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HISTÓRIA DA COMUNIDADE DE MORENINHA NA DÉCADA DE 60
Marinês Dobrantz1 Antônio de Padua Bosi2
RESUMO
Toda concepção histórica nos leva a pensar no passado da humanidade. No contexto histórico, estudar a historia da comunidade é compreender experiências sociais no presente e no passado em suas diferentes dimensões, tornando-se interessante para a cultura e a valorização de um povo. Desta forma, o conhecimento não é um dado pronto e acabado, mas uma contínua construção que se dá a partir de necessidades e problemas encontrados no cotidiano, sendo um processo ininterrupto, havendo a necessidade de conhecer o passado para compreender o presente. Através de estudos, depoimentos, fotografias e entrevistas visa-se discutir a história do Distrito de Moreninha na década de 60, do município de Santa Helena – Paraná, com a perspectiva de criar um espaço de conhecimento, valores e atitudes democráticas na formação de cidadãos críticos construidores de sua própria história. Isso permite nortear o estudo da sociedade no tempo e no espaço, procurando perceber seus sentidos e significados da ação do homem, refletindo e interagindo para a construção da história. Assim, a partir deste tema propomos um processo educativo que priorize os conhecimentos históricos, cultura e cidadania desta comunidade de forma evolutiva para o aluno, para tornar as aulas de historia um espaço de produção de conhecimento histórico pela prática da pesquisa.
Palavras- chaves: História, Homem, Comunidade, Moreninha
ABSTRACT
The whole historic conception leads us to think about the past of mankind. In historical context, study the history of the community is to understand social experiences in the present and in the past in its different dimensions, making it interesting for the culture and the people. In this way, the knoucledge is not a given, but a ready and finished that construction continued from needs and problems encountered in daily life, and a continuous process, and the need to know the past to understand the present. By means of studies, testimonials, photographs interviews to argue about the history of the District of Moreninha in the 60, the municipality of Santa Helena – Parana, with the prospect of creating a space of knowledge, values and attitudes in the formation of democratic citizens critical constructors of their own history. So from this theme are proposing an educational process that prioritizes the historical knowledge, culture and citizenship of this community so the evolutionary, to make the student lessons of history a production space of historical knowledge by the practice of research.
Key words: History, Man, Community, Moreninha.
1 Professora de História da Rede Pública Estadual do Paraná participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/PR, sob a orientação do professor Antônio de Padua Bosi, vinculada a UNIOESTE Campus de Marechal Cândido Rondon, no período 2010 a 2012. O presente artigo é o resultado das pesquisas e atividades desenvolvidas junto ao Programa PDE/PR. 2 Doutor em História pela UFF, docente da UNIOESTE
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1 INTRODUÇÃO
O referido artigo é a etapa final de um estudo, para analisar em que contexto
histórico se formou a região oeste do Paraná, destacando aqui nesse trabalho o
Município de Santa Helena, mais precisamente o Distrito da Moreninha. Partindo de
uma pesquisa realizada à coleta de depoimentos de migrantes que vieram para o
distrito a partir de 1960, e assim termos conhecimento da participação dos mesmos
nesse processo de colonização, que leva-nos repensar o quanto o homem faz parte
da construção da história.
No contexto histórico, estudar sobre uma determinada comunidade é
compreender experiências sociais no presente e no passado em suas diferentes
dimensões, tornando-se interessante para a cultura e a valorização de um povo.
Sendo que o conhecimento não é um dado pronto e acabado, mas uma contínua
construção que se dá a partir de necessidades e problemas encontrados no
cotidiano, sendo um processo ininterrupto, havendo a necessidade de conhecer o
passado para compreender o presente.
A comunidade da Moreninha – Santa Helena, como as demais da região do
oeste paranaense tem sua história oficial, firmada principalmente na migração de
famílias vindas dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul em meados de
1960, para a região extremo oeste do Paraná, onde hoje se encontra essa
comunidade.
Diante do real papel do historiador, que é procurar definir para quem escrever
e como escrever, quais os apontamentos e projetos, como alternativa de evidenciar
a realidade presente e de que forma elencar os problemas da pesquisa. Recolocar
continuamente o problema de pensar os objetivos da escrita da história, como
pensar as relações passado/presente no diálogo com as fontes, com a realidade,
com a bibliografia, com os migrantes e a significação das relações vivenciadas por
eles3. E o referido tema oferece uma gama de opções, no campo da historiografia.
O motivo que me levou a optar por esse tema é o fato que a história regional
sempre me interessou, principalmente a colonização e formação da sociedade do
Oeste do Paraná. Os documentos oficiais sobre a história do oeste privilegiam a
colonização agrícola desde o início, dando ênfase na formação de muitos municípios
3 FENELON, D. R. O historiador e a cultura popular: história de classe ou história do povo? História & Perspectivas, Uberlândia, UFU, n. 40, 27-51, jan./jun. 2009. p. 27-51.
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e ao núcleo populacional da região, formado por etnia germânica, mais
precisamente de alemães e italianos em quase todo o território oeste.
Outro motivo que me levou a escrever sobre esse tema, é que não existem
registros sobre a história da formação da comunidade de Moreninha localizada no
município de Santa Helena, foco desse artigo. Tal temática me leva a
questionamentos, como realmente se constitui sua população? Será que foram
como nos demais municípios do Oeste do Paraná, conforme registrado pela história
oficial, que apenas estas duas etnias alemãs e italianas estiveram presentes no
início da Colonização do oeste paranaense mais precisamente na região que hoje se
localiza o município de Santa Helena? Por que o empreendimento colonizador
efetuado em Santa Helena pela Imobiliária Agrícola Madalozzo Ltda, iniciado em fins
da década de 50 começou a canalizar para a região, colonos de descendência
alemã e italiana e principalmente da religião católica, como demais empresas que
exploraram essa região? São questões que nortearam minha reflexão sobre a
inserção ou não de outras etnias na formação da sociedade de Moreninha ou foram
somente essas dos registros oficiais existentes da região?
Assim, a idéia de realizar este trabalho de pesquisa, é fruto da necessidade
de conhecer um pouco mais da história local e regional, e relacioná-la ao contexto
nacional e ou mundial, levando em consideração as diferentes temporalidades das
experiências dos sujeitos. Ressaltando as relações de trabalho, poder e de cultura,
estimulando a reflexão sobre os conteúdos, os conceitos e as concepções de
História presentes em diferentes contextos históricos, buscando dar um novo
significado as memórias invisíveis da história local. Através de conteúdos
específicos, favorecendo a construção do conhecimento histórico, captado pela
metodologia da fonte oral e materiais bibliográficos oficiais publicados da
historiografia.
Pretendeu-se assim investigar e discutir a proposta delineada nas Diretrizes
Curriculares para o Ensino da História, estabelecendo abordagens teórico-
metodológicas diferentes, buscando um caminho que possibilite a compreensão
através das experiências e dos sentidos que os sujeitos dão a elas. Neste sentido
dialogar com historiadores, em uma abordagem da história regional, onde os alunos
estão inseridos. Com pontos de vista sobre um determinado passado buscando
explicações macro-históricas e visando à aprendizagem da História.
O artigo é a resposta de um estudo maior, sobre o processo de formação da
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comunidade do Distrito de Moreninha, relatando a experiência dos migrantes que
aqui chegaram, enfocando aspectos políticos, econômicos, religiosos e culturais,
tendo como recorte temporal o período de 1960 a 1970, período este compreendido
como da colonização da região, onde hoje se localiza o municipio de Santa Helena.
Tendo como enfoque a historicidade da comunidade, seu espaço territorial e as
relações sociais mantidas desde o inicio de sua fundação.
Para compreendermos como sucedeu a formação da comunidade do Distrito
de Moreninha no município de Santa Helena no oeste do Paraná, foi preciso delinear
uma linha de parâmetro no tempo dos fatos que contribuíram para a colonização da
região Oeste do Paraná como um todo. É preciso uma reconstrução da discussão
histórica dos acontecimentos desse processo, e uma breve explanação de alguns
fatos que marcaram o espaço territorial, desde o início de sua colonização em
meados de 1960 e 1970.
Desta forma, estaremos contribuindo na preservação da memória histórica
dos sujeitos da comunidade de Moreninha, por meio da experiência vivida por estes
migrantes, bem como na compreensão das contradições de cada época. E analisá-
las a partir de suas causas permitindo aos sujeitos perceberem nas diversas
instâncias sócio-históricas, as políticas públicas e as diversas instituições,
influenciam no seu cotidiano.
Ao reportarmos o estudo para essa região, é porque buscamos dados para
conhecer a história do Distrito de Moreninha, pois não é possível conceber que um
passado tão rico em acontecimentos e fatos, seja mergulhado no esquecimento ou
apenas vivo na memória dos migrantes que aqui chegaram. Os quais têm muitas
histórias, experiências para nos contar, sobre os primeiros anos que aqui chegaram,
fatos estes marcados por lutas, vitórias e derrotas. Mas que foram perfazendo e
construindo a historia da região do Oeste Paranaense.
E, segundo Colodel (1988), a história do Oeste paranaense não se encerra
em si mesma. Ela não se auto determina isoladamente, indiferente a uma vasta rede
de fatores, que a condicionaram e a condicionam indefinidamente. Ela é, pois, o
resultado contraditório e processual de toda uma série de realizações pessoais e
simultaneamente coletivas. São os homens os produtores da sua própria história, e
sobre os seus ombros recaem as possíveis determinações do “vir a ser”. Assim, não
podemos compreender a história dessa região por si só.
Portanto, se faz necessário, conhecer quem foram esses primeiros migrantes
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que aqui chegaram? Como viveram? Para compreendermos qual a importância na
história da comunidade. Qual a contribuição desse conhecimento para a formação
desta história para o aprendizado. E construindo a história escrita e oficial de uma
comunidade que não tem sua história relatada em livros, o Distrito de Moreninha.
Além de que, este artigo é o ápice de um projeto maior de pesquisa do
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, a qual trata de uma análise do
contexto histórico da formação da localidade Moreninha – Santa Helena,
comunidade do extremo oeste do Estado do Paraná.
Artigo esse, que teve como objetivo, desvendar algumas das experiências dos
sujeitos que colonizaram esta localidade, discutindo como se pautaram as memórias
em torno desta ocupação, vista de dois diferentes prismas: o oficial e o dos
colonizadores. Fundamentado em questionamentos sobre os processos de
construção das memórias e dos valores dos moradores da comunidade e de suas
experiências reais. E, assim a partir de um novo olhar sobre a história oficial
construída, buscar dar visibilidade as memórias muitas vezes deixadas de lado ou
esquecidas e silenciadas neste processo histórico, compreender as contribuições
que trouxeram os primeiros sujeitos ao ocupar o território que se localiza a referida
comunidade.
Ademais, conforme exigência do programa PDE, foi elaborado além do
projeto de pesquisa, um texto didático que serviu de base para a criação de um
projeto de implementação e de uma Unidade Didática, que foi relacionada com
outros temas e auxiliado por colegas de das disciplinas de Língua Portuguesa e
Geografia. A Unidade Didática contém inúmeras atividades relacionadas à disciplina
de História e uma proposta de estudo, realizada por mim sobre a Formação da
Comunidade do Distrito de Moreninha, a qual foi realizada com a participação dos
alunos do 2º Ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Santos Dumont.
Vale ressaltar que durante a prática, na escola, foi impressionante o interesse
que os alunos demonstraram pela história de sua comunidade, onde a maioria deles
nasceu ou vive atualmente.
Dentro desta atividade, foi sugerida e realizada uma pesquisa de campo sobre
dados da comunidade, em fontes diversificadas, além de documentos escritos,
registros orais, testemunhos da história local, relacionando os grupos étnicos
predominantes.
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Ainda foi proposta para estudo a realização de entrevistas com os primeiros
moradores de Moreninha, onde houve a participação dos alunos, através de um
roteiro elaborado por mim. Estas atividades foram realizadas durante o mês de
agosto a outubro de 2011 e serviram, na execução da prática do projeto e na coleta
dos dados que complementaram a própria pesquisa.
E, foi nas narrativas das pessoas e nas fontes usadas, encontradas as
respostas para as evidências, sobre o passado estudado, sobre os moradores e
quais as visões de mundo dos mesmos, enfim seu projeto de sociedade.
É na história das sociedades, que procuramos enquanto historiadores,
compreender as realizações e suas motivações, e analisar quais os efeitos que as
transformações causaram na humanidade. E assim, compreender a efetivação da
comunidade do Distrito de Moreninha, , desde a década de 60, através de estudos,
depoimentos, fotografias e entrevistas com o objetivo de registrar a história dessa
comunidade, bem como de criar um espaço de conhecimento, valores e atitudes
democráticas na formação de cidadãos críticos e construídores de sua própria
história. Isso permite nortear o estudo da sociedade no tempo e no espaço,
procurando perceber seus sentidos e significados da ação do homem, refletindo e
interagindo para a construção da história.
2 DESENVOLVIMENTO 2.1 A REGIÃO OESTE: LIMITES DE FRONTEIRAS
A Região Oeste do Estado do Paraná compreende o espaço abrangido pelas
cidades de Foz do Iguaçu, Guairá e Cascavel. As duas primeiras cidades estão
localizadas em perímetro de fronteira entre Brasil e Paraguai, e Brasil e Argentina.
Descrevendo desta forma, não se evidenciam as dificuldades que ocorreram
para chegar-se aos atuais limites territoriais. A história inicia-se por volta de 1777
quando da assinatura do Tratado de Santo Ildefonso, que estabeleceu segundo
Wachowicz que a fronteira passaria pelos rios Peperi-Guaçu (afluente do Uruguai) e
Santo Antônio (afluente do Iguaçu) (STECA & FLORES apud WACHOWICZ, 1995,
p.181)
Na época, foram elaborados mapas para registrar a fronteira, porém, como as
expedições de desbravamento, tanto portuguesas como espanholas, cruzavam o
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território, a fronteira acabou ficando indefinida na prática. Essa indefinição não
parecia incomodar os portugueses ou os espanhóis, e nem depois os brasileiros tão
pouco, pois por 80 anos ninguém questionou os limites do referido Tratado. Em
1857, o governo imperial brasileiro foi “despertado” para esse descaso, devido a
uma guerra civil que ocorreu na Argentina. O governo brasileiro não via
possibilidades de contestação das fronteiras por parte de seus vizinhos. Desde
1853, a Província do Paraná (nome do rio homônimo) havia se desligado de São
Paulo, entretanto, não dispunha de recursos humanos ou financeiros para ocupar
todo o seu território. A necessidade de apoio do governo imperial era evidente.
(STECA & FLORES, 2002 p.89).
Naquela época, o que valia como direito de contestação territorial era o
principio de Uti-possidetis4 - a terra pertence por direito a quem a ocupa por isso, os
governos referidos trataram de organizar expedições de reconhecimento visando
futuro assentamento de uma colônia militar na fronteira. Mesmo existindo a cidade
de Palmas, 1857, duas colônias ”agro-militares” foram fundadas. Eram a Chapecó e
Chopim.
Segundo Colodel, foi o engenheiro militar Capitão Bellarmindo Augusto de
Mendonça Lobo quem chefiou a expedição, e a descoberta da foz do Rio Iguaçu, foi
feita pelo engenheiro militar e 2º tenente José Joaquim Firmino, isto em 15 de julho
de 1889. A região não era desabitada. Pedro Martins da Silva, brasileiro e Manoel
Gonzaga, espanhol, viviam ali desde 1881 (STECA & FLORES, 2002 p.91).
Naquela época, o Brasil passava por sérias dificuldades no plano político. O
fim da guerra do Paraguai havia causado sério desequilíbrio ao império,seja pela
questão militar, seja pela propaganda abolicionista que se desencadeou no país, e
pelos próprios soldados, que se recusavam a ir à “caça de negros fugitivos”.
Foi de membros desse mesmo exército que surgiu a pressão para a fundação
de uma colônia militar na Foz do Iguaçu, como estratégia de defesa do território
contestado. Entre as atribuições dadas a esses militares, estava a de construção de
estradas entre Porto União e Palmas; entre Palmas e Guarapuava, além de ligações
com a Província do Mato Grosso (STECA & FLORES, 2002 p.93).
A questão militar ocorria pelo descontentamento dos soldados brasileiros com
o andamento e desfecho da guerra, entre outros. E a liderança militar comandou a
4 Uti-possidetis ou direito de posse, consagrado no Tratado de Madri (Disponível em < http://info.lncc.br)
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colônia de Foz do Iguaçu somente até 1892. Logo se percebeu seu desvirtuamento:
fundada para desenvolver agricultura, justamente para evitar depredação dos
recursos naturais da região mate e madeira, não demorou e toda a sua população
praticamente encontrava-se praticamente encontrava-se vivendo exatamente da
exploração desses recursos. A distância do governo do Estado, e o descaso das
autoridades locais, incentivavam a ação de atividades ilícitas como o contrabando
(STECA & FLORES, 2002 p.94).
Região de difícil acesso. A penetração, para o Oeste, era feita através do Rio
Paraná, da Estrada de Ferro Guaíra- Porto Mendes, e da “estrada” que levava de
Guarapuava à Foz do Iguaçu. Porém, a geografia do lugar não era o maior problema
para o povoamento da região: ali prevaleciam os interesses dos obrageros que
dominavam e controlavam as vias de acesso, como forma de garantir numerosa
mão-de-obra- em regime de Trabalho Compulsório- para extração do mate e da
madeira (STECA & FLORES, 2002 p.106).
O processo histórico encarregou-se de trazer mudanças para a Região Oeste.
As duas Grandes Guerras Mundiais enfraqueceram economicamente as Empresas
atuantes na região. Também, a crise no comércio da erva mate; o Movimento
Tenentista; e principalmente a política nacionalista adotada pelo Governo de Getúlio
Vargas, que aumentou sua atuação na região criando o Território do Iguaçu e
iniciando a Marcha para o Oeste.
A colonização e o povoamento no Oeste foram resultados da confluência de
diversos fatores, mas a crise no comércio da erva mate diminuiu o poderio das
Obrages na região. Para compensar os prejuízos, com a queda nas exportações,
frente à concorrência da produção argentina, as empresas obrageras tentaram a
exploração da madeira e para isso, recorreram a empréstimos dando como garantia
suas propriedades. A sucessão desses empréstimos acabou por impossibilitar o
resgate das mesmas. Muitas propriedades foram liquidadas, renegociadas ou
retomadas pelo Estado (STECA & FLORES, 2002 p.108).
Durante toda a conjuntura em que se processou a exploração da erva-mate e
da madeira no Oeste do Paraná por companhias estrangeiras, a maioria quase
absoluta da mão-de-obra empregadas nessas atividades exploratória era composta
por trabalhadores paraguaios, os chamados guaranis modernos: mensus
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(mensalista) que seriam pagos mensalmente.5 ou peões.
Para que melhor possamos compreender os mecanismos que regiam a vida
desses peões nesses sertões, faz-se necessário que entendamos, inicialmente, de
que maneira eram organizados esses vastos domínios rurais, que nas margens do
rio Paraná apresentava características bastante peculiares, e que passaram a ser
conhecidos como obrages.
O termo, retirado do castelhano, passou a designar as propriedades e/ ou
explorações instaladas em regiões onde predominava a existência de uma flora
tipicamente adequada ao clima subtropical nos Estados vizinhos da Argentina e no
Paraguai. Foi nesses países, desde o inicio do século XIX, que esses tipos de
exploração desenvolveram suas características norteadoras, fixaram seus objetivos
e dimensionaram seus espaços de atuação.
A vida útil dessas propriedades estava diretamente ligada á extração maciça
de produtos que se faziam abundantes nessas regiões. Para tanto, o seu
funcionamento se dava à margem de qualquer tentativa de povoamento ou de
colonização nos espaços onde haviam se fixado.
A idéia principal era exploração intensiva, indiferente ao esgotamento dessas
reservas nativas. Assim, os capitais aplicados nas obrages não eram de monta e
nem em longo prazo, já que se pretendia um retorno quase que imediato.
A maximização dos lucros se acentuava à medida em que a mão-de-obra
empregada recebia salários baixíssimos e os produtos explorados tinham excelentes
aceitação nos mercados consumidores, sendo vendidos a um bom preço. Seguindo
esta linha de raciocínio, as obrages assentaram seus interesses econômicos na
exploração dos produtos que compunham o binômio mate/madeira, abundantes em
toda a região Oeste e no Estado do Mato Grosso, e com mercados consumidores já
bem definidos e em expansão.
Foi a existência desses produtos que atraiu a atenção dos capitalistas
argentinos para o Oeste do Paraná e também para o Estado do Mato Grosso. Vastas
porções do território paranaense e do sul do Mato Grosso estavam cobertas dessas
reservas vegetais (COLODEL, 1988 pg.53-54).
5 LOPES, Sérgio. O Território do Iguaçu no Contexto da “Marcha para Oeste”. Cascavel: Edunioeste, 2002, p. 87
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No caso específico de Santa Helena, às margens do rio Paraná, a companhia
Domingos Barthe instala-se no ano de 1858. A confirmação desta data é
considerada à medida que havia um letreiro gravado na pedra e que dizia o
seguinte: ”Puerto de Santa Helena fue abierto dia 18-8-1858 pela Companhia
Domingos Barthe”. E ele pôs esse nome de Santa Helena dizendo por ser o dia de
Santa Helena6.
Quando se acentua o desgaste das reservas nativas em terras argentinas, os
obrageros passam a procurar com insistência cada vez maior, novas áreas onde
pudessem dar continuidade ao rentável negócio da extração da erva-mate e da
madeira. Por condicionantes citados anteriormente, o seu eixo de interesses passa a
ser direcionado para o Oeste paranaense e também para o Mato Grosso. Os rios
Uruguai e Paraná servem como rotas naturais de penetração para essas recém-
descobertas frentes de exploração.
É no espaço temporal que vai desde fins do século XIX até as duas primeiras
décadas do século XX que as investidas dos obrageros argentinos no Território
Oeste do Paraná ganham todo o seu impulso, e se estabelecem de forma
contundente.
Ao iniciar-se a década de 1920, quando começaram a chegar os primeiros
colonos gaúchos na região de Santa Helena, a presença argentina na região fazia-
se de modo marcante. Em Santa Helena, especificamente, a Companhia Domingos
Barthe desenvolvia as suas atividades a todo vapor (COLODEL, 1988 p. 64). A erva-
mate e a madeira que eram retiradas das matas seguiam o seu longo e penoso
percurso até a margem do rio Paraná e ao passarem por tais lugarejos tinham a sua
quantidade contada e contabilizada em uma primeira instância.
O porto de Santa Helena, o ponto terminal da obrages de Domingos Barthe,
possuía uma organização bastante específica já que era deste local que boa parte
da produção de madeira e de erva-mate era explorada em direção à Argentina.
Em 1920 quando começava chegar os primeiros colonos gaúchos, trazidos
por intermédio da Colonizadora Alegretti, a Companhia Barthe operava de maneira
intensa no porto de Santa Helena. Além de escoar pelo rio Paraná os produtos
provenientes do interior da Obrages, no porto eram efetuados todas as operações
de contabilização do montante exportado. (COLODEL, 1988 p.66-67).
6 BORTOINI, Antônio Francisco. Entrevista gravada, concedida a José Augusto Colodel em 23 mar. 1988 em Santa Helena.
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2.2 HISTÓRIA CULTURAL – UMA ABORDAGEM NECESSÁRIA
A chegada dos colonos a Santa Helena nas primeiras décadas do século XX,
a religião era um fator proeminente da sua vida em comunidade. Como os colonos
gastavam a maioria do seu tempo útil no preparo da terra e no cultivo de suas
lavouras, durante os primeiros anos de colonização italiana em Santa Helena, não
houve a possibilidade de construir-se uma igreja ou capela. Durante este tempo, as
celebrações religiosas eram normalmente realizadas nas casas de alguns colonos.
A partir de 1923, alguns padres vinham a cavalo desde Foz do Iguaçu para
ministrar cultos em Santa Helena. A sua viagem era extremamente demorada e, por
isso, havia um longo intervalo de tempo entre um culto e outro. Além disso, como
não existisse, igreja o altar era improvisado nas casas dos colonos, onde toda a
população da colônia se reunia. Estes padres eram pertencentes à
CONGREGAÇÃO DO VERBO DIVINO e, além de Santa Helena, peregrinavam por
toda a margem do rio Paraná e pelo interior celebrando casamentos, batizados e
crismas (COLODEL, 1988 p.241-242).
O padre Wingger, uns dos padres que permaneceu em Santa Helena, este
clérigo, além de suas atividades estreitamente religiosas, propiciou outros tipos de
benefícios para a comunidade. Dava aulas para as crianças, servia como médico em
casos de enfermidades, além de cultivar uma pequena horta para a sua
sobrevivência. As aulas eram ministradas no salão da casa paroquial, sendo
basicamente ensinadas as primeiras letras e um pouco de aritmética básica; além de
ensino religioso (COLODEL, 1988 p.248).
Uma data certa para se contar com a presença de um padre era no dia da
padroeira de Santa Helena: 18 de agosto. Era a festa religiosa mais importante para
a comunidade, e todos os moradores se reuniam – mesmo os mais distantes-, para
dela participarem (COLODEL, 1988 p.249).
A festa contava com a colaboração de toda a comunidade. Os colonos se
reuniam e contribuíam com o que podiam. Alguns, mais abastados, doavam uma
vaca; outros doavam porcos, galinhas e prendas diversas (COLODEL, 1988 p.250).
Em Santa Helena, durante todo o espaço temporal que antecedeu a entrada
do Brasil na segunda Guerra Mundial, em 1942, os seus moradores não puderam
contar com segurança com a vinda de religiosos. Os meios de comunicação eram
precários e, além disso, o grande território que estava sob a jurisdição da Prelazia de
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Foz do Iguaçu impedia que os padres dessem uma assistência mais regular às
comunidades por ela englobada (COLODEL, 1988 p.251).
O padre Germano Hornig prestou assistência religiosa para a comunidade de
Santa Helena durante os anos de 1937 até 1941 quando foi afastado da paróquia de
Foz do Iguaçu por determinações superiores para servir como coadjutor em
Laranjeiras.
Se a vinda de representantes religiosos para Santa Helena estava
condicionada a toda uma série de dificuldades até o ano de 1941, o ano seguinte se
faria marcar por um profundo agravamento.
Em 1942, após ter-se mantido neutro desde 1939 quando começou a
Segunda Guerra Mundial, o Brasil declarou guerra aos países do Eixo. Nesse
mesmo ano, entrou em vigor a Lei da Fronteira e do Litoral, que obrigava os súditos
das potências do Eixo a se afastarem 100 quilômetros dessas faixas territoriais.
Essa medida, que afetaria sobremaneira a vida dos colonos de origem estabelecidos
nas zonas fronteiriças, também se faria sentir com a mesma intensidade sobre o
trabalho da Prelazia de Foz do Iguaçu (COLODEL, 1988 p. 253).
Com o término da Segunda Guerra Mundial, o Estremo Oeste do Estado do
Paraná é alvo de uma intensa movimentação demográfica. Os primeiros anos da
década de 50 marcaram o início da retomada de seu efetivo povoamento. É o
período onde se intensifica a marcha de contingentes populacionais provenientes do
Estado do Rio Grande do Sul em direção às grandes extensões de terras aqui
localizadas, que se encontravam praticamente despovoadas e economicamente
improdutivas. Toda essa imensa região sofrerá os efeitos das ondas migratórias que
continuamente aqui se assentarão e provocarão grandes modificações e distúrbios
na estrutura fundiária até então estabelecida. A redescoberta da Região Oeste
servirá como um elemento que define e fortalece características culturais e
econômicas de toda área atingida por esses novos contingentes migratórios.
Inevitavelmente, Santa Helena também será atingida por todo esse processo de
reestruturação sócio-econômico (COLODEL, 1988 p.256).
Após ter instalado o seu núcleo de colonização em Santa Helena e já com o
afluxo de colonos para a região sendo considerável, a Imobiliária Agrícola Madalozzo
Ltda. Resolveu iniciar a construção de uma capela que possibilitasse assistência
religiosa à população que aqui havia se fixado.
Coube a João Marcelino Madalozzo, contando com a ajuda dos moradores, o
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inicio da empreitada. Era uma construção de madeira e foi batizada com o nome de
Santo Antônio. A sua inauguração oficial deu-se em 13 de junho de 1959 e a
primeira missa foi celebrada pelo padre Angelo Bortolini.
Construída no ano de 1959, esta igreja foi o palco da criação da Paróquia de
Santa Helena no ano de 1961. Finalmente, após mais de trinta anos era finalmente
criada a tão desejada Paróquia instalada modestamente numa pequena igreja de
madeira. O primeiro pároco escolhido para administrar a vida religiosa do lugar, em
nome da igreja Católica, foi o padre Martinho Seitz (COLODEL, 1988 p.259-260).
Em Santa Helena, a pequena igreja que fora edificada em 1959 na praça Rui
Barbosa funcionou regularmente até o ano de 1962 quando foi derrubada por uma
forte ventania. No ano seguinte uma nova igreja foi construída no terreno onde
atualmente se encontra a igreja matriz, inaugurada em 25 de outubro de1981.
O empreendimento colonizador efetuado em Santa Helena pela Imobiliária
Agrícola Madalozzo Ltda., iniciado em fins da década de 50, começou a canalizar
para a região colonos de descendência alemã que professavam as religiões
evangélicas e luteranas.
No início de seu estabelecimento em Santa Helena, os colonos de
descendência alemã começaram a sentir dificuldades para levar adiante a sua vida
religiosa dada a inexistência de um pastor e de um local apropriado para que
pudessem realizar de maneira regular os seus cultos. O núcleo colonial de Santa
Helena Nova estava nos seus primeiros dias de vida e isso acarretava o
aparecimento diário de inúmeras dificuldades para todos os colonos que aqui havia
decidido se fixar. A Madalozzo era alvo diário de críticas severas, notadamente pelo
fato de não providenciar a infra-estrutura necessária, por mais elementar que fosse,
para que os colonos ficassem mais bem acomodados.
Assim mesmo, alguns meses depois de aqui construir suas residências, a
comunidade evangélica tratou de providenciar junto aos administradores da
Madalozzo a vinda de um pastor que lhes ministrasse seus ofícios religiosos. O
primeiro pastor que efetivamente trabalhou em Santa Helena foi Jochen Pawelke
que era religioso responsável pela paróquia de Marechal Cândido Rondon, e
pertencente a I.E.C.L.B (Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil).
(COLODEL, 1988. pg.261).
Durante todo o período em que permaneceram em Santa Helena, á vida dos
colonos que para cá se deslocaram não foi marcada unicamente pelo trabalho,
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embora este ocupasse quase todo o seu tempo útil. Muita coisa precisava ser feita
nos seus lotes para que eles pudessem tornar-se aptos para a produção da sua
subsistência. Trabalhava-se de manhã até o anoitecer e nenhum braço da família
poderia ficar ocioso. Mesmo as crianças tinham tarefas que, apesar de leves,
contribuíam para o aumento da renda familiar.
No entanto havia a necessidade da comunicação com outras pessoas;
famílias que moravam próximas. No início, poucos eram os recursos materiais que
tinham esses colonos para serem empregados em suas atividades recreativas. Mas
o lazer era importante para que se aprofundassem os laços de convivência entre os
membros da comunidade.
Num primeiro momento, as pessoas procuraram reunir-se em encontros
familiares, onde participavam os seus vizinhos mais próximos. Essas reuniões
apresentavam a importância de abrir um espaço que possibilitava que essas famílias
ficassem juntas durante algum tempo. Durante essas poucas horas procurava-se
esquecer todas as dificuldades encontradas, ao mesmo tempo em que se
recordavam os momentos mais felizes que haviam passado em suas comunidades
de origem. A aventura da migração para as terras do Oeste do Paraná era
constantemente lembrada e a insatisfação com as condições materiais aqui
existentes era superada por um imenso desejo de viver e progredir. Esses colonos
tinham em mente o fato do seu isolamento da própria região em relação a outros
centros populacionais. Assim, as oportunidades que apareciam para que acentuasse
a aproximação dessas famílias eram aproveitadas imensamente.
Uma das primeiras formas de diversão encontradas pelos colonos que se
estabeleceram na região de Santa Helena, nas primeiras décadas do século XX,
foram as caçadas. A caça surgiu como uma necessidade de alimentação
suplementar e propiciava o encontro social de diversos moradores. Nem todos
participavam das caçadas em si, mas após a sua realização todos participavam
(COLODEL, 1988 p.263).
Quando falamos em caçadas não podemos nos esquecer que para esses
colonos a que mais dava prazer eram as passarinhadas. Os caçadores se
distribuíam em áreas determinadas, com alguns até usando apitos especiais para
atrair os pássaros. Quando se aproximava a hora do almoço eles retornavam ao
ponto de encontro para,pela parte da tarde limparem a caça. Então, era combinado o
local onde seria feita a passarinhada, da qual participavam todos os caçadores com
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suas famílias e outros convidados. Em Santa Helena Velha, na casa dos Noro tinha
muita passarinhada
Outra forma de se caçar aves era através de arapucas. Estas se revelavam
como sistemas mais práticos e muitos mais eficientes. Como houvesse grandes
quantidades de pombas, elas eram as preferidas para o uso das arapucas.
Para se fazer uma passarinhada tudo deveria ser combinado com
antecedência e os preparativos movimentavam a vizinhança. Geralmente eram
escolhidas datas especiais, como, por exemplo, no Dia das Mães, e a reunião era
feita na hora do almoço de domingo. Os homens ficavam encarregados de assar as
aves abatidas e as mulheres cuidavam do preparo dos outros pratos, dentre os quais
a polenta e saladas.
As carnes mais apreciadas pelos colonos para a sua alimentação eram as de
veado, paca, anta, porco do mato (tateto). Algumas vezes, quando se caçava em
excesso, uma parte da carne era distribuída entre os moradores vizinhos,
principalmente quando se conseguia abater uma anta de grande porte. Porco do
mato também era morto porque ele, além de ser uma carne bastante apreciada por
ser rica em proteínas e de onde poderiam ser tirados e aproveitados vários
subprodutos, também se apresentava como uma ameaça para as plantações de
milho feitas pelos colonos (COLODEL, 1988. p. 264 - 266).
O milho, desde quando migraram para a região de Santa Helena os primeiros
colonos gaúchos, sempre foi um produto agrícola muito importante para a unidade
de produção econômica familiar. Ele era a matéria-prima para o preparo da polenta e
também servia como base alimentar para a criação de porcos, graças aos quais os
colonos faziam diversas variedades de salames e também retiravam a banha.
As pescarias geralmente eram feitas no rio Paraná e os colonos que moravam
mais para o interior se utilizavam de outros rios como o rio São Francisco
Verdadeiro, São Francisco Falso, Dois Irmãos, Pacuri, Morena e Ocuí.
Posteriormente, a partir da década de 50, as pescarias passaram a ser encaradas
como esporte e mobilizavam um bom número de participantes.
Sem dúvida alguma, o divertimento mais apreciado pelos colonos que se
estabeleceram nas áreas de colonização em Santa Helena desde os seus
primórdios eram os bailes. Eram os motivos maiores para reunião e
confraternização e todos os colonos faziam o possível para não faltar. Os bailes já
eram uma tradição arraigada nas regiões colonizadas por italianos no Rio Grande do
16
Sul e no extremo oeste paranaense continuaram a ter a mesma importância social.
Os primeiros bailes realizados em Santa Helena tinham como local habitual a
casa dos administradores da Companhia Domingos Barthe, no porto. Embora sendo
uma propriedade particular, os administradores argentinos faziam questão de
convidar todos os moradores para que dele tomassem parte. A animação dos bailes
ficava por conta de conjuntos paraguaios, especialmente convidados para a ocasião,
munidos de instrumentos musicais característicos da sua cultura musical e que
dentre os quais se sobressaíam as harpas e violões. Já no início da noite, a casa
encontrava-se toda iluminada por lampiões e a movimentação era grande com
pessoas afluindo para o lugar por meio de carroças e mesmo a pé. Do lado de fora,
os mensus cantavam e faziam serenatas, tomando cachaça e jogando o carteado.
Para os colonos, o dia de sábado estava reservado para este entretenimento.
Era certo que nesses bailes eles se encontrariam com seus vizinhos e conhecidos e
também era a oportunidade de que se usufruir a Companhia Domingos Barthe para
deles se aproximar e angariar a sua simpatia. Além dos bailes realizados no porto,
era habitual que eles também fossem feitos nas casas dos colonos (COLODEL,
1988. p. 266 - 267).
Quando os bailes tinham como local as casas dos colonos, a música era
também tocada por paraguaios, mas, na maioria das vezes, quem delas se
encarregavam eram moradores da própria colônia. Líbero Ferri era sempre
requisitado para encarregar-se da animação desses bailes; com sua inseparável
acordeona da marca Somenza. Como os dias de segunda à sexta-feira eram
dedicados aos trabalhadores na lavoura e de conservação da propriedade, abrindo
roças e limpando os terrenos, restavam as noites de sábado para esse tipo de
diversão (COLODEL, 1988. p. 267 - 268).
Na casa onde seria realizado o baile de sábado à noite, os preparativos
tinham que ser feitos com certa antecedência. Tinha-se que entrar em contato com
os músicos, além de deixar reservada uma boa quantidade de querosene para os
lampiões. O pão, algumas vezes também bolachas, tinha que ir ao forno cedo. Os
convidados tinham que ser avisados com antecedência porque muitos deles
moravam bastantes distanciados da casa onde seria realizado o baile.
Para essas ocasiões, os colonos não tinham o costume de convidar os
mensus, mesmo que alguns desses peões estivessem fazendo empreitadas em
suas propriedades. Isto se devia ao fato de os colonos considerarem os paraguaios
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muitos beberrões e brigões e temessem que a sua presença atrapalhasse a festa.
Quando as obrages se retiraram do oeste paranaense, essa mão-de-obra
passou a ser empregada pelos colonos para ajudarem no desmate dos lotes para o
cultivo das suas plantações. O sistema de pagamento mais comum que era usado
era o que chamava de empreitada (COLODEL, 1988. p. 269).
Em Santa Helena, o mês de junho era reservado para as festas juninas. No
dia 13 de junho era a festa de Santo Antônio e no dia 24 a de São João. A
comunidade se reunia e todo o ano, invariavelmente, estas festas eram realizadas.
Assim como no caso dos bailes, as festas eram feitas nas casas de algum colono
(COLODEL, 1988. p. 272).
Para as festas juninas, o acesso dos peões paraguaios era permitido,
principalmente por causa das crianças que queriam ver de perto as grandes
fogueiras que eram feitas. Se, por um lado, estas festas eram momentos de diversão
e confraternização, por outro, reservavam um espaço para manifestações de fé
como as que eram observadas quando alguns colonos passavam pelas brasas que
eram espalhadas pelo chão. O fato de não queimarem os pés era encarado por
essas pessoas como uma demonstração da sua fé religiosa (COLODEL, 1988,
p.273).
Para os colonos que migraram para Santa Helena, o carteado era uma das
diversões preferidas entre os homens. Reunidos em pequenos grupos jogavam a
bisca, que sempre foi um jogo de muita tradição entre os colonos de descendência
italiana. Os jogos de carta, apostados a dinheiro ou não, eram geralmente realizados
nos domingos e tinham como locais de maior freqüência as bodegas.
As casas comerciais também consistiam em locais de reuniões entre os
homens que, entre um aperitivo e outro, passavam algum tempo proseando e
jogando baralho. Para as mulheres, o acesso a esses lugares só se dava nos
momentos em que precisavam adquirir alguma mercadoria que estivesse faltando e
que precisasse ser comprada com urgência (COLODEL, 1988. p.276).
Essa região, lugar de sonhos, onde muitos causos, histórias de pioneiros que
a partir de 1960 são ouvidos e registrados para que Moreninha tenha sua memória.
Santa Helena, nome dado a este maravilhoso Município de muita riqueza,
gente hospitaleira, desbravadores, terras cultiváveis, água boa, ilha, animais,
plantas.
Moreninha, nome que chama atenção e causa curiosidade a todos. Segundo
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informações de moradores a história inicia-se aproximadamente por volta de1960.
A partir de 1920, com a chegada de agricultores provenientes principalmente
dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, a forma de ocupação do
espaço Santahelenense passou por mudanças. Com a formação do núcleo de
povoamento inicial, na localidade de Santa Helena Velha, o solo que até então
estava ocupado por madeira e erva mate passou a ser destinado às práticas da
agricultura de subsistência. Mas foi somente numa terceira etapa a partir de meados
da década de 1950, com a chegada da colonizadora Imobiliária Agrícola Madalozzo
Ltda., que a ocupação do município Santa Helena passou a ser uma realidade. O
início de um loteamento planejado da atual sede do Município e do distrito de Sub
Sede São Francisco permitiram o surgimento de importantes áreas urbanas.
Neste período, Santa Helena não existia como município dependia
politicamente de Foz do Iguaçu. No ano de 1960, grande parte do que era o
Município de Foz do Iguaçu foi desmembrada e foi criado o Município de Medianeira.
A partir desta data, devido a proximidade, Santa Helena passou a pertencer ao
município de Medianeira e foi transformada em um importante Distrito.
Sete anos mais tarde, no dia 2 de fevereiro de1967, foi criado, através da lei n
597\67, o Município de Santa Helena. Para constituir o seu território foram
desmembradas terras de dois municípios Marechal Cândido Rondon ao norte, e
Medianeira ao sul. No mesmo ano também foi criado o primeiro Distrito de São
Clemente; e, no final do ano seguinte, no dia 29 dezembro de 1968, foi empossado o
primeiro prefeito eleito, o senhor Arnaldo Weissheimmer. A partir de então, Santa
Helena passou a ser reconhecida como mais um município do Estado do Paraná.
Na década de 1980, este mesmo espaço passou por grandes transformações.
Uma delas ocorreu em 1983, com o represamento das águas do Rio Paraná, em
virtude da construção da Hidrelétrica de Itaipu. Uma parte das terras produtivas do
Município foi alagada e se transformaram no Lago de Itaipu, fazendo com que fosse
mudada a forma de uso do solo: de terras agrícolas para fundo de lago.
E o Distrito em questão desse estudo Moreninha foi criado com a Lei nº
1.203/99. A câmara municipal de Santa Helena, Estado do Paraná, aprovou e eu,
Silom Schimidt, Prefeito Municipal, sanciono a seguinte: Art. 2º - fica criado o Distrito
Administrativo de Moreninha, neste município, que terá como sede a vila de
Moreninha. Art 4º - a instalação do Distrito Administrativo de Moreninha dar-se-á em
03 de julho de 1999. Art. 5º - esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
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Com a destruição da mata subtropical ocorreu a partir da década de 1960,
quando no município de Santa Helena, assim como nos outros municípios
paranaenses e do sul do Brasil houve a introdução do cultivo da soja, do trigo
acompanhados da mecanização agrícola. E os agricultores derrubaram a mata que
ainda existia em suas propriedades e, nestas terras, as cultivavam.
Durante a formação do lago de Itaipu, alem das terras produtivas, as áreas de
matas que estavam próxima ao rio Paraná também foram “afogadas”. E,
conseqüência deste processo, as áreas de mata foram reduzidas e, atualmente, são
encontradas apenas em alguns pontos do Município.
Podemos conhecer o passado e construir a história do Município através de
depoimentos de moradores que ainda residem na região.
3. ALUNOS DO ENSINO MÉDIO: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA
O desenvolvimento metodológico do projeto de pesquisa, partiu da
necessidade de refletir sobre a importância do Ensino de História para alunos do 2º
Ano do Ensino Médio, surgiu após anos de trabalho e observações de que, muitas
vezes, os alunos não demonstram interesse pelo conteúdo e ensino da disciplina em
alguns momentos, essa postura torna-se fator de frustração, desmotivação para o
educador de História. Assim a temática em questão, trata da História da sua
comunidade, é uma possibilidade de estar oportunizando aos alunos uma nova
perspectiva de estudar História e porque não a sua História.
Inúmeras experiências acumuladas, no decorrer da caminhada enquanto
educador, somadas à vontade de tornar o contexto de sala de aula e todo o
ambiente escolar, em espaço que oportunize uma real e significativa aprendizagem,
ou seja, “um ambiente de compartilhamento de saberes” (SCHMIDT & CAINELLI,
2004, p. 50). Optou-se pelo aprofundamento dos estudos a respeito da disciplina de
História e, a partir das dificuldades, necessidades e interesse dos alunos, propor,
alternativas para tornar o ensino de História atraente no espaço escolar.
E assim com essa concepção, o objetivo para dar continuidade aos trabalhos
do PDE, no período de 2010 a 2012, elaborou-se uma produção didática pedagógica
para ser implementada no Colégio Estadual Santos Dumont - Ensino Fundamental e
Médio, com uma turma do 2º Ano do Ensino Médio, tendo como tema “História da
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Comunidade de Moreninha na Década de 60. Espaço esse onde vivem os alunos
e se encontra a escola dos mesmos.
Todas as atividades elencadas na Unidade Didática, foram baseadas na
concepção de levar o aluno a se sentir e perceber-se como sujeito da História,
alguém capaz de produzir conhecimento, de questionar, de conhecer a realidade em
que está inserido, de valorizar, de resgatar o conhecimento histórico produzido
socialmente, e, a partir da problematização de temas ou conteúdos, construir sua
consciência histórica. As atividades foram pensadas e elaboradas com a
preocupação de propor aos alunos experiências, situações de questionamento, de
levá-los a pensar o papel das relações que se estabelecem entre todos os homens
no seu tempo e espaço e a responsabilidade social que se estabelece entre homens
e mulheres que vivem no mesmo espaço e tempo.
A atividade selecionada e aqui apresentada, foi explorada em estudo de
campo, junto aos primeiros migrantes de Moreninha e hoje moradores da
comunidade. Pesquisa essa elaborada e aplicada pela professora e os alunos.
Assim, as entrevistas, envolvem conhecer, ouvir e relatar um pouco da experiência
vivida e narrada pelos primeiros moradores da comunidade. Assim ao realizar as
entrevistas os alunos se viram como pesquisadores, historiadores, eles passam a
ver os moradores como construtores da história de sua comunidade e a se
perceberem enquanto parte deste contexto histórico. Pois a maioria é descendente
desses colonizadores.
Durante as entrevistas em todos os relatos os alunos tiveram contato com um
pedacinho da história de vida das famílias que aqui chegaram, e ao vivenciarem
essas experiências foram percebendo que a comunidade da Moreninha, e
constituída de famílias vindas do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. E que ao
chegarem nessa região construíram sua história, de lutas e conquistas. Os relatos
que se seguem são dos primeiro moradores do Distrito da Moreninha, resolvemos
optar em preservar os relatos na integra.
3.1 MORENINHA DEPOIMENTOS DE SUA GENTE
A família Marchiotti veio do município de Alecrim no Rio Grande do Sul, para
morar no município de Planalto no Estado do Paraná, em 1957 e de lá veio para
Moreninha em 1967.
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3.1.1 Depoimento do Sr Nelson Marchiotti: Era um lugar cheio de pedras e morros, enxergava-se sol lá pelas 11 horas da
manhã. Vivemos alguns anos ali, muitos dificuldades enfrentamos para viver, tudo
era manual, desde a preparação da terra, plantar e colher era assim.
Foi em 1966 quando um dos vizinhos nossos que já havia passado por uma
região e que tinha um pouco de conhecimento, Alvino Correia, através de uma prosa
(conversa) contando sobre essa região, que era plana, tinha muito mato, e que iria
sair de Planalto para essa região.
Fig. 01: Sr. Nelson Marchiotti 16/05/2011. Fonte: Dobrantz, 2011
Fig. 02. Casamento Sr. Marchiotti – Alecrim - RS Fonte: Acervo Família Marchiotti (1957)
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“Alguns dias depois deixamos Planalto, era no ano de 1966, sai para melhorar
a vida, cada vez melhor. Viemos de caminhão, na mudança levava, uma chapa de
fogão e 5 animais dos quais, uma junta de boi e 3 vacas e outras coisas de uso,
“pouco mais trouxe”. Lembro que ao passar um rio de barca teve que tocar a
manivela do caminhão para que funcionasse. Estrada de chão, só mato. Levamos
mais de dois dias para chegar aqui. Chegamos, descarregamos à mudança num
rancho feito de pau a pique feito com coqueiro. Diziam os que já estavam aqui que o
lugar se chamava Pau do Carroço, porque ali havia uma madeira grossa com
carroço tão grande que dava para sentar duas ou três pessoas num dos carroço. Daí
o nome Pau do Carroço. Ali era a rodoviária, circulava na região o ônibus Cattani,
depois era a Rainha do Sertão.
Então voltando um pouco na história, vendi minha terra em Planalto por 1.400
contos. Motivo havia escassez de água, para os animais, pedra, morro, não se
enxergava sol até 11 horas da manhã, e já tinha conhecido este lugar que vim junto
com Arlindo Correia como já te disse me agradei das terras a mulher concordou e
viemos.
Trabalhava cortando mato no serrote e no machado, se fazia uma armação
que ficava uma na parte de cima e outro na parte de baixo para serrar as pranchas,
que se usava para a construção das casas. As casas eram cobertas de tabuinhas.
Tu tinhas que ver quando nós abríamos as picadas, era um sertão. Nós usávamos
espingarda pra saber onde, em que direção estava, dava tiro de um lado e do outro
do rio. Assim dava continuidade a abertura da picada para passar. Os filhos
pequenos atravessavam o mato e as picadas, não era fácil, pois aqui era um sertão.
A escola era de madeira todos que moravam aqui ajudaram a construir. A
escola como também as casas eram cobertas de tabuinhas serradas manual. Escola
de madeira, espaço pequeno dava mal apenas para um numero pequeno de
crianças.
Na medida em que aumentava os moradores foi se construindo uma escola
maior, onde a mesma servia nos primeiros anos de igreja. As crianças ao irem à
escola tinham que acompanhá-las, pois havia cobras no caminho e nós tínhamos
receio de mandá-las sozinhas e depois na volta íamos ao encontro das crianças.
As mulheres participavam, além das atividades de casa, cuidar dos filhos,
fazer comida, também ajudavam na roça, amontoar galhos para a queima e depois o
plantio dos produtos. Também havia safras que se passava por dificuldades devido o
23
clima, o que se colhia tinha de agüentar a sobrevivência até a próxima safra.
Comia o que se tinha batata, feijão, mandioca e arroz, que nós mesmos
plantamos carne de vez em quando um frango e outro, ou carne de porco, quando
se tinha porco criado para matar, não tinha energia elétrica, tinha que comer em
alguns dias ou guardar em baixo da banha.
É também se falava muito em Moreninha, vamos aos botecos em Moreninha.
Havia pelo menos 10 botecos.
Foi quando este lugar recebeu o nome de Moreninha, pois segundo havia
uma família de cor negra com moças bonitas daí se dizia lá nas moreninhas,
indicando o local. Muito se pronunciava este nome e daí o nome Moreninha até hoje.
Então de 1966 a 1967 era um sertão, o trabalho era braçal, carroças
puchadas por bois, ou no lombo se levava os produtos. E a partir de 1967 começa
vir o destoque de tratores e de lá pra cá só cresceu.
Fig.03. Aniversário de casamento Fonte: Acervo Família Marchiotti (1990)
Para ir ao moinho era distante, na Esquina Rosa, a pé ou à cavalo passava-se
por dentro do rio, não havia estrada, levava o milho para fazer a farinha e depois era
distribuído. As compras também se levavam na carroça um ia e trazia para todos.
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Eu enfrentei, trabalhei, só foi para frente mesmo com sofrimento. Fazia
estrada à picão, a inchara e encha dão, cada um doava-se alguns dias para fazer as
estradas, um ajudava o outro na colheita, e em todas as atividades.
Hoje tem máquinas que faz tudo. Tudo mudou, era bom, era muito bom, até
se usava vela de querosene e hoje a energia elétrica. Hoje tem facilidade de
locomover tem asfalto, carro e ônibus. A nova tecnologia fez com que as terras, a
produção, o povo, a cultura, enfim as coisas mudaram muito.”
3.1.2 Depoimento de Antenor Federizzi um dos primeiros migrantes de Moreninha
A família do senhor Antenor Federizzi, veio para o Paraná de Tenente Portela
município do Rio Grande do Sul no ano de 1963. Ele conta que veio sozinho na
frente e depois de seis meses voltou para sua cidade onde se casou com a Sr Geni
e a trouxe para região onde hoje é o Distrito da Moreninha e vivem até os dias de
hoje.
Fig. 04: Antenor Federizzi e sua esposa Sr Geni Federizzi (2011) Fonte: Dobrantz, 2011
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“Diziam que havia terra boa, bom pra morar. Como nos enfrentava dificuldade
de sobrevivência, terra com elevações, um grande número de irmãos, e também
estava namorando, precisava pensar numa perspectiva de vida. Vim junto com um
amigo conhecido até essa região que muitos falavam.
Chegamos nessa região, hoje Moreninha, tomei posse de uma área de 4
alqueires, pela direita de quem vem de Missal à Moreninha. Fiquei seis meses,
construí um barraco, neste construí a cama de pau com a madeira do mato, tinha o
colchão que trouxe na viagem. Fiquei seis meses cortava mato, no serrote e
machado, cortava árvores grossas.
Foi quando voltei para Tenente Portela, me casei com Geni, minha esposa, e
alguns dias depois voltaram para cá. Viemos com um caminhão, levamos três dias
para chegar à estrada de chão. Na mudança trouxemos além dos pertences, uma
trilhadeira e alguns animais.
Fig. 05: Trilhadeira e animais trazidos na mudança. Fonte: Acervo Família Federizzi, 1968.
Juntos, nós trabalhávamos, serrando e cortando, formando a lavoura,
queimando árvores grossas como “grevilhas e lapacho”, se pensava em construir
uma vida melhor. Plantava-se milho, soja, feijão, e miudeza como mandioca, batata,
cebola, alho e outros.
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Fig. 06 Puxirão na lavoura do Sr. Antenor Federizzi Fonte: Acervo Família Federizzi, 1968
Os moradores na época Faziam-se puxirões (reunia-se famílias vizinhas para
ajudar mutuamente para o trabalho render) era muito bom, a foice, o machado e o
serrote funcionava o dia todo.
Construímos um galpão que servia também de casa. Tivemos cinco filhos:
Valmir, Valmor, Preto (Valdecir), Roseli e o Nenê (Valdemir).
Nossos alimentos era o que plantávamos, “comi tanto feijão bichado”. Para as
crianças muitas vezes torrava a farinha de milho e misturava com leite para comer. O
comércio era distante, só se ia até lá de vez em quando de carroça. As estradas
eram barrentas passava somente carros pequenos quando dava possibilidade de
passar. O uso do cavalo era constante. Havia empresa de ônibus “Cattani”, só
passava no estradão. A rodoviária era no Pau do Carroço, perto do Pacuri.
Os filhos foram crescendo onde houve necessidade da construção da escola,
todos construíram, fizemos um puxirão. A escola servia de igreja perto do Rio
Moreninha. Não sei certo por que Moreninha, uns diziam por causa da água turva,
parda, daí Rio Moreninha. Onde passou através do Rio Moreninha o nome da
Comunidade que é até nos dias atuais.
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Fig. 07. Construção da casa de Antenor Federizzi Fonte: Acervo da Familia Federizzi, m 1968
Perto da escola e da igreja, tinha o campo de futebol, onde hoje é a ponte, o
aterro em Moreninha. Onde havia torneios de futebol e festas da igreja, todos
participavam, tanto para ajudar, como para se divertir. Tanto que o nome Esporte
Clube Água Verde, veio porque o Rio ficava perto do campo e criava limo verde daí
o nome surgiu. A construção da igreja também foi importante, fez-se puxirão, a
comunidade foi crescendo, as crianças participavam da catequese, e o Padre vinha
rezar missas.
Retornando a história sobre a posse de terra, foi nos anos de 1965, quando
não se sabia de quem era realmente as terras, sendo pagamos três vezes até a terra
ser minha. Por graça de Nossa Senhora Aparecida, como te dizia. Um grupo de
homens armados, com certeza mandada por alguém, nos despejou das terras,
assim como os vizinhos também foram despejados. Levaram a mudança até a
comunidade de Esquina Céu Azul perto de um barranco, quando Mabelino Rech
ficou sabendo foi buscar a mudança. Nelson Turra, um dos moradores da
comunidade, cedeu o galpão para morar. Com muita fé tirei o chapéu da cabeça
ergui para o céu azul limpo, e pedi a Nossa Senhora Aparecida que me ajudasse a
voltar para a minha terra com a esposa e os filhos, e que ninguém mais viesse
atrapalhar a nossa vida. Nós queríamos era trabalhar e viver em paz.
O Senhor Antenor se emocionava de tudo o que passou tempos bons, tempos
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difíceis, mas diz:
“Gosto do lugar, gosto da região tudo se produz. Moreninha cresceu, se
desenvolveu. Quando começa a entrar trator para o destoque tudo começa mudar. A
quantidade maior do uso de sementes, trator e ceifas fez com que a produção
crescesse, e os comércios desenvolvem-se a própria cultura do povo. Com certa
mudança, a trilhadeira, as juntas de animais, a foice, o serrote, a enxada, o arado
deixaram de ser usados e viraram peças de museu.”
3.1.3 Depoimento de Manuel Garcia
A família morava em Tenente Portela no Rio Grande do Sul e Sr Manuel veio
para o Paraná ainda jovem como ele nos relata:
Fig. 08: Sr. Manuel Garcia Alves 16/05/2011 Fonte: Dobrantz, 2011 “Resolvi conhecer o Paraná quando tinha apenas 16 anos. Meu primo falava
muito das terras do Paraná, inclusive de Santa Helena. Depois de um ano voltei para
Portela, meu pai estava muito mal de vida, eu era o filho mais velho, agarrei e falei
para o meu pai de vender e vir para Santa Helena, lugar novo. Agarremos, eu e meu
pai e viemos. Quando chegamos meu pai ficou “louco” pelas terras. O pai voltou
para vender a terra em Portela.
Mas era sertão, sertão de mato. Fiquei sozinho, isso em 1963, fiquei morando
na casa de Mabelino Rech, cuidando das terras, roçando mato e fazendo galpão.
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Em outubro de 1963 fomos cortando cada vez mais a mata alcançando uma área
maior. O Sr. Mabelino Rech era quem me ajudava. Já era perto do natal, uma seca,
mata derrubada, colocamos fogo, pois meu Deus queimou até o chão, não sobrou
nada.
Foi daí que meu pai chegou para ajudar, mas a mudança ficou para traz de
novo. Pois precisava abrir, roçar, construir e plantar. Era no final do ano de 1963,
trabalhamos, cortamos tanto mato, derrubamos tantas árvores, era um sertão. Meu
pai voltou para Portela, fiquei sozinho durante alguns meses, mas continuei morando
na casa de Mabelino Rech.
Voltei para Portela por alguns dias, e retornei junto com meu pai, foi quando
trouxemos mais ferramentas de uso no ônibus. Na época a empresa de ônibus da
região era a Cattani. A rodoviária era lá no “Pau do Carroço”, este lugar tinha umas
árvores grandes com muitos, muitos carroços daí o nome “Pau do Carroço” (hoje
seria em frente ao secador do Sr. Alberto Alegretti). As estradas era um picadão
(picadas). Juntos, nós abríamos estradas.
Compramos uma colônia e meia, meia colônia para mim e uma colônia para
meu pai.
Foi quando eu e meu pai voltamos para Tenente Portela buscar a mudança.
Só sei que foi muito sofrido, sofrido mesmo. Levamos alguns dias para chegar,
quando chegamos a Santo Antonio do Sudoeste tivemos que trocar de caminhão o
mesmo deu problemas.
No outro caminhão não cabia toda a mudança, então deixamos os animais ali
mesmo nessa região. Seguimos a viagem, sei que quando chegamos á Moreninha,
já estava no entardecer. Ao subir a estrada barrenta de Moreninha o caminhão não
deu conta, não teve jeito, atolou. Dormimos ali mesmo onde tinha algumas tábuas
empilhadas, onde coloquemos os colchões de palha e ali ficamos durante a noite.
Então sai para a redondeza onde consegui cinco carroças com cinco juntas
de bois para levar a mudança que estava no caminhão para o lugar destinado. Foi
tudo nas carroças. Chegamos ao lugar destinado, ajudei descarregar. Montei no
cavalo, e voltei buscar o gado.
Sai de lá tocando o gado, sozinho, sofri muito. No caminho tinha muito
morcego, eles sugavam o sangue do gado. Sai de Santo Antonio do Sudoeste 5
horas da manhã e cheguei a Capanema ao meio dia, onde almocei. Segui em frente,
fiz pouco trajeto até a noite, pousei na balsa, do Rio Iguaçu, sai às 5 horas da
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manhã, passei pelo Parque do Iguaçu e cheguei a Medianeira, deixei o gado numa
baixada e fui almoçar. Sai de Medianeira 13 horas e ao passar a Serra do Mico tinha
umas onças, o gado não queria andar tinha medo das onças. Fiquei umas três
horas, o gado ia e voltava correndo. Mas, eu preocupado queria chegar em casa.
Tinha um revolver velho junto, dei três tiros, foi quando aquietou, ai é que o
gado veio, pois a onça havia escapado devido ao barulho, cheguei em casa era de
madrugada.
Foi sofrido, me lembro que não havia comércio para comprar. Nós quando
viemos de mudança trouxemos tudo, como banha, salame, feijão, farinha e carne,
isso durou quase um ano. Até nós plantar para produzir, pois o que plantava colhia,
pois a terra era boa.
Trabalhamos alguns anos nessa terra. Na safra os produtos eram vendidos
para Alberto Alegretti e Arno Naves. Depois começou entrar mais comércio em
Moreninha, então Lindolfo Dobrantz também comprava o nosso produto.
As famílias foram ocupando as terras e os filhos precisavam estudar aprender
ler e escrever. Foi quando construímos a escola que serviu de igreja até essa ser
construída. João Pedro, dono de muitas terras foi quem doou o terreno para a
construção. Fizemos mutirão e pronto, por alguns anos na escola se rezava. Mas
logo, também foi construída a igreja e o sino, pois as badaladas eram importantes
para avisar as pessoas da reza. Isto é impressionante, pois até hoje a Comunidade
de Moreninha costuma puxar o sino certos horários do dia como, 11h30min horas e
18 horas, virou tradição.
O futebol era o divertimento, jogavam-se pelotas (bolas de meia). Foi quando
seis homens deram o início ao jogo de futebol. Eu (Manuel Garcia), Mabelino Rech,
Pedro o nenê do Vergilino, Antenor Federizzi e o Luizinho. Miro e Cassiano, meus
irmãos mais novos também passaram a ajudar.
Foi bonito, damos início ao campo ai em baixo da baixada perto rio (hoje é o
aterro de Moreninha). Era num sábado à tarde, juntos um arrancava toco com a
cavadeira outros faziam a limpeza, arrancavam pequenas árvores, e no domingo
também se fazia puxirão, até o campo ficar pronto. Assim, formamos um time, o
nome foi escolhido como Esporte Clube Caxias, porque o Caxias era famoso no RS.
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Fig. 09: Primeiro torneio de futebol da Localidade de Moreninha. Fonte: Acervo Manuel Garcia, 1965.
Pois nós calculávamos que nunca ia comprar um terreno para o campo,
ninguém tinha tanto dinheiro.
Com a chegada de Celeste Menegari na região de Moreninha, homem de
muito poder, nos tornamos amigos. Eu e ele conversando sobre o futebol
resolvemos fazer uma promoção e comprar uma área de terra para a construção do
campo. Resolvi coroar uma das minhas irmãs fazendo um baile, mas como em
Moreninha em 1964 ainda não tinha salão de baile, e no Pacuri tinha um galpão
coberto de tabuinha e que servia de salão do Sr. Arnoldo, este cedeu o salão para
fazer o primeiro baile para o Esporte Caxias.
A música era tocada por gaiteiros da região, o Arlindo, meu irmão, ajudou a
tocar. Quem estava ai e que sabia um pouco de música subia ao palco e ajudava a
tocar. Lembro que havia um ceguinho que tocava tão bem, não lembro o nome dele,
ele era da região e era muito famoso. Quem dançou a primeira marca (música) com
minha Irmã foi o João Schuans, ele pagou 15 mil conto para dançar com a rainha.
Esse baile deu tanto dinheiro. O preço do terreno foi de 400 conto. Pois com o
dinheiro do baile compramos o terreno, e ainda sobrou muito dinheiro.
Em 1966 ao legalizar, então o nome passou a ser Esporte Clube Água Verde
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Guilherme Menegari. O time só foi pra frente, o futebol era uma diversão. Daí mais
promoções surgiram como o baile da Ramada ao ar livre no campo mesmo, mas era
lindo mesmo. Nós organizávamos Gaiteiros, eram da região mesmo, deu muito
dinheiro. A bebida, que eu me lembre era posta em um buraco feito na terra, para
gelar. Comprava sacas de sal grosso, e daí uma camada de sal e outra de bebida e
assim colocava um pouco de água em cima, pois não existia energia elétrica.
Passaram-se alguns anos, o nome Moreninha, já existente desde que
cheguei, dizia que segundo moradores esse nome foi dado porque morava caboclos
na região que cuidava das terras. Daí os nomes, Moreninha, e Morenão,
comunidade próxima.
Em 1968, eu, um rapaz que já havia namorado algumas meninas, encontrou o
amor da vida “Izaura” de uma família da comunidade próxima do Pacuri. Então me
casei em 18 de junho de 1968, trabalhamos bastante, o sofrimento era bastante,
colhia-se as coisas e às vezes não tinha para quem vender. Algumas vezes perdia-
se o produto, por causa das chuvaradas, ou então por causa de doença. Todos nos
trabalhávamos, se “escolhambava” tudo. Naquela época tinha muito puxirão.
Eu gostava muito de “brique” (negócio), então resolvi vender minhas terras, e
coloquei uma sapataria e foto. Mas tarde comprei novamente as terras e estou aqui.
Moreninha, a partir de 1975, foi crescendo, foi chegando gente do Rio Grande
do Sul e Santa Catarina, desenvolvendo-se, houve o destoque da lavouras, plantios
mais intensos com uso de tratores, plantadeiras e colheitadeiras, tudo foi mudando.
O comércio começou a crescer as estradas que eram “picadão”, foram
transformadas em largas estradas. O transporte tornou-se mais intenso com
caminhões, truques e carros começaram a circular pela região. A região foi
aumentando, tornando-se cada vez mais mecanizada.
3.1.4 Depoimento de Nilto Alievi
Quando eu vim morar em Santa Helena em 1970 a nossa região tinha 70% da
área era mato. Contava com duas grandes madeireiras que empregava 60 pessoas
em cada uma e duas madeireiras de porte menor que também empregava 15
empregos em cada uma. Tinha três grandes ferrarias, um hospital, vinte uns
comércios de pequeno porte, além de mão-de-obra na agricultura.
Nessa época Santa Helena contava com mais de 60.000 habitantes, havia
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muito emprego, isso foi até o ano de 1977, daí em diante começou a preocupação
dos trabalhadores, porque entrou o destoque das terras e foi despedindo os
trabalhadores que trabalhavam nas madeireiras. A mão-de-obra foi substituído pelas
máquinas, a madeira foi diminuindo e as madeireiras foram para outros lugares,os
trabalhadores perderam seu emprego. Tiveram que ir a busca de um meio de
sobrevivência. O comércio foi diminuindo cada vez mais.
Fig. 10: Sr. Nilto Alievi 16/05/2011 Fonte: Dobrantz, 2011
Uma grande decepção em 1979 e 1980 com a construção da Usina de Itaipu,
as indenizações que levou os trabalhadores deixarem suas terras na ribeirinha do
Rio Paraná, Santa Helena perdeu 30% das terras do Município, as terras ficaram
debaixo das águas. Os primeiros colonos a ser indenizados receberam um valor
baixo pelas suas propriedades, os últimos a serem indenizados que era a minoria
receberam um valor um pouco maior. Porque fizeram manifestos, trancaram a
construção da barragem e com isso receberam um valor maior pela suas terras.
Aqueles agricultores que foram indenizados poucos conseguiram comprar
área de terra como tinham antes.
Hoje Moreninha não tem madeireira, nem hospital, nem ferraria. Apenas tem
dois mercados, um posto de combustível, um posto de saúde, uma farmácia, uma
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escola com alunos do Ensino fundamental e Médio, uma Creche, uma Agropecuária,
duas cabeleireiras e três pequenas lojas, três bares e uma lanchonete, uma
mecânica de carro, uma eletrônica, uma farmácia, uma refrigeração, uma
marcenaria.
Moreninha conta com dois conjuntos habitacionais, um PR 495, estradas com
calçamento e asfaltada, uma subprefeitura que dá suporte para todo o Distrito com
máquinas.
Os royalties que dá suporte ao município com uma população atual de
aproximadamente 23.000 habitantes.
3.2 ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA
Juntamente com os alunos realizamos uma auto-avaliação das atividades.
Podemos constatar que a experiência além de positiva foi prazerosa. Alguns
afirmaram sentirem-se extremamente importantes por conhecer um pouco mais da
história da comunidade em que vivem e as experiências vividas pelos primeiros
moradores da comunidade de Moreninha.
Observou-se que a participação e engajamento dos alunos no
desenvolvimento das atividades foi extremante gratificante, toda a turma realizou as
atividades, se empenhou e cumpriu com o que havia sido proposto.
É importante observar que as aulas de História podem tornar-se interessantes
na medida em que a participação do aluno seja dinâmica, voltada à produção do
conhecimento histórico, partindo do conhecimento do aluno e da sua realidade.
Enfim, eis a resposta para um anseio vivido por mim enquanto professora de
História: Como tornar o ensino de História mais interessante para os alunos do
Ensino Médio? Como levar meus alunos a se verem como partes do processo
histórico de sua localidade?
Está intrinsecamente ligada a questão de como encaminhar o
desenvolvimento e abordagem dos conceitos trabalhados na disciplina de História,
partindo da problematização dos conteúdos ou temas locais para os globais,
proposta contemplada nas Diretrizes Curriculares de História para a Educação
Básica do Estado do Paraná.
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4 CONCLUSÂO
O presente artigo teve como principal foco contar, através da fala dos
moradores, a história dos migrantes da região oeste do Paraná, destacando o
Município de Santa Helena, com depoimentos de migrantes de Moreninha a partir de
1960, nesse processo de colonização leva a nos repensar o quanto o homem faz
parte da construção da história.
No contexto histórico, estudar a história da comunidade é compreender
experiências sociais no presente e no passado em suas diferentes dimensões,
tornando-se interessante para a cultura e a valorização de um povo.
Desta forma, o conhecimento não é um dado pronto e acabado, mas uma
contínua construção que se dá a partir de necessidades e problemas encontrados no
cotidiano, sendo um processo ininterrupto, havendo a necessidade de conhecer o
passado para compreender o presente.
O referido trabalho do PDE partiu de estudos, depoimentos, fotografias e
entrevistas com a finalidade de discutir a história do Distrito de Moreninha na década
de 60, do município de Santa Helena – Paraná, visando também criar um espaço de
conhecimento, valores e atitudes democráticas na formação de cidadãos críticos
construtores de sua própria história. Isso permite nortear o estudo da sociedade no
tempo e no espaço, procurando perceber seus sentidos e significados da ação do
homem, refletindo e interagindo para a construção da história.
Durante todas as etapas deste trabalho construímos um processo educativo
que será aplicado aos alunos do Colégio Santos Dumont da Comunidade de
Moreninha – Santa Helena, de forma a priorizar os conhecimentos históricos, cultura
e cidadania desta comunidade de forma evolutiva e educativa para o aluno, para
tornar as aulas de história um espaço de produção de conhecimento histórico pela
prática da pesquisa.
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REFERÊNCIAS
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WACHOWICZ, Ruy, História do Paraná, Curitiba: Imprensa Oficial do Estado do Paraná, 2002.