Hi Giene Maos

13
Serviço de Controle de Infecção Hospitalar 2013 - 2014

description

higiene das maos

Transcript of Hi Giene Maos

Page 1: Hi Giene Maos

Serviço de Controle de Infecção Hospitalar

2013 - 2014

Page 2: Hi Giene Maos

2

SCIH-HUM

AUTORES

Márcia Arias Wingeter, Silvia Maria dos Santos Saalfeld, Celso Luiz Cardoso, César Helbel.

MEMBROS DO SERVIÇO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

César Helbel

Márcia Arias Wingeter

Silvia Maria dos Santos Saalfeld

MEMBROS DA COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR

César Helbel – Presidente da Comissão

Almir Germano

Cecília Saori Mitsugui

Celso Luiz Cardoso

Cleverson Antonio Poças

Écio Alves do Nascimento

Edilaine Aparecida Freitas

Gisleine Elisa Cavalcanti da Silva

Gustavo Jacobussi Farah

Hilton Vize Martinez

Márcia Arias Wingeter

Marcia Maria Marino

Rúbia Andréia Falleiros de Padua

Sandra Regina Corbello Pereira

Silvia Maria dos Santos Saalfeld

Sonia de Oliveira Alves

Vera Lúcia Dias Siqueira

Page 3: Hi Giene Maos

3

SCIH-HUM

HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS

A higienização das mãos é considerada o procedimento isolado mais importante na

prevenção das infecções hospitalares, porque muitas destas infecções são causadas por

microrganismos transmitidos pelas mãos contaminadas do pessoal hospitalar. Entretanto, a

baixa taxa de adesão dos profissionais da saúde à prática da higienização das mãos,

geralmente inferior a 50% na maioria dos hospitais, constitui um desafio para o controle das

infecções hospitalares em todo o mundo. Os principais fatores que contribuem para esta

baixa adesão são representados por: falta de tempo, irritação da pele devido a freqüente

lavagem das mãos com produtos inadequados, sobrecarga de trabalho e falta de pessoal,

excessivo uso de luvas, difícil acesso às pias e conhecimento inadequado das indicações para

a higienização das mãos.

Na tentativa de mudar essa situação, as novas recomendações para a higienização das mãos,

preconizadas nos Estados Unidos pelo “Centers for Disease Control and Prevention” e pela

Organização Mundial da Saúde, propõem o uso de preparações alcoólicas como

procedimento padrão para a antissepsia das mãos dos profissionais de saúde em

substituição a tradicional lavagem das mãos com água e sabão.

Segundo estas recomendações, os produtos a base de álcool são os agentes preferidos para

a anti-sepsia das mãos porque eles reduzem a contagem bacteriana das mãos de forma mais

eficaz do que o sabão comum e as soluções anti-sépticas degermantes. Apresentam maior

facilidade de uso, requerem menos tempo de ação e causam menos irritação e

ressecamento da pele do que a lavagem com água e sabão. Entretanto, quando as mãos

estiverem visivelmente sujas ou contaminadas com proteínas ou fluidos orgânicos, elas

obrigatoriamente devem ser lavadas com água e sabão ou com preparação antisséptica

degermante, porque o álcool não tem efeito na remoção de sujeira ou matéria orgânica.

O profissional da saúde deve estar consciente de que a lavagem das mãos é a medida

individual mais simples e menos dispendiosa para prevenir a propagação das infecções

relacionadas à assistência à saúde. Recentemente o termo “lavagem das mãos” foi

substituído por “higienização das mãos” devido à maior abrangência deste procedimento. O

termo higienização das mãos engloba a higienização simples, a higienização antisséptica, a

fricção antisséptica e a anti-sepsia cirúrgica das mãos. A eficácia da higienização depende da

duração e da técnica empregada.

Page 4: Hi Giene Maos

4

SCIH-HUM

TÉCNICAS DE HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS

Importante: antes de iniciar qualquer uma das técnicas, é necessário retirar jóias (i.e., anéis,

pulseiras, relógio), pois sob tais objetos podem acumular-se microrganismos. Destacando

ainda a importância de manter as unhas curtas, não sendo aceitável o uso de unhas postiças

ou com esmalte craquelado ou rugoso na superfície da unha.

HIGIENIZAÇÃO SIMPLES DAS MÃOS.

É a lavagem das mãos pela fricção com água e sabão líquido comum (i.e., sabão não

medicamentoso) durante 40 a 60 segundos. Tem como objetivo remover os microrganismos

que colonizam as camadas superficiais da pele, assim como o suor, a oleosidade e as células

mortas, retirando sujidade propícia à permanência e à proliferação de microrganismos.

Importante: No caso de torneiras com contato manual para fechamento, sempre utilize

papel-toalha. O uso coletivo de toalhas de tecido é contraindicado, pois estas permanecem

úmidas, favorecendo a multiplicação bacteriana. Deve-se evitar água muito quente ou muito

fria na higienização das mãos, para prevenir o ressecamento da pele.

A técnica de higienização simples das mãos é realizada de forma adequada quando as mãos

são friccionadas em todas as suas faces, espaços interdigitais, articulações, unhas,

extremidades dos dedos e punhos, conforme demonstrado no cartaz ilustrativo no Anexo 1.

Para isso, utilizar os seguintes passos: (i) fricção das palmas das mãos entre si; (ii) fricção da

palma da mão direita contra o dorso da mãos esquerda (e vice-versa), entrelaçando os

dedos; (iii) fricção das palmas das mãos entre si com os dedos entrelaçados; (iv) fricção do

dorso dos dedos de uma mão com a palma da mão oposta (e vice-versa), segurando os

dedos; (v) fricção do polegar direito, com o auxílio da palma da mão esquerda (e vice-versa),

utilizando movimento circular; (vi) fricção das polpas digitais e unhas da mão esquerda

contra a palma da mãos direita (e vice-versa), fazendo um movimento circular; (vii) fricção

do punho esquerdo com auxílio dos dedos e palma da mão direita (e vice-versa), com

movimentos circulares.

A higienização simples das mãos é indicada nos seguintes casos: (i) quando as mãos

estiverem visivelmente sujas ou contaminadas com sangue e outros fluidos corporais; (ii) ao

iniciar o turno de trabalho; (iii) após ir ao banheiro; (iv) antes e depois das refeições; (v)

antes do preparo de alimentos; (vi) antes do preparo e manipulação de medicamentos; (vii)

nas situações descritas a seguir para preparação alcoólica.

Page 5: Hi Giene Maos

5

SCIH-HUM

FRICÇÃO ANTISSÉPTICA DAS MÃOS COM PREPARAÇÕES ALCOÓLICAS.

É feita com preparação alcoólica na forma líquida ou de gel, contendo geralmente álcool

etílico a 70% (concentração em peso), com objetivo de reduzir a carga microbiana das mãos

(não há remoção de sujidades). O procedimento deve ser realizado por 20 a 30 segundos,

conforme a técnica demonstrada no cartaz ilustrativo no Anexo 2.

Importante: para evitar ressecamento e dermatites, não higienize as mãos com água e

sabão imediatamente antes ou depois de usar uma preparação alcoólica. Depois de

higienizar as mãos com preparação alcoólica, deixe que elas sequem espontaneamente ao ar

(i.e., sem secar as mãos com papel toalha).

A higienização das mãos com preparações alcoólicas é indicada quando as mãos não

estiverem visivelmente sujas, em todas as situações a seguir:

Antes de contato com o paciente: tem como objetivo a proteção do paciente, evitando a

transmissão de microrganismos oriundos das mãos do profissional de saúde. Exemplos:

exames físicos (determinação do pulso, da pressão arterial, da temperatura corporal);

contato físico direto (aplicação de massagem, realização de higiene corporal); e gestos de

cortesia e conforto.

Após contato com o paciente: tem como objetivo a proteção do profissional e das

superfícies e objetos imediatamente próximos ao paciente, evitando a transmissão de

microrganismos do próprio paciente.

Antes de realizar procedimentos assistenciais e manipular dispositivos invasivos: tem

como objetivo a proteção do paciente, evitando a transmissão de microrganismos oriundos

das mãos do profissional de saúde. Exemplos: contato com membranas mucosas

(administração de medicamentos pelas vias oftálmica e nasal); com pele não intacta

(realização de curativos, aplicação de injeções); e com dispositivos invasivos (cateteres

intravasculares e urinários, tubo endotraqueal).

Antes de calçar luvas para a inserção de dispositivos invasivos que não requeiram preparo

cirúrgico: tem como objetivo a proteção do paciente, evitando a transmissão de

microrganismos oriundos das mãos do profissional de saúde. Exemplo: inserção de cateteres

vasculares periféricos.

Após risco de exposição a fluidos corporais: tem como objetivo a proteção do profissional e

das superfícies e objetos imediatamente próximos ao paciente, evitando a transmissão de

microrganismos do paciente a outros profissionais ou pacientes.

Page 6: Hi Giene Maos

6

SCIH-HUM

Ao mudar de um sítio corporal contaminado para outro, limpo, durante o cuidado ao

paciente: tem como objetivo a proteção do paciente, evitando a transmissão de

microrganismos de uma determinada área para outras áreas de seu corpo. Exemplo: troca

de fraldas e subseqüente manipulação de cateter intravascular. É importante ressaltar que

esta situação não deve ocorrer com freqüência na rotina do profissional. Os cuidados ao

paciente devem ser planejados iniciando-se a assistência na seqüência do sítio menos

contaminado para o mais contaminado.

Após contato com objetos inanimados e superfícies imediatamente próximas ao paciente:

tem como objetivo a proteção do profissional e das superfícies e objetos imediatamente

próximos ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do paciente a outros

profissionais e pacientes. Exemplos: manipulação de respiradores, monitores cardíacos,

troca de roupas de cama, ajuste da velocidade de infusão de solução endovenosa.

Após a remoção de luvas: tem como objetivo a proteção do profissional e das superfícies e

objetos imediatamente próximos ao paciente, evitando a transmissão de microrganismos do

paciente a outros profissionais ou pacientes. As luvas previnem a contaminação das mãos

dos profissionais de saúde e ajudam a reduzir a transmissão de patógenos. Entretanto, elas

podem ter microfuros ou perder sua integridade sem que o profissional perceba,

possibilitando assim a contaminação das mãos.

Outros Procedimentos: como por exemplo, a manipulação de invólucros de material estéril.

Importante: em relação ao uso de luvas os seguintes cuidados devem ser observados: (i) use

luvas somente quando indicado; (ii) utilize-as antes de entrar em contato com sangue,

líquidos corporais, membrana mucosa, pele não intacta e outros materiais potencialmente

infecciosos; (iii) troque as luvas sempre que entrar em contato com outro paciente; (iv)

troque também durante o contato com o paciente se for mudar de um sítio corporal para

outro, limpo, ou quando estiver danificada; (v) nunca toque desnecessariamente superfícies

e materiais, como por exemplo, telefones, maçanetas e portas, quando estiver com luvas;

(vi) observar a técnica correta de remoção de luvas para evitar a contaminação das mãos;

(vii) lembre-se: o uso de luvas não substitui a higienização das mãos!

Page 7: Hi Giene Maos

7

SCIH-HUM

HIGIENIZAÇÃO ANTISSÉPTICA DAS MÃOS.

Esta técnica é realizada de forma idêntica à higienização simples das mãos, substituindo-se o

sabão líquido por preparações antissépticas degermantes a base de digluconato de

clorexidina a 2% ou 4% ou de polivinilpirrolidona-iodo a 10%, com 1% de iodo ativo. A

duração do procedimento deve ser de 40 a 60 segundos.

As formulações antissépticas degermantes associam a propriedade de limpeza dos

detergentes (remoção de sujidades) com a ação antimicrobiana dos antissépticos (redução

da carga microbiana). São utilizadas para a higienização antisséptica das mãos e degermação

da pele de pacientes que serão submetidos a procedimentos invasivos.

A higienização antisséptica das mãos é indicada nas seguintes situações: (i) nos casos de

precaução de contato recomendados para pacientes portadores de microrganismos multi-

resistentes e nos casos de surtos (ii) antes da realização de procedimentos invasivos (e.g.,

inserção de cateter intravascular central, instalação de diálise, pequenas suturas,

endoscopias e outros procedimentos).

ANTISSEPSIA CIRÚRGICA OU PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO DAS MÃOS.

Consiste na escovação das mãos e antebraços com preparações antissépticas degermantes,

conforme ilustração do Anexo 3. A finalidade é eliminar a microbiota transitória da pele e

reduzir a microbiota residente, além de proporcionar efeito residual na pele do profissional.

As escovas utilizadas no preparo cirúrgico das mãos devem ser de cerdas macias e

descartáveis, impregnadas ou não com antisséptico e de uso exclusivo em leito ungueal e

subungueal. A duração do procedimento deve ser de 3 a 5 minutos para a primeira cirurgia e

de 2 a 3 minutos para as cirurgias subseqüentes.

A degermação da pele das mãos e antebraços é indicada no pré-operatório, antes de

qualquer procedimento cirúrgico (indicado para toda a equipe cirúrgica).

Page 8: Hi Giene Maos

8

SCIH-HUM

OS CINCO MOMENTOS PARA A HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS NA PRÁTICA HOSPITALAR

Para facilitar a memorização das indicações para a higienização das mãos considerando o

risco de transmissão de microrganismos durante o cuidado com o paciente, a Organização

Mundial da Saúde recomenda que os profissionais da saúde devem obrigatoriamente

higienizar as mãos em cinco momentos:

1. Antes do contato com o paciente;

2. Antes da realização de procedimento asséptico;

3. Após risco de exposição a fluidos corporais;

4. Após contato com o paciente;

5. Após contato com áreas próximas ao paciente.

O profissional de saúde deve estar conscientizado de que o cumprimento destas cinco

etapas é de fundamental importância na prevenção e controle de infecções nos serviços de

saúde, principalmente aquelas decorrentes da infecção cruzada de microrganismos

multirresistentes (i.e., o microrganismo que está causando a doença em um paciente é

transmitido para outro paciente através das mãos contaminadas do profissional da saúde).

A Figura 1, na próxima pagina, mostra os cinco momentos (indicações) para a higienização

das mãos na prática hospitalar preconizados pela Organização Mundial da Saúde.

Page 9: Hi Giene Maos

9

SCIH-HUM

Page 10: Hi Giene Maos

10

SCIH-HUM

BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ministério da Saúde. Higienização das mãos em serviços de saúde. Brasília: ANVISA, 52p., 2007.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ministério da Saúde. Orientações para Prevenção de Infecção Primaria da Corrente Sanguínea. Brasília, 50p 2010.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ministério da Saúde. Segurança do paciente

Higienização das mãos. Brasília: ANVISA, 100p., 2009.

CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Guideline for hand hygiene in health-care settings: recommendations of the healthcare infection control practices advisory committee and the HICPAC/SHEA/APIC/IDSA hand hygiene task force. Atlanta, MMWR

2002; 51(No. RR16):1-45.

KAMPF, G.; KRAMER, A. Epidemiologic background of hand hygiene and evaluation of the most important agents for scrubs and rubs. Clin. Microbiol. Rev.,. Washington, v. 17, n. 4, outubro, p. 863-893, 2004.

LARSON, E. APIC guidelines for handwashing and hand antisepsis in health care settings. Am. J. Infect. Control., St. Louis, v. 23, n. 4, agosto, p. 251-269, 1995.

PITTET, D. Hand hygiene: It’s all about when and how. Infect. Control Hosp. Epidemiol., Chicago, v. 29, n. 10, outubro, p. 957-959, 2008.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO Guidelines on Hand Hygiene in Health Care. First Global Patient Safety Challenge Clean Care is Safe Care. Geneva: WHO Press, 270p., 2009.

Page 11: Hi Giene Maos

11

SCIH-HUM

ANEXO 1 HIGIENIZAÇÃO SIMPLES DAS MÃOS.

Page 12: Hi Giene Maos

12

SCIH-HUM

ANEXO 2 FRICÇÃO ANTISSÉPTICA DAS MÃOS COM PREPARAÇÕES ALCOÓLICAS.

Page 13: Hi Giene Maos

13

SCIH-HUM

ANEXO 3 ANTISSEPSIA CIRÚRGICA OU PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO DAS MÃOS.