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HGPE E IMPRENSA: ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS E OS TEMAS ABORDADOS NA CAMPANHA TELEVISIVA E NA
IMPRENSA LOCAL NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE CURITIBA 20121
Márcio Cunha Carlomagno2 Daniela Rocha Drummond 3
RESUMO O artigo analisa os recursos de estratégia televisiva utilizados no horário eleitoral pelos principais candidatos à prefeitura de Curitiba, em 2012. Focando nos temas abordados, e optando por uma análise semana-a-semana (ao invés do agregado), demonstramos: a) a mudança no padrão de comportamento dos candidatos e suas estratégias utilizadas; b) a relação entre os temas mais tratados pelos candidatos na televisão e os que mais apareceram no principal jornal impresso da cidade, a Gazeta do Povo. Após análise dos dados, podemos diferenciar claramente os três principais candidatos, baseado nos temas que abordam. Os resultados estatísticos obtidos jogam luz em especial sobre as estratégias do candidato Luciano Ducci, prefeito não reeleito. Contudo, ao relacionar horário eleitoral com os temas do jornal impresso, apesar de flutuações visíveis (também dizendo respeito à campanha de Ducci), não há correlações significativas. PALAVRAS-CHAVE: Campanha eleitoral; estratégias eleitorais; Curitiba; HGPE.
1. INTRODUÇÃO
Este artigo trata das eleições municipais de Curitiba4, capital do Paraná, no
pleito do ano de 2012. O objetivo principal é identificar os padrões das estratégias
discursivas adotadas pelos quatro principais candidatos à prefeitura do município em
suas propagandas de televisão, com foco especial nos temas tratados por cada um e,
em seguida, identificar as possíveis coincidências entre os temas abordados nos
1 Este artigo utiliza dados coletados pelo Grupo de Pesquisa em Comunicação Política e
Opinião Pública (CPOP) da UFPR e foi desenvolvido em seu âmbito. Os autores agradecem a todos integrantes do grupo que participaram da coleta dos dados e, em especial, Emerson Urizzi Cervi, líder do grupo, e Michele Goulart Massuchin. 2 Mestrando em Ciência Política pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Graduado em
comunicação institucional e bacharel em gestão pública. Integrante do Grupo de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública (CPOP) da UFPR. Bolsista Capes. E-mail: [email protected] 3 Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Cientista social e
jornalista. Integrante do Grupo de Pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública (CPOP) da UFPR. E-mail: [email protected] 4 A cidade tem 1,8 milhão de habitantes, IDH de 0,823 (considerado alto, acima do IDH
nacional de 0,730) e em 2011 o PIB foi de R$ 58 bilhões de reais, sendo a quarta cidade com maior PIB no país.
2
programas e os temas presentes na imprensa da capital, verificando uma eventual
relação entre mídia jornalística impressa e conteúdo político de campanha.
Promovendo a relação dos temas presentes nas campanhas e aqueles
presentes nas notícias do principal jornal impresso da cidade (e do estado), a Gazeta
do Povo. A metodologia utilizada foi a análise de conteúdo (DAVIS, 1976), para coletar
os dados, e o método quantitativo, estatístico, para processar os mesmos.
Utilizamos três bancos de dados. O primeiro, principal foco deste artigo, sobre
os programas eleitorais televisivos dos candidatos, e os outros dois, com dados sobre
a cobertura jornalística no período eleitoral. Não é nosso objetivo neste estudo
promover uma discussão sobre a atuação da imprensa no caso, mas a interrelação
entre estes dois campos, por isto, como se verá, esta segunda ordem de dados será
limitada.
O artigo se organiza da seguinte maneira. Na segunda seção fazemos uma
breve revisão teórica sobre o que é o HGPE, e contextualizamos a conjuntura política
local na qual a eleição decorre. Na terceira seção, procedemos com a análise dos
dados, sobre os temas tratados por cada candidato e as mudanças ao decorrer do
tempo. Na quarta seção, relacionamos estes temas com os temas mais presentes na
imprensa da cidade. A última seção é destinada às considerações finais.
2. HGPE NO BRASIL E A ELEIÇÃO PARA PREFEITURA DE 2012 EM CURITIBA
No Brasil existe um período de propaganda na TV e no Rádio, distribuído5 aos
partidos políticos, chamado Horário Gratuito6 de Propaganda Eleitoral (HGPE). O
tempo de exposição na televisão é considerado um recurso de campanha importante
por muitos autores (MANCINI & SWANSON, 1996; ALBUQUERQUE, 2005; GOMES,
2013; PANKE & CERVI, 2013; KUSCHNIR, CARNEIRO, SCHMITT, 1997; DIAS, 2005;
ALBUQUERQUE, STEIBEL, CARNEIRO, 2008). Algumas pesquisas já apontaram
inclusive para a influência do HGPE sobre o voto, em especial para municípios de
grande porte (SPECK & CERVI, 2013). Para Cervi (2011), por exemplo, o HGPE é
uma das poucas formas que as estruturas partidárias têm para parcialmente corrigir o
5 Existe uma fórmula complexa para calcular a distribuição do tempo de televisão e rádio entre
partidos. Essencialmente, um terço do tempo é dividido de maneira igualitária entre todos os partidos (mesmo os que não tem representantes eleitos). Os outros dois terços são divididos de forma proporcional, com base nos deputados federais eleitos na última eleição legislativa. Ou seja, partidos com bancadas maiores e mais representação tem mais tempo. 6 O “gratuito” refere-se ao acesso pelos partidos, que não necessitam pagar por isto, mas a
emissora é remunarada pelo tempo cedido em forma de benefícios fiscais do governo federal.
3
desequilíbrio gerado pela disparidade em relação à capacidade financeira dos
partidos.
Como afirma Cervi (2011) é a partir da mídia que a elite política consegue
apresentar-se às massas eleitorais, criando um discurso e montando uma imagem que
pretende ser a mais adequada para os eleitores. A análise de conteúdo do horário
eleitoral, portanto, tenta mostrar se existe um padrão no uso que os candidatos fazem
desse espaço publicitário para criar e difundir uma imagem pública.
Em 2012, o Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE) comemorou 50
anos de sua existência. Segundo Panke & Macedo (2013) o modelo de propaganda
eleitoral possui relevância estrutural no sistema político brasileiro devido ao seu
impacto midiático e por ser um modelo diferenciado dos demais países democráticos.
É interessante destacar que embora seja autorizado ações de marketing e campanha
eleitoral antes do início do HGPE nos anos eleitorais, o que ocorre é que o início da
campanha é marcado pelo início dos programas do horário eleitoral, já que o HGPE é
uma vitrine dos candidatos e um marco temporal da disputa (CERVI, 2010).
A eleição de 2012 na capital paranaense pode ser considerada um caso
atípico, merecedor de um estudo detalhado. Foi o único caso, em capitais no Brasil
naquele ano, em que o prefeito incumbente buscando a reeleição, não passou sequer
ao segundo turno. Também foi cenário de reviravoltas e surpresas, no tocante às
pesquisas de intenção de voto. Primeiramente, vamos contextualizar o cenário e os
quatro principais candidatos, Luciano Ducci (PSB), Gustavo Fruet (PDT), Ratinho
Junior (PSC) e Rafael Greca (PMDB).
Neste pleito, Luciano Ducci (PSB) era o atual prefeito disputando a reeleição,
contudo, não havia sido eleito prefeito antes. Ducci era vice-prefeito de Beto Richa (em
2004 e em 2008) e herdou a prefeitura quando Richa elegeu-se governador do Paraná
em 2010, renunciando ao mandato de prefeito. A principal aliança partidária em sua
coligação foi com o PSDB, partido do aliado governador. Esperava-se, então, que o
apoio do governador Beto Richa pudesse transferir votos para o candidato.
Ducci compõe um grupo – classificado como centro-direita – que, com apenas
uma distenção, estava no poder municipal desde 1989 (VEIGA et al., 2011). O ciclo
inicia com Jaime Lerner (1989-1992), que faz de Rafael Greca (PMDB) seu sucessor
para a gestão 1993-1996. Aqui ocorre a única mudança do período: Greca rompe com
Lerner durante sua administração. Nas eleições de 1996, Lerner (agora no PFL) apoia
e elege Cassio Taniguchi. Este é reeleito em 2000, – o primeiro pleito municipal que
permitiu a reeleição – tendo o jovem Beto Richa como vice. Em 2004, Beto Richa
(PSDB) se elege prefeito pela primeira vez, sendo reconduzido em 2008, com
4
expressiva votação (77% dos votos válidos), o mais votado da história de Curitiba,
com Ducci como vice.
O segundo candidato, Gustavo Fruet (PDT), filho do ex-prefeito de Curitiba,
Maurício Fruet, tinha sido filiado, até pouco mais de um ano antes (2011), ao PSDB –
partido do governador Beto Richa. Pelo PSDB, Fruet fora deputado federal e havia
disputado o Senado federal em 2010, sem êxito. Sem espaço para candidatar-se à
prefeitura no PSDB, Fruet se mudou para o PDT. Sua principal aliança nas eleições de
2012 foi com o Partido dos Trabalhadores (PT), antigo adversário7, e teve como vice
Mirian Gonçalves, filiada ao neo-aliado. Esta composição foi o principal motivo de
críticas e ataques à sua campanha.
Ratinho Junior (PSC), filho do apresentador de televisão Ratinho, foi deputado
estadual (eleito em 2002) e deputado federal por duas vezes (2006 e 2010). Nesta
última eleição, obteve a maior votação da história do Paraná para o cargo de deputado
federal. Sua coligação, "Curitiba Criativa", formada por PSC, PCdoB, PR e PTdoB
reuniu partidos tanto de esquerda (PCdoB) quanto de orientação cristã, usualmente
categorizados como de direita (PSC e PR). Ele era o candidato mais jovem (31 anos)
na disputa e recebeu críticas dos adversários por sua suposta inexperiência em
relação ao poder Executivo. Tendo como slogan “novas ideias”, apostou em uma
campanha baseada em ideias de modernidade (no tocante à apresentação gráfica) e
renovação. Inicialmente tomado como um candidato alternativo, sem chances reais,
Ratinho surpreendeu quando apareceu muito bem colocado nas pesquisas de
intenção de voto, antes mesmo do início da campanha oficial – o que lhe cacifou como
candidato real ao cargo.
O ex-prefeito Rafael Greca, do PMDB, desde o início corria por fora. Embora
sem chances eleitorais, também não se poderia considerar desprezível. Exerceu
importante papel na campanha, em especial em episódio do HGPE de denúnica sobre
a situação do asfalto na cidade, que repercutiria e se tornaria célebre nas redes
sociais como “asfalto de glacê”.
Como dissemos, nesta eleição ocorreu grande flutuação dos votos. A seguir,
reproduzimos uma figura que mostra a evolução e mudança das pesquisas de
intenção de voto no município, a título ilustrativo deste movimento.
Figura 1 – Evolução das pesquisas de intenção de voto em Curitiba, 2012
7 Como deputado federal, Fruet ganhou destaque em 2005 quando foi sub-relator da CPI dos
Correios, que revelou o escândalo do chamado “mensalão”, com fortes críticas ao PT.
5
Fonte: UOL (com dados do IBOPE), 2012
Como visivelmente se vê, os três principais candidatos se alternam ao longo da
campanha. Importante notar que, a despeito do resultado indicado pelas pesquisas de
boca de urna, no dia das eleições, Fruet, apontado como terceiro colocado na figura
acima, obteve 27,22% dos votos, indo ao segundo turno com Ratinho Júnior (34,09%).
Luciano Ducci obteve 26,77%, ficando em terceiro8.
Exposto o cenário no qual os atores contracenam, passamos à questão: quais
estratégias eleitorais adotam em seus programas televisivos? Ao abordar
determinados temas, se diferenciam? Ao abordar tais temas, o fazem influenciados
pelos temas presentes na imprensa?
3. ESTRATÉGIAS DE CAMPANHA TELEVISIVA NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE
CURITIBA 2012
3.1 A pesquisa e o banco de dados
A pesquisa apresentada neste artigo utilizada dados e se insere no âmbito do
trabalho desenvolvido pelo grupo de pesquisa Comunicação Política e Opinião Pública
(CPOP), da Universidade Federal do Paraná, sobre a campanha eleitoral televisiva,
em uma série desenvolvida pelo grupo de pesquisa desde o ano 2000.
8 A diferença de apenas 0,45% entre Fruet e Ducci totaliza 4402 votos, em uma eleição que
teve comparecimento total (incluindo os votos brancos e nulos, que não entram na conta da porcentagem de cada candidato) de 1.066.280 eleitores, que, por sua vez, representam 90,91% dos habilitados a votar.
6
O principal banco de dados utilizados neste artigo refere-se à propaganda
eleitoral televisiva dos candidatos. Utiliza-se a metodologia de análise de conteúdo
(DAVIS, 1976; BARDIN, 2009) sob uma perspectiva quantitativa. Foram coletadas 32
variáveis, que se referem às estratégias discursivas, associação com outras
administrações, ataque ou defesa quanto a temas ou adversários, os temas tratados,
além do formato em que o vídeo se apresenta e elementos de retórica e linguagem –
evidentemente, não poderemos abordar todos aspectos neste artigo. Foram coletados
todos os programas televisivos do HGPE dos quatro principais candidatos na eleição à
prefeitura de Curitiba, totalizando 1073 entradas em um banco de dados - somatória
das inserções dos quatro candidatos. O estudo pretende apresentar um panorama
geral da evolução da campanha. Optamos, aqui, por proceder com uma análise
semana a semana, colocando à luz a mudança de estratégias que cada candidato
adota no decorrer da campanha.
Adicionalmente, para a seção 4, utilizamos dados de dois outros bancos de
dados, também coletados no referido grupo de pesquisa. O primeiro, sobre temas
tratados nas capas do jornal Gazeta do Povo no período eleitoral e o segundo, com
temas tratados nas páginas internas deste jornal na seção política. Estes dois bancos
são bem mais amplos do que o mencionado, inclusive contendo outros jornais – e já
foram objeto de outros estudos publicados (DRUMMOND, PELLIZZARO, ALVES,
2013). Nós, contudo, devido ao nosso recorte, nos focamos nos temas tratados, na
primeira página e nas internas, do jornal Gazeta do Povo, o jornal impresso de maior
circulação no estado do Paraná, cuja tiragem, segundo o próprio, atualmente é de 50
mil exemplares nos dias de semana9 e 100 mil exemplares nos finais de semana.
3.2 Análise dos dados
Quais foram os principais elementos adotados pelos diferentes candidatos em
suas estratégias na campanha televisiva? A seguir, vamos apresentar alguns dos
elementos que mostraram maior destaque em nossa análise.
Utilizamos aqui – e ao longo de todo o artigo – o teste estatístico de resíduos
padronizados. Este teste nos ajuda a identificar níveis distintos de um dado elemento,
em relação aos demais, mesmo quando em quantidades diferentes, sendo o teste
indicado para dados categóricos (CERVI, 2014), como os “temas”, tratados aqui. O
resíduo padronizado é estatisticamente significante a partir de 1,96, seja positivo ou
negativo. Um resíduo padronizado de zero significa uma distribuição normalizada
daquele elemento, conforme o esperado teoricamente. Um resíduo positivo mostra
9 O jornal circula todos os dias da semana, com tamanho variando entre 60 e 120 páginas.
7
maior presença daquele elemento do que o esperado e um resíduo negativo mostra
ausência em relação à distribuição teórica. A seguir, para começar, apresentamos
alguns dos recursos discursivos utilizados. Os níveis estatisticamente significantes
estão destacados, como é usual.
Em relação aos temas abordados nos programas televisivos por cada
candidato ao longo de toda a campanha foi possível identificar distinções importantes
entre cada um. No agregado (total), os temas mais tratados por Fruet são imagem do
candidato (3,5), engajamento do eleitor (3,4) e saúde (2,4), enquanto apresenta
ausência do tema infra-estrutura e do tema desenvolvimento e planejamento urbano.
Greca se foca em transporte (3,8) e saúde (2,7), apresentando ausência do tema
segurança pública. Ratinho Junior se distingue por tratar do tema tributário (2,2),
orçamento (3,2), outras políticas públicas (2,6) e pesquisa eleitoral (2,5), além da
ausência estatística dos temas saúde e educação. Ducci fala sobre desenvolvimento e
planejamento urbano (4,7), imagem da cidade (2,8), mulher (2,2) e agricultura (2,0), e
apresenta uma alta ausência de imagem do candidato (-4,6) e de engajamento do
eleitor (-2,5) – justamente os temas mais tratados por Fruet. Vale lembrar que estes
números não significam os valores absolutos tratados por cada candidato, mas uma
mensuração estatística de onde cada um se difere de outro.
Aqui, é muito importante ressaltar uma restrição do método adotado para tratar
nosso banco de dados. Estamos tratando dos temas por número de inserções no
programa televisivo, não por seu tempo de duração. Ocorre que um candidato pode ter
muitos pequenos segmentos sobre um tema, de menor importância, e um longo
segmento sobre outro tema, de maior importância. Este movimento não é captado pela
tabela anterior. Ou seja, estamos a falar da reincidência dos temas ao longo da
campanha e não, necessariamente, de sua importância, isto é, espaço ocupado10.
Mas ao tratar dos dados agregados, perdemos a percepção de como a
campanha evolui ao longo do tempo. Em uma eleição com tantas reviravoltas, é
natural que os candidatos mudem suas estratégias ao longo da campanha. Estas
variações e mudanças são perdidas quando analisamos os dados em agregado. Um
de nossos objetivos, seguindo o modelo já adotado por Cervi & Massuchin (2011), é
demonstrar a diferença nos resultados produzidos quando analisamos a campanha em
10
Para testar se ocorre alguma variação muito significativa nos dados apresentados anteriormente em relação ao tempo destinado a cada tema, testamos também o cruzamento entre os temas de cada candidato, dividindo-os na variável binária segmento grande ou pequeno. Não apresentamos a tabela por uma questão de espaço, mas todos achados gerais anteriores se replicam nas mesmas direções. As duas únicas diferenças encontradas na divisão segmento grande-pequeno foi que, no segmento grande, o candidato Ducci apresenta significativo resíduo padrão no tema educação (2,5) e o candidato Greca no tema bem-estar e bolsas (2,9).
8
seus dados agregados (totais) ou semana-a-semana. São estes dados, com os temas
divididos por semana, que apresentamos a seguir.
Tabela 1 – Temas abordados pelo candidato Gustavo Fruet, por semana e total
Semana
1 2 3 4 5 6 7 8 Total
Segurança Pública
Contagem 0 0 2 6 7 15
Resíduo padrão
-0,5
-0,6
-0,9 0,1 -0,7 -0,1
Saúde
Contagem 8 10 2 0 6 6 15 4 51
Resíduo padrão
4,5 -0,6 1,8 -0,9 3,3 2,0 2,6 -1,1 2,4
Educação
Contagem 8 0 0 7 2 9 6 32
Resíduo padrão
-0,4 -1,2 -0,6 3,1 1,3 0,7 1,2 1,1
Tributária
Contagem 0 0
Resíduo padrão
-0,9
-1,0
Infra-estrutura e saneamento básico
Contagem 0 0 0 0 0 0
Resíduo padrão
-1,2
-1,3 -1,0 -1,6 -1,0 -2,8
Economia
Contagem 0 0 0 0 0
Resíduo padrão
-0,5
-0,7
-0,7
-,7 -1,5
Desenvolvimento urbano, planejamento urbano
Contagem 0 0 1 0 0 0 1 7 9
Resíduo padrão
-0,8 -0,7 -1,1 -1,7 -0,8 -1,2 -1,7 ,7 -2,7
Esporte, cultura e lazer
Contagem 0 0 0 2 0 5 7
Resíduo padrão
-0,5
-1,2 -0,4
-0,3 -1,6 0,6 -1,0
Transporte
Contagem 0 6 0 0 1 2 9 18
Resíduo padrão
-,6 1,7 -,8
-1,5 -,7 1,1 1,6 ,8
Meio Ambiente
Contagem 0 0 0
Resíduo padrão
-1,0
-1,0 -1,4
Emprego
Contagem 0 0 0 0
Resíduo padrão
-,4
-,7
-1,0 -1,3
Orçamento
Contagem 0 0 0
Resíduo padrão
-,8
-1,4
-1,4
Criança
Contagem 1 2 2 5
Resíduo padrão
0,3
0,5
1,1
0,9
Mulher
Contagem 7 0 7
Resíduo padrão
3,9 -2,1
-0,6
Funcionalismo
Contagem 0 1 1
Resíduo padrão
-0,5
0,6 0,4
Agricultura
Contagem 0 0
Resíduo padrão
-0,7
-0,8
bem-estar social, bolsas, etc
Contagem 0 1 2 3
Resíduo padrão
-1,0
1,4
0,9 0,0
Cardápio / variedade de políticas públicas
Contagem 0 0 6 3 1 5 12 14 41
Resíduo padrão
-0,6 -1,7 1,9 0,2 -1,4 -0,4 -1,0 -0,1 -0,8
Outra Política Pública Contagem 0 0 1 1 1 1 4 3 11
9
Resíduo padrão
-0,6 -0,5 -0,8 -0,7 -1,2 0,2 -1,3 -0,6 -2,3
Imagem da cidade e região metropolitana
Contagem 0 0 2 2 1 0 0 5
Resíduo padrão
-0,5 -0,9 1,8 0,8
-0,8 -1,2 -1,0 -1,4
Imagem do candidato
Contagem 0 16 1 3 5 8 24 28 85
Resíduo padrão
-1,7 3,8 0,9 0,9 1,5 0,7 0,8 0,4 3,5
Imagem do adversário
Contagem 1 0 2 0 3
Resíduo padrão
0,6 -1,0 0,1 -1,3 -0,7
Imagem do eleitor
Contagem 0 1 2 6 3 12
Resíduo padrão
-0,9
1,2
0,3 0,8 0,6 1,4
Meta Campanha Pesquisa Eleitoral
Contagem 0 0 0 0 0 2 1 1 4
Resíduo padrão
-0,5 -0,5 -0,5 -0,4 -0,9 0,1 0,7 -1,0 -1,1
Meta Campanha Cenas externas de campanha
Contagem 3 3 3 1 4 0 2 2 18
Resíduo padrão
0,1 0,1 0,4 -1,2 0,9 -1,3 0,1 -0,7 -1,8
Meta Campanha Apelos ao engajamento do eleitor
Contagem 0 1 2 6 4 12 25
Resíduo padrão
-1,0
2,1 1,2 2,0 1,5 1,2 3,4
Meta Campanha Pedagogia do voto
Contagem 0 0 0 2 3 1 6
Resíduo padrão
-0,5 -0,7
-0,4 1,9 0,8
-0,1 0,4
Meta Campanha Agenda
Contagem 0 1 1
Resíduo padrão
-0,5
0,7
0,4
Meta Campanha Debate
Contagem 0 0 1 1
Resíduo padrão
-0,5
-0,7 -0,5 -0,5
Meta Campanha Irregularidade na campanha
Contagem 0 1 1
Resíduo padrão
-0,5
0,6 0,4
Total Contagem 11 44 16 19 31 42 91 107 361
Fonte: os autores a partir do banco de dados do CPOP
A Tabela 1 demonstra que o candidato Gustavo Fruet falou muito sobre saúde:
das 8 semanas, em 4 o resíduo padrão foi significativo. Na primeira semana (4,5), na
quinta semana (3,3), na sexta (2,0) e na sétima semana (2,6), totalizando 2,4. Outro
tema significativo foi na quinta semana a abordagem sobre Educação (3,1). Em
relação à infraestrutura e saneamento a abordagem total das semanas foi de -2,8. O
tema mulher aparece significativamente na quarta semana (3,9). O tema cardápio e
variedade de políticas públicas aparece significativamente na terceira semana (1,9).
A tabela 2 mostra os temas abordados por Ratinho Junior. Os temas mais
abordados por este candidato foram segurança pública na terceira semana (2,6), o
tema tributário na quinta semana (3,3) e também na quinta semana o tema
infraestrutura e saneamento básico é destaque (2,8). O tema orçamento também
aparece na mesma quinta semana (2,7). A abordagem do tema cardápio / variedade
de políticas públicas é significativa na quinta semana (3,0). Na terceira semana a
ênfase foi para outra política pública (4,8). A primeira semana iniciou tratando da
10
imagem do candidato (3,6) e a segunda semana tratou da imagem do eleitor (3,1). As
semanas 3, 4 e 6 deram destaque para a meta campanha falando sobre a pesquisa
eleitoral e intenção de votos. Apelos ao engajamento do eleitor é o tema mais tratado
na segunda semana (2,5) e pedagogia do voto na sexta semana (2,6). Na quinta
semana também enfatizou-se a agenda de campanha.
Tabela 9 – Temas abordados pelo candidato Ratinho Junior, por semana e total
Semana
1 2 3 4 5 6 7 8 Total
Segurança Pública
Contagem 1 2 0 6 10 19
Resíduo padrão
1,7
2,6
-1,5 -0,1 0,8 1,5
Saúde
Contagem 0 6 0 1 0 1 1 9 18
Resíduo padrão
-1,4 -1,1 -0,8 0,1 -1,0 -0,5 -2,5 1,2 -2,5
Educação
Contagem 5 0 0 0 1 6 1 13
Resíduo padrão
-,8 -1,2 -0,6 -1,2 0,7 -0,6 -1,2 -2,1
Tributária
Contagem 3 3
Resíduo padrão
3,3
2,2
Infraestrutura e saneamento básico
Contagem 0 4 0 5 2 11
Resíduo padrão
-1,1
2,8 -0,8 1,5 1,1 1,6
Economia
Contagem 0 0 1 1 2
Resíduo padrão
-0,5
-0,7
1,1
0,8 0,0
Desenvolvimento urbano, planejamento urbano
Contagem 0 0 0 0 0 1 9 3 13
Resíduo padrão
-0,8 -0,6 -1,6 -1,8 -0,6 0,2 1,7 -0,8 -1,4
Esporte, cultura e lazer
Contagem 0 1 0 0 5 2 8
Resíduo padrão
-0,5
-0,3 -0,4
-1,2 1,5 -0,7 -0,3
Transporte
Contagem 0 4 1 0 1 0 1 7
Resíduo padrão
-0,6 1,1 0,6
-1,2 -0,2 -1,0 -1,7 -1,7
Meio Ambiente
Contagem 0 2 2
Resíduo padrão
-0,9
1,1 ,2
Emprego
Contagem 0 0 2 2
Resíduo padrão
-0,4
-0,6
1,1 0,4
Orçamento
Contagem 2 4 6
Resíduo padrão
2,7
1,3
3,2
Criança
Contagem 0 0 0 0
Resíduo padrão
-0,8
-1,0
-1,0
-1,7
Mulher
Contagem 4 0 4
Resíduo padrão
1,4 -1,7
-1,3
Funcionalismo
Contagem 0 0 0
Resíduo padrão
-0,5
-0,7 -0,8
Agricultura
Contagem 0 0
Resíduo padrão
-0,6
-0,8
bem-estar social, bolsas, etc
Contagem 0 0 0 0
Resíduo padrão
-1,0
-0,4
-1,0 -1,6
11
Cardápio / variedade de políticas públicas
Contagem 0 4 0 4 7 2 21 13 51
Resíduo padrão
-0,6 1,3 -1,6 0,7 3,0 -0,9 0,9 0,1 1,6
Outra Política Pública
Contagem 0 1 9 2 1 0 12 5 30
Resíduo padrão
-0,6 1,8 4,8 -0,1 -0,7 -0,7 1,3 0,7 2,6
Imagem da cidade e região metropolitana
Contagem 0 0 0 1 0 3 2 6
Resíduo padrão
-0,5 -0,8 -0,8 -0,2
-1,2 1,2 1,1 -0,7
Imagem do candidato
Contagem 9 4 0 1 0 3 18 20 55
Resíduo padrão
3,6 -0,4 -0,6 -0,7 -1,3 -0,4 -0,8 -0,5 0,5
Imagem do adversário
Contagem 0 2 2 3 7
Resíduo padrão
-0,6 1,6 -0,1 1,4 1,6
Imagem do eleitor
Contagem 3 1 0 3 1 8
Resíduo padrão
3,1
1,1
-1,0 -0,8 -0,6 0,3
Meta Campanha Pesquisa Eleitoral
Contagem 0 1 1 1 1 4 0 4 12
Resíduo padrão
-0,5 1,8 1,9 1,9 0,6 2,6 -0,7 1,1 2,5
Meta Campanha Cenas externas de campanha
Contagem 1 3 1 5 1 3 2 4 20
Resíduo padrão
-1,1 0,6 -0,8 0,9 -0,5 2,0 -0,1 0,7 -0,8
Meta Campanha Apelos ao engajamento do eleitor
Contagem 3 0 0 3 0 4 10
Resíduo padrão
2,5
-0,4 -0,7 1,0 -1,4 -1,2 -0,4
Meta Campanha Pedagogia do voto
Contagem 0 0 1 0 4 1 6
Resíduo padrão
-0,5 -0,6
1,9 -0,6 2,6
0,1 0,7
Meta Campanha Agenda
Contagem 1 0 1
Resíduo padrão
1,9
-0,7
0,5
Meta Campanha Debate
Contagem 0 1 2 3
Resíduo padrão
-0,4
0,7 0,5 1,3
Meta Campanha Irregularidade na campanha
Contagem 0 0 0
Resíduo padrão
-0,4
-0,7 -0,8
Total Contagem 11 34 15 21 20 26 98 92 317
Fonte: os autores a partir do banco de dados do CPOP
Do candidato Rafael Greca, cujos dados detalhados podem ser vistos na tabela
3, se destaca o tratamento de temas não tratados por outros, como esporte, cultura e
lazer, e a forte presença de transporte, sendo este o tema mais mencionado na
campanha ao longo das oito semanas (3,8). A imagem do candidato também é
destaque e o o uso de recursos de meta campanha, como cenas externas de
campanha e debate.
Tabela 3 – Temas abordados pelo candidato Rafael Greca, por semana e total
Semana
1 2 3 4 5 6 Total
Segurança Pública Contagem 0 0 0 0
Resíduo padrão -0,3 -0,6 -1,2 -2,1
Saúde Contagem 0 18 1 0 0 0 19
Resíduo padrão -1,0 3,6 0,8 -0,9 -1,0 -1,0 2,7
12
Educação Contagem 6 0 1 1 0 8
Resíduo padrão 0,0 -1,0 1,1 -0,3 -0,6 0,2
Tributária Contagem 0 0
Resíduo padrão -0,7 -0,5
Infra-estrutura e saneamento básico
Contagem 1 2 0 3
Resíduo padrão 0,0 0,9 -0,6 0,6
Economia Contagem 1 0 0 1
Resíduo padrão 2,6 -,7 -,5 ,4
Desenvolvimento urbano, planejamento urbano
Contagem 0 1 0 2 0 2 5
Resíduo padrão -,6 1,1 -1,5 -0,6 -0,6 2,1 -0,4
Esporte, cultura e lazer Contagem 1 4 0 0 5
Resíduo padrão 2,6 2,8 -0,4 -1,0 1,3
Transporte Contagem 0 0 2 8 2 12
Resíduo padrão -0,5 -1,4 2,3 5,6 1,5 3,8
Meio Ambiente Contagem 0 0
Resíduo padrão -0,8 -0,8
Emprego Contagem 0 0 0
Resíduo padrão -0,4 -0,5 -0,7
Orçamento Contagem 0 0
Resíduo padrão -0,6 -0,8
Criança Contagem 0 0 0
Resíduo padrão -0,7 -0,9 -1,0
Mulher Contagem 0 2 2
Resíduo padrão -1,4 -0,4 -0,3
Funcionalismo Contagem 0 0
Resíduo padrão -0,3 -0,4
Agricultura Contagem 0 0
Resíduo padrão -0,6 -0,4
bem-estar social, bolsas, etc Contagem 1 0 1
Resíduo padrão ,0 -0,3 0,2
Cardápio / variedade de políticas públicas
Contagem 1 0 2 3 1 3 10
Resíduo padrão 1,6 -1,4 -0,1 0,2 -0,8 0,5 -0,9
Outra Política Pública Contagem 0 0 0 0 0 1 1
Resíduo padrão -0,5 -0,4 -1,3 -1,4 -1,4 1,2 -2,1
Imagem da cidade e região metropolitana
Contagem 0 0 1 0 0 1
Resíduo padrão -0,3 -0,7 0,8 -1,1 -0,9 -1,0
Imagem do candidato Contagem 2 1 0 6 2 7 18
Resíduo padrão 0,3 -1,6 -0,6 3,0 0,3 3,0 ,4
Imagem do adversário Contagem 1 1 2
Resíduo padrão 1,1 ,9 ,7
Imagem do eleitor Contagem 0 0 0 0
Resíduo padrão -0,7 -0,6 -0,8 -1,5
Meta Campanha Pesquisa Eleitoral
Contagem 0 0 0 0 0 0 0
Resíduo padrão -0,3 -0,4 -0,4 -0,4 -0,7 -0,9 -1,4
Meta Campanha Cenas externas de campanha
Contagem 1 1 2 7 1 0 12
Resíduo padrão -0,5 -0,6 0,1 2,1 -0,5 -0,8 1,5
Meta Campanha Apelos ao engajamento do eleitor
Contagem 1 0 0 0 1
Resíduo padrão 0,4 -0,4 -0,7 -1,0 -1,4
Meta Campanha Pedagogia do voto
Contagem 0 0 0 0 0 0
Resíduo padrão -0,3 -0,6 -0,4 -0,6 -0,9 -1,2
Meta Campanha Agenda Contagem 0 0
Resíduo padrão -0,4 -0,4
Meta Campanha Debate Contagem 1 1
Resíduo padrão 2,0 0,8
Meta Campanha Irregularidade na campanha
Contagem 0 0
Resíduo padrão -0,3 -0,4 Total Contagem 6 29 12 20 19 16 102
Fonte: os autores a partir do banco de dados do CPOP
13
A tabela 4 mostra os temas abordados pelo candidato e então prefeito Luciano
Ducci. Os temas mais citados na campanha de Ducci foram meio ambiente (2,0) na
segunda semana; educação (2,1) na terceira semana; desenvolvimento urbano,
planejamento urbano na terceira (2,6) e na quarta (2,4) semanas totalizando um
resíduo padrão de 4,7; segurança pública (2,2) na sexta semana; mulher na quinta
semana (3,3) totalizando resíduo padrão de 2,2 do tema ao longo de todas as
semanas do HGPE; e outra política pública, tema enfatizado na quinta semana (2,6). A
ênfase na imagem do candidato foi pouco abordada (-4,6). A imagem da cidade foi
aboradada significativamente (2,8). Do total das semanas, Ducci apresentou cenas
externas de campanha (1,9), mas deixou de tratar de apelos ao engajamento do eleitor
(-2,6).
Tabela 4 – Temas abordados pelo candidato Luciano Ducci, por semana e total
Semana
1 2 3 4 5 6 Total
Segurança Pública
Contagem 0 0 12 12
Resíduo padrão
-,7
-1,0
2,2 -,2
Saúde
Contagem 1 13 0 4 0 3 21
Resíduo padrão
-1,6 -1,2 -1,2 1,0 -1,5 -0,7 -1,6
Educação
Contagem 17 7 1 0 0 25
Resíduo padrão
0,9 2,1 0,0 -1,7 -1,2 0,8
Tributária
Contagem 0 0
Resíduo padrão
-1,0
-0,9
Infra-estrutura e saneamento básico
Contagem 5 0 4 9
Resíduo padrão
1,8
-1,5 1,6 1,1
Economia
Contagem 0 3 1 4
Resíduo padrão
-0,7
1,3
0,1 1,5
Desenvolvimento urbano, planejamento urbano
Contagem 3 1 13 16 2 2 37
Resíduo padrão
1,3 0,3 2,6 2,4 1,5 -0,2 4,7
Esporte, cultura e lazer
Contagem 0 2 1 7 10
Resíduo padrão
-0,7
-0,7 0,7
1,4 ,6
Transporte
Contagem 2 2 0 0 3 7
Resíduo padrão
1,1 -1,2 -1,2
-1,7 -,1 -1,4
Meio Ambiente
Contagem 4 4
Resíduo padrão
2,0
1,8
Emprego
Contagem 1 2 3
Resíduo padrão
0,7
1,1 1,4
Orçamento
Contagem 0 0
Resíduo padrão
-0,8
-1,3
Criança
Contagem 2 3 5
Resíduo padrão
0,8
0,9
1,4
Mulher Contagem 0 13 13
14
Resíduo padrão
-2,3 3,3
2,2
Funcionalismo
Contagem 1 1
Resíduo padrão
0,8
,6
Agricultura
Contagem 2 2
Resíduo padrão
1,4
2,0
bem-estar social, bolsas, etc
Contagem 5 0 5
Resíduo padrão
1,2
-0,7 1,6
Cardápio / variedade de políticas públicas
Contagem 1 7 6 6 4 12 36
Resíduo padrão
0,1 1,4 -0,2 -0,6 -0,3 0,6 -0,3
Outra Política Pública
Contagem 2 0 1 9 9 1 22
Resíduo padrão
1,1 -,6 -1,8 1,3 2,6 -0,3 1,1
Imagem da cidade e região metropolitana
Contagem 1 3 0 4 7 15
Resíduo padrão
0,8 1,7 -1,2 0,3
1,8 2,8
Imagem do candidato
Contagem 3 4 1 1 2 5 16
Resíduo padrão
-1,4 -1,8 0,1 -1,9 -0,7 -1,7 -4,6
Imagem do adversário
Contagem 0 1 1
Resíduo padrão
-0,8 -0,6 -1,4
Imagem do eleitor
Contagem 0 0 4 4
Resíduo padrão
-1,1
-1,0
0,8 -1,0
Meta Campanha Pesquisa Eleitoral
Contagem 1 0 0 0 2 1 4
Resíduo padrão
0,8 -0,6 -0,7 -0,7 0,9 -1,2 -0,6
Meta Campanha Cenas externas de campanha
Contagem 9 4 6 6 3 3 31
Resíduo padrão
0,9 -0,1 0,2 -1,1 -0,1 0,2 1,9
Meta Campanha Apelos ao engajamento do eleitor
Contagem 0 0 1 1 2
Resíduo padrão
-1,2
-,7 -,1 -1,7 -2,6
Meta Campanha Pedagogia do voto
Contagem 1 2 0 0 0 3
Resíduo padrão
0,8 1,4
-0,7 -0,8 -1,8 -0,5
Meta Campanha Agenda
Contagem 0 0
Resíduo padrão
-0,6
-0,7
Meta Campanha Debate
Contagem 0 0
Resíduo padrão
-0,6
-1,2
Meta Campanha Irregularidade na campanha
Contagem 1 1
Resíduo padrão
0,8 0,6
Total Contagem 25 66 36 57 39 70 293
Fonte: os autores a partir do banco de dados do CPOP
Como podemos perceber, os candidatos se focam em temas distintos uns dos
outros e apresentam uma evolução distinta ao tratar sobre eles.
Fruet, que cresceu surpreendentemente nos últimos dias do primeiro turno
(semana 6) e acabaria a eleição vencedor, se destaca por ser o candidato a mais
trabalhar imagem do candidato e engajamento do eleitor – sendo saúde o tema de
15
política pública mais tratado, ao longo das semanas. Ou seja, o resultado dos dados
agregados se repete na análise semanal.
Ratinho Júnior aposta também em aspectos de construção de imagem, ao
reiteradamente ao longo das semanas tratar de engajamento do eleitor, imagem do
eleitor, agenda e cenas externas de campanha, além da própria imagem do candidato
– em relação a políticas públicas, o tratamento é disperso, sendo segurança pública a
de maior destaque nos dados semanais.
Ducci se destaca por ser, na análise semana-a-semana, o candidato a menos
apresentar índices estatisticamente diferentes seja de presença ou ausência de um
tema específico, em relação aos outros candidatos. Significa que ele tratou de todos
temas de forma mais ou menos equânime aos adversários, sem levantar uma
bandeira em especial – ou o que menos fez isto (terá isto contribuído para sua
fragorosa derrocada?). Ducci também apostou em temas que não foram
substancialmente trabalhados por nenhum outro adversário, como desenvolvimento e
planejamento urbano ou imagem da cidade, além de uma breve incursão, na segunda
semana, em meio-ambiente. A ausência fortemente significativa (-4,6) de “imagem do
candidato” que Ducci apresenta nos resultados agregados não é percebida na análise
semanal.
Por outro lado, a análise semanal dos temas tratados pelos candidatos nos
permite identificar movimentos da dinâmica de campanha. Por exemplo, nos dados
agregados Ducci é um dos que mais abordam “mulher”, mas na análise semanal
percebemos que o tema “mulher” foi um dos assuntos mais tratados por Fruet na
quarta semana; somente na semana seguinte (a quinta) é que o assunto aparece de
forma veemente na campanha de Ducci. Estaria uma campanha se pautando em
outra? Obviamente não podemos fazer tal afirmação causal, mas os indícios estão
dados.
Podemos dizer que os candidatos que passaram ao segundo turno foram os
que mais trabalharam a própria imagem, direta (imagem do candidato) ou
indiretamente (agenda, pesquisas eleitorais, engajamento, pedagogia do voto).
Durante o segundo turno, embora poucos valores sejam estatisticamente
significantes (somente Fruet com o tema Saúde), percebe-se que eles variam em
direções opostas. Ou seja, os dois candidatos não tratam igualmente os temas (o que
levaria a um resultado zero), mas, por exemplo, na última semana, Ratinho Junior trata
mais de infraestutura e pesquisas eleitorais, enquanto Fruet fala de transporte e
engajamento do eleitor. Novamente, as diferenças não são estatisticamente
16
relevantes, mas indicam que os dois candidatos são distintos e abordam temas
distintos, assim como já havia ocorrido com os quatro candidatos do primeiro turno.
O método de análise semana-a-semana apresenta aspectos positivos e
negativos. Podemos ver nas tabelas anteriores movimentos de mudança, a dinâmica
eleitoral, que não percebemos nos dados agregados. Mas, ao mesmo tempo, alguns
resultados que aparecerem nos dados agregados não são mostrados na análise
semanal. Uma vez que estamos olhando para esta dinâmica, isto nos leva à questão
seguinte. Nos perguntamos: será que tais temas encontram alguma relação, para
algum dos candidatos, com os temas tratados pelo maior jornal da cidade? Será que
os candidatos utilizam os jornais para orientar os temas que irão abordar em seus
programas televisivos ou são duas lógicas distintas? Esta a é a resposta que
procuramos na próxima seção.
4. RELAÇÕES ENTRE POLÍTICA E MÍDIA: OS TEMAS PRESENTES NOS
PROGRAMAS TELEVISIVOS E NA IMPRENSA
A questão aqui é saber se as variações nos temas abordados pelos
candidatos, apontadas na seção anterior, variam junto com outros fatores externos.
Iremos colocar em evidência os temas abordados na imprensa, pelo principal jornal
impresso da cidade e do estado, a Gazeta do Povo.
Como já explicado, utilizamos dois bancos de dados. Um, contendo todas as
notícias veiculados na primeira página do jornal. Filtramos, aqui, por abrangência local
(tabela 5, apresentada a seguir). Já nas tabelas 6 e 7, apresentamos os resultados
dos temas veiculados em notícias nas páginas internas do jornal, na seção de política.
Ignoramos, aqui, uma série de outros importantes elementos que constam no banco,
como ser domingo ou não, a dobra da página (que indica a importância da notícia), se
página impar ou par, etc, para nos focar apenas nos dados agregados dos temas das
notícias, separados por semana. Estes elementos são fundamentais em pesquisas
que se focam apenas nos jornais, contudo, não é o escopo aqui. A seguir,
apresentamos as três tabelas mencionadas e retornamos para fazer as inferências.
Em relação à designação das semanas, a coleta dos jornais inicia-se antes da
coleta da campanha. A semana indicada como 8 na referência dos jornais equivale à
semana 1 da campanha televisiva, a semana 9 à semana 2 e assim por diante.
Para esta análise, é preciso reconhecer os limites dos dados encontrados para
os jornais. Não há muitos temas que estatisticamente sejam mais relevantes que
outros. Vamos considerar apenas os dados significativos.
17
Em relação os temas que aparecem na primeira página do Jornal Gazeta do
Povo no período da campanha eleitoral, pode-se observar que os únicos resultados
relevantes são quanto à economia (2,4), na semana 15 – o que dá justamente no
intervalo entre o primeiro e o segundo turno. Na primeira semana de retorno ao
segundo turno (semana 7 da campanha), nenhum dos candidatos sequer mencionou o
tema; na semana seguinte, a última, trataram de modo equivalente. Nas duas
semanas precedentes ao início da campanha televisiva, também encontramos índices
altos do tema “atendimento a carentes e minorias” (2,3 e 4,5) nas primeiras páginas,
mas nas duas primeiras semanas de campanha, novamente nenhum dos candidatos
sequer menionou temas como bolsas e bem-estar social, mulher ou criança. O tema
campanha e eleitoral e partidos políticos torna-se muito evidente nas capas apenas a
partir da semana 14 (3,6) até a 17 (3,4), ou seja, no final do período eleitoral.
Passando ao segundo banco de dados (tabelas 6 e 7), nos temas gerais das
páginas internas, verificamos “política social” (2,4) e “infraestrutura e meio-ambiente”
(3,4) na semana 8 (semana 1 da campanha eleitoral); “violência e segurança” (4,3) na
semana 12 (semana 5 da campanha); e “política social” (4,1) e “infraestrutura e meio-
ambiente” (2,6) na semana 16 (semana 7 da campanha).
Na última tabela, observamos a classificação de temas específicos em notícias
de política nas páginas internas da Gazeta do Povo. Verificamos a ocorrência de
significâncias estatísticas na semana 8 (semana 1 da campanha) nos temas “saúde”
(2,9), “transporte e infra-estrutura” (4,6) e “corrupção” (2,6). Na semana 12 (semana 5
da campanha) temos “violência e crime” (4,3). E na semana 16 (semana 7 da
campanha), “saúde” (4,9) e “bairro” (2,2).
18
Tabela 12 – Temas tratados na primeira página da Gazeta do Povo, por semana(apenas notícias de abrangência local)
Semana Total
1 2 3 4 5 6 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Campanha eleitoral ou
partidos políticos
Contagem 3 2 5 1 1 5 6 7 2 7 4 2 17 18 8 15 7 110
Resíduo padrão 0,6 -1,6 -1,6 -2,5 -0,7 0,1 -0,9 -0,9 -1,5 1,0 -1,6 -1,8 3,6 2,0 1,6 3,4 1,8
Político Institucional Contagem 0 0 1 4 0 1 0 0 0 1 2 1 1 1 1 3 1 17
Resíduo padrão -0,6 -1,0 -0,4 2,5 -0,5 0,3 -1,1 -1,2 -0,9 0,3 0,6 0,0 -0,1 -0,6 0,4 2,0 0,6
Economia Contagem 1 1 4 1 1 1 3 5 1 1 4 2 0 8 1 0 0 34
Resíduo padrão 0,4 -0,6 0,5 -0,9 0,5 -0,4 0,2 1,1 -0,6 -0,4 0,8 0,0 -1,5 2,4 -0,3 -1,4 -1,0
Saúde Contagem 0 1 1 1 1 1 0 2 1 0 1 0 1 0 1 0 1 12
Resíduo padrão -0,5 0,4 -0,1 0,1 1,7 ,7 -1,0 0,9 0,5 -0,7 0,1 -0,9 0,2 -1,1 0,7 -0,8 1,0
Educação Contagem 0 0 4 2 0 0 0 2 1 0 2 2 1 2 0 0 1 17
Resíduo padrão -0,6 -1,0 2,0 0,7 -0,5 -0,9 -1,1 0,4 0,1 -0,9 0,6 1,0 -0,1 0,2 -0,8 -1,0 0,6
Atendimento a carentes e
minorias
Contagem 0 0 1 0 1 3 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 8
Resíduo padrão -0,4 -0,7 0,3 -0,8 2,3 4,5 -0,8 1,5 -0,6 1,1 -0,8 -0,7 -0,7 -0,9 -0,6 -0,7 -0,5
Infra-estrutura urbana Contagem 3 2 2 0 1 3 5 5 1 0 5 3 3 1 2 1 0 37
Resíduo padrão 2,7 0,0 -0,7 -1,6 0,5 1,1 1,3 0,9 -0,7 -1,3 1,3 0,5 0,3 -1,4 0,4 -0,8 -1,1
Meio-ambiente Contagem 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 4
Resíduo padrão -0,3 -0,5 1,1 -0,5 -0,3 -0,4 1,2 -0,6 -0,5 -0,4 -0,6 1,5 -0,5 -0,6 -0,4 -0,5 2,4
Violência Segurança Contagem 0 2 5 1 0 2 2 2 0 2 2 0 0 0 2 0 0 20
Resíduo padrão -0,6 0,9 2,4 -0,4 -0,6 1,2 0,4 0,1 -1,0 1,2 0,4 -1,1 -1,2 -1,4 1,3 -1,1 -0,8
Ético-moral Contagem 0 6 0 5 0 1 0 0 2 0 4 0 2 1 0 0 0 21
Resíduo padrão -0,6 4,6 -1,4 2,8 -0,6 0,1 -1,3 -1,4 0,9 -1,0 1,9 -1,1 0,5 -0,8 -0,9 -1,1 -0,8
Variedades Cultura Contagem 1 3 13 12 3 1 11 10 10 4 9 5 5 10 3 3 2 105
Resíduo padrão -0,7 -1,1 1,1 1,6 0,9 -1,7 1,0 0,2 2,0 -0,2 0,3 -0,5 -0,8 -0,3 -0,6 -1,3 -0,8
Esportes Contagem 1 8 0 6 0 2 7 3 5 1 2 5 1 1 1 1 0 44
Resíduo padrão ,2 3,7 -2,0 1,5 -0,9 0,1 1,9 -0,5 1,8 -0,7 -0,8 1,4 -1,1 -1,7 -0,6 -1,0 -1,2
Outro Contagem 0 0 5 1 0 0 1 4 1 3 1 7 0 6 0 4 2 35
Resíduo padrão -0,8 -1,4 1,0 -1,0 -0,8 -1,2 -1,0 0,5 -,6 1,2 -1,0 3,4 -1,5 1,3 -1,2 1,4 0,8
Total Contagem 9 25 42 34 8 20 36 42 24 20 36 28 31 48 19 27 15 464
Fonte: os autores a partir do banco de dados do CPOP
19
Tabela 13 - Temas gerais tratados nas páginas internas (seção de política) da Gazeta do Povo, por semana
semana da entrada Total
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Campanha Eleitoral Contagem 42 14 16 16 22 25 58 21 44 31 92 31 44 28 33 31 146 10 704
Resíduo padrão ,5 -,6 -1,7 -,5 -,1 ,0 1,1 -,3 ,2 ,4 1,3 -,5 ,9 -,3 ,0 -,6 -,1 -1,8
Político-institucional Contagem 2 1 2 3 3 1 0 0 4 0 1 2 0 0 5 3 23 1 51
Resíduo padrão -,5 -,2 ,2 1,5 1,1 -,6 -1,9 -1,3 ,5 -1,4 -2,0 -,3 -1,7 -1,5 1,7 ,3 3,8 -,2
Política Social Contagem 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 2 0 0 4
Resíduo padrão -,5 -,3 -,4 -,3 -,4 -,4 -,5 2,4 -,5 -,4 -,7 1,8 -,5 -,4 -,4 4,1 -,9 -,3
Infra-estrutura e meio
ambiente
Contagem 0 0 0 1 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 2 0 3 8
Resíduo padrão -,7 -,4 -,5 1,7 -,5 -,5 -,8 3,4 -,7 -,6 -1,0 -,6 -,7 -,6 -,6 2,6 -1,3 6,3
Violência e segurança Contagem 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1
Resíduo padrão -,2 -,2 -,2 -,2 -,2 -,2 -,3 -,2 -,2 -,2 -,3 4,3 -,2 -,2 -,2 -,2 -,5 -,2
Ético-moral Contagem 1 3 9 0 1 0 0 2 0 2 0 1 0 1 0 0 0 0 20
Resíduo padrão -,1 3,7 10,0 -,7 ,4 -,8 -1,2 1,7 -1,1 1,3 -1,5 ,0 -1,0 ,2 -1,0 -1,0 -2,0 -,7
Cultura / variedades Contagem 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Resíduo padrão -,2 -,2 5,2 -,2 -,2 -,2 -,3 -,2 -,2 -,2 -,3 -,2 -,2 -,2 -,2 -,2 -,5 -,2
Política Estadual /
Nacional
Contagem 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 2 4
Resíduo padrão -,5 -,3 -,4 -,3 -,4 -,4 -,5 -,4 -,5 -,4 -,7 1,8 -,5 -,4 -,4 1,8 -,9 6,1
Outros Contagem 0 1 0 1 0 3 0 0 1 0 0 2 0 5 0 1 0 4 18
Resíduo padrão -1,0 ,9 -,8 ,8 -,8 2,9 -1,1 -,8 -,1 -,9 -1,4 1,2 -1,0 4,9 -,9 ,1 -1,9 5,3
Total Contagem 45 19 28 21 26 29 58 26 49 33 93 39 44 34 38 40 169 20 811
Fonte: os autores a partir do banco de dados do CPOP
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Tabela 14 – Temas específicos tratados nas páginas internas (seção de política) da Gazeta do Povo, por semana
semana da entrada Total
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Corrida Eleitoral / pesquisas Contagem 0 2 0 10 2 16 0 10 6 13 20 12 0 16 2 12 8 2 131
Resíduo padrão -2,7 -0,6 -2,1 3,6 -1,1 5,2 -3,1 2,8 -0,7 3,3 1,3 2,3 -2,7 4,5 -1,7 2,2 -3,7 -0,7
Campanha para prefeito /
organização e fatos da campanha
Contagem 41 6 16 5 20 5 58 9 37 13 62 16 44 10 31 16 132 8 529
Resíduo padrão 2,1 -1,8 -,5 -2,4 0,7 -3,2 3,3 -1,9 0,9 -1,8 0,2 -1,9 2,9 -2,6 1,2 -2,0 2,1 -1,4
Campanha para vereador,
organização e fatos da campanha
Contagem 1 6 0 1 0 4 0 2 1 5 10 3 0 2 0 3 6 0 44
Resíduo padrão -0,9 4,9 -1,2 -0,1 -1,2 1,9 -1,8 ,5 -1,0 2,4 2,2 0,6 -1,5 0,1 -1,4 0,6 -1,0 -1,0
Governo do Estado Contagem 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1
Resíduo padrão -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,3 -0,2 -0,2 -0,2 2,6 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,5 -0,2
Governador Contagem 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Resíduo padrão -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 5,4 -0,2 -0,3 -0,2 -0,2 -0,2 -,03 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,5 -0,2
Governo Municipal Contagem 0 0 1 3 0 1 0 0 2 0 0 2 0 0 3 2 0 1 15
Resíduo padrão -0,9 -0,6 0,7 4,2 -0,7 0,6 -1,0 -0,7 1,1 -0,8 -1,3 1,5 -0,9 -0,8 2,7 1,5 -1,8 1,0
Câmara Federal e Senado Contagem 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 23 0 25
Resíduo padrão -1,2 -0,8 -0,9 -0,8 1,3 -0,9 -1,3 -0,9 -1,2 -1,0 -1,7 -1,1 -1,2 -1,0 -1,1 -1,1 7,8 -0,8
Justiça Eleitoral / TRE / TSE Contagem 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2
Resíduo padrão -0,3 -0,2 -0,3 -0,2 -0,3 -0,3 -0,4 -0,3 5,4 -0,3 -0,5 -0,3 -0,3 -0,3 -0,3 -0,3 -0,6 -0,2
Partido ou instituições políticas Contagem 2 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1 0 0 7
Resíduo padrão 2,6 2,1 1,5 -0,4 -0,5 -0,5 -0,7 -0,5 -0,7 -0,5 -0,9 -0,6 -0,6 -,5 2,9 1,1 -1,2 -0,4
Saúde Contagem 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 3
Resíduo padrão -0,4 -0,3 -0,3 -0,3 -0,3 -0,3 -0,5 2,9 -0,4 -0,3 -0,6 -0,4 -0,4 -0,4 -0,4 4,8 -0,8 -0,3
Minorias, Juventude Contagem 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1
Resíduo padrão -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,3 -0,2 -,02 -0,2 -0,3 4,3 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,5 -0,2
Transporte, infra-estrutura urbana Contagem 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 1 0 2 5
Resíduo padrão -0,5 -,3 -,4 -,4 -,4 -,4 -,6 4,6 -,5 -,5 -,8 -,5 -,5 -,5 -,5 1,5 -1,0 5,3
Bairro Contagem 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 3
Resíduo padrão -0,4 -0,3 -0,3 3,3 -0,3 -0,3 -0,5 -0,3 -0,4 -0,3 -0,6 -0,4 -0,4 -0,4 -0,4 2,2 -0,8 3,4
Violência e crime organizado Contagem 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1
Resíduo padrão -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,3 -0,2 -0,2 -0,2 -0,3 4,3 -0,2 -0,2 -0,2 -0,2 -0,5 -0,2
Família, tradição e costumes Contagem 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 4
Resíduo padrão -0,5 3,0 2,3 -0,3 -0,4 -0,4 -0,5 -0,4 -0,5 -0,4 -0,7 1,8 -0,5 2,0 -0,4 -0,4 -0,9 -,3
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Temas controversos, aborto,
união civil, clonagem, etc
Contagem 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 2
Resíduo padrão -0,3 -0,2 -0,3 -0,2 -0,3 -0,3 -0,4 -0,3 -0,3 6,7 -0,5 -0,3 -0,3 -0,3 -0,3 -0,3 -0,6 -0,2
Corrupção e má gestão do
dinheiro público
Contagem 1 2 6 0 1 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 12
Resíduo padrão 0,4 3,2 8,7 -0,6 1,0 -0,7 -0,9 2,6 -0,9 -0,7 -1,2 -0,8 -0,8 -0,7 -0,7 -0,8 -1,6 -0,5
Outro Contagem 0 1 1 1 0 3 0 0 1 0 0 2 0 5 0 1 0 4 19
Resíduo padrão -1,0 0,8 0,4 0,7 -0,8 2,8 -1,2 -0,8 -0,1 -0,9 -1,5 1,1 -1,0 4,7 -0,9 ,1 -2,0 5,2
Proposta de parceria com
governo federal, integração
formal
Contagem 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 2 4
Resíduo padrão -0,5 -0,3 -0,4 -0,3 -0,4 -0,4 -0,5 -0,4 -0,5 -0,4 -0,7 1,8 -0,5 -0,4 -0,4 1,8 -0,9 6,1
Total Contagem 45 19 28 21 26 29 58 26 49 33 93 39 44 34 38 40 169 20 809
Fonte: os autores a partir do banco de dados do CPOP
22
Olhando para os dados dos candidatos, não encontramos muitas coincidências
de temas, mas encontramos uma especialmente forte. Tanto o candidato Fruet quanto
os temas das matérias internas no jornal abordaram o tema “saúde”, nas semanas 1 e
7 da campanha. Mas uma vez que este tema foi contínuo ao candidato, não há muitas
relações a serem feitas aqui. No entanto, existe um dado que parece ser um grande
achado.
Enquanto na primeira semana de campanha, as matérias políticas em páginas
internas da Gazeta do Povo abordaram o tema “infraestrutura e meio-ambiente” (3,4),
na semana seguinte, o programa de Luciano Ducci fez uma estranha incursão pelo
tema “meio-ambiente” (2,0), que não voltaria a se repetir durante a campanha, e
apresentou um índice no tema “infraestrutura” de 1,8 – que não é estatisticamente
relevante mas nos dá uma noção do espaço que o tema ocupa.
Tal coincidência ocorre outra vez na campanha de Ducci. Na semana 5 de
campanha, foi elevado o índice de “violência e segurança” (4,3) na classificação do
tema geral, corroborado pelo índice de “violência e crime” (4,3), no tema específico, na
imprensa. Na semana seguinte, o candidato Ducci abordou o tema “segurança
pública” de modo incisivo e estatisticamente significante (2,2). Mais: esta foi a única
vez, em toda a campanha, em que o candidato abordou tal tema – os dados
agregados no total da campanha ficaram em -0,2.
Lembrando e considerando que a campanha de Ducci foi a que menos
apresentou índices significativos em algum tema – em duas semanas, não apresentou
sequer uma relação significativa, o que não ocorreu para nenhum outro candidato. E
considerando também que destes poucos resíduos significativos (cinco positivos, ao
total, na análise semanal), dois ocorrem variando junto aos temas tratados pelos
jornais (que, por sua vez, também apresentam poucos resíduos significativos), temos
um indício a especular.
Os dados não nos permitem falar, cientificamente, sobre causalidade neste
caso. Embora tais conclusões sejam especulativas, já que não procedemos com um
teste de associação que apontasse tal relação em termos estatísticos, acreditamos
que tal variação conjunta não é mera coincidência. Se não podemos identificar
relações visíveis para os demais candidatos, no caso de Luciano Ducci fica claro que,
ao menos em parte, há uma relação entre o tema presente no jornal em questão e em
seu horário eleitoral na semana seguinte – possivelmente, o candidato e sua equipe se
valham dos temas mais presentes na imprensa para pautar seu programa televisivo.
23
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, podemos ressaltar alguns dos importantes achados que nos conduzem
às nossas conclusões. Como evidenciamos, a análise semanal e os dados agregados
proporcionam, por vezes, diferentes resultados. A escolha do método deve se dar
dependendo do que se busca. Para verificar o padrão da mudança de comportamento,
a análise semanal se mostrou frutífera, mas melhor se aliada com os dados
agregados. Quanto às estratégias adotadas por cada candidato, fica claro que, ao
menos para os três principais, há uma distinta diferenciação, com base tanto nas
estratégias discursivas adotadas quanto nos temas abordados. Um dizer popular fala
que “político é tudo igual”, mas, ao menos para os dados, eles se mostram claramente
muito diferentes um do outro. Gustavo Fruet é o mais consistente, ao se valer dos
mesmos recursos ao longo de toda campanha, tratando de saúde, imagem do
candidato e apelo ao engajamento do eleitor.
As luzes mais interessantes são jogadas sobre a malsucedida campanha de
Luciano Ducci, o prefeito em busca da reeleição que não passou para o segundo
turno. Ele é o que menos apresenta resíduos estatisticamente relevantes. Isto significa
que sua campanha balanceou todos os temas de uma forma equilibrada em relação
aos adversários, sem eleger uma bandeira em especial para defender, e,
consequentemente, sem se destacar por um tema em especial. Obviamente não
podemos falar, com este estudo, em termos científicos, sobre o efeito disto em sua
votação, mas dialogando com a literatura de comunicação, o fato de ter sido o
candidato a menos trabalhar a própria imagem e não se destacar por um tema em
especial, pode ter contribuindo, ao menos em parte, para sua derrota.
Podemos dizer que os candidatos que passaram ao segundo turno foram os
que mais trabalharam a própria imagem, seja direta (imagem do candidato) ou
indiretamente (agenda, pesquisas eleitorais, engajamento, pedagogia do voto).
Na relação entre agendamento de temas, também os dados sobre a campanha
de Ducci são os mais interessantes. Olhando somente o agregado, ele tratou
significativamente do tema mulher, mas olhando a análise semanal, percebemos que
isto só ocorreu uma semana após Gustavo Fruet já ter tratado significativamente deste
tema.
Ao relacionar os temas do HGPE com os temas abordados pelo jornal Gazeta
do Povo, nenhuma correlação estatística pode ser feita. Contudo, se percebe
flutuações visíveis entre os temas mais presentes no jornal e os mais abordados pelo
candidato Luciano Ducci na semana seguinte, para as semanas 1-2; 2-3 e 5-6. A
mesma percepção não pode ser encontrada para os demais candidatos, o que indica
24
que, ao menos em parte, a campanha deste candidato pode ter se utilizado da
imprensa para pautar os temas que iria abordar.
Não podemos, contudo, falar sobre “agendamento” de uma esfera sobre a
outra. Os dados gerais nos levam a crer que sejam duas lógicas distintas, a que
orienta os programas eleitorais e a que orienta os jornais. Na trilha de Cervi (2010),
podemos dizer que o “tempo da política” não se orienta pela lógica jornalística, mas
por sua própria tematização.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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25
GOMES, Neusa Demartini. Considerações críticas sobre o HGPE, a partir de observações e enquete com o eleitorado. IN:PANKE, Luciana, GONDO MACEDO, Roberto (orgs). HGPE: Desafios e perspectivas nos 50 anos do horário gratuito de propaganda eleitoral no Brasil. Capivari: Editora Nova Consciência, 2013. KUSCHNIR, Karina, CARNEIRO, Leandro Piquet, SCHMITT, Rogério. A campanha eleitoral na TV em eleições locais: estratégias e resultados. IN: XXI Encontro Anual da ANPOCS, 1997. MANCINI, P. & SWANSON, D. L. “Politics, Media, and Modern Democracy: Introduction”, IN: SWANSON, D. L. & MANCINI, P. Politics, Media and Modern Democracy: An International Study of Innovations in Electoral Campaigning and their Consequences.Westport/London: Praeger, 1996. PANKE, Luciana e CERVI, Emerson Urizzi (orgs). Eleições nas capitais brasileiras em 2012: um estudo sobre o HGPE em disputas municipais Curitiba: UFPR, 2013. PANKE, Luciana, GONDO MACEDO, Roberto. HGPE: Desafios e perspectivas nos 50 anos do horário gratuito de propaganda eleitoral no Brasil. Capivari: Editora Nova Consciência, 2013. SPECK, Bruno Wilhelm & CERVI, Emerson Urizzi.O peso do dinheiro e do tempo de rádio e TV na disputa do voto para prefeito. IN: 37º Encontro Anual da ANPOCS. Águas de Lindoia-SP, 23-27 de setembro 2013. UOL. Curitiba - Pesquisas eleitorais - UOL Eleições 2012. Sem data, 2012. Disponível em: http://eleicoes.uol.com.br/2012/pesquisas-eleitorais/curitiba/1-turno/ VEIGA,Luciana Fernandes; SOUZA, Nelson Rosário; CERVI, Emerson UrizziCervi. Da expectativa de vitória à derrota: estratégias discursivas do PT em Curitiba e Porto Alegre em 2004.Revista Brasileira de Ciência Política, n. 6, Brasília, julho – dezembro de 2011, PP. 99-95. VEIGA, Luciana Fernandes; SANTOS, Sandra Avidos; NEVES, Daniela Silva. Como a avaliação do governo local, a imagem dos candidatos e a configuração da disputa influenciam na reeleição do prefeito: evidências de oito capitais no Brasil. 2008. Wapor, 2011.