HAMARD, A. – . Póvoa de Varzim : Livraria Povoense, 1904...
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Charles
DARWIN1809 - 1882
200 anos do seu Nascimento
150 anos da publicação “A origem das espécies”
HAMARD, A. – Darwinismo, monismo, transformismo. Póvoa de Varzim : Livraria Povoense, 1904.
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FICHA TÉCNICABoletim bio-bibliográfico elaborado a 12 de Fevereiro de 2009, nos 200 anos do nascimento de Charles DarwinTítulo: Charles Darwin: 1809-1882Layout e coordenação editorial: Manuel CostaEdição: Biblioteca Municipal Rocha PeixotoConteúdos: Lurdes Adriano e Rogério NogueiraGrafismo, digitalização e recolha bibliográfica: Rogério NogueiraTiragem: 100 exemplares
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CHARLES DARWIN: breve nota biográficaCharles Darwin nasceu em 1809. Filho de Susannah, descendente do magnata industrial da cerâmica, Josiah Wedgwood,
e de Robert Darwin, um abastado médico do Shropshire, Charles Robert Darwin era uma figura que pouco
provavelmente se tornaria um cientista revolucionário. Após a sua formação com medíocre aproveitamento em
Shrewsbury, seguiu as pisadas paternas, frequentando a Universidade de Edimburgo e cursando medicina. Em 1827,
iniciou novos estudos em Teologia, na Universidade de Cambridge, por influência do seu pai que decidira interromper
o acanhado progresso do filho na carreira médica, em favor de uma mais sólida e realista perspectiva como membro da
Igreja Anglicana.
A verdadeira paixão de Darwin pela História Natural já era contudo bem patente. Em Edimburgo, enquanto membro da
Plinian Society, liderada por estudantes, Darwin viu-se atraído por um mundo de debates radicais e materialistas,
sofrendo predominantemente a influência de Robert Grant, um pensador evolucionista, perito em invertebrados
marinhos, que acompanhou várias vezes em trabalho de campo e tentou igualar no campo das observações
experimentais e pesquisas sobre as esponjas. Enriqueceu e aprofundou estas influências em Cambridge, onde
desenvolveu as suas próprias observações e estudos, versando a vida das plantas e dos insectos. Acompanhou Adam
Sedgwick, um eminente professor de Geologia, numa expedição ao norte de Gales. Desta forma, sedimentou os seus
próprios conhecimentos sobre geologia e – facto ainda mais importante – tornou-se amigo próximo do Reverendo John
Henslow, professor de botânica, cujo entusiasmo por todas os aspectos do seu trabalho contagiou Darwin. Darwin
vislumbrava em Henslow o modelo vitoriano ideal do clérigo-naturalista, isto é, o resultado da fértil relação simbiótica
que poderia existir entre o exercício das funções de pároco de uma pequena congregação e o desenvolvimento das suas
próprias pesquisas científicas. Contudo, antes mesmo de Darwin conseguir assegurar um estilo de vida semelhante,
Henslow recomendou-o como naturalista e acompanhante do Capitão James Fitzroy na expedição ao hemisfério sul,
a bordo do navio HMS Beagle. Os efeitos de tal viagem viriam a revelar-se marcantes a vários níveis.
Entre 1831 e 1836, o cargo de naturalista a bordo do HMS Beagle permitiu-lhe aprofundar conhecimentos sobre um mundo
natural totalmente novo. A sua incursão científica nas terras da América do Sul tornou-se uma experiência formativa,
exercendo uma profunda e duradoura influência na sua visão inventiva da natureza, modelando definitivamente
o arrojado mecanismo explicativo, cujos frutos se revelariam vinte anos mais tarde no livro A Origem das Espécies (1859).
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Bibliografia existente na Biblioteca Municipal
Uma das primeiras descrições populares da evolução do homem - feita com maisengenho do que rigor - publicada em 1876 pelo naturalista alemão Ernst Haeckel.
DARWIN, Charles - A origem das espécies.Lisboa : Publicações Europa-América, 2005, p.13-14.
À Volta do Mundo no “Beagle”
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150 anos da publicação de “A Origem das Espécies”
Publicada em 1859, a obra-prima de Darwin condensa os seus pontos de vista acerca da origem e da evolução das espécies.
A Origem das Espécies consagrou os princípios universais da competição entre as espécies e da Selecção Natural, regidos
pela dura lei da sobrevivência dos mais aptos, a par do conceito de mutação e variação das espécies. Num tom
profundamente lúcido e consciente das objecções que seriam apresentadas à sua teoria, Darwin baseia a sua teorização
num profundo conhecimento prático, fundamentado na sua experiência prática a bordo da fragata HMS Beagle.
A Origem das Espécies desferiu um rude golpe na teoria criacionista e foi, a longo prazo, alvo de aproveitamento
e releituras, nas mais diversas esferas do conhecimento.
Objecto de profunda contestação e sucesso imediato (a primeira edição esgotou no dia em que foi posto à venda) que fez
correr rios de tinta, a teoria de Darwin sofreu poucas alterações da época vitoriana até aos nossos dias.
Em suma, uma obra monumental e uma referência a todos os níveis.
DARWIN, Charles – A origem das espécies. Lisboa : Publicações Europa-América, 2005.
A Revista de Ciências Naturais e Sociais
“Desde que um Darwin encontra no livro Malthus, escrito com meros intuitos económicos, o principio da
concorrência vital que lhe dá a explicação duma infinidade de factos até então incoerentes e confusos, desde
que um Schlegel lança no mundo da ciência a ideia de interpretar as literaturas e, em geral, as grandes
criações do espirito colectivo, à luz das aptidões primordiais da raça, fenómeno radicalmente naturalista,
não será temeridade, cremos nós, antes profundo respeito pelos mestres do pensamento contemporâneo,
seguir na esteira desses vultos...”
Rocha Peixoto (1866-1909): a sua acção como Naturalista
Rocha Peixoto desenvolveu um trabalho de referência como naturalista, sendo responsável pela organização do
Gabinete de Mineralogia, Geologia e Paleontologia da Academia Politécnica do Porto e pela publicação dos catálogos
dessas colecções.
Dedicou-se ao estudo e ao ensino da Mineralogia e Geologia, desempenhando as funções de professor de Geografia
e de Ciências Físico-Naturais na Escola Industrial Infante D. Henrique, no Porto.
Algumas das obras de Rocha Peixoto na área das Ciências Naturais:
O Museu Municipal do Porto (História Natural). Porto: Tipografia Ocidental, 1888.
Catálogo do Gabinete de Mineralogia, Geologia e Paleontologia. Porto: Tipografia Ocidental, 1891; 1892.
Museu: moluscos marinhos de Portugal. Porto: Tipografia Ocidental, 1897.
TELES, Basílio - Introdução. Revista de Ciências Naturais e Sociais, vol. 1 (1890), p. 3
A “Revista de Ciências Naturais e Sociais”, dirigida por Ricardo Severo e Rocha Peixoto e editada de 1890
a 1898, foi um importante repositório nas áreas das Ciências Naturais, Arqueologia, Antropologia, História
e Folclore.
Foi nesta publicação que Rocha Peixoto editou alguns dos seus primeiros estudos ligados ao domínio das
Ciências Naturais.
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Alegoria à teoria evolutiva: “O homem não passa de um verme”
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O Darwinismo em Portugal
Em Portugal, pais onde a Revolução Industrial tardou em penetrar, fazendo-o em minguadas infiltrações,
e que, portanto, não sofreu as transformações de fundo que essa remodelação da sociedade provocou
noutros lugares, não surpreenderá que o darwinismo cientifico (não a sua vertente vulgar ou deformada)
mais não tenha sido que mera curiosidade e, apenas episodicamente divulgado […].
A revolução darwiniana foi, como é sabido, um factor de extrema importância para a edificação da biologia
moderna e para a construção de uma nova concepção do homem e da sua posição no mundo. Essa revolução
é, em grande parte, o reflexo da profunda transformação, em marcha, da sociedade, que varreu velhos
conceitos, velhos sistemas de relações económicas e de modos de produção, criou novos modos de pensar,
outros hábitos e valores, etc. …Charles Darwin teve o enorme mérito de nos dar a visão de uma natureza
viva em mudança, e sobretudo, de lhe conferir rigor cientifico e a comprovação lógica e experimental,
suportada por uma imponente massa de documentos. Ora tendo ficado o Portugal do séc. XIX como num
mundo à parte do que se passava na Europa em matéria de industrialização, ciência, e empreendimento
burguês, a influencia do darwinismo, da sua imagem do mundo, não podia, isolada dessa metamorfose
social, modificar em Portugal a vida intelectual, a mentalidade das elites, o ensino, a cultura e a Universidade,
num pais onde poderosas forças conservadoras e reaccionárias se opunham a todas as ideias de mudança.
Tocou certas camadas, certos aspectos, mas sempre em escala mínima, superficial, com alguma cultura
importada e imitação de figurinos estrangeiros, em particulares franceses, ainda que houvesse, é certo,
alguns homens inovadores, com imaginação e inteligência, que todavia clamaram num deserto de
indiferenças.
SACARRÃO, G. F. - O darwinismo em Portugal. Prelo, n.º 7 (Abril/Junho 1985), p. 7-22.
Francisco de Arruda Furtado é dos raros portugueses que manifestou
entusiasmo sincero pelas novas perspectivas científicas abertas pelo
darwinismo. [...]
Ao tempo da correspondência com Charles Darwin, Arruda Furtado tinha 27
anos e o seu desejo natural era o de puder estudar os problemas da origem da
flora e fauna açorianas, mas não surpreende que não pudesse ir mais longe
por falta de um meio científico adequado onde a sua inteligencia versátil
pudesse encontrar a orientação e os meios indispensáveis, que não teve, nem
no seu arquipélago natal nem, mais tarde, na metrópole.
SACARRÃO, G. F. - Sobre o método em Darwin e a episódica relação com Arruda Furtado.Prelo, nº 11, (Abril/Junho 1986) p.81- 88.
Francisco Arruda Furtado (1854-1887): o português que se correspondeu com Charles Darwin