Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · chakras secundários já era do conhecimento...

8
Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Escola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma 67ª aula: Continuação das epístolas Textos complementares GEAEL Aula 67 — Entre muitas, a lição que fica: Do ponto de vista absoluto, podemos apenas sugerir ou intuir que o universo, para o Todo, seria apenas como que um modo-de-ser de si mesmo, uma imagem mental de Sua Mente infinita, e que todo o universo se desvaneceria como um sonho, se a Mente de Deus deixasse de “pensar”. O Universo é mental Mário Jaci São sete os princípios herméticos: 1) o princípio do mentalismo; 2) o de correspondência; 3) o de vibração; 4) o de polaridade; 5) o de ritmo; 6) o de causa e efeito; e 7) o de gênero. Antes de estudarmos, detalhadamente, cada um desses princípios, que são o fundamento da filosofia hermética, cha- mamos a atenção para dois pontos de ordem filosófica que, por analogia com as descobertas da ciência moderna, podem ser explicados “cientificamente”. PRIMEIRO — Desde Lavoisier, a ciência oficial sabe que a natureza não conhece extinção, apenas transformação; o que está sendo provado cada vez de modo mais acurado, nos

Transcript of Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · chakras secundários já era do conhecimento...

Page 1: Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · chakras secundários já era do conhecimento dos atlantes, dos antigos egípcios, dos ioguis e dos ocultistas em geral, muitos

Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de LimeiraEscola de Aprendizes do Evangelho — 8ª turma

67ª aula: Continuação das epístolasTextos complementares

GEAEL

Aula 67 — Entre muitas, a lição que fica:Do ponto de vista absoluto, podemos apenas sugerir ou intuir que o universo, para o Todo, seria apenas como que um modo-de-ser de si mesmo, uma imagem mental de Sua Mente infinita, e que todo o universo se desvaneceria como um sonho, se a Mente de Deus deixasse de “pensar”.

O Universo é mental — Mário Jaci

São sete os princípios herméticos:1) o princípio do mentalismo;2) o de correspondência;3) o de vibração;4) o de polaridade;5) o de ritmo;6) o de causa e efeito; e 7) o de gênero.

Antes de estudarmos, detalhadamente, cada um desses princípios, que são o fundamento da filosofia hermética, cha-mamos a atenção para dois pontos de ordem filosófica que, por analogia com as descobertas da ciência moderna, podem ser explicados “cientificamente”.

PRIMEIRO — Desde Lavoisier, a ciência oficial sabe que a natureza não conhece extinção, apenas transformação; o que está sendo provado cada vez de modo mais acurado, nos

Page 2: Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · chakras secundários já era do conhecimento dos atlantes, dos antigos egípcios, dos ioguis e dos ocultistas em geral, muitos

2 67ªaula:Continuaçãodasepístolas

laboratórios atômicos. Sabemos que nada, ainda que se trate da mais insignificante partícula, pode desaparecer sem dei-xar vestígios. Repetimos: “Em a natureza nada se perde, tudo se transforma”. Ora, se esse princípio fundamental rege o comportamento das menores e mais insignificantes partes do universo, é lógico presumir que o mesmo princípio se aplica também ao ser humano, que não se extingue com a chamada morte, mas apenas se transforma.

SEGUNDO — A construção do radiotelescópio, para citar apenas um exemplo recente, possibilitou a descoberta de corpos celestes, denominados “corpos fantasmas”, nuvens ou estrelas de rádio, de tamanho descomunal que, apesar de sua pequena luminosidade emitem ondas radiofônicas de ex-traordinária força. Esses astros aí estavam no céu, existiram sempre: apenas, nem suspeitava o homem de sua existência, até que inventou um aparelho capaz de, descobrindo-os, es-crever mais uma página no livro das estrelas.

Torna-se evidente que a percepção do homem, em rela-ção ao universo em que vive, é restringida pelas limitações de seus sentidos. O olho humano, por exemplo, não capta a maior parte das “luzes” que iluminam nosso mundo; e, sendo assim, dele o homem só percebe uma imagem irreal, distor-cida, enfraquecida e incompleta, bem diferente daquela que ele teria, se seus olhos fossem também sensíveis às vibrações situadas acima ou abaixo do espectro solar, como as de raio X ou de rádio.

Por analogia, podemos dizer que a percepção dos mun-dos etérico, astral, mental e espiritual que existem em outro comprimento de onda, que jamais será percebido pelos senti-dos físicos, a percepção desses mundos dependerá, também,

de um instrumento que funcione nessas outras faixas infini-tamente mais avançadas, vibracionalmente, do que qualquer uma das “luzes” do mundo físico.

Esse instrumento, porém, o homem não precisará inven-tar, pois possui vários deles — os chakras — todos dotados de sensibilidade extremamente elevada.

A existência dos sete chakras principais e milhões de chakras secundários já era do conhecimento dos atlantes, dos antigos egípcios, dos ioguis e dos ocultistas em geral, muitos milênios antes de Cristo.

Um dia a biologia eletrônica provará, cientificamente, a existência desses aparelhos, que fazem parte do sistema ner-voso-magnético do homem e dos animais, e que se situam nos corpos ou campos de força que envolvem todas as criaturas. O homem moderno, se quiser por em funcionamento esses aparelhos delicadíssimos, como o faziam os antigos e o fazem alguns dos ioguis modernos, terá apenas que torná-los limpos e iluminados com a luz interna de seu próprio espírito.

Então, abertas as portas da percepção extra-sensorial, novo universo, como o que surgiu agora, com a invenção do radiotelescópio, se revelará à ciência: um fantástico universo vibracional, que se situa além das fronteiras dos átomos e das galáxias.

Aprendemos com a física nuclear que matéria é energia e energia é matéria, isto é, matéria e energia são uma só coisa sob diferentes aspectos. Os ocultistas iam mais longe, não se limitando unicamente ao mundo físico: eles diziam que o uni-verso material que conhecemos, os outros universos, o etérico, o astral, o mental e aqueles, dos quais no seu estado atual o homem nem participa, são simplesmente as diferentes formas transitórias da manifestação mental de uma Infinita Mente Suprema.

Mesmo se considerarmos a criação da ordem metafísica e não da ordem sensível, sendo tudo de natureza mental, dentro do nosso limitadíssimo esquema de percepção, a realidade e a irrealidade do universo já podem ser definidas.

Percebemos que, apenas do ponto de vista finito, resul-tante de nossas mentes finitas e, portanto, do ponto de vista relativo, deve o universo ser considerado como real. Exem-plifiquemos: os corpos chamados sólidos não tem existência real. Assim os percebemos, devido a nossos sentidos só re-velarem a sua realidade externa. Na verdade, nós mesmos, corpos sólidos, somos campos de pura energia.

Do ponto de vista absoluto, podemos apenas sugerir ou intuir que o universo, para o Todo, seria apenas como que um modo-de-ser de si mesmo, uma imagem mental de Sua Mente infinita, e que todo o universo se desvaneceria como um sonho, se a Mente de Deus deixasse de “pensar”. Essa Mente Suprema, que se situa atrás desses diversos aspectos manifestados — as múltiplas aparências de tempo e espaço, de causa e efeito; que está atrás da superficial flutuação de formas, é aquilo que, por sua própria natureza, não pode ser compreendido nem definido: é o SER, a realidade substancial, o Todo, o Espírito incriado, DEUS. Por isso todas as especula-ções metafísicas sobre Ele são fúteis.

Page 3: Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · chakras secundários já era do conhecimento dos atlantes, dos antigos egípcios, dos ioguis e dos ocultistas em geral, muitos

EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 3

Porém, podemos continuar especulando sobre — o uni-verso e tudo o que ele contém é uma criação mental de Deus —. Esse é o primeiro e mais importante dos princípios hermé-ticos, pois resume e encerra todos os outros axiomas ocultos.

O homem, miniatura do grande universo, e que o contém parcialmente, pode criar, pelo pensamento, o seu mundo, em sua mente finita. Ao pensar e criar mentalmente, nele não há mutação; pois não tira de si o que cria mentalmente, mas simplesmente o cria.

Pelas leis que regem o microcosmo que conhecemos, po-demos deduzir as leis que regem o macrocosmo que desco-nhecemos. Da mesma maneira, a Mente Infinita de Deus, a Suprema Matriz dos universos, quando cria, nada tira de si, mas simplesmente o cria.

Ambas, a mente finita do homem e a Mente Infinita do Pai são, em sua essência análogas; correspondem-se em sua natureza, mas existem milhões e milhões de graus diferentes de vibração, na distância vibratória que separa e ao mesmo tempo une, a mente finita do homem à Mente Infinita de Deus — semelhante à distância vibratória que separa e ao mesmo tempo une a treva e a luz.

Sendo o universo mental em sua natureza, podemos dizer que a transmutação mental é a arte de mudar as condições do universo, em quaisquer dos planos da materia, da energia, da mente, ou dos planos da super-mente ou mente do Espí-rito. Essa antiga arte, a verdadeira magia divina, de que os antigos se haviam tornado senhores, chegou até nossos dias em sentido velado, na alegoria da pedra filosofal dos antigos alquimistas, porém já totalmente desprovida de sua primitiva beleza original.

Hoje, o cientista da era atômica, no seu ciclotron, des-pedaça átomos, liberando imensas energias. Num passado

remotíssimo, a que nos referi-mos, na era de luz do Egito e, anteriormente, na Atlântida, os mestres do ocultismo, com o infinito poder das ondas e dos raios que podiam gerar suas mentes ligadas à Infinita Mente de Deus, desmateriali-zavam a matéria, converten-do-a em movimento, som, ca-lor e luz, isto é, em energia; e, invertendo o processo, chega-ram por sua vez a converter a própria energia em matéria; e não só a energia ligada ao mundo físico, mas as ener-gias sutilíssimas dos outros universos vibracionais.

Aquele que já conseguiu elevar seu poder mental a certa potência de radiação, sabe que isto é possível.

A energia mental do ho-mem, quando dinamizada

em sua própria mente divina, e em sintonia com as vibrações dos planos superiores, irradia incalculável energia psíquica, sob a forma de raios de inúmeras cores: todas as cores do es-pectro da luz solar e dos sóis astral, mental e espiritual; cores luminosas ou negativas, e mais ainda, feixes de várias cores, como um arco-íris, e o prateado, o dourado, o branco e até a própria ausência de cor, o raio negro.

Estes raios, mais penetrantes do que os dos elementos radioativos, pois são infinitamente mais curtos, podem trans-mitir não só a matéria mas a energia etérica, astral ou mental, neste ou no outro mundo, de estado em estado, de grau em graui de condição em condição, de pólo em pólo, de vibração em vibração.

Diz um axioma hermético: “aquele que compreende a verdade da natureza mental do universo, segue bem adianta-do na senda do domínio”.

A transmutação mental é, pois, o delicado instrumento de trabalho do mestre.

Teoricamente, não há limites para o poder mental que irradia sabedoria e amor.

Nota do GES — Embora esse princípio já fosse ensinado por Empédocles, Demócrito e outros, repetido por Lucrécio, Ovídio etc. o autor tem razão: só a partir de Lavoisier, é que a “ciência oficial” tomou conhecimento dessa realidade, tão conhecida na antigüidade.

Mário JaciRevista Sabedoria, 16

abril/1965

Page 4: Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · chakras secundários já era do conhecimento dos atlantes, dos antigos egípcios, dos ioguis e dos ocultistas em geral, muitos

4 67ªaula:Continuaçãodasepístolas

1. INTRODUÇÃONão só as epístolas, mas também os Atos dos Apóstolos

devem ser objeto de estudos por parte de quantos desejem iniciar sua reforma íntima, porquanto os ensinamentos que encerram são verdadeiramente úteis. Como, porém, neste es-tudo, não há espaço para análise mais profunda, recomenda-mos a todos estudarem o Novo Testamento, buscando com-preender o espírito dos ensinamentos apostólicos e aplicá-los na vida comum.

Muitos dirão que isso é difícil. Claro, mas devemos iniciar um dia. Os apóstolos deixaram esse exemplo. A vida também era difícil naquela época. Todos lutavam com dificuldades, talvez piores que aquelas que enfrentamos hoje, porque os meios de comunicação e transporte eram precaríssimos, as oportunidades de ganho para a subsistência da vida material eram escassas. No entanto, o comportamento dos apóstolos foi exemplar. Trabalhavam para seu sustento, trabalhavam para sua reforma íntima, trabalhavam para a comunidade onde viviam e exemplificavam, no sentido de que todos pu-dessem buscar nesses exemplos sua própria transformação. Assim, pois, nos dias atuais, em que são grandes os recur-sos de toda natureza, não é mais cabível ficarmos de braços cruzados, principalmente porque lá se vão dois mil anos de ensinamentos evangélicos e pouco, muito pouco se tem feito.

As Escolas de Aprendizes do Evangelho guardam uma característica em comum com os núcleos criados por Paulo: o aluno recebe uma série de informações para que sua dispo-sição se modifique ante a sociedade e principalmente ante si próprio. Seu esforço lhe modificará a conduta e todos serão beneficiados com isso.

Conseqüentemente, nesta parte do estudo, ater-nos-emos àqueles conceitos, ou melhor, aquelas advertências dirigidas por Paulo a todos quantos queiram transformar-se.

Quando Paulo escreve a Epístola aos Romanos faz adver-tências ao cristão iniciante, sobre os perigos que o materialis-mo oferecia a cada cidadão. Na realidade, Roma representava a perdição: dava oportunidade a todos para se banharem em vícios, para alimentarem e extravasarem paixões. O espírito encontrava-se totalmente embriagado e entorpecido.

Nesse meio conturbado, onde os mais baixos desejos en-contravam fácil guarida, surge um punhado de homens bus-cando levar uma luz que pudesse atingir consciências, uma luz que pudesse servir de abertura para dias melhores. Esse grupo, tantas vezes sacrificado e humilhado, é incompreendi-do, apesar de tudo fazer pela humanidade.

Dentre esses gigantes, surge Paulo com suas epístolas, verdadeiros focos de luz, buscando despertar consciências para a espiritualidade. Era exatamente aquela situação que

levava a escrever abrindo os olhos das nascentes igrejas para os engodos da corrupção, para o perigo das discussões esté-reis que só levavam ao materialismo e à descrença.

2. ADVERTÊNCIAS DE PAULOAdvertia, como o fez na 1ª Epístola aos Coríntios, dos

perigos da vaidade e do orgulho, porque os adversários de Cristo evidentemente procurariam atingir esse alvo, frágil ain-da nos incipientes cristãos.

Com respeito às nossas aflições e atribulações, Paulo nos recomenda: “Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia”. Continuando: “Porque a nossa leve e momentânea atribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente: não atentando nós nas coisas que se vêem, porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas.”

Nossas aflições e atribulações são produtos de nosso des-conhecimento. Nada acontece por acaso. A Escola de Apren-dizes do Evangelho e a Doutrina Espírita têm, exaustivamen-te, ensinado esses fatos através das Leis Naturais, dentre elas as de Causa e Efeito ou de Ação e Reação.

Portanto, nossas apreensões relativamente aos bens ma-teriais e aos problemas que enfrentamos na jornada terrestre,

RENOVEMO-NOS DIA A DIA

“...Transformai-vos pela renovação de vossa mente, para que proveis qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”

Paulo. (Romanos, 12:2)

Não adianta a transformação aparente da nossa persona-lidade na feição exterior.

Mais títulos, mais recursos financeiros, mais possibilida-des de conforto e maiores considerações sociais podem ser simples agravo de responsabilidade.

Renovemo-nos por dentro.É preciso avançar no conhecimento superior, ainda mes-

mo que a marcha nos custe suor e lágrimas.Aceitar os problemas do mundo e superá-los, à força de

nosso trabalho e de nossa serenidade, é a fórmula justa de aquisição do discernimento.

Dor e sacrifício, aflição e amargura, são processos de su-blimação que o Mundo Maior nos oferece, a fim de que a nos-sa visão espiritual seja acrescentada.

Facilidades materiais costumam estagnar-nos a mente, quando não sabemos vencer os perigos fascinantes das van-tagens terrestres.

Renovemos nossa alma, dia a dia, estudando as lições dos vanguardeiros do progresso e vivendo a nossa existência sob a inspiração do serviço incessante.

Apliquemo-nos à construção da vida equilibrada, onde estivermos, mas não nos esqueçamos de que somente pela execução de nossos deveres, na concretização do bem, alcan-çaremos a compreensão da vida, e, com ela, o conhecimento da “perfeita vontade de Deus”, a nosso respeito.

Fonte VivaEmmanuel / Chico Xavier

Page 5: Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · chakras secundários já era do conhecimento dos atlantes, dos antigos egípcios, dos ioguis e dos ocultistas em geral, muitos

EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 5

ou mesmo com respeito às dificuldades que se impõem ao corpo físico em forma de deficiências ou doenças, não devem tornar-se obsessivas, mas sim ser objeto de reflexões e apren-dizado, porque, como disse o apóstolo, o homem interior se renova dia-a-dia, desbastando suas imperfeições nas lutas que as sucessivas reencarnações lhe propiciam.

Indubitavelmente, fazem-se conquistas traduzidas em evolução moral e espiritual e não em valores temporais. Por isso, diz o Apóstolo que as coisas que não se vêem são eternas.

Nessa árdua luta, temos de confiar em Jesus, que repre-senta para nós o caminho, o exemplo para alcançarmos o fim de nossas aflições. E Paulo apregoa a todos nós que, embora sejamos perseguidos, não estaremos desamparados; podere-mos estar abatidos em determinadas situações, mas não des-truídos.

Outra advertência extremamente útil de Paulo, contida na Epístola aos Efésios, capítulos 5° e 6°, refere-se aos deve-res domésticos, abrangendo as relações não só entre o casal, como também entre pais e filhos.

O importante nas recomendações de Paulo é a exortação ao respeito, à compreensão, cada um reconhecendo seu lugar, todos com possibilidades de orientar e de serem orientados, não se transformando o pai em algoz dos demais familiares. Se cada um reconhecer seu lugar, o lar poderá cumprir sua precípua finalidade como local de reencontro de espíritos que buscam a evolução.

A doutrina espírita, em toda sua literatura, quer seja aquela codificada por Allan Kardec ou a transmitida por outros espíritos das mais diversas categorias, traz belíssimas lições sobre o casamento, a união de espíritos afins, o relacio-namento pelas necessidades criadas através da lei de ação e reação, onde grupos de espíritos ligados por laços consangüí-neos aprendem a se amar.

Na verdade, a decantada crise de comunicação, alegada por tantos, que prejudica o relacionamento entre pais e filhos ou entre jovens e adultos, é a negação da língua universal, a ausência do cultivo do amor, porque em nossos corações marcou o Pai, indelevelmente, nossas necessidades de amar e de evoluir, mas os homens querem aprisionar consciências, e, no íntimo, o ser revolta-se porque foi feito para a liberdade e não para a escravidão.

Encarando nossos lares dessa forma, nossos filhos, ir-mãos, pais, cônjuges, todos estaremos em condições de trans-portar esse entendimento para as ruas, para a vida comum, para o transeunte, para o militar, para o companheiro de tra-balho, para o colega de estudo, para o chefe, para o patrão, para o subordinado, criando corrente de boa vontade, procu-rando a tudo encarar como necessidades evolutivas, compre-endendo que o planeta Terra é escola, que todos somos alunos nela matriculados e que a melhor maneira de nos educarmos é a de trabalharmos em grupo, criando coletivamente e evo-luindo, cada um amparando o semelhante em dificuldade.

Na Epístola aos Efésios, o apóstolo Paulo descreve uma figura interessante, que pode ajudar-nos a vencer as dificulda-des do dia-a-dia. Trata-se da Armadura de Deus. Na luta que

travamos para nossa reforma íntima, o conselho é importante. Ele nos diz: “Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau, e, havendo feito tudo, ficar fir-mes. Estais pois firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça; e calçados os pés na preparação do Evangelho da paz; tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos in-flamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito que é a palavra de Deus.” (Ef. 6:13-17)

Ora, vestidos da verdade e da justiça, paz haverá onde quer que estejamos e, com confiança inabalável no Criador, distantes do mal, amparados por Jesus e os ensinamentos apostólicos, poderemos levar a palavra de Deus a todos.

Ao encerrar essa epístola, pede-nos que oremos e vigie-mos a todo tempo e com toda a perseverança, para que não nos prendamos aos grilhões do passado, e, em vez disso, liga-dos aos planos divinos, possamos haurir vibrações de amor, característica essencial desses planos.

EM FAMílIA

“Aprendam primeiro a exercer piedade para com a sua própria família e a recompen-sar seus pais, porque isto é bom e agradável diante de Deus.”

Paulo. (1ª Epístola a Timóteo, 5:4.)

A luta em família é problema fundamental da redenção do homem na Terra. Como seremos benfeitores de cem ou mil pessoas, se ainda não aprendemos a servir cinco ou dez criaturas? Esta é indagação lógica que se estende a todos os discípulos sinceros do Cristianismo.

Bom pregador e mau servidor são dois títulos que se não coadunam.

O apóstolo aconselha o exercício da piedade no centro das atividades domésticas, entretanto, não alude à piedade que chora sem coragem ante os enigmas aflitivos, mas àquela que conhece as zonas nevrálgicas da casa e se esforça por elimi-ná-las, aguardando a decisão divina a seu tempo.

Conhecemos numerosos irmãos que se sentem sozinhos, espiritualmente, entre os que se lhes agregaram ao círculo pessoal, através dos laços consangüíneos, entregando-se, por isso, a lamentável desânimo.

É imprescindível, contudo, examinar a transitoriedade das ligações corpóreas, ponderando que não existem uni-ões casuais no lar terreno. Preponderam aí, por enquanto, as provas salvadoras ou regenerativas. Ninguém despreze, portanto, esse campo sagrado de serviço por mais se sinta acabrunhado na incompreensão.

Constituiria falta grave esquecer-lhe as infinitas possibili-dades de trabalho iluminativo.

É impossível auxiliar o mundo, quando ainda não conse-guimos ser úteis nem mesmo a uma casa pequena – aquela em que a Vontade do Pai nos situou, a título precário.

Antes da grande projeção pessoal na obra coletiva, apren-da o discípulo a cooperar, em favor dos familiares, no dia de hoje, convicto de que semelhante esforço representa realiza-ção essencial

Pão NossoEmmanuel / Chico Xavier

Page 6: Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · chakras secundários já era do conhecimento dos atlantes, dos antigos egípcios, dos ioguis e dos ocultistas em geral, muitos

6 67ªaula:Continuaçãodasepístolas

Quando Paulo recomenda aos Filipenses perseverança, amor fraternal e humildade, dirige-se a todos, porque isso a todos é útil.

“Nada façais por contenda ou vanglória, mas por humil-dade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.” (Fil. 2:3) Belíssima demonstração de humildade essa de Pau-lo. Temos o exemplo de Jesus, o mais humilde entre os ho-mens, o mais elevado nos reinos dos Céus.

Essas mesmas recomendações encontramos na 1ª Epístola aos Tessalonicenses: “Ninguém deve oprimir ou enganar a seu irmão em negócio algum, porque o Senhor é vingador de todas estas coisas, porque não nos chamou Deus para a imun-dície, mas para a santificação: portanto, quem despreza isto não des-preza o homem, mas despreza Deus.” (I Tess. 4:6-7)

Com referência à caridade, Paulo traz ensinamentos pre-ciosos. A caridade é pouco compreendida porque as interpre-tações são as mais diversas e o grau evolutivo em que nos encontramos dá ensejo a acreditarmos que algumas atitudes nossas, que mais parecem barganhas, sejam consideradas como caridade. Alguns se acomodam ao pensamento de que dando o supérfluo, tudo está bem. Certo é que a prática efeti-va da carida-de em consonância com sua conotação de amor puro poderá levar-nos a compreendê-la em sua magnitude.

Vamos transcrever Paulo quando endereça aos Tessalo-nicenses sua lª Epístola: “Quanto, porém, à caridade frater-nal, não necessitais de que vos escreva, visto que vós mesmos estais instruídos por Deus que vos ameis uns aos outros.” (I Tess. 4:9) Com isso, Paulo demonstra mais uma vez que todos trazemos, marcada em nosso íntimo, a essência da divindade, isto é, a Lei Maior de amar ao próximo como a nós mesmos.

Em sua 1ª Epístola aos Coríntios, 13:1-7, fala-nos da suprema excelência da caridade. Os vários versículos serão transcritos, porque nada se pode perder do que lá se consigna.

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhe-cesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que trans-portasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria.E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria.A caridade é sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa; a caridade não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecên-cia, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

Temos assim a imorredoura lição deixada pelo inspirado Apóstolo dos Gentios.

3. COMENTÁRIO FINALNada aproveita o espírito que, embora tenha feito con-

quistas culturais e materiais, não tenha compreendido a ca-ridade.

Impossível haver regra de conduta mais sublime. Sem re-vestirmos nossos conhecimentos e conquistas, qualquer que seja o campo de atividade ou de manifestação, de amor frater-no, nada conseguiremos e nossas mãos estarão sempre vazias. O edifício carecerá de luz, a palavra não edificará, o exemplo desencaminhará, tudo será frio e ilusório.

Compreender o exato significado da caridade é a meta mais importante proposta pela Escola de Aprendizes do Evangelho, porque é a chave para a evolução. Assim que a tivermos compreendido, nada nos reterá. Em verdade, como diz Emmanuel, tudo se resume em que a verdadeira caridade é aquela que faz com que nosso semelhante não mais precise de caridade!

Ao encerrarmos o estudo das Epístolas de Paulo, não po-deremos deixar de convidá-los a estudar o Ato dos Apóstolos e as próprias epístolas, porque nos oferecem passos seguros para nossas atividades diárias.

As pessoas dispostas a se modificar terão nos ensinamen-tos apostólicos guia ímpar para fazê-lo, porquanto eles encer-ram toda a sabedoria divina e têm sustentado este planeta cheio de sofrimentos na presente fase evolutiva.

Ora, os tempos são realmente chegados. Teremos, pois, de praticar esse exercício desde logo, sem mais delongas, para que não sejamos apanhados desprevenidos.

Nesse sentido, Paulo adverte na 1ª Epístola aos Tessa-lonicenses, 5:2,4, servindo essa advertência para todos nós, para todo o sempre: “Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão da noite. Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos sur-preenda como um ladrão.

Page 7: Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · chakras secundários já era do conhecimento dos atlantes, dos antigos egípcios, dos ioguis e dos ocultistas em geral, muitos

EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 7

A dificuldade encontrada pelo leitor para compreen-der as palavras textuais contidas nos Evangelhos é um dos maiores impedimentos à sua massificação

entre os adeptos do Espiritismo, que, na maioria das ve-zes, se utilizam de suas sublimes páginas apenas aleato-riamente, durante as reuniões no lar ou na abertura dos trabalhos mediúnicos, quando na verdade este deveria ser o livro de cabeceira de todo espírita que deseja aprimorar-se moralmente, seja ele aprendiz ou médium tarefeiro. A Espiritualidade almeja e aconselha isto, e foi o que preten-dia ao recrutar Allan Kardec para organizar e compilar as mensagens renovadoras da Terceira Revelação.

Tendo sido um educador de larga experiência huma-nística e filosófica que adotava uma metodologia austera, sem no entanto perder a brandura, Kardec reunia as con-

dições ideais de que se serviram os espíritos superiores para edificar as bases da Doutrina Espírita. No entanto, se reencarnasse nos dias de hoje, é provável que, por sua índole infatigável e criteriosa, desejasse aprimorar ainda mais a obra missionária que disponibilizou para a huma-nidade, a fim de que ela alcançasse efetivamente o maior número possível de pessoas.

Sorver destas sublimes páginas é como conversar dire-tamente com Jesus, o Soberano Preceptor da humanidade, que, mesmo não tendo deixado uma única palavra por es-crito, disseminou tão magistralmente as idéias cristãs que é possível assimilar, muitos séculos depois, o seu divino código de conduta moral, tal como Ele o prescreveu. Este é o poder da palavra. Esta é a nossa missão.

Page 8: Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · chakras secundários já era do conhecimento dos atlantes, dos antigos egípcios, dos ioguis e dos ocultistas em geral, muitos

8. Jesus enviou Seus doze apóstolos, após lhes ter dado as seguintes instruções: “Não procureis os gentios, e não entreis nas cidades dos samaritanos. Mas ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel, e, nos lugares onde fordes, pre-gai dizendo que o reino dos Céus está próximo”. (Mateus, 10:5-7).

9. Em várias situações Jesus prova que Sua visão não se restringe somente ao povo judeu, mas abrange toda a huma-nidade. Se recomendou aos Seus apóstolos que não procu-rassem os pagãos, não foi por dar pouca importância à sua conversão, o que seria pouco caridoso, mas porque os judeus, que acreditavam no Deus único e esperavam o Messias, já estavam preparados, pela lei de Moisés e pelos profetas, para receber Sua palavra. Entre os pagãos, tudo ainda estava por fazer, já que faltava-lhes até a base. Portanto, os apóstolos

ainda não estavam suficientemente esclarecidos para uma tarefa tão árdua. Por isso é que Jesus lhes diz: “Ide às ovelhas desgarradas de Israel”, ou seja, “ide semear num terreno já desbravado”, porque sabia que a conversão dos gentios ocor-reria no devido tempo. Mais tarde, realmente, foi no próprio centro do paganismo que os apóstolos foram plantar a cruz.

10. As mesmas palavras podem ser aplicadas aos adeptos e aos propagadores do espiritismo. Os incrédulos sistemáti-cos, os questionadores obstinados, os adversários interessei-ros, são para eles o que os gentios eram para os apóstolos. E, seguindo o exemplo dos apóstolos, devem procurar, primei-ramente, fazer adeptos entre as pessoas de boa vontade que almejam a luz, nas quais se encontra um gérmem fecundo de fé, e cujo número é grande. Que não percam tempo com aqueles que se recusam a ver e a ouvir, e que, por orgulho, obstinam-se cada vez mais, na medida em que se dá impor-tância à sua conversão. Mais vale abrir os olhos a cem cegos que desejam enxergar com clareza, do que a um só que se satisfaz com a escuridão. Disso resultará o número dos de-fensores da doutrina. Deixar os outros em paz não significa indiferença, mas boa política. Quando estiverem dominados pela opinião geral e ouvirem a mesma coisa sendo repetida continuamente ao seu redor, a vez deles chegará. Então, jul-garão que estão aceitando a idéia espontaneamente, e não por influência de alguém. Além do mais, acontece com as idéias o mesmo que ocorre com as sementes: não podem ger-minar antes da época, nem num terreno que não tenha sido preparado. Por isso, é melhor aguardar o tempo propício, e cultivar primeiro as que tiverem germinado, sob pena de fa-zer gorar as outras, querendo apressar a brotação.

No tempo de Jesus, tudo era limitado em razão do pen-samento tacanho e materialista da época. A casa de Israel era um pequeno povoado; os gentios eram pequenos agrupa-mentos vizinhos. Hoje, as idéias se universalizam e se espi-ritualizam. A nova luz já não é privilégio de nação alguma. Para ela, não há mais barreiras, pois o seu foco está por toda parte, e todos os homens são irmãos. Os gentios também não são mais agrupamentos, mas uma opinião que encontramos em muitos lugares e sobre a qual a verdade triunfa pouco a pouco, assim como o cristianismo triunfou sobre o paganis-mo. Não são mais combatidos com armas de guerra, mas com a força da idéia.

Capítulo 24Não coloqueis a candeia debaixo do alqueire

O Evangelho Segundo o Espiritismo

É preciso que se dê mais importância à leitura do Evangelho. E, no entanto, abandona-se esta divina obra;faz-se dela uma palavra vazia, uma mensagem cifrada. Relega-se este admirável código moral ao esquecimento.