História da Habitação e...
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Casa Brasileira
Basicamente, a habitação no Brasil foi fruto de um longo processo de adaptação a diferentes realidades sociais, políticas, econômicas e geográficas existentes em todo o país, de dimensões continentais, ao mesmo
tempo em que recebia influências exteriores.
O jeito de viver brasileiro é resultado da mistura de várias origens culturais, de bases essencialmente
portuguesas e espanholas, mas com elementos indígenas, africanos e muçulmanos e africanos, além
dos demais imigrantes e dos EUA.
A família brasileira não
foi a lusa transferida para cá, mas sim o resultado da incorporação de várias
tradições, tanto ibéricas como nativas, estas mescladas com aspectos da cultura negra e de
outras origens.
Com a chegada dos primeiros colonos, no século XVI, as
construções indígenas foram desprezadas pela classe
dominante, pois sugeriam provisoriedade e nomadismo.
Habitação indígena
Moradia colonial
Em uma ocupação que se limitou inicialmente ao litoral, foram introduzidas as técnicas
do adobe (tijolo cru) e da cantaria de pedra, que foram
associadas às práticas do pau-a-pique e taipa (sopapo e pilão).
Terminado o breve ciclo de
extração do PAU-BRASIL,
iniciou-se o grande período do açúcar nordestino, que
impulsionou as vilas fundadas a partir de 1550.
Habitações primitivas
Mapa de Giacomo Gastaldi (1550)
De traçado espontâneo e irregular, as primeiras vilas
brasileiras possuíam aparência compacta e
homogênea, de tradição medievo-renascentista.
Enquanto isso, no sertão, poucos índios e mestiços
cuidavam do gado necessário à indústria açucareira da
zona fértil das matas litorâneas, em construções
muito simples.
Vila de São Salvador da Bahia de Todos os Santos (1549)
Mapa do Brasil (1600)
Bandeira Real (Séc. XVII)
Mapas do Brasil
(Séc. XVII)
Linha Demarcatória do Tratado de Tordesilhas (07/06/1459)
Capitanias Hereditárias
O desenvolvimento do sudeste só foi possível graças ao caminho das minas e a
descoberta do ouro, o que provocou a transferência da
capital da Colônia, de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1762.
Vila de São Sebastião do Rio de Janeiro (1565)
Ouro Preto MG
Olinda PE
Mapas do Brasil (Séc. XVIII)
Mapa de Thomas Jefferys (1749)
Fronteiras definidas pelo Tratado de Madri (1750)
Mapa de George Matthäus (1740)
Neoclassicismo no Brasil
A chegada no Rio de Janeiro da Corte portuguesa (1808) provocou uma série de modificações na colônia,
tais como a abertura dos portos, a implantação da imprensa, a criação de novas escolas e a chegada de
profissionais qualificados.
Com isto e durante todo o século XIX, especialmente depois da Independência (1822), ocorreu a
europeização da cultura brasileira, assim como seu aburguesamento, pela adoção de usos e costumes
urbanos inclusive nas casas rurais.
Implantado a partir da vinda da Missão francesa (1816),
o NEOCLASSICISMO
tomou conta do país, no qual se desconsiderava as
condições brasileiras de existência para reproduzir
conceitos europeus, totalmente ausentes de originalidade ou
valor artístico próprio.
Bandeira do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve (1815/22)
Vistas do Rio de Janeiro RJ no início do século XIX Nicolas-Antoine Taunay (1755-1830)
A Missão consistiu em um grupo de professores e artífices
contratados por D. João VI (1767-1826) e dirigidos por Joachin Lebreton (1760-
1819), para ensinar aos brasileiros todas as novas técnicas
e manifestações artísticas.
Entre seus principais expoentes estavam: Nicolas-Antoine
Taunay (1755-1830 ), Jean-Baptiste Debret (1768-1848)
e Auguste Grandjean de Montigny (1776-1850).
Joachin Lebreton (1767-1826)
Teatro S. João do Rio de Janeiro e Palácio de Governo de São Paulo (1827) Jean-Baptiste Debret (1768-1848)
Depois disso, os proprietários rurais e a
BURGUESIA URBANA começaram a imitar os
costumes da Corte, adotando seus padrões
artísticos oficiais, como que tentando exteriorizar os
vínculos do seu poder local com o central.
Primeira Praça do Comércio Atual Casa França-Brasil (1820, Rio de Janeiro RJ)
Academia Imperial de Belas-Artes (1826, Rio de Janeiro RJ)
Grandjean de Montigny (1776-1850)
Estilos D. Maria I D. João VI
D. João VI (1767-1826)
D. Maria I (1734-1816)
Canapé
Cadeira de bordar
Meia- Cômoda
Toucador
Cômoda
A abertura dos portos possibilitou a importação de novos produtos, que contribuíram para a alteração das construções:
Uso de platibandas com condutores e calhas ao invés de beirais
Uso de vidros simples ou coloridos nas bandeiras das portas e janelas
Uso racional de tijolos (maiores vãos e vazios) e da madeira (estrutura de cobertura calculada).
Com a Independência (1822), intensificou-se a vida social,
na qual a mulher devia aparecer em público, cujos modos e vestimentas expressavam o
status social da família.
Surgiram os PALACETES URBANOS onde o alpendre
retraiu-se ou anulou-se, aparecendo um pátio colunado
à maneira de um átrio. Ao mesmo tempo, o jardim tem seu uso aumentado como continuidade do interior.
Joaquim Cândido Guilhobel (1787-1859) Palácio Imperial – Atual Museu Imperial (1845/62, Petrópolis RJ)
Palácio do Itamaraty – Atual Arquivo Histórico (1851/55, Rio de Janeiro RJ) José Maria Jacinto Rabelo (1821-71)
O Grito do Ipiranga (1888) Pedro Américo (1843-1905)
Bandeira provisória (1822) e Bandeira do Império do Brasil (1822/89)
Independência (07/09/1822)
De composição simétrica e altamente contida, as casas neoclássicas eram feitas em pedra ou tijolo, com
elementos greco-romanos, em especial frontões, arcos,
colunas e pilastras.
Apareceu um novo tipo de residência, que representava a transição entre os velhos
sobrados coloniais e as casas térreas, a casa de porão alto, localizada em bairros
exclusivamente residenciais. 1 Salas de receber e jantar 2 Alcovas 3 Sala de viver ou varanda 4 Cozinha e serviços
Utilizadas no pavimento térreo, as CASAS DE PORÃO ALTO possuíam:
Porões mais elevados, revelando-se na fachada pela presença de óculos ou
seteiras com gradis;
Pequena escada com porta almofadada, dando acesso a um
patamar em mármore xadrez que se abria a outra porta em meia-altura, de
vidro ou madeira recortada;
Ânforas, estátuas ou fruteiras de louça sobre a platibanda da cobertura;
Mobiliário junto às paredes decoradas com papel e constituído de sofás, poltronas, pianos, espelhos, etc.
Entre as décadas de 1820 e 1850, predominou o ESTILO IMPÉRIO
BRASILEIRO, em que se reproduziram as
composições simétricas e altamente contidas, respeitando as normas vitruvianas, através do
uso de elementos e decoração neoclássica.
D. Pedro I (1798-1834)
Fachadas neoclássicas
Pierre-Joseph Pézerat (1801-72) Casa da Marquesa de Santos - Atual Museu da Moda Brasileira
(1827, Rio de Janeiro RJ)
Domitila de Castro Canto e Melo (1797-1867)
O aumento da vida social fez com que surgissem salas de recepção, jantar, escritório, biblioteca e música, com uma
grande valorização decorativa (papéis de paredes, tapeçarias, pratarias, cristais, porcelanas, etc.).
1 Saguão 8 Almoço 2 Escritório 9 Serviços 3 Salão principal 10 Cozinha 4 Sala de música 11 Quartos 5 Biblioteca 12 Sala de 6 Galeria Banho 7 Sala de Jantar
Casa Rafael Aguiar Paes de Barros (São Paulo SP)
Pav. Térreo Pav. Superior
Em paralelo à adoção de comportamentos
cerimoniais, aos poucos, ocorria uma melhoria da
PRIVACIDADE das áreas íntimas da casa (dormitórios e sala de almoço), passando o
quarto a se comunicar com um boudoir ou quarto de se trocar.
Trono
Mesa
Canapé
Estilo Império Brasileiro
D. Pedro II (1825-91)
Meridiénne
Ecletismo
Com a supressão do tráfico negreiro (1850), além da
cultura cafeeira e imigração europeia, assim como a
implantação das ferrovias entre 1868 e 1878, houve modificações na cidade brasileira, acelerando o
processo de urbanização e transferindo o polo econômico para o Sudeste e Sul do país.
Palacete Vicente de Palmeira - Atual Museu D. Pedro I e D. Leopoldina
(1850/64, Pindamonhangaba SP)
Enquanto a classe média passou a ocupar casas de aluguel com porões altos
habitáveis, a elite (latifundiários do café e industriais em ascensão) começaram a viver em
MORADIAS ECLÉTICAS, caracterizadas pela mistura
de estilos.
1 Jardim 5 Quintal 2 Sala de visitas 6 Criadagem 3 Sala de jantar 7 Dormitórios 4 Cozinha 8 Sala de banho
Pav. Superior
Esquema planimétrico de uma casa eclética