Guias e Orixás

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7/27/2019 Guias e Orixás http://slidepdf.com/reader/full/guias-e-orixas 1/26 Guias e Orixás TRABALHANDO COM BOIADEIROS São espíritos de vaqueiros, posseiros, capatazes, cangaceiros e espíritos afins. Sabem que a prática da caridade os levará a evolução, trabalham incorporados na Umbanda, Quimbanda e Candomblé. Fazem parte da linha de caboclos, mais na verdade são bem diferentes em suas funções. Formam uma linha mais recente de espíritos, pois já viveram mais com a modernidade do que os caboclos, que foram povos primitivos. Esses espíritos já conviveram em sua ultima encarnação com a invenção da roda, do ferro, das armas de fogo e com a prática da magia na terra. Saber que boiadeiros conheceram e utilizaram essas invenções nos ajuda muito para diferenciarmos dos caboclos. São rudes nas suas incorporações, com gestos velozes e pouco harmoniosos. Sua maior finalidade não é a consulta como os Preto-velhos, nem os passes e muito menos as receitas de remédios como os caboclos, e sim o "dispersar de energia" aderida a corpos, paredes e objetos. É de extrema importância essa função pois enquanto os outros guias podem se preocupar com o teor das consultas e dos passes, existe essa linha "sempre" atenta a qualquer alteração de energia local (entrada de espíritos). Quando bradam alto e rápido, com tom de ordem, estão na verdade ordenando a espíritos que entraram no local a se retirar, assim "limpam" o ambiente para que a prática da caridade continue sem alterações, já que a presença desses espíritos muitas vezes interferem nas consultas de médiuns conscientes. Esses espíritos atendem a boiadeiros pela demonstração de coragem que os mesmos lhes passam e são levados por eles para locais próprios de doutrina. Outra grande função de um boiadeiro é manter a disciplina das pessoas dentro de um terreiro, sejam elas médiuns da casa ou consulentes. Costumam proteger demais seus médiuns nas situações perigosas. São verdadeiros conselheiros e castigam quem prejudica um médium que ele goste. "Gostar" para um boiadeiro, é ver no seu médium coragem, lealdade e honestidade, aí sim é considerado por ele "filho". Pois ser filho de boiadeiro não é só tê-lo na coroa. Trabalham também para Orixás, mais mesmo assim, não mudam sua finalidade de trabalho e são muito parecidos na sua forma de incorporar e falar, ou seja, a energia emanada pelo Orixá para quem trabalha é apenas um critério interno e obrigatório dentro do próprio "Ori" - pois na verdade todos são braços de Omulú.

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Guias e Orixás

TRABALHANDO COM BOIADEIROS

São espíritos de vaqueiros, posseiros, capatazes, cangaceiros e espíritos afins.

Sabem que a prática da caridade os levará a evolução, trabalham incorporados naUmbanda, Quimbanda e Candomblé.

Fazem parte da linha de caboclos, mais na verdade são bem diferentes em suasfunções.

Formam uma linha mais recente de espíritos, pois já viveram mais com amodernidade do que os caboclos, que foram povos primitivos. Esses espíritos já

conviveram em sua ultima encarnação com a invenção da roda, do ferro, das armasde fogo e com a prática da magia na terra.

Saber que boiadeiros conheceram e utilizaram essas invenções nos ajuda muitopara diferenciarmos dos caboclos.

São rudes nas suas incorporações, com gestos velozes e pouco harmoniosos.

Sua maior finalidade não é a consulta como os Preto-velhos, nem os passes e muitomenos as receitas de remédios como os caboclos, e sim o "dispersar de energia"aderida a corpos, paredes e objetos.

É de extrema importância essa função pois enquanto os outros guias podem sepreocupar com o teor das consultas e dos passes, existe essa linha "sempre" atentaa qualquer alteração de energia local (entrada de espíritos).

Quando bradam alto e rápido, com tom de ordem, estão na verdade ordenando aespíritos que entraram no local a se retirar, assim "limpam" o ambiente para que aprática da caridade continue sem alterações, já que a presença desses espíritosmuitas vezes interferem nas consultas de médiuns conscientes.

Esses espíritos atendem a boiadeiros pela demonstração de coragem que osmesmos lhes passam e são levados por eles para locais próprios de doutrina.

Outra grande função de um boiadeiro é manter a disciplina das pessoas dentro deum terreiro, sejam elas médiuns da casa ou consulentes.

Costumam proteger demais seus médiuns nas situações perigosas. São verdadeirosconselheiros e castigam quem prejudica um médium que ele goste. "Gostar" paraum boiadeiro, é ver no seu médium coragem, lealdade e honestidade, aí sim éconsiderado por ele "filho". Pois ser filho de boiadeiro não é só tê-lo na coroa.

Trabalham também para Orixás, mais mesmo assim, não mudam sua finalidade detrabalho e são muito parecidos na sua forma de incorporar e falar, ou seja, aenergia emanada pelo Orixá para quem trabalha é apenas um critério interno e

obrigatório dentro do próprio "Ori" - pois na verdade todos são braços de Omulú.

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Exemplificando essa idéia: Um boiadeiro que trabalhe para Ogum é praticamenteigual a um que trabalhe para Oxossi, apenas cumprem ordens de Orixás diferentes,não absorvendo no entanto as características deles.

Dentro dessa linha a diversidade encontram-se na idade dos boiadeiros. Existemboiadeiros mais velhos, outros mais novos, e costumam dizer que pertencem a

locais diferentes, como regiões por exemplo: Nordeste, Sul, Centro-Oeste, etc...

CABOCLOS DE UMBANDA

A marca mais característica da Umbanda, uma religião surgidano Brasil no final do século XIX e início do século XX, é amanifestação de entidades espirituais, por meio damediunidade de incorporação. Os primeiros espíritos a "baixar"nos terreiros de Umbanda foram aqueles conhecidos comoCaboclos e Pretos-velhos, a seguir surgiram outras formas deapresentação como as Crianças, conhecidas, variadamente,como Erês, Cosme e Damião, Dois-dois, Candengos, Ibejis ouYori. Essas três formas, Crianças, Caboclos e Pretos-velhos,

podem ser consideradas as principais porque resumem váriossímbolos: representam, por exemplo, as raças formadoras dopovo brasileiro - indígenas, negros e brancos europeus - etambém representam as três fases da vida - a criança, oadulto e o velho - mostrando a dialética da existência. Alémdisso, trazem valores arquetipais de Pureza e Alegria naCriança; Simplicidade e Fortaleza no Caboclo e a Sabedoria eHumildade dos Pretos-velhos, mostrando o caminho para aevolução espiritual dos sentimentos, do corpo físico e damente. Com a expansão da Umbanda, muitas entidades

apareceram, como os Baianos, Boiadeiros, Marinheiros e outras, sem falar de Exu, outro grandeícone umbandista.

Essa diversidade confirma a abrangência desse movimento espiritual que chama a todos e recebe

seres encarnados e desencarnados, com vibrações de fraternidade e amizade sob a luz de Oxalá.

Nesse artigo trataremos, mais especificamente, das entidades conhecidas como Caboclos, in-variavelmente presentes nos terreiros de Umbanda, praticando a caridade e cumprindo sua missãoespiritual.

Existem variações no entendimento que os umbandistas têm sobre o que sejam os caboclos. Asvariações são próprias do movimento umbandista, notavelmente plural, mas há consenso naUmbanda, no fato de que os Caboclos são espíritos de humanos que já viveram encarnados noplano físico e são, portanto, nossos ancestrais. É interessante notar que em alguns cultos afro-brasileiros, os caboclos são considerados "encantados" e se relacionam com os espíri¬tos danatureza, recebendo nomes de animais, plantas ou outros elementos naturais. Essa percepção seaproxima das lendas indígenas que narram um tempo em que os animais falavam e viviam emcomunhão com os homens, podendo um se transformar no outro, (veja mais nas obras de BettyMindlin).

A palavra caboclo vem do tupi kariuóka, que significa da cor de cobre; acobreado. A partir daí vema relação com os índios brasileiros, de tez avermelhada. Assim, a palavra caboclo passou adesignar aquilo que é próprio de bugre, do indígena brasileiro de cor acobreada. Posteriormentesurgiu a noção de caboclo como mestiço de branco com índio, o sertanejo. Dada essa relação doscaboclos com os indígenas - nos terreiros de Umbanda é dessa forma que se manifestam -, eaproximando esse fato ao Orixá Oxossi, que em África é cultuado como Odé, o caçador, o Senhordas Florestas, conhecedor dos segredos das matas e dos animais que lá vivem, diz-se que osCaboclos que baixam na Umbanda são espíritos ligados a Oxossi. Muitos entendem que somenteesses são caboclos e que as entidades da vibração de Ogum, Xangô, Yemanjá e Oxalá não seriam,propriamente, caboclos. No entanto, há caboclos da praia, do mar e das ondas, das pedreiras, dascachoeiras, dos rios etc., cujos elementos se associam mais aos outros Orixás que a Oxossi.

Outra maneira de se interpretar as entidades de Caboclo, é como espíritos que se apresentam naforma de adultos, com uma postura forte, de voz vibrante, que trazem as forças da natureza,

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manipulando essas energias para trabalhar nas questões de saúde, vitalidade e no corte decorrentes espirituais negativas. Seu linguajar pode se assemelhar ao dos indígenas,paramen¬tados ou não com cocares, arcos e flechas, machadinha e espadas. Aqui estamosentendendo os Caboclos de maneira mais ampla, como símbolo de fortaleza, do vigor da faseadulta, existindo caboclos de Oxossi, Xangô, Ogum e mesmo aquelas entidades ligadas aos orixásfemininos, como Yemanjá, Oxum, Yansã. É claro que essas últimas entidades não vêm comoíndias, mas com uma forma tipicamente relacionada aos seus atributos. Todavia, são entidades

que se apresentam como adultos.

Feitas essas ressalvas, podemos dizer que todas as entidades de Umbanda, especialmente asCrianças, Caboclos e Pretos-Velhos, são espíritos ancestrais que estão ligados, cada um, a umOrixá. Assim, as crianças trazem a vibração dos Orixás Ibeji, conhecidos na Umbanda Esotéricacomo Yori; os Pretos-velhos vêm sob as vibrações dos Orixás Obaluaiê, Nana Burukum ou Yorimáe os Caboclos podem ser de Oxossi, Xangô, Ogum etc. Também é preciso falar que existem oschamados cruzamentos vibratórios em que uma entidade de Ogum, por exemplo, pode trazertambém as forças de outro orixá, como Ogum Yara que além das forças de Ogum, movimentatambém as forças dos Orixás das águas, como Yemanjá, Oxum etc.

Vejamos alguns exemplos de Caboclos de Oxossi: Caboclo Sete Flechas, Caboclo Folha Seca,Caboclo Pena Vermelha, Cacique das Matas, Caboclo Cobra-coral, Cabocla Jurema, Cabocla Jacyra,Caboclo Ventania, Caboclo Caçador e outros. Na linha de Ogum temos: Ogum de Lê, Ogum Beira-mar, Ogum Matinata, Ogum Sete Ondas, Caboclo Biritan, Ogum Megê, Ogum Sete Espadas e maisuma plêiade de espíritos que vêm sob essa vibração. Entre os caboclos de Xangô temos muitoscaboclos famo¬sos, como Caboclo das Sete Pedreiras, Caboclo Vira-mundo (que vem como Xangôou Oxossi), Xangô Kaô, Caboclo Pedra Branca, Caboclo da Pedra Preta etc. Para citar alguns dalinha de Oxalá, que dificilmente baixam, temos Caboclo Ubiratan, Caboclo Girassol, CabocloIpojucan, Caboclo Guaracy e Caboclo Tupi. Esses caboclos, normalmente, vêm fazendocruzamento vibratório com outros orixás, especialmente com Oxossi.Todas as entidades de Umbanda são importantes. Ainda que alguns se orgulhem de seremmédiuns de caboclos renomados e tidos como chefes de falange, o que vemos é que quando estãono terreiro, os Caboclos tratam uns aos outros como iguais, mostrando que o que importa é otrabalho espiritual e, como em uma aldeia, tudo é feito em conjunto e com as ordens dos planossuperiores. Assim diz um ponto cantado de caboclos: na sua aldeia ele é caboclo, é Rompe-mato eseu mano Arranca-toco, na sua aldeia lá na jurema, não se faz nada sem ordem suprema.

É também do linguajar de caboclo, que não cai uma folha da jurema (da mata), sem ordem deOxalá, ou seja, que tudo na vida tem motivo e que nossas ações são registradas na lei de causa-e-efeito, ou lei do karma. Mas isso não significa ficar passivo, esperando o pior acontecer. OsCaboclos também ensinam a termos coragem e a sermos guerreiros na vida, lutando pelo que é

 justo e bom para todos. No que é possível, os caboclos nos ajudam a entrar na macaia (a mataque simboliza a vida), a cortar os cipós do caminho (vencer as dificuldades) e, se preciso, caçar osbichos do mato (vencer as interferências espirituais negativas). Essa postura é evidenciada emvários pontos, como esse:

Atira, atira, eu atirei, eu bamba vou atirar Bicho no mato é corredor, Oxossi na mata é caçado.Cadê Vira-mundo pemba (bis)Tá no terreiro, pemba, com seus caboclos, pemba.Veado no mato é corredor, cadê meu mano caçadorE o Caboclo Ventania que me protege noite e dia.

Para quem vivência o terreiro, que há anos luta as batalhas espirituais e já viu os caboclosvencendo as demandas dos filhos-de-fé, afastando entidades negativas, tratando doenças que amedicina muitas vezes não resolve e dando lições de simplicidade, humildade, coragem epersistência, ouvir ou mesmo lembrar esses pontos cantados, traz uma sensação de alegria queenche o coração, renova o ânimo e nos dá a certeza de que estamos no caminho certo. Melhor doque qualquer leitura sobre caboclo é vê-lo incorporado atendendo quem precisa.

TRABALHANDO COM CABOCLOS

São geralmente espíritos de civilizações primitivas, tais como índios: Íncas, Maias,

Astecas e afins. Foram espíritos de terras recém formadas e descobertas, elesformaram sociedades (tribos e aldeias), com perfeita organização estrutural, tudoera fabricados por eles, desde o cultivo de alimentos até a moradia.

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Como foram primitivos conhecem bem tudo que vem da terra, assim caboclos sãoos melhores guias para ensinar a importância das ervas e dos alimentos vindos daterra, além de sua utilização.

Assim como os Preto-velhos, possuem grande elevação espiritual, e trabalham"incorporados" a seus médiuns na Umbanda, dando passes e consultas, em busca

de sua elevação espiritual.

São subordinados aos Orixás, o que lhes concede uma força mestra na suapersonalidade e forma de trabalho, igual aos Preto-velhos.

Quando falamos na personalidade de um caboclo ou de qualquer outro guia,estamos nos referindo a sua forma de trabalho.

Costumam usar durante as giras, penachos e fumam charutos. Falam de formarústica lembrando sua forma primitiva de ser, dessa forma mostram através desuas danças muita beleza, própria dessa linha.

Seus "brados", que fazem parte de uma linguagem comum entre eles, representamquase uma "senha" entre eles. Cumprimentos e despedidas são feitas usando essessons.

Costumamos dizer que as diferenças entre eles estão nos lugares que eles dizempertencer. Dando como origem ou habitat natural, assim podemos ter:

Caboclos da mata - Esses viveram mais próximos da civilização ou tiveramcontato com elas.

Caboclos da mata virgem - Esses viveram mais interiorizado nas matas, sem

nenhum contato com outros povos.

Assim vários caboclos se acoplam dentro dessa divisão.

Torna-se de grande importância conhecermos esses detalhes para compreendermosporque alguns falam mais explicados que outros. Mais ainda existe asparticularidades de cada um, que permitem diferenciarmos um dos outros.

A primeira é a "especialidade" de cada um, são elas: curandeiros, rezadeiros,guerreiros, os que cultivavam a terra (agricultores), parteiras, entre outros.

A segunda é diferença criada pela "força da natureza" que os rege. É o Orixá para

quem eles trabalham.

Para nós da Umbanda, é importantíssimo saber que a "personalidade" de umcaboclo se dá pela junção de sua "origem", "especialidade" e "força da natureza"que o rege.

E é nessa "personalidade" que centramos nossos estudos. Assim como os Preto-velhos, eles podem dar passe, consulta e correntes de energização ou participaremde descarrego, contudo sua prática da caridade se dá principalmente com amanipulação.

Quando falamos em manipulação, estamos nos referindo desde preparo deremédios feitos com ervas, emplastos, compressas e banhos em geral atémanipulação física, como por rezar "espinhela caída".

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Esses guias por conhecerem bem a terra, acreditam muito no valor terapêutico daservas e de tudo que vem da terra, por isso as usam mais que qualquer outro guia.

Desenvolveram com isso um conhecimento químico muito grande para fazerremédios naturais.

Como são espíritos da mata propriamente dita, todos recebem forte influência deOxossi, no sentido apenas do conhecimento químico das ervas, independente doOrixá que trabalhe.

São espíritos que também trabalham muito com passe. Acreditamos ser pelafacilidade de locomoção, já que normalmente trabalham em pé.

São também bastante necessários na hora de um descarrego, pois conseguemacoplar no médium em qualquer posição.

TRABALHANDO COM ERÊS

São espíritos que já estiveram encarnados na terra e que optaram por continuarsua evolução espiritual através da prática de caridade, incorporando em médiunsnos terreiros de Umbanda. Em sua maioria, foram espíritos que desencarnaramcom pouca idade (terrena), por isso trazem características de sua últimaencarnação, como o trejeito e a fala de criança, o gosto por brinquedos e doces.

Assim como todos os servidores dos Orixás, elas também tem funções bemespecíficas, e a principal delas é a de mensageiro dos Orixás.

Quando incorporadas em um médium, gostam de brincar, correr e fazer

brincadeiras (arte) como qualquer criança. É necessário muita concentração domédium (consciente), para não deixar que estas brincadeiras atrapalhem namensagem a ser transmitida. É comum em uma gira de criança, ver um médium"cambaleando" antes de incorporar inteiramente, isso se dá devido a "disputa" queestes espíritos travam para ver quem incorpora primeiro, bem típico desta linha.

Os "meninos" são em sua maioria mais bagunceiros, enquanto que as "meninas"são mais quietas e calminhas. Alguns deles incorporam pulando e gritando, outrosdescem chorando, outros estão sempre com fome, etc... Estas características, queas vezes nos passam desapercebido, são sempre formas que eles tem de exerceruma função específica, como a de descarregar o médium, o terreiro ou alguém daassistência.

Os pedidos feitos a uma criança incorporada normalmente é atendido de maneirabastante rápida. Entretanto a cobrança que elas fazem dos presentes prometidostambém é. Nunca prometa um presente a uma criança e não o dê assim que seupedido for atendido, pois a "brincadeira" (cobrança) que ela fará para lhe lembrardo prometido pode não ser tão "engraçada" assim.

MÉTODO DE TRABALHO DOS MENTORES ESPIRITUAIS

Cada guia tem sua forma de restituir a saúde aos encarnados, normalmente se utilizam de meiosdos quais já se utilizavam quando encarnados, mas de forma muito mais eficiente, pois apóschegarem ao plano espiritual puderam aprimorar tais conhecimentos. Além disso esses espíritosaprenderam a desenvolver a visão espiritual, através da qual podem fazer uma melhor anamnese

(diagnóstico) dos males do corpo e da alma.

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Aliados aos seus próprios métodos individuais eles se utilizam de tratamentos feitos pelas equipesespirituais ou ministrados pelos encarnados com auxílio do plano espiritual.

Alguns deles são:

Cirurgia Espiritual

É realizada pelo mentor de cura incorporado ao médium. E envolve a manipulação do corpo físicoatravés das mãos do médium, podendo ou não haver a utilização de meios cirúrgicos elementares(cortes, punções, raspagens, etc...). O maior representante deste método de trabalho no Brasil éo espírito do Dr. Fritz, mas este método é utilizado em diversas culturas e religiões.

Cirurgia Perispiritual É realizada diretamente no perispírito do paciente, com ou sem a colaboração de um médiumpresente, costuma ser realizada por uma equipe espiritual designada especificamente para cadacaso e ser feita em dia e horário pré determidados.

Visita Espiritual É realizada por uma equipe espiritual, que visita o paciente no local onde ele estiver repousando,também com um dia e hora predeterminados. Na visita, darão passes, farão orações, etc...

Cromoterapia É indicada pelos mentores de cura e aplicada por médiúns que conheçam o método de aplicação.Atua no corpo físico e no duplo etérico. Muito utilizado para males de origem emocional.

Fluidoterapia É indicada pelos mentores de cura e aplicada por médiúns que conheçam o método de aplicação.Atua no corpo físico e no perispírito.

Reiki É indicada pelos mentores de cura e aplicada por médiúns que conheçam o método de aplicação.Atua no corpo físico e no duplo etérico. Muito utilizada para males de origem emocional oupsíquica e para realinhamento de chacras.

Homeopatia Indicada e receitada pelos mentores espirituais. As fórmulas são feitas normalmente porlaboratório de manipulação homeopáticos. E devem ser tomados de acordo com o determinado.

Outros Fora estes tratamentos, também podem ser utilizados, florais de Bach, cristaloterapia, chás,aromaterapia, acumpuntura, do-in, etc...

Em alguns casos os guias também indicam dietas, alimentos a serem evitados ou ingeridos paramelhoria da saúde geral.

TRABALHANDO COM MENTORES DE CURA

Os mentores de cura trabalham em diversas religiões, inclusive na Umbanda. São muito discretosem sua forma de se apresentar e trabalhar, e estas formas mudam de acordo com a religião oulocal em que irão atuar. São espíritos de grande conhecimento, seriedade e elevação espiritual.Alguns deles não demonstram muito sentimento mas mesmo assim têm muita vontade de ajudarao próximo, com o tempo tedem a evoluir também para um sentimento maior de amor aopróximo.

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São extremamente práticos, não aceitando conversas banais ou ficar se extendendo a assuntosque vão além de sua competência ou nos quais não podem interferir, pois não são guias deconsulta no sentido ao qual estamos habituados na Umbanda.

Para se ter uma idéia melhor, sua consulta seria o pólo oposto à consulta com um Preto Velho.Normalmente os pretos velhos dão consultas longas, cheias de ensinamentos de histórias,apelando bem para o lado emocional. Já os Mentores de Cura, se dirigem ao raciocínio, buscamfazer o encarnado compreender bem as causas de suas enfermidades e a necessidade de mudançanessas causas, bem como a necessidade de seguirem à risca os tratamentos indicados. Quandoprecisam passar algum ensinamento o fazem em frases curtas e cheias de significado, daquelasque dão margem à longas meditações.

São espíritos que quando encarnados foram: Médicos, Enfermeiros, Boticários, Orientais (queexercem sua própria medicina desde bem antes das civilizações ocidentais), Religiosos (monges,freis, padres, freiras, etc.), ou exerceram qualquer outra atividade ligada a cura das enfermidadesdos seres humanos, seja por métodos físicos, científicos ou espirituais.

O que curam e o que náo curam

Males Físicos

A maior parte dos males físicos de que os encarnados sofrem, são causados pelos maus hábitos,vícios e má alimentação. Os mentores nestes casos se utilizam das diversas terapias para a curamas principalmente esclarecem ao encarnado quanto a órigem de tais males, sugerindo dietas, oabandono ou diminuição dos vícios e mudança de hábitos. Nestes casos a cura definitiva só podeser obtida com a plena conscientização do paciente e com a sua força de vontate e compromissona obtenção do equilíbrio orgânico.

Males Mentais

Parte dos males mentais (depressão, angústia, apatia) são causados por obsessores, mas a maiorparte deles tem por origem a própria atitude mental do paciente. Pensamentos negativos atraemenergias negativas, que quando se tornam constantes e intensas podem se materializar no corpofísico na forma de doenças. Males como: úlceras, enchaquecas, hipertensão, problemas cardíacos,e até mesmo algumas formas de câncer podem ser provocados pela mente do pacinte, quandoesta se encontra tomada por pensamentos negativos.

Também neste caso os mentores além de indicarem os tratamentos apropriados, esclarecem aopaciente quanto a necessidade de mudar a atmosfera mental, com objetivo de não ficar atraindocontinuamente energias desequilibrantes, costumam também sugerir passeios por locais danatureza e o hábito da prece como forma de atrair energias novas e regeneradoras.

Males Kármicos

Os males kármicos se caracterizam por doenças incuráveis (fatais ou não) tanto pela medicinaalternativa, quanto por terapias alternativas ou por meios espirituais. Nestes casos o tratamentovisa o alívio do paciente ou ampará-lo emocionalmente para que sua atitude mental não tome orumo da revolta ou do desespero.

As doenças karmicas são males que escolhemos antes de encarnar como forma de resgatarmoserros passados. Típicos males kármicos são: Cegueira de nascença, mudez, Idiotia, Eplepsia,Sindrome de Down, Más-Formações do corpo físico, etc. Na maior parte são males de nascença,embora algumas doenças possam ter sido “programadas” para surgir em determinada época daencarnação.

Nestes casos os mentores não podem (e nem deveriam) curar o corpo, pois através dopadecimento deste é que o espírito está resgatando suas faltas e aprendendo valiosas lições parasua evolução e crescimento.

Males Espitituais

São aqueles causados pela atuação dos espíritos (obsessores, vampirizadores, etc.) e que serefletem no corpo físico. Nestes casos os mentores cuidam do corpo físico enquanto o paciente étratado também em sessões de desobsessão, descarrego, etc.

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Ou seja os mentores com as terapias à seu alcance minimizam e atenuam os males causados aocorpo físico enquanto o paciente é tratado na origem espiritual do mal de que sofre.

Quando o paciente se vê livre da presença espiritual nociva, os mentores costumam aindacontinuar com os tratamentos visando reparar os males que já haviam sido causados aoorganismo, até que ele retorne ao seu equilíbrio.

PRETO VELHO Não é uma forma de enganar ou má fé com relaçãoàqueles que acreditam, muito pelo contrário, quandose conversa sinceramente, eles mesmos nos dizemquem são, caso tenham autorização. Por isso, se vocêfor falar com um Preto Velho, tenha humildade e saibaescutar, não queira milagres ou que ele resolva seusproblemas, como em um passe de mágica, entendaque qualquer solução tem o princípio dentro de vocêmesmo, tenha fé, acredite em você, tenha amor aDeus e a você mesmo. Para muitos os Pretos Velhossão conselheiros mostrando a vida e seus caminhos;

para outros, são psicólogos, amigos, confidentes,mentores espirituais; para outros, são os exorcistasque lutam com suas mirongas, banhos de ervas,pontos de fogo, pontos riscados e outros, apoiadospelos exus desfazendo trabalhos. Também combatemas forças negativas (o mal), espíritos obssessores ekiumbas.

Os primeiros grupos de escravos negros que chegaramao Brasil, por Salvador e Recife, nos séculos XVI e

 XVII, e no estado do Rio de Janeiro, no século XVIII,furam os bantons, cabindos, sudaneses, iorubas, jejes,hancá, minas e malês, como mercadorias e objetos,sem direitos ou alma das grandes metrópoles do

 período colonial: Portugal, Espanha, Inglaterra, França, etc. Traficantes coloniais utilizavam-se de diversas técnicas para poder arrematar os negros:chegavam de assalto e prendiam os mais jovens e mais fortes da tribo, que viviam principalmenteno litoral oeste, no centro-oeste, nordeste e sul da África.

Trocavam por mercadorias: facas, bebidas, comidas etc.

Os cativos de uma tribo que fora vencida. em guerras tribais. corrompiam os chefes da tribo efinanciavam as guerras e fazia dos vencidos futuros escravos. A valorização do tráfico negreiro, fonte de riqueza colonial, custou muito caro, pois do século XVao XIX, a África perdeu, entre escravizados e mortos, um total de 65 a 75 milhões de pessoas, eestas constituíam uma parte selecionada da população africana. Arrancados sem respeito de sua

terra natal, uma vida amarga e penosa esperava esses homens e mulheres na colônia:trabalhando sol a sol nas grandes fazendas de açúcar. Tanto esforço era, que os africanos aqui chegados duravam em média de 7 a 10 anos, reagiam atantos tormentos, suicidando-se, evitando a reprodução e assassinando feitores capitães-do-matoe proprietários.

A "macumba" era, e ainda é, um ritual de liberdade, protesto, reação a opressão. As rezas,batucadas, danças e cantos eram maneiras de aliviar a asfixia da escravidão. A resistênciatambém acontecia nas fugas das fazendas e na formação dos quilombos, onde os negros tentaramreconstituir sua vida africana. Um dos maiores quilombos foi o Quilombo dos Palmares, ondereinou Ganga Zumba ao lado de seu guerreiro Zumbi, protegido de Ogum.

Esses negros, aos poucos, conseguiram envelhecer e constituir, mesmo de maneira precária, umaunião representativa da língua e culto aos Orixás e aos antepassados e tornaram-se um elementode referência para os mais novos, refletindo os velhos costumes de sua terra de origem.Conseguiram preservar, através do sincretismo, sua cultura e religião.

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 Os negros que se adaptavam à nova situação recebiam tarefas mais especializadas: reprodutores,tocheiros e trabalhadores na casa grande; e outros por dedicação e fidelidade ganhavam alforriapelo seu senhores ou pela Lei do Sexagenário, Lei do Ventre-Livre e, enfim, a Lei Áurea. *******************************************************************A MENSAGEM DOS PRETOS-VELHOS

A figura do Preto Velho é um símbolo magnífico. Ela representa o espírito de humildade, deserenidade e de paciência que devemos ter sempre em mente para que possamos evoluirespiritualmente. Certa vez, em um centro do interior de Minas, uma senhora consultando-se comum Preto-Velho comentou que ficava muito triste ao ver no terreiro pessoas unicamenteinteressadas em resolver seus problemas particulares de cunho material, usando os trabalhos deUmbanda sem pensar no próximo e, só retornavam ao terreiro, quando estavam com outrosproblemas. O Preto Velho deu uma baforada com seu cachimbo e respondeu tranquilamente:"Sabe filha, essas pessoas preocupadas consigo próprias, são escravas do egoísmo. Procuramosajudá-las, resolvendo seus problemas; mas, aquelas que podem ser aproveitadas, depois dealgum tempo, sem que percebam, estarão vestidas de roupa branca, descalças, fazendo parte doterreiro. Muitas pessoas vem aqui buscar lã e saem tosqueadas; acabam nos ajudando nostrabalhos de caridade". Essa é a sabedoria dos Pretos Velhos... Os Pretos Velhos levam a força deDeus (Zambi) a todos que queiram aprender e encontrar uma fé. Sem ver a quem, sem julgar, ou

colocando pecados. Mostrando que o amor a Deus, o respeito ao próximo e a si mesmo, o amorpróprio, a força de vontade e encarar o ciclo da reencarnação podem aliviar os sofrimentos dokarma e elevar o espírito para a luz divina. Fazendo com que as pessoas entendam e encaremseus problemas e procurem suas soluções da melhor maneira possível dentro da lei do dharma eda causa e efeito. Eles aliviam o fardo espiritual de cada pessoa fazendo com que ela se fortaleçaespiritualmente. Se a pessoa se fortalece e cresce consegue carregar mais comodamente o pesode seus sofrimentos. Ao passo que se ela se entrega ao sofrimento e ao desespero enfraquece esucumbe por terra pelo peso que carrega. Então cada um pode fazer com que seu sofrimentodiminua ou aumente de acordo como encare seu destino e os acontecimentos de sua vida: "Cadaum colherá aquilo que plantou. Se tu plantaste vento colherás tempestade. Mas, se tu entenderesque com luta o sofrimento pode tornar-se alegria vereis que deveis tomar consciência do que fosteteu passado aprendendo com teus erros e visando o crescimento e a felicidade do futuro. Nãosejais egoísta, aquilo que te fores ensinado passai aos outros e aquilo que recebeste de graça, degraça tu darás. Porque só no amor, na caridade e na fé é que tu podeis encontrar o teu encontrarinterior, a luz e DEUS"(Pai Cipriano).

****************************************************** CARACTERISTICAS DOS PRETOS VELHOS Irradiação - todos os Pretos Velhos vem na linha das Almas, mas cada um vem na irradiação deum Orixá diferente.Fios de Contas (Guias) - muitos dos Pretos Velhos Gostam de Guias com Contas de Rosário deNossa Senhora, alguns misturam favas e colocam Cruzes ou Figas feitas de Guiné ou Arruda.Roupas - preta e branca; carijó (xadrez preto e branco). As Pretas Velhas às vezes usam lenços nacabeça e/ou batas; e os Pretos Velhos às vezes usam chapéu de palha.Bebida - café preto, vinho tinto, chá, vinho moscatel, cachaça com mel (às vezes misturam ervas,sal, alho e outros elementos na bebida).

Dia da semana - segunda-feiraChakra atuante - básico ou sacroCor representativa - preto e branco;Fumo - cachimbos ou cigarros de palha.Obs: os Pretos Velhos às vezes usam bengalas ou cajados.*******************************************************************COZINHA RITUALÍSTICA Tutu de feijão pretoMingau das almasÉ um mingau feito de maizena e leite de vaca (às vezes com leite de coco), sem açúcar ou sal,colocado em tigela de louça branca. É comum colocar-se uma cruz feita de fitas pretas sobre essemingau, antes de entregá-lo na natureza.Bolinhos de tapioca

Os bolinhos de tapioca são feitos colocando-se a tapioca de molho em água quente (ou leite decoco, se preferir), de modo a inchar. Quando inchado, enrole os bolinhos em forma de croquete e

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passe-os em farinha de mesa crua. Asse na grelha. Colocar os bolinhos em prato de louça brancapodendo acrescentar arruda, rapadura, fumo de rolo, etc.

(Fonte: http://www.assemacuritiba.com) ***********************************************************HISTÓRIAS DE PAI PRETO

  “São muitas as lembranças da minha encarnação como escravo em uma fazenda de café nointerior paulista. O som da chibata, os gritos dos feitores que saíam à caça dos escravos fugidos,as amas de leite obrigadas a amamentar os filhos da sinhá. Lembranças pungentes de muitosofrimento. Quando a princesa Izabel assinou a Lei Áurea, eu estava velho e muito doente.

A senzala era o único lugar onde o negro conseguia ser livre. Minha história de vida foi muitotriste, mas aprendi muito. O sinhô era um homem muito refinado e não me tratava mal, mas asinhá era uma mulher muito infeliz. Seu coração cheio de fel não sabia amar. Era temida edetestada. Por muito pouco mandava chicotear os escravos da senzala e o sinhô fazia todas suasvontades. Negrinhos eram afastados das suas mães, velhos escravos iam para o tronco e asescravas caseiras tremiam com as ordens da caprichosa sinhá. Eu não me queixava e jamaiscultivei o ódio e a vingança. Alguns escravos odiavam os senhores com todas as forças até àmorte. No plano espiritual, continuavam a perseguição perturbando os senhores com a força da

magia negra e da vingança. Como é bom ser bom! Como é triste ser mau! Quantas lágrimas esofrimentos os senhores plantaram através de suas atitudes. No entanto, todos caminharemospara a Eterna Felicidade! O caminho mais sublime é o Amor, mas alguns só evoluem através daDor!

Eu era forte e jovem, mas quando meu grande amor foi vendido, capricho da sinhá, minha saúdenunca mais foi a mesma. Minha vida mudou bastante e o meu consolo eram as rezas. Jamaiscultivei a revolta ou a vingança. Os Orixás me davam a paz e o consolo para suportar as provasdaquela encarnação.Pior que a escravidão os grilhões da maldade e do preconceito. Muito pior que nosso sofrimentoera o peso dos pecados daqueles que oprimiam seus irmãos de cor.

No dia 13 de maio, a alforria! No entanto, as lembranças marcaram minha vida para sempre. Foiminha encarnação mais proveitosa. Nessa vida de martírios, cultivei a renúncia e a humildade.Quando desencarnei, meu grande amor estava à minha espera. A linda escrava que eu amei e foivendida já estava no Plano Espiritual ansiosa pelo meu retorno. Somos todos irmãos! Somos todosiguais!

Muito tempo se passou e agora estou novamente na Terra. Não como espírito encarnado, mascomo pai velho trabalhando nos terreiros de Umbanda. Minha vestimenta astral é a de pretovelho. Escolhi essa missão para estar mais perto dos meus filhos de fé. Muitos precisam delibertação, da alforria da paz e da fé. Essa é a missão dos pretos velhos! Conselho, resignação,amor e paz! Limpar com a fumaça do cachimbo os miasmas do mal e da doença.

Aceitei essa tarefa sublime por muito amar a Humanidade. Conheci o sofrimento, a humilhação e apobreza.Minha mensagem é de libertação! Filho de fé liberte-se dos grilhões do orgulho e do egoísmo. Sevocê está sofrendo, não desanime! Confie no Pai Oxalá que tudo vê e tudo sabe! Faça sua parteno aprimoramento espiritual e na reformulação das suas atitudes. Liberte-se das vibrações

negativas do desânimo, da tristeza e do pessimismo. Ame a Terra! Colabore para que esse Planetamelhore cada vez mais e seja um grande Lar de Amor! Liberte-se do peso da angústia através doAmor! Perdoe seus inimigos, porque Oxalá é o exemplo de Perdão e Misericórdia! Desejo queOxalá o ilumine hoje e sempre! Nascemos para vencer e evoluir! Nascemos para conviver comAmor e tolerância! Somos todos irmãos! Nascemos para cumprir apenas uma passagem! Averdadeira vida é a vida espiritual!” Pai João das Almas (Mensagem psicografada por Sandra) *******************************************************************METODO DE TRABALHO DOS PRETOS VELHOS - esse é para o grandes autores Os pretos velhos utilizam as rezas e os benzimentos. Seus benzimentos com a fumaça docachimbo limpam a aura dos filhos de fé. Os pais velhos não são viciados no fumo. Os pais velhosevoluídos não precisam do fumo e nem do cachimbo no Plano Espiritual. Ao fumarem seus

cachimbos veiculam com a fumaça fortes vibrações que limpam a Aura, desagregando asvibrações negativas que poderiam trazer doenças e sérias perturbações aos filhos de fé. O pai

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velho sabe como manipular a fumaça de um cachimbo. São vários os graus da evolução de umpreto velho. No entanto, todos caminham para a Sabedoria Maior.

Suas mirongas são poderosas. Através do singelo oferecimento do café ou do vinho, os pretosvelhos magnetizam a bebida com elementos para a cura e alívio dos filhos de fé. Espíritosevoluídos não tem necessidades materiais. Não precisam tomar café, vinho ou pinga. Se algunspais velhos utilizam o café ou vinho é por que tem alguma finalidade superior. Estou falando dos

pretos velhos evoluídos e sábios.

O médium de Umbanda tem que se aprimorar cada vez mais para ser um instrumento fiel dossábios pretos velhos.Ouvir a voz paciente do médium incorporado com seu preto velho, receber seu benzimento trazalívio e reconforto. Os pais velhos benzem crianças com ramos de arruda e alecrim.

Como homenagear os queridos pretos velhos no dia 13 de maio? Faça uma prece singela ouacenda uma vela branca. Mantenha sempre uma vibração de paz e concórdia. Ame e compreendaseus irmãos e se liberte dos véus da ignorância e do egoísmo. Não há felicidade suprema semtransformação para o Bem!

Saiba conversar com o preto velho! Não o escravize novamente com pedidos egoístas oumaldosos. Lembre-se da lei da Caridade!

Confie! Oxalá colocou em nosso caminho a serena e experiente proteção dos pretos velhos paranossa libertação!Bibliografia: Umbanda- a Proto-Síntese Cósmica, Terceira Edição Ampliada, Editora Ícone-Francisco Rivas Neto (Mestre Arapiaga)- pág. 308 a 320.Sandra Cecília*******************************************************************AS SETE LÁGRIMNAS DE UM PRETO VELHO Num cantinho de um terreiro, sentado ao seu banquinho, um triste preto velho chorava...De seus olhos molhados, esquisitas lágrimas desciam pela face, e não sei porque, contei-as: eramsete.Na incontida vontade de saber, aproximei-me e o interroguei:Fala meu preto velho, porque externas assim tão terrível dor?E ele suavemente, me contou:Estás vendo estas pessoas que entram e saem?As lágrimas contadas são para cada uma delas.A 1ª filho, eu dei a estes indiferentes, que aqui vem em busca de distração, e saem por aí,ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não conseguem conceber...A 2ª filho, a estes eternos duvidosos, que acreditam desacreditando, na expectativa mentirosa deum milagre, que os faça alcançar seus próprios merecimentos, e me negam.A 3ª filho, distribui aos maus, àqueles que somente usam a Umbanda em busca de vingança,desejando sempre prejudicar o seu semelhante...A 4ª aos frios e calculistas que sabem que existe uma força espiritual e procuram beneficiar-sedela, de qualquer forma, e se esquecem da palavra gratidão.A 5ª filho, chega suave, tem o riso, o elogio da flor dos lábios, mas se olharem fundo nos olhos,verão escrito: creio na Umbanda, nos teus caboclos e no teu Zambi, mas somente se me curaremdisto ou daquilo...A 6ª eu dei aos fúteis, que vão de centro em centro não acreditando em nada, buscam aconchego

e conchavos, e seus olhos revelam um interesse diferente.A 7ª filho, notas como foi grande e como deslizou pesada?Foi a última lágrima, aquela que vive nos olhos de todos os orixás...Fiz doação desta para os médiuns vaidosos, que só aparecem no centro em dia de festa, e faltamàs doutrinas... esquecem que existem tantas pessoas precisando de carinho e atenção e tantascriancinhas precisando de amparo material e espiritual. Assim, filho, foi para estes todos que vistes cair uma a uma , as sete lágrimas de um preto velho. (Poema autor desconhecido)TRABALHANDO COM PRETO VELHO

Quando se fala em preto-velho, estamos falando de uma grande linha, ou seja, uma grande faixavibratória onde espíritos afins se "encaixam" para cumprirem sua missão.

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Esses espíritos foram ex-escravos e negros africanos que não chegaram a serescravos. Constam também dessa linha espíritos que não foram escravos nemnegros africanos, mais que por afinidade escolheram a Umbanda para cumpriremsua missão.

O termo "Velho", "Vovô" e "Vovó" é para sinalizar sua experiência, pois quando

pensamos em alguém mais velho, como um vovô ou uma vovó subentendemos queessa pessoa já tenha vivido muito mais tempo. Adquirindo assim mais coisas paracontar e passar, principalmente essa mesma pessoa já viveu o suficiente para teraprendido a ter paciência, compreensão, menos ansiedade para a vida. É baseadonesses fatores que as pessoas mais velhas aconselham.

No mundo espiritual é bastante semelhante. A grande característica dessa linha é oconselho. É devido a esse fator que carinhosamente dissemos que são os"Psicólogos da Umbanda".

Suas vestimentas e apetrechos são bem simples, não necessitam de muitosartifícios para trabalhar, necessitam apenas contar com a atenção e a concentraçãodo seu médium durante a consulta. Usam cachimbo, lenços, toalhas e as vezesfumo de rolo e cigarro de palha.

Sua forma de incorporação é compacta, sem dançar ou pular muito. A vibraçãocomeça com um "peso" nas costas e uma inclinação de tronco para frente, e os pésfixados no chão. Se locomovem apenas quando incorporam para as saudaçõesnecessárias (atabaque, gongá e Babá) e depois sentam e praticam sua caridade.Podemos encontrar alguns que se mantém em pé.

É possível ver Preto-Velhos dançando, mais esse dançando é sutíl, apenas commovimentos dos ombros ou quando sentados, com as pernas.

Essa simplicidade se expande, tanto na sua maneira de ser e de falar. Usamvocabulário simples, sem palavras rebuscadas. Sua maneira carregada de falar épara dar idéia de antiguidade.

Além disso os Preto-Velhos nos ajudam a enxergar que a prática da caridade, évital para nossa evolução espiritual.

A linha é um todo, com suas características gerais, ditas acima, mais como cadamédium possui uma coroa diferente, isso determina as diferenças entre os Preto-Velhos.

Essas diferenças ocorrem porque Preto-velhos são trabalhadores de orixás e trazempara sua forma de trabalho a essência daquela força da natureza para quem elestrabalham.

Essas diferenças são primeiramente evidenciadas na maneira de incorporação.

Não é só na forma física que devemos observar as diferenças, mais também amaneira de trabalhar e a especialidade dele.

CARACTERÍSTICAS DE ZÉ PILINTRAOs malandros têm como principal característica de identificação, a malandragem, o amor pelanoite, pela música, pelo jogo, pela boemia e uma atração pelas mulheres (principalmente pelas

prostitutas, mulheres da noite, etc...). Isso quer dizer que em vários lugares de culturas ecaracterísticas regionais completamente diferentes, sempre haverá um malandro. O malandro dePernambuco, dança côco, xaxado, passa a noite inteira no forró; no Rio de Janeiro ele vive na

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Lapa, gosta de samba e passa suas noites na gafieira. Atitudes regionais bem diferentes, mas quemarcam exatamente a figura do malandro.No Rio de Janeiro aproximou-se do arquétipo do antigo malandro da Lapa, contado em histórias,músicas e peças de teatro. Alguns quando se manifestam se vestem a caráter. Terno e gravatabrancos. Mas a maioria, gosta mesmo é de roupas leves, camisas de seda, e justificam o gostolembrando que: “a seda, a navalha não corta”. Navalha esta que levavam no bolso, e quandobrigavam, jogavam capoeira (rabos-de-arraia, pernadas), às vezes arrancavam os sapatos e

prendiam a navalha entre os dedos do pé, visando atingir o inimigo. Bebem de tudo, da Cachaçaao Whisky, fumam na maioria das vezes cigarros, mas utilizam também o charuto. São cordiais,alegres, dançam a maior parte do tempo quando se apresentam, usam chapéus ao estilo Panamá.Podem se envolver com qualquer tipo de assunto e têm capacidade espiritual bastante elevadapara resolvê-los, podem curar, desamarrar, desmanchar, como podem proteger e abrir caminhos.Têm sempre grandes amigos entre os que os vão visitar em suas sessões ou festas.Existem também as manifestações femininas da malandragem, Maria Navalha é um bom exemplo.Manifesta-se como características semelhantes aos malandros, dança, samba, bebe e fuma damesma maneira. Apesar do aspecto, demonstram sempre muita feminilidade, são vaidosas,gostam de presentes bonitos, de flores principalmente vermelhas e vestem-se sempre muito bem.

Ainda que tratado muitas vezes como Exu, os Malandros não são Exus. Essa idéia existe porquequando não são homenageados em festas ou sessões particulares, manifestam-se tranqüilamentenas sessões de Exu e parecem um deles. Os Malandros são espíritos em evolução, que após um

determinado tempo podem (caso o desejem) se tornarem Exus. Mas, desde o início trabalhamdentro da linha dos Exus.Pode-se notar o apelo popular e a simplicidade das palavras e dos termos com os quais sãocompostos os pontos e cantigas dessas entidades. Assim é o malandro, simples, amigo, leal,verdadeiro. Se você pensa que pode enganá-lo, ele o desmascara sem a menor cerimônia nafrente de todos. Apesar da figura do malandro, do jogador, do arruaceiro, detesta que façam malou enganem aos mais fracos. Salve a Malandragem!Na Umbanda o malandro vem na linha dos Exus, com sua tradicional vestimenta: Calça Branca,sapato branco (ou branco e vermelho), seu terno branco, sua gravata vermelha, seu chapéubranco com uma fita vermelha ou chapéu de palha e finalmente sua bengala.Gosta muito de ser agradado com presentes, festas, ter sua roupa completa, é muito vaidoso, temduas características marcantes:Uma é de ser muito brincalhão, gosta muito de dançar, gosta muito da presença de mulheres,gosta de elogiá-las ,etc...Outra é ficar mais sério, parado num canto assim como sua imagem, gosta de observar omovimento ao seu redor mas sem perder suas características.Às vezes muda um pouco, pede uma outra roupa, um terno preto, calças e sapatos tambémpretos, gravata vermelha e às vezes até cartola. Em alguns terreiros ele usa até uma capa preta.E outra característica dele é continuar com a mesma roupa da direita, com um sapato de cordiferente, fuma cigarros, cigarilhas ou até charutos, bebe batidas, pinga de coquinho, marafo,conhaque e uísque, rabo-de-galo; é sempre muito brincalhão, extrovertido.Seu ponto de força é na subida de morros, esquinas, encruzilhadas e até em cemitérios, pois eletrabalha muito com as almas, assim como é de característica na linha dos pretos velhos e exus.Sua imagem costuma ficar na porta de entrada dos terreiros, pois ele também toma conta dasportas, das entradas, etc...É muito conhecido por sua irreverência, suas guias podem ser de vários tipos, desde coquinhoscom olho de Exu, até vermelho e preto, vermelho e branco ou preto e branco.

REINOS DE EXU NA KIMBANDAA kimbanda têm sete reinos, sendo sua organização uma remanescensa das organizações tribaisem reinos na Africa banto. Cada Reino é composto por nove povos de Exu, sendo que cada povo écomandado por um Exu-Chefe.

1) Reino das Encruzilhadas - Que sendo chefiado por Exu Rei das Sete Encruzilhadas e PombagiraRainha das Sete Encruzilhadas, governa todas as passagens dos Exu que ali trabalham. Suafunção principal é abrir os caminhos para os outros Guias chegarem e também para os filhos efregueses.2) Reino dos Cruzeiros - Chefiado por Exu Rei dos Sete Cruzeiros e Pombagira Rainha dos SeteCruzeiros, governa todas as passagens dos Exu que trabalham nos cruzeiros (não confundir comencruzilhada).3) Reino das Matas - Chefiado por Exu Rei das Matas e Pombagira Rainha das Matas. Governatodos os Exu que trabalham nos verdes ou locais que tenham árvores a exceção do Cemitério, quepertence a outro reino.

4) Reino da Kalunga Pequena ( Cemitério) Governado por Exu Rei das Sete Calungas ou Kalungase Pombagira Rainha das Sete Kalungas. Esses Exu também são chamados pêlo nome de Rei eRainha do Cemitérios. Geralmente quando diz-se "calunga" nas giras de kimbanda é para nomear

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ao cemitério. Trabalham neste reino todos os Exu que moram dentro dos cemitériosexclusivamente.5) Reino das Almas - Chefiado por Exu Rei das Almas Omulu e Pombagira Rainha das Almas. Elestambém são conhecidos pêlo apelo de Rei e Rainha da Lomba, porque governam todos os exu quetrabalham em locais altos. Porém, os Exu deste reino também trabalham em hospitais, morgues,etc.6) Reino da Lira - Os chefes deste reino são muito mais conhecidos por seus nomes sincréticos:

Exu Lúcifer e Maria Padilha, sendo na verdade seus nomes kimbandeiros Exu Rei das Sete Liras eRainha do Candomblé (ou Rainha das Marias). Seus apelos kimbandeiros mostram justamente suaafinidade pela dança, a musica e a arte ( lira e candomblé. Dentro do reino da Lira, que tambémas vezes é chamado "reino do candomblé" não pêlo culto africanista aos orixás, senão por ser essapalavra sinônimo de dança e música ritual. Trabalham aqui todos os Exu que tem que ver com aarte, a musica, poesia, bohemia, ciganeria, malandragem, etc.7) Reino da Praia - Governado por Exu Rei da Praia e Rainha da Praia. Dentro dele encontram-setodos os Exu que trabalham nas praias, perto d'agua o ainda dentro dela, podendo ser salgada oudoce.

POMBA GIRAChamada de Pombagira, Bombogira, Exu-mulher ou ainda Bomobonjira é conhecida a Entidadefeminina da kimbanda. Esta forma de chamar para Ela é sem lugar a dúvidas pela influência banta(Angola). A Entidade banta Aluvaiá-Pombagira foi então submetida à Entidade iorubana Exu,sendo colocada como sua mulher.Em kimbanda, devemos dizer que a Pombagira representa o poder feminino feiticeiro, comparávelcom as Iyami Oxorongá dos iorubas. Ela pôde ter muitos maridos, que tornam-se seus "escravos"ou empregados. Na conceição da kimbanda, todas as Entidades são duplas, é dizer, cada umadelas pôde se apresentar em baixo da aparência de homem ou mulher. Por seu lado, os Exu-homens podem ter muitas mulheres, as quais passam a ser suas escravas ou empregadas. Émuito comum usar o número 7 (sete) para dizer quantas mulheres ou homens pôde ter umaEntidade, isso é assim, por ser um numero cabalístico e mágico.Cada Exu-homen da kimbanda tem sua parte feminina ou contrapartida, que na verdade são amesma Energia em baixo de aparências distintas, temos assim: Exu Rei das Encruzilhadas /Pombagira Rainha das Encruzilhadas; Exu das Matas / Pombagiras das Matas; Exu Giramundo /Pombagira Giramundo; Exu do Cravo Vermelho / Pombagira da Rosa Vermelha; Exu Mulambo /Pombagira Maria Mulambo; Exu Sete Capas / Pombagira Sete Saias; Exu 7 Estrelas / Pombagira 7

Estrelas; etc.Cada pessoa têm pêlo menos uma parelha de Exu que age e mora perto dela desde o dia donascimento. Que um homem tenha como Guia uma Pombagira ( que incorpore nele ) não querdizer que ele vai-se tornar homossexual, ou vai mudar seu gosto pelas mulheres, como muitospensam; nada disso, ele vai seguir sendo o mesmo homem de sempre. O mesmo é para asmulheres que tiverem um Exu. Isso é para os casos onde puxa-se somente uma das duasEntidades da kimbanda que possui cada um como mínino, pois existem muitas casas onde sãopuxadas as dois (Exu-homen e Pombagira), sendo que tampouco Elos vão influir na definiçãosexual da pessoa. O que acontece é que muitos se aproveitam para votar as culpas em Exu. Podeacontecer também que alguma pessoa tenha duas pombagiras e dois exus, uma parelha de exusque estava submetida aos espíritos evangelizados e que logo após foi liberada, e uma parelha deexus que se apresentou sem estar em baixo do comando da umbanda.Quando incorporada no cavalo, a pombagira mostra-se quase sempre bonita, feminina, amável,elegante, sedutora, mais também tem vidência, é certeira e sempre têm algum conselho para

aqueles que estão sofrendo por um amor. Ela gosta das bebidas suaves : vinhos doces, licores,cidra, champagne, anis, etc. E gosta dos cigarros e cigarrilhas de boa qualidade, assim comotambém lhe atrai o luxo, o brilho e o destaque. Usa sempre muitos colares, aneis, brincos,pulseiras, etc. Sendo que existem muitos milhares de pombagiras, e que cada uma tem suaprópria pessoalidade, torna-se muito difícil uma descrição geral.Suas oferendas levam ovos, maçãs, morangos, perfumes, pentes, espelhos, flores (especialmenterosas - nunca botões), bebidas, cigarros, etc.As principais pombagiras em ordem jerarquica são as correspondentes aos sete passagens darepresentação feminina de Exu Rei, Pombagira Rainha, após temos 63 pombagiras chefas, sendocada uma delas a contrapartida de algum dos Exu chefes que já apresentamos na parte ondefalamos dos povos de Exu.As funções principais de Pombagira es ajudar para os seus em todos os casos de amor, maistambém é usada a sua força para desmanchar feitiços, para pedir proteção e curar doenças varias.

POVO DE EXU NA KIMBANDAEm cada reino existem 9 povos, sendo um total de 63 povos de Exu. A seguir oferecemos umlistado com os povos que pertencem a cada reino.

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REINO DAS ENCRUZILHADAS.1) Povo da Encruzilhada da Rua.- Chefe Exu Trancaruas2) Povo da Encruzilhada da Lira.- Chefe Exu Sete Encruzilhadas3) Povo da Encruzilhada da Lomba.- Chefe Exu das Almas4) Povo da Encruzilhada dos Trilhos.- Chefe Exu Marabô5) Povo da Encruzilhada da Mata.- Chefe Exu Tirirí.

6) Povo da Encruzilhada da Kalunga.- Chefe Exu Veludo7) Povo da Encruzilhada da Praça.- Chefe Exu Môrcego8) Povo da Encruzilhada do Espaço .- Chefe Exu Sete Gargalhadas9) Povo da Encruzilhada da Praia- Chefe Exu Mirim.

REINO DOS CRUZEIROS1) Povo do Cruzeiro da Rua.- Chefe Exu Tranca Tudo2) Povo do Cruzeiro da Praza.- Chefe Exu Kirombó3) Povo do Cruzeiro da Lira.- Chefe Exu Sete Cruzeiros4) Povo do Cruzeiro da Mata.- Chefe Exu Mangueira5) Povo do Cruzeiro da Kalunga.- Chefe Exu Kaminaloá6) Povo do Cruzeiro das Almas.- Chefe Exu Sete Cruzes7) Povo do Cruzeiro do Espaço.- Chefe Exu 7 Portas8) Povo do Cruzeiro da Praia.- Chefe Exu Meia Noite

9) Povo do Cruzeiro do Mar.- Chefe Exu Karunga (kalunga grande)REINO DAS MATAS1) Povo das Árvores .- Chefe Exu Quebra Galho2) Povo dos Parques .- Chefe Exu das Sombras3) Povo da Mata da Praia.- Chefe Exu das Matas4) Povo das Campinas.- Chefe Exu das Campinas5) Povo das Serranias.- Chefe Exu da Serra Negra6) Povo das Minas.- Chefe Exu Sete Pedras7) Povo das Cobras.- Chefe Exu Sete Cobras8) Povo das Flores .- Chefe Exu do Cheiro9) Povo da Sementeira.- Chefe Exu Arranca Toco

REINO DA KALUNGA.1) Povo das Portas da Kalunga.- Chefe Exu Porteira2) Povo das Tumbas.- Chefe Exu Sete Tumbas3) Povo das Catacumbas.- Chefe Exu Sete Catacumbas4) Povo dos Fornos.- Chefe Exu da Braza5) Povo das Caveiras.- Chefe Exu Caveira6) Povo da Mata da Kalunga.- Chefe Exu Kalunga (conhecido també como Exu dos Cemitérios)7) Povo da Lomba da Kalunga.- Chefe Exu Corcunda8) Povo das Covas.- Chefe Exu Sete Covas9) Povo das Mirongas y Trevas.- Chefe Exu Capa Preta (conhecido também como Exu Mironga)

REINO DAS ALMAS1) Povo das Almas da Lomba - Chefe Exu 7 Lombas.2) Povo das Almas do Cativeiro- Chefe Exu Pemba.3) Povo das Almas do Velôrio- Chefe Exu Marabá.4) Povo das Almas dos Hospitáis.- Chefe Exu Curadô

5) Povo das Almas da Praia.- Chefe Exu Giramundo.6) Povo das Almas das Igrejas e Templos .- Chefe Exu Nove Luzes .7) Povo das Almas do Mato .- Chefe Exu 7 Montanhas.8) Povo das Almas da Kalunga .- Chefe Exu Tatá Caveira.9) Povo das Almas do Oriente.- Chefe Exu 7 Poeiras.

REINO DA LIRA1) Povo dos Infernos .- Chefiado por Exu dos Infernos2) Povo dos Cabarês.- Chefiado por Exu do Cabarê3) Povo da Lira.- Chefiado por Exu Sete Liras4) Povo dos Ciganos.- Chefiado por Exu Cigano5) Povo do Oriente.- Chefiado por Exu Pagão6) Povo dos Malandros.- Chefiado por Exu Zê Pelintra7) Povo do Lixo.- Chefiado por Exu Ganga

8) Povo do Luar.- Chefiado por Exu Malê9) Povo do Comércio.- Chefiado por Exu Chama Dinheiro.

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REINO DA PRAIA.1) Povo dos Rios.- Chefiado por Exu dos Rios.2) Povo das Cachoeiras.- Chefiado por Exu das Cachoeiras.3) Povo da Pedreira.- Chefiado por Exu da Pedra Preta.4) Povo do Marinheiros.- Chefiado por Exu Marinheiro.5) Povo do Mar.- Chefiado por Exu Marê.6) Povo do Lodo.- Chefiado por Exu do Lodo.

7) Povo dos Bahianos.- Chefiado por Exu Bahiano.8) Povo dos Ventos.- Chefiado por Exu dos Ventos9) Povo da Ilha.- Chefiado por Exu do Côco.

CARACTERÍSTICAS DE OBALUAÊ

Esta pesquisa se dedica ao Orixá da Doença ou Orixá da Varíola. Ambos os nomes surgem quandonos referimos à esta figura, seja Omolu seja Obaluaê. Para a maior parte dos devotos doCandomblé e da Umbanda, os nomes são praticamente intercambiáveis, referentes a um mesmoarquétipo e, correspondentemente, uma mesma divindade. Já para alguns babalorixás, porém, háde se manter certa distância entre os dois termos, uma vez que representam tipos diferentes domesmo Orixá.São também comuns as variações gráficas Obaluaê, Abalaú, Obaluaiê e Abaluaê.

Em termos mais estritos, Obaluaê é a forma jovem do Orixá Xapanã, enquanto Omolu é sua formavelha. Como porém, Xapanã é um nome proibido tanto no Candomblé como na Umbanda, nãodevendo ser mencionado pois pode atrair a doença inesperadamente, a forma Omolu é a que maisse popularizou e acabou sendo confundida não apenas com a forma mais velha do Orixá, mas comsua essência genérica em si. Esta distinção se aproxima da que existe entre as formas básica deOxalá: Oxalá (o Crucificado), Oxaguiã a forma jovem e Oxalufã a forma mais velha.

A figura de Omolu-Obaluaê, assim como seus mitos, é completamente cercada de mistérios edogmas indevassáveis. Em termos gerais, a essa figura é atribuído o controle sobre todas asdoenças, especialmente as epidêmicas. Faria parte da essência básica vibratória do Orixá tanto o

poder de causar a doença como o de possibilitar a cura do mesmo mal que criou.

Em algumas narrativas mais tradicionalistas tentam apontar-se que o conceito original dadivindade se referia ao deus da varíola, tal visão porém, nos parece uma evidente limitação. Avaríola não seria a única doença sob seu controle, simplesmente pôr ser a epidemia maisdevastadora e perigosa que conheciam os habitantes da comunidade original africana, onde surgiuOmolu-Obaluaê, o Daomé.

Assim, sombrio e grave como Iroco, Oxumarê (seus irmãos) e Nanã (sua Mãe), Omolu-Obaluaê éuma criatura da cultura jeje, posteriormente assimilada pelos iorubas. Enquanto os Orixásiorubanos são extrovertidos, de têmpera passional, alegres, humanos e cheios de pequenas falhasque os identificam com os seres humanas, a figuras daomeanas estão mais associadas a uma

visão religiosa em que distanciamento entre deuses e seres humanos é bem maior. Quando háaproximação, há de se temer, pois alguma tragédia está para acontecer, pois os Orixás do Daomésão austeros no comportamento mitológico, graves e conseqüentes em suas ameaças.

A visão de Omolu-Obaluaê é a do castigo. Se um ser humano falta com ele ou um filho-de-santoseu é ameaçado, o Orixá castiga com violência e determinação, sendo difícil uma negociação ouum aplacar, mais prováveis nos Orixás iorubas.

Pierre Verger, nesse sentido, sustenta que a cultura do Daomé é muito mais antiga que a ioruba,o que pode ser sentido em seus mitos: A antiguidade dos cultos de Omolu- Obaluaê e Nanã (Orixáfeminino), freqüentemente confundidos em certas partes da África, é indicada por um detalhe doritual dos sacrifícios de animais que lhe são feitos. Este ritual é realizado sem o emprego de

instrumentos de ferro, indicando que essas duas divindades faziam parte de uma civilizaçãoanterior à Idade do Ferro e à chegada de Ogum.

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Como parte do temor dos iorubas, eles passaram a enxergar a divindade (Omolu-Obaluaê) maissombria dos dominados como fonte de perigo e terror, entrando num processo que podemoschamar de malignidade de um Orixá do povo subjugado, que não encontrava correspondentecompleto e exato (apesar da existência similar apenas de Oçanhe). Omolu-Obaluaê seria oregistro da passagem de doenças epidêmicas, castigos sociais, já que atacariam toda umacomunidade de cada vez.

Existe uma grande variedade de tipos de Omolu-Obaluaê, como acontece praticamente com todosos Orixás. Existem formas guerreiras e não guerreiras, de idades diferentes, etc., mas resumidospelas duas configurações básicas do velho e do moço. A diversidade de nomes pode também noslevar a raciocinar que existem mitos semelhantes em diferentes grupos tribais da mesma região,

 justificando que o Orixá é também conhecido como Skapatá, Omolu Jagun, Quicongo, Sapatoi,Iximbó, Igui.- Justiça Social

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OBALUAÊ

Ao senhor da doença é relacionado um arquétipo psicológico derivado de sua postura na dança: senela Omolu-Obaluaê esconde dos espectadores suas chagas, não deixa de mostrar, pelossofrimentos implícitos em sua postura, a desgraça que o abate. No comportamento do dia-a-dia,tal tendência se revela através de um caráter tipicamente masoquista.

Pierre Verger define os filhos de Omolu como pessoas que são incapazes de se sentirem satisfeitasquando a vida corre tranqüila para elas. Podem até atingir situações materiais e rejeitar, um belodia, todas essas vantagens por causa de certos escrúpulos imaginários. São pessoas que, emcertos casos, se sentem capazes de se consagrar ao bem-estar dos outros, fazendo completaabstração de seus próprios interesses e necessidades vitais. 

No Candomblé, como na Umbanda, tal interpretação pode ser demais restritiva. A marca maisforte de Omolu-Obaluaê não é a exibição de seu sofrimento, mas o convívio com ele. Ele semanifesta numa tendência autopunitiva muito forte, que tanto pode revelar-se como uma grande

capacidade de somação de problemas psicológicos (isto é, a transformação de traumas emocionaisem doenças físicas reais), como numa elaboração de rígidos conceitos morais que afastam seusfilhos-de-santo do cotidiano, das outras pessoas em geral e principalmente os prazeres. Suainsatisfação básica, portanto, não se reservaria contra a vida, mas sim contra si próprio, uma vezque ele foi estigmatizado pela marca da doença, já em si uma punição.

Em outra forma de extravasar seu arquétipo, um filho do Orixá , menos negativista, pode apegar-se ao mundo material de forma sôfrega, como se todos estivessem perigosamente contra ele,como se todas as riquezas lhe fossem negadas, gerando um comportamento obsessivo em tornoda necessidade de enriquecer e ascender socialmente.

Mesmo assim, um certo toque do recolhimento e da autopunição de Omolu-Obaluaê serão visíveisem seus casamentos: não raro se apaixonam por figuras extrovertidas e sensuais (como a

indomável Iansã, a envolvente Oxum, o atirado Ogum) que ocupam naturalmente o centro dopalco, reservando ao cônjuge de Omolu-Obaluaê um papel mais discreto. Gostam de ver seuamado brilhar, mas o invejam, e ficam vivendo com muita insegurança, pois julgam o outro, fontede paixão e interesse de todos.

Assim como Oçanhe, as pessoas desse tipo são basicamente solitárias. Mesmo tendo um grandecírculo de amizades, freqüentando o mundo social, seu comportamento seria superficialmenteaberto e intimamente fechado, mantendo um relacionamento superficial com o mundo eguardando sua intimidade ara si própria. Não raro são pessoas que julgam. Ter característicasdetestáveis, que vivem criticando, motivo de vergonha. O filho do Orixá oculta sua individualidadecom uma máscara de austeridade, mantendo até uma aura de respeito e de imposição, de certomedo aos outros. Pela experiência inerente a um Orixá velho, são pessoas irônicas. Seuscomentários porém não são prolixos e superficiais, mas secos e diretos, o que colabora para aimagem de terrível que forma de si próprio.

Um último, mas importante detalhe; em diversas de suas lendas, o Orixá da varíola é apresentadocomo uma divindade que perdeu uma perna. Isso se refletiria em seus filhos como um defeito

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congênito em uma das pernas ou a tendência a sofrer, durante sua vida, por um problema derelativa gravidade em seus membros inferiores, a partir de quedas ou desastres que podem ounão ser curados e ultrapassados

CARACTERÍSTICAS DE OGUM

Divindade masculina ioruba, figura que se repete em todas as formas mais conhecidas damitologia universal. Ogum é o arquétipo do guerreiro. Bastante cultuado no Brasil, especialmentepor ser associado à luta, à conquista, é a figura do astral que, depois de Exu, está mais próximados seres humanos. Foi uma das primeiras figuras do candomblé incorporada por outros cultos,notadamente pela Umbanda, onde é muito popular. Tem sincretismo com São Jorge ou com SantoAntônio, tradicionais guerreiros dos mitos católicos, também lutadores, destemidos e cheios deiniciativa.

A relação de Ogum com os militares (é considerado o protetor de todos os guerreiros) tanto vemdo sincretismo realizado com São Jorge, sempre associado às forças armadas, como da sua figurade comandante supremo ioruba. Dizem as lendas que se alguém, em meio a uma batalha, repetirdeterminadas palavras (que são do conhecimento apenas dos iniciados), Ogum apareceimediatamente em socorro daquele que o evocou. Porém, elas (as palavras) não podem serusadas em outras circunstâncias, pois, tendo excitado a fúria por sangue do Orixá, detonaram um

processo violento e incontrolável; se não encontrar inimigos diante de si após te sido evocado,Ogum se lançará imediatamente contra quem o chamou.

Ogum não era, segundo as lendas, figura que se preocupasse com a administração do reino deseu pai, Odudua; ele não gostava de ficar quieto no palácio, dava voltas sem conseguir ficarparado, arrumava romances com todas as moças da região e brigas com seus namorados.

Não se interessava pelo exercício do poder já conquistado, por que fosse a independência a elegarantida nessa função pelo próprio pai, mas sim pela luta.

Ogum, portanto, é aquele que gosta de iniciar as conquistas mas não sente prazer em descansarsobre os resultados delas, ao mesmo tempo é figura imparcial, com a capacidade de calmamenteexercer (executar) a justiça ditada por Xangô. É muito mais paixão do que razão: aos amigos,tudo, inclusive o doloroso perdão: aos inimigos, a cólera mais implacável, a sanha destruidora

mais forte.

Segundo as pesquisas de Monique Augras, na África, Ogum é o deus do ferro, a divindade quebrande a espada e forja o ferro, transformando-o no instrumento de luta. Assim seu poder vai-seexpandindo para além da luta, sendo o padroeiro de todos os que manejam ferramentas:ferreiros, barbeiros, tatuadores, e, hoje em dia, mecânicos, motoristas de caminhões emaquinistas de trem. É, por extensão o Orixá que cuida dos conhecimentos práticos, sendo opatrono da tecnologia. Do conhecimento da guerra para o da prática: tal conexão continua válidapara nós, pois também na sociedade ocidental a maior parte das inovações tecnológicas vem

 justamente das pesquisas armamentistas, sendo posteriormente incorporada à produção deobjetos de consumo civil, o que é particularmente notável na industria automobilística, decomputação e da aviação.

Assim, Ogum não é apenas o que abre as picadas na matas e derrota os exércitos inimigos; étambém aquele que abre os caminhos para a implantação de uma estrada de ferro, instala umafábrica numa área não industrializada, promove o desenvolvimento de um novo meio detransporte, luta não só contra o homem, mas também contra o desconhecido.

É pois, o símbolo do trabalho, da atividade criadora do homem sobre a natureza, da produção e daexpansão, da busca de novas fronteiras, de esmagamento de qualquer força que se oponha à suaprópria expansão.

Tem, junto com Exu, posição de destaque logo no início de um ritual. Tal como Exu, Ogumtambém gosta de vir à frente. A força de Ogum está tanto na coragem de se lançar à luta como naobjetividade que o domina nesses momentos (e o abandona nos momentos de prazer e gozo).

É fácil, nesse sentido, entender a popularidade de Ogum: em primeiro lugar, o negro reprimido,longe de sua terra, de seu papel social tradicional, não tinha mais ninguém para apelar, senãopara os dois deuses que efetivamente o defendiam: Exu (a magia) e Ogum (a guerra); segundo

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Pierre Verger. Em segundo lugar, além da ajuda que pode prestar em qualquer luta, Ogum é orepresentante no panteão africano não só do conquistador mas também do trabalhador manual,do operário que transforma a matéria-prima em produto acabado: ele é a própria apologia doofício, do conhecimento de qualquer tecnologia com algum objetivo produtivo, do trabalhador, emgeral, na sua luta contra as matérias inertes a serem modificadas .

Ogum gosta do preto no branco, dos assuntos definidos em rápidas palavras, de falar diretamentea verdade sem ter de preocupar-se em adaptar seu discurso para cada pessoa.

Ogum gosta de dormir no chão, precisa que o corpo entre em contato sempre direto com anatureza e dispensa roupas elaboradas e caras, que possam ser complicadas de vestir ou queexijam muito espaço na mochila. Não tem compromisso com ninguém, nem com seus própriosobjetos.

A violência e a energia, porém não explicam Ogum totalmente. Ele não é o tipo austero, emborasério e dramático, nunca contidamente grave. Quando irado, é implacável, apaixonadamentedestruidor e vingativo; quando apaixonado, sua sensualidade não se contenta em esperar nemaceita a rejeição. Ogum sempre ataca pela frente, de peito aberto, como o clássico guerreiro.

Existem sete tipos diferentes de Ogum, mas Ogum Xoroquê merece um destaque específico, pois

é um Orixá masculino duplo, ou seja possui duas formas diferentes de manifestação. É associadoà irmandade e afinidade estreita de Ogum com Exu, pois passa seis meses do ano como Ogum eos outros como Exu, sendo considerado guerreiro feroz, irascível e imbatível

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OGUM

Não é dificíl reconhecer um filho de Ogum. Tem um comportamento extremamente coerente,arrebatado e passional, aonde as explosões, a obstinação e a teimosia logo avultam, assim comoo prazer com os amigos e com o sexo oposto.

Os homens e mulheres que têm Ogum como seu Orixá de cabeça, vão ter comportamentosdiferentes, de acordo com os segundos e terceiros Orixás que os influencia ajuntós (adjutores). De

qualquer forma , terão alguns traços comuns: são conquistadores, incapazes de fixar-se nummesmo lugar, gostando de temas e assuntos novos, conseqüentemente apaixonados por viagens,mudanças de endereço e de cidade. Um trabalho que exija rotina, tornará um filho de Ogum umdesajustado e amargo. São apreciadores das novidades tecnológicas, são pessoas curiosas eresistentes, com grande capacidade de concentração no objetivo em pauta; a coragem é muitogrande, a franqueza absoluta, chegando mesmo à falta de tato.

CARACTERÍSTICAS DE OXÓSSI

Numa visão antropológica, os Orixás são vibrações de energia, cada uma numa faixa própria, comas quais os seres humanos se identificam, o que justifica a existência de filhos de diferentesOrixás. Assim os filhos de Oxóssi, são aqueles cujo metabolismo básico e características depersonalidade herdadas geneticamente mais se identificam com uma matriz, o próprio Oxóssi, quese manifesta em ambientes como florestas cerradas, parques onde animais são preservados,espaços enfim, de contato entre o homem e os animais.

Numa visão teológica, os Orixás são divindades a serem respeitadas e cultuadas por seus filhos,que com eles entrariam em contato através de diferentes rituais disseminados na cultura tribalafricana e que no Brasil estão agrupados sob o rótulo de uma religião, a Umbanda e o Candomblé.Cada divindade possui lendas que justificam seu destino e principalmente o arquétipo decomportamento à ela associado.

A Umbanda cultuada no Brasil é uma síntese de diversas manifestações diferentes da África,unindo preceitos e práticas que no continente negro se manifestam em povos isolados.

Há porém, uma corrente predominante, a dos iorubas ou nagôs. Sua visão do mundo material e

sobrenatural foi a que mais se espalhou, tanto no centro-sul da África, como no Brasil, e os Orixásmais populares são dela originados. Os rituais Jeje, do Daomé (atual República do Benin), tambémencontraram espaço, principalmente porque tiveram de lutar contra mitos antagônicos dos

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iorubas; na verdade, o Daomé foi, há muitos séculos, dominado politicamente por um povo decivilização mais recente, os iorubas. Assim como Roma se comportou em relação aos mitosgregos, assimilando-os gradativamente e adaptando-os as suas próprias necessidades, os iorubasassimilaram usos, costumes e Orixás daomeanos, como Nanã, Iroco, Omolu e outros. Umadiferença, porém, sempre existiu para quem se propusesse a analisá-los.

Os mitos iorubas manifestavam grande vitalidade, envolvendo personalidades extrovertidas comoExu. Já os Orixás daomeanos são mais frios, vindos de uma cultura mais hierarquizada, onde osdeuses são vistos de maneira um pouco ameaçadora e coercitiva; não costumam ter o senso dehumor dos iorubas, sua flexibilidade, onde contendas difíceis às vezes são resolvidas por palavrashábeis. O mundo dos daomeanos é mais soturno, discreto, perigoso.

Nesse sentido, dois Orixás iorubas fogem da tradição básica: o mago Oçanhe, o solitário senhordas folhas, e Oxóssi, o caçador. Ambos são irmãos de Ogum na maior parte das lendas e possuemem comum o gosto pelo individualismo e o ambiente que habitam; a floresta virgem, as terrasverdes não cultivadas.

A floresta é a terra do perigo, o mundo desconhecido além do limite estabelecido pela civilizaçãoiorubana, é o que está além do fim da aldeia. Os caminhos não são traçados pelas cabanas, massim pelas árvores, o mato invade as trilhas não utilizadas, os animais estão soltos e podem atacar

livremente. É o território do medo.

Oxóssi é o Orixá masculino ioruba responsável pela fundamental atividade da caça. Por isso naÁfrica é também cultuado como Ode, que significa caçador. É tradicionalmente associado à lua e,por conseguinte, à noite, melhor momento para a caça. Oxóssi e Oçanhe têm na floresta o própriofim, nela se escondem. O primeiro para capturar os animais, o segundo para poder estudarsozinho e recolher as folhas sagradas.

Oxóssi e Oçanhe representam as formas mais arcaicas de sobrevivência, a apologia da caça emdetrimento da agricultura, a apologia da magia e do ocultismo em detrimento da ciência.

Ao mesmo tempo, Oxóssi está mitologicamente muito próximo de Ogum, como conciliando o novoe o velho, as novas atividades com as tradicionais. Na Umbanda, recebe o título de Rei das Matas,sendo à ele consagrada a cor verde. Já no Candomblé, a cor verde é consagrada a Oçanhe por suaproximidade com as folhas, ficando o azul para Oxóssi, um azul pouco mais vivo e claro que o deOgum, numa transição cromática.

Outro dado que identifica e aproxima Oxóssi de Ogum, é o fato de ambos representarematividades e possuírem temperamentos próprios de uma mesma faixa etária, a juventude (masnão a adolescência, pois são mitos adultos, viris), onde a energia se expressa fisicamente.

Assim como o irmão ligado à guerra, Oxóssi é um Orixá que vive ao ar livre e está sempre longede um lar organizado e estável. Seu combate cotidiano, entretanto, está nas matas, caçando osanimais que vão garantir a alimentação da tribo, sendo por isso consagrado como protetor doscaçadores e eterno provedor da subsistência do gênero humano. Protege tanto o que mata oanimal como o próprio animal, já que é um fim nobre a morte de um ser para servir de alimentopara outro. Protege os antagonistas, o caçador, e a caça, pois são seres do mesmo espaço, a

floresta. Por isso Oxóssi nunca aprova a matança pura e simples, para ele a morte dos animaisdeve garantir a comida para os humanos ou os rituais para os deuses, sendo símbolo deresistência à caça predatória. O conceito de liberdade e independência para Oxóssi é muito claro.Sua responsabilidade principal com relação ao mundo é garantir a vida dos animais para quepossam ser caçados. Em alguns cultos de Umbanda, também se atribui à ele o poder sobre ascolheitas, já que agricultura foi introduzida historicamente depois da caça como meio desubsistência.

Segundo Pierre Verger, o culto a Oxóssi é bastante difundido no Brasil mas praticamenteesquecido na África. A hipótese do pesquisador francês é que Oxóssi foi cultuado basicamente noKeto, onde chegou a receber o título de rei. Essa nação, porém foi praticamente destruída noséculo XIX pelas tropas do então rei do Daomé. Já no Brasil, o Orixá tem grande prestígio e forçapopular, além de um grande número de filhos. Seus símbolos são ligados à caça: no Candomblé,possui um ou dois chifres de búfalo dependurados na cintura. Na mão, usa o eruquerê (eiru), que

são pelos de rabo de boi presos numa bainha de couro enfeitada com búzios.

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O mito do caçador explica sua rápida aceitação no Brasil, pois identifica-se com diversos conceitosdos índios brasileiros sobre a mata ser região tipicamente povoada por espíritos de mortos,conceitos igualmente arraigados na Umbanda popular e nos Candomblés de Caboclo, umsincretismo entre os ritos africanos e os dos índios brasileiros, comuns no Norte do País.

Talvez seja por isso que, mesmo em cultos um pouco mais próximos dos ritos tradicionalistasafricanos, alguns filhos de Oxóssi o identifiquem não com um negro, como manda a tradição, mascom um Índio. Seu objeto básico é o arco e a flecha, o ofá e o damatá.

Oxóssi é o que basta a si mesmo. A ele estiveram ligados alguns Orixás femininos, mas o maiordestaque é para Oxum, com quem teria mantido um relacionamento instável, bem identificado noplano sexual, coisa importante tanto para a mãe da água doce como para o caçador, mas difícil nocotidiano, já que enquanto ela representa o luxo e a ostentação, ele é a austeridade e odespojamento.

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE OXÓSSI

O filho de Oxóssi apresenta arquetipicamente as características atribuídas do Orixá. Representa ohomem impondo sua marca sobre o mundo selvagem, nele intervindo para sobreviver, mas sem

alterá-lo. Oxóssi desconhece a agricultura, não muda o solo para ele plantar, apenas recolhe o quepode ser imediatamente consumido, a caça.

No tipo psicológico a ele identificado, o resultado dessa atividade é o conceito de forteindependência e de extrema capacidade de ruptura, o afastar-se de casa e da aldeia paraembrenhar-se na mata, afim de caçar. Seus filhos, portanto são aqueles em que a vida apresentaforte necessidade de independência e de rompimento de laços. Nada pior do que um ruído paraafastar a caça, alertar os animais da proximidade do caçador. Assim os filhos de Oxóssi trazem emseu inconsciente o gosto pelo ficar calado, a necessidade do silêncio e desenvolver a observaçãotão importantes para seu Orixá.

Geralmente Oxóssi é associado às pessoas joviais, rápidas e espertas, tanto mental comofisicamente. Tem portanto, grande capacidade de concentração e de atenção, aliada à firme

determinação de alcançar seus objetivos e paciência para aguardar o momento correto para agir.Sua luta é baseada na necessidade de sobrevivência e não no desejo de expansão e conquista.Busca a alimentação, o que pode ser entendido como sua luta do dia-a-dia. Esse Orixá é o guiados que não sonham muito, mas sua violência é canalizada e represada para o movimento certono momento exato. É basicamente reservado, guardando quase que exclusivamente para si seuscomentários e sensações, sendo muito discreto quanto ao seu próprio humor e disposição.

Os filhos de Oxóssi, portanto, não gostam de fazer julgamentos sobre os outros, respeitando comosagrado o espaço individual de cada um. Buscam preferencialmente trabalhos e funções quepossam ser desempenhados de maneira independente, sem ajuda nem participação de muitagente, não gostando do trabalho em equipe. Ao mesmo tempo , é marcado por um forte sentidode dever e uma grande noção de responsabilidade. Afinal, é sobre ele que recai o peso dosustento da tribo.

Os filhos de Oxóssi tendem a assumir responsabilidades e a organizar facilmente o sustento doseu grupo ou família. Podem ser paternais, mas sua ajuda se realizará preferencialmente distantedo lar, trazendo as provisões ou trabalhando para que elas possam ser compradas, e não nocontato íntimo com cada membro da família. Não é estranho que, quem tem Oxóssi como Orixá decabeça, relute em manter casamentos ou mesmo relacionamentos emocionais muito estáveis.Quando isso acontece, dão preferência a pessoas igualmente independentes, já que o conceito decasal para ele é o da soma temporária de duas individualidades que nunca se misturam.

Os filhos de Oxóssi, compartilham o gosto pela camaradagem, pela conversa que não terminamais, pelas reuniões ruidosas e tipicamente alegres, fator que pode ser modificado radicalmentepelo segundo Orixá (ajuntó). São pessoas tipicamente extrovertidas, gostando de viver sozinhas,preferindo receber grupos limitados de amigos. É portanto, o tipo coerente com as pessoas quelidam bem com a realidade material, sonham pouco, têm os pés ligados à terra.

CARACTERÍSTICAS DE XANGÔ

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Xangô é um Orixá bastante popular no Brasil e às vezes confundido como um Orixá com especialascendência sobre os demais, em termos hierárquicos. Essa confusão acontece por dois motivos:em primeiro lugar, Xangô é miticamente um rei, alguém que cuida da administração, do poder e,principalmente, da justiça - representa a autoridade constituída no panteão africano. Ao mesmotempo, há no Norte do Brasil diversos cultos que atendem pelo nome de Xangô. No Nordeste,mais especificamente em Pernambuco e Alagoas, a prática do candomblé recebeu o nome

genérico de Xangô, talvez porque naquelas regiões existissem muitos filhos de Xangô entre osnegros que vieram trazidos de África. Na mesma linha de uso impróprio, pode-se encontrar aexpressão Xangô de caboclo, que se refere obviamente a um culto sincretizando influências doculto original (candomblé ou umbanda) com cerimônias e mitos dos indígenas da região, tambémchamado de candomblé de caboclo.

Na mitologia, é atribuído a Xangô (enquanto homem, ser histórico) o reinado sobre a cidade-estado de Oyó, posto que conseguiu após destronar o próprio meio-irmão Dada-Ajaká com umgolpe militar. Por isso, sempre existe uma aura de seriedade e de autoridade quando alguém serefere a Xangô.

Xangô é pesado, íntegro, indivisível, irremovível; com tudo isso, é evidente que um certoautoritarismo faça parte da sua figura e das lendas sobre suas determinações e desígnios, coisaque não é questionada pela maior parte de seus filhos, quando inquiridos.

Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas, hábeis e corretas. Ele é o Orixá quedecide sobre o bem e o mal. Ele é o Orixá do raio e do trovão. Miticamente, o raio é uma de suasarmas, que ele envia como castigo. Ninguém, porém, deve temer sua cólera como umamanifestação irracional.

Xangô tem a fama de agir sempre com neutralidade (a não ser em contendas pessoais suas,presentes nas lendas referentes a seus envolvimentos amorosos e congêneres). Seu raio eeventual castigo são o resultado de um quase processo judicial, onde todos os prós e os contrasforam pensados e pesados exaustivamente - a famosa balança da Justiça. Seu Axé, portanto estáconcentrado nas formações de rochas cristalinas, nos terrenos rochosos à flor da terra, naspedreiras, nos maciços. Suas pedras são inteiras, duras de se quebrar, fixas e inabaláveis, como opróprio Orixá.

Numa visão litúrgica um pouco mais restrita e mais apegada às lendas de origem dos Orixás, umfilho de Xangô não se pode contentar apenas com uma pedra vinda de uma pedreira ou de umamontanha para guardar numa vasilha o seu assentamento.

Xangô não contesta o status de Oxalá de patriarca da Umbanda, mas existe algo de comum entreele e Zeus, o deus principal da rica mitologia grega. O símbolo do Axé de Xangô é uma espécie demachado estilizado com duas lâminas, que indica o poder de Xangô, corta em duas direçõesopostas. O administrador da justiça nunca poderia olhar apenas para um lado, defender osinteresses de um mesmo ponto de vista sempre. Numa disputa, seu poder pode voltar-se contraqualquer um dos contendores, sendo essa a marca de independência e de totalidade deabrangência da justiça por ele aplicada. Segundo Pierre Verger, esse símbolo se aproxima demaisdo símbolo de Zeus encontrado em Creta.

Outra informação de Pierre Verger especifica que esse oxé parece ser a estilização de umpersonagem carregando o fogo sobre a cabeça; este fogo é, ao mesmo tempo, o duplo machado,e lembra, de certa forma a cerimônia chamada ajerê, na qual os iniciados de Xangô devemcarregar na cabeça uma jarra cheia de furos, dentro da qual queima um fogo vivo, demonstrandoatravés dessa prova, que o transe não é simulado.

Xangô então, é o administrador que se curva à experiência e sabedoria do velho Oxalá, o símbolodo poder em toda sua plenitude, mas que deve ser acatado por Xangô quando em suas decisõesintervir.

Xangô portanto, já é adulto o suficiente para não se empolgar pelas paixões e pelos destemperos,mas vital e capaz o suficiente para não servir apenas como consultor.

Outro dado saliente sobre a figura do senhor da justiça é seu mau relacionamento com a morte.Se Nanã é como Orixá a figura que melhor se entende e predomina sobre os espíritos de sereshumanos mortos, Eguns, Xangô é que mais os detesta ou os teme. Há quem diga que, quando a

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morte se aproxima de um filho de Xangô, o Orixá o abandona, retirando-se de sua cabeça e desua essência.

Deste tipo de afirmação discordam diversos babalorixás ligados ao seu culto, mas praticamentetodos aceitam como preceito que um filho que seja um iniciado com o Orixá na cabeça, não deveentrar em cemitérios nem acompanhar a enterros.

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE XANGO

Para a descrição dos arquétipos psicológico e físico das pessoas que correspondem a Xangô, deve-se ter em mente uma palavra básica: Pedra. É da rocha que eles mais se aproximam no mundonatural e todas as suas características são balizadas pela habilidade em verem os dois lados deuma questão, com isenção e firmeza granítica que apresentam em todos os sentidos.

Atribui-se ao tipo Xangô um físico forte, mas com certa quantidade de gordura e uma discretatendência para a obesidade, que se ode manifestar menos ou mais claramente de acordo com os

 Ajuntós (segundo e terceiro Orixá de uma pessoa). Por outro lado, essa tendência é acompanhadaquase que certamente por uma estrutura óssea bem-desenvolvida e firme como uma rocha.

Tenderá a ser um tipo atarracado, com tronco forte e largo, ombros bem desenvolvidos eclaramente marcados em oposição à pequena estatura;

Por essas qualidades, é relativamente fácil para os iniciados descobrirem que tal pessoa é de Xangô, pela aparência e modo de andar, o que é mais difícil para tipos pouco mais sutis e mistoscomo Oxum, Oçanhe e Omolu.

A mulher que é filha de Xangô, pode ter forte tendência à falta de elegância. Não que não saibareconhecer roupas bonitas - tem, graças à vaidade intrínseca do tipo, especial fascínio porindumentárias requintadas e caras, sabendo muito bem distinguir o que é melhor em cada caso.Mas sua melhor qualidade consiste em saber escolher as roupas numa vitrina e não em usá-las.Não se deve estranhar seu jeito meio masculino de andar e de se portar e tal fato não deve nuncaser entendido como indicador de preferências sexuais, mas, numa filha de Xangô é um processo

de comportamento a ser cuidadosamente estabelecido, já que seu corpo pode aproximar-se maisdos arquétipos culturais masculinos do que femininos; ombros largos, ossatura desenvolvida,porte decidido e passos pesados, sempre lembrando sua consistência de pedra.

Em termos sexuais, Xangô é um tipo completamente mulherengo. Seus filhos, portanto,costumam trazer essa marca, sejam homens, sejam mulheres (que estão entre as mais ardentesdo mundo). Os filhos de Xangô, não costumam ser conhecidos socialmente como um tipo dado aaventuras. Não são os mitos sexuais de sua sociedade e é para muito poucos amigos queconfessam suas conquistas, pois não faz parte de suas necessidades se auto-afirmar através desseexpediente. São honestos e sinceros em seus relacionamentos mais duradouros, porque para elessexo é algo vital, insubstituível, mas o objeto sexual em si não é merecedor de tanta atençãodepois de satisfeito desejo.

Psicologicamente, os filhos de Xangô apresentam uma alta dose de energia e uma enorme auto-estima, uma clara consciência de que são importantes, dignos de respeito e atenção,principalmente, que sua opinião será decisiva sobre quase todos os tópicos - consciência essa umpouco egocêntrica e nada relacionada com seu real papel social. Os filhos de Xangô são sempreouvidos; em certas ocasiões por gente mais importante que eles e até mesmo quando não sãoconsiderados especialistas num assunto ou de fato capacitados para emitir opinião. A posturapouco nobre dos filhos de Xangô e seu cultivo de hábitos considerados aristocráticos ou poucoburgueses, é resultado dessa configuração psicológica.

Porém, o senhor de engenho que habita dentro deles faz com que não aceitem o questionamentode suas atitudes pelos outros, especialmente se já tiverem considerado o assunto em discussãoencerrado por uma determinação sua. Gostam portanto, de dar a última palavra em tudo, se bemque saibam ouvir. Quando contrariados porém, se tornam rapidamente violentos e incontroláveis.Nesse momento, resolvem tudo de maneira demolidora e rápida mas, feita a lei , retornam a seucomportamento mais usual.

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Em síntese, o arquétipo associado a Xangô está próximo do déspota esclarecido, aquele que tem opoder, exerce-o inflexivelmente, não admite dúvidas em relação a seu direito de detê-lo, mas

 julga a todos segundo um conceito estrito e sólido de valores claros e pouco discutíveis. É variávelno humor, mas incapaz de conscientemente cometer uma injustiça, fazer escolha movido porpaixões, interesses ou amizades.

Xangô é o Orixá julgador, destruidor, inteligente, impulsivo, violento. Representa o podertransformador do fogo, é o padroeiro dos intelectuais e artistas. Seu número simbólico é o doze,assim como doze são os ministros, Obas, de Xangô.

Apesar de discordarmos da visão privilegiada do fogo como elemento de Xangô, insistimos que apedra é seu símbolo básico, mais redutor e mais abrangente ao mesmo tempo.

AS ERVAS DOS ORIXÁSAS ERVAS DOS ORIXÁS

Existem alguns tipos de ervas que pertencem a determinados Orixás, como verão algumas ervassão usadas por todos em comum. Quando se faz algum tipo de trabalho em uma pessoa (banho,por exemplo) usando o Axé de mais de um Orixá devemos sempre ter o cuidado para não usarervas que possam chocar-se. Aqui estão as que normalmente mais são utilizadas.

BaráAlevante, dinheiro em penca, fortuna, guiné, orô, arnica, vassoura, cipó-mil-homens.

OgumAlevante, dinheiro em penca, fortuna, guiné, orô, espada de São Jorge, lança de São Jorge, rosade São Jorge, açoita cavalo, quebra tudo, barbatimão, pata de vaca, escadinha do céu.

YansãAlevante, dinheiro em penca, fortuna, guiné, orô, espada de Santa Bárbara, espada de SantaCatarina, erva de loiá, alecrim, alfazema, avenca, alecrim, manjericão.

XangôAlevante, dinheiro em penca, fortuna, guiné, orô, quebra tudo, trevo, mangerona, quebra pedra.

OdéAlevante, dinheiro em penca, fortuna, guiné, orô, catinga de mulata, erva de bugre, vassouravermelha.

OtimAlevante, dinheiro em penca, fortuna, guiné, orô, catinga de mulata, erva de bugre, vassouravermelha, manjericão, lírio.

ObáAlevante, dinheiro em penca, fortuna, guiné, orô, espada de Santa Catarina, urtiga, salsa, cana dobrejo.

OssanhaAlevante, dinheiro em penca, fortuna, guiné, orô, gervão, chicória, agrião, alface, alcachofra.

XapanãAlevante, dinheiro em penca, fortuna, guiné, orô, funcho, menstruz, aroeira, cipó cabeludo, losna,urtiga, carqueja, carquejinha, quebra pedra, cancorôsa, erva de bicho.

OxumAlevante, dinheiro em penca, fortuna, guiné, orô, alfazema, alecrim, salvia, trevo, junco, hortelã,manjericão, funcho, verbena.

YemanjáAlevante, dinheiro em penca, fortuna, guiné, orô, onda do mar, malva cheirosa, alfazema, alface,vetiver.

Oxalá

Alevante, dinheiro em penca, fortuna, guiné, orô, arnica, junco, alecrim.VISÃO DOS ORIXÁS

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Numa praia deserta caminhava um filho de fé...

Atormentado por suas mágoas e provações, buscava por um alento um consolo.

Buscava forças e um sinal de esperança, para poder continuar lutando....

Olhava fixamente para as águas do mar, as ondas se quebrando, vindo do horizonte aos seus pésse esparramar...

Uma lágrima entristecida, cobriu-lhe a face, seu coração apunhalado pelas intrigas e maldades dosseu irmãos, já se tornava insuportável....

"Então"...

Quando percebeu, já estava distante, foi quando notou que já estava entardecendo...

O vento soprou em seu rosto e veio a sua intuição..

A Senhora dos Ventos, Mãe Iansã, e a saudou com alegria e sentiu suas magoas serem levadaspelo vento,

a paz começou a renascer...

Olhou para o poente e viu no céu as nuvens avermelhadas, então com grande força saudou oSenhor das Demandas, seu Pai Ogum,e aos poucos o peso que lhe afligia se quebrava, e continuou caminhando...

Observou na beira das águas, peixinhos dourados a cintilar, foi então que seu coração se encheude doçura e saudou Mamãe Oxum, que o abençoava com seu sagrado e divino manto...

Aos poucos, leves gotas de chuva tocaram a sua pele e a paz de espírito e o amparo que sentiu ofez lembrar-se de Nanã Buruquê, que com sua lama sagrada, aliviou por completo suas dorescausadas pelos tormentos materiais e espirituais,e a saudou com grande festividade...

Perdido em seus pensamentos o filho de fé, caminhava fascinado, quando de repente a brisa tocouseus cabelos e junto com elas trouxe folhas distantes, sem hesitar saudou Pai Oxossi, e pediu emsua mente que aquelas folhas lhe purificassem e o livrassem de todos os sentimentos impuros.

Sua concentração foi interrompida ao ver um raio iluminar o céu, e ouviu um alto estrondo que lheencheu o peito de coragem."Kaô Kabecilê", e sentiu a mão forte do seu pai Xangô, então confiante, não mais sofria pelasinjustiças, pois seu pai lhe protegia...

Então admirado, sentou-se a beira mar, olhou para o céu e viu uma constelação, e lembrou-se dasalmas benditase dos adoráveis pretos velhos, e sem se esquecer do bondoso Pai Obaluaê, que aos poucos comseu fluido curava as chagas do seu corpo e espírito...

Fixou o olhar no céu, e nas nuvens brancas a rodear as estrelas e uma delas brilhava e cintilava,como se fosse o centro do Universo, então humildemente, nosso irmão de fé agradeceu a PaiOxalá por ter lhe dado o Dom da Mediunidade e poder levar alento e paz aos irmãosnecessitados...

Então um perfume exalava de dentro do mar, eram rosas perfumadas que chegavam até ao seuspés, e foi ai que avistou Mãe Iemanjá, seu coração não se continha de tanta alegria, sua mãe oamparava e o confortava, e veio a sua mente.......

"A elevação do filho de fé.... Não está na força ou sabedoria, mas sim em seu coração...

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Porque ele pode saber pouco ou não ter força alguma.

Mas sente a essência e o fundamento da verdadeira Umbanda...

Paz, Amor e Caridade!!!"