonomia, a qual, aliás é muito esperada pelos pais

e professores, já que almejamos seres críticos e conscientes de seus atos e

obviamente das regras sociais.

Diferentemente do que é almejado na teoria ,na prática o que é

freqüente é a quebra de regras e falta de autocontrole o que culmina em um

comportamento intolerável em uma criança.

Ao levar em conta que o desenvolvimento moral da criança é

afetado diretamente pelo meio aonde vive, seja pela interação social ou

familiar, nota-se que o sujeito e seu juízo moral na realidade é exposto ao juízo

moral de outros, sendo dessa forma influenciando o seu discernimento moral.

Embora dirimido de forma bem epidérmica as questões de

anomia,heteronomia e autonomia, já pode-se observar aspectos pertinentes

relativos a educação e a diretriz usada para encaminhar as crianças para

serem realmente cidadãos cônscios de seu deveres e sujeitos de direitos.

Como já dito uma vez o aprendiz em um ambiente escolar,

vivenciando várias realidades, certamente entrando em conflito com sua

própria realidade e pressupondo que dentro do seu núcleo familiar o debate, as

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conversa e as opiniões sejam foco pertinente democratizante na organização

do lar, ele irá influenciar positivamente aquele ambiente e suas regras

morais.

Esta é uma visão otimista de como seria, caso o aluno viesse de um

lar ideal, contudo esta realidade não representa nem um pouco o cenário

atual,principalmente das famílias.

A escola é detentora de uma responsabilidade imensurável na vida

das crianças e dos adolescentes, o discernimento obtido através da transição

dessas fases pelo educador e sua relevância no seu desenvolvimento moral

auxilia principalmente a compreender e administrar as situações que podem

ocorrer em sala de aula,quanto as questões morais e de indisciplina.

Cabe ao professora orientar o aluno a ultrapassar essas fases entre

anomia e heteronomia fazendo deste caminho um caminho natural e

pertinente para seu desenvolvimento intelectual e moral. Os benefícios deste

conhecimento torna o professor um grande aliado do aluno nas questões

disciplinares.

3.2 Indisciplina e Violência na Escola

O conceito de indisciplina apresenta uma complexidade que precisa ser considerada. Um entendimento suficientemente amplo do conceito de indisciplina escolar precisa integrar diversos aspectos.É preciso, por exemplo, superar a noção arcaica de indisciplina como algo restrito à dimensão comportamental.Ainda, é necessário pensá-la em consonância com o momento histórico desta virada de século.

( GARCIA,Joe.pg.102.1995)

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Os relacionamentos na escola, com os professores e com os pais

também mudaram. O currículo para este novo aluno também muda, há uma

flexibilidade para abarcar de maneira coerentes as questões indisciplinares

que até progridem para violência.

Em seu livro Aquino (1999) discorre sobre essa mudança e a crise de

autoridade dos professores que invariavelmente entendem as questões sociais

e psicológicas implícitas.

:

De um modo ou de outro, contudo a escola e seus atores constitutivos,principalmente o professor, parecem tornar-se reféns de sobre determinações que em muito lhes ultrapassam, restando-lhes um misto de resignação, desconforto e, inevitavelmente, desincumbência perante os efeitos de violência no cotidiano prático, posto que a gênese do fenômeno e, por extensão, seu manejo teórico metodológico residiriam fora ou para além, dos muros escolares. (p. 8).

A violência que muito excede a disciplina é muitas vezes analisada e

forma globalizada, convertendo todo e qualquer ato em indisciplina, levando

em consideração questões sociais, ambientais e familiares.

Nos contextos anteriores há reflexo do comportamento do aluno advindo

do meio em que está inserido, relativizando o que é indisciplina ou que é

normalidade em um ambiente específico.

Como manejar este aluno e sua conduta erronia, como diz Aquino,está

além da instituição escola, ultrapassa qualquer trabalho pedagógico feito em

sala e vai invadindo o meio social e familiar como anteriormente citado.

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Em uma entrevista La Taille comenta e define a indisciplina de 3 maneiras:

Então, pode-se dizer que a questão da indisciplina é um problema moral? LA TAILLE Depende do que se entende por indisciplina. Eu vejo três definições para o termo. A primeira tem a ver com a falta de autodisciplina, que é quando o aluno não consegue organizar a tarefa. A segunda pode ser associada à desobediência. Acontece quando eu mando o aluno fazer algo e ele não faz. Eu deixo de ter autoridade porque ele não seguiu minhas ordens, mas não fui desrespeitado. O estudante pode desobedecer dizendo algo como "Senhor, me desculpe, mas eu não vou fazer a lição". É uma questão política, tem a ver com a legitimidade do posto de direção. A terceira indisciplina, o desrespeito, essa, sim, é uma questão moral. Se estou lecionando e o aluno se levanta e vai embora como se eu não existisse, fui desobedecido como autoridade e desrespeitado como pessoa, independentemente do fato de eu ser ou não professor. Isso não se justifica. Um professor com uma aula chata não me autoriza de jeito nenhum a desrespeitá-lo.

Disponível em:http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/comportamento/fala-mestre-yves-la-taille-466838.shtml

acesso dia 12/12 /2012

La Tayle define formas de indisciplinas e quanto a terceira forma, que

se configura como desrespeito, está implícito também uma forma amena de

violência , visto que, não houve prejuízo físico para ninguém. O que o autor em

sua entrevista salientou é que não justifica o desrespeito, é algo que deve ser

cerceado em casa e na escola.

Há fatores que colaboram para a indisciplina, esses fatores podem

externos como a escola, a família e o meio social. Os fatores internos Sem

amenizações quanto as questões em que o indivíduo sendo fruto do meio, a

questão apenas é relevante e menos estigmatizante quando considera-se o

indivíduo como um todo.

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Entre as inúmeras causas da indisciplina, pode-se de forma sucinta dizer

que são as internas ( dentro da escola )e as externas(fora da escola). as

externas são os meio de comunicação, os grupos sociais e a família. Desta

tríade, uma vez equilibra, surge uma criança também equilibrada, ou com

fatores positivos para isso.

Nos fatores internos que é a escola, a relação dos professores com

alunos, as intervenções disciplinares dos docentes, o próprio planejamento,

enfim, há variados fatores que contribuem e são muitas vezes o estopim para a

indisciplina, embora sejam internos e ou externos , não há justificativa para

comportamentos que venham desestabilizar a aula.

As escolas de antigamente ( anos 70/80) jamais criariam crianças

indisciplinadas, não havia permissividade que há hoje, a mesma é tão

constante que os alunos extrapolam o limite do desrespeito e chegam ao

extremo da violência.

Aquino (1999) afirma

Desta feita, escola é, por excelência, lugar do passado, no bom imprescindível sentido do termo. E deve ser.Mesmo porque não há futuro plausível sem a imersão no traçado histórico dos diferentes campos de conhecimento (leia-se, as ciências, as artes, as humanidades, os esportes).E isso, por mais que alguns se ressintam do termo, é denominado“tradição”. E vale frisar: tradição não é sinônimo de anacronismo, assim como autoridade não é sinônimo de despotismo. Muito ao contrário. (pg.10)

Aquino salienta que a educação não é absoleta,nem antiquada a,

referente ao tradicionalismo, perceber que o modernismo de hoje provém de

um tradicionalismo de ontem, segue ainda intensificando o olhar histórico sobre

as relações sociais, que muito embora modernizadas, ainda prevalece os

mesmos princípios éticos de boa convivência.

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Exatamente deste forma o autor coloca, que a violência escolar é falta de

um olhar para o sujeito histórico e para os paradigmas que norteiam toda

relação: respeito, ética, educação, moral.

Desta feita a violência e disciplina escolar será combatida com a

autoridade do docente, não um ditador, mais aquele que qualificado e

capacitado para exercer autoridade em sala de aula,é uma questão de

hierarquia, isso não muda historicamente.

Não cabe ao docente adequar sua “autoridade” ou sua “hierarquia” a

modernidade, se o mesmo não puder dar uma aula minimamente significativa.

A vulnerabilidade da instituição escola é visível até na mídia, e com a

mesma toda sociedade fica fragilidade. Clarificar que a violência escolar é

evidentemente a ausência de poder da escola e do docente, e a própria

violência também é forma de obter poder, há um jogo de poder, de quem

manda e enfrenta mais.

(Aquino, 1998,pg.4)

“É óbvio que uma relação de respeito é condição necessária (embora não suficientes) para o trabalho pedagógico. (...) Antes o respeito do aluno, inspirado nos moldes militares, era fruto de uma espécie de submissão e obediência cegas (...) Hoje, o respeito ao professor não mais pode advir do medo da punição - assim como nos quartéis - mas da autoridade inerente ao papel do “profissional” docente. Trata-se, assim, de uma transformação histórica radical do lugar social das práticas escolares.

As nossas crianças incivilizadas e violentas, anseiam por este jogo de

poder e dominação, cabe ao docente interromper este ciclo destrutivo com um

olhar mais profundo e respeitoso sobre sujeito, utilizando de sua autoridade

como responsável por aquele ser e seu aprendizado, e principalmente com um

olhar mais profundo do mesmo, entendendo o porquê de tais comportamento.

Essa mudança tida pelo autor como histórica e radical inferiria a

educação um novo pilar estruturante da relação professor aluno, porém a

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mudança primeiramente deve estimular uma capacitação e uma qualificação

do docentes para tal, entre outros aspectos profissionais, nada intervêm de

forma negativa que se o docente estabelecer uma relação de amor com sua

profissão.

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CONCLUSÃO

Vincular as questões históricas da infância com as relações

contemporânea é vislumbrar um melhor entendimento da relação

professor/aluno/escola /família. Todas as relações perpassam e são

constitutivas do processo histórico.

A sociedade de hoje não definiu que parâmetros devem ser tomados

para uma boa disciplina escolar, como se a mesma tivesse perdido sua

função,embora tenha função socializante, objetivando e preparando o aluno

para um futuro melhor, não estabelecem parâmetros educacionais que diluam

o tradicionalismos no modernismo educacional, criando um abismo entre eles.

A indisciplina e a violência são fatores históricos que permeiam no

meio destas duas vertentes entre o antigo e o novo, há uma resistência e um

certo conflito político pedagógico que confronte a questão condutual.

Clarificando as idéias e promovendo uma das soluções possíveis

para este impasse, é entender como o docente ,que representa a autoridade,

está lindando com a violência ,que é o confronto desta, como o mesmo pode

contribuir para exterminar esta barreira entre docente e discente?

Entender todas as questões sociais, culturais familiares que

permeiam e inferem a esta situação camadas e mais camadas de conflitos

pessoais , que deverão ser aos poucos recolhidas, observadas e analisadas.

Infere-se ao docente um trabalho mais profundo do seu aprendiz.

Certamente combater a violência e a indisciplina é caminhar em um

campo em que o professor deverá ser capaz de conferir ao aluno o benefício

do conhecimento, da afetividade, muitas vezes esquecida.

Cabe ressaltar que a instituição escola deve promover um ambiente

mais humanizado, propiciando relações interpessoais verdadeiras, constituindo

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um ambiente democrático, o que não quer dizer desrespeitoso, mas situando

cada sujeito no seu papel.

A parceria deve ser estabelecida entre professores e alunos, afim de

que o controle da indisciplina em sala de aula seja atenuada, obviamente o

professor estará fundamentando á uma equipe multidisciplinar para casos

mais violentos.

Esta possibilidade de solucionar a questão disciplinar não funciona

em todas as escolas, mas importa que a escola não se constitua apenas de

professores e alunos, e sim de pais, alunos e professores e toda comunidade

que os cerca, promovendo a democratização dessas relações. A escola deve

inovar para receber e manter os alunos deste século.

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BIBLIOGRAFIA

In: AQUINO, J.G. (Org.) Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1996a, p. 39-55. _____. Confrontos na sala de aula: uma leitura institucional da relação professor-aluno. São Paulo: Summus, 1996b. _____. A violência escolar e a crise da autoridade docente. Cadernos Cedes. v. 47, 1999, p. 7-19.

ARIÈS, P. História Social da Criança e da Família.Rio de Janeiro:LTC,

1975.

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS.....................................................................................3

DEDICATÓRIA.............................................................................................4.

RESUMO.......................................................................................................5

METODOLOGIA.........................................................................................;.6

SUMÁRIO......................................................................................................7

INTRODUÇÃO ..............................................................................................8

1 HISTÓRIA DA INFANCIA-REFLEXÕES CORRENTES.......................10

1.1A Família de Ontem e as Questões Atuais...................................... 15

2 CRIANÇAS DO SÈCULO XXI E SUAS RELAÇÕES

ESCOLA FAMILIA........................................................................................18

2.1 As mudanças Sociais Vigente e seus Reflexos

na Educação Escolar.................................................................................21

3 INDISCIPLINA E MORALIDADE DA CRIANÇA.......................................27

3.1 Educação e o Desenvolvimento Moral da Criança..........................30

3.2 Indisciplina e Violência na Escola.....................................................33

CONCLUSÃO .............................................................................................39

BIBLIOGRAFIA ..........................................................................................41

WEBGRAFIA...............................................................................................42

ÍNDICE.........................................................................................................43

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