Guilherme Romanelli

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PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS PINHAISPREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS PINHAISSECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃOSECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

Seminário Seminário Educação Inclusiva: direito à Educação Inclusiva: direito à diversidadediversidade

Musicalização na Educação Especial

[email protected]

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Quem sabe música?Quem sabe música?

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Quem sabe música?Quem sabe música?

Cada pessoa sabe mais música do que imagina – vivemos todos em um mundo essencialmente sonoro e musical

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Somos TODOS musicais

“A inclinação para a música revela-se na primeira infância, é manifesta e essencial em todas as culturas e provavelmente remonta aos primórdios da nossa espécie. Essa ‘musicofilia’ é um dado da natureza humana. Ela pode ser desenvolvida ou moldada pela cultura em que vivemos, pelas circunstâncias da vida e pelos talentos e deficiências que temos como indivíduos.” (SACKS, 2007, p. 9 e 10)*

* SACKS, Oliver. Alucinações musicais: relatos sobre a música e o cérebro. São Paulo: Companhia das Letras, 2007 .

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O que é música?O que é música?

Música é linguagem?

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O que é música?O que é música?

• Será uma linguagem?

Não, para Borges Neto, para quem tal relação não passa de uma metáfora *

• George Lakoff e Mark Johnson (Metáforas da Vida Cotidiana, 1980)– “Coisas” cognitivamente simples– “Coisas” cognitivamente complexas - metáforas

* BORGES NETO, José. Música é linguagem? In Anais do Primeiro Simpósio de Cognição e Artes Musicais. Curitiba:Deartes - UFPR, 2005.

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O que é música?O que é música?

Será uma linguagem?

1.

1.

1.

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O que é música?O que é música?

Será uma linguagem?

1. Richard Wagner (1813 - 1883) “A cavalgada das valquírias”

1.

1.

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O que é música?O que é música?

Será uma linguagem?

1. Richard Wagner (1813 - 1883) “A cavalgada das valquírias”

1. Ennio Morricone (1928 - ) “Alone”

1.

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O que é música?O que é música?

Será uma linguagem?

1. Richard Wagner (1813 - 1883) “A cavalgada das valquírias”

1. Ennio Morricone (1928 - ) “Alone”

1. Dimitri Shostakovich (1906 – 1975) Symphony No.10, II movimento - Allegro.

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A música na históriaA música na história

• Anônimo “Ave Maria” – Monges Beneditinos do Mosteiro da Ressurreição, Ponta-Grossa PR

– Temporalidade diluída

– Amplitude espacial

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Catedral de São Pedro de Beauvais no departamento de l’Oise, norte da França. Fonte: http://picardietourisme.com

48 metros de altura

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A música na históriaA música na história

• Antônio Vivaldi (1678 – 1741) “La tempesta di mare” Concerto nº. 5 em mi bemol maior

– Contrastes: tensão e relaxamento; claro e escuro

– Sedução *

* SALA, Dalton. Ensaios sobre Arte Colonial Luso-brasileira. São Paulo: Landy, 2002.

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Fonte: http://www.skyscrapercity.com

Igreja Nossa Senhora das Correntes, séc. XVIII, Penedo AL

Convento Nossa Senhora dos Anjos, séc. XVIII, Penedo AL

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Onde a música acompanha o Onde a música acompanha o nosso cotidiano?nosso cotidiano?

• A música se faz presente momentos mais importantes das nossas vidas

• A música é amplamente explorada pela mídia– Publicidade– Novelas e filmes

• A criança deve se preparar para desenvolver autonomia diante do mundo sonoro e musical em que vive

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As três dimensões da música e As três dimensões da música e suas implicações para a suas implicações para a

educaçãoeducação• Dimensão cultural - sociologia e história

– A necessidade de ampliar repertório– Compreender a música enquanto elemento cultural– Conhecer os códigos musicais da sociedade na qual vive

• Dimensão pessoal - psicologia– O espaço para experimentar o fazer musical– O respeito à musicalidade das crianças– A construção da “trilha sonora” de cada criança

• Dimensão universal (?) – efeitos acústicos– A exploração do som – objetos sonoros e instrumentos

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Do 2 528 Hz 2:1

Si 1 495 Hz 15:8Si b 1 475 Hz 9:5La 1 440 Hz 5:3La b 1 422 Hz 8:5Sol 1 396 Hz 3:2Fa # 1 367 Hz 25:18Fa 1 352 Hz 4:3Mi 1 330 Hz 5:4Mi b 1 317 Hz 6:5Re 1 297 Hz 9:8Do # 1 275 Hz 25:24Do 1 264 Hz 1:1

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Por que se desenvolver Por que se desenvolver artisticamente?artisticamente?

Para Lima Barreto (1881 – 1922) Mulato com visão crítica do regime republicano.

“ O homem, por intermédio da arte, não fica adstrito aos preconceitos e preceitos de seu tempo, de seu nascimento, de sua pátria, de sua raça; ele vai além disso, mais longe do que pode, para alcançar a vida total do Universo”*

* BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2010

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A musicalização na educação especial

• Proposta de educação inclusiva:– Proporcionar à criança especial as

mesmas oportunidades de acesso ao desenvolvimento musical:

• Respeitando suas particularidades• Valorizando a música como forma de

comunicação

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Objetivos da música na Educação

• A MUSICALIZAÇÃO - “alfabetização musical”, ou fluência na linguagem musical.

• Apreciar, fazer e interpretar * e **• Ampliação de repertório• Interação com o mundo sonoro• Compreender a música como elemento cultural• Conhecer os códigos musicais da sociedade na

qual vive

* MOTA, Graça. O ensino da música em Portugal. In A educação musical nos países de línguas neolatinas. Org: L. Hentschke. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2000.

** Ver ‘Abordagem triangular do ensino da arte’ in BARBOSA, Ana Mae Tavares Bastos. A imagem no ensino da arte: anos oitenta e novos tempos. São Paulo: Perspectiva; Porto Alegre: Fundação IOCHPE, 1991.

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Música na educação

A. Cantar muito

A. Explorar o mundo sonoro

A. Ouvir muita música

A. Ter contato com música ao vivo

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A - Cantar muito

• Começar pelo repertório que conhecemos– Ênfase no cancioneiro folclórico infantil

• Ex. Cancioneiro Folclórico Infantil – BambalalãoEx. Cancioneiro Folclórico Infantil – Bambalalão

• Não ter medo de cantar• Utilizar apoios harmônicos

– Violão, piano ou tecladoViolão, piano ou teclado– Play-backPlay-back

• Ex. Palavra Cantada - ÁfricaEx. Palavra Cantada - África

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B - A exploração do mundo sonoro

Interação com o mundo sonoro por meio da percepção e exploração– Ouvir mais Ouvir mais – Ouvir melhorOuvir melhor– Fazer sons com o corpoFazer sons com o corpo– Explorar objetos sonoros (banco de sons)Explorar objetos sonoros (banco de sons)– Estabelecer relações entre sons criados e Estabelecer relações entre sons criados e

sons existentessons existentes– Ex. Barbatuques – Baião destemperadoEx. Barbatuques – Baião destemperado

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C - Ouvir muita música

1. Preparar a audição

1. Ouvir muita música diferente

1. Estabelecer relações entre diferentes Músicas

1. Ouvir música ativamente

1. Primar pela qualidade da audição

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1. Preparar a audição

• Exercícios regulares de “silêncio”• Objetivos: diminuir o ruído de fundo e

ampliar a percepção• Sempre baseado em uma brincadeira• Exemplo 1

– Quem consegue ouvir mais longe?• Exemplo 2

– Onde está o relógio?

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2. Ouvir muita música diferente

• Essencial para ampliar repertório (criatividade)• Ouvir, cantar e tocar muita música na sala de

atividade• Qual é o tipo de música que se deve ouvir na

sala de atividade?– Todos os tipos, priorizando:

• Qualidade– Gravações feitas com instrumentos “de verdade”

• Variedade– Aquilo que dificilmente a criança descobriria por meio dos

veículos mediáticos

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2. Ouvir muita música diferente

– Variedade (exemplos):

• Qualidade– “A casa” – versão em violão - música

transposta para versões “infantis” de boa qualidade

– “A casa” – Vinícius de Moraes – versão original• Variedade

– “Zintombi” – Ladysmith Black Mambazo– “Lembrando Waldir” – Cláudio Menandro

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2. Ouvir muita música diferente

– O que evitar:

• Músicas inteiramente gravadas com sons de computador ou teclado

• Apenas músicas “da moda” – as crianças já têm contato com essas músicas no seu cotidiano. Nossa função é trazer músicas diferentes

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2. Ouvir muita música diferente

– O que evitar (exemplos)

• Bach – Concerto de Brandenburgo nº2 - Allegro”– Versão Original– Versão MIDI – (encarte Nova Escola)

• Palestrina - Missa Papae Marcelli – Versão Original – Tallis Scholars– Versão MIDI – (encarte Nova Escola)

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2. Ouvir muita música diferente

– Nem toda música MIDI é ruim!

• Cancioneiro Infantil – Cai cai Balão– Versão MIDI explorando sons inexistentes

• Jean Michel Jarre – Globe Trotter– Versão MIDI explorando sons inexistentes

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2. Ouvir muita música diferente

– Onde encontrar repertório?– Buscar o não conhecido:

• Em casa– CDs não ouvidos– Discos em vinil

• Na família• Com colegas de trabalho

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3. Estabelecer relações entre diferentes músicas

• Princípio da criatividade (comparação de repertório)

• Exemplo 1– Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

“Prelúdio e fuga nº. 1 em dó maior”

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3. Estabelecer relações entre diferentes músicas

• Princípio da criatividade (comparação de repertório)

• Exemplo 1– Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

“Prelúdio e fuga nº. 1 em dó maior”

– Charles Gounod (1818-1893) “Ave Maria”

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3. Estabelecer relações entre diferentes músicas

“Vinhetas escolares”– As crianças são musicalmente ativas

• Ex. uma criança de três anos ao piano

• A pseudo-simplicidade– Johann Pachelbel (1653-1703) - “Canon”

• Frère Jacques * CAMPBELL, Patricia. Songs in their heads: music and its meaning in children’s lives. New York: Oxford University Press, 1998.

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Frère Jacques (é um canon!)

Frère Jacques,Frère Jacques,

Dormez vous?Dormez vous?

Sonnez les matines,Sonnez les matines,

Din, din, don!Din, din, don!

* Lembrar que cantar é essencial na relação com a música – também é uma forma de audição

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4. Ouvir música ativamente

• Audição ativa – Wuytack e Palheiros– Antes – Durante – Depois

• Estimular a resposta corporal

•WUYTACK J.; PALHEIROS, G. Audição Musical Activa.Porto: Associação Wuytack de Pedagogia Musical, 1995

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4. Ouvir música ativamente

• A narrativa a partir da música– Ênfase em músicas instrumentais– Construção de narrativas coletivas– Possível interface com o desenho

• Exemplo:– John Williams (1932) – “My best friend’s

wedding”

•WUYTACK J.; PALHEIROS, G. Audição Musical Activa.Porto: Associação Wuytack de Pedagogia Musical, 1995

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Leroy Anderson (1908 – 1975) Leroy Anderson (1908 – 1975) “The “The Typewriter” Typewriter” – Concerto para máquina de – Concerto para máquina de escrever e orquestra. escrever e orquestra.

• Explorar os sons de um objeto - máquinaExplorar os sons de um objeto - máquina

• Os conceitos: a explicação sobre “concerto” Os conceitos: a explicação sobre “concerto”

• O humor no processo de aprendizagem O humor no processo de aprendizagem

• Temas transversais – homem e máquinaTemas transversais – homem e máquina

4. Ouvir música ativamente

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5. Primar pela qualidade da audição

• A “sacralização” dos momentos de escuta• Qualidade nos processos de reprodução –

essencial para ‘seduzir’ as crianças– É necessário ter respeito com o discurso musical *– Qualidade da mídia

• Escolher os recortes – adequar-se à faixa etária• Possibilidade de utilizar Celulares e MP3 players

– Qualidade do amplificador• Ligar o rádio à caixa amplificada (cabo RCA–P2 ou P10–P2)• Colocar a caixa sobre uma cadeira (direcionamento dos

agudos)•SWANWICK, Keith. Ensinando música musicalmente. São Paulo: Moderna, 2003.

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D - Ter contato com música ao vivo

• Músicos da comunidade– Levantamento de músicos e seus Levantamento de músicos e seus

instrumentosinstrumentos– Antes – aguçar a curiosidade da criançaAntes – aguçar a curiosidade da criança– Durante – conduzir a experiência ao vivoDurante – conduzir a experiência ao vivo– Depois – refletir sobre a experiênciaDepois – refletir sobre a experiência

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O que aprender com nossos “especiais”

Caso 1 – O paciente iraniano

Caso 2 – “Djô” o menino musical

Caso 3 – A síndrome de Williams

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Síndrome de Williams

• Sujeitos hipermusicais• Distúrbio congênito – QI < 60 (maioria),

mas com três inclinações pronunciadas:– Musical, narrativa e social.

• Impressionante sensibilidade à música a todo tipo de som (ruídos tênues) – Ruídos e música são mais próximo que

imaginamos (Ver “A música que soa...”)

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Síndrome de Williams

• Desde muito pequenos os portadores da SW são muito receptivos à música.

“Majestic, um menino miúdo de três anos, era retraído e não respondia a nenhuma pessoa ou coisa em seu ambiente. Estava produzindo sons curiosos de todo tipo, mas quando Charlotte [musicoterapeuta] começou a imitá-los, imediatamente chamou a atenção do garoto” (SACKS, 2007, p. 305).*

* SACKS, Oliver. Alucinações musicais: relatos sobre a música e o cérebro. São Paulo: Companhia das Letras, 2007 .

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Consequências da audição musical

• O “Efeito Mozart” O “Efeito Mozart” **

• Mitos sobre os efeitos da música no desenvolvimento Mitos sobre os efeitos da música no desenvolvimento intelectual das criançasintelectual das crianças

• A música para acalmarA música para acalmar• Equívocos ao relacionar automaticamente a música Equívocos ao relacionar automaticamente a música clássica ao relaxamento das criançasclássica ao relaxamento das crianças

* ILARI, Beatriz. A música e o desenvolvimento da mente no início da vida: investigação, fatos e mitos. In. Anais do 1º Simpósio Internacional de Cognição e Artes Musicais. Curitiba: UFPR, 2005.

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Consequências da audição musical

•A música é uma brincadeira de A música é uma brincadeira de crianças!*crianças!*

Exemplo: A construção de uma bateria caseira

–A simulação de um show de música–O gesto musical e a aprendizagem em música–O processo de audiação *

* DELALANDE, François. La musique est um jeu d’enfant. Paris: Buchet/Chastel, 1984.** GORDON, Edwin. E. Teoria de aprendizagem musical. Lisboa: Fund. Calouste Gulbekian, 2000.

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Para refletir:Para refletir:

• O encantamento para a O encantamento para a música depende do dom?música depende do dom?

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Obrigado!

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