Hipertensão Arterial e Gravidez – mecanismo ... · IV Resumo Introdução: A hipertensão...
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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR Ciências da Saúde
Hipertensão Arterial e Gravidez – mecanismo fisiopatológico e particularidades da abordagem
terapêutica
Ana Manuel Castelo Lanhoso Ferreira
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Medicina (ciclo de estudos integrado)
Orientador: Dr. Manuel de Carvalho Rodrigues
Covilhã, Abril de 2018
II
Dedicatória
Aos meus pais.
III
Agradecimentos
Ao meu orientador, Dr. Manuel de Carvalho Rodrigues, pela disponibilidade que manuteniu,
incansavelmente, ao longo deste último ano para me acompanhar na elaboração desta revisão
bibliográfica, por aceitar o pedido de ser meu orientador, e, consequentemente me ter dado o
desmedido privilégio de ser orientada por um dos melhores profissionais com quem me cruzei ao
longo deste percurso como estudante de Medicina.
Ao Professor Dr. Miguel Castelo Branco, a pessoa mais humana que já conheci.
Aos meus pais, por me terem feito chegar aqui. Por serem os grandes responsáveis por tudo
o que alcancei, por cada passo que dei. Por terem tido sempre um objetivo maior: investirem na
minha formação e educação. Pela garra e pela capacidade de não desistir que deles herdei.
Ao Gonçalo que assumiu ao longo de 6 anos, na perfeição, o papel de namorado de uma
estudante de medicina. Por toda a paciência e por sempre me ter dado força nos momentos que
mais precisei. Por acreditar e me fazer acreditar nas minhas aptidões e cuidar de mim como
ninguém.
IV
Resumo
Introdução: A hipertensão arterial é uma das patologias mais comuns na gravidez, tendo
repercussões tanto para a saúde materna como para o desenvolvimento do feto. Com uma
prevalência, aproximada, de 10% em todas as gestações, torna-se imperativo o seu diagnóstico
precoce, bem como a eficácia dos procedimentos terapêuticos.
Definida pelo Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG) como a pressão arterial
sistólica ≥140 mmHg e/ou a diastólica ≥90 mmHg, esta, pode dividir-se em 4 grandes grupos: pré-
eclâmpsia, hipertensão gestacional, hipertensão crónica e hipertensão crónica com sobreposição de
eclâmpsia.
Distintas e até então, escassamente cógnitas, alterações fisiopatológicas como diminuição do fluxo
materno-fetal, aspetos imunogenéticos, uma provável presença do gene da produção do óxido
nítrico e do sistema HLA, alterações endoteliais e, consequente má adaptação placentária estarão
associadas a esta intercorrência na gravidez.
As medidas terapêuticas empregues deverão acordar a eficácia medicamentosa com as mínimas
consequências exequíveis para o feto. Sabe-se também que apesar de alguns fármacos conseguirem
efetivamente diminuir a pressão arterial, a única solução efetiva em síndromes hipertensivas como
a pré-eclampsia e a hipertensão induzida pela gravidez é o parto.
Objetivos: Investigar e analisar, de forma crítica, a literatura sobre diversos mecanismos
fisiopatológicos que têm vindo a ser estudados como causas que despoletam a hipertensão durante
a gravidez, bem como as particularidades terapêuticas associadas a esta patologia, incluindo os
benefícios e riscos de determinados fármacos. Pretende-se ainda enfatizar o exercício do
profissional de saúde como impulsionador fundamental no aconselhamento de adoção de estilos de
vida saudáveis, havendo um foco na prevenção da hipertensão.
Métodos: Para esta revisão, foi efetuada uma vasta pesquisa bibliográfica cujas fontes se
fundamentaram, maioritariamente na PubMED, ScienceDirect, as guidelines da Sociedade
Portuguesa de Hipertensão em www.sphta.orgh.pt e as normas da Direção Geral de Saúde em
https://www.dgs.pt/upload/membro.id/ficheiros/i006254.pdf.
Conclusão: A hipertensão arterial requer indubitavelmente uma atenção contínua
atendendo às consequências que poderá acarretar não só para a mãe, mas também para o feto. A
deteção de uma mulher com patologia hipertensiva que esteja grávida faz com que esta seja
imediatamente referenciada para Consulta de Alto Risco Obstétrico.
V
Palavras-chave Hipertensão; Gravidez; Pré-eclâmpsia; Anti-hipertensores; Fisiopatologia
VI
Abstract
Introduction: Hypertension is one of the most common pathologies in pregnancy, with
repercussions for both maternal health and fetal development. With an approximate prevalence of
10% in all pregnancies, it becomes imperative to have a prior diagnosis as well efficient therapeutic
procedures.
Defined by the American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) as systolic blood
pressure> 140 mmHg and / or diastolic> 90 mmHg, it can be divided into 4 main groups: pre-
eclampsia, gestational hypertension, chronic hypertension and hypertension with overlapping
eclampsia.
Distinct and until then, scarcely known, respiratory fistulae such as decreased maternal-fetal flow,
immunogenetic aspects, a probable presence of the gene for the production of nitric oxide and HLA,
endothelial system and consequently placental maladaptation will be associated with this
intercurrence in the pregnancy.
The therapeutic measures should be employed according to the drug efficacy with the least
achievable consequences for the fetus. It is also known that although some drugs can effectively
lower blood pressure, a single effective solution in hypertensive syndromes such as preeclampsia
and pregnancy-induced hypertension is childbirth.
Objectives: To investigate and critically analyze a literature on several
physiopathological mechanisms that have been studied as causes that trigger hypertension during
pregnancy, as well as therapeutic specialties associated with this pathology, including the benefits
and risks of certain drugs. It is also intended to emphasize the exercise of the health professional as
a fundamental impeller in the counseling of adoption of healthy lifestyles, with a focus on the
prevention of hypertension.
Methods: For this review, a large bibliographical research was carried out which sources
were based mainly on PubMED, ScienceDirect, as guidelines of the Portuguese Society of
Hypertension in www.sphta.orgh.pt and as norms of the General Directorate of Health at https: /
/www.dgs.pt/upload/member.id/files/i006254.pdf.
Conclusion: Hypertension undoubtedly requires continuous attention given the
consequences for the mother, but also for the fetus. A detection of a woman with hypertensive
pathology should be referred to High Obstetric Risk Consultation.
VII
Keywords Hypertension; Pregnancy; Pre-eclampsia; Antihypertensives; Pathophysiology
VIII
Índice
Dedicatória ........................................................................................................... II
Agradecimentos ..................................................................................................... III
Resumo ............................................................................................................... IV
Palavras-chave ...................................................................................................... V
Abstract .............................................................................................................. VI
Keywords ............................................................................................................ VII
Índice ............................................................................................................... VIII
Lista de Tabelas ..................................................................................................... IX
Lista de Acrónimos .................................................................................................. X
Capítulo 1. Introdução ............................................................................................. 1
Capítulo 1.1 Objetivo .............................................................................................. 4
Capítulo 2. Materiais e Métodos .................................................................................. 5
Capítulo 3. Mecanismos fisiopatológicos ........................................................................ 6
3.1. Considerações gerais ....................................................................................... 6
3.2. Mecanismo fisiopatológico ............................................................................... 10
Capítulo 4. Abordagem terapêutica ............................................................................. 14
4.1. Considerações gerais ...................................................................................... 14
4.2. Particularidades da Abordagem Terapêutica .......................................................... 17
Capítulo 5. Conclusão ............................................................................................. 27
Referências bibliográficas ........................................................................................ 29
IX
Lista de Tabelas
Diagrama 1: Classificação dos distúrbios hipertensivos 1
Tabela 1: Alterações fisiológicas que ocorrem durante a gravidez normal 6
Tabela 2: Fatores de risco para a pré-eclâmpsia 7
Tabela 3: DDF de condições médicas com HTA na gravida, por envolvimento orgânico 8
Diagrama 2: Percursores metabólicos da pré-eclâmpsia e as suas interações 9
Quadro 1: Grupos de alto risco a serem monitorizadas na pré-eclâmpsia 12
Diagrama3: Fisiopatologia da disfunção endotelial que induz distúrbios hipertensivos na gravidez 12
Tabela 4: Limiar de tratamento para a Hipertensão na Gravidez 14
Tabela 5: Hipertensão média vs severa na gravidez 15
Quadro 2: Critérios de aviso maternos 16
Tabela 6: Farmacocinética dos agentes hipertensivos mais usados 17
Tabela 7: Tratamento antihipertensor: contraindicações absolutas e relativas 19
Quadro 3: Classificação da FDA quanto aos medicamentos utilizados na gravidez 20
Tabela 8: Terapias antihipertensivas mais usadas na gravidez 21
Diagrama 4: Papel potencial da suplementação de sal na manutenção da PA na gravidez 22
Quadro 5: Procedimento de mulheres diagnosticadas com pré-eclâmpsia 23
Diagrama 5: Pré-eclâmpsia intermédia: medidas a tomar 25
Diagrama 6: Pré-eclâmpsia severa: medidas a tomar 26
X
Lista de Acrónimos
ACOG Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas
mmHg Milímetro de mercúrio
HLA Sistema antígeno leucocitário humano
PA Pressão arterial
DGS Direção Geral de Saúde
HTA Hipertensão arterial
SPC Sociedade Portuguesa de Cardiologia
WHO World Health Organization
LOA Lesão precoce nos órgãos-alvo
DCV Doença Cardiovascular
CV Cardiovascular
NaCL Cloreto de sódio
GFR Glomerular Filtration
RAS Renin-Angiotensin system
VCI Veia cava inferior
Alx Índice de aumentação
IMC Índice de Massa Corporal
ADMA Asymmetric dimethylarginine
ART Antiretroviral therapy
PE Pré-eclâmpsia
ATF6 Activing transcription fator 6
Ire Inositol Requisring 1
PERK PKR like endoplasmatic reticulum kinase
SPE Pré-eclâmpsia severa
TLR Toll like receptors
PIGF Fator de crescimento placentário
miR Micro RNA
TIMP3 Inibidor da metalopeptidase
ESH European Society of Hypertension
ESC European Society of Cardiology
AVC Acidente vascular cerebral
IV Intravenoso
PO Peroral
SL Sublingual
A-V Auriculoventricular
ECA Enzima de conversão da angiotensina
ARA Antagonista dos recetores da angiotensina
XI
FDA Food and Drug Admnistration
VEGF Vascular endothelial growth factor
TonEBP Tonicity-responsive enhancer binding protein
CHIPS Control of Hypertension in Pregnancy Study
SSRI Inibidores de recaptação de serotonina
DDF Diagnóstico diferencial
RE Retículo endoplasmático
1
Capítulo 1. Introdução
Na sociedade actual, o surgimento do primeiro filho ocorre cada vez mais tarde. A
este fator de risco associam-se outros que aumentam a probabilidade de desenvolvimento de
patologia hipertensiva durante a idade reprodutiva e, ainda, na gravidez, (1) nomeadamente:
PA elevada, dislipidémia, obesidade, história familiar de doenças cardiovasculares, síndrome
antifosfolipídico e intolerância à glicose. (2)
Segundo a DGS, a hipertensão na gravidez manifesta-se pela presença da pressão
arterial sistólica> 140 mmHg e/ou a diastólica> 90 mmHg. (3) Este valor deverá estar presente
em duas ou mais ocasiões, após vigésima semana de gestação, em mulheres normotensas e
distanciando-se, pelo menos 4-6h, não excedendo um intervalo superior a 7 dias. (4) A divisão
da hipertensão arterial na grávida atualmente aceite, pela Sociedade Portuguesa de
Cardiologia (SPC), baseia-se em quatro formas distintas:
Hipertensão arterial crónica/ pré-existente: antecede a gravidez ou é documentada
antes das 20 semanas de gestação (1-5% das gravidezes);
Hipertensão gestacional: elevação significativa de pressão arterial após as 20 semanas
de gestação em gestantes anteriormente normotensas, atingindo valores cima dos 140/90
mmHg (6-7% das gravidezes);
Pré-eclâmpsia: presença de proteinúria (> 300 mg/24 horas) em gestante com HTA (5-
7% das gravidezes);
Hipertensão pré existente/crónica gestacional sobreposta em proteinúria (20-25% das
gravidezes com hipertensão crónica). (4,5)
Diagrama 1. Classificação dos distúrbios hipertensivos (5)
2
Os distúrbios hipertensivos são a segunda causa direta de morte materna no mundo
desenvolvido.(5,6)
A hipertensão pode dividir-se em dois grandes grupos: a essencial/primária que
consiste no aumento da pressão arterial antes da gravidez sem causa identificável e,
secundária cujo aumento da pressão arterial se deve a uma condição como: patologia renal,
apneia do sono, síndrome de cushing, feocromocitoma, lúpus, medicação ou drogas, patologia
cardíaca ou suprarrenal. (7,8,9)
Segundo a WHO, há cerca de 529000 mortes por ano, de mulheres relacionadas com a
gravidez. (10)
Em diversas situações de hipertensão na grávida, os sintomas alongam-se para outros
sistemas do organismo, (11) podendo associar-se a perturbações como edema,
trombocitopenia, alterações da função do fígado, insuficiência renal, cardíaca e distúrbios
cerebrais. (12)
A pré-eclâmpsia, um dos distúrbios hipertensivos na grávida, é a principal responsável
pela morbi e mortalidade materna e fetal, com um contributo de cerca de 18% em todas as
mortes maternas. (13,14)
A parte fisiopatológica da hipertensão na gravidez tem sido um dos tópicos de maior
interesse nesta patologia, (12) embora a etiologia desta doença seja ainda incompreendida.
(4) Teorias defendem a existência de um processo inflamatório caraterizado pela libertação
de citocinas pró inflamatórias e auto-anticorpos, desenvolvimento de stress oxidativo e
disfunção endotelial com libertação de radicais livres oxigénio. (15)
Apesar de uma grande percentagem de mulheres com HTA crónica terem gravidezes
saudáveis, é fundamental que haja conhecimento dos riscos, antes de engravidarem, entre os
quais, restrição de crescimento, parto prematuro, hipertensão sobreposta com pré-
eclâmpsia.(16). Mesmo uma HTA leve pode associar-se a um maior risco de prematuridade. (4)
As medidas terapêuticas devem permanentemente coligar a eficácia medicamentosa
aos mínimos efeitos adversos possíveis para o feto (17).
Apesar de alguns fármacos diminuírem efetivamente a pressão arterial, (18) a única
solução efetiva em síndromes hipertensivos como a pré-eclampsia e a hipertensão induzida
pela gravidez é o parto. (12)
A definição e os parâmetros de diagnóstico da hipertensão são semelhantes entre a
população não grávida e as grávidas, distinguindo-se pela crise hipertensiva, (7) já que as
grávidas necessitam de hospitalização e vigilância contínua, entre outras medidas. (3)
As emergências hipertensivas representam a segunda causa de morte materna durante
a gravidez, com prevalência de uma em cada dez grávidas.(19) Apesar de ser indubitável a
necessidade de tratamento na HTA grave na grávida (>160/110 mmHg), ainda há carência de
ensaios que comprovem claramente o mesmo beneficio perante quadros clínicos de HTA
moderada ou leve. (20,21)
Diversos valores são propostos tanto em relação aos valores limites, como aos alvos de
PA a atingir. Segundo a Sociedade Portuguesa de Hipertensão, um estudo em 2013, confirmou
3
que se deve ponderar início de tratamento anti-hipertensivo para valores> 140/90 mmHg em
grávidas com:
1) hipertensão gestacional;
2) hipertensão pré-existente com sobreposição de hipertensão gestacional;
3) hipertensão com LOA assintomáticas ou sintomas em qualquer momento da
gravidez.(21)
Apesar da existência de diversos estudos no âmbito dos fatores de risco que
prevalecem nas doenças hipertensivas na gravidez, continua a não haver critério de triagem
estabelecido, limitando o desempenho dos profissionais de saúde. (22)
Sendo a pré-eclâmpsia um dos indicadores fundamentais de avaliação precoce do risco
de DCV numa mulher, e, envolvendo a gravidez um alto grau de stress metabólico e CV, esta
é inquestionavelmente uma ocasião de oportunidade de avaliação do risco que essa mesma
mulher terá ao longo da sua vida. (21)
As consequências maternas e fetais resultantes de distúrbios hipertensivos durante a
gestação podem ser devastadoras. (19) A nível materno podermos verificar: aumento do risco
de acidente vascular encefálico hemorrágico, edema pulmonar, falência renal, diabetes
gestacional, encefalopatia hipertensiva, retinopatia, hemorragia pós-parto, mortalidade
materna. Quanto ao feto poderá haver o aumento de risco de restrição crescimento fetal,
parto pré-termo, complicações associadas à prematuridade, efeitos secundários à medicação
anti-hipertensiva. (7,8,23)
Nesta revisão serão abordados subtemas relativos ao mecanismo fisiopatológico e às
particularidades da abordagem terapêutica da hipertensão na gravidez, com intuito de
esmiuçar um tema de importância crescente, não só pela sua prevalência, ainda, bastante
significativa, mas também por acarretar consigo um vasto impacto na morbi e mortalidade na
vida destas pacientes.
4
Capítulo 1.1 Objetivo
Investigar e analisar, criticamente, a literatura sobre diversos mecanismos
fisiopatológicos que têm vindo a ser estudados como causas que despoletam a hipertensão
durante a gravidez, bem como as particularidades terapêuticas associadas a esta
intercorrência, incluindo os benefícios e riscos de determinados fármacos.
Uma vez que a hipertensão arterial tem vindo a ser alvo de investigação por estar
envolta nas mais diversas incertezas, pretendo, ainda, enfatizar o exercício do profissional de
saúde, juntamente com a sua equipa multidisciplinar e intersectorial como propulsores
cruciais no aconselhamento de um estilo de vida saudável, com destaque para a prevenção
desta patologia.
5
Capítulo 2. Materiais e Métodos
Para realização desta revisão foi realizada uma vasta pesquisa bibliográfica, cujas
fontes foram a PubMED e a ScienceDirect, utilizando para o efeito combinações das palavras e
expressões: Hypertension; Pregnancy; Pre-eclampsia / Eclampsia; Antihypertensives;
Pathophysiology. Foram, ainda, utilizadas, as guidelines da Sociedade Portuguesa de
Hipertensão em www.sphta.orgh.pt e as normas da DGS em
https://www.dgs.pt/upload/membro.id/ficheiros/i006254.pdf.
Os artigos aqui utilizados são preferencialmente elaborados há menos de 5 anos,
apesar de não haver limitação temporal e foram restringidos a três idiomas: português, inglês
e espanhol.
6
Capítulo 3. Mecanismos fisiopatológicos
3.1. Considerações gerais
A hipertensão arterial numa grávida é definida quando um dos critérios está
presente, em duas observações, intervaladas com um período de tempo superior a 6 horas:
pressão arterial sistólica ≥140 mmHg ou PA diastólica ≥90 mmHg. (1) A pressão arterial
diastólica é mais preditiva da ocorrência de efeitos adversos. (4)
Durante a gravidez, verificam-se diversas alterações, nomeadamente a diminuição da
resistência periférica e aumento do débito cardíaco após a décima semana de gestação. (1)
As mulheres habitualmente normotensas, têm, na sua maioria, uma descida da
pressão arterial durante o fim do primeiro trimestre. (16) No segundo trimestre, verifica-se
uma diminuição da pressão arterial mais notória na PA diastólica (entre 7-10mmHg). (1) Esta
diminuição ocorre secundariamente a uma acentuada vasodilatação após aumento de plasma
inerente à gravidez. (16). Assim, inúmeras mulheres que sofriam anteriormente de
hipertensão crónica tornam-se normotensas durante a gravidez. (16). No 3º trimestre os
valores voltam a elevar-se atingindo, progressivamente, os valores do 1ºtrimestre. (1). Em
determinadas situações, valores semelhantes aos anteriores à gravidez, durante o 3º
trimestre, podem indicar hipertensão gestacional. (16)
Claas et al. correlacionou positivamente o papel do excesso de sal na dieta (NaCL) e a
hipertensão.(24) Contudo, o sal na gravidez facilita uma série de processos fisiológicos que
suportam o desenvolvimento da placenta e do feto. (24,25)
Tabela 1. Alterações fisiológicas que ocorrem durante a gravidez normal (24)
7
As alterações hematológicas são fundamentais na resposta da mãe à gravidez. O
volume de sangue aumenta até atingir, cerca de 30-50% a mais, aumentado, também, o
número de eritrócitos, havendo manutenção de volume sanguíneo, pressão sanguínea e a
perfusão útero placentária durante toda a gravidez. (24) Diversas síndromes hipertensivas
desenvolvem aqui a sua lacuna de mecanismo de compensação, conduzindo à indesejada
reduzida expansão do plasma. (25)
Quanto ao sistema cardiovascular são inúmeras as alterações. Até às oito semanas de
gestação, o débito cardíaco aumenta 20%. Inicialmente, há uma vasodilatação periférica,
mediada por fatores dependentes do endotélio, como o óxido nítrico. O débito cardíaco
aumenta, em média, 40% durante o processo da gravidez (com máximo às 28 semanas),
havendo um aumento na frequência cardíaca e da massa muscular da parede ventricular. A
pressão sanguínea diminui no primeiro e segundo trimestres, mas aumenta para níveis iguais
aos das não grávidas no terceiro trimestre. Após o parto, há um aumento imediato do débito
cardíaco de 60-80% com desobstrução da veia cava inferior e contração do útero, atingindo-se
valores pré-gravidez, duas semanas pós-parto.(25)
Polónia et al. descreveu, após estudo sobre a dinâmica da pressão arterial em
mulheres com antecedentes de patologia hipertensiva, que estas são portadoras de maior
risco de hipertensão sustentada e alterações das propriedades circadinas, com aumento da
pressão arterial noturna e na atenuação da diminuição fisiológica da mesma, tendo, ainda,
uma resistência das artérias periféricas aumentada. (26)
A avaliação de uma grávida com hipertensão deve ser baseada numa história
completa dirigida aos sintomas associados à pré-eclâmpsia, procurar estudar fatores de risco
envolvidos nos distúrbios hipertensivos (Tabela 3) e avaliar causas secundárias raras de
hipertensão. (5)
Tabela 2. Fatores de risco para a pré-eclâmpsia (5)
8
A pré eclâmpsia, síndrome materno sistémico inflamatório que afeta múltiplos
sistemas orgânicos (renais, hepáticos, pulmonares, cerebrais e placentários) (Tabela 3),
complica cerca de 3-7% das gestações no mundo inteiro. (14,27) Sendo assim indispensável
uma avaliação correta, por haver infindos diagnósticos diferenciais desta patologia. (11)
Tabela.3 DDF de condições médicas com distúrbios hipertensivos na gravida(11)
Os pontos-chave de diagnóstico da pré-eclâmpsia incluem: proteinúria ≥a 300 mg
em 24 horas, aumento da proteinúria ou perda de controlo de pressão arterial numa mulher
com hipertensão preexistente, início de sintomas como cefaleias, visão turva, dor abdominal,
trombocitopenia. A eclâmpsia é o desenvolvimento de convulsões numa mulher com pré-
eclâmpsia, podendo ocorrer com aumento mínimo da pressão arterial e na ausência de
proteinúria. (5)
Bellamy et al. provou que mulheres com história prévia de pré-eclâmpsia têm
aproximadamente o dobro do risco de doença isquémica do coração, até um intervalo de 5-15
anos após a gravidez. (28)
Mulheres que tenham tido história anterior de pré-eclâmpsia têm quatro vezes maior
risco de vir a desenvolver hipertensão. (29)
Fatores como obesidade, metabolismo e estado vascular deficitários, além de terem
uma forte associação com o desenvolvimento de hipertensão, estão amplamente potenciados
quando associados a técnicas reprodutivas medicamente assistidas e a outros fatores de riso
como a idade materna. (30)
9
Diagrama. 2 Percursores metabólicos da pré-eclâmpsia e as suas interações.(30)
Fumar foi também apontado como um dos fatores de risco da pré-eclâmpsia. (31)
A hipertensão crónica, por sua vez, é prevalente em cerca de 20% das mulheres em
idade fértil, e está intimamente relacionada com fatores como: idade, etnia e co-
morbilidades, como diabetes e obesidade.(5) Normalmente tanto esta, como a hipertensão
gestacional têm bons outcomes, apesar de se poderem associar, também, a comorbilidades.
(5)
Alguns distúrbios hipertensivos que ocorrem durante a gravidez podem gerar lesão
miocárdica e provocar mesmo, quadros de insuficiência cardíaca. (32,33) O aumento da pré-
carga cardíaca pode acarretar consequências como a hipertrofia cardíaca e a eclâmpsia.
(33,34)
10
3.2. Mecanismo fisiopatológico
Os mecanismos associados ao envolvimento da patofisiologia da hipertensão na
grávida estão ainda por esclarecer (4), parecendo ser multifatoriais. (22)
Numa gravidez normal encontramos alterações como a resistência à insulina (26,35),
dislipidémia (26,36), hipercoagulabilidade (26,37) e circulação hiperdinâmica. (26,38) Nas
situações hipertensivas, estas encontram-se evidenciadas. (26)
Na gravidez normal, o citotrofoblasto invade o interior do miométrio em duas etapas:
invasão inicial dos segmentos deciduais das artérias espirais às 10 a 12 semanas de gestação,
seguida de invasão mais profunda do miométrio às 15 a 16 semanas (5) e as artérias maternas
espiraladas são convertidas em baixa resistência devido à perda de endotélio e fibras
musculares. Por outro lado, na pré-eclâmpsia a invasão do citotrofoblasto para as artérias
espiraladas ocorre em menor extensão, havendo hipoperfusão feto-placentária e hipoxia.
Esta redução do afluxo de sangue (4) resulta de uma sequência de processos que
despoletam a produção de espécies reativas de oxigénio e citocinas que geram disfunção
endotelial e inflamação. (22) Há estimulação da formação de endotelina e tromboxano com
associação a maior sensibilidade vascular de substâncias como angiotensina II e redução da
produção de óxido nítrico e prostaciclina. (4,8,39)
O stress oxidativo desempenha, assim, um importante papel na patogénese da
hipertensão na gravidez, por não haver remodelação que suprima as novas necessidades da
mulher. Consequentemente à hipoxia, há a libertação de neutrófilos, citocinas, adesão de
leucócitos surgindo uma resposta inflamatória aumentada, gerando-se um feedback positivo
com mais produtos reativos de oxigénio (12) e inoportuna ativação leucocitária e plaquetária
que agride os tecidos da grávida. (15) D. Souza et al. concluiu que o aumento do stress
oxidativo são resultado do aumento de glutatião e de malonildialdeido, e menor quantidade
de superperóxido dismutase. (15,40)
A fisiopatologia da hipertensão gestacional é desconhecida, pensando-se ser
semelhante à hipertensão essencial numa mulher não grávida. A hipertensão gestacional e a
pré-eclâmpsia são consideradas processos distintos de uma mesma patologia. Algumas
evidências apresentadas em estudos apoiam esta teoria por diversos fatores terem diferentes
comportamentos num e noutro distúrbio hipertensivo: enquanto a nulidade é um importante
fator de risco da pré-eclâmpsia, o mesmo não se verifica na hipertensão gestacional; as
alterações histológicas específicas da placenta e dos rins, bem como o aumento de péptidos
antiangiogénicos placentários na pré-eclâmpsia, não se verificam na gestacional. (5,40)
A pré-eclâmpsia é maioritariamente vista em dois estádios: um primeiro que
envolve o desenvolvimento inadequado das artérias maternas espirais, o segundo envolve
disfunção endotelial resultante da hipertensão, edema e proteinúria. (41,42). A hipótese
atualmente aceite, baseia-se na evidência do único método de cura definitivo da PE ser o
parto, deduzindo-se que então, a origem terá de ser placentária. (14,43,44)
11
São duas, as propostas mais aceites relativamente ao mecanismo patofisiológico da
pré-eclâmpsia: a teoria vascular e a teoria imune,(45) considerando-se esta última a chave da
sua patogénese. (46,47) Buéno-Sanchez et al. concluiu que a imunidade inata desenvolve um
papel maior comparativamente com a imunidade adaptativa quando equiparadas, por haver
um aumento na circulação de monócitos, neutrófilos e células natural-killer na patologia
hipertensiva comparativamente a uma gravidez normal. (47–49).
Fu Jinhua et al. concluiu que o stress do retículo endoplasmático na pré-eclâmpsia é
caracterizado pela ativação de três diferentes vias de sinalização: PERK-pEIF2a, ATF6 e
Ire.(50)
A pré-eclâmpsia pode classificar-se como precoce ou tardia, consoante a presença de
sintomatologia antes ou após as 34 semanas de gestação, respetivamente. (51–53) Sibai et al.
acrescenta que a fisiopatologia da pré-eclâmpsia precoce pode ser distinta da pré-eclâmpsia
tardia, durante ou pós-parto. (54)
Tuten Abdullah et al. refere que a pré-eclâmpsia precoce está associada a disfunção
placentária severamente marcada provocando, diversas situações indesejadas como restrição
de crescimento, prematuridade, entre outras, (51,55) comparativamente à de início tardio.
(50)
A apoptose que ocorre no retículo endoplasmático tem um papel fundamental no
desenvolvimento da pré-eclâmpsia, por isso, pesquisas mais aprofundadas sobre os
mecanismos de stress do RE podem decifrar a fisiopatologia da SPE e induzir o
desenvolvimento de terapias. (50)
Foi correlacionado positivamente o nível de conceptina no sérum com níveis elevados
aumentados de pressão diastólica e sistólica no sangue. O nível de conceptina está também
correlacionado com a idade da mãe, aumentando gradualmente com o tempo. (51)
Gilbert et al. demonstrou num estudo a associação entre isquémia placentária e a
génese de fator de necrose tumor alfa, autoanticorpos contra o recetor tipo 1 da angiotensina
II, interleucina 6 e diversas outras moléculas antiangiogénicas. (56)
Alguns estudos epidemiológicos confirmam, ainda, uma componente genética da pré-
eclâmpsia, com diversos genes propostos como sendo relevantes neste processo,
nomeadamente: o da trombofilia, da função endotelial, das proteínas vasoativas, do stress
oxidativo, do metabolismo dos lípidos e estudos imunogenéticos. (57) A predisposição
genética pode resultar do polimorfismo de genes que codificam moduladores inflamatórios
ativados pela insuficiência placentária ou pela hipoxia resultante do distúrbio transcripcional
das proteínas antiangiogénicos e citocinas.(58) Interações entre polimorfismo de nucleótido
único por si só ou com intervenções de fatores de risco ambientais parecem ser os maiores
candidatos ao componente genético da hipertensão na grávida. Como atualmente não há
testes genéticos que prevejam a pré eclâmpsia, deve monitorizar-se e controlar-se as
mulheres em alto risco de desenvolverem esta patologia. (Tabela 7) (57)
12
Quadro.1 Grupos de alto risco a serem monitorizadas na falta de teste genético preditor de pré-
eclâmpsia (57)
Gao et al. estudou a correlação entre o micro RNA 18 e o seu envolvimento nos
distúrbios hipertensivos da gravidez, concluindo que este pode ser um fator de proteção às
células do miocárdio. A diminuição do miR-181b e consequente aumento da expressão de
TIMP3, promove a apoptose das células do miocárdio e aumenta a lesão do miocárdio. (33)
Comprovada a ativação de recetores Toll-like na disfunção endotelial, hipertensão e
inflamação vascular durante gravidez (12) estudaram-se as vias responsáveis pela produção de
fatores vasodilatadores e vasoconstritores que influenciam este mecanismo (Tabela 6).
(12,59–61)
Diagrama.3 Fisiopatologia da disfunção endotelial que induz distúrbios hipertensivos na
gravidez (12)
13
As substâncias vasodilatadoras dependentes do endotélio como o óxido nítrico e a
prostaciclina estão diminuídas, havendo também alterações nas junções gap mioendoteliais,
reduzindo a atividade de fatores hiperpolarizantes. (12,59–61) Além disto, os vasoconstritores
dependentes do endotélio e a sensibilidade de fatores como a endotelina 1, a angiotesina II e
o tromboxano A2 aumentam. (12,62) Um endotélio disfuncional é portador de um fenótipo
inflamatório com expressão aumentada da atividade pró-inflamatória e por diminuição das
citocinas anti- inflamatórias, resultando num aumento das espécies reativas de oxigénio. (12)
Enquanto os fatores pró-inflamatórios aumentam, por sua vez, o factor de crescimento
placentário (PlGF) diminui mais durante uma patologia hipertensiva do que na gravidez
normal. (14,42)
14
Capítulo 4. Abordagem terapêutica
4.1. Considerações gerais A abordagem terapêutica de uma mulher grávida em situação de hipertensão exige
uma minuciosa consideração acerca das medidas a tomar, já que a maioria das terapêuticas é
teratogénica (3) e deve manter-se em segurança, tanto a mãe como o desenvolvimento do
feto. (19)
Não há consenso evidente quanto ao momento ideal em que devemos iniciar a
terapêutica no caso de patologia hipertensiva na grávida. Guidelines internacionais
recomendam fortemente o uso de antihipertensores aquando uma situação de hipertensão
severa na gravidez. (8,63–66) A maioria das principais organizações estipula este valor entre
os 140/90 mmHg e os 170/110 mmHg. (19)
Tabela 4. Limiar de tratamento para a Hipertensão na Gravidez (19)
As Guidelines da ESH/ESC afirmam desde há vários anos que a terapêutica
medicamentosa deve ser iniciada em todas as mulheres grávidas que tenham a sua pressão
arterial >150/95, evidência comprovada por estudos recentes que a relacionam com um
aumento da taxa de hospitalização relacionada com AVC. (21,67)
A ação terapêutica é definida consoante o estadio da gravidez, focalizando sempre os
riscos e benefícios da mãe e do feto. (19)
Quando se trata de uma mulher com hipertensão crónica antes da gravidez devemos
iniciar um cuidado pré-natal específico atendendo os riscos da gravidez e otimizar a
terapêutica hipertensiva antes da conceção. (16)
15
Tabela 5. Hipertensão média VS severa na gravidez (7)
Souza et al. estudaram o aumento da pressão arterial sanguínea como uma
consequência, e não como causa da pré-eclâmpsia. Ao haver uma a resistência vascular
uterina causada pela má-adaptação placentária cujo objetivo é a manutenção de fluxo, gera-
se hipertensão. Nestas situações, o tratamento poderá induzir uma restrição de crescimento
intra uterina. (68)
O tratamento deve ter em consideração as necessidades e preferências individuais
de cada mulher. Deve dar-se a oportunidade de serem proactivas nas decisões a serem
tomadas bem como serem informadas sobre cuidados e tratamentos, juntamente com os seus
profissionais de saúde. (63)
Nas mulheres já com patologia hipertensiva crónica, deve ponderar-se a manutenção
da terapêutica, com exceção da terapêutica que é contraindicada na gravidez. Quando há
situações de hipertensão com alto risco de complicações da gravidez a terapia anti-
hipertensiva deve ser também considerada. (68)
Durante a gravidez, ou após 6 semanas de pós parto, um valor superior a 160/110
mmHg é considerado uma emergência e necessita de imediata intervenção terapêutica.
(7,8,23) A distinção entre urgência e emergência hipertensiva é normalmente feita através
dos sintomas e da susceptibilidade de hemorragia intracraniana. Quando perante urgência
hipertensiva: os sintomas estão presentes e há envolvimento multissistémico com evidência
de lesão de órgãos. (7)
O objetivo do tratamento deverá ser minimizar tanto o risco materno como fetal,
mantendo-os seguros, assim, as decisões terapêuticas serão baseadas nos seguintes fatores:
tipo de distúrbio hipertensivo e causa subjacente, idade gestacional, severidade da doença,
estado clínico materno e fetal, resposta materna à intervenção e comorbilidades maternas.
(7,8,23,69)
16
Quadro.2 Critérios de aviso maternos (7)
Deve sugerir-se às mulheres com hipertensão crónica a redução da ingestão
dietética de sódio ou substituição do sal de sódio, com objetivo de reduzir a pressão arterial.
(64)
A prevenção dos distúrbios hipertensivos simboliza um passo primordial no cuidado
pré-natal. (70)
17
4.2. Particularidades da Abordagem Terapêutica
Os fármacos hipertensores mais utilizados são: labetelol, hidralazina, metildopa,
nicardipina ou nifedipina. (19)
Tabela 6. Farmacocinética dos Agentes Hipertensivos mais usados (19)
É fundamental que se considere cada caso individualmente, quanto à severidade da
doença, ao estado da mãe, do feto, e da gravidez, aos efeitos secundários possíveis, às
dosagens, farmacocinética, bem como às contraindicações. (19)
Em caso de pré-eclâmpsia leve e/ou hipertensão gestacional não se deve recorrer à
terapia anti-hipertensiva de manutenção (nível de evidência: 1a; grau de recomendação: A).
Quando a pré-eclâmpsia é grave a atitude correta permanece incerta, havendo apenas
consenso nas emergências hipertensivas. (nível de evidência: 1a; grau de recomendação: A).
Recomenda-se a menor dose possível de cada fármaco e a α-metildopa é vista como a droga
anti-hipertensiva mais segura, eficaz no tratamento da hipertensão na gravidez.
Relativamente ao tratamento da emergência hipertensiva a hidralazina é a mais utilizada no
mundo, apesar de não haver estudos suficientes que demonstrem que é a mais vantajosa. (68)
Na gravidez, independentemente da causa subjacente, um valor superior ou igual a
160/110mmHg que se prolongue por mais de 15 minutos é considerada uma emergência
obstétrica e, requer imediatamente terapêutica para um controlo eficaz. (7,8,54,72)
Em situações de emergência o fármaco de eleição é o labetelol intravenoso.(21) No
seguimento do controlo imediato da pressão sanguínea, a primeira linha terapêutica usada na
18
gravidez pode incluir ainda: hidralazina (IV) e nifedipina (oral). (7,8,23,71) Como segunda
linha deverá usar-se: esmolol, nicardipina (infusão ‘pump’), labetelol (infusão ‘pump’) e
nitroprussido de sódio, apesar deste ser o último recurso devido à sua toxicidade. (7,23) A
emergência hipertensiva materna é a razão mais comum de uso de hidralazina parenteral
durante a gravidez, tendo como efeitos secundários: vómitos, náuseas, dores de cabeça,
taquicardia. (19)
Para controlo a longo termo a primeira linha usada pode ser baseada em: metildopa
(oral), labetelol (oral), nifedipina (oral). Labetelol e a metildopa são consideradas terapias de
primeira escolha para aquelas mulheres que necessitam de continuar terapia hipertensiva
durante a gravidez.(16) A segunda linha poderá envolver diuréticos tiazídicos, apesar do risco
de depleção de volume intravascular e hipocaliémia. (7,8)
Doses repetidas de nifedipina, hidralazina intravenosa ou labetelol a cada 15-30 min
conseguem controlar a pressão arterial em cerca de 80% das mulheres.(11,72–74)
Efeitos como hipotensão, bradicardia e hipoglicemia podem ser efeitos adversos dos
β bloqueadores. (19,75) O labetelol é o favorito entre esta classe farmacológica por dilatar as
arteríolas, diminuindo a resistência vascular, sem baixar excessivamente o débito cardíaco.
(19,76) Um estudo da Early Human Development comprovou hipotensão em 29.1% em bebés
cuja presença de labetelol se confirmou durante a gravidez, comparativamente a 7.4% dos
bebés que não estiveram expostos, durante a gravidez, ao fármaco. (19,75)
Molvi et al. durante um estudo comparativo entre o labetelol e a metildopa nas
grávidas hipertensas concluíram que a ocorrência de hipertensão severa reduziu em ambos os
grupos, apesar de ter continuado em 16.3% das mulheres que utilizavam metildopa e apenas
4% nas grávidas com labetelol. A metildopa foi ainda associada a maior número de
hospitalizações. (19,76)
Segundo as normas da DGS, há contraindicações relativas e absolutas em relação ao
tratamento antihipertensor, em relação às primeiras temos o exemplo do diurético tiazídico,
absolutas existem alguns fármacos como os inibidores da enzima de conversão angiotensina e
antagonistas do recetor da angiotensina. (77)
19
Tabela 7.Tratamento antihipertensor contraindicações absolutas e relativas(77)
O uso de metildopa, de labetelol e de nifedipina, como único antagonista de cálcio,
na gravidez fazem parte das recomendações testadas.(21,67,78)
Os beta bloqueadores, uma vez que interferem no crescimento fetal, quando
utilizados numa fase inicial da gravidez, devem ser utilizados com a devida precaução, o
mesmo se recomenda relativamente aos diuréticos, já que acarretam complicações aquando a
existência de redução de volume plasmático. (21,67,78) Alguns beta-bloqueadores, como o
atenolol e metoprolol associam-se, mesmo, a um risco aumentado de restrição intrauterina
devendo evitar-se. (5,19)
20
Os agentes que alteram o sistema renina angiotensina, nomeadamente os inibidores
de ECA, ARA, inibidores da renina são contraindicados (21) devido aos efeitos adversos para o
feto. (16) Além de terem sido associados a defeitos de crescimento, no primeiro trimestre
foram associados a maior risco de malformações cardiovasculares e do sistema nervoso
central. Oligohidrâmnio, hipotensão, falência renal, morte e, mais uma vez, malformações
cardíacas e cerebrais, foram relatadas durante o segundo e terceiro trimestre. (5,19)
Os diuréticos que, normalmente, são o fármaco eleito no tratamento da hipertensão,
não têm demonstrado o mesmo papel na gravidez, pela diminuição de volume. (5,19)
Segundo a US Food and Drug Admnistration, não há atualmente nenhum medicamento
com categoria A, que corresponderia a uma segurança comprovada. (16,79)
Quadro 3. Classificação da FDA quanto aos medicamentos utilizados na gravidez (79)
21
Os antihipertensores mais usados são classificados como classe B como é exemplo da α
metildopa ou classe C, como o labetelol, bloqueadores β, bloqueadores de canais de cálcio e
diuréticos tiazídicos. Os inibidores da enzima conversora angiotensina são classe C no
primeiro trimestre e nos restantes trimestre são classe D, havendo risco humano. (16)
Tabela 8. Terapias antihipertensivas mais usadas na gravidez (80)
O sulfato de magnésio não está associado à morbilidade materna ou fetal, embora
reduza e previna o aparecimento de convulsões em situação de eclâmpsia. (5,19)
A utilização de aspirina ainda gera bastante controvérsia(21). Como agente
antiplaquetário inibe a produção de prostaciclina (vasodilatador) e do tromboxano
(vasoconstritor), ambos presentes na circulação placentária e uterina. Quando dada em
baixas doses, a apirina seletivamente inibe apenas a produção do tromboxano e não da
prostaciclina, havendo menos vasoconstrição e maior aporte de fluxo sanguíneo. (81)
Duley et al. demonstrou algum benefício da aspirina enquanto fator preventivo de
determinadas síndromes hipertensivas. (82) Por sua vez, Rossi et al. após um ensaio clínico
que envolvia tanto mulheres de alto, como de baixo risco para pré-eclâmpsia não constataram
nenhuma alteração quando introduzida a aspirina. (83)
Bujold et al. demonstrou que as grávidas com <16 semanas de gestação que iniciaram
o tratamento obtiveram um menor risco relativo de desenvolver pré-eclâmpsia. (84). Conclui-
se assim, que mulheres com alto risco de desenvolver pré-eclampsia: distúrbio hipertensivo
após gravidez anterior, doença renal crónica, doença autoimune como lúpus eritematoso
sistémico ou síndrome antifosfolipídico, diabetes tipo 1 ou tipo 2, hipertensão crónica e
mulheres com mais de um fator de risco moderado: primeira gravidez ≥40 anos, índice de
massa corporal (IMC) ≥ 35 kg / m2 ou, história familiar da pré-eclâmpsia ou gravidez múltipla
22
para a pré-eclâmpsia devem tomar 75 mg de aspirina diariamente de 12 semanas até o
nascimento do bebé (63), excepto se apresentarem risco de hemorragia gastrointestinal. (21)
Estudos mais recentes comprovaram ainda que a relação dose-resposta às 150 mg de
aspirina pode conferir maior benefício em patologia mais precoce. (85) Contudo não há dados
consistentes que evoquem benefícios para outros outcomes e efeitos fetais. (22,86)
Anticoagulantes como a heparina têm propriedades anti-inflamatórias e promotoras
da angiogénese. (81) Apesar dos efeitos promissores nas mulheres em risco de
desenvolvimento de hipertensão na gravidez, os estudos atualmente desenvolvidos são ainda
escassos.(11,87–89)
O cálcio como fator preventivo foi demonstrado, em diversos estudos, como redutor
do risco de hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia, apesar destes benefícios não se
estenderem à prevenção da mortalidade pré-natal nem de co-moborbilidades como restrição
de crescimento intrauterino. O cálcio é visto desde 1980 como importante substância a ser
estudada quando em contexto de hipertensão e gravidez. (81) Dietas com baixo nível de
cálcio foram associadas em diversos estudos a patologia hipertensiva na grávida. (11,90) O seu
mecanismo permanece desconhecido apesar de se pensar que estará corelacionado à
possibilidade doses insuficientes de cálcio aumentarem a renina, a hormona paratiroide e
induzirem a vasoconstrição. (81) Cochrane et al. conclui num estudo que a suplementação de
cálcio reduziu em 50% a hipertensão gestacional ou a pré-eclampsia em mulheres de alto risco
de desenvolverem distúrbios hipertensivos durante a gravidez. (81)
Diagrama 4. Papel potencial de suplementação de sal na manutenção de pressão arterial durante a
gravidez. (24)
23
Menezes de Oliveira et al., assumindo a ideia que o stress oxidativo exerce um papel
determinante na génese da hipertensão na gravidez, estudaram como a suplementação de
nutrientes oxidantes poderiam colmatar este défice e concluíram não haver evidências que
demonstrem que os antioxidantes assegurem uma etiopatogenia saudável que não envolva
stress oxidativo (15,91,92), podendo provocar dores abdominais durante a gravidez. (81)
O controlo da pressão arterial da mãe desenvolve um papel crucial no tratamento
materno, embora a resolução definitiva de alguns distúrbios hipertensivos na gravidez seja o
parto, como é o exemplo da pré-eclampsia, (22,93)
Quadro 5. Procedimento de mulheres diagnosticadas com pré eclâmpsia (11)
24
O momento ideal do parto deve ser ponderado, já que pode ser necessário recurso a
terapêuticas, como betametasona e sulfato de magnésio, para preparar o feto, para o parto
ou estabilizar a mãe. (7,8) Os corticosteroides são diversas vezes necessários para maturação
pulmonar fetal.(63)
As manifestações maternas relacionadas com distúrbios hipertensivos que são
indicações para parto são: pressão arterial descontrolada, mesmo com anti hipertensivos
apropriados; deterioração do fígado, rim ou funções de coagulação; eclâmpsia; síndrome
HELLP (hemólise, enzimas do fígado aumentadas e baixas plaquetas); complicações severas de
outros órgãos; rutura da placenta com mãe em comprometimento hemodinâmico.
As manifestações fetais hipertensivas que indicam parto prematuro estão relacionadas
com a restrição de crescimento fetal. (22)
Alterações no ducto venoso e na veia umbilical, detetadas através de Doppler são
considerados suficientes para indução de parto. (22,94) As Guidelines do Colégio de
Obstetrícias e Ginecologistas referem que na presença de restrição fetal antes das 32 semanas
ou alterações venosas, deve partir-se para o parto, após verificar a viabilidade do feto e dose
de corticoides.(22,95)
25
Diagrama 5. Pré-eclâmpsia intermédia: medidas a tomar(5)
26
Diagrama 6. Pré-eclâmpsia severa: medidas a tomar (5)
O controlo adequado da PA reduz o risco de eventos cerebrovasculares, associados à
hipertensão sistólica e pode prolongar a gravidez para uma gestação viável. (22,93)
Magee et al. no estudo CHIPS provou que mulheres com hipertensão na gravidez que
são abordadas e seguidas através de um controlo rigoroso (pressão diastólica cerca de 85
mmHg) quando equiparadas com mulheres com a mesma patologia cujo controlo não é tao
rigoroso (100 mmHg) têm menor incidência de hipertensão materna. (22,93)
Os distúrbios hipertensivos tornam-se um verdadeiro desafio para os profissionais de
saúde que cuidam destes pacientes. (19)
27
Capítulo 5. Conclusão
Nos últimos anos, com as diversas alterações da sociedade, novos focos de
investigação têm vindo a surgir. Os mais recentes e pouco saudáveis hábitos da população
fazem emergir difíceis situações clínicas como é o caso da hipertensão na gravidez.
Esta comorbilidade é uma das maiores causas de morbi e mortalidade durante a
gravidez no nosso país.(3) Identificar e conhecer as alterações fisiológicas inerentes à
gestação permite um diagnóstico correto de HTA na gravidez. (1)
A hipertensão crónica e a gestacional têm normalmente bons outcomes apesar de se
poderem associar também a comorbilidades. (5)
A hipertensão gestacional e a pré-eclâmpsia têm distintos mecanismos. Diversos
fatores têm influências distintas num e noutro distúrbio. O mecanismo da hipertensão
gestacional permanece desconhecido. (5,40) Na pré-eclâmpsia há uma insuficiente invasão
pelas células trofoblásticas resultando numa hipoperfusão da placenta, acumulação de toxinas
e generalizada disfunção endotelial. (41,96) A ativação dos recetores imunes inatos locais
induz uma ativação da cascata inflamatória e consequente hipertensão e lesão de órgãos. O
foco principal da terapêutica deverá ser atuar nesta sucessão de processos inflamatórios,
retomando o equilíbrio. (12)
Embora algumas vias e mecanismos estejam dotados de grande plausibilidade
científica a hipertensão na gravidez continua a ser um autêntico enigma etiológico. (14)
Fatores como a obesidade, metabolismo alterado e estado vascular são fatores que
podem estar fortemente correlacionados com o desenvolvimento da pré-eclâmpsia, e, têm
vindo a ser estudados os mecanismos que ocorrem nestes grupos de risco e a interação que os
fatores de risco podem ter no progresso da patologia hipertensiva.(30)
O desafio atual incide numa decisão terapêutica baseada no equilíbrio dos sintomas
maternos, prevenindo a progressão da patologia com prolongamento da gestação o máximo de
tempo possível, aperfeiçoando os outcomes fetais. (19)
É consensual que o tratamento da emergência hipertensiva deve ser instituído, apesar
de ainda não haver opiniões uniformes quanto ao valor a partir do qual o devem fazer e qual
melhor fármaco, (68) apesar de se considerar que uma pressão arterial ≥ a 160/110 mmHg que
dure pelo menos 15 minutos, sintomas maternos, como a oligúria, a taquicardia, entre outros
necessitam de imediata terapia médica.(7) Na emergência hipertensiva é crucial o tempo de
iniciação da terapia, pois pode alterar, integralmente, o desfecho do quadro clínico.(7)
A terapêutica deve ser decidida pelo profissional de saúde através do conhecimento
da severidade da doença materna, da fase da gravidez, das características individuais da mãe
e da medicação, bem como das contraindicações possíveis. (19)
Diversos estudos validaram a eficácia da hidralazina, labetelol, metildopa, nicardipina
e nifedipina na alteração da pressão arterial da mulher com distúrbios hipertensivos na
gravidez, mas nenhum comprovado como não tendo riscos. (19) O labetelol, a hidralazina e
28
nifedipina consideram-se primeiras linhas de tratamento para redução emergente de pressão
arterial. (7) Labetelol e metildopa são considerados quando uma mulher hipertensiva tem de
continuar terapêutica durante a gravidez. (16)
Os beta bloqueadores e os diuréticos são fármacos que devem ser utilizados com
cuidado podendo acarretar consequências graves. (21,67,78) Há outros estritamente
contraindicados, como os inibidores de ECA, ARA, inibidores da renina, (21,67,78) sobretudo,
no segundo e terceiro trimestre (16) devido às suas propriedades de depleção do volume e
efeitos teratogénicos. (19) A aspirina pode reduzir até 10% o risco de distúrbios hipertensivos
como a pré-eclampsia. (81)
Os procedimentos terapêuticos devem ter em conta a tríade fundamental: controlo da
pressão arterial sanguínea, bem-estar materno, bem-estar fetal, não descurando a preparação
adequada para o parto. (7)
Apesar da única cura efetiva da pré-eclampsia ser o parto, o controlo da pressão
arterial da mãe é o gold-standard do tratamento. (22,93)
O conhecimento do profissional de saúde relativamente aos fatores de risco é
fundamental para deteção de mulheres grávidas que possam ser potenciais candidatas a
desenvolver patologia hipertensiva durante a gravidez. A prevenção é a chave de controlo das
doenças hipertensivas, tornando-se a arma imprescindível já que a hipertensão durante a
gravidez potencia o risco de hipertensão e de outras doenças cardiovasculares, no futuro, na
vida da mulher. (5)
No fundo, compete-nos a nós, profissionais de saúde que somos ou seremos, aprimorar
os outcomes de saúde das mulheres com hipertensão arterial durante os seus anos
reprodutivos. (16) É fundamental uma eficaz comunicação entre profissionais de saúde e
estas mulheres, dadas todas as informações necessárias e adaptadas à individualidade de cada
uma. (63)
Deverá haver foco numa intervenção multidisciplinar e interdisciplinar acerca de
estilos de vida e fatores de risco, agindo desta forma com intuito de reabilitar, prevenir e
evitar o máximo de riscos não só para a grávida, mas também para o feto. (3)
Só assim poderão surgir oportunidades para um avanço significativo e real na medicina
obstétrica e cardiológica. Deverá adoptar-se uma atitude que incentive a capacitação da
mulher e, simultaneamente não negligencie, nunca, as suas vontades, preferências e
necessidades. A prevenção e diagnóstico da hipertensão da gravidez são os passos chave para
se combater eficazmente, e estudar mais aprofundadamente a principal causa de morte
materna.
29
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