Guia de Permacultura Adm Parques

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para Administradores de Parques Guia de Versão Digital Permacultura Disponível em: www.prefeitura.sp.gov.br/svma

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  • para Administradores de Parques

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    Permacultura

    Disponvel em: www.prefeitura.sp.gov.br/svma

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  • 4Prlogo .......................................................................................................................................................7

    A Permacultura em Parques ............................................................................................8As reas Verdes Pblicas Municipais .....................................................................................................10

    Os Parques Pblicos Municipais ..............................................................................................................11

    A Permacultura ...........................................................................................................................................12

    Os elementos ....................................................................................................................................14Paisagismo e diversidade biolgica ........................................................................................................14

    Arborizao e reas gramadas ................................................................................................................17

    Conservao do solo ..................................................................................................................................18

    gua .............................................................................................................................................................18

    Resduos ......................................................................................................................................................19

    Edificaes ..................................................................................................................................................20

    Educao Ambiental ..................................................................................................................................22

    Gesto e capacitao de equipes ............................................................................................................24

    Comunicao visual ...................................................................................................................................25

    Diagnstico e Planejamento .........................................................................................27Planejamento por Setores e Zonas .........................................................................................................28

    Exemplo de aplicao em um Parque j constitudo ....................... 30Anlise de mapas ......................................................................................................................................34

    Exemplo de aplicao em um novo projeto ..............................................40

    Sumrio

  • 5Prticas em edificaes ........................................................................................................ 46Coberturas e telhados ...............................................................................................................................46

    Captao e aproveitamento de gua da chuva .....................................................................................48

    Pluvimetro artesanal...............................................................................................................................50

    Prticas em manejo ..................................................................................................................53Jardins de chuva ........................................................................................................................................53

    Biofiltros ......................................................................................................................................................54

    Crculo de bananeiras ................................................................................................................................55

    Valas de infiltrao ....................................................................................................................................58

    Drenos de desvio ........................................................................................................................................59

    Jardins e hortas em formato de mandala, fechadura e espiral..........................................................61

    Delimitadores .............................................................................................................................................64

    Ervas, mulche, composteiras e minhocrios .........................................................................................66

    Banco de sementes ....................................................................................................................................71

    Prticas em conservao de solo ..............................................................................73Taludes ........................................................................................................................................................74

    Construo e uso de um P de Galinha ...............................................................................................77

    Medir a declividade do terreno ................................................................................................................79

    Outros exemplos e figuras complemetares ...........................................................................................80

    Lista de anlise ............................................................................................................................ 83Incio e fim, um convite a celebrar ................................................................... 84Glossrio .............................................................................................................................................86Referncias / para saber mais ....................................................................................88

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  • Gilberto KassabPrefeito da Cidade de So Paulo

    Eduardo Jorge Martins Alves SobrinhoSecretrio Municipal do Verde e do Meio Ambiente

    Rose Marie InojosaDiretora do Depto. de Educao Ambiental e Cultura de Paz Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz UMAPAZ

    AgradecimentoLuiz Carlos Quadros Malta Pinto de Sampaio

    ColaboraoAdemar Anraku JniorAndr Yagi CardosoCamila de Carvalho DiasCamila Gomes PastorCesar PegoraroClaudeir GonalvesDaniel Lima de SouzaEdmarques ZanottiEveline LimaverdeGeorges F. Kharlakian Jr.Joo LotufoJos Luiz TellesMarcelo BuenoOlga Fogaa Balboni Cunha GeremiasRicardo Lopes CrispinoRicardo Semealuz BortolatoRoberta Thomaz BruscaginSara Las de Souza BigaiVinicius Martuscelli Ramos

    Reviso Tcnica de PermaculturaCludio SpnolaFelipe Augusto PinheiroFernando J.P. NemeLara Cristina Batista FreitasGuilherme CastagnaPeter Webb

    RevisoMaria Letcia P. Fungaro

    Arte e DiagramaoDanilo Conti

    Organizao e Coordenaoureo Magno Gaspar PintoFernando Jos Passarelli Neme

    AutoresAudrei Infantosi del Nero da CostaEngenheira agrnoma, administradora de Parque Municipal no DEPAVE-5, SVMA/PMSP.

    ureo Magno Gaspar Pinto Pesquisador, professor e agente socioambiental.

    Eduardo Panten Engenheiro agrnomo no DEPAVE-5, SVMA/PMSP.

    Fernando Jos Passarelli NemeAdvogado, consultor de sustentabilidade e permacultor.

    Frederico Jun OkabayashiEngenheiro civil, advogado e trabalha na Assessoria Tcnica do Gabinete de SVMA/PMSP.

    Guilherme FerroGestor ambiental, administrador de Parque Municipal no DEPAVE-5, SVMA/PMSP.

    Joao Fernando De Almeida BenedettiBilogo e administrador de Parque Municipal no DEPAVE-5, SVMA/PMSP.

    Julia da Silva VilelaBiloga e administradora de Parque Municipal no DEPAVE-8, SVMA/PMSP.

    Lucas de Lauro MontanariBilogo e administrador de Parque Municipal, DEPAVE-5, SVMA/PMSP.

    Marcos A. Zompero SilvaBilogo, estagirio no Viveiro Manequinho Lopes, DEPAVE-2, SVMA/PMSP.

    Maria de Ftima GinicoloJornalista, pedagoga e permacultora.

    Maringela NicolellisEducadora e agente socioambiental.

    Paula Caroline dos Reis OliveiraBiloga no DECONT, SVMA/PMSP.

    Teresa Maria EmidioArquiteta no DEPLAN, SVMA/PMSP.

    Julho 2012

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    Este guia fruto de um trabalho voluntrio, colaborativo e motivado pelo desejo de expan-so e integrao das reas verdes nos ambientes urbanos. tambm fruto da expectativa de que as decises administrativas sejam cada vez mais participativas, com a ampliao do dilogo entre os tcnicos municipais e entre estes e a populao, promovendo-se consultas complementares junto sociedade civil, em especial com os usurios dos Parques, com o objetivo de criar indicadores e nortear as atividades do poder pblico.

    Partindo-se dos Parques municipais, espaos privilegiados de educao ambiental, pre-servao de fauna e flora, cultura de paz, convivncia e cidadania, sero apresentadas al-gumas tcnicas de construo, gesto e manuteno, com tecnologia disponvel a todos, livres de patentes, que possibilitem desenhar modelos sustentveis, econmicos e fa-cilmente replicveis, que sirvam de exemplos tanto para as polticas de governo, quanto para a sociedade civil e empresas.

    Prlogo

  • 8O crescente despertar da conscincia ambiental na sociedade teve um impacto direto e po-

    sitivo na ampliao e manuteno dos Parques no municpio, no contexto de promoo das

    reas Verdes Pblicas destinadas prioritariamente ao uso da populao, assegurando-se o

    interesse social e o respeito aos princpios e normas de proteo ao meio ambiente.

    Conquanto possa ser adaptado a diferentes realidades, este Guia tem como objetivo

    enfatizar o emprego dos princpios da Permacultura e a manuteno dos servios am-

    bientais prestados prioritariamente por trs tipos de Parques, no mbito do Sistema de

    reas Verdes do Municpio de So Paulo: os Parques Urbanos, os Parques Lineares e os

    Parques Naturais.

    A escolha destes trs tipos de Parques se deve, em parte, pela multiplicidade de funes

    e servios ambientais exercidos pelos mesmos:

    Ecolgicos: preservao da fauna e flora; Climticos: amenizando as oscilaes no microclima; Paisagsticos e estticos: contemplao e bem estar; Sociais: espaos de convvio comunitrio, lazer, recreao e integrao intergeracional; Educativos: aumento da conscincia e sensibilizao ambiental; Econmicos: reciclagem, parcerias, valorizao do entorno.

    Trabalhar com esta diversidade de atribuies e usos implica o exerccio de uma adminis-

    trao flexvel, apta a lidar com fatores complexos, equipes com mltiplas tarefas, coor-

    denao, aes em conjunto e apoio de diversos departamentos da Secretaria do Verde

    e do Meio Ambiente, parcerias com outras Secretarias e um permanente dilogo com a

    sociedade civil, em especial com a populao do entorno.

    Todo Parque precisa contar com servios permanentes de conservao, segurana, limpe-

    za, manuteno e manejo. Respeitadas suas especialidades, os profissionais que realizam

    estes servios precisam receber treinamento prvio e constante atualizao das tcnicas

    de manejo e conservao do solo, da fauna e da flora, assim como do aprimoramento das

    tcnicas de plantio.

    A Permacultura em Parques

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    A Agenda Ambiental na Administrao Pblica (A3P) reconhece que as demandas geradas

    pela esfera pblica nos trs nveis Federal, Estadual e Municipal revelam excessivo

    consumo de recursos naturais, razo pela qual o governo assumiu um papel estratgico

    na induo de novos referenciais de produo e consumo, orientados para a sustentabili-

    dade. A3P indica tambm que cabe aos rgos que compem a administrao pblica dar

    o exemplo e o primeiro passo rumo reduo do consumo de recursos naturais, diminuin-

    do impactos ambientais em suas atividades, incentivando o combate ao desperdcio e a

    adoo de programas que tornem efetivas as prticas de reaproveitamento e reciclagem

    de materiais (BRASIL, 2001).

    Como as necessidades so grandes, dinmicas e permanentes, e os recursos muitas vezes

    escassos, so necessrias estratgias que permitam criatividade na licitao de materiais

    e uso dos recursos locais, com aes a favor dos sistemas naturais, com o objetivo de

    alcanar o mximo resultado com eficincia e economia de energia.

    Neste contexto complexo, a Permacultura, pela sua caracterstica unio entre os co-

    nhecimentos tradicionais e os atuais saberes cientficos, somada ao seu carter inter e

    transdisciplinar, mostra-se consistente com os princpios norteadores da A3P e desponta

    como ferramenta eficaz, contribuindo no apenas na implantao de novas metodologias,

    mas principalmente para a compreenso e gesto dos Parques do Municpio de So Paulo.

    Parque Ibirapuera.

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    As reas Verdes Pblicas MunicipaisConstituem bens municipais, pertencentes ao Municpio de So Paulo, as reas verdes pblicas destinadas prioritariamente ao uso da populao, assegurando-se o interesse social e o respeito aos princpios e normas de proteo ao meio ambiente. Em contraponto ao espao construdo da cidade, as reas verdes pblicas desempenham vrias e impor-tantes funes na manuteno da qualidade de vida urbana, sendo as principais: ecol-gica, esttica e social. Assim sendo, contribuem para a manuteno da biodiversidade e do microclima, melhoria do conforto trmico, aumento da drenagem do solo, controle da poluio atmosfrica e da poluio sonora, preservao ambiental e qualidade da paisa-gem urbana, alm de servir ao lazer.

    De acordo com o Plano Diretor Estratgico institudo pela Lei Municipal n 13.430, de 13 de setembro de 2002, a urbanizao do territrio do municpio de So Paulo se orga-niza em torno de elementos estruturadores e integradores (Lei Municipal n 13.430/02, art.106, 1 e 2). , portanto, no mbito dos elementos integradores que as reas verdes se inserem e compem o Sistema de reas Verdes do Municpio, por sua vez cons-titudo pelo conjunto de espaos significativos ajardinados e arborizados, de propriedade pblica ou privada, necessrios manuteno da qualidade ambiental urbana tendo por objetivo a preservao, proteo, recuperao e ampliao desses espaos (Lei Munici-pal n 13.430/02, art.131).

    Integram esse sistema (Lei Municipal n 13.430/02, art.132 e art.133) todas as reas ver-des existentes e as que vierem a ser criadas, conforme o nvel de interesse de preservao e proteo, abrangendo as categorias de uso: reas Verdes Pblicas de Proteo Integral, reas Verdes Pblicas ou Privadas de Uso Sustentvel e reas de Especial Interesse Pblicas ou Privadas; sendo classificadas quanto ao domnio em reas Verdes de Proprie-dade Pblica e reas Verdes de Propriedade Particular.

    Tendo em vista a relao estabelecida entre as reas verdes e seu entorno, deve-se tambm observar a disciplina e ordenamento do uso e ocupao do solo. O territrio municipal encontra-se dividido em duas macrozonas, definidas a seguir e que so subdivididas tanto para orientar os objetivos a serem atingidos como para orientar o desenvolvimento urbano em diferentes zonas de uso com vrios graus de consolidao e manuteno, concretizando o Zoneamento do Municpio de So Paulo, institudo pela Lei Municipal n 13.885, de 25 de agosto de 2004.

    Macrozona de Proteo Ambiental: Lei Municipal n 13.430/02, art.148, onde os ncleos urbanizados, as edificaes, os usos e a intensidade de usos, e a regularizao de assentamentos, subordinar-se-o necessidade de manter ou restaurar a qualida-de do ambiente natural e respeitar a fragilidade dos seus terrenos.

    Macrozona de Estruturao e Qualificao Urbana: Lei Municipal n 13.430/02, art.149, onde as edificaes, usos e intensidade de usos subordinar-se-o a exigncias relacionadas com os elementos estruturadores e integradores, funo e caractersti-cas fsicas das vias, e aos planos regionais a serem elaborados pelas Subprefeituras.

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    Os Parques Pblicos MunicipaisNo mbito do Sistema de reas Verdes do Municpio de So Paulo, em especial no domnio

    das reas verdes de propriedade pblica, foram eleitas trs tipologias de Parques para

    efeito da aplicao deste guia: Parque Urbano, Parque Linear e Parque Natural; com obje-

    tivo primordial de promover a conjugao do emprego dos princpios da Permacultura e a

    manuteno dos servios ambientais prestados por estas reas.

    Parque Urbano: rea verde com funo ecolgica, esttica e de lazer e recreao, com dimenses significativas (LOBODA, DE ANGELIS, 2005).

    Parque Linear: so intervenes urbansticas que visam recuperar para os cidados a conscincia do stio natural em que vivem, ampliando progressivamente as reas ver-

    des (Lei Municipal n 13.430/02, art.106, 1). Integram o Programa de Recuperao

    Ambiental de Cursos Dgua e Fundos de Vale, institudo pelo Plano Diretor Estratgico

    do Municpio de So Paulo com fins de promover transformaes urbansticas estruturais

    e a progressiva valorizao e melhoria da qualidade ambiental da Cidade. Aos Parques

    Lineares encontram-se conectados os Caminhos Verdes, definidos como intervenes

    urbansticas visando interligar os Parques da Cidade e os Parques Lineares a serem im-

    plantados mediante requalificao paisagstica de logradouros por maior arborizao e

    permeabilidade das caladas (Lei Municipal n 13.430/02, art.106, 2).

    Parque Natural Municipal da Cratera de Colnia.

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    Parque Natural: unidade de con-servao de proteo integral es-

    tabelecida pela Lei Federal n 9.985

    de 18 de julho de 2000, com carac-

    tersticas naturais relevantes pro-

    tegidas pelo Municpio.

    A PermaculturaO termo Permacultura deriva da unio

    das palavras permanente e cultura.

    um sistema de planejamento e

    manejo baseado em princpios ticos,

    ecolgicos, sociais, econmicos e

    de convivncia testados e aplicados

    para o desenvolvimento de ambientes

    humanos sustentveis. Tem sua origem

    na Austrlia, na dcada de 70, buscando

    inicialmente mtodos de produo

    agrcola com baixo impacto ambiental,

    reestruturao de solo e florestas,

    com o objetivo de propiciar recursos

    perenes s prximas geraes. Com a

    sua consolidao, evolui para a atual

    prtica de convivncia sustentvel.

    Aplicar seus princpios, sua metodologia

    de desenho, planejamento e

    potencializao dos fluxos nos sistemas

    de preservao e manuteno dos

    ecossistemas propicia a diversidade,

    a estabilidade e a resilincia natural.

    Desenvolve espaos construdos com

    recursos locais, com reaproveitamento

    ou reuso, observa e imita os sistemas

    e ciclos da natureza e capta o mximo

    da sua energia proveniente de fontes

    renovveis e limpas, bem como promove

    aes cooperativas e o fortalecimento

    de comunidades solidrias.

    Parque Linear gua Vermelha.

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    Permacultura

    Fonte: adaptado de Princpios e Caminhos da Permacultura: Alm da Sustentabilidade David Holmgren, 2002.

    A Permacultura tem como tica:

    O cuidado com a Terra; O cuidado com as Pessoas; A distribuio ou reinvestimento dos excedentes.

    Um projeto em Permacultura:

    Observa os padres naturais e analisa os recursos da paisagem; Harmoniza-se com as limitaes de relevo, microclima, solos e gua do local; Planeja e posiciona os elementos somando funes e alimentando cada pea impor-

    tante do sistema com mais de uma fonte de energia;

    Constri fluxos que se intercomunicam para potencializar os recursos, buscando o m-ximo de resultado com o mnimo de gasto.

    A capilaridade, as estruturas e suas ampliaes possveis, os ordenamentos, a integrao e harmonizao de saberes e prticas da Permacultura so exemplificados na figura abaixo.

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    Paisagismo e diversidade biolgicaOs padres em paisagismo espelham valores culturais de uma dada civilizao, em certo

    perodo. Por exemplo, o jardim francs, que na Idade Mdia se compunha originalmente

    de canteiros para uso prtico, com ervas medicinais e flores, tornou-se um elemento de

    decorao para as residncias das elites, buscando propiciar uma sensao de grandio-

    sidade, com uma rgida distribuio de elementos e simetria de formas geomtricas. A

    manuteno destas formas demandava intenso esforo de jardinagem e irrigao, incom-

    patveis com a moderna percepo de sustentabilidade. J o jardim ingls rompia com

    este formalismo, tendo maior liberdade de formas, aproveitamento das vistas panormi-

    cas e de acidentes do terreno, mas ainda assim dispendia, por vezes, intensa manuteno

    dos seus amplos gramados.

    O jardim em Permacultura traz uma esttica de mnima interveno, que considera belos

    e busca manter os padres naturais, as harmonias curvilneas e a diversidade e multipli-

    cidade de formas e cores da Natureza.

    O paisagismo deve ser valorizado atendendo suas diversas funcionalidades. Alm da

    esttica, da preservao e da ambincia, necessrio ressaltar a importncia da fun-

    o ecolgica de cada espcie vegetal e do agrupamento das mesmas, para amenizar

    o impacto do clima e de rudos externos, para disponibilizar alimentao para a fauna

    o ano todo e locar plantas nas bordas dos canteiros que retenham ou impeam o

    arraste de folhas depositadas sobre o solo. Busca-se assim, um paisagismo belo e

    funcional, sob aspectos ecolgicos e de interesse do ser humano.

    So exemplos de tcnicas associadas ao plantio:

    Selecionar plantas com variedades de incio, meio e fim e que floresam nas quatro estaes; Plantar a mesma variedade em situaes de amadurecimento precoce e tardio; Selecionar espcies que frutifiquem por longos perodos e que sejam atrativas fauna; Buscar ampliar a diversidade e a multiplicidade de usos das espcies no sistema;

    Os elementos

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    Marcar plantas matrizes para a coleta de sementes; Realizar coleta e armazenamento adequado de sementes; Realizar trocas por meio de bancos de sementes; Considerar os pontos cardeais e isolar com vegetao de porte arbreo a regio oeste

    (sol poente) e sul (ventos frios) e com vegetao baixa a rea leste (sol da manh e as brisas suaves), com o objetivo de manter os locais de uso pblico com temperaturas amenas, mantendo ao mesmo tempo uma boa iluminao;

    Isolar com vegetao de porte arbreo e arbustivo reas exclusivas, tais como: de servio, de manuteno, corredor de trfego, de eventos etc.

    Na escolha das espcies arbreas, preferir sempre o plantio de nativas da regio de So Paulo, em especial as espcies atrativas da fauna e as espcies ameaadas de extino do Estado de So Paulo, apresentadas pela Resoluo SMA 48 de 21/09/2004. Outra resoluo estadual importante para a escolha das espcies a Resoluo SMA 47 de 26/11/2003, que estabelece uma listagem das espcies arbreas e indicao de sua ocorrncia natural nos biomas/ecos-sistemas e regies ecolgicas do Estado de So Paulo.

    No manejo das reas, valorizar o potencial e funo de cada indivduo vegetal em relao proposta de interveno, privilegiando conjuntos ecolgicos compostos por plantas rasteiras, arbustos, trepadeiras/lianas e rvores para que se tornem sistemas naturais e relevantes tanto para o homem como para a recuperao e sustentabilidade das reas Verdes Pblicas Municipais.

    Estudar as diversas possibilidades de consrcio entre elementos da flora, criados a partir de uma associao prxima de espcies agrupadas em torno de um elemento central (vegetal ou animal) ou de um propsito, no tarefa fcil, pois deve-se consi-derar muitos aspectos nas dimenses ecolgica e social. Este um grande e empol-gante desafio para o contexto dos Parques municipais.

    Alguns aspectos ecolgicos visam favorecer a reestruturao e nutrio do solo, a dispo-nibilidade de abrigo e alimentao para a fauna, a biodiversidade, a formao de florestas e seus processos ecolgicos, o controle de pragas (ambientes saudveis e autnomos/autorregulveis) e a conectividade entre as reas verdes que possibilitem a polinizao e disperso de sementes/propgulos. Entretanto, a aplicao desses consrcios s ser verdadeira e vlida se permear aspectos sociais aos aspectos ecolgicos. Entre os aspec-tos sociais devemos considerar o paisagismo, o conforto ambiental, o de lazer e recrea-o, o de facilitar o manejo e o de melhorar a eficincia energtica estrutural.

    Nesse sentido a adoo de princpios da Agroecologia atravs das tcnicas aplicadas aos Sistemas Agroflorestais traz luz a este desafio. Est rea do conhecimento une as

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    pesquisas cientficas e os conhecimentos ancestrais dos povos tradicionais, acumulando assim, muitas das informaes necessrias para compor a permeabilidade entre o social e o ecolgico.

    Por meio de agrupamentos planejados e harmnicos entre espcies companheiras e de funo ecolgica complementar, atravs de tcnicas de manejo apuradas de plan-tio, supresso, poda e capina seletiva, os Sistemas Agroflorestais tm sua inspirao baseada na estratgia que a natureza usa para a formao das florestas: a Suces-so Natural. Temos assim, uma ferramenta eficiente e eficaz para a recuperao de solos degradados, em especial a eroso, problema encontrado na maioria dos Par-ques municipais.

    Podemos aplicar uma frmula simples de trabalho, a partir de trs passos que se sucedem continuamente:

    a) Observar;

    b) Fazer o manejo adequado (supresso e/ou poda e/ou capina seletiva e/ou plantio);

    c) Plantar todas as sementes que estiverem disponveis (inclusive aquelas que paream estragadas ou velhas).

    A figura abaixo simula uma linha do tempo de um plantio agroflorestal, exemplificando a sucesso natural em processo.

    Adaptado de Mochila Agroflorestal/Parque Zoobotnico da Universidade Federal do Acre.

    Vegetao secundria

    Vegetao colonizadora Vegetao pioneira

    Vegetao tardia

    Joo

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    A sucesso natural rege a natureza em toda sua plenitude de fauna e flora, independente do local no planeta. E para nos espelharmos nela, ao menos para as reas verdes, a in-tegrao das espcies vegetais, tanto as nativas quanto as exticas, em agrupamentos planejados deve levar em conta:

    A funo ecolgica da espcie em seu ambiente natural; O estrato florestal que ocupa em seu ambiente natural (rasteiro, baixo, mdio, alto,

    emergente, trepador ou fixo em outro indivduo);

    O tempo de vida da espcie; Em qual estgio florestal a espcie aparece em seu ambiente natural colonizao,

    inicial, secundrio ou clmax;

    O dimetro do caule; A amplitude e densidade da copa; O formato da copa; Se a planta perene ou decdua; Se a reproduo monica ou diica; Se sua propagao vegetativa ou por sementes; Exigncia de PH do solo e de nutriente; A taxa anual de crescimento.

    Arborizao e reas gramadasEm reas gramadas, com acesso de frequentadores, devem-se plantar, preferencialmen-te, rvores com rpido crescimento, tronco liso ou que dificulte a escalada, com copa acima de 3 metros de altura, com sombreamento amplo, mas pouco intenso, de forma a no prejudicar a grama. Por exemplo, as rvores caducas produzem maior sombra no vero e deixam passar mais luz no inverno, pela queda de suas folhas.

    Exemplo do tamanho de copa para algumas espcies arbreas.

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    A copa espessa e achatada da figueira, com suas folhas largas e perenes, pode produ-

    zir intenso sombreamento. J uma copa elevada, com galhos e folhas esparsas como

    o pinheiro do Paran, pode gerar uma penumbra mais suave. As copas de uma aroeira

    ou de um eucalipto tendem a canalizar a gua da chuva para sua base, enquanto que

    as densas coberturas de um jequitib ou de uma figueira podem reter grande volume

    de gua pluvial.

    Conservao do soloO solo um ambiente vivo, repleto de biodiversidade macro e microscpica, e para mant-

    lo saudvel e frtil necessrio cuidar e manter os elementos que propiciem a vida.

    O solo maltratado passvel de acidez, salinidade, infertilidade, compactao, eroso etc.

    Entre algumas aes para corrigir a acidez, podemos no curto prazo fazer um programa de

    calagem e, no longo prazo, o efeito tampo com matria orgnica.

    A recuperao de solo degradado e a implantao de reas verdes podem ser aceleradas

    utilizando-se:

    Camadas de ervas espontneas para cobrir o solo exposto e melhorar a sua fertilidade (manuteno temporria de capins/ervas espontneas);

    Introduo de plantas que tm facilidade de sobrevivncia no local degradado, colabo-rando com o aumento de fertilidade do solo;

    Tratar as reas de taludes usando toras colocadas ao longo das curvas de nvel e uma cobertura de palha de capim roado, para evitar o escoamento dos nutrientes.

    Tambm possvel aumentar os nveis orgnicos com o uso da cobertura verde, cobertura

    com palhada, adubao verde ou composto orgnico, tornando o solo vivo.

    guaO eficiente aproveitamento das guas torna-se mais crtico medida em que ocorre, si-

    multaneamente, um agravamento do abastecimento humano pelo assoreamento e conta-

    minao dos lenis e dos mananciais e um aumento de precipitao em algumas pocas

    do ano, sobrecarregando os sistemas de drenagem e esgotos. Sobretudo em reas com

    histrico de alagamento e em locais que recebem as guas pluviais de fora, necessrio

    prever sistemas que dissipem a velocidade da gua e promovam seu reaproveitamento ou

    infiltrao com poos filtrantes, canais de infiltrao, jardins de chuva ou pisos perme-

    veis, alm da reteno de partculas e a depurao da gua antes de alcanarem o destino

    final. Com a implantao de bocas de lobo, galerias e caixas de reteno de resduos e

    dissipadores de velocidade da gua antes das entradas nos Parques evitam-se alguns

    graves problemas de eroso.

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    necessrio rever o atual paradigma do uso da gua para a conservao e economia.

    Repensar e reduzir, ou at mesmo eliminar a utilizao da gua potvel para usos como

    na descarga sanitria, a exemplo do sanitrio ecolgico seco, preservando-se assim um

    precioso recurso e colaborando com a educao ambiental.

    Outras medidas so:

    Posicionar reservatrios acima dos locais de consumo de gua; Aproveitar coberturas e outras superfcies para captao de gua da chuva; Cultivar plantas resistentes e de baixo consumo de gua em locais elevados e secos; Cultivar plantas de maior consumo de gua, em locais baixos e midos; Utilizar gua de lagos, nascentes, crregos, poos, cisternas para irrigao (que repre-

    senta quase 70% do consumo da gua potvel) e tambm bombe-la para minorar os

    efeitos de seca ou apagar incndios;

    Tratar as guas cinzas para reuso na limpeza e irrigao; Tratar as guas servidas de forma simples e eficaz, a partir de tecnologias j dispon-

    veis e seguindo a legislao vigente, para destinao recarga hdrica, reposio de

    nutrientes no solo e reaproveitamento na limpeza ou irrigao;

    Utilizar as plantas aquticas e o lodo dos lagos na produo de composto orgnico.

    ResduosOs ciclos naturais funcionam por meio de retroalimentaes entrelaadas (feedback),

    no qual o resduo gerado serve de matria prima nova etapa, movimentando o siste-

    ma, reduzindo a entropia e conservando energia. Assim, quando um organismo morre, a

    sua decomposio agrega novos elementos ao sistema, no gerando lixo. Por exemplo, a

    poda de uma rvore gera elevado volume de material (tronco, galhos, folhas) utilizado em

    novas associaes.

    A utilizao dos Parques, tanto por parte dos frequentadores quanto por parte dos fun-

    cionrios, produz toneladas de resduos slidos e grande volume de esgoto.

    medida em que estes componentes possam ser reaproveitados no Parque, economi-

    za-se em transporte e destinao dos resduos, ao mesmo tempo em que o sistema

    do Parque pode ser beneficiado com a restituio dos minerais para fecundar o solo

    e alimentar novos seres. De forma mimtica (imitando a natureza), pode-se fazer a

    compostagem dos resduos orgnicos provenientes do manejo da flora, dos lagos e de

    sobras de alimentos.

    Quando o reaproveitamento no possvel, os resduos devem ser separados e acondicio-

  • 20

    nados de maneira adequada e em seguida destinados reciclagem, reduzindo-se a quan-

    tidade de lixo encaminhado aos aterros sanitrios e aumentando a vida til dos mesmos.

    Da mesma forma, o saneamento ecolgico com tratamento de efluentes universais pode

    gerar uma sada com menor contaminao, mesmo que estes efluentes tenham que ser

    total ou parcialmente retornados rede.

    EdificaesAo iniciar-se uma nova construo, ou reformar as j existentes, pode-se avaliar alterna-

    tivas e optar pela diversidade de tcnicas de bioconstruo, usando-se materiais locais

    e os disponveis no entorno dos Parques, como o barro, a madeira certificada ou de rea-

    proveitamento, o bambu, o vidro, os pneus e as demais formas recicladas de plstico das

    tecnologias atuais, garantindo a acessibilidade universal em todas as construes.

    Utilizar de forma eficiente as fontes naturais disponveis para planejar o conforto trmico

    nas construes atravs de iluminao por claraboias, ventilao natural, telhados verdes

    ou brancos, anlise da incidncia solar das estaes e direo predominante dos ventos,

    alm de fazer a captao, armazenamento e uso da energia solar de diversos modos.

    Adaptar as estruturas ao relevo local imitando as formas e os padres naturais nas cons-trues, por exemplo: mandalas, crculos, espirais e geodsicas.

    Exemplo de edifcio sustentvel e eficincia energtica nas instalaes:

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    fundamental medir e melhorar a eficincia energtica, bem como desenvolver fluxos no sistema planejado para proporcionar economia geral.

    A energia eltrica usada em aparelhos simples (lmpadas, chuveiro/torneira eltrica e moto-res eltricos) ou em sistemas mais complexos (geladeira, TV, microcomputador, sistema de ar condicionado, rede sem fio, circuito interno de cmeras de vigilncia, bombas hidrulicas etc.).

    Para avaliar a eficincia energtica de um aparelho ou sistema preciso verificar a eficincia do lmen (fonte de luz artificial e/ou natural), joule (eficincia trmica) ou Watt (potncia do motor) dividido pela energia eltrica consumida (normalmente indicado no selo Procel do produto).

    Entretanto, necessrio levar em considerao a sustentabilidade do produto no aspecto do investimento para aquisio do aparelho, custo da sua manuteno, na sua vida til e, finalmente, se o resduo prejudicial sade e ao meio ambiente.

    A energia eltrica convencional pode ser utilizada em conjunto com o sistema de clula fo-tovoltaica (solar) e/ou elica para alimentar sistemas de iluminao e aparelhos portteis de baixa amperagem, de acordo com a viabilidade tcnica e econmica do equipamento.

    Outros exemplos so as rodas dgua, bombas carneiro, bicicletas e gangorras adaptadas para produo de energia ou fora motriz. Combinar o aquecedor solar de gua com o chuveiro eltri-co. Priorizar a iluminao natural e instalao de sensores de presena ou fotoclulas.

    Propiciar conforto trmico, atravs da: construo de telhados verdes ou brancos, ventila-o natural, distribuio de plantas com o objetivo de purificar e umidificar o ambiente inter-no e diminuir o uso do ar condicionado, que alm de reduzir o consumo de energia eltrica e a emisso de carbono na atmosfera, torna os ambientes mais saudveis.

    No caso de utilizao eventual de geradores eltricos a diesel em eventos, estes preci-sam estar equipados com sistema de controle de poluio sonora e do ar.

    Bicicleta para bombear gua, Parque Jacques Costeau

    And

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  • 22

    Educao AmbientalAtualmente, h um consenso crescente de que temos que aprender a viver de modo susten-

    tvel se quisermos sobreviver como espcie. Com as aes de Educao Ambiental busca-se:

    a integrao equilibrada das mltiplas dimenses da sustentabilidade ambiental,

    social, tica, cultural, econmica, espacial e poltica ao desenvolvimento (...), re-

    sultando em melhor qualidade de vida para toda a populao (...), por intermdio do

    envolvimento e participao social na proteo e conservao ambiental e da manu-

    teno dessas condies ao longo prazo.

    Programa Nacional de Educao Ambiental MMA, 2005

    A Educao Ambiental definida pela Lei Federal n 9.795/99 como:

    Os processos por meio dos quais o indivduo e a coletividade constroem valores

    sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competncias voltadas para a con-

    servao do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial sadia qualidade

    de vida e sua sustentabilidade.

    A educao ambiental em Parques tem muitos e amplos aspectos, a comear pela prpria

    viso do educador e dos termos que este usa ao educar. Por exemplo, da mesma forma que

    h diferentes conotaes ao se usar os termos bero e cova para designar a perfurao

    feita no solo para o planto de mudas, tambm usar palavras como frequentador, visitan-

    te e usurio remetem a diferentes expectativas sobre o comportamento esperado das

    pessoas que adentram um Parque pblico.

    Visitante: remete imagem de algum que mantm relao eventual ou tem baixa fre-

    quncia de ida ao Parque. Muitas vezes no tem compromisso de preservao, pois sua

    estada efmera. Visitantes so como turistas.

    Usurio: aquele que faz uso de uma coisa, servio ou equipamento. Pode sentir-se no

    papel de usufruir e aproveitar, mas no em manter e conservar. passivo em relao gesto

    e sem controle ou poder em relao disponibilidade ou fonte dos recursos.

    Frequentador: aquele que utiliza e mantm uma relao com o Parque. Pode vir a se

    sentir responsvel pelo patrimnio pblico e eventualmente contribuir de forma volunt-

    ria em sugestes e melhorias. Pode realizar pequenas atividades participativas e gestos

    de cidadania, como coletar um saco plstico descartado na calada e deposit-lo no cesto

    de lixo. Geralmente frequentadores interagem, contribuem e sugerem.

    A administrao pode propiciar condies para que as pessoas sintam-se cada vez mais

    como frequentadores e menos como visitantes e usurios.

    Aes para incentivar e propiciar um ambiente adequado a atitudes de cidadania e edu-

    cao ambiental, bem como a divulgao dos motivos e funes de cada interveno nos

  • 23

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    Permacultura

    Parques contribuem para reduzir resistncias e reclamaes daqueles que no entendem

    os motivos de mudanas, ou que so por estas surpreendidos.

    A Permacultura integra-se neste contexto, para que o Parque seja um catalizador na for-

    mao de cidados frequentadores e para a consolidao e manuteno de comunidades.

    Ao explorar o carter educativo das construes e montar maquetes permanentes e di-

    dticas dos sistemas hidrulicos, de tratamento de esgoto, captao de gua de chuva,

    energia solar, minhocrio, compostagem, hortas caseiras etc, possvel ensinar as tc-

    nicas e principalmente inspirar os cidados a imit-las em seus imveis, para aumentar

    sua economia, melhorar a qualidade de vida e principalmente para trazer as mudanas no

    cotidiano, porque com cada um fazendo a sua parte o coletivo sai vitorioso.

    As atividades em Educao Ambiental devem ser promovidas levando-se em conta o p-

    blico, os parceiros, a estratgia e o tema:

    Pblico e parceiros:

    Escolas da vizinhana; Associaes comerciais e de classes profissionais; Associaes de bairro; Agentes da sade; Condomnios; Eventos abertos.

    Estratgia:

    Trilhas guiadas pelo Parque; Palestras ao ar livre ou em salas especficas; Oficinas e cursos prticos.

    Temas:

    Jardinagem; Identificao de espcies da flora e fauna; Compostagem e minhocrio; Bioconstruo; Reciclagem e outros.

    A capacitao e sensibilizao da equipe, a sinalizao e identificao dos elementos per-

    maculturais e o incentivo formao de comunidades complementam-se para a produo

    de atividades e eventos que promovam a educao ambiental.

  • 24

    Gesto e capacitao de equipesEm Permacultura busca-se que todos os elementos reforcem e contribuam uns com os outros.

    Este princpio vlido no apenas para a alocao de plantas, animais e equipamentos, mas tambm de grande valia na relao entre profissionais que atuam no Parque. A colaborao enriquece o trabalho e a vida de cada um, ao mesmo tempo em que gerado um produto coletivo maior que a soma das partes.

    Ampliar a viso integrativa no se relaciona com as clusulas contratuais que regem a relao entre poder pblico e seus contratados, e tampouco tem a ver com as exigncias e atribuies estritas de cada um. Tem relao com reavaliar a postura mental das equipes, o modo como as pessoas se veem em sua relao com outras pessoas e o ambiente natural (CAPODAGLI e JACKSON, 2000).

    A excessiva segmentao e apego execuo restrita de atribuies podem gerar subu-tilizao dos recursos existentes, e ao mesmo tempo picos de atividade que demandam a manuteno de grande volume de recursos para serem tratados.

    Qual a relao do segurana com o fato de que o jardim est morrendo por falta de gua? E porque o faxineiro tem que se preocupar se algum praticou um furto no Parque? Isto no problema meu.

    Em uma equipe integrada, um funcionrio da segurana devidamente orientado pode notar, em sua ronda, rvores que precisem de cuidados, e sinalizar isto ao jardineiro. Ou a equipe de jardinagem, ao notar um comportamento suspeito, alertar segurana, au-mentando a eficincia do time como um todo. Todos podem e devem orientar os frequen-tadores em suas necessidades, quando questionados e tomar medidas quando a ao individual ferir direitos da coletividade ou patrimnio pblico. Assim, quando todos so olhos e ouvidos, a eficincia sistmica potencializada e a carga de trabalho da equipe mantm-se mais equilibrada, com resultados melhores.

    A capacitao pode ser realizada:

    Em oficinas facilitadas por especialistas no tema abordado; Pelo exemplo e orientao diria do administrador do Parque; Em reunies peridicas que congreguem a equipe para trocar experincias sobre um tema; Em visitas a outros Parques para trocas de experincia ou para conhecer novas prticas.

    Como em tudo, deve haver um design do plano de capacitao, priorizando-se ativi-dades que tenham maior resultado com o mnimo de investimento. Assim, prioritrio formar multiplicadores ou pessoas que possam ajudar seus colegas, servir como exemplo e como orientadores.

    Exemplo: dilogo entre uma funcionria da limpeza, no papel de educadora ambiental com um frequentador. A funcionria varria os restos de uma supresso arbrea que caram na calada, e foi interpelada por um frequentador do Parque que assistia cena:

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    Permacultura

    Frequentador: Nossa, vocs falam que defendem a Natureza, mas esto sempre cortando as rvores! No tm vergonha? Falam uma coisa e fazem outra.

    Funcionria: Bom dia! Tudo bem com o senhor? Nem sempre o que parece o que ! Esta rvore s foi cortada depois que o especialista examinou e viu que ela estava doente, com risco de cair. E depois, para cada rvore cortada, plantada uma ou mais aqui no Parque.

    Frequentador: Ah, bom! Mas o corte tambm causa uma sujeira danada, olha voc a na varrio. O que fazem com tanto lixo?

    Funcionria: No sujeira nem lixo, no! Folha de rvore no sujeira, adubo para as outras plantas. Aqui no Parque, a gente aproveita tudo. Assim, uma rvore que morre, vira alimento para as que ficam.

    Comunicao visualEm Permacultura busca-se que todos os elementos tenham mais de uma funo.

    Afora as funes de orientao espacial, as placas e cartazes podem servir como elementos em educao ambiental e formao em Permacultura, onde o frequentador estar exposto com frequncia aos dizeres e pode ler inmeras vezes aquilo que lhe interessar, quando tiver vontade, de forma consistente com o objetivo e contexto de um Parque.

    Em Permacultura, alm da sinalizao por placas e cartazes, quaisquer elementos na-turais podem ser usados criativamente para comunicao. Uma pilha de pedras ou cac-

    Silv

    ia C

    osta

    Glu

    eck

  • 26

    tceas podem significar no passe deste ponto. Um tronco cado, convenientemente serrado, pode significar ponto de descanso e assim por diante.

    importante estabelecer, dentro do contexto de cada Parque, um plano de comunicao visual consistente, indicando cada componente e onde este ser instalado.

    O desenho e confeco de componentes de sinalizao padronizados seguem normas tcni-cas, e normalmente so definidos por especialistas, mas salutar um produtivo dilogo entre quem elabora a sinalizao e quem administra o Parque, tendo como produto um plano de co-municao visual mais efetivo, atendendo a diversas necessidades, como no exemplo abaixo:

    Exemplo de plano de comunicao visual:

    Elemento Objetivo Detalhamento Exemplos

    Sinalizao de fluxoIndicar a localizao de facilidades e acessos

    Placas Leitura a 10m Smbolos e palavras

    Sanitrios Lanchonete Indicao de sada

    Sinalizao normativaCoibir comportamento inadequado

    Placas Leitura a 10m Smbolos e palavras

    Jogue o lixo no lixo Recolha os dejetos do seu co Proibido trfego de bicicletas

    Educao ambientalPropiciar aprendizado sobre elementos e relaes no Parque

    Cartazes Leitura a 1m Figuras e texto explicativo

    Como funciona a Composteira Prticas de Bio-construo O que Mulch

    Para cumprir estas funes, a sinalizao para fins de educao ambiental deve atender a alguns requisitos:

    Fcil leitura: velocidade de percepo, percepo distncia, perceptibilidade perif-rica e visibilidade. Incentivar a pessoa que a l a buscar mais informao sobre o tema.

    Ter referncias e sugerir um aprofundamento, quando couber;

    Aspecto atrativo: cores e formatos que remetam ao ambiente natural e o complemen-tem (a placa no pode ser mais importante que a rvore!). Integrar-se harmonicamente

    ao entorno. Contemplar a leitura e acessibilidade aos portadores de deficincia visual;

    Durabilidade: ser perene e demandar pouca manuteno. Usar materiais de maior durabi-lidade ou situar em reas de menor exposio a agentes agressivos (sol, chuvas etc.). Usar

    materiais reciclados e de mnimo impacto ambiental desde o processo de criao, fabrica-

    o, instalao e descarte (produtos ecologicamente corretos do bero ao bero);

    Distribuio: posicionar a sinalizao em locais crticos para o fim ao qual se prope, e em quantidade tal que permita boa distribuio pelo Parque, sem saturar ou compro-

    meter os elementos naturais;

    Instalao: ser de fcil instalao, no exigir grande esforo, mo-de-obra ou equipa-mentos especializados. Poder ser realocada rapidamente, se necessrio, conforme a

    dinmica de fluxos do Parque.

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    Permacultura

    O planejamento na Permacultura um processo dinmico, cclico, com aprendizados constantes, releituras frequentes e correes de prumo, que parte do estudo inicial, se estrutura com o tempo e no se fecha num esquema linear, mas necessita de constantes aprimoramentos exigidos pela prtica cotidiana para completar o ciclo.

    O design permacultural define grupos de atividades e sua sequncia de execuo, que atravs da observao minuciosa evolui como uma espiral ascendente. Por exemplo, pode-se reavaliar periodicamente o sistema de plantio e manejo, usar criatividade nas compras e contratos para se tornarem sustentveis etc.

    Projetos experimentais e pilotos, devidamente controlados, podem gerar dados que indiquem ou sugiram mudanas de prioridades e at mesmo inovaes nas licitaes dos materiais uti-lizados. Para tanto, preciso que haja uma mensurao antes e outra depois da realizao do piloto, e comparaes entre resultados esperados e os efetivamente alcanados. Descre-ver a metodologia usada em detalhe importante para que os testes possam ser reproduzi-dos de forma independente em outros locais, confirmando ou no os resultados apresentados.

    O planejamento pode ser definido nos Planos de Gesto ou de Manejo, documentos que procuram agregar o mximo de informaes sobre o Parque, seu diagnstico, a insero deste na regio e as aes previstas para um cronograma com revises e ajustes peri-dicos. O planejamento procura atender a todas as demandas do Parque nas aes do manejo (solo, vegetao, gua, fauna), das melhorias da infraestrutura (equipamentos e mobilirios urbanos), da educao ambiental, do entorno, de capacitao de funcionrios e de carter administrativo, entre outras. Os Planos de Gesto ou de Manejo podem optar por princpios da Permacultura e neste caso o que propomos atravs deste Guia.

    Os limites entre o que vinculado lei e norma, em relao s atividades discricionrias do administrador, devem ser bem compreendidos e acompanhados de forma prxima e atenta, mantendo-se a ao em estrito alinhamento com a prescrio. Nesta linha, algu-mas atividades precisaro estar atreladas dotao oramentria ou a prazos para aqui-sio de recursos, o que exige boa antecipao e o cumprimento de formalidades. Outras atividades, entretanto, podem ser realizadas de forma simples e imediata, no exigindo maior formalizao, desde que consistentes com o plano mais amplo.

    Diagnstico e planejamento

  • 28

    Planejamento por Setores e ZonasO processo de planejamento ativo e busca, mediante simulao e testes, encontrar

    solues para posicionar estruturas, plantas e animais nos locais mais propcios ao seu

    desenvolvimento e estender microclimas favorveis, focalizando energias que tragam be-

    nefcios e reduzindo as potencialmente prejudiciais.

    O mapeamento inicial identifica todos os fatores que podem impactar o sistema:

    Ouvir frequentadores, ex-administradores, vizinhos, conhecer a histria, pesquisar pu-blicaes impressas ou virtuais;

    Ler e interpretar mapas temticos, tais como topogrficos e suas curvas de nvel, redes de abastecimento de gua e captao de esgoto, linhas eltricas etc;

    Verificar in loco as ocorrncias, inquirindo e tomando notas, traando mapas com rigor tcnico, fazendo tabelas e levando em considerao os fatores sociais, topogr-

    ficos, climticos e biolgicos da regio;

    Catalogar, organizar e estruturar arquivos com fotos, mapas e notcias sobre o Parque e entorno, preservando sua memria.

    A Lista de anlise apresentada ao final deste guia, relaciona itens que podem ser avalia-

    dos para uma melhor compreenso do contexto de um Parque especfico.

    possvel posicionar estruturas apropriadas e corretivas para bloquear ou diminuir as

    consequncias dos padres naturais/antrpicos dominantes (ventos, rudos, guas plu-

    viais), valorizar uma paisagem ou esconder reas especficas, canalizar os recursos natu-

    rais para usos especiais, por exemplo, plantar rvores caducas para sombrear a face norte

    no vero e no obstruir a luz solar no inverno.

    Os sistemas so desenhados para realocar as sobras residuais de uma fase usando-as

    como matria-prima fase seguinte ou complementar, fechando-se em ciclos contnuos,

    evitando desperdcios e potencializando recursos. Por exemplo, os restos de alimentos

    so encaminhados composteira e transformados em adubo orgnico.

    A metodologia de desenho trabalha com dois eixos: Setores e Zonas. Os Setores so

    caracterizados pelas influncias externas cujos impactos podem ser controlados em

    maior ou menor grau, e as Zonas so definidas pela necessidade, frequncia e intensi-

    dade de usos.

    Exemplos de Setores:

    Setor de perigo de fogo; Setor da incidncia de ventos (frios ou quentes, constantes ou de rajada etc.); Setor de poluio (do ar, particulada, hdrica, sonora, odores etc.); Setor de insolao (ngulo solar nas estaes, reflexo da luz desde os audes/lagos etc.);

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    Setores de risco (reas sujeitas a enchentes ou prximas de avenidas/rodovias). E outros Setores, conforme o local.

    Exemplos de Zonas:

    Zona 0: sede da administrao; Zona 1: local de trabalho dirio e muito intenso; Zona 2: local de trabalho dirio e menos intenso; Zona 3: local que necessita visitas semanais; Zona 4: local que necessita de visitas quinzenais; Zona 5: rea de preservao

    As intervenes sero realizadas nesta ordem crescente de Zonas. A Zona 1 deve ser priori-

    zada, cuidada e estabilizada antes que se iniciem aes na Zona 2, e assim consecutivamente.

    Este procedimento de melhorias por etapas, priorizando algumas poucas atividades do Plano

    por vez, importante para que sempre se tenha um conjunto de aes sendo executadas

    dentro das possibilidades de recursos, acompanhamento e controle. Iniciar simultaneamente

    um volume excessivo de iniciativas pode redundar, em algum tempo, na frustrao advinda de

    diversos projetos que comearam mas no foram concludos.

    Aps as anlises dos Setores e Zonas, e elegendo a sede da administrao como Zona 0

    (o ponto central a partir da qual toda a expanso administrativa vai orbitar), inicia-se o

    desenho realizando uma etapa de cada vez, da pequena escala at o sistema completo,

    autogerido e com a mnima interveno possvel.

    Cada elemento no projeto tem a sua hierarquia de Zonas, por exemplo, um local de redobra-

    da ateno pelos vigias, pode ser indiferente ao pessoal da jardinagem e vice-versa.

    Prestar ateno aos efeitos das bordas urbanas (todo o entorno alm dos limites do Par-

    que) e suas interferncias no manejo.

  • 30

    Foi escolhido, como exemplo de aplicao de planejamento em Permacultura, o Parque Piqueri, um tpico Parque inserido em contexto altamente urbanizado, com restries de uso (processo de tombamento), para demonstrar aspectos relevantes do processo de planejamento.

    Caracterizao do Parque Piqueri

    Ficha Tcnica Fundao: rea: Permetro: Elevao: Declividades: Localizao:

    197898.129 m21.433 m725m a 731mMdia 1,8%; Mxima 16%233136S 463432O.

    Infraestrutura reas de estar, pista de cooper, bicicletrio, campo de futebol de areia, quadra de campo, quadras poliesportivas, aparelhos de ginstica, playgrounds, lago, palco para apresentaes, estacionamento, sanitrios, bosque de leitura, conchas de bocha.

    Fauna Possui 82 espcies inventariadas, com 4 endmicas de mata atlntica: o periquito-rico, o pica-pau-ano-de-coleira, arredio-plido e a sara-da-mata. Podem ser encontradas aves rapinantes como gavio-carij, falco-de-coleira e carrapateiro. Aves aquticas podem ser encontradas como o soc-dorminhoco, a gara-branca-grande e pequena, bigus, irers, martim-pescador-grande e o verde. Encontram-se espcies de pica-pau como pica-pau-de-banda-branca, pica-pau-do-campo, alm do arapau-do-cerrado, o enferrujado, o peitica, o bentevi-rajado, o alegrinho, o anamb-branco-de-rabo-preto, o bico-chato-de-orelha-preta, a sara-amarela e o simptico pi-cobra, que vive prximo de reas alagadas.

    Flora Eucaliptal, alameda de sibipirunas, bosques heterogneos com rvores nativas como paineiras, alecrim-de-campinas, faveira, jatob, jeriv, pau-ferro, ing e espcies exticas como bambus, espatdea, grevilha-gigante, casuarina, pitsporo, jacarand-mimoso e magnlia-branca.

    Histrico O Parque tem sua histria fortemente ligada ao Rio Tiet. O curso do rio adentrava a rea original da Chcara do Piqueri antes de sua retificao, por volta de 1950. Hoje ainda pode-se visitar um ancoradouro construdo no local. Alm disso, h registros de olarias e portos de areia nesta rea. A areia e a argila, abundantes na vrzea do rio Tiet, foram fundamentais para a fabricao de tijolos e telhas, com a finalidade de substituir as construes de taipa de pilo, cedendo lugar "cidade de tijolos". O nome Piqueri faz aluso ao nome da tribo indgena que habitava a rea localizada na confluncia do ribeiro Tatuap e do rio Grande, atual Tiet. A antiga chcara foi implantada pelo Conde Francisco Matarazzo em 1927, e consistia em casa sede, lago, pomar, granja, criao de diversos animais, uma fbrica de queijo, alm de uma rea destinada s Indstrias Matarazzo.

    Fonte: SVMA/PMSP.

    Exemplo de aplicao em um Parque j constitudo

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    Setores

    Fator scio demogrfico: at o incio do Sculo XXI predominavam na regio residncias trreas, com moradores de maior faixa etria, e empresas que se instalaram pela facilidade de acesso ao corredor de trfego da Marginal do Tiet. Nos dez anos seguintes, iniciou-se uma urbanizao acelerada, com a construo de shoppings, faculdades e dezenas de edi-

    Croquis do entorno e vias de acesso ao Parque

    Cerca de bambu, lago do Parque Piqueri

    Clau

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  • 32

    fcios residenciais de mdio para alto padro, com forte impacto no trfego da regio e au-mento no movimento do Parque. A atividade das quase 2.000 famlias adicionais no entorno exerceu forte presso sobre as instalaes e estruturas do Parque, desde o acesso pela rua Tuiuti (Brejo Branco em tupi), frequentemente congestionada, at lidar com aumento no volume de lixo e o risco de falta de gua em finais de semana no vero.

    Precipitao, insolao e umidade relativa: os meses de junho a agosto, historicamen-te, tm menor pluviosidade, chegando-se em agosto de 2010 prximo a zero milmetro de chuva por metro quadrado e 25 dias seguidos sem precipitaes, com 11 dias em que a umi-dade relativa do ar ficou abaixo de 30%. Novembro a fevereiro tm elevadas precipitaes, com intensa insolao (at 600 Milijoules por metro quadrado) e umidade relativa do ar su-perior a 80%. Os efeitos desta variao climtica da cidade de So Paulo so especialmente significativos na regio do Parque (Tatuap), uma das mais secas da cidade, pelo baixo grau de arborizao e elevada impermeabilizao do solo.

    Ventos: como em todo o municpio, os ventos dominantes chegam de sudeste (alsios), com velocidade entre 6 e 8 km/h. As principais rajadas vm do noroeste, variando suas mximas de 50 a 70 km/h. Estas rajadas atingem a face do Parque prxima Marginal do Tiet, no havendo quaisquer quebra-ventos na calha do rio, causando eventuais quedas de eucaliptos.

    Estes fatores externos ao Parque podem ser visualizados esquematicamente na figura da pgina 33.

    Para traar estratgias efetivas e lidar com estes fatores externos, que impactam o Par-que, necessrio considerar tambm a disponibilidade de estruturas e recursos que sero analisados, a seguir, juntamente com a definio de Zonas.

    Zoneamento no Parque

    Zonas so definidas pela necessidade, frequncia e intensidade de usos. Em um Parque, as Zonas podem variar geograficamente, para cada tipo de atividade, em funo de ho-rrio do dia, dia da semana, perodo do ano. O importante tentar manter o princpio de mximo resultado com o mnimo de esforo - esforo este traduzido em deslocamento, gasto de energia, ateno.

    Precipitao, insolao e umidade relativa do ar mensais em So Paulo (2010).Baseado nos dados do Boletim Climatolgico Anual da Estao Meteorolgica do IAG-USP, 2010.

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    Mapas, grficos e tabelas no formato de matrizes, que relacionam mltiplas dimenses podem ser especialmente teis para delimitao das Zonas.

    Em um Parque, as atividades ligadas vigilncia e segurana dos frequentadores, colabo-radores e patrimnio ter seu prprio zoneamento, enquanto que as atividades de jardina-gem, poda e manejo em geral tero tambm suas Zonas especficas, bem como a limpeza de sanitrios, recolhimento de lixo em trilhas e assim por diante, tero outras prioridades.

    Entretanto, o Parque como um todo pode ter um zoneamento geral que contemple as diversas dimenses. A poda e roado peridicos, por exemplo, podem demandar maior ateno do administrador em determinadas pocas, com maior esforo da equipe de ma-nejo e jardinagem, e portanto importante planejar e traar diretrizes com antecipao para que as equipes de limpeza e segurana tambm se preparem para estas ocasies. Aes preventivas podem ser associadas, como inibir o acesso a determinados locais, colocar sinalizao e manter toda a equipe atenta e mobilizada em determinados locais, dias e horrios.

    A gesto integrada destas prioridades pode ser traduzida, por exemplo, em um uma ta-bela como a seguir:

    Exemplo de Setores para um Parque.

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    Anlise de mapasTerreno e cobertura do solo

    A principal referncia para aes em Permacultura a observao direta, constante e atenta. Como complemento, estudos topogrficos podem ser de grande valia para auxiliar a traar rotas de melhor acessibilidade, avaliar rotas provveis para formao de sulcos de eroso, escolher as plantas adequadas ao perfil de terreno e insolao.

    Cotas e curvas de nvel: as cotas so marcaes que representam a altitude do terre-no, medidas em uma escala padro (metros, decmetros etc.). Curvas de nvel so linhas que unem todos os pontos com mesma cota tendo, portanto, a mesma elevao. Quanto maior a distncia entre as curvas de nvel, mais plano o terreno e, inversamente, quanto mais prximas estas estiverem, mais ngreme este ser.

    Declividade: a declividade uma taxa calculada em graus ou percentual, da inclinao de um terreno: sua altura em relao sua extenso.

    Exemplo de mapa topogrfico com curvas de nvel.

    Grfico: exemplo de zoneamento relacionando intensidade de atuao com funes de administrao de Parque.

    Segurana Manejo Limpeza Zona

    Elevada Elevada Elevada 1

    Elevada Elevada Baixa 2

    Elevada Baixa Elevada 2

    Baixa Elevada Elevada 2

    Elevada Baixa Baixa 3

    Baixa Elevada Baixa 3

    Baixa Baixa Elevada 3

    Baixa Baixa Baixa 4

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    Permacultura

    Neste exemplo, o terreno varia de 725 a 731 metros acima do nvel do mar, um desnvel de seis metros. Como a lateral do Parque tem 316 metros, temos uma declividade aproxi-mada de 2% (6316x100) o Parque tem um perfil bastante plano, caracterstico da bacia sedimentar na vrzea do rio onde se constituiu.

    Facilidades administrativas, equipamentos e intensidade de uso

    A anlise da disposio das facilidades e estruturas administrativas contribui para o po-sicionamento de novas instalaes ou para a realocao das atuais.

    As caixas dgua e sanitrios devem atender s necessidades de fluxo de pessoas em dias de pico, como finais de semana quentes e ensolarados;

    A sede da administrao est bem localizada, em um ponto elevado e equidistante da maior parte das facilidades;

    O viveiro de mudas, vestirio dos funcionrios e armazm de ferramentas esto pr-ximos sede;

    O ponto de leitura pode servir tambm como um posto de observao avanado para monitorar a face nordeste do Parque (menos movimentada e prxima Marginal do Tiet), as churrasqueiras e rea com equipamentos para exerccios fsicos, contguas.

    Uma abordagem complementar avaliar os horrios e dias de maior ou menor movimento de frequentadores, em relao a cada equipamento do Parque e tipo de atividade reali-zada. Desta forma, manutenes preventivas podem ser planejadas de forma a gerar o menor impacto ao pblico. Horrios e dias de uso mais intenso de equipamentos podem demandar ateno em relao a riscos de acidentes e vandalismo coletivo, enquanto que horrios e locais com baixa frequentao podem merecer maiores cuidados de segurana para evitar furtos e outras prticas ilegais no Parque.

    A tabela abaixo relaciona os tipos de atividade realizadas em um Parque aos equipamen-tos utilizados, de acordo com o horrio das 6h s 18h nos dias teis e no final de semana.

    Grfico: exemplo de zoneamento relacionando intensidade de atuao com funes de administrao de Parque.

    AtividadeEquipamentos mais utilizados

    Intensidade de Uso Dias teis Intensidade de Uso fim de semana

    6h s 8h

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    10h

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    12h

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    16h

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    6h s 8h

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    10h

    10h s

    12h

    12h s

    14h

    14 s

    16h

    16h s

    18h

    Corrida Pista de cooper Caminhada Pista de cooper, trilhas Leitura e descanso Ponto de Leitura, gramados Visitas guiadas Trilhas, playground Passeio em famlia Gramados, playground Churrasco Churrasqueiras Piquenique Gramados, churrasqueiras Passeio com ces Trilhas, gramados

    Uso frequente Uso moderado Uso eventual

  • 36

    O grfico a seguir, complementar tabela, ilustra espacialmente a intensidade de usos. A frequentao mais intensa no corredor entre o porto principal e o ponto de leitura, nos parquinhos, quadras e churrasqueiras. As instalaes e facilidades, como sanitrios e bebe-douros, precisam de especial manuteno e cuidados quando estiverem nestas reas de uso frequente, podendo receber cuidados menos intensos em locais de menor visitao.

    Solo e sua cobertura

    O Parque bastante arborizado e 80% de sua rea coberta por vegetao. A maior parte da cobertura arbrea compe-se de eucaliptos e situa-se na rea mais elevada, prxima face sul. O solo tende a ser bastante compactado, havendo selagem principalmente nas reas desprotegidas e de maior trfego de pblico. H afloramentos de argila em muitos pontos a regio produziu matria-prima para olarias, na primeira metade do sculo XX.

    Nos exemplos adiante, a partir da anlise das influncias externas, estratgias podem ser traadas para:

    Reduzir riscos de eroso e armazenar gua nos perodos de chuva intensa, para uso no perodo seco;

    Substituir eucaliptos que tenham cado por novas rvores, com estrutura resistente s rajadas de vento, nas faces norte e oeste do Parque;

    Exemplo de mapa de distribuio de facilidades. Adaptado de planta baixa da PMSP/SVMA.

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    Avaliar a adequao da vegetao ao microclima de cada regio do Parque; Estabelecer barreiras fsicas que criem uma sombra acstica para o rudo advindo da Mar-

    ginal do Tiet;

    Utilizar vegetao resistente poluio e que dificulte o acesso indevido de quem possa pular o gradil da face norte;

    Facilitar o acesso pelo porto principal e pelo porto secundrio, disciplinando o comr-cio ambulante.

    Mapeamento da cobertura arbrea.Adaptado de planta baixa da PMSP/SVMA.

    Anlise da cobertura do solo.Adaptado de planta baixa da PMSP/SVMA.

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    Os principais pontos de ateno no Parque esto representados na figura a seguir:

    O jardim francs, implantado em um momento anterior introduo da Perma-cultura no Brasil, demanda intenso e frequente trabalho de jardinagem, para a

    frequente poda, rega, limpeza e manuteno de suas formas, e est tambm mais

    distante das principais estruturas administrativas, gerando maior nmero de des-

    locamentos em relao a outras reas do Parque e consumindo proporcionalmente

    maior volume de recursos.

    A composteira grande e centralizada localizava-se em um local baixo, escuro (de-vido s rvores e bambus ao redor) e mido (por estar prxima ao rio). Nestas

    condies, reduz-se a velocidade e a qualidade da compostagem e demandam-se

    recursos para transportar e distribuir o composto onde necessrio. Esta compos-

    teira foi substituda por pequenas leiras prximas Administrao (local mais alto

    e iluminado), e os restos de podas e roa de gramado passaram a ser distribudos

    nas reas prximas, aumentando a cobertura do solo ao mesmo tempo em que se

    Exemplo de mapa para anlise de contexto de um Parque.Adaptado de planta baixa da PMSP/SVMA.

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    Permacultura

    reduziram deslocamentos de materiais e tempo de manejo. Na clareira resultante

    da retirada da composteira foram plantados crculos de bananeiras para melhorar

    a drenagem e umidade do ar pela evapotranspirao.

    Cuidados especiais devem ser tomados nas reas delimitadas no mapa como A, B, C, D e E. Estas reas possuem trilhas que cruzam perpendicularmente as curvas

    de nvel em sua maior declividade, ou seja, seu traado propicia a eroso laminar e

    o arrasto de nutrientes da rea mais elevada e seca ao sul do Parque, para a rea

    mais baixa e mida ao norte. Algumas das trilhas foram, h anos, impermeabiliza-

    das com cimento. Mais recentemente, outras receberam cobertura com triturado

    e foram criados drenos para direcionar a gua a pequenas valas onde esta pode ser

    absorvida.

    Houve um princpio de eroso remontante na rea D, criando-se uma pequena cra-tera, fruto de uma galeria de tijolos que cedeu durante perodo de fortes chuvas em

    2010. Obras foram realizadas para reconstruo da galeria.

    H risco de eroso por gotejamento nas reas F e G, onde h entroncamento de trilhas e menos vegetao. A regio G recebeu o plantio de mudas de rvores.

    O lago artificial sofre eutrofia devido a uma conjuno de fatores e h uma bomba que precisa ser ligada periodicamente para manter a oxigenao do lago.

    As etapas de levantamento de dados, elaborao de grficos e tabelas e anlise do terre-no descritas at aqui so exemplos e sugestes de como a Permacultura pode ser aplica-da na melhoria de ambientes j constitudos.

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    A implantao de diversas tcnicas, principalmente em se tratando de edificaes, pode ser bastante facilitada em novos projetos ou quando se demandam poucas al-teraes estruturais.

    Isto pode ser ilustrado pela riqueza de solues e possibilidades avaliadas na proposta para o Centro de Educao Ambiental CEA Tabor, no Parque Natural Municipal Fazenda do Carmo PNMFC.

    Este projeto foi elaborado para criar um Ncleo de Experimentao em Permacultura nas proximidades do Centro Comunitrio Tabor, de forma a aliar a Educao Ambiental ao uso do campo, espao de lazer j consolidado. Possibilitar a aproximao dos moradores da

    Exemplo de aplicao em um novo projeto

    Parque Natural Municipal Fazenda do Carmo e localizao da rea proposta para CEA.

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    comunidade e demais visitantes aos ciclos da natureza, buscando a conscincia ecolgica atravs do contato com elementos como a Horta, o Viveiro e um Sistema Agroflorestal, atravs da multiplicao de tcnicas e prticas sustentveis, cursos, trilhas, vivncias, vdeos, biblioteca, playground ecolgico, entre outros.

    Em adio, visa tambm integrar um ncleo de experimentao de diferentes tcnicas per-maculturais em bioconstruo, gesto das guas, uso eficiente de energia; uma rea para cursos e vivncias; um espao de lazer infantil educativo temtico (elementos naturais); produzir mudas nativas para recuperao florestal do Parque e prover reflorestamento.

    Sua proposta ter capacidade simultnea para atender a visitantes (escolas, associa-es, cursos) e comunidade do entorno: 60 pessoas em cursos, 150 pessoas usando o campo, periodicamente, e 20 pessoas para uso do parquinho, diariamente.

    O Parque Natural Municipal Fazenda do Carmo uma Unidade de Conservao de Prote-o Integral situada em Itaquera, Zona Leste de So Paulo, uma rea densamente ocupa-da (Figura 12). Est inserido na APA Parque e Fazenda do Carmo, Unidade de Conservao Estadual de Uso Sustentvel, fazendo divisa com o Parque do Carmo e o SESC Itaquera, constituindo desta forma uma rea muito particular para a regio.

    Este projeto busca consonncia com o Artigo 7 da Lei da Mata Atlntica (Lei Federal n 11.428/06), com o Artigo 4 da Lei de Educao Ambiental (Lei Federal n 9.795/99), com o Plano Nacional de reas Protegidas (PNAP Decreto n 5.758/06) e com os objetivos de criao das Unidades de Conservao, inseridos no Artigo 4 do Sistema Nacional de

    Parque Natural Municipal Fazenda do Carmo.

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    Unidades de Conservao SNUC, de promover o desenvolvimento sustentvel a partir dos recursos naturais; promover a utilizao dos princpios e prticas de conservao da natureza no processo de desenvolvimento; proteger e recuperar recursos hdricos e edfi-cos; recuperar ou restaurar ecossistemas degradados; valorizar econmica e socialmente a diversidade biolgica; favorecer condies e promover a educao e interpretao am-biental, a recreao em contato com a natureza e o turismo ecolgico.

    A comunidade residente no entorno imediato do Parque Natural Municipal Fazenda do Carmo tambm pode se beneficiar do contato com tcnicas que compatibilizem moradia e sustentabilidade, a fim de mitigar os impactos que sofre a rea do Parque, ligadas ao planejamento urbano e saneamento bsico.

    Os Setores e Zonas (figura a seguir) no sero detalhados para este exemplo, cujo foco a anlise dos equipamentos. A rea proposta (coordenadas 233540.67 S e 462730.89O), para a instalao do Centro de Educao Ambiental engloba um campo de futebol e seus arredores. Este um espao diverso, com duas reas a serem restau-radas, uma clareira que comportava antiga edificao, outras quatro reas no flores-tadas disponveis para construo, um talude prximo ao campo que utilizado como arquibancada nos dias de jogos, e uma rea bosqueada, utilizada para descanso. Prxi-mos ao local encontram-se dois rios, que desembocam no Rio Aricanduva. Est prxima da Escola Filantrpica Tabor, o CTA Centro Tcnico Agrcola, que trabalha h nove anos com a formao de tcnicos em Agropecuria.

    Exemplo de Setores, Zonas e localizao de equipamentos.

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    As aplicaes, sintonizadas com a Permacultura, so:

    1) Espao para cursos e vivncias:

    Estrutura circular com cerca de 10 metros de dimetro de rea til; Telhado com viga recproca (autoportante); Uso de claraboias para iluminao natural; Paredes em metade da circunferncia do espao e guarda-corpos de 1,2 m de altura

    nas demais reas;

    Beiral do telhado de no mnimo 1 metro; Toldos retrteis nas reas de guarda-corpo meias paredes de maneira que o espao

    possa ser fechado por inteiro;

    Uso de diferentes tcnicas de bioconstruo nas paredes (sugesto: Cordwood, garra-fas pet, pau-a-pique com garrafas de vidro, adobe, superadobe etc.);

    Bancada mnima de 1,5 m de comprimento com pia; Bebedouro com reaproveitamento das guas cinzas; Instalaes eltricas e hidrulicas aparentes (carter educativo); Captao de gua de chuva com sistema automtico de descarte da primeira gua

    (poluio difusa) e reaproveitamento na edificao (vaso sanitrio, lavagem de reas externas e uso no jardim e viveiro), sendo que o excedente dever ser destinado a uma caixa de infiltrao;

    Placas fotovoltaicas e bateria para armazenamento de energia solar; Sistema de tratamento de esgoto alternativo e diferenciado para guas negras e cinzas; Telhado verde.

    2) Centro educativo:

    Optar por tcnica de bioconstruo mais apropriada, preferencialmente diferente da tcnica utilizada nas demais edificaes;

    Sala de vdeo e exposio, com capacidade para 60 pessoas; Biblioteca, almoxarifado, escritrio administrativo e cozinha com iluminao natural

    e claraboia;

    Banheiro seco estrutura bason rampas de compostagem e cabine com captao dupla em uso alternado para descanso do composto. Acoplar a um minhocrio na sada do composto;

    Vestirio e chuveiro para funcionrios, com sistema de aquecimento de gua solar; Instalao eltrica e hidrulicas aparentes (carter educativo); Captao de gua de chuva com sistema automtico de descarte da primeira gua

    (poluio difusa) e reaproveitamento na edificao (vaso sanitrio, lavagem de reas externas e uso no jardim e viveiro), sendo que o excedente dever ser destinado a uma caixa de infiltrao;

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    Placas fotovoltaicas e bateria para armazenamento de energia solar; Sistema de tratamento esgoto alternativo e diferenciado para guas negras e cinzas; Telhado verde.

    3) Parquinho ecolgico:

    Brinquedos feitos de pneu, bambu, madeira, tambores, corda, correntes, material de descarte previamente limpo e higienizado;

    rea deve servir como iniciao educao ambiental (apresentar fauna e flora, traba-lhar questo de resduos, movimento como fora-motriz);

    Utilizao de tambores e outros elementos reciclados para prtica da experimentao musical;

    Gangorra-bomba, gira-bomba, brinquedos que, por meio de movimento atuem como bombas dgua para funcionar um chafariz e regar o jardim;

    Lago com chafariz, alimentado pela bomba dos brinquedos descritos acima; Bancos no entorno feitos atravs de materiais renovveis. Ex.: Super adobe; Sistemas de sombreamento natural; Bebedouro com reaproveitamento das guas cinzas em vala de infiltrao alimentando

    as rvores do sistema de sombreamento natural e outras reas de plantio.

    4) Viveiro escola:

    Em forma geodsica com 10 metros de dimetro de rea interna; Construo com bambu tratado com cobertura de sombrite de maneira que o sombre-

    amento seja no mnimo 75%;

    Bancadas para atender altura de crianas, jovens e adultos (0,8 m; 1,1m); Sistema de irrigao proveniente das fontes de captao de gua de chuva prximas; rea externa ao viveiro para compostagem proveniente das podas e folhagem das reas

    ajardinadas do Parque, conforme zoneamento estabelecido pelo plano de manejo;

    Bebedouro com reaproveitamento das guas cinzas para vala de infiltrao alimentan-do as rvores do sistema de sombreamento natural e outra reas de plantio.

    5) Horta mandala e jardim sensorial, Zonas 1 e 2 da Permacultura:

    Sistema de irrigao por micro aspersor ou gotejamento proveniente das fontes de captao de gua de chuva prximas.

    6) Sistema Agroflorestal educativo, Zonas 2 e 3 da Permacultura:

    Sistema de irrigao por micro aspersor ou gotejamento proveniente das fontes de captao de gua de chuva prximas com reservatrios prximos as reas de plantio (se necessrio suspenso para uso de gravidade com fonte de energia).

    7) Centro de compostagem e minhocrio para destinar resduos dos alimentos do uso da sede administrativa e demais reas:

    Caixas para minhocrios nas cozinhas e reas geradoras de resduos orgnicos, com reaproveitamento de chorume.

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    Permacultura

    8) Banheiro para uso pblico:

    Dispor trs conjuntos de banheiros, um ao lado do viveiro, um ao lado do playground e outro prximo guarita. Cada conjunto dever contar com, no mnimo, um sanitrio fe-minino e outro masculino. O sanitrio masculino dever contar ainda com mictrio seco;

    Sistema de tratamento das guas negras tipo bacia de evapotranspirao (NBR n 13969);

    Captao de gua de chuva com sistema automtico de descarte da primeira gua (poluio difusa) e reaproveitamento na edificao (vaso sanitrio, lavagem de reas externas e uso no jardim e viveiro), sendo que o excedente dever ser destinado a uma caixa de infiltrao;

    Iluminao por claraboia.

    9) Vestirio:

    Seis chuveiros: trs femininos e trs masculinos; Sistema de tratamento das guas cinzas; Chuveiro com sistema de aquecimento de gua solar; Iluminao natural; Captao de gua de chuva com sistema automtico de descarte da primeira gua

    (poluio difusa) e reaproveitamento na edificao (vaso sanitrio, lavagem de reas externas e uso no jardim e viveiro), sendo que o excedente dever ser destinado a uma caixa de infiltrao;

    Telhado verde.

    10) Arquibancada permevel com jardim:

    Sistema de conteno do barranco lateral do campo com superadobe; Jardim com flores e sombra para abrigar os torcedores do campo.

    11) Guarita de vigilncia (projeto pr-elaborado por DEPAVE-1. Adaptao das gua-ritas existentes):

    Placas fotovoltaicas; Telhado verde; Captao de gua de chuva com sistema automtico de descarte da primeira gua

    (poluio difusa) e reaproveitamento na edificao (vaso sanitrio, lavagem de reas externas e uso no jardim e viveiro) o excedente dever ser destinado a uma caixa de infiltrao.

    12) Bicicletrio com uso de materiais reciclados:

    Exemplo: pneus, material de descarte, etc.

    13) Estacionamento permevel, com capacidade para at dois nibus e seis carros.

    14) Permeabilizao e revitalizao do calamento externo.

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    Coberturas e telhadosUma laje de cobertura comum, selada com materiais asflticos, pode chegar a mais de 80 Celsius em um dia quente. Isto ocorre porque superfcies escuras e rugosas absorvem at 90% da irradiao solar, transferindo-a depois lentamente para as edificaes e para o ar ao redor, causando tardes e noites sufocantes. Em locais com elevada insolao, as superfcies frias, brilhantes e de cores claras podem refletir radiao na mesma propor-o, propiciando significativo aumento do conforto trmico de forma natural e reduo do dispndio com sistemas de ar condicionado.

    Telhado branco: a simples pintura do telhado atual com tinta branca, ou a aplicao de materiais reflexivos sobre as telhas, de forma a aumentar o albedo, ou taxa de reflexo da luz.

    necessrio atentar para os custos da pintura e conservao, bem como a composio das tintas, pois algumas destas contm componentes txicos ou cuja extrao causa danos ao meio ambiente.

    Telhado verde: um conjunto de prticas e solues para viabilizar o desenvolvimento de vegetao nas coberturas de edificaes, desenvolvido ao longo dos ltimos trinta anos em diversos locais.

    Seus principais benefcios so:

    Aumento de reas verdes em regies densamente urbanizadas, trazendo maior equil-brio ambiental e enriquecimento da flora e fauna;

    Ganhos no paisagismo e maior destaque arquitetnico em ambientes saturados de concreto e vidro;

    Maior conforto trmico e reduo da carga sobre os sistemas de ar condicionado, pela perda de calor por evapotranspirao e pela barreira criada pela massa trmica forma-da pelo substrato e vegetao ao aquecimento direto de lajes e telhas;

    Melhoria em conforto acstico; Menor volume de guas lanado no sistema pblico de esgotos quando ocorrem preci-

    pitaes, contribuindo, quando usado em larga escala, para reduzir inundaes;

    Prticas em edificaes

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    Permacultura

    Microclima mais estvel e maior equilbrio na umidade relativa do ar, quando aplicado em larga escala;

    Opes para a produo de alimentos, uso para educao ambiental e aumento nos espaos de lazer em reas antes desinteressantes da edificao;

    Reduo dos impactos da poluio, pelo sequestro de carbono e absoro de poluentes; Reduo no estresse dos materiais e trincas causadas pelas variaes trmicas no decor-

    rer do dia.

    Telhados verdes intensivos: tm mais de 20 cm de espessura e podem incluir at ar-bustos e pequenas rvores, muitas vezes exigindo podas, irrigao e adubao. Exigem implantao cuidadosa, recomendando-se fortemente o apoio de especialistas. Podem gerar cargas superiores a 300 kg/m2.

    Telhados verdes extensivos: variam de 2 a 20 cm de espessura, exigem cuidados m-nimos e muitas vezes usam tecnologias como substratos e membranas de proteo es-pecialmente formulados, de fcil manuseio e instalao, ecologicamente corretos e que aliam leveza e durabilidade.

    O telhado deve prever uma estrutura que conte com mecanismos simples para manuten-o, como segmentar a rea coberta em mdulos, de tal forma que um reparo pontual no demande manipular toda a rea. Tambm deve-se optar pelo plantio de espcies vegetais de menor porte, robustas e com razes pouco profundas, preferencialmente nativas. Evitar gramneas tradicionais, de elevada manuteno. A estrutura tpica de um telhado tem os seguintes componentes e sistemas:

    Impermeabilizao: uma membrana ou camada prova dgua, como selantes para te-lhados, uma lona vinlica ou manta plstica.

    Drenagem: tubos de dreno associados a brita, cacos de telha e outros materiais de gra-nularidade maior.

    Substrato: solo ou manta de fibras para sustentar e nutrir a vegetao.

    Cobertura: asperso de mulche, serragem, fibras de coco ou outros, na superfcie, para proteger o substrato contra eroso por gotejamento.

    Biocenose: variedades de plantas companheiras, fungos, microorganismos e outros que iro compor a parte viva do telhado.

    As etapas para a constituio de um telhado verde so:

    Analisar o entorno e zonear reas de sombreamento, canalizao de ventos e chuvas causadas por outros prdios e outros fatores que impactem no telhado;

    Verificar as condies estruturais da edificao, em especial do telhado. Materiais uti-lizados, idade, trincas, variaes trmicas, vibraes;

    Avaliar cargas e necessidades de reforo estrutural. A densidade de substratos pode variar significativamente (por exemplo, de 0,4 g/cm a 1,6 g/cm), dependendo dos ma-

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    teriais usados (solo, fibras etc) e do seu grau de compactao, volume de gua absor-vida, tipo de cobertura vegetal e outros fatores;

    Estudar a viabilidade, comparando-se as diversas alternativas e tcnicas de implanta-o de um telhado verde, seus custos de implantao e manuteno, durabilidade etc;

    Esclarecer sobre expectativas de durabilidade e necessidades de manuteno para cada alternativa;

    Planejar a implantao, as necessidades de movimentao de materiais, dias e hor-rios com restrio de obras etc;

    Preparar o local, efetuar a impermeabilizao e instalar os sistemas de drenagem. Testar estes sistemas;

    Instalar e cuidar da estabilizao do telhado; Realizar a manuteno peridica.

    Captao e aproveitamento de gua da chuvaSistemas de captao de gua de chuva, quando aparentes, so excelentes para progra-mas de educao ambiental em Parques. Telhados, lajes e ptios podem ser usados para canalizar a gua para uma vertente, a partir da qual ser feita a filtragem e armazena-mento da gua. O uso de gua de chuva em ambientes urbanos apropriado para todos os fins no potveis.

    A figura a seguir apresenta um esquema do aproveitamento da gua de chuva, com captao,

    Telhado verde.

    Lara

    Fre

    itas

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    para Administradores de Parques

    Guia de

    Verso Digital

    Permacultura

    filtragem, descarte da gua de lavagem e armazenamento da gua para uso. Nesse m