Guerra Dos Cem Anos

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Guerra dos Cem Anos A expressão Guerra dos Cem Anos, surgida em meados do século XIV, identifica uma série de conflitos armados, registrados de forma intermitente, durante o século XIV eo século XV (de 1337 a 1453, concordando com as da- tas convencionais), envolvendo a França ea Inglaterra. [1] Embora a guerra tenha durado 116 anos o tempo foi arredondado para 100. A longa duração desse conflito explica-se pelo grande poderio dos ingleses de um lado e a obstinada resistência francesa do outro. Ela foi a pri- meira grande guerra europeia que provocou profundas transformações na vida econômica, social e política da Europa Ocidental. A França foi apoiada pela Escócia, Boêmia, Castela e Papado de Avinhão. A Inglaterra teve por aliados os flamengos, alemães e portugueses. A ques- tão dinástica que desencadeou a chamada Guerra dos Cem Anos ultrapassou o caráter feudal das rivalidades político-militares da Idade Média e marcou o teor dos fu- turos confrontos entre as grandes monarquias europeias. 1 O Reino da França João II de Valois condecora cavaleiros. miniatura do século XV, na Biblioteca Nacional da França. No início do século XIV, o reino da França, drenado por grandes bacias fluviais e desfrutando de um clima favo- rável para a agricultura, estava florescendo, com seus 17 milhões de habitantes, [2][3] a primeira potência em termos demográficos da Europa. A sociedade agrícola baseia-se em um sistema feudal e religioso muito hierarquizado. A produção agrícola é capaz de alimentar a população (não havia mais fome desde o século XII [4] ) e necessita da no- breza para defender a terra. [5] O clero desempenha um importante papel social na or- ganização da sociedade. Os clérigos são alfabetizados e têm habilidades na aritmética e gestão das instituições; os religiosos administram organizações de caridade [6] e escolas [7] onde somando-se com os feriados religiosos, o número de feriados chega a 140 por ano. [8] 2 Os atritos Historiograficamente é registrada entre 1334 a 1452. As suas causas remotas prendem-se à época em que o duque da Normandia, Guilherme, o Conquistador, apoderou-se da Inglaterra em (1066). Desde Guilherme, os monar- cas ingleses controlavam extensos domínios senhoriais em território francês, ameaçando o processo de centra- lização monárquica da França que se esboçava desde o século XII. Durante os séculos XII e XIII, os soberanos franceses tentaram, com crescente sucesso, restabelecer a sua autoridade sobre esses feudos. No século XII, o rei Henrique II da Inglaterra se ca- sou com Leonor da Aquitânia e, segundo as tradições feudais, tornou-se vassalo do rei da França nos duca- dos da Aquitânia (Antiga Guiena, Guyenna ou Guyenne) e Gasconha. Desde então, as relações entre os reis da Inglaterra e França foram marcadas por conflitos polí- ticos e militares. Isso culminou na questão da sobera- nia sobre a Gasconha. Pelo Tratado de Paris (1259), Henrique III de Inglaterra abandonara as suas pretensões sobre Normandia, Maine, Anjou, Touraine e Poitou, con- servando apenas a Gasconha. Os constantes conflitos vi- nham pelo fato do rei inglês, que era duque da Gasconha, ressentir-se de ter de pagar pela região aos reis france- ses e de os vassalos gascões frequentemente apelarem ao soberano da França contra as decisões tomadas pelas au- toridades inglesas na região. As influências francesa e inglesa em Flandres (atual Bélgica e Países Baixos) eram também opostas, pois os condes desse território eram vassalos da França e, por outro lado, a burguesia estava ligada economicamente à Inglaterra. Além do intenso comércio estabelecido na 1

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Guerra Dos Cem Anos

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Guerra dos Cem Anos

A expressãoGuerra dos Cem Anos, surgida emmeadosdo século XIV, identifica uma série de conflitos armados,registrados de forma intermitente, durante o século XIVe o século XV (de 1337 a 1453, concordando com as da-tas convencionais), envolvendo a França e a Inglaterra.[1]Embora a guerra tenha durado 116 anos o tempo foiarredondado para 100. A longa duração desse conflitoexplica-se pelo grande poderio dos ingleses de um lado ea obstinada resistência francesa do outro. Ela foi a pri-meira grande guerra europeia que provocou profundastransformações na vida econômica, social e política daEuropa Ocidental. A França foi apoiada pela Escócia,Boêmia, Castela e Papado de Avinhão. A Inglaterra tevepor aliados os flamengos, alemães e portugueses. A ques-tão dinástica que desencadeou a chamada Guerra dosCem Anos ultrapassou o caráter feudal das rivalidadespolítico-militares da Idade Média e marcou o teor dos fu-turos confrontos entre as grandes monarquias europeias.

1 O Reino da França

João II de Valois condecora cavaleiros. miniatura do século XV,na Biblioteca Nacional da França.

No início do século XIV, o reino da França, drenado porgrandes bacias fluviais e desfrutando de um clima favo-

rável para a agricultura, estava florescendo, com seus 17milhões de habitantes,[2][3] a primeira potência em termosdemográficos da Europa. A sociedade agrícola baseia-seem um sistema feudal e religioso muito hierarquizado. Aprodução agrícola é capaz de alimentar a população (nãohavia mais fome desde o século XII[4]) e necessita da no-breza para defender a terra.[5]

O clero desempenha um importante papel social na or-ganização da sociedade. Os clérigos são alfabetizados etêm habilidades na aritmética e gestão das instituições;os religiosos administram organizações de caridade[6] eescolas[7] onde somando-se com os feriados religiosos, onúmero de feriados chega a 140 por ano.[8]

2 Os atritos

Historiograficamente é registrada entre 1334 a 1452. Assuas causas remotas prendem-se à época em que o duqueda Normandia, Guilherme, o Conquistador, apoderou-seda Inglaterra em (1066). Desde Guilherme, os monar-cas ingleses controlavam extensos domínios senhoriaisem território francês, ameaçando o processo de centra-lização monárquica da França que se esboçava desde oséculo XII. Durante os séculos XII e XIII, os soberanosfranceses tentaram, com crescente sucesso, restabelecera sua autoridade sobre esses feudos.No século XII, o rei Henrique II da Inglaterra se ca-sou com Leonor da Aquitânia e, segundo as tradiçõesfeudais, tornou-se vassalo do rei da França nos duca-dos da Aquitânia (Antiga Guiena, Guyenna ou Guyenne)e Gasconha. Desde então, as relações entre os reis daInglaterra e França foram marcadas por conflitos polí-ticos e militares. Isso culminou na questão da sobera-nia sobre a Gasconha. Pelo Tratado de Paris (1259),Henrique III de Inglaterra abandonara as suas pretensõessobre Normandia, Maine, Anjou, Touraine e Poitou, con-servando apenas a Gasconha. Os constantes conflitos vi-nham pelo fato do rei inglês, que era duque da Gasconha,ressentir-se de ter de pagar pela região aos reis france-ses e de os vassalos gascões frequentemente apelarem aosoberano da França contra as decisões tomadas pelas au-toridades inglesas na região.As influências francesa e inglesa em Flandres (atualBélgica e Países Baixos) eram também opostas, pois oscondes desse território eram vassalos da França e, poroutro lado, a burguesia estava ligada economicamente àInglaterra. Além do intenso comércio estabelecido na

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2 3 PRINCIPAIS BATALHAS

região, Flandres era importante centro produtor de te-cidos, que consumia grande parte da lã produzida pelaInglaterra. Essa camada urbana vinculada à produção detecidos e ao comércio posicionava-se a favor dos interes-ses ingleses e portanto, contra a ingerência política fran-cesa na região. Resolveram, flamengos e ingleses, esta-belecer uma aliança, que irritou profundamente o rei daFrança, também interessado na região. Com muita sa-bedoria, eles obedeceram à nova lei pública na Europa,portanto estavam numa crise de guerras Europeias .

Retrato do monarca inglês Eduardo III.

O estopim dos conflitos se deu com o problema suces-sório resultante da morte do terceiro e último filho deFilipe IV, o Belo, Carlos IV, em 1328. Entre os possí-veis sucessores estavam: o rei inglês Eduardo III, da di-nastia Plantageneta, sobrinho do falecido monarca pelolado materno, detentor dos títulos de duque da Aquitâniae conde de Ponthieu (na região do canal da Mancha); e onobre francês Filipe, conde de Valois, sobrinho de FilipeIV, o Belo, pertencente a um ramo secundário da famí-lia real. As pretensões dos dois foram examinadas poruma assembleia francesa que, apoiando-se na lei sálica,segundo a qual o trono não poderia ser ocupado por umsucessor vindo de linhagem materna, inclinou-se para ocandidato nacional, aclamando o sobrinho, Filipe de Va-lois, com o título de Filipe VI. O rei inglês não discutiu adecisão, reconhecendo Filipe VI em Amiens em 1329.O Conde de Nevers, regente de Flandres desde 1322,prestou juramento de obediência ao seu suserano FilipeVI, decisão que poderia paralisar a economia flamenga.Eduardo III, após a intervenção de Filipe VI em Flan-dres apoiando o conde contra os amotinados flamengos,suspende as exportações de lãs. A burguesia flamengaforma um partido a favor do rei de Inglaterra, incitando-oa proclamar-se rei de França. Assim, Eduardo III, insti-

gado por Jacques Artervelde - rico mercador que já havialiderado uma rebelião na cidade flamenga de Gante - etemendo perder o ducado francês de Ducado da Aqui-tânia - mantido como feudo de Filipe VI -, repudiou ojuramento de Amiens e alegou a superioridade de seustítulos à sucessão.Os franceses acusavam os ingleses de desenvolveremuma política expansionista, percebida pelos interesses naAquitânia e em Flandres. Já os ingleses insistiam em seuslegítimos direitos políticos e territoriais na França. Em-bora tenham ocorrido crises anteriores, em geral, a datade 24 de maio de 1337 é considerada como o início daguerra: nesse dia, após uma série de discussões, FilipeVI, cônscio da grave ameaça que representava para osseus domínios a existência de um ducado leal à coroainglesa, apoderou-se de Aquitânia. Eduardo respondeuimediatamente: não reconheceu mais “Filipe, que diziaser rei da França”, e ordenou o desembarque de um exér-cito em Flandres. Iniciava-se a Guerra dos Cem Anos.A situação se deteriorou diante do auxílio francês à inde-pendência da Escócia nas guerras que Eduardo III e o seupai haviam iniciado contra os reis escoceses para ocuparo trono desse país.

3 Principais batalhas

A Europa em 1430, na última fase da Guerra dos Cem Anos.

Entre os episódios mais importantes do conflito citam-se:

• A Batalha de Sluys (1340);

• A Batalha de Crécy (1346);

• A Batalha de Calais (1347);

• A Batalha de Poitiers (1356);

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4.1 Primeiro período (1337 - 1364) 3

• A Batalha de Cocherel (1364);

• A Batalha de Azincourt (1415);

• O Cerco a Orléans (1429);

• A Batalha de Jargeau(1429);

• A Batalha de Meung-sur-Loire (1429);

• A Batalha de Patay (1429);

• A Batalha de Formigny (1450);

• A Batalha de Castillon (1453).

4 Desenrolar da guerra

A guerra dividiu-se por quatro períodos: o primeiro entre1337 e 1364, o segundo entre 1364 e 1380, o terceiroentre 1380 e 1422, e o quarto entre 1422 e 1453.

4.1 Primeiro período (1337 - 1364)

Uma das primeiras batalhas da guerra dos cem anos ocorreu emSluis, perto de Bruges, hoje na Bélgica. Nesse conflito, a frotaanglo-flamenga derrotou a francesa. Miniatura da Batalha deSluys do livros de crônicas de Jean Froissart (século XIV).

Filipe VI exerceu intenso assédio ao litoral inglês durantemeses, até ser derrotado em 1340. As hostilidades come-çaram seriamente com a batalha naval de Sluys, além dorio Escalda, em 1340, onde a frota inglesa foi vitoriosa.Eduardo III tentou conquistar a França, vencendo grandeparte dos combates em Crécyen-Pomthieu (1346), Calais(1347). As duas vitórias inglesas garantiram a EduardoIII importantes posições no norte da França, mantendo ocanal da Mancha sob seu controle. Para tanto o rei da In-glaterra contou com o apoio financeiro de grandes merca-dores de Flandres e do duque da Bretanha, que voltou-secontra o monarca francês. O avanço e a conquista inglesasó não foram maiores porque após a batalha de Crécy,

Iluminura de um manuscrito do século XV representandoBatalha de Crécy.

miniatura medieval mostrando a Batalha de Poitiers (1356).

ocorreu a chamada "Peste Negra", que dizimou pratica-mente um terço da população europeia. A peste foi res-ponsável por interromper a guerra.Vários anos depois, quando se retomaram os comba-tes, Eduardo III havia conquistado o apoio do rei deNavarra, Carlos II, e a inestimável ajuda militar de seufilho Eduardo, o príncipe de Gales, conhecido como opríncipe negro (por conta da cor de sua armadura). Esseperíodo foi caracterizado por sucessivas vitórias inglesas,contando com o apoio de muitos nobres locais, mais pre-ocupados em preservar seus domínios do que com a le-aldade devida ao rei da França, possibilitando o domí-nio de cerca de um terço do território francês nas re-giões norte e oeste. O Príncipe Negro conseguiu to-mar como prisioneiro o sucessor de Filipe, João II, oBom na Batalha de Poitiers (1356), e posteriormente,exigiu resgate por sua libertação. Uma insurreição po-pular (Jacquerie) complicou as coisas: revoltados com amiséria, os camponeses se lançavam contra os senhoresfeudais, enquanto a burguesia de Paris, indignada pelascalamidades da guerra e liderada por ÉtienneMarcel, cla-

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4 4 DESENROLAR DA GUERRA

mava por mudanças políticas. O filho de João, o Bom, ofuturo Carlos V, atendeu as questões internas e negocioua paz com Eduardo III. Em 1360, o Tratado de Brétigny,ratificados em Calais, deu a Eduardo um considerável nú-mero de territórios na França (Calais e todo o sudoestefrancês) em troca do abandono de suas reivindicações aotrono francês.

4.2 Segundo período (1364 - 1380)

Carlos V, o Sábio.

A morte de João II (1364), que permanecera em mãosdos ingleses, marcou o recrudescimento das hostilidades,pois seu filho Carlos (1364-1380), que o sucedeu no tronofrancês com o nome de Carlos V, negou-se a respeitaros tratados firmados em 1360. Dessa vez os francesesatacaram com êxito o inimigo pois a França desfrutavade uma melhor posição.Sob Carlos V, os franceses, graças a unificação de seusexércitos, recuperaram boa parte do território meridio-nal do Reino da França. Neste período destacou-se ocondestável francês Bertrand Du Guesclin, cavaleiro va-lente e notável militar que organizou as famosas “cam-panhas brancas” (sistema de guerrilhas). A luta se es-tendeu a Castela, com a França apoiando o candidato àcoroa, Dom Henrique, contra Dom Pedro aliado da In-glaterra. As vitórias do monarca francês, fruto da reor-ganização militar, fortaleceram a ideia de centralizaçãopolítica, possibilitou submeter a maior parte da nobreza,aumentar a arrecadação tributária e organizar o Estadocom elementos oriundos da burguesia em cargos de con-

fiança.Em 1377, com escassos meses de distância entre um eoutro, faleciam o príncipe de Gales e Eduardo III. O su-cessor do trono inglês era o neto do monarca falecido,Ricardo II, de apenas dez anos de idade. A morte do mo-narca da França Carlos V, em 1380, esfriou o ânimo dosfranceses.

4.3 Terceiro período (1380 - 1422)

Nas últimas décadas do século XIV e as décadas inici-ais do século seguinte foram marcadas pelas disputas in-ternas nos dois países, arrefecendo momentaneamente aguerra externa.No caso da Inglaterra, o reinado de Ricardo II, investidodo poder assim que alcançou a maioridade (1389), viu ashostilidades praticamente cessarem. Porém, ocorreramrebeliões camponesas lideradas por Wat Tyler, contra aservidão, e posteriormente as disputas envolveram parteda nobreza, que lutou contra o rei, e culminou com a as-censão de Henrique de Lencastre ao trono, em 1399, como título de Henrique IV.Na França, as lutas internas foram mais complexas eenvolveram os interesses da região da Borgonha, antigofeudo poderoso, que lutou constantemente por seus inte-resses particulares. Em 1380, quando os ingleses nadamais ocupavam senão Calais e a Aquitânia, morreu Car-los V na França, abrindo caminho para a ascensão do her-deiro Carlos VI, o Insensato, de doze anos. Houve umasérie de disputas pelo poder, que culminou com a cisãoda nobreza francesa em dois partidos: os armagnacs, par-tidários da família de Orléans, e os borguinhões, parti-dários dos duques de Borgonha. Em considerando Car-los VI como incapaz, os Borguinhões pretenderam tomaro poder e, após várias derrotas, aliaram-se aos ingleses.Ao lado da família real ficaram o irmão do rei, Luis deOrléans e Bernardo de Armagnac. Nesta guerra civil,destacaram-se João Sem Medo da Borgonha e o DelfimCarlos.A retenção inglesa de Calais e Bordeaux, no entanto, im-pediu a paz permanente. Na França, a evidente incapaci-dade mental do rei, Carlos VI, desencadeou acirradas dis-putas pelo trono entre seus irmãos. A eclosão da guerracivil na França (luta entre Armagnacs, partidários dos Or-léans, e os Borguinhões, partidários do duque de Borgo-nha), além da loucura do rei Carlos VI, animou o novorei inglês, Henrique V, a insistir em suas reivindicaçõesno tocante ao trono francês (invocando a lei sálica). Hen-rique V, primo de Ricardo II, assumira a coroa em 1413.A guerra civil e a loucura do rei Carlos VI permitiramnovas conquistas dos ingleses. Em 1415, Henrique V de-sembarcou na Normandia, invadindo e tomandoHarfleur.Neste mesmo ano, travou-se a batalha de Agincourt (ouAzincourt), num terreno em que a chuva transformaranum atoleiro. A orgulhosa cavalaria francesa foi massa-

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4.4 Quarto Período (1422 - 1453) 5

O monarca inglês Henrique V.

Batalha de Azincourt em miniatura do século XV.

crada e milhares de nobres franceses pereceram. Seguiu-se a ocupação de Paris (1415), da Normandia (1419) ede outras regiões no norte da França, obrigando a assina-tura da paz, com a cumplicidade de Isabel da Baviera. OTratado de Troyes (1420), que garantia a Inglaterra todoo norte do país (inclusive Paris) e, o mais grave, forçouCarlos VI a deserdar do trono seu filho, o Delfim CarlosVII. Henrique V casou-se com a princesa Catarina, filhade Carlos VI, ficando com o direito de herdar o trono.Depois do assassinato de João SemMedo, duque de Bor-

gonha e um dos contendores na guerra civil da França,Henrique V aliara-se ao filho do duque, Filipe, o Bom.A união teve sucesso e até 1422 o rei inglês e o novo du-que de Borgonha controlaram todo o território francês aonorte do Loire, incluindo Paris e a Aquitânia.Naquele ano, morreram tanto Carlos VI quanto Henri-que V, o que faz com que as duas coroas (a da Françae da Inglaterra) fossem herdados por Henrique VI, queainda era uma criança recém nascida. Dois barões ingle-ses encarregaram-se da regência: o Duque de Badford seocupou da França e o Duque de Gloucester passou a ad-ministrar a Inglaterra. Carlos VII, o Delfim, assumiu arealeza em Bourges. Assim, a França encontrava-se divi-dida em dois reinos: nos territórios do norte, governavao rei inglês, apoiado pelos borguinhões; nos poucos ter-ritórios do sul, reinava o francês Carlos VII, com o apoiodos armagnacs.

4.4 Quarto Período (1422 - 1453)

A França em 1435

ODelfim, porém, instalara-se no vale do Loire e dali pas-sou a liderar a resistência francesa aos invasores. É nessemomento que aparece em cena uma camponesa místicae visionária de Domrémy: Joana d'Arc, que conseguiudesarmar uma conspiração para matar o soberano. Osregentes do ineficaz Henrique VI foram perdendo o con-trole dos territórios conquistados para as forças francesas,sob a liderança de Joana d'Arc.Com a França em perigo Joana d'Arc organizara umexército completamente diferente dos exércitos feudais.Guerra era assunto para nobres e homens em geral. Seuexército era liderado por uma mulher camponesa. Osexércitos feudais lutavam por seu senhor e seu feudo. Ode Joana d'Arc era um exército nacional, que lutava pelaFrança e por seu rei. Os franceses, agora, sentiam-se in-tegrantes de um país. A ideia de nação estava lançada.Joana d'Arc conseguiu do Delfim um exército de aproxi-

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6 5 CONSEQUÊNCIAS

Coroação de Carlos VII na Catedral de Reims, segundo as antigastradições.

madamente cinco mil homens e libertou a praça forte deOrléans (1429). Essa vitória fez Filipe, o Bom, abando-nar seus aliados ingleses e aceitar a autoridade de Car-los VII. Depois conquistou Reims, no norte do país, ondeCarlos VII foi coroado segundo as antigas tradições. Car-los VII, aproveitando as discórdias da Guerra das DuasRosas na Inglaterra, empreendeu eficaz reestruturaçãomilitar que culminará com a conquista da Aquitânia em1453.Em 1430, aprisionada pelos borguinhões, Joana D'Arcfoi entregue aos ingleses, em Compiègne. Foi julgadaherética por um tribunal eclesiástico e queimada na fo-gueira, em 1431, em Rouen (ou Ruão).O impulso, entretanto, estava dado. Os franceses, incen-tivados pelo martírio de Joana d'Arc, bateram os inglesesem Formigny (1450), tendo conquistado a Normandia egrande parte da Gasconha. O fim da guerra é marcadopela batalha de Castillon, em 1453, quando foi capturadaa cidade de Bordeaux, o último reduto inglês. Isto sig-nificou, efetivamente, o fim da guerra, e desde então osingleses mantiveram apenas Calais, que conservaram até1558. Eles foram forçados a voltar sua atenção aos assun-tos internos, principalmente às guerras das Rosas e desis-tiram de todas as reivindicações sobre a França. Nenhumtratado foi assinado de forma a assinalar o fim das hos-tilidades. A rivalidade anglo-francesa, no entanto, aindaperduraria por muito tempo.

A Batalha de Castillon.

5 Consequências

Os conflitos deixaram um saldo de milhares de mortosem ambos os lados, e uma devastação sem precedentesnos territórios e na produção agrícola francesa.No plano político e social, a Guerra dos Cem Anos con-tribuiu para a dinastia de Valois, apoiada pela burguesia,fortaleceu o poder real francês, abrindo caminho para ochamado absolutismo, por vários motivos:

• Liquidou com as pretensões inglesas sobre territó-rios na França;

• Os feudos do rei inglês, na França, passaram para odomínio da coroa francesa;

• O longo período de guerras enfraqueceu bastante anobreza francesa, porque, à medida que os nobresmorriam, seus feudos iam passando para o domíniodo rei, debilitando o sistema feudal.

• Construção de uma identidade nacional entre osfranceses;

• Tornou possível a criação de algumas instituições degoverno centralizadas.

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• A cavalaria entrou em decadência.

• Atrasou a expansão marítimo-comercial norte-francesa o que lhe custaria a perda de grande partedo mundo para os países ibéricos, razão pela qual aFrança foi o único dos grandes países expansionis-tas a ter impacto e influência demográfica despre-zível nas Américas, em contraste com países comoPortugal. A ao contrário da França, a Inglaterra eposteriormente a Holanda conseguiram recuperar otempo perdido, inclusive superando os países ibéri-cos no hemisfério leste e maior parte da AméricaSetentrional.

No plano das relações internacionais da Europa no pe-ríodo, o conflito se liga ainda a outros episódios como aGuerra Civil de Castela, os confrontos na Sicília entre aFrança e o reino de Aragão e mesmo o chamado Papadode Avinhão.Poderá, enfim, dizer-se que a Guerra dos Cem Anosmarca o final da Idade Média e anuncia a Idade Moderna.

6 Curiosidades

• A pólvora foi pela primeira vez utilizada como armaem combate na Europa nos campos de Crecy, pelastropas inglesas. O pedreiro causava mais ruído doque estragos materiais, mas foi eficiente para assus-tar a cavalaria francesa.

• Joana d'Arc, heroína francesa no conflito, quasecinco séculos após a sua execução na fogueira porsuposta prática de feitiçaria, foi canonizada pelaIgreja Católica, em 1920, como Santa Joana d'Arc.Deve-se, no entanto, recordar que, já em 1456, Jo-ana foi declarada inocente pelo Papa Calisto III,confirmando que a Igreja da Inglaterra, nesse julga-mento, agiu por conta própria, por pressão dos in-gleses e interesses políticos.

• Apesar do nome, a Guerra dos Cem Anos durouexatos 116.[carece de fontes?]

7 Reis durante a guerra

nascimento - começo de reinado - morte

8 Referências[1] Anne Curry. The Hundred Years’ War: 1337-1453. [S.l.]:

Osprey Publishing, 2002. ISBN 978-1-84176-269-2.

[2] (em francês) L'enfance au Moyen Âge : la ville, Bibliothè-que Nationale de France. Página acessada em 11 de abrilde 2010.

[3] (em francês) L’affirmation du pouvoir royal (XII°-XV° siè-cles), IUFM de Créteil. Página acessada em 11 de abril de2010.

[4] Michel Balard, Jean-Philippe Genet et Michel Rouche2003, p. 222-223

[5] Michel Kaplan et Patrick Boucheron 1994, p. 89-90

[6] Marie-Thérèse Lorcin,Des Restos du cœur avant la lettre,Historia Thématique N°65: Un Moyen Âge inattendu pá-ginas 48 a 51

[7] Colette Beaune,Petite école, grand ascenseur social, His-toria Thématique N°65: Un Moyen Age inattendu páginas42 a 47

[8] Jean-Michel Mehl,Près de cent quarante jours chômés paran, Historia Thématique N°65: Un Moyen Age inattendupáginas 58 a 64

9 Bibliografia• (em francês) Balard, Michel; Genet, Jean-Philippee Rouche, Michel. Le Moyen Âge en Occident, Ha-chette, 2003, 352 p. ISBN 9782011455406

• (em francês) Boucheron, Patrick e Kaplan, Michel.Le Moyen Âge, XIe - XVe siècle, Bréal, 1994, 397p. ISBN 9782853947329

10 Ligações externas• Joana D'Arc - A Donzela de Domremy

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8 11 FONTES, CONTRIBUIDORES E LICENÇAS DE TEXTO E IMAGEM

11 Fontes, contribuidores e licenças de texto e imagem

11.1 Texto• Guerra dos Cem Anos Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra%20dos%20Cem%20Anos?oldid=40635342 Contribuidores: Manuel

Anastácio, Joaotg, Muriel Gottrop, Mschlindwein, Ma'ame Michu, Gaf.arq, E2mb0t, LeonardoRob0t, Pedrassani, Santana-freitas, NunoTavares, NTBot, Getbot, RobotQuistnix, Leslie, Sturm, Clara C., Loge, Leandromartinez, 333, João Carvalho, André Koehne, CarlosLuis M C da Cruz, OS2Warp, Marcoavgdm, Palica, Deusnaoexiste, Adailton, Lijealso, YurikBot, Porantim, Gpvos, Santosga, Gabbhh,MalafayaBot, Eduardoferreira, Joseolgon, Dantadd, Wagner (Brasil), Cyro, LijeBot, Pikolas, Jonybigude, DCandido, Vasjun, Jo Lorib,Roni1986, Miguelbn, FSogumo, Nemracc, Picture Master, Thijs!bot, Tchill, Rei-bot, GRS73, Escarbot, Belanidia, JSSX, Tori, JAnD-bot, Luiza Teles, Kleiner, Gla, Bisbis, Dédi’s, CommonsDelinker, Eric Duff, Bot-Schafter, Igortsa, EuTuga, TXiKiBoT, Tumnus, Aibot,VolkovBot, SieBot, AKK1509, Yone Fernandes, Teles, AlleborgoBot, GOE, PipepBot, Auréola, Kim richard, PatiBot, LeoBot, Sexy-Man, Beria, Alexandrepastre, Fdxfdp, Ruy Pugliesi, BodhisattvaBot, MelM, SilvonenBot, Vitor Mazuco, Fabiano Tatsch, ChristianH,Numbo3-bot, Luckas-bot, LinkFA-Bot, Mateus Trigo, Nallimbot, Amirobot, BenAllard, Eamaral, Salebot, Yonidebot, ArthurBot, WillyWeazley, DWJR, Alumnum, Coltsfan, SuperBraulio13, Xqbot, GhalyBot, Gean, Darwinius, SassoBot, RibotBOT, Kuvaly, ThiagoRuiz,Ts42, Tuga1143, Carlos Eduardo Ramos, TobeBot, Braswiki, Stegop, Marcos Elias de Oliveira Júnior, HVL, Viniciusmc, Papaanjo1, Capi-tão Pirata Bruxo, Dfdc, Aleph Bot, EmausBot, JackieBot, ZéroBot, Érico Júnior Wouters, Renato de carvalho ferreira, Guipson, Braswiki,Rhyu, Frankdyarc, Lucas Fabricio02, Afreitastavora, Luanbot, Jbribeiro1, Nestoresteves, Stuckkey, Caio ZAGATTI, CocuBot, Colabora-dor Z, MerlIwBot, Jimmyilbierto, Antero de Quintal, Marcelportugal, Ane goaroline, Vagobot, Lucasbh11, DARIO SEVERI, Zoldyick,Matheus Faria, Jml3, João eduardo felipe, Alaiyo, Raul Caarvalho, Mirelli Navarra, Prima.philosophia, Kevin Eduardo Gonçalves, Legobot,Holdfz, Bernardiiim, VitinhGamer e Anónimo: 248

11.2 Imagens• Ficheiro:Adoubement1.jpg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b2/Adoubement1.jpg Licença: CC-BY-SA-3.0Contribuidores: ? Artista original: ?

• Ficheiro:Agincour.JPG Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/ff/Agincour.JPG Licença: Public domain Contribui-dores: Desconhecido Artista original: Unknown - Ms 6 f.243 Battle of Agincourt, 1415, English with Flemish illuminations, from the'St. Alban’s Chronicle' by Thomas Walsingham (vellum), English School, (15th century) / © Lambeth Palace Library, London, UK / TheBridgeman Art Library

• Ficheiro:Arms_of_Edward_III_of_England.svg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d7/Arms_of_Edward_III_of_England.svg Licença: CC-BY-SA-3.0 Contribuidores: ? Artista original: ?

• Ficheiro:Arms_of_the_Kingdom_of_France_(Moderne).svg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/86/Arms_of_the_Kingdom_of_France_%28Moderne%29.svg Licença: CC BY-SA 3.0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Sodacan

• Ficheiro:Battle-poitiers(1356).jpg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/21/Battle-poitiers%281356%29.jpg Li-cença: Public domain Contribuidores: ? Artista original: ?

• Ficheiro:Battle_of_Castillon.jpg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5c/Battle_of_Castillon.jpg Licença: Publicdomain Contribuidores: Desconhecido Artista original: Charles-Philippe Larivière

• Ficheiro:Battle_of_crecy_froissart.jpgFonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/24/Battle_of_crecy_froissart.jpgLi-cença: Public domain Contribuidores: ? Artista original: ?

• Ficheiro:BattleofSluys.jpeg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/bf/BattleofSluys.jpeg Licença: Public domainContribuidores: ? Artista original: ?

• Ficheiro:Blason_fr_Bourgogne.svg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/cc/Blason_fr_Bourgogne.svg Li-cença: CC BY-SA 3.0 Contribuidores: <a href='//commons.wikimedia.org/wiki/File:Meuble_h%C3%A9raldique_Fleur_de_lys.svg'class='image' title='Image:Meuble héraldique Fleur de lys.svg'><img alt='Image:Meuble héraldique Fleur de lys.svg'src='//upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/59/Meuble_h%C3%A9raldique_Fleur_de_lys.svg/20px-Meuble_h%C3%A9raldique_Fleur_de_lys.svg.png' width='20' height='26' srcset='//upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/59/Meuble_h%C3%A9raldique_Fleur_de_lys.svg/30px-Meuble_h%C3%A9raldique_Fleur_de_lys.svg.png 1.5x, //upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/59/Meuble_h%C3%A9raldique_Fleur_de_lys.svg/40px-Meuble_h%C3%A9raldique_Fleur_de_lys.svg.png 2x'data-file-width='711' data-file-height='919' /></a> (Yorick )Artista original: English: Picture made for the Blazon Project of French-speaking Wikipedia

• Ficheiro:Broom_icon.svg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2c/Broom_icon.svg Licença: GPL Contribuidores:http://www.kde-look.org/content/show.php?content=29699 Artista original: gg3po (Tony Tony), SVG version by User:Booyabazooka

• Ficheiro:Charles_V_France.jpg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/ce/Charles_V_France.jpg Licença: CC BY-SA 3.0 Contribuidores: Miniwark (2006) Artista original: Anônimo

• Ficheiro:Commons-logo.svg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4a/Commons-logo.svg Licença: Public domainContribuidores: This version created by Pumbaa, using a proper partial circle and SVG geometry features. (Former versions used to beslightly warped.) Artista original: SVG version was created by User:Grunt and cleaned up by 3247, based on the earlier PNG version,created by Reidab.

• Ficheiro:EdwardIII-Cassell.jpg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/dc/EdwardIII-Cassell.jpg Licença: Publicdomain Contribuidores: ? Artista original: ?

• Ficheiro:Europe_in_1430.PNG Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c1/Europe_in_1430.PNG Licença: Publicdomain Contribuidores: [1] Artista original: Lynn H. Nelson

• Ficheiro:Henry_V_of_England.jpg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d5/Henry_V_of_England.jpg Licença:Public domain Contribuidores: http://www.intofineart.com/htmlopus/painting-24289.html Artista original: English: unknown

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• Ficheiro:Hundred_years_war_france_england_1435.jpg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/49/Hundred_years_war_france_england_1435.jpg Licença: CC-BY-SA-3.0 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: 17177

• Ficheiro:Jeanne_d'Arc_-_Panthéon_III.jpg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5e/Jeanne_d%27Arc_-_Panth%C3%A9on_III.jpg Licença: CC BY-SA 2.5 Contribuidores: Obra do próprio Artista original: Tijmen Stam (User:IIVQ)

• Ficheiro:Lenepveu,_Jeanne_d'Arc_au_siège_d'Orléans.jpg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e9/Lenepveu%2C_Jeanne_d%27Arc_au_si%C3%A8ge_d%27Orl%C3%A9ans.jpg Licença: Public domain Contribuidores: published onen.wiki here by User:Gdr, taken from http://194.165.231.32/hemma/mathias/jeannedarc/lenepveu2.jpg Artista original: Jules EugèneLenepveu

• Ficheiro:NoFonti.svg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b5/NoFonti.svg Licença: CC BY-SA 2.5 Contribuido-res: Image:Emblem-important.svg Artista original: RaminusFalcon

• Ficheiro:Royal_Arms_of_the_Kingdom_of_Scotland.svg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/bd/Royal_Arms_of_the_Kingdom_of_Scotland.svg Licença: CC BY-SA 3.0 Contribuidores:

• Royal_Coat_of_Arms_of_the_Kingdom_of_Scotland.svg Artista original: Royal_Coat_of_Arms_of_the_Kingdom_of_Scotland.svg:Sodacan

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