Histologia das Glândulas Endócrinas

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RESUMO SOBRE GLÂNDULAS ENDÓCRINAS HORMÔNIOS São os produtos das secreções das glândulas endócrinas – que vai em direção interna, relacionado aos órgãos interno e à corrente sanguínea. Apresentam composição orgânica variada, e são essenciais nas reações do metabolismo, do crescimento, das funções reprodutoras e do desenvolvimento em geral. Desempenham papel importantíssimo na homeostase, regulando os níveis de vários componentes do plasma sangüíneo. Os hormônios circulam pelo sangue, indo da sua origem até o local de sua atuação, possuindo este mais de um alvo de atuação. O hormônio de uma glândula pode interferir na produção de hormônios de outra glândula. Deste modo, o organismo pode controlar a secreção de hormônios por um mecanismo de retroalimentação (feedback), mantendo os níveis hormonais plasmáticos equilibrados. Variações nos níveis hormonais podem acarretar distúrbios orgânicos. Além das glândulas endócrinas, há muitas células endócrinas isoladas e estas sempre se encontram bem próximas aos capilares sanguíneos, que recebem os hormônios secretados e os distribui pelo plasma, o que leva a concluir que muitos hormônios atuam em locais-alvos distante de onde foi secretado. Há meios de controle que corresponde às células endócrinas que secretam hormônios que agem a uma distância curta, denominado parácrino; estes hormônios chegam ao local de origem através de vasos sanguíneos – exemplo de controle parácrino: gastrina, liberada pelas células G, atua no piloro do estômago em contato com os vasos sanguíneos e estimula a produção de ácido clorídrico. Outro tipo de controle é o justácrino, que corresponde ao mesmo mecanismo de curta distância de atuam dos hormônios no local-alvo, só que este controle permite que a molécula hormonal seja liberada pela matriz extracelular, se difundindo a ela e assim atuando na liberação hormonal – exemplo: inibição da secreção de insulina em ilhotas de Langerhans por somatostatina produzida por cél. Da mesma ilhota. Ainda existe outro tipo de controle, o chamado autócrino, que corresponde à produção pelas células endócrinas de moléculas hormonais que agem sobre a própria célula ou em células de outro tipo. MEIOS DE CONTROLE O mecanismo pelo qual os hormônios conseguem transmitir essa secreção para seus órgãos-alvo e/ou tecido-alvo é devido aos receptores presentes nas células destes alvos, que só aceita esse produto mediante a especificidade correta. Por este motivo, os hormônios podem circular livremente pela corrente sanguínea sem influenciar majoritariamente todas as células corporais. Além disso, mesmo os hormônios estando em baixa concentração na corrente sanguínea, mediante a atuação dos receptores e pela alta especificidade dos mesmos, há sempre uma resposta desencadeante de reações. HIPÓFISE PARÁCRINO: hormônios de ação local, de curta distância. JUSTÁCRINO: de curta distância, em contato com a MEC. AUTÓCRINO: atuação de moléculas hormonais na própria célula ou de outro tipo.

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Resumo que fiz acerca de histologia das principais glândulas endócrinas, totalmente baseado no Junqueira & Carneiro, livro muito nomeado da Histologia Básica atual.

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RESUMO SOBRE GLÂNDULAS ENDÓCRINAS

HORMÔNIOS

São os produtos das secreções das glândulas endócrinas – que vai em direção interna, relacionado aos órgãos interno e à corrente sanguínea.

Apresentam composição orgânica variada, e são essenciais nas reações do metabolismo, do crescimento, das funções reprodutoras e do desenvolvimento em geral.

Desempenham papel importantíssimo na homeostase, regulando os níveis de vários componentes do plasma sangüíneo. Os hormônios circulam pelo sangue, indo da sua origem até o local de sua atuação, possuindo este mais de um alvo de atuação.

O hormônio de uma glândula pode interferir na produção de hormônios de outra glândula. Deste modo, o organismo pode controlar a secreção de hormônios por um mecanismo de retroalimentação (feedback), mantendo os níveis hormonais plasmáticos equilibrados. Variações nos níveis hormonais podem acarretar distúrbios orgânicos.

Além das glândulas endócrinas, há muitas células endócrinas isoladas e estas sempre se encontram bem próximas aos capilares sanguíneos, que recebem os hormônios secretados e os distribui pelo plasma, o que leva a concluir que muitos hormônios atuam em locais-alvos distante de onde foi secretado.

Há meios de controle que corresponde às células endócrinas que secretam hormônios que agem a uma distância curta, denominado parácrino; estes hormônios chegam ao local de origem através de vasos sanguíneos – exemplo de controle parácrino: gastrina, liberada pelas células G, atua no piloro do estômago em contato com os vasos sanguíneos e estimula a produção de ácido clorídrico. Outro tipo de controle é o justácrino, que corresponde ao mesmo mecanismo de curta distância de atuam dos hormônios no local-alvo, só que este controle permite que a molécula hormonal seja liberada pela matriz extracelular, se difundindo a ela e assim atuando na liberação hormonal – exemplo: inibição da secreção de insulina em

ilhotas de Langerhans por somatostatina produzida por cél. Da mesma ilhota. Ainda existe outro tipo de controle, o chamado autócrino, que corresponde à produção pelas células endócrinas de moléculas hormonais que agem sobre a própria célula ou em células de outro tipo.

MEIOS DE CONTROLE

O mecanismo pelo qual os hormônios conseguem transmitir essa secreção para seus órgãos-alvo e/ou tecido-alvo é devido aos receptores presentes nas células destes alvos, que só aceita esse produto mediante a especificidade correta. Por este motivo, os hormônios podem circular livremente pela corrente sanguínea sem influenciar majoritariamente todas as células corporais. Além disso, mesmo os hormônios estando em baixa concentração na corrente sanguínea, mediante a atuação dos receptores e pela alta especificidade dos mesmos, há sempre uma resposta desencadeante de reações.

HIPÓFISE

Também denominada patuitária, é um pequeno órgão com cerca de 0,5g e localizado na sela túrcica, na cavidade do osso esfenóide e conhecida como “glândula mestra”, pois coordenas as demais. Esta glândula endócrina se liga ao hipotálamo, através do infundíbulo*1, que é um pedículo que liga a hipófise ao sistema nervoso central (neuro-hipófise).

A hipófise possui duas origens embrionárias, uma nervosa e outra ectodérmica. A porção de origem nervosa surge a partir crescimento do assoalho do diencéfalo, em sua porção mais caudal – origina a neuro-hipófise. Sua porção ectodérmica surge a partir dum trecho no teto do estomodeu, crescendo cranialmente formando a bolsa de Rathke, que sofre uma constrição, se espessa, separando-se da boca primitiva e logo então, a bolsa de Rathke fica reduzida a uma fissura – originando a adeno-hipófise.

PARÁCRINO: hormônios de ação local, de curta distância.

JUSTÁCRINO: de curta distância, em contato com a MEC.

AUTÓCRINO: atuação de moléculas hormonais na própria célula ou de outro tipo.

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Desta forma, a hipófise se divide em duas glândulas, a neuro-hipófise mais posterior e a adeno-hipófise, mais anterior, que são unidas anatomicamente junto à hipófise intermediária, todavia, apresentam funções distintas (mesmo intercaladas).

A neuro-hipófise, de origem nervosa, além de possuir o infundíbulo*1, possui a sua porção volumosa, denominada pars nervosa. A glândula de origem a partir do crescimento do assoalho do diencéfalo – adeno-hipófise – é subdividida em três porções: a pars distalis ou lobo anterior da hipófise (mais volumosa), pars tubercalis (porção cranial que envolve o infundíbulo), e a pars intermedia (separa a neuro-hipófise da pars distalis, pela fissura de Rathke). Obs.: o conjunto das pars nervosa e pars intermedia é denominado lobo posterior da hipófise.

A hipófise é revestida por uma cápsula de tecido conjuntivo, contínuo com fibras reticulares que promovem a sustentação deste órgão.

- SUPRIMENTO SANGUÍNEO

O suprimento sanguíneo da hipófise se dá por um duplo grupo arterial. Este grupo tem origem da artéria carótida interna, que são então as artérias hipofisárias superiores (direita e esquerda, irrigando a eminência mediana e o infundíbulo) e as artérias hipofisárias inferiores (direita e esquerda, irrigam principalmente a neuro-hipófise e envia ramos para o pedículo da hipófise).

As artérias hipofisárias superiores formam o plexo capilar primário na região do infundíbulo, que consiste em vasos fenestrados que vão dar continuidade a vênulas e posteriores veias que se encaminham para a adeno-hipófise formando o plexo capilar secundário (extenso e ramificado). Assim, é formado um sistema porta hipofisário, que garantem a regulação das funções da adeno-hipófise, por onde passam neuro-hormônios produzidos pelo hipotálamo, controlando a função de suas células. O sangue que

corre pela hipófise então corre em diversas veias e desemboca em seios cavernosos.

- O SISTEMA HIPOTÁLAMO-HIPOFISÁRIO

Existem importantes relações entre a hipófise e o hipotálamo, tanto anatômicas quanto funcionais, que permite a comunicação entre esses dois itens favorecendo o sistema que induz a produção de três grupos de hormônios circulantes.

GRUPO I: peptídeos de núcleos de neurônios secretores do hipotálamo = núcleo supra-óptico e paraventriculares. Os hormônios produzidos por esses dois núcleos são transportados pelos seus axônios e acumulados em suas terminações, já na neuro-hipófise.

GRUPO II: peptídeos dos núcleos dorso-mediano, dorso-ventral e infundibular (neurônios secretores do hipotálamo). Os hormônios são levados pelos seus axônios e se acumulam na eminência mediana, onde são armazenados e logo após são liberados nos capilares fenestrados do plexo capilar primário (ainda na eminência mediana) que seguem pelo primeiro trecho do sistema porta hipofisário para o plexo capilar secundário, na adeno-hipófise.

GRUPO III: constituídos por proteínas e glicoproteínas produzidas pelas células da pars distalis (adeno-hipófise), estes hormônios entram pelos capilares no segundo trecho do sistema porta

ORIGEM EMBRIOLÓGICA

- NERVOSA: NEURO-HIPÓFISE;

- ECTODÉRMICA: ADENO-HIPÓFISE;

LOBO ANTERIOR DA HIPÓFISE: pars distalis.

LOBO POSTERIOR DA HIPÓFISE: junção da pars intermedia e pars nervosa.

Artéria carótida comum: a. hipofisária superior / a. hipofisária inferior.

Plexo Capilar Primário: região do infundíbulo, a. hipofisária superior. Originam vênulas c/ fenestrações > Veias.

Plexo Capilar Secundário: adeno-hipófise, veias ramificadas, maior irrigação – região da pars distalis.

Sistema Porta Hipofisário: regula as funções da adeno-hipófise, permitindo a passagem de neuro-hormônios vindo do hipotálamo, controlando a função de suas células.

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hipofisário, o plexo capilar secundário, onde é posteriormente distribuído na circulação sanguínea.

ADENO-HIPÓFISE

- PARS DISTALIS

Representa cerca de 75% da massa da hipófise, sendo composta principalmente por cordões de células epiteliais produtoras de hormônios que encontram-se entremeados por capilares sanguíneos. Seus hormônios produzidos são armazenados em grânulos de secreção; a sustentação da adeno-hipófise se dá por fibras reticulares.

É produzido pelo menos um total de seis hormônios pela pars distalis, e estes são reconhecidos por colorações rotineiras. Desta forma, as células coradas são divididas em dois tipos: as cromófobas (pouco coradas) e cromófilas (bem coradas) – esta última subdivide-se em acidófilas e basófilas, de acordo com a afinidade pelo corante.

As únicas técnicas seguras para se reconhecer os hormônios secretados pela pars distalis é a Imunocitoquímica (utilização de anticorpos para a identificação da estrutura tecidual, que porta como um antígeno e a partir da interação anticorpo-antígeno, apresenta uma coloração ao composto, permitindo que este seja estudado e visualizado no microscópio óptico) e a Microscopia Eletrônica (apresenta maior aumento e visualização dos compostos com boa resolução devido ao feixe de elétrons que é utilizado).

Através destas técnicas é possível ser reconhecido cinco células secretoras de hormônios, como na tabela a seguir. Observação: válido para as cromófilas, visto que as cromófobas têm pouco ou nenhum grão de secreção.

O controle funcional da pars distalis é controlado por pelo menos dois mecanismos. O principal deles envolve o grupo II já citado na relação do sistema hipotálamo-hipofisário, que corresponde aos hormônios peptídicos por células que secretam neuro-hormônios, com seus núcleos dorso-mediano, dorso-ventral e infundibular do hipotálamo. Estes hormônios são armazenados nos seus axônios na eminência mediana e depois transportados pelo primeiro trecho do sistema porta hipofisiário para a pars distalis pelo plexo capilar primário.

A maioria destes hormônios chamados hipofisiotrópicos ou hormônios liberadores hipotalâmicos atua na estimuação de células da pars distalis, enquanto que dois deles (hormônios inibidores hipotalâmicos) inibem a liberação de tais hormônios.

Pelo hipotálamo ocupar uma posição estratégica no corpo, este é muito inervado de várias partes do corpo e controla muito bem a hipófise e conseqüentemente muitas atividades do organismo. Desta forma, muitos estímulos externos assim como estímulos cerebrais podem afetar a função da hipófise e das funções desempenhadas por ela.

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Um segundo mecanismo de controle da pars distalis corresponde aos hormônios produzidos por glândulas endócrinas que se armazenam na eminência mediana e sobre a função das próprias células da pars distalis. Ex.: relação entre hipotálamo, hipófise e tireóide.

Outro tipo de controle sobre a hipófise pode se relacionar com os peptídeos inibina e activina, presentes em TGF-β produzidos nas gônadas e que controlam a secreção de FSH (hormônio folículo estimulante) – tudo num controle da secreção na pars distalis.

- PARS TUBERALIS

Cerca o infundíbulo da neuro-hipófise e a maioria de suas células secretam gonadotropinas (GnRH – FSH e LH). É organizada em cordões de células endócrinas em torno de vasos sanguíneos.

- PARS INTERMEDIA

Localiza-se na porção dorsal da fissura de Rathke, entre a neuro-hipófise e a pars distalis, composta de cordões e células endócrinas, possui poucos grânulos de secreção e é basófila.

NEURO-HIPÓFISE

É constituída da pars nervosa e do infundíbulo (pedículo + eminência mediana); não apresentam células secretoras de hormônios e sim células gliais – chamado pituícito, constituído de axônios não mielinizados de neurônios secretores. Os peptídeos são secretados pelos núcleos desses hormônios, sendo os núcleos os supra-ópticos e paraventriculares (GRUPO I).

Esses neurônios secretores são característicos por apresentar corpúsculos de Nissl (basófilos, síntese de proteínas, pericário) bem desenvolvidos quando relacionados à neurossecreção. Esta neurossecreção é transportada ao longo dos axônios e acumulam-se em suas extremidades e seu depósito forma estruturas conhecidas como corpos de Herring. Estes grânulos de neurossecreção são envoltos por uma membrana e quando liberados, essa secreção vai em direção aos capilares sanguíneos fenestrados presentes na pars nervosa (plexo capilar primário) e posteriormente, os hormônios são distribuídos pela circulação geral.

Esta neurossecreção a partir dos núcleos supra-ópticos e paraventriculares geram dois tipos de hormônios, a oxitocina – produzia pelo núcleo supra-óptico – e a vasopressina-arginina (também conhecida como hormônio antidiurético ADH) – produzida pelo núcleo paraventricular. Estes hormônios são unidos e transportados com a ajuda da proteína denominada neurofisina.

Através da proteólise do complexo hormônico-neurofisina que há a liberação do hormônio de sua proteína de ligação.

A vasopressina (ADH) e a oxitocina são armazenadas na neuro-hipófise e liberadas por meio de impulsos nervosos de fibras nervosas originadas do hipotálamo.

O hormônio antidiurético ou vasopressina-arginina é secretado quando a pressão osmótica do sangue aumenta. Assim, seu efeito principal é aumentar a permeabilidade dos túbulos coletores do rim à água. Aumentando a sua permeabilidade, mais água é absorvida por esses túbulos e a urina se torna hipertônica, favorecendo o equilíbrio osmótico interno. Se este hormônio apresenta altas dosagens no organismo, há uma elevação da pressão sanguínea decorrente da contração do músculo liso de vasos sanguíneos.

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ADRENAIS

Também denominadas de supra-renais, se localizam nos pólos superiores de cada rim. Seu tamanho varia de acordo com a idade e condições fisiológicas da pessoa, mas apresenta em média no adulto 8g. As glândulas supra-renais são encapsuladas e constituídas de duas camadas concêntricas: uma mais periférica, amarelada, denominada córtex da adrenal ou camada cortical; e outra mais central, acinzentada, que é a medula da adrenal ou camada medular.

Assim como a hipófise, a adrenal pôr se dividir em duas camadas apresenta duas origens embriológicas distintas. A região cortical é de origem mesodérmica (epitélio celomático) e a região medular, neuroectodérmica (cristas neurais). Embora de origens diferentes e funções diferentes, por encontrarem-se justapostas, apresentam capilares sanguíneos cercados por seus cordões endócrinos.

As glândulas adrenais são recobertas por uma cápsula de tecido conjuntivo denso e seu estroma (sustentação) é devido a uma rede de fibras reticulares.

- CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA

As glândulas supra-renais recebem várias artérias que entram por vários pontos ao seu redor. Os ramos destas artérias formam um plexo subcapsular, de onde surgem três grupos de vasos arteriais que vão irrigar a região adrenal, são eles:

I) ARTÉRIAS DA CÁPSULA;II) ARTÉRIAS DO CÓRTEX (ramificam-se em capilares sanguíneos

que desembocam em vasos capilares da medula);III) ARTÉRIAS DA MEDULA (atravessam o córtex para formar a

rede extensa de capilares da medula).

Desta forma, a medula é irrigada duplamente – pelos capilares da medula e dos capilares sanguíneos que saem do córtex em direção à medula. O endotélio capilar é fenestrado e delgado.

Os capilares da medula junto aos capilares provenientes do córtex formam em seu conjunto as veias medulares que se unem para

constituir a veia supra-renal ou adrenal, que desemboca na veia cava inferior (lado direito) e veia renal (lado esquerdo).

- CÓRTEX ADRENAL

Possuem a estrutura típica de células secretoras de esteróides (lipídeos, ricos em colesterol que participam da atividade hormonal, no caso, do organismo), que após a secreção, estas não se encontram acumuladas em grânulos, mas são logo sintetizadas por estímulos e transportadas para a corrente sanguínea. Devido ao seu baixo peso molecular, se difundem facilmente com a membrana celular sem necessidade de sofrer exocitose.

O córtex adrenal pode ainda se subdividir em três camadas concêntricas devido à disposição de diferentes células que a compõe, sendo estas zonas nem sempre visíveis em sua divisão. São elas:

I) ZONA GLOMERULOSA; 15% do volume total da gl. Adrenal. Apresenta cordões em forma de arco.

II) ZONA FASCICULADA; 65% do v.t. da gl. Adrenal. Cordões se encontram paralelos.

III) ZONA RETICULADA; 7% do v.t. da gl. Adrenal.

Vale lembrar que acima da z. Glomerulosa há a cápsula (TCD) e a z. Reticulada e a medula da adrenal já são bem próximas, quase sem diferença – a não ser pela coloração.

I) HISTOLOGIA: células piramidais ou colunares, organizadas em cordões que têm forma de arcos envolvidos por capilares sanguíneos.

II) HISTOLOGIA: células poliédricas, também denominadas espongiócitos, as células da z. Fasciculada é rica em lipídeos no citoplasma, mas aparecem vacuoladas quando ocorre a preparação histológica devido à dissolução dos lipídios. Seus cordões são retos e regulares, semelhantes a feixes, entremeados por capilares e dispostos perpendicularmente à superfície do órgão.

III) HISTOLOGIA: cordões irregulares que formam uma rede anastomosada. Suas células são menores e seus núcleos picnóticos (com a cromatina condensada, a ponto de realizar

AÇÃO IMUNOSSUPRESSORA.

*OBS.: hidrocortisona, relacionada com o processo antiinflamatório no organismo (?)

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necrose celular) sugerem que a morte celular ocorra freqüentemente.

Hormônios Corticais da Adrenal e sua Ação

A maior parte dos hormônios secretados pelas glândulas supra-renais em sua porção cortical são os esteróides – hormônios lipídicos ricos em colesterol.

Esses esteróides secretados pelo córtex adrenal podem ser divididos em três grupos, mediante sua fisiologia:

Glicocorticóides; Mineralocorticóides; Andrógenos;

Os glicocorticóides são produzidos pelas zonas fasciculada e reticulada, que produzem o cortisol e cortisona, ou em alguns animais a corticosterona. Sua função é de regular o metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídios. Exemplos de atuação: no fígado (retirada de ácidos graxos, aminoácidos e carboidratos do sangue, que causa o acúmulo de fontes de energia, como síntese de proteína e glicose). Em órgãos periféricos, os glicocorticóides induzem efeito catabólico, diminuindo a atividade sintética e promovendo a degradação de proteína e de lipídios. Esse tipo de esteróide também pode atuar na supressão de resposta imune, destruindo os linfócitos circulantes, impedindo a atividade mitótica nos órgãos que formam os linfócitos.

Os mineralocorticóides são produzidos pela zona glomerulosa e estes secretam principalmente aldosterona – contribui para o equilíbrio de eletrólitos (como sais) no organismo, de água e níveis de pressão arterial. Estes esteróides agem principalmente nos túbulos contorcidos distais dos rins e também na mucosa gástrica e nas glândulas salivares e sudoríparas, com a função de absorção de sódio desses locais.

Os andrógenos, por sua vez, assim como os glicocorticóides, são produzidos pelas zonas fasciculada e reticulada e atuam na produção de hormônios sexuais, como a testosterona, androstenediona e a deidroepiandrosterona (DHEA).

Controle de Secreção dos Hormônios do Córtex

O pontapé inicial para a secreção pelo córtex adrenal ocorre pela liberação do hormônio CRH (hormônio liberador de corticotropina) na eminência mediana da hipófise. Após a liberação do hormônio liberador da corticotropina, este segue para a pars distalis da hipófise (adeno-hipófise) para estimular as células corticotróficas a secretarem o hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) ou corticotropina – dando início a estimulação da síntese e secreção de hormônios corticais.

Os glicocorticóides circulantes podem inibir a secreção do hormônio adrenocorticotrópico tanto ao nível do hipotálamo como da hipófise.

Córtex Fetal ou Provisório

Durante o período fetal, o feto apresenta glândulas supra-renais maiores que num adulto, pois possui uma “camada cortical” a mais, que seria o córtex fetal ou córtex provisório. Assim, haveria o córtex adrenal bem delgado, o então córtex provisório e a medula adrenal. Sua importante função é secretar sulfatados conjugados de andrógenos presentes na placenta para que possam ser convertidos em andrógenos ativos e estrógenos e entram na circulação materna.

- MEDULA ADRENAL

A camada medular da adrenal, de origem de células da crista neural, ou seja, neuroectodérmica é composto de células poliédricas formando cordões ou aglomerado arredondado, envolvido por abundante rede de capilares sanguíneos. Suas células possuem citoplasma basofílico, sustentado por uma rede de fibras reticulares, sendo responsáveis pelos grânulos de secreção ricos em catecolaminas (epinefrina ou adrenalina e norepinefrina ou

AÇÃO IMUNOSSUPRESSORA.

*OBS.: hidrocortisona, relacionada com o processo antiinflamatório no organismo (?)

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noradrenalina). Nesses grânulos também contém quantidades de ATP, cromograninas (proteínas que podem servir de ligação entre a adrenalina e a noradrenalina - catecolaminas), além de outros peptídeos.

Controle de Secreção e Ações dos Hormônios da Adrenal

As células da medula adrenal armazenam seus hormônios – produzidos pela epinefrina e norepinefrina – em grânulos. Assim, são secretadas em grandes quantidades em resposta a intensas reações emocionais, mediadas por fibras pré-ganglionares que inervam as células medulares. Desta forma, a noradrenalina atua na manutenção da pressão sangüínea, enquanto que a adrenalina produz a contração dos

vasos sangüíneos, aumento da pressão arterial e da freqüência cardíaca, maior concentração de sangue nos músculos e outros órgãos, deixando o organismo pronto a reagir em situações de susto, fortes emoções, raiva, medo ou fuga.

ILHOTAS DE LANGERHANS

A parte endócrina do pâncreas está representada pelas ilhotas de Langerhans, que são vistos no microscópio como grupos arredondados de células dentro da parte exócrina do pâncreas. Suas células, menos coradas que os ácinos pancreáticos, são dispostas em cordões, entre os quais existe uma rica rede de vasos sanguíneos. Por meio de colorações especiais e por imunocitoquímica, podem ser identificados quatro tipos de células: 

- Alfa, produtoras de glucagon – acidófilas – grânulos regulares;

- Beta, produtoras de insulina – acidófilas – grânulos irregulares;

- Delta, produtoras de somatostatina;

- F, produtoras de polipeptídio pancreático.

HISTOLOGIA: células poligonais, dispostas em cordões endócrinos, onde em volta dos quais existe uma abundante rede de capilares sanguíneos fenestrados. Em volta da ilhota em si, existe uma delgada camada de tecido conjuntivo que a separa do tecido pancreático, contendo os ácinos, por exemplo.

TIREÓIDE

A tireóide é uma glândula endócrina de origem endodérmica

(porção cefálica do tubo digestivo), localizada na porção anterior do

pescoço, sobre os primeiros anéis da traquéia. Possui como função

sintetizar os hormônios triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), que

atuam diretamente sobre o metabolismo do organismo, no controle

de suas taxas. A glândula tireóide é constituída de dois lóbulos

unidos por um istmo. É envolvida por uma cápsula de tecido

conjuntivo frouxo (TCF) que emite septos para o interior.

É um órgão composto pelos chamados folículos tireoidianos, que

são glândulas endócrinas vesiculares revestidas por epitélio

cúbico ou pavimentoso (grandes folículos) e por epitélio

colunar (pequenos folículos); em sua cavidade contém uma

substância gelatinosa, o colóide (contém tireoglobulina, que é

utilizado para a fabricação dos hormônios tireoidianos). Esses

folículos tereoidianos são separados por fibras reticulares.

Esta glândula endócrina é uma glândula extremamente

vascularizada por capilares sanguíneos e linfáticos, que permite, por

suas fenestrações, o transporte de substâncias entre este órgão e o

sangue.

A classificação dessa glândula como glândula endócrina folicular

difere de outras glândulas endócrinas, que são cordonais.

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Entre os folículos tireoidianos são encontrados agrupamentos de

células, chamadas células parafoliculares ou células C, que

secretam a calcitonina, hormônio que estimula o depósito de cálcio

nos ossos e a redução dele no plasma sanguíneo. A ativação da

secreção de calcitonina é ativada por um aumento da concentração

de cálcio no plasma.

Síntese e Armazenamento de Hormônio nas Células Foliculares

A tireóide é uma glândula endócrina capaz de acumular o seu

produto de secreção em uma boa quantidade antes de secretá-lo.

Isso se dá pelo armazenamento desta secreção nos colóides dos

folículos tireoidianos. O colóide tereoidiano é constituído

principalmente por tireoglobulina, uma glicoproteína que contém

os hormônios triiodotironina (T3) e tiroxina (T4).

A síntese e o acúmulo de hormônios tireoidianos ocorrem em quatro

etapas:

I) SÍNTESE DE TIREOGLOBULINA;

II) CAPTAÇÃO DE IODETO CIRCULANTE;

III) ATIVAÇÃO DE IODETO AO SER OXIDADO;

IV) IODAÇÃO DE MOLÉCULAS DE TIROSINA.

Liberação de T3 e T4 e Suas Ações no Organismo

As células foliculares tireoidianas captam colóides por endocitose; este colóide captado é digerido por enzimas lisossômicas e as ligações entre as porções iodinadas e o restante da molécula de tireoglobulina são quebradas por proteases, dando origem a T3, T4, diiodotirosina (DIT) e monoiodotirosina (MIT). Os hormônios T3 e T4 atravessam a membrana baso-lateral das células e migram para a corrente sanguínea através dos capilares enquanto o DIT e MIT não são secretados, estas possuem seu iodo removido por enzimas e seu produto, no caso 01 moléc. De iodo e duas de tirosina é reaproveitada pelas células foliculares. A ação da T3 é mais rápida e potente, em contrapartida, a T4 constitui cerca de 90% do hormônio circulante da tireóide.

A tiroxina (T4) contém iodo e regula o metabolismo basalou o índice de oxidação celular, em outras palavras, o metabolismo do oxigênio. Os hormônios tireoidianos aumentam a absorção de carboidratos no intestino e regulam o metabolismo de lipídeos, além de influenciar no crescimento do corpo e desenvolvimento do sistema nervoso durante o período fetal.

Controle da Produção de Hormônios Tireoidianos

Os principais reguladores da estrutura e função das glândulas tireóides são o teor de iodo no organismo e o hormônio tireotrópico – ou tireotropina (TSH), secretado pela pars distalis da hipófise. Assim como na região cortical da adrenal, existem receptores na membrana basal das células foliculares ricos em tireotropina. De modo geral, o hormônio liberador de tireotropina (TRH) promove a secreção de tireotropina (TSH), que estimula a síntese e a secreção de hormônios tireoidianos T3 e T4. Esses hormônios agem sobre tecidos e órgãos-alvo, e, além disso, inibem a secreção de TRH e TSH, mantendo o organismo com quantidades adequadas de triiodotironina e tiroxina.

O hipotireoidismo ou deficiência na produção de T3 e T4 produz pele grossa e áspera, comportamento físico lento, cabelos secos e quebradiços, freqüência cardíaca abaixo do normal, aumento de peso, intolerância ao frio e apatia. Quando ocorre na criança, afeta o seu desenvolvimento físico e mental, produzindo o nanismo e cretinismo (retardamento mental). O hipertireoidismo ou produção excessiva de T3 e T4 aumenta a taxa metabólica e apesar de ingerir grandes quantidades de alimentos a pessoa sofre perda de peso, diminuindo o volume muscular e o volume do tecido cutâneo, a pessoa sente muito calor e transpira muito, a circulação e a pulsação fica muito rápidas, a tireóide pode ficar levemente crescida e os olhos ficam muito arregalados.

O bócio ocorre quando a alimentação é deficiente em iodo ou quando o iodo não é absorvido normalmente; nesse caso a tireóide cresce demasiadamente.

PARATIREÓIDES

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As paratireóides são quatro pequenas glândulas, situadas na parte posterior da tireóide (pólos superiores e inferiores). É revestida por uma cápsula de tecido conjuntivo, que emite trabéculas para o interior da glândula, sendo contínua com as fibras reticulares que permitem a sustentação da mesma.

Células da ParatireóideEste órgão é composto de células epiteliais que formam cordões glandulares separados por vasos sanguíneos. Existem dois tipos de células que constitui essa glândula: as células principais e as células oxifílicas.

Predominantes;Menores;Poligonais;Possuem núcleo vesiculoso;Citoplasma claro / levemente acidófilo;

As células principais são responsáveis pela produção do paratormônio (PTH), uma proteína que se liga aos oteoblastos, que induz cascatas de sinalização, retirando o cálcio dos ossos, e aumentando o nível desse elemento no sangue. Em conjunto com a calcitonina, mantém o nível de cálcio equilibrado no sangue. A deficiência de paratormônio produz uma queda no teor de cálcio no sangue, conduzindo a um quadro de convulsões que poderá levar à morte.

As células oxifílicas são maiores que as células principais, mas também poligonais, possuem citoplasma com muitos grânulos acidófilos de função desconhecida. Importante para a correta identificação do órgão é a visualização de células adiposas, presentes em quantidade considerável neste órgão.

GLÂNDULA PINEAL

Também denominada epífise, é uma pequena glândula localizada no teto do diencéfalo, na extremidade posterior do 3º ventrículo, conectada por um curto pedúnculo.

A pineal é revestida externamente pela pía-mater, da qual partem septos de tec. Conjuntivo (com vasos sanguíneos e fibras nervosas não-mielinizadas) que penetram na glândula dividindo-a em lóbulos de formas irregulares.

Predominam dois tipos celulares na pineal: os pinealócitos e astrócitos (células intersticiais).

Os pinealócitos correspondem a 95% das células da pineal. Ele está relacionado com a produção de serotonina e melatonina (regulação do sono e ritmo circadiano – biológico). Suas funções se relacionam à inibição da liberação de gonadotrofinas (que influencia no crescimento e reprodução), indutor no sono além de atuar no humor e na proteção ao SNC, com a eliminação de radicais livres.

Os astrócitos encontram-se espalhados entre os pinealócitos, com seus prolongamentos e grande quantidade de filamentos intermediários, promove a sustentação do tecido nervoso além da nutrição do mesmo.

Inervação

Ocorre quando os axônios perdem seus envoltórios de mielina ao penetrar na pineal e terminar entre os pinealócitos (podendo realizar sinapses com eles). As terminações axonais contêm muitos pequenos grânulos ricos em norepinefrina, além da serotonina - que também encontra-se presente nos pinealócitos.

Papel da Pineal no Controle dos Ciclos Biológicos

A melatonina é uma substância natural semelhante a um hormônio e produzida na glândula pineal. A produção de melatonina pela glândula pineal é cíclica, obedecendo a um ritmo diário de luz e escuridão, chamado ritmo circadiano. Além do biorritmo biológico, a pineal também está envolvida nos ritmos sazonais (relacionados às estações do ano). Nos seres humanos, a produção demelatonina ocorre durante a noite.

Tanto a luz como a escuridão transmitem o sinal dos olhos para a glândula pineal, determinando a hora de iniciar e parar a síntese da melatonina. A produção noturna de melatonina levou à rápida descoberta do seu papel como indutor do sono em humanos, e como restauradora dos distúrbios decorrentes de mudanças de fuso horário (jet-lag), no início dos anos 90.

CÉLULAS PRINCIPAIS

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Além da regulação do sono, a melatonina controla o ritmo de vários outros processos fisiológicos durante a noite: a digestão torna-se mais lenta, a temperatura corporal cai, o ritmo cardíaco e a pressão sangüínea diminuem e o sistema imunológico é estimulado. Costuma-se dizer, por isso, que a melatonina é a molécula chave que controla o relógio biológico dos animais e humanos. Do ponto de vista experimental, a melatonina modifica a imunidade, a resposta ao estresse e algumas características do processo de envelhecimento. No contexto clínico, têm sido utilizada nos distúrbios do ritmo biológico, alterações relacionadas ao sono e o câncer.

A melatonina estabiliza e sincroniza a atividade elétrica do sistema nervoso central. Além de promover mudanças rítmicas nas atividades secretoras das gônadas e de vários outros órgãos. A pinel é de supra importância no desencadeamento da puberdade.

Areia Cerebral é o nome que se dá aos depósitos de fosfato e carbonato de cálcio encontrado na pineal de um adulto – que geralmente aumenta com o passar do tempo. Esses sais se encontram na MEC do tecido conjuntivo. A calcificação da pineal não impede o seu funcionamento, mesmo em idade avançada, quando há um acúmulo maior desses sais devido à ação de substâncias ativas e enzimas presentes.